Upload
urbano-felix-pugliese
View
94
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
Especialização em Ciências CriminaisProf. Dr. Urbano Félix Pugliese
A Justiça Restaurativa
1
Quem podemos ler a respeito do assunto:
2
Cláudia Santos
Daniel Achutti
Edgar Bianchini
Quem podemos ler a respeito do assunto:
3
Neemias Prudente
Selma Santana
Teresa Robalo
Histórico da Justiça Restaurativa:
4
Surgiu por volta da década de 70 do século XX nos EUA e na Europa (Alemanha, Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Inglaterra e outros);
Movimento inspirado nas populações nativas do Canadá e Nova Zelândia que resolviam os problemas com diálogo, consenso e pacificação;
Crise do modelo repressor-punidor-aprisionador, após a metade do século XX; e
Maior importância à vítima, ao retorno do status quo ante e à comunidade vilipendiada pela infração penal.
Modelos de justiça criminal:
5
Punitiva/ Repressor
Restaurativa
1) Não dá importância à vítima;2) Não leva em conta caracteres da sociedade; e3) Pune o autor do delito
Bases da Justiça Repressora:
6
Delito: É uma mera infração da norma penal, nada além (dura lex sede lex);
Responsabilidade: Individual (livre arbítrio clássico);
Controle: Monopólio do sistema penal; Protagonistas: Infrator e o Estado punidor; Procedimento: Dissensual (adversarial); Finalidade: Provar a tipicidade, a autoria, e
materialidade da infração, além de aplicar castigos; e
Tempo: Fulcrado no passado.
Reparadora, Reintegradora, Conciliadora
Modelos de justiça criminal:
7
Restaurativa1) Dá importância à vítima;2) Leva em conta caracteres da sociedade; e3) Autor do delito é responsabilizado.
Conceito (Nações Unidas - 2002):
8
Um processo restaurativo significa qualquer processo no qual a vítima, o ofensor e/ou qualquer indivíduo ou comunidade afetada por um crime participem junto e ativamente da resolução das questões advindas do crime, sendo frequentemente auxiliados por um terceiro investido de credibilidade e imparcialidade.
Bases da Justiça Restaurativa:
9
Delito: Visto como um conflito entre as pessoas; Responsabilidade: Individual e social (há uma
co-culpabilidade); Controle: A comunidade também tem
capacidade de mediar os conflitos; Protagonistas: Infrator, vítima e comunidade; Procedimento: Consensual/dialogal; Finalidade: Trabalhar conflitos, assumir as
responsabilidades e reparar os danos; e Tempo: Voltado para o futuro.
Pode ser usado em todas as infrações?
10
Pequena ofensividade (pena máxima de até 2 anos)
Lei n. 9.099/95: Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
Há diversos institutos restauradores (despenalizadores, descarcerizadores e descriminalizadores): Composição de danos (art. 72); Transação penal (art. 76); Suspensão condicional do processo (art. 89); e Art. 28, da Lei n. 11.343/06.
Pode ser usado em todas as infrações?
11
Cabe nos crimes hediondos e de tráfico; Sursis; e Cabe em absolutamente todos os crimes culposos.
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; [...]
Média ofensividade (pena aplicada de até 4 anos)
Pode ser usado em todas as infrações?
12
A prisão é a única resposta possível?
Livramento condicional (art. 83 a 90); eProgressão do regime de cumprimento de pena (fechado/semi-aberto/aberto). Art. 33, § 2º. a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
Grande ofensividade (pena aplicada de mais de 4 anos)
Pode ser usado em todas as infrações?
13
Cada fase requer uma resposta diferenciada?
1) Crianças: menores de 12 anos (art. 2º., primeira parte, do ECA (Lei n. 8.069/90); 2) Adolescentes: 12 anos até 18 anos incompletos (art. 2º., segunda parte, do ECA); 3) Jovens: entre 15 e 29 anos (art.1º., § 1º., do Estatuto da Juventude, Lei n. 12.852/13); 4) Adultos: de 29 completos a 60 incompletos; 5) Idosos: a partir de 60 anos (art. 1º., do Estatuto do Idoso, a Lei n. 10.741/03).
Atos infracionais? Infrações realizadas por idosos?
Diminuição da maioridade (aumento da internação) é a solução?
14
Unicef: mais de 42 mil adolescentes poderão ser vítimas de homicídio nos municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, entre 2013 e 2019 (vítimas ou algozes?);
Possibilidade de jovens negros serem assassinados é 2,96 vezes superior à dos brancos no Brasil (gênero/raça/classe social);
2011: Adolescentes realizaram 1,8 mil homicídios no país (8,4% do total);
Perfil dos adolescentes infratores (CNJ – 2012 - 1.898 jovens em privação de liberdade no país):
- Idade média: 16,7 anos;
- 86% não concluíram o ensino básico;
- 43% foram criados apenas pela mãe e 17% pelos avós;
- 14% dos jovens têm filhos;
- 75% fazem uso de drogas ilícitas; e
- 28% declararam ter sofrido agressão de funcionários, 10% disseram apanhar da PM dentro das unidades e 19% revelaram outros castigos físicos.
Objetivos da Justiça Restaurativa:
15
Evitar estigmatização estrutural do ofensor; Evitar a revitimização da vítima (primária,
secundária e terciária); Reconstruir ligações humanas e sociais; Diminuir a vitimização reflexa/recíproca; Diminuir a reincidência; Responsabilizar o grupo social pelos fator
ocorridos; e Efetuar um olhar mais profundo/sensível nas
questões de vulnerações estruturantes de todos os atores dos eventos.
Objetivos da Justiça Restaurativa:
16
Reduzir a sobrecarga e morosidade processual (com anos de espera por um resultado);
Estudo mais profundo dos processos de criminalização;
Clarear as cifras ocultas (trazendo à luz do sol litígios escondidos sob a terra);
Atenuar a sensação de insegurança pública; Reduzir os custos dos conflitos administrados
pelo sistema penal; e Ofertar às vitimas uma maior preocupação
estrutural.
Quais são os desejos da vítima?
17
É preciso ouvir as vitimas das infrações penais?
Nem sempre os quereres das vítimas são os mesmos do Estado: punir o ofensor;
Precisa ser tratada nas emoções e não só na parte material ofendida pela infração penal; e
Necessita de um espaço protegido para expressar sentimentos, emoções e paixões.
Quais são as características do ofensor?
18
Pode haver co-culpabilidade? O processo de criminalização é fácil diante da
pessoalidade das vulnerabilidades do ofensor? Há quebra do padrão de comportamento com
o aprisionamento? Há necessidade real do aprisionamento? É preciso perguntar o grau de vulnerabilidade
pessoal e social do ofensor; e Há processos de criminalização operante?
A comunidade pode funcionar na querela?
19
Pode haver pluralismo jurídico em âmbito penal?
Indígenas e ciganos podem ter suas próprias normas e tribunais penais?
Não é o “Tribunal do tráfico”; e Não é o “Tribunal da Polícia”.
Operacionalização da Justiça Restaurativa (Tânia Almeida):
20
Mediação Penal: A Mediação Penal é todo processo que permite ao ofendido e ao ofensor participar ativamente, se o consentem livremente, da solução das dificuldades resultantes do delito, com a ajuda de um terceiro independente, o mediador. (Recomendación (99)19 del Comité de Ministros del Consejo de Europa – União Européia);
Conferências familiares: Esse processo é especialmente utilizado quando se deseja dar foco ao suporte que familiares, amigos e outros membros da comunidade podem oferecer ao ofensor, tanto no cumprimento de condutas acordadas com a vítima e com a comunidade, como na mudança de seu comportamento; e
Círculos de Construção de Consenso: Inspirados em comunidades indígenas, esses círculos de conversa e de construção de consenso envolvem um número maior de pessoas – vítimas, ofensores, seus familiares, a comunidade e os operadores do Direito. Os círculos incluem a presença do juiz e a construção consensual da sentença para o delito.
FIM21