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ARTIGO ARTICLE 1651 1 Universidade de Fortaleza. Av. Washington Soares 1.321, Edson Queiroz. 60811-341 Fortaleza CE. [email protected] Automedicação na adolescência: um desafio para a educação em saúde Self-medication in adolescence: a challenge to health education Resumo O estudo visa analisar o conhecimento dos estudantes de escolas públicas e privadas do município de Fortaleza (CE) sobre o uso de medi- camentos e suas implicações para a saúde. Trata- se de um estudo descritivo, com 722 adolescentes matriculados em dez escolas do município de For- taleza. Levantou-se, por meio de um questioná- rio, aspectos relativos ao consumo, indicação e orientação de medicamentos e a influência da mí- dia. Relataram uso de medicamentos, nos últimos sessenta dias, 72,0% dos participantes, sendo os analgésicos os mais citados (65,4%). Os responsá- veis pelas indicações foram familiares (51,2%) e médicos (33,1%), sendo a automedicação relata- da por 20,8% dos estudantes. Não receberam ori- entações sobre o uso correto de medicamentos 70,9% dos alunos. Do total, 34,1% revelaram já terem sido influenciados por meios de comunica- ção na compra de medicamentos. É possível con- cluir que o conhecimento dos adolescentes sobre medicamentos e suas implicações na saúde é bas- tante incipiente e desprovido de qualquer noção básica sobre o uso racional deles. Além disso, os estudantes da rede pública são mais orientados sobre o uso correto de medicamentos, por parte dos profissionais do sistema público de saúde, o que demonstra a eficiência do sistema como pro- motor de saúde da população matriculada em es- colas públicas de Fortaleza. Palavras-chave Automedicação, Adolescentes, Educação em saúde Abstract The study aims to examine the knowl- edge of students of public and private schools in the city of Fortaleza, Ceará State, Brazil on the use of medicine and their health implications. It is a descriptive study of 722 adolescents enrolled in ten schools in the city of Fortaleza. He got up aspects of consumption, indication and guidance medicine and influence of the media using a ques- tionnaire. Seventy two percent of the participants reported use of medicine the last 60 days, and painkillers were the most cited (65.4%). The in- dications were responsible for the family (51.2%) and physicians (33.1%), and the self-medication by 20.8% of the students. Regarding the use of medicine 70.9% of the students were not instructed on the proper use of the medicine. Of the total, 34.1% had already been influenced by media in the purchase of medicine. It’s possible to conclude that teenagers’ knowledge about medicine and its implications on health is very weak and devoid of any basic notion of the rational use of medicine. In addition, public school students are more ori- ented on the proper use of medicines by profes- sionals in the public health system, which dem- onstrates the efficiency of the promoter of health of the population enrolled in public schools in Fortaleza. Key words Self-medication, Adolescents, Health education Ilane Magalhães Silva 1 Ana Maria Fontenelle Catrib 1 Vânia Cordeiro de Matos 1 Ana Paula Soares Gondim 1

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1 Universidade de Fortaleza.Av. Washington Soares1.321, Edson Queiroz.60811-341 Fortaleza [email protected]

Automedicação na adolescência:um desafio para a educação em saúde

Self-medication in adolescence: a challenge to health education

Resumo O estudo visa analisar o conhecimentodos estudantes de escolas públicas e privadas domunicípio de Fortaleza (CE) sobre o uso de medi-camentos e suas implicações para a saúde. Trata-se de um estudo descritivo, com 722 adolescentesmatriculados em dez escolas do município de For-taleza. Levantou-se, por meio de um questioná-rio, aspectos relativos ao consumo, indicação eorientação de medicamentos e a influência da mí-dia. Relataram uso de medicamentos, nos últimossessenta dias, 72,0% dos participantes, sendo osanalgésicos os mais citados (65,4%). Os responsá-veis pelas indicações foram familiares (51,2%) emédicos (33,1%), sendo a automedicação relata-da por 20,8% dos estudantes. Não receberam ori-entações sobre o uso correto de medicamentos70,9% dos alunos. Do total, 34,1% revelaram játerem sido influenciados por meios de comunica-ção na compra de medicamentos. É possível con-cluir que o conhecimento dos adolescentes sobremedicamentos e suas implicações na saúde é bas-tante incipiente e desprovido de qualquer noçãobásica sobre o uso racional deles. Além disso, osestudantes da rede pública são mais orientadossobre o uso correto de medicamentos, por partedos profissionais do sistema público de saúde, oque demonstra a eficiência do sistema como pro-motor de saúde da população matriculada em es-colas públicas de Fortaleza.Palavras-chave Automedicação, Adolescentes,Educação em saúde

Abstract The study aims to examine the knowl-edge of students of public and private schools inthe city of Fortaleza, Ceará State, Brazil on theuse of medicine and their health implications. Itis a descriptive study of 722 adolescents enrolledin ten schools in the city of Fortaleza. He got upaspects of consumption, indication and guidancemedicine and influence of the media using a ques-tionnaire. Seventy two percent of the participantsreported use of medicine the last 60 days, andpainkillers were the most cited (65.4%). The in-dications were responsible for the family (51.2%)and physicians (33.1%), and the self-medicationby 20.8% of the students. Regarding the use ofmedicine 70.9% of the students were not instructedon the proper use of the medicine. Of the total,34.1% had already been influenced by media inthe purchase of medicine. It’s possible to concludethat teenagers’ knowledge about medicine and itsimplications on health is very weak and devoid ofany basic notion of the rational use of medicine.In addition, public school students are more ori-ented on the proper use of medicines by profes-sionals in the public health system, which dem-onstrates the efficiency of the promoter of healthof the population enrolled in public schools inFortaleza.Key words Self-medication, Adolescents, Healtheducation

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Introdução

A saúde deixou de ser uma premissa existencial doser humano, ao tornar-se campo da atividade eco-nômica, decorrente de mudanças estruturais im-plantadas, objetivando a ampliação de mercado1.Segundo a Sociedade Brasileira de Vigilância deMedicamentos (Sobravime)2 , o medicamentocomo parte do complexo médico industrial influina percepção da saúde e da doença, tanto nos pro-fissionais da saúde quanto na sociedade. O medi-camento não se apresenta sozinho – como subs-tância química – mas está acompanhado por umcortejo de publicidade, informação, brindes, estu-dos, etc., configurando uma forma de pensar.

A automedicação é definida como o uso demedicamentos sem prescrição médica, sendo opróprio paciente quem decide qual é o fármaco aser utilizado, com o objetivo de tratar ou aliviarsintomas ou mesmo de promover a saúde, inde-pendentemente da prescrição profissional3. Osmedicamentos possuem forte valor simbólicopara a população, transcendendo a sua ativida-de terapêutica, o que contribui para maior con-sumo e uso irracional destes4.

Consoante Lage et al.5, os medicamentos sãoreconhecidos como instrumentos indispensáveisàs ações de saúde, ocupando papel central na te-rapêutica da atualidade. Conforme os mesmosautores, os fatores relacionados ao modo e utili-zação do medicamento refletem-se no efeito te-rapêutico. Bem assim, a orientação recebida noconsultório médico é confrontada com outrasfornecidas por diferentes profissionais da áreada saúde, com aquelas obtidas por parentes, vi-zinhos e, também, nos meios de comunicaçãosocial. Esses confrontos podem levar ao uso ina-dequado desses produtos.

Os elevados índices de prescrição de antibió-ticos, a carência de orientação dos usuários porparte dos profissionais prescritores e dispensa-dores, as publicidades diretas ao consumidor fi-nal e o uso incorreto por parte do paciente cons-tituem barreiras para a promoção do uso racio-nal de medicamentos. No Brasil, há outros fato-res que agravam este quadro; cerca de oitentamilhões de pessoas praticam a automedicação,há uma má qualidade de oferta de medicamen-tos, não se cumpre a obrigatoriedade da receitamédica e há uma carência de informações e ins-trução da população em geral, o que justifica apreocupação em implementar as estratégias douso racional de medicamentos6,7.

Visando minimizar os fatores citados, a Or-ganização Mundial Saúde (OMS)8 estabeleceu

como meta para a avaliação do uso de medica-mentos e controle do seu consumo, com o obje-tivo de melhorar a racionalidade do uso nas pró-ximas décadas.

Os estudos sobre automedicação em crian-ças e adolescentes brasileiros foram desenvolvi-dos em serviços de saúde ou constituíram-se emestudos de base populacional, sendo esses: (1)epidemiologia do consumo de medicamentos emcrianças de centro urbano da região sul do Bra-sil9; (2) automedicação em pediatria geral10; (3)utilização de medicamentos por crianças atendi-das em creches11; (4) epidemiologia do consumode medicamentos no primeiro trimestre de vidaem centro urbano do sul do Brasil12; (5) estudoda automedicação infantil em uma região admi-nistrativa no município do Rio de Janeiro13; (6)uso judicioso de medicamentos em crianças14 e(7) automedicação em crianças e adolescentes15.O que diferencia esta pesquisa das demais é ofato de ter sido realizada na escola, espaço que seapresenta apropriado para desenvolver ações desaúde e veicular informações educativas junto aosadolescentes, na tentativa de expandir saberes econhecimentos de forma efetiva e abrangentesobre o uso racional de medicamentos.

Outra consideração importante é o fato deque o adolescente é portador de uma experiênciade vida e se encontra formulando socialmenteseu ponto de vista sobre determinados saberes,podendo este disseminar o conhecimento sobreo uso racional de medicamentos junto à família,amigos e sociedade.

Com base nestas considerações, este estudoquestionou os adolescentes sobre a automedica-ção e a influência dos meios de comunicação,abordando, também, aspectos relativos ao con-sumo de medicamentos, os responsáveis pelasindicações e pelas orientações dadas sobre os fár-macos utilizados.

Na tentativa de contribuir para o aprimora-mento da temática, este ensaio deteve-se em ana-lisar o conhecimento dos estudantes de escolaspúblicas e privadas do município de Fortaleza(CE) sobre o uso de medicamentos e suas impli-cações para a saúde.

Metodologia

Trata-se de um estudo transversal, de aborda-gem quantitativa. A pesquisa foi realizada em dezescolas do município de Fortaleza, sendo cincomantidas por iniciativa pública e cinco privadas.No projeto inicial, estava prevista a inclusão de

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doze escolas (seis públicas e seis privadas), re-presentando as seis Secretarias Executivas Regio-nais (SER) do município de Fortaleza; no entan-to, por motivos de recusa de duas escolas, a pes-quisa foi realizada em dez unidades escolares.

Os estabelecimentos de ensino estavam ca-dastrados em diferentes SER e foram tomadasaleatoriamente cinco destas secretarias, contan-to que cada secretaria regional fosse contempla-da por uma escola pública e uma particular queoferecessem ensino fundamental e médio.

A amostra constituiu-se de 722 adolescentesescolares, baseada na prevalência de automedi-cação em criança (41,4%)13. Foram escolhidosaleatoriamente alunos de treze a dezoito anos,matriculados na educação básica nas diferentesSER que aceitaram participar da investigação eencontravam-se presentes no momento da apli-cação do instrumento de coleta de dados. Noano de 2006, o município de Fortaleza contavacom 7.675 alunos matriculados nas dez escolasde educação básica.

A coleta de dados foi realizada de setembrode 2006 a outubro de 2007, usando-se um ques-tionário contendo sete questões fechadas e cincoabertas, que abordavam aspectos relacionadosàs características sociodemográficas (idade, sexo,dependência administrativa, série, turno), con-ceito e finalidade de medicamento, justificativade uso de medicamento sem receita médica, me-dicamentos utilizados nos últimos sessenta dias,responsáveis pela indicação e orientação sobre ouso correto destes, influência dos meios de co-municação, uso diário de medicamento em casa,transporte de medicamento para uso próprio,uso de medicamento a partir da leitura de bulas,uso de medicamento sem consulta médica, clas-ses terapêuticas mais utilizadas e uso e indicaçãode antimicrobianos.

Para a montagem do banco de dados e análi-se dos resultados, utilizou-se o programa estatís-tico SPSS, versão 11.0. Realizou-se uma análiseestatística descritiva simples. Para as variáveis ca-tegóricas, foi realizada uma análise de frequênciaabsoluta e relativa, cujos resultados foram apre-sentados em forma de tabelas, considerando-sedois grupos: escola pública e escola privada.

Em atendimento a Resolução n° 196/96, doConselho Nacional de Saúde16, que preconiza eregulamenta as pesquisas envolvendo seres hu-manos, esta pesquisa foi aprovada pelo Comitêde Ética e Pesquisa da UNIFOR. A autorizaçãopara aplicar o questionário foi obtido por meiodo termo de consentimento livre e esclarecido,após apresentação e esclarecimento de todo o

projeto aos adolescentes escolares ou responsá-veis por eles.

Resultados

Participaram do estudo 722 adolescentes, sendo450 (62,3%) estudantes de escolas mantidas poriniciativa pública e 272 (37,7%) de escolas priva-das. O sexo feminino foi predominante, com 393(54,4%) estudantes. Quanto à idade dos alunos,a faixa de variação foi de treze a dezoito anos e amaioria de 641 (88,7%) tinha idade entre quinze edezoito anos. Quanto à série em curso, 63 (8,7%),287 (39,8%), 191 (26,5%) e 181 (25,1%), corres-pondem, respectivamente, ao 9º ano do ensinofundamental, 1º, 2º e 3º anos do ensino médio.Estudavam no turno da manhã 596 (82,5%) par-ticipantes e 126 (17,5%), no turno da tarde.

Observa-se na Tabela 1 que 320 (46,9%) alu-nos definiram o medicamento como “substânciaquímica com objetivo de cura” e 215 (31,5%) con-ceituaram como “método de aliviar as doenças”.Houve 56 (8,2%) alunos que denotaram o signi-ficado como “meio de combater sintomas de umadoença” e dezenove (2,8%) como “útil para pre-venir doenças”. As proporções dos conceitos da-dos por alunos de escolas públicas e privadasapresentaram semelhança de acordo com as res-postas dos estudantes, nas quais se observa aideia de cura associada ao uso do medicamento,cuja ingestão é referida como responsável pelamelhoria do corpo acometido pelas doenças.

Na Tabela 1, também é possível observar asopiniões dos alunos referentes ao uso de medi-camentos sem receita médica. Dentre os 669 par-ticipantes que responderam à pergunta, 114(17,0%) acreditavam que isso ocorre porque aspessoas já possuem experiência com o medica-mento, 97 (14,5%) defendiam a ideia de que afalta de informação e/ou orientação leva à reali-zação de tal prática, 91 (13,6%) citaram a influ-ência da televisão e amigos, 82 (12,3%) relata-ram a preguiça de ir ao médico ou pela praticida-de, sendo essa resposta mais frequente em alu-nos das escolas privadas. A dificuldade no aten-dimento do SUS foi outra razão dada por 77(11,5%) estudantes, principalmente aqueles deescola pública.

Quando questionados se podiam tomar me-dicamentos por conta própria, 393 responderamque “não”. As principais justificativas foram poderapresentar efeitos adversos ou contrários do me-dicamento, com 96 citações, e causar danos à saú-de, com sessenta, sendo a primeira afirmação a

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mais citada entre alunos de escolas públicas e asegunda a mais mencionada entre alunos de esco-las privadas. Dos que afirmaram que podem to-mar medicamentos por conta própria, 153 justifi-caram, relatando ser algo simples o que eles senti-am, 74 não justificaram as respostas, 54 citaramoutras justificativas, onze o fazem porque possu-em dificuldades de marcar a consulta (Tabela 1).

Em suas respostas, os estudantes da pesqui-sa revelaram que o custo elevado dos medica-mentos prescritos pelos médicos e a dificuldadede acesso aos postos de saúde são fatores deter-minantes para a automedicação, como, também,demonstraram a banalização com que se refe-rem aos medicamentos e a facilidade com que osadquirem sem a orientação de um profissional.

Tabela 1. Conhecimento dos estudantes sobre medicamentos e automedicação.

Variáveis

O que é e para que serve o medicamento?*Substância química com objetivo de curaMétodo de aliviar as doençasCombater os sintomas de uma doençaÚtil para prevenir doençasOutros

Por que as pessoas tomam medicamentos semreceita médica?*

Experiência com o medicamentoFalta de informação e/ou orientaçãoInfluência da TV e amigosPreguiça de ir ao médico/praticidadeDificuldade no atendimento do SUSFalta de acesso ao médicoNecessidade de uma melhora imediataNão acham necessárioNão sabiamCostumeOutros

Você pode tomar medicamentos por conta própria?*NãoSim

Justificativas para a resposta NÃOApresentar efeito adverso ou contrárioCausar danos à saúdeNão justificaramHaver a possibilidade de tomá-lo erradoPiorar os sintomas da doençaPor não saber o efeitoTer a necessidade de orientação adequadaOutros

Justificativas para a resposta SIMPor ser algo simplesNão justificaramDificuldade de marcar consultaPor que não tenho alergiaOutros

n

682320215

561972

669

11497918277655716090754

693393300

9660564443222250

15374110854

%

10046,931,5

8,22,8

10,6100

17,014,513,612,311,5

9,78,52,41,31,18,1

10056,743,3

24,415,314,311,210,9

5,65,6

12,7

51,024,7

3,72,6

18,0

n

423220

90541445

414

7258593672453600000036

432270162

8435243241081432

8130090735

%

10052,021,312,8

3,310,6100

17,414,014,2

8,717,410,9

8,70,00,00,08,7

10062,537,5

31,113,0

8,911,815,2

3,05,2

11,8

50,018,5

5,64,3

21,6

Total Públicas

n

259100125

020527

255

4239324605202116090718

261123138

1225321202140818

7244020119

%

10038,648,3

0,81,9

10,4100

16,515,312,518,0

2,07,88,26,33,52,77,1

10047,152,9

9,820,326,0

9,81,6

11,46,5

14,6

52,131,9

1,40,7

13,8

Privadas

Dependência administrativa

Fonte: Dados originais.* Do total de participantes (n=722), foram excluídos aqueles que não responderam à pergunta.

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Pode-se observar que, dos participantes doestudo, 520 (72,0%) tinham feito uso de um oumais medicamentos nos últimos sessenta dias,com predominância do sexo feminino (60,0%).Houve maior consumo por alunos da rede pri-vada de ensino. Na Tabela 2, dentre as classes demedicamentos mais citadas, estavam os analgé-sicos, com 340 (65,4%) relatos, os antigripais,com 64 (12,3%), os antitérmicos, com 61 (11,7%)e os antimicrobianos, com 51 (9,8%). Acrescen-ta-se que os alunos referiram o uso de uma vari-edade de outros medicamentos com diversas in-dicações terapêuticas. As classes medicamento-sas foram contabilizadas somente uma vez, noscasos em que foram utilizados dois ou mais me-dicamentos da mesma classe por alunos de esco-las públicas e privadas.

Dos que fizeram uso de medicamentos, 266(51,2%) tiveram indicações por parte de familia-

res, 172 (33,1%) de médicos e 108 (20,8%) forampor conta própria. A indicação por médicos(38,9%) e a automedicação (28,1%) foram mai-ores para alunos das escolas privadas em termospercentuais (Tabela 2).

Do total dos estudantes, 512 (70,9%) não re-ceberam ou não se lembram de haver recebidoorientações sobre o uso correto de medicamen-tos. Dos que foram orientados, 91 (43,3%) rece-beram a orientação de médicos, 82 (39,0%) defamiliares, 44 (21,0%) na escola e 33 (15,7%) noposto de saúde. Os alunos de escolas do sistemapúblico foram menos orientados pelos familia-res e escolas, porém mais orientados por médi-cos do que os alunos de escolas da rede privada.

A Tabela 3 relata a influência que os meios decomunicação exerceram sobre os adolescentes nomomento da escolha de um medicamento. Dosestudantes, 246 (34,1%) relataram que já fizeram

Tabela 2. Distribuição das respostas dos adolescentes relativas ao uso de medicamentos, indicações eorientações.

Variáveis

Classes de medicamentos mais utilizadas*a) Analgésicosb) Antigripaisc) Antitérmicosd) Antimicrobianose) Polivitamínicosf) Anti-inflamatóriosg) Vermífugosh) Antialérgicosi) Anticoncepcionaisj) Antianêmicosl) Não lembram o nomem) Outras classesn) Não responderam

Quem indicou*a) Familiaresb) Médicoc) Por conta própriad) Amigose) Farmacêuticof) Meios de comunicaçãog) Balconistah) Outrosi) Não responderam

n

340646151232012111008179321

266172108

332013030530

%

65,412,311,7

9,84,43,82,32,11,91,53,3

17,94,0

51,233,120,8

6,33,82,50,61,05,8

n

192394232121409020707124512

1548646211309030419

%

64,213,014,010,7

4,04,73,00,72,32,34,0

15,14,0

51,528,815,4

7,04,33,01,01,36,4

Total Públicas

n

148251919110603090301054809

1038662120704000111

%

67,011,3

8,68,65,02,71,44,11,40,52,3

21,74,1

46,638,928,1

5,43,21,80,00,55,0

Privadas

Dependência administrativa

Fonte: Dados originais.* Os participantes poderiam ter feito uso de um ou mais medicamentos e optado por mais de uma resposta. Incluem os participantesque afirmaram “sim” na pergunta anterior.

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uso de medicamentos influenciados pela mídia,sendo a televisão (TV) a mais citada, com 229(93,1%) relatos, seguida dos jornais e revistas, com05 (2,0%), o rádio, com 03 (1,2%), e outros, como,por exemplo, a Internet, com nove (3,7%). Quasea totalidade de adolescentes se mostrou influenci-ada pelos meios de comunicação.

Destaca-se que o sexo feminino mostra-semais influenciado pela mídia. Das 126 (24,2%)adolescentes que utilizaram medicamentos paracólica, 76 (60,3%) fizeram uso do medicamentocomposto “dipirona sódica + cafeína anidra +citrato de orfenadrina” que, durante o períododa coleta de dados, realizava o seu marketing atra-vés da mídia televisiva. Estes eram tomados, semindicação, em 24 (31,6%) casos. Os familiaresindicaram o medicamento “dipirona sódica +cafeína anidra + citrato de orfenadrina” em 21(27,6%) casos (Tabela 3).

Quanto ao uso de antimicrobianos, 51(9,8%) utilizaram essa classe de medicamentos,sendo o médico e familiares os maiores respon-sáveis pela indicação destes, com 22 casos (43,1%)cada um, seguidos da automedicação, com seteeventos (13,8%). As enfermidades mais relata-das pelos alunos foram dor na garganta ou viro-se (45,1%) e inflamação (25,5%). Os estudantesde escolas públicas tiveram maior número de

indicações por parte dos familiares, ao contráriodos estudantes das escolas privadas, que tiveramum maior número de indicações por parte dosmédicos (Tabela 4).

Em os locais mais citados para obtenção demedicamentos sem receita médica, 471 (66,2%)citaram a farmácia, 277 (38,9%) relataram con-seguir em casa, 135 (19,0%) adquiriam com ami-gos, 122 (17,1%) obtinham com o médico ouposto de saúde, 121 (17,0%) compravam em su-permercados/mercearias, havendo diferença sig-nificativa, em termos percentuais, entre alunosde escolas públicas (25,8%) e privadas (2,6%).Do restante, quinze (2,1%) obtinham os medi-camentos nas escolas e trinta (4,2%) os adqui-riam em outros locais. Dez participantes não res-ponderam a esta questão; portanto, o total re-presenta 712 sujeitos, que puderam optar pormais de uma resposta.

Dos estudantes, 314 (44,2%) ressaltaram quesempre liam a bula, 308 (43,3%) realizavam essaprática eventualmente e 89 (12,5%) jamais liam.No que concerne ao entendimento da orientaçãoda bula, 329 (46,3%) responderam que entendi-am bem, 44 (6,2%) não entendiam, 292 (41,1%)entendiam às vezes e 45 (6,3%) realmente nãoliam a bula. A maioria, 549 (76,8%) alunos, veri-ficava a data de validade dos medicamentos.

Tabela 3. Influência dos meios de comunicação na automedicação.

Variáveis

Qual o meio de comunicação?*a) TVb) Jornais e revistasc) Rádiod) Outros

Fez uso de medicamentos para cólica?**Sim

O medicamento foi “dipirona sódica + cafeínaanidra + citrato de orfenadrina”?*

SimQuem indicou?*

a) Por conta própriab) Família/amigosc) Médicod) Meios de comunicaçãoe) Não responderam

n

229050309

520126

76

2421050521

%

93,12,01,23,7

10024,2

60,3

31,627,6

6,66,6

27,6

n

158040205

29961

35

0710020412

%

93,50,91,21,1

10020,4

57,4

20,028,6

5,711,434,3

Total Públicas

n

71010104

22165

41

1711030109

%

92,21,31,35,2

10029,4

63,1

41,526,8

7,32,4

22,0

Privadas

Dependência administrativa

Fonte: Dados originais.* Incluem os participantes que afirmaram “sim” na pergunta anterior; ** O total (n=520) é representado por aqueles que fizeramuso de medicamentos nos últimos sessenta dias.

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Discussão

No presente estudo, 72,0% dos estudantes utili-zaram medicamentos nos últimos sessenta dias.Em estudo similar com crianças e adolescentesrealizado nos municípios de Limeira e Piracica-ba, no estado de São Paulo, a prevalência estima-da de automedicação foi de 56,6%. Ambas sãosuperiores à prevalência de 49,7% encontrada porArrais et al.17 em um estudo que abordou o con-sumo de medicamentos em adultos no municí-pio de Fortaleza. Esta diferença, no entanto, podeser explicada pelo fato de que, nesta pesquisa, osparticipantes tinham idades entre treze e dezoitoanos e o consumo de medicamentos foi avaliadoconsiderando um período de sessenta dias, o quefoi quatro vezes maior do que o relatado poroutros autores que desenvolveram estudos empopulações adultas.

Em outros estudos realizados por Bertoldi etal.18, em Pelotas, e por Vilarino et al.19, em SantaMaria, encontrou-se maior consumo por partedo sexo feminino, o que também foi constatadonesta e nas demais pesquisas18-20.

A Lei no 5.991/73 define medicamento “comotodo produto farmacêutico, tecnicamente obti-do ou elaborado, com finalidade profilática, cu-rativa, paliativa ou para fins de diagnósticos”. Amaioria dos alunos (46,9%) definiu medicamen-to como “uma substância química com objetivode cura”, o que corrobora o dito por Lefèvre21 deque é perfeitamente possível se ver o medicamentocomo um signo cujo significado vai bem maisalém da simples ideia, conceito de imagem men-tal de “saúde”, implicando, também e, sobretu-do, a própria realização e obtenção da saúde. Acrença de que o medicamento simboliza a “saú-

de” influencia as pessoas à prática da automedi-cação, porém, o risco encontra-se inerente a esseprocesso. Nenhuma substância medicamentosaé inócua ao organismo, havendo para todas elascontraindicações e reações adversas, sendo omedicamento utilizado na forma correta ou deforma negligente, o que é outro fator agravante.

Apesar da grande diversidade das respostas,número significativo dos adolescentes (17,0%)afirmou que as pessoas tomavam medicamentossem receita médica porque já possuíam experiên-cia com o medicamento. Estudos evidenciam queaproximadamente 51,0% das decisões de se me-dicar são baseadas em prescrições anteriores22,23.

“A preguiça de ir ao médico e/ou praticidade”e “dificuldade no atendimento do SUS” foram res-postas que apresentaram diferenças significativas,em termos percentuais, entre os estudantes de es-colas públicas e privadas, podendo tais diferençasser justificadas pelas condições socioeconômicasde cada grupo. Percebe-se que a automedicação épraticada pelos dois grupos, mas por motivosopostos. O grupo de estudantes de escolas parti-culares, que, provavelmente, tem acesso à redeprivada de saúde, não faz uso desta, por pratici-dade ou preguiça, praticando assim a automedi-cação. Alunos de escolas públicas, no entanto, que,possivelmente, são usuários do SUS, realizam talprática, por terem dificuldades de atendimentono sistema público de saúde. Esta análise revelaque as condições socioeconômicas podem inter-ferir na frequência em que a automedicação ocor-re, porém não restringem o exercício da autome-dicação a nenhuma classe social.

Constatou-se que muitos adolescentes enten-diam que se podem tomar medicamentos porconta própria, porém não justificaram tal asser-

Tabela 4. Utilização e indicação de antimicrobianos por automedicação.

Variáveis

Fez uso de antimicrobianos?*Sim

Quem indicou o antimicrobiano?**a) Médicob) Família/amigosc) Por conta própria

n

52051

222207

%

1009,8

43,143,113,8

n

29932

111605

%

10010,7

34,450,015,6

Total Públicas

n

22119

110602

%

1008,6

57,931,610,5

Privadas

Dependência administrativa

Fonte: Dados originais.* O total (n=520) é representado por aqueles que fizeram uso de medicamentos nos últimos sessenta dias; ** Inclui os participantesque afirmaram “sim” na pergunta anterior.

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ção. Quanto aos riscos da automedicação, osestudantes relataram que sabiam ou sabiam par-cialmente de tais riscos, mas grande parte nãojustificou a resposta. Esses dois fatos ressaltam afalta de informação e/ou orientação nesta temá-tica, motivo relatado pelos estudantes como umadas razões para que as pessoas façam uso demedicamentos sem a prescrição médica.

As escolas aparecem como fonte de informa-ção para 21,0%, fato demonstrativo de que ne-nhuma das redes de ensino está efetivamente tra-tando do tema transversal “saúde”, definido nosParâmetros Curriculares Nacionais24 desde 1997,elaborado após a promulgação da Lei de Diretri-zes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/9.625)25. A falta de conhecimento por parte dosestudantes sobre o uso de medicamentos mostraque tanto a rede privada de ensino quanto a redepública não dispõe de profissionais preparadospara trabalhar as questões que envolvem a saú-de, uma vez que a formação dos professores nãocontemplou aspectos relativos a estas temáticas,nem a escola conta em seu quadro com profissi-onais da saúde.

Diante disso, percebe-se que se faz necessárioo desenvolvimento de ações educativas em saúdena escola, no sentido de proporcionar ambienteseducacionais mais saudáveis que promovam asaúde de todos os seus partícipes.

Os analgésicos foram os medicamentos maiscitados pelos adolescentes (65,4%), fato que semostrou semelhante a outros trabalhos desen-volvidos no país26-28. As classes de medicamentosencontradas já eram esperadas, já que os extre-mos etários são considerados os maiores consu-midores de medicamentos26, sendo crianças eidosos mais susceptíveis a enfermidades que ne-cessitam de terapias medicamentosas específicas,as quais exigem maior controle da posologia etempo de tratamento.

Constatou-se que houve mais casos de indi-cação dos medicamentos por parte dos familia-res (51,2%), seguido dos médicos (33,1%) e porconta própria (20,8%), sendo estas proporçõesobedecidas tanto para alunos das escolas parti-culares quanto para estudantes de escolas priva-das. Diante deste fato, percebe-se a necessidade deinformação acerca do tratamento e de medica-mentos por parte dos pacientes e familiares. Talinformação deve provir de fontes fidedignas e atu-alizadas, o que, muitas vezes, não é possível ape-nas em bulários e propagandas29. A conscientiza-ção da comunidade é um pré-requisito para quesejam alcançados níveis elevados de saúde27.

Considerando o fato de que os alunos de es-colas particulares possuíam melhores condições

socioeconômicas e ensino de melhor qualidade,entende-se o maior consumo de medicamentospor esses participantes, tanto por indicaçõesmédicas (38,9%), como por automedicação(28,1%). O acúmulo de conhecimento e a dispo-sição de maiores informações, que os auxiliamna escolha do medicamento, tornam o indivíduomais confiante para se medicar28,29, porém a prá-tica da automedicação também foi constatadaem adolescentes da rede pública de ensino.

Apenas 29,1% dos alunos assinalaram já te-rem sido orientados sobre o uso correto de me-dicamentos, sendo o médico (46,3%) o mais re-ferido pelas escolas públicas e os familiares(47,4%), pelas escolas particulares. Notou-se apequena participação do farmacêutico (15,2%)nesse processo educativo, evidenciando que esteprofissional necessita conscientizar-se do seupapel na melhora da saúde pública, minimizan-do os riscos decorrentes da má utilização de me-dicamentos. Em estudo realizado por Arrais etal.30, apenas 25,8% de 833 pacientes receberamorientação sobre como tomar o medicamentono instante da dispensação.

A veiculação de campanhas publicitárias ten-denciosas, cujos objetivos são meramente comer-ciais, estimula o consumo indiscriminado e cres-cente de medicamentos31. Dos participantes, 34,1%fizeram uso de fármacos influenciados por meiosde comunicação. Das alunas que tomaram medi-camentos para cólica, 60,3% fizeram uso do “di-pirona sódica + cafeína anidra + citrato de orfe-nadrina”, podendo haver relação entre o alto ín-dice de uso e a propaganda televisionada desteproduto, que ocorria durante a coleta de dadosdo presente estudo. A propaganda se torna peri-gosa, levando em conta a ideia de que induz àautomedicação por pessoas que não têm atitudecrítica na recepção da publicidade de medicamen-tos para reconhecer o limite do seu uso dentro daatenção à saúde5. Quando questionados sobrequem indicou o medicamento “dipirona sódica +cafeína anidra + citrato de orfenadrina”, apenas6,6% responderam haver sido os meios de comu-nicação, porém 59,2% revelaram que foram a fa-mília, os amigos ou automedicação, o que permi-te questionar-se sobre a influência da mídia.

O fato de medicamentos serem vendidos emlocais inadequados foi detectado por este estudo.Os estudantes de escola pública relataram, emmaior proporção (25,8%), o fato de que conse-guiam medicamentos sem receita médica em su-permercados e mercearias, enquanto apenas 2,6%dos alunos de escolas particulares relataram talprática. A dispensação de medicamentos é priva-tiva dos estabelecimentos autorizados e definidos

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pela Lei no 5.99132, especificando farmácias, dro-garias, postos de medicamento, unidades volan-tes e dispensário de medicamentos. Segundo Meloet al.33, a venda de medicamentos anódinos emsupermercados e demais locais leigos pode en-grossar as estatísticas de incidência de intoxica-ções medicamentosas e somente com uma fiscali-zação sanitária atuante, associada à educação dapopulação, os perigos da automedicação poderi-am tomar um rumo menos desastroso.

Considerações finais

Ao final do estudo, é possível concluir que a au-tomedicação entre os adolescentes de escolaspúblicas e privadas de Fortaleza (CE) ocorre semcontrole sanitário, familiar e institucional.

O conhecimento dos adolescentes sobre medi-camento e suas implicações na saúde mostrou-se

incipiente e desprovido de qualquer noção básicasobre o uso racional de medicamento. Sua concep-ção sobre medicamento tem sido influenciada pelomodelo biomédico: “combater sintomas” e “pre-venir doenças”, reflexo da visão descontextualizadado tema saúde nos espaços educacionais.

Chama atenção o fato de estudantes da redepública receberem mais orientações sobre o usocorreto de medicamentos por parte dos profissi-onais do sistema público de saúde, demonstran-do a eficiência do sistema como promotor desaúde da população matriculada em escolas pú-blicas de Fortaleza e a não utilização do sistemapúblico de saúde pelos estudantes da rede parti-cular de ensino.

Nas duas realidades educacionais, é notória abanalização da prática da automedicação na ado-lescência, particularmente entre as meninas, vis-lumbrando-se possíveis usuárias permanentes demedicamentos.

Colaboradores

IM Silva, AMF Catrib, VC de Matos e APS Gon-dim participaram igualmente de todas as etapasda elaboração do artigo.

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Artigo apresentado em 26/11/2008Aprovado em 28/08/2009Versão final apresentada em 12/11/2009

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