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A VIDA EM PRIMEIRO LUGAR Enio Verri * A Saúde Pública em Maringá está doente. Esse é o diagnóstico de uma realidade que a população conhece em seu dia-a-dia. Faz muito pouco tempo, Maringá converteu-se na capital da dengue. Sabe-se que o problema não era local, mas, infelizmente, Maringá ultrapassou todos os parâmetros, sinal da falta de medidas preventivas. Também é fato público que o Programa Saúde da Família viveu uma fase de desarticulação e que, ainda hoje, não recebeu a devida reestruturação. Mais uma demonstração da falta de políticas públicas de promoção à Saúde e prevenção à doença. Diante das filas de consultas médicas especializadas que não cessavam de crescer, a administração municipal adotou a política de “mutirões de consultas”, sinal da falta de planejamento e da incapacidade de garantir o atendimento adequado e merecido pela população. Para agravar, em vez de estruturar e dotar o hospital municipal de satisfatória condição de resolução dos problemas, tentou-se terceirizar sua gestão, como se a privatização fosse a solução para os problemas que a administração mostrou-se incapaz de resolver. Não bastasse tudo isso, ainda se promoveu a transferência de rubricas do orçamento da Saúde para a área de propaganda e publicidade.

A vida em primeiro lugar

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A VIDA EM PRIMEIRO LUGAR

Enio Verri*A Saúde Pública em Maringá está doente. Esse é o diagnóstico de uma realidade que a população conhece em seu dia-a-dia.

Faz muito pouco tempo, Maringá converteu-se na capital da dengue. Sabe-se que o problema não era local, mas, infelizmente, Maringá ultrapassou todos os parâmetros, sinal da falta de medidas preventivas.

Também é fato público que o Programa Saúde da Família viveu uma fase de desarticulação e que, ainda hoje, não recebeu a devida reestruturação. Mais uma demonstração da falta de políticas públicas de promoção à Saúde e prevenção à doença.

Diante das filas de consultas médicas especializadas que não cessavam de crescer, a administração municipal adotou a política de “mutirões de consultas”, sinal da falta de planejamento e da incapacidade de garantir o atendimento adequado e merecido pela população.

Para agravar, em vez de estruturar e dotar o hospital municipal de satisfatória condição de resolução dos problemas, tentou-se terceirizar sua gestão, como se a privatização fosse a solução para os problemas que a administração mostrou-se incapaz de resolver. Não bastasse tudo isso, ainda se promoveu a transferência de rubricas do orçamento da Saúde para a área de propaganda e publicidade.

Em nossa concepção, a solução para os dramas vivenciados pelo sistema de saúde do município passa pela afirmação, inequívoca, de seu caráter público. Não se trata de opor o público ao privado. O administrador público deve saber alocar, para as finalidades de atendimento da população, toda a estrutura de serviços disponíveis. Não deve, porém, transferir sua responsabilidade para terceiros nem privatizar aquilo que é de todos, sob risco de penalizar ainda mais os que mais precisam do serviço público.

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Em nosso governo, o Programa Saúde da Família será reestruturado e ampliado. Na verdade, todo o sistema municipal terá a estratégia Saúde da Família. A prevenção deve ser a prioridade.

Para as consultas especializadas, não adianta reduzir artificialmente as filas. É preciso atender as pessoas. Assim, nosso compromisso é com a contratação de médicos por intermédio de concursos públicos e garantir os exames complementares. Os médicos devem ser alocados nas cinco regionais da Saúde. Além disso, as Policlínicas, criadas na administração anterior, devem ser reestruturadas.

O Hospital Municipal vem atendendo abaixo de seu potencial, resultado da redução de investimento. Sem privatizar o hospital, assumimos o compromisso não apenas de elevar sua capacidade de resolução como também de ativar as alas que ainda se encontram paralisadas.

Aberto tardiamente para atender necessidades eleitorais, o NIS Zona Norte deve ter sua capacidade de atendimento e resolução ampliada. O mesmo deve acontecer com o NIS Iguatemi. Para estender o atendimento à população trabalhadora, é nosso compromisso manter as unidades regionais abertas até as 22 horas.

* Enio Verri é deputado estadual, professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e presidente do PT-Paraná.

** Artigo publicado no jornal O Diário do Norte do Paraná, no domingo, dia 17/08/08.