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VIII. SISTEMA DIGESTÓRIO
O aparelho digestivo destina-se ao aproveitamento pelo organismo de substância estranhas, ditas alimentares, que asseguram a manutenção de seus processo vitais.
Consiste de um longo tubo de pouco mais de 10 metros, muito irregular, apresentando porções mais dilatadas e outras estreitadas e aberto nas duas extremidades.
Nesse tubo vêm se abrir os ductos de glândulas que nele despejam seus produtos de elaboração, as quais recebem o nome conjunto de órgãos anexos ao tubo digestivo. Esses órgãos anexos compreendem as glândulas salivares maiores (parótida, submandibular e sublingual) e menores (labiais, palatinas, linguais e molares), fígado e pâncreas.
O tubo digestivo apresenta diversos segmentos que sucessivamente são designados por boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso.
BOCA
A boca é uma cavidade composta por 6 paredes. O interior dessa cavidade é subdividido em dois compartimentos, que são o vestíbulo e a cavidade bucal.
A delimitação desses compartimentos é estabelecida pelos dentes, que se dispõem formando arcos elípticos (superior e inferior).
O vestíbulo é o compartimento periférico, em forma de meia lua, de concavidade posterior, enquanto a cavidade bucal é o espaço onde se situa a língua.
Considerando as seis paredes que compõem a boca teríamos uma anterior (lábios), duas laterais (bochechas), uma superior (palato duro ou abóbada palatina), uma posterior(palato mole ou véu do paladar) e uma inferior (língua e região sublingual).
1. Lábios (parede anterior)2. Bochechas (paredes laterais)3. Palato duro ou abóbada palatina (parede superior) 4. Palato Mole ou véu palatino (parede posterior) 5. Soalho da boca (parede inferior): é subdividida em língua e região
sublingual. A língua pode ser dividida em corpo e raiz. A raiz constitui um bloco
muscular posteriormente e o corpo é a expansão que se aloja na cavidade bucal.
FARINGEJá foi discutida anteriormente
ESÔFAGOÉ um longo tubo fibro-músculo-mucoso que se estende entre a faringe e o
estômago. Sua cavidade (em repouso) é de aproximadamente o dedo polegar, só se distendendo com a passagem dos alimentos.
Com aproximadamente 25cm, inicia na borda inferior da cartilagem cricóide da laringe, desce verticalmente, possuindo três porções
- PARTE CERVICAL: quando atravessa a região inferior do pescoço- PARTE TORÁCICA: quando atravessa todo o tórax- PARTE ABDOMINAL: após passar pelo diafragma e desembocar no
estômago
Passa pelo diafragma através do HIATO ESOFÁGICO.
Apresenta 4 principais estreitamentos:- CRICOÍDEO: pelas fibras do músculo constritor inferior da faringe
que vão à cartilagem cricóide;- AÓRTICO: por compressão do arco da aorta;- BRÔNQUICO: pela impressão do brônquio principal esquerdo;- DIAFRAGMÁTICO: ao atravessar o hiato esofágico do diafragma.
ESTÔMAGO
É a maior expansão que ocorre no tubo digestivo.Em virtude dos alimentos permanecerem nele por algum tempo,
necessita ser mais amplo, com capacidade de aproximadamente 1,5 litros.Situa-se entre o esôfago e o intestino delgado. Geralmente tem a forma
de um J.
Função: misturar e armazenar os alimentos, onde os sucos gástricos o digerem.
É um órgão muito distensível, podendo armazenar de 2 a 3 litros de alimento.
Apresenta as seguintes porções:Dois orifícios:- CÁRDIA: na parte superior da curvatura menor, deixa livre a base do
estômago. É o orifício de entrada (boca do estômago).- PILORO: constitui um verdadeiro esfíncter para a saída de
substâncias alimentares.Duas paredes:- ANTERIOR: se relaciona com a parede anterior do abdome.- POSTERIOR: se relaciona com o pâncreas.
As paredes são paralelas e têm o mesmo formato, sendo sua região central o CORPO DO ESTÔMAGO.
A cúpula superior é o FUNDO DO ESTÔMAGO, e a região distal do estômago, que se afunila é a PARTE PILÓRICA.
Duas bordas:- CURVATURA MENOR: à direita, côncava.- CURVATURA MAIOR: à esquerda, convexa.
Ambas são bastante irregulares, em função dos movimentos peristálticos.
Duas tuberosidades:- SUPERIOR: maior, constitui o fundo do estômago.- INFERIOR: menor, representada pelo segmento terminal do
estômago, com a forma de funil, PARTE PILÓRICA, onde a porção mais dilatada é o ANTRO PILÓRICO e a mais estreita o CANAL PILÓRICO.
INTESTINO DELGADO
Constitui um longo tubo, de aproximadamente 7 metros, que liga ao estômago ao intestino grosso.
É onde ocorre a principal parte da digestão e absorção das partículas.Consiste do duodeno, jejuno e o íleo, presos à parede abdominal
posterior através do mesentério (lâmina serosa).
DUODENO
É a primeira porção do intestino delgado. O pâncreas é sua relação mais próxima. Tem a forma de um C, com a convexidade para direita. Em sua concavidade aloja-se a cabeça do pâncreas.
O duodeno é a parte mais curta, mais larga e mais fina do intestino delgado. Recebe as aberturas dos ductos biliares e pancreático.
É dividido em 4 porções:- Porção superior: forma um ângulo reto com o piloro. Após o óstio
pilórico há uma dilatação, o bulbo duodenal. Ao se aproximar do rim direito apresenta a flexura superior.
- Porção descendente: é a parte mais importante. Não possui mesentério. O ducto colédoco e o pancreático entram na parede póstero-medial desta porção. Esses ductos penetram obliquamente na parede, onde se unem para formar um ducto dilatado, a ampola hematopancreática, que abre-se no ápice da papila maior do duodeno. Na papila menor desemboca o ducto pancreático acessório. Inferiormente forma-se a flexura inferior.
- Porção horizontal: dirige-se horizontalmente para esquerda e depois torna-se ligeiramente oblíqua para cima, originando a 4ª
porção. - Porção ascendente: encontra o corpo do pâncreas e une-se ao
jejuno na flexura duodenojejunal.
Jejuno e Íleo
Normalmente o jejuno está vazio, enquanto o íleo, geralmente, contém substâncias alimentares sob a forma semilíquida.
As alças que o jejunoíleo executa para poder ser contido no seu espaço recebe o nome de alças intestinais, presas pelo mesentério.
O jejuno surge abruptamente ao nível da flexura duodenojejunal. Para diferenciar onde ele termina e onde começa o íleo é pela característica da alça: o jejuno é mais calibroso, mas dilatado e a parede mais espessa e o meso que a prende apresenta mais tecido adiposo; quando a parede começa a afinar e o meso apresentar-se com menos gordura e mais vascularização inicia o íleo.
Desemboca no intestino grosso através do orifício íleocecal.
INTESTINO GROSSO
Contorna o intestino delgado.É composto pelo cécum, cólons (ascendente, transverso,
descendente e sigmóide), reto e canal anal.É mais calibroso que o intestino delgado. Todo o intestino grosso é
envolto pelo peritônio.
Há detalhes no intestino grosso:
Tênias do cólon (fitas longitudinais): faixas que percorrem o intestino, longitudinalmente em toda sua extensão. Iniciam na parte inferior do cécum, onde se implanta o apêndice vermiforme. São mais evidentes no cécum e cólon ascendente.
- Tênia mesocólica: serve de inserção para uma lâmina do peritônio- Tênia omental: serve para inserção de uma lâmina peritoneal que
forma um avental, o omento maior.- Tênia livre: não serve de inserção
Haustros: são abaulamentos ampulares (dilatações) separados por sulcos transversos.
Apêndices epiplóicos: pequenos pingentes amarelados de tecido conjuntivo rico em gordura e envoltos pelo peritônio, de forma irregular, principalmente no cólon sigmóide.
CécumÉ a primeira porção e forma um fundo de saco que ocupa, normalmente,
a fossa ilíaca direita.Na parte inferior está o apêndice vermiforme, sede de processos
inflamatórios (apendicite), de natureza predominantemente linfóide.Medialmente entre o cécum e o cólon ascendente desemboca o jejunoíleo
no óstio ileocecal, controlado pela válvula ileocecal.
Cólon
Sua função é absorção, armazenamento e transporte do conteúdo fecal.
O cólon ascendente sobe até a face anterior do rim direito e forma ângulo reto flexura direita do cólon (ou flexura hepática por se relacionar com o fígado).
O cólon transverso dirige-se para a face anterior do rim esquerdo formando a flexura esquerda do cólon (ou flexura esplênica por se relacionar com o baço).
O cólon descendente se estende para baixo até as proximidades da crista ilíaca esquerda, quando se prolonga por segmento móvel, formando alças, o cólon sigmóide.
O cólon sigmóide na cavidade pélvica se prolonga fazendo continuação com um segmento fixo e mediano, o reto.
O reto apresenta inferiormente, uma porção dilatada, a ampola do reto. Este segmento termina perfurando o diafragma da pelve, passando ao canal anal.
O canal anal apresenta os esfíncteres anais (um interno e outro externo).
O esfíncter anal interno é mais profundo, sendo composto por fibras lisas circulares, sendo involuntário.
O esfíncter anal externo é constituído por fibras musculares estriadas, que se dispõem em torno do interno. É voluntário.
Inferiormente ao canal anal abre-se o ânus, orifício forrado por cútis e rico em pêlos.
ANEXOS DO APARELHO DIGESTIVO
GLÂNDULAS SALIVARES
o GLÂNDULA PARÓTIDA: É a mais volumosa das glândulas salivares maiores.
o GLÂNDULA SUBMANDIBULARo GLÂNDULA SUBLINGUAL
FÍGADO
É a maior glândula do organismo e também a maior víscera abdominal. Em média pesa 1,5 kg.
O fígado apresenta o importante papel de armazenador da glicose e, em menor escala, de ferro, cobre e vitaminas, além da bile que é imprescindível para a digestão de gorduras. É preponderante sua participação na função antitóxica, assim como no processo da coagulação sangüínea.
Apresenta duas faces: Diafragmática: convexa e lisa, relaciona-se com a cúpula do diafragma. Visceral: irregularmente côncava, pela presença de impressões viscerais.
O fígado é dividido em lobos: a face diafragmática apresenta dois lobos (direito e esquerdo) e a visceral 4 lobos (direito, esquerdo, quadrado e caudado).
A divisão é estabelecida por uma prega serosa peritoneal – ligamento falciforme, sendo que a borda livre do ligamento falciforme é ocupada por um cordão fibroso – ligamento redondo do fígado.
Na face visceral encontramos uma fenda correspondente a porta hepática, que contém a veia porta, a artéria hepática própria, o plexo nervoso hepático, os ductos hepáticos e vasos linfáticos. A porta do fígado constitui o seu hilo, e o pedículo é formado pelas estruturas:
- Artéria hepática própria- Veia porta- Ducto hepático comum- Nervos do sistema nervoso autônomo- Linfáticos: drenam a linfa do fígado
VIAS BILÍFERAS
A bile é elaborada pelas células hepáticas, sendo elevada a porção descendente do duodeno e percorrendo vários ductos.
Após atravessar o fígado pelas vias bilíferas intra-hepáticas, atinge os ductos hepáticos direito e esquerdo, que emergem na porta hepática, daí em diante as vias são extra-hepáticas.
Os dois ductos hepáticos formam o ducto hepático comum, que deriva-se um ramo mais fino dirigido para direita, o ducto cístico, o qual vai Ter um reservatório temporário, a vesícula biliar.
A junção entre os ductos cístico e o hepático comum para baixo passa a se chamar ducto colédoco, que desemboca no duodeno, juntamente com o ducto pancreático.
VESÍCULA BILIAR
Se divide em fundo, corpo e colo.A bile é armazenada na vesícula biliar até que haja uma solicitação
digestiva, principalmente de gorduras.
No corpo, a túnica mucosa forma as pregas da túnica mucosa. No colo e ducto cístico apresenta a forma espiral – prega espiral. A ampola hepatopancreática é a pequena dilatação onde desembocam os ductos pancreático e colédoco. Esta é localizada na papila maior do duodeno.
PÂNCREAS
É uma glândula de secreção mista, responsável pela secreção do suco pancreático (despejado na porção descendente do duodeno) e dos hormônios insulina e glucagon (que vão à circulação sangüínea).
O sistema secretor exócrino é constituído por células que constituem os ácinos, que secreta o suco pancreático.
A parte endócrina (sem ductos) é representada pelas ilhotas de Langerhans (pancreáticas), que secretam os hormônios insulina e glucagon.
Divide-se em cabeça, colo, corpo e cauda.
O suco pancreático é levado ao duodeno pelos ductos: ducto pancreático principal e ducto pancreático acessório.
O ducto pancreático principal percorre o pâncreas longitudinalmente da cabeça à cauda e se abre na ampola hepatopancreática.
O ducto pancreático acessório percorre o interior da cabeça e dirige-se obliquamente para cima e para direita abrindo-se na papila duodenal menor.
BAÇO
É um órgão relacionado com a circulação sangüínea. Tem por função servir como reservatório de células sangüíneas e desempenha papel desintegrador de hemácias.
É um órgão com duas faces (diafragmática e visceral), duas extremidades (anterior e posterior).
A face diafragmática é lateral, lisa e convexa, relaciona-se com o diafragma.
A face visceral apresenta o hilo do baço, no centro de sua face, onde transitam os elementos do pedículo esplênico (artéria esplênica e veia esplênica).