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O Judiciário e os sistemas de regulação, fiscalização e supervisão financeira. Fortalecimento do arcabouço jurídico para a proteção dos usuários dos serviços financeiros FLÁVIO MAIA Fernandes dos Santos Mestre em Direito Comparado pela New York University Professor de pós-graduação da FGV Procurador do Banco Central do Brasil São Paulo, 28.10.2009

Justina 2009 Flavio Maia

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O Judiciário e os sistemas de regulação, fiscalização e supervisão financeira.

Fortalecimento do arcabouço jurídico para a proteção dos usuários dos serviços

financeiros

FLÁVIO MAIA Fernandes dos SantosMestre em Direito Comparado pela New York UniversityProfessor de pós-graduação da FGVProcurador do Banco Central do Brasil

São Paulo, 28.10.2009

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Sumário

I - O Judiciário e o sistema de regulação financeira

II - O Judiciário e o sistema de fiscalização e supervisão financeira

III - Fortalecimento do arcabouço jurídico para a proteção dos usuários dos serviços financeiros

IV - Conclusões

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I - O Judiciário e o sistema de regulação financeira

Participação ativa do Judiciário não na estrutura do SFN mas nos contratos bancários e no seu preço (juros, comissão de permanência)

• a regulação dos juros remuneratórios:

Da Lei de Usura (1933) ao ac. do STJ (lei dos recursos repetitivos) (2009)

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Súmula 596 do STF (1976): Res CMN 1.064 (1985)

CF §3° art.192 : ADIN nº 4 : STF : não auto-aplicável. EC 40 de 2003 : revogou dispositivo. Súmula Vinculante 7 do STF (2008)

Aplicação do CDC (Lei 8.078/90)aos contratos bancários: Súmula STJ 294 (1994)

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Em2001 a Confederação Nacional do Sistema Financeiro – CONSIF ajuizou a ADIn 2.591: Acórdão DJ 29-09-2006 (1ª. Publicação); DJ 13-04-2007 (2ª. Publicação)

E a taxa de juros da política monetária (Selic)?

Conflito de Atribuições nº 35-RJ (Julg 1987)

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A questão dos juros abusivos

CDC inibe práticas abusivas

Selic como limite: contra-senso econômico

Média : cartelização; varia em função do demandante, do tipo de operação e do ofertante

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Recursos repetitivos – Resp 1061530 DJE 10.3.09

ORIENTAÇÃO 1 - JUROS REMUNERATÓRIOS

d) É admitida a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada – art. 51, §1º, do CDC) fique cabalmente demonstrada, ante às peculiaridades do julgamento em concreto.

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Súmula STF 121 (1963) : É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada.

Obs.: entendimento de que essa vedação se aplica às instituições financeiras

b) Anatocismo (capitalização de juros)

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MP 1963/00, reeditada sob o nº2.170-36,em 24.08.2001 :

Art. 5º. Nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, é admissível a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano.

STJ: desde que expressamente contratada a partir de 31.3.2000 (data da publicação da 1ª MP)

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ADIN 2316 proposta em 2000 pelo Partido Liberal com relação àquele art. 5º da MP:Foram proferidos 4 votos deferindo (Mins. Sydney Sanches, Carlos Velloso, Marco Aurélio e Carlos Britto) e 2 indeferindo ( Mins. Carmen Lúcia, Menezes Direito) a medida cautelar para suspender a eficácia do art. 5º mas julgamento ainda não concluído (Mins. Peluso, Lewandowski e Toffoli não podem votar por substituírem ministros que votaram)

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c) Comissão de permanência

Essência econômica: incompreensão e desvirtuamento

Res CMN 1.129 (1986) permite expressamente

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Resp 1.058.114 e 1.063.343 (recursos repetitivos) Julg 12.8.09 (acórdão ainda não publicado) :“Para os efeito do art. 543-C do CPC, a cláusula da comissão de permanência foi considerada válida, vencida a Sra. Ministra Relatora.” (N. Andrighi) (Rel p/acórdão Min Noronha)

Mantido teor do ac. no Resp 271.214:“A comissão de permanência, para o período de inadimplência, é cabível, não cumulada com a correção monetária, nos termos da Súmula nº 30 da Corte, nem com juros remuneratórios, calculada pela taxa média dos juros de mercado, apurada pelo Banco Central do Brasil, não podendo ultrapassar a taxa do contrato.” (2003) Súmulas 294 e 296 STJ (2004).

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d) Judiciário e contratos bancários

Min. Luiz Fux: “A vantagem da jurisprudência é que ela torna os julgamentos previsíveis e traz segurança jurídica. Então o empresário, ao ter ciência de como é que pensa o tribunal, promove sua organização...”(Globo News, 15.10.2009)

Ex. de previsibilidade: alienação fiduciária; crédito consignado

Ex. de imprevisibilidade: financiamentos com Tabela Price; leasing (VRGA: Súm. 263,em 2002, e 293, em 2003 – atualmente: questão da devolução no inadimplemento)

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Valor da Carteira de Leasing no Brasil (em US$ milhões)

Time Serie for a Present Value since 1995

0,00

2.000.000,00

4.000.000,00

6.000.000,00

8.000.000,00

10.000.000,00

12.000.000,00

14.000.000,00

16.000.000,00

18.000.000,00

jan1995

jul jan1996

jul jan1997

jul jan1998

jul jan1999

jul jan2000

jul jan2001

jul jan2002

jul jan2003

jul jan2004

jul jan2005

Time

Valu

e U

$ (M

)

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Súmula 381 STJ

“Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”. (05/05/2009)

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“Justiça no varejo propicia a injustiça no atacado.”

(Acórdão do TJRS Ap Civ 70015204175 - 15ª Câmara Cível. Julg. 21.06.2006)

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II - O Judiciário e o sistema de fiscalização e supervisão financeira

III - Fortalecimento do arcabouço jurídico para a proteção dos usuários dos serviços financeiros

a) Regulamentação do art. 192 CF : ainda por fazer

b) Resoluções do CMN 3402 (2006) e 3518 (2007): tarifas; 3517 (2007): cria CET - Custo Efetivo Total (além dos juros, o CET inclui tributos, tarifas, seguros e outras despesas cobradas quando da concessão do crédito); 3658 (2008) : Sistema de Informações de Créditos (SCR) ; 3693 (2009): não tarifa sobre boleto; portabilidade

c) Informação: ex.: site do Banco Central

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IV - Conclusões • Conceitos jurídicos aplicados com

equilíbrio e conhecimento : formação dos aplicadores do direito na área financeira (faculdades; cursos e concursos)• Normatização mais precisa• Decisões de acordo com lógica econômica:

reduzem “custos de transação”• Decisões dissonantes da lógica

econômica: externalidades negativas: redução da atividade econômica, encarecimento do crédito