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O câncer da terra

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Page 1: O câncer da terra

O CÂNCER DA TERRA

Fernando Zornitta

Tudo era perfeito no Planeta Terra que já aniversariava 4,5 bilhões de anos. O sol nascia e se punha todos os dias, as estações do ano eram bem definidas, as plantas e os animais nasciam e morriam em ciclos perfeitos como os da própria natureza.

Tudo funcionava como um reloginho bem azeitado. Todos os animais tinham o que comer – e não lhes faltava nada. A energia do sol pintava o planeta de verde e as plantas possibilitavam a vida e a existência dos animais. É certo que uns não se satisfaziam com saladas e comiam uns aos outros, mas isso também fazia parte da cadeia alimentar, que é da própria natureza.

Mas da natureza eles só tiravam o que necessitavam para viver.

Num determinado momento da evolução, há poucos anos comparando-se com a idade da Terra, surge um ser mais esperto e sabido. Vive por alguns milhares de anos nas cavernas, descobre o fogo e migra, procurando climas mais quentes para viver: era o bicho homem, o top de linha de todas as espécies.

No começo ele caça, pesca, colhe frutos - só o necessário para sobreviver e vai vivendo, gerando filhos e esparramando gentes. Das pedras faz ferramentas, depois descobre o metal e com ele faz armas e utilitários para a caça e para se defender.

Enquanto se desenvolve tecnologicamente, constrói casas, cidades; inventa coisas e aparelhos para atender as suas necessidades, também alimenta ao seu ego – numa estranha necessidade de querer ter mais, de acumular riquezas, de ter poder e ser melhor do que os outros.

O instinto das cavernas e o medo, não abandonaram o homem do pós-cavernas e ele segue esse seu instinto mais do que a sua pretensa sapiência, que o colocou no topo da classificação das espécies.

O seu gênio inventivo o leva a fazer armas e imediatamente com elas quer dominar os outros e o mundo. Não lhe basta mais só tirar da natureza o que necessita para sobreviver, quer mais e quanto mais tem mais quer. E quer muito, quer mais riquezas, quer mais poder, quer avançar rumo ao futuro mesmo sem saber para onde vai.

Os povos que mais cedo se desenvolveram, mais cedo começaram a competir e a lutar para dominar uns aos outros. Da antiguidade aos dias atuais, guerras, litígios e muito sangue foi derramado para uns afirmarem a sua superioridade sobre outros, do mesmo jeito que era para os trogloditas das cavernas que disputavam a caça para poder sobreviver.

Só que hoje não é mais para a sobrevivência é para a supremacia de uns sobre os outros. Enquanto as nações que se formaram com bases nas suas descobertas e no seu desenvolvimento tecnológico, as quais poderiam ajudar os mais atrasados, contrariando toda a lógica, usam essas vantagens para oprimir e explorar os que ficaram para trás.

Enquanto 20 % da humanidade vive com conforto, os restantes 80% passam fome, morrem de doenças e agonizam entregues a própria sorte.

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O instinto e o ego irracional fizeram o homem se tornar um destruidor do próprio ambiente que lhe dá suporte à vida. Ele corrói e destrói sem se preocupar com a finitude dos recursos naturais, sem se preocupar com a vida dos outros – só lhe interessa a sua. Enquanto dá um amor incondicional aos seus e à sua família, esquece-se de tudo que vai fora da soleira da porta do que convencionou chamar de lar. Tropeça por velhos, crianças e pedintes, mas faz de conta que nada lhe diz respeito.

Polui, destrói, mata; tudo em nome da irracional necessidade de avançar, mesmo que sem rumo.

Enquanto as outras formas de vida animal convivem com os seus habitats de forma harmônica e em sintonia com a natureza, o homem por onde anda deixa um rastro de destruição que se alastra até tornar inóspito o que antes era cheio de vida.

O homem é o câncer da Terra é a doença mais grave que já acometeu o planeta que nos acolhe e a todas as formas de vida e, ele sozinho, está conseguindo acabar com tudo de espetacular e mágico que lhe foi colocado a disposição para bem viver e na mesma e harmônica sintonia que os seus sistemas que mantém a vida no planeta.

Enquanto a grande maioria da população da Terra não tem nada e agoniza na mais completa exclusão, os poucos que se destacaram pelo egoísmo e pela opressão, desperdiçam preciosos recursos em ações belicosas por todo o planeta ou procurando vida inteligente – talvez porque esteja em falta cá na Terra.

Para sobreviver ou para mais ter, todos humanos destroem o que os faz viver - a todos e a todas as formas de vida. O câncer da Terra não saiu do útero das cavernas e o seu instinto bestial, do troglodita irracional, ainda povoa completamente a mente dos insanos, comprovando que a pretensa sabedoria – que nos diferenciaria dos demais animais – ainda não teria sido conquistada.

_______________________________ Autor: Fernando Zornitta - Ambientalista, Arquiteto e Urbanista, Especialista em Lazer e Recreação (Escola Superior de Educação Física da UFRGS) e em Turismo (OMT/ONU - Centro de Treinamento da OMT para a Europa SIST-ROMA / Governo Italiano), iniciou em 2002 na Un. de Barcelona Curso de Doutorado em Planejamento e Desenvolvimento Regional (com foco no turismo e proj. de pesquisa na América Latina e Caribe) e, também, fez Estagio de Aperfeiçoamento em Planejamento Turístico na Un. de Messina – Itália. Tem Curso de Técnico de Realização Audiovisual e desenvolve atividades como artista plástico e designer. Tem produção literária – livro e artigos técnicos publicados. É co-idealizador e sócio-fundador de ONGs atuantes nas áreas de meio-ambiente (Movimento GREEN WAVE), cinema e vídeo (APOLO - Associação de Cinema e Vídeo), esportes e lazer (UNISPORTS – Esportes, Lazer e Cidadania) – dentre outras.

E-mails: [email protected] / [email protected]

* Fica autorizada pelo autor a publicação e a reprodução do texto O CÂNCER DA TERRA, desde que citada a autoria.