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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas - nº 1121
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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1121
Novembro/2013
Itapipoca
Um quintal onde se semeia autonomia e
bem-viver
Na comunidade de Bom Jesus, no Assentamento Maceió, localizada em Itapipoca (CE),
vive a agricultora familiar Maria Salete Félix. A mulher de sorriso acolhedor é mãe de Beatriz,
de dezoito anos, Bruno, de dezesseis, e Mateus, de catorze anos, que ajudam nos trabalhos
do quintal quando não estão na escola. A agricultora agroecológica conta com a ajuda de toda
a família, inclusive do marido, Antônio José.
Quando a prosa é sobre a autonomia das mulheres, Salete demonstra ser envolvida
com a luta pelos direitos das trabalhadoras rurais. Além de agricultora é também agente de
saúde e faz parte do MMTR - Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais, onde exerce forte
papel de articulação na comunidade. Para Salete, o envolvimento das mulheres com o quintal
agroecológico trouxe contribuição para o protagonismo e autonomia das trabalhadoras.
“Muitas vezes o técnico chegava na casa da mulher e a mulher ficava na cozinha e o homem ia
pro quintal. Era como se ela não fizesse parte daquilo. E a assessoria técnica, na questão da
mulher, veio tirar a mulher da cozinha e saber que ela também fazia parte do seu quintal, do
seu roçado”, afirma. Ela destaca também como de importância para o seu crescimento e
enriquecimento dos conhecimentos sociais e agroecológicos os momentos de formação e de
encontro de mulheres que teve a partir da assessoria técnica do Centro de Estudos do
Trabalho e Assessoria ao Trabalhador (CETRA), entre outros.
Agricultura familiar é o maior bem-viver para família de Salete Felix
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará
Realização Apoio
Em sua propriedade, de apenas meio hectare,
Salete produz uma grande variedade de fruteiras e
plantas medicinais como caju, graviola, acerola,
coco, carambola, mamão, manjericão, hortelã,
boldo, malva santa, erva cidreira, corama, além de
gêneros tradicionais da agricultura familiar como
macaxeira e mandioca. Com essa produção, Salete,
juntamente com outras mulheres da comunidade,
realiza o beneficiamento de macaxeira e mandioca
fornecendo bolos para a merenda escolar, via
Programa Nacional de Alimentação Escolar-PNAE.
Produção fruto da luta dos trabalhadores e
trabalhadoras rurais para inserir os produtos da
agricultura familiar na merenda escolar. A agricultora
fornece ainda cheiro verde para a Escola do Campo.
“A gente saber como produz é a coisa mais
importante da vida porque você está vendo o que
está produzindo, sabe o que está produzindo e como
produzir. E não coloca agrotóxico nas coisas. E todo
dia você tem, não precisa comprar. Quando a gente
mesmo produz, a gente mesmo tá colhendo, tá
vendendo”, explica Salete. Para obter essa
produção ela trabalha com a prática da
compostagem utilizando folhas, esterco, espinha de
peixe, cinzas e resto de culturas, além de utilizar
defensivos naturais.
Trabalhar na terra conquistada dá mais
coragem para enfrentar os desafios como a falta de
chuva. Com alegria e esperança, Salete nos conta o
significado de seu quintal: “Meu quintal é muito
significativo. Apesar da gente estar com dificuldade
de água, a gente sempre vem tentando manter os
canteiros... Porque aqui é que a gente tem as nossas
raízes. Para mim o meu quintal é tudo”.
Beneficiamento de macaxeira e
mandioca, fornecendo bolos para a
merenda escolar na comunidade
Salete Felix e seu quintal, lugar de alegria e de esperança