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Vanguarda classista 2014

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Jornal do Coletivo de Jovens Trabalhadores da CTB/PE

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Page 1: Vanguarda classista 2014

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL E OS DESAFIOS DA CLASSE TRABALHADORA

Pernambuco - ano II

É Preciso continuar a lutar! | p.02

“Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez

que se comete uma injusti-ça no mundo, então somos

companheiros”

Che Guevara

Precarização do trabalho, tercerização e estágio | p.02

Mercado de trabalho versus juventude | p.03

Por Wallace Melo Barbosa

As iniciativas de ampliação da educação profissional, técnica e tecnológica, a exemplo do PRONATEC, bus-cam responder à necessidade de ampliar a qualificação dos trabalhadores(as), de cursos e de instituições fede-rais e estaduais de educação tecnológica. Um desafio decisivo para o Brasil, que viu nos anos 90 um brutal ataque à educação, tendo em vista o sucateamento das escolas, das universidades, dos cursos técnicos e dos profissionalizantes, além do contínuo processo de des-valorização dos trabalhadores e trabalhadoras do setor educacional.

Nessa conjuntura, consideramos ser fundamental e es-tratégico para o desenvolvimento social e econômico do Brasil, uma política ativa de formação profissional que proporcione aos brasileiros(as) condições técnicas e intelectuais para que assim, ocupem os variados pos-tos de trabalho. E diante disso, há de se concordar que o atual momento, nos permite, enquanto defensores de um projeto nacional de desenvolvimento, lutar pela ampliação dessas iniciativas voltadas ao ensino edu-cação profissional, expandindo-os, interiorizando-os e democratizando sua oferta para estudantes e trabalha-dores.

Nessa mesma conjuntura, cabe aqui nos debruçarmos sobre uma reflexão a respeito de algumas problemá-ticas pontuais e assim afirmar que a construção de um panorama decente dentro do mundo do trabalho requer, além da vontade, um esforço político e o en-volvimento de vários segmentos da sociedade civil na atenção e na ampla oferta dos cursos. Nesse ponto des-taco a atuação do setor privado da educação, já que, de um modo geral, foram essas instituições que passaram a oferecer essa modalidade de ensino ao longo das úl-timas décadas, em especial o Sistema “S”, considerado como o principal receptor dos investimentos públicos destinados à educação profissional, técnica e tecnológi-ca. Dessa forma, acreditamos que as instituições ofer-tantes de cursos técnicos, profissionalizantes e tecno-lógicos subvencionados por recursos públicos, devam

ser reguladas por mecanismos que aumentem a capa-cidade da sociedade – e em especial os trabalhadores – fiscalizarem a aplicação dos valores investidos, a qua-lidade dos cursos e as condições dos(as) profissionais contratados(as), no que tange os direitos trabalhistas.Além desse ponto, a conjuntura também nos permite uma atenção a outro problema que se relaciona dire-tamente com o tema em questão. Contraditoriamente aos discursos e propagandas governamentais, fecham-se as escolas rurais e o SENAR, sob exclusiva gerência do agronegócio, não contempla a agricultura familiar, nem enfrenta a necessidade de se investir na educação no campo quando o dilema da sucessão rural ainda é gritante. Nessa quadra, temos que entender que a in-teriorização do ensino profissional deve ser tratada como uma ferramenta estratégica de inclusão social e enfrentamento ao êxodo rural, e não o contrário.

Diante dessa perspectiva, torna-se imperioso uma ava-liação sobre as diretrizes fundamentais da educação profissional para que haja muito além da oferta pro-priamente dita, um estímulo a elevação da escolarida-de, uma inclusão de conteúdos humanistas dentro ma-trizes curriculares, uma carga horária compatível com a qualidade e o aprendizado, assim como o estímulo e a liberdade de organização sindical e estudantil. Ou seja, é preciso muito mais que uma simpes ampliação momentânea da formação profissional básica.

Pois na atual conjuntura, o que está em jogo é a dispu-ta de duas correntes ideológicas antagônicas, uma am-plamente defendida pela elite que insiste em definir a educação como um serviço mercantilizado e/ou mero processo de formação de mão-de-obra voltado aos in-teresses do mercado, e outra, que afirma ser necessá-rio para o povo brasileiro, uma política permanente e democraticamente debatida, voltada para o fortaleci-mento da educação profissional, técnica e tecnológica, cujo os princípios sirvam principalmente para fomen-tar uma educação pública de qualidade, a capacidade reguladora do Estado sobre a educação privada, a for-mação e a geração de empregos e a transparência na utilização dos recursos públicos.

E dessa forma, não resta dúvidas que, enquanto classe trabalhadora, precisamos tomar as decisões mais avan-çadas, abrir mão do conformismo e unificar nossas forças e experiências, visando sempre a construção de uma plataforma educacional que tenha a capacidade de contribuir efetivamente para um amplo processo de desenvolvimento humano e social. Ainda temos um longo caminho, mas as condições estão postas e o de-safio, não é de nenhuma maneira, superior ao tamanho das nossas motivações e coragem de transformar esse mundo.

Visite:www.vanguardaclassista.blogspot.com

Trabalho escravo no Brasil: As novas senzalas do séc. XIX| p.04

www.portalctb.org.br

www.contee.org.br

www.sinpro-pe.org.br

Page 2: Vanguarda classista 2014

A Vanguarda Classista | Ano IIPág. 02

É PRECISO CONTINUAR A LUTAR!Por Jocimar Gonçalves

Divisor de águas na história deste país, o ano de 2013 marcou o início de jorna-das que não se viam desde os protes-tos do “Fora Collor”. Insatisfeitos com as atuais práticas adotadas pelos par-lamentares, os jovens saíram às ruas para reivindicar melhorias nos setores básicos da sociedade. Mais um ano se aproxima e a juventude brasileira con-tinua sua busca incessante por espaços na política, no mercado de trabalho, por acesso à cultura, educação, lazer, esporte e tantos outros. 2013 foi mar-cado por grandes demonstrações de força e rebeldia dos jovens brasileiros que mostraram que a fama de acomo-dados é totalmente contrária ao perfil de guerreiros que eles realmente de-monstraram possuir. Che Guevara em um de seus inúmeros discursos, disse uma vez que “Ser jovem é ser revolu-cionário”. Essa pode ser considerada uma das melhores características para definí-los.

Sabemos o quanto é difícil viver em

um sistema capitalista que não dá à devida atenção às crianças e jovens de seu país, que não prioriza a educa-ção como instrumento transformador, fazendo com que a mesma seja um grande atrativo para essa juventude que dos últimos anos para cá vêem os seus sonhos cada vez mais distantes por não encontrarem sequer uma esco-la com condições que proporcione um aprendizado diferenciado. Vivemos um século de revoluções tecnológicas que estão mudando o modo de viver da população mundial. Entretanto, os jovens das periferias não têm total acesso a essa dita revolução.

Nas últimas décadas, o Brasil tem re-gistrado uma grande redução da po-pulação jovem como mostra o gráfico da pesquisa do censo de 2010 feito pelo IBGE. Os grupos etários referente aos menores considerados adolescentes-jovens (entre 15 à 19 anos) apresentam uma visível diminuição no seu con-tingente comparado ao senso feito na última década. O crescimento absoluto da população do Brasil nestes últimos dez anos se deu principalmente em função do crescimento da população Jovem adulta (faixa-etária dos 25 aos 29 anos), com destaque também para o aumento da participação da popu-lação idosa. A violência e o tráfico de drogas são, sem dúvidas, uns dos prin-cipais motivadores dessa diminuição.

É imprescindível que a juventude con-tinue sua luta por melhores condições de vida no Brasil; que os governantes entendam que investir na juventude é investir no futuro do país, pois serão es-ses os professores, médicos, advogados que terão a missão de fazer com que esse país cresça de uma forma igual, so-berana e mais justa.

Composição da população residente total, por sexo e grupos de idade.

ESTATUTO DA JUVENTUDE: PARTICIPE DA CAMPANHA #TODOJOVEMTEMDIREITO

Fonte: Secretaria Nacional de Juventude

Com a hashtag #TodoJovemTemDirei-to, a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) da Secretaria-Geral da Presidên-cia da República inicia, nesta segunda-feira (10/3), uma campanha nas redes sociais para divulgar o Estatuto da Ju-ventude, que entrou em vigor no dia 2 de fevereiro. O documento contempla

pelo menos 51 milhões de brasileiros e brasileiras, com idade entre 15 e 29 anos, e define os direitos que o Esta-do deve assegurar a essa parcela da população. O objetivo é divulgar am-plamente o texto, para que os jovens conheçam esses direitos e reconheçam o Estatuto como um instrumento legal para suas reivindicações.

Ao todo, o documento estabelece 11 direitos, que foram definidos a partir das necessidades e anseios da juven-tude brasileira: Direito à Cidadania, à Participação Social e Política e à Repre-sentação Juvenil; Direito à Educação; Direito à Profissionalização, ao Traba-lho e à Renda; Direito à Diversidade e à Igualdade; Direito à Saúde; Direito à Cultura; Direito à Comunicação e à Li-berdade de Expressão; Direito ao Des-porto e ao Lazer; Direito ao Território e à Mobilidade; Direito à Sustentabi-lidade e ao Meio Ambiente; Direito à Segurança e ao Acesso à Justiça.

O Estatuto foi amplamente discutido com os movimentos e entidades da so-ciedade civil e tramitou por quase dez anos no Congresso Nacional. Além

dos direitos, o texto define dois bene-fícios diretos para esse público: os des-contos e gratuidades em transporte in-terestadual para jovens de baixa renda e a meia-entrada em eventos culturais e esportivos para estudantes e jovens de baixa renda. Ambos se encontram em fase de regulamentação no gover-no federal.

O documento estabelece, ainda, a cria-ção do Sistema Nacional de Juventude (Sinajuve), que vai definir o planeja-mento, a implementação, o acompa-nhamento e a avaliação das ações, planos e programas que constituem as políticas públicas de juventude, em âmbito federal, estadual e municipal.

Participe da campanha, ajude a divul-gar o Estatuto da Juventude, acessan-do e compartilhando as informações, que estarão disponíveis nos canais da SNJ.

Visite nosso grupo no Facebook e participe dos debates: Coletivo de Jovens Trabalhadores CTB/PE

Page 3: Vanguarda classista 2014

A Vanguarda Classista | Ano II Pág. 03

MOVIMENTOS DE JUVENTUDE SE REÚNEM E PLANEJAM JORNADA NACIONAL DE LUTAS 2014

JUVENTUDE CETEBISTA ANALISA AVANÇOSRetirado do site da CTB

A juventude da CTB participou, em 2013, de diversas atividades nacionais e internacionais que fortaleceram a re-lação dos jovens com o sindicalismo e ampliará as lutas no próximo ano.

Em fevereiro, integrou a primeira Ple-nária Nacional Unificada da Jornada de Lutas da Juventude, momento em que ocorreu o debate que deu origem ao manifesto da atividade. No mesmo mês, a seção estadual da Central no Piauí fundou um coletivo.

Já no mês de março, atuou no Congres-so da Contag e na marcha das centrais

sindicais em Brasília. Nos meses de abril e maio foram realizados encon-tros estaduais preparatórios para o 3º Congresso Nacional da Central e tam-bém para o 2º Encontro Nacional da Juventude realizado em junho - mes-mo mês do Congresso da UEE.Em julho, a juventude comemorou a aprovação do Projeto de Lei 232/2007, que destina 75% dos royalties do pe-tróleo para a educação no mês seguin-te foi sancionado o Estatuto da Juven-tude, em Brasília.

Novembro foi marcado pelo 2º Encon-tro Regional de Jovens da Federação Sindical Mundial (FSM) do Cone Sul, no Uruguai e fechamos o ano com a

representantes de diversos movimentos se encontraram na sede da UNE para definição das pautas

Retirado do site da União Nacional dos Es-tudantes (UNE).

A sede das entidades estudantis, em São Paulo, recebeu na tarde desta ter-ça-feira (28/01) integrantes de diver-sos movimentos de juventude para a primeira reunião de organização da próxima Jornada de Lutas, série de manifestações que vão tomar as ruas, instituições de ensino e espaços pú-blicos entre os meses de março e abril deste ano.

A Jornada Nacional de Lutas da Juven-tude Brasileira vem sendo organizada anualmente pelas entidades estudantis e movimentos sociais com objetivo de intensificar a pauta por melhorias na educação, na cidade e no campo, no transporte público, nas condições de trabalho, pelo fim do extermínio da juventude, principalmente os negros e negras, e mais direitos para os jovens. Em 2013, as marchas foram realizadas em 22 capitais e várias cidades do inte-

rior do Brasil.

‘’A juventude mobilizada nas ruas é instrumento fundamental para impul-sionar novas páginas da democracia brasileira’’, destacou a presidenta da UNE, Virgínia Barros.

Para o representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Raul Amorim, esta primeira reunião surgiu para continuar a iniciativa ini-ciada no ano passado. ‘’Estamos aqui para construir um novo calendário de lutas e reforçar o papel da juventude nas transformações do Brasil’’, falou.

PRIMEIROS APONTAMENTOS

Entre os encaminhamentos da reunião, ficaram decididas como pautas princi-pais da próxima Jornada de Lutas da Juventude Brasileira o plebiscito popu-lar pela reforma política, a democrati-zação da mídia, o fim do extermínio da juventude negra, a desmilitarização da

polícia e os 10% do PIB para a educa-ção com foco no combate à mercantili-zação do setor, problema em evidência nas últimas semanas em razão do des-credenciamento das instituições Gama Filho e UniverCidade.

‘’Hoje, os empresários do setor educa-cional são os que mais lucram no Bra-sil. Não podemos deixar que a lógica de capital aberto dessas instituições que faz com que o único compromisso de seus dirigentes seja o retorno de lu-cro para seus investidores passem por cima de uma educação de qualidade conectada com os interesses do país’’, enfatizou a presidenta da UNE.

Uma próxima reunião será realizada no dia 6 de fevereiro, na sede das en-tidades estudantis. O objetivo é que os movimentos presentes se preparem para a assembleia do dia 16 de feverei-ro, em Brasília, que definirá os encami-nhamentos das manifestações.

participação da CTB no XVIII Festival Mundial da Juventude e Estudantes, no Equador.

Em 2014, cabe a nós classistas, investir-mos no coletivo desta área e aperfeiço-armos nossa participação para sermos protagonistas das mudanças nas rela-ções da Juventude Trabalhadora.

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A Vanguarda Classista | Ano IIPág. 04

Expediente

Colaboradores: Arthur Victor; Ga-briel Alex; Jocimar Gonçalves; Nilson

Vellazquez; Wallace Melo.

Diagramação: Arthur Victor

Contatos:[email protected]

End: Rua Almeida Cunha, 65. Santo Amaro | Recife - PE. Cep: 50050-480.

PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO, TERCEIRIZAÇÃO E ESTÁGIOPor Nilson Vellazquez

As revoluções burguesas do século XVIII, como dito em vários momentos, edificaram as condições para que se fi-zessem lutas emancipadoras pelo mun-do. Com certeza, as perspectivas de mu-danças radicais no modelo de sociedade - o Socialismo - sempre esteve ligado às condições dadas por aqueles momentos históricos e, sobretudo, pelas condições que eram dadas à classe trabalhadora de exercer/vender o seu trabalho.

Não é segredo pra ninguém, por exem-plo, as condições em que se encontravam os trabalhadores na Inglaterra pré-Revo-lução Industrial; bem como não é segre-do as condições de trabalho na Europa como um todo, incluindo-se aí, a Rússia czarista.

A bipolarização que ocorria no mundo durante a Guerra Fria surtiu um efeito salutar nesses episódios tão rememo-rados por aqueles que lutam por uma emancipação social. Afinal de contas, foi, em última instância, a disputa pela hegemonia mundia de então, que pres-sionou e edificou uma lógica em que direitos fossem conquistados pela classe trabalhadora. Sendo assim, se não fosse a experiência dos comunistas na URSS, direitos como férias; décimo terceiro sa-lário; aviso prévio, entre outros, não se-riam garantidos.

Com a queda da URSS e pós declara-ção do famigerado “fim da história”, a hegemonia imperialista reconstruiu condições e lógicas sociais e trabalhis-tas mundo afora. Exemplo maior disso são duas faces de uma mesma moeda: a tentativa de hegemonização do trabalho terceirizado e a exacerbada contratação via estágio.

Na realidade brasileira, Projetos de Lei como o PL 4.330 tentam generalizar a terceirização a setores que, até agora, es-tão fora dessa lógica. Como afirmado em artigo de Adilson Araújo à Princípios,a-tualmente só admite-se a contratação em regime de terceirização para trabalho temporário; contratação de serviços de vigilância; serviços de conservação e lim-peza e serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador.

Para os trabalhadores mais jovens, o es-

tágio, que parece ser uma saída valoro-sa para ingressar-se no mercado de tra-balho, uma lógica ainda mais perversa é tomada, pois serviços que devem ser cumpridos por trabalhadores cujos di-reitos sejam cumpridos plenamente, são feitos por estudantes na condição de es-tagiários. A perversão da lógica torna-se ainda maior quando, mesmo após publi-cada a lei nº 11.788 (Lei do Estágio), de autoria da Deputada Federal Manuela D’Ávila (PCdoB), o Capital usurpa os di-reitos dados a essa camada populacional, juntando duas lógicas: a terceirização do serviço do estagiário. Dessa forma, o contratante do estagiário, sendo empre-sas contratadas pelo poder público, por exemplo, fazem o contrato da maneira como querem, afinal existe o exército re-serva.

Fica latente, então, a necessidade de aliança cada vez maior entre a juventude que trabalha e a juventude que estuda, entendendo que a luta sindical e estudan-til compõem uma luta ainda maior, que é pela emancipação da classe trabalhado-ra, para a qual o Capital tenta preparar precariamente parcela considerável da juventude brasileira. Unir o movimento sindical ao movimento estudantil a fim de barrar o PL 4330 e aumentar a fiscali-zação em torno da Lei do Estágio são de-safios prementes para se alcançar novos passos para o desenvolvimento pleno de nossa sociedade.

TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL: AS NOVAS SENZALAS DO SÉCULO XIX

Por Arthur Victor

Apesar dos cento e vinte cinco anos da assinatura da Lei Aurea, a herança co-lonial ainda é muito presente em nossa sociedade. Desde uma economia agro-exportadora as cozinhas dos grandes condomínios de luxo.De fato mais de trezentos anos de ex-ploração foram suficientes para fincar as raízes da casa grande em nossa so-ciedade. Alicerçada sobre o trabalho do africano, os senhores de engenho dos tempos modernos cultivam práti-cas coloniais em seus condomínios de luxo. Por exemplo, as empregadas do-mesticas, serviçais ou cozinheiras dos grandes condomínios são de maioria negra, e ainda recebem um péssimo salário pelos serviços que na maioria dos casos, são forçadas a trabalharem em vários lugares para completar a

renda familiar. Outras profissões como manobristas, entre outros são ocupa-dos por aqueles que séculos atrás re-alizavam os mesmos trabalhos para seus senhores. Em troca do trabalho, em vez de comida, um baixo salário.No campo a situação não é diferente. Nas regiões mais afastadas do Brasil, onde não existe uma fiscalização pre-sente, grandes proprietários rurais aliciam famílias para trabalharem em suas terras, prometendo várias vanta-gens. Porem, ao chegar aos locais de trabalho os indivíduos são submetidos a trabalhos forçados. Diante de tais situações, questionamos se realmente o Brasil se livrou do fan-tasma da escravidão. Práticas tão co-muns em nosso dia-a-dia nos remete aos tempos das senzalas. Não é de se estranhar que um grupo denominado de “justiceiros” encarnam o papel de

capitães do mato, ao amararem um ne-gro a um poste no Rio de Janeiro, e a grande mídia burguesa na figura rea-cionária de uma determinada apresen-tadora de um telejornal, aplaude de pé a atitude do grupo.