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0DEEFDBCA4AE3EFADEE11F3D8AC8D1D8 PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Estado da Bahia Processo nº 0009421-18.2015.4.01.3300 Autor: LEANDRO SANTOS DA SILVA Réu: COMISSAO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DA OAB/DF E OUTROS(AS) Tipo: C SENTENÇA Dispensado o relatório, nos termos do art. 38, da Lei 9.099/95. A análise dos autos revela que, na peça inicial, consignou a parte autora residir na cidade de Valença-BA, o que foi corroborado por inúmeros ofícios e mandados judiciais que instruiram a peça inaugural. Tal o contexto, e considerando não se tratar de demanda previdenciária — circunstância que ensejaria a concorrência de foros, a critério do segurado, nos termos da Súmula 689 do STF —, há que se concluir que a competência para processar e julgar o presente feito é do Juízo Federal da Subseção Judiciária de Feria de Santana — que jurisdiciona o município em que domiciliado o Autor —, competência essa absoluta, porque assentada em critério funcional, consoante pacífica jurisprudência, a seguir exemplificada: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA. AÇÃO PROPOSTA CONTRA O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL E A UNIÃO FEDERAL, COM ESCOPO DE OBTER REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO COMPLEMENTADO COM RECURSOS DO TESOURO NACIONAL. SEGURADA DOMICILIADA NA CIDADE DE IBIÁ, ESTADO DE MINAS GERAIS, CIDADE SOB JURISDIÇÃO DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA FEDERAL DE UBERABA. 1. É assente a orientação jurisprudencial desta Corte a de que caracteriza competência funcional absoluta a das Varas Federais do interior, sendo por isso mesmo passíveis de autorizar declinação, de ofício, pelo juiz.2. Domiciliada a autora em local que não é jurisdicionado pela Seção Judiciária Federal do Estado de Minas Gerais em sua sede, na cidade de Belo Horizonte, e não tendo ela, em momento algum, mostrado jurisdicione o lugar de origem do ato ou fato determinante da demanda, ou da agência previdenciária que mantém o benefício objeto da lide, não detém competência para seu processo e julgamento, lícito ao juiz, assim, desta declinar em favor da Subseção Judiciária de Uberaba, foro jurisdicional do local de domicílio da autora. 3. Agravo a que se nega provimento”.(AG 2002.01.00.003252-2/MG, Rel. Desembargador Federal Carlos Moreira Alves, Segunda Turma, DJ de 14/09/2004, p.51). PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO AJUIZADA CONTRA A UNIÃO EM VARA DA CAPITAL, POR SERVIDOR DOMICILIADO EM MUNICÍPIO SOB JURISDIÇÃO DE

RECURSO INOMINADO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CIVEL DA CIDADE DE SALVADOR-BA

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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL

Seção Judiciária do Estado da Bahia

Processo nº 0009421-18.2015.4.01.3300

Autor: LEANDRO SANTOS DA SILVA

Réu: COMISSAO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DA OAB/DF E OUTROS(AS)

Tipo: C

SENTENÇA

Dispensado o relatório, nos termos do art. 38, da Lei 9.099/95.

A análise dos autos revela que, na peça inicial, consignou a

parte autora residir na cidade de Valença-BA, o que foi corroborado por

inúmeros ofícios e mandados judiciais que instruiram a peça inaugural.

Tal o contexto, e considerando não se tratar de demanda

previdenciária — circunstância que ensejaria a concorrência de foros, a

critério do segurado, nos termos da Súmula 689 do STF —, há que se concluir

que a competência para processar e julgar o presente feito é do Juízo Federal

da Subseção Judiciária de Feria de Santana — que jurisdiciona o município em

que domiciliado o Autor —, competência essa absoluta, porque assentada em

critério funcional, consoante pacífica jurisprudência, a seguir exemplificada:

“CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA. AÇÃO

PROPOSTA CONTRA O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO

SOCIAL E A UNIÃO FEDERAL, COM ESCOPO DE OBTER REVISÃO

DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO COMPLEMENTADO COM

RECURSOS DO TESOURO NACIONAL. SEGURADA DOMICILIADA

NA CIDADE DE IBIÁ, ESTADO DE MINAS GERAIS, CIDADE SOB

JURISDIÇÃO DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA FEDERAL DE UBERABA. 1.

É assente a orientação jurisprudencial desta Corte a de que

caracteriza competência funcional absoluta a das Varas

Federais do interior, sendo por isso mesmo passíveis de autorizar

declinação, de ofício, pelo juiz.2. Domiciliada a autora em

local que não é jurisdicionado pela Seção Judiciária Federal do

Estado de Minas Gerais em sua sede, na cidade de Belo

Horizonte, e não tendo ela, em momento algum, mostrado

jurisdicione o lugar de origem do ato ou fato determinante da

demanda, ou da agência previdenciária que mantém o

benefício objeto da lide, não detém competência para seu

processo e julgamento, lícito ao juiz, assim, desta declinar em

favor da Subseção Judiciária de Uberaba, foro jurisdicional do

local de domicílio da autora. 3. Agravo a que se nega

provimento”.(AG 2002.01.00.003252-2/MG, Rel. Desembargador

Federal Carlos Moreira Alves, Segunda Turma, DJ de

14/09/2004, p.51).

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO

AJUIZADA CONTRA A UNIÃO EM VARA DA CAPITAL, POR

SERVIDOR DOMICILIADO EM MUNICÍPIO SOB JURISDIÇÃO DE

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VARA DO INTERIOR. COMPETÊNCIA FUNCIONAL ABSOLUTA.

DECLINAÇÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. 1. Residindo o autor

em município sob jurisdição da Vara da Subseção Judiciária de

Uberlândia, o feito em que demanda contra a União Federal

deve ser processado naquela Subseção Judiciária, e não em

uma das Varas da Capital, em face da competência

funcional absoluta. Provimento 356/88 do Conselho da Justiça

Federal. 2. Agravo de instrumento não provido” (AG

2001.01.00.036835-5/MG, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL

TOURINHO NETO, SEGUNDA TURMA do TRF 1ª Região, DJ de

30/06/2003 P.60).

“PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PROVIMENTO

Nº 331/87, DO CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL. COMPETÊNCIA

FUNCIONAL ABSOLUTA. DECLINAÇÃO DE OFÍCIO.

POSSIBILIDADE. 1.A competência fixada pelo Provimento nº

331/87, do Conselho da Justiça Federal, é funcional e,

portanto, absoluta, passível de ser conhecida de ofício. 2.

Precedentes jurisprudenciais desta Corte. 3. Conflito conhecido

para declarar a competência do Juízo Suscitante (1ª Vara da

Subseção Judiciária de Juiz de Fora)” (CC 2001.01.00.043778-

1/MG, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL JOAO BATISTA MOREIRA,

Rel. Conv. JUIZ LINDOVAL MARQUES DE BRITO (CONV.),

TERCEIRA SEÇÃO do TRF 1ª Região, DJ de 22/10/2002 P.59).

Diante do exposto, sendo este Juízo Federal absolutamente

incompetente, em razão do foro, para processar e julgar a presente

demanda, extingo o processo, sem exame do mérito, com fundamento no art.

51, III, da Lei n. 9.099/95.

Defiro a gratuidade da justiça.

Sem condenação em custas nem honorários, por força do art.

55, da Lei nº 9.099/95.

Não havendo recurso, certifique-se o trânsito em julgado e

arquivem-se os autos.

P.R.I.

SALVADOR (BA), 12 de março de 2015.

<<Juiz_Assinatura>>

Fábio Rogério França Souza

Juiz Federal da 21ª Vara/JEF Cível

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 21ª VARA DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DA

BAHIA.

Processo nº 0009421-18.2015.4.01.3300

Ação de Obrigação de Fazer RECORRENTE: LEANDRO SANTOS DA SILVA RECORRIDOS: COMISSÃO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DA OAB/DF; CIDH: COMISSÃO INTERAMERICANA DOS DIREITOS HUMANOS; ONU: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS; ANISTIA INTERNACIONAL DO BRASIL E ARTIGO 19 BRASIL.

LEANDRO SANTOS DA SILVA, já qualificado nos autos desta querela, , com o devido respeito à presença Vossa

Excelência, em causa própria com fulcro vem nos artigos. 36, 254, inc. I do CPC,

infra - assinado , pleitear, com supedâneo no art. 14, nº 1, letra d) do Pacto

Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, com fulcro no art. 8º, letra h) do

Pacto de San José da Costa Rica ,e, artigos. 214, §1º, §2º, 222, f) ambos do

Estatuto de Ritos e a teor do que autoriza o art. 18, I, da Lei 9.099/95, o

RECURSO INOMINADO,

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quanto aos termos da r. sentença proferida nos autos do processo em epígrafe, pelos

fatos e jurídicos fundamentos constantes das razões anexas, requerendo desde já sua

remessa ao Colegiado Recursal.

Termos em que. Espera deferimento. Valença, Bahia, 21 de abril de 2015.

___________________________________________________ LEANDRO SANTOS DA SILVA

PROCESSO Nº 0009421-18.2015.4.01.3300

21ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL - SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DA BAHIA.

RAZÕES DE RECURSO

1) PRELIMINARMENTE: DA TEMPESTIVIDADE

O PRESENTE RECURSO É TEMPESTIVO, POIS A INTIMAÇÃO

DA SENTENÇA AINDA ESTA EM ANDAMENTO E A SETENÇA DEU-SE EM 12 DE

MARÇO DE 2015, SEM, PORTANTO, FINDANDANDO-SE O PRAZO RECURSAL.

2) DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL COMUM PARA JULGAR.

Pretende a parte autora nulidade da sentença vergastada,

arguindo incompetência territorial do presente litigio em SEDE DO JUIZADO

ESPECIAL DA 21ª VARA DA CIDADE DE SALVADOR - BA, pois não foi observado

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pelo juiz “a quo” o que estabelece o art.3º, §1º, I da LEI Nº 10.259, DE 12 DE JULHO

DE 2001.

A regra geral é que não se incluem na competência do Juizado

Especial Cível as causas: referida no art. 109, incisos II a qual não compete ao juiz “a

quo” processar e julgar: “as causas entre Estado estrangeiro ou organismo

internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País”.

As exceções à regra geral de competência territorial estão

dispostas nos parágrafos 2º do art. 113 do CPC, com destaque para o disposto do

art. 219 do referido artigo, quanto ao lugar de remessa que deveria ser processada a

ação, no qual se enquadra o litigio da parte autora sob análise, como se vê na

jurisprudência do STJ:

RECURSO ESPECIAL - NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

- NÃO OCORRÊNCIA - RECONHECIMENTO DA INCOMPETÊNCIA

ABSOLUTA - REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO REPUTADO

COMPETENTE - NECESSIDADE - EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM

JULGAMENTO DO MÉRITO, SOB O ARGUMENTO DE QUE O

JUIZADO ESPECIAL FEDERAL, EM RAZÃO DE RESOLUÇÃO

EXPEDIDA PELA JUSTIÇA FEDERAL, SOMENTE PROCESSARÁ O

AJUIZAMENTO DAS AÇÕES PELO SISTEMA ELETRÔNICO -

IMPOSSIBILIDADE - RECURSO PROVIDO. I - O § 2º de seu artigo 113

do Código de Processo Civil, ao determinar que o Juízo remeta os

autos ao Juízo tido por competente, após o reconhecimento de sua

incompetência absoluta, tem por objetivo precípuo afastar o risco

de perecimento do direito do demandante. Vale dizer, tendo a parte

exercido seu direito de ação, ainda que perante Juízo incompetente,

é certo que a interrupção do prazo prescricional, que se dá com a

citação válida, retroagirá à data da propositura da ação (ut § 1º do

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artigo 219 do Código de Processo Civil); II - Outro aspecto relevante

que o mencionado preceito legal busca preservar é o financeiro,

uma vez que sua observância enseja o aproveitamento das custas

processuais até então suportadas pelo demandante, o que, aliás,

não se daria, em regra, com a extinção do processo sem julgamento

do mérito; III - Não se admite, assim, imputar à parte autora o ônus

de promover nova ação, com todos os empecilhos financeiros e

processuais, por impossibilidade técnica do Poder Judiciário, nos

termos consignados pelo r. Juízo a quo, o que, em última análise,

confunde-se com a própria obstrução do acesso ao Poder

Judiciário; IV - Recurso Especial provido. (STJ, REsp 1.098.333/RS,

Rel. Min. MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julg. 8/9/2009, DJe

22/9/2009). Há previsão legal (§§ 2º, 3º e 4º do art. 12 da Lei

11.419/2006).

3) BREVE HISTÓRICO DO FATO

Versam os autos sobre ação de obrigação de fazer com objetivo

que os réus sejam compelidos a adotarem providências em matéria de suas

competências (constitucionais) quanto as graves violações praticadas contra os

Tratados Internacionais de Direitos Humanos provocadas por autoridades judiciárias e

procuradores federais da república que negam a eficácia e existência dos serviços de

assistência jurídica integral e gratuita a parte autora, além de graves e equivocadas

interpretações do Pacto de San José da Costa Rica por parte do MPF em beneplácita

proteção a honra do juiz: Pedro Alberto Calmon Hollyday da SSJ de Ilhéus-BA

correspondentes aos delitos de entabulados de calúnia, (art. 138 do CP) difamação,

(art. 139 do CP) e injúria (art. 140 do CP).

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Estes eventos acima eclipsados deram origem à lide ensejadora

da propositura desta ação de obrigação de fazer entre as partes - Recorridos a qual foi

julgado processos extinto, sem a resolução do mérito unicamente por força de

inexistente revelia, eis que os Réus-Recorrentes não foram validamente citados para

os termos da demanda contra eles propostas conforme restará evidenciado adiante.

3) DA NULIDADE DE CITAÇÃO

Como de curial sabença, a citação é ato de comunicação

processual imprescindível ao estabelecimento e desenvolvimento válidos da relação

processual, sob pena de nulidade de todos os atos a ela subsequentes.

A inobservância das formalidades inerentes à citação - substância

do ato - acarretam a invalidação do processo determinando, no mínimo, seja ela

reiterada, agora escoimada dos vícios que lhe retiram a eficácia.

O ilustre mestre Humberto Theodoro Júnior, em sua obra Curso

de Direito Processual Civil, Vol. 1, 18ª Ed., Editora Forense, pg. 253 leciona, verbis:

"Tão importante é a citação, como elemento instaurador do indispensável contraditório no

processo, que sem ela todo o procedimento se contamina de irreparável nulidade, que

impede a sentença de fazer coisa julgada. Em qualquer época, independente de ação

rescisória, será lícito ao réu argüir à nulidade de semelhante decisório..." (grifamos)

No caso dos autos a citação não foi efetuada na pessoa dos

Requeridos-Recorrentes. A constatação do equívoco exsurge da singela comparação

de que não houve a constatação do envio de carta precatória e nem rogatória a todos

os litigantes interessados na ação em toda exordial.

No sentido de que incumbiria ao juiz “a quo” o dever de verificar

a realização da citação dos réus segundo os moldes legais, decidiu o Tribunal de

Alçada do Distrito Federal, na Apelação Cível número ACJ 20140710271883 DF

0027188-87.2014.8.07.0007, in verbis:

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“Ementa: PROCESSUAL CIVIL. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. RÉU

DOMICILIADO EM OUTRA UNIDADE DA FEDERAÇÃO. EXPEDIÇÃO

DE CARTA PRECATÓRIA. PROVIDÊNCIA INCOMPATÍVEL COM O

SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS. CITAÇÃO POR MEIO POSTAL

SEQUER INTENTADA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM EXAME DO

MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. APELO PROVIDO. SENTENÇA

CASSADA. 1. O simples fato de ter o demandado domicílio em

unidade federativa diversa não justifica a imediata extinção, sem

exame de mérito, do feito ajuizado, ao argumento de que estaria

impossibilitada, nos Juizados Especiais, a citação por carta

precatória. “Tendo a parte autora informado, para fins de citação, endereço certo

em outra unidade, e, inexistindo qualquer hipótese excepcional de impossibilidade

do chamamento pelo correio (art. 222 do CPC), deve ser determinada a citação do

réu, pela via postal, a teor do que autoriza o art. 18, I, da Lei 9.099/95. 2. Apelo

conhecido e provido, para cassar a sentença recorrida e determinar o prosseguimento

do feito”. Encontrado em: CONHECIDO. PROVIDO. SENTENÇA

DESCONSTITUÍDA. UNÂNIME 3ª Turma Recursal dos Juizados

Especiais... do Distrito Federal Publicado no DJE : 04/12/2014 . Pág.:

167 - 4/12/2014 Apelacao Civel do Juizado... Especial ACJ

20140710271883 DF 0027188-87.2014.8.07.0007 (TJ-DF) LUIS

MARTIUS HOLANDA BEZERRA JUNIOR...

Assim agindo o magistrado “a quo”, lograram os Reclamantes-

Recorridos alcançar seu intento, qual seja, obter "revelia" ensejadora de facílima vitória numa

causa em que não titularizavam qualquer razão jurídica.

Mais ainda, reforça a afirmação de não recepção da

correspondência por seu verdadeiro destinatário pela constatação da inexistência da

identificação do Recebedor da correspondência face a não aposição do número da Cédula de

Identidade respectiva, como é norma na EBCT, evidenciando ainda mais a nulidade da

sentença do juízo “a quo”.

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Ora, não pode ser considerado contumaz - em face de ausência à

audiência de conciliação, instrução e julgamento - aquele que sequer tinha conhecimento da

propositura, contra si, de demanda.

1. A hipótese reclama ausência de citação das partes interessadas no

litigio (CPC, art. 214)

O caso em liça, sem sombra de dúvidas, demanda a vertente de

indispensável a citação dos réus, à luz da regra contida no art. 214 e caputs, do Código

de Processo Cível Buzaid:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 214. Para a validade do processo é indispensável à citação inicial do réu.

(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 1º O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de

citação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

§ 2º Comparecendo o réu apenas para argüir a nulidade e sendo esta

decretada, considerar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advogado

for intimado da decisão. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Verifica-se de logo com a peça proemial, que a parte Autora

asseverou a existência de relação jurídica entre os Réus e os Tratados Internacionais de

Direitos Humanos, no caso em que o Brasil é signatário, sendo este o Pacto Internacional

sobre Direitos Civis e Políticos, Pacto de San José da Costa Rica e a Declaração Universal

dos Direitos Humanos.

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Dessarte, desde o início da ação já era de conhecimento do juiz

“a quo” da existência de terceiros interessados na demanda. Não foi, assim, um

acontecimento fortuito, futuro, posterior à promoção da querela.

O então nobre juiz de plantão, através da sentença prolatada nos

autos desta ação fez por dissociar o que realmente a ação pedia quanto a inserção de

terceiros, pois que, não deixou claro quem seriam atingidos pelos efeitos da sentença (“ab

initio”) ? Vejamos:

“Tal o contexto, e considerando não se tratar de demanda

previdenciária — circunstância que ensejaria a concorrência

de foros, a critério do segurado, nos termos da Súmula 689

do STF —, há que se concluir que a competência para

processar e julgar o presente feito é do Juízo Federal da

Subseção Judiciária de Feria de Santana — que jurisdiciona o

município em que domiciliado o Autor —, competência essa

absoluta, porque assentada em critério funcional, consoante

pacífica jurisprudência, a seguir exemplificada:

Diante do exposto, sendo este Juízo Federal absolutamente

incompetente, em razão do foro, para processar e julgar a

presente demanda, extingo o processo, sem exame do mérito,

com fundamento no art. 51, III, da Lei n. 9.099/95.

Defiro a gratuidade da justiça. Sem condenação em custas

nem honorários, por força do art. 55, da Lei nº 9.099/95”.

Entretanto, os terceiros, não citados na sentença acima proferida

em tela, foram tão-somente ”suprimidos da relação jurídica” ao ter o juiz “a quo” declinado

por conta própria e risco interesse processual sobre a condição dos membros do litígio e,

mais, se haveria interesse, sem exame do mérito do feito.

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Diante disto, os terceiros não apresentaram defesa – até

porque não foram instados a tal propósito --, mas sim meros arrazoados do juiz “ a quo” onde

declinou em nome dos réus interesse na causa.

Desta maneira, era imperioso que houvesse as citações dos

réus, pois que, se julgada procedente a ação, o pedido de obrigação de fazer surtiria a

ventilada eficácia dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos, pois o modelo

entusiasta dos programas de assistência jurídica integral e gratuita inoperante na República

Federativa do Brasil não esta surtindo efeito para cidadãos pobres, é que, com certeza os

réus diretamente interessados em matéria de suas atribuições e competência (“legal”)

trariam luz aos fatos para toda exordial, diretamente, pelo que não decidido na

demanda pelo juiz “ a quo” , aqueles que tornam imprescindíveis a presença na relação

jurídico-processual-internacional.

Far-se-ia, ademais, a integração à lide os réus, pois que todos os

partícipes de um mesmo contrato de direito público internacional , segundo a LIDB, disposta

no §1º, §2º, do art. 9º a despeito da ação em apreço, terão conseqüências, sendo

inaceitável a anulação de um contrato de relações e acordos internacionais em matéria

de direitos humanos, com Organismos Internacionais, para um dos contratantes e

declará-lo válido ou inválido para uma das partes que não estiveram no processo como

parte.

Assim sendo, a citação dos réus desta ação, desde o seu início,

era de rigor, por se tratar de terceiros interessados no litigio, e a falta de citação constitui

nulidade insanável, tornando inevitável a nulidade do processo ab inittio.(CPC, art. 214,

caput)

De outro bordo, devemos sopesar que, processualmente

argumentando, com a inclusão dos terceiros, no início da ação, junto ao processo, por certo

não haveria a intempestividade do juiz “a quo” em determinar a remessa dos autos para a

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Justiça Federal Comum. É que os réus são pessoas jurídicas distintas – como se depreende

dos autos --, onde, à luz do art. 109, inc. II da CRFB/1988. Assim, a ação teria tido regular

seguimento, o que, ao contrário, fora negado seguimento, por inobservância do juiz “a quo”

da regra entabulada do art.3º, §1º, I da LEI Nº 10.259, DE 12 DE JULHO DE 2001.

2. O desiderato jurídico é a nulidade ab initio do processo

Na hipótese que ora se trata, ação de obrigação de fazer é

necessário que a relação jurídica deve obrigatoriamente ser resolvida de modo uniforme a

todos as partes interessadas no presente litigio.

Era mister, assim, que houvesse a citação de todos os réus, onde

desta maneira não foi procedido, o que inadvertidamente resultou na sentença sem pé nem

cabeça do juiz “ a quo” sem a participação de COMISSÃO NACIONAL DE DIREITOS

HUMANOS DA OAB/DF; CIDH: COMISSÃO INTERAMERICANA DOS DIREITOS

HUMANOS; ONU: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS; ANISTIA INTERNACIONAL DO

BRASIL E ARTIGO 19 BRASIL, que, no caso, deveriam obrigatoriamente integrar a lide

por se tratar de pessoas jurídicas de direito público interno e externo (art. 42 e 43 do C/C)

interessadas em manifestar-se no processo.

Destarte, está configurado o vício procedimental que nulifica

o feito, ou seja, caso se trate de ORGANISMO INTERNACIONAL, todas as partes devem

ser citadas para integrar o pólo da ação, sob pena de a sentença ser dada inutilmente

(“PRINCIPIO UTILE PER INUTILE NON VITIATUR"), isto é, não produzir nenhum efeito,

nem mesmo para a parte autora que efetivamente integrou a relação processual como parte.

2.1. Citação X Carta Rogatória.

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Verificou-se, de outra banda, que o que ocorrera, no caso, não foi

à intimação dos terceiros, no sentido de, em síntese, dizer se havia interesse na querela. Não

houve, dessarte, o chamamento ao processo dos réus, através do regular ato citatório, com

o propósito claro de todos defender-se. Tanto isso é verdade, que a sentença do juiz “a quo”

tem o único propósito de desvanecer a causa quando declinou competência para processar o

litigio para a Subseção Judiciária de Federal de Feira de Santana-BA , sendo certo que

na verdade o critério utilizado pelo juízo “a quo” não adequou a prevalência absoluta da

entrega jurisdicional em juízo no âmbito da vergastada competência territorial, não menos

correto que seria uma das varas da Justiça Federal Comum da cidade de Brasília -DF para

dirimir o litigio.

Em verdade, à luz do Código de Processo Civil, a hipótese

reclama Carta Rogatória e Precatória destinada a Organismo Internacional de direito

público externo e órgão de direito público interno é a citação, com a advertência do prazo de

defesa, sob pena de nulidade do processo:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 202 - São requisitos essenciais da carta de ordem, da carta precatória e da carta rogatória: I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato; II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado; III - a menção do ato processual, que lhe constitui o objeto; IV - o encerramento com a assinatura do juiz. § 1º - O juiz mandará trasladar, na carta, quaisquer outras peças, bem como instruí-la com mapa, desenho ou gráfico, sempre que estes documentos devam ser examinados, na diligência, pelas partes, peritos ou testemunhas.

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§ 2º - Quando o objeto da carta for exame pericial sobre documento, este será remetido em original, ficando nos autos reprodução fotográfica. § 3º A carta de ordem, carta precatória ou carta rogatória pode ser expedida por meio eletrônico, situação em que a assinatura do juiz deverá ser eletrônica, na forma da lei. (Acrescentado pela L-011.419-2006)

Art. 225 – O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá

conter:

( . . . )

VI – o prazo para defesa;

Nesta esteira de entendimento decidiu o Superior Tribunal de

Justiça que:

CARTA ROGATÓRIA - CITAÇÃO - AÇÃO DE COBRANÇA DE DÍVIDA DE JOGO

CONTRAÍDA NO EXTERIOR - EXEQUATUR - POSSIBILIDADE. - Não ofende a soberania do

Brasil ou a ordem pública conceder (“exequatur”) para citar alguém a se defender contra

cobrança de dívida de jogo contraída e exigida em Estado estrangeiro, onde tais pretensões

são lícitas. (AgRg na CR 3.198/US, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, CORTE

ESPECIAL, julgado em 30/06/2008, DJe 11/09/2008)

2.2. Notas doutrinárias sobre o tema.

A doutrina converge a declinar orientação quanto à necessidade

do envio de Carta Rogatória e de Citação – e não intimação -- de todos dos RÉUS

envolvidos direta e indiretamente no litigio, sob pena de nulidade absoluta do processo.

Na lição do Ministro do STF Luiz Fux e notas dos Ilustríssimos

Senhores. Desembargadores Dr. (o) LUIS MARTIUS HOLANDA BEZERRA JUNIOR - Relator,

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CARLOS ALBERTO MARTINS FILHO - Vogal, EDI MARIA COUTINHO BIZZI - Vogal, sob a

Presidência da Senhora Desembargadora EDI MARIA COUTINHO BIZZI, em proferir a

seguinte decisão: CONHECIDO. PROVIDO. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. UNÂNIME, de

acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 2 de dezembro de 2014. In verbis:

“No Brasil, a competência para se conceder o exequatur (significando execute-se, cumpra-se)

é do Superior Tribunal de Justiça, de acordo com o artigo 105 da Constituição Federal. O

artigo 109, X, da Constituição Federal determina que compete ao juiz federal a execução de

carta rogatória, após concessão de "exequatur" pelo STJ. Trata-se, portanto, de um

instrumento de intercâmbio processual que viabiliza medidas judiciais entre diferentes países”.

“Nas palavras do então Ministro do STJ, Luiz Fux, em seu voto na Carta Rogatória Nº 438 - BE

(2005/0015196-0), a Carta Rogatória "é um meio de cooperação judicial entre Nações,

fundamentada no Direito Internacional, representando instrumento de intercâmbio internacional

para o cumprimento extraterritorial de medidas processuais provenientes de outra Nação.

Lastreia-se, outrossim, no princípio da reciprocidade, denominado pela doutrina de "Teoria da

Cortesia Internacional".

“Este instrumento se encontra regulado pelo artigo 202 do Código de Processo Civil (lei

5879/73) e, principalmente, pela Resolução n°. 09 do STJ, de 04 de maio de 2005”.

“E M E N T A”

“PROCESSUAL CIVIL. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. RÉU DOMICILIADO EM OUTRA

UNIDADE DA FEDERAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE CARTA PRECATÓRIA. PROVIDÊNCIA

INCOMPATÍVEL COM O SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS. CITAÇÃO POR MEIO

POSTAL SEQUER INTENTADA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM EXAME DO MÉRITO.

IMPOSSIBILIDADE. APELO PROVIDO. SENTENÇA CASSADA”.

“1. O simples fato de ter o demandado domicílio em unidade federativa diversa não justifica a

imediata extinção, sem exame de mérito, do feito ajuizado, ao argumento de que estaria

impossibilitada, nos Juizados Especiais, a citação por carta precatória. Tendo a parte autora

informado, para fins de citação, endereço certo em outra unidade, e, inexistindo qualquer

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hipótese excepcional de impossibilidade do chamamento pelo correio (art. 222 do CPC), deve

ser determinada a citação do réu, pela via postal, a teor do que autoriza o art. 18, I, da Lei

9.099/95”.

2. Apelo conhecido e provido, para cassar a sentença recorrida e determinar o prosseguimento

do feito”. (3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal Apelação Cível do

Juizado Especial 20140710271883ACJ).

3. PEDIDOS

Vistos e bem examinados,

REQUER dos Excelentíssimos Doutores Senhores Juízes que compõem

esta honrada Turma Recursal, que por unanimidade, dê provimento ao RECURSO

INOMINADO para acolher a arguição de nulidade absoluta da sentença do juízo “a quo” por

negativa de prestação jurisdicional, anulando a sentença e todos os seus efeitos legais,

determinando a baixa dos autos à uma das Varas da Justiça Federal Comum da cidade de

Brasília - DF, vara de origem, a fim de que nova sentença seja prolatada, sanando assim a

omissão da sentença do juízo “a quo” quanto ao capítulo XI, letra b) do rol de pedidos que

importam a indispensável presença e manifestação da COMISSÃO NACIONAL DE DIREITOS

HUMANOS DA OAB/DF; CIDH: COMISSÃO INTERAMERICANA DOS DIREITOS

HUMANOS; ONU: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS; ANISTIA INTERNACIONAL DO

BRASIL E ARTIGO 19 BRASIL em toda exordial.

Posto isto, Excelências, o postulante vem, nesta ocasião processual,

pedir que ante à ausência de citação dos RÉUS a partir do ato processual de recebimento da

peça inicial (ab initio), determinando, ato seguinte, que o juízo de origem promova a citação

dos réus na forma dos artigos. 214, §1º, §2º, 222, f) ambos do Estatuto de Ritos e a teor do

que autoriza o art. 18, I, da Lei 9.099/95. Via de conseqüência, tendo em vista que o processo

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