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INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE FERRUGEM COMUM, MANCHA DE FEOSFÉRIA E MANCHA DE CERCOSPORA EM HÍBRIDOS DE MILHO EMUNAÍ-MG
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FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE UNAÍ CURSO DE AGRONOMIA
INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE FERRUGEM COMUM, MANCHA DE FEOSFÉRIA E MANCHA DE CERCOSPORA EM HÍBRIDOS DE MILHO EM
UNAÍ-MG
Unaí-MG 2006
i
VICENTE DE PAULO RIBEIRO JÚNIOR
INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE FERRUGEM COMUM, MANCHA DE FEOSFÉRIA E MANCHA DE CERCOSPORA EM HÍBRIDOS DE MILHO EM
UNAÍ-MG
Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora como parte das exigências do curso de Agronomia para obtenção do título de Engenheiro-Agrônomo.
Profo. M. Sc. Milton Luiz da Paz Lima (Orientador)
Unaí, MG 2006.
ii
VICENTE DE PAULO RIBEIRO JÚNIOR
INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE FERRUGEM COMUM, MANCHA DE FEOSFÉRIA E MANCHA DE CERCOSPORA EM HÍBRIDOS DE MILHO EM
UNAÍ-MG
APROVADA EM: 26 de junho de 2006.
_____________________________________ Profo. Cleverton Cavagnolli
(Engenheiro-Agrônomo)
_____________________________________ Profo. Luiz Adriano Maia Cordeiro
(D.S. Fitotecnia)
_______________________________________
Profo. Milton Luiz da Paz Lima Orientador (M.Sc. Fitopatologia)
i
“Toda vitória se dá com muita luta e sofrimento,
A luta passa, o sofrimento é apenas temporário,
a vitória que se conquista permanece”
ii
AGRADECIMENTOS
A Deus, primeiramente pelo dom da vida.
A meus pais Sr. Vicente de Paulo Ribeiro e Sra. Maria de Fátima Silva Ribeiro, pela
dedicação, empenho e confiança.
A minha esposa Sra. Núbia Cristina pela força e estímulo que me deu quando deparei
com as dificuldades encontradas durante o curso, e a meus filhos Felipe e Tiago.
Ao meu orientador, professor, e amigo Milton Luiz da Paz Lima, pela prontidão e
atenção a mim dedicada durante as aulas e a realização do relatório de monografia.
Ao Sr. Neivaldo Cappellesso pela força, atenção e orientação a mim prestadas desde o
início do curso.
Aos Irmãos, Harald, Hartmut e Helmut Germendorff pela oportunidade de permitir a
realização o trabalho na Fazenda Campinas e São Thiago sendo esta de propriedade dos
mesmos, e por ter cedido com prazer e bom gosto toda infra-estrutura da fazenda em prol do
experimento.
Ao Sr. Edivaldo, Gerente da Fazenda Campinas e São Thiago, por ter me ajudado com
muita dedicação na realização do plantio, tratos culturais e colheita do experimento, e a todos
funcionários da fazenda.
iii
A alma de meu irmão Camilo Honório, que partiu cursando o primeiro ano de Agronomia, e que se estivesse aqui estaria formando junto comigo, más que com certeza está ao meu lado todos os dias me dando inspiração e força espiritual.
DEDICO
iv
SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ..............................................................................................................iii RESUMO .................................................................................................................................vii 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................8 2. REVISÃO DE LITERATURA ..............................................................................................3
2.1 Cultura do milho...............................................................................................................3 2.1.1 Híbridos de milho ......................................................................................................6
2.2 Doenças na cultura do milho ............................................................................................7 2.2.1. Mancha de Cercospora ou Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis) .....................8
2.2.1.1. Sintomas ............................................................................................................8 2.2.1.2. Etiologia da Cercosporiose..............................................................................10 2.2.1.3. Epidemiologia da Cercosporiose.....................................................................12 2.2.1.4. Controle da Cercosporiose...............................................................................19
2.2.2. Feosféria, Mancha por Phaeosphaeria, Mancha branca ou esferulina (Phaeosphaeria maydis) ...................................................................................................24
2.2.2.1. Sintomas de Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria .....................................25 2.2.2.2.Etiologia da Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria ......................................26 2.2.2.3. Epidemiologia da Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria.............................27 2.2.2.4. Controle da Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria ......................................28
2.2.3. Ferrugem Comum (Puccinia sorghi)......................................................................29 2.2.3.1. Sintomas da Ferrugem Comum .......................................................................30 2.2.3.2. Etiologia da Ferrugem Comum .......................................................................31 2.2.3.3. Epidemiologia da Ferrugem Comum ..............................................................32 2.2.3.4. Controle de Ferrugem Comum........................................................................33
2.3. Incidência e Severidade de doenças em milho ..............................................................35 3. MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................36
3.1. Instalação dos experimentos..........................................................................................36 3.2 Dados Metereológicos ....................................................................................................36 3.3. Tratos Culturais .............................................................................................................37 3.4 Avaliação de Incidência e Severidade de Doenças ........................................................37 3.5 Colheita e Pesagem das Amostras ..................................................................................39
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................................40 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................48
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Produtividade, incidência e severidade de ferrugem comum, mancha de cercospora e mancha de feosféria em híbridos de milho em Unaí-MG......................................................44 Tabela 2. Coeficiente de correlação de Pearson (r) entre a incidência e a severidade da ferrugem comum, mancha de cercospora e mancha de feosféria em Unaí-MG.......................45 Tabela 3. Classificação dos híbridos em três níveis de resistência a ferrugem comum, mancha de feosfaeria e mancha de cercospora, utilizando análise multivariada com medida de similaridade UPGMA...............................................................................................................47
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Escala de notas para avaliação da severidade de milho. ...........................................39 Figura 2. Dendrograma de agrupamento dos híbridos de milho segundo variáveis epidemiológicas de incidência e severidade a mancha de cercospora, ferrugem comum e mancha de feosfaeria. ...............................................................................................................46
LISTA DE ANEXOS Anexo 1. Estádios vegetativos e reprodutivos de uma planta de milho ...................................50 Anexo 2. Médias diárias de temperatura (Estação Metereológica Fazenda Decisão, Unaí-MG), no período de novembro de 2005 a maio de 2006....................................................................51 Anexo 3. Umidade relativa do ar (Estação Metereológica Fazenda Decisão, Unaí-MG), no período de novembro de 2005 a maio de 2006.........................................................................52 Anexo 4. Regime pluviométrico de chuvas (Estação Metereológica Fazenda Decisão, Unaí-MG), no período de novembro de 2005 a maio de 2006..........................................................53 Anexo 5. Valores referentes análise química de solos da área utilizada..................................54
vi
RESUMO INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE FERRUGEM COMUM, MANCHA DE FEOSFÉRIA E MANCHA DE CERCOSPORA EM HÍBRIDOS DE MILHO EM UNAÍ-MG. Ribeiro Jr, V.P. & Paz Lima, M.L. FACTU, Faculdade de Ciências e Tecnologia de Unaí (FACTU), 38610-000, Unaí, MG. . A cultura do milho (Zea mays L.) a partir da década de 90 têm incorporado em seu manejo grandes avanços tecnológicos na sua produção, e mais recentemente esta gama de tecnologia têm contribuído para o grande incremento de produtividade, a qual tem sido reduzida pela severidade de algumas manchas foliares. O objetivo deste trabalho foi avaliar incidência e severidade de mancha de cercospora, mancha de feosféria e ferrugem comum em 25 genótipos de milho em Unaí-MG. Avaliou-se aos 105 dias após o plantio, a incidência e a severidade de manchas foliares das três doenças. Houve diferença significativa entre as médias dos híbridos somente para as variáveis de incidência da ferrugem, incidência de feosféria, e severidade de ferrugem, feosféria e mancha de cercospora, ou seja, todos os 25 genótipos se comportaram diferencialmente com exceção a incidência de mancha de cercospora. Em híbridos que se destacaram pela alta produtividade (superior a 10.000/ha), observou-se que a severidade das doenças avaliadas foi baixa, ao passo que os híbridos que tiveram as menores produtividades (em torno de 7.500/ha), a severidade de mancha de cercospora e feosféria chegou a atingir níveis de 100% de lesão da área foliar. Os híbridos que tiveram as menores incidências de ferrugem comum foram: ‘Traktor’ e ‘NB 2203’, de mancha de feosféria foi o híbrido ‘Cargo’. Os híbridos que tiveram as menores severidades de ferrugem foram: ‘30K75’, ‘Somma’, ‘Fort’, ‘NB 7233’, ‘NB 5304’, ‘2B710’, ‘Cargo’, ‘NB 7254’, ‘Maximus’, ‘NB 7414’, ‘NB 7354’, ‘NB 9274’, ‘NB 8383’, ‘Garra’, ‘Speed’, ‘Ag 9010’, ‘NB 8304’, ‘Traktor’ e ‘NB 2203’, e quanto a severidade de mancha de cercospora as
vii
menores severidades ocorreram com os híbridos ‘DKB 350’, ‘DKB 393’, ‘30K75’, ‘Impacto’ e ‘NB 7233’, e os híbridos que tiveram as menores severidades de mancha de feosféria, foram: ‘DKB 390’, ‘Fort’, ‘Impacto’, ‘NB 8383’ e ‘Garra’. Observou-se nesta avaliação diferenças de comportamento entre as cultivares quanto a ocorrência de manchas foliares, logo a incidência não é uma variável que reduz a produtividade somente a severidade de manchas foliares no experimento avaliado comprometeu a produção.
1. INTRODUÇÃO
Com cultivo extensivo do milho, amplamente cultivado no Brasil e no mundo, é de se
esperar a ocorrência de um elevado número de doenças. E destas, mais de vinte já foram
identificadas nesta cultura no Brasil. Contudo, pela freqüência e intensidade com que ocorrem
somente algumas apresentam importância econômica. A doença é, entretanto, o resultado da
interação entre três fatores, patógeno, ambiente e hospedeiro (Bergamin Filho et al., 1995), e
por isso, basta então que estas condições sejam favoráveis à integração ou que ocorra variação
no patógeno para que as doenças de importância secundária passem a constituir problemas
fitopatológicos para a cultura do milho.
A ocorrência de doenças na cultura do milho em condições favoráveis pode
comprometer seriamente a qualidade e a produção de sementes e grãos. A incidência e a
severidade e manchas foliares tem aumentado nos últimos anos em decorrência,
principalmente, de modificações no sistema de cultivo e na época de plantio, bem como a
expansão da área plantada. Os plantios safrinha, e de inverno, expõem a cultura do milho às
condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de determinadas doenças. Contribuem
para preservação de inóculo também, plantas de milho voluntárias que permanecem no campo
viii
após a colheita. Também a irrigação pode proporcionar condições de microclima favorável a
algumas doenças foliares (Galvão e Miranda, 2004).
O milho, apesar de ser considerado uma planta bastante tolerante à ação dos agentes
de estresse vegetal, continuamente tem manifestado significativa vulnerabilidade a incidência
de patógenos, e outro fator a isso atribuído, é devido a recomendações equivocadas de
genótipos susceptíveis, isto tem sido observado em função de mudanças repentinas de
estratégias de planejamento, objetivando puramente o incremento acentuado de rendimento e
lucratividade. Esses fatores implicam na necessidade de utilização premente de medidas
integradas de controle, visando à manutenção dos agentes bióticos nocivos à cultura em
população e intensidade inferiores ao nível de dano econômico por eles provocados (Fancelli
e Dourado Neto, 2000).
No final do ciclo de cultivo, é o estádio de desenvolvimento da cultura, em que o
hospedeiro apresenta o maior nível de susceptibilidade as manchas foliares. Dentre as
manchas foliares de maior importância tem-se a ferugem comum, a mancha de feosféria e a
mancha de cercospora.
Anualmente são lançados no mercado um número imenso de novos híbridos, e o
estudo e a identificação de fontes de resistência a doenças, nestes materiais, são poderosos
instrumentos no planejamento e estruturação de medidas gerais de controle com ênfase em
resistência genética.
O objetivo deste trabalho foi analisar a incidência e a severidade de algumas manchas
foliares, mancha de cercospora, feosféria e ferrugem comum em híbridos comerciais de
milho, plantados no mês de novembro na região de Unaí-MG, uma vez que a agressão das
doenças pode variar de acordo com o local, a região e a época de plantio.
2
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Cultura do milho
No passado, a cultura do milho era, frequentemente cultivado em consórcio com o
feijão, sempre esteve relacionado à noção de subsistência, atualmente, a produção desse cereal
é mais facilmente associada a cultivos comerciais, baseados na utilização de tecnologias
modernas, nos quais a relação mais importante é com a soja, que o sucede na rotação de
culturas, ou com ele disputa espaço como opção de plantio. O milho é uma cultura plantada
em todo território brasileiro e sua importância reside ainda em sua capacidade de empregar
mão-de-obra, em virtude de suas características de produção. Além disso, o milho se destaca,
como o produto de maior volume produzido, respondendo pelo segundo maior valor da
produção, sendo superado apenas pela soja no agronegócio brasileiro. O milho é ainda o
principal insumo para a confecção de rações utilizadas na produção animal. A importância do
3
milho para produção animal, pode ser citada pelo fato de que quase 80% de todo o milho
produzido no país é consumido em forma de ração animal. O emprego do milho na
alimentação humana por sua vez, é de expressão bem reduzida, se comparado ao volume
destinado às rações. O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo, sendo os
Estados Unidos e a China os maiores produtores. No Brasil, o estado de Minas Gerais é o
terceiro maior produtor de milho, sendo os que produzem maior quantidade, são o Paraná e o
Rio Grande do Sul (Galvão e Miranda, 2004).
O milho (Zea mays L. - Gramineae) pertence a uma das famílias botânicas mais
importantes para o homem, as das gramíneas, e esta é constituída de aproximadamente 700
gêneros, sendo reconhecidas 8000 espécies. Outras gramíneas cultivadas pelo homem, aos
quais seus grãos são explorados comercialmente, tem-se: o trigo (Triticum aestivum), cevada
(Hordeum vulgare), centeiro (Secale cereale), aveias (Avena sp.), arroz (Oryza sativa) e sorgo
(Sorghum sp.). A organização de suas estruturas florais é empregado neste grupo uma
terminologia especial para designar vários elementos que compõem a sua flor. A maioria das
plantas pertencentes a esta família é composta de plantas herbáceas, anuais ou perenes, com
exceção os “bambus” que são de grande porte e lenhosos. A espécie possui flores unissexuais,
possui um ovário plumoso, seu fruto é do tipo cariopse (Joly, 2002).
O milho desempenha uma função estratégica na cadeia produtiva da proteína animal
(carnes, ovos e derivados), cujo consumo cresce a cada ano, em razão de suas qualidades
intrínsecas de teor calórico, amilose e pigmentação. Na alimentação humana, o milho é
comumente empregado na forma in natura, como milho verde; e na forma de subprodutos,
como pães, farinha e massas (Pinazza & Alimandro, 1998a).
Cultivado de Norte a Sul do País, sob variadas formas, o milho apresenta-se como uma
cultura de grande importância econômica e social, além de um enorme potencial para o
4
crescimento do setor agrícola, graças ao desenvolvimento de novas tecnologias que visam
sempre o aumento de produtividade (Agrianual, 2000).
O agronegócio brasileiro correspondeu a um terço do PIB (Produto Interno Bruto)
nacional em 2003, quando movimentou mais de 420 bilhões de dólares (CNA, 2006). Dentro
deste mercado, o milho destaca-se como um dos principais produtos agrícolas. A Companhia
Nacional de Abastecimento (CONAB), estimou a produção da safra nacional 2005/06, em
cerca de 41 milhões de toneladas, quase seis milhões de toneladas a mais que o ano passado.
A grande produção alcançada pelo Brasil nestes últimos anos deve-se principalmente ao
incremento em área de plantio, 350 mil hectares a mais que em 2004/05, e pela adoção de
híbridos mais produtivos e adaptados (Conab, 2006).
O milho é uma planta que apresenta variações quanto à sua fase vegetativa,
evidenciando desde genótipos extremamente precoces, cuja polinização pode ocorrer 30 dias
após a emergência, tornando o ciclo extremamente curto, até materiais extremamente tardios,
cujo ciclo pode se estender por até 300 dias. Contudo em nossas condições, a cultura do milho
apresenta ciclo variável entre 110 e 180 dias, em função da diversidade de genótipos
existentes (Costa, 2001).
O ciclo é o período compreendido entre a semeadura e a colheita (para efeito prático)
ou entre a emergência e a maturação fisiológica (para efeito de planejamento), em função de
graus-dias (Fancelli e Dourado Neto, 2000, citado por Costa, 2001).
O estádio fenológico (Anexo1) representa a caracterização morfológica do material
genético em função dos eventos fisiológicos da planta de milho.
O milho é uma planta de dias curtos. A ocorrência de dias longos pode promover o
aumento de sua fase vegetativa, ocasionando o atraso no florescimento (Ferraz, 1966, citado
por Costa em 2001). A cultura responde com altos rendimentos a intensidades luminosas
crescentes, em virtude de pertencer ao grupo das plantas de fisiologia C4, o que lhe confere
5
alta produtividade biológica (Fancelli e Dourado Neto, 1997, citado por Costa, 2001). O
potencial de produção do milho é definido antecipadamente, ou seja, por ocasião da emissão
da 4ª a 5ª folha (estádios V4 e V5), podendo se estender até a 6ª Folha (V6). Essa etapa é
denominada de diferenciação dos primórdios florais. A determinação do número de fileiras
das espigas ocorrerá entre o período correspondente à emissão da 7ª a 9ª folha completamente
expandida (estádios V7 a V9). Entre os estádios correspondentes a 12 folhas e grãos leitosos,
ocorre a confirmação do potencial de produção definido anteriormente. Nessa etapa a planta
deverá estar devidamente suprida de nutrientes, principalmente de nitrogênio, e não ser
submetida à deficiência hídrica prolongada (Fancelli e Dourado Neto, 1997, citado por Costa,
2001).
A importância econômica de doenças foliares na cultura do milho é extremamente
relevante. Isso se deve a um aumento na incidência e severidade das mesmas, o que tem
comprometido o desempenho dos híbridos no campo, afetando diretamente a produtividade e
resultando em perda de lucratividade e consequentemente falta de interesse na produção desse
cereal de alto investimento e valor econômico (Brunelli, 2004).
2.1.1 Híbridos de milho
A produção de sementes híbridas de milho é um dos avanços tecnológicos
desenvolvidos para esta cultura. Hoje estima-se que quase 60% da área brasileira plantada
com milho utiliza mais de 160 híbridos diferentes (Pinazza & Alimandro, 1998b). A indústria
sementeira do milho é muito dinâmica, e a cada ano novas cultivares são recomendadas, tanto
por empresas privadas, quanto por empresas públicas.
A escolha certa sobre qual híbrido utilizar é fundamental para que o produtor rural
obtenha altas produtividades e lucros satisfatórios no desenvolvimento da atividade agrícola.
Porém, como a oferta de híbridos no mercado é muito grande, esta decisão passa a ser
problemática para o agricultor. Por isso, é importante verificar, periodicamente, o
6
desempenho agronômico dos principais materiais recomendados para regiões específicas de
cultivo do milho, o que poderá trazer ao produtor informações valiosas sobre qual (ou quais)
híbridos deverá utilizar em sua propriedade (Santos et al., 2002).
2.2 Doenças na cultura do milho
Para que uma doença se estabeleça, é necessário que haja uma relação íntima entre três
fatores: o patógeno (que seja patogênico), o hospedeiro (que seja suscetível) e um ambiente
(favorável para desenvolvimento da mesma). A crescente incidência e severidade das doenças
são fatores que vêm contribuindo de forma marcante para a redução do rendimento de grãos
na cultura do milho (Meirelles et al.,1998, citado por Costa, 2001). Logo, a identificação de
genótipos resistentes é uma necessidade indispensável quando da utilização desses materiais
em áreas de ocorrência dos patógenos.
Além da identificação da doença em lavouras de milho, é de suma importância a sua
quantificação que, apresenta os seguintes objetivos: avaliar a evolução da doença ou de
epidemias; comparar a eficiência de fungicidas no controle de doenças; avaliar a resistência
de cultivares provenientes de melhoramento genético a patógenos; auxiliar na determinação
do momento de aplicação de fungicidas visando no controle de doenças em plantas,
determinar a porcentagem de perdas no rendimento de grãos em função da intensidade da
doença e avaliar a influência de práticas agrícolas no controle e intensidade de doenças. As
doenças são quantificadas pela identificação de sinais e sintomas, que poderão ser analisados
através da porcentagem de plantas infectadas (incidência) presentes na área ou através da
avaliação da extensão da área dos tecidos lesionados (severidade) (Fancelli e Dourado Neto,
2000).
Também, segundo Fancelli e Dourado Neto (2000), os principais métodos de manejo
ou controle integrado de patógenos apresentam natureza preventiva e erradicante. Assim, o
conjunto de medidas que objetivarem a redução do inóculo (ou de propágulos) dos principais
7
agentes causais de doenças consiste no método “preventivo”, ao passo que aquele que acarrete
na diminuição da taxa de evolução ou na paralisação da doença e dos efeitos maléficos
causados pela presença é considerado “erradicante”. Dentre os principais métodos de controle
de doenças comumente empregados na cultura do milho, destacam-se: resistência genética,
sistema de produção, definição da época de semeadura e região de cultivo, rotação de
culturas, roguing, uso de sementes sadias, tratamento de sementes, controle biológico e
controle químico.
Como as demais culturas o milho é suscetível a muitas doenças, causadas
principalmente por fungos. Nas regiões Centrais do Brasil, os maiores danos são causados
pela ferrugem polissora, pela mancha de feosféria e mais recentemente pela cercospora. Nas
localidades mais altas a helmintosporiose e a mancha de feosféria também são importantes.
Os danos causados por organismo semelhante a micoplasma e fitoplasma, causadores de
enfesamentos, também são freqüentes no Brasil Central. Porém outras doenças podem se
tornar importantes, como o grupo de podridões de sementes e morte de plântulas (gêneros
Fusarium, Pythium, Rhizoctonia, Trichoderma), podridões radiculares (gêneros Fusarium,
Pythium, Rhizoctonia, Stenocarpella, Colletotrichum, Pyrenochaeta), manchas foliares
(Helmintosporiose, Cercosporiose, feosféria, mancha folisr por Diplódia macrospora, mancha
de curvularia, mancha pardo escura e mancha cobatiela), ferrugens (ferrugem comum,
ferrugem polissora e ferrugem tropical), míldio, carvões, podridões do colmo e da espiga
(Reis et al., 2004).
2.2.1. Mancha de Cercospora ou Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis)
2.2.1.1. Sintomas Os sintomas da mancha por Cercospora, nas folhas, são lesões cloróticas (amareladas)
ou necróticas de coloração palha ou cinza, sempre limitadas pelas nervuras secundárias e com
extremidades, em geral, tipicamente retangulares. Em geral aparecem próximo ao
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florescimento, nas folhas inferiores, e, sob condições favoráveis, alcançam as folha superiores
em cerca de uma semana (Galvão e Miranda, 2004).
Segundo Reis et al.(2004), a Cercosporiose ou mancha cinzenta da folha do milho,
poderia também ser denominada de mancha retangular da folha do milho, pois é a única
ostentando esta característica.
Alguns híbridos menos suscetíveis podem apresentar sintomas mais atenuados, e
menores incidências. As manchas, nesse caso, podem ser menores e menos retangulares,
geralmente acompanhadas por bordos cloróticos ou avermelhados. A esporulação neste tipo
de lesão é diminuta, o que contribui para uma menor intensidade da epidemia (Freppon et al.,
1994, citado por Brunelli, 2004).
Os sintomas típicos de lesões de Cercospora têm sido constatados nas folhas basais,
próximo ao período do florescimento da planta (10 dias antes e 10 dias após). Contudo,
observou-se que a infecção pode ocorrer a partir do estádio de quatro folhas e que em
condições especiais, os primeiros sintomas de C. zeae-maydis em plantas de milho, podem ser
vistos desde a fase de plântula (plantas com duas folhas) mesmo acontecimento foi observado
por Fancelli e Dourado Neto (2001).
Os sintomas observados inicialmente nas folhas basais, no início, as lesões ainda
imaturas, podem ser confundidas com sintomas causados por outros patógenos que danificam
as folhas das plantas de milho, como por exemplo, a Helminthosporium maydis. O fungo
Cercospora zeae-maydis provoca lesões em ambas as faces da folha e também na bainha. Os
sintomas iniciais correspondem a pequenas lesões (1 a 3 mm de comprimento), de formato
retangular e irregular, bordas cloróticas e são mais visíveis quando as folhas são observadas
contra a luz. Com a evolução da doença o reconhecimento torna-se mais fácil, pois, as lesões
adquirem formato retangular (5 a 7 mm de comprimento e 4 mm de largura), coloração
acinzentada a parda e se distribuem paralelamente as nervuras da folha. O fato das lesões
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ocorrerem paralelamente as nervuras e serem estréias relaciona-se a delimitação do
crescimento lateral da hifa pelo sistema vascular provocada pelo envolvimento do tecido do
esclerênquima. Quando a incidência é severa, pode ocorrer o apodrecimento do colmo, o qual
passa a servir de alojamento ao patógeno (Fancelli e Dourado Neto, 2001).
Segundo Lipps (1987) e Ward et al. (1999), citados por Brunelli (2004), os primeiros
sintomas da mancha gênero Cercospora são observados geralmente na fase de floração,
principalmente nas folhas baixeiras, onde o patógeno coloniza o limbo foliar, provocando
extensas áreas necróticas. O sintoma típico da doença se caracteriza pelo aspecto linear-
retangular das lesões que geralmente são delimitadas pelas nervuras, e possuem coloração
palha a verde-oliva e, sob condições de alta umidade relativa, tornam-se cobertas por esporos,
conferindo uma coloração acinzentada, que caracteriza a doença na língua inglesa como
mancha cinzenta ou “gray leaf spot” (Freppon et al., 1994, citado por Brunelli, 2004).
O período de latência da mancha de cercospora é longo quando comparado aos demais
patógenos da cultura do milho, podendo seus esporos permaneceram viáveis por 14 a 28 dias.
Ainda vale a pena ressaltar que o tamanho, bem como o tipo e o número de lesões podem
variar com o híbrido, sendo que os mais suscetíveis apresentam maior número de lesões
quando comparados com híbridos resistentes. Todavia, a idade da folha não tem interferido
significativamente na caracterização das lesões (Fancelli e Dourado Neto, 2001).
Além da umidade relativa, o genótipo também pode afetar a duração do período de
latência. Alguns pesquisadores observam que o período latente de C. zeae-maydis, para
híbridos suscetíveis, perdurou por 14 dias e para híbridos moderadamente resistentes, o
período se estendeu até 28 dias (Fancelli e Dourado Neto, 2001).
2.2.1.2. Etiologia da Cercosporiose
O agente causal da cercosporiose do milho é chamado de Cercospora zeae-maydis foi
identificado em 1924, em Illinois (EUA), e reportado pela primeira vez, como causador de
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prejuízos na lavoura de milho em 1943 (Fancelli e Dourado Neto, 2001). Galvão e Miranda
(2004), citam que o agente causal da cercosporiose do milho é causado também por
Cercospora sorghi var. maydis. No banco de dados americano de registro de fungos tem-se
três espécies de Cercospora que atacam os gêneros Zea, aos quais são C. sorghi, C. sorghi
var. maydis e C. zeae-maydis (SBML, 2006). No Brasil, a mancha de C. zeae-maydis foi
constatada pela primeira vez em 1953, e durante um longo período foi considerada uma
doença secundária, por sua ocorrência esporádica, e baixa severidade. Este quadro foi
revertido no final da década de 90 quando foram relatadas severas epidemias em alguns
campos de produção nos municípios de Jataí e Rio Verde, GO. Nas safras seguintes, os surtos
epidêmicos alastraram por toda região centro sul brasileira (Chupp, 1953, citado por Brunelli
2004).
O fungo C. zeae-maydis é mitospórico, segundo a nova edição do dicionário dos
fungos (Index Fungorum, 2006), sendo sua fase perfeita atribuída ao ascomiceto
Mycophaerella. Embora algumas estruturas típicas deste gênero sejam encontradas em
cultivos artificiais, ainda não foi relatada a ocorrência do estádio sexual em lesões, sendo
deste modo incerta a existência da fase teleomórfica (Dunkle & Carson, 1998, citado por
Brunelli, 2004).
Seus conídios são alongados, ligeiramente curvados, hialinos, multisseptados,
possuindo 6 a 10 septos e tamanho variável entre 70 e 180 x 4-6 µm. Também Chupp (1953),
citado por Brunelli (2004), confirma a afirmação das duas espécies fúngicas, C. zeae-maydis e
C.sorghi f.sp. maydis. Sendo que esta última, embora possa ser encontrada associada a várias
lesões características da doença, é descrita como sendo menos agressiva que a primeira. A C.
zeae-maydis tem sido relatada com o responsável por severas epidemias ao redor do mundo,
colonizando mais rapidamente o tecido foliar e provocando lesões mais alongadas e em maior
número. Estudos com isolados americanos e africanos de C. zeae-maydis, demonstraram a
11
existência de dois grupos geneticamente distintos (Wang et al., 1998; Dunkle & Levy, 2000,
citado por Brunelli, 2004). Embora não haja trabalhos sobre a diversidade genética de C.
zeae-maydis no Brasil, relatos sugerem diferenças de agressividade entre isolados
provenientes de diferentes regiões produtoras, indicando, provavelmente, diversidade na
população do fungo.
2.2.1.3. Epidemiologia da Cercosporiose
No Brasil, em função das condições climáticas reinantes nas regiões produtoras desse
cereal e da ausência de programas efetivos de rotação de culturas, associados à baixa
disponibilidade de genótipos resistentes e ao cultivo de milho, praticamente, o ano todo, o
Cercospora apresenta acentuado potencial de expansão, podendo atingir níveis elevados de
ocorrência e prejuízos. Como o patógeno se perpetua, eficientemente, em restos de cultura, a
prática de rotação de culturas e a adoção de medidas de caráter preventivo, tornam-se
imperiosas, pois caso contrário, com o sistema plantio direto, em regiões epidêmicas, correrá
sério risco de infecção; e ainda cumpre ressaltar que, a referida doença pode ocorrer em
qualquer época de cultivo e em qualquer estágio da lavoura, desde que as condições básicas
exigidas pelo patógeno sejam satisfeitas (Fancelli e Dourado Neto, 2001).
Em 1995, nos EUA, a referida doença provocou perdas significativas de produção em
aproximadamente 9,3 milhões de hectares, sendo que sua incidência vem aumentando com o
decorrer dos anos. Além deste país, a C. zeae-maydis tem provocado consideráveis danos á
cultura do milho na Colômbia, Peru, Trinidad Tobago, Costa Rica, México, Venezuela e,
atualmente, no Brasil. Em algumas regiões do continente africano, onde as condições
climáticas são extremamente favoráveis ao desenvolvimento da doença, foram detectadas
12
consideráveis quedas na produção de milho, principalmente no Kênia, Cameroon, Unganda e
Zaire. Ainda, recentes citações reportam que também foram registradas perdas de produção
provocadas pelo mencionado patógeno na China (Fancelli e Dourado Neto, 2001).
A mancha por Cercospora já foi constatada em diversos municípios dos Estados de
Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do
Sul. Sendo a doença altamente destrutiva, podendo causar perdas de até 80% na produção de
grãos ou sementes de milho. Até, recentemente, era considerada de importância secundária
para a cultura, devido a baixa incidência e severidade. No ano de 2000, a mancha por
Cercospora causou um surto epidêmico nas regiões dos chapadões no estado de Goiás,
ocorrendo em alta severidade desde os municípios de Montividiu, Rio Verde e Jataí, até a
divisa do estado com o Mato Grosso do Sul, acarretando perdas severas na produção do cereal
(Galvão e Miranda, 2004).
No Brasil, visando à minimização dos prejuízos impostos pela mancha de
Cercospora, áreas que apresentaram plantas infectadas entre a quarta e oitava folha, como o
ocorrido na região de Rio Verde, GO, na safra 2000/01, exigiram medidas curativas drásticas.
A não observância desses cuidados quando da infecção precoce (entre a quarta e décima
folha) aliada a condições climáticas favoráveis a evolução da doença, fatalmente acarretará
redução significativa do potencial produtivo. Assim quando os primeiros sintomas de mancha
de cercospora, em plantas de milho, aparecem próximo do florescimento e as lesões
permanecem apenas nas cinco folhas basais da planta, as perdas serão pequenas e,
normalmente, não exigirão tratamentos específicos. Contudo, se as lesões progredirem para as
folhas superiores (sobretudo atingindo aquelas posicionadas acima da espiga) em meio a
condições de estresse (seca, baixa luminosidade, encharcamento, deficiência de potássio e
cobre, bem como excesso de nitrogênio, dentre outras) providências urgentes deverão ser
implementadas (Fancelli e Dourado Neto, 2001).
13
Segundo Fancelli e Dourado Neto (2001), o fungo C. zeae-maydis, requer prolongado
período de alta umidade relativa do ar (período mínimo de 12 horas com umidade superior a
90%), folhas com superfície úmida por período superior ou igual a 12 horas e temperatura
oscilando entre 25 e 32º C, a lavoura de milho fechada também favorece condições para a
infecção do fungo, devido o microclima propício ao patógeno. Ao atingir a superfície das
folhas, os conídios de Cercospora podem germinar no período de 12 a 24 horas e iniciarem a
penetração, através dos estômatos, em 4 a 7 dias. Aproximadamente, 7 a 9 dias após a
infecção, a clorose nas folhas começa a se evidenciar e, nos dias seguintes, as lesões
cloróticas iniciam o seu desenvolvimento. A produção de conídios pode ocorrer 14 a 15 dias
após a infecção após a infecção e prolongar-se por vários dias, sendo que em cada mm² de
lesão podem ser produzidos cerca de 5000 novos conídios, dos quais 50 a 80% estão aptos a
germinar. O ciclo de infecção (infecção, penetração e produção de conídios) varia de acordo
com a suscetibilidade do genótipo. Nos EUA, o ciclo de infecção nos híbridos
moderadamente resistentes dura de 21 a 28 dias e nos híbridos suscetíveis de 14 a 21 dias.
A severidade da mancha por Cercospora é favorecida também pela ocorrência de
vários dias nublados, ocasião a qual a umidade relativa do ar é alta, também favorece a
presença de orvalho ou serração por longo período. Sob condições climáticas desfavoráveis, a
doença paralisa seu desenvolvimento e desenvolve-se rapidamente tão logo as condições
voltem a ser favoráveis. Este patógeno sobrevive nos restos de cultura do milho e dissemina-
se principalmente através do vento. Por isso um fator de grande importância para a ocorrência
da doença é a presença, na superfície do solo, de restos de cultura do milho contaminados, que
constituem fonte de inoculo (Galvão e Miranda, 2004).
Normalmente, a facilidade de penetração do fungo C. zeae-maydis nos estômatos é
maior em tecidos de plantas mais velhas quando comparado com tecidos de plantas jovens. A
esporulação é abundante sob condições de calor, nebulosidade e alta umidade, porém o
14
referido patógeno pode sobreviver em condições adversas de ambiente, desde que os
processos de germinação e infecção já tenham sido iniciados. O período de alta umidade
relativa não necessita ser contínuo para que a infecção ocorra, desde que o processo possa
permanecer quiescente até que a umidade relativa seja retomada. A C. zeae-maydis
desenvolve um estroma no interior da cavidade substomatal que pode originar conidióforos e
conídios, 16 a 21 dias após a penetração. Esse estroma, formado no interior da citada
cavidade, pode sobreviver por longos períodos de seca e retomar a colonização da cavidade
sub-estomatal e/ou esporular, quando as condições ambientais voltarem a ser favoráveis.
Essas evidências científicas ratificam a possibilidade da ocorrência de infecções precoces
(quando a planta ainda for jovem), seguidas de um período de latência, cujo potencial
destrutivo somente pode ser manifestado quando a retomada das condições ideais exigidas
pelo patógeno (Fancelli e Dourado Neto, 2001).
Em meio a elevado potencial de inóculo, a doença pode se desenvolver,
significativamente, mesmo sob temperaturas mais baixas. Geralmente, híbridos de milho de
ciclo tardios apresentam maior risco de serem infectados por Cercospora do que híbridos de
ciclo precoce. Este fato pode ser relacionado ao espaço de tempo que as plantas aumentam o
período de exposição, que por sua vez aumenta a probabilidade de a doença atingir altos
níveis de severidade, bem como reduzir a intercepção da radiação solar no período crítico de
enchimento de grãos. Em trabalho realizado nos Estados Unidos, usando uma escala de 1 a 5
para quantificar a severidade da doença, alguns pesquisadores demonstraram que o aumento
de cada unidade na escala empregada, representou perdas nas produções de grãos igual a 1,06
t/ha nos híbridos tardios, 0,7 t/ha nos híbridos de ciclo médio e 0,1 t/ha em híbridos precoces.
Contudo, ressalta-se que o fator mais importante relacionado ao genótipo, quanto a
suscetibilidade a Cercospora, não está relacionado ao ciclo das plantas, mas sim, a herança
genética (tolerância ou resistência) (Fancelli e Dourado Neto, 2001).
15
A ocorrência de Cercospora vem aumentando consideravelmente, em várias regiões
produtoras do mundo, sendo que tal crescimento está diretamente associado com a adoção de
práticas agrícolas que negligenciam a rotação de culturas e que preservam os resíduos de
plantas infectadas na superfície do solo. Estes procedimentos favorecem a perpetuação do
inoculo propiciando a proliferação do mesmo para outras áreas e safras. A C. zeae-maydis é
conhecida por infectar apenas a cultura do milho não havendo, até o momento, nenhum relato
de que o referido patógeno seja transmitido por sementes (Ward et al., 1999, citado por
Fancelli e Dourado Neto, 2001).
Como períodos de alta umidade favorecem a proliferação do fungo, pois, ocorre a
produção de esporos (conídios) que infestam os resíduos. Assim, o fungo C. zeae-maydis
pode sobreviver por longos períodos, na entressafra, nos restos de cultura de milho presentes
na superfície do solo, porém não é competitivo com outros fungos presentes no solo e não
sobrevive quando enterrado (Stromberg, 1986, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001).
Os esporos são disseminados eficientemente pelo vento para novas plantas e infectam,
primeiramente, as folhas basais. Sob condições ambientais favoráveis, as lesões resultantes da
infecção inicial produzem esporos que, por sua vez, são transportados através do vento e por
respingos de chuva (ou irrigação) para folhas superiores. A ocorrência de prolongado período
seco, pode amplificar a taxa de disseminação dos esporos a longa distância (Ward et al, 1999,
citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001).
Ainda, algumas evidências demonstram que a dispersão aérea dos esporos é maior no
início da tarde, quando a temperatura se eleva, e a umidade relativa do ar e a umidade da
superfície das folhas diminuem (Rupe et al., 1982, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001).
O fungo pode permanecer dormente quando submetido a condições ambientais
desfavoráveis (altas temperaturas e falta de umidade), e retomar seu desenvolvimento
rapidamente, sob condições favoráveis (Gênio (1995), citado por Fancelli e Dourado Neto,
16
2001). Quando ocorrem prolongados períodos climaticamente favoráveis e, especialmente
após o fechamento do dossel, as lesões se desenvolvem e coalescem resultando em extensas
áreas necrosadas e secas nas folhas. Os esporos de C. zeae-maydis podem desprender-se das
folhas e se deslocar a longas distâncias, assim como a velocidade de deslocamento dos
esporos de Cercospora é de aproximadamente 2,2 cm/segundo, a qual é baseada nos valores
médios de tamanho e massa, pode-se concluir que os propágulos podem deslocar-se a
distâncias variáveis entre 0,1 km (100 m) a mais de 40 km No entanto a capacidade de
deslocamento depende da velocidade do vento reinante no local considerado (Ward et al,
1999, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001).
Na África do Sul, as lesões provocadas por C. zeae-maydis na cultura do milho,
aparecem bem antes da antese (florescimento), ao contrário do que acontece na maior parte
dos EUA e no Brasil, em que as lesões se manifestam normalmente logo após a antese. O
aparecimento das lesões em fase mais jovens de desenvolvimento possibilita maior interação
entre o hospedeiro e o patógeno resultando na maior severidade da doença. Por esse motivo,
os prejuízos da Cercospora na África do Sul, são muito mais acentuados, quando comparado
com aqueles determinados em Iowa, EUA (Nutter & Stromberg. 1999, citado por Fancelli e
Dourado Neto, 2001).
Geralmente a C.zeae-maydis provoca danos à cultura do milho já no primeiro ano de
ocorrência na área, principalmente se a disseminação pelo vento e as condições de ambiente
forem propícias. Porém, em algumas situações desfavoráveis ao desenvolvimento da doença,
o patógeno não se manifesta de forma severa, no primeiro ano de colonização da área,
permanecendo nos restos culturais durante o período de entressafra e provocando nova
epidemia apenas na cultura do milho subseqüente. Nos últimos anos, a incidência de C. zeae-
maydis aumentou em várias partes do mundo, incluindo nos maiores produtores mundiais
como EUA, África, Brasil e México (Lalterel & Rossi, 1983; Ward & Novell, 1998; Ward et
17
al., 1999; Fantin et al., 2001, citados por Brunelli, 2004). A produção em híbridos suscetíveis
pode ser considerável, (Donahue et al. 1991, citados por Brunelli, 2004), estimaram perdas de
até 25% em regiões endêmicas nos EUA. Em agosto de 1995 a doença reduziu a produção em
50% em muitos campos de produção de milho nos Estados Unidos. Na áfrica do Sul foram
constatadas perdas de 65% em híbridos suscetíveis. Essa redução se dá pelo severo ataque do
patógeno às folhas, diminuído a área fotossintética. Os danos também ocorrem pelo
enfraquecimento da planta, que por sua vez favorece podridões de colmo levando ao
tombamento da mesma. No Brasil, danos acerca dos causados pelo patógeno são incipientes,
mas teme-se que eles possam atingir patamares idênticos aos alcançados em outros países. Os
danos, no entanto, não se restringem somente à redução causada diretamente pelo patógeno.
Nas safras de 2000/01 em diante, vários híbridos altamente produtivos tiveram que sair do
mercado, e serem substituídos por outros com menor rendimento, mas que apresentavam boa
resistência, diminuindo assim a produtividade (Brunelli, 2004).
Se a infecção da planta e o aparecimento dos sintomas iniciais se evidenciarem entre a
4ª e 8ª folha, a redução do potencial produtivo da cultura, segundo inúmeros autores, poderá
oscilar entre 40 e 70%. Porém, se a severidade exceder 40 a 50% da área foliar das folhas
posicionadas acima da espiga, no período compreendido entre o pendoamento e o
florescimento, as perdas podem oscilar entre 65 a 90% (Ward et al., 1999, citado por Fancelli
e Dourado Neto, 2001).
Para Stromberg & Carter (1991), citados por Fancelli e Dourado Neto (2001), os
componentes do rendimento mais afetados pela presença de C. zeae-maydis na cultura do
milho são o número de grãos por espiga e o tamanho dos grãos.
Segundo Ribeiro do Valle (2005), calcula-se que a epidemia da cercosporiose na
região do sudoeste goiano atingiu, na safrinha de 2000, uma área equivalente a 35.000 ha de
milho. As lavouras que emergencialmente foram tratadas com fungicidas ainda produziram
18
cerca de 5,35 t/ha, enquanto as não tratadas produziram, em média, apenas 3,32 t/ha. Com
base nesses dados, pode-se estimar uma perda de aproximadamente U$$ 8,0 milhões de
dólares na área da epidemia.
2.2.1.4. Controle da Cercosporiose
Segundo Fancelli e Dourado Neto (2001), objetivando reduzir a incidência de C. zeae-
maydis em lavouras de milho, recomenda-se a implementação de inúmeras medidas de caráter
preventivo, dentre as quais merecem destaque o uso de rotação de culturas, evitar áreas e
épocas com abundância de orvalho e neblina, evitar o atraso de colheita, empregar adubação
equilibrada, principalmente em nitrogênio e potássio, utilizar fertilizante silicatado, evitar
excesso e aplicação tardia de nitrogênio, evitar o uso de espaçamentos largos (acima de 0,85m
entrelinhas), avaliar a possibilidade da utilização de quebra-ventos, realizar pulverizações
foliares de produtos à base de Manganês (Mn) e Cobre (Cu), entre os estádios V4 e V6 da
planta de milho.
Inúmeros estudos têm mostrado que apenas um ano de rotação de culturas, pode ser
suficiente para reduzir significativamente o nível de inoculo de C. zeae-maydis, na área.
Todavia, os melhores resultados têm sido obtidos com supressão da cultura do milho, em
áreas severamente infectadas por dois anos (Perkins, 1995, citado por Fancelli e Dourado
Neto, 2001).
Em função da especificidade do patógeno, qualquer cultura, exceto milho, é
considerada não hospedeira de C. zeae-maydis e pode ser utilizada no sistema de rotação de
culturas (Munkvoly, 1997, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001). Da mesma maneira,
em áreas com a presença da doença considerada, a alteração da finalidade da produção, de
grãos para silagem, poderá contribuir para a redução de inoculo, pois, o material vegetal
eventualmente infectado, será parcialmente removido da área (Payne et al., 1987, citado por
Fancelli e Dourado Neto, 2001).
19
Porém, o atraso na colheita de grãos, sobretudo em regiões chuvosas, ou em
predominância de ventos, poderá favorecer a manutenção e disseminação do patógeno, o qual
atuará, de forma intensa na seguinte safra (Ward et al, 1999, citado por Fancelli e Dourado
Neto, 2001).
Com relação à influência da nutrição de plantas e a incidência e severidade da
Cercospora na lavoura de milho, poucos trabalhos foram desenvolvidos nesse aspecto.
Porém, Smith (1989), citado por Fancelli e Dourado Neto (2001), observou que a aplicação de
nitrogênio acima da recomendação, provocou significativo aumento na severidade da doença.
Resultados semelhantes foram obtidos por Ward (1996), citado por Fancelli e Dourado Neto
(2001). Ainda, com base na fisiologia de plantas e de evidências prática, pode-se inferir que o
fornecimento tardio de nitrogênio na lavoura de milho, com plantas apresentando mais de 12-
14 folhas (V12 e V14), bem como a utilização de quantidades de N e K, superior à relação
2:1, poderá predispor a planta à maior incidência e severidade de Cercospora (Fancelli, 2001,
citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001).
Medidas de caráter genérico relacionadas à prevenção de doenças de plantas, tais
como aplicação de sulfato de manganês (500g/ha) e óxido cuproso (100-125g/ha), entre os
estádios correspondentes a 4 e 6 folhas, bem como o fornecimento de 15 a 25 kg/ha de sílica
deverão ser implementadas (Fancelli e Dourado Neto, 2001).
A medida de controle mais eficiente para essa doença é a utilização de cultivares
resistentes. A eliminação de restos culturais de milho contaminados, por enterrio ou rotação
de cultura por um ou dois anos, reduzindo a concentração de inoculo na área, são medidas que
podem contribuir muito para reduzir a severidade da doença, desde que não haja nas
imediações outras lavouras infectadas que possam servir de fonte de inóculo. Ainda, evitar
altas densidades de plantio, que podem proporcionar microclima favorável ao
20
desenvolvimento do patógeno, também pode reduzir a severidade da mancha por Cercospora
(Galvão e Miranda, 2004).
Também segundo Fancelli e Dourado Neto (2001), além das práticas de controle
acima citadas, outra questão importante é o uso de fungicidas, e no momento correto, além da
alternância de ingredientes ativos e fungicidas com distintos modos de ação. A inclusão de
híbridos de milho resistentes em sistemas de rotação de culturas pode contribuir para o
manejo (e controle) efetivo da doença. A semeadura de híbridos resistentes resulta em baixa
quantidade de inóculo presente nos restos culturais e assim, minimizar os riscos às lavouras
seguintes de milho implantadas na próxima safra.
Nesse contexto, numerosos estudos estão sendo realizados, principalmente nos EUA,
visando melhorar as características de resistência da cultura do milho. Para (Ayers et al, 1984,
citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001), a resistência dos híbridos ao fungo, teve grande
impacto sobre os componentes de disseminação e sobrevivência, incluindo a alteração no
tamanho e distribuição das lesões, no período de latência e na taxa de esporulação. Segundo
Beckman et al. (1982), citado por Fancelli e Dourado Neto (2001), afirmaram terem
observado atrasos significativos no aparecimento de lesões (longo período de incubação) e na
esporulação (ampliação do período de latência), em híbridos moderadamente resistentes. Da
maneira similar, Ringer et al. (1995), citado por Fancelli e Dourado Neto (2001), observaram
menor período latente em híbridos moderadamente resistentes (22 dias após a inoculação).
Ward et al.(1996), citado por Fancelli e Dourado Neto (2001), observaram em
trabalho realizado na África do Sul, que híbridos de milho moderadamente resistentes à C.
zeae-maydis, apresentaram menor respostas a aplicação de fungicidas quando comparados
com híbridos suscetíveis. Ainda, verificou-se que o emprego de híbridos suscetíveis implica
na necessidade da realização de maior número de aplicações de fungicidas em relação ao uso
de híbridos resistentes. Todavia, somente a aplicação de produtos químicos, mesmo no
21
momento indicado, poderá não surfir o efeito desejado se elevado potencial de inóculo do
patógeno permanecer viável nos restos de cultura.
Segundo Payne et al (1987), citados por Fancelli e Dourado Neto (2001), a influência
do sistema de cultivo (convencional e plantio direto) sobre a disseminação e o
desenvolvimento de C. zeae-maydis, constataram que a evolução da doença foi mais
acentuada nas áreas de produção de milho sob sistema plantio direto. Também em trabalho
realizado por Nazareno et al, 1993, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001, observou a
existência de estreita relação entre a quantidade de resíduo presente na superfície do solo e a
severidade de C. zeae-maydis, principalmente, quando as condições do ambiente eram
favoráveis ao patógeno. Constatou-se então que o número médio de lesões por folhas de
milho nos tratamentos com 0, 10, 35, e 85% de cobertura do solo com restos vegetais de
milho foi de aproximadamente, 12, 36, 42 e 119, respectivamente. Da mesma maneira,
observaram que quando a quantidade de resíduo recobria mais de 35% do solo, os níveis da
doença aumentaram acentuadamente.
O efeito da incorporação de restos da cultura do milho na sobrevivência de C. zeae-
maydis foi avaliado na Carolina do Norte, EUA, onde se observou que o enterrio da resteva
infectada, a 15 cm de profundidade, não proporcionou a sobrevivência do patógeno (Payne &
Waldron, 1983, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001). Assim os referidos autores
recomendam como medida de controle, o manejo de resíduos infectados como uma das
formas de redução da propagação de C. zeae-maydis em áreas de produção de milho. Assim, a
implantação e a condução adequada do sistema plantio direto e o emprego de programas
efetivos de rotação de culturas, mostram-se imperiosos para o sucesso e perpetuação dessa
modalidade de sistema de produção para regiões produtoras de milho e propícias à ocorrência
de Cercospora.
22
Reis et al. (2004), afirmaram que a cercosporiose do milho pode ser eficientemente
controlada pela aplicação foliar de fungicidas, sendo economicamente justificável em híbridos
suscetíveis e em lavouras com alto potencial de rendimento. Nos EUA e no Brasil, os
fungicidas testados com melhor desempenho são os triazóis, benzimidazóis e estrubilurinas.
Dois critérios podem ser adotados como indicador do momento para aplicação de fungicidas
no controle de cercosporiose, ainda segundo aqueles autores:
- Presença da doença e estádio de desenvolvimento da planta: Para fins práticos sugere-se um
limiar de ação (LA) de 40-50% de incidência, e para facilitar o monitoramento, propõe-se
trabalhar com uma amostra de 50 plantas por situação de lavoura, e portanto quando forem
detectadas duas lesões em 20 a 25 plantas deve-se proceder imediatamente a aplicação do
fungicida(levando-se em conta a posição da folha da espiga, examinando-a em conjunto com
as duas abaixo e as duas acima dela quanto a presença de lesões necróticas de
Cercosporiose).
- Com base na função de dano da doença: Por meio da relação entre a severidade da
Cercosporiose e o rendimento de grãos. Estudos mostram que para cada 1% de aumento de
severidade da doença no estádio 7, o rendimento foi reduzido em 47,6 kg/ha num híbrido
suscetível, e 35,7 kg/ha num cultivar moderadamente tolerante, aumentos de rendimento de
até 67% tem sido relatados em função do controle da doença com fungicidas em híbridos
suscetíveis. Várias equações da função de dano são estudadas como a modificada por Reis et
al. (2004), para ser utilizada em doenças causadas por fungos:
ID = [Cc /(Pp x Cd)]x Ec onde:
ID = Intensidade da doença; Cc = custo de controle químico envolvendo o custo do fungicida
e o custo de sua aplicação (R$/ha); Pp = preço da tonelada de milho (R$/ton de grão); Cd =
coeficiente de dano (tomado da função de dano R=1000 – 15,33 L (lesão foliar)); e, Ec =
23
eficiência de controle considerando a fungitoxicidade do produto, da dose e da qualidade da
aplicação.
Para exemplo de uma lavoura de milho com 8,5 t/ha de potencial de rendimento,
custo de aplicação de R$ 90,00 e o preço da tonelada de milho de R$ 285,00, chega-se ao
valor de ID = 1,7 lesões (número de lesões nas 5 folhas de referência), sendo este limiar de
dano econômico (LDE) ou limiar de ações (LA). Com esta intensidade da doença a perda
(R$/ha) iguala-se ao custo de controle, justificando a aplicação de fungicida.
A maior eficiência no controle químico de C. zeae-maydis foi obtida quando a
aplicação de fungicida foi realizada no início de desenvolvimento da doença, ou seja, no
momento em que as lesões atingiram 2 a 3 % da área foliar (máximo 5 %) e eram observadas
apenas nas cinco folhas basais (Ward et al, 1997, citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001).
Os mesmos autores também determinaram que quando a aplicação de fungicida foi realizada
preventivamente (antes do aparecimento de sintomas da doença), a eficiência de controle foi
baixa, e a relação benefício/custo foi desfavorável. Portanto a aplicação de fungicida deve ser
iniciada após a manifestação dos primeiros sintomas de Cercospora, porém antes de atingirem
altos níveis de severidade. O intervalo entre as aplicações depende da ocorrência ou não de
condições adequadas ao desenvolvimento da doença, do produto químico utilizado e do grau
de resistência do híbrido. Assim, a determinação do momento correto de aplicação de
fungicidas, exige vistorias e levantamentos contínuos, fundamentados em observações
detalhadas e precisas (Francelli e Dourado Neto, 2001).
2.2.2. Feosféria, Mancha por Phaeosphaeria, Mancha branca ou esferulina (Phaeosphaeria maydis)
Aliado ao bom desempenho agronômico dos híbridos, outro fator importante para
obtenção de altas produtividades de milho é a reação destes materiais à incidência de
determinados patógenos, como o fungo Phaeosphaeria maydis, que causa perdas
significativas na produção, em virtude da redução da área foliar. A doença causada por esse
24
fungo é conhecida como mancha-foliar de feosféria ou mancha branca, e no Brasil é
relativamente recente, é relatada no início dos anos 80, no Oeste do Paraná, por Reis & Casa
(1996). Ela ocorre, praticamente, em todas as regiões onde se cultiva milho, embora em
alguns estados seja mais problemática, como em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais, principalmente na região do Triângulo
Mineiro. A doença não ocorre nos primeiros estádios de desenvolvimento das plantas, mas em
condições favoráveis pode se tornar visível já aos 60 dias após o plantio. À semelhança das
outras doenças, a severidade é maior no florescimento, época em que as plantas são avaliadas
quanto à resistência. Em plantios tardios, a severidade da doença é maior que em plantios
iniciais (Buiatti, 2000).
2.2.2.1. Sintomas de Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria
A doença Phaeosphaeria maydis, também conhecida como “Pinta branca” atualmente,
é considerada uma das principais doenças do milho, devido a sua ampla distribuição como em
decorrência dos prejuízos que tem causado aos cultivares suscetível (Fancelli e Dourado Neto,
2000).
Inicialmente, as lesões são circulares, aquosas e verde-claras. Posteriormente, passam
a necróticas, de cor pálida, circulares e elípticas, com diâmetro variando de 0,3 a 1,0 cm.
Geralmente são encontradas dispersas no limbo foliar, podendo coalescer. Em geral, os
sintomas aparecem primeiro nas folhas inferiores, progredindo rapidamente para as
superiores, sendo mais severos após o pendoamento. Podem ocorrer também nas palhas das
espigas. Os sintomas dessa doença não ocorrem em plântulas de milho, ao contrário daqueles
causados pelo fungo Phyllosticta maydis (Mycosphaerella zeae-maydis), que pertence ao
mesmo gênero da forma imperfeita do agente causal da mancha por Phaeosphaeria. Sob
condições favoráveis, a mancha por Phaeosphaeria pode causar seca prematura das folhas e
redução no ciclo da planta no tamanho e no peso de grãos (Galvão e Miranda, 2004).
25
Com a evolução da doença a frutificação do fungo pode ser observada no centro das
lesões. As lesões são semelhantes a lesões causadas por deriva de paraquat (Fancelli e
Dourado Neto, 2000).
A mancha de feosféria passou a ser considerada uma doença importante na cultura do
milho a partir do início de 1990, principalmente com o advento do sistema plantio direto,
sobretudo na região Centro Oeste do Brasil e Oeste do estado do Paraná. Atualmente a doença
encontra-se distribuída em todas as regiões do Brasil, sendo que os maiores danos têm sido
detectados em regiões com altitude superior a 600 m, coincidindo com temperatura alta e
elevada precipitação pluvial (Reis et al., 2004).
2.2.2.2.Etiologia da Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria
A doença mancha por P. maydis (P. Henn) Rane, Payak e Renfro (sin. Sphaerulina
maydis P. Hennings= Leptosphaeria zeae maydis Sacc). O gênero Phaeosphaeria está
classificado em Ascomycotina-Loculoascomycetes-Pleosporales-Pleosporaceae. Os
ascósporos são hialinos, retos ou levemente curtos e apresentam três septos, com leve
constrição em cada um. A forma imperfeita desse fungo é classificada como Phyllosticta sp.
apresenta conídios hialinos, elipsóides, alongados ou redondos, unicelulares, tipicamente uni
ou bigutulados, que são produzidos em picnídios esféricos ou globosos, de cor marrom
escura, com ostíolo visível, na face superior da folha (Galvão e Miranda, 2004).
Dificuldades encontradas para obtenção de plantas de milho com sintomas da mancha
por Phaeosphaeria, através de inoculações artificiais com esporos desse fungo cultivado in
vitro, associadas ao fato de que no início do desenvolvimento os sintomas dessa doença
assemelham-se àqueles causados por bactérias em plantas, têm levado ao questionamento
sobre a verdadeira identidade de seu agente causal. Recentemente, a bactéria Pantoea ananás
(= Erwinia ananas) foi isolada de lesões foliares jovens da “mancha por Phaeosphaeria”,
cultivada in vitro, e inoculada em plantas de milho com 15, 30 e 45 dias de idade, em casa de
26
vegetação. Lesões semelhantes àquelas normalmente observadas em lavouras atacadas por
essa doença apareceram nessas plantas entre cinco e sete dias após a inoculação e a bactéria
foi reisolada das lesões. Esses resultados sugerem o envolvimento dessa bactéria na fase
inicial da doença (Galvão e Miranda, 2004).
No entanto, em outro trabalho, o fungo Phyllosticta sp. foi isolado de lesões necróticas
da mancha por Phaeosphaeria, cultivado in vitro e inoculado em plantas de milho em estádio
inicial de florescimento, em casa de vegetação. Lesões semelhantes àquelas normalmente
observadas em lavouras atacadas por essa doença apareceram nessas plantas, 26 dias após a
inoculação. As lesões apareceram inicialmente nas folhas inferiores, progredindo para as
superiores, e evoluíram até a senescência das plantas, sendo mais severas nas plantas
cultivadas em solução nutritiva que naquelas cultivadas em solo. Esse fungo foi reisolado das
lesões. Ainda, avaliações da efetividade de fungicidas e do antibiótico agrimicina para
controle dessa doença, em campo, mostram maior eficiência do fungicida mancozeb e
nenhum efeito do antibiótico agrimicina. Esses resultados evidenciaram ser um fungo o
agente causal da doença (Galvão e Miranda, 2004).
2.2.2.3. Epidemiologia da Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria
A mancha por Phaeosphaeria é uma doença de ocorrência generalizada nas principais
regiões produtoras de milho no Brasil. Folhas com severidade próxima de 20% podem ter a
taxa fotossintética líquida reduzida em até 50%. Sob condições favoráveis ao seu
desenvolvimento, pode acarretar redução na produção superior a 60%. Na América Latina,
sua ocorrência tem sido detectada também no Equador, no México e na Colômbia (Galvão e
Miranda, 2004).
Este patógeno sobrevive nos restos culturais e é disseminado através de estruturas
denominadas ascósporos, os quais, sob condições favoráveis, podem germinar e infectar
folhas novas e maduras. É considerada como uma doença de fácil disseminação e de rápida
27
velocidade de colonização de tecidos. O desenvolvimento da doença é favorecido por
temperatura diurna entre 24 e 30o C, temperaturas noturnas em torno de 14 e 16o C e umidade
relativa do ar superior a 60%. Ainda regiões com abundante formação de orvalho e baixa
luminosidade podem favorecer sua incidência. Em regiões com altitude superior a 700 metros
a probabilidade de ocorrência dessa doença tem sido maior (Fancelli e Dourado Neto, 2000).
A severidade da feosféria também é favorecida por altas precipitações pluviométricas.
Considerando-se que esse patógeno forma clamidósporos, é possível que permaneça nessa
forma, no solo, por longo tempo. À semelhança do que ocorre com outros patógenos, é
possível que sobreviva também em restos de cultura. Assim, ao longo do tempo, um aumento
na concentração de inoculo desse patógeno pode ocorrer em áreas onde se utiliza
sistematicamente o plantio direto, tornando as lavouras de milho muito mais sujeitas à
ocorrência da doença em alta severidade. O milho é o único hospedeiro desse patógeno
conhecido atualmente (Galvão e Miranda, 2004).
2.2.2.4. Controle da Mancha por Phaeosphaeria ou feosféria
Uma prática de controle muito eficiente é realizar a semeadura o mais cedo possível,
preferencialmente entre os meses de setembro a outubro, evitando as épocas de plantio tardias
em que a doença incide com maior severidade. Também é recomendável incorporar restos de
cultura de milho ao solo quando a doença ocorrer com alta severidade (Fancelli e Dourado
Neto, 2000).
Embora a utilização de cultivares resistentes seja o método mais eficiente para o
controle da manha por Phaeosphaeria, atualmente a maioria das cultivares comerciais de
milho tem se mostrado suscetíveis a esse patógeno. A partir da década de 90, quando essa
doença passou a destacar-se pelos prejuízos causados à produção, várias instituições de
pesquisa e empresas produtoras de semente de milho intensificaram suas pesquisas para
28
obtenção de cultivares resistentes, tornando possível a obtenção futura de cultivares
resistentes (Fernandes e Oliveira, 2000).
Quanto ao controle químico, alguns fungicidas, incluindo o mancozeb, tem se
mostrado eficiente no controle dessa doença (Galvão e Miranda, 2004).
2.2.3. Ferrugem Comum (Puccinia sorghi) As ferrugens em milho são causadas por parasitas biotróficos que apresentam a
habilidade de extrair nutrientes apenas de células vivas. O nome comum decorre do aspecto
ferruginoso apresentado pela massa de esporos presentes na região central das pústulas (Reis
et al., 2004).
As ferrugens possuem várias espécies de fungos na cultura do milho, a ferrugem
branca ou tropical (Physopella zeae), é uma das mais novas doenças na cultura do milho
Brasil, tendo sido relatada em 1985. A partir do início da década de 90, esta doença tem se
destacado devido à severidade de sua ocorrência no sudoeste goiano. Assim, como a ferrugem
polyssora e a ferrugem branca, sob condições favoráveis, pode causar seca prematura das
plantas de milho, reduzindo a produtividade (Fernandes e Oliveira, 2000). A ferrugem
polissora (Puccinia polyssora) ocorre desde a década de 80 e tem sido um sério problema em
todo o país, sendo em condições favoráveis e em cultivares suscetíveis, pode ocorrer
severamente nas folhas, caule, palha das espigas e bainha, causando seca prematura das
plantas e perda de produção (Fernandes e Oliveira, 2000).
Esta doença é, atualmente, uma das mais importantes doenças do milho no Brasil,
sendo a ferrugem polissora a mais agressiva das ferrugens que ocorrem na cultura. A doença
já possui ampla distribuição geográfica, podendo ser encontrada na América do Sul, America
Central, América do Norte, leste, oeste e sul do continente africano, Sudeste da Ásia,
Filipinas, Austrália e oeste da Índia. Essa doença adquiriu maior importância no Brasil a partir
da década de 1990, associada a diversos fatores, como a suscetibilidade, de cultivares
29
comerciais, o plantio contínuo de milho entre outros. Essa doença tem limitado o plantio de
milho safrinha no Brasil, devido ao plantio de cultivares suscetíveis (Galvão e Miranda,
2004).
Das três ferrugens que ocorrem no milho, a ferrugem comum é a menos severa,
provavelmente por ser uma doença antiga e bastante disseminada no país, fato que
possibilitou, nos programas de melhoramento genético, a seleção adequada para sua
resistência. A doença é mais importante nos primeiros plantios da região sul e
esporadicamente, na região Central do Brasil, quando da ocorrência de temperaturas baixas
associadas ao cultivo de híbridos suscetíveis (Kimati et al, 1997)
A Ferrugem comum (Puccinia sorghi) sendo a mais antiga e a mais comum
encontrada no milho será abordada com mais ênfase.
2.2.3.1. Sintomas da Ferrugem Comum
Essa ferrugem forma pústulas predominantemente alongadas, de cor marrom clara em
plantas jovens e que se tornam marrom escuras à medida que a planta se aproxima da fase de
maturação. Essas pústulas podem ser encontradas em ambas as faces das folhas, e devido ao
rompimento da epiderme, apresentam caracteristicamente uma fenda. A distinção entre
ferrugem comum e ferrugem polyssora, em campo, embora não seja fácil, pode ser feita
considerando-se as características de suas pústulas. Em laboratório, são facilmente
diferenciadas, ao microscópio, pela morfologia de seus uredosporos. Essa ferrugem pode ser
encontrada em qualquer fase de desenvolvimento de plantas de milho, inicialmente nas folhas
baixeiras. Contudo, quando ela ocorre nas plantas jovens e as condições climáticas
permanecem favoráveis, causa maior redução na produção que quando incide em plantas em
final de ciclo. Várias raças desse patógeno já foram identificadas (Fernandes e Oliveira,
2000).
30
Segundo Fancelli e Dourado Neto (2000), a ferrugem comum caracteriza-se pela
presença de pústulas elípticas e alongadas, localizadas nas duas faces da folha. Inicialmente
apresentam coloração marrom clara, que é intensificada, podendo adquirir coloração negra, à
medida que amadurecem e se rompem as pústulas formando uma fenda característica. Sob
condições favoráveis pode causar seca prematura das plantas reduzindo drasticamente o
tamanho das espigas e a produtividade do milho. A diferença em relação a P. polyssora, está
na coloração mais escura e no formato mais alongado de suas pústulas (Fancelli e Dourado
Neto, 2000).
Em condições de alta severidade, podem ocorrer clorose e morte do limbo e da bainha
foliar (Galvão e Miranda, 2004).
2.2.3.2. Etiologia da Ferrugem Comum
Segundo Index Fungorum (2006), o fungo Puccinia sorghi Sch.(1832) tem como
sinonímias as espécies Aecidium oxalidis Thüm., (1876), Dicaeoma sorghi (Schwein.),
Kuntze (1898), Puccinia maydis Berenger (1844), Puccinia zeae Berenger (1851) e Tilletia
epiphylla Berk. & Broome (1882).
A ferrugem comum é causada pelo fungo P. sorghi Schw (Basidiomycotina-
Uredinales-Pucciniaceae). Os uredosporos apresentam coloração marrom ferruginosa, formato
arredondado e medem 21 a 30 x 24 a 33 um. As paredes dos uredosporos apresentam
coloração marrom clara, medem de 1,5 a 2,0 µm de espessura, são moderadamente
equinuladas e possuem três ou quatro poros germinativos equatoriais. Cada uredósporo é
binucleado, assim como o micélio que se desenvolve apartir de sua germinação. Os
teliosporos que substituem os uredosporos nas pústulas são de coloração marrom escura, lisos
alongados a elípticos ou ovalados, bicelulares e com ligeira constrição no septo. Medem 14 a
25 x 28 a 46 µm e são ligados a pedicelos, cujo comprimento é uma a duas vezes o
comprimento do teliósporo. Os aeciosporos são de coloração amarela, verrugosos esféricos e
31
elipsóides, medem 13 a 19 x 18 a 26 µm e ocorrem em feixes, em espécies de Oxalis. Esse
patógeno pode ser cultivado em folhas de milho destacadas e colocadas em uma solução de
sacarose 5% e 20 ppm de cinetina (Galvão e Miranda, 2004).
As fases uredial e telial da ferrugem comum são encontradas em todas as regiões de
plantio de milho do mundo. A fase aecial da ferrugem comum é relatada com menor
freqüência, em regiões temperadas da Europa, EUA, África do Sul, Índia e Nepal, em Oxalis
spp. Esta é a ferrugem de mais antiga ocorrência no Brasil, estando presente em todas as
regiões de plantio de milho do país (Galvão e Miranda, 2004).
2.2.3.3. Epidemiologia da Ferrugem Comum
O fungo P. sorghi apresenta um ciclo completo, tendo como hospedeiro alternativo o
trevo silvestre (Oxalis spp.). É uma doença favorecida por temperaturas entre 18 e 23o C e
umidade relativa do ar alta. A disseminação ocorre através de uredosporos formados no
próprio milho, ou por aeciósporos produzidos no hospedeiro alternativo (trevo), cuja
disseminação ocorre, principalmente, através do vento. O trevo é infectado pelo micélio
proveniente da germinação dos basidiósporos que são formados após a geminação dos
teliosporos, no solo (Fancelli e Dourado Neto, 2000).
Os teliósporos germinam na primavera, em determinadas regiões do mundo, para dar
origem às basídias, sobre as quais são produzidos pequenos basidiósporos de paredes finas,
hialinos e haplóides. Os basidiósporos germinam e penetram em folhas de Oxalis spp.,
formando estruturas denominadas espermogônias, onde são produzidas pequenas
espermácias, sobre a face superior da folha. As espermácias fundem-se com as hifas
receptivas, dando início ao estádio aecial na face inferior de Oxalis spp. Os aeciosporos,
binucleados, são transportados pelo vento, indo infectar folhas de milho. Esta infecção da
origem à fase uredial, que é a fase repetitiva do ciclo do patógeno. Em áreas temperadas,
inclusive nos EUA, não há produção da fase aecial, sendo os uredosporos trazidos pelo vento
32
de regiões tropicais e subtropicais do mundo, onde o patógeno persiste em plantas de milho.
Tecidos mais velhos apresentam-se normalmente mais resistentes à doença (Galvão e
Miranda, 2004).
A ferrugem comum, embora ocorra com mais intensidade na região Sul, devido a
temperatura ser mais amena. Assim como as outras ferrugens, sob condições favoráveis, pode
causar seca prematura da planta, comprometendo significativamente a produção. A maior
severidade da doença é obtida nos meses de agosto a outubro nas regiões subtropicais altas e
baixas e de agosto a setembro nas regiões tropicais altas (Fancelli e Dourado Neto, 2000).
2.2.3.4. Controle de Ferrugem Comum
Por ser um parasita obrigatório e apresentar ciclo completo, deve-se fazer a eliminação
de plantas hospedeiras (Fernandes e Oliveira, 2000).
O controle da ferrugem comum também é obtido através do cultivo de variedades
resistentes. Mais de 100 fontes de resistência a essa ferrugem foram identificadas em
linhagens de milho, durante as décadas de 1950 a 1960. A maioria dessas linhagens
apresentava resistência do tipo específica, e 24 fatores de resistência dominantes foram
identificados entre esses materiais, com base no espectro de isolados de P. sorghi, aos quais
elas apresentavam resistência, e pelo seu posicionamento no mapa de ligação genética de
milho. Esses genes de resistência mapearam, em três áreas do genoma de milho, um grupo de
loci no cromossomo 10 (Rp1, Rp5 e Rp6) e dois outros loci completos, possivelmente nos
cromossomos 3 (Rp3) e 4 (Rp4). Estes loci têm recebido considerável atenção em trabalhos
mais recentes, devido a sua alta instabilidade, complexidade e potencial para análises
moleculares. A caracterização de um grupo definitivo de patógenos de P. sorghi foi
estabelecida para identificação de novos genes de resistência a esse patógeno. Por meio dessa
coleção de patótipos, foi identificado um fator de resistência até então desconhecido no
33
cultivar ‘Golden King’, o qual segregou como um único gene (Rp1a) e independentemente do
gene Rp1 (Galvão e Miranda, 2004).
Apesar de amplamente estudada, a resistência vertical não tem sido tão utilizada no
melhoramento de milho para a resistência de P. sorghi, principalmente pela alta variabilidade
apresentada por este patógeno. O controle da Ferrugem Comum em milho tem sido
satisfatoriamente obtido através da resistência parcial ou quantitativa. Essa resistência tem
demonstrado ser de alta estabilidade. Quando foram desenvolvidas as primeiras linhagens de
milho nos EUA, no início da produção de milho híbrido, estas foram rigorosamente
selecionadas para resistência à Ferrugem Comum, que era um dos principais problemas em
milho híbridos suscetíveis. As linhagens resistentes que foram selecionadas nessa época
constituíram o germoplasma básico para o desenvolvimento de novas linhagens, que foram
em seguida incorporadas em híbridos comerciais (Galvão e Miranda, 2004).
Vários trabalhos indicaram a predominância de efeitos aditivos no controle genético
da resistência parcial de milho a P. sorghi, com poucos genes envolvidos. Rápidos ganhos ao
nível de resistência em populações de milho têm sido relatados através de seleção recorrente e
pelo método de pedegree (Galvão e Miranda, 2004).
Quando a Ferrugem comum ocorrer em plantas jovens, o controle com fungicidas
pode ser obtido se as aplicações forem iniciadas logo após o aparecimento das primeiras
pústulas. Quando a Ferrugem ocorre em plantas em final de ciclo, não causa redução
significativa na produção, e assim o controle químico é desnecessário. O fungicida
tebuconazole controla bem a Ferrugem Comum no milho (Fernandes e Oliveira, 2000).
A resistência genética é a medida preferencial de controle de doenças. Esforços têm
sido desprendido com sucesso na obtenção de cultivares com resistência a ferrugens e outras
doenças. Em face da grande disponibilidade de híbridos comerciais o produtor rural tem a
34
possibilidade de escolher aqueles com resistência a uma dada moléstia, que predomine em sua
região (Borges e Borges, 2000).
Outras medidas de controle necessárias para o controle de Ferrugem Comum, é o uso
de rotação de culturas, e evitar adubação nitrogenada em excesso (Fancelli e Dourado Neto,
2000).
2.3. Incidência e Severidade de doenças em milho
A incidência é de fácil utilização, prática a e rápida. Só não é tão precisa quando
utilizada para avaliar doenças foliares, apesar do seu uso para tal fim. Em alguns casos tem
sido constatadas, as correlações entre a incidência e severidade (Azevedo, 1997).
A severidade é a variável mais utilizada para a quantificação de doenças de plantas,
porque expressa, com mias precisão, o dano real causado pelos patógenos. A severidade é um
método subjetivo de avaliação de doença. É obtida visualmente e pode variar entre os
avaliadores (Azevedo, 1997).
35
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Instalação dos experimentos
Foram implantados na Fazenda Campinas & São Thiago, Município de Unaí-MG, no
dia 3 de novembro de 2005, com 25 híbridos de milho (Tabela 1.) onde a regulagem da
semeadora-adubadora com espaçamento de 45 cm entre linhas, um total de 3,8 sementes.m-1,
totalizando um total de 79.920 sementes/ha, afim de que o estande final ficasse com 70 a 72
mil plantas.ha-1. A adubação de plantio foi feita de acordo com a análise de solo (Tabela 2),
corresponde a 350 kg/ha da formulação 05:37:00, e mais aplicado à lanço 130kg/ha de cloreto
de potássio.
O plantio dos genótipos de milho feito lado a lado, com seis linhas de cada material, e
com distância de 300m.
A operação de semeadura foi realizada com velocidade de 6 Km/hora, e as caixas da
máquina Jumil Exacta, foram limpas uma a uma, a fim de não deixar resíduos de semente de
um genótipo junto com outro.
3.2 Dados Metereológicos
Os dados metereológicos foram fornecidos pela estação metereológica da Fazenda
Decisão, localizada ao lado da Fazenda Campinas & São Thiago (Anexos 3,4 e 5).
36
3.3. Tratos Culturais
O plantio foi realizado sob sistema plantio direto, procedeu-se aplicação tardia de
herbicida pós emergente 3,0 l/ha de Atrazina, e 0,5 lt/ha de Nicosulfurom, e foi realizada uma
aplicação com inseticida piretróide para controle inicial de lagarta do cartucho.
A adubação nitrogenada de cobertura foi feita aos 25 dias após o plantio com 81 kg/ha
de nitrato de amônio e aos 40 dias 150 kg/ha de uréia.
Não houve mais aplicações foliares. Não foi realizada aplicação de fungicida, uma vez
que a intenção do trabalho foi de avaliar as reações dos genótipos em seu ambiente, perante a
incidência e severidade de doenças foliares, sem a interferência de fungicidas químicos para o
controle destes patógenos.
Durante todo o ciclo da cultura, o clima foi favorável, tendo um pequeno veranico
antes da floração dos híbridos, e as condições para a ocorrência de doenças foi boa devido ao
excesso de chuvas e a alta temperatura na região (Anexos 3,4 e 5)
3.4 Avaliação de Incidência e Severidade de Doenças
A doença foi quantificada utilizando-se duas variáveis: a incidência e a severidade. A
incidência foi avaliada pelo número de plantas apresentando sintomas dividido pelo total de
plantas avaliadas (10 plantas), originando a porcentagem de plantas atacadas pelo patógeno.
A severidade foi avaliada seguindo escala diagramática (Figura 1), que classifica as
plantas quanto a área de tecido lesionado para as três doenças avaliadas (Azevedo, 1997).
A avaliação dos genótipos de milho foi realizada aos 105 dias após a emergência do
milho, no estádio V8 (Anexo 2) fase final de enchimento de grãos, para se ter uma avaliação
da interferência da incidência e severidade das doenças foliares na produtividade, e foi
realizada da seguinte forma: primeiro fez-se a avaliação da incidência, escolhendo-se ao acaso
20 pontos do bloco composto pelo híbrido, ao acaso, onde contou-se em 10 plantas 20 vezes
37
no número de plantas que apresentassem sintomas de ferrugem, mancha de cercospora e
mancha de feosféria, sendo expresso em porcentagem. Logo após, fez-se avaliação da
severidade seguindo escala diagramática de Azevedo (1997), para avaliação de doenças de
foliares de milho (Figura 1), é expressa em notas que vão de 0 a 5, sendo avaliadas
aleatoriamente 10 plantas.
Utilizou-se o programa SAS for windows para análise estatística dos dados que foram
transformados para √x+1. Fez-se teste de análises estatísticas, análise de variância, teste de
comparação de média, Tukey, análise de correlação com teste de hipótese entre as variáveis
dependentes, e por fim utilizando o procedimento “fast class” do SAS separou os genótipos
em três grupos (resistentes, intermediários e suscetíveis) através de análise multivariada
contruiu-se um dendrograma de agrupamento.
38
Figura 1. Escala de notas para avaliação da severidade de milho. Fonte: (Azevedo, 1997)
3.5 Colheita e Pesagem das Amostras A colheita foi realizada no dia 25 de maio de 2006, onde esquadrejou-se a área com o
auxílio de uma trena, foi retirado a bordadura do experimento 11 m, sendo este espaço
descartado, e mediu uma distância de 278 metros de comprimento, sedo o espaçamento de 45
cm entre linhas, vezes seis linhas de cada genótipo, foi colhido 278 m de comprimento, logo
uma área de 750,6 m2 de cada híbrido de milho.
A pesagem foi realizada em uma balança rodoviária, a qual foi colocada embaixo de
uma carreta graneleira, com sistema de sapatas, a balança possui microcomputador, que é
ligado à uma bateria. Cada vez que se pesou um híbrido, a balança foi calibrada para pesar o
próximo.
39
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferença significativa entre as médias dos híbridos de milho somente para as
variáveis incidência da ferrugem comum, incidência de feosféria; e, severidade de ferrugem
comum, feosféria e mancha de cercospora, ou seja, todos os 25 genótipos não se
comportaram diferencialmente quanto a incidência de mancha de cercospora (Tabela 1).
Os híbridos que tiveram as menores incidências de ferrugem comum foram ‘Traktor’ e
‘NB 2203’, de mancha de feosféria foi o híbrido ‘Cargo’ (Tabela 1.).
Os híbridos que tiveram as menores severidades de ferrugem comum (nota 1) foram;
‘30K75’, ‘Somma’, ‘Fort’, ‘NB 7233’, ‘NB 5304’, ‘2B710’, ‘Cargo’, ‘NB 7254’, ‘Maximus’,
‘NB 7414’, ‘NB 7354’, ‘NB 9274’, ‘NB 8383’, ‘Garra’, ‘Speed’, ‘Ag 9010’, ‘NB 8304’,
‘Traktor’ e ‘NB 2203’; e quanto a severidade de mancha de cercospora as menores
severidades (nota 1) ocorreram com os híbridos: ‘DKB 350’, ‘DKB 393’, ‘30K75’, ‘Impacto’
e ‘NB 7233’; e, os híbridos que tiveram as menores severidades de mancha de feosfaeria
(nota 1), foram DKB390, Fort, Impacto, NB 8383 e Garra (Tabela 1.).
O híbrido ‘NB 7233’ destacou-se pela produtividade de 183 sc/há e teve incidência de
cercospora, feosféria e ferrugem de 100%, 100% e 92,5%, respectivamente, porém baixas
severidades de mancha de cercospora, mancha de feosfaeria e ferrugem em notas de 1, 2 e 1,
respectivamente. Pode-se inferir que a alta incidência, não é um fator preponderante para
40
reduzir a produtividade, somente a alta severidade terá efeito mais expressivo na taxa
fotossíntética (Tabela 1).
O híbrido que teve menor produtividade, (AG 9010) com 122,7 sc/ha, teve 100% de
incidência de mancha de cercospora e mancha de feosféria, porém alta nota (5) para
severidade de cercospora e feosféria. Possivelmente a incidência ou severidade interferiu na
produtividade deste genótipo (Tabela 1). Fancelli e Dourado Neto (2001) citaram que muitas
doenças foliares como o complexo das ferrugens (Puccinia polysora, P. sorghi e Phisopella
zeae), a mancha de Phaeosphaeria (Phaeosphaeria maydis), e mancha de Cercospora
(Cercospora zeae-maydis, C. sorghi f.sp. maydis), são exemplos de patógenos capazes de
comprometer a produtividade de híbridos comerciais.
Foi observado que a incidência de doenças não prejudicou a produtividade, pois,
alguns genótipos que tiveram 100% de incidência de uma doença, tiveram pouca severidade
da mesma, não afetando, portanto, a área foliar contudo mantendo a produtividade. Desta
forma a severidade é a variável que mais se relaciona com a produtividade (Tabela 1).
A severidade de feosféria prejudicou a produtividade nos híbridos (NB 2203 e AG
9010).
Houve variabilidade do comportamento de resistência entre os genótipos avaliados (Tabela 1).
Espera-se que, à medida que aumente a incidência da doença, haja um aumento da
severidade, como foi observada entre a variável severidade da ferrugem comum e a incidência
de ferrugem comum (aumento de 42,90 % **), severidade de ferrugem comum e a incidência
de mancha de feosféria (aumento de 10,55%*), severidade de mancha de cercospora e
incidência de mancha de feosféria (aumento 12,06 %**), severidade de mancha de feosféria e
incidência de mancha de feosféira (aumento de 8,88 %*), severidade de mancha de feosféria e
severidade de mancha de cercospora (aumento de 40,19 %**). Resultados contraditórios,
onde o aumento de uma variável ocasionou a redução da outra ocorreu entre a severidade da
41
mancha de cercospora e a incidência da ferrugem comum (redução de 62,64 %**), entre a
severidade da mancha de feosfaeria e a incidência de ferrugem comum (redução de 40,35
%**), entre a severidade da mancha de cercospora e a severidade da ferrugem comum
(redução de 43,18 %**), entre a severidade de feosfaeria e a severidade de ferrugem comum (
redução de 29,88 %**) (Tabela 2).
Ao correlacionar as médias de incidência e severidade com as produtividades dos
híbridos, observou-se correlação negativa (que era o esperado) entre a severidade de mancha
de cercospora (69,03 %), severidade de mancha de feosfaeria (26,19 %), e incidência de
manchas de feosfaeria (1,63%). De todas as variáveis a severidade de cercospora foi a que
mais contribuiu para a redução da produtividade.
Na Figura 2 pode-se verificar os graus de similaridade e dissimilaridade dos híbridos
de milho e as manchas foliares em estudo, merecendo destaque os híbridos ‘Cargo’ que na
Tabela 3 foi classificado como resistente as manchas foliares, e no dendrograma distanciou-se
dos demais genótipos.
Em pesquisa realizada com o intuito de se avaliar o efeito da severidade da doença
infectando o terço médio da planta de milho (folhas 6 a 12), no estágio de grãos
pastosos/farináceos, Nutter & Jenco, (1992), citado por Fancelli e Dourado Neto, 2001,
detectaram que a cada 1% de acréscimo na severidade de cercospora a produção de grãos foi
reduzida em 47,6 kg/ha.
Brunelli (2004), ressaltou que as doenças foliares são responsáveis pelas quedas de
produtividade, como pode ser verificado na Tabela 1.
As perdas atribuídas à ocorrência de mancha de cercospora estão relacionadas com a
redução da interceptação de radiação solar, alteração no funcionamento dos estômatos,
diminuição da taxa fotossintética e redução da taxa de translocação de fotoassimilados
(Fancelli e Dourado Neto, 2001).
42
A incidência e severidade desta doença no Brasil têm aumentado significativamente a
partir dos anos 90, podendo ser hoje encontrada praticamente em todas as regiões onde o
milho é cultivado. Embora a utilização de cultivares resistentes seja o método mais eficiente
para o seu controle, ainda a maioria dos cultivares comerciais de milho tem se mostrado muito
sensível a esse patógeno, o qual tem causado grandes perdas de produtividade (Fancelli e
Dourado Neto, 2000).
As lesões ocorridas nas folhas produzem uma redução na área fotossinteticamente
ativa, aumentando a respiração e diminuindo a translocação de assimilados, com conseqüente
diminuição de biomassa, tanto na parte aérea como raízes (Presello e Morata, 1998, citados
por Costa 2001). Da mesma forma Dudienas et al., citados também por Costa (2001),
constataram devido à severidade de P. maydis, redução de 40 % de área foliar,
aproximadamente, em genótipos suscetíveis. Nessa mesma situação, genótipos considerados
tolerantes ainda apresentaram 20% de área foliar afetada. Fancelli (1988), citados por Costa
(2001), observaram que a destruição de 25 % da área foliar do milho próxima ao
florescimento foi responsável pela redução de 32 % no rendimento.
Em genótipos suscetíveis a mancha causada por P. maydis pode reduzir a produção de
grãos em cerca de 60% (Fernandes e Oliveira, 1997, citados por Costa, 2001).
Ziccoli et al. (1980), citados por Costa (2001), observaram que a doença mancha de
feosféria ocorre durante todo o período de cultivo do milho, mas sua severidade aumenta a
partir de semeaduras feitas de novembro em diante, como realizado neste experimento.
A redução da taxa fotossintética após o florescimento pode ser ocasionada por seca,
excesso de chuva, nebulosidade prolongada, relação desfavorável entre N e K, e
principalmente pela destruição da área foliar ocasionada por ataque de pragas e severidade de
doenças foliares (Fancelli, 1994 citado por Costa, 2001).
43
Tabela 1. Produtividade, incidência e severidade de ferrugem comum, mancha de cercospora e mancha de feosféria em híbridos de milho em Unaí-MG.
Ferrugem Cercospora Feosféria Ferrugem Cercospora Feosféria1 DKB 350 100 a 100 a 100 a 2b 1e 3c 1632 DKB 390 100 a 100 a 100 a 3a 2d 1e 1573 DKB 393 100 a 100 a 100 a 2b 1e 2d 1664 P 30K75 100 a 100 a 100 a 1c 1e 4b 1565 SOMMA 100 a 100 a 100 a 1c 3c 2d 1356 FORT 100 a 100 a 100 a 1c 4b 1e 1287 NB 7302 100 a 100 a 100 a 2b 3c 2d 1468 IMPACTO 100 a 100 a 100 a 2b 1e 1e 1689 AG 8060 100 a 100 a 100 a 2b 2d 3c 167
10 NB 7233 92.5 ab 100 a 100 a 1c 1e 2d 18311 NB 5304 91.5 b 100 a 100 a 1c 4b 3c 15212 D 27B10 90.5 b 100 a 100 a 1c 3c 3c 15413 CARGO 89.5 b 100 a 71.5 b 1c 2d 2d 15514 NB 7254 89.0 b 100 a 100 a 1c 2d 2d 17815 MAXIMUS 88.5b 100 a 100 a 1c 2d 3c 15516 NB 7414 88.5 b 100 a 100 a 1c 2d 2d 16017 NB 7354 87.5 b 100 a 100 a 1c 2d 2d 16918 NB 9274 87.0 bc 100 a 100 a 1c 5a 4b 13019 NB 8383 79.5 cd 100 a 100 a 1c 4b 1e 16520 GARRA 75.0 de 100 a 100 a 1c 3c 1e 14121 SPEED 67.5 ef 100 a 100 a 1c 4b 4b 15422 AG 9010 60.0 fg 100 a 100 a 1c 5a 5a 12223 NB 8304 56.5 g 100 a 100 a 1c 4b 3c 16424 TRAKTOR 48.0 h 100 a 100 a 1c 4b 2d 13025 NB 2203 46.5 h 100 a 100 a 1c 5a 5a 146
Ord Genótipos Incidência (%) Severidade (notas 1-5) Produtividade sc/ha
* Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si ao teste Tukey (P~0,05).
44
Tabela 2. Coeficiente de correlação de Pearson (r) entre a incidência e a severidade da ferrugem comum, mancha de cercospora e mancha de feosféria em Unaí-MG.
Variáveis Incidência Ferrugem
(%)
Incidência Cercospora
(%)
Incidência Feosfaeria
(%)
Severidade Ferrugem
(notas)
Severidade Cercospora
(notas)
Severidade Feosfaeria
(notas) Incidência Ferrugem
(%) 1 nd -0,0544 ns +0,4290** -0,6264** +0.4035**
Incidência Cercospora
(%) nd 1 nd nd nd nd
Incidência Feosfaeria
(%) -0,0544ns nd 1 +0,1055* *0,1206** 0.0888*
Severidade Ferrugem
(notas) +0,4290** nd +0,1055* 1 -0,4318** -0.2988**
Severidade Cercospora
(notas) -0,6264** nd +0,1206** -0,4318** 1 +0.4918**
Severidade Feosfaeria
(notas) -0,4035** nd +0,0888* -0,2988** +0.4019** 1
* significativo a P~0,05%, ** significativo a P~0,01%,ns não significativo, nd não determinado
45
Figura 2. Dendrograma de agrupamento dos híbridos de milho segundo variáveis epidemiológicas de incidência e severidade a mancha de cercospora, ferrugem comum e mancha de feosfaeria.
46
Tabela 3. Classificação dos híbridos em três níveis de resistência a ferrugem comum, mancha de feosfaeria e mancha de cercospora, utilizando análise multivariada com medida de similaridade UPGMA.
Ferrugem Cercospora Feosfaeria Ferrugem Cercospora Feosfaeria9274 87 100 100 1 5 4 2 Intermediário
Impacto 100 100 100 2 1 1 2 IntermediárioDKB 390 100 100 100 3 2 1 2 IntermediárioDKB 8060 100 100 100 2 2 3 2 Intermediário
2203 46,5 100 100 1 5 5 3 SuscetívelMaximus 88,5 100 100 1 2 3 2 Intermediário
Soma 100 100 100 1 3 2 2 IntermediárioDKB 393 100 100 100 2 1 2 2 IntermediárioTraktor 48 100 100 1 4 2 3 Suscetível
Fort 100 100 100 1 4 1 2 Intermediário8383 79,8 100 100 1 4 1 2 Intermediário7302 100 100 100 2 3 2 2 Intermediário
Speed 67,5 100 100 1 4 4 3 Suscetível7254 89 100 100 1 2 2 2 Intermediário
2B710 90,5 100 100 1 3 3 2 IntermediárioAG 9010 60 100 100 1 5 5 3 Suscetível30K75 100 100 100 1 1 4 2 Intermediário7233 92,5 100 100 1 1 2 2 Intermediário7443 89,5 100 7,15 1 2 2 1 Resistente
DKB 350 100 100 100 2 1 3 2 Intermediário5304 91,5 100 100 1 4 3 2 Intermediário7354 87,5 100 100 1 2 2 2 Intermediário
NB 7414 88,5 100 100 1 2 2 2 IntermediárioGarra 75 100 100 1 3 1 2 Intermediário8304 56,5 100 100 1 4 3 3 Suscetível
Grau de ResistênciaHíbridosIncidência (%) Severidade (Nota 1-5)
Classes
47
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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48
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SBML Systematic Botany of Mycological Laboratory. Disponível em:<http://nt.ars-grin.gov.>, acessado em junho de 2006.
49
ANEXOS Anexo 1. Estádios vegetativos e reprodutivos de uma planta de milho Estádios vegetativos Estádios reprodutivos VE – emergência R1 – florescimento V1 – primeira folha R2 – grão leitoso V2 – segunda folha R3 – grão pastoso V3 – terceira folha R4 – grão farináceo V6 – sexta folha R5 – grão farináceo duro V9 – nona folha R6 – maturidade fisiológica V12 – décima segunda folha V15 – décima quinta folha V18 – décima oitava folha VT – Pendoamento
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Anexo 2. Médias diárias de temperatura (Estação Metereológica Fazenda Decisão, Unaí-MG), no período de novembro de 2005 a maio de 2006.
Dia nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/061 19,8 20,1 21,3 22,4 22,4 20,92 21,9 22,1 20,4 21,7 21,9 20,43 22,8 21,5 20,5 22,4 21,8 20,54 22,1 20,8 20,0 20,5 23,0 22,6 19,45 19,3 20,6 21,1 20,5 20,2 21,5 20,06 22,6 21,4 19,1 20,5 22,1 21,8 19,87 23,8 20,4 20,6 22,2 22,6 21,7 20,48 24,9 21,0 21,6 22,7 20,6 21,1 20,89 25,3 20,5 19,3 22,2 21,1 19,9 19,910 20,9 20,5 20,3 23,7 21,3 20,1 19,611 20,0 20,3 20,1 20,6 21,8 20,4 19,912 19,2 19,6 20,5 22,0 20,2 22,8 18,713 19,6 18,6 19,2 21,2 21,0 22,3 17,814 20,5 19,2 20,5 22,9 20,7 21,3 19,215 20,3 20,1 21,2 22,8 20,5 22,8 19,916 21,7 19,8 20,4 22,5 20,8 22,2 18,717 20,9 19,9 20,8 20,8 21,4 22,2 18,118 22,2 18,5 21,5 21,4 19,9 20,2 16,719 20,0 21,4 21,7 23,6 20,4 19,4 14,820 20,3 21,1 22,3 21,8 19,8 19,3 15,621 24,2 22,4 21,4 23,1 20,6 18,5 18,222 21,1 22,4 20,7 21,0 21,9 19,7 18,923 20,7 22,5 21,5 21,5 22,4 20,1 19,024 20,7 21,5 22,4 21,1 21,8 20,5 19,425 20,3 21,8 23,7 21,4 22,6 20,1 18,226 21,1 22,9 23,9 21,9 23,1 19,927 20,1 21,2 23,0 22,7 20,6 20,728 20,9 20,5 23,0 21,9 22,4 21,829 19,7 20,2 22,5 20,6 21,530 19,1 19,2 21,5 22,2 21,031 19,0 20,2 21,4
Temperatura média durante a realização do experimento
51
Anexo 3. Umidade relativa do ar (Estação Metereológica Fazenda Decisão, Unaí-MG), no período de novembro de 2005 a maio de 2006.
Dia nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/061 94,6 86,5 89,9 85,8 83,6 75,72 86,8 80,4 89,5 88,8 88,0 76,43 84,3 87,0 88,8 86,8 82,8 75,74 77,4 91,3 91,0 88,8 85,3 81,1 74,85 87,4 92,5 89,0 88,8 95,7 84,8 72,06 73,4 89,1 93,7 88,8 87,0 82,0 72,47 67,4 91,0 89,3 85,0 84,2 83,3 73,68 59,4 90,3 85,9 83,4 89,8 85,0 79,79 60,6 92,8 92,6 84,7 86,6 92,7 81,810 84,6 93,9 88,6 82,5 88,0 92,6 78,011 90,1 92,2 87,8 89,4 87,3 90,9 81,612 91,9 90,8 86,9 87,0 94,3 80,0 74,813 92,6 95,7 87,7 86,4 91,1 82,9 74,014 88,4 94,8 85,8 83,0 93,5 83,6 75,815 84,8 91,7 78,3 83,6 93,4 79,3 80,416 80,6 89,0 75,4 85,5 90,6 77,5 82,917 87,5 84,8 73,1 90,2 89,5 78,7 73,718 80,0 93,3 76,1 79,5 92,8 91,0 72,919 92,2 85,6 73,2 77,5 90,9 89,0 71,820 89,8 81,8 75,3 86,7 89,7 87,3 69,221 75,8 75,8 76,6 82,8 89,2 84,5 71,822 87,8 72,7 79,0 86,5 81,5 75,3 74,023 88,1 75,2 76,2 82,9 79,7 68,0 77,124 93,1 70,0 72,3 88,5 79,3 72,1 75,025 91,6 69,1 68,0 90,6 79,2 73,8 82,326 89,5 73,9 65,9 88,9 79,7 77,7 83,827 95,2 84,9 74,8 85,7 89,6 77,228 89,4 86,8 76,2 89,8 85,7 71,529 93,8 86,6 82,4 90,5 72,030 93,8 90,1 87,3 85,1 73,531 91,2 91,3 89,4
Umidade Relativa do ar - Média em % durante a realização do experimento
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Anexo 4. Regime pluviométrico de chuvas (Estação Metereológica Fazenda Decisão, Unaí-MG), no período de novembro de 2005 a maio de 2006.
Dia nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/061 16,0 3,6 7,6 0,2 1,4 0,02 1,0 0,0 27,8 21,0 3,2 0,03 8,4 7,2 0,0 1,0 0,0 0,04 25,2 19,8 6,2 0,0 22,0 0,2 0,05 13,0 8,6 1,6 0,0 8,2 0,0 0,06 9,4 21,0 18,2 0,0 3,2 0,6 0,07 0,0 3,8 12,4 0,0 6,0 1,4 0,08 0,0 14,4 0,2 15,6 4,8 16,2 0,09 0,0 87,2 73,6 2,8 0,0 6,4 0,010 33,0 1,8 0,0 0,0 19,0 19,6 0,011 2,3 16,2 15,2 24,4 0,2 6,2 12,812 31,8 62,0 0,0 0,2 61,6 0,0 0,013 4,6 9,2 0,2 0,2 35,4 0,0 0,014 0,0 10,6 0,0 0,2 8,0 13,0 0,015 0,0 19,0 0,0 0,0 21,4 0,0 0,016 0,0 9,0 0,0 0,0 4,6 0,0 1,017 2,0 5,0 0,0 2,2 15,8 0,0 0,018 33,2 21,4 0,0 0 11,6 2,4 0,019 8,0 2,2 0,0 0 0,0 15,4 0,020 1,2 10,8 0,0 11,6 14,6 0,0 0,021 0,0 0,0 0,0 0,2 17,8 0,0 0,022 1,6 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0,023 28,2 0,0 0,0 0 0,2 0,0 0,024 5,4 0,0 0,0 59,4 0,0 0,025 21,4 0,0 0,0 7,2 0,0 0,026 43,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,027 8,8 3,4 5,0 0,4 75,2 0,028 6,6 0,0 0,0 26,4 2,0 0,029 5,6 0,0 0,0 12,2 0,030 33,0 3,6 34,4 1,2 0,031 2,4 1,0 5,0
Precipitação de chuvas durante a realização do experimento
53
Anexo 5. Valores referentes análise química de solos da área utilizada.
MO P K S Ca Mg Al H+Al CtCt V m pH dag/kg mg/dm3 mg/dm3 mg/dm3 cmoc/dam3 cmoc/dam3 cmoc/dam3 cmoc/dam3 cmoc/dam3 % %
6 3,7 6,9 171 3,3 2,9 1,2 0 4,1 8,6 52 0
54