Seminário Mobilidade e Novas Formas de Organização Urbana, 03/10/2009 - Apresentação de Raquel Rolnik

“DESAFIOS DA GESTÃO URBANA NO BRASIL” “DESAFIOS DA GESTÃO URBANA NO BRASIL”

São Paulo, março 2009 RAQUEL ROLNIK FAU-USP

NOVAS FORMAS DE GESTÃO URBANA“Desafios da gestão urbana no Brasil”

“DESAFIOS DA GESTÃO URBANA NO BRASIL”

PANORAMA GERAL

Fragilidade da gestão urbana

Incapacidade administrativa?

Incompetência?

Corrupção?


A LÓGICA DA DESORDEM URBANA


A Formação do Brasil Urbano

2005 169 milhões 82% vivem em

cidades

1950 18 milhões 36% viviam em

cidades

Em 50 anos a população urbana cresceu mais de 150 milhões


Um modelo de exclusão sócio territorial

Crescimento com concentração de renda Grande contingente de pobres

Auto produção do habitat popular

“DESAFIOS DA GESTÃO URBANA NO BRASIL” Viagens iniciadas em Cidade Tiradentes - 1997


Qualidades urbanísticas que se acumulam em um setor restrito da cidade


Modelo dual de urbanización Modelo dual de urbanização


Ocupações de áreas de preservação – Represa Billings, São Paulo


Tamanho dos municípios

53,61% da população urbana vive em 253 municípios com mais de 100.000 habitantes


Assentamentos Irregulares

PESQUISA MUNIC 2000

– Em 100% dos municípios com mais de 500mil habitantes há presença de assentamentos irregulares

– Em 84% dos municípios entre 100mil e 500mil habitantes há presença de assentamentos irregulares


Assentamentos Irregulares

Estimativa IPEA + metodologia UN-Habitat + CENSO

– 40,5% dos domicílios brasileiros estão assentamentos precários

– Isto representa 16 milhões de famílias, da quais 12 milhões têm renda inferior a 5 salário mínimos


Situação dos Municípios segundo a ocorrência de ilegalidade urbana - 2000


Lógica da produção do “novo”

• Expansão de limites da cidade de forma fragmentada

– Substituição do tecido construído para novos produtos imobiliários destinados a parcelas restritas do mercado

“DESAFIOS DA GESTÃO URBANA NO BRASIL” Curitiba - 2001


Cidade “legal”

Poder centralizado e concentrado em um Estado moderno, regado por um aparato normativo vasto


Cidade “legal”

• Coalizão público-privada

• Canalização de recursos prévios para as frentes imobiliárias (diminui riscos do mercado)


Privatização do controle da cidade

• Controle de uso e ocupação do solo – bloqueio da produção para classes baixas

• Mercados de alta renda incorporam a mais-valia gerada pelo poder público

• Impostos prediais e territoriais cobrados são desatualizados (base de cálculo IPTU)



DENSIDADE ÁREA CONSTRUÍDA

TOTAL (2000)

INCREMENTO POPULACIONAL

(2000)

Até 0,20 0,21 a 0,45 0,46 a 0,75 0,76 a 0,150 0,151 e mais

- 3,95 a 0,00 0,01 a 2,00 2,01 a 5,00 5,01 a 13,38 Parques e reservas


DISTRIBUIÇÃO DE DOMICÍLIOS COM RENDA

20 SALÁRIOS MÍNIMOS (2000)

DISTRIBUIÇÃO DE DOMICÍLIOS COM

RENDA3 SALÁRIOS MÍNIMOS

(2000)

Até 10,00 10,1 a 20,00 20,01 a 30,00 30,01 a 45,00 45,01 e mais

Até 10,00 10,1 a 20,00 20,01 a 30,00 30,01 a 45,00 45,01 e mais


LOTEAMENTOS IRREGULARES

(2000) EMPREGOS

FORMAIS(2000)

Cortiços Loteamentos irregulares

de 42 a 11.727 de 11.728 a 27.906 de 27.907 a 38.991 38.992 a 50.676 50.677 a 62.361 62.362 a 77.942


MUNICÍPIO: ENTE AUTÔNOMO DA FEDERAÇÃO?


Cidade de 10 milhões de habitantes que faz parte de uma região metropolitana de 17 milhões

Município de 1000 habitantes, situado em região eminentemente rural

≠


Receita própria dos municípios

• IPTU

• ISS

• ITBI

• IVV


De onde vem as receitas municipais?

• Mais de 70% dos municípios brasileiros obtém 90% suas receitas através de transferências (¹)

• Nem mesmo São Paulo e Rio de Janeiro conseguem ultrapassar a marca de 40% de receita própria (²)


Receitas municipais


Transferências voluntárias

Possibilidades restritas de acesso a crédito +

Limitadas receitas próprias =

Necessidade de Transferências voluntárias (Estas se dão através de convênios dos municípios com os governos estaduais e federal)

EXECUTIVO orçamento programável

LEGISLATIVO emendas parlamentares


Emendas Parlamentares por período


Orçamento Ministério Cidades

Para o Ministério das Cidades o percentual representado pelas emendas (inclusive coletivas) representam:

– mais de 50% do orçamento aprovado

– mais de 80% do orçamento executado

Trata-se de recursos para a construção de casas, pavimentação de vias, canalização de água, reforma de espaços públicos,

enfim de obras de urbanização!!!


Marco Regulatório homogêneo

• Uso e ocupação do solo

• Programas de financiamento

• Programas de apoio ao desenvolvimento urbano local

São únicos para conjunto do país!!!


Fragmentação da regulação do território

Gestão ambiental x

Gestão urbanística x

Gestão do patrimônio histórico x

Gestão do patrimônio público x

Gestão da logística como portos e aeroportos

Incidem sobre os mesmos territórios numa superposição de lógicas muitas vezes contraditórias!!!


Fragmentação da estruturas administrativas

• Diferentes esferas de controle e fiscalização (verticalizadas e dependentes de estruturas centralizadas)

• Ligação à diferentes entes da federação (gerências e superintendências regionais conflitantes)


Efeitos políticos desta equação

Fragilidade institucional +

Marco regulatório excludente

+ Sobreposição de competências e esferas de gestão

= Intermediação política


CONSTRUÇÃO DO NOVO MARCO JURÍDICO URBANÍSTICO


• Constituição Federal de 1988 – Capítulo de Política Urbana – Artigos 182 e 183.

• Aprovação do Estatuto da Cidade (Lei Federal

10.257, de 10 de julho de 2001).

• Planos Diretores (outubro de 2006)

Construção do novo marco jurídico urbanístico

Environment

Seminário Mobilidade e Novas Formas de Organização Urbana, 03/10/2009 - Apresentação de Raquel Rolnik