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SINDICÂNCIA E PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

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SINDICÂNCIA

Investigativa Punitiva

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I - SINDICÂNCIA INVESTIGATIVA (PREPARATÓRIA)

Não está expressamente elencada pela Lei n. 8112/1990, mas sua existência formal está prevista, além do disposto nas doutrina e jurisprudência pátrias, no inciso II do artigo 4º da Portaria CGU n. 335/2006, que a descreve como sendo:

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“procedimento preliminar sumário, instaurada com o fim de investigação de irregularidades funcionais, que precede ao processo administrativo disciplinar, sendo prescindível de

observância dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa”.

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“De efeito, concebe-se que a sindicância disciplinar, na espécie inquisitorial, além de não jungir-se ao esquema do contraditório, é realizada de forma sigilosa e discricionária. O perfil inquisitorial dessa espécie de sindicância retira-lhe a característica de processo. O que a torna imprópria para servir de base à imposição de qualquer reprimenda disciplinar, por mais branda que seja. […]

Nessa espécie de sindicância, impõe-se o sigilo com vistas a preservar a dignidade do serviço público, bem como para tornar mais eficientes os trabalhos investigatórios. Já a discricionariedade assegura que as investigações sejam realizadas nos moldes definidos pelo sindicante, sem sujeição a ritos preestabelecidos, o que não implica contemporizar arbitrariedades, prepotências e desmandos.” (COSTA, 2011, p. 322.)

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Sindicância investigativa – características:

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Não tem contraditório sigilosa discricionária

Inquisitorial(não é

processo)

Não pode gerar

reprimenda

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A sindicância investigativa visa apurar as irregularidades funcionais de que se tomou conhecimento.

A partir dela pode-se instaurar processo administrativo disciplinar, sindicância punitiva ou, inexistindo indícios de falta funcional ou de autoria, arquivar o procedimento.

O servidor não poderá ser punido por meio da sindicância investigativa, pois não foi respeitado o contraditório e a ampla defesa.

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Sindicância investigativa

Abertura de PAD ou sindicância

punitiva

Punição

Arquivamento

Arquivamento

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É OBRIGATÓRIA A SINDICÂNCIA INVESTIGATIVA?

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• LEI N. 8112/1990:

– Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo disciplinar, como peça informativa da instrução.

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• HAVENDO EVIDÊNCIAS SUFICIENTES DA AUTORIA E DA MATERIALIDADE, NÃO HÁ JUSTIFICATIVA PARA A INSTAURAÇÃO DA SINDICÂNCIA;

• HÁ DECISÕES DO STJ ESTABELECENDO QUE A SINDICÂNCIA É DISPENSÁVEL QUANDO JÁ EXISTAM ELEMENTOS SUFICIENTES PARA INSTAURAR O PROCESSO.

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VÍCIOS NA SINDICÂNCIA INVESTIGATIVA MACULAM O PROCESSO

ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR?

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Instaurado o competente processo administrativo disciplinar, fica superado o exame de eventuais irregularidades ocorridas durante a sindicância (STJ).

Precedentes: RMS n. 37871/SC, Relator: Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, j. 7-3-2013, DJe 20-3-2013; MC n. 21602/ES (decisão monocrática), Relator: Ministro Benedito Gonçalves, j. 3-9-2013, DJe 9-9-2013.

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OBRIGATORIEDADE DE REPRESENTAR AO MP QUANDO CONSTITUIR CRIME

LEI N. 8112/1990– Art. 171. Quando a infração estiver capitulada

como crime, o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.

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OS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA SÃO APLICÁVEIS NA

SINDICÂNCIA INVESTIGATIVA?

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“A sindicância que vise apurar a ocorrência de infrações administrativas, sem estar dirigida, desde logo, à aplicação de sanção, prescinde da observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa, por se tratar de procedimento inquisitorial, prévio à acusação e anterior ao processo administrativo disciplinar.” (STJ, MS n. 7.983, p. 30-3-2005.)

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Em suma, a sindicância investigativa possui as seguintes características:

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Não tem contraditório sigilosa discricionária

Inquisitorial(não é

processo)

Não pode gerar reprimenda

Não é obrigatória, se já existirem

elementos para instauração do PAD

Eventuais vícios não maculam o

PAD

Os princípios do contraditório e

ampla defesa não se aplicam

Deve ser encaminhada ao MP

quando a infração constituir crime

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II – SINDICÂNCIA ACUSATÓRIA OU PUNITIVA

A Controladoria-Geral da União, por meio da Portaria-CGU n. 335, de 30-5-2006, dispõe de maneira pormenorizada sobre a sindicância acusatória, in verbis:

Art. 4° Para os fins desta Portaria, ficam estabelecidas as seguintes definições:[...]III – sindicância acusatória ou punitiva: procedimento preliminar sumário,

instaurada com o fim de apurar irregularidades de menor gravidade no serviço público, com caráter eminentemente punitivo, respeitados o contraditório, a oportunidade de defesa e a estrita observância do devido processo legal.

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Deve ser conduzida por comissão composta por dois ou mais servidores estáveis (de preferência, três);

Observar as etapas dispostas no rito ordinário do processo administrativo disciplinar, ou seja, inquérito administrativo: instrução, defesa e relatório;

Para aplicar punição, deverão ser refeitos os atos instrutórios da sindicância investigativa, agora com o contraditório e ampla defesa;

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FASES DA SINDICÂNCIA ACUSATÓRIA

1. Publicação da portaria de instauração pela autoridade responsável. Na portaria, devem constar:

1.1. Nomes dos sindicantes;1.2. Prazo para conclusão dos trabalhos;1.3. Número do processo que contém os fatos a serem apurados.

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2. Fase Instrutória:

2.1. Notificação imediata do sindicado, em obediência aos princípios do contraditório e da ampla defesa;

2.2. Busca de provas: princípio da verdade material;

As comissões deverão registrar suas deliberações em ata, assim como realizar as comunicações processuais, observando as mesmas exigências do PAD.

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2.3. Encerra-se essa fase com a entrega do termo de indiciação ao sindicado ou com relatório final da comissão sugerindo o arquivamento do feito.

3. Indiciação: prazo de 10 dias para defesa (1 indiciado) ou 20 dias (2 ou mais indiciados);

4. Relatório final: será sempre conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor sindicado;

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5. Julgamento: a autoridade terá prazo de 20 dias, contado do recebimento dos autos, para proferir a decisão final.

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O julgamento da sindicância proferido pela autoridade competente poderá sofrer revisão, conforme consta no artigo 182 da Lei n. 8112/1990. Ademais, dessa revisão não poderá resultar agravamento da pena, segundo dispõe o parágrafo único do citado artigo (princípio da non reformatio in pejus).

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COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO

• Artigo 149 da Lei n. 8112/1990 – no mínimo, dois integrantes (artigo 12, § 2º, da Portaria-CGU n. 335/2006);

• O presidente do colegiado deverá ter nível de escolaridade igual ou superior ao do servidor sindicado;

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QUEM PODE COMPOR A COMISSÃO?

LEI N. 8112/1990– Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por

comissão composta de três servidores estáveis designados pela autoridade competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser 1ocupante de cargo efetivo 2superior ou de mesmo nível, ou ter 3nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.

[...]– § 2o Não poderá participar de comissão de sindicância

ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.

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PRAZOS DA SINDICÂNCIA

O artigo 145, parágrafo único, da Lei n. 8112/1990, dispõe que a sindicância deverá ser concluída no prazo de 30 dias, podendo ser prorrogada por mais 30 dias.

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30 30 Máximo 60 dias

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PRAZOS DA SINDICÂNCIA

PRAZO PARA CONCLUSÃO: 30 dias, podendo ser prorrogada por mais 30 dias (artigo 145, parágrafo único, da Lei n. 8112/1990, e artigo 15, § 5°, da Portaria-CGU n. 335/2006).

A prorrogação fica a critério da autoridade instauradora.

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Desnecessidade de instauração da sindicância acusatória previamente ao processo

administrativo disciplinar

A expressão “processo administrativo disciplinar” (gênero) comporta as espécies “processo administrativo disciplinar” (PAD) e “sindicância contraditória”;

O artigo 145 da Lei n. 8112/1990 dispõe que da sindicância poderá resultar o arquivamento do processo, a aplicação de penalidade de advertência ou suspensão por até 30 dias e a instauração de processo administrativo disciplinar.

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Sindicância punitiva

Abertura de PAD

Punição(art. 146)

Arquivamento

Arquivamento

Punição (art. 145, II)

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Em linhas gerais, quando a infração disciplinar apurada for punível com advertência ou suspensão por até 30 dias, pode ser utilizada a sindicância contraditória (artigo 145, inciso II, da Lei n. 8112/1990). Por outro lado, se a punição aplicável for a suspensão por mais de 30 dias, a demissão, a cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou a destituição de cargo em comissão, a lei é impositiva ao determinar, no artigo 146, a obrigatoriedade da instauração do processo administrativo disciplinar.

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A instauração da sindicância contraditória deve cingir-se às situações em que se tem preliminar convicção de que os fatos não são demasiadamente graves a ponto de ensejar as penalidades para as quais a lei exige o processo administrativo disciplinar.

Na dúvida, ou sendo verificada eventual gravidade dos fatos, é recomendável a instauração, de plano, do processo administrativo disciplinar.

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A sindicância não é meio hábil para se propor destituição de cargo em comissão, mesmo se a infração for sujeita, originariamente, à penalidade de suspensão inferior a 30 dias. Isso porque a própria lei já exige o processo administrativo disciplinar em sentido estrito para a imposição da penalidade de destituição de cargo em comissão, independentemente de a infração ser punível com suspensão ou demissão.

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Sindicância contraditória/punitiva

Para casos em que se tem preliminar convicção de que os fatos

não são demasiadamente graves

A sindicância não é meio hábil para se propor destituição de cargo em

comissão

Infração disciplinar apurada for punível com advertência ou suspensão por até 30 dias

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PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

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PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

“Procedimento formal, instaurado pela Administração Pública, para a apuração das infrações e aplicação das penas correspondentes aos servidores, seus autores” (Diogenes Gasparini).

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A Lei n. 8112, de 11 de dezembro de 1990, define como “Instrumento destinado a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontra investido”(artigo 148).

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OBJETO DO PAD:

APURAÇÃO DAS INFRAÇÕES +

APLICAÇÃO DE PENALIDADE AO AUTOR

FINALIDADE DO PAD:

CONTROLE DA CONDUTA DOS SERVIDORES

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I – PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR SOB O RITO SUMÁRIO

O rito sumário, não previsto inicialmente quando da publicação da Lei n. 8112/1990, foi acrescido posteriormente com a alteração promovida pela Lei n. 9527/1997. Assim, após esse novo disciplinamento legal, pode-se concluir que o processo administrativo disciplinar passou a comportar três espécies: sindicância acusatória (artigo 145, inciso II), processo disciplinar ordinário (artigo 146) e processo disciplinar sumário (artigos 133 e 140).

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Processo Administrativo

Disciplinar

Sindicância punitiva (art. 145, II)

Processo disciplinar ordinário (art. 146)

Processo disciplinar sumário

(arts. 133 e 140)

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Em linhas gerais, o rito sumário possui as seguintes especificidades: os prazos são reduzidos em relação ao rito ordinário, e a portaria de instauração deve explicitar a materialidade do possível ilícito.

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Processo Administrativo Rito Sumário

Acumulação ilegal de cargos

Abandono de cargos

Inassiduidade habitual

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As provas a serem produzidas no processo sumário seriam, em tese, meramente documentais.

Ocorre que pode surgir a necessidade de o servidor produzir outras provas, como testemunhal ou pericial, e isso não é impedimento para abertura de instrução probatória, à luz do contraditório e da ampla defesa.

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STJ, Mandado de Segurança n. 7.464: Ementa: […] III – A intenção do legislador – ao estabelecer o procedimento sumário para a apuração de abandono de cargo e de inassiduidade habitual – foi no sentido de agilizar a averiguação das referidas transgressões, com o aperfeiçoamento do serviço público. Entretanto, não se pode olvidar das garantias. (Processo MS n. 7464/ DF, Mandado de Segurança n. 2001/0045029-6, Relator: Ministro Gilson Dipp, Órgão Julgador: Terceira Seção, j. 12-3-2003, DJ 31-3-2003, p. 144.)

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DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO EM ESTÁGIO PROBATÓRIO. EXONERAÇÃO. EXIGÊNCIA DOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. PRECEDENTES. RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO.

1. Em se tratando de exoneração de servidor público que se encontra em estágio probatório, não se apresenta necessário prévio processo administrativo disciplinar. No entanto, devem-lhe ser assegurados os princípios da ampla defesa e do contraditório. Precedentes.

2. Hipótese em que o recorrente apresentou tão-somente defesa escrita em que se reporta às provas colhidas em autos de inquérito policial, uma vez que nada foi apurado, de fato, na esfera administrativa. Não houve interrogatório, indiciamento, oitiva de testemunhas na presença do servidor ou de seu advogado ou defensor dativo, não figurando formalmente como acusado.

3. Recurso ordinário provido. (STJ. RMS n. 21.284/MT, Relator: Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, j. 14-8-2007, DJ 24-9-2007, p. 325.)

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Apesar de serem regidos pelo rito sumaríssimo, os processos disciplinares relativos a transgressões de natureza leve não podem deixar de observar os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, princípios basilares consagrados no art. 5º, LV, também aplicáveis a processos administrativos, como se depreende da leitura do texto legal. (TJSC, Reexame Necessário em Mandado de Segurança n. 2008.074642-3, da Capital, rel. Des. Cid Goulart, j. 14-9-2010.)

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FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR SOB O RITO SUMÁRIO

1. Instauração: efetiva-se com a publicação do ato que, além de constituir a comissão, composta por dois servidores estáveis, indicará a respectiva autoria e materialidade do ilícito supostamente praticado.

2. Instrução sumária do processo: a indiciação do acusado, a defesa e o posterior relatório da comissão.

3. Julgamento: pela autoridade competente, no prazo de 5 dias.

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PAD Rito Sumário

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Instauração(publicação de ato indicando

a autoria e materialidade)

Indiciação do acusado, defesa e relatório final da comissão

(30 dias para concluir e mandar para julgamento – pode prorrogar

por mais 15 dias)

Julgamento no prazo de 5 diasRecurso

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A fase apuratória da comissão deve ser desenvolvida no prazo total de 30 dias, podendo ser prorrogado por até 15 dias, de acordo com o § 7º do artigo 133 da Lei n. 8112/1990.

Saliente-se que esses prazos não são fatais e são diferentes tanto do processo administrativo disciplinar sob o rito ordinário (60 + 60 dias), quanto da sindicância punitiva (até 30 + até 30 dias).

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II – PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR SOB O RITO ORDINÁRIO

FASES:

1. Instauração;2. Inquérito Administrativo ou Instrução;3. Julgamento.

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1. INSTAURAÇÃO

A portaria de instauração deve conter os seguintes elementos: a) a autoridade instauradora competente;b) os integrantes da comissão (nome, cargo e matrícula), com a

designação do presidente;c) a indicação do procedimento do feito (PAD ou sindicância);d) o prazo para a conclusão dos trabalhos;e) a indicação do alcance dos trabalhos, reportando-se ao

número do processo e demais “infrações conexas” que surgirem no decorrer das apurações.

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2. INQUÉRITO ADMINISTRATIVO

É dividido nas subfases de instrução, defesa e relatório.

2.1 Instrução: a comissão promove a busca de provas necessárias ao esclarecimento da verdade material, assim como promove a indiciação ou sugere a absolvição do acusado;

2.2 Defesa: no caso de a comissão entender pela indiciação do servidor, deverá citá-lo, momento a partir do qual abre-se prazo legal para apresentação de defesa escrita;

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2.3 Relatório final: produção, pela comissão, de relatório final conclusivo quanto à inocência ou não do indiciado, apresentando, para tanto, as razões e justificativas para o enquadramento, ou não, no ilícito administrativo.

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CITAÇÃO DO ACUSADO

Poderá ser pessoal (regra) ou por edital.

O mandado de citação pessoal deverá ser elaborado em duas vias e ter campo próprio para o indiciado assinar, comprovando assim o seu recebimento. A primeira via será entregue ao indiciado, e a segunda ficará em posse da comissão. É de suma importância que a via da comissão processante seja anexada aos autos, para servir de comprovante da entrega do próprio mandado. O referido mandado terá de conter ainda a designação do prazo para apresentação da defesa, bem como a indicação do local onde esta deverá ser entregue.

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Deverão acompanhar o mandado de citação, como anexos, a cópia do termo de indiciação e a cópia da parte do processo que os indiciados ainda não tenham solicitado ou recebido, preferencialmente em meio eletrônico.

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Citação pessoal:

- Duas vias;- juntar via da comissão aos autos (com o recebido

pelo acusado);- Designação do prazo para defesa;- Anexar cópia do termo de indiciação e da parte

do processo que o acusado ainda não tenha recebido;

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No caso de recusa do indiciado em receber a citação pessoal, o artigo 161, § 4º, da Lei n. 8112/1990, prevê que o membro da comissão que não obteve êxito em conseguir a assinatura do indiciado no mandado poderá suprir a ausência desta por meio de termo, ou seja, um documento elaborado pelo próprio membro que relata a tentativa de obter o ciente do indiciado, mas que este se recusou a fazê-lo.

Para lavrar o referido termo, é necessário que o membro da comissão esteja acompanhado de 2 testemunhas, as quais presenciaram o fato; nesse caso, as 2 testemunhas assinam o documento e a recusa do indiciado em receber a citação estará suprida.

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A citação por edital está prevista no artigo 163 da Lei n. 8112/1990.

Essa hipótese é aplicável no caso em que o indiciado encontre-se em lugar incerto e não sabido, caso em que o edital será publicado no Diário Oficial da União e em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio conhecido do indiciado, para que este apresente a defesa.

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Citação por edital = acusado em lugar incerto ou não sabido.

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A citação do indiciado produz dois efeitos jurídicos:

1. Delimitação dos ilícitos administrativos que a comissão processante entendeu praticados, ou seja, dos artigos da lei que, supostamente, foram violados em decorrência da sua conduta;

2. Iniciar o prazo para apresentação da defesa

10 dias para 1 indiciado 20 dias para dois ou mais

Neste último caso, o prazo terá início após a citação do último indiciado, caso todos os indiciados não tenham sido citados no mesmo dia. (art. 161)

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É OBRIGATÓRIA A DEFESA NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR?

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Nos termos do art. 164 da Lei n. 8112/1990, a defesa é obrigatória, seja pelo acusado ou por um defensor nomeado, quando o acusado, apesar de citado, não apresenta defesa.

Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado, não apresentar defesa no prazo legal.

§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e devolverá o prazo para a defesa.

§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do processo designará um servidor como defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.

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RELATÓRIO FINAL

Vejamos o que preceitua o artigo 165 da Lei n. 8112/1990:

Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencionará as provas em que se baseou para formar a sua convicção.

§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor.

§ 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.

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Muito embora a Lei n. 8112/1990 não traga um rol dos elementos que deverão constar no relatório final, segue abaixo listagem com algumas informações que se entende como essenciais para um Relatório Final satisfatório:

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a) resumo dos fatos sob apuração;

b) breve relato das medidas adotadas pela comissão no sentido de investigar o caso, inclusive informações relacionadas às oitivas de testemunhas e interrogatórios;

c) relação de eventuais exames periciais e suas respectivas conclusões;

d) elementos detalhados sobre os indiciamentos, caso tenham ocorrido;

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e) razões apresentadas na defesa escrita e as respectivas considerações sobre cada uma delas;

f) conclusão pela inocência ou culpa dos servidores envolvidos e, no caso de responsabilização, sugestão de penalidade a ser aplicada, levando-se em consideração a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provieram para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais (artigo 128 da Lei n. 8112/1990);

g) eventuais encaminhamentos necessários, como, por exemplo, CGU, AGU, TCU e MPF;

h) possíveis medidas administrativas a serem adotadas com o propósito de evitar futuras ocorrências de fatos da mesma natureza no órgão.

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3. JULGAMENTO

Por fim, segue-se a fase de julgamento do feito disciplinar, a qual pode ser realizada pela autoridade instauradora do processo, a depender da penalidade sugerida pela comissão processante, conforme consta no artigo 141 da Lei n. 8112/1990.

Não tendo a autoridade instauradora competência para proferir o julgamento, deverá remeter o processo àquela que detém referida atribuição. Assim, a competência da autoridade julgadora é fixada pela proposta de penalidade recomendada pelo colegiado.

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A autoridade competente deverá julgar o feito no prazo de vinte dias, a contar do recebimento do relatório final da CPAD (artigo 167 da Lei n. 8112/1990). Ademais, pode divergir do entendimento esposado pela comissão, caso seja contrário às provas dos autos. Nessa hipótese, poderá motivadamente agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade, de acordo com o disposto no artigo 168 da lei que rege os servidores públicos civis da União.

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DIREITO ADMINISTRATIVO. AFASTAMENTO DAS CONCLUSÕES DA COMISSÃO EM PAD.

No processo administrativo disciplinar, quando o relatório da comissão processante for contrário às provas dos autos, admite-se que a autoridade julgadora decida em sentido diverso daquele apontado nas conclusões da referida comissão, desde que o faça motivadamente. Isso porque, segundo o parágrafo único do art. 168 da Lei 8.112/1990, quando “o relatório da comissão contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade”. Precedentes citados: STJ. MS 15.826-DF, Primeira Seção, DJe 31/05/2013; e MS 16.174-DF, Primeira Seção, DJe 17/02/2012. MS 17.811-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 26/6/2013.

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AFASTAMENTO PREVENTIVO DOS ACUSADOS

• Ato de competência da autoridade instauradora (de ofício ou a pedido da comissão);

• Formaliza-se por meio de portaria;• Quando o servidor traz ou possa trazer

qualquer prejuízo à apuração, seja destruindo provas, seja coagindo demais intervenientes na instrução probatória.

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Lei n. 8112, de 11-12-1990:

Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.

Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o processo.

Ao contrário da Comissão, que poderá ser reconduzida após o transcurso do prazo e de sua prorrogação, o afastamento do servidor acusado só poderá ocorrer pelo prazo de até 60 dias, admitida uma única prorrogação. Desse modo, só se admite o afastamento preventivo pelo prazo máximo de 120 dias.

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COMISSÃO DE INQUÉRITO

Composição: 3 servidores estáveis designados pela autoridade competente (instauradora), que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado (artigo 149 da Lei n. 8112/1990).

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Os servidores integrantes da Comissão devem ser estáveis no serviço público

ou no cargo que ocupam?

O tema não está pacificado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, vejamos:

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O Processo Administrativo Disciplinar – PAD deve ser conduzido por Comissão composta de servidores estáveis no serviço público, sendo prescindível a estabilidade no cargo que atualmente ocupam.

Precedentes: MS n. 17583/DF, Relator: Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, j. 12-9-2012, DJe 3-10-2012; AgRg no REsp n. 1317278/PE (voto vencido: Ministro Herman Benjamin), Segunda Turma, j. 28-8-2012, DJe 24-9-2012; RMS n. 24503/DF, Relator: Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, j. 15-12-2009, DJe 1º-2-2010.

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O Processo Administrativo Disciplinar – PAD deve ser conduzido por Comissão composta de servidores estáveis no atual cargo que ocupam, e não apenas no serviço público.

Precedentes: RMS n. 35905/MG, Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, j. 26-2-2013, DJe 16-5-2013; AgRg no REsp n. 1317278/PE, Relator: Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, j. 28-8-2012, DJe 24-9-2012; MS n. 16557/DF, Relator: Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, j. 24-8-2011, DJe 6-9-2011.

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LOTAÇÃO DOS MEMBROS DA COMISSÃO EM OUTRA UNIDADE DA FEDERAÇÃO

DIREITO ADMINISTRATIVO. MEMBROS DE COMISSÃO DE PROCESSO DISCIPLINAR. LOTAÇÃO EM OUTRA UNIDADE DA FEDERAÇÃO.

Na composição de comissão de processo disciplinar, é possível a designação de servidores lotados em unidade da Federação diversa daquela em que atua o servidor investigado. A Lei n. 8.112/1990 não faz restrição quanto à lotação dos membros de comissão instituída para apurar infrações funcionais. (STJ. MS n. 14.827-DF, Relator: Ministro Marco Aurélio Bellizze, j. 24-10-2012.)

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MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO CIVIL. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. MÉRITO ADMINISTRATIVO. REAPRECIAÇÃO. LEGALIDADE. SANÇÃO DISCIPLINAR. APLICAÇÃO. ASPECTO DISCRICIONÁRIO. INEXISTÊNCIA. COMISSÃO DISCIPLINAR. INTEGRANTE. SERVIDOR PÚBLICO NÃO ESTÁVEL. NULIDADE.

I - Descabido o argumento de impossibilidade de reapreciação do mérito administrativo pelo Poder Judiciário no caso em apreço, pois a questão posta diz respeito exclusivamente a vício de regularidade formal do procedimento disciplinar, qual seja, defeito na composição da comissão processante.

[...]III - É nulo o processo administrativo disciplinar cuja comissão

processante é integrada por servidor não estável (art. 149, caput, da Lei n. 8.112/90). Ordem concedida.

(STJ. MS n. 12.636/DF, 2007/0031419-4, Relator: Ministro Felix Fischer, Terceira Turma, j. 27-8-2008, DJ 23-9-2008.)

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Nível de escolaridade dos membros da Comissão

Nem todos os membros da Comissão precisam ser ocupantes de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado, mas apenas seu presidente.

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ImparcialidadeO servidor que responde a um PAD tem a garantia de imparcialidade

dos integrantes da comissão processante. Outro servidor que realizou a sindicância para apurar os fatos ilícitos e emitiu juízo sobre a possível responsabilidade do investigado não pode determinar a instauração do processo e aprovar seu relatório final.

Com esse entendimento, a Terceira Seção anulou, desde sua instauração, um PAD que havia concluído pela demissão de auditor fiscal da Receita Federal. Os ministros não aceitaram que o mesmo servidor destacado para realização da sindicância tivesse instaurado o processo, designado a comissão e aprovado seu relatório final.

Os ministros consideraram que a instauração do PAD envolve, ainda que em caráter preliminar, juízo de admissibilidade, em que é verificada a existência de indícios suficientes da ocorrência de transgressão funcional. Por isso, a legislação traz diversos dispositivos que rejeitam a participação de quem está pessoalmente envolvido nos fatos, comprometendo a imparcialidade da atuação administrativa (STJ, MS n. 15.107).

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QUALIFICAÇÕES PESSOAIS DOS INTEGRANTES DAS COMISSÕES

Estabelecem os ensinamentos de Adriane de A. Lins e Débora V. S. B. Denys: “Ressaltamos que o servidor que integrará uma Comissão de PAD, na condição de membro, deverá preencher os requisitos legais, bem como ter o perfil ideal para o caso concreto (bom senso + conhecimento técnico + experiência + capacitação)”.

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Atribuições dos integrantes da comissão

Dentro da comissão, não existe relação de hierarquia, tanto que os votos dos 3 integrantes têm o mesmo valor, mas apenas uma distribuição não rigorosa de atribuições e uma reserva de competência de determinados atos ao presidente.

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QUAL A DIFERENÇA ENTRE IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO?

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IMPEDIMENTO DOS MEMBROS DA COMISSÃO

Com o objetivo de assegurar a isenção e a imparcialidade da Comissão nas apurações, a Lei n. 8112/1990 dispôs sobre o estado de quem, por união de fato ou de direito ou por relação de parentesco, até o terceiro grau, se acha impedido de ser designado para integrar procedimento apuratório de irregularidade (sindicância ou PAD) ocorrida no serviço público.

Impedimentos dos membros da comissãoArt. 149, § 2º, Lei n. 8112/1990

Cônjuge, companheiro ou parente do acusado,

consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro

grau

Servidor não estável

Servidor que tenha participado anteriormente em comissão de sindicância para apuração dos mesmos

fatos ou que venha a participar como

testemunha, perito ou representante

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DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (PAD). NULIDADE POR IMPEDIMENTO DE SERVIDOR.

Há nulidade em processo administrativo disciplinar desde a sua instauração, no caso em que o servidor que realizou a sindicância investigatória determinou, posteriormente, a abertura do processo disciplinar, designando os membros da comissão processante. A imparcialidade, o sigilo e a independência materializam os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, devendo nortear os trabalhos da comissão que dirige o procedimento administrativo, conforme dispõe o art. 150 da Lei n. 8.112/1990. O art. 18, II, da Lei n. 9.784/1999 prevê o impedimento para atuar em processo administrativo do servidor ou autoridade que dele tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante. A instauração do PAD envolve, ainda que em caráter preliminar, juízo de admissibilidade, em que é verificada a existência de indícios suficientes a demonstrar que ocorreu transgressão às regras de conduta funcional. Por isso, não se pode admitir que o servidor que realizou as investigações e exarou um juízo preliminar acerca da possível responsabilidade disciplinar do sindicado, considerando patentes a autoria e materialidade de infração administrativa, determine a instauração do processo administrativo e, em seguida, aprove o relatório final produzido. Precedente citado: MS 14.135-DF, DJe 15/9/2010. MS 15.107-DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 26/9/2012.

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SUSPEIÇÃO DOS MEMBROS DA COMISSÃO

A suspeição deriva de uma situação subjetiva e gera uma presunção relativa de parcialidade, admitindo prova em contrário. Portanto, ainda que configurada uma das hipóteses de suspeição, há possibilidade de refutação pelo próprio suspeito ou pela autoridade instauradora.

“Não arguida a suspeição, o administrador-julgador se torna imparcial e pode atuar no processo”, segundo Iuri Mattos de Carvalho.

A exceção de suspeição pode ser arguida até a decisão final sobre a matéria; depois disso, o defeito deixa de produzir qualquer consequência jurídica no processo disciplinar, convalidando-se o vício e considerando-se imparcial o membro da Comissão supostamente suspeito.

Exemplo: amigo íntimo ou inimigo capital do indiciado.

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SUSPEIÇÃO DOS MEMBROS DA COMISSÃO

presunção relativa de parcialidade; admite prova em contrário;Não arguida a suspeição, torna o membro da

comissão imparcial e pode atuar no processo;A exceção de suspeição pode ser arguida até a

decisão final sobre a matéria

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COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

NOTIFICAÇÃO Comunicação processual pela qual o acusado é

informado da propositura de um processo contra a sua pessoa, consistindo em instrumento hábil para possibilitar a sua defesa. É ato oficial, expedido pelo presidente da Comissão processante, pelo qual o acusado é chamado ao processo e, ao mesmo tempo, por causa da notificação, pode comparecer perante a Comissão, inclusive, para realizar atos de defesa que desejar.

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INTIMAÇÃOComunicação de atos processuais que tenham sido

praticados ou a serem praticados no curso do processo. Por meio da intimação, comunicam-se, a qualquer pessoa do processo, os atos processuais a serem praticados ou já praticados. Portanto, comunicam-se atos ao acusado, à testemunha, ao informante, ao defensor, ao perito, etc.

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CITAÇÃOEsta comunicação processual na esfera administrativa,

ao contrário do que ocorre nos processos civis e penais, consiste no chamamento do indiciado para apresentar sua defesa escrita, ou seja, após o indiciamento, a Comissão cita o indiciado para que apresente sua defesa escrita.

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É OBRIGATÓRIA A PRESENÇA DE ADVOGADO PARA DEFENDER O

ACUSADO?

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A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição (Súmula Vinculante n. 5 do STF).

• Precedentes: AgRg no AREsp n. 331607/SP, Relator: Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, j. 15-8-2013, DJe 16-9-2013; RMS n. 31995/RS, Relator: Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, j. 15-8-2013, DJe 26-8-2013; RMS n. 32169/RN, Relator: Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, j. 2-5-2013, DJe 17-6-2013; AgRg no REsp n. 1256653/SP, Relator: Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, j. 28-8-2012, DJe 5-9-2012; MS n. 15313/DF, Relator: Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, j. 9-11-2011, DJe 18-11-2011; HC n. 198169/SP, Relator: Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Seção, j. 14-9-2011, DJe 16-11-2011; MS n. 13791/DF, Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Terceira Seção, j. 13-4-2011, DJe 25-4-2011; MS n. 19785/DF (decisão monocrática), Relatora: Ministra Eliana Calmon, j. 4-4-2013, DJe 11-4-2013; MC n. 15290/DF (decisão monocrática), Relator: Ministro Ari Pargendler, j. 2-3-2009, DJe 4-3-2009.

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Os limites da Súmula Vinculante n. 5 do STF devem ser bem entendidos, porque embora o só fato de o acusado

não se fazer representar por advogado no processo disciplinar não acarrete a nulidade, isso não quer dizer

que o advogado sempre será dispensado, tampouco que a ampla defesa não seja um direito assegurado ao

acusado. Quer dizer que, em regra, não é necessário um advogado, e que a ampla defesa continua ainda assim

garantida, com a ausência da defesa técnica.

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É certo que o Supremo Tribunal Federal já assentou, nos termos do enunciado da Súmula Vinculante n. 5, que "a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição"; donde impõe-se à Administração o dever de maximizar os meios de defesa, inclusive para tornar explícitos todos os termos da acusação, mormente quando se trata de servidor com pouca habitualidade com as formas e preceitos jurídicos, até mesmo em homenagem ao princípio da Moralidade e da Legalidade (art. 37, caput, da Carta Magna. (TJSC, Apelação Cível n. 2013.074835-1, de Joaçaba, rel. Des. Stanley da Silva Braga, j. 24-6-2014.)

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