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Maio - Junho | Nº14 | janeaustenpt.blogs.sapo.pt A Hartfield Portuguesa p.36 Emma, a Heroína que Não Vai a Lado Nenhum p. 19 Jane Austen Rejeitada? p. 47 Ao Serão com Jane Austen p.5 O Estatuto Especial de Emma Woodhouse p. 21 Revista Jane Austen Portugal Emma Emma Os Lugares de Os Lugares de

Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

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Page 1: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

Maio - Junho | Nº14 | janeaustenpt.blogs.sapo.pt

A Hartfield Portuguesa p.36

Emma, a Heroína que Não Vai a

Lado Nenhum p. 19

Jane Austen Rejeitada? p. 47

Ao Serão com Jane

Austen p.5 O Estatuto Especial de Emma

Woodhouse p. 21

Rev

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Jan

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EmmaEmma Os Lugares de Os Lugares de

Page 2: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

Conteúdo Original © Jane Austen Portugal

Capa: Squerryes Court, Kent, England, UK

(Hartfield – Emma 2009)

Ilustrações: Adaptações para cinema da obra Emma (1996 – 2009), imagens

retiradas da net com os devidos créditos

Agosto de 2012

Page 3: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

EDITORIAL

Mote a Miss Austen (4) | Ao Serão com Miss

Austen (5) |Encontros Improváveis (9) | Car-

tas de Uma Janette (10)| Box Hill nos Dias

de Hoje (11) | Box Hill em Perspetiva (13) |

Emma, a Heroína que não vai a lado nenhum

(19) | O Estatuto Especial de Emma Woo-

dhouse (21) | A Protagonista Mais Enraizada

de Jane Austen (23) | Hartfield (25) | A Aba-

dia de Donwell (26) | Os Cenários de Don-

well - 1996 BBC (30) | Squerryes Court (34)

| A Hartfield Portuguesa (36)| As Meninas

de Beverlly Hills (39) | Notícias e Curiosida-

des (41) | Passatempo Aniversário Jane Aus-

ten (44) | Sugestões Austenianas (45) | À

Discussão (47) |

Revista Jane Austen Portugal | SUMÁRIO | 3

Diz o povo que em Maio comem-se as cerejas ao borra-

lho. Mas a verdade é que em Maio os dias já são gran-

des e muitas vezes as temperaturas são amenas, o sufi-

ciente, para uns belos passeios ao ar livre.

Porque não viajar então até aos Lugares de Emma? Esta

não é certamente a obra com mais viagens, esse mérito

pertence a Orgulho e Preconceito, mas os lugares são

belos e o exercício, como diria Mr. Knightley irá com cer-

teza fazer-nos bem.

Vamos começar por Box Hill, um belo espaço verde, onde

podemos fazer umas longas caminhadas. Há alguns

dias Box Hill era visto em todo o mundo já que era lá que

decorria uma prova de ciclismo, no âmbito dos Jogos

Olímpicos. A Clara escreveu sobre este espaço que é nos

dias de hoje tão popular como era nos tempos de Jane

Austen; a Clara analisa ainda aquilo que acontece duran-

te o piquenique em Box Hill, servindo-se do texto de Jane

Austen e do livro de Amanda Grange, Mr. Knightley’s

Diary.

Depois de termos percorrido Box Hill, é tempo de irmos

até à Abadia de Donwell, onde Mr. Knightley espera por

nós para um belo repasto. Após o almoço vamos apa-

nhar morangos, afortunadamente, Mrs Elton não faz par-

te da lista de convidados. Para descobrirem mais sobre o

que é dito sobre a casa de Mr. Knightley ou sobre os

vários locais que foram usados nas filmagens da adapta-

ção de 1996, leiam os textos da Clara.

O nosso tour fica completo com uma visita a Squerryes

Court, o local que na última adaptação representou e

muito bem o papel da casa da nossa heroína, Hartfield;

mais uma vez o texto pertence à Clara que escreveu ain-

da sobre uma possível Hartfield portuguesa.

Para nós é tempo de voltarmos ao presente e descobrir-

mos, através da Marina, as pessoas ilustres que viveram

na verdadeira Hartfield e os seus locais com interesse

histórico e cultural.

Estamos cansados, mas satisfeitos com esta viagem aos

Lugares de Emma, agora resta-nos descansar. Sentamo-

nos numa cadeira confortável, bebemos uma chávena

de chá e comemos alguns scones. Para nos distrair,

lemos os textos da Luan, da Júlia e um meu sobre o fac-

to de Emma nunca viajar, perspectivas diferentes sobre

ÍNDICE

o facto de Emma nunca viajar, perspectivas diferentes

sobre um mesmo tema.

A nossa revista fica completa com as nossas rubricas

habituais. A Joana, no Mote a Miss Austen, analisa quais

seriam os escritores actuais que Jane Austen gostaria de

ler. Será que ela iria gostar de ler E Tudo o Vento Levou

ou E o vento levou, título pelo qual a obra é conhecida no

Brasil? Esta é uma das Sugestões Austenianas, apresen-

tadas pela Luan. Como ela tão bem escreve o livro de

Margareth Mitchell é longo, mas vale muito a pena e de

certeza que Jane Austen iria gostar, digo eu, não tenho é

a certeza é se ela iria gostar de Scarlett O´Hara, a prota-

gonista…

Da parte das nossas leitoras, temos a participação da

Karla Lucas, que nos apresenta uma página do diário de

Marianne.

Este mês entrevistamos, Deborah Simionato, uma gran-

de fã de Jane Austen, que já viveu em Londres e visitou

Bath, esse lugar que tantas vezes visitamos nos livros de

Jane Austen.

Com tantas viagens estamos cansados, mas já estamos

a preparar o próximo mês, desta vez na companhia de

Fanny Price, uma heroína que tem lutado para conquis-

tar os leitores.

Vera Santos

Page 4: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

MOTE

4 | RUBRICAS | Revista Jane Austen Portugal

Se convidasse Jane Austen a ler

um autor actual

Várias vezes me questiono qual seria a opinião

de Jane Austen acerca dos livros/autores actuais.

Vou tentar decidir que autor recomendaria a Miss

Austen.

Talvez deva começar pela autora mais famosa

dos últimos tempos: Stephenie Meyer. Para quem

não conhece (haverá alguém?), trata-se da auto-

ra da saga «Crepúsculo». Não é apenas pela

fama dos seus livros que a refiro mas também

porque diz-se que esta senhora quer ser a nova

Jane Austen. Se tal ambição for verdadeira, não

posso dizer que ela esteja num «bom» caminho.

Concordo com a análise da própria autora acerca

da semelhança dos seus livros com o «Monte dos

Vendavais». Não me parece que Jane Austen

fosse fã.

Já por diversas vezes reparei que há tendência a

comparar Austen com Nicholas Sparks. O conhe-

cido escritor tem realmente a componente român-

tica muito forte nas suas histórias, mas de forma

geral, não enfatiza a componente social (tão

importante na obra de Austen). Em extremo

oposto encontra-se Ken Follett cujas obras têm

uma componente histórico-social muito forte, mas

talvez não sejam suficientemente românticas.

Em última análise, tenho que apontar duas auto-

ras que, acho, agradariam a Jane Austen: Cece-

lia Ahern e Colleen McCullough. São duas escri-

toras capazes, que eu considero terem inspiração

austeniana. Collen tem, aliás, uma obra que pre-

tende ser uma continuação de «Orgulho e Pre-

conceito». Em suma, acredito que livros como

«Where Rainbows End» ou «The Thorn Birds»

satisfariam a nossa querida escritora.

De qualquer forma este é um texto de opinião e

se a alguma das leitoras ocorrer outros nomes

apropriados, seria interessante que comentassem

no blogue pois pode gerar-se uma discussão

engraçada.

A MISS AU

STE

N

: Joana La Cueva

Page 5: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

Conheci a Deborah via facebook, algures entre

2010/11, através de outros amigos virtuais que

partilham o mesmo gosto por Jane Austen. Ela

fascinou-me pela sua frescura, pela sua alegria,

pela sua boa disposição e especialmente pela sua

devoção às obras de Jane Austen e às adaptações

que se fizeram baseadas nas mesmas. Nessa

altura, a Deborah encontrava-se a residir em

Londres, beneficiando do seu ano celibatário e a

aperfeiçoar o seu inglês.

Deborah Mondadori Simionato tem 24 anos, é de

Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no Brasil, e formou-

se em Psicologia na Universidade Federal do Rio

Grande do Sul. Define-se como sendo “viciada em

livros e filmes e amante de todas as coisas british e

Austen”. Acrescenta ainda que vive “tentando virar

uma heroína digna de um livro de Jane Austen”.

Sobre a temporada que passou em terras de Sua

Majestade, a Deborah define-a como sendo a

melhor fase da sua vida. Diz que sempre desejou

conhecer Londres e, apesar de ter ido sozinha, a

solidão nunca foi problema dado que a internet lhe

permitiu estar em contacto com família e amigos, e

permitiu simultaneamente a partilha online de todas

as experiências maravilhosas que ela vivenciou.

Além disso, fez algumas amizades com outros

alunos da escola de inglês, tendo tido oportunidade

de conhecer gente do mundo inteiro com quem

ainda hoje mantém contacto. Posso dizer que

acompanhei virtualmente essa sua jornada com

bastante interesse e entusiasmo.

“Eu amei viajar sozinha, a sensação de liberdade é

sensacional, é muito bom poder ir e vir sem ter que dar

satisfação a ninguém e visitar os lugares que são do

meu interesse, mas podem não interessar outras

pessoas. Aprendi muito sobre mim mesma também,

meus pontos fortes e minhas fraquezas. Foi uma

experiência enriquecedora”.

Deborah afirma que, apesar de viajar sozinha, em

momento algum sentiu que a sua segurança

estivesse ameaçada. Estava em Londres quando

aconteceram os riots em Agosto do ano passado e

mesmo assim, sentiu-se segura, já que o número de

polícias nas ruas triplicou. Andava sozinha no bus,

no metro, no comboio, e sempre sem problemas.

Ironicamente comenta que isso é algo impossível no

seu próprio país.

Questionada sobre a forma como esta viagem se

proporcionou e tornou possível, Deborah conta que

planeou e poupou dinheiro para esta viagem

durante dez anos. Mas foi só quando ganhou um

pequeno prémio na Lotaria Nacional que se

encontrou em condições reais de viajar. “Não fiquei

milionária, mas ganhei um valor suficiente para

bancar minha estadia e as viagens que fiz pelo UK”.

Foi o dinheiro mais bem gasto na sua ainda jovem

vida.

“Eu fiquei em Londres por 9 meses, dois dos quais

eu morei em um alojamento da escola de inglês

(Hampstead School of English). Durante os demais

meses, eu aluguei um flat na área de Bayswater,

perto de Notting Hill”.

Durante os primeiros meses, estudou inglês,

assistia às aulas e passeou por Londres. E

entretanto, ia fazendo uma lista de lugares que

desejava conhecer (a maioria deles relacionado

AO SERÃO AUSTEN

CO

M M

ISS

: Sandra Freitas

(Deborah em Londres)

Revista Jane Austen Portugal | RUBRICAS | 5

Page 6: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

6 | RUBRICAS | Revista Jane Austen Portugal

com Jane Austen, as suas obras e as adaptações).

Assim que as aulas acabaram, ficou mais dois

meses para poder visitar todos os lugares que

queria. “Minha lista ainda existe e infelizmente não

consegui visitar todos os lugares que queria...”

Encontrar-se perto dos lugares percorridos por Jane

Austen e/ou pelas personagens dos seus livros foi

algo muito emocionante para Deborah. “Eu sentia

como se estivesse passeando dentro dos meus

livros preferidos e que a qualquer momento iria me

deparar com mulheres de vestidos longos e homens

de breeches”.

Os locais que mais gostou de visitar foram Bath “por

ser uma cidade linda onde a Jane viveu e por ser

pano de fundo para Persuasion e Northanger

Abbey, além de preservar aquele clima antigo e

contar com o maravilhoso Jane Austen Centre” e

Chawton “sem dúvida, um dos locais mais

emocionantes para um fã de Jane Austen conhecer;

foi lá que ela revisou todos os livros que hoje nós

tanto amamos e foi onde ela viveu seus dias mais

felizes”.

Decepções? Nenhuma. Afirma veementemente que

“Não consigo pensar em nenhum lugar que tenha

me decepcionado, acho que ainda estou encantada

demais para fazer críticas; ou talvez os lugares

sejam mesmo maravilhosos e não há nada de ruim

para dizer a respeito deles, não sei”.

Questionada sobre se repetiria a experiência,

Deborah foi peremptória: “Sim, sim, sim! Mil vezes

sim!... Vivi experiências incríveis na Inglaterra...

Minha estadia foi a melhor experiência até ao

momento...Foi um período de auto-

descoberta que vou para sempre

recordar com carinho.”

Jane Austen foi o que despoletou

esta paixão em Deborah por tudo o

que é britânico. Obsessão talvez seja

a palavra mais adequada, de acordo

com a sua própria opinião. Daí que,

fazendo jus ao motivo da minha

entrevista, transcrevo aqui as

respostas dela às questões

colocadas.

Lembras-te do momento ou da

situação que te fez amar as obras de

Jane Austen? Que idade tinhas? Fala

um pouco sobre isso.

Não lembro exatamente como

começou a minha obsessão por todas

as coisas Jane Austen, mas lembro

de ter lido “O Diário de Bridget Jones”

quando tinha uns 16 anos e ter

ficado curiosa com o personagem

que inspirou Mark Darcy. A partir daí,

comecei a ler as obras da Jane e me

apaixonei por seus escritos e pelas

adaptações para a televisão e cinema.

Qual foi o primeiro livro de Jane Austen que leste? E

o último? Qual gostaste mais e qual gostaste menos

e porquê?

O primeiro que li foi “Pride & Prejudice” (P&P) e o

último “Northanger Abbey”(NA). Coincidentemente,

(Chawton)

(A mesa onde Jane Austen escrevia em Chawton)

Page 7: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

meu preferido é P&P e o que menos gosto é NA.

Amo P&P por sempre me fazer feliz quando eu leio

(se bem que isso acontece com todos os livros da

Jane), por ter uma história de amor tão linda e com

personagens tão incríveis; afinal, que menina não

quer ser Elizabeth Bennet e encontrar o Mr. Darcy?

Acho que é a história que eu melhor conheço e que

mais amo. Quanto a NA, eu também adoro e acho

muito engraçada, não tenho coisas ruins para dizer

a respeito, só que prefiro as outras mesmo.

Qual a tua adaptação (filme ou série) preferida das

obras de Jane Austen? Porquê?

Minha adaptação preferida é a minissérie da BBC

“Pride & Prejudice” (1995). Já vi e revi muitas vezes

e nunca me canso. É a mais fiel ao livro, com

grandes atores (não me refiro só ao maravilhoso

Colin Firth, mas Jennifer Ehle é minha Elizabeth

preferida também). Ultimamente ando assistindo o

filme com o Matthew Macfadyen e a Keira Knightley

(Pride & Prejudice, 2005) com grande frequência.

Apesar de não ser o mais fiel à história original,

acho o filme mais romântico e com uma fotografia

lindíssima. Outro que está no meu top é

“Emma” (BBC, 2009), que sempre me arranca

sorrisos e inclusive algumas risadas.

Que mudou Jane Austen na tua vida?

Jane Austen fez meu amor por romances

desabrochar. As histórias dela são repletas de uma

crítica social cómica que eu amo. No entanto, é o

romance o que mais me encanta. Eu quero um

amor digno de algo que a Jane escreveria; não o

relacionamento perfeito, mas um relacionamento

em que ambos estejam dispostos a se

tentar mais a ser pessoas melhores e

merecedoras do amor do outro. Penso

que aprendi com as heroínas da Jane a

ser uma mulher mais forte e

independente, a rir de mim mesma, a

encarar as coisas com mais leveza.

Posso ficar por horas aqui falando o

que aprendi com cada personagem,

com cada livro, com as coisas que a

Jane disse em suas cartas... Vou me

limitar a dizer que, por causa de Jane

Austen, sou uma pessoa melhor. Afinal,

a gente sabe que todo mundo que é fã

de Jane Austen deve ser uma ótima pessoa!

Qual a tua opinião sobre os livros baseados nas

obras de Jane Austen? E as fanfictions?

Eu sou absolutamente viciada neles! Tenho uma

coleção em casa e estou sempre buscando mais.

Adoro quando os escritores nos levam de volta aos

tempos da Jane, quando a JAFF (Jane Austen Fan

Fiction) é bem pesquisada e explora outros

aspectos dos nossos amados personagens e outras

possibilidades – ou sequências – para as nossas

histórias preferidas. Sou muito aberta em relação a

essas coisas (desde que mantenham Darcy e

Elizabeth juntos no final, eu leio de tudo!), gosto até

mesmo de ler as versões modernas para as

histórias.

Dizem que todas procurámos um Darcy. Concordas

com esta opinião? Procuraremos mesmo esse

homem que dizem ideal?

Acho que isso é verdade sim (pelo menos eu estou

procurando o meu Darcy...), mas também acho que

o Darcy não é um homem ideal ou perfeito. Ele tem

muitos defeitos, entre eles ser arrogante e

orgulhoso, mas o que o redime aos olhos de

Elizabeth (e aos nossos) é o fato de que ele escuta o

que ela tem a dizer e tenta ser um homem melhor

para ela, mesmo que ela não case com ele. E mais,

ele está disposto a desafiar todas as regras da

sociedade na qual ele vive por amor. Quem não

quer um homem corajoso desses? Então, sim, nós

procuramos um Darcy – ou um Wentworth,

Knightley, Brandon... -, um homem que nos escute e

seja nosso parceiro, alguém que nos respeite e seja

(The Royal Crescent em Bath)

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8 | RUBRICAS | Revista Jane Austen Portugal

honrado. O dinheiro e a beleza que o Darcy tem são,

obviamente, bem-vindos, mas não essenciais.

Pessoalmente com quem te identificas mais:

Elizabeth Bennet, Emma Woodhouse, Anne Elliot,

Catherine Morland, Elinor Dashwood, Marianne

Dashwood ou Fanny Price? Fala um pouco sobre

cada uma delas.

Acho que eu consigo me ver no lugar de cada uma

delas – e essa é uma das belezas das personagens

criadas pelo gênio que era Jane Austen. É fácil ler a

história como se fossemos nós que a estivessemos

vivendo. Como a Lizzy Bennet, eu sou uma leitora

voraz, adoro uma boa discussão e sei rir das

inconsistências dos outros e das minhas; como a

Emma, já me vi várias vezes no papel de cuidadora

dos meus pais, uma responsabilidade por vezes tão

grande que esquecemos de nós mesmos; como a

Anne, eu às vezes pareço quieta e, à primeira vista,

séria; como a Catherine, eu leio muitos romances, o

que me faz sonhar alto de mais; como a Elinor, eu

costumo guardar meus sentimentos e sempre

parecer forte quando tudo ao meu redor está

desmoronando, mesmo sabendo que por dentro eu

estou extremamente feliz ou devastada; como a

Marianne, eu sou muito sensível; como a Fanny, eu

sou tímida e por vezes acho que não mereço as

coisas boas que acontecem comigo. De todas elas,

acho que sou mais como a Elinor, querendo sentir

um amor avassalador como a Marianne, ser “witty”

como a Elizabeth, calma como a Anne e charmosa

como a Emma.

Como imaginas a tua relação com Jane Austen

daqui a 20 anos?

Tenho certeza de que ainda estarei lendo Jane

Austen daqui a 20 anos. Talvez eu esteja mais

dedicada a reler apenas os originais e não tanto

JAFF. Não tenho como saber a certo, mas acredito

que a Jane ainda vai ser uma parte muito

importante da minha vida.

Gostarias de acrescentar alguma coisa?

Obrigada por ler e querer saber um pouco sobre

esse minha obsessão e sobre minha viagem à

Inglaterra – dois assuntos sobre os quais eu amo

falar. Espero não ter sido muito chata!

Não foste nada chata, Deborah! Obrigada por teres

partilhado as tuas experiências e o teu amor por

Jane Austen connosco!

Nota: Fotos gentilmente cedidas pela entrevistada.

(The Cobb em Lyme Regis, Dorset) (The Cobb em Lyme Regis, Dorset)

(Memorial a Jane Austen na Catedral de Winchester)

Page 9: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

A quem encontrar o presente manuscrito...

Advirto que há nele o registro solene de uma

passagem, uma travessia, que gostaria que e se

prolongasse em sua existência, caro leitor:

Transformada! Deveras, passei por uma

completa transformação. E não convém detalhar

experiências vãs de outrora, do tempo em que

meu espírito alegre, minha beleza e juventude

foram mitigadas. Reduzi-me à lágrimas em um

rosto com aspecto pálido e doentio, sem

expressão alguma. Andava a esmo. Mas agora

tudo me soa muito diferente, como se o vento frio

invadisse meu ser imprimindo a tensão de um

mistério que em momentos passados reduziu-me

à cólera... a um sofrer sofrível que sufocava meu

sentir ― pleno ― de parecer existir uma vez só a

ponto de me fazer sentir e ser nada para outro

que apenas simulava um ser e um sentir que, de

fato, nunca existiram.

Antes, a névoa em meus olhos negava-me o

acesso a uma verdade fundamental: de modo

que hoje, eu, Marianne Dashwood, posso sentir a

brisa e distrair-me à janela de nosso chalé com

os olhos da esperança; pois, além do horizonte

das expectativas alimentadas pelas “heroínas de

papel”, há o limite do céu e da terra de

Devonshire que tornam o secreto manifesto por

um acaso que a vida me permitiu desvendar, na

medida em que experimentei sucessivas

perdas... no amor de um pai e no amor de um

Amor que jamais soubera o que significa amar,

Willoughby de Allenham.

É verdade que em breve serei a senhora

Brandon, mas, guardo como derradeira

lembrança, a ser com você compartilhada, a

certeza de que sobreviver... quase sempre,

poupa-nos das “menores” e mais devastadoras

privações que podem dissolver, na rigidez do

nexo, toda inocência e magia da arte de sorrir

com calor! Meu pensamento agora vagueará

somente pelo prazer das lembranças do que

ainda não é, na medida em que o tumulto interior

causado pelo que foi, não me apanha o sono.

Saiba que guardo com cuidado dentro de mim

meu mais caro presente: tempo e memória na

ponta de uma estrela. Minha memória? Foi um

retrato em preto e branco, um desbotamento da

aquarela do que vivi. Experimentei... Um dia...

Alguém... Conheci... e Descobri nos enleios de

uma segunda oportunidade para enxergar que

não bastam apenas palavras, mas o que é dito

deve acompanhar o que fazem ou deixam de

fazer por nossa causa... Aprendi que é possível

tecer fios de sonhos possíveis que não se

desgastam a cada alinhavo, no absurdo de um

sonho presente! O segredo? Nosso segredo é

extático. Sonho a ser vivido uma só vez na alma

infante! E é na cadência do tempo que saboreio a

doçura das palavras e gestos de quem realmente

tem o dom de permanecer e fazer durar.

Finalmente alcançou-me o toque das almas do

Homem que não ousa dizer seu nome, meu

amado, Brandon!

Marianne

ENCONTROS IMPROVÁVEIS

: Karla Alessandra Nobre Lucas

Revista Jane Austen Portugal | RUBRICAS | 9

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10 | RUBRICAS | Revista Jane Austen Portugal

Olá eterna Jane Austen,

Pergunto o porquê dos simples acontecimentos

tornarem-se dúvidas constantes em minha men-

te... O porquê de me transformarem em um que-

bra cabeça, onde diversas peças estão faltando e

as que sobraram não se encaixam. Meu nome é

Izabella Rendeiro e estou à procura de resolu-

ções, como todas as "Janeites", a busca por res-

postas não para. O que você, Jane, buscou todos

esses anos? Misturar-se nos seus contares para

ir ao encontro do seu mundo particular? E seus

amores, seus mais profundos desejos? Eles

basearam-se nos romances que escrevera? Tal-

vez essas respostas jamais venham, sei que elas

estão na cabeça de cada fã do mundo inteiro,

estão ocultadas em cada mínima interpretação

que de diversas formas, estão espalhadas onde

nós devemos buscá-las.

Talvez o que eu esteja procurando em você,

esteja em mim mesma... Os meus sentimentos

sejam similares aos seus quando jovem, as

minhas emoções talvez, propositalmente, sejam

por você provocadas quando escrevera cada vír-

gula de seus contares... Não sei ao certo como

explicar, mas sinto como se o mundo parasse,

para você e seus personagens passarem,

enquanto eu os sigo de uma maneira automática

e ao mesmo tempo impulsiva.

Jane Austen por que não está aqui para respon-

der a essas perguntas? Eu me manifesto para o

mundo sobre a Jane que você fora um dia, na

verdade que você é! Pois você está viva em cada

minúsculo ser que se interessa pelos seus

romances, que percebo ser seus na vida real, se

não forem seus, eram os seus desejos, seus

pedidos para cada estrela cadente que passava,

onde você e seu coração compartilhavam confi-

dências que eu jamais saberei... Um desejo ocul-

to que espero que tenha sido realizado.

Você, Jane, é um mistério que gostaria de des-

vendar, aprofundando-me em seu Eu, pois você é

o que escreve, os seus livros são você e essa

fantasia que criou despertou valores que nem eu

mesma havia conhecido, um amor jovem e incon-

dicional, uma réplica dos contos de fadas, onde

toda menina sonhadora gostaria de ter, você era

uma delas... E eu tenho absoluta certeza de que

essa menina utopista jamais morreu! Ela está

aqui, em cada letra de cada traço feito em seus

livros! Você, Austen, fez parte da minha história!

Beijos

Izabella Rendeiro, umas de suas maiores admira-

doras.

CARTAS JANETTE D

E U

MA

: Izabella Rendeiro

Page 11: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

Es te local, referido no romance Emma, assume um papel importante no desenro-

lar da história, não só por representar um dos poucos momentos em que Emma sai do ambien-te familiar de Hartfield, mas também porque deste passeio resultam mudanças importantes no com-portamento e atitude de Miss Woodhouse.

“They had a very fine day for Box Hill …

Nothing was wanting but to be happy when

they got there. Seven miles were travelled

in expectation of enjoyment, and every

body had a burst of admiration on first arri-

ving”

De acordo com o artigo “Emma: Picnicking on

Box Hill” do blogue Jane Austen’s World, “os

piqueniques tornaram-se muito populares na vira-

gem do século XIX, quando a sensibilidade

romântica influenciava a tendência de comer ao

ar livre como forma de comungar com a nature-

romântica influenciava a tendência de comer ao

ar livre como forma de comungar com a nature-

za”. Desta forma, sabemos que Jane Austen

também seguia as tendências! Neste mesmo arti-

go, percebemos a dificuldade que havia em pre-

parar tais saídas ao ar livre e toda a logística que

isso implicava - na versão de 1996 com Kate

Beckinsale tudo isso é muito bem demonstrado.

Assim como os piqueniques eram uma tendência

na Época da Regência, também o era o local,

Box Hill.

Box Hill, existe na realidade em Surrey, Reino

Unido, aproximadamente a 30km de distância de

Londres. Assim, será de supor que Jane Austen o

tenha igualmente visitado. A colina tem este

nome em virtude de um antigo bosque situado

num declive muito íngreme do lado oeste com

vista para o Rio Mole.

: Clara Ferreira

hill

shill

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ss.c

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BOX HILL NOS DIAS

DE

HO

JE

Revista Jane Austen Portugal | ARTIGOS | 11

Page 12: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

12 | ARTIGOS | Revista Jane Austen Portugal

As primeiras casas da pequena aldeia de Box Hill

datam de 1800, embora grande parte da aldeia

tenha sido construída na metade do século XX.

Isto significa que a popularidade de Box Hill terá

surgido, mais ou menos, na época em que Jane

Austen viveu.

Existem duas pinturas que retratam a vista de

Box Hill, uma de George Lambert que data de

1733 e se encontra no Tate e outra de William

Turner que data de 1796 e que se encontra atual-

mente no Museu Albert and Victoria em Londres,

[podemos ver a pintura de G. Lambert, no título

deste artigo] o que acentua mais a ideia de que

as qualidades paisagísticas de Box Hill se torna-

ram mais conhecidas no preciso período de vida

de Jane Austen.

Hoje em dia Box Hill integra uma Área Especial

de Conservação, o que equivale certamente às

nossas Áreas protegidas, implicando igualmente

inúmeras restrições quanto a construções e des-

truição do meio ambiente.

Tem livre acesso ao público que pode optar por

fazer um percurso pedestre de cerca de 1 km

para Sul chamado “Pilgrims Ways” (Caminho do

Peregrino); visitar o miradouro (Salomons Memo-

rial) onde terá uma ampla paisagem, permitindo

inclusivé que se veja a cidade mais próxima, Dor-

king; visitar o Forte, que só foi construído em

1890, portanto, ainda não exisitia à data em que

foi escrita “Emma”; Broadwoods Folly, uma

pequena torre circular construída em 1820; A Zig

Zag Road, que data de 1869, um caminho muito

íngreme com cerca de 2.5 km que já foi por mui-

tos comparado aos Alpes Franceses; e ainda um

pequeno percurso de pedras sobre o rio no fundo

da colina junto ao Rio Mole.

Box Hill mantém a sua popularidade e, quem

sabe, se Jane Austen, através de Emma, não

teve grande influência nisso!

wik

iped

ia.c

om

Page 13: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

Bo x Hill é o palco da maior discussão

entre Emma e Mr. Knightley. É nesse

cenário que Emma é veemente repreendida pela

forma crua e insensível como trata Miss Bates. É

desta grande zanga entre os dois que virá, mais

tarde, surgir em Emma o sentimento singular que

sente por Knightley e que, afinal de contas, ultra-

passa as fronteiras da amizade.

Dada a importância do local para o desenrolar da

história e do romance entre a nossa heroína e o

nosso herói, resolvi confrontar as duas perspecti-

vas da ação. Assim, recorrendo ao romance

“Emma” de Jane Austen e ao romance-sequela “

Mr. Knightley’s Diary” de Amanda Grange, vou

Grange, vou percorrer pelos olhos de um e de

outro, o que aconteceu no piquenique de Box Hill.

“I was up at daybreak, and oversaw the start of

the clover-cutting before getting ready to go to

Box Hill. The day was fine, and we had a good

journey. Whether we were tired from yesterday’s

enjoyments or languid because of the heat I do

not know, but there was a lack of spirit in the

party.” – “Mr. Knightley’s Diary”, Amanda

Grange (AG).

“They had a very fine day for Box Hill; and all the

other outward circumstances of arrangement,

accommodation, and punctuality, were in favour

of a pleasant party. (…) Nothing was wanting but

to be happy when they got there. Seven miles

were travelled in expectation of enjoyment, and

: Clara Ferreira

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BOX HILL PERSPETIVA

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every body had a burst of admiration on first arri-

ving; but in the general amount of the day there

was deficiency. There was a languor, a want of

spirits, a want of union, which could not be got

over. They separated too much into parties.” –

“Emma”, Jane Austen (JA).

Amanda Grange mantém o estilo de Jane Austen, referindo a agradável viagem até Box Hill mas alguma falta de “espírito” por parte dos seus parti-cipantes em virtude do dia anterior passado em Donwell Abbey. “We strolled about until it was time for our picnic. Then, indeed, there was more liveliness in the party, (...) for Churchill made Emma the object of his attentions. (..) Whatever it was, he did not behave like a gentleman. Emma did not seem to notice anything amiss, and flirted with him in the most painful way; painful to me, as I am in love with her more every day. (…) Her flirting grew worse. It was beyond anything I had seen, and I dreaded where Frank Churchill‟s influence would take her.” – AG

“At first it was downright dulness to Emma. She

had never seen Frank Churchill so silent and stu-

stupid. (…) When they all sat down it was better;

to her taste a great deal better, for Frank Churchill

grew talkative and gay, making her his first object.

(...) and Emma, glad to be enlivened, not sorry to

be flattered, was gay and easy too, and gave him

all the friendly encouragement, the admission to

be gallant, (...) but which now, in her own estima-

tion, meant nothing. (...) Not that Emma was gay

and thoughtless from any real felicity; it was

rather because she felt less happy than she had

expected. She laughed because she was disap-

pointed; and though she liked him for his atten-

tions, and thought them all, whether in friendship,

admiration, or playfulness, extremely judicious,

they were not winning back her heart. She still

intended him for her friend.” - JA

Aqui sim, começamos a notar uma diferença de

perspetivas. Enquanto Knightley censura o com-

portamento de Emma e F. Churchill, tanto por

achar pouco próprio tanto flirt, e porque estando

agora consciente da sua paixão por Emma, não

pode evitar sentir ciúmes.

Todavia, Jane Austen mostra-nos os pensamen-

tos de Emma, e estes não podiam ser mais dife-

rentes. Emma não está minimamente apaixonada

por Frank Churchill, apenas vê nele um amigo.

Permite-lhe tais atenções por estar aborrecida ou

como Jane Austen nos diz, por não se sentir tão

feliz como esperava, e daquela forma sempre se

vai distraindo.

"Our companions are excessively stupid. What

shall wedo to rouse them? Any nonsense will ser-

ve. They shall talk. Ladies and gentlemen, I am

ordered by Miss Woodhouse (who, wherever she

is, presides) to say, that she desires to know what

you are all thinking of?" - JA

“Emma smiled at this mixture of flattery and silli-

ness, instead of looking disgusted, as she should

have done” - AG

“Some laughed, and answered good-humouredly.

Miss Bates said a great deal; Mrs. Elton swelled

at the idea of Miss Woodhouse's presiding; Mr.

RECORRENDO AO

ROMANCE “EMMA”

DE JANE AUSTEN E

AO ROMANCE-

SEQUELA “MR.

KNIGHTLEY’S

DIARY” DE AMAN-

DA GRANGE, VOU

PERCORRER PELOS

OLHOS DE UM E DE

OUTRO O QUE

ACONTECEU EM

BOX HILL

Page 15: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

Knightley's answer was the most distinct. "Is Miss

Woodhouse sure that she would like to hear what

we are all thinking of?" - JA

“I looked at her intently, knowing she would not like my thoughts.” - AG

"Oh! no, no"—cried Emma, laughing as care-

lessly as she could— "Upon no account in the

world. It is the very last thing I would stand the

brunt of just now. Let me hear any thing rather

than what you are all thinking of. I will not say qui-

te all. There are one or two,perhaps, (glancing at

Mr. Weston and Harriet,) whose thoughts I might

not be afraid of knowing." - JA

“Well might she say so. They never find fault with anything she does, but to have such uncritical friends is not good for anyone.” - AG Acho interessantíssima a forma como Knightley consegue avaliar toda a situação sem se deixar influenciar em demasia pelos seus próprios senti-mentos... ele mantém total sensatez.Obviamente que a sua parcialidade para com Emma fazem com que se sinta triste pelas suas atitudes pre-sentes, todavia, as falhas que lhe aponta são ver-dadeiras sem qualquer sinal de desfaçatez por esta não o encarar como potencial partido. "It is a sort of thing," cried Mrs. Elton emphatically, "which I should not have thought myself privileged to inquire into. Though, perhaps, as the Chaperon of the party— I never was in any circle— exploring parties—young ladies—married women—" Her mutterings were chiefly to her husband; (…)” - JA

“Mrs Elton, not at all pleased with the

turn the conversation had taken,

though her anger was mostly caused

by the fact that she was not the cen-

tre of attention. There was whispe-

ring from Frank Churchill, and Emma

showed no disgust at his behaviour,

as she would have done had anyone

else whispered in company.” - AG

had anyone else whispered in company.” - AG

" I am ordered by Miss Woodhouse to say, (...)

she only demands from each of you either one

thing very clever, be it prose or verse, original or

repeated—or two things moderately clever— or

three things very dull indeed, and she engages to

laugh heartily at them all.

- Oh! very well," exclaimed Miss Bates, "then I

need not be uneasy. `Three things very dull

indeed.' That will just do for me, you know. I shall

be sure to say three dull things as soon as ever I

open my mouth, shan't I? (looking round with the

most good-humoured

dependence on every body's assent)—Do not you

all think I shall?" - JA

“I was just about to say, „Not at all,‟ and I saw Mrs

Weston about to do the same, when Emma said”

- AG

"Ah! ma'am, but there may be a difficulty. Pardon

me—but you will be limited as to number—only

three at once." - JA

“I could not believe it. Instead of reassuring Miss

Bates that her contributions to the conversation

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were always valued, she insulted her in front of all

her friends; worse still, in front of her niece. I felt

sick with it. She would never have said such a

thing before meeting Frank Churchill!” – AG

Ñão sei se estes eram os pensamentos que Jane Austen teria atribuído a Knightley, mas penso que não devem estar muito longe dos verdadeiros. Sem dúvida que a influência de F. Churchill foram uma importante contribuição para uma certa insensibilidade no comportamento de Emma, pois junto dele era alvo de todas as maiores atenções, convencendo-se, ainda que de forma inconscien-te, que era, de facto, perfeita. E isso levou-a a colocar-se numa posição sobranceira e altiva, sem ter em conta os outros. Emma foi inconve-niente, grosseiramente inconveniente e Knightley não poderia ter reagido de outra forma. “Miss Bates did not realize what Emma had said, and I was about to divert her attention by offering her another slice of pie when I saw her face chan-ge and knew I was too late.” - AG

“but, when it burst on her, it could not anger,

though a slight blush shewed that it could pain

her.” - JA

“I was mortified, yet Emma continued to smile and

Weston went on with the conversation as though

nothing was wrong.” - AG

"I doubt its being very clever myself," said Mr.

Weston. "It is too much a matter of fact, but here

it is.—What two letters of the alphabet are there,

that express perfection?" - JA

“Weston! Who should have shown her what he thought of such conduct by a frown. He then made things worse by offering a conundrum, and one which could not have been more badly cho-sen.” - AG “- M. and A.—Em-ma.—Do you understand?" Understanding and gratification came together. It might be a very indifferent piece of wit, but Emma found a great deal to laugh at and enjoy in it.— JA

“Emma understood, and was gratified, whilst I was annoyed. Emma, perfect? Emma, who had

insulted her oldest friend? Emma, who had flirted shamelessly in front of all her friends? Emma basked in the praise, though it was ill-deserved, whilst her flatterer, Frank Churchill, lau-ghed and enjoyed it. “ - AG

“It did not seem to touch the rest of the party

equally; some looked very stupid about it, and Mr.

Knightley gravely said” - JA

“This explains the sort of clever thing that is wan-ted,‟ I said without humour, „but perfection should not have come quite so soon.‟ It made no difference. Emma was pleased, and so was her court. Mrs Elton, it is true, was not pleased, though if she could have changed her name to Emma, she would have thought it the best conundrum in the world. “ - AG

"Oh! for myself, I protest I must be excused," said

Mrs. Elton; (…) Miss Woodhouse must excuse

me. I am not one of those who have witty things

at every body's service” - JA

“I declared my intention of taking a walk as well, and gave her one arm, whilst offering Miss Bates the other.” - AG

“They walked off, followed in half a minute by Mr.

Knightley. Mr. Weston, his son, Emma, and Har-

riet, only remained; and the young man's spirits

now rose to a pitch almost unpleasant. Even

Emma grew tired at last of flattery and merriment,

and wished herself rather walking quietly about

with any of the others, or sitting almost alone, and

quite unattended to, in tranquil observation of the

beautiful views beneath her.” - JA

“And for the rest of the walk, I had to listen to her apologizing for her tongue, when it should have been Emma who was apologizing for hers. I did what I could to soothe her, and she grew easier. “ - AG Eu até compreendo a frase de Emma... Afinal, passei muito tempo do livro a desejar que ela se calasse! Todavia, acho que Emma extravazou muito da sua putativa importância ao expressar tal sentimento. Enquanto pensamento, julgo que

Page 17: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

tal sentimento. Enquanto pensamento, julgo que não nos deixaríamos de rir, mas o facto de o ter dito da boca para fora é altamente repreensível. Mr. Knihtley espanta-se com a atitude de Emma, primeiro, por expressar semelhante pensamento, segundo, por não perceber que o que acabou de dizer foi em tudo ofensivo. Não posso deixar de afirmar que considero a linha de pensamento de Knightley seguida por Amanda Grange muito convincente. Depois de Weston fazer a sua charada com o nome de Emma e perfeição, a resposta dada por Knightley ainda mencionada por Jane Austen, é muito bem explorada por Amanda Grange que nos mostra o sentimento incrédulo e zangado com que Mr. Knightley reage a toda aquela situação perante a indiferença de Emma que mantém uma postura irrefletida e imprópria. Não deixa de ser igualmente interessante, o facto de Amanda Grange nos dar a conhecer o que foi dito no passeio com Knightley, Miss Bates e Jane Fairfax, que nos mostra quão humilde e magoada Miss Bates estava.

“While waiting for the carriage, she found Mr.

Knightley by her side.” - JA

“My anger had not cooled when I stood next to Emma as we waited for the carriage to take us home again. I told myself I must not reprimand her or criticize her, but I could not help myself. I could not see her being dragged down, when a word from me might stop it. “ - AG

“He looked around, as if to see that no one were

near, and then said, "Emma, I must once more

speak to you as I have been used to do” - JA

“I said, in some agitation. Even then, I tried to

hold back, but I could not” - AG

“I cannot see you acting wrong, without a remons-

trance. How could you be so unfeeling to Miss

Bates? (...) Emma, I had not thought it possible."

Emma recollected, blushed, was sorry, but tried to

laugh it off.

"Nay, how could I help saying what I did?—

Nobody could have helped it. It was not so very

bad. I dare say she did not understand me."

"I assure you she did. She felt your full meaning.

She has talked of it since. I wish you could have

heard her honouring your forbearance, (...) and,

were she prosperous, I could allow much for the

occasional prevalence of the ridiculous over the

good. Were she a woman of fortune, I would lea-

ve every harmless absurdity to take its chance, I

would not quarrel with you for any liberties of

manner. Were she your equal in situation (...) Her

situation should secure your compassion. It was

badly done, indeed!” - JA

“She was not interested. She looked away, impa-tient with me for speaking to her thus. But I had started, and I could not have done until I had fini-shed.” - AG

“to have you now, in thoughtless spirits, and the

pride of the moment, laugh at her, humble her—

and before her niece, too(...) This is not pleasant

to you, Emma (...) I will tell you truths while I can;

satisfied with proving myself your friend by very

faithful counsel, and trusting that you will some

time or other do me greater justice than you can

do now." - JA

Gostei bastante desta controvérsia entre as pers-

petivas de um e outro. Emma só se apercebe das

implicações do que disse quando Knihtley a

repreende. É curioso assistir ao duelo de senti-

mentos de Knihgtley que até ao último momento

tenta não criticá-la por entender que já não ocupa

esse lugar, agora que Emma pretende iniciar a

sua vida ao lado de outro homem. Todavia fá-lo,

e fá-lo por amor.

A reação inicial de Emma às suas palavras é ain-

da muito imatura, como Austen nos mostra, ela

ainda tenta rir com a situação.

“While they talked, they were advancing towards

the carriage; it was ready; and, before she could

speak again, he had handed her in.” - JA

“I handed her into the carriage. She did not even bid me goodbye. She was sullen. Who could bla-me her? But it could not be helped. I had said what I had to say, and I returned to the Abbey in low spirits. “ - AG

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“He had misinterpreted the feelings which had

kept her face averted, and her tongue motionless.

They were combined only of anger against her-

self, mortification, and deep concern. She had not

been able to speak; and, on entering the carriage,

sunk back for a moment overcome—then reproa-

ching herself for having taken no leave, making

no acknowledgment, parting in apparent sullen-

ness, she looked out with voice and hand eager

to shew a difference; but it was just too late. He

had turned away, and (...) She continued to look

back, but in vain; (...) She was vexed beyond

what could have been expressed— almost

beyond what she could conceal. Never had she

felt so agitated, mortified, grieved, at any circums-

tance in her life. “ - JA

“(I) began to restore my sense of calm. (...) If Emma had been with me, I would have known complete happiness. But she was not, and as I came inside I had to acknowledge that such a thing would never come to pass. (...) But I cannot forget about Emma. Where is she now? Is she at Hartfield, thinking of Frank Churchill and his easy flattery? She must be.“ - AG

“The wretchedness of a

scheme to Box Hill was

in Emma's thoughts all

the evening. How it might

be considered by the rest

of the party, she could

not tell. They, (...) might

be looking back on it with

pleasure; but in her view

it was a morning more

completely misspent,

more totally bare of ratio-

nal satisfaction at the

time, and more to be

abhorred in recollection,

than any she had ever

passed.” - JA

Gosto especialmente da

forma como Knightley interpreta erradamente a

aparente apatia de Emma perante o que lhe diz e

os sentimentos dela para com Churchill—e nisto,

ele não podia estar mais enganado!

Emma só muito tarde se apercebe do que fez,

mas não tarde de mais, como sabemos, Emma

esforça-se por expiar as suas culpas nos capítu-

los seguintes e consegue-o e por isso entendo

que esta cena na história representa um ponto de

viragem em Emma porque ela cresce muito

depois desta reprimenda.

NÃO POSSO DEIXAR

DE AFIRMAR QUE

CONSIDERO A LINHA

DE PENSAMENTO DE

KNIGHTLEY SEGUIDA

POR AMANDA GRAN-

GE MUITO CONVIN-

CENTE

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EMMA A HEROÍNA QUE NÃO VAI A LADO NENHUM

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To das as heroínas de Jane Austen, num momento do livro passam uma tempora-

da fora de casa. As irmãs Dashwood visitam Lon-dres na companhia da Mrs. Jennings e na volta para casa passam algumas semanas na proprie-dade dos Palmers, onde devido à doença de Marianne ficam mais tempo do que inicialmente previsto. Elizabeth visita os recém-casados Col-lins e mais tarde os tios proporcionam-lhe umas férias no Derbyshire, a sua irmã Jane passa algum tempo em Londres e Lydia vai para Brigh-ton com os Forsters. Catherine acompanha os Allen a Bath e Anne Elliot antes de se mudar defi-nitivamente para esta cidade passa algum tempo com a sua irmã Mary. Até mesmo a heroína mais pobre dos livros de Jane, Fanny Price, visita a

: Vera Santos Jane, Fanny Price, visita a sua família com quem

fica durante alguns meses.

Emma é a única que nunca vai a lado nenhum, sim há o passeio a Box Hill, mas é somente um passeio que dura algumas horas e permite o regresso a casa no mesmo dia. Emma nunca vai passar algumas semanas com a irmã a Londres

ou visitar qualquer outro lugar como Bath.

Sobre o ponto de vista narrativo Emma é um romance fechado todos os personagens que conhecemos no inicio estão lá no fim, não existe uma alteração significativa, o livro funciona como um circulo fechado. Noutras obras vão nos sendo apresentadas novas personagens, em Emma isso não acontece. Harriet Smith é introduzida no círculo de Emma, mas ela já vivia há algum tem-po em Highbury e o mesmo é válido para Jane Fairfax e Frank Churchill, embora ausentes

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durante uma parte da obra estão presentes pelas várias menções que lhes são feitas. A única per-sonagem realmente nova que conhecemos, a a Mrs. Elton, mas a sua presença é irrelevante excepto para irritar Emma e o leitor com toda a

sua maneira de ser.

O curioso desta constatação é que Emma é de todas as heroínas a que mais teria possibilidades de viajar já que era a mais rica. Os motivos para a ausência de alguma viagem são facilmente explicados pelo pai que acha que ir ao jardim já pode causar uma constipação que o vai matar. Emma não pode e também não quer deixar o pai

e por isso permanece em casa.

No entanto uma melhor explicação pode estar algures na sua correspondência de Jane Austen onde afirmou que o seu trabalho incidia sobre três ou quatro famílias da sociedade rural. Talvez por isso em Emma levou tal afirmou a sério e criou um leque pequeno de personagens e um espaço confinado que nunca é alterado ao longo do livro, mesmo quando Emma encontra o amor ela encontra-o em alguém que conheceu toda a

sua vida.

No fundo é como Jane Austen tivesse decidido brincar com um cenário fixo e nele movimentar

um conjunto de personagens.

Será Emma enquanto personagem limitada por esta falta de conhecimento do outros espaços que não Highbury? Pessoalmente acho que não e Emma seria a mesma pessoa ainda que tivesse feito a volta ao mundo. Na obra de Jane não observamos mudanças significativas nos perso-nagens pela lugares que visitam. Por exemplo, Elizabeth Bennet descobre durante a sua estadia no Kent que Darcy está apaixonado por ela, que Wickham é um patife e a forma como Jane e Bin-gley foram separados. Mas a sua maneira de ser continua a mesma. Penso que Jane não via nas mudanças de ares uma forma de mudar o perso-nagem ou até de corrompê-lo. Em algumas obras de outros autores observamos isso, um exemplo típico é o jovem mais inocente que ao vir para a cidade, após uma vida no campo é corrompido

pela vida citadina.

Julgo que Jane Austen acreditava na mudança de opiniões quando a pessoa é exposta à verda-

verdade, como acontece com Elizabeth Bennet mas nunca a de mudança/ reforma da personali-

dade do qual Henry Crawford é um bom exemplo.

Todos estes factos e análises levam-me a pensar que Emma seria exactamente igual quer tivesse passado temporadas em Londres ou noutro sítio qualquer, embora a aí talvez tendo à sua disposi-ção mais divertimentos e ocupações ela não estaria tão preocupada em arranjar casamentos ou talvez fosse mais aliciante para ela fazer isso uma vez que existiam mais homens e

mulheres livres!!

SOBRE O PONTO

DE VISTA NARRA-

TIVO EMMA É UM

ROMANCE

FECHADO TODOS

OS PERSONA-

GENS QUE

CONHECEMOS

NO INICIO ESTÃO

LÁ NO FIM

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Co meço por comentar o artigo anterior, aqui apresentado pela Vera, com o qual

concordo inteiramente, pois Emma é mesmo a

heroína que nunca vai a lugar nenhum!

Nos últimos dias, voltei a reler a obra “Emma” em busca de pistas ou ideias que me pudessem elu-cidar sobre a ausência de interesse da jovem Emma pelas saídas prolongadas ou mesmo da razão pela qual ela parece estar sempre tão feliz no seu próprio ambiente. Parece estranho que uma jovem que tem uma irmã a viver em Londres não a visite nem manifeste interesse em o fazer. Ao longo da obra encontramos uma Emma expectante com as visitas e as estadias em Hart-field da família de Londres, da irmã, do cunhado, ou mesmo apenas dos dois sobrinhos mais velhos, Emma que aguarda ansiosamente a che-gada de Mr. Knightkley regressado de uns dias

: Júlia Marcos Ferreira dias passados em Londres em casa dos mesmos familiares comuns (na praça de Brunswick) e das notícias sobre todos, especialmente das crianças, e ainda a Emma que envia a amiga Harriet Smith durante semanas para a casa de sua irmã em

Londres para a fazer esquecer a última paixão!

Não podemos esquecer que no final do século XVIII, início do XIX, as viagens eram morosas, lentas e incómodas, mesmo para quem tinha a sorte de possuir carruagem. Talvez Emma não se sentisse muito bem em viagens mais prolongadas e não o quisesse de todo reconhecer. No entanto, encontramos na obra uma personagem, Frank Churchill, que viaja muito e que vai a Londres para voltar no mesmo dia, vinte e cinco quilóme-tros para cada lado, o que nesse tempo seria sig-nificativo. As deambulações de Frank Churchill não parecem interessar Emma por aí além, pois esta associa-as muitas vezes a uma certa levian-

dade e inconstância por parte do rapaz.

O ESTATUTO ESPECIAL DE EMMA EM

HARTFIELD

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No capítulo XII encontra-se uma ligeira referência a uma certa vontade de viajar (embora não con-cretizada) por parte de Emma, quando se fala no mar e na estadia da irmã, do cunhado e dos sobrinhos à beira-mar, e onde Mr. Woodhouse contesta o benefício dessas estadias para a saú-de, Emma confessa: “Peço-lhes que não falem do mar! Fazem-me inveja e tristeza, eu, que nunca o vi!” As razões pelas quais Emma nunca viu o mar podem ser diversas mas também inexplicáveis: a proteção e a dependência do pai, alguma imobili-dade da sua parte para manifestar esses desejos, afinal podia sempre ter-se juntado à irmã e ao cunhado para passar a temporada no mar junto

deles.

Na obra perpassa a ideia que Emma se sente perfeitamente bem no seu ambiente natural e que esse ambiente é Hartfield. A sua ligação ao pai, o carinho e a paciência com que o trata, mesmo quando as doenças imaginárias de Mr. Woodhou-se o parecem tornar demasiado hipocondríaco e impossível de aturar, para Emma, tudo isso é

aceite com um sorriso calmo e benevolente.

A ideia geral que Emma me transmite é que a sua ligação a Hartfield está associada ao seu estatuto especial de que goza ali e apenas ali naquele lugar. Se Emma fosse para outro lugar qualquer, perderia aquele estatuto de princesi-nha, de pessoa especial e respeitada, e seria mais uma jovem entre tantas outras. Essa é a impressão que tenho em geral, através da leitura da obra: Emma move-se muito bem naquela loca-lidade onde é acarinhada e tratada de forma mui-to especial por todas as pessoas. A irritante Mrs. Elton (que é de facto irritante para todos nós) é-o particularmente para Emma, porque desafia o seu lugar, porque se coloca em primeiro lugar e ignora o estatuto de Emma (até mesmo no fim da obra, quando se sabe do casamento entre ela e Mr. Knightley, Mrs. Elton continua a afirmar que foi Emma quem caçou um bom partido, recusan-do-lhe mais uma vez o estatuto especial de que a

jovem goza desde sempre).

Todo o percurso de Emma, as suas aproxima-ções a Harriet Smith, vão no intuito de a valorizar com a sua influência e de a levar a procurar melhor partido do que o apaixonado Mr. Martin, embora no fim Emma reconsidere e fique mais consciente e mais humana, mesmo assim, sem-pre no seu pedestal. A inimizade incompreensível

mais consciente e mais humana, mesmo assim, sempre no seu pedestal. A inimizade incom-preensível de Emma para com Jane Fairfax deve-se possivelmente a esse brilho que a primeira quer ter sempre e a segunda também manifesta, talvez em maior grau, pois como a própria Emma reconhece, Jane suplanta-a na música e na sua

aprimorada execução.

Em suma, é sempre enriquecedor reler Emma! As estratificações sociais rígidas e os preconcei-tos nas sociedades rurais inglesas do início do século XIX são aqui bem apresentadas em todas

estas personagens.

Não é pelo facto de achar que Emma é muito mimada e se julga muito especial durante grande parte do romance, que gosto menos dela! Emma é de facto uma figura encantadora e representa muito bem a sociedade rural que personifica, identificando-se tanto com Hartfield, o que a torna especial e única como ela própria gostaria de se

reconhecer.

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Eu fiquei surpresa com uma constatação

que fiz recentemente e que foi suscitada

pelo tema de maio e junho do blog, a saber, "Os

lugares em Emma". Tal constatação é que Emma

é a única protagonista de Jane Austen que não

dorme uma noite fora de casa! Realmente, ela

não viaja para conhecer novos lugares, ou para

acompanhar a moda da sociedade de ir para um

único lugar (tal como Bath), ou para visitar

parentes, ou para estudar. Eu fiquei com pena

dela! Poxa! Tão jovem e rica, por que não

aproveitar mais a vida e viajar?

Pois bem, eu creio que este fato de Emma nunca

ter viajado foi proposital e planejado por Jane

Austen para ressaltar o amor e dedicação de

Emma a seu pai e para mostrar que apesar de

: Luan Fernandes ela ser descrita como muito elegante, refinada,

inteligente e sociável e de ela exaltar tais

qualidades em si mesma, ela não passa de uma

simples moça do campo! Me parece que Jane

Austen, sabiamente, quis destacar as

incoerências do caráter de Emma: sua

imaturidade e arrogância contrapostas a sua

bondade e dedicação familiar.

Ao lermos “Emma”, há vários diálogos entre ela e

seu pai, nos quais o tema “viagem” é tido como

proibido ou é questionado e massacrado pelos

argumentos de Mr. Woodhouse. Emma é

sensível a esta resistência paterna em permitir

que ela saia de perto dele, visto que ela nunca

visitou a irmã em Londres ou sempre se mostrou

temerosa em se ausentar mesmo que por um

período do dia.

A PROTAGONISTA MAIS ENRAIZADA DE JANE AUSTEN

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Page 24: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

24 | ARTIGOS | Revista Jane Austen Portugal

Ao comparar Emma com as outras “heroínas” de

Jane Austen me surpreende o fato de que todas

as outras viajaram, se ausentaram meses longe

de casa e em tais viagens acontecimentos

importantes das histórias ocorreram. Porém,

todos os acontecimentos marcantes de “Emma”

ocorreram no mesmo lugar ou em seus

arredores. É interessante pensar que esta

condição não torna a história maçante ou com

menos emoção, pelo contrário, ressalta a

habilidade de Jane Austen em prender a nossa

atenção e nos envolver em suas tramas sagazes.

Realmente, Emma é a protagonista mais

enraizada de Jane Austen! Ela evoluiu enquanto

pessoa, mesmo sem sair do lugar! É em sua

casa, no seu lar, que Emma descobre o amor, se

frustra, aprende a ser mais humilde e amadurece.

EU CREIO QUE ESTE

FATO DE EMMA NUNCA

TER VIAJADO FOI

PROPOSITAL E

PLANEJADO POR JANE

AUSTEN PARA

RESSALTAR O AMOR E

DEDICAÇÃO DE EMMA

A SEU PAI E PARA

MOSTRAR QUE

APESAR DE ELA SER

DESCRITA COMO

MUITO ELEGANTE

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Page 25: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

E como o tema é: Os lugares em Emma, resolvi fazer uma pesquisa e encontrei a seguinte infor-

mação para Hartfield:

Hartfield é uma freguesia em East Sussex , Ingla-

terra . Assentamentos na freguesia incluem a vila de Hartfield, Colemans Hatch, Hammerwood e Holtye, no extremo norte da Floresta de Ash-

down .

Hartfield é a vila principal da freguesia. A igreja é dedicada à Virgem Maria. Há três casas públicas: Anchor Inn; Gallipot Inn e Haywagon Inn. A rua da aldeia é estreita, impedindo o estacionamento, embora a âncora e a Pousada Haywagon tenham parques de estacionamento

privado para clientes.

Cotchford Farm, em Hartfield foi a casa de AA Mil-ne (1882-1956), autor dos livros Winnie the Pooh. Mais tarde, foi possuído por Brian Jones guitarris-ta e fundador da The Rolling Stones , que foi

encontrado morto na piscina em 1969.

Há uma loja na vila dedicada a todas as coisas

relacionadas com o Ursinho Pooh das histórias.

: Marina Nunes Acredita-se que Henry VIII habitou Castelo Bole-broke, localizado a uma curta distância da aldeia, que utilizava na época de caça aos javalis e vea-dos, na floresta Ashdown. Também se acredita

que cortejou Anne Boleyn deste castelo.

Hartfield tinha uma estação ferroviária que foi fechada em 1967. A maioria dos ex-trackbed ago-ra faz parte do Caminho Florestal e da Rota do Ciclo Nacional e é muito utilizada por caminhan-

tes e ciclistas.

O edificio da estação em si é agora utilizada como uma pré-escola. Existe um serviço de transporte publico (autocarro/camioneta) que liga a aldeia com Crawley, Grinstead Oriente e Tunbridge

Wells. Há uma série de empresas na aldeia."

Então? será que Emma ía gostar de viver na Hart-

field de hoje?

HARTFIELD

Revista Jane Austen Portugal | ARTIGOS | 25

Page 26: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

26 | ARTIGOS | Revista Jane Austen Portugal

Es te podia ser o título de uma aventura

com a nossa intrépida Miss Morland,

mas não, nem creio que haja qualquer história

fantasmagórica para contar acerca de Donwell

Abbey... Mas quiçá, não esteja aqui um bom

: Clara Ferreira mote para uma das nossas próximas ficções aqui

no Jane Austen Portugal!

Donwell Abbey é a distinta propriedade de Mr.

George Knightley em “Emma”. Vou esforçar-me

por fazer uma visita guiada a esta casa que terá

sido o lar de Mrs. e Mr. Knightley depois da morte

de Mr. Woodhouse.

A ABADIA DONWELL

DE

Page 27: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

A primeira referência a Donwell Abbey é feita no

Capítulo III, Vol. I (aviso que a tradução é feita

por mim do original):

Felizmente para ele [Mr. Woodhouse],

Highbury incluia Randalls na mesma

paróquia e Donwell Abbey na paróquia

adjacente, propriedade de Mr. Knightley.

Mas tal referência pouco ou nada acrescenta ao

que aqui já foi dito. É pelos pensamentos interes-

seiros de Mr. Elton, que magicava um possível

relacionamento com Emma, que conhecemos um

pouco mais sobre as suas vantagens patrimo-

niais, digamos assim, no Capítulo XVI, Vol. I:

A área de propriedade de Hartfield era

irrelevante, pois mais não era do que um

pequeno entalhe na propriedade de Don-

well Abbey, à qual a restante Highbury

pertencia.

Deste trecho ficamos a perceber que em termos

de vastidão de propriedade, Donwell Abbey não

tinha rival em Highbury. Tal significa que Mr.

Knightley era um grande proprietário na altura,

tanto ou mais que Mr. Darcy em Orgulho e Pre-

conceito. E é prova disso o trecho que coloco em

seguida, retirado do Capítulo XII, Vol.I, a propósi-

to da altura em que John Knightley vem de visita

a Hughbury e Jane Austen nos congratula com a

amizade entre irmãos:

Enquanto rendeiro (...) tinha de lhe contar

[a J. Knightley] acerca do que cada par-

cela de terra iria produzir no próximo

ano, e dar-lhe toda a informação possível

que seria do interesse do irmão, cujo lar

em Donwell tinham partilhado durante

muitos anos e pelo qual tinham ambos

fortes ligações. O plano para uma drena-

gem, a mudança de uma vedação, a que-

da de uma árvore e o destino de cada

acre de trigo, de nabos ou milho.

Sendo vizinho de Hartfield, sabemos que visitava

várias vezes Mr. e Miss Woodhouse, quase sem-

pre a pé. Isso sempre me fez achar que eram

propriedades muito próximas. Mas Jane Austen

desvenda o mistério logo no Capítulo I do Vol. I:

Ele [Mr. Knightley] vivia a cerca de 1,5

km de Highbury.

Não é uma grande distância, é certo, mas indica

que Mr. Knightley não tinha medo de uma boa

caminhada! O que me faz acreditar que o Mr.

Knightley idealizado por Jane Austen era, com os

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28 | ARTIGOS | Revista Jane Austen Portugal

Knightley não tinha medo de uma boa caminha-

da! O que me faz acreditar que o Mr. Knightley

idealizado por Jane Austen era, com os seus

quase quarenta anos (já pareço Marianne Dash-

wood a falar!) um homem de exercício.

Não deixa de ser excepcional que Mr. Knightley,

com todas as vantagens que possuía, uma vez

que era um grande proprietário, culto, de alta

posição e, interessante a todos os níveis, não

fosse ainda casado e a propriedade estivesse

destinada ao sobrinho, Henry (de acordo com as

palavras de Emma). É então de supor que Don-

well Abbey embora, não sendo assombrada, fos-

se uma casa vazia, tendo por único ocupante um

homem solteiro. E nesse sentido escreve também

Jane Austen, depois de uma pequena quezília

com Emma a respeito do jogo de palavras que

implicava Emma, Jane Fairfax e Frank Churchill:

Pouco depois saiu rapidamente e foi para casa, para a frieza e solidão de Donwell Abbey.

Mas é no Capítulo VII do Vol. III que ficamos a

conhecer Donwell Abbey pois Jane Austen pro-

porciona-nos um delicioso rol de descrições

sobre esta casa:

Enquanto olhava para o tamanho e estilo

respeitável da casa, era adequado,

próprio, com condições características,

pouco elevada e abrigada. Os seus jar-

dins amplos estendiam-se ao longo do

prado, regados por um ribeiro do qual a

Abadia, com todo o abandono que o tem-

po produz, mal tinha um vislumbre. [A

Abadia] Tinha muita abundância de árvo-

res em fileiras e avenidas, que nem a

moda nem as extravagências haviam

destruído. A casa era maior que Hartfield

e totalmente diferente, cobria um enorme

pedaço de terreno, cheia de corredores e

recantos irregulares, tinha várias divi-

sões maioritariamente confortáveis e

uma ou duas salas bonitas. No fundo, era

tudo o que deveria ser, e parecia aquilo

que era – e Emma sentiu um crescente

respeito por ela, enquanto residência de

uma família de verdadeira distinção. (...)

Depois de passearem durante algum

tempo nos jardins (...) seguiram (...) para

a deliciosa sombra de uma larga avenida

de limeiras, que se estendia para além do

jardim, a igual distância do rio (...), não

levava a nada. A nada mais do que a uma

paisagem que se podia apreciar debaixo

de uma construção de pedra com altos

pilares, cuja intenção parecia (...) dar a

sensação de chegar a uma casa que nun-

ca esteve lá. (...) Era em sim

um agradável passeio, e a vis-

ta com que terminava era

extremamente bonita. A consi-

derável encosta, quase ao fun-

do do terreno onde a Abadia

estava, adquiria gradualmente

uma forma de vaso (...) e, a

cerca de meia milha de distân-

cia estava uma rampa de con-

siderável declive e grandeza,

bem revestida com árvores e

ao fundo desta rampa, favora-

velmente localizada e abriga-

da, erguia-se Abbey Mill Farm

(...). Era uma deliciosa paisa-

gem – Don

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Page 29: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

deliciosa para o olhar e para

o pensamento. Verdura ingle-

sa, cultura inglesa, conforto

inglês, visto debaixo de um

sol radioso sem se tornar

opressivo. (...)

Julgo que ninguém ficará indiferente

a tal descrição. Penso que fiquei

igualmente arrebatada com Donwell

Abbey tal como com Pemberley.

Aliás, através deste artigo, começo a

encontrar diversas semelhanças

entre Darcy e Knightley, se bem que

o último tem um sentido de humor

bem mais cativante, ou talvez seja

só eu, pois sou suspeita, uma vez que tenho

Knightley em maior preferência que Darcy.

Assim, Dowell, uma extensa propriedade, com

uma enorme casa, ocupada por um solitário indi-

viduo seria, muito embora bela e imponente, uma

casa com demasiadas divisões vazias, muito ao

estilo de Northanger Abbey, se bem que esta últi-

ma tinha sido alvo de algumas modernizações e

estivesse mobilada “à la mode”!

O que sobressai da descrição feita por Jane Aus-

ten são, acima de tudo, os seus jardins—pois o

interior da casa devia ser bastante soturno e

desinteressante. Mas os jardins, esses, são cati-

vantes e inspiradores, propícios a todo o género

de passatempo .

A descrição feita da larga avenida rodeada de

árvores as quais não tinham sido destruídas por

nenhum ímpeto de moda ou extravagância,

fazem-me recordar do famoso passeio à casa de

Mr. Rushworth, em Mansfield Park, onde sabe-

mos que um dos projetos será arrancar todas as

árvores que circundam a avenida pois essa era

então a moda do tempo. E se bem me recordo,

Fanny Price fica muito surpreendida pois não

entende como é que uma casa pode ficar mais

bonita depois de destituída de tão frondosas

árvores. Enfim, sabemos então que Mr. Knightley

era um homem de bom gosto e sem qualquer

pretensão de “estar na moda”.

Algo que também sabemos é que a Abadia de Donwell é famosa pelas suas macieiras e moran-gueiros, um pouco, se bem se lembram, à seme-lhança da propriedade do Coronel Brandon, famosa pelos seus pessegueiros! Sabemos isto através de Miss Bates que caracte-riza as maçãs de Donwell :

As maçãs são das melhores para assar (…) vieram de Donwell .

Quanto aos morangueiros, percebe-se claramen-te através do passeio feito a Donwell onde um dos passatempos foi precisamente o de apanhar morangos.

Donwell era famosa pelos seus moran-gueiros.

Não sei quanto a vocês, mas eu cá não me importava nada de viver num sítio como Donwell Abbey, embora tivesse obrigatorimente de acres-centar mais elementos à família para preencher mais espaço e é isso que espero que Emma e Knightley tenham feito!

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30 | ARTIGOS | Revista Jane Austen Portugal

Tr ago-vos hoje a história dos locais de fil-

magem de Donwell Abbey na adaptação

para o ecrã de Emma, em 1996 com Kate

Beckinsale.

As cenas filmadas em Donwell tiveram como cenário, três locais diferentes: Salão de Donwell Abbey (Great Hall), foi filmada em Broughton Castle, Banbury, Oxfordshire, England, UK. Os Exteriores de Donwell Abbey, em Sudeley Cas-tle, Sudeley, Gloucestershire, England, UK. E Donwell Abbey, foi filmada em Stanway House,

Stow-on-the-Wold, Gloucestershire, England, UK.

É destes três locais que me vou ocupar, falando-vos da história destas casas que não são nenhu-

mas estreantes no que respeita a castings!

: Clara Ferreira mas estreantes no que respeita a castings!

É muito curioso, ao fazer a pesquisa para este artigo, dei de caras com casas particulares, porque é disso que se trata - todas estas man-sões são atualmente habitadas ainda por descen-dentes dos proprietários originais. Não obstante, todas elas estão abertas ao público para visitas, um pouco à semelhança da visita de Lizzie com os tios a Pemberley. Atualmente esse tipo de tur-ismo mantém-se em Inglaterra, sendo deveras interessante. Em Portugal julgo não haver sequer essa tradição, embora tenhamos igualmente casas e propriedades de tal esplendor - esse tipo de casas já não é, maioritariamente, habitado, menos ainda por descendentes da família que a criou ou lhe deu história. Temos de ter em conta que Inglaterra mantém uma Monarquia e todos os títulos que daí advêm, permitindo que, ainda que “falidos”, os Barões, Condes e Sirs, mantenham as propriedades de família… embora hoje em dia

recorram a uma espécie de casa-museu, tirando

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OS CENÁRIOS

DONWELL D

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Page 31: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

receitas da sua própria história. Imagino que só habitem uma parte da casa que não estará, certa-

mente, aberta ao público.

Cá em Portugal, este tipo de casas estará atual-mente ou abandonadas, fechadas à espera de partilhas de heranças, a servir de hotéis de charme—há um turismo crescente de hotéis-solares muito interessante - ou pura e simples-

mente como casas-museu.

Broughton Castle

O Castelo de Broughton é uma casa senhorial do período medieval localizada na aldeia de Brough-ton que está a cerca de 3 km do sudoeste de Banbury em Oxfordshire, Inglaterra. Foi construí-da em 1300 d.C. mas só em 1550 adquiriu os tra-

ços estilísticos da Era Tudor.

Está localizado numa espécie de “ilha” pois está rodeado por cerca de 3 acres com um fosso para

proteger a Fortaleza.

No século 17, este local teve um papel importante pois foi a “sede secreta” para os oponentes do rei

Carlos que pretendia governar sem o Parlamento.

Pertence à família Fiennes desde 1451, com quem se mantém até hoje e na qual reside um

dos descendentes.

No filme “Emma” de 1996 da BBC, o Castelo de Broughton serviu como cenário para o interior de Donwell Abbey. Mas não se julgue que esta foi a sua estreia! Já serviu de cenário para filmes como a mais recente adaptação de “Jane Eyre” (2011), “A Paixão de Shakespeare” (1998), “Padrinho... Mas Pou-co” (2008), “The Scarlet Pimpernel” (1982), “The Virgin Queen” (2005),

entre outros.

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32 | ARTIGOS | Revista Jane Austen Portugal

Broughton Castle está aberto ao público, podendo este usufruir de uma visita à Entrada, aos jardins e parque, à Igreja St. Mary’s, ao Salão, à Galeria, ao “Quarto do Rei”, ao “Quarto da Rainha Anne”, Sala do Conselho [dos opositores], Sala de Jan-tar, Sala de Carvalho, Capela e à Grande Sala de

Estar.

Todas as informações disponíveis em: broughton-

castle.com

Como já disse, o “Great Hall” de Emma 1996 da BBC foi filmado nesta propriedade. O Salão man-tém a traça medieval original que remonta a 1300. No filme, vemos o interior do Salão de Broughton Castle durante a cena final dos festejos do casa-

mento de Mr. Knightley e Emma.

Sudeley Castle

O Castelo de Sudeley está localizado perto de Winchcombe em Gloucestershire, Inglaterra. A estrutura atual foi construída no século 15 pelo Barão Sudeley com a fortuna que tinha criado durante a Guerra dos Cem Anos e acredita-se que foi feita a partir de uma ruína de um castelo que data do século 12. Na sua capela podemos encontrar o túmulo de uma das mulheres do rei Henrique VIII, Catherine Parr (a sexta e última mulher) que esteve perdido durante alguns anos

por causa da Guerra Civil.

Há, em relação a ela, uma história curiosa – Catherine Parr, depois da morte do rei, contraiu novo casamento com o Barão de Sudeley de quem teve uma filha. Veio, contudo, a falecer aos 35 anos poucos dias depois de dar à luz a peque-na Mary. Segundo alguns, o Castelo está assom-brado por ela, que vagueia pelos corredores e jar-dins do Castelo. Por curiosidade, a filha, que depois da morte da mãe foi abandonada pelo pai, foi criada por uma amiga da mãe, chamada Catherine Willoughby (quem sabe... uma ascen-dente de John Willoughby!). Este ano, celebra-se o 500º aniversário do nascimento de Catherine Parr e muitos são os projetos a decorrer no Cas-

telo.

O castelo de Sudeley é dos poucos em Inglaterra que se mantêm como residência e por isso, embora com visitas ao público estas são feitas em

Page 33: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

datas específicas resguardando algumas divisões da casa. Podemos encontrar mais informações

em www.sudeleycastle.co.uk

Serviu de cenário a outras adaptações conheci-das, uma delas muito recente, tess of D’Urbervil-

les de 2008.

Em Emma 1996 da BBC, este castelo de Sudeley serviu como cenário para o exterior de Donwell e podemos vê-lo durante a cena da visita a Donwell

Abbey com a apanha de morangos!

Stanway House

Stanway é um exemplar perfeito de uma casa senhorial da época de Jaime I. Graças à sua loca-lização, no cimo de uma encosta, Stanway tem

sido protegida das mudanças do século 20.

Stanway House é notável pela sua delicada e pacífica atmosfera, gerada pela sua “idade”, pois a sua construção terminou na década anterior à Guerra Civil, pela sua estrutura de pedra, pela sua arquitetura, pela sua mobília e pela sua locali-zação. O seu interior dá a impressão de se estar

a viver dentro de um museu.

Foi cenário em “A Feira das Vaidades” (2004), The Buccaneer (1995), entre outros. Em Emma 1996 da BBC podemos encontrá-la como cenário, creio eu, na cena da visita a Donwell para apa-nhar morangos, nas cenas interiores em que Emma está com o pai, mas não tenho a certeza,

nem encontrei informação.

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Revista Jane Austen Portugal | ARTIGOS | 33

Page 34: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

34 | ARTIGOS | Revista Jane Austen Portugal

Squerryes Court é o cenário de Hartfield na adap-

tação “Emma” da BBC de 2009 com Romola

Garai no papel da nossa heroína.

Squerryes em Westerham no Kent em Inglaterra,

é uma casa senhorial do séc. 17, sendo a resi-

dência da família Warde desde 1731.

A Casa e o Jardim estarão abertos ao público de

Abril até Setembro de 2012.

No local de construção da casa atual esteve, por

mais de 800 anos uma casa de matriz medieval

que foi demolida em 1681, propriedade da família

Squerie.

A casa atual, construída por Sir Nicholas Crispe,

foi vendida em 1700 a Edward Villiers e só em

1731 passa para a família Warde, que a mantém

: Clara Ferreira na atualidade.

Squerryes Court segue a traça do estilo Georgia-

no.

As salas usadas e mobiladas ao longo de 200

anos pela família Warde são do maior interesse.

Aí podemos encontrar uma coleção de pinturas

do séc. 17 das escolas Italianas, Alemãs e Ingle-

sas.

Os jardins de Squerryes Court cobrem cerca de 4

hectares incluindo um pombal e um lago.

As filmagens de “Emma” - BBC 2009, exteriores e

interiores decorreram nesta casa.

As divisões utilizadas nas gravações incluíram o

“Quarto Chinês” (talvez daí a piada inicial na

adaptação a propósito de Mr. Knightley ir ensinar

chinês a Emma!?), um dos quartos dos emprega-

dos, a entrada, e a “Sala Verde”, que foi pintada

de azul turquesa paras as filmagens, e os jardins.

SQUERRYES COURT

Page 35: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

Em 2009, Squerryes Court alber-

gou uma exibição acerca de Jane

Austen, a sua associação com

Kent, fotografias das filmagens da

mais recente adaptação de

“Emma” e do guarda-roupa.

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AS DIVISÕES UTILI-

ZADAS NAS GRAVA-

ÇÕES INCLUÍRAM O

“QUARTO CHI-

NÊS” (TALVEZ DAÍ A

PIADA INICIAL NA

ADAPTAÇÃO A PRO-

PÓSITO DE MR.

KNIGHTLEY IR ENSI-

NAR CHINÊS A

EMMA!?)

Revista Jane Austen Portugal | ARTIGOS | 35

Page 36: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

36 | ARTIGOS | Revista Jane Austen Portugal

E se Jane Austen tivesse sido portuguesa? E se a

ação do romance “Ema” se tivesse passado numa

das muitas vilas ou aldeias portuguesas?

Pois bem, se Jane tivesse sido Joana, Hartifield

uma mansão em Portugal e algum realizador

desejasse adaptar “Ema” para o ecrã, o local ideal

para servir de cenário para a residência de Ema e

Henrique, o pai, seria, em meu entender, o Palá-

cio de Estoi, hoje recuperado enquanto Pousada

de Portugal.

A escolha não foi aleatória, foi até bastante sau-

dosista. Um irmão meu morou nesta aldeia algar-

via chamada Estoi… não me perguntem ao certo

como se lê… há quem lhe chame “Estói” e há

quem lhe chame “Estôi” - passei lá o Verão de

2004 inteirinho e nunca cheguei a conclusão

nenhuma!

Nesse verão que lá passei o então Palácio de

: Clara Ferreira Estoi estava vetado ao abandono (vejam as ima-

gens da página seguinte). Passei lá algumas tar-

des a “invadir” propriedade alheia, é um facto, e a

trazer limões de um limoeiro que não me perten-

cia (convenhamos, tinha 13 anos e um forte espír-

tio aventureiro!), mas nunca ninguém se importou,

nem ninguém se parecia importar com a beleza

daquele edifício repleto

de ervas e trepadeiras

por tudo quanto era

sítio.

Na altura ainda não era

fã de Jane Austen e

nunca me passou pela

cabeça que pudesse

um dia associar Estoi a

Emma Woodhouse,

mas hoje, nada me

parece mais certo! E é

com extrema facilidade

que coloco Emma nes-

te cenário.

Não consegui encontrar

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no

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Page 37: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

nenhuma referência, mas tenho ideia que a

recuperação do Palácio começou a ser feita

um ano ou dois depois de eu lá ter passado

as minhas Vérias Grandes e ficou concluída

em 2008.

Atualmente, o Palácio de Estoi é um hotel de

luxo que integra as Pousadas de Portugal.

O Palácio de Estoi, localizado a cerca de

10km de Faro, data do séc. XIX e é um

exemplar do estilo rococó em Portugal. Tam-

bém conhecido como Palácio do Carvalhal.

O Palácio foi mandado construir por Fernan-

do Carvalhal de Vasconcelos, um fidalgo da

Corte, em 1840, “altura em que já existiam neste

local os jardins e uma pequena residência, con-

junto que pertencia ao bispo de Faro”, todavia,

não concluiu a obra em virtude da sua morte. O

Palácio foi depois vendido a José Francisco da

Silva, farmacêutico de profissão, que concluiu as

obras, ficando o Palácio totalmente pronto em

1909 - pelos esforços demonstrados na recupera-

ção do Palácio, José Francisco da Silva foi intitu-

lado Visconde de Estoi pelo Rei D. Carlos I. O tra-

balho foi dirigido pelo arquiteto Domingos da Silva

Meira. Em 1987 o Palácio foi comprado pela

Câmara Municipal de Faro e em 1977 tinha sido

classificado como Imóvel de interesse público.

“O interior do palácio é extremamente detalhado e

está elaborado à base de estuque e pastel. No

jardim é possível ver as palmeiras e as laranjei-

ras, que se enquadram perfeitamente com o

ambiente rococó do palácio.

No terraço inferior é possível ver um pavilhão com

azulejos azuis e brancos, denominado a Casa da

Cascata, e no seu interior está uma cópia das

Três Graças, de Canova” (historiadeportugal.info).

“O corpo do seu principal salão é avançado em relação ao resto do edifício e apresenta decora-

ção inspirada no estilo Luís XV.

O palácio compreende vinte e três salas e cinco

Antes e Depois das obras de recuperação

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Revista Jane Austen Portugal | ARTIGOS | 37

Page 38: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

38 | ARTIGOS | Revista Jane Austen Portugal

anexos: torre sineira, torre de acesso às cobertu-

ras, depósito de água e duas casas de fresco.

O palácio é antecedido por três patamares ou socalcos ajardinados, preenchidos com diversos alojamentos: dois Pavilhões de Chá (com frescos no tecto), a Casa do Presépio e a Casa da Casca-ta. Esta axialidade é acentuada pelo arruamento principal, o qual se desenvolve a partir de uma

portada monumental.

As divisões interiores do palácio apresentam for-

mas quadradas e rectangulares, estando interliga-

das por corredores estreitos e compridos, embora

a maior parte dos aposentos comuniquem entre

si. As salas são decoradas ao estilo Luís XV,

Renascença e Barroco, salientando-se a orna-

mentação interior das seguintes salas de aparato:

Capela, Salão Nobre, Sala de Visitas, Sala de

Jantar, Saleta, Vestíbulo ou entrada pelo Jardim

do Carrascal, dois Pavilhões de Chá, Casa do

Presépio e Casa da Cascata. Parte do mobiliário

e algumas pinturas de cavalete ou murais são ita-

lianos.” (e-cultura.sapo.pt)

Aos obras de recuperação concluídas em 2008

foram da responsabilidade do Arquitecto Gonçalo

Byrne. Em 2009, o Palácio de Estoi - Pousada de

Portugal abriu as portas ao público.

Digam lá se Emma Woodhouse não encaixava

neste Palácio que nem uma luva!

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DE BEVERLLY HILLS

Page 39: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

Ao longo dos tempos, a televisão e o cine-ma têm nos brindado com as mais diver-

sas adaptações das obras de Jane Austen. Menos frequentes tem sido as adaptações que colocam os personagens do universo austeniano no nosso tempo. Dada a actualidade da obra de Jane Austen, estas adaptações são mais ou menos bem sucedidas na adaptação e cabe ao espectador gostar delas ou não, consoante as liberdades que são tomadas. As Meninas de Beverly Hills, Clueless no original, adapta Emma, colocando-a em Beverly Hills. Ten-do em conta que o filme é de 1995, esta opção não é de estranhar, na altura o local era bastante conhecido por causa da série de Beverly Hills. Comecei a ver o filme sem muitas expectativas, creio que já o tinha visto na altura em que passou na televisão pela primeira vez, mas já pouco ou

: Vera Santos nada me lembrava. Surpreendi-me esperava um argumento mais infantil e infantil e para adolescentes e que tives-sem tornado a Emma, numa rapariga mais mima-da do que ela é e bastante fútil. Nada disso acon-teceu, certo que a Emma ou melhor a Cher é mimada, fútil q.b, mas não é irritante e o argu-mento está longe de ser idiota como nos últimos tempo parece ser o adágio nos filmes mais recen-tes para adolescentes, mas isso não surpreende já que o filme é de 1995 e nessa altura ainda havia um esforço neste campo. O filme consegue seguir, dentro dos possíveis, o livro de Jane Austen e é a na personagem da Tai, a Harriet Smith desta versão que o argumento mais se aproxima do original. Neste tipo de filmes é melhor o espectador ser surpreendido e por isso nada direi, apenas acres-cento que vale bem os cinco euros que custa actualmente na Fnac. Para terminar apenas chamo a vossa atenção

AS MENINAS DE BEVERLLY HILLS

Revista Jane Austen Portugal | ARTIGOS | 39

Page 40: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

40 | ARTIGOS | Revista Jane Austen Portugal

para a foto, onde quase todos os personagens estão a falar ao telemóvel naquela altura quem tinha um telemovel era rico, hoje a riqueza distin-gue-se pelo tipo de coisas que o dito telemovel consegue fazer. Pessoalmente achei um porme-nor delicioso e que só a passagem do tempo con-segue captar.

SURPREENDI-ME

ESPERAVA UM ARGU-

MENTO MAIS INFAN-

TIL E INFANTIL E

PARA ADOLESCENTES

E QUE TIVESSEM

TORNADO A EMMA,

NUMA RAPARIGA

MAIS MIMADA DO

QUE ELA É E BASTAN-

TE FÚTIL. NADA DIS-

SO ACONTECEU

Page 41: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

VAMOS EDITAR CLÁSSI-

COS!

Qu al é a importância deste projecto? Poderia apontar muitas coisas mas a mais impor-

tante é a divulgação de livros. Se acham isto estra-nho, eu digo-vos que há umas semanas li num blo-gue alguém a dizer só tinha conhecido " O Monte dos Vendavais" de Emily Brontë porque o livro é mencionado na saga Twilight como o favorito dos protagonistas. Eu achava que o livro era suficiente-mente conhecido para que toda a gente soubesse

da sua existência, afinal enganei-me.

Não é difícil entender o porquê. A edição explodiu nos últimos anos, aqui em Portugal e os livros começaram a ter um período de vida mais curto nas livrarias. Logo estes livros que já foram editados há muitos anos e já não se encontram nas livrarias começam a ficar ainda mais esquecidos. A divulga-ção que se podia fazer através de séries e filmes de época também não acontece. Quando foi a última série que passou na nossa televisão que adaptava um clássico? Se a memória não me falha foi Emma nos inícios de 2010. Depois disso muito pouco ou nada deu de adaptações de clássicos da literatura e quase nada veio para cinema e o que veio apareceu e desapareceu à velocidade da luz como o caso de

Jane Eyre, o ano passado.

Por isso, o mérito disto que estamos a fazer se não chegar a surtir o efeito desejado, terá pelo menos o efeito de fazer alguém conhecer um livro que até aí não conhecia e só por isso terá valido a pena. Eu

própria já conheci alguns que não conhecia.

Já sabem contamos com todos os leitores para

votarem e divulgarem esta iniciativa!

- VERA SANTOS

A IMPORTÂNCIA DAS

TRADUÇÕES

Co m a excepção de José de Alencar todos os autores sugeridos para a votação são

de origem anglo-saxónica. E todos os livros que sugerimos podem ser adquiridos a custo zero na internet, já são livros sem direitos de autor e por isso mesmo estão em bases de dados como o Gutemberg Project. à distância de um click pode-

podemos ter e consequentemente ler estes livros. Para aqueles que já têm um Kindle ou semelhante

podem usá-lo para ler.

Tudo isto seria perfeito se não fossem por dois moti-vos, o primeiro é que nem todos dominam o inglês para lerem, há quem entenda muito bem e há quem se desenrasque caso necessário. Para aqueles que dominam e querem ler podem fazê-lo, mas o inglês e todas as línguas do mundo, atrevo-me a dizer, não são estáticas e vão mudando. O inglês que Dic-kens e Gaskell falavam será certamente diferente daquele que falou a Lucy Maud Montegomery

que era canadiana.

Já li North and South de Elizabeth Gaskell e não foi exactamente fácil, porque embora domine o idioma em questão, não vivi no seculo XIX e não vivi em Manchester. Há todo um vocabulário da zona e pró-prio das classes sociais operárias que me escapa. Li um livro que tinha um glossário, mas é chato estar sempre a consultá-lo e ver que afinal hoo sig-

nifica o tão usado She???

O tradutor deve ter das profissões mais ingratas do mundo, por um lado, o seu nome quase nunca é destacado e por outro vê muitas vezes o seu traba-lho discutido e atacado. Mas são a estes homens e mulheres que devemos a leitura de livros que não dominamos o idioma. Uma forma de honrá-los é ler

a versão da nossa própria língua. - VERA SANTOS

NOVA ADAPTAÇÃO PARA

CINEMA—ANNA KARENI-

NA

Fi nalmente o momento pelo qual temos esperado desde que surgiu a noticia que

Joe Wright ia estar por detrás da camera de mais uma adaptação de uma grande clássico, falo de Anna Karennina. Com certeza lembram-se que o filme contará com Keira Knightley, Mathhew

Macfdeyn, Jude Law, entre outros.

Sem mais conversa aqui ficam o poster e o trai-ler, ambos do blogue de cinema: Split Screen - VERA SANTOS

Revista Jane Austen Portugal | NOTÍCIAS E CURIOSIDADES | 41

Page 42: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

42 | NOTÍCIAS E CURIOSIDADES | Revista Jane Aus-

CRANFORD TEM EDIÇÃO

PORTUGUESA

De scobri há dias que o livro de Elizabeth Gaskell tem edição portuguesa, com o

estranho título A Cidade Sem História. Esta infor-mação foi dada por uma leitora do nosso blogue

num post e podem ver aqui: Cranford

Pelas imagens eu diria que o estado de conver-sação é muito bom, apesar do livro ter sido edita-do em 1943, o que faz dele um livro já na terceira idade, uma altura em que devia descansar na prateleira, sendo aberto ocasionalmente para recordar a quem o leu todas as suas virtudes e a

magia da escrita da Senhora Gaskell.

Não me interpretem mal, eu adoro livros antigos, mas não tenho dinheiro nem espaço para me dedicar a coleccioná-los, daí a minha ideia de vê-daquilo que ela escreveu foi a afirmação que no Brasil, ele era mais amado e estudado do que

aqui. Um mal comum a outros escritores.

los sossegados nas prateleiras ou mesmo na internet nos sites dos alfarrabistas. Para mim os livros antigos e em segunda mão tem uma magia própria e se isto fosse um blogue de livros, um dia

faria um post sobre o assunto.

Mas voltando ao que interessa, a informação dada pela nossa leitora, mais uma vez vem confir-

mar que é urgente editar os clássicos que

os livros se estão a perder para dar lugar a outros que ninguém vai falar. Na edição deste mês da revista Ler, Inês Pedrosa falava de Camilo Caste-lo Branco como o homem que levaria para uma ilha deserta, preferindo-o a Eça de Queiroz... Pre-ferências não se discutem, mas o que mais retive daquilo que ela escreveu foi a afirmação que no Brasil, ele era mais amado e estudado do que

aqui. Um mal comum a outros escritores.

Por isso se estes escritores não forem editados ou reeditados daqui por uns anos, acabaram

esquecidos... - VERA SANTOS

O MISTÉRIO DE CHARLES

DICKENS

Re cebo com alguma frequência, newslet-ters de livrarias online. Uma dessas últi-

mas trazia a noticia da publicação do livro o Mis-tério de Charles Dickens, título que roubei para este post, já que para mim é um mistério a publi-

cação deste livro.

Quando li a sinopse, que podem ler aqui fiquei a pensar que já tinha visto isto em qualquer lado e verificando a minha wishlist de uma outra livraria, vi que de facto já tinha visto algo bastante pareci-do, o livro inacabado de Charles Dickens, cuja sinopse, podem ler aqui. Lendo fiquei com a ligei-ra sensação que tinha lido a sinopse do Código

de Vinci, mas versão para Charles Dickens...

Não sei se os livros em questão são bons, nem me cabe a mim fazer tal apreciação baseada apenas em sinopses. Faz-me um bocado de comichão este género de livros, primeiro porque os acho um pouco especulativos em relação à vida dos escritores em questão e depois ofere-cem muitas vezes visões distorcidas do visado,

neste caso Charles Dickens.

Faz-me confusão que se publiquem tais livros por

Page 43: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

cá, pois o escritor não está devidamente publica-do, não como ele certamente merece. Se quise-rem ler o famoso conto de natal, a única dúvida será qual a edição a escolher, à parte disso não há quase nada. Quem quer ler o Dickens não tem

sorte quase nenhuma. Por isso, caros editores,

Dickens não tem sorte quase nenhuma. Por isso, caros editores, se algum eventualmente lê este blogue em vez de se lançarem a publicar livros mirabolantes sobre escritores de renome, façam o favor de publicar a sua obra e aí sim publiquem estes livros que os leitores que gostam deste tipo de livros agradece. Até porque o sucesso de livros deste tipo depende, muitas vezes do conhecimento que se tem da obra do escritor, jul-go que fazem referencias à sua obra e onde podem as pessoas ler tais livros se não estão edi-

tados?!

Um exemplo simples e prático, o livro de Emily Brontë, O Monte dos Vendavais, tornou-se mais conhecido entre os jovens depois de ser citado na Saga Twilight como o preferido dos protago-

nistas... - VERA SANTOS

NORAH EPHRON

Fo i na passada terça-feira que o mundo do cinema ficou mais pobre com a morte de

Nora Ephron, argumentista e realizadora. Nora Ephron era conhecida pelas suas comédias românticas, apesar do género ter ficado completa-mente esgotado nos anos 90, as que pertencem a esta argumentista continuaram a destacar-se pela

positiva.

Já aqui dissemos muitas vezes, mas nunca é demais repetir que o género comédia romântica vem de Jane Austen, juntamente com o trabalho feito por Shakespeare. Nora Ephron aparece em alguns documentários sobre Orgulho e Preconcei-

to. - VERA SANTOS

E CHARLOTTE? QUE FOI

FEITO DELA?

Na s minhas vagueações pelo site da ama-zon (um dos meus 'passeios' favoritos)

deparei-me com um livro que me despertou a atenção: "Charlotte" de Karen Aminadra, uma obra que pretende ser uma continuação de Orgu-lho e Preconceito, mas visando o destino de Charlotte Lucas/Collins. Neste livro, no entanto, podemos ver descrito como foi a vida de Charlotte em Rosings depois do seu casamento com Mr Collins. A história con-ta como ela se tornou numa mulher amarga e como detesta a sua vida. Um dia, depois de ter feito compras num local não aprovado por Lady Catherine De Bourgh, vê-se subitamente ostraci-zada por ela e é então que se descobre livre para apreciar a vida e outras pessoas. Faz então novas amizades, incluindo nestas o Coronel Fitz-william que parece que lhe vai trazer alguns dis-sabores, e ainda com uma Miss Thomas que tem direito, nesta obra, à sua própria história com um tal de Mr Simmons. Este casal tem a sua dose de queixas relativamente a Lady Catherine pelo que

a empatia deles com Charlotte é partilhada. Tem-

se ainda a oportunidade de ver Elizabeth e Darcy, casados penso eu, de visita a Rosings, o que dei-xa lady Catherine furiosa. Parece uma história que promete, realmente. E estou a considerar seriamente comprar a versão kindle na amazon. Mas um medo imenso domina-me!... Será que acabo a achar Mr Collins digno de admiração? Será que ele vai passar a substituir Mr Darcy nos meus sonhos como o protótipo do

homem ideal?!... - VERA SANTOS

Revista Jane Austen Portugal | NOTÍCIAS E CURIOSIDADES | 43

Page 44: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

44 | PASSATEMPO | Revista Jane Austen Portugal Ja

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Me u primeiro contato com a obra de Jane Austen foi através do livro Razão e

Sentimento - As irmãs Dashwood, era esse o títu-lo, eu lembro bem. Eu o li quando tinha uns treze anos, mais ou menos no ano de 1976. Esse livro foi indicado como leitura complementar para minha turma na época em que cursava o ginásio. Faríamos uma prova de redação. Era um livro paradidático e tinha uma tradução bem simples

para o Português.

Desse livro só ficou a lembrança, pois naquela época era costume emprestar aos colegas de escola que não tinham condições financeiras de adquirir um exemplar dos livros de leitura pedidos pelos professores. Até hoje nunca mais o vi, esta-ria este livro com um de meus irmãos ou compa-nheiros de turma? Poderia ter sido doado a algu-ma biblioteca? Não sei, o que sei é que as minhas impressões do livro são como a nobreza dos sen-timentos de Elinor, a ingenuidade de Marianne (iludida por um grande amor) ambas inseridas no

retrato fiel da sociedade inglesa georgiana.

: Jane Lúcia Ferreira Paiva

georgiana.

Destaco essas impressões como traços que mais me marcaram na narrativa deste romance. Eu lia aquelas páginas que iam sendo rapidamente devoradas por mim, elas eram tão atraentes! Demorei poucos dias para terminar a leitura do livro. Cada momentinho depois da aula era perfei-to para que eu me debruçasse na janela para ler

mais um pouquinho...

Ter lido este livro na minha adolescência foi um fator determinante para aprimorar meu gosto pela

Literatura, com certeza.

Todos os anos eu o leio de novo e procuro estar sempre lendo outros livros de Jane Austen, conhecendo um pouquinho mais sobre sua obra. Hoje em dia tenho também a felicidade de divul-gar para outras pessoas o precioso universo de nossa autora predileta através de um recente gru-po que criei chamado: Grupo Jane Austen & Escritores Ferr e poder participar deste espaço

virtual Jane Austen em Português.

JANE PARTICIPOU NO

PASSATEMPO

“ANIVERSÁRIO DE

JANE AUSTEN” QUE

DECORREU AQUAN-

DO DO ANIVERSÁRIO

DA AUTORA EM

DEZEMBRO DE 2011.

JANE FICOU EM 4 º

LUGAR

IMPRESSÕES

JANE AUSTEN

DE

Page 45: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

Livro:

“ E o vento levou...” de Margareth Mitchell

Ler é uma das minhas atividades

preferidas, desde pequena eu me divirto muito

lendo livros. Eu devo confessar que o momento

que eu mais gosto do meu dia é à noite quando

vou dormir e posso relaxar lendo um livro até o

sono vir.

Ao pensar numa sugestão de livro ao estilo

de Jane Austen, eu não pude resistir e sugiro “E

o vento levou...”. Realmente, é uma obra antiga e

referenciada pelo mundo todo, que quase todos

conhecem e devem ter lido, ou pelo menos,

sabem a história. Eu justifico a minha escolha:

uma das qualidades mais ressaltadas em Jane

Austen é a crítica embutida em suas histórias

sobre a sociedade britânica no século XIX; sobre

os comportamentos e valores mais frequentes e

prezados por esta sociedade. Jane Austen os

critica com humor e bom senso e propõe

questionamentos que favorecem reflexões acerca

desta cultura. Em “E o vento levou...”, eu entendo

que há o mesmo objetivo embutido, ou seja,

criticar e propor questionamentos sobre uma

sociedade e seu modo de viver.

A referida obra retrata com maestria a

decadência da riqueza, soberania e valores da

sociedade rural e escravocrata da região Sul dos

Estados Unidos da América. Tal sociedade se

envolve em uma guerra (Guerra Civil Americana -

1861 a 1865 ) para preservar seus valores e

estilo de vida e acaba sendo massacrada e

obrigada a rever seus conceitos e suposições

acerca de como ganhar dinheiro e sobreviver

com dignidade em um contexto muito diverso do

qual estava acostumada. É uma revolução de

princípios íntimos e coletivos, em que muitos dos

personagens não conseguem se adaptar ou se

adaptam bem até demais. Ademais, há a história

de amor entre Scarlett O'Hara e Rhett Butler que

é a linha condutora que permite a autora

descrever esta sociedade. O livro é longo, mas

vale a pena persistir até o final!

Filme:

“Bons Costumes” de 2008

Eu gostei muito deste filme, pois a história dá

margem para muitas reflexões sobre a sociedade

e os valores da era pós-guerra. Como Jane

SUGESTÕES AUSTENIANAS

: Luan Fernandes

Revista Jane Austen Portugal | RUBRICAS | 45

Page 46: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

46 | RUBRICAS | Revista Jane Austen Portugal

Austen é uma crítica da sociedade de sua época,

eu creio que ela iria se divertir com este filme,

assim como os seus seguidores poderão se

deliciar com o conflito de interesses e valores que

marcam esta trama. Filmado em 2008, sob a

direção de Stephan Elliott, a história relata os

conflitos e contrastes entre a americana Larita

(Jessica Biel) e sua sogra inglesa (Kristin Scott

Thomas). Larita é viúva, corredora

automobilística e avançadinha para sua época.

Ela se casa com John Whittaker (Ben Barnes) e

vai, pela primeira vez, conhecer a tradicional

família dele, situada em uma pomposa

propriedade no interior da Inglaterra. Ao conhecer

a família de seu novo marido, ela gera

sentimentos de desconfiança, inveja e

competividade em sua sogra, a megera em

pessoa que, sempre que possível, não perde a

oportunidade de sujar a imagem de Larita. O pai

(papel de Colin Firth - o nosso eterno Mr. Darcy),

omisso nas opiniões e nos sentimentos, não se

incomoda com a presença da nova nora. Nesta

nova conjuntura familiar, nós somos convidados a

acompanhar as trapalhadas e acertos de Larita e

os conflitos familiares despertados por sua

presença. Podem preparar pipoca, pois é

diversão na certa!

Música:

“Falso Brilhante” de Elis Regina, 1976.

Este ano, aqui no Brasil, há várias homenagens

sendo prestadas a Elis Regina, pois no dia 19 de

janeiro completou-se 30 anos de sua morte. Eu

sou fascinada pela voz desta mulher e pela forma

intensa e autêntica que ela interpreta suas

músicas. Para declarar a minha saudade e

encantamento por sua voz, a minha sugestão

austeniana de música é ela, a pimentinha, Elis

Regina. Em sua discografia, um disco que eu

destaco e recomendo é “Falso Brilhante”, um

ícone de sua carreira. Este disco, agora CD, traz

as belíssimas canções, dentre elas as irresistíveis

e clássicas: Como nossos pais, Fascinação,

Tatuagem, Velha Roupa Colorida.

Recomendadíssimo!

Page 47: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

: Leonor

David Lassman, director do Festival de Jane Austen em Bath, publicou um artigo entitulado "Rejecting Jane" na revista Jane Austen's Regency World, no qual descrevia um aconte-cimento insólito: testando a capacidade analí-tica de algumas editoras, aproveitou os capítu-los iniciais de obras de Austen - como Orgu-lho e Preconceito, A Abadia de Northanger e Persuasão - e enviou-as a publicadoras e agentes literários famigerados no mercado, assinando sob o pseudónimo de Alison Lay-dee (paralelismo com a assinatura de Austen, "A Lady"), modificando apenas algumas par-tes do texto, locais e nomes das personagens. A surpresa surgiu quando, inesperadamente, apenas uma das editoras reconheceu os excertos enviados como pertencendo a Jane Austen, sendo que todas as outras - incluindo a Penguin Books e a Bloomsbury - rejeitaram os capítulos dos livros, mesmo quando a famosa frase "It is a truth universally acknow-ledged, that a single man in possession of a good fortune, must be in want of a wife" tinha sido deixada deliberadamente. Estamos condenados a um futuro onde as edi-toras não reconhecem os grandes clássicos?

Cátia: Bem, é mesmo de espantar!

Leonor: É, fiquei boquiaberta!

Sandra: Penso é que quem está à frente des-

sas editoras, ou quem lê esses supostos candi-

datos a livros, não tem a cultura literária sufi-

ciente para exercer essa função.

Leonor: A avaliar pelos livros que

enchem actualmente as prateleiras dos

supermercados, não me surpreende que,

ou talvez não tenham cultura literária, ou

talvez a tenham mas vêm-se coagidos

por motivos económicos e de retorno de

investimento a publicar obras que ren-

dem mais.

Se assim for, há alguma coisa que tem

de ser feita.

Vera: Resta saber se os "livros" foram real-

mente lidos, é que há muitas editoras que

rejeitam os originais sem serem lidos.

Se foram lidos, isso signfica que os editores

percebem tanto de livros como eu de fute-

bol :)

Eu já li há uns anitos que no nosso país mui-

tos alunos que iam para os cursos de letras

não gostavam de ler, isso possivelmente não

será muito diferente nos outros páises e já

todos sabem que onde muitos desses alunos

arranjam emprego é nas editoras.

Leonor: Ingenuamente, quero acreditar

que pelo menos as editoras que nos

habituaram a obras de qualidade tenham

a responsabilidade e a sensatez de, pelo

menos, ler o primeiro capítulo: ainda por

cima um dos transcritos citava uma das

frases mais célebres de Austen!

Relativamente aos alunos de Letras,

pessoalmente sou uma que integra esse

universo e, mesmo não me incluindo nos

cursos que estão em contacto constante

À DISCUSSÃO JANE AUSTEN REJEITADA?

Revista Jane Austen Portugal | RUBRICAS | 47

Page 48: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

48 | RUBRICAS | Revista Jane Austen Portugal

com obras e a sua análise, posso dizer

que, apesar de ser verdade que muitos

não nutrem essa apetência, há muitos

outros que colmatam essa falta. A pro-

blemática que me coloco é saber se, no

seio das editoras empregam pessoas

especializadas nessa área ou pessoas

provenientes de outros cursos, como

ocorre frequentemente noutros domínios.

De qualquer maneira, há que rever o que

se passa!

Vera: Bem, eu concordo contigo, no

entanto muita gente trabalha em

areas diferentes da sua formação

porque não arranja emprego na sua

area.

Depois há também as paixões pes-

soais e há quem nunca tenha tirado

um curso de letras e entenda bastan-

te de livros e pode perfeitamente

integrar os quadro de uma editora.

O que eu gostava era de ver a expe-

riencia repetida aqui em Portugal,

com esse peso pesado que é o Eça,

se eu tivesse dinheiro de sobra a ver

se não fazia isso ou fosse jornalista :-

) Desconfio que o resultado não seria

muito diferente.

Leonor: Actualmente, a orientação

que transmitem é que cada vez

mais se torna necessária a flexibili-

dade.

No entanto, esta tem de ser obtida

com equilíbrio e formação e penso

que é isso que ainda falta consoli-

dar.

Como te entendo! Se pudesse, a

ver se não inundava as livrarias e

os supermercados com o nosso

amigo de monóculo?:)

Page 49: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

Próxima Edição Colaboradoras

Clara Ferreira

Izabella Rendeiro

Jane Lúcia Ferreira Paiva

Joana La Cueva

Júlia Marcos Ferreira

Karla Alessandra Nobre Lucas

Leonor

Luan Fernandes

Marina Nunes

Sandra Freitas

Vera Santos

Quem desejar ver o seu texto publicado na

Revista Jane Austen Portugal, basta enviar um email

para [email protected] com o artigo até dia 31

de Agosto de 2012 – mais informações:

http://wix.com/janeaustenpt/janeaustenportugal

O tema da próxima edição é:

Fanny: A Heroína Mal

Amada

Créditos Todas as imagens que constam desta edição de

Março-Abril da Revista Jane Austen Portugal,

pertencem às adaptações para cinema e televisão

de Emma, a quem são devidos os respetivos cré-

ditos.

Revista Jane Austen Portugal | PRÓXIMA EDIÇÃO | 49

Page 50: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

: ALGUNS TÓPICOS

* O Porquê de ser, para a maioria das fãs, a personagem

menos favorita

* Similitudes com outras personagens de Jane Austen

* O caráter de Fanny Price

* A sua relação com a Família

PARTICIPE NA PRÓXIMA EDIÇÃO!

Envie os seus artigos até

31 Agosto

[email protected]

50 | PRÓXIMA EDIÇÃO | Revista Jane Austen Portugal

Page 51: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)
Page 52: Revista Jane Austen Portugal (maio/junho)

Conteúdo Original © Jane Austen Portugal