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conto de Natal Texto de: Isabel

Uma história de natal

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Page 1: Uma história de natal

Um conto de Natal

Texto de:Isabel Bártolo

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Era uma vez uma família feliz que vivia numa casa rodeada de um bonito jardim

cheio de arvoredo. Nessa casa vivia o Paulo com os avós,

os pais e os seus três irmãos.

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Numa tarde, o Paulo acabou de arrumar os livros da escola e ficou a olhar pela janela. Lá fora agitava-se o verde da árvore que o avô plantara quando o

pai nasceu. - Dava uma bela árvore de Natal cheia de

presentes! - disse ele - Ainda bem que o Natal é já para a semana.

Como não sabia o que fazer, andou pela casa espreitando aqui e ali, tentando descobrir as

compras de Natal que a mãe já tinha feito. Nada, por mais que procurasse. Onde as esconderia?

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Aborrecido, aproveitando a distracção da Rosa que arrumava a cozinha, saiu de casa disposto a dar uma volta pelo quarteirão. Lá estava a Teresa a varrer a escada e a apanhar as folhas secas por todo o jardim da D. Francisca. Quanto ganharia? Pouco, mas ajudaria a comprar qualquer coisa lá

em casa.

- Queres castanhas? - ofereceu ele à Teresa que tiritava de frio.

- Posso tirar algumas? -Claro. Já acabaste? Queres vir comigo ver as

montras?

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Sem esperar resposta, o Paulo puxou-a pelo braço e os dois correram pela rua. Tantas

luzes a cintilar, tantos brinquedos amontoados em caixotes à porta das lojas, tantas guloseimas mesmo à espera que as

fossem buscar.

A Teresa não dizia nada. Só olhava, maravilhada, e nem ouvia o que o amigo tagarelava. Pensava como seria bom ter

algumas daquelas coisas em casa. O pai já não podia fazer alguns trabalhos que

costumava fazer depois de sair do emprego e o Natal ia ser mais triste.

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Estava a anoitecer, mas ainda deram mais uma volta entrando nalgumas lojas, onde

encontraram colegas da escola já carregados de embrulhos. Por fim,

regressaram a casa. Tanto um como o outro, silenciosos!

Ao jantar, o Paulo continuou calado. Felizmente, a irmã falava pelos cotovelos. E ele pensava. Tanto, que nem recusou o

que não gostava. A mãe e o pai entreolhavam-se, discretamente. O que se

passaria com ele ? Só o saberia o avô, quando, sorrateiramente, abriu o diário do

neto.

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Era tarde quando o rapazinho acordou. Mexeu-se e remexeu-se no quentinho da cama. Era bom ficar

em casa, sem ter de ir à escola. Pela janela entrava já um belo raio de sol! Foi então que se

lembrou do sonho que tivera. O Pai Natal estivera na varanda do seu quarto e espreitara pela

vidraça! Mas não trazia nenhum saco de presentes.

Levantou-se e foi ver. O seu espanto foi grande. Os ramos da árvore do pai que pendiam para a varanda já não existiam. Agora podia ver a casa da Teresa a alguns metros de distância. E nem

sinais de Pai Natal!

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Quando desceu para a cozinha, encontrou o avô a comer o habitual pão com queijo. A estas horas? estranhou ele. O avô é tão

madrugador!

- O que aconteceu à arvore, avô? - Mandei cortar alguns ramos para fazer

lenha. Está um frio de rachar! E agora deixa-me ir que tenho pressa.

Era evidente que o avô não queria conversar e mal abriu a porta, a avó e a mãe entraram com um montão de roupa

que, peça a peça, estenderam na mesa da cozinha, dispostas a costurar.

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Regressou ao quarto, fez a cama antes que a mãe ralhasse e sentou-se no chão a

brincar com os brinquedos. Era aborrecido estar sozinho, mas a irmã tinha saído com

a tia Amélia. Ao levantar a cabeça, deu de caras com o

Gorducho. Hesitou, mas por fim decidiu-se e quebrou o porco. Antes do lanche, com o pretexto de ir ter com o João, esgueirou-se

para a loja onde estivera com a Teresa.

Quando voltou ninguém percebeu o que trazia debaixo do casaco. Como haviam de

perceber, se todas as mulheres da casa estavam ocupadas com montanhas de

roupa?

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Na véspera do dia de Consoada, o Paulo voltou de casa dos primos onde tinha estado uns dias. A azáfama na casa era enorme. Nunca vira uma

coisa assim. Até a sua ajuda na cozinha foi necessária.

A avó decidiu que ele tinha de ajudar a fazer uns bolos com a irmã, Mariana. E que exigente ela

estava! Mas lá foi fazendo o que lhe mandavam e até foi divertido. De recompensa recebeu até alguns doces que comeu com o Zé, o Mário e a

irmã.

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Quanto à Teresa , mal a via, porque fazia alguns recados às vizinhas, recebendo em troca

algumas coisas que entregava logo à mãe. - Está a nevar e assim o Pai Natal já pode vir

de trenó - gritava o irmão mais novo, todo entusiasmado, de nariz colado à janela.

-Está tudo tão branquinho! Amanhã vamos fazer um boneco de neve.

Mal podiam esperar pelo dia seguinte. Que receberiam de presente?

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O presépio lá estava iluminando a sala e o pinheiro de Natal resplandecia. Os três

irmãos encantavam-se a olhar para eles e o avô sorria.

Às vezes o Paulo ficava calado. Quando se lembrava do Pai Natal espreitando pela vidraça, sentia-se um pouco apreensivo.

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Finalmente era dia de Consoada!

O dia tinha custado a passar, tal era o desejo de ver chegar a noite. Por volta das

seis horas, faziam-se os últimos preparativos. Da cozinha vinha um

cheirinho de fazer crescer água na boca. A mãe e a avó decoravam a mesa. Desta

vez, para mais convivas. Quem seriam os convidados? Ninguém lhe dizia nada.

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Ouvi dizer a mãe que vamos todos buscar os convidados e há crianças como nós para brincar –

disse-lhe a irmã. O Paulo estava cada vez mais intrigado e a mãe,

juntado a família, mandou toda a gente vestir os abafos para sair.

A Rosa encontrava-se já na rua e com ela mais dois homens que carregavam caixas e sacos. O

avô e o pai também ajudavam. Os dois irmãos não sabiam o que pensar. O que era tudo aquilo?

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Intrigados, lá seguiam atrás dos pais e qual não foi o seu espanto ao ver o avô parar na casa ao

lado. A mãe de Teresa veio abrir a porta convidando-os a entrar.

Paulo não podia ficar mais espantado! A casa estava irreconhecível. Estava toda arranjada, com cortinas bonitas nas janelas. Havia uma

lareira acesa, a mesa tinha uma toalha alegre e a um canto uma bela árvore de Natal que o

rapazinho reconheceu imediatamente.

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Agora, no armário da sala havia também comida própria da época, fruta e doces com abundância, vindos das caixas e

sacos da Rosa. Aos pés da árvore, os avós colocaram também alguns presentes para a família, brinquedos para as crianças e outros embrulhos, cujo conteúdo Paulo

adivinhou – roupa quente. -Feliz Natal para todos! - desejou o pai.

-Feliz Natal! – disseram os pais da Teresa, comovidos.

-Viemos convidá-los para cearem, esta noite ,connosco. Teríamos muito gosto em

juntar as nossas famílias – disse o avô.

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E sem esperar resposta ordenou a todos o regresso a casa – Vamos! Temos uma festa de Natal para celebrar com os

nossos amigos. Mais tarde, quando o Paulo olhou a árvore do pai pareceu-lhe que ela

estava mais bonita e lhe sussurrava: -Boas Festas! Feliz Natal!

Depois da ceia – a mais bonita e alegre de que todos se lembravam -todos abriram as

suas prendas e ninguém soube como é que o Pai Natal entrou lá em casa e deixou

na lareira um presente, onde havia um cartãozinho com o nome de Teresa.

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Feliz Natal