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Mestrado em Ensino de Matemática no 3º Ciclo e no Secundário Raquel Cristina Sousa Camacho Pré – Projecto Será que a integração de alunos imigrantes nas escolas portuguesas é bem sucedida? - Estudo a alunos oriundos dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) inseridos numa escola da cidade do Funchal, na Região Autónoma da Madeira, que frequentam o 3º ciclo do ensino básico e que estão em Portugal há menos de dois anos Funchal 2010

Será que a integração de alunos imigrantes nas escolas portuguesas é bem sucedida?

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Mestrado em Ensino de Matemática no 3º Ciclo e no Secundário

Raquel Cristina Sousa Camacho

Pré – Projecto

Será que a integração de

alunos imigrantes nas

escolas portuguesas é

bem sucedida?

- Estudo a alunos oriundos dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa)

inseridos numa escola da cidade do Funchal, na Região Autónoma da Madeira, que

frequentam o 3º ciclo do ensino básico e que estão em Portugal há menos de dois anos

Funchal

2010

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Raquel Cristina Sousa Camacho

Pré – Projecto

Será que a integração de

alunos imigrantes nas

escolas portuguesas é

bem sucedida?

- Estudo a alunos oriundos dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa)

inseridos numa escola da cidade do Funchal, na Região Autónoma da Madeira, que

frequentam o 3º ciclo do ensino básico e que estão em Portugal há menos de dois anos

Pré-Projecto apresentado na disciplina de Ciências da Educação IV – módulo de Investigação em Educação, da Universidade da Madeira. Docente: Professora Mécia Melo

Funchal

2010

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Sumário

1. Resumo 2

2. Introdução 3

3. Fundamentação Teórica 5

3.1. Temática 5

3.2. Definição do Problema 5

3.3. Questões de Investigação 5

3.4. Objectivos da Investigação 5

4. Enquadramento Teórico 6

5. Metodologia 9

5.1. Natureza do Estudo 9

5.2. População em Estudo 10

5.3. Recolha e Registo de Dados 10

5.4. Análise e Interpretação dos Dados 11

6. Cronograma 12

7. Considerações Finais 13

8. Referências Bibliográficas 14

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1. Resumo

A presente investigação reflecte sobre a problemática da integração social de

alunos imigrantes nas escolas portuguesas. Este estudo tem por objectivo responder a

algumas questões relativamente a esse fenómeno e procura compreender de que forma

está a ser encaminhada esta integração nas escolas nacionais.

O estudo será realizado numa escola do Funchal e caracteriza-se por ter uma

natureza qualitativa, visto que procura compreender as características de um

determinado grupo. Neste caso, procura estudar os comportamentos e características dos

alunos imigrantes no processo de integração social.

O grupo a estudar será composto por alunos oriundos dos PALOP, que

frequentem o 3º ciclo do ensino básico e que estejam em Portugal há menos de dois

anos.

Em suma, o estudo procurará encontrar relações entre as possíveis variáveis em

estudo, como por exemplo a relação desses alunos com os colegas, com a escola e com

os professores. O objectivo do investigador será tentar compreender de que forma estas

possíveis variáveis influenciam no processo de integração.

Palavras-chave: Integração, Imigração, Educação, Social, PALOP,

Multiculturalidade

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2. Introdução

A palavra migrar vem do latim migro, que significa "ir de um lugar para outro".

A migração é um dos comportamentos mais característicos da Humanidade. A presença

de seres humanos em todos os continentes do nosso planeta, há já milhares de anos, é

um indicador dessa necessidade humana de se expandir e procurar novos horizontes.

Na Pré-História, os ciclos migratórios de seres humanos estavam directamente

relacionados com a quantidade de comida disponível num determinado local. Quando

os recursos terminavam, era chegada a hora de partir para um outro local que

providenciasse as condições necessárias à sobrevivência.

A descoberta de que os seres humanos poderiam manipular todos os alimentos

que necessitavam, através da agricultura, levou a uma grande mudança nos hábitos do

Homem. Se antes era necessário se deslocarem para obterem os elementos essenciais à

sua sobrevivência, a partir desta altura já têm os conhecimentos para cultivar a terra e,

deste modo, assentarem numa determinada região. O Homem nómada deu lugar ao

Homem sedentário.

Por sua vez, a migração da era moderna está relacionada, essencialmente, com

factores económicos. As dificuldades em encontrar trabalho no seu país de origem e as

condições precárias desse trabalho (baixo salário, falta de seguro, falta de respeito pelos

direitos humanos, etc.) são dois dos motivos principais para a migração.

Portugal tem um histórico e cultura de um país exportador de mão-de-obra. Quer

isto dizer que Portugal é, essencialmente, um país de emigrantes, ou seja, pessoas que

procuram condições de vida melhores noutros países e abandonam o seu país de origem.

No início do século XX, houve um grande número de emigrantes a partir para a

América do Sul, mas também para as colónias portuguesas em África. A partir dos anos

60, essa emigração passou a direccionar-se para a Europa, principalmente para a França,

onde hoje temos uma grande comunidade portuguesa.

No entanto, nos últimos anos temos assistido a um fenómeno contrário: a

imigração. Em geral, são pessoas cujos familiares emigraram para os países referidos

anteriormente e que regressam a Portugal.

Nesta investigação consideraremos o caso particular de imigrantes oriundos das

antigas colónias portuguesas em África e daremos grande enfoque a investigar a

integração dos filhos desses imigrantes nas escolas portuguesas. A estratégia

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metodológica a adoptar baseia-se num estudo de caso de alunos imigrantes que estejam

inseridos numa escola do Funchal e que frequentem o 3º ciclo do ensino básico, com a

condicionante de estarem no país há menos de dois anos. O estudo é de índole

exploratória, já que procuraremos observar determinados comportamentos dos alunos

em questão, dos professores e dos colegas que possam ajudar a compreender e definir

determinadas variáveis que venham a ser úteis à investigação, bem como a estudos

futuros.

Deste modo, esta investigação procurará responder às seguintes questões:

� As escolas portuguesas estão preparadas para receber alunos imigrantes?

� A multiculturalidade das escolas é benéfica à aprendizagem dos alunos?

� Os resultados obtidos por alunos imigrantes diferem dos resultados de alunos

portugueses?

� As diferenças culturais interferem nos resultados escolares de alunos

imigrantes?

Esta investigação e as respostas a estas perguntas são de extrema importância

para a nossa educação, pois vivemos num mundo cada vez mais globalizado, onde é

importante proporcionar todas as ferramentas necessárias para que todos os alunos

possam se adaptar e obter os melhores resultados.

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3. Fundamentação Teórica

3.1. Temática

De que forma está a ser feita a integração de alunos imigrantes nas escolas

portuguesas.

3.2. Definição do Problema

Tendo em conta que o número de imigrantes tem aumentado nos últimos anos,

em Portugal, é importante discutir de que forma está a ser encaminhada a

integração dos filhos desses imigrantes no sistema educativo nacional.

Assim, tentaremos desenvolver o trabalho em torno do seguinte problema: Será

que a integração de alunos imigrantes nas escolas portuguesas é bem sucedida?

3.3. Questões de Investigação

De forma a delimitar a nossa investigação ao que realmente procuramos saber, é

importante definir algumas questões que, a juntar à questão central, conduzirão

todo o estudo.

� As escolas portuguesas estão preparadas para receber alunos imigrantes?

� O multiculturalismo das escolas é benéfico à aprendizagem dos alunos?

� Os resultados obtidos por alunos imigrantes diferem dos resultados de

alunos portugueses?

� As diferenças culturais interferem nos resultados escolares de alunos

imigrantes?

3.4. Objectivos da Investigação

Um dos objectivos desta investigação é proporcionar respostas às questões

levantadas, já que são de extrema importância para garantir que a integração dos

alunos imigrantes seja um sucesso.

Um outro objectivo é fornecer ferramentas às escolas e aos professores para que

adoptem as estratégias necessárias para garantir a integração plena dos alunos em

questão.

Compreender o fenómeno da integração social para melhor encaminhá-la no

caso dos alunos oriundos dos PALOP, é também um dos objectivos deste trabalho.

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4. Enquadramento Teórico

A integração social é uma temática muito abordada por diversos investigadores,

surgindo por isso várias definições e conceitos referentes a este processo social.

Segundo Amaro (s.d.), “a integração social é um processo que viabiliza o acesso

às oportunidades da sociedade, permitindo a relação interactiva entre uma célula (o

individuo ou a família) que estava excluída e o organismo (a sociedade) a que ela

pertence, trazendo-lhe algo de próprio, de específico e de diferente, que o enriquece e

mantendo a sua individualidade e especificidade que a diferencia das outras células que

compõem o organismo.”

Assim, a integração social envolve um esforço das partes envolvidas, sendo que

a sociedade tem a responsabilidade de aceitar as diferenças e os indivíduos o dever de

respeitar as regras em vigor na sociedade em que está inserido.

Segundo um estudo efectuado sobre o fenómeno de inclusão social na América

Latina, “a integração social é concebida como um sistema compartilhado de esforços e

recompensas, igualador no tocante a oportunidades e meritocrático em termos de

retribuições.”

Nesta definição não é dado ênfase à individualidade de cada pessoa. Segundo o

mesmo estudo, há integração social quando há uma partilha de serviços entre o

indivíduo e a sociedade.

Uma visão que cremos mais neutra e abrangente de integração social é-nos

fornecida por Ferreira (2007) e diz que “a integração implica a co-existência de

características culturais próprias com a crescente participação nas estruturas

económicas, políticas e jurídicas da comunidade de acolhimento. Por outras palavras,

implica a manutenção da integridade cultural do grupo de pertença e, simultaneamente,

um movimento em direcção a uma relação positiva com o grupo de acolhimento.”

Assim, a integração social não apaga as diferenças; antes coordena-as e orienta-as.

Em relação à integração social, em Portugal, de africanos oriundos dos PALOP

(Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) tem sido, segundo alguns autores, mal

encaminhada. Estes imigrantes têm sido segregados em bairros, onde são

marginalizados. Desta marginalização advêm comportamentos violentos, tráfico de

droga e o crime organizado.

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Os filhos destes imigrantes, apesar de já terem nascido em Portugal, não se

identificam com a cultura do país e são muitas vezes discriminados pelas suas origens

culturais.

Esta dificuldade em se identificar com a cultura do país, evidencia-se na escola,

já que os filhos desses imigrantes apresentam, geralmente, insucesso a nível escolar.

Esta discrepância a nível dos resultados escolares levantou a questão sobre o

multiculturalismo na educação e em todos os aspectos sociais do país. De facto, como

refere Dietz (citado por Casa-Nova, 2005), “a porta de entrada do multiculturalismo no

sistema educativo foi a discussão acerca do rendimento escolar das crianças

provenientes de minorias (étnicas, culturais, religiosas) ”. Assim, a partir dos resultados

negativos destes alunos a nível escolar, foi possível apercebermo-nos que a integração

social e escolar dos imigrantes poderia não estar a ser encaminhada da melhor forma, já

que o sistema educativo não fornecia um ensino multicultural.

Desde então têm sido feitos esforços no sentido de criar estratégias que

proporcionem uma integração plena dos imigrantes nas escolas portuguesas. Esses

esforços políticos podem ser traduzido a partir do Despacho Normativo nº 7/2006 que

defende que “numa sociedade multicultural, como é a portuguesa, o reconhecimento e o

respeito pelas necessidades individuais de todos os alunos e, em particular, das

necessidades específicas dos alunos recém-chegados ao sistema educativo nacional

devem ser assumidos como princípio fundamental.”

No entanto, segundo Araújo (s.d.), apesar destes esforços, “as escolas não têm

um ensino multicultural e não estão preparadas para receber e integrar alunos

imigrantes. A autora refere que o país “apesar de se ver como multicultural, nunca

soube incorporar a diversidade cultural nos seus currículos escolares”.

De facto, existem alguns obstáculos que dificultam a integração social de

imigrantes e das minorias étnicas. Podemos dizer que, no caso de imigrantes oriundos

dos PALOP, a língua não é um obstáculo, podendo apenas surgir alguns termos

diferentes que podem ser facilmente compreendidos no contexto em que são

expressados. No entanto, os alunos provenientes de Cabo Verde apresentam dificuldade

na língua portuguesa, o que segundo Mateus (citado por Ferreira, 2007), deve-se ao

facto de viverem em “ambientes fechados” onde só falam crioulo. Estas crianças só têm

contacto com a língua portuguesa quando vão para a escola o que influencia

directamente nos seus resultados escolares.

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Porém, são as diferenças culturais que surgem como os obstáculos mais difíceis

de ultrapassar. Estas diferenças, segundo Casa-Nova (2005), podem originar minorias

étnicas, já que lutam “de acordo com as suas próprias estratégias de (sobre)vivência, por

um lugar provisório na sociedade de “acolhimento”, conquistado e/ou cedido nas

negociações e lutas desiguais entre grupos socioculturais com diferentes tipos e

montantes de poder que originam oportunidades e modos de vida desiguais”.

Esta dificuldade em lidar com as diferenças é transportada para a escola e a

diversidade cultural, em vez de ser tida como algo positivo e benéfico para a educação

de todos os alunos, é vista como algo a eliminar. Repare-se que a escola promove um

ensino igual para todos e é indiferente à diferença. Assim, os alunos que não se adaptam

ao ensino promovido pela escola são “eliminados” e aqueles que obtêm um bom

desempenho continuam a vida escolar, que virá a abrir portas para um melhor futuro

profissional.

Sendo assim caberá ao professor lidar com essas diferenças na sala de aula e

recai sobre ele a responsabilidade de gerir os conflitos que possam surgir dessas

diferenças, marcando sempre a posição de que não há uma cultura mais “correcta” do

que outra e de que é possível uma cooperação entre todos para desenvolver uma

sociedade melhor e multicultural.

Uma medida defendida por um documento publicado pela Agência de Execução

relativa à Educação, ao Audiovisual e à Cultura, diz-nos que um dos papéis

fundamentais que a escola e o professor devem ter para ajudar na integração dos jovens

imigrantes é estabelecer uma relação com as famílias desses jovens. Sabemos que a

família, como primeiro agente de socialização, desempenha um importante papel na

formação dos jovens. Assim, se a escola e o professor conseguirem o seu apoio isso será

uma mais valia para que a integração desses jovens seja um sucesso.

Deste modo, numa sociedade que se diz e quer multicultural, não é possível

manter uma educação unidireccional. É preciso fazerem-se esforços para lidar com as

diferenças, como algo mais a aprender e não como algo a ignorar ou destruir. A

integração social não é sinónimo de assimilação, é sinónimo de cooperação e de

aceitação.

Neste contexto, Wolton (2004) encaminha-nos para uma frase que se enche de

sentido: “Aprender a gerir a diversidade cultural será amanhã a verdadeira riqueza das

sociedades.”

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5. Metodologia

5.1. Natureza do Estudo

Tendo em conta os objectivos propostos neste trabalho, nomeadamente o

compreender de que forma está a ser encaminhada a integração de alunos imigrantes nas

escolas portuguesas e o tentar encontrar estratégias para que a discrepância de

resultados possa ser anulada, optamos por um estudo de natureza qualitativa. Segundo

Bento (2009), num estudo de natureza qualitativa “os dados são analisados em função

das respostas de cada um dos participantes às questões formuladas e que vão reflectir as

suas convicções”. Assim, este trabalho é de índole, simultaneamente, exploratória e

descritiva, já que visa explorar e descrever as características de uma determinada

população ou fenómeno, e identificar relações entre as possíveis variáveis (Vergara,

2000).

Uma vez que esta é uma investigação extremamente complexa que envolve

determinadas componentes de difícil estudo, nomeadamente o comportamento humano

numa situação de adaptação, optou-se por uma abordagem metodológica baseada no

estudo de caso. Yin (citado por Bento, 2009) define “estudo de caso” com base nas

“características do fenómeno em estudo e com base num conjunto de características

associadas ao processo de recolha de dados e às estratégias de análise dos mesmos”.

Assim, e segundo Benbasat et al (1987) um estudo de caso deve possuir as

seguintes características:

- Fenómeno observado no seu ambiente natural;

- Dados recolhidos utilizando diversos meios (Observações directas e indirectas,

entrevistas, questionários, registos de áudio e vídeo, diários, cartas, entre outros);

- Uma ou mais entidades (pessoa, grupo, organização) são analisadas;

- A complexidade da unidade é estudada aprofundadamente;

- Pesquisa dirigida aos estágios de exploração, classificação e desenvolvimento

de hipóteses do processo de construção do conhecimento;

- Não são utilizados formas experimentais de controlo ou manipulação;

- O investigador não precisa especificar antecipadamente o conjunto de variáveis

dependentes e independentes;

- Os resultados dependem fortemente do poder de integração do investigador;

- Podem ser feitas mudanças na selecção do caso ou dos métodos de recolha de

dados à medida que o investigador desenvolve novas hipóteses;

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- Pesquisa envolvida com questões "Como?" e "Porquê?" ao contrário de “O

quê?” e “Quantos?”

Assim, com esta investigação procuramos explorar, descrever e explicar este

fenómeno social que é a integração e de que forma uma integração bem sucedida pode

ter influência nos resultados escolares dos alunos imigrantes.

5.2. População em Estudo

Esta investigação será desenvolvida numa escola de 3º ciclo no Funchal, na

Região Autónoma da Madeira (RAM), durante o ano lectivo de 2010/2011.

O estudo terá como população alvo os alunos imigrantes que frequentem a

escola escolhida e que estejam no país há menos de dois anos.

Tendo em conta tratar-se um pré-projecto, ainda não foi seleccionada a escola

onde esta investigação poderá ter lugar. Consequentemente, ainda não foram solicitadas

as autorizações necessárias para que o estudo venha a se realizar.

5.3. Recolha e Registo de Dados

Tendo em atenção os objectivos a alcançar, iremos utilizar vários métodos de

recolha de informação. É preciso ter noção que os métodos de recolhas de dados podem

influenciar nos resultados do trabalho. Assim, a escolha dos métodos e dos instrumentos

a utilizar é uma etapa muito importante numa investigação que se quer séria e rigorosa.

Numa primeira abordagem, utilizaremos a observação directa, onde poderemos

reunir numerosas informações que serão analisadas posteriormente. Esta abordagem

apresenta algumas vantagens tais como a autenticidade dos acontecimentos e a

espontaneidade dos participantes. No entanto, para que esta observação seja fiável, é

necessário que o investigador consiga a aceitação do grupo a ser observado. Além disso,

a interpretação dessas observações está sujeita à subjectividade do investigador.

Assim, nesta primeira fase, pretendemos observar os alunos imigrantes e o modo

como interagem com os outros alunos e com os professores. Serão feitas várias

observações na sala de aula e num contexto menos formal (por exemplo, no intervalo

das aulas). Como existem várias turmas de 3º ciclo na escola, teremos que ir alternando

as sessões de observação entre cada uma delas.

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Numa etapa posterior, escolhemos como método de recolha de informação a

entrevista, por ser um método complementar da observação directa e por proporcionar

respostas muito subjectivas por parte do entrevistado, o que permite ao investigador ter

uma noção de como o individuo se posiciona em relação a si mesmo e em relação ao

meio que o envolve. Esta entrevista será semi-estruturada, permitindo ao investigador

ter um guião que lhe ajude a fazer as perguntas que interessam ao seu estudo, mas que

permite também que este tenha a liberdade para explorar um outro caminho, caso as

respostas do entrevistado o justifiquem.

As respostas serão recolhidas através da gravação áudio, se o entrevistado

conceder a autorização para tal. Caso contrário, registaremos as respostas num bloco de

notas.

Passaremos depois para uma fase em que as informações serão recolhidas

através de uma observação indirecta, onde os registos de vídeo e áudio terão um papel

central. A ideia será introduzir uma câmara de vídeo, nas salas de aula, com o

conhecimento e autorização prévios dos alunos e do professor. O registo vídeo permitirá

compreender as estratégias adoptadas pelo professor para integrar os alunos imigrantes

na sala de aula e permitirá compreender a relação entre estes e os restantes alunos.

Por fim, será distribuído, aleatoriamente, um questionário a 20% dos alunos

(imigrantes e portugueses) de 3º ciclo dessa escola, com o intuito de compreender as

condições de vida e hábitos de cada um, de modo a poder estabelecer uma comparação

entre as condições de vida dos alunos imigrantes e os alunos portugueses e as

repercussões dessas diferenças nos resultados escolares.

5.4. Análise e Interpretação dos Dados

A análise e interpretação de dados serão efectuadas a partir das informações que

o investigador achar relevantes nas entrevistas e questionários feitos aos alunos. Essas

informações serão dispostas numa tabela que, ao ser analisada, poderá proporcionar ao

investigador uma visão mais geral das possíveis variáveis a relacionar no estudo

mencionado.

Numa fase posterior, faremos uma análise aos registos vídeo, de modo a poder

reflectir sobre as relações interpessoais dos alunos imigrantes dentro da sala de aula e

fora dela.

Por fim, cruzaremos as informações obtidas nestas duas fases da investigação

com o que foi observado directamente, de modo a obter algumas conclusões.

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6. Cronograma

Com o objectivo de obter uma visão mais abrangente sobre as actividades

a desenvolver pelo investigador, segue-se um cronograma que descreve todas

essas actividades e o período em que serão desenvolvidas. Consideremos o

período compreendido entre Setembro de 2010 e Agosto de 2011.

2010 2011

Actividades Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago.

Entrega do projecto

Revisão de Literatura

Redacção da Introdução e do Enquadramento

Teórico

Redacção da Metodologia a

utilizar na Investigação

Observação das aulas e dos

intervalos dos alunos

Preparação das Entrevistas e dos

Questionários

Aplicação das entrevistas aos

alunos imigrantes

Aplicação dos questionários

Observação Indirecta (registo

das aulas através de câmara de vídeo)

Análise, Tratamento e

Interpretação de Dados

Conclusão

Page 15: Será que a integração de alunos imigrantes nas escolas portuguesas é bem sucedida?

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7. Considerações Finais

Com o objectivo de procurar compreender de que forma é feita a integração de

alunos imigrantes, nas escolas portuguesas, optamos pelo estudo de caso de alunos

oriundos dos PALOP, que frequentam o 3º ciclo do ensino básico e que estão em

Portugal há menos de dois anos.

Através da metodologia referida, procuramos responder às questões levantadas.

As respostas obtidas serão de extrema importância para a nossa educação, pois, num

mundo cada vez mais global, é importante proporcionarmos uma educação diversificada

e multicultural. Além disso, poderemos, através desta investigação, fornecer

ferramentas aos professores e às escolas para conseguirem uma integração plena dos

alunos africanos e, assim, proporcionar-lhes oportunidades de vida idênticas às dos

alunos portugueses.

Tivemos ainda em consideração a escolha de uma metodologia que poderá

levantar novas questões que, por sua vez, poderão originar outros estudos. Por exemplo,

a análise dos questionários poderá levantar a questão se existem diferenças

significativas nas condições sociais dos alunos, portugueses e imigrantes, e se essas

diferenças influenciam o desempenho escolar dos alunos.

Outra questão poderá advir da análise dos registos vídeo das aulas, já que

poderemos questionar se a personalidade do professor pode influenciar na integração

dos alunos imigrantes.

Existem inúmeras relações que poderemos fazer entre as possíveis variáveis.

Nem todas essas relações poderão ser analisadas nesta investigação, o que abre portas

para estudos futuros.

É importante o investigador deixar estas portas abertas para que outros (ou ele

mesmo) possam continuar e aperfeiçoar o seu trabalho.

Page 16: Será que a integração de alunos imigrantes nas escolas portuguesas é bem sucedida?

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8. Referências Bibliográficas

BENTO, António (2009). Pré-Projecto Dissertação - A Supervisão Pedagógica.

Instituto Politécnico de Santarém

CASA-NOVA, Maria (2005). (I)Migrantes, diversidades e desigualdades no sistema educativo português: balanço e perspectivas. Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho CAMPENHOUDT, L.V., QUIVY, R. (2008). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Faculdade de Ciências Sociais, Universidade Católica Portuguesa

Sítios da Internet:

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Consultado a (2010-06-10) em:

http://eacea.ec.europa.eu/education/eurydice/documents/thematic_reports/101PT.pdf

• FONTES, Carlos (s.d.). Africanos em Portugal: De Imigrantes a grupos étnicos.

Consultado a (2010-06-10) em:

http://imigrantes.no.sapo.pt/page2.africanos.html

• Integração Social (s.d.). Consultado a (2010-06-11) em:

http://www.infopedia.pt/$integracao-social

• Coesão Social: Um enfoque conceitual (s.d.). Consultado a (2010-06-11) em:

http://www.eclac.cl/publicaciones/xml/4/29354/Cap2Cohesionpr.pdf

• Estudo de Caso (s.d.). Consultado a (2010-06-11) em:

http://grupo4te.com.sapo.pt/mie2.html

• Metodologia (s.d.). Consultado a (2010-06-13) em:

http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0410700_06_cap_03.pdf