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Romantismo

Romantismo contexto e poetas

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Romantismo

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Contexto histórico

• Ápice da ascensão burguesa com a Revolução Francesa, de 1789.

• Fim das barreiras rígidas entre as classes sociais

• Novo sentimento de vida, baseado na livre iniciativa, audácia, competição, méritos pessoais do indivíduo.

• Novo público leitor

• “democratização da arte”

• Publicação em 1774 de Os sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe

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Características

• Individualismo e subjetivismo O eu vitorioso

O eu oprimido

• Sentimentalismo

• Culto à natureza

• Evasão Sonho e fantasia

“Mal do século”

Culto ao passado

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Estilo Romântico

• Expressão decorre mais da inspiração do que da pesquisa formal

• Na poesia há grande variedade métrica, de ritmos e de rimas, indicando a liberdade de composição que os autores possuem.

• Uso de adjetivos, hipérboles, etc (força expressiva)

• Grandiloquência, ênfase declamatória, busca exagerada do sublime

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Romantismo no Brasil

• Independência política em 1822

• Desenvolvimento da imprensa

• Primeiras instituições universitárias

• Aumento da escolarização

• Surgimento de um novo público leitor

• Sentimento ufanista

• Os valores românticos adequavam-se às aspirações ideológicas dos escritores brasileiros

• Classicismo = dominação portuguesa no Brasil

• Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães em 1836

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Características do Romantismo no Brasil

• Busca da identidade nacional

• Indianismo

• Sertanismo (ou regionalismo)

• Culto à natureza

• Busca de uma linguagem literária nacional

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Poesia Romântica

• Divisão em três gerações

• Temas e visões de mundo distintas

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Geração Denominação Poetas Temas

1ª Nacionalista • Gonçalves de Magalhães

• Gonçalves Dias

O índio A saudade da pátria A natureza A religiosidade O amor impossível

2ª Individualista, ouUltrarromântica, ouGeração do “Mal do Século”

• Álvares de Azevedo

• Casimiro de Abreu

• Fagundes Varela

• Junqueira Freire

A dúvida O tédio A orgia A morte A infância O medo do amor O sofrimento

3ª Liberal, ou Social, ou Condoreira

• Castro Alves• Sousândrade

Defesa de causas humanitárias Denúncia da escravidão Amor erótico

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Poetas da Primeira Geração

Geração Nacionalista

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Observações gerais:

• Nacionalismo ufanista pós-1822

• Viagens da jovem intelectualidade para o exterior

• Sentimento de exílio

• Apogeu entre 1836 e 1851.

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Gonçalves de Magalhães (1811 – 1887)

Suspiros Poéticos e Saudades (1836)

• Marco introdutório do Romantismo no Brasil

• Encarado como possibilidade de afirmação de uma literatura nacional, na medida em que destruía os artifícios neoclássicos e propunha a valorização da natureza, do índio e de uma religiosidade panteísta (Deus = Natureza/Universo).

• Mais valor histórico que estético.

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A Confederação dos Tamoios (1857)

• Tentativa de indianismo épico

• “fracasso”

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Gonçalves Dias (1823 – 1864)

• Consolidou o Romantismo no Brasil

• Três assuntos principais:

1. Indianismo

• Reafirmação dos princípios nacionalistas/sentimento localista posterior à Independência

• Teoria do “bom selvagem”

• Visão idealizada do índio (frequentemente inverossímil)

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I – Juca Pirama

• “aquele que vai morrer”, em Tupi.

• Publicado em Últimos cantos (1851)

• Bravura e generosidade de tupis e timbiras

• Jogo de ritmo

• O poema relata a história de um guerreiro tupi sobrevivente e fugitivo da destruição na costa brasileira que cai aprisionado por uma tribo antropófaga dos Timbiras e que deve ser sacrificado conforme o rito. Antes dos sacrifícios o chefe Timbira propõe que àquele que vai ser morto deve cantar às suas façanhas para que os bravos Timbiras tenham maior gosto em sacrificá-lo

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I-Juca Pirama

No meio das tabas de amenos verdores,Cercadas de troncos - cobertos de flores,Alteiam-se os tetos d’altiva nação;São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,Temíveis na guerra, que em densas coortesAssombram das matas a imensa extensão.São rudos, severos, sedentos de glória,Já prélios incitam, já cantam vitória,Já meigos atendem à voz do cantor:São todos Timbiras, guerreiros valentes!Seu nome lá voa na boca das gentes,Condão de prodígios, de glória e terror!As tribos vizinhas, sem forças, sem brio,As armas quebrando, lançando-as ao rio,O incenso aspiraram dos seus maracás:Medrosos das guerras que os fortes acendem,Custosos tributos ignavos lá rendem,Aos duros guerreiros sujeitos na paz.No centro da taba se estende um terreiro,Onde ora se aduna o concílio guerreiroDa tribo senhora, das tribos servis:Os velhos sentados praticam d’outrora,E os moços inquietos, que a festa enamora,Derramam-se em torno dum índio

infeliz.Quem é? - ninguém sabe: seu nome é ignoto,Sua tribo não diz: - de um povo remotoDescende por certo - dum povo gentil;Assim lá na Grécia ao escravo insulanoTornavam distinto do vil muçulmanoAs linhas corretas do nobre perfil.Por casos de guerra caiu prisioneiroNas mãos dos Timbiras (...)

IVMeu canto de morte,Guerreiros, ouvi:Sou filho das selvas,Nas selvas cresci;Guerreiros, descendoDa tribo tupi.Da tribo pujante,Que agora anda errantePor fado inconstante,Guerreiros, nasci;Sou bravo, sou forte,Sou filho do Norte;Meu canto de morte,Guerreiros, ouvi. (...)

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2. Natureza

• Canta o mar, o céu, os campos, as florestas, etc.

• Natureza não tem um valor universal, só é celebrada quando representa o Brasil (pátria aparece como natureza)

• Saudosismo/nostalgia

Canção do Exílio

• Publicado em Primeiros Cantos (1846)

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Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves que aqui gorjeiamNão gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer eu encontro lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar –sozinho, à noite–Mais prazer eu encontro lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;Sem que disfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu'inda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.

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3. Amor impossível

• Sofrimento

• Amor raramente se realiza

• Ilusão perdida

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Se se morre de amor

Se se morre de amor! – Não, não se morre,Quando é fascinação que nos surpreendeDe ruidoso sarau entre os festejos;Quando luzes, calor, orquestra e floresAssomos de prazer nos raiam n’alma,Que embelezada e solta em tal ambienteNo que ouve e no que vê prazer alcança!

Simpáticas feições, cintura breve,Graciosa postura, porte airoso,Uma fita, uma flor entre os cabelos,Um quê mal definido, acaso podemNum engano d’amor arrebentar-nos.Mas isso amor não é; isso é delírioDevaneio, ilusão, que se esvaeceAo som final da orquestra, ao derradeiroClarão, que as luzes ao morrer despedem:Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,D’amor igual ninguém sucumbe à perda.

Amor é vida; é ter constantementeAlma, sentidos, coração – abertosAo grande, ao belo, é ser capaz d’extremos,D’altas virtudes, té capaz de crimes!Compreender o infinito, a imensidade,

E a natureza e Deus; gostar dos campos,D’aves, flores, murmúrios solitários;

Buscar tristeza, a soledade, o ermo,E ter o coração em riso e festa;E à branda festa, ao riso da nossa almafontes de pranto intercalar sem custo;Conhecer o prazer e a desventuraNo mesmo tempo, e ser no mesmo pontoO ditoso, o misérrimo dos entes;Isso é amor, e desse amor se morre!

Amar, é não saber, não ter coragemPra dizer que o amor que em nós sentimos;Temer qu’olhos profanos nos devassemO templo onde a melhor porção da vidaSe concentra; onde avaros recatamosEssa fonte de amor, esses tesourosInesgotáveis d’lusões floridas;Sentir, sem que se veja, a quem se adora,Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,Segui-la, sem poder fitar seus olhos,Amá-la, sem ousar dizer que amamos,E, temendo roçar os seus vestidos,Arder por afogá-la em mil abraços:Isso é amor, e desse amor se morre! (...)

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Poetas da Segunda Geração

Geração Ultrarromântica ou Geração do “mal do século”

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Observações gerais:

• Década de 1850

• Processo de estabilidade do Segundo Império

• Confissão/extravasamento íntimo

• Influenciados pelo poeta inglês Lord Byron e pelo poeta francês Musset– Modelos universais de rebeldia moral

– Recusa à insipidez da vida cotidiana

– Busca de novas formas de sensualidade e de afeto

• Mortos na faixa dos vinte anos

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Álvares de Azevedo (1831 – 1852)

• Poesia autobiográfica

• Marca da adolescência

• Lira dos Vinte Anos (1853)

• Principais temas:1. Amor

– Tom de falsidade/pouco convincente

– Amor e medo

– Imagem da mulher adormecida (seu desejo não se satisfaz, pois não quer acordar – “profanar” – a amada)

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2. Morte

– Profetiza a própria morte

– Desespero/angústia

– Resolução de suas dores

3. Tédio

– Cansaço existencial/spleen

– Mal do século

– Enfado de quem tudo viveu e experimentou (sexo, bebida, ópio, transgressões)

4. Humor prosaico

– Ironia

– Descoberta do risível nas coisas cotidianas

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SONETO

Pálida à luz da lâmpada sombria,Sobre o leito de flores reclinada,Como a lua por noite embalsamada,Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma friaPela maré das águas embalada!Era um anjo entre nuvens d'alvoradaQue em sonhos se banhava e se esquecia!

Era a mais bela! Seio palpitando...Negros olhos as pálpebras abrindo...Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!Por ti - as noites eu velei chorando,Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

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Ideias Íntimas IX

Oh! ter vinte anos sem gozar de leveA ventura de uma alma de donzela!E sem na vida ter sentido nuncaNa suave atração de um róseo corpoMeus olhos turvas se fechar de gozo!Oh! nos meus sonhos, pelas noites minhasPassam tantas visões sobre meu peito!Palor de febre meu semblante cobre,Bate meu coração com tanto fogo!Um doce nome os lábios meus suspiram,Um nome de mulher . . e vejo lânguidaNo véu suave de amorosas sombrasSeminua, abatida, a mão no seio,Perfumada visão romper a nuvem,Sentar? se junto a mim, nas minhas pálpebras

O alento fresco e leve como a vidaPassar delicioso. . . Que delírios!Acordo palpitante . . inda a procuro;Embalde a chamo, embalde as minhas lágrimasBanham meus olhos, e suspiro e gemo. . .Imploro uma ilusão. . . tudo é silêncio!Só o leito deserto, a sala muda!Amorosa visão, mulher dos sonhos,Eu sou tão infeliz, eu sofro tanto!Nunca virás iluminar meu peitoCom um raio de luz desses teus olhos?

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Macário (1855)

• Teatro em prosa

• Cinco atos

• Um jovem, Macário, viaja à São Paulo, onde vai estudar, faz amizade com Satã numa estalagem

• Personagem angelical, Penseroso, morre e Macário volta a se encontrar com Satã, que o leva para observar uma orgia, que supostamente seria o “início” de Noite na Taverna

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Noite na Taverna (1855)

• Contos

• 5 rapazes que bebem, fumam e narram histórias de suas vidas orgíacas e criminosas

• Tom de falsidade/ingenuidade

• Cenas de necrofilia, incesto, canibalismo, assassinato e violação de códigos morais e sexuais

• Elementos góticos (satanismo, atração pela morte)

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Casimiro de Abreu (1839 – 1860)

• Lirismo meigo• Visão graciosa e deslumbrada dos tempos

juvenis/”primavera da vida”• Simplicidade da linguagem• Lirismo amoroso

– Tom familiar/adequado aos padrões morais– Sensualidade encoberta

• Saudades da pátria• Tristeza da vida• Primaveras (1859)

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Meus 8 anos

Oh! que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem, mais!Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!

Como são belos os diasDo despontar da existência!Respira a alma inocênciaComo perfumes a flor;O mar é — lago sereno,O céu — um manto azulado,O mundo — um sonho dourado,A vida — um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que

vida,Que noites de melodiaNaquela doce alegria,Naquele ingênuo folgar!O céu bordado d'estrelas,A terra de aromas cheia,As ondas beijando a areiaE a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!Oh! meu céu de primavera!Que doce a vida não eraNessa risonha manhã!Em vez das mágoas de agora,Eu tinha nessas delíciasDe minha mãe as caríciasE beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,Eu ia bem satisfeito,Da camisa aberto o peito,Pés descalços, braços nusCorrendo pelas campinasÀ roda das cachoeiras,Atrás das asas ligeirasDas borboletas azuis!

Naqueles tempos ditososIa colher as pitangas,Trepava a tirar as mangas,Brincava à beira do mar;Rezava as Ave-Marias,Achava o céu sempre lindo,Adormecia sorrindoE despertava a cantar!

Oh! que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais!Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!

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Fagundes Varela (1841 – 1875)

• Recupera os temas de Álvares de Azevedo e de Casimiro de Abreu, inclusive o indianismo de Gonçalves Dias

• Poesia sertaneja (universo rural)

• Noturnas (1861)

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Junqueira Freire (1832 – 1855)

Inspirações do Claustro (1855)

• Poesia autobiográfica

• Caráter documental de sua experiência no mosteiro de São Bento, em Salvador.

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Poetas da Terceira Geração

Geração Liberal, ou Geração Social, ou Geração Condoreira

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Observações gerais:

• Crise que atingiu senhores rurais e grupos exportadores

• Primeiras indústrias

• Encarecimento do escravo

• Utilização de imigrantes

• Distância entre os interesses escravocratas e monarquistas dos proprietários de terras e os interesses do resto da população

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Castro Alves (1847 – 1871)

• Poesia social (condoreirismo)– Causas liberais e humanitárias

– Engajamento político

– Poemas abolicionistas

– Excesso verbal (redundância, ênfase emocional)

– Grandiloquência

O Navio Negreiro (1869)• Violência dos traficantes de escravos

• Invocações a Deus

• Apelo aos heróis do Novo Mundo (América)

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Vozes d’África

• Prosopopeia

• Personifica o continente africano e o deixa expressar sua dor

• Sofrimento e humilhações dos povos africanos

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Vozes d’África

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondesEmbuçado nos céus?Há dois mil anos te mandei meu grito,Que embalde desde então corre o infinito...Onde estás, Senhor Deus?... (...)

Minha garupa sangra, a dor poreja,Quando o chicote do simoun dardejaO teu braço eternal.Minhas irmãs são belas, são ditosas...Dorme a Ásia nas sombras voluptuosasDos haréns do Sultão. (...)

A Europa é sempre Europa, a gloriosa! ...A mulher deslumbrante e caprichosa,Rainha e cortesã. (...)Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonadaEm meio das areias esgarrada,Perdida marcho em vão!Se choro... bebe o pranto a areia ardente;talvez... p’ra que meu pranto, ó Deus clemente!Não descubras no chão...E nem tenho uma sombra de floresta...Para cobrir-me nem um templo restaNo solo abrasador...Quando subo às Pirâmides do EgitoEmbalde aos quatro céus chorando grito:“Abriga-me, Senhor!...” (...)

Vi a ciência desertar do Egito...Vi meu povo seguir — Judeu maldito —Trilho de perdição.Depois vi minha prole desgraçadaPelas garras d’Europa — arrebatada —Amestrado falcão! ...Cristo! embalde morreste sobre um monteTeu sangue não lavou de minha fronteA mancha original.Ainda hoje são, por fado adverso,Meus filhos — alimária do universo,Eu — pasto universal...

*embuçado = escondido*embalde = em vão, inutilmente*porejar = verter, sair pelos poros*simoun (francês) = vento forte e árido do deserto*dardejar = arremessar algo como a um dardo*eternal = que possui características do que é eterno*ditosas = que possuem boa sorte*voluptuosas = sensuais*cortesã = prostituta elegante, da alta classe*esgarrada =que perdeu o caminho, extraviou-se*clemente = bondoso*abrasador = que abrasa, esquenta como brasa*arrebatada = arrancada com violência*amestrado = adestrado, treinado*fado = destino*alimária = animal de carga

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• Poesia lírica

– Natureza

– Amor sensual

– Nem considera o amor impossível, como Gonçalves Dias, nem encobre a sensualidade, como Casimiro de Abreu, tampouco apresenta a relação física como perversa, como Álvares de Azevedo.

– Ligações sentimentais são sensuais e calorosas

– Linguagem simples e coloquial

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ADORMECIDA

Uma noite, eu me lembro... Ela dormiaNuma rede encostada molemente...Quase aberto o roupão... solto o cabeloE o pé descalço do tapete rente.

'Stava aberta a janela. Um cheiro agresteExalavam as silvas da campina...E ao longe, num pedaço do horizonte,Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados,Indiscretos entravam pela sala,E de leve oscilando ao tom das auras,Iam na face trêmulos — beijá-la.Era um quadro celeste!... A cada afagoMesmo em sonhos a moça estremecia...Quando ela serenava... a flor beijava-a...Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

Dir-se-ia que naquele doce instanteBrincavam duas cândidas crianças...A brisa, que agitava as folhas verdes,

Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se...Mas quando a via despeitada a meio,Pra não zangá-la... sacudia alegreUma chuva de pétalas no seio...

Eu, fitando esta cena, repetiaNaquela noite lânguida e sentida:"Ó flor! - tu és a virgem das campinas!"Virgem! - tu és a flor de minha vida!..."

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Sousândrade (1833 – 1902)

• Linguagem dominada por elipses, orações reduzidas e fusões vocabulares.

• Foge do discurso derramado e dos clichês sentimentais dos românticos

• Uso de latinismos (palavras latinas), helenismos(palavras gregas) e arcaísmos (palavras fora de uso)

• Poeta experimental (metáforas complexas, aliterações, onomatopeias, criações gráficas, etc.)

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Guesa Errante (1866 – 1884)

• Poema narrativo, baseado numa lenda indígena colombiana

• 13 cantos, dos quais 4 ficaram inacabados

• Guesa, uma criança roubada dos pais por Bochicha, deus do Sol.

• Peregrinação pela estrada do Suna, passa pela América, África, Europa e Ásia.

• Caricaturas ironizando o Brasil colonial e a consolidação do capitalismo.