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INFORMATIVO DA CAMPANHA NACIONAL EXTRAORDINÁRIA | BRASILIA-DF, FEVEREIRO/2015 N ão é de hoje que a ECT ela- bora estratégias para levar à privatização da empre- sa. No dia 07 de julho de 2014, foi autorizada a constituição da Cor- reiosPar, criada a partir da auto- rização concedida pela MP 532, que se tornou a lei 12.490/2011. A CorreiosPar, é uma subsidiária de capital 100% do Correio, que tem como objetivo criar empresas em diversos setores para atuarem no objeto social da ECT. Ou seja, em- presas terceirizadas, a serviço da ECT. Com a lei, a ECT pode ope- rar empresas com capital misto, em sociedades por ações. Dado o próximo passo, no dia 18 de dezembro do mesmo ano, duran- te a Reunião do Conselho de Admi- nistração, foi aprovado, para ser im- plantado em 2015, o Novo Plano de Reestruturação da ECT, com ramifi- cações a partir da Presidência, qua- tro diretorias corporativas e quatro unidades de negócios, entre elas, re- de de agências e varejo, postal, en- comenda e logística. NOVA ESTRUTURA DA ECT Ao criar nova estrutura organi- zacional, separando o Corporativo das unidades de Negócios, a ECT definiu que o objetivo seria, segun- do a sua consultoria Ernst & Young (EY): Eliminar inchaço das áreas e sobreposições de funções, reduzir excesso de burocracia e aumentar a centralização de atividade de su- porte, liberando principalmente as regionais de processos finalístico. Na prática, as unidades de ne- gócio funcionariam com bastante autonomia, como se fossem “em- presas independentes” trabalhan- do sob a logomarca e cnpj dos Co- reios. Naa opinião da FENTECT is- so é um primeiro passo, pois caso o negócio dê certo, basta uma ca- netada do governo para PRIVATI- ZAR os setores mais rentáveis, co- mo as unidades de negócio de En- comenda e Logística. CORREIOSPAR O CorreiosPar é peça funda- mental nesse processo, pois, a par- tir das subsidiárias (terceirizadas) atacará os direitos dos trabalha- dores, fazendo com que a empre- sa contrate por um valor bem mais barato, tendo em vista a a redução Correios 2020 Modernização ou Privatização? COMPLIANCE E JURÍDICO CORREIOSPAR ENCOMENDAS LOGÍSTICA POSTAL REDE DE AGÊNCIAS E VAREJO SERVIÇOS CORPORATIVO FINANÇAS PRESIDENTE diretorias corporativas unidades de negócios PLANO DE REESTRUTURAÇÃO É APRESENTADO PELA ECT, EM CONJUNTO COM A CORREIOSPAR, E APROFUNDA LÓGICA DA PRIVATIZAÇÃO PLINIO QUARTIM Correios 2020 Modernização ou Privatização?

Jornal Fentect

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INFORMATIVO DA CAMPANHA NACIONAL EXTRAORDINÁRIA | BRASILIA-DF, FEVEREIRO/2015

Não é de hoje que a ECT ela-bora estratégias para levar à privatização da empre-

sa. No dia 07 de julho de 2014, foi autorizada a constituição da Cor-reiosPar, criada a partir da auto-rização concedida pela MP 532, que se tornou a lei 12.490/2011. A CorreiosPar, é uma subsidiária de capital 100% do Correio, que tem como objetivo criar empresas em diversos setores para atuarem no objeto social da ECT. Ou seja, em-presas terceirizadas, a serviço da ECT. Com a lei, a ECT pode ope-rar empresas com capital misto, em sociedades por ações.

Dado o próximo passo, no dia 18 de dezembro do mesmo ano, duran-te a Reunião do Conselho de Admi-nistração, foi aprovado, para ser im-plantado em 2015, o Novo Plano de Reestruturação da ECT, com ramifi-cações a partir da Presidência, qua-tro diretorias corporativas e quatro unidades de negócios, entre elas, re-de de agências e varejo, postal, en-comenda e logística.

NOVA ESTRUTURA DA ECTAo criar nova estrutura organi-

zacional, separando o Corporativo das unidades de Negócios, a ECT definiu que o objetivo seria, segun-do a sua consultoria Ernst & Young (EY): Eliminar inchaço das áreas e sobreposições de funções, reduzir

excesso de burocracia e aumentar a centralização de atividade de su-porte, liberando principalmente as regionais de processos finalístico.

Na prática, as unidades de ne-gócio funcionariam com bastante autonomia, como se fossem “em-presas independentes” trabalhan-

do sob a logomarca e cnpj dos Co-reios. Naa opinião da FENTECT is-so é um primeiro passo, pois caso o negócio dê certo, basta uma ca-netada do governo para PRIVATI-ZAR os setores mais rentáveis, co-mo as unidades de negócio de En-comenda e Logística.

CORREIOSPARO CorreiosPar é peça funda-

mental nesse processo, pois, a par-tir das subsidiárias (terceirizadas) atacará os direitos dos trabalha-dores, fazendo com que a empre-sa contrate por um valor bem mais barato, tendo em vista a a redução

Correios 2020 – Modernização ou Privatização?

COMPLIANCEE JURÍDICO CorreiosParENCOMENDASLOGÍSTICAPOSTALREDE DE AGÊNCIAS

E VAREJOSERVIÇOSCORPORATIVOFINANÇAS

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PLANO DE REESTRUTURAÇÃO É APRESENTADO PELA ECT, EM CONJUNTO COM A CORREIOSPAR, E APROFUNDA LÓGICA DA PRIVATIZAÇÃO

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Correios 2020 – Modernização ou Privatização?

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de salários e direitos, a partir da contratação sem concurso público.

Nota-se uma grande mudança nas definições das regionais, con-tudo, questionada sobre o futuro dos trabalhadores, a empresa per-manece sem resposta.

Para a Fentect, é como se a em-presa iniciasse um processo sem prever o final. Na época do gover-no Collor todos os trabalhadores foram alertados pela federação so-bre o impacto da reestruturação nas atividades das regionais. Mi-lhares deles ainda sentem o resul-tado causado pelas reformas irres-ponsáveis realizadas, sem levar em consideração o trabalho trabalha-do de cada ecetista, na época do governo Collor.

DHL E CTT/PORTUGALA reestruturação acompanha

os exemplos das empresas DHL e CTT Portugal, o que preocupa a FENTECT, que não é contra a mo-dernização e os novos negócios dos Correios, desde que não afete o negócio principal e a estabilida-de do trabalhador. Mas, a exemplo da empresa alemã citada, a DHL, houve uma estratégia de expan-são de sucesso empresarial, po-rém não mantiveram os direitos dos servidores públicos. Em Por-tugal, também a CTT, pública, lan-çou a CTTEXPRESSO, para traba-lhadores com direitos rebaixados diferenciados.

Como o modelo de parceria que será adotado pela CorreiosPar na aquisição e formação de empresa será de 49% para os Correios e 51% para o capital privado, o regime de contratação também será afetado e passa a ser privado. Para a fede-ração, sendo a empresa de capital majoritário privado, perde-se o benefício OJ 247 – Orientação Ju-risprudencial do Tribunal Supe-rior do Trabalho – que determina abertura de processo administra-

tivo para demissão. Ou seja, a par-tir da OJ, foi vedada a demissão por motivo fútil do trabalhador. A Fentect acredita, ainda, que com a perda da OJ, os funcionários das novas empresas ficam fragiliza-dos, podendo ser demitidos sem justa causa, além da perda de ou-tros direitos.

Toda discussão sobre a reestru-turação, a CorreiosPar e as subsi-diárias se deu sem a presença dos trabalhadores. Apenas uma apre-sentação de 15 minutos foi reali-zada no dia 21 de janeiro de 2015, quando, nada de fato foi relatado. O presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, se retirou do local rapi-damente e deixou a reunião sob o comando da Consultoria EY. A pos-tura do presidente não surpreen-de, já que, durante os 4 anos que esteve à frente da ECT, não promo-veu diálogo com os trabalhadores, apenas ataques constantes aos di-reitos adquiridos, como no caso do Postal Saúde.

De acordo com cronograma lan-çado durante a apresentação, a im-plementação dos novos programas

se dará nos próximos 12 meses. No período de 27 de outubro de 2014 a 3 de abril de 2015, as Fundações de Organização e Transformação; já entre os dias 2 de janeiro a 12 de fevereiro de 2015, se dará a Reor-ganização da Presidência; por vol-ta de 3 de abril a 11 de junho, a Im-plementação do Novo Modelo de Governança; de 12 de junho a 30 de setembro, a Implementação do Núcleo Corporativo de Serviços e a Implementação do Núcleo de Ne-gócios será entre os dias 17 de ju-lho a 2 de novembro.

A LUTA CONTINUAA Fentect, em reunião com o re-

presentante do Conselho de Admi-nistração da ECT, eleito pelos tra-balhadores, Marcos Cesar, e com a participação do assessor da presi-dência, Otaviano Pereira (COMEG – Comitê de Melhoria da Gestão), no dia 28 de janeiro, solicitaram expli-cações sobre o Novo Plano de Rees-truturação da empresa e o papel da CorreiosPar. De acordo com os diri-gentes da ECT, o que foi divulgado é ainda genérico e está sendo desen-

volvido. Segundo eles, A escolha da ECT é “entrar na briga” ou encolher diante do mercado. Alegaram, ain-da, que a empresa é líder mundial no segmento de expresso, com 60% de mercado, e todo o movimento reali-zado está baseado mais na proteção do que na agressividade. Relataram, também, que nos casos de Telefo-nia Móvel, Banco Postal, Logística Integrada e Transporte de Carga, o objetivo é criar empregos e com os lucros dessas empresas manter os serviços atuais.

Porém, o secretário geral da fe-deração, José Rodrigues dos San-tos Neto, ressalta que não há ne-nhuma trava na defesa dos negó-cios próprios e que a preocupação dos trabalhadores é, na verdade, a privatização dos setores de logís-tica e encomenda, como ocorreu em outros países. Destacou que não adianta investir em moderni-zação se a empresa não dá condi-ções adequadas, bem como mate-rial e instrumentos de trabalho em bons estados. Para ele, é necessá-ria uma mudança na mentalidade da direção da ECT e mais atenção aos problemas pontuais.

CALENDÁRIO DE LUTAS O calendário de lutas foi apro-

vado na 38ª Plenária Nacional da Fentect, nos dias 20 e 21 de janei-ro, e, em pauta, para o dia 5 de fe-vereiro, a federação promove o Se-minário Nacional contra a Privati-zação, para discutir as mudanças que podem afetar a categoria com as ações da CorreiosPar e o surgi-mento das subsidiárias. O calen-dário inclui, também, agitação nas bases, entre os dias 18 de fevereiro e 3 de março, assembleias de esta-do de greve, no dia 5 de março, e assembleias de deflagração de gre-ve nacional, no dia 17 de março. O assunto é tema de luta para os tra-balhadores dos Correios e deverá permanecer em pauta pela esta-bilidade e segurança no emprego.

Trabalhadores protestam contra práticas de trabalho abusivas e ilegais da DHL em todo o mundo na Assembleia Geral Anual da empresa em Frankfurt

5 de fevereiro – Seminário Nacional contra a Privatização,

18 de fevereiro a 3 de março – agitação nas bases

5 de março – assembleias de estado de greve

17 de março – assembleias de deflagração de greve nacional

CALENDÁRIO DE LUTAS

Jose Rodrigues e Rogério Ubine, diretores da FENTEC, em reunião com Otaviano Pereira, Coordenador do COMEG - Comitê de Melhoria de Gestão da ECT, acompanhados do conselheiro de administração, Marcos César para aprofundar o entendimento sobre o processo de restruturação da ECT

SITE

DHL

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Brasília-DF, fevereiro de 2015

Ao finalizar o ano de 2014, os trabalhadores assisti-ram ao ataque do Gover-

no Dilma a seus direitos. A presi-denta enviou ao Congresso duas medidas provisórias, a MP 664 e a MP 665, que restringem o aces-so ao seguro desemprego, os be-nefícios previdenciários e direi-tos dos pescadores. Ao mesmo tempo, a Volksvagem, multina-cional alemã, instalada em São Bernado (SP), demitiu 800 tra-balhadores após tentar, sem su-cesso, reduzir os salários de seus funcionários, com o pagamento apenas do abono, em 2015.

Após a greve de 11 dias, os tra-balhadores foram readmitidos, porém, o acordo limitou o rea-juste à inflação, sendo, no final, uma pressão da patronal para es-tancar os avanços dos trabalha-dores. Nos Correios, a ECT ata-ca, novamente, com o projeto de restruturação, que reorganiza su-as bases produtivas sem discutir com os trabalhadores, preparan-do a empresa para a privatização. Um projeto que prevê a centra-lização das atividades em Brasí-

lia e cria Unidades de Negócios. Também apresenta a Correios-Par, subsidiária dos Correios, que será o braço da empresa na busca de parceiros paras as ati-vidades da ECT. Uma subsidiária com amplos poderes, para cons-tituir empresa, fazer parcerias e coligações. Comprar e vender.

Se por um lado o governo ataca os trabalhadores, demonstrando sua vontade de diminuir direitos para contribuir com o superávit primário, ou seja, para economi-

zar e pagar a dívida pública, por outro, o setor de ponta da econo-mia (metalúrgico) ataca os tra-balhadores, deixando claro que os patrões entrarão em uma fase de aperto contra os funcionários. Nos Correios, segue forte o pro-cesso de privatização da ECT com a restruturação. A empresa está dividida, fracionada e com um modelo de governança preparado para o mercado de ações, exigido nos processos de IPO (Oferta pú-blica Inicial), na bolsa de valores.

Os Correios perseguem o ob-jetivo de ser uma empresa de classe mundial, mas é necessá-rio deixar claro que as empresas de classe mundial não oferecem empregos de qualidade. Mais do que empresa de classe mundial, é desejável uma empresa pú-blica de qualidade, com servi-ços universais e principalmente com empregos estáveis, com di-reitos sociais.

É preciso reafirmar que não existe nenhuma trava na preser-vação dos empregos nesses pro-cessos de restruturação dos Cor-reios. Por esse motivo a Fentect foi contra a MP 532 e é contra o novo modelo apresentado. Não há oposição à modernização da ECT, desde que não venha acom-panhada da precarização dos di-reitos e demissões.

A luta será longa. O ano de 2015 será de aprofundamento desse modelo, em uma conjun-tura de arroxo por parte dos pa-trões e do governo. É preciso ir às ruas, fazer frente em defesa da empresa e dos empregos dos trabalhadores.

EDITORIAL

Ação articulada entre governo e patrões sinaliza período de ataques aos direitos

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www.fentect.org.br

A decisão da direção da ECT de não pagar mais a Reser-va Técnica de Serviço An-

terior (RTSA), na casa de R$ 1,5 bi-lhão somado ao déficit de R$ 3 bi-lhões, no plano Benefício Definido Saldado (BDS), está levando o pla-no dos trabalhadores dos Cor-

reios à insolvência, não há con-dições de pagar os benefícios contratados.

A fim de solucionar o proble-ma, seria necessária a contri-buição extra de 23% sobre o va-lor do beneficio saldado por 15 anos. Ainda, caso tudo no futu-

ro dê certo e não haja mais surpresas.

E c o m o surpresa é o que não f a l t a n o POSTALIS,

já que todos os dias os partici-

pantes veem alguma notí-cia nos jornais, sabemos que

os riscos desses problemas permanecerem são gran-des. O conselho deliberati-

vo tem discutido se aplica o reajuste ou se diminui o bene-

fício futuro. De qualquer forma, o fato representa grande perda aos trabalhadores que contribuíram por muitos anos.

QUEM PARIU MATEUS QUE O EMBALE Os ecetistas nunca indicaram

nenhum diretor para o POSTA-LIS. Sempre, a empresa e o go-verno, de plantão, mandaram e desmandaram na diretoria. Des-sa forma, todo prejuízo causa-do pelos diretores incompeten-tes ou mal intencionados deve ser arcado pelo próprio governo. Não é justo que os trabalhado-res sejam responsabilizados pela ação governamental, que utiliza os cargos do fundo dos trabalha-dores como moeda de troca nas barganhas políticas, em busca de apoio no Congresso.

Também o saldamento força-

do do plano, em 2008, foi uma decisão unilateral da direção da ECT. No dinheiro das aposenta-dorias dos funcionários, políti-co nenhum deveria meter a mão. Logo, no dia 18 de maço, o pro-testo deverá ser organizado con-tra a falência do plano BDS. Que o governo assuma a dívida.

O Informativo da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Serviços Postais - FENTECTSDS, Ed. Venâncio V, Bloco R Loja 60 // 70393-900 // (61) 3323 8810 // Site: www.fentect.org.br // E-mail: [email protected] de responsabilidade da Diretoria Colegiada: Diretor de Imprensa: James Magalhães de Azevedo

Edição: Nathália Borgo 9427 DRT/DF // Imagens: Aquivo Fentect e Internet // Diagramação: Ronaldo Alves RP 5103 DRT-DF

EXPEDIENTE

POSTALIS – Plano BDS (Benefício Definido Saldado) rumo à falência

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Brasília-DF, fevereiro de 2015

A Fentect, considerada úni-ca entidade de luta e re-sistência dos trabalhado-

res dos Correios, debateu em Ple-nária, nos dias 20 e 21 de janeiro, sobre o modelo de negociação do Sistema Nacional de Negociação Permanente (SNNP), que, arbi-trariamente, tem sido desvirtua-do por tentativas de negociações promovidas individualmente en-tre a ECT e os trabalhadores, pas-sando por cima da representativi-dade da federação.

O primeiro problema, para a Fentect, consiste na manutenção de acordos com a Findect, não

legalmente constituída, com o registro cassado, o que representa ato de improbidade administrativa e descumprimento por parte da própria ECT do Acordo Coletivo.

Além disso, desde o final do ano de 2014, a empresa realiza negocia-ções por sindicatos e tem aprofun-dado, cada vez mais, esse tipo de ação. O que, segundo a federação, enfraquece a luta.

No estatuto aprovado está pre-vista a assinatura de acordos com 2/3 dos sindicatos filiados e ficou definido que o formato de nego-ciação seja o mesmo da data base, com 6 membros da Fentect e 5 de sindicatos. Dos 29 filiados, é pre-ciso ao menos 20 sindicatos para que sejam autorizadas assinatu-ras e, dessa maneira, as decisões possam valer para todos. Mas, na prática, não tem funcionado as-sim. Quem não assina, termina por não receber.

Outra definição cobrada pela federação é que as pautas e calen-dários de negociação sejam defi-nidos em aprovação com a repre-sentação dos trabalhadores e que todas as despesas de viagens e es-tadias, para garantir a participação dos membros do comando, sejam custeadas pelas entidades. A em-presa, na visão da Fentect, não de-ve pagar por esses custos a fim de evitar vícios nos sindicatos.

De acordo com a Fentect, essa estratégia serve apenas para en-viar uma série de problemas à ca-tegoria, como a respeito da subs-tituição gradativa de mão de obra terceirizada por contrato de traba-lho por tempo determinado, nos termos da Lei 9.601/98, que cons-ta na Cláusula 22, do Acordo Co-letivo de Trabalho 2014-2015. Para a federação é o assunto é indiscu-tível, pois, é inviável a criação de uma nova categoria nos Correios,

onde não haverá compromisso por parte do trabalhador temporário, também, a insegurança nos servi-dores de carreira.

No 32º Conrep, em 2014, foi ex-tinta a participação dos trabalha-dores na Mesa Nacional de Nego-ciação, quando a ECT iniciou o processo de negociação por sindi-catos. Mesmo com o novo formato, a empresa não aceitou as condicio-nantes da Fentect e continuou a fe-char acordos nos mesmos moldes.

A Fentect exige que haja res-peito aos fóruns da entidade, ao quórum e ao formato de nego-ciação. É necessário, de acordo com o comando da federação, que qualquer decisão da mesa seja re-passada a todo Brasil. Assim, será mais democrático e transparente o processo de criação e implanta-ção dos projetos da ECT, além de minimizar os prejuízos causados aos trabalhadores.

SNNP – Uma estratégia para dividir a categoria com acordos por sindicatoECT COMETE ATO DE IMPROBIDADE AO DEIXAR A FEDERAÇÃO DE FORA DAS DECISÕES QUE DEVERIAM SER TOMADAS A NÍVEL NACIONAL

Procissão em homenagem ao dia dos carteiros, organizada pelo Sincotelba, realizada...

...no dia 31 de janeiro de 2015. Encerrou-se com uma missa na Igreja do Senhor do Bomfim e tem 105 anos de história e tradição.

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Participação nos Lucros –Um caso de ação anti-sindical e desrespeito com os trabalhadoresNo final de novembro de

2014, foi assinado acordo com alguns sindicatos li-

gados à Findect, federação não le-galmente constituída, que deveria ser realizado a nível nacional, para

todos os trabalhadores. Foi deter-minado o pagamento de, no máxi-mo, R$ 620,00 reais, por três anos. Com a decisão, houve forte pres-são das bases nos sindicatos que notaram a quebrada da isonomia.

Onde não foi aceita a assinatura do acordo, os trabalhadores rece-beram R$ 220,00 reais. Ação teve respaldo do Ministro do Tribunal Superior Trabalho, Ives Gandra.

Em dezembro, o Conselho de

Administração da ECT humilhou a categoria com a aprovação do pagamento da gratificação, a títu-lo de PLR, de até 150% sobre os sa-lários dos dirigentes da empresa, que podem receber até R$ 60 mil, como no caso do presidente, con-siderado absurdo e repudiado pe-la Fentect.

Em mais um ato de improbida-de, a empresa ainda criou o ter-mo de acordo individual, repas-sado pelas chefias nos setores de trabalho. Dessa maneira, além de passar por cima da Fentect, ao fe-char acordo com a federação ile-gal e acordos por sindicatos, come-çou a aplicar o termo por trabalha-dor, atacando a livre organização sindical.

Por esses motivos, a Fentect ingressou com uma denúncia no Ministério Público do Trabalho (MPT), que acatou a denúncia e a transformou em inquérito civil - IC 002223.2014.10.000-0 – para apurar a quebra da isonomia e a prática anti-sindical, em Brasí-lia. Também, a federação ingres-sou com o pedido de anulação do acordo ilegal, assinado por sindi-catos que não detém legitimidade para fazer acordos de âmbito na-cional, com uma empresa de todo o Brasil, como a ECT.

Somente a Fentect tem autori-zação para fechar acordos nacio-nais. A AÇÃO ANULATÓRIA n TS-T-AACC-28758-76.2014.5.00.0000 teve sua liminar negada. A federa-ção aguarda a audiência de conci-liação e instrução.

A ECT ingressou contra   Fentect o Dissidio de Extensão (DC TST-956-69.2015.5.00.0000) pedindo que os efeitos do acordo “ilegal”  sejam estendidos a todos os trabalhado-res. A audiência de instrução está marcada para o dia 06 de feverei-ro. Durante o primeiro semestre, o caso da PLR terá andamento e a Fe-deração segue firme da defesa dos direitos, com o encaminhamento da discussão a todas as instâncias.

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Em 2007, o então Presidente Lula vetou integralmente o Projeto de Lei nº 7.362/06,

que alterava o artigo 193 da Conso-lidação das Leis do Trabalho (CLT) e que concederia adicional de peri-culosidade aos carteiros. Segundo entendimento conjunto do Presi-dente com o Ministério do Plane-jamento e da Justiça, o texto po-deria criar controvérsias judiciais, além de acarretar problemas. Ain-da, por ser dirigido exclusivamente aos trabalhadores dessa categoria, geraria normas distintas da aplicá-vel às empresas privadas.

Na ocasião, foi garantido aos ecetistas que providências seriam tomadas para que a categoria não ficasse desamparada com o veto da lei e pudesse receber algum re-torno com o mesmo benefício. Foi, então, instituído o Abono Emer-gencial, a partir de novembro de 2007, que o governo ainda tentou retirar. Porém, com a realização de duas greves, ficou garantido e mantido o acordado 30% para to-dos os carteiros do Brasil.

O Abono Emergencial foi trans-formado em Adicional de Ativida-de de Distribuição e Coleta (AADC) e adequado no PCCS/2008. Direi-to suprimido dos cerca de 12.000 carteiros motociclista pela ECT, a partir do mês de novembro de 2014, que avalia a Lei N 12.997/2014,

sancionado pela Presidente Dilma Rousseff, como de mesma nature-za do AADC.

A lei, conhecida também como Lei do Motoboy, garante 30% pa-ra todos trabalhadores em moto-cicleta por conta do alto risco do trânsito. Na avaliação da Fentect, os 30% do AADC foram constituí-dos para todos os carteiros devido às adversidades que os funcioná-

rios enfrentam no dia a dia, como o clima, cachorros, assaltos, clien-tes mal humorados e, também, o próprio trânsito.

Após a aprovação da Lei e re-gulamentação do Ministério do Trabalho e Emprego (MET), a Fe-deração protocolou duas cartas cobrando o cumprimento dos pa-gamentos devidos, mas a resposta se deu em forma de Dissídio Jurí-dico, pela ECT, após o Sintect/MS entrar com pedido de liminar no Tribunal Regional do Trabalho, do estado. Na ação, a ECT pede autori-zação para pagar aos carteiros mo-tociclistas somente o Adicional da Lei, excluindo o AADC, bem como, julgar incompetentes todos os Tri-bunais Regionais.

Já houve duas audiências de ten-tativa de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho (TST), mas não há entendimento por parte da empresa e do ministro Ives Gandra quanto à proposta. Com muita in-sistência, o ministro convenceu a ECT a levar para apreciação da di-reção as seguintes determinações:

a) Pagar a periculosidade con-forme a lei 12.997/14,

b) M a n t e r o p a g a m e n t o do  AADC,

c) Reduzir, em média, 50% do valor do adicional do valor da gratificação de função motorizada.

Com isso, o carteiro que ga-nha R$ 500 reais de adicional, por exemplo, terá descontada da gratificação de função R$ 250,00, o que significa, na prática, que muitos carteiros motociclistas terão suas gratificações de fun-ção extintas.

No dia 04 de março será reali-zada nova audiência de concilia-ção e instrução, caso a empresa responda positivamente antes da data. A proposta será submetida às bases para consulta, através de assembleias, para que haja um po-sicionamento na próxima audiên-cia. Caso contrário, o dissídio se-gue para julgamento em data a ser marcada.

A  Fentect alerta para que a mo-bilização continue e cada carteiro motociclista exija o pagamento de-vido dos dois adicionais, para que as funções continuem sendo exer-cidas com respaldo e valorização.

ECT retira AADC dos carteiros motociclistas EMPRESA SUPRIME AADC PARA PAGAMENTO DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE E

ALEGA QUE SÃO BENEFÍCIOS DE NATUREZA SIMILARES

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Suspensão de atendimentos médicos, laboratórios, den-tistas, entre outros, creden-

ciados. Procedimentos, como ser-viços de próteses, cirurgias, além da demora na autorização de guias para internações e negativas de Home Care (atendimento em ca-sa). Esse é o resultado proporcio-nado pela mudança no plano que garante o direito social constitu-cional dos ecetistas, a saúde. Com o final da autogestão do Correios Saúde e o lançamento da caixa de assistência de direito privado, o Postal Saúde, quem mais sofre é o trabalhador.

A situação se agrava com o não pagamento às instituições forne-cedoras que procuram e denun-ciam aos sindicatos. Há suspen-são, cancelamento e demora na autorização de procedimentos de atendimentos por todo o País. Os procedimentos anteriormen-te aprovados têm sido negados ou postergados, constantemente, aos funcionários da ECT. Como, por exemplo, no caso do carteiro de 53 anos, da DR/PI, que, durante a en-trega, passou mal, levado às pres-sas a capital, Teresina, quando, ao ser constatado um tumor na cabe-

ça, precisou de uma cirurgia ur-gente, mas teve que aguardar cin-co dias para aprovação da mesma. Após a autorização, o médico que o atendia alegou que eram necessá-rios determinados materiais, que demoraram mais quatro dias pa-ra serem autorizados. Com isso, o trabalhador precisou de nove dias para que o procedimento fosse re-alizado, conforme relatou o secre-tário-geral da Fentect, José Rodri-gues dos Santos Neto.

Mesmo com a greve de janeiro de 2014, de 43 dias, nada foi solu-cionado. A empresa alega que o fim da autogestão foi devido aos gastos

acima do valor de mercado. Com a rigorosidade cobrada na reno-vação de contratos e a demora no processo, clínicas e hospitais aca-bam sem receber.

A Fentect cobra para que os tra-balhadores tenham o antigo pla-no de saúde de volta e não sejam mais tratados como animais, se-gundo informado pelo dirigente da federação, Rogério Ubine, até mesmo nos exames periódicos. Vans levam às regiões empresas contratadas para realizar exames de sangue e vista. Empresas con-tratadas sem condições materiais, da maneira mais básica possível, colocando os trabalhadores amon-toados como gados.

A federação luta pelo retorno da autogestão e confirma a posi-ção de que a ECT mexeu em ativi-dades que estavam funcionando e as transformaram em um plano fa-lido. Foi prometido um plano mo-derno, como, por exemplo, uma carteirinha magnética para cada trabalhador, porém, há apenas o sucateamento da saúde.

PROCESSOSO Postal Saúde foi lançado em

abril de 2013 contra a vontade dos ecetistas. A partir disso, a FEN-TECT entrou com processo judi-cial, adiado oito vezes, para bar-rar o novo modelo de gestão da ECT, até que, em outubro de 2014, a 6ª Vara do Trabalho do Tribu-nal Regional do Trabalho – 10ª Região indeferiu o processo nº 01113-2013-006-10-00-9.

Para burocratizar a demanda dos trabalhadores, o Tribunal Su-perior do Trabalho (TST) propôs a criação de uma comissão paritária para discutir os problemas do novo plano, com dois membros do co-mando da Fentect, dois membros da Findect e quatro da direção da ECT e do próprio Postal Saúde, com o objetivo de resolver problemas localizados. Porém, a preocupa-ção da federação é quanto ao mo-delo privatizado do Postal Saúde, que reduz os custos à degradação da saúde do trabalhador.

A suspensão do plano também é pauta para a greve do dia 18 de março, mobilização que convoca todos os ecetistas para que recla-mem pela volta da autogestão do plano dos Correios e a facilitação do acesso à saúde.

Direção da ECT promove o sucateamento da saúde do trabalhador ecetistaFENTECT PERSISTE NA LUTA CONTRA O POSTAL SAÚDE E MOBILIZA OS TRABALHADORES PARA INDICATIVO DE GREVE, EM 18 DE MARÇO