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Secretaria de rstado Negócios da [ducacão e Cultura .. ARQUIVO P ú BLICO DE ALAGOAS MOACIR MEDEIROS DE SANT'ANA CMA ASSOCIAvAO· CENTENARIA . .. " . ., '. - 1966 - ·. MACEI() ,,

Sant'ana uma associação centenária

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Page 1: Sant'ana uma associação centenária

Secretaria de rstado ~os Negócios da [ducacão e Cultura .. ARQUIVO P ú BLICO DE ALAGOAS

MOACIR MEDEIROS DE SANT'ANA

CMA ASSOCIAvAO· CENTENARIA

... " . .,

'. - 1966 -

·. MACEI() ,,

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Governador do Estado LAMENHA FILHO

Vice Governador MANOEL SAMPAIO LUZ

Secretário da Educação e Cultura Bel. BENEDITO HIBY CERQUEIRA

Diretor do Arquivo .Público de Alagoas Bel. MOACIR MEDEIROS DE S.ANT' A..r\JA

"l'lltlLICA<,:m:s J)() AR<~UIVO pl)JlLJC

Rua Ruy Barbosa, 15-B Salvador· BA. • Cep 40.020-070 leis.: (71) 3243-538313322-4809

www.livbrandaosebo.com.br e-mail: [email protected]

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UMA ASSOCIAÇÃO CENTENARIA

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JOSÉ: JOAQUIM DE OLIVEIRA - o fundador da As­sociação Comercial de Maceió. (Da fototeca do A. P .A. )

Sccret1ia ~e f stai is lelicios n f ic1C11 e Clltn ARQUIVO PúBLICO DE ALAGOAS

MOACIR MEDEIROS DE SANT'ANA

UMA ASSOCIA~ÃO CENTENÁRIA

- 1966 -MACEI O

Page 5: Sant'ana uma associação centenária

.~ .. ; .. ~·:,: ·.· :··· . . -· . . ' ,.

. '

;.

SUMA Rio

NOTA INTRODUTóRIA . . . . . . . . . . 7

A MACEió DE 1866 . . . . . . . . . . . . . . . . 9

A ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE l\IACEló

ANTECEDENTES . . . . . . . . . . 53

SURGE UMA ASSOCIAÇÃO . . . . . . 59

DIRETORIAS DE 1866 A 1966 . . . . . . . . . . 69

NOTAS & FATOS

A CONSTRUÇÃO DO «PALACIO DO COMÉRCIO::. 83

O BOLETIM UA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL . . . . 87

A BôLSA DE VALORES . . . . . . . . . . . . . . . . 89

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NOTA INTRODUTõRIA

A história da centenária \ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió é a própria história do açúcar e do algodão em Alagoas. Principalmente a do açúcar, que tem sempre se constituído o termômetro das finanças do nosso Es­tado, , _. ,_i. :r~l

Judiciosa, pois, é a afirmativa do economista con­terrâneoHÚmberto Bastos, de que «os alagoanos vivem a mercê das variações do mercado açucareiro, que regula as f:!pocas ae fartura e iíe crise», e ainda, que «as revi­ravoltas climatéricas, os golpes nos mercados, o vai-e­vem da concorrência - tudo determina o sorriso ou a caTa fecha.da, desde o usineiro, trabalhador e perseveran­te, ao sertanejo analfabeto, estóico e esquecido». (*)

Abrangendo campo de pesquisa tão vasto, como é o da história daqueles dois produtos, não poderíamós, dentro do ano centenário da nossa Associação Comercial, levantar o material, proceder a buscas e escrever um trabalho substancial acêrca do assunto, mesmo porque, no seu arquivo, a exemplo do que infelizmente acontece com outras entidades, por incúria ou desinterêsse de Di­reções do passado, nada mais resta do documentário comprobatório da sua existência de lutas em prol dos

t•)• BASTOS Humberto. Açúcar e Algodií.o . Maceió, Casa Ra,.

malho Edit01'a1 1988, P • 7 . 8 .

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interêsses dos seus associados e de tôda a coletividade alagoana1 a não ser os livros de atas de 1921 até os dias atuais e alguns relatórios também da fase mais re­cente.

Daí havermos evoluído para a idéia da reconstitui­ção tanto quanto possível completa e exata da capital maceioense naquele longínquo aho de 1866, quando a ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió surgiu, se­guida de um histórico dos seus primeiros anos de funcio­namento, bem assim de alguns outros acontecimentos posteriores, de maior vulto.

Apresentando aos possíveis leitores, o resultado das nossas pesquisas, achamos de dever salientar que, jamais poderia ser tentada esta emprêsa, não existisse o acêrvo documental do iA:rquivo Público de Alagooas, onde fomos encontrar todos os preciosos e indispensáveis elementos utilizados na elaboração dêste ensaio retrospectivo.

·. -:",'.: M.M.S.

A MACEIÓ DE 1866

,,,.. 6

No ano que José Joaquim de Oliveira. fundou a nos-sa. Associação Comercial, era de apen~. 437 habitan­tes a população livre da cidade de Maceió, (1) distri­buída ainda em área multo restrjta.

,, Os atuais bairros de .@r(!gyá, Trª2_iche da Barra,

Pô~o, Bebedouro e Mangabeiras, - ainda não se falava no Farol - -eram povoações ou arrabaldes afastados !32 perímetro urbano da capitª1, composto das ruas do Co­mércio, a única então calçada, da Boa Vista, (atual Con­selheh·o Lourenço de Albuquerque) Largo da Matriz, (Praça D. Pedro II), ruas dia Rosário, (João Pessoa) do Sol, (prolongamento da antiga do Rosário até desem­bocar no Largo dos Martírios) ruas da Cambona, ( Ge­neral Hermes) da Afegria, (Joaquim Távora) do Açou· gne, (Av. Moreira Lima) Pra~.a. do Mercado, (local onde hoje se acha edificado o Ginásio do Colégio Estadual de Alagoas) ruas Nova, (Barão de Penedo) do Livramento, (Senador Mendonça) do Macena, (Cincinato Pinto) Pra­r.a. da Continguiba., (Praça Deodoro da Fonseca) ruas do Hiaspital, (Barão de Maceió) do Jôgo, (Voluntários da

( 1) MAPA geral dos alunos de instrução pública elementar ... datado de Sl jan. 1867, Anexo ao ReJ.a,t-Orio com que o Exmo. sr. José Martins Pereira de Alencastre entregou a. Presidência da Provir.:;.'a. das Alagoas no dia 10 de junho de 18G7. . . Maceió, Tip . do Jornal Alaguano, 1868.

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Pátria) dos Olhos d' Agua, ( Cel. Mendes da Fonseca) do Rêguinho, (Dias Cabral) do Cemitério, (Av. Santos Pa­checo) Santa Maria, (Dr. Guedes Gondim) Augusia, (Ladislau Neto) da Floresta, (Fernandes de Barros) do Alecrim, (Barão de Alagoas) do Davi; (Melo Moraes) do Palácio, (a do Comércio nas alturas dos prédios do IPA­SE e IAPETC) da Bôca de Maceió, (Barão de Anadia, em frente da estação da RFN) do Imperador e da Praia, (Libertadora AJagoana) sem falar nos bêcos e travessas esconsas da cidade, bem assim das ruas da Levada e da Ponta Grossa, então habitadas quase por desordeiros e assaltantes.

lAs principais ruas do atual bairro de Jaraguá eram as da Saraiva, (atual Av. Duque de Caxias) da. Alfânde­ga, (Sá e Albuquerque) da Igreja, (Barão de Jaraguá) São Félix, (Silvério Jorge) Santo Amaro, (Uruguai) do Amorim, (Cel. Pedro Lima) do Cafundó, (Padre IAmâ~­cio) do Araçá, (Dr. Epaminondas Gracinda) do Jasmim, (Praça Dr. Manoel Duarte) do Oitiuiro, (Avenida Ma­ceió) da Cacimba, (Pernambuco) e do Bom Retiro, (Melo e Póvoas).

Através de uma estatística difundida por 'Iomaz Es· píndola, vem-se a saber que seis anos antes, em 1860, contava o centro de Maceió com 74 ruas, 17 travessas e 2. 398 casas, sendo 1. 658 de telha e 545 de palha, acres­centando ainda que das casas de telha apenas 53 eram assobradadas.

Das mencionadas ruas «são sõmente dignas de se­rem mencionadas a da Matriz ou de Pedro II. a do Co­mércio, da Boa Vista, Augusta, Alegria e Martírios». (2)

( 2) ESPINDOLA, Tomaz do Bomfim. Geographi:i physiéa, p<>­litica, história. e adminis:Xativa da Pro\incia das Ala­goas ... Maceió, Tip. do Jornal de Maceió, 1860, p. 24.

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Na mesma fonte fomos encontrar os dados sôbre o bairro de Jaraguá:

As ruas do bairro de Jaraguá são tôdas parale· las ao Oceano; a da. Praia é a melhor e a única que se acha calçada; calça.Jl!ento êste_ que foi feito à custa dos proprietários do ..mes!JlO, lugfl.r.; são em número de 9J contando 4 travessas, com 830 casas

178 de telha, sendo apenas 14 sobrados, e - 152

de palha.

Devia ser êste o mesmo quadro do ano de 1866, haja vista ter até havido um decréscimo no número de edi­fícios no periodo de 1860 a 1871, conforme poderá ser comprovado cotejando-se aquêles dados com uma infor­mação estatística concernente a êsse último ano, na qual consta o número de 2 .196 casas - 1. 696 de telha e 500 de palha - em Maceió, excetuando-se Jaraguá, (3) bairro oue em 1871 sofrera acréscimo no numero de ca­sas - 350 - e- tãmbém no de ruas.

Das casas térreas e dos sobrados da nossa velha ca· pital, nenhum dêles vinha do período colonial .

«Maceió - é Manuel Diégues Júnior quem escla­rece - não chegou a conhecer de verdade a vida colo­nlnl. Sua existência :nleSma começa com o fÍ:npério»:-de forma que as linhas arauitetônicas das suas edificações Etáo caracterlsticas do Segundo Reinado: «o gôsto pelo nzulejo nas fachadas; nos enfeites no alto das casas -rui pinhas, as figuras mitológicas, os abacaxis; as casas Imprensadas umas nas outras quase sem ar, sem venti­lação, contrastando com aquelas casas largas e cheias

( 3) ESP!NDOLA, Tomaz do Bomfim. Geographla alagoana. ou descrição physica, política e histórica da Província das Alagóas. Maceió Tip. do Liberal, 1871, p. 185.

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de janelas do tempo da colônia; eis alguns dos traços mais evidentes nos tipos de construção em Maceió». (4)

Acêrca de normas de edificação é esta postura da Câmara Municipal de Maceió, (5) extraída do seu pri­meiro Código de Posturas, aprovado por Lei provincial n. 32, de 3 de dezembro de 1845, ainda em pleno vigor no ano de 1866:

Tôda casa que de hora em diante se edificar ou reedificar terá pelo menos dezoito palmos de altura. As portas que se abrirem, bem como as janelas de sacadas, treze palmos de vivo em altura e cinco e meio de vivo em largura. As janelas de peitoril terão oito palmos e meio de vivo em altura e cinco e meio de vivo em largura.

Atravessando o município de Maceió, apenas exis­tiam duas estradas gerais: a de Maceió à então Impera­triz, hoje União dos Palmares. que se esticava quase numa linha reta, e a mais importante das duas, a que se dirigia desta cidade para Quebrangulo, internando-se em Pernambuco, através da qual se fazia o movimento comercial dos municípios por ela servidos: Pilar, Santa Luzia do Norte, íAtalaia, Palmeira dos Indios e Assem­bléia, a Viçosa dos dias atuais.

O seu estado de conservação era na época tão pre­cário, que a Câmara Municipal de Maceió, em ofício de 19

( 4) DlltGUES Jt:TNIOR, Manuel. dl,lvolução urbana e social de Maceió no período republicano>, in CRAVEIRO COS. TA. Maceió. Rio de Janeiro, 1939, p. 200·2)1.

( 5). GALVÃO, Olimpio Eusébio de Arroxeias e ARAUJO, Ti­búreio Valeriano de. Compilação das leis provinci.ail; daS

Alagoas de 1835 a 1872, Tomo II, Legislação e atos dos anos de 1843 a 1850, p . 157 .

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de dezembro de 1866, (6) declarava: - «Os melhora­mentos que carecem essas estradas, e máxime da que Rr dirige até o interior da Província de Pernambuco Não inúmeros porque ela. só t.em de estrada o nome. (o grifo é nosso)

Os pântanos proliferavam na cidade e, «pelo inverno é um gôsto vê-los de diversas formas, gêneros e espécies nus ruas Augusta, parte da do Macena, Alecrim, e outras referidas nas posturas da ilustríssima», comentava irâ­nicamente um repórter da época. {7)

Sery!çQ. de lir:!!peza públic~, como coleta de lixo, por exemplo, !1ª2.. hav.ia.

Os dejetQ_s humanos, que antes eram carregados em barricas, principalmente pelos escravos, enterrados nos fundos dos quintais ou atirad~ao mar, em 1866 já não podiam ~r jogadqs em....qualquer ..canto, ao capriêliOãos negros cativos. Em janeiro dêsse ano, Rafael Arcanjo dn Silva Antunes, tenente reformado da. Guarda. Nacio­nal e Fiscal da Câmara. Municipal de MMeió, em aviso publicado em jornal da época, em que f.êz questão de divulgar os seus «títulos», comunicava a todos os habi­tantes da capital, sujeitos a posturas municipais, que ('Ontinuava proibido «o depósito de imundices e matérias f<'cais dentro da cidade>, já que para isto havia_ lugares designados -«que são, no mar além do Hospital Militar em procura dos Páus Sêcos, n'Agntl Ne_gra. em direção à Ponta Gro~ depois da linha da Levada, ou serão se~ pultadoscõm a profundidade de um palmo, pelo menos,

1 0) CAMARAS MUNICIPAIS. 1865-1866 (Correspondência re­cebida) Maço 23, Est. 18, do Arquivo Público de Alagoas (A.P.A.)

f 7) O PROGRESSISTA. Maceió, 21 nov. 1866, Seção 4:Comu. nicado>, p. 1.

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e cobertos com terra no campo à margem do riacho Maceió» . (8)

Era o que preceituava o artigo 12 da Resolução n. 386, de 8 de agôsto de 1861, que aprovava várias postu­ras da Câmara Municipal de Maceió, de cujo artigo cons­tava ainda o seguinte:

Os lixos poderão ser conduzidos a qualquer hora do dia; as imundices e matérias fecais só à noite dentro de vasos bem cobertos, para não incomodar o público.

E vinham em seguida as penalidades para os que infringissem o regulamento:

. \''

Os infratore.9 que forem forros serão multados na quantia de cinco mil réis, e na falta do pagamen­to dentro de quarenta e oito horas em dois dias de prisão, e sendo escravos sofrerão doze palma.toadas e o duplo na reincidência.. (9)

A limpeza das ruas estava a cargo dos seus habitan­tes. É o que se depreende de uma postura (10) igualmente em vigor naquele ano de 1866:

Os moradores desta cidade e seu têrmo serão obrigados a ter limpos as testadas de suas casas, sítios e fazendas até ao meio da rua. Os infratores serão multados em dois mil ré:s.

( 8) O PROGRESSISTA. Maceió, 9 jan. 1866, p. 4. ( 9) GALVÃO, Olimpio Eusébio de Arroxelas. Op. cit. tomo

IV, Legislação e atos dos anos de 1860 a l867. Maceió, Tip. Comercial de A. J. da Costa, 1872, p. 178.

(10) --- Op. cit., tomo II, p. 160.

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Agora uma outra pos~u.:;.:l, t~:1t~m curiosa, (11) a ~!"IJ>cito de incêndios:

• • .~ ti" - ,.._,... ~ "tl~,!l'~"'k-W(r.. 1

......... - 4\N~;.~4~ • , ... • . . · Quando haJa mccnd10 será. ob:igado cada vizi·

nho do quarteirão em que êle fôr e dos quatro la­dos a mandar imediatamente, os qt~e -tiverem, um esc~avo com um b:-ir r il ce água a. apagar o i;ncên· <Uo; os quais se 11;1·c:;e:ita1ão a qualquer dos inSpe­tores dos três quarteirões, que tor..u:.:·ão a rol o no­me do escravo e do· senhor. Findo o ~ncêndio, o fis­cal respectivo receberá do.9 inspetores de quarteirões, os róis que tiverem feito e os que por êles constar que não mand~ram um ,escravo, serã:o multados em quatro ~il réis, salvo mostrando que tiveram justo impedimento para assim fazerem.

E mais uma outra,, <;la mesma origem, e acêrca do M1unto em foco:

Logo que fôr público o incêndio, estando a.s l1lAl!

às .escuras, deverão tôdas as janelas iluminarem-se. desde o lugar onde principiar o concw·so destinado a apagar o !õgo, sob pena de dois mil rêis de mulia.

A~ construções eram poucas ou nenhuma. já que t «Prtlha de co~eiro é. Coisa econômica:-e de-.f.ácil _aqui­t~l\o~, ·prosseguia em irônicos comentários, o repórter rn~nrionado linhas acima.

A edificação do prédio cuja pedra fundamental fô­rtt lnnçada em 2 . de dezembro de 1847, a casa.. da _De­~ft(.'Õ.0, depojs crismada com os nomes de Cadeia e Pe- , nltf'nciária, estava em andamento. A 9 de março de HUifi a. Tesouraria da Fazenda da Província chamava

1111 GALVÃO, Olimpio Eusébio de Arroxelas. Op. cit. , tomo II, cit. p. 169.

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por edital, fornecedores para um alqueire de cal, areia e tijolos de «11 polegadas de comprimento, 5 1/2 em linha de largura e 1 1/2 de grossura>, (12) destinados à conclusão da referida obra.

Na parte da frente do magestoso edifício, já então concluída, funcionava a Câmara Munlclpe.1 de Maceió e a denominada Casa do Júri.

Edificado se achava um raio do prédio do Hospital de Caridade, depois conhecido como Santa Casa de Misericórdia, sob a invocação de São Vicente de Paula, cuja pedra fundamental fôra lançada em 7 de setem­bro de 1851, a esforços do padre João Barbosa Oordeiro.

O Jardim Público do Largo da Matriz, inaugurado nos fins da administração de José Martins Pereira de Alencastre, em 1867, estava ainda sendo nivelado, pre­parando-se o terreno para ser plantado, logradouro êste que viria a ser <o único ponto de reunião e recreio que se proporciona à população desta capital>. (13)

O serviço de encanamento d'água potávd do riacho Bebedouro. cujo contrato fôra celebrado em 12 de mar­ço de 1863, encontrava-se ainda em seu prin..:ír-10 «e a­meaçado, de em princípio ficar. a não tomar·se sérias providências», alertava um jornal da províncla (14)

E enquanto não chegava a ãgua do cenear.umento>, os moradores de Maceió iam se servindo «d'áb•na das ca­cibas do Pôço, da Cambona e dos arredores do ca­nal da Ponta Grossa., dos rios Bebedouro e Fernão Vdho»,

(12) O PROGRESSISTA. Maceió, 12 mar. 1868. p. 4. (lS) ALENCASTRE. José Martins Pereira de. Relat6rlo com

que entregou a Presidência da Provlncta das Alagnas no dia 10 de junho de 1867. . • Maceió, Tip. do Jornal Alagoa.­no, 1869, p. 14.

(14) O PROGRESSISTA. Maceió, 21 nov. 1866, p. 1.

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) srndo que «de tõdas estas águas a melhor é a ~o t'tnl\.o Velho; segue·se a do B~bedouro, tou<.'..::: as d~ma1s o 11orlvas» . (15)

lr.m virtude «das distâncias só a alta classe se sery!a .. Agua do Fernão Velh<!..Jt do )lebedo~ro;. ~ clai;;.;e méd!~ ela Agua da Cambona. mediante a contnbmça0 de dez reis

r pote, mandando-a buscar por pessoa sua .:? ( • •• ) a ~ baixa bebe a do Pôço e dos arredores do canal

Ponta. Gross:t». (16)

As ruas da cidade, inclusive as do bali· : 1.• de Jara­pl, l'l'am iluminadas apenas por 120 lampeü-~; a .q;.iero-1 nc, n «gaz kerosem», como V<'m grafado r;c ~dilal da 1~•ouraria da Província cm que chama os m~i;r~s~ados A lll'rt•matação do custeamento cos mesmos, c.; ... ·vmc.:o de

mensal para cada um lampeão a quanL" ck }í$500 IM». (17)

Cada um dos mencionados lampeões tkh:t a fôrça ct cdez velas de cêra de seis em libra» ( ... 1 com ~tor­r ld 1 de polegada de largura,.. ( ... ) <corn;.'l vando-o~ 1 rontratador bem limpos e acêsos, desde o e'5.:w·ccer ate

no ralar da aurora, e nas noite.; de luar tôd !. a ve: que 11111 estiver sôbre o horizonte». E' o QUt? <.:onsta do

Contrato da iluminação pública de Maceió (' Jaraguá», 1 hmdo por Boaventura José de Castro e 1h.~'\CÔ.>, em l 7 dP julho de 1866. (18)

11n1 ESPINDOLA, Tomaz do Bomfim. Geographla physle&,

clt. p. 27. lltll -- Op. e loc. cit. nota anterior. ltTJ O PROGRESSISTA. Maceió, 2 mar. 1866, p. 4. 081 RELATõRIO da Comissã.o de e:i.."rune da Tesourarln Pro­

vincial, anexo ao R·eln tório com que ao Exm. Sr. Dr. Gracillano Aristides do Prado Pimentel entregou a admini.11· tração da Provincia. das Alagoas no dia 22 de maio de 1868 o Exm. Sr. Dr. Antônio Moreira de Barro:.l. Ma­ceió, Tip. do Jornal Alagoa.no, 1868.

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Mas, convenhamos! já era um progresso. e gr.md co~parando-se com a epoca dos lampeões ali nt•nta<.los azeite de peixe, substituídos pelos de «gás líquidoq e 1857.

: No ~no de 1866, além de serem poucos o~ l:;impeões muitas vezes conservavam-se apagados, mesn.o llas noi tes sem lua, mergulhando na e8curidão trechos inteiro da ci~ade, da~d<? ori~em a reclamações dos que se aven turavall? ~sair a noite naqueles tempos de re•. n:tament cvoluntar10» para a Guerra do Paraguai, arris-..ando-se encontraz: com o capitão Almeida ou com o.s majore ~Aea ~ Pmto, «dualidade recrutadora» a que aiu<le cert JO~al1~ta da «Crônica hebdomadária» de o "!1:i: cJico d capital·:·· (19) ·

~ ..... '

De ~~ ~os prejudicados pela escuridão, que se assi nou <O_ .~mmigo das trevas», é o apêlo estamrado em O Progr.essist.a de 19 de junho daquele ano de 2.~·~6:

JUSTO PEDIDO

. Ao Sr. Chefe de Policia, pedimos que: t1:11ce suas ~stas sôbre o péssimo serviço de iluT'1.. <.o::ç!í.o desta

·cidade, po~ue há ruas inteiras que s.. t-1'nservam durante tôda a noite às escutas e nAo .sabe.nos se é por economia do arrematante ou se por tsUa dos en. carregados de acender os lampeões, e como d"'seja. mos andar sem perigo de quebrar as pernil.: ~1as gran. des escavações de algumas ruas. . . Por i'•so não po. demos ser indiferentes às faltas que todos n:-tam no serviço , de iluminação.

O Palácio. ~o Govêmo e a sua Secretaria funcio­navam em préd10 alugado, um palacete ilertt!nc.cnte ao

(19) O ~~O<;lRESSISTA, Maceió, 10 set. 1866, p. 2.

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lt 1r.t0 de Jaraguá, demolido em 1940 para n.o local ~~!fi­e • 1· ·se o prédio do Instituto de Aposentadot-ia e r ensoes <'loti Empregados em Transportes e Cargas (IAPETC? ,:-

Mas não era somente êste o único prédi•) a · mere~r umn referência. Outros existiam, dignos de regi$tro, ~o­tn() o Palacete do Barão de Ja.raguá, no Largo da Maµ;iz, 1111t· servira de paço imperial em 1859, onde hoj.: i:~ ~chatn 111 lnla.dos o Arquh10 Público de ,Alagoas e a B•bliot.eca 1 ublica Estadual; o do Mercado Públic.o, cuja P•~dra fun­fl(lmcntal fôra lançada a l° de novembro de B48; e_ qu~ huJ<· não mais existe; o do Quartel da Trops ~:, ~~ mul:' atualmente se acha aquartelada a nossa l c.·ua" ~· lltur vindo da época de Melo e Póvoas; o da Assemblem. 1A1gl~laLiva Pri;)vinc~, então ct:-nomin3:do «O Palacete»,

Pm cujo andar térreo funcionava igualmente a· Te­mraria d~ Província - qu::! teve sua pedra in!cial lan­

lJ tla no dia 14 de março de 1850; o do Quartel de Polícia,

111lll1<.:lo onde estivera a Inspe~ií>a do Algodão,_ {pc.d~a fui;i­d 1nwntal em 11 de março de 1851) em cup ~1l10 ho3e 1 1•rgue a Escola de Engenharia da Universij<tdz de Ala..'. '

t: 1·1; o da Cu.pit.a.nia_ do Pôrlio e Depósito ~e l\la1!ei.ra_s do 11 "tu.do, concluído em 1859, ambos localrzad[ls eni_ Ja· .. 1 11.'1; o da Alfândega,, que funcionava tamoc·t~: e;~ Ja; 1 1 tl''.I, em prédio alugado, já que de velho e ~wnvna~o

Ili ido retirara-:>c cm 1865, e o do antigo farol, hoje 1 111nlido, que deu o nome no b<iirro do planalto U') Ja­ut111!~n, e cuja primeira pedra fôra lançada a :2 do?. de·

lltbl'O de 1851. CJnan~o à.:; ig:ejas, as principais eram a 'Mati~z de

Nns~t. 'Senhora dos P1~eres, qu<" teve a sua peJrq. fun-:­fl uw•ntal lançada em 1840, pç-rmanecendo put.éJJ•. em

llct>rces até 1850, quando foram reiniciados 03 serviços, 11 \1•n nove anos depois ser solenemente inaugut>lda. com um Tc-Dcum, na ocasião da chegada de D. P<'Jro II a M 1c~ió a 31 de dezembro de 1859; a Igreja .J" Nos~a Se· nhora da Rosário, :reconstruída em 1853; a de N0&sa Se- · ·

-19-

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nhora do Livramenlo, então modesta capela e fi:;.almen a de Nosso Senhor Bom J·esus dos Martírios.

Vale contudo esclarecer que não era e~t::t úfürna magestoso templo dos nossos ruas, somente inaugura e~ ~O, ~e outubro de_ 1881. Era uma pequenu c~pel CUJO ~~1c10 da construçao datava de 1836, erigida no me mo sitio onde se ergue a igreja atual, de onde e.n 11 março de 1~66 saiu uma procissão, que petcLrreu ~as da capital, com «um grande côro de an~o:, d m • s1ca dos senhores caixeiros, uma guarda de hom a e nã pequeno número de fiéis». (20)

. ~avia ainda u~ outro prédio digno de r~::;1stro, do ~n~co te~tro da cidade, - localizado na cniã,> i·11a d Rosar~o~ hOJe terreno baldio - pertencente à Soci·:>dad D~amat1ca P_articular Maeeioeme, o velho Tcutro ceroense, entao em obras, já existente no a. ~CJ de 183 conforme deixa transparecer o ofício dirigido a 5 de mar ço do ref:rido ~no1 ao negociante inglês Diogo l>u;:ne po; Francisco l>ias Cabral, Inspetor da Alfândega dt: Ma ce~ó, no qual m~nciona haver sido vendido por .Ju~é Hei (s1c) a Francisco Vieira. da Silva Lessa, «o theatr i qu se acha colocado na rua do Rosário desta v: :la.~. (21

E pensar que a cidade já tivera tr'3s i•_:,tro,.:;. «n· efervescência dramática em Maceió! ( ... ) q1mndo tra balharam ao mesmo tempo - o Maceioense. :mne:rv· e Aurora . . . » (22) ·

{20) O PROGRESSISTA . Maceió, 12 mar. 1866 (21) REGISTRO do expediente da Alfândega de Maceió 1827

1841, apud. SANT'ANA, Moacir Medeiros de. Benedi Silva e sua é1>0ea. Maceió, Ed. do A.P.A., 1966, p. 12 .

{22) GALVÃO, Ollmpio Eusébio de Arroxelas. «Mace:r e número 3» . Ulário do Comércio. Maceió, 9 dez. 1861, p . S (sob as iniciais G.A.E.O., inversão das iniciais do no­me do autor.

-20-

Nos comentários ~nteriormente aludido~, dv j~rna­lllita da «Crônica hebdomadária>, ao tratar _e1E rla ::.1tua­ct\o do teatro de Maceió, le~brou a possib1h~:H'e ae s~ ujudar aquela sociedade particular, «para ~ª" ... r a<> me nos uma distração todos os meses para o pubhcc. - mas qual! Basta-nos as descomposturas jornalísti2as para roubar-nos 0 melhor tempo do nosso «spleen~, <•rr~mata o chistoso jornalista.

E, por falar em diversão, lembramo-nos do Carna­vnl, que, em Maceió do ano de 186_6 quase que apenas _se limitara ao desfile pelas ruas da cidade, de ~~guns mas­<•urus, de entre os quais uns bem car~c.te~izados e. d~ t'lr.gantes fantasias», deplorando o notic1ansta de JOr mil da época, «que um festejo que tanto ~grada o povo não estivesse compatível com a nossa capital, que J?Ode '"'sta parte muito melhor desenvolver-se», aludindo ndiante a um «baile mascarado que correu com a 1,!lC­lhor ordem possível, finalizando às 2 horas da manhã». (Z3)

A animação do Carnaval desapare:era com ~ .en­l rudo então proibido por postura da Camara Mun~cipal ( 24) 'aprovada por Resolução n. 262, de 8 de maio de 1854, da Presidência da Província:

(23)

(2~)

Flca vedado o prejudicial costume de entrudo, sendo só permitido em substituição, o uso de másca­ras pelas ruas nos três dias de carnaval com as far­ças do costume, e bailes mascarados em casas, pre­cedendo para as reuniões do:s bailes, permiss~o da policia na forma da lei; os contraven'.ores e vende-

O PROGRESSISTA. Maceió, lS !ev. 1866, p. 2). GALVÃO, Olímpio Eusébio de Arroxelas. Op. cit. Tomo III, Legislaçãe e atos dos anos de 1851 a 1859. Maceió, Tip. Comercial de A. J. da Costa, 1871, p. 370.

-21-

Page 14: Sant'ana uma associação centenária

dores de e.laranjinhas> pelas ruas, ou que n:; expu. serem à venda em casal!, pagarão a multa de cinoo mll réí~ da cadeia. . . e o duplo nas relncld~nc~as .

- ... .. : Mas o fato .é que, a desi'>eito da proibição, continua­

va-se a jogar, mesmo em desconhecidos, os limões de cêra e as laranjinhas de que fala a centenária postura municipal.

No dia 13 d~ fevereiro de 1866, houve quem criti­casse, nas colunas do Diário das Alagou..~, o restabeleci­mento do entrudo, apesar de prnibido pelas autoridades, declarando qu~ no sábado, à noite, êsse «harba.rlsmo fomava uma. atitude medonha.; Ilrincipalmente na. Dôca. de Maceió, ruas do Imperador, Pra.ia e do Saraiva». (25)

Sómente as festividades religiosas, como as procis­sões e as novenas no interior dos templos, seguidas dos leilões de prendas, abrilhantados com as músicas das fi­larmônicas, a queima de fogos de artifícios e outros di­vertimentos no páteo da igreja, reservado aos cham3dos festejos profanos, tiravam as recatadas e bem guarda­das sinhàzinhas do aco::chêgo dos lares, levando-as a misturarem-se com o povaréu anônimo da cidadezinha mais do que provincian:i . Sim, porque a nta ficava para os moleques! Era o pen.sarnento da época.

Já então existiam os famosos festejos extc:nos em louvor ao Senhor Bom Jesus dos Martírios, a •Festa dos Martírios>, a mais concorrida dentre as festas de porta de igreja da capital, depois celebrizada em versos, pelo poeta conterrâneo Virgílio Guedes, (26) naquele

(25) DttGUES Jú1'."IOR, Manuel. «Um século de vida social>, ln Maceió ----: Cem anos de vida. da capital. Maceió, Oaso. Ramalho Editôra 1989, p. 68.

(26) GUEDES, Virgflio. A Fe:ota dos Marti,rios. Ma~c 6, ' Im. prensa Oficial, 193!, 23. p.

- 22 ,f, '

• - ' u, ;_. -~ \l

. I j dt) Nossa Scnhnra do Ro~:ádo, existente ;\ntiJ?a fotogra.ha da gre a. 'Himo plano à r.s· cm 1866. O velho lampeão que apucc.e ciuase cm n . l A' P A.)

"nt1ruidade Jcl'ta loto (Da fototeca to . .quo•da, atesta a 0 "

Page 15: Sant'ana uma associação centenária

•·'otografia do antigo farol dc.molitfo pouco depois de 1ª49, cuja !>edra l unctamental fôra lançada em ~ de dezembro de ~e que em 1866

já guiava a-0s navegantes. (Da fototeca do A. P .A.)

Page 16: Sant'ana uma associação centenária

no de 1866 iniciada com o novenário no dia 19 de 1gôsto . - .,

De tais festejos fomos encontrar saborosa descri­~Cio por jornalista que escrevia em um dos periódicos mnccioenses.

Depois de descrever a iluminação no páteo onde se 1 11 llzavam os festejos externos, iluminação que enchia de «luz o vasto quadrilátero, por onde se derramam on­dnR de harmonia de uma banda de música», o nosso cronista alude às «facécias do leiloeiro, o riso, a graça, 1 rachinada da molecagem a acotovelar-se, a assobiar, a pt'l•clpitar-s.e em ondas paro. qualquer parte a que os uuh\ o seu chefe; o farfalhar das sêdas que se roçam; o rumorejar dos balões que se chocam; o cheiro dos per­rum,•s que se aspiram; o chiste das pilhérias que se jo-nm; o ondular das cabeças que se atopetam; a alegria

QUl' ~e divis::i. em milhares de semblantes; todo êsse pouco dt tudo que se vê nas grandes festas, inebria o coração <ln homem mais apático e misantropo, e enche-o de um nulo prazer; porque santo é o motivo dêle». (27)

O piano era então o instrumento da moda, o pref e-1 lo, e de imprescindível p:csença nas residências mais IJrtstadas.

Para suprir o repertório musical das sinhàzinhas, 1 cstwa. na rua do Comércio, n. 39, a loja do portu-1'\t~s José Gonçalves Guimurãcs, onde podiam ser encon­t1•odas «walsas, polcas, schottischs e outras músicas de õ to , conforme anúncio de dezembro de 1866. (28)

E, se o pi.ano desafinava. em janeiro de 1866, pelo nwnos, podia-se recorrer a Alberto Grnnfcld, que se di-

0171 O PROGRESSISTA. Maceió, 27 a.gô. 1866, p. 2. t:IR) Idem. Maceió, 11 dez. 1866, p. 4.

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4!:ia fabricante e afinador de pianos, e que avisava en· contrar-sc em Maceió, «para os misteres da sua profis­são>, podendo ser procurado a qualquer hora na loja n. 42, do relojoeiro Albert-O Ascoff, (29) de nacionali­dade alemã, que em junho seguinte associou-se com ou­tro colega de profissão, o francês Antônio Fabvre .

.. .uo piano - mforma Manuel Diégues Júnior - a influência em Maceió foi grande. Aprendia ·se em tôdas as casas; mocinhas tocavam valsas românticas, polcas sentimentais. Êle trouxe à vida de Maceió uma verda­deira revolução . Sua entrada nas salas provincianas marcou uma êpcca. E surgem então os recitativos ao som da «Dalila»; as môças cantam árias ou mesmo val­sas acompanhadas pelo seu professor ou por algum pia­nista», arremata o historiador da nossa vida social. (30)

Em 1866 não existiam os chamados fortes de São Joio e São Pedro, construídos no Govêrno l\lek> e Póvoas, o primeiro dêles cm a pedra fundamental lançada em 13 de maio de 1819.

Em 3· :ie aezembro do citado ano de 1866 foram expostos à arrematação pública «os diversos reparos das peças que se achavam no forte>, bem como <trinta quin· tais d2 carvão de pedra existentes no forte de S. Pe~J.·o cm Pajussara», conforme edital da Tesouraria da. Fa­zenda Provincial. {31)

O tradicional Liceu Alagoa.J:.t:>, na época ora deno­minado Liceu de Maceió, ora Liceu Provincial, contava 17 anos, criado que fôra em 5 de maio de 1849, e fun­cionava em um velho edifício de taipa, no Largo da

(29)

(80)

(81)

O PROGRESSISTA. M-aceió, 2 jan. 1866. p. 4.

D~GUES JúNIOR, Manuel. «Um século de vida sozlai>, clt. p. 71.

O PROGRESSISTA. Maceió, 81 dez. 1866, p. 4

-24-

t bém alojadas a Biblioteca ~!ntriz, onde _se. achava~ ~ria Geral dos Estudos da l 'úbli.ca. Prov1~Cial e a ns:.':sentemente se encontra ecli­Provincia, ~º. 1ocal on1de. P. Fiscal do Tesouro Nacional. ficado o oredio da De egac1a

- eis os lentes do Liceu nesse período: Dr. ..t!.f".UU s · d 1 (Geografia) ; Padre Manoel

Tomaz do Bomfim ~i;:n . 0 a. (Latim) . Dr. Possidônio de

Amâncio das ~ores 3.\;s . Dr Jo~é Alexandrino Dias Carvalho More.tra (Frances) • : s (Português) r ) . J sé FranctSCo oares d~ Moura. (Ing :s. • B~l.. d Cunb.a (Geometria). (32) l' Dr. Jose Antôruo iM•L'il. a . .

. 1866 unicamente exlStlam De caráter particular, e~ , io Nossa. Senhora

dois educandários ei:i Mace10, ºar~ol~cninas fundado a da. Conceição, excl~~~~me~~~i~do pela Prof essôra Afra 7 a.~ setembro de d : lecionado o português, fran­Pe "eira Branco, on e eia . . S"o Domina-os desti-• · · · o Colcgto ... ~ , cês, geografia e mu~1ca, e 5 a· 'sto de 1863 e diri-

. os criado em e ago nado a merunh ' . d Professor Domingos Bento da Moe­gido pelo con e.c1 0 d li 0 português latim, fran-da e Silva, lec1onan o-se a ' ' c·ês, inglês e música· , .

• ht de 1866 êssc último educandar10 c~-A 5 de ª?º"' 0 u 39 aniversário, com lada1-

nll'morou festivamente o se uza Frnncisc1;> Peixoto Duar-nha cantada ~los padres CSo ta , asslS· tida por inúmeras

ln, · Jn<>nwm da os 1 al · te e a.e.•:> ..,_. , • ntrc elas o Presidente, em outoridades da Provincia, e . dadc Após o ato reli-

. "ssoas de nossa soc1e < • • • cl<' outras P" ._ nl antaram diversas arias e cava­gloso, «muitas se 1or%s c. alrrumas quadrilhas e lan-tlnas», dan~~ndo·se. cyo~a ~prensa da época. {33) cciros», noticia um orgao

( Corrcsp . Recebi-INSTRUÇÃO PúBLICA. .l!365/1866. <32) p A

da). Maço 16, Est. 5, do A. . . (S3) O PROGRESSIS'rA, Mncció, 6 o.gõ. 1866. p. 2)

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Escolo.s publicas de primeiras letra · dentro do pe­rímetro urbano da cidade, funcionavam seis, sendo três para o sexo masculino e as três restantes para o femi­nino .

Os meninos estuciavam com Camilo Lel-es Pereira da. Oasta, na ma do Livramento, que tinha 189 alunos matriculados na sua escola, ou com lU:mocl Joaquim de Mora.es, na rua Augusta, com uma matrícula de 159 alu­nos, ou então com SHvesfre Antôn'.1:> dos Sanfos Júnior, no Largo dos Martírios, que lecionava a 69 meninos.

Já as meninas frequentavam a escola da profcssô­ra '.l'crezi Marla cb O:>sta Espinoza, na rua da Boa Vista, cujas sa,Jas de aula eram frequentadas por 68 alunas; a de Jooof2, Pereira Bastos, na rua do Macena, com 67 nlu­no.s matriculadas, ou finalmente a de Rit~ 1.-eopoldina de Mesquita Soa:.-cs, onde se achavam m:itriculadas 58 alu­nas. (34)

Como seria o mobiliário de urna desso.s escolas pri­márias?

Em um antir:o Rclat6rio do Insoetor dos Estudos da Província o D·r. Tomaz do Bamfhn Espínciola, (35) fomos encontrar, dcvidzmente rclacion:.idos, todo:; cos objetos que devem compor a mobília de uma escola pú­plica de primeiras l~trGS:.>:

(34) MAPA geral <las ccco!as do e-:i!:lr.o pr·már:o da Prov·ncia ... d:i.tado de 31 j:m. 1867, in RELATôRIO com que o oxmo. ~r. Jocé Martins Perefra de Ale!lc-ns~re c:1.rcgou :i Pre­sidênch da Província das Alagoas no dia 10 do jtmho de 1867, cit.

(85) RELATôRIO da Inspeto1ia Geral dos Entado.':1 da Provfn­cia, 31 do janeiro de 18G7, in Relatório crun que o oxm. sr. José Martins Pcre:ra de Alcncastre entregou a pre11tdancia da Pz·ovfncia d;;i.s Alagoas no dia. 10 de junho de 1867 cit.).

- 26

m uma carteira. lº - Um estrado de louro, co de amarelo .:. uma. cadeira de brac;o também de ama-

relo e de palhinha; 5 alu 20 _ Mesões de louro para cada grupo de ·

la .-uperior terminará por nos sendo que <-O seu P no V •

inc{inaçã.o de 1 polegada. e S linhas na parte ma1s ~-. na qual haverá. um r.,-levada, que será. a postenor, .

go longitudinal para colocar lápis e penas, ( ... ) _e -sas ao seu bordo posterior 5 estantes para mu-

~:~ para nelas se prende:em os traslados>; .. B os de louro tantos quantos os mesões, s• - anc . al

4• - Cabides com 10 tornos em número igu à metade dos mesões;

5• - Uma. tábua envernizada de prôto par~ l!el'-vir de pedra para as opel'ações aritméticas, e.e.;

6• - Um pequeno relógio de parede; 7• - Uma <taboinha para. salda>; 8• _ Uma campainha; . 9• - Três cadeiras de amarelo e de palhmha pa·

ra as autoridades inspecionadoras; 10• - Um quadro <com a Eflgie de Nossa Se.

nhora da Conceição>; 11• - Um quadro <com o retrato de S. Mages-

tade o Imperador o !'cnhor D. Pedro ll>.

• Circulavam na cidade quatro jornais de vult<:>, ~ li . d Ala oas Jornal de Maceió, O Progressis ' gi ~~~ca!':u de ~~oas, além de outros de menor porte.

(36)

O mais ant!go então· em circulação era o Elário cb&it Alagoas, surgido e~ 1• _de ~a~·ço de 1858, e nosso primeiro jornal de pubhcaçao diana.

(30) Para os informes a respeito do assunto aqui t~a.tado, ser. vimo-nos de livro de nossa autoria., ainda inédito: A 1Jn.

século nn.sf!OOo. (Prômio cidade de prensa. nmceloense no •-Maceió - 1959) .

-Zl-

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;1'ertencente ao cônego Antô . • publicado ininterruptamente d ~ mo Jose da Costa, foi pressa na Tipografia Comer . : :1te 35 anos, e era im­talada na rua do Comérci c1 e Mo_raes & Costa, ins­mente mudada para Tipo'ir::n 6~ razao. social posterior­Costa, depois que a uêl a omerc1al de A. J . da sócios da firma delaq pa: sacerdote, . ~ dos primitivos

, sou a proprietário exclusivo. De 1860, 1• de junho . .

de Maceió, substituto d'O ; o apar_eci:rien~ do Jornal rado. empo, orgao liberal mode·

Ao surgir o Partido Pro · que o próprio Partido Liber l ~res~1st~. nada mais do ~ue. pudesse, acima dos anti a, mais hberal, mais forte, mstltuições monárquicas» (~~~· to~nar-se o baluarte das ~ou-se órgão oficial daqu~le .° ornai de Maceió tor-1mpresso na Tipografia p pa~do, passando então a ser ta

37 rogress1sta na rua d B .

, n. , tendo sido substit 'd ' a oa Vis· pelo Partido Liberal. ur o, em setembro de 1867,

O Mercantil das Ala oas se publicaram no decorre~ d outro dos periódicos que de setembro de 1863 e 1866, apareceu no dia 2 êle também surgiu ~a c~~ 0

• n?me de Mercantil e com publicac--~o de um jornal ~v1~~1a_; a. tentativa inicial da

. e1çao mdependente . ~ra impresso às segundas

na Tipografia Imparcial AI ' qu~s e sextas-feiras adquirida no Rio de J ~goana, CUJa maquinaria fôr~ Ca.stro Aze aneiro, por Boave tur J ' e vedo, seu proprietár· n a ose de 10.

Em julho de 1865 é ue para O Mercantil das Ai alterou a sua denominação uma cláusula do contrato ~:i:~admudança imi:osta por

o com o governo pro-

(87) DIJDGUES, .:Joaquim «0 . . Rev. lnt!I~. Arch. e~ ~~e1ro diário em Alagoas:..

gr. ,,.oano. Maceió, v . .XII, 1927.

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llll, a 8 do citado mês e ano, para a publicação do 111\1 txpediente.

P'..ste jornal, que se retirou da circulação ainda no aludldo ano de 1866, possuiu o primeiro prelo mecânieo • Província, do conhecido fabricante Alanzet, importa­.. da Europa pelo seu dono.

Aparecido em novembro de 1865, O Progressista era Wo do partido de idêntico nome, e se publicava dià· fiamente, sob a direção de Joaquim José Vieira da. Fon-

Impresso na Tipografia Progressista, na rua da Boa Vlata, n. 37, pertencente ao proprietârio dêste es­tabelecimento, o Bacharel Félix da Costa Moraes, era redlgldo pelo Dr. Mariano ;Joaquim da Silva.

Dissolvido o Partido Progressista em julho de 1868, o jornal alterou a sua denominação para União Liberal, 1 25 de agôsto daquele ano .

Dentre os periódicos de menor porte, que circula­ram no ano de 1866, destacamos O Bípede, cujo primeiro n(amc>ro data de 2 de setembro do mencionado ano.

Dizendo-se crítico e joco-sério, era impresso na Ti­pografia Popular, de A. G. da R. Algarrão - Antônio Qrldano da Boob& Algarrio - instalada na rua do Li-vramento, n. 12, de onde saiu apenas durante os cinco domingos de setembro de 1866.

Pertencia ao proprietário daquele estabelecimento tipográfico, que acumulava igualmente as funções de re-dator.

Custava a sua assinatura mensal a quantia de 500 rols, cpaga adiantadamente>, e a fôlha avulsa, 120 réis, tendo sido o primeiro órgão da imprensa alagoana a uti· llzar a xilogravura.

I' -29-

Page 20: Sant'ana uma associação centenária

Ao alto da primeira página do seu exemplar n 5, do ano I, de 30 de setembro de 1866, com o qual retirou· se da arena jornalística, por cima do titulo, estampava um busto de homem, com a cabeça de burro, entre duas «charges:. políticas, em versoos, endereçadas, ao Dr. Ma· ri.ano Joaquim da Silva, redator-chefe de O Progressista, que transcrevemos como amostra da violência do jorna­lismo político da épaca .

«Dai-me passagem, senhores, Que eu sou rapaz AFAMADO, Embora por desabrido Me tenham vis faladores, Eu tenho imensos primores De envolta com safadezas, E por tamanhas proezas Sigo à Côrte em comissão Para1 lá na exposição Praticar mil GENTILEZAS:.

«Não serve nem para carga Por ser um burro safado, Infame, vil, desbriado QUEM TEM A CARA TÃO l<ARGA, Ser bacharel não !'embarga, Que tome da besta a ronha, E que à tal caratonha Jamais lhe suba o rubor, E pois, hão tendo pudor DECERTO NÃO TEM VERGONHA».

Os anúncios de escravos fugidos eram uma constan­te nos jornais do tempo.

-30

Page 21: Sant'ana uma associação centenária

Existenie em 1866, o "Palacete Barão de Jaraguá", em cuja ala direita. a.cha·se instalado o .Arquiv0 Público dE' Alagoas, serviu de paço imperial quando da visita de D. Pedro li a

!\'laceió, em 1859. Era êste, sem nenhuma modificação, o aspecto dêste logradouro no citado ano de 1866 (Da fotot.eca do A P. A. )

Page 22: Sant'ana uma associação centenária

VelJJO aspecto da I'taça D , Pedro ll, destacando·S<' os prédios onde se acham instalados o Arquivo Público de Alagoas e a Assembléia f,ei;jslativa Estadual . Data de 1851 o lança· mento 1<.-i pedra fwhl:nnental dêstt' último e de 1917 a inauguraçã-0 dos doi'! pavilhões qu.! Lamhé.n aparecem nu foto, construidos para as comemorações do centenário da nossa

emancipação política (Da fototeca do A P A ')

Page 23: Sant'ana uma associação centenária

Em um dêles, Américo Netto Finniano de Mo~. lo fundador e um dos Presidentes da ASSOCIAÇÃO MERCIAL DE MACEIÓ, avisava ao público a fuga,

5l'tendo recompensa pela captui'a, do seu escravo ndo, de «18 a 20 anos, mulato e bonita figura, sa-o ler e escrever». (38) Visando reduzir ao mínimo a fuga dos escravos,

\'n-se de vários artüícios. Um dêles era o t~e olhcr, às -9 horas da_ poite, anunciado pelo sino da trlz de Nossa, Senhora. dos Pra.zeros.

E, todo o escravo que fôssc encontrado após aquele .-iu", «semescritoãe seu senhor datado do mesmo diA., 1'0 qual declare o fim a que vai, será recolhido à prisão e '1Ultndo o se;ibo:r_em 3$000; e caso recuse pagar sofrerá 90 açoites o escravo e será sôlto». Era o que estipulava

p~ró.grafo 4• do titulo 79 das Posturas Municipais em \110r .. ·

F.xcetuava-se, no caso, apenas quanto à dafa do a­Wldo ·escrito, « eséravo ou escravos cujos senhores mo­

rem fopa da cidade e seus subúrbios>, conforme cons­' tnmbém do aviso da Secretaria de Polícia da Pro­

n<•la, inserido a 7 de agôsto de 1866 nas colunas de

P~essista .

1-;, por falar em escravos, vamos agora travar co­fthóclmento com um realmente <muito habilidoso>, se-9\1ndo iremos comprovar através de anúncio do único ltlk>ch·o público da época, Numa. Pompilio Pa.s.Ws, estam­,ado no aludido periódico a 16 de novembro daquele ano etc 1866.

o PROGRESSISTA. Maceió, 2 jan. 1866, p .•.

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Page 24: Sant'ana uma associação centenária

LEILAO de

um escravo Sábado 17 do conente

Numa Pompilio Passos, competentemente rizado, venderá em leilão no mulato Pedro, que foi do padre Wanderley, tem anos de idade, sadio e muito habilidoso, coz'nha um grande jantar em que haja assados, mass dõces, engoma perfeitamente bem, é boleeiro, peiro, o que aprendeu em Pernambuco, onde es alguns anos, e finalmente trabalha de pedreiro e 'tor.

No mês de fevereiro dêsse ano de 1866, José cisco da Silva Braga, farmacêutico formado pela Es la de Medicina da Bahia, estabeleceu-se com uma bo na rua do Comércio, no prédio de n. 214; «junto ~ l do sr. Eugênio», segundo curiosamente registra o anúncio estampado em jornal de Maceió. (39)

Silva Braga, contudo, não se achava só no mercad Jâ existia a Pharmácia 'llnperial de outro fàrmacêutt' formado naquela mesma faculdade baiana - Clau • Falcão Dias, em cujo esabelecimento, localizaqo na do Comércio, n. 55, podiam ser encontrados rnedicarne tos franceses e americanos, além· de «-colares elec magnéticos contra os males da dentição» e os ·seus p parados «Extrato de Leite Virginal'> e o <Rob An Boubático:., êste último destinado ao .:tratamento d boubas, cravos e moléstias venéreas antigas», confo asseverava em anúncio da sua farmâcia. (40)

(59) O PROGRESSISTA. Maceió, 19 dez. 1866, p. 4, (40) Idem. Maceió, SO nov. p. 4.

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b por falar em boticário, aí vai um~ ~ostura, em Yl&&i.H' 'na época, extraída do já citad~ «Código de Pos· tlU'llK da Câmara Municipal de Mace10», ( 41) aprovado m :~ de dezembro de 1845: .

o boticário que vender i·emédio sem receita de professor <autorizado para curar,. pagará seis .mil réis de multa, salvo se o remédio for de natureza mo. centfss!ma. Os vendedores de drogas que, sem serem boticários aprovados, vendere.m em doses miudas su~. tâncias venenosas e suspeitas, ou remédios muito at1. vos, quer sem receita de professor, quer co~1. ela; ai!.

sim como os individuos que venderem as d1.as irub8· tâncias em grande porção (ainda que boticários tt· jam) a escravos e pessoas desconhe_cidas, suspeitas, ou que não prec'.sem delas no exerc elo da sua pro·

· ttssão sofrerão a multa de dez a trinta mil réis, sem , · .. prejuizo das penas mais graves qtie puderem .sofrer · das justiças criminais, na conformidade das le1s.

ó zêio· m~nicipal ia mais ~lém .. Vejamos um~ outr~ ttu turn, (~2)aesta sôbre. a obr1gator1edade da vacma nas ri 111c;as:

, .. ,

Tõda pessoa do têrmo da cidade que tiver a t.eu cargo a educação de alguma criança .!!_e qualquer côr que seja, será obrigada a mandá-la à casa d~ vacma

·para "er vacinada até pegar ou fazê-la vacmar em casa ~odendo-o dentro de um ano de seu nascimento e tr~s meses depois que a tiver a seu cargo, pal!sando desta idade e es'.ando em sa11de para receber o re·

· médio. os que se acharem em contra\·enção ~r&o multados. em seis mil réis.

C".iALVAO, Olimpio Eusébio de Arroxelas. Op. cit. tom-0 rt clt., p. 149.150.

_ op. e tômo cit. nota anterior, p. 171.

-33-

Page 25: Sant'ana uma associação centenária

. Eram sete, ao que parece, os médicos aqui es c1dos naquele afastado ano de 1866: Dr. João Dias Cabral, o futuro sócio fundador e Secretárl pétuo do Instituto Arqueológico e Geográfico Ala fundado a 2 de dezembro de 1869, formado pela dade de Medicina da Bahia desde o ano de 1856 e

' a estudos históricos; Dr. José tAntônr•o Bahia da formado igualmente pela mesma Faculdade e len Geometria do antigo Liceu Alagoano; Francisco J Pereira da ~fofa, médico da Enfermaria Militar da pa de Linha; Dr. Policarpo José de Souza· Dr. T do Bomfim ,Espíndola, na época também Presiden Câmara Municipal de Maceió, Inspetor da Saúde Pú e Provedoria do Pôrto, Inspetor Geral dos Estud Província e lente de Geografia do Liceu conhecido .da primeira geografia publicada em Afagoas, por ·goano - a Geografia física. política, hist-Orica e trativa. da Província das Alagoas, impressa em Ma no ano de 1860; Dr. R•oberto Calheiros de Meto. fo na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em dez~mbro de 1848, deputado geral por Alagoas na

... legislatura (1857 a 1860), deputado provincial nas e 15a. legislaturas, coITespondentes ao período 1850-1 e· 1864-1865, Vice-Presidente da Província em exe11 da Presidência por inúmeras vezes. dentro do perí compreendido entre 1854 e 1865 e Inspetor da Alfând

- de Maceió, a partir de 1866, <o que parece demo o seu afastamento da política, após o ano de 1865:. ( e o Dr. J~into Paes Pinto da Silva, deputado provin na 15a. legislatura (1864-1865), irmão do conhecido lítico. o Bacharel José Ãngelo Márcio da Silva, form desde 1849, pela Faculdade de Medicina da Bahia.

(48) FALCAO. Renan. <Contribuição para a história da dicfna em AlagoaS> Rev. Arq. P6bl. Alagoas. 1, 1962, p. 185.

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, t~ eram ~ntão os mais c?n~ecidos: o ,Joo.quim da Silva, espec1al1zado em

ln't·lu, do cível e do crime, com banca .de · a •a nc;u D. Pedro n, «em uma casa que fica •t cu1our1u·ia Provincial», como ':ªg~mente

anurll'lo da época; o Bacharel Eut1qu10 Car­o Oam.ll:t promotor público da Comarca,

Ya no l'ÍVcl e comercial, podendo ser procur~­dl Ah•gria e, finalmente, o Advogado Lu~ (judoy o V~oncel2,S, que i~almente exercia no ruro de Maceió, e podia «ser procurado ·

lltt 1•1·1 un sua profissão, no . bê~o do sobrado plll\o Leite na rua do Comerc101 ou na casa ild~ndu, n~ rua do Davi. (44}

. rlv '° ck órfãos era Antônio Januário de Car- · au11.1lna uma «Declaração» datada _de 22 ~e

M ·l8GH, cm que avisava a arrem:itaçao, ~o _dia Í'olhi seguinte, <à porta do Ju1zo de ?rfaos, ·

04t dut.11 'c:tdeirJ.s por 48$000 rs., duas ditas dê , tKar J 2$000, duas ditas de balanço por 20$000,

olnH -por 20$000, uma mesa redond3: por 15$000, por :lf>$000 . .. », além de «Um~ ca1~a conte~do

lute 11 .pt•ças de roupa de uso; três palltores (s1c) tt, ti11w camisas, cinco calças b~·ancas,~ duas d1-

ln hn 11.1rcto, uma dita de casenura, o·es coletes , t1olN .1litos pardos, e um dito prêto, sete ceroulas,

a U't cll' meias, três gravatas, um p~r de lu~as lll\I chapéu de pêlo, um dito do Chile, um dito

lhklhf\ t' um bonet», todo o ~arda-roupa, com~ c\u e l'lnuclo Inácio Lopes da. Silva Ü:)mcs que vm

l>fl 1·a pagamento de credores . ( 45}

1 ntlNl:t, o mais conhecido era Francisco :r,onc~no lll&nto,., que em 8 de junho de 1866 anunciavà ein

'.

O )'ltOURESSISTA. Maceió, 26 mar. 1866, p. 4. ldt\n , Maceió, 22 jan. 1866, p. S.

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Page 26: Sant'ana uma associação centenária

O ~ta que acabava «de be sortunento de dentes e m ~ece r um completo ra chwnbar os mesmos· assas de d1v~rsas finalidades pa­habilltado a exercer a' :ro: este_Ja competentemente colocando dentes por m . d o acuna mencionada já de pressão de ar a todose100" e colchetes, já por ~eio

ed. • .1.erece seu rum·

m 1ante paga razoável pod d muto prestimo curado a qualquer hora , d ~n o ser para tal fim pro­RO-CABELEREIRO . o dia e~ s~a loja de BARBEI-, a rua Comerc10, n. 49»

O dentista ciêste anúnci · do seu colega José An 1 t o er~ uma versão meJhorada oito anos antes em 18~~ e o, emigrado do Recife, que há ta cidade, na 'rua do A ~~contrava-se estabelecido nes­<procurado a qualquer h~ra gl,:t· n_., 27, onde podia se;· fo~·m~ difundia em periódico 1° ª;ª ou da .noite», con­a.lem da profissão de ª" t• t oca ' ( 46) ali exercendo (

"'n is a a de b ·b · · ' atual flebotomista) amol' d : d ª1 eno, sangrador

dentrifícios e vendedor de~ o1 . ;f navalha, fabricante d~ tes, autêntico representantee~e ods c~ntra a do.r de den-

. _ os entistas da cpoca . Amda nao existiam na Pro •í .

tos fotográficos fixos Os fot. 'fnc..a, os estabclecimcn-publicavam anúncio ~os jo ~gr~ os que aqui apareciam velmente constavam as f rnrus ª terra, do qual invarià~ Pernambuco » ott De rases - «De passagem para

· · · · • « morando-se al capital" .. > executavam al ns gum tempo nesta freguesia, arriba\•am para guo tr trabalhos e, esgotada a u as plagas.

Em julho de 1866 tem or. . um dêsses em Ma~ió

0 fot P anamente estabeleceu-se

u~a. oficina aonde tir~ retra~fs'~~ Albert~ Cohen, «com ate as 5 horas da tarde no LA~G~ os dias de meio dia pegada ao sobrado do sr Ba ,- d DA M~ TRIZ, casa · mo e Jaragua». (47)

l,4.6) DIA.RIO DAS ALAGOA . (47) O P.R.OGRESSISTA M S,. Maceió, 1• mar. 1858.

. ace1ó, 4 jul. 1866, p. 4.

-36-- ·

A '1.7 de novembro o citado jornal ainda publicava ~\I anúncio. Logo após Albert.o Cohen fêz uma viagem

•. l'~rn<imbuco. De volta, participou através daquele pe­flildlt'o, a 30 de janeiro de 1867, que acabava <de fazer

bastante despeza, uma nova oficina de tirar retra-•, tendo para lSSO, mandado buscar em Paris, «S me-l'Cli productos chimicos e competente material novo>, wnmdo ao mesmo tempo às pessoas que se quisessem

truhu· que procurassem o seu Atelier no Largo da Ma­li, 11. 14, antes do dia 20 de fevereiro, pois nessa data

part•h•ndia retirar-se para fora da capital a serviço da profissão.

No ano de 1877 êle se achava em São Paulo e dêle f u-nrn apresentadas na Exposiçiiia de Hist.ória. do Bra­M&, n•aliz~da em dezembro de 1881 no Rio de Janeiro,

lt• fotografias de São Paulo, tiradas naquele ano de 11171;.Qertencentes à coleção do Barão Homem de Melo. (4Mi .

A. prirneir~mprêsa a explorar regularmente os t~unspQrtes urbanosemMãCe1õ tõt a Comj)111lhla. 'Bilúana lél avega~ que, a 24 de março de 1866 firnlou confra-1 f[ql a~ navegação a vapor das la_goas do Norte (Man-

\1 iha) e ão:Sül {Mundaú). Dêsse mesmo contrato constava uma cláusula para

1 onstrução de uma estrada de f~rro entre o pôrto de Jnrnguá_g_JL então povoaçao do TraplChe da BaITa, com um ram~l ligando também o bairro de J araguá ao cen­tro da cid~de der\ifaceió._ · --

Todavia, o ramal Jaragl,lá-Maceió somente foi inau-1111mdo dois anos depois, a 25 de março de 1868, e o de

!4111 . CATALOGO da Exposição de H'stórla do Brasil. o.pud. LA. VENERE, L. e SANT'ANA, Moaclr Medeii·os de ~/, Foto­g rafia em Maceió, (1858-1918) Rev. Ai'<). Públ. Alagoas.

Maceió, n. 1, 1962, p. 124.

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Page 27: Sant'ana uma associação centenária

Jaruguá Trapiche da Barra no dia 27 do mc.~mo ano.

E antes, - é de se perguntar - como se locomovia mos maceioenses? Em cavalos ou em carrua~ meThor, emca1~os, como então chamavam às viatUI puxadas por êsscs animais, como os da «emprêsa> d major Manoel Ma.rtins de Miranda, que anunciava e março de 1859 encontrar-se com os seus carros cm con dições de atender às «pessoas que dêles se quizesse utilizar», ( ... ) procurando-os «a qualquer hora que s rão prontamente servidos». ( 49)

Anúncio assinado por W. Gních, comunicava n par• tida «para as Mangabeiras», em dezembro de 1860, dos veículos Porguesso e ~fa.chambomba, (sic) sem dúvid< para os que iam passar ali os festejos nutullnos.

«0.s billletes de passagem custão 400 réis a dinhcir vivo bolindo no escritório da estação m ladeira do AJ .. garve (rua do Imperador, nas alturas da Catedr<tl) en frente à casa do l\!irindonga», acrcscenta\'a o referido anúncio. (50)

Em 1864 os maceioenscs podiam encontrar «c:uTos dt! aluguel na cocheira de Félix Bc2erra. Guedes .!Uont"­negro, na rua do Davi, (atual Melo 1\loracs) defronte do sr. Abreu Farias», onde também se podiam alugai· cavalos .

«Os carros puxados a 2, 4 e 6», (cavalos) esclare· eia o boleciro M. C . B~.ga no anúncio estampado em órgão da imprensa local, eram <tpróprios para passeios nos arrabaldes da cidade». (51) ·

<•9) DIA.RIO DAS ALAGOAS, :Maceió, 17 mar. 1859, p. 4 . (50> CORREIO OFICIAL. Maceió, 21 dez. 1860, p. 4. (õl) JORNAL DE MACEió, Maceió, 15 a br . 1864, p. 4.

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Page 28: Sant'ana uma associação centenária

J-:m 1866 era {:str o Quartel da Trnpa d-. Linha Atu:dn'ent1-, com modifka.çõt.s em .•;n~ Jinhas .i111uitt"ti111!ca~ .. uo mcMuo pré:.tfa eu~or:tra ~e aquartela<la a Polícia Militat de

JUa;;oas (Da folt>teca \!o A P. A )

Page 29: Sant'ana uma associação centenária

Prédio do Hospital de São Vicente na primeira década do século atual. Era êste um dos poucos edifícios de vulto ex.istentes em .:\laceió no ano de 1866. (Da fototeca do A.P .A )

Page 30: Sant'ana uma associação centenária
Page 31: Sant'ana uma associação centenária

•,

A 2 de abril de 1865 o citado Félix Bezerra publicou ••m «A viso aos Assinantes do Omnibus e ao público des-1 n cidade» { ... ) que tinha <alterado, a contar de hoje 1•111 diante, para quinze mil réis as assinaturas mensais do ornnibus e para quinhentos réis as viagens avulsas

dinheiro à vista - visto a dificuldade do trânsito do llll'smo pelas ruas por falta de nivelamento e calçamento dl•las». (52)

Há ceni anos, precisamente no dia 27 de setembro dt• 1866, José de Melo Lima Barbosa, «proprietário dos UMNIBUS», avisava ao público maceioense que daquela d111t1 em diante partiriam «do lugar do costume, para Jn rnguá às 2 horas da tarde, os omnibus que se acham mnpletamente renovados, e bem assim que nos sábados

5 ho.r~ da tarde partirão para o Bebedouro, para lide também seguirão nos domingos às 6 horas da ma­

lhl\ ·a às 5 da tarde».

Acrescentava ainda no referido aviso, que «O preço ; o ·da tabela com que andaram sempre>, - fazendo llt•stão de frisar - «e sempre a dinheiro à vista, pois . riados está com o livro cheio>. (53)

·Barbosa participava, em 3 de novembro seguinte <ao iijieirá.vel público desta cidade e, principalmente aos . ~mpregados de Jaraguá, que de amanhã em diante

""1-•irú o OMNIBUS para ali por 320 réis e que se não ltl>U\'l'r fnfluência (sic) até o dia 10 do corrente, deixará

t'J~uir para êsse lugar», participando igualmente que • Hl'llS carros estavam «decentemente ornados, capa~es

• undar neles qualquer pessoa, e por muito cômodo ~o• . (54)

IJIARIO DAS ALAGOAS. Maceió, 3 abr. 1865. o PROGRESSISTA. Maceió. 27 set. 1866, p. 4. Idem: Maceió, 8 nov. 1866, p. 4.

-39-

I

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A 22 de dezembro, «O proprietário do OMNIBUS> avisava que, a pedido de várias pessoas, faria seguir na­quele dia às 3 horas da tarde, «o OMNIBUS-BEBEDOU­RO para o FERNÃO VELHO levando· nesta ocasião os passage~os que têm de ficar no Bebedouro», cobrando a quantia de Cr$ 3$000 por pessoa, da capital para Fer­não Velho e 2$000 para Bebedouro». (55)

Para se aquilatar o quanto era caro o preço das passagens para Bebedouro, - 2$000 - ou sejam dois cruzeiros na moeda atual - basta-se cotejá-lo com 0 cobrado no mesmo ano para o percurso Maceió-J araguá que era de 320 réis. '

É que para aquêle aprazível sítio apenas se transpor­tavam os abastados, que nêle iam passar os fins de sema­na, ou a «galharda-rapaziada, amiga de gozar ps · perfu­mes e encantos naturais da bela povoação do Bebedouro» conforme adiantava liricamente em anúncio d,e agôs.t~ de 1870, o sr. Manoel Cabral ·Bo.rges, proprietáriO ·de um estabelecimento de carros de aluguel, entãq"o ·«único dêste gênero nesta capital», no qual comtmicava- ;tam­bém a diminuição do aluguel de um carró p..1:ra. ~uma até quatro pessoas, destinado àquele arrabalde pãrà.>«a insignificante quantia de 100$000 por mês, pagos· Pcilan­tadamente». (56) : ' .

··' -· ' . ..

* * * ' . ; .~

... Com um tiro de canhão postado no alto do oiteiro

do farol, o comêrcio de lVIaMió .tomJ.va conhecimento, em 1866, da chegada dos vapôres no ancoradouro de Jq~ raguá.

(55) O PROGRESSISTA. Maceió, 22 dez. 1806, p. 4. (56) DIARIO DAS ALAGOAS. Mii.cei6, 29 agô. 1870, p. 3 ..

-40-

.: ...

Anos depois, no dia 19 de março de 1877, contudo, tiro de peça foi substituído por uma inovação - o

li\gl'afo ótico .

· Acostumada de longo tempo a população da capital a ter conhecimento da chegada dos vapôres neste pôrto filo meio até hoje empreg~do, muito tem :_stranhado o 9'(>vo sistema adotado e diversas reclamaçoes nos tem

o dirigidas no sentido de representarmos a V. Exa. ntm a extinção dos tiros de peça dados no alto do rol para assinalarem a entrada dos vapôres», oficiava Prl•sidência da Província, em 8 de março daquele ano

1877, a ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió. Cl'f)

•Achando justas as reclamações que· nos tem sido ltn11, - prosseguia o ofício citado - resolvemos rog_ar v:, Excia. que se digne pedir ao Govêrno Imperial •fltlHfação de tão justo reclamo, uma vez que a popu­Ao por êl~, tanto se interessa».

· As autoridades imperiais, contudo, não atenderam t1t•dlclo, tanto que já em pleno regime republicano, em J continuava aquêle serviço a funcionar, no morro

'h1l, porém com outra denominação: «telégrafo se­rko». (58)

• i•'m número de ~eram as e!!}PrêsGs nacionais de suçao. costeira cujos navios, em 186 , fazlam esca­

no põrto de J araguá: a Companhia Brasileira de_ Pa­tr.11 1t Vapor, Companltla, Bahia.na de Navega~ao e 1,,.nhla Pernambucana de Navega~ão.

• 1856-1877 (Correspondência rec~bida).

M11'r,o 13, Est. 2, do APA. t Al~MANAK do Estado das Alagoas. Maceió. Tip. do Gu.

~bl•a·g~ 1891, p. 157.

-41-'

Page 33: Sant'ana uma associação centenária

Através. dos . jornais da época pode-se acompanhar quase que dia-a-dia a chegada dos vapôres ao nosso pôr­t?, os seus .nomes, nacionalidade, emprêsa a que perten­c1~m e, mais da vezes, até a tonelagem e 0 número de tripulantes: Tocantins, de 750 toneladas e 50 tripulantes· Cruzeiro (b Sul, de 1.100 toneladas; Paraná e Guam; todos pertencei;tes à Companhia Brasileira de Paquetes a Vapor; Para1ba, de 104 toneladas e 20 tripulantes Mamanguape e Pcrsinunga, da Companhia Pernambuca~ na de Navegação; Valéria de Sanimbu, Cotinguiba e San­!ª Cruz, da Com12anhia Bahiana de Navegação, todos eles a vapor. E nao só dos vapôres, mas de outras em­barcaçõe~ n8:_cionais, bem assim das estrangeiras, como a barca inglesa Izabell!t Raidley, de 336 toneladas e 13 tripulantes; Sateliti. gale.ra. igualmente inglêsa, de 1. 006 toneladas e 20 tripulantes; Emília, escuna portuguêsa de 108 toneladas e 8 tripulantes; l~tiaso; 1ugre també~ português, _?e 216 toneladas e 10 tripulantes; Kepler,

bba.rca alema dde 449 toneladas f! 11 tripulantes; Mary, í'1gue sueco e 280 toneladas e 11. tripµlantes · Newton va~or inglês de 698 toneladas e 35 trinulAIJt@s, entr~ muitas outras embarcações .dos mais variados/ tipos e tamanhos. . · • . :·;.. .

Todavia, através dos «Mapas sôbre · a . n~~;e(Yação desta Província, com referência ao ano . de 1866t re­metidos pelo Capitão do Pôrto, João Manuel )le l'foraes e Vale à Presidência da Província, capeados do . ôfício de 30 de abril de 1867, (59) é possível saber não· só a nacionalidade das embarcações, como o dia da entrada e o da saída do pôrto, tipo de embarcação,,. proceêlência, destino, tonelagem e equipagem, com a indicação do nú­mero de tripulantes livres e escravos: .

(59) CAPITANIA DO PôR'l'O. 1866-1871 (Cor~espondência re­bida) Maço 20, Est. 9, APA.

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São extraídos daquêles Mapas os informes concer­n<lntes às embarcações estrangeiras. que se seguem.

Durante o ano de 1866, daqui saíram para portos es­trangeiros, 53 embarcações inslês,ás, 4 portuguêsa~t 2 bremenses, lãíemãs) 2 suecas; 1 dinamarquesa.-i fran­cesa e 1 holandesa, num total de 64 embarcações, sendo que destas 13 eram a vapor e o restante a vela: 21 bar­rns, 14 brigues, 8 galeras, 5 patachos e 3 escunas, num total de 34 .430 toneladas, incluindo-se os vapôres e com uma equipagem de 1. 071 pessoas.

Vindas de portos estrangeiros, apenas 2 embarca­ções, de nacionalidade portuguêsa. .. - - --·- ·- -·--· -· .

Quanto às nacionais, de J araguá zarparam para portos do Império, 851 embarcações, sendo 60 vapôres, 2 'J)arcos, 8 cúteres, 1 brigue, 4 patachos, 1 sumaca, 3 01runas, 3 iates e 769 barcaças totalizando 43. 685 to-

. neladas, e com 4. 659 tripulantes, dos quais 95 eram t?s-cravos. ·

. Das informações transcritas salta-nos logo à vista o }'Omero diminuto de embarcações - duas para sermos

Cr~cJso --:- ·provenientes de-12.Qrto~ estr_.êngeiros. É que a ll(nção diret'ã<t._e Alaggas_com as nra.gas da ~uropa, ve­

lha _a.spiracãó da nosso comé.rcio.JU®A pãQ se c.pnc~t.!:_ Pra.

. Somente doze anos depois, a 13 de dezembro de 1R78, inaugurou-se tal ligação, quando pela primeira vez tocou em nosso pôrto o vapor «Minho», da Royal Mail ltoam Packet Company, (Mala Real Inglesa), de Sou­thnpton, graças à intercessão cre um dos sócios mais proe­minentes da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió, o negociante Ma.noel de Vasconce~s, que conseguira in­torcssar aquela companhia de navegação de longo curso 1 escalar em suas viagens ao Brasil, no pôrto de Jara­IUA, _mediante uma subvenção da Província.

' -43-

Page 34: Sant'ana uma associação centenária

Feito o contacto através daquele comerciante, nossa Associação Comercia] enviou sugestões ao Co lheiria Francisco Carvalho Soares Brandão, Presidente Província, remetendo inclusive uma minuta de contra a ser celebrado, como de fato foi, entre a Província a Real Mala, capeado do ofício de 6 de maio de 187 (60)

Tornou-se, assim, possível, aos nossos comerciant importarem as mercadorias que necessitassem da Eu pa, sem ser através de outras praças do Império, e se o pagamento de onerosas comissões.

.._ E os preços das mercadorias na· época, daquel velhos e saudosos tempos? ·

Acompanhemos, através dos pitorescos anúncios e tampados em periódicos do passado, os preços vigent naquele longínquo ano de 1866. ·

Em janeiro dêsse ano, o negociante Mf!,noot Te xeira. Pinto anunciava a venda em seu estat>elecimen localizado na rua da Boa Vista, n. 5, «de- um nomple sortimento de novos gêneros: batatas muito novas a · i réis a libra; frascos de amendoas cobertâs 2$200; p sas 600 réis a libra; figos 240 réis a libra; vilahos~ tla gueira, superior, 600 réis, 560 e 500 réis a garrafa, ca nadas por ajuste . .. > (61)

Francino T2wares da. Costa, que viria a instalar do' anos depois, em 1868, a nossa primeira livraria, -Livraria Francino - vendia em seu estabelecimento c mercial, na rua do Comércio, n. 108, ao lado de f a zen das e quinquilharias, entre outros o Dicionário de med cina. doméstica e popular, de Langgaard; os Elemcn

(60) ASSOCIAÇÕES. 1878·1885 (Correspondência Maço 14, Est. 2, do AP A.

(61) O PROGRESSISTA. Maceió, 2 jan. 1866, p. 4.

-44-

rithmetica, de Bizout e os MetoO:os completos para erol~o e flauta, de Devienne e Carcassi. (62)

- ~- p dro <livros de sortes en· E para São Joao e ...,ao e - ' · arates e acertos

acraçados - Jogos de conver::;ªi~ta~IS~ cartas fatídi­rngraçados de perguntas e tas ~om todos os problemas cns para perguntas e res~~:va Francino cm junho de ctn vida humana», anun 1866. (63) .

~ ão é dos nossos dias · O comércio de conf ecçoes _n certo órgão da im-

JI\ cm fever~iro de 18~ ~:~1~:i~mento de roupas fei­pn•nsa mace10ense,, o « ~ª. urenço de Souza, em Ja­btM na Loja. de Jose Antomo Lontrados «palitós de casi­raguâ», onde podiam _ser e~~$ooo· Ditos de brim de li­mlrn de diversos padr~es ª . ' ta a 5$000· Ditos de

~ 5$000· Ditos de gazme • d ~ nho de cor . a . ' 3$SOO· Chapéus franceses, ~ pe· alpnca irara menmo ª ' 9$000. Ditos do Chile a lo, de 'copa alta, .m;.iern~~ :01 de sêda de 16 hastes a MOOO a te. 12$009' 1 os reta de 12 hastes a Ul$000; Ditos de sollide mªlui~~~a fi~as de gôsto moderno l$O<)O e _Chitas perca as 1 440·.até 560 réis: (64)

· · ' - fi · a1 a e Pauta Semanal> Agora1 uma publicaçao o c1 - d 1866 divulgada

1tr~rcnte à primeira semana do ano e ' ln nossa Alfândega. (65)

" . O PROGRESSISTA. Maceió, 2 jan. 1866, p. 4. wcm. M~ceió, 13 jun. 1866, P· 4.

4 ldcn\. Maceió, 8 fev. 1866, p. . Idem. Maceió, 2 jan. 1866, p. 4.

-45-

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PAUTA SEMANAL ·- . "'"· t~;;!tf.~ ';"'~ . r~,,:.··..:v:~~~

dos preços dos gêneros nacionais sujeitos a direitos de exportação na semana de 19 de janeiro a 6 do mesmo ano

Aguardente de cana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . canada Dita de dita ou cachaça ............... . Algodão em caroço ou descaroçado imper. !lrroba

feitamente .. ' , ...•..... . ............. Dito em rama ou em lã . . .... ,. ....... . Arroz em casca ....................... . Dito descascado ou pilado .............. . ã.çúcar branco .... .. ................. . Oito refinado ......................... . Dito mascavo ou mascavado ... : ........ . Café bom ............................. . Dito torrado ................... ., .. : ... . Carne sêca (xarque) .......... ., ..... ~. Cêra em velas ............. . .......... :.1 •

Chá ••.•......•...•..•••..•...•.• . .. : • .. Charutos sõltos ............... , ......... . Ditos encaixados ................. . .... . Cigarros de palha ................ • ... ". Ditos de papel ..................•..... i

" "

libra arroba libra

"

Côcos de comer ........................ · . cento Couros de boi ......................... · libra Ditos salgados ............ . ............ · 'úm Esteiras para fõrro ou estivas . de navios .. Esteiras de periperi ...................•. Farinha de mandioca ................ . Feijão de qualquer qualidade •.......... Fumo e miôlha, bom .................. . 1'enha em achas ................... : .. . Mel ou melaço ........................ . \lilh~ ..................... . ...........• ")leo de mamona ou ricino

46

cento uma · .arroba

cento libra arroba lib_ra

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~

D'.::rio O.as Alagcc.~ .l.l' 7 de setemlno de 1865, um ano antes da instalação da ASSOCL.\.· ÇAO CO.Mf.ltClAI, DE l\1ACEl0, data. em que éste diário ainda circulava.

(Da hemeroteca do A.P.A.)

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1 do dito puro . . . • . . . . . . . . . . . •..•.. ftlu de cabra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . uma &,lltas de carneiro . ..................... . f61vora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . libra "pé .... ....................... ... .. .. . .. bão comum ou de lavagem ......... . .. , comum ou de cozinha . . . . . . . . . . . . . . . '3.lquelre .. b<> em velas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . libra loln. da terra ......... ... ..... .. .. .... . r1bACO em pó . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . arroba faploca ............................... . Unhas de boi ... . ............. • ... . ... . '1'1111clnho ou banha salgada ou em snlmora cento

S50'l S400 sioo

1$GOO 1$200

SlOO S600 S400 $400

!OSOOJ 9$000

10$000 1$280

Alfê.ndega. de Alagoas, 80 de dezembto de 1866. O Ins· ~or - José Antônio de Ma.galhães Basto~.

Dos gêneros constantes da Pauta transcrita, apenas o mel ou melaço e as unhas de boi aparecem com os pre­ces majorados na «Pauta Semanal> atinente ao período dl' 2;? a 29 de de7.embro de 1866, já que ali foram cota­dos a $140 réis a libra e 2$000 o cento, respectivame~tc Quanto à quedas de p1·eço, as maiores acorreram com o algod~o em caroço; algodão em rama ou em lã e com t> açúcar branco, cotados em dezembro de 1866, respec­tivamente a 3$000, 12$500 e 2$100 a arroba.

João de Almeida Monteiro, mais de uma vez inte­irante 'da Diretoria da nossa .Alssociação Comercial, ulém de Agente da Companhia. Bahiana. de Na,rcga.çâo, Ma proprietário de uma refinaria e torrefação, na qual l'm março dé 1866 vendia, conforme anúncio estampado eim jornal da te1Ta, «açµcar refinado branco a 4$800 réis a arroba e o mascavo a 3$800; e café moldo a 12$000 a arroba».

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peças) l guarda.louça, consolos, bancas, mesa donda, canapé, cadelra.$ simples e de braço, bros, mangas, espelhos, l cortinado, além de tea de mesa.

As 11 boraa do dia.

Falamos até agora em preços de mercadorias. salários dos trabalhadores naquele ano de 1866?

Um documento coevo, ofício dirigido à Presidê da Províri.cia em 19 de dezembro do mencionado pela CiDlal'a Municipal de M.aeeió, veio permitir fi mos a par dos salários dos trabalhadores da época,

· clusive do trabalhador rural, e não só também do o rárJo comum, como igualmente do especializado.

Naquela correspondência a nossa Câmara Mu pai teve o ensejo de informar que «o salário dos ope rios que se empregam nas obras públicas e partlcul regula de um a quatro mil réis, e os dos serventes e balhadores que se empregam nas mesmas obras e agricultura regula de 800 a 1$200 réis>, por sem (71)

(71) <iA.M.ARAs MUNICIPAIS. 1865-1866 (Correspondên1:la cebida) .Maço 23, Est. 18, do A.P .A.

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A ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEIÕ

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. ANTECEDENTES

Ao iniciar-se 1866, ano da fundação da ASSOCl.Ar l) COMERCIAL DE MACEI:ó, a então Província das

lu~oas era presidl.cla pelo Dr. Esperidião Elói de Bar­t'imentel, nomeado a 8 de julho do ano anterior, e

ui chegado a 29 do mesmo mês, para tomar posse do 1·1:0 d(ns dias após .

·O Império do Brasil há um ano e três meses acha-1&-sc eo.golfado na Guerra do Paraguai, e as suas armas ~aviam colhido os triunfos de Riachuelo, Paissandu e

ruguaiana. A grande república americana do norte lutava ainda

m grandes dificuldades para a reorganização dos es­tAdOs sulistas, cujos exércitos haviam sido batidos numa l't.'hida guerra civil de quatro anos - a Guerra ja Se-

ressão. Mais em decorrência desta guerra civil, na década

dt• 1859 a 1869 não só o comércio de Maceió como o de toda Província das Alagoas, que gravitavam principal­mente em tôrno do açúcar e do algodão, teve um gran­de desenvolvimento, mais acentuado de 1862 a 1868, jus-1 tlmehte no período daquela guerra e nos primeiro<; anos após o seu término, de verdadeiro caos para a agricul­H ira americana, quando se intensíficou a procura do al­godão em nosso mercado, destinado a alimentar os tea-

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res inglêses, trazendo -em consequencia a elevação preço do produto e o aumento do seu plantio .

E tal desenvolvimento poderia ter sido maior, estivesse a Província encravada entre os dois cent comerciais que a comprimiam - Pernambuco e Bahia e não viesse também a se ressentir com a falta de b ços na lavoura, agravada pela Gu~rra do Paraguai, pa cujos campos de batalha contribuiu a pequenina .!

co povoada Alagoas, em várias administl"ações, a p tir da presidência do Dr. Joã1> Batista Gonçalves Cam com quase 4. 000 homens.

No tocante ao comércio de Maceió existia um f tor prejudicial ao seu completo desenvolvimento: -concorrência que lhe movia a florescente vila do Pilar - /ocalizada em. ponto central, em comunicação com mar através das lagoas e canais da região - aond chegavam mercadorias vindas de Pernambuco, não su jeitas ali à tributação imposta na capital, dando Juga a que o comércio. de Maceió, notadamente o reta~hista, fôssc paradoxalmente menos movimentado do que o da­quela vila, para onde convergiam os negociantes d principais pontos comerciais da Província, a começar pelos de Maceió, seguindo-se os de Penedo, Camal'agibe e São Miguel dos Campos, para ali suprirem-se de mer­cadorias mais ~m conta.

Clamava principalmente o comerçiante maceioense, contra a cobrança do impôsto sôbre bebidas alcoólicas, apenas exigido na capital.

O nosso comércio igualmente se achavu a braços com o problema da inexistência de estradas de forro e de boas estradas de rodagem para escoar os produtos da Província, haja vista a grande quantidade de algodão que saía dos nossos centros de produção diretamente para Pernambuco, já que os agricultores alagoano.:J atin­giam com mais facilidade e menos despe3a a capital

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.,,,i crédito e o Wüco , ~ro est.abelecunento c:'MEllCIAL - é êste

Do nosso P 1866 - a CllXA •A-.. 1ro de 1856. . msiente em ._ .. º de 2'2 de ........ aqw. --a-1uvo, ela- ) Estatuto, o v•- U ...... o. do A.P.A.

(Da bib o..,-

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Anúncio comercial de 1866, - O progressista, 3 fev. • 1866 - por onde se vê que o colllércio de confec·

ções não é do!I nossos dias (})& bemeroteca --- do A..P .A.) ___.--

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, ·

mbucana, servida por ferrovia, do que o ancora­ra de Jaraguá, aonde chegavam os produtos onera­

t>elas despesas resultantes das viagens atra\.éS de 1,les veredas, pomposamente denominadas esn·adas.

A carência de estradas de rodagem, entretanto, cau­ra da dificuldade de ligação dos centros pr >duto­nos portos de embarque do litoral, não era apenas

orrente dos minguados recursos financeiros da Pro-ncla. A descontinuidade administrativa, oriund" das rvitantes substituições dos nossos administradores, tra­

como funesta conseqüência, a paralisação, pelo Che­do Poder Executivo substituto, dos serviços de cons­

trução de estradas por ventura iniciados pelo anterior, ,.,. em seguida atacar em outros pontos, dando ensejo 1 ll' perder o que com sacrifício já fõra começado.

Ê de se acrescer ainda o fato de que «a administra­GAo ~elas (de estradas e outras obras públicas) nesta .província tem servido de meio de esbanjar dinhebo pe­la• influências locais,., declarava a Cã.mara. Municipal de ,....ió, em oficio de 19 de dezembro de 1866, erviado tm resposta a uma Circular da Presidência, datada de :I:\ d~ agôsto do citado ano, (1) por onde se comprova que o mal é antigo; a corrupção não é dos dias atuais.

Quanto à indústria, destacava-se pelo vulto de em-11rt.'Cndimento. a fábrica de tecidos da Companhia União •ercan~ que comeÇara a fazer funcionar os sem. tea-rt~ em 1864, com uma produção de 3. 592 peças ue pa­nos grossos, de algodão, aumentada para 4. 773 peças,

rro ano de 1866. A referida Companhia fôrü fundada em Maceió em

:\ 1 de janeiro de 1857, por Jllsé Antônio de Mendonça,

1 1 l cA.?vtARAS MUNI CIP AIS. 1865-1866 l correspondência re· cebl.do.) Maço 2S, Est. J.8, do Arquivo P(lblico de A'agoas.

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Barão de J araguá, com o capital fixo de cento e cin­quenta contos - cento e cinquenta mil cruzeiros em moe­da atual - dividido em 50 ações de Cr$ 3:000$000 réis.

Com o início do funcionamento da fábrica, na loca­lidade de Fernão Velho, inaugurou-se a indústria têxtil em Alagoas.

Foi ela igualmente o ~rimeiro estabelecimento in­dustrial alagoano de vulto, pois na época, afora os en­genhos de açúcar, eXistlam apenas, disseminadas pela Província, as chamadas «fábricas de pilar arroz», a va­por; as de extração de óleo de mamona e alambiques de destilar aguardente, do qual o mais afamado era o do ca.pitão Macárlo da Costa Moraes, situado na Bôca da Caixa, ilhota da lagoa Manguaba.

Podiam ser ainda encontrados, espalhados pelo ter­ritório alagoano, pequenos fabricas caseiros que, dada a insignificância da produção, não justificam maiores in­formações a respeito. É o caso da «quase primitiva in­dústria das classes mais pobres de fiar e tecer algodão para panos grosseiros, da qual nos fala José ALexanch'i­no Dias de Moura - de torcer os filamentos do tucurri para linhas e rêdes de pescar, de fazer azeite de carra~ pato (mamona) e dos frutos dos coqueiros e palmeir.:is.. · de fazer farinha de mandioca, d2 araruta, etc.> (2)

' Estabelecimentos de crédito na. época apena.; cxis:. tia um - a C2.ixa Comercial, instalada em Maceió em

(2) MOURA, José Alexandrino Di'as de. «Apont'lmentos sôbre diversos assuntos geográfico-administrativos da Prov·ncia das Alagoas», in Reta.:ório lido perante a Assemb'éla Le­gislativa da Provincia das Alagoas... em 16 de maio de 1869 pelo Presidente da mc;.ma o Exmo. Sr. Dr. José Bento da Cunha Figueiredo Júnior. Maceió, Tip. Comercial de A. J. da Costa, 1869.

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. Econômica da. com o nome d~ ~~finalidade. cfa­

\ro de 185~,, tendo como prmc1~a meios fáceis de t~ de ~ia.ce1~ classes da soc1edad~omércio líci~o·~ e

\ltnr a tôdas itais reunidos ~m d e à previden-mular seus cap r do trabalho, a ordem seus Eshtutos

bltuá-las ao ~~tava do artigo lal9

• º~a em 27 de ja­' conforme tsembléia Geral re rza

rovados em . h 0 de 1856 . ( 3) . a.d de l\laceió foi o pri-

~ · da. c1d e tendo co-Carixa. Econonn~ ário de Alagoas, ·nstala-

lro estabelecimentolQ b~~~unho do ano de sua u d Perar em

'' ~11 o a o . ho o (4) 807 de 18 de JUn

. erial de n. 2 ·- d• esmo estabe-Por Decreto i~P a «a conversao ~ m .1xa. Comer-

... 1861 foi autor1zad denominar-se-a Ca Banco "'' ' outro que tro nome -t'lmento em . funcion:mdo com ou ""' ainda hoJe

n, Mercantil S/ A. osta dos srs. A~trQ Diretoria era comp de Abneida

Em 1866 a ~a(Diretor-Gar~nte)' ~:::. Joaquim ~ lk&r:l-0 de Jara~ da. Costa. J.>ere1~ C~ . Prado, FraJ\Cl~­MonteiN, ~lnoe l\lanoel do Na.sc•lmJenn~\Úlll Duarte Gm-1,unha. )lerre es, "~de e itanoe o-1 " . de Anw-aiu 10 Ferreira. bt1'dos

- lucros 0 l\tt.raes . do aludido ano, o~ <de 18:333$840

No 1 Q semestre tingiu a quantia t de letras a l) >l' descon o

re .. Cidade de Maceió, Econômi.: a da. . ei.ro de 1856. TUTOS da Caixa. d 27 de )an

131 Es'f A Assembléia. Geral e S. apro\a.dos em . 1 do Tempo, 1856, P· ·a' da. cidi!de de

T'p Libera . comerei · G Maceió, l . Direção da Caixa em Assembleia e·

l ·\l RELATóRIO da s seus acionistas . A<:!~OCIAÇõES. ·esenlado ao (mS) 1n "o::> d

:Maceió, apl verciro de 18G6. . MMº lS, Est. 2, o ral de 7 de fc dênc:a ieccbida)

7 , corrcsp011 1856-187 . \ A.P.A.

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Doca ·t estatut PI al de 500·()()() 252 os, apen . $000 :700$000 (d as havia sid consignado -tos cruzeil' uzeentos . o realizada então em

os). (5) e cmquenta e d~ qu~ntia de Era

4

oIS mil · • cio i·nd. es~e, em linhas e setecen.

• ustri ger · ASSOCIAÇ a e agricult ais, o estad ÃO COMERCIALura, quando doº do nosso r:>mé DE aparec. r-MACEiô. ime1. to da

RELATôRIO ... em As da Direção CI sembléia da Caixa

AÇl)ES . 1856-18 Geral de 15 d . Comercial ap 77, cít e Janeiro d re-.-entado ·· e 1857 · ASSO.

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As 12 horas do dia 22 de julho de 1866, na sede da Soci"1aA1e ])r"1nática l'~ -1 .. -. no prédio

• do Teatro MaceioeJlSO• na antiga rua do RosàriO, desta cidade, atual João pessoa, reuniu-se cgrande número de .1iomerc1antes convidados pelo negociante JOSE JOAQUIM ·DE oLJVEIRA para o fim de tratar-se da criação de uma AssQCiaçâO Comercial nesta província, tendo por sede

· ·.esta Capital~. (1) Exf)OSto o fim da reunião ce sendo por todos apro· • vada a idéia iniciada, - consignou a ata da referida

reunião - tratou-se de promover a assinatura de todos os presentes que a ela aderirall\• os quais ac!atnaralD para p,.esldente provlsõriO da mesma AssOCiac;ão ao mes· mo José J-olm de ()lh'elra, para Secr<târio Josó Vlr­ginio TeJnlra d• Ara6Jo e para Tesoureiro FrancillCO d• VOSCOiioe}oll Moudon<;a. os quais tomando os respecti· vos assentos. proced<U-50 à leitura. dlsCUSSio e aprova· çâO do establt.OS que têm de reger a mesma AssOCÍ"çâO>·

( 1) ATA .. - .............. ..__. .... come<clal .... tada de 22 de julho de 1866, apud. BERNARDES JttNIOR. <A ABSOCiação cornerclal ae }.{aceló~ seus expoentes e seus

fe\tos>. O Dl6rfto. }.{aceló, 21> set. 19SO·

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Achava-se o açúcar, então relegado a um ~~~ºâ~~~~antado pelo algodão', que atravessav:c a

Não é pois de se estranhar d · aºâiantes exportadores de algod~ogr~~ ~u~~~er~o~e

a ?res. da ASSOCIAÇÃO COMERCIAIL DE MACE :ss~m e que, dentre os seus 28 sócios fundadores ape m~~~r erpa:iiaemxport~dores ~aquele produto agríc~la.

. • a e negociar com êle po · -~~r;: assinado ~ «Contrato de Inspeção' do ~I;od~~~

- de 22 de Julho de 1866, justamente do dia da f daçao d_aquela Associação, por intermédio do q 1 gamos aquele raciocínio. (2) ua

. Bem merecem ser aqui consi nados sócios fundadores . da ASSOCIAÇf.o CO~~R~~~ MACEI_?, dos quais apenas os últimos oito ao que ~~~ªJ0~efc1~v~ c~m. algodão: José J,~quim de da. M . trg1~~ Teixeira de Araúj:>, João de AI de A o~tell'O, Antôruo Ferreira Prado, Antônio Teixe xeira. ~~~ G~~~~ ':!!ª~ Wucherer, José 1A ntônk> ça, Fra . ' p· º ncisco Soares, João ·J'psé da. G

nc1SCO ll'eS Carneiro Félix P . d

!i3~°:ic~ ~y~doJ 1't:tta, jos~ ~anô~r~iist!, 8.:n José de Farias ~ a.cl mFto J«?se N~es ~itb, Domin

. , oe errema Gwmaraes Jo • An ruo de Mendonça (Barão de Jar!lD"ná) Ma ' I Cse da. Bocha Júni vai· . . """'... ' n•ae asem Rocha Silv or, . eno José da Graça, Fortuna.to noel de Va~=ncJS~ _de Vasconcelos Mendon~a. tôniq) Pereira. Les:-~:1.ºj~· Rodolfo ·Finck, João A Manool Martins d Mi e r<1,Uc~ .dos Santos Carre Moraes. . e randa e Amenco Neto Firmiano

( 2) O PROGRESSISTA. Maceió, 27 de j 1 u . 1866, p.

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Logo após a fundação da referida entidade de elas­' os seus dirigentes promoveram a assinatura dos ne­

lnntes que não compareceram à reunião inicial, con­lndo obter cnesta capital, na vila do Pilar e nas ci· s de São Miguel e Penedo o número de 100 acionis·

, os quais pagaram a competente jóia marcada pelos tatutos>, na importância total de 2:000$000 réis, ou se­m, 20$000 rs. cada associado.

Necessitavam também conseguir logo uma «casa d'• pudesse funcionar a Associação, à qual reunisse os modos necessários, e achar-se no centro do comércio» .

E foi encontrada uma, pertencente ao negociante 6Ux Pereira. da Silva, membro da nova associação, que

a nlugou por 30$000 réis mensais, pelo período de dois lftO!t, cépoca suficiente para gozarmos as benfeitorias euci n~la fizemos>. (3)

Foi despendida, na limpeza e decoração da sede so­ai, inclusive com a aquisição do mobiliário, livros e

outros objetos indispensáveis, a importância de 1:576$590 b1, incluindo-se 156$000 réis gastos com a Carta de

Ubc•rdade da pardinha Benvinda, <ato êste que tem por fUn solenizar e perpetuar a memória do dia de hoje>. ( 4)

Dezesseis dias depois da realização daquela primei­n.•união, a 7 de setembro de 1866 ocorreu a instala­

º solene da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEiô.

A sua Diretoria provisória já havia também toma­do outras providências de caráter administrativo, entre

lll11 o envio dos estatutos sociais a Pernambuco, ao Tri-

RELATôRIO da Assoclação Comercial de Maceió, apre· sentado pela Diretoria Provisória, no dia 7 de setembro de 1866. O PROGRESSISTA. Maceió, 12 set. 1866, p. 1.2.

RELATORIO, cit. nota S.

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bunal do Comércio, mandando-o depois de registrado, bir <a presença do Govêrno de S. M. o Imperador intermédio da Presidência da Província, para o fim serem êles aprovados»; as nomeações dos srs. Man Antônio Lopes da Silva Muritiba e Jacinto Manoel Silva, para exercerem o cargo de guarda-livros o p meiro, com os vencimentos de 600$000 anuais, e de xeiro o segundo, com o ordenado de 400$000 anua redigido coITespondências «para diversas praças da ropa, da América e para tôdas as do litoral do Irnpé pedindo a remessa de preços correntes», bem assim p videnciado a assinatura de jornais comerciais de vári países e das capitais mais importantes do Brasil, «a f de termos notícias de tudo quanto é necessárío p maior desenvolvimento do nosso comércio», (5) naquel tempo em que os jornais da Província estampavam n ticias transcritas de outros órgãos do país, de dias dias atrás.

• Afinal ,de contas, convém I~mbrar, não, gozávam

ainda dos benefícios dó telégrafo, já que a inauguraçã da estação 'telegráfica de Maceip sómente ocorreu no · 12 de ab~il .de 1873. . , .

Abrindo a aludida sessão so~rie de instalação nossa Associação . Comercial, · JOSÉ JOAQUIM DE OLI VEIRA pronunciou um discurso, . sem nenhum favor, primoroso. Decorridos hóje cem anos daquela soleni· dade, ainda assim permanece atualizada em seus con ceitos, aquela «peça em que brilham, ào mesmo tem­po, o observador. e o profeta, o estudioso e o burilador de frases, o agitador e o evangelista». (6)

Não será fora de propósito escutar as suas própria~ palavras:

( 5) RELATôRIO cit. nota 3. ( 6) BERNARDES .TúNIOR,· tr. cít.

-62-MACEIÓ assinado por José Joa·

Ofírio da ASSOCIAÇ.AO COMERC~AL DEJosé Vir~io Teixeira de Ara.ujo, , fundado•· - e A )

uim de Oliveira. - seu . . t · (Do aeervo do A.P. · q .. ~ sua primeira Dire ona. membros...,. .

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A Z<! de julho de Jfi6'i . neste edifício, cnliio sede d)1 Sociedade Dramática Particular Macelo· ense, foi rundacla a ·\.~SOC>'.AÇAO CO!\lERClAL DE MACEló. Hoje é terreno baldio da rua

J&,ão Pessoa, defronte üo pl·edio <los Correios e Telégrafos (Da fototeca do A. l' A. )

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1

..

Ne:sle l'tli[ício, demolido ~ll\ 19\4. t1tncionou a .\SSOCJAÇAO COMERCIAL DE MACEJO, :mo:.; após a sua rondaç!ío Locnl'1t1clo ontt~ lw 1e H' acl\,~ o "Ponto Central", 11a esquina da .roa do Comércio rorn u s.-nauor Mt•nJonça, foi a residência oficial de !\ielo e Póvoas, nos·

so udmeiro 1:0,crnantl', dl' 1819 a llt!l (Da fototeca do A.P .A )

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_,

1\ntígo a<;pccto da rua Sá e . .\lhlll!Ucrq_ue, vcutlo ::e ~m :,,eg1mdo 11la110, i1 esq_uenla, com 'wna tabuleta, um dnS prédios onde po1 muitos wos eskvc .i. ASSOCIAÇÃO ·.:or.U:RCl.l\l.

Jfü MACEl.Ü, e que tem 1n:cs~ntemen\e o n 5úú. tDa fotl'teca do A P A )

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Meus senhores, não posso, nem comporta & oca­sião, di&ertar-vos sôbre a utilidade e vantagem do comércio. Vós, melhor do que eu, .sabei.'! que ixw êle o império das ciências dilata suas ballzas, ram1. ficam-se as artes, trocam.l:le os conhecimentos hum.a. nos, e os gênios mais ilustres, dectacados por di~

tâncias imensas, acham entre si um ponto de eon· tacto. Tiro e Babilônia, o Egito e a Grécia, o Bnt­sil e a Nova Zelândia, os pa!ses que nos ficam maie próximoi;i, e os que nos são mais longínquos, saúdam· se, cumprimentam-se, e mutuamente i;e aux:iltam. O comércio faz, pois, do Universo, uma familia de a­

migos. Sob outra face, os Estados assentam e repou~m

sôbre a base do comércio, nesse manancial perene de prosperidade pública : julga-se um povo por aquilo que ê!e pode.

«Modesto, cavalheiresco; José Joaquim de Ofü-ein . reparte a glória do seu ato magnânimo - o de libertar uma escrava do cativeiro, 22 anos antes da «Lei Aurea» -

• com todos os seus companheiros .Atribui também a in· tenção dêles a todos os seus associados, alguns, talvez, atê bons escravistas, o que, naqueles tempos, era co­mum, desde que o negro, constitufdo como objeto de pro. priedade privada para a serventia dos que o adquiram a pêso de ouro, como o boi e o cavalo, nem sempre me· recia a estima e os cuidados que se dispensava a êstes»: (7)

Eu e meus_ co.mpanl1eiros membros da Dire~oria provisória que hoje finaliza seu mandato, - · prosee­gUia o Presidente - torna ndo-nos intérpretes do!! vossos sentimentos, quizemos dar mais uma prova

( 7). BERNARDES Jtl'NIOR, tr. cit.

- 63

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de que a Associa9ã-0 C-Omcrclal de l'\tacel6 começa tir'lcln·o selando-o com um alo de raridade, o liberdade.

Eis, meus senhores, o objeto sôbre quem lhdistintamente nos.."38 -atenções. A inocel'lte Be da, menor de 10 meses de idade, deve sua liberdn Associação Comercial de 1\laec;ó ! O sol que dardeja brilhante esclarece o arrebatamento de vlt!ma das garras da escravidão!

Não nos ordenastes êsse ato; mas penetr em vossos corações, e reconhecemos que tal era sa louvável intensão. Fique portanto assinalada bertura de nossa Associação no dia 7 de setembr 1866 com um ato de benemerência, a fim de qu gerações vindouras possam abençoar, apreciando benefícios desta Associação a seus auto1es.

· : · Adiante, em seu discurso, o fundador da ASSO .. · ÇÃO COMERCIAL DE MACEió «traveste-se no sol

rizador das classes laboriosas para as conquistas su res, conclamando, em gestos de eloquência, - o a vos uns {los outros, a frase bendita que divinisaria e

· se jã não fôra divino antes de pronunciá-la.

Aténtai, senhores, na magnificência destas vras>: (8)

'·:.

Haja a maior união entre nós, lrmanenio·nos pensamento de nosso comércío, que teremos a glórl ver os frutos de nossa abastança transporem m~ior abundância os mares, e serem levados às giões mais afastadas.

Devemo.s empregar todos os esforços para qu intrigá, o enrêdo ou a desconfiança nã.o quebre união que deve reinar entre nós. Haja

( 8) BERNARDES JONIOR, tr. cit.

-64-

quo esta Assoc:açào produzirá O!( bciief'.cios que dela só devem esperar: nem !'emp:-e no principio ee co­lhem flôres .

Registrados se acham, aqui, os conceitos do inspi­rador da entidade centenária, ainda atuais, como se viu, a despeito do passar de um século. ' :.,!;é Uma das primeiras providências - se não a pri-meira - tomada pela então recentemente fundada ASSO· CIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió, com a finalidade de salvaguardar os interêsses dos comerciantes maceioen· ses, foi a reclamação - cujo original, a exemplo de tan­tos outros documeentos dessa velha entidade, fomos en­contrar no Arquivo Públio!> de Alagoas - dirigida ao então Presidente da nossa Província, José Martins Pe­reira de Alencastre, em forma de requerimento, «contra ~ prática que seguem as Mesas de Rendas Provinciais de S. Miguel e de Penedo de cobrarem direitos de ex­portação dos gêneros nacionais que saem para esta pra·

• ça, cuja prática traz grandes desvantagens e prejuízos ao comércio, razão que fundamenta a presente redama­ção>. (9)

• * • Baldado o intento do Govêrno da Pro\'íncia, através

da inspeção pública do algodão, no sentido de evitar fraudes nos embarques do produto, de pôr fim à falsifi­cação que foi ao ponto de se encontrar pedras, barro, sa­cos de areia e outros materiais em fardos de algodão, chegando a baixar em 5$000 - quantia de vulto na épo· ca - a cotação daquela mercadoria em relação a Per· nambuco, a 22 de julho de 1866 um grupo de quarenta e três negociantes exportadores, todos estabelecidos em

( 9~ ASSOCIAÇõES. 1856·1877, ma~o cit.

-65-

Page 53: Sant'ana uma associação centenária

. Maceió, firmaram um convênio para a inspeção pa · · lar' de todo o algodão que tivesse de ser adquirido

signatários do aludido convênio.

A restauração da antiga Inspeção de Algodão, partição pública então extinta, chegara a ser preco da· pelo Vice-Presidente da Província das Alagoas, exercício da Presidência, o Dr. Galdino Augusto da tividade e Silva, em Fala de 4 de maio de 1866, em · de do «depreciamento, em que está o nosso algod o modo pouco escrupuloso de muitos vendedores e pradores o tem levado a um grau considerável de bição a ponto de infelizmente presenciarmos quase t os dias apreensões em sacas, a péssima qualidade

· quais atribui-se à falta de tal repartição; único re ou meio capaz de restabelecer no mercado estrange · fama que outrora merecia êsse gênero de mercad desta Província». (10)

Seis anos após, - então já havíamos perdido o cado inglês de algodão - em reunião realizada na SOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEIÓ no dia 1 outubro de 1872, a Junta de Direção e alguns s da entidade, num total de doze entraram em desac com a maioria dos presentes, quando da escolha de mais eficazes para sustarem os motivos das . repe reclamações dirigidas por comerciantes do mercado ropeu; principalmente em virtude de avaria e quebra pêso em fardos de algodão.

Não se chegando a um acôrdo, a referida J de Direção demitiu-se e, juntamente com . outros ciantes exportadores que pelo mesmo motívo ha

(10) NATIVIDADE E SILVA, Dr. Galdino Augusto da. . dlrigida à Assembléia Legisla'tva das Alagoas ...

Ylce-Presidente da Província ... Maceió, Tip. do Bel. da Costa Moraes, 1866, p. 3.

-66-

• retirado dos quadros sociais daquela Associação, fir-11u'dlll um outro convênio p..trticwar, em ~8 de outu- ··

bro de UH.:::?, (llJ para a iru~ao do algodão, que fun-ionou ate Janeiro de 18't;:s. ·

Posteriormente, reconhecendo que tal estado de coi~ traria, como de fato trouxe, sérias dlf1cuidades e

•svantagens ao comércio, reuni.rdm·se por mútuo acôr­>, . ficana.o como dantes, e mais aperfeiçoada, uma úni-

mspeçao daquele produto, pernutmdo assim que vol­asse o mesmo a ser melhor cotado nos mercados da uropa,. a par com o mesmo produto ormndo das demais 11>v111c1as do imptr.ó e acuna do provemente dos Es-dos Unidos.

O m~smo, infelizmente, não acontecia com o açúcar, 1J.t quahdade era const.mtemente objeto de reclamações H mercados consumidores, prmc1p.:1.1mente contra a es-111tosa quebra de pe;o cu.it:uladu entre 15 a 25%.

Visando acabar com as citadas reclamações e o tíse.g_üente desprestígio do açúcar de Alagoas no m~r-

L(jjo mternac1onul, e que a A~:::sOCIAÇÃO COMERCIAL l·~ MACEió, a exemplo do que já fizera com o algodão 10~ _em ~872 uma Inspeção do Açúcar, providênci~

lll' . nao foi. bem compreendida, levantando-se contra ela manha gnta que o mencionado órgão de classe resol­•u extinguir tal serviço.

As vantagens a se-·em colhidas com o estabeleci­Pnto d': nova_ medida transp..treceram logo nos dias ini-

1 ~l~ da msf)'2çao1 «ta_nto que os primeiros açúcares que 1~1 am ao mercado mspec1onados, se não foram como 1ria de desejar, não foram mel ensacado.» (12)

JJ!Ã.P..IO DAS ALAGOAS. Maceió, 30 out. 1872. p. 1. RELA TóRIO de 5 de março de 1873, diligido pela As· sociaçLo Comercial de Maceió ª'·' p . e. i<.!en e da Provlnci~, in ASSOCIAÇõES. 185f-1877, M"<?ço cit.

-67-

Page 54: Sant'ana uma associação centenária

Os fatos revelados no presente histórico, a respeit dos primeiros anos de funcionamento da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEIÓ ratificam plenamente a nos­~ª firmativa, exarada na Nota IntJ:odutárla de que a his tória daquela Associação é a própria história do a.çúca e do algodão em Alagoas, à qual está intimamente vin­culada.

-68-

. · ... '..;.:.' ,"';.: :

:.' ... •·••.. ''!.. 4 . ~ •

... . ._ . .. . .. ' ...... ,,

DffiETORIAS DE 186G a 1966

.. -· . rr•sidente lc ·c-Pre::;idente •t·retário soureiro

1·11sidcnte lc · ~-Pre::;idente eretário

l'soureiro

1 c•sidoznte Ice-Presidente c•retário

1866/67

José Joaquim de Oliveira Fortunato da Rocha Silva

• . .. . • ~ 4 •• •

' .. ;' ' • 1"' , ·.•:,

Jo3é Virginio Teixeira de Araújo Francisco de Vasconcelos Me.ndq.q~a .. :·

1867/68

Manoel de Vasconcelos C. Rodolfo Finck

'' ..

Antônio Teixeira de Aguiar. Jo:;;é Gonçalves Guimarães .

1868/69

.• .: . ~ . ; .. ,:: ... , .. ~ .

... .. ;.

Gustavo Guilherme Wucherer.·. ·:. · ' · Manoel José Batista ... ·~ . : :~ ( Cündido Venâncio dos Santos João de Almeida Monteiro

' 1869/70

Amérlco Netto Firmiano de Moraes . W. W. Robilhard ·· ··:··"·" José de Araújo Rangel . · ,. :"~ . ." José Virgínio Teixeira de Araújo··

Page 55: Sant'ana uma associação centenária

Presidente Vfce.-Presidentc Secretário Tesoureiro

Presidente Vice-Presidente Secretário Tusourelro

Presidente Vice-Presidente Secretário 'l'esouretro

1870/71

Peter Borstelmann João de Almeida Monteiro João de Almeida Monteiro Filho José Virgínio Teixeira de Araújo

1871/72

Manoel de Vasconccllos Vicente Alves de Aguiar João de Almeida Monteiro Filho José Virgínio Teixeira de Araújo

1872/ 73

Tibúrcio Alves de Carvalho Llewelyn Jones Manoel José Alves Tosta José Virgínio Teixeira de Araújo

Obs. : Esta Diretoria funcionou de 22 de agôsto a 4 d novembro de 1872, quando renunciou, sendo elei ta a seguinte:

P1-esicl-~nte Secretário Tesoureiro

Américo Netto Firmiano de Moraes José Joaquim Tavares da Costa Vicente Alves de Aguiar

Obs. : Renuncinndo êstes dirigentes, em março de 18 foram substituídos pelos que seguem:

Presidente Secretário Tesour-eiro

Joaquim da Cunha Meireles Justino José de Souza e Silva Manoel Alves de Aguiar

-70-

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoure ire

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

1873/ 74

Manoel de Vasconcelos. João de Almeida Monte.iro . João de Almeida Montell'O Filho Justino Esteves Alves

1874/ 75

José Virgínio Teixeira de A:raúj~ Manoel Joaquim Duarte Gurmaraes Manoel José Alves Tost~ Bwto Joaquim de Medeiros

1875/76

José Virgínlo Teixeira d: Araújo Félix de Moracs Brandao Cândido Venâncio dos Santos Francisco Ferreira de .Amdrade

1876/ 77

Obs . : Reeleita a Direto: ia anterior

1877/ 78

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

Presid.ente Vice-Presidente Secretãrlo Tesoureiro

Antônio Teixeira de Aguiar Antônio Ulisses de Carvalho Manoel Ramalho Justino Esteves Alves

1878/79

José Antônio de Almeida Guimarães Manoel Casemiro da Rocha João Eugênio Machado ~e Lacerda Henrique da Cunha Rodrigues

-71-

Page 56: Sant'ana uma associação centenária

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

Presidente Vice-Presidente Secretârio Tesoureiro

Presidente Secretá1fo Tesoure.iro

Presidente G('crctário 'l'c:;oureiro

Prcs.idcntc Sc>cretárlo Tesoureiro

1879/80

M~:ioel Antônio Guimarães Fcl.L"( de Moraes Brandão Gmdo Martins Duarte Francisco Pedro de Almeida

1880/81

lVIanoel de Vasconcelos Teodoro Braash Manoel José Alves Tosta Manoel Ramalho

1881/82

m;:ioel de Amorim Leão F:Iix. de Moraes Bandeira Cândido Venâncio dos Santo~ Manoel José de Araújo !>

1882/ 83

J~::;é,.Virgínio Teixeira de Araújo s~~na.tc~o Venâncio dos Santos J. wurc10 Correia de Araújo

1883/ 84

Jos.6 Virgínio Teixeira de Araújo ,J uho de Assis Carvalho Justino Esteves Alves

1884/85

l'-~a:1 ocl. de Vasconcelos ~ullo de Assis Carvalho Just~no Esteves Alves

-72-

l 'residente Secretário Tesoureiro

1 >residente Secretário Tesoureiro

Presid~ntc Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

Presidente Vice-Presidente Sccretálio Tesoureiro

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

1885/ 86

José Virgínia Teixeira de Araújo Cândido Venâncio dos Santos Tibúrcio Correia de Araújo

1886/87

Manoel Antônio Guimarães Júlio de Assis Carvalho Januário Lopes da Siiva

1887/88

José Virgínia Teixeira de Araújo Carl Kansing Vicente Venâncio Justino Esteves Alves

1888/ 89

AIIDérico Netto Firmiano de Moraes Edward Martin Lcgêne Januário Lopes da Silva Justino Esteves Alves

1889/90

José Virgínio Teixeira de Araújo Manoel Ramalho Guldo Martins Duarte Januário Lopes da Silva

-73-

Page 57: Sant'ana uma associação centenária

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

Presidente Secretário Tesoureiro

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

1890/ 91

Ma~oel Ramalho Jo~ Teixeira Machado G~1?0 ~artins Duarte Tiburc10 Correia de Ar .. auJo

1891/92

José Virg' · Tib. . imo Teixeira de Araújo

N urc1.? Alves de Carvalho

apoleao Goulart Olímpio Éter

1892/ 93

Tibúr:io Alves de Carvalho J oaqmm José de~ · · . Libera to Mitch ll auJO Lima Rocha Do

. e mmgos José de Farias

1895/ 96

Jos Alves de Agui Joaq~im Inácio Lo~eiro Dommgos José de Farias

1896/97

Tibúrcio Alves de C Pedro de A1m ·a arvalho L.b e1 a

~ ~ra~o Mítchell T1burc10 Correia de Araújo

-74-

1900/ 01

Presidente José Virgínio Teixeira de Araújo

Vice-Presidente Henrique F. Von Sohsten Secretário Serafim de Albuquerque Silva Costa

Tesoureiro Tibúrcio Correia de Araújo

l~ :..'~- ..t. "-•

1905/06 :~

Presidente Comendador Teixeira Basto Vice-Presidente Secretário Luiz Lavenere Tesoureiro

1915/16

Presidente Pedro de Almeida Vice-Presidente Francisco de Assis Vasconcelos

Secretário Arsênio Fortes ·Tesoureiro Antônio de Bessa -• 1916/17

·Presidente Pedro de Almeida Vice-Presidente Francisco de Assis Vasconcelos

Secretário Serafim de Albuquerque Silva Costa

Tesoureiro Manoel Afonso Viana

1917/18

Obs. ; Reeleita a Diretoria anterior

1918/19

Obs . : Reeleita a Diretoria anterior

-75-

Page 58: Sant'ana uma associação centenária

1919/20

Obs. : Reeleita a Diretoria anterior

1920/21

Obs. : Reeleita a Diretoria anterior

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

Presidente Vice-President.t:• Secretário Tesoureiro

1921/22

Francisco Polito Alvaro Peixoto Dr. Homero Galvão Carl William Broad

1922/23

Francisco Polito Alvaro Peixoto Dr. Homero Galvão Antonio Florêncio Júnior

1923/ 24

Francisco Polito Alvaro Peixoto Dr. Homero Galvão Manoel Afonso Vianna

1924/25

Obs. : Reeleita a Diretoria am.erior

- 76-

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

1925/ 26

Alvaro Peixoto Serafim Costa Dr. Homero Galvão Manoel Afonso Vianna

1926/ 27

Dr. Homero Galvão Serafim C('sta Demócrito Gracindo Manoel Afonso Vianna

1927/28

Obs. : Reeleita a Diretoria anterior

Presidente . Vice-Presidente Secretário

• Tesoureiro

1928/29

Dr. Homero Galvão Serafim Costa Ezequiel Pereira Manoel Afonso Vianna

1929/ 30

Obs . : Reeleita a Diretoria anterior

1930/ 31

Obs. : Reeleita a Diretoria anterior

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

1931/32

Pedro Marinho Filho Tércio Wanderley José Goulart Fontes Manoel Afonso Vianna

-77-

Page 59: Sant'ana uma associação centenária

Presidente Vice-Presidente Secretário TesoureirÓ

1932/ 33

Dr. Antonio de Melo Mac Tércio Wanderley Dr. João Azevedo Filho Manoel Afonso Vianna

1933/ 34

Obs . : Reeleita a Diretoria anterior

1934/36 Obs. : Reeleita a Diretoria anterior.

O artigo 28 dos novos Estatutos, acresceú ra um biênio o período eletivo da Diretoria.

1936/38

Obs . : Reeleita a Diretoria anterior

1938/ 40

Obs. : Reeleita a Diretoria anterior Renunciando o Presidente e o Vice-Presidente, 28 de abril de 1941 foram eleitos, para Presid Luiz Calheiros e Vice-Presidente, José Dion Sobrinho . Não tendo o primeiro comparecido à nião, ocupou o cargo, de acôrdo com os Estatutos; sr. José Dionísio Sobrinho.

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

1940/42

José Dionísio Sobrinho Vago Dr. João Azevedo Filho Manoel Afonso Vianna

-78-

idente -Presidente

retário ureiro

Presidente Vire-Presidente llfcretário Tesoureiro

1942/ 44

José Dionísio Sobrinho _ Mário Dubeux Leão

Dr Homero Galvão = Luiz Carlos Braga Neto

1944/ 46

Manoel Dubeux Leã1~ . Georges Bento Coe 0

Dr João Azevedo Filho ~al Coelho Normande

1946/48

Ob . Reeleita a Diretoria anterior s .. 1948/ 50

Obs". : Reeleita a Diretoria anterior

• 1950/ 52

Ob . . Reeleita a Diretoria anterior s ..

1952/ 54

l ·ta a Diretoria anterior Obs.: Ree e1

1954/56

Obs. : Reeleita a Diretoria anterior

1956/58

Obs . : Reeleita a Diretoria anterior

-79-

Page 60: Sant'ana uma associação centenária

1958/ 60

Obs. : Reeleita a Diretoria anterior

· .... ' :

Presidente Vice-Presidente Secretário Tesoureiro

: ~

1960/62

Carlos Brêda Filho Dr. Pompeu de Miranda Sa Dr. J air Galvão Freire Lauro Guedes Nogueira

1962/64

Obs. : Reeleita a Diretoria antetjor.

Presidente 1' Vice-Presidente -29 Vice-Presidente -39 Vice-Presidente -4ç Vice-Presidente -1 ~ Secretário 2~ Secretário 39 Secretário 19 Tesoureiro 29 Tesoureiro 39 Tesoureiro

1964/66

Carlos Brêda Filho Luiz Renato de Paiva Lima Júlio Normande · Georges Bento Coelho Mário Raul Leão Jair Galvão Freire João Azevedo Filho Jarbas Omena Lauro Guedes Nogueiera Amaury de Medeiros Lages Ralpho Dionísio Bernardes

Obs. : À falta de informes, deixamos de consignar, poderá ser verificado, a constituição de al Diretorias.

-80-

NOTAS & FATOS

Page 61: Sant'ana uma associação centenária

VáriOS foram os prédios ocupados pela ASS(lCL'-· çil.O coMERCú\L DE JdACElô durante os seus cem

unos de existência . .,,,: .. Mós sediar-se por alguns anos na casa do negocian· \e Félil< J?ereirl> da SUva, para onde fôra em 1866, a re­ferida associac;áo estêve também Instalada no sobrado pertencente a outro sócio fundador, o comerciante v ... lério José <la G~ JocaJiZado na esquina da rua do Co· mércio com a então do Livramento, demolido para alar· gamento dêsse último 1ogradou1·0, no ano de 19H.

De peregrlnac;áo em peregrinação foi um dia parar em casa térrea, da atual rua Sá e ;\)buquerque, onde hOl• está a !irm• Ferreira Fernandes & Cia. (n. 614), de onde saiu para o 1' andar do prCdio da mesma rua. que tem presentemente o n . 560. cm cujo pavnnento térreo funciona o escritório da Usina santa Amália .

?i1aS as suas mudanças tinbllm que um dia chegar ao fim. Em 2'l de maio de 1923, - governava A)agoas o Dr. José Fernandes de sarros Lim• - verificou-se o lançamento da pedra fundamental do ediflclo da ASSO­CIAÇÃO COIVIERCL<\IL DE JdACElô, o mesmo que ela

atualmente ocupa. />. Junta de DireÇáo da referida entidade era cons· tituida dos senhOres Fr&nc\SO:l J?ollto (presidente l , Al­va.r• J?e!X•to (Vice presldentel, Dr. )lomero oatvão (se· ct<?tário e J>.ntôni• Florêncio JúnJ>r (TesourelrO) .

Page 62: Sant'ana uma associação centenária

Com uma colher de pecfreiro, de ourn, especialmente mandada fazer pelos dirigentes daquela as.sociação de classe, o Governador Fernandes Lima depôs sôbre a pe­dra fundamental do prédio a ser construído, a primeira porção de argamassa.

Durante a cerimônia, em que discursaram o Dr. }'ernandes J,,ima e o sr. Franci<sco Polito, tocaram as bandas de música do 20? Batalhão de Caçadores e da nossa Polícia Militar.

Pela suntuosidade do projeto do futuro edifício hou­\ ·c quem afirmasse, na época, que as despesas com a sua construção estavam muito além das possibilidades finan­ceiras àa noss:l Associação Comercial.

A resposta, porém, foi dada às 14 horas do ciia 1G de junho de 1928, com a inauguração da nova, impo­nente e definitiva sede da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACEió, logo crismada pelo povo com o nome de Palácio do Comércio» .

No decorrer das solenidades de inauguração do pré­dio, às quais compareceram o Governador Alvaro Pn{'s, o Arcebispo D. Santin•J Coutinho, figuras representativas do comércio, indústria, agricultura. além de outra;:; pes­SO<\s gradas, uc:aram da palavra o Dr . Rom<'ro Galvão e e jornalista Pedro da. Costa Rêgo .

O Dr. Homero Galvão (Presidente), juntamente com Ezequiel Pereeir3 (Secretário) e lfanoel Afonso Vi:ma (Tesoureiro) integravam a Junta de Direção daquel,, cntiàadc.

A sede foi construída com um empréstimo de .... 100:000$000, autorizado pela Assembléia Geral de 27 ele agôsto de 1920 e com a taxa de 100 réis por volume expo1tado para as praças nacionais ~ estrangeiras, taxa que fôra criada pela Lei estadual n. 905, de 9 de junho de 1921, por solicitação dos próprios exportadores, utra-

-84-

. mencion~do 1 '7 de ma10 d~\ Ca.piton;i:i

·ai datado d~o Cônego ~ Estaa~. . de memon a pelo en do Sena o do .

ves sanciona~ presidente d r do E<::>ta • cio:t ano, e a)ho Vice- Governa o do comer ·-de ~ do 'cargo de - do <Pal~cio tado. por tr~s .:. exerc1c1oll1 ·auÇ!Uraçao ·gor abnlhan o que ha~·- :.:,

·te da ""u a ri • ·eceu . Cot:o · Na no1 um ba· e, l compar ·nciusive .o · _ .. . _,.·. ealizoU ao qua . ed~de, l : , .. ali se r orquestras, m nossa. soc1mmtares- . . o-grand~ destacado . ed des civis e ntecimento s(l) de mais . autori u ande aco . nses, po consular' . erca dêsse g!. dicos macei~ o ·tx.echo

noticiário ac uin dos p~ntoo na épQca, e. ' .. ·1 • i; vo ado em - a gos .. : . •. . .. ;:•. ·.

cial estam:P ·nalístico tao ~ . P~~'!-.'.' . ' t1'lo )OI .se com ..

cm es m1.nou . Pa.· gue é reio nu She1·ezade · que se . . do corn nho, de . rei·, con· ..

' ·

o pa.áciO tástica de so ·aram a cQ~ ,.•·.êm· ''• ·. ão fan começ . · u\ntaua ·

un1a apariÇ' às vinte hor:s, elegante e r~q d~ 'capital ra êle. logo ssa soc:eda e s autom6ve1s do interior duzindo a t~o1 s""'"lS, todos o que vieram ..

·qu s .... t1·os · toilettes ri ,.nn s de ou · · · " · 'gam· de:z:" "' · · as ·

e algumas o1·c espelha,am. ue éa am do Estado. . s de mãrm \Ulninosas q . de co-

As escadat:ia • cas cortmas é de· vitrais. . -nt-.a.i. ·• ,. gigan .es • At10.v s . êndio. >,_. ,

biarras d:: da alta col~~~~n\ era um ·:~tes. E gjl ••

do f;cnt . ·nd1lh<lUO o1i~ . dia.c;ões cam onde os p'l'.i· \oi-ido e ic nrevistns 1r1:i. 'º vasto 11all, das verães

de i.m.- vnm 1• as {ar o bcsco . i o. cs toca nm as su r c·ma, músicas m:\d ; o~tcntav.d s }.{as, lá ~o custosos

ena o. doUr:l o . cm ta n1c.ros de ala1ua1cs \uz.es tantas, ·raias e tapeç~· cheias ult\pUca.va cm adornos de ª' bra de qua s-\uxo se m t:::unanhOS ou o Alnam neníIISUla.

· crn • 1 azar · da ~' móveis e dir-se-ia. o A e metid\cona1s . . . . . . r ·1º s que d"S cidades . . ,, ... , gi·an... ., quer das · l

9 •

--;;;NAL (1.)

Maceió, .~ A.GOAS·

DE~

_s5 ·-

17 jun. 1928;· p·~ . ~ ..

Page 63: Sant'ana uma associação centenária

O terreno onde foi const.ruída a sede da nossa &õciaçio Comercial t>ertencera ao Dr. Levino Ma.de Afftro Peixoto e Francisco de ~4.morim Leão . A p dêste último, um dos sócios da firma Leão Irmãos, tou à ~iação a importância de 23 :000$000.

A construção ~o nôvo edifício social ficou n cargo da firma ll'raaclsco Lopes de A.~sis Silva & C.ia., do Rio de Janeiro, ·a mesma que edificou o Palácio Tiradentes, vencedora ' do' concurso de prqjetos instituído pela aludida ASSOcia~o.

l'Wri, a ao tempo da inva,;ão mour:sca; a 1mp

era a de C)ue estAvarnos num únenso salão de Udores. onde u p1~prias paredes, pela suave li4&de de reflexos era de porcelana a mais fina.

As despesas com a sua edificação, contratada ini­tjaJmente por 500:000$000 réis, atingiram a quantia de 891:091$310 rs. (2)

O mobiliário da nova sede custou a importância de 110:520$800 rs., tendo sido adquirido no Rio de Janeeiro, na e... AJerni, de Schadlich, Obert & Co.

Na decor-açiio do Prédio foi gasta a quantia de ..... . 4:330$00() rs . • serviç0 que foi executado velo pintor con­ten-ãneo José Paulino Llns .

li) ATA da ae$..'llo da A ssembléia Geral Ordinária da Asso. c :aç&o Comercial de Maceió, de 14 de agôs.to de 1924, ti. 4f, do Lhiro dt1 atas das s-essões de Assembléia CeraJ da A.aeoeiaçio Comercial de l\[~ceió. (Têrmo de abel'tum ele o A!et. 1921).

-86-

Page 64: Sant'ana uma associação centenária

..

O BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO CO)IERCIAL

Os jornais maceioenses, que sempre acolhiam em suas colunas todo e qualquer noticiário a respeito da hssociação Comercial, no ano de 1921, em face da falta de espaço decorrente do grande volume de matéria po· lítica daqueles conturbados dias, passaram a sacrificar o noticiário oriundo da aludida entidade de classe .

«Até a publicação das resenhas das sessões da Jun­ta de Direção tem sido prejudicada por mais de uma vez, a despeito da remessa das mesmas às redações resultar de insistentes pedidos dos respectivos diretores dos jor­nais>, conforme esclareceu em ata o Presidente Fran· cisco Palito . (1}

Empenhada como se achava aquela Associac.ão, em divulgar leis e regulamentos do govêrno federal de in­terêsse para o nosso comércio, sua Presidência opinou pela contratação de um dos órgãos da imp1-ensa local para inserir em suas colunas o expediente da entidade ou pela publicação de um boletim, por intermédio de uma das tipografias desta capital .

11) ATA da 27a. sessão ordinál'ia. (1921) apud Relat6rio d$ Junta ele Direção (da Associação Comercial de Maceió), 1.­presentado à Assembléia Ge1'lll realizada no dia 15 de agôs· to de 1922. Maceió, Ca:;a. Ramo.lho EdHôra, 1922, p. 819.820.

Page 65: Sant'ana uma associação centenária

_Subm~ti?<>: a idéia. à votação. o sr. José Lages, na ~cssao ~rdinaria ar;ter1ormente mencionada, opinou pela impres~o do ~oletun, sob a alegação de que os jornais desta cid_a~e nao se achavam em condições de conceder o . necessar1.o e~p~ç~ exigido para a divulgação do expe­~1ente ?ª mst1~u.1çao, al_?Il_1 .de cada um dêles possuir 0 seu ?redo pohtico-part1dano que influi na preferência

ou ma vonta_?e pela divulgação de certas questó-2s trata­das nas sessoes da Associação», tendo os presentes con­cor~ado com ~ ponto de vista defendido por aquêle as­soc.iado,. ou sc)a,. o da P"?~licação do boletim, cujo pri­meiro i:umero sam das of1cmas da Cas'.'I. Ramalho, no dia 10 de. JU!1ho de 19~2, com a denominação de Boletim da. Ass1:>eiaçao Comercial de Maceió.

?cpois a.e .d?is anos de circulação deixou êle de ser p~bhcado, r~m1ciando a sua publicação no ano de 1950 circulando ainda hoje . '

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A Bôl.SA DE VALORES

A Bôlsa Oficial de Valores de Alagoas foi criada pelo Decreto <estadual nQ 622, de 14 de abril de 1954, em de­corrência de apêlo dirigido ao então Governador de Ala­goas, Dr. Arnon de Melo, pela Junta Sindical dos Corre­tores da. Pr~,a. de Maooió, então presidida pelo Dr. João Azevedo Filho .

Na verdada, o mencionado decreto deu apenas no­vas atribuições àquela Junta Sindical, transformando-a em Bôlsa de Valores.

ÀS 9,30 horas do dia 12 de julho do mencionado ano de 1954, na sede da Associação Comercial de Maceió, ve­,.ificou-se a instalação do nôvo órgão, que teve caráter solene, com a realização do primeiro leilão de divisas em nosso Estado .

Ao ato inaugural compareceram o Governador Amon de l\lelo, que se fazia acompanhar de sua comitiva, os srs . Hélio de .Araú w FAro e Orlando de Freit.as Feitosa, respectivamente prêsidentc das Bôlsas de Valores de Ser­gipe e Paraíba, além de representantes da imprensa lo­cal, altos funcionários do Banco do Brasil e de outros estabelecimentos de crédito, industriais, comerciantes e outros interessados no referido leilão .

A redação do Regimento Interno da referida Bôlsa de Valores, aprovado igualmente pelo diploma legal que a criou, deveu-se aos Drs. Guedes Lins e João Azevedo Filho .

Page 66: Sant'ana uma associação centenária

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