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1 Autos n.º 1038161-44.2016.8.26.0053 Ação Civil Pública 7ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central Requerente: Associação Civil Instituto Aimara de Defesa e Educação Ambiental (“Instituto Aimara”) Requeridas: Fazenda do Estado de São Paulo e outros. MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO MM. Juiz: Trata-se de ação civil pública proposta pela Associação Civil Instituto Aimara de Defesa e Educação Ambiental (“Instituto Aimara”) em face da Fazenda do Estado de São Paulo, do DAEE – DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA DO ESTADO DE SÃO PAULO e da COMPANHIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – SABESP. Sustenta a autora, em síntese, que se faz necessário o reflorestamento de toda área que compõe o Sistema Cantareira pertencente ao Estado de São Paulo. Isso porque, segundo alega, “a região do Sistema Cantareira perdeu quase 80% de sua vegetação nativa nos últimos 30 anos, mesmo com os mananciais tendo proteção legal (...)”, restando “apenas 21,5% Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 1038161-44.2016.8.26.0053 e código 2561AD7. Este documento foi protocolado em 12/09/2016 às 20:03, é cópia do original assinado digitalmente por MARIA CECILIA ALFIERI NACLE. fls. 371

Cantareira/ação reflorestamento

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Page 1: Cantareira/ação reflorestamento

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Autos n.º 1038161-44.2016.8.26.0053 Ação Civil Pública 7ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central Requerente: Associação Civil Instituto Aimara de Defesa e Educação Ambiental (“Instituto Aimara”) Requeridas: Fazenda do Estado de São Paulo e outros.

MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

MM. Juiz:

Trata-se de ação civil pública proposta pela

Associação Civil Instituto Aimara de Defesa e Educação Ambiental (“Instituto

Aimara”) em face da Fazenda do Estado de São Paulo, do DAEE –

DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA DO ESTADO DE SÃO PAULO e

da COMPANHIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO –

SABESP.

Sustenta a autora, em síntese, que se faz necessário

o reflorestamento de toda área que compõe o Sistema Cantareira pertencente

ao Estado de São Paulo. Isso porque, segundo alega, “a região do Sistema

Cantareira perdeu quase 80% de sua vegetação nativa nos últimos 30 anos,

mesmo com os mananciais tendo proteção legal (...)”, restando “apenas 21,5%

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da cobertura original na bacia hidrográfica e nos 2.270 quilômetros quadrados

onde estão as seis represas do sistema”.

Assim, asseverando a importância das florestas

naturais que protegem as nascentes – que hoje seriam áreas muito pequenas e

praticamente inexistentes – pretende a tutela jurisdicional para o fim de

determinar “as ações necessárias ao restabelecimento da condição in natura da

área de preservação permanente, principalmente, como no caso sub judice, no

que se refere ao reflorestamento de todo o Sistema Cantareira Paulista”.

Almeja, pois, a “recuperação da área de preservação

permanente ao seu status in natura, ou seja, a reestruturação da margem do

curso d’água para o devido cumprimento de sua função ambiental –

REFLORESTAMENTO”.

Para tanto, postula a condenação solidária das rés:

“I - ao cumprimento da obrigação de fazer,

REFLORESTAMENTO DE TODO O SISTEMA CANTAREIRA PAULISTA no sentido

de ser instituída, medida, demarcada e averbada na área de cada propriedade

a reserva florestal legal de 20% (vinte por cento) - cessando-se toda a

exploração agropecuária ou mineral em tais áreas e possibilitando-se o

imediato início de seu processo de regeneração natural;

II - ao cumprimento de obrigação de fazer acima

requerida, consistente na efetivação de reflorestamento artificial dentro das

áreas das referidas reservas legais, devidamente averbadas e demarcadas, tudo

com espécies nativas da região, em um prazo inferior de 10 (dez) anos, devendo

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ser realizado proporcionalmente, até se atingir todo o Sistema Cantareira

Paulista;

III - à imposição de multa diária equivalente a 100

(cem) salários mínimos, multa essa a ser recolhida ao Fundo Estadual de

Reparação dos Interesses Difusos e Coletivos em caráter exclusivamente

cominatório, em caso de descumprimento total ou parcial de qualquer das

obrigações de fazer, acima discriminadas” (SIC).

Não há pedido de tutela provisória de urgência.

É a síntese do necessário.

Em relação às condições da ação, entendo estarem

presentes.

Com efeito, a requerente, conforme consta de seu

objetivo social, fls. 62/63, artigo 2º, está apta a representar a sociedade na

defesa e preservação do meio ambiente, sendo a entidade constituída há mais

de um ano (fl. 70). Está representada por seu presidente, em que pese não

haver demonstração da atualidade dessa informação (fl. 60), devidamente

assistida por advogado constituído por meio da procuração (fl. 55).

Quanto ao foro da Capital para o julgamento da

causa, considerando ser público e notório que o Sistema Cantareira abrange

diversas Comarcas do território estadual e que, em tese, provoca danos

regionais, de fato merece acolhida a determinação estabelecida no inciso II, do

artigo 93 do CDC.

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Demais disso, compulsando os autos, é possível se

inferir a existência de interesse público apto a ensejar a intervenção deste

Parquet como “custos legis”, haja vista a ocorrência de possível dano ambiental

consistente na supressão de vegetação em desobediência à legislação

ambiental.

Como ensina Edis Milaré, “a defesa do meio

ambiente, hoje imposição de ordem constitucional, é tarefa nobilitante do

Parquet”. Incumbe ao Ministério Público a defesa dos interesses sociais e

individuais indisponíveis. Os temas relacionados ao meio ambiente envolvem

direitos difusos, que pertencem a toda coletividade, às presentes e futuras

gerações e, em vista do caráter transindividual do direito, compete ao

Ministério Público zelar pela sua indivisibilidade.

De fato, a supressão da vegetação do entorno das

florestas que compõem o Sistema Cantareira produziu e continua produzindo

efeitos nocivos ao meio ambiente, contribuindo para a escassez de água,

aumento da temperatura média de centros urbanos, dentre outros, merecendo

e devendo ser tutelada pelo Ministério Público.

Assim, faz-se necessária a intervenção do Parquet

para assegurar a integral reparação ambiental e, assim, tutelar efetivamente o

direito difuso subjacente ao interesse subjetivo das partes.

Deste modo, entendendo estar a inicial em termos,

o Ministério Público, na condição de “custos legis”, aguarda a citação das

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requeridas com a apresentação das respectivas respostas, da réplica,

protestando, após, por nova vista.

São Paulo, 12 de setembro de 2016.

Maria Cecília Alfieri Nacle

Promotora de Justiça Substituta

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