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UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL ATENDIMENTO A EMERGENCIAS AMBIENTAIS TÉCNICAS E PLANOS DE REAÇÕES ALEX RICARDO DIAS OLIVEIRA LIMA RA: 2166071 CLAYSON DA SILVA FRANCA RA 2177030 JOSÉ MARIA DE CARVALHO JÚNIOR RA: 1591711 NELSON ALVES PEREIRA - RA: 2253143 WASHINGTON WILSON DA CUNHA PINHEIRO - RA: 2322625 Professor Orientador: Marcos Henrique de Araújo Diadema Novembro de 2014

Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

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Page 1: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

ATENDIMENTO A EMERGENCIAS AMBIENTAIS

TÉCNICAS E PLANOS DE REAÇÕES

ALEX RICARDO DIAS OLIVEIRA LIMA – RA: 2166071

CLAYSON DA SILVA FRANCA – RA 2177030

JOSÉ MARIA DE CARVALHO JÚNIOR – RA: 1591711

NELSON ALVES PEREIRA - RA: 2253143

WASHINGTON WILSON DA CUNHA PINHEIRO - RA: 2322625

Professor Orientador:

Marcos Henrique de Araújo

Diadema

Novembro de 2014

Page 2: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

ATENDIMENTO A EMERGENCIAS AMBIENTAIS

TÉCNICAS E PLANOS DE REAÇÕES

ALEX RICARDO DIAS OLIVEIRA LIMA – RA: 2166071

CLAYSON DA SILVA FRANCA – RA 2177030

JOSÉ MARIA DE CARVALHO JÚNIOR – RA: 1591711

NELSON ALVES PEREIRA - RA: 2253143

WASHINGTON WILSON DA CUNHA PINHEIRO - RA: 2322625

Professor Orientador

Marcos Henrique de Araújo

Diadema

Novembro de 2014

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

Curso de Engenharia Ambiental da Universidade

de Santo Amaro – UNISA, como requisito parcial

para obtenção do título de Bacharel em

Engenharia Ambiental.

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DEDICATÓRIA

Tenho que honrar muitas pessoas neste trabalho de

conclusão de curso. Aos meus colegas de sala pela

união e companheirismo entre a turma. Aos tutores e

professores que estiveram nessa trajetória

transmitindo todo o conhecimento necessário para

que pudéssemos chegar a este momento tão

importante em nossas vidas.

A minha família pela paciência e compreensão pela

minha falta.

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RESUMO

ATENDIMENTO A EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS E TÉCNICAS E PLANOS DE

REAÇÕES é um trabalho que visa apresentar os riscos dos produtos perigosos e suas

consequências para os seres humanos, animais e meio ambiente como um todo. Estes riscos

estão cada vez mais presentes nos acidentes ambientais, onde as empresas devem ter planos e

realizar o atendimento. Durante o transcorrer deste trabalho de conclusão de curso

apresentando os riscos ao meio ambiente e aos trabalhadores que estarão envolvidos no

atendimento da emergência que devem prever o pior. Será apresentado diretrizes para

elaboração dos PEI (Plano de Emergência Individual), EPI (Equipamento de Proteção

Individual) é fundamental para conter um acidente ambiental que são diferente por

características de produto e regiões do país. Assim a equipe de atendimento terá que

apresentar uma avaliação de risco para não incorrer erros, desejando fazer o melhor, mas

podendo ter grandes perdas ao meio ambiente.

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ABSTRACT

EMERGENCY SERVICE ENVIRONMENTAL TECHNICAL AND PLANS OF

REACTION is works that show the risks present of the dangerous products and your

consequences for humans, animals and to the environment in generally. These risks are each

time more present in environment accidents, where the companies must get plans to

accomplish the emergency services. During the course of this working of conclusion where

are showed the risks to the environment and the workers which will be involved in the

emergency called where should be expect the worst. Guideline for development of IEP

(Individual Emergency Plan), PPE (Personal Protective Equipment) and tooling are shown to

contain environment accidents which are different by characters of the products and region of

the country. So the service team will have that to make a survey of risk to avoid wrongs,

wishing to do the best always but knowing of the risks existents of loses to the environment.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 08

2 EMERGÊNCIA AMBIENTAL E ACIDENTES AMBIENTAIS ................................... 10

2.1 Emergência Ambientais .................................................................................................. 13

2.1.1 Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências

Ambientais com Produtos Químicos Perigosos ................................................................... 14

2.1.2 O Plano P2R2, a Política Nacional de Meio Ambiente e Instrumentos Aplicados . 24

2.2 Acidentes Ambientais Tecnológicos ............................................................................... 36

2.2.1 Acidentes Internacionais .............................................................................................. 39

2.2.2 Acidentes no Brasil ....................................................................................................... 48

2.2.3 Locais de Risco .............................................................................................................. 51

2.2.4 Modais de Transporte .................................................................................................. 52

2.2.5 Pontos de Distribuição .................................................................................................. 54

2.2.6 Legislação Internacional .............................................................................................. 56

2.2.7 Estatísticas ...................................................................................................................... 57

3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL .......................................................................................... 63

3.1 Planos de Atendimento a Emergências Ambientais ...................................................... 92

3.1.2 Plano de Ação de Emergência - PAE ........................................................................... 92

3.1.3 Plano de Emergência Individual - PEI ........................................................................ 94

4 CENTRO DE DEFESA AMBIENTAL ........................................................................... 95

5 NOÇÕES TOXILÓGICA .................................................................................................. 97

6 IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTOS DE RISCO ......................................................... 107

7 ISOLAMENTO INICIAL ................................................................................................ 113

8 PROTEÇÃO QUÍMICA .................................................................................................. 116

9 EQUIPAMENTOS DE COMBATE A POLUIÇÃO ..................................................... 123

10 MÉTODOS FÍSICOS E QUÍMICOS DE CONTENÇÃO DE PRODUTOS ............ 127

11 SISTEMA DE COMOMANDO DE INCIDENTES E GERENCIAMENTO .......... 134

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12 MATRIZ DE REGISTRO .............................................................................................. 148

13 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 149

14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 153

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1 INTRODUÇÃO

A literatura consagrou que os acidentes com poder de impactar o meio ambiente são

classificados como naturais (tornados, terremotos e deslizamentos de encostas), tecnológicos

(incêndios, explosões e vazamentos de produtos perigosos) e atos de terrorismo ou

vandalismos. (FREITAS e SOUZA, 2002).

O aumento da demanda por novos produtos industrializados, a natureza competitiva

do setor industrial, o rápido avanço tecnológico resultou num aumento expressivo das

dimensões das plantas industriais, da complexidade dos processos produtivos e do volume de

produtos perigosos armazenados e transportados, em todo mundo. A indústria brasileira tem

papel de destaque no desenvolvimento das diversas atividades econômicas do País,

participando ativamente de quase todas as cadeias e complexos industriais.

Em decorrência de políticas e programas de desenvolvimento econômico adotado pelo

Brasil, nas últimas décadas, as empresa se multiplicaram com isto foi criado algumas

diretrizes para minimizar os efeitos em um acidente ambiental. Os acidentes ambientais em

geral, apresentam maior risco, dependendo das propriedades da substância envolvida e do tipo

do acidente, da presença de áreas densamente povoadas no entorno, de passageiros na via e

meios de fuga os quais podem resultar em consequências muito severas.

A disseminação de informações para o atendimento seguro destes acidentes maximiza

as chances de uma qualidade de vida humana e minimiza o impacto ambiental. A metodologia

empregada baseia-se em pesquisas bibliográficas, sites da Internet, questionário, entrevistas e

visitas com a finalidade de constatar a situação atual do atendimento a emergência ambiental.

Este trabalho foi estruturado em dezesseis partes. A primeira parte comenta sobre

acidentes ambientais e o histórico do atendimento as emergências ambientais. A segunda

apresenta Legislação atual para o atendente inicial a emergências ambientais. O terceiro

capítulo explica Plano de Emergência Individual. O quarto noções de toxicologia para o

atendente inicial a emergências ambientais. O quinto descreve as formas de identificação de

produtos perigosos segundo a Organização das Nações Unidas. A sexta parte aborda o

momento do trabalho sinaliza as formas de isolamento, zoneamento e divisão territorial do

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cenário emergencial e o modo seguro de adotar distâncias das fontes poluidoras ou

contaminantes. A sétima parte aborda o monitoramento ambiental em recursos disponíveis

para as equipes. O oitavo apresenta as formas de avaliação dos riscos dinâmicos e estáticos

dos produtos envolvidos no acidente em razão de suas características físico químicas

ambientais. O nono discorre sobre a segurança em cena para a proteção da equipe no

atendimento. O décimo capítulo apresenta os principais equipamento para proteção do

integrante da equipe. A décima primeira apresenta os equipamentos de controle a poluição. O

décimo segundo apresentara os centros de defesa ambiental. O décimo terceiro capítulo

apresenta o métodos físicos e químicos de contenção de produtos. O décimo quarto relata o

sistema de comando de incidentes e gerenciamento. O décimo quinto cita as ações de

recuperação do local contaminado. O décimo sexto comenta sobre a comunicação de acidente.

As considerações finais estão apresentadas em forma de recomendações.

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2 EMERGÊNCIA AMBIENTAL E ACIDENTES AMBIENTAIS.

Atualmente, o ser humano dispõe de muitas informações sobre o meio em que vive em

consequência das descobertas tecnológicas e científicas. A produção industrial, por exemplo,

desempenha papel fundamental nesse processo. O considerável aumento da expectativa de

vida e o salto na qualidade dos recursos materiais nas últimas décadas.

Porém, se muitas substâncias são inofensivas ao ser humano e ao meio ambiente, outras são

extremamente agressivas e impactantes.

E com isto veio os acidentes de grandes proporções que geram grande consequência

aos seres humano, animais e ao meio ambiente.

Com as enumeras ocorrências foi surgindo algumas definições:

Emergência Ambiental:

É uma ameaça súbita ao bem estar do meio ambiente ou à saúde pública devido à

liberação de alguma substância nociva ou perigosa ou, ainda, devido a um desastre natural.

Acidente Ambiental:

É um acontecimento inesperado e indesejado que pode causar, direta ou indiretamente,

danos ao meio ambiente e à saúde. Esses acontecimentos perturbam o equilíbrio da natureza

e, normalmente, estão associados também a prejuízos econômicos.

Os acidentes podem ser causados pela própria natureza, como é o caso dos vulcões,

raios, ciclones, etc. Porém, na maioria das vezes, são causados pelo próprio homem. São os

acidentes “tecnológicos”.

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As ocorrências:

Há uma série de acidentes que podem gerar danos ambientais, alguns deles são:

Derramamento ou vazamento de produtos nocivos;

Incêndios;

Explosões;

Descarrilamentos;

Colisões etc.

Figura 1 - Naufrágio de barcaça com derramamento de óleo em Santa Catarina.

Fonte: Germano Martins. Analista Ambiental do Escritório Regional do IBAMA em

Joinville.

A gravidade do acidente para o meio ambiente é determinada por uma série de fatores:

VULNERABILIDADE e SENSIBILIDADE do local da ocorrência;

Características do PRODUTO;

QUANTIDADES envolvidas;

Características CLIMÁTICAS no momento da ocorrência;

EFICIÊNCIA e rapidez do combate.

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Figura 2 - Mata ciliar devastada em função de rompimento de barragem em Rondônia.

Fonte: César Luiz Guimarães. Analista Ambiental da Superintendência do IBAMA em

Rondônia.

Entre as várias consequências de um acidente ou emergência ambiental podemos citar:

Poluição do ar;

Contaminação do solo e dos recursos hídricos;

Danos à fauna e flora;

Destruição de ecossistemas;

Danos à saúde humana;

Prejuízos econômicos etc.

Figura 3 - Cidade de Mirai/MG afetada por rompimento de barragem que continha

rejeitos de mineração.

Fonte: Aurélio Augusto S. Filho. Analista Amb. do Esc.Regional do IBAMA em Juiz

de Fora/MG

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2.1 Emergências Ambientais

O Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências

Ambientais com Produtos Químicos Perigosos (P2R2) foi criado pelo Decreto do Presidente

da República nº 5.098 de 2004 com o objetivo de prevenir a ocorrência de acidentes com

produtos químicos perigosos e aprimorar o sistema de preparação e resposta a emergências

químicas no País.

Para atingir a meta, o Ministério do Meio Ambiente promove a articulação e a

integração dos vários níveis do governo, do setor privado, das representações da sociedade

civil e das demais partes interessadas na proteção da saúde humana e qualidade ambiental.

O plano focaliza-se na:

Prevenção:

- Por meio da implantação de sistemas, programas, ações e iniciativas que visam a inibir

ou desmotivar práticas que levem a ocorrência de acidentes envolvendo produtos químicos

perigosos.

Correção:

- Por meio da implementação dos sistemas, ações e procedimentos que visam responder

de forma rápida e eficaz às ocorrências de acidentes, assim como preparar; capacitar recursos

humanos disponíveis nas esferas federais, estaduais e municipais.

Estratégias:

O P2R2 opera de forma descentralizada e cooperativa entre as três esferas de Governo

e, de acordo com a Política Nacional do Meio Ambiente – Lei 6.938 de 31/08/1981,

direciona esforços para as seguintes diretrizes, entre outras:

- Criação e operacionalidade de uma estrutura organizacional adequada;

- Integração dos órgãos e instituições públicas no âmbito municipal, estadual e federal,

para o atendimento de situações emergenciais, estabelecendo seus respectivos níveis de

competência;

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- Disponibilização de informações entre profissionais que trabalham nos segmentos

públicos, responsáveis pelo controle e atendimento a emergências, setores privados de

produção, armazenamento, transporte e manipulação de produtos químicos perigosos;

- Otimização de recursos humanos, financeiros e treinamento contínuo dos profissionais

e equipes engajados ao plano, no sentido de ampliar a capacidade de resposta.

2.1.2 PLANO NACIONAL DE PREVENÇÃO, PREPARAÇÃO E

RESPOSTA RÁPIDA A EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS COM

PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS – P2R2

Dados a respeito da indústria química brasileira apontam que em 2002 foram

importados 17,1 milhões de toneladas de produtos químicos perigosos e exportadas 5,7

milhões de toneladas. Em 2000, o setor químico representou 2,9% do PIB nacional, ocupando

a 9ª posição no mercado mundial, alcançando um aumento de produção de 40% em relação a

1990. Estes dados fornecem uma ideia a respeito do aumento de importância do setor e o

volume de produtos químicos perigosos que circulam no País, sem contar os resíduos gerados

a partir da sua produção e utilização por outros setores industriais ou na própria indústria

química, alcançando a indústria química ao posto de maior geradora de resíduos perigosos.

Além do risco crescente à integridade o meio ambiente, representado pelo aumento da

produção, manipulação e circulação de produtos químicos perigosos, o processo de expansão

humana contribui para ampliar a possibilidade de exposição da população humana, agravando

as consequências decorrentes de um acidente. Paralelamente, a falta de preparo dos diferentes

agentes envolvidos, direta ou indiretamente, com as emergências ambientais provocadas por

esses produtos, potencializa o risco representado pelo ciclo de vida destas substâncias.

Assim, torna-se imprescindível implementar, ao âmbito do Sistema Nacional do Meio

Ambiente – SISNAMA, uma política eficaz, de abrangência nacional, voltada à prevenção, ao

controle e à resposta rápida a situações emergenciais envolvendo produtos químicos

perigosos. Neste sentido, o Ministério do Meio Ambiente – MMA vem buscando trabalhar de

forma integrada e articulada em prol das melhores soluções para prevenir a ocorrência de

acidentes e emergências ambientais com produtos químicos perigosos, bem como para o

pronto atendimento e essas situações uma vez que ocorram.

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O Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta a Acidentes Ambientais com

Produtos Perigosos (P2R2) vem ao encontro da preocupação crescente relacionada aos riscos

potenciais desses contaminantes para a saúde humana e o meio ambiente. A filosofia

norteadora do Plano alinha-se com a necessidade de estabelecimento de um esforço integrado

entre vários níveis de governo, o setor privado, representações da sociedade civil e demais

partes interessadas em busca de um modele de desenvolvimento que tenha na sustentabilidade

das atividades humanas o seu foco principal.

No âmbito governamental, o compartilhamento horizontal e vertical das

responsabilidades proporcionará um tratamento mais eficaz das questões inerentes a acidentes

ambientais com produtos químicos perigosos. Dessa forma, o P2R2 é direcionado para o

aperfeiçoamento do processo de prevenção, preparação e resposta rápida a emergências

ambientais com produtos perigosos no País, nos três níveis de governo, visando resultados

efetivos na melhoria da qualidade ambiental e, consequentemente, uma maior qualidade de

vida para a população brasileira.

Os setores produtivos e de serviços ligados à produção, manipulação, comercialização,

armazenamento, transporte, uso, manuseio e destino final de substâncias perigosas terão no

Plano um marco referencial para a viabilização de ações comprometidas com a proteção de

saúde humana e a qualidade ambiental.

A adoção de planos preventivos e de ações de combate aos episódios com produtos

perigosos, investe-se de importância cada vez maior. Atingir um desempenho gerencial

eficiente no controle ou na redução desses riscos requer o compromisso público com políticas,

metas e programas de abordagem sistemática, a fim de obter a melhoria contínua na

prevenção e combate a esses eventos.

Assim, o P2R2 surgiu a partir da demanda constatada, no que se refere a deficiência na

estrutura de atendimento ás emergências, notadamente evidenciada por ocasião do acidente

ocorrido em 29 de março de 2003, no município de Cataguazes – MG, envolvendo o

rompimento de um barragem de resíduos contendo sustâncias químicas perigosas que atingiu

o Rio Pomba e Paraíba do Sul. Este acidente causou uma contaminação que deixou várias

cidades sem aceso à água para o atendimento de condições básicas da população.

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Em face desse acontecimento e do histórico de ocorrência de eventos emergenciais,

verificou-se a existência de um planejamento nacional de caráter preventivo e de ação em

caso de acidentes envolvendo produtos químicos perigosos. Assim, o Ministério do Meio

Ambiente iniciou o processo de formulação do Plano P2R2 tendo como premissa a parceria

dos governos estaduais e como subsídio um processo de consulta que culminou com a

assinatura, em 20 de agosto de 2003, da Declaração de Compromisso firmada entre o

Ministério do Meio Ambiente, as Secretarias de Meio Ambiente dos Estados e do Distrito

Federal e a Associação Nacional de Municípios para o Meio Ambiente – ANAMMA,

objetivando elaborar e implementar o Plano Nacional de Prevenções, Preparação e Resposta

Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Perigosos – P2R2.

Em 2 de outubro de 2003 a Ministra de Estado do Meio Ambiente, Senhora Marina

Silva, instituiu quatro Grupos de Trabalho (GT) por meio da Portaria nº393 com a finalidade

de serem formuladas propostas para o desenvolvimento do referido Plano.

No sentido de promover a necessária integração Inter setorial e transversalidade, no

âmbito do governo federal, participaram como membros desses Gts, além de

representantes do governo federal, técnicos das instituições estaduais de meio

ambiente e representantes ANAMMA. Os objetivos dos GTs instituídos foram:

- GT Mapeamento de Áreas de Risco – elaborar proposta técnica para a identificação,

caracterização e mapeamento de áreas/atividades que efetiva ou potencialmente

apresentem risco de ocorrência de acidente de contaminação ambiental, decorrente de

atividades que envolvam produtos perigosos;

- GT Banco de Dados – elaborar proposta técnica para o desenvolvimento,

manutenção e atualização de banco de dados sobre vários temas pertinentes à matéria,

que darão sustentação estratégica e operacional ao Plano P2R2.

- GT Desenvolvimento Estratégico – planejar de modo estratégico o desenvolvimento

do Plano P2R2, de modo a orientar os processos decisórios referentes a sua

implantação e manutenção; e,

- GT Recursos Financeiros – identificar fontes de recursos financeiros nacionais e

internacionais que poderão ser acessadas e indicar alternativas viáveis para suprimento

de recursos financeiros nas implementações e operacionalização do Plano P2R2.

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Também foi efetuado um levantamento preliminar de informações sobre as condições

atuais de atendimento a emergências ambientais nos Estados, realizado pelo MMA,

entre novembro de 2003 a janeiro de 2004, junto aos órgãos Estaduais de Meio

Ambiente e IBAMA. Este levantamento identificou as dificuldades hoje encontradas

pelos Estados para fazer frente ao problema, principalmente o que se relaciona à

disponibilidade e qualificação de recursos humanos, deficiência de infra- estrutura

operacional, insuficiência de sistemas de informações relativos ao tema. Os resultados

deste levantamento, adicionalmente aos resultados dos Grupos de Trabalho, apontam

para a necessidade de uma gestão integrada dos diversos atores envolvidos com o tema

e serviram como base para a estruturação do Plano P2R2.

Em sua formulação o Plano, considerou, ainda, os princípios da Agenda 21 e os

princípios máximos da política ambiental brasileira, bem como, as diretrizes da gestão

ambiental que se busca estimular n País, tais como: gestão integrada e descentralizada;

disseminação da informação, maior participação social; gestão ambienta voltada a

resultados efetivos na qualidade ambiental e necessidade de se estabelecer prioridades

de ação.

Abrangência

O P2R2 é direcionado para o aperfeiçoamento do processo de prevenção, preparação e

resposta rápida a emergências ambientais como produtos químicos perigosos no País,

e como tal buscará abranger quaisquer empreendimentos/atividades que

potencialmente possam causar emergências ambientais com estes produtos em todo

território nacional. No sentido de possibilitar este amplo alcance, o Plano prevê o

envolvimento dos governos federal, estaduais e municipais, além de parceiras com

organizações não-governamentais, setor privado, instituições acadêmicas e a

comunidade, visando uma execução compartilhada na busca de resultados efetivos na

melhoria da qualidade ambiental e, consequentemente, uma maior qualidade de vida

para a população brasileira.

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Objetivo

O objetivo do Plano P2R2 é prevenir a ocorrência de acidentes com produtos químicos

perigosos, bem como aprimorar o sistema de preparação e resposta a emergências

químicas do País.

Para que este objetivo seja alcançado as ações do P2R2 serão direcionados segundo

dois enfoques: preventivo e corretivo. Estes dois enfoques são específicos, coerentes e

compromissados com a prevenção, preparação e resposta rápida aos acidentes

envolvendo produtos químicos perigosos e serão perseguidos com o intuito de nortear

o planejamento das ações organizacionais e operacionais para o adequado

desenvolvimento dos trabalhos.

Enfoque Preventivo

Prevenir, coibir, inibir e/ou desmotivar práticas que levem à ocorrência de acidentes

envolvendo produtos químicos perigosos.

Este enfoque é contemplado por meio da implantação de sistemas, programas, ações,

procedimentos e iniciativas preventivas que visam atingir o desempenho planejado, no

âmbito nacional e estadual.

Enfoque Corretivo

Preparar, capacitar, integrar e otimizar os sistemas de atendimento de emergência com

produtos químicos perigosos, dos órgãos públicos e privados, de forma a responder

rápida e eficazmente aos acidentes envolvendo produtos químicos perigosos.

Este enfoque é contemplado por meio de implantação de sistemas, programas, ações,

procedimentos e iniciativas de preparação e resposta (PAE – Plano de Ação de

Emergências) dos órgão públicos e privados, responsáveis pelo atendimento destas

ocorrências, de forma integrada, otimizando os recursos materiais e humanos

disponíveis em âmbito municipal, estadual e federal.

Page 19: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

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Princípios

A definição usual de Segurança Química é “a prevenção de efeitos adversos, de

curto e longo prazo, sobre a saúde humana e o meio ambiente, decorrentes da produção,

armazenagem, transporte, uso, reciclagem e disposição de substâncias químicas”. As

Emergências Ambientais provocadas por Produtos Químicos Perigosos ocorrem, pois, em

consequência desses efeitos adversos de curto prazo, embora com possíveis repercussões

de longo prazo.

Considera-se, na caracterização da “emergência” a noção de impacto ambiental,

definida no art.1º da Resolução 001/86 do CONAMA como “qualquer alteração das

propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma

de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,

afetem: (I) a saúde, a segurança e o bem-estar da população. (II) as atividades sociais e

econômicas. (III) a biota; (IV) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (V) a

qualidade dos recursos ambientais”.

Com o propósito de minimizar a probabilidade de ocorrência dessas situações

críticas, foram adotados alguns princípios parra orientar os responsáveis por aquelas

atividades humanas que possam representar um risco potencial de impacto causado por

produtos químicos perigosos.

Dentre esses princípios destaca-se o Princípio 15 da Declaração do Rio de Janeiro,

de 1992, também chamado “Princípio da Precaução”, que dispensa a certeza científica

absoluta para a adoção de medidas destinadas a proteger o meio ambiente de danos sérios

ou irreversíveis. Tal Princípio faz parte da Carta da Terra de 1997 e da Convenção sobre

Mudanças Climáticas, ratificada pelo Brasil em 1994.

Outro conceito relevante é o Princípio 16 da Declaração do Rio de Janeiro, de 1992,

conhecido como do “Princípio do Poluidor-Pagador”, situação já prevista na legislação

brasileira não só anterior (sobre a Política Ambiental) como posterior (sobre Crimes

Ambientais). Este princípio obriga a internalização de custos pelos agentes econômicos

responsáveis por danos e riscos impostos ao meio ambiente e a saúde humana. Buscar

meios e condições legais para o financiamento, pelo setor privado, das despesas e custos

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acarretados pelo atendimento à emergências ambientais, é meta a ser perseguida e

viabilizada pelas estratégias de implementação do Plano P2R2 em todas as suas instâncias.

Outro princípio adotado diz respeito ao “Direito à Saúde e ao Meio Ambiente

Saudável”, o qual encontra-se explicitado ao direito constitucional: “a saúde é direito de

todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à

redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e

serviços para sua promoção, proteção e recuperação” 9art.196) e que “todos têm ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defende-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. (art.225). Este princípio é o marco

norteador de todas as ações requeridas para a implementação do P2R2, bem como de

todas as ações e programas do Ministério do Meio Ambiente.

Diretrizes Estratégicas Do Plano

No Brasil, em sua forma federativa de governo, prevalece o regime de

descentralização territorial e político-administrativa. Dessa forma, a distribuição de

competências é operada, constitucionalmente, entre a união, os Estados e os Municípios.

Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas dos Estados e Municípios.

Entre as competências comuns aos três níveis de governo, encontram-se o cuidado da

saúde e assistência pública, a proteção do meio ambiente e o combate à poluição em

qualquer de suas formas.

O Plano P2R2 pretende operar de forma descentralizada de acordo com a diretriz

geral da descentralização e da cooperação entre os entes de governo, coerentemente com o

preconizado pela Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecida na Lei 6938 de

31/08/1981. Esta política estabeleceu um conjunto de instrumentos de gestão ambiental

que, no âmbito do tema de emergências ambientais tem como principais objetivos

introduzir mecanismos inovadores no processo de gestão e implementar o controle

ambiental.

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21

Para assegurar o sucesso da implementação do Plano os gestores, nas três esferas de

Governo, atuando em estreita parceria, deverão concentrar esforços no sentido de que o

conjunto das ações direcionadas para o alcance deste propósito estejam balizadas pelas

diretrizes a seguir explicitadas:

- adoção de um planejamento preventivo que evite a ocorrência de acidentes com

produtos químicos perigosos;

- criação de uma estrutura organizacional que permita atingir as metas e os objetivos

visados pelo P2R2;

- identificação dos requisitos legais e os aspectos organizacionais envolvidos nestas

ocorrências;

- estímulo à adoção de soluções inovadoras e à implantação de planos como m

importante instrumento organizacional para a integração entre o poder público e a

sociedade civil, fortalecendo a capacidade operativa dos estados e municípios;

- estabelecimento de compromissos do poder público e dos segmentos que atuam

nos acidentes com produtos químicos perigosos, no que se refere a definição da

responsabilidade de cada envolvido, de modo a proteger o meio ambiente e a saúde da

população;

- desenvolvimento e implementação de sistemas voltados para a geração e

integração de informações que auxiliem as ações do P2R2, com a finalidade de integrar os

profissionais que trabalham nos segmentos públicos, responsáveis pelo controle

(licenciamento e fiscalização) e atendimento a emergências; os setores privados que

realizam atividades envolvendo produção, armazenamento, transporte e manipulação de

produtos químicos perigosos; bem como, a participação do cidadão no acesso da

informação a respeito dos riscos de acidentes com produtos químicos perigosos;

- viabilização da obtenção de recursos apropriados e suficientes, e o treinamento

contínuo dos profissionais e equipes para atingir os níveis de desempenho desejados e

planejados pelo P2R2;

- fortalecimento da capacidade de gestão ambiental integrada dos órgãos e

instituições públicas no âmbito municipal, estadual e federal, para o desenvolvimento de

planos de ações conjuntas, no atendimento a situações emergenciais envolvendo produtos

químicos perigosos, estabelecendo seus níveis de competência e otimizando a suficiência

Page 22: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

22

de recursos financeiros, humanos ou materiais, no sentido de ampliar a capacidade de

resposta;

- promoção do aprimoramento do P2R2 por meio de uma avaliação contínua do

desempenho da política, objetivos e metas previstos.

Base Jurídica

No que diz respeito ao embasamento jurídico do Plano P2R2 a Constituição da

República Federativa do Brasil, de 1988, aborda de forma genérica diversos aspectos

relativos ao papel do Poder Público e da Sociedade no que respeita à prevenção e a

atendimento de emergências que venham a afetar a saúde e o meio ambiente, dentre os

quais:

A) Aqueles que dizem respeito à competência:

a) A competência da União, (art. 21, incisos XVIII e XXIV, sobre calamidades

públicas e inspeção do trabalho);

b) A competência exclusiva da União para legislar (art. 22, IX, XXI e XXVIII sobre

política de transportes, corpos de bombeiros militares, e defesa civil);

c) A competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23,

incisos II, VI, VII, sobre saúde e assistência pública, meio ambiente e preservação

de florestas, flora e fauna);

d) A competência da União, Estados e DF, para legislar concorrentemente (art. 24,

incisos VI, VII, VIII, XII, e parágrafos, sobre meio ambiente, patrimônio,

responsabilidade por dano ambiental, e competência da União limitada a normas

gerais e superveniente à legislação estadual);

B) São aqueles referentes aos temas de saúde, meio ambiente e defesa civil:

a) A saúde (art. 196, art. 200 e parágrafos, sobre “direito de todos e dever do Estado”,

sobre atribuições do SUS nas áreas de vigilância sanitária e saúde do trabalhador, e

de participação no controle e fiscalização de produtos tóxicos);

b) A meio ambiente (art. 225, caput, incisos IV, V e VI, e parágrafos 3º, sobre

direitos e deveres, obrigatoriedade do EIA, controle de substância de risco,

educação ambiental, sanções e reparação do dano);

Page 23: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

23

c) A defesa civil (art. 144, parágrafo 5º, sofre defesa civil).

No campo ambiental, a legislação básica permanece sendo a Lei 6.938/81, que

estabeleceu a política Nacional e criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente,

definindo a correspondente estrutura. Diante do texto constitucional, é de se esperar

que gradativamente sejam criados os Sistemas Estaduais e a legislação que lhes é

facultada, cabendo ao nível federal exercer a função normativa, dentro de um processo

lógico de descentralização que atribua maior responsabilidade às Unidades Federativas

atendendo, portanto, às suas particularidades e ampliando a efetiva aplicação das

normas e procedimentos.

Relações Internacionais

O Brasil é signatário ou já ratificou Convenções e Protocolos que tratam de

temas diretamente ligados à questão do controle de produtos e resíduos químicos,

estão nesse rol das Convenções sobre o Conhecimento Prévio Consentido (Roterdã),

Poluentes Orgânicos Persistentes (Estocolmo), e os Movimentos Transfronteiriços de

Resíduos Perigosos (Basiléia).

O controle de outras substâncias químicas que podem afetar e ar e os oceanos consta

igualmente de certos compromissos internacionais tais como a Convenção de Viena

sobre a Proteção da Camada de Ozônio e o Protocolo de Montreal (SDOs), a

Convenção-Quadro dobre Mudança de Clima e o Protocolo de Kyoto (gases e estufa);

a Convenção sobre Direito do Mar (proteção do ambiente marinho) e textos relativos e

efluentes de fontes terrestres, poluição caudada por óleos e outros.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

realizada no Rio de Janeiro em 1992 (Rio-92), retomou o tema da Conferência das

Nações Unidas sobre o Ambiente Humano que teve lugar em Estocolmo em 1972,

acrescentando a dimensão do desenvolvimento e o conceito de sustentabilidade. Além

de outros resultados, a Conferência do Rio divulgou um documento básico intitulado

Agenda 21, abordando de maneira metódica as múltiplas facetas do desenvolvimento

sustentável, inclusive contendo capítulos que tratam especificamente da gestão

ambientalmente segura e prevenção do tráfico ilícito de produtos químicos tóxicos

(Cap. 19), e também dos resíduos tóxicos (Cap. 20).

Page 24: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

24

Em especial, os parágrafos 19.49 e 19.60 preconizam em série de ações de Governo e

do setor privado, orientados para a Prevenção o Atendimento a Emergências

Químicas, dentre as quais:

A abordagem multidisciplinar e a criação de um mecanismo de coordenação

abrangente composto dos diversos setores interessados (meio ambiente, saúde,

agricultura, transporte, defesa civil, e outros, assim como dos Centros de

Informação e Atendimento Toxicológico);

A elaboração de políticas e estruturas regulatórias para a prevenção e atendimento

a emergências, em colaboração com o setor privado, compreendendo planos de

ocupação territorial, sistemas de licenciamento e fiscalização, procedimentos de

informação e relatórios sobre a ocorrência de acidentes;

O estabelecimento de redes de centros de resposta rápida a emergências, a

instalação de Centros de Informação e Atendimento Toxicológico.

2.1.2 O Plano P2R2, A Política Nacional de Meio Ambiente e

Instrumentos Aplicados.

Prevenir a incidência do impacto é uma preocupação normal do Governo e com

essa finalidade foram criados instrumentos de gestão que devem ser implantados e

permanentemente aperfeiçoados. Tais instrumentos, em número de doze, constam no

art. 9º da Lei 6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente, e

compreendem: os padrões de qualidade, o zoneamento, a avaliação de impacto, o

licenciamento, os incentivos à melhoria da qualidade, a criação de espaços protegidos,

o sistema de informações, e o Cadastro de Atividades Potencialmente Poluidoras.

Os padrões de qualidade: definidos por Resoluções do CONAMA, em função de

critérios técnicos de qualidade ambiental compatíveis com a proteção da saúde e

do ambiente;

O zoneamento: regulamentado pelo Decreto 4.297/02, visa organizar, no espaço

territorial, as atividades que utilizem direta ou indiretamente os recursos naturais,

de forma a assegurar a manutenção do capital natural e os serviços ambientais;

A avaliação de impacto: regulamentada pelo Decreto 99.274/90, outorgando ao

CONAMA competência para fixar critérios básicos que condicionem o

Page 25: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

25

licenciamento à elaboração de Estudos de Impacto Ambiental, e posteriormente

alterada pelo Decreto 3.942/01. Diversas Resoluções do CONSMA, mesmo

anteriores aos citados Decretos, atendem a essa atribuição, destacando-se aquela

atualmente em vigor, de nº 237/97, que define com mais clareza o significado da

AIA e dos EIA/RIMA. Vários estados da Federação incorporaram as suas

legislações ambientais critérios e procedimentos sobre a matéria.

O licenciamento: a mencionada Resolução 237/97, em seu art. 1º, define este

procedimento administrativo como referente à localização, instalação, ampliação e

operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recurso ambientais,

consideradas efetivamente ou procedimentos poluidoras, ou que possam causar

degradação ambiental. Em seu art. 10, estabelecem as oito fases do processo e

desdobra a eventual emissão da licença em três etapas-prévia, de instalação e de

operação. A competência para emitir a licença, de acordo com a interpretação

corrente dos textos legais, dependeria não do critério da dominialidade, mas sim

do raio de influência direta do impacto, podendo este ser nacional ou regional

(União), sub-regional (Estados) , ou local (Municípios), e acordo com a proposta

conceitual do SISNAMA. Além da regra geral de licenciamento, vem o

CONAMA há algum tempo adotando normas especiais para determinados casos,

como por exemplo, as Resoluções 006/87 obras de grande porte), 005/88 (obras de

saneamento), 006/88 (controle de resíduos indústrias), 009 e 010/90 (atividades

minerárias), 023/94 (atividades de exploração e produção de petróleo), 316/02

(sistemas de tratamento térmico de resíduos), e outras matérias.

Os incentivos à melhoria da qualidade,

A criação de espaços protegidos: definidos no art. 225, parágrafo 1º, incisos I, II,

III e VII da Constituição Federal, compreendem 4 categorias básicas, quais sejam

a Área de Proteção Especial, a Reserva legal, a Área de Preservação Permanente e

a Unidade de Conservação, regidas individualmente por legislação própria.

O sistema de informações: regulamento pelo Decreto 99.274/90, evoluiu para a

criação do Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente – SINIMA, e

o estabelecimento no IBAMA de um Centro Nacional de Informação, Tecnologias

Ambientais e Editoração – CNIA, cuja base de dados contém informações

documentárias, legislação ambiental, vídeos, publicações seriadas. O CNIA

coordena a Rede Nacional de Informações do Meio Ambiente, e também integram

Page 26: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

26

o SISNAMA a Rede Nacional de Computadores do IBAMA, e os dois Cadastros

Técnicos Federais a seguir mencionados.

O Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental:

regulamentado pela Resolução CONAMA 001/88 e Instrução Normativa IBAMA

010/01.

As penalidades disciplinares ou compensatórias: reguladas pelas Leis 6.938/81

(Política Nacional do Meio Ambiente) e 9.605/98 (Crimes Ambientais), assim

como pela Lei 7.804/89, pelo Decreto 3.177/99, Resolução CONAMA 001/88, e

Instrução Normativa IBAMA 010/01.

O Relatório de Qualidade do Meio Ambiente: embora contemplado na legislação,

até hoje não foi publicado. Entretanto, a publicação GEO-Brasil 2002 supre, ainda

que em parte, as informações a serem contidas no Relatório.

A garantia de prestação e informações: provém de dispositivo constitucional

(art.5º), assim como da Lei 6.938/81 (art. 9º), e mais recentemente da Lei

10.650/03 (art. 2º), disposto sobre o acesso público aos documentos e informações

da alçada dos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA. Como corolários da

prestação de informações, está á educação ambiental, configurada na Lei 9795/99,

que dispõe sobre a política Nacional respectiva, e a ser devidamente aplicada à

segurança química (atendendo principalmente aos que produzem, processam,

transportam, armazenam e utilizam produtos químicos), e também as medidas de

prevenção de riscos, tais como a adoção do sistema harmonizado mundial para

classificação e rotulagem de produtos químicos, o registro de emissões e

transferências de poluentes, e a obrigatoriedade da utilização de fichas de

segurança (Prioridades B-1, C-3 e D-8 do FISQ).

O Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e/ou

Utilizadoras dos Recursos Ambientais: regulamentado pela Instrução Normativa

IBAMA 010/01, originando a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, objeto

da Lei 9.960/00, após alguns percalços de natureza jurídica.

Esses instrumentos formais, em sua maioria, podem fortalecer importantes

subsídios para a elaboração do Plano e sua constante atualização, e para tanto

devem ser considerados, juntamente com a identificação e integração das

respectivas fontes, no sistema e informações a ser incluído na estrutura do P2R2.

Page 27: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

27

Modelo Institucional

O Plano P2R2 está estruturado inicialmente em dois níveis: uma “Comissão

Nacional” e “Comissões Estaduais”. “Subcomissões Regionais e/ou Municipais” poderão

ser criadas a qualquer momento, tanto pela Comissão Nacional como pela Comissão

Estadual, de acordo com as necessidades identificadas.

A seguir encontram-se detalhadas a Comissão Nacional e as Estaduais, bem como

suas composições iniciais, coordenação, atribuições e grupos de apoio para o

desenvolvimento de suas atividades.

Comissão Nacional (CN-P2R2)

A Comissão Nacional do P2R2 terá como missão implantar e promover ações de

prevenção, preparação e resposta rápida a acidentes ambientais com produtos químicos

perigosos de âmbito nacional, além de promover a estruturação e a implementação do

Plano P2R2 e a articulação e proposição de parcerias com órgãos públicos e privados afins

com vistas à implementação do Plano P2R2.

Composição: Ministério do Meio Ambiente.

Institucionalização: a Comissão Nacional deverá ser institucionalizada por decreto

do Presidente da República.

Atribuições:

- Elaborar o seu regimento interno;

- Promover a estruturação e a implementação do Plano P2R2;

- Articular e propor parcerias com órgãos públicos e privados afins com vistas a

implementação do Plano P2R2;

- Promover e apoiar as omissões Estaduais na capacitação dos integrantes do Plano

P2R2;

Page 28: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

28

- Criar Comitês Técnicos;

- Apoiar as Comissões Estaduais e Municipais (quando existires) quando da

ocorrência de acidentes de grande porte ou quando solicitado;

- Identificar e fomentar o aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão com vistas à

eficiência do Plano P2R2;

- Promover a análise de acidentes em conjunto com as outras instâncias do Plano

quando julgar necessário;

- Promover o desenvolvimento, implantação, atualização, padronização e

disponibilização do Sistema de Informações P2R2 a partir de informações geradas e

disponibilizadas pelos estados e municípios;

- Apoiar os estados na implementação do Plano P2R2, acima referido, nos seus

níveis de atuação;

- Promover a divulgação e a disseminação de informações relativas ao Sistema

P2R2;

- Promover gestões de forma a prover a dotação orçamentária necessária e propor

mecanismos para obtenção, disponibilização e alocação de recursos financeiros de suporte

ao plano, visando garantir a sua implantação e manutenção.

Comissão Estadual (CE-P2R2)

A comissão Estadual do P2R2 terá como missão implantar e promover ações de

prevenção, preparação e resposta rápida a acidentes ambientais como produtos químicos

perigosos. A fim de implementar o Plano P2R2 de forma integrada visando a otimização

dos recursos humanos, materiais e financeiros, os estados participantes do Plano criarão

um Comissão Estadual – CE-P2R2, responsável pelo planejamento, coordenação e

acompanhamento das ações dos diversos parceiros envolvidos em todas as etapas do

P2R2. Esta comissão atuará em consonância com a Comissão Nacional. No caso da

existência de estruturas equivalentes nos Estados, estas deverão ser referendadas por

decreto estadual e assumirão as atribuições da CE-P2R2.

Composição: Órgão Estadual de Meio Ambiente, Coordenadoria Estadual de Defesa

Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Polícia Rodoviária Federal e

Page 29: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

29

Estadual, Secretaria Estadual de Transporte, Secretaria Estadual de Saúde, Capitania dos

Portos, DNIT – Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte, IBAMA –

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, ANAMMA –

Associação Nacional de Município para o Meio Ambiente, Federação das Indústrias,

Associações e Sindicatos de Classe e outras instituições que o estado entender pertinente

em função de suas particularidades.

A constituição da CE-P2R2 poderá variar nos diversos estados, dependendo do

arranjo e necessidades de cada estado, entretanto, deverá haver uma estrutura mínima, que

permita o desempenho adequado de suas funções e atribuições.

Coordenação: Secretaria Estadual de Meio Ambiente/OEMA.

Institucionalização: as comissões estaduais deverão ser constituídas por Decretos

Estaduais.

Atribuições:

- Elaborar o seu regimento interno;

- Implementar, no âmbito de suas atribuições, o Plano P2R2, coordenando e

articulando a atuação de diversos agentes públicos e privados envolvidos;

- Planejar e desenvolver ações e atividades que culminem com a implantação do

Plano P2R2;

-identificar demandas relacionadas à prevenção, preparação e resposta rápida a

acidentes com produtos químicos perigosos;

- Promover a capacitação dos integrantes do Plano P2R2;

- Estabelecer programas de trabalho e priorizar ações que conduzam a prevenção,

prevenção, preparação e resposta rápida a emergências ambientais com produtos químicos

perigosos;

- Estabelecer protocolos de atuação para atendimento a emergência definindo suas

competências, atribuições e ações de resposta;

- Divulgar o Plano para todos os segmentos envolvidos e a comunidade em geral,

estabelecendo canais de acesso com a sociedade;

Page 30: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

30

- Criar Grupos de Trabalhos;

- Realizar gestões de forma a prover a dotação orçamentária necessária visando

garantir a implantação e manutenção do plano.

- Promover mecanismos para alimentação, atualização e disponibilização de

sistemas de informação necessária ao Plano P2R2, bem como, para o mapeamento de

áreas de risco de acidentes com produtos perigosos.

Page 31: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

31

Figura abaixo apresenta o organograma inicial proposto para o Plano P2R2.

Organograma 1 - Plano P2R2.

Page 32: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

32

Instrumento do Plano P2R2

Mapeamento de Áreas de Risco

O mapeamento de áreas de risco ambiental constitui-se na identificação,

caracterização e mapeamento de empreendimentos e atividades relacionadas a

produtos químicos perigosos e sobre as áreas mais propensas à ocorrência de acidentes

com esses produtos. O conhecimento prévio dessas áreas de risco é, portanto,

instrumento fundamental aos órgãos públicos, ao setor privado e à comunidade, de

forma a prepara-la para prevenir a ocorrência de acidentes com esses produtos e caso

aconteçam, prepara-los para que procedam ao pronto atendimento de evento, contendo

ou minimizando os efeitos danosos ao meio ambiente e à população.

A estratégia que se pretende utilizar para o mapeamento de áreas de risco,

propõe a identificação e caracterização destas áreas, a partir de levantamento de dados

e avaliação das relações entre: atividades potencialmente impactantes, sítios frágeis ou

vulneráveis, histórico de ocorrência de acidentes ambientais e unidades de respostas

existentes.

O produto resultante do mapeamento deverá ser apresentado no formato

georreferenciado, abrangendo todo o território nacional, dentro de uma abordagem por

Estado e considerando as bacias hidrográficas, a partir de critérios previamente

padronizados.

Sistema de Informação

Este instrumento visa disponibilizar com a maior agilidade possível, ao sistema

de atendimento às emergências ambientais, informações confiáveis, atualizadas e

integradoras de distintos atores e temas distribuídos por todo território nacional. Neste

contexto, a disponibilização destas informações além de permitir respostas rápidas ao

processo de atendimento aos acidentes com produtos perigosos, deverá também

contribuir no desenvolvimento das atividades de preparação e prevenção destes,

Page 33: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

33

contendo ou minimizando riscos de ocorrência e consequentemente os danos ao meio

ambiente e à saúde humana.

Assim, pretende-se adotar o modelo conceitual do Sistema Nacional de

Informação do Meio Ambiente – SINIMA, que se caracteriza principalmente, por ser

um integrador de sistemas já existentes, eu prestigia os produtores de dados e os

produtores de portais temáticos, possibilitando a construção de uma rede de serviços

de entrega de informações padronizadas, capaz de ser compartilhada por todos os

meios da adoção de regras e protocolos comuns.

Inicialmente, 11 (onze) base de dados demandadas pelo Plano P2R2, foram

levantadas e identificadas, quais sejam: Licenciamento Ambiental; Especialistas em

Emergências, Acidentes e afins; Produtos Químicos Perigosos; Centros de

Informações Toxicológicas; Laboratórios de Referência; Registros de Acidentes;

Áreas/Situações de Riscos; Unidades de Apoio a Resposta; Legislação Existente;

Programação de Eventos e Pesquisas Realizadas e em Realização.

Mecanismos Financeiros

Com o objetivo principal de identificar fontes de recursos nacionais e internacionais,

que poderão ser acessadas para a implantação e manutenção do Plano Nacional de

Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos

Perigosos – P2R2, estratégia adotada por este instrumento reconhece dos momentos

distintos no que diz respeito às demandas de investimento. Inicialmente, estabelece

como necessidade imediata, a alocação de recursos para a consolidação do P2R2,

garantindo o desenvolvimento das bases estruturais que irão subsidiar as demais fases

do Plano. As principais atividades/processos envolvidos nesta etapa referem-se à

manutenção das despesas operacionais, de custeio básico e estruturação das Unidades

Organizacionais, bem como, implementação dos instrumentos definidos para o Plano,

ou seja, o mapeamento de áreas de risco, a implantação de banco de dados e a

estruturação dos PAE’s – Plano de Ação Emergencial, nos Estados.

Page 34: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

34

Em um segundo momento, pressupõe a necessidade de serem assegurados

recursos para a Implementação a Estratégia Nacional de Prevenção e Resposta Rápida

a Acidentes Ambientais, envolvendo três tipos de atuação: Prevenção e Preparação –

manutenção e continuidade de processo de consolidação e desenvolvimento do Plano

P2R2; Resposta Rápida – que prevê a estruturação de mecanismo de cooperação e

articulação com o setor privado; e a Remediação de Passivos Ambientais – que com

base na revisão e avaliação do arcabouço legal, deverá buscar o desenvolvimento de

mecanismos econômicos para a sustentabilidade financeira das atividades requeridas

por esta atuação.

Plano de Ação de Emergência – PAE

Independentemente das ações preventivas, os acidentes com produtos químicos

podem ocorrer. Por essa razão, o poder público deve dispor de sistemas organizados

para atender esses episódios.

As estratégias de ação e combate empregadas durante o atendimento a acidentes

com produtos químicos podem variar de acordo com o produto envolvido, o porte do

evento e o local da ocorrência. Assim sendo, as ações de combate deverão ser objeto

de trabalhos que resultem em um Plano de Ação de Emergência – PAE, o qual deve

reunir as diretrizes, padrões e requisitos mínimos de planejamento e procedimentos

técnicos/administrativos direcionados para a obtenção dos resultados desejados.

Neste contexto e conforme modelo organizacional do P2R2, a Comissão

Nacional, por meio do seu Grupo de Apoio a Emergências, fomentará para que as

Comissões Estaduais do Plano, elaborem e implantem o PAE – Plano de Ação de

Emergência, de acordo com os riscos identificados nas suas áreas de interesse e/ou

abrangência do plano.

Os PAE’s deverão ser planejados e implantados, no âmbito da CE-P2R2, pelo

Grupo de Trabalho denominado “Núcleo de PAE”, e entre outros, deverão incorporar

em seu planejamento sistemas organizados de atendimento a ocorrência de produtos

químicos, já existentes em sua área de interesse e/ou abrangência do plano, como

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35

Planos de Auxilio Mútuo – PAMs, Planos de Emergência Individuais – PEIs,

Resolução CONAMA de Nº 293 de 12/12/2001 e Planos de Área – PAs, Decreto Nº

4.871 de 06/11/2003.

Figura 4 – Comunicação de Acidente Ambiental.

Fonte: IBAMA

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36

2.2 Acidentes Ambientais Tecnológicos

Os produtos industriais da vida moderna são gerados por meio de processos químicos.

Assim sendo, o avanço tecnológico permitiu ao ser humano criar incalculável volume de

reações químicas, com a finalidade de obter produtos para seu desenvolvimento e bem-estar.

Porém, se muitas substâncias são inofensivas ao ser humano e ao meio ambiente, outras são

extremamente agressivas e impactantes.

O crescimento de um país depende, entre outros fatores, da amplitude do seu parque

industrial, do qual resulta a produção de matérias-primas, que servirão mais tarde para

produzir os produtos necessários e indispensáveis ao seu desenvolvimento econômico e

progresso, uma vez que sua aplicação é revertida em conforto e benefícios para a manutenção

da vida moderna. Também é verdade que os produtos químicos criados sinteticamente são à

base da maior parte dos problemas ambientais.

O crescimento da quantidade de produtos químicos manufaturados, armazenados e

transportados no mundo inteiro, tem contribuído sensivelmente para pôr em risco o ser

humano, o meio ambiente e o patrimônio.

O vazamento de produtos no meio ambiente tem sido ocasionado por falhas humanas e

materiais, falhas nos processos produtivos, danos nas instalações industriais causados por

acidentes naturais — fortes tormentas, abalos sísmicos, descargas elétricas atmosféricas,

inundações, escorregamentos de encostas — e atentados terroristas, entre outros.

Calcula-se que nos dias atuais existem mais de 20 milhões de fórmulas químicas. Desse total,

quase um milhão são substâncias ou produtos considerados perigosos. Porém apenas cerca de

800 dispõem de estudos sobre os efeitos na saúde ocupacional. (FREITAS E SOUZA, 2002).

Os acidentes com produtos químicos relacionam-se à evolução histórica de sua produção e do

consumo mundial. No ano de 1960, uma refinaria de petróleo produzia em média 50 mil

toneladas anuais de etileno. Na década de 1980, essa capacidade ultrapassava um milhão de

toneladas por ano. O transporte e o armazenamento seguiram o mesmo ritmo. A capacidade

Page 37: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

37

dos petroleiros após a II Guerra Mundial passou de 40.000 toneladas para 500.000 toneladas e

a de armazenagem de gás de 10.000 metros cúbicos para 120.000 a 150.000 metros cúbicos.

A comercialização mundial de produtos químicos orgânicos exemplifica esse crescimento: de

7 milhões de toneladas em 1950, atinge 63 milhões em 1970, 250 milhões em 1985 e 300

milhões em 1990 (FREITAS E SOUZA, 2002). O crescimento mundial das atividades de

produção, armazenagem e transporte de produtos químicos provocou o aumento do número de

trabalhadores e de comunidades expostos aos seus riscos.

Ao mesmo tempo, a frequência e a gravidade de acidentes com cinco óbitos ou mais,

aumentaram. Esses números são considerados severos pela União Europeia. Passam de 20

entre 1945 e 1951, com média de 70 óbitos por acidente, para 66 entre 1980 e 1986 com

média de 142 óbitos por acidente (FREITAS E SOUZA, 2002).

A preocupação com os acidentes industriais ganhou ênfase na década de 1980 com a

prevenção dessas ocorrências. Diferentes programas passaram a ser desenvolvidos

contemplando os aspectos preventivos e de intervenção nas emergências. Emergência pode

ser definida como sendo uma situação perigosa, um acontecimento perigoso ou fortuito. Por

outro lado, Acidente deve ser entendido como um acontecimento infeliz, casual ou não, e de

que resulta ferimento, dano, estrago, avaria ou prejuízo.

A partir da nomenclatura apresentada pode-se entender que um acidente deve ser

entendido como um evento inesperado, ou não, mas que sempre redunda num dano ou

prejuízo às pessoas. A emergência, cuja definição pode ser considerada bastante similar à de

acidente, não implica necessariamente na ocorrência de danos ou prejuízos.

A Organização Internacional do Trabalho – OIT -, por meio da Convenção 174, Artigo

3º, letra ―d‖, define Acidente Químico Ampliado como sendo todo acontecimento repentino,

tal como uma emissão, um incêndio ou uma explosão de grande magnitude no qual esteja

envolvida uma ou várias substâncias perigosas e que exponha os trabalhadores, a população

ou o meio ambiente a um perigo grave e iminente.

Analisando a definição, observa-se que o acidente industrial maior pressupõe a

existência de substâncias perigosas, assim entendidas como sendo toda substância ou mistura

Page 38: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

38

delas que em razão de suas propriedades químicas, físicas ou toxicológicas produza uma

condição de perigo iminente.

Instalação exposta a risco de acidente maior é aquela que produz, transforma, manipula,

utiliza e armazena de maneira transitória ou permanente, uma ou mais substâncias ou

categorias de substâncias perigosas em quantidades que estejam acima de um valor máximo

limite. (LEAL, 1999) Serpa (1996) define a expressão ACIDENTE AMBIENTAL, como

―Acontecimento inesperado, ou não; porém, indesejado e que afeta, direta ou indiretamente,

a segurança e a saúde das pessoas expostas, além de causar impactos ao meio ambiente.

De modo geral, os acidentes ambientais podem ser classificados em:

• Acidentes Naturais: catástrofes provocadas por fenômenos naturais, como

terremotos, maremotos, inundações, vulcões e furacões, entre outros;

•Acidentes Tecnológicos: catástrofes provocadas pelas atividades tecnológicas, como

vazamentos de produtos químicos, emissões radioativas, virulência, entre outros eventos.

Entre os acidentes tecnológicos destacam-se as ocorrências envolvendo produtos perigosos,

nas diferentes atividades que envolvem a manipulação destas substâncias, como o

processamento, armazenamento e transporte.

Segundo Leal (1999), o conceito mais aceito pela comunidade mundial de bombeiros,

inclusive em São Paulo, é aquele definido pela norma NFPA 471, o qual toda substância

líquida, sólida ou gasosa, que quando fora de seu processo, estoque ou transporte pode

produzir risco ou perigo, químico, físico ou biológico, para vida, meio ambiente e

propriedade.

Os efeitos decorrentes dos acidentes envolvendo produtos perigosos estão normalmente,

associados a impactos ambientais e, consequentemente em reflexos à saúde humana, os quais

podem ser agudos (imediatos) ou crônicos (de médio e longo prazo), dependendo dos

seguintes aspectos:

• Propriedades da substância;

• Quantidade de produto liberada ao meio ambiente;

• Características dos ecossistemas afetados;

• Capacidade de absorção do meio.

Page 39: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

39

2.2.1 Acidentes internacionais

Ao longo dos últimos anos, a ocorrência de diversos acidentes ambientais, envolvendo

produtos perigosos, tem sido objeto de preocupação da sociedade, em função dos impactos e

prejuízos causados por esses eventos, na medida em que o meio ambiente, cada vez mais, vem

se tornando um assunto prioritário para as atuais e futuras gerações.

Flixborough

Figura 1 - Acidente em Flixborough (Inglaterra)

Fonte: ABIQUIM (2005)

Aproximadamente às 17 horas do dia 01 de junho de 1974, ocorreu uma explosão na planta

de produção de caprolactama da fábrica Nypro Ltda., situada em Flixborough, Inglaterra. A

explosão ocorreu devido ao vazamento de ciclohexano, causado pelo rompimento de uma

tubulação temporária instalada como ―by-pass devido à remoção de um reator para a

realização de serviços de manutenção.

O vazamento formou uma nuvem de vapor inflamável, que entrou em ignição, resultando

numa violenta explosão seguida de um incêndio que destruiu a planta industrial. A ruptura da

tubulação foi atribuída a um projeto mal elaborado, uma vez que a estrutura instalada para a

sustentação do duto não suportou a sua movimentação, em função da pressão e da vibração a

que o tubo foi submetido durante a operação.

Page 40: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

40

Estimou-se que vazaram cerca de 30 toneladas de ciclohexano formando uma nuvem de

vapor inflamável, a qual encontrou uma fonte de ignição entre 30 e 90 segundos após o início

do vazamento. Os efeitos da onda de choque ocorrida foram estimados como sendo

equivalentes à explosão de uma massa variando entre 15 e 45 toneladas de TNT. Ocorreram

danos catastróficos nas edificações próximas, situadas ao redor de 25 m do centro da

explosão. Além da destruição da planta, em função do incêndio ocorrido, 28 pessoas

morreram e 36 foram gravemente feridas. Ocorreram ainda impactos nas vilas situadas nas

proximidades da indústria, afetando 1,8 mil residências e 167 estabelecimentos comerciais.

Seveso

Figura 2 - Acidente em Seveso (Itália)

Fonte: ABIQUIM (2005)

Por volta das 12 h 30 mm de 10 de julho de 1976, numa planta industrial situada em

Seveso, uma província de Milão, Itália, ocorreu a abertura do disco de ruptura de um reator,

que resultou na emissão para a atmosfera de uma grande nuvem tóxica.

O reator fazia parte do processo de fabricação de TCP (triclorofenol) e a nuvem tóxica

formada continha vários componentes entre eles o próprio TCP, etilenoglicol e 2,3,7,8-

tetraclorodibenzoparadioxina (TCDD). A nuvem se espalhou numa grande área,

contaminando pessoas, animais e o solo na vizinhança da unidade industrial.

.Os custos estimados na operação de evacuação das pessoas e na restauração das áreas

contaminadas foram da ordem de US$ 10 milhões. Os efeitos imediatos à saúde das pessoas

se limitaram ao surgimento 135 casos cloracne (doença de pele atribuída ao contato com a

Page 41: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

41

dioxina). Os efeitos à saúde de longo prazo ainda são monitorados, sendo que diversos casos

de câncer foram registrados nos anos subsequentes ao episódio

Cidade do México

Figura 3 - Acidente na Cidade do México (México)

Fonte: ABIQUIM (2005)

Em 19 de novembro de 1984 ocorreu o mais grave acidente envolvendo Gás Liquefeito

de Petróleo (GLP) dos últimos anos. O episódio ocorreu numa refinaria situada em San Juan

Ixhuatepec, a 20 km ao norte da Cidade do México, México. A causa do acidente foi

provocada, provavelmente, pela ruptura de uma tubulação por excesso de pressão que causou

o vazamento do gás (mistura de propano e butano), gerando uma grande nuvem de vapor

inflamável que explodiu, tendo o incêndio decorrente da ignição atingido o parque de

armazenamento onde se situavam seis esferas e quarenta e oito tanques cilíndricos de gás. A

área de engarrafamento de cilindros e botijões foi atingida por estilhaços de tanques que

explodiram e geraram incêndios nas vizinhanças; estima-se que cerca de 650 pessoas

morreram e mais de 4 mil foram afetadas pelos efeitos do acidente.

Bhopal

Figura 4 - Acidente em Bophal (Índia)

Fonte: ABIQUIM (2005)

Page 42: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

42

Na madrugada de 3/12/84, uma nuvem tóxica de isocianato de metila causou a morte de

milhares de pessoas na cidade de Bhopal, a capital de Madya-Pradesh, na Índia central. A

emissão foi causada por uma planta do complexo industrial da ―Union Carbide situado nos

arredores da cidade, onde existiam vários bairros residenciais. O isocianato de metila é um

produto utilizado comercialmente conhecido como ―Sevine ―Temikda família dos

carbonatos, utilizados como substitutos de pesticidas organoclorados como o DDT. Em

condições normais, o isocianato de metila é líquido à temperatura de zero grau Celsius e

pressão de 2,4 bares.

Na noite do acidente a pressão dos tanques de armazenamento se elevou a mais de 14

bares e a temperatura dos reservatórios se aproximou de 200 ºC. A causa provável do

aumento da pressão e da temperatura foi atribuída à entrada de água num dos tanques

causando uma reação altamente exotérmica. Os vapores emitidos deveriam ter sido

neutralizados em torres de depuração, porém, como uma destas torres se encontrava

desativada, o sistema não funcionou possibilitando assim a liberação do produto para a

atmosfera.

Estima-se que ocorreram por volta de 4 mil mortes e cerca de 200 mil pessoas

intoxicadas, caracterizando assim a maior catástrofe da indústria química.

Basiléia

Figura 5 - Acidente em Basiléia (Suíça)

Fonte: ABIQUIM (2005)

Page 43: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

43

Em 1° de novembro de 1986 ocorreu um incêndio num armazém da empresa Sandoz, na

Basiléia, Suíça. O depósito continha mais de 1,3 mil toneladas de 90 tipos diferentes de

produtos químicos. Estima-se que entre 10 e 15 mil m3 de água contaminada, decorrente das

ações de combate ao incêndio tenham contaminado o solo, sendo que cerca de 30 ton. dessa

água contaminada atingiram o Rio Reno, numa distância de até 400 km da fonte de

contaminação. Nos dias seguintes ao acidente o rio Reno, que serve de fonte de abastecimento

de água para mais de 20 milhões de pessoas da Basiléia a Roterdã, foi seriamente

contaminado, ocasionando a morte de mais de 150 mil enguias.

Piper Alpha

Figura 6 - Acidente na Piper Alpha (Mar do Norte)

Fonte: ABIQUIM (2005)

Em seis de julho de 1988, 167 pessoas, de um total de 229 que se encontravam a bordo

da plataforma Piper Alpha, no Mar do Norte, desapareceram, em função do pior acidente já

registrado na indústria de petróleo off-Shore. As causas do acidente foram relacionadas a

falhas de procedimentos, gestão e comunicação. Uma falha numa bomba de condensação

levou o controle da plataforma a transferir o fluxo de gás para um sistema de ―backup sem

ciência de que estava em manutenção e sem válvula de segurança. Ocorreu vazamento de gás

por uma válvula de gás, que havia sido deixada aberta, ocorrendo à ignição imediata seguida

de explosão.

Page 44: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

44

Exxon Valdez

Figura 7 - Acidente com Exxon Valdez (Alasca – EUA)

Fonte: ABIQUIM (2005)

No dia 24 de março de 1989, após carregar no Terminal Marítimo da Exxon, na cidade de

Valdez, o Navio-Tanque Exxon Valdez seguiu viagem pelo Estreito de Prince William, numa

das mais belas regiões do Alasca nos Estados Unidos, conhecida como a ―Pequena Suíça.

No caminho, o petroleiro colidiu com o ―Bligh Reef, um gigantesco iceberg com cerca de

dez quilômetros de comprimento, provocando um vazamento da ordem de 40 mil ton. de óleo

cru. Aproximadamente 7 km da costa foram atingidos pelo produto, causando a morte de

quase 600 mil aves, 2,8 mil lontras e 22 baleias, tendo afetado de forma impactante a região

costeira e áreas de reprodução de salmão, entre outros peixes e moluscos. O acidente com o

Exxon Valdez não é o maior ocorrido na área de petróleo, mas foi o de maior repercussão e

impactos ambientais. Entre as principais repercussões e consequências dessa ocorrência cabe

destacar:

• Os gastos com as operações de limpeza foram da ordem de US$ 2,2 bilhões;

• Levantamentos periciais custaram cerca de US$ 700 milhões;

• US$ 300 milhões foram destinados à indenização de terceiros;

• Cerca de US$ 1 bilhão foi pago em decorrência de condenações criminais promovidas por

autoridades estaduais e federais;

• O comandante do navio, Joseph Hazelwood, foi proibido de navegar por nove meses e

condenado a pagar multas de US$ 1 milhão e prestar mil horas de serviços comunitários;

• A Exxon paga, por decisão judicial, US$ 100 mil mensais ao Governo do Alasca como

indenização por perdas e danos em função do acidente.

Page 45: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

45

Mont Blanc Tunnel

Figura 8 - Acidente em Mont Blanc Tunnel (França e Itália)

Fonte: ABIQUIM (2005)

Em 24 de março de 1999 um grande incêndio ocorreu num caminhão no interior do túnel de

interligação entre a França e Itália. Estima-se que a temperatura no interior do túnel chegou a

atingir uns mil graus Celsius e o resultado foi a morte de 35 pessoas. As operações de

combate ao fogo e resgate de vítimas foram desafiadoras em função das dificuldades de

acesso ao túnel.

Toulouse

Figura 9 - Acidente em Toulouse (França)

Fonte: ABIQUIM (2005)

Uma forte explosão ocorreu no dia 21 de setembro de 2001 na planta industrial de fertilizantes

da AZF (Azote de France), em Toulouse, na França, gerando 31 mortes e mais de 2,4 mil

vítimas. A explosão ocorreu num armazém de estocagem de nitrato de amônio,

provavelmente por um erro operacional que causou uma reação indesejada pela mistura de um

sal clorado com o nitrato de amônio. O impacto da explosão causou a quebra de vidros em

Page 46: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

46

distâncias de aproximadamente 3 km, tendo sido comparada a um pequeno terremoto, na

ordem de 3,4 na Escala Richter.

Lagos

Figura 10 - Acidente em Lagos (Nigéria)

Fonte: ABIQUIM (2005)

Em 27 de janeiro de 2002 ocorreram diversas explosões numa área militar onde havia a

estocagem de grande quantidade de armamentos, na localidade de Lagos na Nigéria. Os

efeitos das explosões chegaram a ser observados até uma distância de 50 km das instalações e

causaram mais de umas mil mortes, tendo sido afetadas mais de 20.000 pessoas. A maioria

dos óbitos registrados se deu em função do pânico gerado na localidade e a total falta de

estrutura para o controle da situação emergencial junto à população.

Prestige

Figura 11 – Acidente com o Prestige (Gibraltar)

Fonte: ABIQUIM (2005)

No dia 13 de novembro de 2002 o navio-tanque Prestige, de origem liberiana, mas

administrado por uma empresa grega, trafegava na rota Letônia — Gilbraltar, quando

enfrentou uma tempestade a 45 km a noroeste da costa espanhola. Após sofrer avarias o navio

adornou a estibordo, em função do alagamento de dois tanques laterais. No dia 17 de

Page 47: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

47

novembro as primeiras manchas de óleo atingiram algumas praias da costa da Espanha, sendo

que no dia 19 a embarcação partiu-se em dois afundando no Oceano Atlântico. Dos 1,1 mil

km da costa da Galícia, na Espanha, aproximadamente 913 km foram atingidos pelo óleo que

vazou do Prestige, impactando cerca 200 praias; estima-se que das 77 mil toneladas a bordo

da embarcação, entre 10 e 20 mil toneladas de óleo tenham vazado. Mais de 20 mil

colaboradores trabalharam nas operações de limpeza da costa, sendo gerados cerca de 150 mil

toneladas de resíduos; além dos impactos ambientais.

Gao Qiao

Figura 12 - Acidente em Gao Qiao (China)

Fonte: ABIQUIM (2005)

Por volta das 10 horas da noite do dia 23 de dezembro de 2003 ocorreu uma explosão num

poço subterrâneo de exploração de gás, no campo Chuandongbei na cidade de Gao Qiao, na

China, resultando no vazamento de gás natural e sulfeto de hidrogênio (gás sulfídrico).

Aproximadamente 18 mil famílias da vizinhança foram afetadas, sendo que ocorreram 243

mortes, 386 vítimas e cerca de 64 mil pessoas foram evacuadas, uma vez que a nuvem tóxica

atingiu uma área de uma aproximadamente 25 km2.

Page 48: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

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Neyshabur

Figura 13 - Acidente em Neyshabur (Irã)

Fonte: ABIQUIM (2005)

Descarrilamento de composição ferroviária ocorrido em 18 de fevereiro de 2004 na cidade de

Neyshabur, no Irã. Diversos vagões-tanques com produtos químicos se incendiaram e

explodiram, causando a morte de 328 pessoas, além de 460 outras vítimas. Entre os produtos

químicos transportados se encontravam enxofre, gasolina e fertilizantes diversos.

2.2.2 Acidentes no Brasil

O quadro a seguir demonstra os acidentes ambientais tecnológicos de vulto e

repercussão no Brasil e descrição sucinta dos danos e impactos registrados.

Data Local Descrição

21/09/1972 Duque de Caxias, RJ Explosão em tanque de GLP causou a morte de 38

trabalhadores.

09/01/1978 São Sebastião, SP Colisão do N/T Brazilian Marina com uma rocha

submersa, vazando 6 mil ton. de óleo.

28/10/1982 Guararema, SP Vazamento de 250 m3 de óleo combustível, após

ruptura de oleoduto.

31/05/1983 Porto Feliz, SP

Colisão de caminhão com tanque de armazenamento

causando vazamento de 400 ton. de resíduos

organoclorados

14/10/1983 Bertioga, SP Vazamento de 2,5 mil ton. de petróleo após ruptura de

um oleoduto.

25/02/1984 Cubatão, SP Ruptura de duto de gasolina seguido de incêndio,

Page 49: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

49

ocasionando 93 óbitos e 500 desabrigados.

Agosto/1984 Bacia de Campos, RJ 37 mortes decorrentes de incêndio em plataforma no

campo de Anchova.

25/01/1985 Cubatão, SP Ruptura de duto de amônia, 6,5 mil pessoas removidas.

11/09/1988 São Bernardo, SP Explosão em depósito de indústria contendo produtos

químicos.

10/10/1991 Santos, SP

Explosão seguida de incêndio devido à queda de raio

em tanque de acrilonitrila em Terminal Marítimo do

Porto de Santos

10/03/1997 Rio de Janeiro, RJ

Ruptura do duto de ligação entre a Refinaria de Duque

de Caxias e o Terminal da Ilha D`Água causa grande

vazamento de petróleo na Baía da Guanabara.

08/09/1998 Araras, SP Tombamento de caminhão-tanque de combustíveis,

seguido de incêndio, causando 55 óbitos.

03/09/1998 Santos, SP

.

Explosão e incêndio, durante o carregamento de

caminhão em Terminal Químico no Porto de Santos.

13/10/1998 São José dos Campos, SP Ruptura de oleoduto causa vazamento de 1mil

toneladas de óleo.

19/04/1999

Santos, SP

Explosão e incêndio durante o carregamento de

caminhão em Terminal Químico no Porto de Santos,

causando a morte do operador.

18/01/2000

Rio de Janeiro, RJ

Ruptura do duto de ligação entre a Refinaria Duque de

Caxias e o Terminal da Ilha D´água causou vazamento

de 1,2 mil ton. de petróleo na Baía da Guanabara.

16/07/2000 Araucária, PR

Ruptura de junta de expansão de tubulação em

refinaria causou vazamento de 4 mil ton. de óleo nos

Rios Barigüi e Iguaçu.

15/03/2001

Campos, RJ

Explosão e afundamento da plataforma P-36. O

resultado foi de 11 vitimas fatais.

15/06/2001 Barueri, SP

Ruptura de duto de GLP causou vazamento de gás. A

Rodovia Castello Branco foi interditada e moradores

foram removidos da região.

18/10/2001 Paranaguá, PR Encalhe do Navio Norma no Porto de Paranaguá

causou vazamento de nafta e uma vítima fatal.

29/03/2003 Cataguazes, MG

Ruptura de barragem de indústria de papel causou

derrame de resíduos químicos que atingiram os Rios

Page 50: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

50

Pomba e Paraíba do Sul nos Estados de Minas Gerais e

Rio de Janeiro.

10/06/2003

Uberaba, MG

Descarrilamento de composição ferroviária com

vagões de combustíveis seguida de incêndio.

15/11/2004

Paranaguá - PR

Explosão e incêndio em navio-tanque durante

carregamento de metanol, ocorrendo também

vazamento de óleo para o mar.

Quadro 1 - Acidentes Ambientais no Brasil

Fonte: ABIQUIM (2005)

O caso do Sargento Fonseca.

Atualmente, com 24 anos de serviço, o 3º Sgt PM Jesus da Silva FONSECA trabalha

como auxiliar do Setor de Justiça e Disciplina do 30º BPM/M em Mauá, mas em 1.994,

quando ainda era Soldado, trabalhava no Centro de Atendimento e Despacho de Viaturas da

4ª Cia do então 10º BPM/M, também em Mauá.

Lembra que em Janeiro ou Fevereiro daquele ano, por volta das 23 horas, recebeu uma

notícia que viaturas do 19º BPM/M, da Zona leste de São Paulo, estavam perseguindo um

caminhão baú, que estava indicado como produto de roubo, vindo pela Avenida Sapopemba,

no Sentido de São Paulo para Ribeirão Pires. Como estava como responsável pelo serviço de

despacho de viaturas acionou as equipes de sua área para auxiliar no acompanhamento do

caminhão. Duas viaturas fizeram um bloqueio, porém não foi suficiente, pois o caminhão

passou entre elas, chocando-se contra ambas e abrindo passagem.

Continuada a fuga, houve troca de tiros onde o baú ficou perfurado e passou a soltar

uma fumaça através dos furos provocados pelas armas dos policiais, onde até carabina calibre

12 foram empregadas. Um pouco mais adiante, próximo do cruzamento da Rua Benedito

Franco da Veiga com a Avenida Sapopemba, junto ao aterro sanitário local ao lado da

empresa Gerdau, outras viaturas fizeram um bloqueio com sucesso.

Dois rapazes que estavam no caminhão conseguiram fugir e policiais que ficaram

próximos do veículo começaram a passar mal e sentir falta de ar. Fonseca solicitou os dados

Page 51: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

51

do painel de segurança do caminhão e ligou para um técnico da empresa petroquímica Solvay

solicitando ajuda.

Até hoje, Fonseca não sabe os riscos do produto, mas não esquece que se tratava de

tolueno de isocianato (sic)1. O técnico da Solvay havia lhe falado que se tratava de um

produto perigoso que poderia causar a morte e lhe passou o telefone de emergência da

ABIQUIM, confirmando-lhe a informação. Fonseca passou a entrar em contato com vários

hospitais da região para saber para onde levar os policiais e avisar seus familiares, tomando

quase uma hora para ajustar leitos para todos os policiais contaminados.

Lembra que no mínimo 9 policiais ficaram internados, todos intoxicados e alguns

perderam a visão temporariamente.

Apesar de seu turno terminar às 7 horas do dia seguinte, ficou até às 09h30min e a

ocorrência ainda não havia se encerrado. Felizmente, depois de algumas semanas, os policiais

que eram do seu Batalhão ficaram sem sequelas, mas não sabe precisar o que ocorreu com os

policiais do 19º BPM/M, porém é certo que nunca esquecerá esta ocorrência.

2.2.3 Locais de risco

Os laboratórios são locais destinados ao estudo experimental dos diversos ramos da

ciência e de aplicação do conhecimento científico, com o objetivo prático de realizar exames,

análises ou preparar medicamentos, realizar exames de substâncias infectocontagiosas e de

tecidos orgânicos e realizar atividades de caráter experimental. Nessas instalações também é

realizada a manipulação de amostras, que podem conter substâncias nocivas à saúde, como

agentes infectocontagiosos (microrganismos patogênicos), tóxicos, a manutenção de culturas

biológicas utilizadas em análises e, também, são armazenados e manipulados produtos

inflamáveis, irritantes, explosivos e corrosivos. Outras atividades realizadas envolvem fontes

térmicas como vapor, estufas, chamas-abertas, gases criogênicos, gases comprimidos e

utilizados equipamentos e instrumentos elétricos que podem gerar descargas elétricas e

centelhas. Os almoxarifados são locais destinados ao depósito de produtos químicos

acondicionados em pequenas embalagens, como frascos de vidro, frascos plásticos, sacos

plásticos, embalagens metálicas e pequeno número de tambores.

Page 52: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

52

Depósitos são locais que se destinam à armazenagem de produtos químicos nos estados

sólido, líquido ou gasoso, na forma de pastas, granulados, flocos etc., os quais, por sua vez,

são acondicionados em vários tipos de embalagens tais como bombonas, caixas de madeira,

caixas de papelão, sacos, diversos, tambores, latas, cilindros, tanques, etc.

As embalagens podem ser agrupadas em contêineres, estrados e pallets. Parques de

estocagem são áreas de armazenamento e transferência de produtos, nas quais se situam

tanques e bombas de transferência. Podem incluir pequenas edificações para atividades

administrativas. Nesse tipo de instalação, os produtos são acondicionados, via de regra, em

tanques ou em elevado número de tambores e bombonas.

Os tanques podem ser elevados (posicionados acima do solo), superficiais (estruturas

apoiadas sobre a superfície do solo), semienterrados (posicionados parcialmente abaixo do

nível do solo) e subterrâneos (instalados sob a superfície do solo). As indústrias são

instalações, que se destinam à geração de produtos químicos, podem envolver o processo de

refino, a manipulação de matérias-primas (substâncias químicas) e outros compostos.

Essas instalações, em geral, são constituídas por sistemas complexos de equipamentos,

tubulações, tanques, vasos, válvulas, bombas, compressores, filtros. Além de processos

produtivos, também poderão ser encontrados laboratórios, almoxarifados, depósitos e grandes

áreas de armazenagem e de estocagem de produtos químicos.

2.2.4 Modais de transporte

O transporte de produtos químicos por via aérea não é frequente. Quando utilizado, os

produtos são acondicionados em recipientes adequados e em embalagens especiais para

reduzir os riscos no transporte. A regulamentação foi estabelecida pela IATA - International

Air Transport Association.

O transporte de produtos químicos por duto vias é realizado por tubulações

desenvolvidas e fabricadas de acordo com normas internacionais de segurança. São

Page 53: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

53

transportados habitualmente gás liquefeito de petróleo, gás natural e petróleo e seus derivados

tais como gasolina, óleo diesel, nafta e outros.

Os oleodutos, gasodutos ou poli dutos são construídos com chapas que recebem

tratamento contra corrosão, e passam por inspeções frequentes com auxílio de modernos

equipamentos e monitoramento à distância. Entre os dispositivos de segurança estão as

válvulas de bloqueio, instaladas em intervalos da tubulação para impedir a passagem de

produtos em caso de anormalidades. Um duto permite que grande quantidade de produto seja

deslocada de maneira segura, diminuindo o tráfego de produtos perigosos por caminhão, trem

ou navio e, em consequência, reduzindo os riscos de acidentes ambientais.

Podem ser aéreos, enterrados, ou submersos na travessia sob corpos d´água. A

Transpetro, subsidiária da Petrobrás, gerencia este tipo de modal em atendimento ao artigo 65

da Lei Federal n º 9.478/97. O transporte de produtos químicos por ferrovias apresenta

frequência baixa em alguns países e média em outros.

A composição é formada por uma ou mais locomotivas que tracionam vagões mistos,

que podem ser vagões tanques e contêineres adaptados para circular sobre trilhos. Cada

tanque transporta um volume médio de 60 mil litros. Os contêineres carregam várias

toneladas de produtos, acondicionados em sacarias, tambores, etc.

O transporte marítimo e fluvial de produtos químicos por mares ou rios é um dos mais

antigos meios de conduzi-los de um lugar para outro. Há navios especialmente construídos

para transportar petróleo e seus derivados (petroleiros), gás liquefeito de petróleo (gaseiros),

produtos químicos a granel (químicos) e também os cargueiros convencionais que

transportam produtos químicos acondicionados em tambores e bombonas, entre outros tipos

de embalagens, ou fracionados em lotes acondicionados em contêineres.

Nos rios do interior do Brasil, é comum o transporte de derivados de petróleo (diesel,

querosene e gasolina) e de substâncias químicas acondicionadas em tambores, em chatas e em

balsas, em sua maioria sem propulsão própria, as quais dependem de rebocadores. As

barcaças responsáveis pelo abastecimento de combustíveis e lubrificantes dos navios nos

portos marítimos e fluviais incluem-se neste item.

Page 54: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

54

Como os navios trafegam e operam em águas territoriais em muitos países, o transporte

de produtos químicos por esse modal está sujeito às convenções internacionais e no Brasil a

regulamentação está afeta à Capitania dos Portos da Marinha do Brasil. O transporte de

produtos químicos por rodovias é o mais comum.

As ocorrências envolvendo veículos, que transportam produtos perigosos, não podem

ser vistas como acidentes rotineiros de trânsito. A simples avaria mecânica de veículo

transportando produto químico em uma via público expõe toda a comunidade circunvizinha a

riscos potenciais significativos.

Por milhares de quilômetros de rodovias circulam centenas de milhares de veículos

automotores, que escoam diariamente grande quantidade de produtos químicos,

acondicionados em diferentes embalagens e estados físicos. Embora, os volumes

transportados não sejam tão significativos, se comparados com os volumes existentes nas

demais instalações ou aqueles transportados por outras formas de distribuição, os riscos são

muito elevados, em virtude da alta possibilidade de ocorrência de acidentes. De modo geral,

na América Latina essa modalidade de transporte é regulamentada pelo Decreto Federal nº

1.797/96 e no Brasil pela Resolução 420/05 da ANTT - Agência Nacional de Transportes

Terrestres.

2.2.5 Pontos de distribuição

Dentre os estabelecimentos comerciais que fazem parte do mercado abastecedor das

comunidades, encontram-se os pontos de distribuição de produtos químicos, com instalações

de vários portes. Os postos de revenda de combustível automotor são estabelecimentos

comerciais que se destinam a abastecer veículos automotores, dotados de tanques de gasolina,

óleo diesel e álcool, com capacidade de armazenagem de 5 mil a 30 mil litros, via de regra,

enterrados no local.

Quando ocorre vazamento, o produto penetra no solo e pode atingir os sistemas

subterrâneos de coleta de esgotos, de drenagem de águas pluviais, cabos e caixas de

distribuição de energia elétrica e de comunicação, poços artesianos, garagens e túneis de

metrô, entre outros. Esses sistemas, quando contaminados por gases ou vapores, apresentam

grande potencial de explosão, com riscos para a comunidade local. (LEAL 2005) Depósitos

Page 55: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

55

de revenda de gás são estabelecimentos comerciais que se destinam a revender botijões e

cilindros de gás, para abastecer atividades industriais, empresas e residências.

Os botijões e cilindros de gás ficam armazenados, na maior parte dos casos, a céu aberto

e em áreas urbanas. Em geral, esses locais armazenam grande quantidade de recipientes, cujos

volumes, somados, colocam em risco a instalação e a comunidade das imediações no caso de

vazamento. As lojas de revenda de fogos de artifício, revenda de tintas e depósitos de

supermercados também merecem atenção, pois normalmente armazenam volumes de

produtos químicos, separados em lotes, para revenda em pequenas quantidades.

O aterro sanitário é uma obra de engenharia criada para acomodar resíduos no solo, no

menor espaço prático possível, sem causar danos ao ambiente ou à saúde pública. Essa técnica

consiste na deposição e compactação dos resíduos no solo, em camadas, as quais são

periodicamente cobertas com terra ou outro material inerte.

Como decorrências da decomposição dos resíduos confinados nos aterros, são gerados

gases, como o gás carbônico e o metano, este último inflamável. Produzidos em grandes

volumes, esses gases podem acumular-se em bolsões na área dos aterros e migrar de forma

descontrolada, pelos taludes e pelas superfícies ou infiltrar-se no solo, podendo atingir redes

subterrâneas públicas de esgoto e de águas pluviais, fossas e poços rasos, causando acidentes.

Locais de descarte clandestino de produtos químicos são locais em vias públicas, áreas

desabitadas, espaços rurais e urbanos onde ocorre o abandono de produtos químicos.

As embalagens ali abandonadas podem conter resíduos de produtos químicos,

resultantes de atividades e sistemas industriais em que os subprodutos dos processamentos,

por descaso dos responsáveis, não são tratados nem dispostos segundo padrões técnicos

adequados.

Os produtos, acondicionados em recipientes como sacos, tambores e bombonas, são

retirados das instalações de origem para serem descartados no meio ambiente. Esse tipo de

ocorrência é de difícil atendimento e causa desgaste às instituições e aos órgãos públicos.

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56

Os produtos ou resíduos descartados são de origem e formulação química desconhecida,

o que dificulta sua classificação para disposição final em local adequado e onera o Município

e o Estado, com o deslocamento de recursos humanos e materiais para solucionar o problema.

2.2.6 Legislação Internacional

A partir dos diversos acidentes de grande porte ocorridos no período pós-guerra, a

ONU, em 1957, criou uma comissão que elaborou uma relação de 2,1 mil produtos químicos

considerados como perigosos e definiu um número de identificação para cada um deles, sendo

adotado pela comunidade internacional.

O Brasil, como um dos signatários daquele organismo internacional, trouxe para o seu

arcabouço legislativo as recomendações e classificações editadas pelo organismo, porém, isso

não ocorreu de forma imediata. Apenas em 1983, a exemplo do que ocorreu com a ONU, após

a ocorrência de dois acidentes marcantes, o do Pó da China no Rio de Janeiro e do incêndio na

composição ferroviária, em Pojuca, Bahia, o Ministério dos Transportes editou o Decreto

Federal nº 88.821/83, que disciplinou o transporte de produtos perigosos, individualizando a

responsabilidade de cada envolvido e estabeleceu suas atribuições.

Em 1988 a legislação foi substituída pelo Decreto n° 96.044, que estabeleceu o

Regulamento para o Transporte Rodoviário de produtos perigosos, sendo regulamentado pela

Portaria n°291, de 31/05/88, também daquele Ministério. Em 05/06/2001 foi publicada a Lei

Federal Nº 10.233/01, passando à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a

atribuição de estabelecer padrões e normas técnicas complementares relativas às operações de

transporte terrestre de produtos perigosos.

Consequentemente, em 12/02/2004 o órgão publicou a Resolução Nº 420/04,

estabelecendo relação de 3,8 mil produtos perigosos e os seus números de identificação ONU,

quantidades isentas, classes de risco, grupos de embalagens e provisões especiais,

substituindo ainda algumas Portarias do Ministério do Transporte. Ao lado desses dispositivos

legais são encontradas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),

registradas no Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

(INMETRO), que são aplicadas para a fiscalização do transporte dos produtos químicos.

Page 57: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

57

Ainda no âmbito federal, em 1996, foi publicado o Decreto n° 1797, que colocou em

execução o ―Acordo de Alcance Parcial para Facilitação do Transporte de produtos

perigosos entre os Países Integrantes do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) firmados

pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Além destes regulamentos, há vasta legislação e

norma a respeito do tema, além de vários projetos e programas prevencionistas.

2.2.7 Estatísticas

Observando-se a Tabela 1, os chamados recebidos pela ABIQUIM voltados para

emergências em si não chegam a 10% das chamadas ―proativa com relação às dúvidas

técnicas ou sobre a legislação, demonstrando a preocupação nacional com o tema.

Acidentes Ambientais Tecnológicos

Relatório de Chamados Recebidos 2014

Telefonemas J

AN

F

EV

M

AR

A

BR

M

AI

J

UN

J

UL

A

GO

S

ET

O

UT

N

OV

D

EZ

A

CUM

Emergências 1

2

2

0

1

7

1

1

1

1

1

5

1

6

1

3 0 0 0 0

11

5

Incidentes

Diversos

5

5

4

6

6

7

4

7

6

0

6

2

7

1

9

9 0 0 0 0

50

7

Técnico 1

77

2

38

1

71

2

25

2

51

2

21

2

82

2

53 0 0 0 0

18

18

Legislação 1

14

1

31

9

4

1

27

1

57

1

14

1

43

1

30 0 0 0 0

10

10

Outros 4

62

6

33

6

19

6

41

6

52

6

41

6

98

5

58 0 0 0 0

49

04

Totais 8

20

1

068

9

68

1

051

1

131

1

053

1

210

1

053 0 0 0 0

83

54

Tabela 1 - Relatório de Chamados Recebidos

Fonte: ABIQUIM

Page 58: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

58

Uma preocupação para o policiamento urbano são os eventos em instalações fixas que

estão em segundo lugar com um histórico nunca menor que 30% do que o rodoviário e muito

distante do 3º lugar, segundo a Tabela 2.

Acidentes Ambientais Tecnológicos

Tabela 2 – Telefonemas Emergenciais e Incidentes diversos

Telefonemas Emergenciais e Incidentes Diversos por Modo de Transporte 2014

TRANSPORTE J

AN

F

EV

M

AR

A

BR

M

AI

J

UN

J

UL

A

GO

S

ET

O

UT

N

OV

D

EZ

A

CUM

Rodoviário 3

6

3

4

6

2

3

5

5

2

4

8

4

7

6

6 0 0 0 0

3

80

Ferroviário 0 0 0 1 1 1 2 1 0 0 0 0 6

Aéreo 1 0 0 1 0 1 1 2 0 0 0 0 6

Marítimo / Fluvial 3 2 3 2 0 1 3 3 0 0 0 0 1

7

Fixo / Outros 2

7

3

0

1

9

1

9

1

8

2

6

3

4

4

0 0 0 0 0

2

13

Totais 6

7

6

6

8

4

5

8

7

1

7

7

8

7

1

12 0 0 0 0

6

22

Tabela 2 - Emergências e incidentes por modal de transporte

Fonte: ABIQUIM

Desde a criação da CETESB, conforme o Gráfico 03 verifica-se um crescente número

de atendimentos a emergências ambientais tecnológicas até 2001, estabilizando-se em pouco

mais de um atendimento por dia a partir de 2002 até 2011.

Page 59: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

59

Gráfico 1 - Distribuição anual das emergências químicas atendidas pela CETESB

Fonte: CETESB (2012)

Entretanto, estes números estão longe do atendimento realizado pela PMESP quando

verificamos que, só em 2014, enquanto a CETESB atendeu 380 acidentes com o modal

Rodoviário, somente o CPRV atendeu 356 e o total da CETESB no mesmo ano que é de 397

o CCB atendeu 1.031, excluindo os atendimentos em cilindros de GLP (Tabelas 3, 5 e 7).

O transporte rodoviário é de longe a atividade que gera mais acidentes ambientais

tecnológicos típicos (Gráfico 2 e Tabela 4), porém a área urbana, como já observada acima,

tem a sua importância, com o agravante que dos atendimentos pela CETESB, 14% são de

produtos não identificados (Gráfico 3)

Gráfico 2 - Emergências químicas atendidas pela CETESB em 2010 classificadas por

atividade geradora registrada

Fonte: CETESB (2010)

Page 60: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

60

Gráfico 3 - Emergências químicas atendidas pela CETESB até 2011 classificadas por

classe de risco

Fonte: CETESB (2012)

Tabela 4 – Atendimentos emergenciais realizados pela CETESB por atividades e

respectivos percentuais relativos ao período de 1978 a 2008 e os anos de 2009 a 2010. Fonte

CETESB (2010)

Page 61: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

61

Na figura 14, vemos um cenário típico de descarte ilegal de produto químico, que pode

passar despercebido pelo patrulheiro desinformado, evento este que é registrado

historicamente pela CETESB pelo menos duas vezes por mês.

Figura 14 - Descarte de químicos na Estrada do Taboão, em Guarulhos

Fonte: CETESB (2007)

No ano de 2.009, verifica-se que a CETESB teve seu pico em atendimento de

emergências em postos de serviços de combustível (Gráfico 5), onde as causas são as mais

diversas, sendo um problema a ser gerenciado é o desconhecimento do motivo, pois é o mais

frequente (Gráfico 6).

Gráfico 5 - Distribuição anual das emergências químicas atendidas pela CETESB em

postos e sistemas retalhistas de combustíveis

Page 62: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

62

Fonte: CETESB (2010)

Gráfico 6 - Distribuição das emergências químicas atendidas pela CETESB em postos e

sistemas retalhistas de combustíveis durante o ano de 2009, classificadas por ―causa da

emergência.

Fonte: CETESB (2010)

Embora seja esperado que em um posto de serviço combustíveis o produto a ser retido

seja óleo, gasolina, álcool ou até GNV, o policial militar tem 22% de chance de não ter o

produto identificado (Gráfico 7), assim toda movimentação em postos de serviço desativados

ou não (figuras 14 e 15) passa a ser um alvo de interesse para o patrulhamento urbano.

Gráfico 7 - Distribuição das emergências químicas atendidas pela CETESB em postos e

sistemas retalhistas de combustíveis classificadas por produto

Fonte: CETESB (2007)

Page 63: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

63

Figura 15 - Acidente em posto revendedor de combustíveis em Diadema

Fonte: CETESB (2007)

Figura 16 - Vazamento em posto desativado no Bairro de Campos Elíseos

Fonte: CETESB (2007)

3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

RESOLUÇÃO Nº 293, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2001 (*)

Correlações:

- Revogada pela Resolução nº 398/08

Dispõem sobre o conteúdo mínimo do Plano de Emergência Individual para incidentes de

poluição por óleos originados em portos organizados, instalações portuárias ou terminais,

dutos, plataformas, bem como suas respectivas instalações de apoio, e orienta a sua

elaboração.

Page 64: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

64

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso da

competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,

regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto na

Lei nº 9.966, de 28 de abril de 2000, e em seu regimento interno, e

Considerando a necessidade de estabelecer estratégias de prevenção e gestão dos impactos

ambientais, gerados no País por portos organizados, instalações portuárias ou terminais, dutos,

plataformas, bem como suas respectivas instalações de apoio;

Considerando os graves incidentes de derramamento de óleo ocorridos no País e a urgência

para o estabelecimento de diretrizes e procedimentos eficazes nas ações de resposta a

incidente de poluição por óleo nos portos organizados, instalações portuárias ou terminais,

dutos, plataformas, bem como suas respectivas instalações de apoio;

Considerando a necessidade de ser estabelecidas diretrizes para elaboração do Plano de

Emergência Individual, previsto na Lei nº 9.966, de 28 de abril de 2000;

Considerando que o Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA é o órgão competente

para propor estratégias, diretrizes e procedimentos complementares para a adequada gestão do

meio ambiente e dos recursos naturais, resolve:

Art. 1º Os portos organizados, instalações portuárias ou terminais, dutos, plataformas, bem

como suas respectivas instalações de apoio deverão dispor de Plano de Emergência

Individual, na forma desta Resolução.

Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:

I - Órgão Ambiental Competente: órgão de proteção e controle ambiental do poder executivo

federal, estadual ou municipal integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA,

responsável pelo licenciamento ambiental das atividades dos portos organizados, instalações

portuárias ou terminais, dutos, plataformas e suas instalações de apoio, bem como pela

fiscalização dessas unidades quanto às exigências previstas no referido licenciamento, no

âmbito de suas competências;

II - Instalação: porto organizado, instalação portuária ou terminal, dutos, plataforma, bem

como suas respectivas instalações de apoio;

III - Terminal de óleo: instalação explorada por pessoa jurídica de direito público ou privado,

dentro ou fora da área do porto organizado, utilizada na movimentação e armazenagem de

óleo;

IV - Porto organizado: porto construído e aparelhado para atender às necessidades da

navegação e da movimentação e armazenagem de mercadorias, concedido ou explorado pela

União, cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição de uma autoridade

portuária;

V - Instalações de apoio: quaisquer instalações ou equipamentos de apoio à execução das

atividades das plataformas ou instalações portuárias de movimentação de cargas a granel, tais

como dutos, monobóias, quadro de bóias para amarração de navios e outras;

VI - Cenário acidental: conjunto de situações e circunstâncias específicas de um incidente de

poluição por óleo;

Page 65: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

65

VII - Óleo: petróleo e seus derivados, incluindo óleo cru, óleo combustível, borra, resíduos de

petróleo, produtos refinados e misturas de água e óleo em qualquer proporção;

VIII - Incidente de poluição por óleo: qualquer descarga de óleo, decorrente de fato ou ação

intencional ou acidental que ocasione dano ou risco de dano ao meio ambiente ou à saúde

humana;

IX - Plano de Emergência Individual: documento, ou conjunto de documentos, que contenha

as informações e descreva os procedimentos de resposta da instalação a um incidente de

poluição por óleo, decorrente de suas atividades;

X - Intemperização: alteração, por processos naturais, das propriedades físico-químicas do

óleo derramado exposto à ação do tempo;

XI - Duto: conjunto de tubulações e acessórios utilizados para o transporte de óleo entre duas

ou mais instalações;

XII - Derramamentos: qualquer forma de liberação de óleo para o ambiente, incluindo o

despejo, escape, vazamento e transbordamento.

XIII - Zona Costeira: espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus

recursos ambientais, abrangendo as seguintes faixas:

a) Faixa Marítima: faixa que se estende mar afora, distando 12 milhas marítimas das Linhas

de Base estabelecidas de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar,

compreendendo a totalidade do Mar Territorial;

b) Faixa Terrestre: faixa do continente formada pelos municípios que sofrem influência direta

dos fenômenos ocorrentes na Zona Costeira, a saber:

1. os municípios defrontantes com o mar, assim considerados em listagem, estabelecida pelo

Instituto Brasileiros de Geografia Estatística-IBGE;

2. os municípios não defrontantes com o mar que se localizem nas regiões metropolitanas

litorâneas;

3. os municípios contíguos às grandes cidades e às capitais estaduais litorâneas, que

apresentem processo de conurbação;

4. os municípios próximos ao litoral, até 50 km da linha de costa, que aloquem, em seu

território, atividades ou infra-estruturas de grande impacto ambiental sobre a Zona Costeira,

ou ecossistemas costeiros de alta relevância;

5. os municípios estuarinos-lagunares, mesmo que não diretamente defrontantes com o mar,

dada a relevância destes ambientes para a dinâmica marítimo-litorânea; e

6. os municípios que, mesmo não defrontantes com o mar, tenham todos seus limites

estabelecidos com os municípios referidos nas alíneas anteriores.

Art. 3º A apresentação do Plano de Emergência Individual dar-se-á por ocasião do

licenciamento ambiental e sua aprovação quando da concessão da Licença de Operação-LO,

da Licença Prévia de Perfuração-LPper e da Licença Prévia de Produção para Pesquisa-

LPpro, quando couber.

Page 66: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

66

§ 1º As instalações existentes em operação, na data de publicação desta Resolução, deverão

adequar seus Planos de Emergência Individuais, na forma estabelecida, para aprovação pelo

órgão ambiental competente, nos seguintes prazos:

I - para terminais de óleo, dutos, plataformas e suas respectivas instalações de apoio, em até

dois anos;

II - para portos organizados e demais instalações portuárias, de acordo com o estabelecido

pelo órgão ambiental competente.

§ 2º Para plataformas de produção de petróleo ou gás natural desabitadas, cujo controle

operacional seja realizado de forma centralizada e remota, deverá ser elaborado um único

Plano de Emergência Individual para o conjunto de plataformas de cada campo, sendo

consideradas, nos procedimentos operacionais de resposta, as especificidades de cada uma das

plataformas em questão.

§ 3º Após sua aprovação será dado conhecimento do plano aos órgãos e entidades pertinentes,

elencados no item 3.2 do Anexo I.

§ 4º O Plano de Emergência Individual, quando de sua apresentação para análise e aprovação

do órgão ambiental competente, deverá ser acompanhado de documento contendo as

informações especificadas no Anexo II desta Resolução.

Art. 4º O Plano de Emergência Individual deverá garantir de imediato, no ato de sua

aprovação, a capacidade da instalação para executar as ações de respostas previstas para

atendimento aos incidentes de poluição por óleo, nos seus diversos tipos, com emprego de

recursos próprios, humanos e materiais, ou, adicionalmente, com recursos de terceiros, por

meio de acordos previamente firmados.

Art. 5º O Plano de Emergência Individual da instalação deverá ser elaborado de acordo com

as seguintes orientações:

I - conforme conteúdo mínimo estabelecido no Anexo I;

II - com base nas informações referenciais estabelecidas no Anexo II;

III - com base nos resultados da análise de risco da instalação;

IV - conforme os critérios de dimensionamento da capacidade mínima de resposta

estabelecida no Anexo III;

V - de forma integrada com o Plano de Área correspondente.

§ 1º No caso de apresentação do Plano de Emergência Individual com a estrutura e/ou

terminologia diferente daquela estabelecida no Anexo I, esse deverá conter tabela indicando a

correspondência entre os tópicos constantes do plano apresentado e aqueles constantes do

referido anexo.

§ 2º No caso de instalações situadas em áreas próximas a áreas sensíveis poderão ser

agregados requisitos especiais ao Plano de Emergência Individual a critério do órgão

ambiental competente.

Art. 6º O Plano de Emergência Individual deverá ser reavaliado pelo empreendedor nas

seguintes situações:

Page 67: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

67

I - quando a atualização da análise de risco recomendar a reavaliação;

II - sempre que a instalação sofrer modificações físicas, operacionais ou organizacionais

capazes de afetar os seus procedimentos ou a sua capacidade de resposta;

III - quando a execução do Plano de Emergência Individual, decorrente do seu acionamento

por incidente ou exercício simulado, recomendar;

IV - em outras situações a critério do órgão ambiental competente.

§ 1º As avaliações previstas no caput deste artigo deverão ser mantidas pelo empreendedor,

devidamente documentadas, pelo menos três anos.

§ 2º Caso a avaliação do Plano de Emergência Individual, a que se refere este artigo, resulte

na necessidade de alteração nos procedimentos e na sua capacidade de resposta, o plano

deverá ser revisto e as alterações deverão ser submetidas à aprovação do órgão ambiental

competente.

Art. 7º O Plano de Emergência Individual e suas alterações serão obrigatoriamente arquivados

nos autos do licenciamento ambiental da instalação, ficando à disposição de qualquer

interessado.

Parágrafo único. Após o término das ações de resposta a um incidente de poluição por óleo,

conforme definido no Plano de Emergência Individual, deverá ser apresentado ao órgão

ambiental competente, em até 30 dias, relatório contendo a análise crítica do seu desempenho.

Art. 8º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação e os seus termos serão

revistos no prazo de cinco anos.

JOSÉ CARLOS CARVALHO

Presidente do Conselho

Conteúdo Mínimo do Plano de Emergência Individual

ANEXO I

O Plano de Emergência Individual deverá ser elaborado de acordo com o seguinte

conteúdo mínimo:

1. Identificação da instalação

2. Cenários acidentais

3. Informações e procedimentos para resposta

3.1. Sistemas de alerta de derramamento de óleo

Page 68: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

68

3.2. Comunicação do incidente

3.3. Estrutura organizacional de resposta

3.4. Equipamentos e materiais de resposta

3.5. Procedimentos operacionais de resposta

3.5.1. Procedimentos para interrupção da descarga de óleo

3.5.2. Procedimentos para contenção do derramamento de óleo

3.5.3. Procedimentos para proteção de áreas vulneráveis

3.5.4. Procedimentos para monitoramento da mancha de óleo derramado

3.5.5. Procedimentos para recolhimento do óleo derramado

3.5.6. Procedimentos para dispersão mecânica e química do óleo derramado

3.5.7. Procedimentos para limpeza das áreas atingidas

3.5.8. Procedimentos para coleta e disposição dos resíduos gerados

3.5.9. Procedimentos para deslocamento dos recursos

3.5.10. Procedimentos para obtenção e atualização de informações relevantes

3.5.11. Procedimentos para registro das ações de resposta

3.5.12. Procedimentos para proteção das populações

3.5.13. Procedimentos para proteção da fauna.

4. Encerramento das operações

5. Mapas, cartas náuticas, plantas, desenhos e fotografias

6. Anexos

1. Identificação da instalação

Nesta seção, deverão constar as seguintes informações básicas sobre a instalação:

a) nome, endereço completo, telefone e fax da instalação;

b) nome, endereço completo, telefone e fax da empresa responsável pela operação da

instalação;

c) nome, endereço completo, telefone e fax do representante legal da instalação;

d) nome, cargo, endereço completo, telefone e fax do coordenador das ações de

resposta;

e) localização em coordenadas geográficas e situação;

f)descrição dos acessos à instalação.

2. Cenários acidentais

Page 69: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

69

Nesta seção, deverá constar a definição dos cenários acidentais com a indicação do

volume do derramamento e do provável comportamento e destino do produto derramado,

conforme Anexo II, seção 2.2.

3. Informações e procedimentos para resposta

Nesta seção, deverão constar todas as informações e procedimentos necessários para

resposta a um incidente de poluição por óleo. As informações e procedimentos deverão estar

organizados de acordo com as seções indicadas abaixo.

3.1. Sistemas de alerta de derramamento de óleo

Nesta seção, deverão estar descritos os procedimentos e equipamentos utilizados para

alerta de derramamento de óleo.

3.2. Comunicação do incidente

Esta seção deverá conter a lista de indivíduos, organizações e instituições oficiais que

devem ser comunicadas no caso de um incidente de poluição por óleo. A lista deverá conter,

além dos nomes, todos os meios de contato previstos, incluindo, conforme o caso, telefone

(comercial, residencial e celular), fax, rádio (prefixo ou freqüência de comunicação), etc. A

comunicação inicial do incidente deverá ser feita ao Órgão Ambiental Competente, à

Capitania dos Portos ou à Capitania Fluvial da jurisdição do incidente e ao órgão regulador da

indústria de petróleo com base no formulário constante do Apêndice 1 deste Anexo.

3.3. Estrutura organizacional de resposta

Nesta seção, deverá constar a estrutura organizacional de resposta a incidente de

poluição por óleo para cada cenário acidental considerado, incluindo pessoal próprio e

contratado. Deverão estar relacionados:

a) funções;

b) atribuições e responsabilidades durante a emergência;

c) tempo máximo estimado para mobilização do pessoal;

d) qualificação técnica dos integrantes para desempenho da função prevista na estrutura

organizacional de resposta.

A estrutura organizacional de resposta deverá estar representada em um organograma

que demonstre as relações entre seus elementos constitutivos. Deverá estar claramente

identificado, dentro da estrutura organizacional, o coordenador das ações de resposta e seu

substituto eventual.

3.4. Equipamentos e materiais de resposta

Page 70: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

70

Nesta seção, deverão estar relacionados os equipamentos e materiais de resposta a

incidentes de poluição por óleo, tais como aqueles destinados à contenção, remoção e

isolamento das áreas vulneráveis, limpeza de áreas atingidas, produtos absorventes e

adsorventes, acondicionamento de resíduos oleosos, veículos (leves e pesados), cuja utilização

está prevista pela instalação. Deverão estar indicados:

a) nome, tipo e características operacionais;

b) quantidade disponível;

c) localização;

d) tempo máximo estimado de deslocamento para o local de utilização;

e) limitações para o uso dos equipamentos e materiais.

A relação deverá conter tanto os equipamentos e materiais pertencentes à instalação

quanto aqueles contratados a terceiros, em particular a organizações prestadoras de serviços

de resposta a incidentes de poluição por óleo. No caso de equipamentos e materiais de

terceiros, deverão estar anexados os contratos e outros documentos legais que comprovem a

disponibilidade dos equipamentos e materiais relacionados.

Deverão também estar listados e quantificados os Equipamentos de Proteção Individual

a serem utilizados por equipe própria da instalação e assegurados os mesmos equipamentos

para equipes contratadas por terceiros, não havendo a necessidade de listar neste caso,

previamente, a relação de pessoal e dos equipamentos a serem utilizados.

3.5. Procedimentos operacionais de resposta

Nesta seção, deverão estar descritos todos os procedimentos de resposta previstos para

controle e limpeza de derramamento de óleo para cada cenário acidental considerado. Na

descrição dos procedimentos, deverão ser levados em consideração os aspectos relacionados à

segurança do pessoal envolvido nas ações de resposta. A descrição dos procedimentos deverá

estar organizada de acordo com as seções seguintes.

3.5.1. Procedimentos para interrupção da descarga de óleo

Deverão estar descritos, para cada cenário discutido na seção 2, os procedimentos

operacionais previstos para interrupção da descarga de óleo.

3.5.2. Procedimentos para contenção do derramamento de óleo

Deverão estar descritos os procedimentos previstos para contenção do derramamento de

óleo ou limitação do espalhamento da mancha de óleo. A descrição dos procedimentos deverá

levar em conta os equipamentos e materiais de resposta relacionados na seção 3.4.

3.5.3. Procedimentos para proteção de áreas vulneráveis

Page 71: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

71

Deverão estar descritos os procedimentos previstos para proteção das áreas identificadas

nos mapas de vulnerabilidade. A descrição dos procedimentos deverá levar em consideração

os equipamentos e materiais de resposta relacionados na seção 3.4, bem como os cenários

acidentais previstos no item 2.

3.5.4. Procedimentos para monitoramento da mancha de óleo derramado

Deverão estar descritos os procedimentos previstos para monitoramento da mancha de

óleo incluindo, conforme o caso:

a) monitoramento visual e por meio de imagens de satélite, fotografias ou outros meios

julgados adequados;

b) coleta de amostras para análise do comportamento da mancha;

c) modelagem matemática.

Também deverão estar descritas a forma e a freqüência de registro das informações

obtidas durante os procedimentos de monitoramento, quanto à área, volume, deslocamento e

degradação da mancha de óleo.

3.5.5. Procedimentos para recolhimento do óleo derramado

Deverão estar descritos os procedimentos previstos para recolhimento do óleo

derramado. A descrição dos procedimentos deverá levar em conta os equipamentos e

materiais de resposta relacionados na seção 3.4.

3.5.6. Procedimentos para dispersão mecânica e química do óleo derramado

Deverão estar descritos os procedimentos previstos para utilização de meios mecânicos

e agentes químicos para dispersão da mancha de óleo. A descrição dos procedimentos deverá

levar em conta os equipamentos e materiais de resposta relacionados na seção 3.4.

3.5.7. Procedimentos para limpeza das áreas atingidas

Deverão estar descritos os procedimentos para limpeza das áreas terrestres - zonas

costeiras, ilhas, margens de rios, lagos, lagoas. - atingidas por óleo, estruturas e instalações da

própria empresa e equipamentos e propriedades de terceiros. Na definição dos procedimentos

deverão ser considerados fatores tais como o tipo de óleo derramado, a geomorfologia e grau

de exposição da área, as condições de circulação d`água, o tipo e a sensibilidade da biota local

e as atividades sócio-econômicas.

3.5.8. Procedimentos para coleta e disposição dos resíduos gerados

Deverão estar descritos os procedimentos previstos para coleta, acondicionamento,

transporte, classificação, descontaminação e disposição provisória (in loco e na instalação) e

Page 72: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

72

definitiva, em áreas previamente autorizadas pelo órgão ambiental competente, dos resíduos

gerados nas operações de controle e limpeza do derramamento, incluindo, conforme o caso:

a) produto recolhido;

b) solo contaminado;

c) materiais e equipamentos contaminados, incluindo equipamentos de proteção

individual;

d) substâncias químicas utilizadas;

e) outros resíduos.

3.5.9. Procedimentos para deslocamento dos recursos

Deverão estar descritos os meios e os procedimentos previstos para o deslocamento dos

recursos humanos e materiais para o local do incidente.

3.5.10. Procedimentos para obtenção e atualização de informações relevantes

Deverão estar descritos os procedimentos previstos para obtenção e atualização das

seguintes informações:

a) informações hidrológicas, meteorológicas e oceanográficas;

b) descrição da forma de impacto (grau de intemperização do óleo, infiltração, aderência

na superfície, fauna e flora atingidas, etc).

3.5.11. Procedimentos para registro das ações de resposta

Deverão estar descritos os procedimentos para registro das ações de resposta visando à

avaliação e revisão do plano e preparação do relatório final.

3.5.12. Procedimentos para proteção de populações

Nos casos em que as análises realizadas identifiquem cenários acidentais que possam

representar risco à segurança de populações, deverão estar descritos procedimentos para a sua

proteção, em consonância com as diretrizes estabelecidas pelo Sistema Nacional de Defesa

Civil-SINDEC.

3.5.13. Procedimentos para proteção da fauna.

Levantamento da fauna existente na região, bem como da fauna migratória e

detalhamento das medidas a serem adotadas para socorro e proteção dos indivíduos atingidos.

4. Encerramento das operações

Deverão constar desta seção:

a) critérios para decisão quanto ao encerramento das operações;

b) procedimentos para desmobilização do pessoal, equipamentos e materiais

empregados nas ações de resposta;

Page 73: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

73

c) procedimentos para ações suplementares.

5. Mapas, cartas náuticas, plantas, desenhos e fotografias

Deverão constar desta seção todos os mapas, cartas náuticas, plantas, desenhos e

fotografias, incluindo obrigatoriamente:

a) planta geral da instalação, em papel ou em formato digital, em escala apropriada,

contendo e identificando, conforme o caso, a localização de:

a.1. tanques, dutos, equipamentos de processo, operações de carga e descarga e outras

fontes potenciais de derramamento;

a.2. sistemas de contenção secundária;

a.3. equipamentos e materiais de resposta a incidentes de poluição por óleo.

b) planta de drenagem da instalação, em papel ou em formato digital, em escala

apropriada, contendo e identificando, conforme o caso:

b.1. principais pontos e linhas de drenagem de água contaminada e água pluvial;

b.2. direções dos fluxos de derramamento de óleo a partir dos pontos de descarga até os

limites da instalação.

c) mapas de vulnerabilidade resultantes da análise realizada de acordo com a seção 3 do

Anexo II.

d) versões em preto e branco dos mapas referidos na letra "c", no tamanho A-4,

contendo obrigatoriamente uma escala gráfica, para possibilitar seu envio via fax, sendo

toleradas simplificações desde que não ocorra prejuízo ao seu conteúdo informativo.

6. Anexos

Nesta seção, deverão estar incluídas informações complementares ao Plano de

Emergência Individual, tais como:

a) licenças ou autorizações para o desempenho de qualquer atividade relacionada às

ações de resposta, conforme regulamentações aplicáveis;

b) documentos legais para recebimento de auxílio nas ações de resposta;

c) informações técnicas, físico-químicas, toxicológicas e de segurança das substâncias;

d) informações sobre recursos e serviços médicos de emergência;

e) glossário de termos;

f) outras informações julgadas relevantes;

Page 74: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

74

ANEXO I - Apêndice 1

COMUNICAÇÃO INICIAL DO INCIDENTE

I - Identificação da instalação que originou o incidente: Nome da

instalação:

( ) Sem condições de informar

II - Data e hora da primeira observação:

Hora: Dia/mês/ano:

III - Data e hora estimadas do incidente:

Hora: Dia/mês/ano:

IV - Localização geográfica do incidente:

Latitude: Longitude:

V - Óleo derramado:

Tipo de óleo: Volume estimado:

VI - Causa provável do incidente:

( ) Sem condições de informar

VII - Situação atual da descarga do óleo:

( ) paralisada

( ) não foi

paralisada

( ) sem

condições de

informar

VIII - Ações iniciais que foram tomadas:

( ) acionado Plano de Emergência Individual;

( ) outras providências:

( ) sem evidência de ação ou providência até o momento.

IX - Data e hora da comunicação:

Hora: Dia/mês/ano:

X - Identificação do comunicante:

Nome completo:

Cargo/emprego/função na instalação:

XI - Outras informações julgadas pertinentes:

ANEXO II

Page 75: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

75

Informações Referenciais para Elaboração do Plano de Emergência Individual

O Plano de Emergência Individual deverá ser apresentado para análise e aprovação do órgão

ambiental competente acompanhado de documento contendo as seguintes informações

referenciais:

1. Introdução

2. Identificação e avaliação dos riscos

2.1. Identificação dos riscos por fonte

2.2. Hipóteses acidentais

2.2.1. Descarga de pior caso

3. Análise de vulnerabilidade

4. Treinamento de pessoal e exercícios de resposta

5. Referências Bibliográficas

6. Responsáveis Técnicos pela elaboração do Plano de Emergência Individual

7. Responsáveis Técnicos pela execução do Plano de Emergência Individual

1. Introdução

Nesta seção, deverá ser apresentado um resumo descritivo das características da

instalação e das principais operações realizadas.

2. Identificação e avaliação dos riscos

Nesta seção, deverão ser identificadas as fontes potenciais e avaliadas as possíveis

consequências de incidentes de poluição por óleo, de acordo com a análise de risco da

instalação.

2.1. Identificação dos riscos por fonte

Deverão estar relacionados todos os tanques, dutos, equipamentos de processo (reator,

filtro, separador, etc), operações de carga e descarga e outras fontes potenciais de

derramamento de óleo associadas à instalação, indicando:

a) no caso de tanques, equipamentos de processo e outros reservatórios:

a.1. identificação do tanque, equipamento ou reservatório;

a.2. tipo de tanque ou reservatório (horizontal, vertical, subterrâneo, teto fixo, teto

flutuante, pressurizado, etc);

a.3. tipos de óleo estocados;

a.4. capacidade máxima de estocagem;

Page 76: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

76

a.5. capacidade de contenção secundária (bacias de contenção, reservatórios de

drenagem, etc);

a.6. data e causas de incidentes anteriores de poluição por óleo

b) no caso de dutos:

b.1. identificação do duto;

b.2. diâmetro e extensão do duto;

b.3. origem e destino do duto;

b.4. tipos de óleo transportados;

b.5. pressão, temperatura e vazão máximas de operação;

b.6. data e causas de incidentes anteriores de poluição por óleo.

c) no caso de operações de carga e descarga:

c.1. tipo de operação (carga ou descarga);

c.2. meio de movimentação envolvido (navio, barcaça, caminhão, trem, outro);

c.3. tipos de óleo transferidos;

c.4. vazão máxima de transferência;

c.5. data e causas de incidentes anteriores de poluição por óleo.

d) no caso de outras fontes potenciais de derramamento:

d.1. tipo de fonte ou operação;

d.2. tipos de óleo envolvidos;

d.3. volume ou vazão envolvidos;

d.4. data e causas de incidentes anteriores de poluição por óleo.

Estas informações deverão ser apresentadas conforme tabelas constantes do Apêndice 1

deste Anexo.

A localização dos tanques, dutos, equipamentos de processo, operações de carga e

descarga e das outras fontes potenciais de derramamento identificadas deve estar indicada em

desenhos, plantas, cartas e mapas, em escala apropriada.

2.2. Hipóteses acidentais

A partir da identificação das fontes potenciais de incidentes de poluição por óleo

realizada na seção 2.1 deste Anexo, deverão ser relacionadas e discutidas as hipóteses

acidentais específicas. Para composição destas hipóteses, deverão ser levadas em

consideração todas as operações desenvolvidas na instalação tais como:

a) estocagem;

b) transferência;

Page 77: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

77

c) processo;

d) manutenção;

e) carga e descarga.

Na discussão das hipóteses acidentais deverão ser considerados:

a) o tipo de óleo derramado;

b) o regime do derramamento (instantâneo ou contínuo);

c) o volume do derramamento;

d) a possibilidade de o óleo atingir a área externa à instalação;

e) as condições meteorológicas e hidrodinâmicas.

2.2.1. Descarga de pior caso

Nesta seção, deverá ser calculado o volume do derramamento correspondente à

descarga de pior caso dentre as hipóteses acidentais definidas na seção 2.2.

O cálculo do volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso deverá

ser realizado com base nos seguintes critérios:

a) no caso de tanques, equipamentos de processo e outros reservatórios:

Vpc > V1

onde:

Vpc > volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso

V1 > capacidade máxima do tanque, equipamento de processo ou reservatório de maior

capacidade (1)

(1) No caso de tanques que operem equalizados, deverá ser considerada a soma da

capacidade máxima dos tanques.

b) no caso de dutos:

Vpc > (T1 + T2) x Q1 + V1

onde:

Vpc > volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso

T1 > tempo estimado para detecção do derramamento

T2 > tempo estimado entre a detecção e a interrupção do derramamento

Q1 > vazão máxima de operação do duto

V1 > volume de óleo restante na seção de duto após a interrupção do derramamento.

c) no caso de plataformas marítimas e sondas terrestres de perfuração exploratória:

Vpc > V1

Page 78: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

78

onde:

Vpc > volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso

V1 > volume diário estimado (1) decorrente da perda de controle do poço x 30 dias

(1) Para estimativa do volume diário decorrente da perda de controle do poço deverão

ser consideradas as características conhecidas do reservatório. Se estas características forem

desconhecidas, devem ser consideradas as características de reservatórios análogos. A

estimativa do volume diário deverá ser acompanhada de justificativa técnica.

d) no caso de plataformas marítimas e sondas terrestres de desenvolvimento:

Vpc > V1

onde:

Vpc > volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso

V1 > volume diário estimado (1) decorrente da perda de controle do poço x 30 dias

(1) Para estimativa do volume diário decorrente da perda de controle do poço deverão

ser consideradas as características conhecidas do reservatório. A estimativa do volume diário

deverá ser acompanhada de justificativa técnica.

e) no caso de plataformas marítimas de produção:

Vpc > V1+ V2 (1)

onde:

Vpc > volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso

V1 > soma da capacidade máxima de todos os tanques de estocagem e tubulações a

bordo

V2 > volume diário estimado (2) decorrente da perda de controle do poço de maior

vazão associado à plataforma x 30 dias

(1) Quando a perda de controle do poço não comprometer a estocagem da plataforma.

(2) A estimativa do volume diário deverá ser acompanhada de justificativa técnica.

f) no caso de instalações terrestres de produção:

Vpc > V1

onde:

Vpc > volume do derramamento correspondente ao cenário de pior caso

V1 > volume diário estimado(1) decorrente da perda de controle do poço de maior

vazão associado à instalação x 30 dias

Page 79: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

79

(1) Para estimativa do volume diário decorrente da perda de controle do poço deverão

ser consideradas as características conhecidas do reservatório. A estimativa do volume diário

deverá ser acompanhada de justificativa técnica.

g) no caso de operações de carga e descarga:

Vpc > (T1 + T2) x Q1

onde:

Vpc > volume do derramamento correspondente à descarga de pior caso

T1 > tempo estimado para detecção do derramamento

T2 > tempo estimado entre a detecção e a interrupção do derramamento

Q1 > vazão máxima de operação.

Nos cálculos acima deverão ser utilizadas unidades do Sistema Internacional (SI).

3. análise de vulnerabilidade

Nesta seção, deverão ser avaliados os efeitos dos incidentes de poluição por óleo sobre a

segurança da vida humana e o meio ambiente nas áreas passíveis de serem atingidas por estes

incidentes. A análise de vulnerabilidade deverá levar em consideração:

a) a probabilidade do óleo atingir determinadas áreas;

b) a sensibilidade destas áreas ao óleo.

A determinação dessas áreas deverá ser realizada a partir das hipóteses acidentais

definidas na seção 2.2, em particular o volume de derramamento correspondente à descarga

de pior caso. As áreas passíveis de serem atingidas deverão ser determinadas por meio:

a) da comparação com incidentes anteriores de poluição por óleo, se aplicável;

b) da utilização de modelos de transporte e dispersão de óleo.

Nas áreas passíveis de serem atingidas por incidentes de poluição por óleo deverá ser

avaliada, conforme o caso, a vulnerabilidade de:

a) pontos de captação de água;

b) áreas residenciais, de recreação e outras concentrações humanas;

c) áreas ecologicamente sensíveis tais como manguezais, bancos de corais, áreas

inundáveis, estuários, locais de desova, nidificação, reprodução, alimentação de espécies

silvestres locais e migratórias, etc.;

d) fauna e flora locais;

e) áreas de importância sócio-econômica;

f) rotas de transporte aquaviário, rodoviário e ferroviário;

Page 80: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

80

g) unidades de conservação, terras indígenas, sítios arqueológicos, áreas tombadas e

comunidades tradicionais.

A análise de vulnerabilidade deverá, sempre que possível, tomar como base as

informações disponíveis em cartas de sensibilidade ambiental para derrames de óleo (Cartas

SAO) elaborados de acordo com especificações e normas técnicas aplicáveis.

A localização das áreas vulneráveis deverá estar indicada em desenhos e mapas, em

escala apropriada, com legendas indicativas.

4. Treinamento de pessoal e exercícios de resposta

Deverão estar relacionados e descritos o conteúdo e a freqüência dos programas de

treinamento de pessoal e de exercícios de resposta a incidentes de poluição por óleo,

incluindo, conforme o caso:

a) exercícios de comunicações;

b) exercícios de planejamento;

c) exercícios de mobilização de recursos;

d) exercícios completos de resposta.

5. Referências Bibliográficas

Deverão estar relacionadas referências bibliográficas porventura utilizadas.

6. Responsáveis Técnicos pela elaboração do Plano de Emergência Individual

Deverão estar relacionadas os responsáveis técnicos pela elaboração do Plano de

Emergência Individual.

7. Responsáveis Técnicos pela execução do Plano de Emergência Individual

Deverão estar relacionados os responsáveis técnicos pela execução do Plano de

Emergência Individual.

Page 81: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

81

ANEXO II - Apêndice 1

a) No caso de tanques, equipamentos de processo e outros reservatórios:

Identificação do

tanque,

equipamento ou

reservatório

Tipo de tanque,

equipamento ou

reservatório

Tipos de

óleo

estocados

Capacidade

máxima de

estocagem

Capacidade de

contenção

secundária

Data e

causas de

incidentes

anteriores

b) No caso de dutos:

Identificação

do duto

Diâmetro

do duto

Tipos de óleo

transportados

Pressão

máxima

de

operação

Temperatura

máxima de

operação

Vazão

máxima

de

operação

Data e

causas de

incidentes

anteriores

c) No caso de operações de carga e descarga:

Tipo de

operação

Tipos de óleo

transferidos

Vazão máxima de

transferência

Data e causas de incidentes

anteriores

d) No caso de outras fontes potenciais de derramamento:

Tipo de fonte ou

operação

Tipos de óleo

envolvidos

Volume ou vazão

envolvidos

Data e causas de incidentes

anteriores

Page 82: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

82

ANEXO III

Critérios para o Dimensionamento da Capacidade Mínima de Resposta

1. Dimensionamento da capacidade de resposta

2. Capacidade de resposta

2.1. Barreiras flutuantes (para todas as instalações, exceto plataformas offshore)

2.2. Recolhedores

2.3. Dispersantes químicos

2.4. Dispersão mecânica

2.5. Armazenamento temporário

2.6. Absorventes

3. Recursos materiais para plataformas

1. Dimensionamento da capacidade de resposta

Para dimensionamento da capacidade de resposta da instalação deverão ser observadas

as estratégias de resposta estabelecidas para os incidentes identificados nos cenários

acidentais definidos conforme a seção 2 do Anexo I.

2. Capacidade de resposta

A capacidade de resposta da instalação deverá ser assegurada por meio de recursos

próprios ou de terceiros provenientes de acordos previamente firmados, obedecidos os

critérios de descargas pequenas (8 m3) e médias (até 200 m3) e de pior caso definidos a

seguir. O Plano de Emergência Individual pode assumir, com base nesses critérios, estruturas

e estratégias específicas para cada situação de descarga, conforme os cenários acidentais

estabelecidos e seus requerimentos.

2.1. Barreiras flutuantes (para todas as instalações, exceto plataformas offshore)

Page 83: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

83

As barreiras flutuantes deverão ser dimensionadas em função dos cenários acidentais

previstos e das estratégias de resposta estabelecidas, obedecidos aos seguintes critérios:

Estratégia Quantidade mínima

Cerco completo da embarcação ou da

fonte de derramamento

3 x comprimento da embarcação ou da fonte de

derramamento, em metros

Contenção da mancha de óleo 3 x largura da mancha de óleo, em metros

Proteção de corpos d`água

O maior valor, até o máximo de 350 (trezentos e

cinqüenta) metros de barreira, entre:

- 3,5 x largura do corpo d`água, em metros; ou

- (1,5 + velocidade máxima da corrente em nós) x

largura do corpo d`água, em metros.

2.2 Recolhedores

O cálculo da capacidade de recolhimento deverá obedecer aos seguintes critérios para

descargas pequenas e médias:

Descargas Pequenas (dp) e Médias (dm)

Volume

Tempo para Disponibilidade de Recursos no

Local da Ocorrência da Descarga

Capacidade

Efetiva Diária de

Recolhimento de

Óleo (CEDRO)

Vdp igual ao menor

destes 2 volumes: Vdp

> 8 m³ ou Vdp >

Volume da descarga de

pior caso onde: Vdp >

volume de descarga

pequena

Tdp < a 2 horas onde: Tdp é o tempo para

disponibilidade de recursos próprios da

instalação para resposta à descarga pequena

CEDROdp > Vdp

Vdm igual ao menor Tdm < a 6 horas onde: Tdm é o tempo para CEDROdm > 0,5 x

Page 84: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

84

destes 2 volumes: Vdm

> 200 m³ ou Vdm >

10% do volume da

descarga de pior caso

onde: Vdm > volume

de descarga média

disponibilidade de recursos próprios da

instalação ou de terceiros provenientes de

acordos previamente firmados para resposta à

descarga média, sendo que esse tempo poderá

ser ampliado, a partir de justificava técnica,

desde que aceita pelo órgão ambiental

competente

Vdm

No caso de plataforma offshore, a dispersão química e/ou a mecânica poderão compor a

estrutura de resposta da instalação, a partir de justificativa técnica, desde que aceita pelo

órgão ambiental competente, o que poderá alterar o valor a ser requerido para as CEDROdm,

Tdm e CEDROdp, Tdp.

Para a situação de descarga de pior caso, as respostas devem ser planejadas e tomadas

de forma escalonada, conforme a tabela a abaixo, onde os valores da Capacidade Efetiva

Diária de Recolhimento de Óleo (CEDRO) se referem à capacidade total disponível no tempo

especificado:

Descarga de Pior Caso (dpc)

NIVEL

1

TN1 onde: TN1 é o tempo máximo para a

disponibilidade de recursos próprios da

instalação ou de terceiros, provenientes de

acordos previamente firmados para resposta à

descarga de pior caso.

TN1 > 12 horas

CEDRO

Zona Costeira: CEDROdpc1 >

2.400 m3/dia Rios e canais:

CEDROdpc1 > 320 m3 /dia

Outros: CEDROdpc1 > 1.600 m3

/dia

NIVEL

2

TN2 onde: TN2 é o tempo máximo para a

disponibilidade de recursos próprios da TN2 > 36 horas

Page 85: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

85

instalação ou de terceiros, provenientes de

acordos previamente firmados para resposta à

descarga de pior caso.

CEDRO

Zona Costeira: CEDROdpc2 >

4.800 m3/dia Rios e canais:

CEDROdpc2 > 640 m3 /dia

Outros: CEDROdpc2 > 3.200

m3/dia

NIVEL

3

TN3 onde: TN3 é o tempo máximo para a

disponibilidade de recursos próprios da

instalação ou de terceiros, provenientes de

acordos previamente firmados para resposta à

descarga de pior caso.

TN3 > 60 horas

CEDRO

Zona Costeira: CEDROdpc3 >

8.000 m3/dia Rios e canais:

CEDROdpc3 > 1.140 m3 /dia

Outros: CEDROdpc3 > 6.400

m3/dia

a) No caso de plataforma offshore, a dispersão química e/ou a mecânica poderão compor a

estrutura de resposta da instalação, a partir de justificativa técnica, desde que aceita pelo

órgão ambiental competente, o que poderá alterar o valor a ser requerido para a CEDROdpc.

b) No caso de rios e canais, em função da distância do local da ocorrência da descarga, o valor

a ser requerido para a CEDROdpc poderá ser alterado, a partir de justificativa técnica, desde

que aceita pelo órgão ambiental competente.

c) Nos casos em que o volume da descarga de pior caso (Vpc) for menor que o somatório (S)

dos volumes de recolhimento dos três níveis apresentados na tabela anterior, o cálculo da

capacidade de recolhimento deverá obedecer aos seguintes critérios:

Page 86: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

86

Ocorrência da Descarga de Pior Caso S (m3)

Zona Costeira < 15.200

Rios e Canais < 2.100

Outros < 11.200

Tempo (TN) CEDROdpc

TN1 > 12 horas CEDROdpc1 > 0,15 x Vpc

TN2 > 36 horas CEDROdpc2 > 0,30 x Vpc

TN3 > 60 horas CEDROdpc3 > 0,55 x Vpc

d) O cálculo para estabelecimento de equipamentos relacionados à Capacidade Efetiva Diária

de Recolhimento de Óleo (CEDRO) deverá obedecer à seguinte fórmula:

CEDRO > 24 . CN . m

onde:

CN > capacidade nominal

m = fator de eficácia, onde m máximo = 0,20

A CEDRO, para estabelecimento de equipamentos, poderá ter outra formulação, a partir

de justificativa técnica, desde que aceita pelo órgão ambiental competente.

2.3. Dispersantes químicos

O volume de dispersante químico disponível deverá ser equivalente a 5% do volume do

óleo a ser disperso, devendo a sua aplicação atender às determinações da Resolução do

Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA nº 269, de 14 de setembro de 2000.

2.4. Dispersão mecânica

No caso da opção de dispersão mecânica deverá ser apresentadas ao órgão ambiental

competente justificativa do dimensionamento da quantidade de equipamentos e/ou

embarcações a serem utilizados e o tempo para disponibilidade desses recursos.

Page 87: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

87

2.5. Armazenamento temporário

A capacidade de armazenamento temporário do óleo recolhido deverá ser equivalente a

três horas de operação do recolhedor.

2.6. Absorventes

Os absorventes utilizados para limpeza final da área do derramamento, para os locais

inacessíveis aos recolhedores e, em alguns casos, para proteção de litorais vulneráveis em sua

extensão ou outras áreas especiais deverão ser quantificados obedecendo-se o seguinte

critério:

a) barreiras absorventes: o mesmo comprimento das barreiras utilizadas para a

contenção;

b) mantas absorventes: em quantidade equivalente ao comprimento das barreiras

utilizadas para contenção.

3. Recursos materiais para plataformas

As plataformas deverão estar equipadas com o conjunto de equipamentos e materiais

estabelecidos inerentes ao Plano de Emergência de Navios para Poluição por Óleo

("Shipboard Oil Pollution Emergency Plan-SOPEP", em inglês), conforme definido na

Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios, concluída em

Londres, em 2 de novembro de 1973, seu Protocolo, concluído em Londres, em 17 de

fevereiro de 1998, suas Emendas de 1984 e seus anexos Operacionais III, IV e V, promulgada

no Brasil por meio do Decreto nº 2.508, de 4 de março de 1998.

Republicada por ter saído com incorreção, do original, no D.O.U. de 27-2-2002, Seção

1, págs. 128 a 133.

Publicada DOU 29/04/2002

DECRETO Nº 5.098, DE 3 DE JUNHO DE 2004.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84,

inciso VI, alínea “a”, da Constituição, e

Considerando as referências da Constituição ao papel do poder público e da sociedade,

no que diz respeito às medidas de prevenção de proteção à saúde humana e ai meio ambiente;

Page 88: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

88

Considerando o disposto no art. 5º da Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981, sobre a

Política Nacional de Meio Ambiente, determinando que as diretrizes da referida Política

sejam elaboradas sob a forma de normas e planos;

Considerando os compromissos internacionais decorrentes da assinatura ou ratificação

mediante decretos legislativos, de instrumentos que tratam do controle de produtos e resíduos

químicos, tais como a Convenção de Roterdã sobre o Procedimento de Consentimento Prévio

Informado para o Comércio Internacional de Certas Substâncias Químicas a Agrotóxicos

Perigosos, a Convenção de Estolcolmo sobre os Poluentes Orgânicos Persistentes e a

Convenção de Brasília sobre os Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos;

Considerando as declarações e textos como a Agenda 21 da Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-1992), que trata em seus Capítulos

19 e 20, respectivamente, da gestão ambientalmente segura e prevenção de tráfico ilícito de

produtos químicos tóxicos e também dos resíduos tóxicos, e o Plano de Implementação da

Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Joanesburgo-2002), que determinou a

elaboração da Abordagem Estratégica para a Gestão Internacional de Substâncias Químicas;

Considerando as diretrizes do Plano Plurianual 2004/2007, que incluem entre os seus

objetivos e promoção da prevenção e redução de riscos e a mitigação de impactos decorrentes

de acidentes e emergências ambientais relacionadas às atividades químicas que podem

ocasionar contaminação ao homem e ao meio ambiente;

DECRETA:

Art. 1º Fica criado o Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a

Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos – P2R2, com o objetivo de

prevenir a ocorrência de acidentes com produtos químicos perigosos e aprimorar o sistema de

preparação e resposta a emergências químicas no País.

Parágrafo único. O P2R2 será constituído de ações, atividades e projetos a serem

formulados e executados de forma participativa e integrada pelos governos federal, distrital,

estaduais e municipais e pela sociedade civil, e observará os princípios, diretrizes estratégicas

e organização definidos neste Decreto.

Art. 2º São princípios orientadores do P2R2, aqueles reconhecidos como princípios

gerais do direito ambiental brasileiro, tais como:

Page 89: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

89

I – princípio da informação;

II – princípio da participação;

III – princípio da prevenção;

IV – princípio da precaução;

V – princípio da reparação; e

VI – princípio do poluidor-pagador.

Art. 3º São diretrizes estratégicas do P2R2:

I – elaboração e constante atualização de planejamento preventivo que evite a

ocorrência de acidentes com produtos químicos perigosos;

II – identificação dos aspectos legais e organizacionais pertinentes e tais ocorrências:

III – criação e operação de estrutura organizacional adequada ao cumprimento das

metas e dos objetivos estabelecidos no P2R2;

IV – estimulo à adoção de soluções inovadoras que assegurem a plena integração de

esforços entre o poder público e a sociedade civil, especialmente ao âmbito dos Estados e

Municípios;

V – definição das responsabilidades respectivas do poder publico e dos setores privados

em casos de acidentes com produtos químicos perigosos, e dos compromissos a serem

assumidos pelas partes de proteger o meio ambiente e a saúde da população;

VI – desenvolvimento e implementação de sistemas de geração e compilação de

informações essenciais à execução eficaz do P2R2, integrando as ações de controle

(licenciamento e fiscalização) e de atendimento a emergências, com as atividades de

produção, armazenamento, transporte e manipulação de produtos químicos perigosos, bem

como assegurado ao cidadão o acesso à informação sobre os riscos de acidentes com produtos

químicos perigosos;

VII – mobilização de recursos humanos e financeiros apropriados e suficientes para

assegurar os níveis de desempenho estabelecidos pelo P2R2;

VIII – fortalecimento da capacidade de gestão ambiental integrada dos órgãos e

instituições públicas ao âmbito federal, distrital, estadual e municipal, para o desenvolvimento

de planos de ações conjuntas, ao atendimento a situações emergenciais envolvendo produtos

químicos perigosos, estabelecendo seus níveis de competência e otimizando a suficiência de

recursos financeiros, humanos ou materiais, nos sentido de ampliar a capacidade de resposta;

e

Page 90: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

90

IX – aperfeiçoamento contínuo do P2R2 por meio de processo sistemático de auditoria e

avaliação do desempenho e da revisão periódica das diretrizes, dos objetivos e das metas.

Art. 4º A estrutura organizacional incumbida de formular e supervisionar a execução do

P2R2, compreendendo os projetos e as ações de prevenção, preparação e resposta rápida a

acidentes ambientais com produtos químicos perigosos nos âmbitos federal, distrital e

estadual, bem como a articulação e proposição de parcerias com órgãos públicos e entidades

privadas afins, com as vistas à sua implementação, constará, basicamente, na Comissão

Nacional do P2R2 (CN – P2R2) e de Comissões Estaduais e Distritais do P2R2 (CE – P2R2 e

DC – P2R2).

Parágrafo único – A critério das autoridades estaduais e distritais, as CE – P2R2 e CD –

P2R2 poderão ser substituídas por estruturas equivalentes, desde que formalmente

constituídas.

Art. 5º A CN – P2R2 terá a seguinte composição:

I – um representante de cada Ministério a seguir indicado:

a) do Meio Ambiente, que coordenará:

b) da Integração Nacional;

c) da Saúde;

d) de Minas e Energias;

e) do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;

f) do Trabalho e Emprego;

g) dos Transportes; e

h) da Justiça

II – cinco representantes de cada instituição a seguir indicada:

a) Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Meio Ambiente – ABEMA; e

b) Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente – ANAMMA;

III – dos representantes de organizações não governamentais e do setor privado.

§ 1º Os representantes de que tratam os incisos I e II, e seus respectivos suplentes, serão

indicados pelos titulares dos Ministérios e instituições representados.

§ 2º Os representantes de que trata o inciso III, e seus respectivos suplentes, serão

indicados pelos segmentos representados.

Page 91: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

91

§ 3º Os representantes de que tratam os incisos I e III, e seus respectivos suplentes serão

designados pelo Ministério de Estado do Meio Ambiente.

§ 4º A CN – P2R2 contará com uma secretaria-executiva e poderá constituir grupos de

apoio e emergências e de preparação a resposta, bem assim comitês técnicos para finalidades

específicas.

Art. 6º Compete à CN – P2R2:

I – zelar pela observância dos princípios e assegurar o cumprimento do objetivo geral e

das diretrizes estratégicas do P2R2;

II – articular e propor parcerias com órgãos públicos e entidades privadas afins, visando

à implementação do P2R2;

III – identificar as oportunidades e estimular o aperfeiçoamento dos instrumentos de

gestão do P2R2;

IV – proceder à análise de acidentes em conjunto com outras entidades, quando julgar

necessário;

V – promover o desenvolvimento, implantação, atualização, padronização e acesso ao

sistema de informações do P2R2 e apoiar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nesse

sentido;

VI – divulgar e disseminar informações relativas ao P2R2, seus objetivos, diretrizes e

organização;

VII – mobilizar os recursos humanos e financeiros de suporte ao plano, visando

garantira implantação e manutenção do P2R2;

VIII – incentivar a criação de Comissões Estaduais e Distrital e colaborar com elas na

implementação do P2R2;

IX – apoiar as CE – P2R2, CD – P2R2 e entidades municipais mediante solicitação

dessas na ocorrência de acidentes de maior gravidade;

X – elaborar o seu regimento interno e unidades vinculadas.

Art. 7º A participação nas atividades das CN – P2R2 será considerada função relevante,

não remunerada.

Art. 8º Poderão ser convidados a participar das reuniões da CN – P2R2 representantes

de órgãos públicos e entidades privadas afins.

Parágrafo único. As despesas decorrentes do desempenho da função de membros na CN

– P2R2 correrão à conta das dotações dos Ministérios, instituições e segmentos representados.

Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Page 92: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

92

Brasília, 3 de junho de 2004; 183º da Independência e 116º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Marina Silva

3.1 PLANOS DE ATENDIMENTO A EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS.

3.1.2 Plano de Ação de Emergência – PAE

Estabelecer procedimentos técnicos e administrativos a serem adotados em situações

emergenciais na região;

Promover as medidas básicas para restringir os danos a uma área previamente dimensionada,

a fim de evitar que os impactos ultrapassem os limites de segurança preestabelecidos;

Indicar as ações que visam evitar impactos e as que podem contribuir para agravá-los;

Ser um instrumento prático, de respostas rápidas e eficazes em situações de emergência;

Definir, de forma clara e objetiva, as atribuições e responsabilidades dos envolvidos.

Explicação sobre os principais termos técnicos utilizados.

Descrição dos segmentos e instalações existentes e dos adensamentos populacionais do

entorno, aspectos de uso e ocupação e proximidades a áreas ambientais vulneráveis.

Área de abrangência do plano:

Local e área — regional, municipal, estadual ou federal.

Hipóteses acidentais

Descrição das áreas onde podem ocorrer acidentes ou desenvolver-se a atividade

emergencial.

Exemplos de acidentes:

Tipos de acidentes e conseqüências esperadas em cada hipótese acidental considerada, com os

impactos em áreas vulneráveis na região.

Estrutura organizacional:

Page 93: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

93

Organograma com a apresentação esquemática da estrutura organizacional do plano,

coordenação, grupos de trabalho e equipes;

Fluxograma 1 – Acionamento do Plano de Ação de Emergência – PAE Vazamento em

Page 94: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

94

3.2 Plano de Emergência Individual – PEI

Podemos dividir a implantação dos planos de contingência no Brasil em duas fases, antes e

depois de 2000. Antes de 2000, os planos eram solicitados por alguns órgãos ambientais sem

que houvesse um padrão de referência nacional a ser seguido. Após os vazamentos de óleo

ocorridos em janeiro de 2000 na Baia da Guanabara (RJ) e no Rio Iguaçu (PR) em julho do

mesmo ano, acarretando sérios impactos ecológicos e socioeconômicos, com significativa

repercussão na mídia, foi aprovada a Lei Federal No 9.966 de 28/04/2000, baseada no

conteúdo da OPRC 90 (Convenção Internacional sobre preparo, resposta e cooperação em

casos de poluição por óleo) , criando assim o primeiro instrumento legal para exigência dos

planos de contingência no país. Tal plano tem por objetivo principal a atuação imediata e

eficaz de empreendimentos que sejam poluidores em potencial, no caso de acidentes de

vazamentos ou derramamentos de substâncias oleosas em corpos de água.

Legislações e Normas a Serem Atendidas:

-Decreto Federal 9966 de 28.04.2000 (Lei do óleo e substâncias nocivas

movimentadas em portos...)

- CONAMA 398/08 de 11.06.2008 (PEI)

- Decreto Federal 4871 de 06.11.2003 – PA (plano de área)

- LO GCA/SAIA/Nº 357/06 – IEMA – condicionante 08 (Realizar dois

simulados anuais de combate aos derramamentos de óleo no mar

em conformidade com o decreto federal 9966/00 e resolução

CONAMA 398/09).

- ISO 14001

Tipos de Emergências:

Derramamentos ou Descarga: qualquer forma de liberação de óleo ou mistura oleosa em

desacordo com a legislação vigente para o ambiente, incluído o despejo, escape, vazamento e

transbordamento.

Page 95: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

95

- Emergência: são ocorrências anormais, que fogem ao controle de um processo, sistema ou

atividade da qual possam resultar em danos iminentes, ao meio ambiente, à imagem da

empresa e ao patrimônio, que exigem ação corretiva imediata.

- Emergência de Nível Um – São aquelas provocadas por derrames de pequeno porte que

podem ocorrer nas Instalações do terminal ou em suas proximidades, decorrentes de suas

próprias atividades e que possa ser combatida ou neutralizada com os recursos disponíveis do

PEI.

- Emergência de Nível Dois - São aquelas provocadas por derrames de médio porte que

podem ocorrer nas Instalações do terminal ou em suas proximidades, decorrentes de suas

próprias atividades e que demande a mobilização de recursos disponíveis na região ou Plano

de Área da região PA.

- Emergência de Nível Três - São aquelas provocadas por derrames de grande porte que

podem ocorrer nas Instalações do terminal ou em suas proximidades, decorrentes de suas

próprias atividades e que exigirá importantes recursos e apoio de uma cooperativa nacional ou

internacional.

4 CENTROS DE DEFESA AMBIENTAL

A Petrobras, seguindo os mais modernos padrões internacionais, instalou no país nove

CDAs (Centro de Defesa Ambiental), cujo objetivo é assegurar máxima proteção a suas

unidades operacionais em caso de emergência.

Figura 16 - Plataforma

Fonte: Petrobras

Page 96: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

96

Rapidez e eficácia no combate a emergências.

A Petrobras, seguindo os mais modernos padrões internacionais, instalou no país nove CDAs

(Centro de Defesa Ambiental), cujo objetivo é assegurar máxima proteção a suas unidades

operacionais em caso de emergência. Localizados em pontos estratégicos de operação da

empresa (ver mapa), os CDAs cumprem uma função de apoio. Ou seja, complementam os

planos de contingência locais já existentes nos terminais, refinarias e demais unidades de

negócio e de serviço da Companhia.

Ao mesmo tempo, os CDAs representam substancial reforço para os planos de contingência

regionais da Petrobras. Devido à sua proximidade do Aeroporto de Guarulhos, o maior do

país, o CDA de São Paulo pode dar suporte, quando necessário, aos demais CDAs,

aumentando ainda mais a capacidade de resposta da empresa em caso de acidentes.

Treinamentos, simulados e mapas de sensibilidade

Todos os CDAs estão equipados com barcos recolhedores, balsas, dispersantes químicos,

agentes bioremediadores e até 20 mil metros lineares de barreiras de contenção e absorção de

óleo, que podem rapidamente ser deslocados para combater emergências em qualquer parte do

país. Em média, cada CDA é operado por 20 profissionais treinados e que, se necessário,

podem comandar até 1.000 pessoas numa operação.

Além disso, através da análise de comportamento de marés, ventos, correntezas e da

sensibilidade ambiental (mapas de sensibilidade) os CDAs estão em constante

desenvolvimento, de modo a abreviar ao máximo o tempo de resposta e os impactos

ambientais decorrentes de acidentes. Os CDAs realizarão, periodicamente, exercícios

simulados de vazamento de óleo, visando aprimorar a integração de todos os envolvidos nos

planos de contingência.

Page 97: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

97

Figura 17 - Treinamento

Fonte: Petrobras

Entre em contato com os Centros de Defesa Ambiental em todo o Brasil.

Telefones - 24 horas

Amazônia - (92) 616.4128

Maranhão - (98) 217.3300

Rio Grande do Norte - (84) 235.5555

Bahia - (71) 642.3344

Centro-Oeste - (62) 206.8743

Bacia de Campos - (22) 2773. 6411

Rio de Janeiro - (21) 2677. 2002

São Paulo - (11) 6460.5812

Sul - (47) 341.3590

Alpina Briggs – 08007039133

5 NOÇÕES DE TOXICOLOGIA

Toxicidade é a característica de uma molécula química ou de um composto em produzir

uma doença, uma vez que alcança um ponto suscetível dentro ou na superfície do corpo.

Perigo toxicológico é a probabilidade que a doença pode ser causada em razão da

maneira pela qual esteja sendo utilizada a substância. Em termos simples, toxicologia pode

ser definida como a ciência da ação de venenos em organismos vivos.

Page 98: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

98

Toxicologia Industrial é relacionada com o organismo humano e consequentemente está

coligada ao campo da medicina. Desde que a medicina não pode ser considerada uma ciência

exata como a química, física ou matemática, o fenômeno da toxicologia não pode sempre ser

previsto com precisão ou explicado com base nas leis da física ou química.

Este fato que não pode ser previsto, frequentemente reduz as conclusões e decisões para

opinião melhor do fato. Genericamente falando, Toxicologia Industrial é relacionada com os

efeitos de substâncias que penetram em alguma parte do corpo humano. O veneno pode ser

considerado como substância que causa danos para os tecidos vivos, quando aplicados em

doses relativamente pequenas.

Não é sempre fácil fazer uma distinção entre substâncias venenosas e não venenosas. A

consideração mais importante quando definimos o termo veneno, é relacionar a quantidade ou

dosagem a partir da qual o produto se torna perigoso. Certas substâncias podem causar danos

quando aplicadas diretamente sobre a pele. Entre os fatores que são relacionados com

dosagem efetiva, os mais importantes são:

(1) Quantidade ou concentração do material;

(2) Duração da exposição;

(3) Estado de dispersão (tamanho da partícula ou estado físico, por exemplo: pó, fumos,

gás, etc.);

(4) Afinidade ao tecido do corpo humano;

(5) Solubilidade nos fluidos dos tecidos humanos;

(6) Sensibilidade dos órgãos ou tecidos do corpo humano.

Obviamente existem possibilidades de grandes variações em qualquer um destes fatores.

Por causa da escassez de informações toxicológicas de muitos compostos químicos utilizados

na indústria, existe frequentemente uma tendência em assumir que compostos que possuem

características químicas próximas, terão propriedades tóxicas similares.

Enquanto isto pode ser verdade para um número limitado de substâncias, este fato não

pode significar uma verdade universal. Muitos produtos químicos quando absorvidos pelo

corpo sofrem uma série de mudanças (processos de desintoxicação) antes de serem

Page 99: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

99

excretados. Os produtos intermediários dependerão grandemente da estrutura química do

material original, e pequenas diferenças na estrutura podem resultar produtos intermediários

ou finais totalmente diferentes.

Este princípio é muito bem ilustrado no caso do benzeno e tolueno; estes produtos são

quimicamente muitos próximos, mas os metabolismos são diferentes e o grau de toxicidade é

também muito diferente. ―Toxicologia por analogia‖ pode ser muito perigosa e enganosa. No

sentido fisiológico, um material é tido como absorvido somente quando ele tenha ganhado

entrada na corrente sanguínea e consequentemente tenha sido carregado para todas as partes

do corpo.

Algo que foi engolido e que é posteriormente excretado mais ou menos sem mudanças

nas fezes não foi necessariamente absorvido, mesmo que possa ter permanecido no sistema

gastrointestinal por horas ou mesmo dias. A Toxicologia Industrial se refere primeiramente

com três rotas de absorção ou portas de entrada que os materiais podem utilizar para atingir a

corrente sanguínea: a pele, o trato gastrointestinal e os pulmões. Uma quarta via seria

diretamente na corrente sanguínea.

Absorção através da pele, ou absorção cutânea: Antes da introdução de métodos

modernos de tratamento da sífilis, uma parte do padrão de terapia consistia no tratamento com

mercúrio. A efetividade dependia do fato que certas formas de mercúrio poderem ser

absorvidas através da pele intacta.

Agora é reconhecido que absorção pela pele pode ser um fator significante em

envenenamento ocupacional por mercúrio, bem como, um número de outras doenças

industriais. No caso de metais além do mercúrio, entretanto, a entrada através da pele é

relativamente sem importância, exceto para alguns compostos organometálicos, como

chumbo tetraetila.

A absorção pela pele tem como sua maior importância a relação com solventes

orgânicos. É geralmente reconhecido que quantidades significantes destes compostos podem

entrar no sangue através da pele tanto como resultado de contaminação direta acidental ou

quando o material tenha sido espirrado sobre as roupas.

Page 100: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

100

Uma fonte adicional de exposição é encontrada na prática muito comum de usar

solventes industriais para remoção de graxas e sujeira das mãos e dos braços, em outras

palavras, para propósitos de lavagem. Este procedimento, incidentalmente, é uma grande

fonte de dermatites.

Absorção Gastrointestinal, ou digestão: O simples fato que algo tenha sido colocado

na boca e engolido, não significa necessariamente que tenha sido absorvido. Naturalmente

quanto menos solúvel o material é, menor é a possibilidade de absorção.

No passado tem sido comum a prática de atribuir certos casos de envenenamento

ocupacional a hábitos sem higiene por parte da vítima, particularmente falta de lavagem das

mãos antes de alimentar-se. Não há dúvidas que alguns materiais tóxicos, utilizados na

indústria, podem ser absorvidos através do trato intestinal, mas é agora genericamente

acreditado que com certas exceções esta rota de entrada é de menor importância.

Um caso ocorrido no Brasil há alguns anos, em Franca (SP) teve como rota de

penetração de um agente tóxico (chumbo) o trato gastrointestinal. Foi constatado que as

vítimas, algumas fatais, colocavam pregos para sapatos nos lábios, estando desta maneira

ingerindo quantidades muito elevadas de chumbo que se encontrava presente nos pregos.

Ingestão acidental de quantidades perigosas de compostos venenosos em uma única

dose tem também sido registrada nos últimos anos. De maneira em geral pode ser dito que a

absorção intestinal de venenos industriais é de menor importância e que a teoria de

envenenamento das ―mãos sujas tem sido desacreditada.

Absorção através dos pulmões ou inalação: A inalação de ar contaminado é de longe

o mais importante meio pelos quais os venenos ocupacionais ganham entrada no corpo.

Substâncias perigosas podem estar suspensas no ar na forma de pós, fumos, névoa ou vapor, e

podem estar misturados com o ar respirável no caso de verdadeiros gases.

Desde que um indivíduo, sob condições de exercício moderado irá respirar cerca de 10

metros cúbicos de ar no curso normal de 8 horas de trabalho diário, é prontamente entendido

que qualquer material venenoso presente no ar respirável oferece uma séria ameaça.

Page 101: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

101

Felizmente todos os materiais estranhos que são inalados, não são necessariamente

absorvidos pelo sangue. Certa quantidade, particularmente que está em um estado muito bem

dividido, será imediatamente exalada. Outra porção do material particulado respirado é

captada pela mucosa que se localiza na passagem do ar (traqueia) e é subsequentemente

expelido junto com o muco.

Nesta conexão é necessário ser mencionado que algum muco pode ser conscientemente

ou inconscientemente, engolido, desta maneira aumentando a oportunidade para absorção

intestinal. Outras partículas são captadas por algumas células que podem entrar na corrente

sanguínea ou ser depositadas em vários tecidos ou órgãos.

Gases verdadeiros irão passar diretamente pelos pulmões até o sangue, da mesma

maneira como o oxigênio no ar inspirado. Por causa do fato que a grande maioria dos venenos

industriais conhecidos podem a certo tempo estar presente como contaminante atmosférico e

verdadeiramente constituir uma ameaça potencial à saúde, programas diretamente

relacionados a prevenção de envenenamento ocupacional, geralmente dão mais ênfase à

ventilação para redução do perigo.

As formas de contaminação a seguir podem utilizar uma ou mais vias citadas acima,

porém possuem características especiais. Injeção ou infecção: Esta forma de contaminação

não é comum no meio industrial, porém pode ser encontrada durante os serviços policiais,

principalmente em ocorrências envolvendo vítimas presas em ferragens.

Outra forma de ocorrer esta contaminação é através de ferimentos pré-existentes,

facilitando a via de acesso do contaminante, pois para alguns produtos, a lesão na cutícula é

canal suficiente para ocorrer uma contaminação.

Sistêmica: A contaminação sistêmica não ocorre em razão de um único produto, mas de um

conjunto de substâncias que podem causar dano à saúde. Esta forma é muito encontrada em

ocorrências em que se atendem vítimas de tentativa de suicídio.

Page 102: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

102

Acúmulo e excreção

Algumas substâncias tóxicas podem ser retidas ou acumuladas no corpo por períodos de

tempo indefinidos, sendo excretadas vagarosamente por períodos de meses ou anos. Chumbo,

por exemplo, é acumulado primeiramente nos ossos e o mercúrio nos rins. Pequenas

quantidades podem ser acumuladas em outros órgãos ou tecidos.

O material particulado quando inalado pode ser fagocitado e permanecer em nódulos no

plasma regional, onde pode ter pequenos efeitos como no caso de pó de carvão, ou produzir

mudanças patológicas como no caso da sílica e Berílio. A excreção de agentes tóxicos toma

parte por meio dos mesmos canais como faz a absorção, isto é, pulmões, intestino e pele, mas

os rins (urina) são os maiores órgãos excretores para muitas substâncias.

Suor, saliva e outros fluidos podem participar com uma pequena extensão no processo

excretor. Gases e vapores voláteis são comumente excretados pelos pulmões, por meio da

exalação. Isto pode ser usado como uma medida de absorção anterior, medida pelo bafômetro.

Muitos compostos orgânicos não são excretados sem mudanças, mas passam pelo que é

conhecido como biotransformação. O processo pelo qual isto ocorre é também chamado

―Mecanismo de Desintoxicação.

Suscetibilidade Individual

O termo ―suscetibilidade individual‖ tem usado para expressar o fato que sob condições

semelhantes de exposição a substâncias potencialmente perigosas, existe normalmente uma

variação acentuada na maneira em que indivíduos irão responder.

Alguns podem não mostrar evidências de intoxicação sejam quais forem; outros podem

mostrar sinais de envenenamento brando, enquanto outros podem apresentar danos severos ou

até mesmo fatais. Comparativamente pouco é conhecido sobre os fatores que são responsáveis

por estas variações.

É acreditado que diferenças na estrutura anatômica do nariz pode estar relacionada com

diferentes graus de eficiência na filtragem de poeiras perigosas no ar inspirado. Infecções

Page 103: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

103

prévias nos pulmões, particularmente a tuberculose, são conhecidas como aceleradores da

suscetibilidade da silicose.

A maioria dos toxicologistas acredita que obesidade é um fator de predisposição importante

entre pessoas que estão sujeitas à exposições ocupacionais a solventes orgânicos e produtos

relacionados. Idade e sexo também são acreditados a participar como parte e doenças

anteriores podem ser significativas.

Outros fatores possíveis relacionados com a suscetibilidade individual são ainda menos

compreendidos que aqueles apenas mencionados. Tem sido sugerido que diferentes razões de

velocidade de trabalho, resultando em variações na razão de respiração, no pico da respiração

e na razão do pulso, podem tomar parte também. A ação dos cílios pulmonares pode ter

alguma importância.

A permeabilidade dos pulmões pode influenciar a absorção e a eficiência dos rins, pode

governar a razão pela quais materiais tóxicos são excretados, mas a natureza subjacente destas

variações de possibilidades não é conhecida. Desde que o fígado atua uma grande parte na

desintoxicação e excreção de substâncias perigosas, funcionamento subnormal deste órgão

pode conduzir a uma maior suscetibilidade.

Existe uma considerável literatura propondo mostrar que fatores nutricionais podem ter

algo relacionado com suscetibilidade a envenenamento ocupacional. A maioria do material

publicado é talvez não científica e não convincente, mas poucos relatórios sugerem

fortemente que realmente existe uma relação entre a natureza da dieta e a suscetibilidade ao

envenenamento.

Existe ainda, não como evidência substancial, que a adição de concentrados de

vitaminas, leite ou comidas especiais tem qualquer valor de proteção, mas quando as dietas

são deficientes em algum dos elementos nutricionais essenciais parece que o envenenamento

é mais comum de ocorrer. Existe considerável evidência que indulgência de álcool etílico irá

aumentar significativamente a possibilidade de envenenamento ocupacional ocorrer,

particularmente por solventes orgânicos.

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104

Efeitos Crônicos e Agudos

A Toxicologia Industrial é geralmente relacionada com os efeitos de exposições de

baixo grau (sub-letal) que são contínuas por períodos maiores de meses ou até anos. É

verdade que problemas toxicológicos não são raramente apresentados como o resultado de

acidentes onde se criou rapidamente uma exposição volumosa de concentrações opressivas de

produtos tóxicos.

O envenenamento agudo que resulta pode causar inconsciência, choque ou colapso,

inflamação severa dos pulmões ou mesmo morte súbita. O entendimento da natureza da ação

do agente opressor pode ser de grande valor no tratamento de envenenamento agudo, mas em

alguns casos a única aplicação do conhecimento toxicológico será para estabelecer a causa da

morte.

A detecção de quantidades de agentes tóxicos na atmosfera e nos fluidos do corpo

(sangue e urina) e o reconhecimento dos efeitos de exposição para pequenas quantidades de

venenos estão entre as principais tarefas do toxicologista industrial. As manifestações de

envenamento crônico são sempre tão sutil que o julgamento mais perspicaz é necessário na

ordem de detectar e interpretá-las.

As mais refinadas técnicas de análise química e de patologia clínica são chamadas para

participar, envolvendo estudos do ambiente de trabalho e dos indivíduos expostos. Na ordem

de demonstrar que envenenamento crônico industrial tem ocorrido ou é uma possibilidade é

necessário mostrar que um agente perigoso está presente em concentrações significativas, que

o mesmo tem sido absorvido, e que foi produzido, no sujeito exposto, distúrbios compatíveis

com o envenenamento pela substância suspeita. Concentrações significantes são comumente

expressadas em termos de limite de tolerância.

A absorção de substância pode ser provada demonstrando sua presença no sangue ou

urina em concentrações acima que as encontradas em pessoas não expostas, ou pela detecção

de certos produtos metabólicos nos excrementos.

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105

Para provar que distúrbios tenham ocorrido em um sujeito exposto pode ser necessário a

aplicação de todos os procedimentos de diagnósticos utilizados na medicina, incluindo a

história médica, exame físico, contagem sanguínea, análise da urina, estudos de raios X, e

outras medições.

Uma pequena quantidade de produtos químicos largamente utilizados na indústria,

notavelmente chumbo e benzeno, irão produzir mudanças no sangue logo nos primeiros

estágios de envenenamento. Outros produtos químicos, particularmente hidrocarbonetos

clorados, não dão evidências tão cedo de sua ação.

Metais pesados como o mercúrio e chumbo produzem seus efeitos crônicos perigosos

por meio do que é conhecido como ―ação cumulativa‖. Isto significa que durante um período

de tempo o material que é absorvido é somente parcialmente excretado e que suas quantidades

aumentam acumulativamente no corpo.

Eventualmente a quantidade se torna grande suficiente para causar distúrbios

fisiológicos. Compostos voláteis não acumulam no corpo, mas provavelmente produzem seus

efeitos tóxicos crônicos, causando uma série de pequenos danos para um ou mais órgãos

vitais.

Lugar de ação de venenos

Muitas substâncias podem produzir uma ação local ou direta sobre a pele. Os fumos,

poeiras e névoas originadas de ácidos fortes, alguns dos gases de guerra e muitos outros

produtos químicos têm um efeito direto irritante nos olhos, nariz, peito e vias aéreas

superiores.

Se alcançarem os pulmões, podem gerar uma reação inflamatória severa chamada de

pneumotite química. Estes efeitos locais são da maior importância quando em conexão com

envenenamentos agudos. Mais importante para o toxicologista industrial são os também

chamados efeitos sistêmicos.

Page 106: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

106

Efeitos sistêmicos ou indiretos ocorrem quando uma substância tóxica tem sido

absorvida na corrente sanguínea e distribuída pelo do corpo. Alguns compostos, como o

arsênico, quando absorvido em quantidades tóxicas, podem causar distúrbios em várias partes

do corpo: sangue, sistema nervoso, fígado, rins, e pele.

O benzeno, em outra mão, parece afetar apenas um órgão, a saber, a medula espinhal

formadora de sangue. O monóxido de carbono causa asfixia pelo impedimento da função

normal da hemoglobina do sangue que é transportar oxigênio dos pulmões para todos os

tecidos do corpo. Mesmo que a deficiência de oxigênio ocorra em todas as partes do corpo

humano, o tecido cerebral é o mais sensível, consequentemente as manifestações mais rápidas

são aquelas que causam danos no cérebro.

O entendimento de que órgão ou órgãos podem ser danificados, e a natureza e

manifestações dos danos causados pelos vários compostos, estão entre as mais importantes

funções do toxicologista industrial. Nas células, agentes tóxicos podem agir na superfície ou

em seu interior, dependendo dos receptores ou locais de ligação.

Absorção e envenenamento

Com exceção dos irritantes externos, substâncias tóxicas geralmente são absorvidas pelo

corpo e distribuídas pela corrente sanguínea na ordem para o envenenamento ocorrer. Em

outras palavras, envenenamento comumente não ocorre sem absorção. Na outra mão,

absorção não resulta necessariamente ou sempre em envenenamento.

O corpo humano é provido de um sistema elaborado de mecanismos de proteção e é

hábil para tolerar uma presença surpreendente e graus de muitos materiais tóxicos. Alguns

materiais estranhos são excretados sem alterações pela urina e pelas fezes. Gases tóxicos,

seguindo absorção, podem ser eliminados pelos pulmões. Alguns compostos químicos vão

através de processos do metabolismo e são excretados de uma forma alterada.

Alguns destes processos são conhecidos como mecanismos de desintoxicação. Em

alguns casos o produto intermediário no processo de desintoxicação pode ser mais tóxico que

Page 107: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

107

a substância original, como, por exemplo, ácido fórmico e formaldeído a partir do álcool

metílico.

Desde que a absorção necessita preceder ao envenenamento, a questão sempre surge

onde a linha de divisão entre absorção e envenenamento é para ser desenhada. A resposta para

esta questão frequentemente vincula uma dificuldade considerável.

Não há dúvida que quando a absorção alcança um ponto onde causa enfraquecimento da

saúde, o envenenamento ocorreu. Saúde enfraquecida manifesta por si só a presença de

estrutura alterada, funções alteradas, química alterada ou uma combinação destes. Estes

enfraquecimentos, em turno, são resultados de sintomas anormais, físico anormal ou

descobrimentos por meio de testes de laboratórios, ou combinação dos mesmos.

Quando absorção produziu ambos, sintomas anormais e descobrimentos objetivos

anormais, não há dúvida que o envenenamento ocorreu. Na opinião de muitos estudiosos,

absorção que produz evidência objetiva de estrutura alterada ou função deve também ser

chamada envenenamento, mesmo que não haja sintomas subjetivos anormais.

Quando sintomas subjetivos constituem a única base para distinção entre absorção e

envenenamento, a distinção se torna uma matéria de opinião médica requerendo uma

avaliação pessoal.

6 IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTO E RISCO:

Descrição do Padrão

Esta unidade fornece informações sobre o sistema DOT/NUde classificação de materiais

perigosos e suas nove Divisões e Classes de Perigos, e os requisitos de rotulação. As

informações são planejadas para ajudar aos Respondedores (Socorristas) a reconhecer os

losangos e os rótulos de modo que possam identificar os materiais e os perigos que estes

representam.

Lembre-se de que os losangos e os rótulos OOT/NU são apenas um ponto de partida para

identificar o conteúdo de um veículo ou container durante o Transporte já que alguns materiais

podem apresentar mais de um perigo para o qual. Talvez não haverá disponível um losango ou

Page 108: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

108

porque alguns materiais alternativamente poderão carregar uma classificação DOT/NU

diferente.

Os materiais armazenados em plantas ou usinas químicas, instalações de

armazenamento, fabricação, etc., não requerem rótulo de identificação DOT/UN. (NFPA 704)

Ainda assim, os materiais perigosos transportados pelas forças armadas também não estão

regulados por este tipo de normas. Os materiais mobilizados por oleodutos estão identificados

de maneira diferente. (Veja o Capitulo "Fontes de Informações para Identificar os Materiais

Perigosos")

Os Primeiros na Cena sempre deverão carregar com eles uma cópia da versão mais

recente da Tabela de Rótulos DOT, assim como um Guia NAERG. Para obter explicações e

ilustrações dos números de identificação UN, diamante de periculosidade NFPA 704, e

planilha de informações sobre perigos especiais, veja a unidade "Fontes de Informações para

Identificar os Materiais Perigosos".

Definições segundo o DOT

As Regras para Materiais Perigosos (HMR) do DOT, contidas no Título 49 do Código

de Regulamentações Federais,*apresentam os requisitos do DOT para transportar materiais

perigosos. Esta unidade apresenta as informações com relação à Tabela de Materiais

Perigosos na Parte 172 das HMR. e na Parte 173 (Empresas Transportadoras, Requisitos

Gerais para Despachos e Embalamento).

No Brasil a regulamentação para o transporte de produtos perigosos esta a cargo da

ANTT (Agencia Nacional de Transporte Terrestre), sendo regido por alguns decretos como

96044/88 para o transporte rodoviário e 98976/90 para o transporte ferroviário, além da

resolução 420/2004 da ANTT que normaliza esses transportes;

Materiais Perigosos

O DOT (Departamento de Transportes dos EUA.) define os materiais perigosos

como: "Aquelas substâncias ou aqueles materiais aos quais a Secretaria de Transportes

determinou e designou como capazes de apresentar um risco não razoável para a saúde, a

segurança e a propriedade, quando são transportadas comercialmente

Page 109: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

109

Classes e Divisões de Perigo

As classes de perigo são categorias nas quais são classificadas as diferentes famílias de

materiais perigosos. (Classe 1 a Classe 9) Uma divisão é uma sub-classificação de uma classe

de perigo. (Ex. 5.1,5.2)

Perigo secundário é uma condição adicional que, geralmente, tem um material perigoso,

diferente de seu perigo principal.

Em 1990, as revisões das regras do DOT conciliaram as classes de perigos dos Estados

Unidos com as das Nações Unidas

Em 30 de setembro de 1991 , o DOT alterou mais alguns dos requisitos exigidos para a

utilização do losango em certas classes e divisões de perigo. Os novos requisitos se aplicam a

todo o transporte ferroviário, aéreo e marítimo, e envolve ainda todos os veículos de rodovias

que são transportados sobre vagões de trens. Esta disposição entrou em vigência em 1 de

outubro de 1994.

A partir do ano de 2001, todo transporte por rodovia teve que cumprir os novos

requisitos.

Apêndice 1

O Apêndice 1 fornece informações com relação aos requisitos que deverão seguir as

classificações de risco, as definições e os losangos de materiais perigosos. Estas informações

estão incluídas nas Tabelas, ordenadas em colunas da esquerda para a direita:

Classes e Divisões Atuais de Riscos utilizadas nos E.U.A. e baseadas na ONU.

Requisitos DOT/NU para o losango de cada classe e divisão (o sistema antigo aparece

abaixo do novo, entre parênteses)

Definição dos materiais incluídos em cada classe e divisão.

Os perigos dos materiais para cada classe e divisão (lembrar que estes materiais

poderiam apresentar perigos não enumerados ou identificados).

Exemplos de materiais para cada classe e divisão.

Page 110: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

110

Não use as definições do Apêndice 1 para determinar o cumprimento das regras do

DOT/NU com relação aos materiais perigosos. O Apêndice 1 não inclui as exceções e os

detalhes regulamentares das normas.

Apêndice 1. Informações de Classes e Divisões de Perigos

Painel de segurança:

Figura 18 – Painel de Segurança

Page 111: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

111

Figura 19 – Rotulo de Segurança

Page 112: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

112

Figura 20 – Rotulo de Segurança em Caminhão

.

Page 113: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

113

7 ISOLAMENTO INICIAL:

Em um isolamento inicial tem várias coisas de devemos observar para a segurança da

equipe do que estará realizando o atendimento.

Em consequência das descobertas tecnológicas e científicas. A química, por exemplo,

desempenha papel fundamental nesse processo. O considerável aumento da expectativa de

vida e o salto na qualidade dos recursos materiais nas últimas décadas devem-se, aos produtos

químicos.

Avaliação Inicial do Cenário:

Aproximação:

Certificação do produto envolvido;

Seleção e uso de EPI’s adequados;

Direção do vento e posicionamento;

Isolamento e sinalização da área;

Monitoramento Ambiental:

Identificação das áreas impactadas ou sob-risco;

Topografia e hidrografia e drenagem da região;

Sistemas subterrâneos e fontes de ignição;

Confinamento de vapores tóxico-inflamáveis;

Atuação nas emergências

Identificação da substância e de seus perigos;

Aproximação com segurança;

Afastamento seguro, de acordo com o porte da ocorrência;

Vento pelas costas, considerando o ponto do vazamento;

Distanciamento seguro;

Garantia de via de acesso para equipes e viaturas.

Page 114: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

114

Esquema sugerido a ser adotado quando do isolamento de áreas

Figura 21 – Esquema sugerido a ser adotado quando do isolamento de áreas

Avaliação Inicial do Cenário de Infraestrutura:

Dimensionamento de recursos:

Humanos;

Materiais;

Instalação de frentes de trabalho.

Page 115: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

115

Figura 22 –Definir as áreas de trabalho

Avaliação Preliminar

Preocupação Inicial:

Risco de Incêndio /

Explosão;

Contaminantes no ar;

Radiação;

Carência ou Excesso de Oxigênio.

Observação e reconhecimento inicial

A primeira equipe de entrada deverá:

Determinar riscos existentes para a equipe de atendimento, público e meio

ambiente;

Confirmar e atualizar as informações existentes;

Avaliar a real necessidade de ações imediatas;

Page 116: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

116

Coletar informações adicionais para aumentar o nível de segurança no local.

Observação e reconhecimento inicial

Atente para:

Indicadores biológicos como peixes, animais mortos e plantas “alteradas”;

Topografia da região e direção do vento;

Rótulos de risco e nota fiscal

8 PROTEÇÃO QUÍMICA

Descrição Padrão

A vestimenta protetora química protege o usuário conta a exposição às substâncias

químicas por um tempo limitado. Dependendo da roupa, também poderá, eventualmente,

proteger o usuário contra um relâmpago, entretanto, não existe roupa que proteja o usuário

contra qualquer substância química ou contra qualquer perigo potencial em um incidente com

materiais perigosos. Atualmente não existe um material disponível que forneça uma barreira

eficaz contra a exposição química prolongada.

A vestimenta protetora anti-chamas, assim como o equipamento “bunker” dos

bombeiros, é uma vestimenta protetora resistente às chamas e tem um isolante destinado a

proteger o usuário contra o calor. O equipamento “bunker” protege muito pouco ou nada

contra a exposição às substâncias químicas perigosas. Esta unidade descreve tanto a

vestimenta protetora química com a vestimenta de proteção térmica, seus usos e suas

limitações gerais na resposta às emergências com materiais perigosos. Além disso, apresenta

informações sobre os níveis de proteção que a EPA estabeleceu para o uso de vestimenta

protetora química.

A. Tipos de roupas

A vestimenta protetora química é constituída basicamente de dois tipos:

Encapsulada e não encapsulada.

Page 117: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

117

Encapsuladas: As encapsuladas valvulares protegem completamente o usuário já que

não têm aberturas que permitam o ingresso do produto para o interior da roupa.

Não encapsuladas: As vestimentas não encapsuladas protegem somente o usuário.

B. CONSTRUÇÃO DAS ROUPAS

Características técnicas do material de proteção

Materiais de confecção: Os materiais podem ser agrupados em duas categorias:

elastômeros e não elastômeros.

Elastômeros: São materiais poliméricos (como plásticos), que após serem esticados

retornam à sua forma original. A maioria dos materiais de proteção pertence a esta categoria e

incluem: o cloreto de polivinila (PVC),neoprene, borracha nitrílica, álcool polivinílico (PVA),

viton, teflon, borracha BUTÍLICA, entre outros. Os elastômetros podem ou não ser colocados

em camadas sobre um material semelhante ao tecido.

Não elastômeros: São materiais que não são elásticos. Esta classe inclui o TYVEK e

outros materiais.

Características Técnicas da Segurança das Luvas de Proteção Contra Substâncias

Químicas.

Atualmente existe uma grande variedade de produtos e de materiais. Nem sempre é fácil

decidir qual o tipo de luvas que deverá ser usado para uma determinada atividade.

Antes de realizar a seleção das luvas corretas deverão ser consideradas algumas

diferenças básicas. Os materiais mais utilizados para a confecção de luvas são:

Álcool polivinílico (PVA)

Borracha natural

Borracha nitrílica (acrilonitrilo e butadieno)

Borracha butílica (isobutileno e isopreno)

Page 118: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

118

Cloreto de polivinila (PVC)

Neoprene

Polietileno (PE)

Poliuretano (PV)

Viton

A espessura do material de confecção das luvas é um fator importante que deverá ser

considerado para realizar uma atividade ao nível de técnicos com maior segurança. Para uma

determinada espessura, o material (polímero) selecionado influirá muito no nível de proteção

das luvas.

Para um polímero, se o material for mais espesso, será obtida uma proteção melhor, mas

deverá ser verificado se poderá tolerar a perda de destreza (deficiência na manipulação de

alguns objetos), devido à espessura, de maneira segura, para a atividade.

Testes para determinar a qualidade das luvas.

Os testes de resistência à degradação e a permeabilidade foram anormalizados pela

ASTM e são os seguintes:

a. Teste de permeabilidade

b. Teste de degradação

Comprimento das luvas: Outro aspecto que deverá ser considerado no processo de

seleção da luva é o comprimento das luvas de proteção. O comprimento adequado dependerá

do tipo de serviço que será realizado e do grau de proteção desejado. O comprimento deverá

ser mantido a partir da extremidade do dedo médio até a outra extremidade das luvas,

enquanto que seu tamanho será medido pelo perímetro da palma da mão.

Permeabilidade: o tempo de penetração através do material indica o menor tempo

observado desde o início dos testes até a primeira detecção da substância no outro lado da

amostra do material. Representa o tempo esperado para que o material ofereça a resistência

mais efetiva contra a substância.

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119

Características técnicas das botas de proteção contra as substâncias químicas.

Até há pouco tempo, as botas de proteção disponíveis no mercado eram somente

confeccionadas em PVC ou borracha. A fim de atender as necessidades do mercado, os

fabricantes destes materiais desenvolveram um elevado número de misturas de polímeros que

são mais resistentes às substâncias químicas. Existem muitos problemas que surgem pelo uso

das novas misturas de polímeros devido ao complicado processo de moldagem por injeção

para a fabricação das botas. “Não obstante, deverá se tomar cuidado quando as botas entrarem

em contato com as substâncias químicas já que estas poderão atuar como uma “esponja”

química” (absorção da substância), expondo o usuário ao contato.

As botas mais simples são fabricadas com o processo de moldagem por injeção de etapa

única.

As botas manufaturada são fabricadas em etapas com um grande número de

componentes, o que as torna propensas a atuar com “esponja química”.

Tecidos de Várias Camadas

Os fabricantes de vestimenta protetora desenvolveram vestimentas resistentes e

leves, feitas de camadas finas de diferentes materiais para proporcionar maior resistência

contra uma substância química por vez.

Vedações das Costuras

As costurar das vestimentas necessitam uma vedação para evitar a desintegração do fio,

pela ação dos produtos, ou a penetração do traje através dos furos da costura.

Costura Simples (S)

Costura de três fios entrelaçados em torno das beiradas das duas peças de tecido que

fornecem uma união robusta e resistente à tensão.

Page 120: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

120

Costura Reforçada (B)

Costura cozida com um rebite externo reforçado para aumentar a resistência e a barreira.

É utilizada nos casos de respingos potenciais de líquidos não perigosos, ou para evitar a

penetração de partículas através da costura.

Costura Termo soldada ultrassônica ou Nsr

Costura vedada que se forma quando os materiais são colados sobre si mesmos e

soldados com calor. Neste caso, não existem enchimentos, nem fios, e nem orifícios de

agulha.

Fechos Ou Zíperes

Os fechos para os trajes geralmente são de metal ou plástico duro. As vestimentas

encapsuladas para gases têm costuras de fecho de faixa dupla e duas de suas superfícies são

sobrepostas para vedar o fecho. Os Trajes não vedados para gases têm um capa sobre o fecho

para tapar a área e evitar que entre líquido.

Visores

Devido aos visores terem que ser claros e rígidos ou semirrígidos, a maioria não é feita

do mesmo material que o da roupa.

Seleção do EPI (Equipamentos de Proteção Individual)

Deverão ser considerados muitos fatores na seleção da vestimenta protetora química.

Estes fatores afetarão a resistência química e a habilidade do trabalhador para realizar uma

tarefa específica.

Page 121: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

121

Inspeção do EPI

Antes de vestir a vestimenta de proteção química, inspecione as costuras, camadas ou

forros não uniformes, rasgos e fechos que não funcionam bem. Exponha a vestimenta

protetora contra a luz para ver se existe algum furo. Dobre a vestimenta para ver se existe

alguma rachadura ou outros sinais de deterioração.

Vestimenta Protetora Térmica

A vestimenta protetora térmica, assim como o equipamento bunker dos bombeiros, é

anti-chamas e contém isolação destinada a proteger o usuário da exposição às altas

temperaturas.

Equipamento Bunker

O equipamento bunker é o tipo mais comum de vestimenta protetora térmica.

Proporciona uma boa proteção contra o calor e as chamas, mas quase nenhuma contra as

substâncias químicas. É difícil descontaminá-lo e nem sempre estará disponível para os

respondedores quando acudirem incidentes com materiais perigosos. Usa-se quando o risco

maior de incêndio e não de exposição às substâncias químicas.

Vestimentas Com Proteção Anti-Chama

As vestimentas protetoras contra relâmpagos ou antiflamas, normalmente se destinam

para ser usados por encima de trajes encapsulados, como uma tampa externa. Outros estão

integrados, isto é, a vestimenta sozinha resistirá á chamas e as substâncias químicas.

Vestimentas de Aproximação

As vestimentas de aproximação diferem bastante das vestimentas Têm proteção anti-

chamas. Servem para ser usadas ao lado das chamas por um período fixo de tempo.

Page 122: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

122

São usadas principalmente pelos bombeiros de aeroportos ou as Brigadas de Plantas de

Armazenamento de hidrocarbonetos. Não são vestimentas protetoras contra substâncias

químicas.

Colocação E Remoção da Vestimenta de Proteção Química

Deverá ser estabelecido um procedimento padrão para a instalação do equipamento o

qual deverá ser incluído no processo de práticas do pessoal. Deverá ser fornecida ajuda para a

instalação e a retirada do equipamento já que estas operações não são passíveis serem

realizadas de forma individual.

Desinstalação do Conjunto Traje/Scba

Deverão seguidos todos os procedimentos padrões para retirar o conjunto e para evitar

contaminação secundária por parte dos resíduos que possam ter permanecido dentro do traje e

no equipamento mesmo depois da descontaminação.

ANEXO (FOTOS)

Page 123: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

123

9 EQUIPAMENTOS DE COMBATE A POLUIÇÃO:

São equipamentos de combate a poluição são:

Barreiras de contenção de diversos tamanhos e para quaisquer aplicações

Barreiras absorventes

Mantas Absorventes

Biorremediadores

Recolhedores de óleo portáteis, montados em embarcações e para quaisquer

tipos de óleos

Tanques infláveis • Embarcações de serviço e recolhedoras de óleo

Bombas para hidrocarbonetos

Barcos recolhedores de hidrocarbonetos

Mat. de limp. de áreas atingidas para 3000 pessoas.

Equipamentos de Comunicação para 200 pessoas.

Sistemas para Aplicação de dispersantes

Dispersantes Químicos

Equipamentos barcos Recolhedores

Page 124: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

124

Figura 23 – Barcos recolhedores de óleo

Figura 24 – FOILEX TDS-250: Oil Skimmer tipo vertedouro, preparado

para bombear até 250m3/h (max) de óleo.

Page 125: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

125

Figura 25 – Recolhedores de alta.

Figura 26 – Barreira a prova de fogo ( Hidro Fire Boom)

Figura 27 – Barreiras oceânicas de lançamento rápido.

Page 126: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

126

Figura 28 – Bombas de alta vazão.

Figura 29 – Caminhões preparados para emergências.

Figura 30 – Equipamento para lavagem de barreiras

Page 127: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

127

Figura 31 – Barreiras de Contenção (CURRENT BUSTER)

Figura 32 –Barreiras de Contenção (WEIR BOOM)

10 MÉTODOS FÍSICOS E QUÍMICOS DE CONTENÇÃO DE PRODUTOS

Os aspectos ser considerado durante os atendimentos a acidentes envolvendo produtos

diz respeito a segurança das pessoas envolvidas, principalmente em relação aquelas que as

primeiras a chegarem ao local da ocorrência. Desta forma, deverão ser adotados, no mínimo

os seguintes procedimentos:

Aproximar-se cuidadosamente;

Manter-se sempre de costa para o evento;

Page 128: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

128

Evitar manter qualquer tipo de contato com o produto envolvido (tocar, pisar e

inalar);

Identificar o produto;

Isolar o local; e

Solicitar auxílio de especialistas e autoridades;

O sucesso de uma operação de atendimento a acidentes envolvendo produtos, esta

associado aos seguintes fatores:

Tempo de resposta rápido e eficaz no acionamento das equipes de atendimento;

Avaliação correta e desencadeamento de ações compatíveis com a situação

apresentada; e

Disponibilidade e capacidade de mobilização dos recursos necessários;

De acordo com a norma NFPA 472, temo basicamente duas formas de contenção de

produtos: a física e a química.

Os métodos físicos de contenção certamente são preferíveis, desde que haja

possibilidade de aplicação. Os métodos químicos envolvem reações químicas e estas podem

ter consequências incompatíveis com o evento, há casos de aplicação imperativa desses

métodos, que, entretanto produzem reações aonde se formam produtos tóxicos. Portanto a

escolha do EPI deve considerar as condições e seus resultados.

Dentre os métodos físicos, podemos destacar os seguintes:

Absorção;

Cobertura;

Retenção;

Diluição;

Reembalagem;

Tamponamento;

Transferência ou transbordo;

Supressão de valor; e

Despressurização;

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129

Figura 33 – Bombeiros executando operação de tamponamento em tambor.

Fonte: Corpo de Bombeiros

Figura 34 – Bombeiros executando operação de transbordo.

Fonte: Corpo de Bombeiros

Dentro os métodos químicos de contenção, temos:

Adsorção;

Queima controlada;

Dispersão;

Queima (flare e tocha);

Gelatificação;

Neutralização;

Page 130: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

130

Polimerização;

Solidificação; e

Supressão de vapor;

Segundo Coelho Filho (2000), é obvio que a intervenção com qualquer método, seja

físico ou químico, gera resíduos cujo procedimento de descontaminação deve comtemplar

como regra geral, não se procede à descontaminação simplesmente transferindo o

contaminante de lugar. Logo em caso de contaminação por particulado solido, a aspiração

vem em primeiro lugar, sobrepondo-a ou fazendo-a anteceder a varredura, escovação ou

lavagem em contaminações por líquidos e absorção.

Estas formas de intervenção podem ser realizadas de forma individual ou combinadas,

porem algumas são mais adequadas de acordo com o Hazardous Materials Response

Handbook – NFPA (2002), conforme tabela 09 e 10.

De qualquer maneira, estes procedimentos não podem ser realizados por quaisquer

viaturas PMESP, necessitando de veículos especializados como a PP e o ASE.

Figura 35 – Viatura PP

Fonte: Corpo de Bombeiros

Figura 35 – Viatura ASE

Fonte: Corpo de Bombeiros

Page 131: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

131

Para a realização destes trabalhos, cada membro da equipe deve saber suas funções e

limitações.

A ABNT e as empresas nacionais empregam normalmente as normas para atendimento

e respostas a emergências estabelecida pela OSHA ( Ocupacional Safty and Health

Administration) Administracao Americana de Segurança e Saúde Ocupacional, que divide em

5 (cinco) níveis os treinamentos de qualificação, e para cada um deles, são exigidos diferentes

níveis de conhecimento e responsabilidade. São eles:

Nível 1 – Reconhecimento;

Nível 2 – Operacional;

Nível 3 – Técnico de Produtos Perigosos;

Nível 4 – Especialista em Produtos Perigosos; e

Nível 5 – Comandante de Incidentes:

O treinamento OSHA tem como objetivo, depois de completar os módulos e em

conjunto com as praticas e exercícios, desenvolver nos treinando as habilidades de:

Identificar o nível de treinamento que permita tomar ações defensivas em um derrame

ou vazamento com produtos perigosos;

Identificar o nível de treinamento exigido para ações ofensivas em um derrame ou

vazamento com produtos perigosos;

Identificar o nível de treinamento requerido para comandante de incidentes; e

Identificar as ações dos atendentes iniciais no nível operacional durante os incidentes

com produtos perigosos, segundo o plano de atendimento, a emergência local e os

procedimentos normais de operação.

No Nível 1 – “Reconhecimento”, o atendente é uma pessoa que tem a possibilidade de

descobrir ou de ser testemunha de um acidente ou vazamento com produtos perigosos.

Estas pessoas têm sido treinadas em como lidar inicialmente com uma situação

emergencial, avisando as autoridades competentes sobre acidente ou vazamento. Neste nível,

o atendente não tomara outra atitude.

Os atendentes do nível de “Reconhecimento” terão experiência e o treinamento

necessário para demonstrar competência nas seguintes áreas:

Page 132: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

132

Entendimento do que são substancias perigosas e os riscos associados com as mesmas

durante o incidente;

Entendimento das consequências potenciais associadas a uma emergência quando

estão presentes substancias perigosas;

Entendimento das ações como primeiro no local, treinamento no nível de

“reconhecimento” do plano de atendimento a emergências. Isto inclui a segurança e o

controle do cenário;

Habilidade de poder usar e compreender o guia de respostas a emergências do

departamento de transportes dos EUA – DOT. No Brasil, “manual para atendimento a

emergências com produtos perigosos” da ABIQUIM (Associação Brasileira da

indústria Química); e

Habilidade de saber distinguir as necessidades e os recursos necessários da situação, e

fazer a comunicação para a central de atendimento emergencial;

No Nível 2 – “Operacional”, são as pessoas que respondem á emergência com

produtos perigosos como parte da resposta inicial, seu trabalho é o de proteger as pessoas, a

propriedade e o meio ambiente dos efeitos do vazamento ou derrame do produto perigosos.

Estas pessoas são treinadas para agir de maneira defensiva, sem que entrem no cenário do

derrame ou vazamento. Sua função é de conter o derrame ou vazamento a uma distancia

segura, evitando que este se estenda para outras áreas e prevenindo que as pessoas sejam

expostas ao perigo.

O atendente de nível operacional terá recebido no mínimo 08 horas de treinamento,

tendo apresentado experiência suficiente para demonstrar capacidade nas seguintes áreas (

incluindo as do nível de “reconhecimento”):

Conhecimento das técnicas básicas de medição de risco;

Saber selecionar e utilizar EPI adequado ao atendente operacional;

Entendimento dos termos básicos relacionados aos produtos perigosos;

Saber realizar operações básicas de controle, de contenção ou confinamento

dentro da capacidade dos recursos e dos EPIs disponíveis;

Saber implementar procedimentos básicos de descontaminação;

Entendimento dos procedimentos normais de operação e de finalização;

Page 133: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

133

No Nível 3 – “Técnico em produtos Perigosos”, as pessoas respondem a emergências

ou possíveis emergenciais com o propósitos de conte-las. Tomam ações mais agressivas que

as pessoas treinadas no nível operacional. Um técnico em produtos perigosos tomará atitudes

nas emergências com a finalidade de contê-la, evitando que a emergências se amplie, os

técnicos em materiais perigosos têm recebido no mínimo 24 horas de treinamento, equivalente

ao atendente nível de operações. O técnico terá capacidade adicional nas seguintes áreas:

Conhecimento de como implementar um plano emergência;

Conhecimento de classificação, identificação e verificação de produtos

conhecimentos e desconhecidos mediante o uso de instrumentos e equipamentos

de monitoramento;

Capacidade de atuar dentro do sistema de comando de incidentes;

Saber selecionar EPI (Equipamento de proteção Individual) contra produtos

químicos;

Entender técnicas de medição de risco e perigo;

Realizar operações avançadas de controle, contenção e confinamento dentro das

capacidades dos recursos e EPI disponíveis;

Entender e implementar procedimentos de descontaminação;

Compreender procedimentos de finalização; e

Entender a terminologia básica e comportamento dos produtos químicos e

tóxicos;

No Nível 4 “ Especialidades em Produtos Perigosos”, é aquela pessoa que auxilia e

dá apoio aos técnicos em produtos perigosos,. Os deveres dos dois são muito parecidos,

porém o dos técnicos exige um conhecimento mais especifico das substancias que eles têm

que conter. O especialista em produtos perigosos pode servir como elo, como Relação

Publica com autoridades federais e município quando das atividades de emergências em

campo.

Os especialistas em produtos perigosos terão recebido no mino 24 horas de treinamento,

equivalente ao nível técnico. Também deverão ter capacidade nas seguintes áreas:

Conhecimento de como implementar um pano local de atendimento a

emergências;

Page 134: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

134

Entender e classificação, identificação e verificação dos produtos perigosos

conhecidos e desconhecidos por meio de utilização de instrumentos e

equipamentos de monitoramentos;

Conhecer com profundidade o plano estadual de atendimento a emergências;

Saber selecionar e utilizar EPI ( Equipamento de Proteção Individual), contra

produtos químicos;

Compreender com profundidade das técnicas de analise de riscos e perigos;

Realizar operações avançadas de controle, contenção e confinamento dentro das

capacidades dos recursos e EPIs disponíveis;

Poder determinar e implementar procedimentos de descontaminação; e

Entender a terminologia e o comportamento dos produtos químicos, radiológicos

e toxicológicos;

No Nível 5 – “Comandante de Incidentes”, é a pessoa que assumirá o controle do

local do incidente. O comandante de incidentes receberá no mínimo 24 horas de treinamento

equivalente ao que recebe o atendente de novel operacional. Porém poderá ter capacidade nas

seguintes áreas:

Conhecer estar capacitado para implementar o sistema de comando de

incidentes;

Saber implementar um plano de atendimento a emergências;

Conhecer e compreender os riscos e perigos associados aos usuários que

utilizam EPI contra produtos químicos;

Saber implementar o plano local de atendimento á emergência;

Ter conhecimento do plano de atendimento á emergências das equipes federais,

estaduais e municipais; e

11 SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES E GERENCIAMENTO

DECIDA: Detectar a presença de produtos perigosos, estimar o dano provável sem

intervenção, Considerar os objetivos da resposta, identificar as opções para a ação,

desenvolver a melhor opção e Avaliar o progresso.

Page 135: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

135

O “DECIDA” É um processo que facilita e ordena a tomada de decisões. Foi

desenvolvido por Ludwig Benner, como um guia para os respondedores come também como

uma ferramenta que permite um enfoque sistemático que reduz o risco, cria continuidade e

reponsabilidade.

Os respondedores que o seguem, adquirem uma atitude apropriada para manejar os

incidentes meticulosamente e com segurança. Não ingressam no local imprudentemente.

Detêm-se e pensam. Lembram que o propósito de uma resposta é:

“Preferivelmente mudar ou influenciar na sequência de eventos que constitui a

emergência, antes que ela tenha concluído naturalmente e reduzir o dano que de outra maneira

iria ocorrer”.

Ludwig Benner

A resposta a um incidente com produtos perigosos tem como objetivo a proteção do

público, do meio ambiente e, principalmente, da equipe de respondedores. Uma avaliação

apropriada do local permite que os respondedores tomem decisões e ações que garantam a

segurança de todos os que estão por perto ou se possam ver envolvidos na Emergência.

O processo DECIDA usa um acrônimo facilmente lembrado para descrever os seis

passos básicos que requer a Resposta a emergências para lograr seu propósito:

1. D Detectar a presença de produtos perigosos

2. E Estimar o dano provável sem intervenção

3. C Considerar os objetivos da resposta

4. I Identificar as opções para a ação.

5. D Desenvolver a melhor opção

6. A Avaliar o progresso

Esta unidade apresenta os seis passos do Processo DECIDA, destacando os dois

primeiros, Reconhecimento e Análise do Local, por ser essenciais na fase de Resposta

conhecida com Avaliação de Cenário.

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Os passos 3 e 4 são necessários para Examinar a avaliação inicial do local, o quinto

passo é a execução das ações escolhidas em base à avaliação e o passo 6 é a parte da avaliação

continua que se requer e mesmo estando no último lugar, precisa de uma constante que se

deve repetir antes e depois de executar qualquer ação. A figura 1 ilustra os passos 1 e 2.

Mostra o início das atividades de comando e controle e ilustra os seis passos do processo

DECIDA.

Figura: 1

Esta unidade apresenta os seis passos do processo DECIDA, destacando os dois

primeiros, Reconhecimento e Análise do Local, por ser essenciais na fase de Resposta

conhecida como Avaliação de Cenário.

Os passos 3 e 4 são necessários para terminar a avaliação inicial do local, o quinto passo

é a execução das ações escolhidas em base à avaliação e o passo 6 é a parte da avaliação

contínua que se requer e mesmo estando no último lugar, é uma constante que se deve repetir

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antes e depois de executar qualquer ação. A figura 1 ilustra os passos 1 e 2. Mostra o início

das atividades de comando e controle e ilustra os seis passos do processo DECIDA.

A Resposta a um incidente com produtos perigosos tem que proteger ao público, ao

meio ambiente e à equipe de resposta. Uma avaliação apropriada do local permite que a

equipe tome decisões e ações que avancem no controle da Emergência.

Detectar a Presença de Produtos Perigosos

É muito importante reconhecer a presença de um produto perigoso tão cedo como seja

possível, durante o início da Resposta- sem se expor ao produto. Trate de chegar-se ao local

desde uma direção que dê proteção a você e a sua equipe, se estão presentes produtos

perigosos, mantendo sempre o vento nas costas e respeito ao incidente. Use binóculos para

observar de um lugar seguro.

O processo para detectar produtos perigosos requer os seguintes passos:

1. Confira a informação proporcionada pela pessoa que reportou o incidente.

2. Confira o uso e a localização da instalação e o Plano local de Emergência, buscando

indicações sobre produtos perigosos.

3. Busque e anote as formas dos contêineres que se observam com produto perigoso, sua

localização, condições circundantes, ( topografia, corpos de água, áreas povoadas,

clima) e qualquer dano visível.

4. Busque e anote rotulagens e etiquetas DOT e outros gabaritos ou cores que

identifiquem produtos perigosos.

5. Confira os papéis de despacho procurando anotações sobre produtos perigosos.

Page 138: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

138

Figura2: Os contêineres fornecem informação importante do conteúdo.

Simultaneamente, inicie atividades de Comando e Controle, e proceda a completar o

reconhecimento do incidente.

1. Observe detalhadamente e tome nota:

a. Tipo de contêiner para cada produto perigoso.

b. Quantidade de produto perigosos estimado em cada contêiner. (pior cenário)

2. Consiga e aponte o nome, número de identificação DOT ou rótulo utilizado para cada

produto perigoso.

3. Identifique cada produto perigoso derramado, a forma do derrame e o ponto por onde

escapou do contêiner.

4. Desenhe a posição e orientação de cada contêiner e qualquer dano visível do mesmo,

ainda não anotado.

5. Verifique toda a informação.

Esta seção descreve os elementos que os respondedores devem procurar para localizar

produtos perigosos em um incidente. Descreva também, o necessário para fazer um

reconhecimento completo e exato do local.

Page 139: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

139

Uso da Instalação, Distribuição e Planos Locais.

As empresas da área industrial podem utilizar produtos perigosos, e seus nomes podem

diretamente indicar quais são, (Carbocloro) ou referir-se ao processo de fabricação

(Galvanização), o qual nos indica um processo que eventualmente envolve substâncias como

cianetos, ácidos e bases.

É o local um Supermercado? Um armazém? Uma planta de produtos químicos? Uma

loja de artigos para jardins? O local é localizado no campo? Perto de locais onde sabemos que

existem produtos perigosos?

A equipe de resposta necessitará saber quem estava na instalação ao começar o

incidente, onde sua localização atual e que classe de informação podem dar. ( Onde está o

motorista do caminhão, o maquinista do trem, ou o pessoal chave da empresa?)

Segundo o tipo de incidente, certos empregados podem proporcionar papeis de

despacho ou outra informação chave sobre a localização física e identidade dos produtos

perigosos e outros fatores importantes. Se o incidente é em uma planta, o Gerente ou o Chefe

de Turno devem poder proporcionar o plano de emergência, Folhas de Dados de Segurança,

etc.

Quantidade e Natureza dos Produtos

A quantidade do produto envolvido eventualmente não muda a natureza do perigo de

um incidente, a menos que seja uma quantidade muito pequena. No entanto, a quantidade

pode mudar a maneira na qual o equipamento tem que tratar com a comunidade em geral.

Por exemplo, um barril de 208 litros de ácido derramado, representa um perigo menor

para a comunidade, que um derrame de um tanque de 18.000 litros (ainda quando o perigo

químico para o respondedor é o mesmo). A natureza dos produtos, sim, muda a natureza do

perigo.

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140

Mesmo quando o motorista do caminhão-tanque, o maquinista do trem ou o pessoal

industrial tenham, talvez, proporcionando informação sobre a natureza dos produtos, a equipe

de resposta deve observar seguintes elementos importantes respeito à identificação do perigo:

Formas dos contêineres (cilíndricos, com extremos redondos; vagão-tanque,

caminhão-tanque, reservatório intermodal, etc.)

Gabarito ou cores nos contêineres (tipos de gabarito, como estão exibidos).

Rótulos ou etiquetas conforme ANTT e DOT nos contêineres

Gabaritos NFPA 704

Papéis de despacho

Nomes dos produtos nos contêineres

Nomes dos expedidores nos contêineres

Seus sentidos (principalmente a vista e a audição, tenham cuidado com detectar

pelo olfato)

Ao usar seus sentidos para identificar possíveis situações com produtos perigosos,

verifique em circunstâncias como estas:

Informes de vítimas a respeito de odores como: fruta apodrecida, enxofre,

pólvora, grama cortada, peixe apodrecido, cloro, esmalte para unhas ou tinta.

Nuvens de vapor

Animais ou peixes mortos

Fogo ou fumaça

Vítimas com pele ou olhos irritados

Som produzido por vazamentos de gás

Som de uma explosão

Tipos e condições dos contêineres

A equipe de resposta tem que anotar informação respeito a cada um dos contêineres

envolvidos no incidente. A identificação do tipo de contêiner lhe pode ajudar a identificar o

produto e sua quantidade. Alguns contêineres são muito específicos e só se utilizam para

certos produtos ou classes de produtos. O tipo de contêiner e sua condição também podem

Page 141: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

141

determinar as ações que tomarão os respondedores enquanto se desenvolve o incidente. É

seguro mover? Se estiver queimando ou a ponto de inflamar-se? Pode romper-se? Explodir?

Conseguir informação respeito a condição de um contêiner pode exigir o uso de

equipamento de proteção pessoal. A informação necessária inclui detalhes sobre sua

construção, idade, válvulas e acessórios, orientação em relação com sua posição normal,

localização em relação com outros contêineres os objetos. Também inclui condições tais

como vazamentos ou fogo; forma comparada com a normal; tipo específico de danos

(fissuras, amassados, passa homem mal ajustados, etc.); lugar específico e volume dos danos;

vazamentos; se o contêiner goteja, a taxa do vazamento.

Etapa do incidente

É crucial a informação sobre a etapa em que se encontra o incidente. Se a situação é

estável, a equipe de resposta só necessita estar em alerta, se o produto segue escapando-se, é

provável que a equipe tenha que atacar o vazamento e deter antes de fazer outra coisa.

As respostas a estas perguntas ajudam a identificar a etapa do incidente:

O que causou o incidente?

Quanto tempo tem o incidente?

O que tem ocorrido no local desde então?

O que esta ocorrendo no momento?

Quanto tempo durará?

É estável a situação?

Mudará a situação por causa do vento, o tempo ou outra circunstância?

Ficará pior, ou melhor?

Se há vazamento de produtos? Quais são? Aonde vão?

Estão envolvidos vapores ou fumaças tóxicas?

É possível uma explosão?

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142

Fatores modificativos

Não há duas Emergências iguais e essas diferenças sutis entre um incidente e outro,

quando são ignoradas, pode ter consequências sérias para todos aqueles que se encontram no

local. A Tabela 1 fornece alguns fatores importantes que os Respondedores sempre têm que

considerar.

O lugar é um fator modificativo importante- locais campestres versus urbanos, derrames

terrestres versus aquáticos, rodovias de alto fluxo versus terreno deserto. Tais diferenças

mudam o tipo de resposta.

A hora do dia é outro fator. Há uma grande diferença entre dia e noite. Um incidente

num local industrial durante uma troca de turno ou outro a saída de aulas, apresenta seus

próprios problemas.

O clima é sempre um fator importante. O frio pode facilitar o trabalho com alguns

produtos, no entanto pode dificultar o trabalho com outros, sendo difícil manter uma boa

temperatura para o pessoal e a equipe. O tempo quente normalmente aumenta os perigos

químicos e torna mais difícil a resposta devido ao cansaço dos respondedores. A umidade

relativa pode afetar aos produtos perigosos. A direção do vento tem papel vital na

determinação de lugares seguros e as direções de aproximação.

Tabela 1. Análise dos Fatores Modificativos

Lugar Hora Clima

1. Deserto

2. Povoado

3. Terreno difícil

4. Acesso limitado

5. Derrame

6. Derrame aquático

a. Água doce

b. Água salgada

7. Localização do

1. Do ano

2. Da semana

3. Do dia

4. Do primeiro aviso

5. Da Resposta

6. De início do

incidente

1. Temperatura

2. Direção do vento

3. Velocidade do

vento

4. Inversão de

temperatura

5. Precipitação

a. Chuva

b. Neve

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143

produto

c. Granizo

d. Outro

6. Previsão do tempo

Perigos e características de produtos perigosos e recomendações para os

Respondedores

O reconhecimento de locais não está completo enquanto a Seção Planificação não tenha

recolhido toda a informação possível sobre os perigos apresentados pelos produtos perigosos

e não tenham terminado uma análise das possíveis consequências.

A tarefa de obter, armazenar e interpretar esta informação podem ser rigorosa e requerer

muito tempo. Envolve uma grande quantidade de pesquisa e pode exigir o uso de várias fontes

A informação necessária deve incluir:

Identificação dos produtos perigosos.

Propriedades físicas.

Propriedades químicas.

Perigos físicos.

Riscos para a saúde.

Nível de proteção química requerido

Estimar o Dano Provável sem Intervenção

Neste passo do processo de Resposta, os Respondedores terão que responder à seguinte

pergunta: “O que irá ocorrer se não fizermos nada?”

É importante para isto, visualizar o comportamento provável de cada produto perigoso e

cada contêiner, os resultados prováveis de esse comportamento e o dano provável que irá

resultar.

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144

Uma forma de fazer é através das seguintes perguntas:

1. Que pressões afetam ou podem afetar ao contêiner do produto perigoso. Como pode

romper-se e que tipo de derrame ocorrerá como resultado?

2. Aonde irá o produto perigoso quando escapar e/ou o contêiner quando se soltar? Que

rumo seguirá? Aonde se chegará? (Estabeleça um modelo de dispersão.)

3. Por que é provável que o produto siga este rumo?

4. O que seguirá este rumo o produto perigoso ou o contêiner?

5. Quando o produto ou o contêiner seguirá este rumo?

6. Que dano fará o produto perigoso ou o contêiner durante seu trajeto?

Se a Resposta a estas perguntas determina que “nada mal acontecerá”, os

respondedores devem avaliar se deixarão que os eventos ocorram, limitando sua atuação

e vigiar e avaliar o curso dos mesmos.

Esta análise do local é um passo crítico preliminar à avaliação do risco e do perigo. Os

Respondedores devem perguntar-se se o risco de fazer uma entrada, vale uma possível

exposição ao produto perigoso.

Para responder a esta pergunta, a situação tem que haver sido analisada completamente.

Se os Respondedores não podem fazer todos os prognósticos necessários para analisar o

incidente, devem solicitar a ajuda do fabricante, o expedidor, o consignatário, o transportador,

especialistas disponíveis ou das agências federais, estaduais e locais envolvidas com produtos

perigosos.

Fatores determinantes

A informação que os Respondedores tenham conseguido sobre os produtos perigosos,

os contêineres, a etapa do incidente e os fatores modificativos são de grande importância,

porque existem quatro fatores que vão a determinar as respostas às perguntas enumeradas na

seção prévia:

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145

1. As propriedades inerentes do produto e a quantidade do material.

2. As características de construção do contêiner.

3. As leis naturais da física e da química.

4. O meio ambiente, incluindo as características do terreno, as condições climáticas

atuais e futuras, estado do contêiner, situação atual do local, fatores, evolução da

emergência, etc.

Resultado Provável

Para descrever o resultado provável os Respondedores tem que prognosticar:

Mortes potenciais.

Vítimas com feridas que causam incapacidade (crônicas e graves).

Danos à propriedade.

Interrupção de sistemas críticos (água, energia elétrica, gás).

Dano ao meio ambiente.

Considerar os objetivos da resposta

Um reconhecimento exato e completo do local e uma análise da emergência e dos

resultados prováveis sem intervenção permitem que os Respondedores:

a) Entendam os danos específicos que querem prevenir.

b) Definam prioridades estratégicas para seus esforços preventivos. A prevenção dos

danos constitui a meta global do Respondedor. As prioridades estratégicas são seus

objetivos para a Resposta, os quais tem que considerar:

Proteção dos Respondedores

Proteção do público

Proteção de vítimas.

Proteção do meio ambiente.

Proteção da propriedade

Gravidade relativa dos perigos.

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146

Pensando nos objetivos estratégicos para a Resposta, os Respondedores tem que

repassar as possíveis opções táticas. Também tem que considerar os recursos disponíveis para

cada opção. O incidente pode piorar se os Respondedores perdem o tempo planejando ações

sem os recursos necessários.

Quantos Respondedores estão disponíveis? Qual é o seu nível de treinamento? Até que

ponto servirá seu EPI nesta situação? Existe EPI em estoque disponível para a operação? Se

fossem requeridos, que recursos externos há disponíveis?

Os Respondedores devem considerar TODAS as opções táticas antes de entrar em ação. Elas

podem incluir:

Evacuação

Resgate

Contenção

Direcionamento

Confinamento

Extinção do fogo

Controle do fogo, etc.

Ações defensivas

As ações defensivas são as que se tomam uma certa distância respeito ao produto

químico. São respostas ao que passou ou está passando. Geralmente, se efetuam antes que se

estabilize a situação. As opções defensivas podem incluir a evacuação de pessoas, o resgate

de vítimas, a construção de diques a uma distância segura do produto derramado, vigilância

das condições ambientais, delimitar áreas, definir perímetro do incidente, descontaminação da

equipe de Resposta e de público ou vítimas contaminadas, etc.

Ações ofensivas

As ações ofensivas são as que se tomam para estabilizar uma Emergência. Somente

pessoas treinadas e certificadas no nível Técnico ou Especialista (de acordo à norma OSHA)

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147

podem tomar ações ofensivas. Elas podem incluir o tamponamento de fugas de um contêiner

danificado, controlar os vazamentos em válvulas com equipamento especializado, operar uma

válvula aberta num vagão-tanque, perfurar reservatórios, transferir produtos, queimar, etc.

Desenvolver a melhor opção

Quando existem várias opções, a equipe de resposta deve escolher qualquer uma ou

todas aquelas que contribuam com seus objetivos. Ou seja, se devem selecionar as que

apresentam maior utilidade e menor risco, para poder manter a segurança e terminar o

incidente.

Lembre, a “melhor” opção depende da situação específica e da capacidade de

resposta.

Às vezes, a melhor decisão será não fazer nada. Se sua melhor opção é “não fazer

nada”, tome-a, entendendo que o “não fazer nada” se refere especificamente a não tomar

ações ofensivas respeito ao produto químico ou ao contêiner.

Avaliar o Progresso.

Cada vez que tome uma ação- inclusive a de não fazer nada- a situação mudará. Embora

AVALIAR é o passo final no processo DECIDA, a avaliação é realmente um processo

permanente que permite manter a situação sob controle e tomar ações alternativas se a ação

prévia não deu os resultados desejados.

Antes de continuar ou de tomar outra ação, pare e avalie os resultados atuais. Serviu a

ação para seu propósito? Foi em realidade a “melhor opção”?

Agora regresse ao passo 1 e repita o processo DECIDA para atualizar sua informação.

Estão presentes produtos perigosos? Estão-se derramando ou em perigo de derramar-se? Se

for assim, tem mais trabalho que fazer. Se não, pode ser o momento de dar por terminada a

emergência e proceder a realizar tarefas de limpeza.

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148

12 MATRIZ DE REGISTROS

Relação de registros que evidenciam a realização da atividade de acordo a este padrão e

o método de guarda destes registros (indexação)

RESPOSTA AVALIAÇÃO

PLANEJAMENTO ANÁLISE

DE CI

A D

INÍCIO

FIM

EMERGÊNCIA

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149

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando o conteúdo deste trabalho, verificamos que a relação custo x benefício é

extremamente vantajosa para a implementação da proposta desta monografia. Em empresa já

existe farto material sobre atendimento de emergências ambientais, basta compilar as

informações das monografias já existentes, como por exemplo: Figueira (1995), Souza Pinto

(1996), Paca de Lima (1998), Bortoleto (1999), Leal (1999), Coelho Filho (2000), Cunha

(2002) e Berto (2004), pois as informações estão dispersas e elas se completam. Além das

monografias temos ainda o material didático dos trabalhos existentes no CCB e CPRv, desde

a primeira apostila sobre o tema de Alécio (1990), que serviu para capacitar os primeiros

bombeiros a prestar tais atendimentos, e a consagração com o MAEPP – MANUAL DE

ATENDIMENTO ÀS EMERGÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS – do Corpo de

Bombeiros do Estado de São Paulo (2007, no prelo). Estes materiais estão voltados para os

trabalhos de Bombeiros e Policiais Rodoviários, necessitando de pequenas adaptações para a

proposta desta monografia. Isto falando apenas do material interno, pois há farta literatura em

órgãos externos e, principalmente, do exterior, porém, como já foi dito, para esta proposta não

há tal necessidade, para a confecção de uma apostila e um jogo de slides. O vídeo treinamento

já é uma rotina na PMESP, assim desenvolver um vídeo sobre o assunto não requer quaisquer

adaptações para a nossa rotina. POP específico para atendimento de emergências ambientais

tecnológicas não existe, mas o Apêndice ―D‖ apresenta um fluxograma que direciona as

ações a serem desenvolvidas para quaisquer tipos de atendimento com produtos perigosos,

facilmente adaptáveis para o primeiro policial no local.

Uma breve descrição de cada etapa é comentada abaixo, cujos detalhes podem ser obtidos nos

capítulos referenciados:

a) Notificação do acidente

• O atendimento da emergência se inicia com a notificação do acidente, onde teremos as

informações básicas do acidente, como: local do acidente, tipo de acidente, produto

envolvido, quantidade de produto, se há incêndio ou vítimas. Esta fase pode ser realizada pelo

solicitante e complementada pelo policial no local. (maiores detalhes no Capítulo 03)

Page 150: Atendimento a emergencias ambientais técnicas e planos de reações

150

b) Identificação do produto

• Com a utilização do número da ONU ou descrição da embalagem ou do local de trabalho,

temos que identificar o produto para conhecer seus riscos potenciais. (maiores detalhes no

Capítulo 04)

c) Avaliação dos riscos do produto

• Nas áreas e no departamento de segurança industrial, temos as fichas de segurança do

produto e no departamento de segurança industrial temos um Manual de Emergência da

ABIQUIM que nos fornecerão os riscos principais do produto. (maiores detalhes no Capítulo

07)

d) Isolamento do local

• O Manual de Emergência da ABIQUIM apresenta as distâncias iniciais para o isolamento do

local, levando-se em conta a direção do vento, a dimensão do derrame ou vazamento e se está

de dia ou a noite. (maiores detalhes no Capítulo 05)

e) Monitoração ambiental

• Por meio de equipamentos de monitoração ambiental, como phmetro, e com a análise visual

do ambiente, podemos identificar algumas características do ambiente como: se o dia está

chuvoso ou não, se está calor, se o produto está visivelmente presente, etc. (maiores detalhes

no Capítulo 06)

Considerações finais 215

f) Reavaliação dos riscos do produto

• Com as informações dos riscos básicos do produto associados com as características do

ambiente, podemos reavaliar seus riscos. (maiores detalhes no Capítulo 07)

g) Redimensionamento da área de isolamento

• Uma vez reavaliados seus riscos, podemos verificar se o isolamento inicial é adequado ou

não e dividir as áreas em zonas fria, morna e quente. (maiores detalhes no Capítulo 08)

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151

h) Adequação de EPI

• A fim de se priorizar o resgate de vítimas, vamos utilizar o nível adequado de EPI, sendo

que normalmente se utilizará a roupa de proteção nível ―B‖. (maiores detalhes no Capítulo

09)

i) Solicitação de apoio

• Caso não se tenha recursos suficientes para o desenvolvimento dos trabalhos, quem estiver

no local solicitará apoio para poder dar continuidade ao atendimento. (maiores detalhes no

Capítulo 10)

j) Salvamento de vidas

• O resgate emergencial de vítimas é o principal objetivo deste procedimento, onde teremos a

retirada da vítima da zona quente, deixando-a na zona fria até a chegada de socorro adequado

externo, caso seja seguro. (maiores detalhes no Capítulo 11)

k) Avaliação dos recursos disponíveis

• Somente após analisar a forma segura de se retirar a vítima é que avaliaremos se há

condições ou não de se dar continuidade ao atendimento ou se apenas aguardamos a chegada

resgate especializado. (maiores detalhes nos Capítulos 06, 09 e 12)

l) Desenvolvimento de ações

• A contenção será de forma física ou química, utilizando-se os conceitos do Sistema de

Comando de Incidente e no mínimo com duplas na zona quente. (maiores detalhes nos

Capítulos 12 e 13)

Considerações finais 216

m) Descontaminação

• Uma segunda dupla ficará na área de descontaminação para garantir que não haja

contaminação além da zona quente. Está dupla estará com um nível de proteção abaixo da

equipe de intervenção, ou seja, se for necessário uso de roupa de proteção nível ―B‖, a equipe

de descontaminação estará utilizando roupas de proteção nível ―C‖. Em situações de

emergência, uma ―piscina‖ com lona impermeável com uma linha de hidrante, ou da

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152

empresa ou do CB pode servir como base de descontaminação. Lembrando-se que o

fardamento e a viatura também pode estar contaminada. (maiores detalhes no Capítulo 14)

n) Ações de rescaldo

• Após o atendimento da emergência, por quem quer que seja, caberá ao poluidor restabelecer

a segurança do local, deixando-o, preferencialmente, em melhores condições do que estava

antes. (maiores detalhes no Capítulo 15)

o) Ações pós-emergenciais

• Nesta fase, faz-se a avaliação do acidente, reúne-se com a equipe que trabalhou na

emergência para discussão dos erros e acertos e dá-se satisfação à imprensa. (maiores detalhes

no Capítulo 16)

p) Relatório

• Ao final de todo o atendimento, faz-se um relatório detalhado sobre o acidente não só para

registrar o evento, mas para também servir como uma fonte de aprendizado. (maiores detalhes

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153

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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THIOLLENT, Michel. São Paulo: Ed. Cortez, 1986.

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