43
NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO Comunicação de Maria João Silva

Na companhia das estórias

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO

FUTURO

Comunicação de Maria João

Silva

Page 2: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

Contar e ouvir estórias é por certo uma das mais

antigas actividades humanas

Pois

O que constituía mistério para a mente humana era

explicado com fantasia e imaginação, em imagens

compreensíveis sob a forma de lendas, fábulas e mitos

Page 3: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

As estórias enquanto narrativas orais fazem parte do

património cultural de vários povos

As narrativas orais acabaram por ser colectadas e

chegaram aos nossos dias através dos livros para

crianças, herdeiros desse hábito de contar estórias

oralmente

Page 4: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

<<Ah, pudesse eu voltar à minha infância Minha Velha Aia!

conta-me essa história que principiava, tenho-a na

memória, “Era uma vez”...>>

António Nobre

“Só”

Page 5: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

As histórias/Os contos ajudam o Leitor e Ouvinte ...

... A libertar-se de preconceitos

... A abrir-se a novos horizontes sobre a sua própria vida

... A estruturar-se como pessoa

... A desenvolver-se continuamente

Page 6: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

As histórias/Os contos transmitem aspectos da cultura e

mensagem

A tomada de consciência das mensagens veiculadas

pelos contos e os debates que se pode, gerar em torno

deles é muito importante quando se visa

Educar para viver num mundo inter/multicultural

Page 7: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

A leitura consciente de contos, as mensagens que

transmitem e os materiais usados em contextos

pedagógicos têm um papel importante na medida em que...

Levam educadores e educandos a descobrir os seus

códigos e a estarem atentos ao sistema de

comunicação que deles decorrem.

Page 8: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

Bruno Bettelheim (1995) refere que a criança precisa

muito especialmente de sugestões em forma simbólica

sobre como lidar com estes obstáculos para chegar sem

risco à maturidade.

Não há histórias inócuas, as histórias sempre transmitem

mensagens implícitas e /ou explicitas

Page 9: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

O conto de fadas confronta a criança sem rodeios com as

exigências básicas do ser humano, pois não há

sentimentos proibidos ou inabordáveis.

Page 10: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

A morte, o culto da morte, o direito ao luto estão no conto

da Branca de Neve.

“A Titulo de Exemplo”

No conto os Dois Irmãos é enfatizada a necessidade de

integrar as tendências contraditórias da soberania adulta,

só depois dos dois gémeos se reunirem a felicidade foi

possível

Page 11: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

“A Título de Exemplo”

Hansel e Gretel só conseguiram resolver os seus

problemas afastando-se da casa dos pais regressando

depois de terem passado determinadas provas, sendo

ultrapassado o pavor do abandono evidenciado por estas

duas personagens

Page 12: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

A destruição moral a que pode levar uma relação de uma

mãe que não consegue ultrapassar o seu narcisismo e ver

a filha como rival parece estar presente no conto a Gata

Borralheira

Page 13: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

Os contos mostram que desde a infância o ser humano é

sujeito a pulsões e emoções violentas e a conflitos

profundos, percorre-se também a antiquíssima vontade

de Viver e Ser Feliz

Page 14: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

• Os processos interiores são traduzidos por imagens

visuais

Ao Contar Uma História

• A participação activa constitui factor vital que enriquece

a experiência das crianças

• Existe uma afirmação da personalidade, através do

confronto de experiências partilhadas com o outro

Page 15: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

O conto, transmitindo mensagens, pode funcionar como

elemento mobilizador da afectividade da criança e

estimulador da sua participação pelas funções poética e

expressiva que contém quando estas são positivamente

utilizadas

Page 16: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

Valorização de trocas culturais

O Conto pode ser um dispositivo privilegiado de:

Cooperação

Partilha, já que a criança pode identificar e identificar-se

com múltiplos personagens que interagem em

contextos diferentes, têm personalidades e hábitos

diferentes

Análise critica e de auto-avaliação

Page 17: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

Com os contos a criança entra em contacto com

contextos diferenciados e habitua-se a estar no lugar do

outro, iniciando assim o percurso da aceitação

enriquecedora da diversidade

Page 18: Na companhia das estórias

Na perspectiva de uma EDUCAÇÃO INTER/MULTICULTURAL

CRITICA, que permita que as crianças de grupos sociais e

culturais diversos sejam educadas para um BILINGUISMO

CULTURAL onde, simultaneamente com o conhecimento

aprofundado da sua cultura de origem, desenvolvem atitudes

de alteridade e de respeito pelo pelo outro, através do

conhecimento critico e contextualizado de outras culturas,

passando ao exercício de uma democracia representativa

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

Como se promove este percurso de aceitação da diversidade?

ATRAVÉS

CONTOS/HISTÓRIAS

Page 19: Na companhia das estórias

RELATO DE PRÁTICAS EDUCATIVAS...

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

EDUCAÇÃO INTERCULTURAL

ATRAVÉS DE CONTOS

EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA

NUMA PERSPECTIVA DE:

Page 20: Na companhia das estórias

Criação de uma equipa de trabalho constituída por

Educadores de Infância / Professores para a

abordagem da cidadania e da multiculturalidade

através dos contos

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

1ª FASE

Page 21: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

Criação de grelhas de análise para descodificar as

mensagens veiculadas pelos livros de conto

2ª FASE

Page 22: Na companhia das estórias

2ª FASE

Conto: Dumbo da Disney, Everest Editora

Grelha de Análise do Conto

REPRESENTAÇÕES

EM RELAÇÃO ÀS DIFERENÇAS EM RELAÇÃO ÀS SEMELHANÇAS

“Desculpe o atraso excede o

peso normal”

“...descomunais muito maiores

que o resto do corpo”

“Em toda a minha vida nunca

vi nada igual”

“Orelhas enormes”

“Que coisinha mais linda”

”Parabéns senhora Jumbo tem

um lindo bebé

Page 23: Na companhia das estórias

2ª FASE

RELAÇÃO COM A DIVERSIDADE

ACEITAÇÃO ACTIVA NÃO ACEITAÇÃO

“Contemplou com imensa

doçura o seu bebé”

“Para mim serás sempre o

elefantezinho mais bonito do

mundo”

“O único elefante voador do

mundo

“Ah! Ah! Ah! Só viram aquelas

orelhas parecem dois toalhões de

banho”

“Ah! Ah! Ah! Riram os garotos

olhem para aquelas orelhas se ele

resolve agitá-las levanta-se um

vendaval”

“Não merece estar aqui connosco

proponho que não lhe ligue

importância agiremos como se lele

não existisse

Page 24: Na companhia das estórias

2ª FASE

VALORES VEICULADOS

SOLIDARIEDADE ACTIVA SOLIDARIEDADE NÃO ACTIVA

(TOLERÂNCIA)

“Eu tomarei conta de ti”

“Tu vais ser a estrela do circo”

“Desculpem se os

incomodamos...”

“Bem, não sabiamos. Se

pudermos ajudar... ”

Page 25: Na companhia das estórias

2ª FASE

VALORES VEICULADOS

PATERNALISMO

MOTIVAÇÃO

“Troçar assim de um pobre

elefante?

Não têm vergonha?”

“ A partir de hoje, acaba-se

a história de abusar do

pobre elefantezinho”

REFORÇO + REFORÇO -

“Quando fores

maior serás o

elefante mais

forte do circo...”

“A tua sorte vai

mudar”

“Tens que ser

forte portaste-te

bem, meu filho”

“Anda cobardolas.

Salta já!”

Page 26: Na companhia das estórias

2ª FASE

Dumbo, o elefante, nasce “diferente”, tem umas enormes orelhas

e, por isso, é excluído da sua comunidade, mas o rato

desmistificando essa diferença dá a oportunidade a Dumbo de

crescer de acordo com a sua “diferença”

Dumbo acaba por se tornar herói, pois na sua “diferença”

consegue encontrar-se.

A problemática do “diferente” reflecte a evolução sociocultural

de uma comunidade-. É manifesta uma cumplicidade cultural que

está subjacente ao julgamento que diferencia os “diferentes” dos

“não diferentes”. Esta cumplicidade obscura, ténue, subtil e

confusa, tem por objectivo afastar ou excluir de alguma maneira os

“diferentes” cuja presença perturba e ameaça o mundo dos

“normais” e respectiva ordem social.

COMENTÁRIO

Page 27: Na companhia das estórias

2ª FASE

Conto:

Gigões & Anantes,

Manuel Pina,

Editora Afrontamento

Page 28: Na companhia das estórias

2ª FASE

Conto: Gigões & Anantes, Manuel Pina, Editora Afrontamento

Grelha de Análise do Conto

MENSAGENS EXPLÍCITAS MENSAGENS IMPLÍCITAS

“Gigões são Anantes muito grandes.

Anantes são Gigões muito pequenos.

Gigões diferem dos Anantes porque

uns são um bocado mais, outros

são um bocado menos”

Diferença“Era uma vez um Gigão tão grande,

tão grande, que não cabia.

- Em quê? – O Gigão era tão grande

que não se sabia em que é que ele

não cabia!

- Mas havia um Anante ainda maior

que o Gigão, e esse então nem se

sabia se ele cabia ou não”

Page 29: Na companhia das estórias

2ª FASE

Conto: Gigões & Anantes, Manuel Pina, Editora Afrontamento

Grelha de Análise do Conto

MENSAGENS EXPLÍCITAS MENSAGENS IMPLÍCITAS

“Só havia uma maneira de os

distinguir:era chegar ao pé deles e

perguntar.

- Mas eram tão grandes que não dse

podia lá chegar!

- - E nunca se sabia se estavam a

mentir!”

Diferença VS Semelhança

Page 30: Na companhia das estórias

2ª FASE

Conto: Gigões & Anantes, Manuel Pina, Editora Afrontamento

Grelha de Análise do Conto

MENSAGENS EXPLÍCITAS MENSAGENS IMPLÍCITAS

“Então a Ana como não podia

resolver o problema arranjou uma

teoria: Xixanava com eles e o que

ficava Xubiante era o Gigão e o

Anante o que fingia que não”

Distribuição do poder através

da comunicação

“A teoria nunca falhava porque era

toda com palavras que só a Ana

sabia. E como eram palavras de

toda a confiança só queriam dizer

o que a Ana queria”

Page 31: Na companhia das estórias

2ª FASE

O conto Gigões & Anantes parece veicular mensagens da

relatividade da diferença. A análise feita ao conto remete-nos para

uma abordagem holística da diferença e da semelhança intra/inter

grupais.

Afinal não existem diferenças sem semelhanças nem

semelhanças sem diferenças.

“Gigões são anantes muito grandes

Anantes são Gigões muito pequenos

Os Gigões diferem dos Anantes porque

Uns são um bocado mais, outros são um bocado menos”

Assim dar voz e vez ao outro é quebrar as barreiras do

inacessível. A importância da comunicação é também referenciada

como instrumento privilegiado de inclusão

COMENTÁRIO

Page 32: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

Introdução na prática educativa dos contos como

dispositivo pedagógico procurando ressaltar o

aspecto formativo por parte de crianças, de atitudes

que conduzam ao desenvolvimento de uma aceitação

activa da diversidade

3ª FASE

Page 33: Na companhia das estórias

3ª FASE

Conto: Gigões & Anantes, Manuel Pina, Editora

Afrontamento

Crianças na faixa etária dos três aos cinco anos

Momento: Hora do Conto

O conto chegou às crianças através de oito momentos:

Page 34: Na companhia das estórias

3ª FASE

1º Momento: O texto do conto é passado para uma folha de papel

cenário previamente executada e sem a presença das

crianças.

2º Momento: O conto escrito na folha de papel cenário é lido às

crianças. As crianças riem pedem explicações sobre

algumas palavras, como por exemplo: o que é um a

”teoria”?...

Page 35: Na companhia das estórias

3ª FASE

3º Momento: Cada criança circulou pela sala, para escolher actividades a realizar sobre o

conto, tendo à disposição materiais vários. Surgiram construções e

desenhos e foram feitos comentários que a Educadora registou, mas

também como texto livre nos desenhos das crianças.

Page 36: Na companhia das estórias

3ª FASE

4º Momento: Recurso ao livro original para através da leitura do conto,

agora já conhecido e em contexto de livro, as crianças

pediram para mostrar a imagem que correspondia a cada

“quadra”. Como não existia essa imagem, surgiram

propostas de ilustração.

Page 37: Na companhia das estórias

3ª FASE

5º Momento: Elaboração de um livro pelas crianças. É planeada a construção de um livro

a partir das sugestões das crianças e da Educadora (tendo em conta a

análise do conto previamente realizada).

Page 38: Na companhia das estórias

3ª FASE

6º Momento: Dramatização. Decorrente da questão “Como seria o Anante e o Gigão?”,

constróem-se máscaras e o grupo realiza uma dramatização livre. A proposta

da Educadora é fazer, em modelagem, o rosto do Anante e do Gigão.

Page 39: Na companhia das estórias

3ª FASE

7º Momento: Dramatização orientada pelo texto.

8º Momento: O reconto do conto. É feita a reinvenção do conto

através de uma narrativa oral e, na necessidade de a

registar, faz-se uma gravação. O conto ganha outra

dimensão: as máscaras e a dramatização.

Page 40: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

Avaliação da prática em termos dos processos de

transmissão e de aquisição de mensagens culturais

o que constituiria um ponto de retorno ao arquitectar

novas práticas educativas.

4ª FASE

Page 41: Na companhia das estórias

4ª FASE

PROJECTO PEDAGÓGICO

Desenvolver nas crianças aspectos relacionados com a educação para a

cidadania

Promover o respeito pelo outro a partilha, a cooperação e a solidariedade

Exploração:Leitura

Registo

Reconto

Grupo de 4 anos

Educadora responsável:

Helena Medeiros

Ponto de partida:

O peixinho arco íris o mais belo peixe dos

Oceanos

Avaliação

Page 42: Na companhia das estórias

NA COMPANHIA DAS ESTÓRIAS RUMO AO FUTURO

“Se bastasse conceber para realizar

Estaria mergulhado num mundo

Semelhante ao de um sonho

Em que o possível não se destingue

do real”

Sartre

Page 43: Na companhia das estórias