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Ofício n° /2011 Processo n° REP 11/00024406 Rio do Sul, 22 de março de 2011. Excelentíssimo Conselheiro, Vimos através do presente efetuar junto a V. Exa. os devidos esclarecimentos acerca dos fatos narrados pela empresa Eicon Controles Inteligentes Ltda., na representação formulada perante este e. Tribunal contra o Edital de Concorrência n° 146/2010 desde Município, cujo objeto é a contratação de empresa para o fornecimento de licença de uso de sistemas integrados e especializados para melhoria e automação dos processos de administração pública. Destaca o despacho singular n° 003/2011, que duas teriam sido as irregularidades constatadas que ensejaram a suspensão do certame, quais sejam: 1.1 Exigência de comprovação de que os profissionais relacionados na equipe técnica fazem parte do quadro permanente da empresa, contrariando o disposto no artigo 3°, §1°, I e no artigo 30, II, c/c §6º, da Lei n° 8.666/93 (item 2.1 do Relatório DLC n° 50/2011); 1.2 Exigência cumulativa de patrimônio líquido e de garantia da proposta para fins de qualificação econômico-financeira, em desacordo com o disposto no artigo 31, §2° da Lei n° 8.666/93 (item 2.2 do Relatório DLC n° 50/2011). No entanto, tais informações não procedem, conforme abaixo veremos. A empresa ora denunciante, Eicon Controles Inteligentes Ltda, havia feito a impugnação à Concorrência Pública n° 146/2010 junto a esta municipalidade com relação aos dois itens citados por este e. Tribunal, os quais tiveram a seguinte resposta (parecer n° 004/2011 da Procuradoria Geral do Município), in verbis: III DA ILEGALIDADE NA COMPROVAÇÃO DE VÍNCULO EMPREGATíCIO (ITEM 6.3.2, 6.3.3 e 6.3.4 DO EDITAL DE CONCORRÊNCIA PÚBLICA N° 146/2010).

Ofício Tribunal de Contas - Licitação Informatica

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Ofício n° /2011

Processo n° REP 11/00024406

Rio do Sul, 22 de março de 2011.

Excelentíssimo Conselheiro, Vimos através do presente efetuar junto a V. Exa. os devidos esclarecimentos acerca dos fatos narrados pela empresa Eicon Controles Inteligentes Ltda., na representação formulada perante este e. Tribunal contra o Edital de Concorrência n° 146/2010 desde Município, cujo objeto é a contratação de empresa para o fornecimento de licença de uso de sistemas integrados e especializados para melhoria e automação dos processos de administração pública. Destaca o despacho singular n° 003/2011, que duas teriam sido as irregularidades constatadas que ensejaram a suspensão do certame, quais sejam:

“1.1 Exigência de comprovação de que os profissionais relacionados na equipe técnica fazem parte do quadro permanente da empresa, contrariando o disposto no artigo 3°, §1°, I e no artigo 30, II, c/c §6º, da Lei n° 8.666/93 (item 2.1 do Relatório DLC n° 50/2011); 1.2 Exigência cumulativa de patrimônio líquido e de garantia da proposta para fins de qualificação econômico-financeira, em desacordo com o disposto no artigo 31, §2° da Lei n° 8.666/93 (item 2.2 do Relatório DLC n° 50/2011).”

No entanto, tais informações não procedem, conforme abaixo veremos. A empresa ora denunciante, Eicon Controles Inteligentes Ltda, havia feito a impugnação à Concorrência Pública n° 146/2010 junto a esta municipalidade com relação aos dois itens citados por este e. Tribunal, os quais tiveram a seguinte resposta (parecer n° 004/2011 da Procuradoria Geral do Município), in verbis:

“III – DA ILEGALIDADE NA COMPROVAÇÃO DE VÍNCULO

EMPREGATíCIO (ITEM 6.3.2, 6.3.3 e 6.3.4 DO EDITAL DE

CONCORRÊNCIA PÚBLICA N° 146/2010).

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Alega a Impugnante que:

„A Administração Pública exige das Proponentes

neste tópico previsto no rol da documentação referente à Qualificação

Técnica que as mesmas apresentem os profissionais disponíveis para a boa

execução do objeto da licitação.

Pois bem, mais uma vez tal exigência choca-se

com os ditames legais, pois a Administração Pública determina claramente

que os profissionais deverão possuir vínculo empregatício com a empresa

vencedora do certame. (...)‟

Sob esse argumento, impugna os subitens 6.3.2,

6.3.3 e 6.3.4 do já citado Edital de Licitação.

Obra em total equívoco a Impugnante com

relação as esses subitens.

Chega a ser torpe a referida alegação da

Impugnante, eis que da simples e CALMA leitura do subitem 6.3.4 chega-se

a conclusão que pretende a Impugnante, senão vejamos:

“6.3.4. A comprovação deverá ser feita mediante a apresentação de cópia

autenticadas da ficha/livro de registro de empregados, ou cópia da carteira

de trabalho contendo as respectivas anotações de trabalho, OU

OUTRA FORMA DE CONTRATAÇÃO, constando a

identificação de cada profissional, e/ou no caso do profissional ser sócio da

empresa, pela cópia do contrato social.” (destacamos).

Nota-se assim, que o município não exigiu

exclusivamente que a licitante tenha os profissionais em seus quadros de

empregados, mas permitiu também que se comprove através de alguma

forma de contratação de que possui a respectiva mão de obra a disposição

para a execução do contrato, caso venha a ser declarada vencedora.

Assim, tendo a impugnação destes itens

restringido-se apenas a exigência de “vínculo empregatício” dos

profissionais com a empresa licitante, e tendo a licitação ora guerreada

permitido também outra forma de contratação, nos autoriza a dispensar

maiores comentários.

Diante do exposto, com relação a estes subitens,

julga-se IMPROCENDETE a presente impugnação.”

Assim, tira-se da simples leitura do parecer exarado pela Procuradoria, de que não há a exigência de que os profissionais relacionados na equipe técnica sejam do quadro permanente da empresa

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proponente, mas se exige tão somente, de que a empresa tenha referidos profissionais a sua disposição, independentemente da forma de contratação, conforme já demonstrado. Já, com relação ao item 1.2 do citado despacho singular, e conforme já exposto, segue abaixo o parecer efetuado pela Procuradoria no questionamento formulado pela empresa denunciante:

“IV – DA ILEGALIDADE PELA APRESENTAÇÃO DE GARANTIA

E CAPITAL SOCIAL OU PATRIMÔNIO LÍQUIDO NA

QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA.

Impugna também a impugnante os subitens 6.4.1

e 6.4.6 do Edital de Licitação ao argumento de que a exigência relativa a

apresentação de garantia e capital social ou patrimônio líquido de forma

cumulativa.

Argumenta que tal exigência cumulativa fere

preceito insculpido no §2º do art. 31 da Lei 8.666/93.

Para aclarar o tema, colacionamos os

ensinamentos do Prof. Jessé Torres Pereira Júnior, em sua renomada obra

Comentários à Lei de Licitações e Contratações da Administração Pública

(7ª edição, editora Renovar, 2007) ao comentar o disposto no § 2º do art. 31,

in verbis:

„(...) A alternatividade que a conjunção „ou‟ sugere há de ser entendida em

termo. Ordinariamente, as três exigências excluem-se reciprocamente,

devendo o edital optar por uma delas. Todavia, tal interpretação tem

gerado situação de confronto com o art. 37, XXI, da CF/88, se as

características do objeto recomendarem que as possibilidades sejam

cumuladas. Sobretudo à vista de que capital mínimo e patrimônio líquido

mínimo não traduzem, necessariamente, crédito na praça, o que melhor

resulta demonstrado pela capacidade de a empresa obter e oferecer as

garantias previstas no art. 56.

A interpretação restritiva bloquearia, então, contra a Constituição, a

discricionariedade que esta defere à Administração para assegurar-se de

que o concorrente conta com lastro econômico-financeiro à altura da

empreitada. Assim, deve prevalecer interpretação que autorize o edital a

cumular as exigências desse § 2º, desde que se enunciem e demonstrem os

motivos que as justifiquem, no caso concreto. (...)‟

Desse modo, utiliza-se como fundamentos as

lições antes emanadas, para se julgar IMPROCEDENTE a impugnação

quanto a este item.”

Importante destacar que tal exigência se mostra a que mais vem a proteger a Administração Pública neste tipo de licitação, eis que

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sabe-se que o Sistema de Informática hoje é o coração de uma administração pública, e que, por isso, não pode NUNCA parar de funcionar. Assim, uma das formas de garantir a boa e eficiente continuidade desse tipo de serviço é se exigir da empresa proponente (eventual contratada) uma sólida e estável situação econômica-financeira, de modo a garantir o objeto licitado, que, destacamos, vem a ser essencial e imprescindível ao funcionamento da máquina pública. Prescindir de tal prerrogativa se constitui em risco o qual nenhuma administração pública pode ser dar ao luxo sob pena de sofrer sérias conseqüências e irreparáveis prejuízos, em especial, neste tipo de contratação. Certos de que efetuamos as devidas explicações, e que esse egrégio Tribunal determinará o arquivamento da representação, deixamos nossos votos de estima e consideração. Atenciosamente, MILTON HOBUS Prefeito Municipal