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Recurso Inominado

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Page 1: Recurso Inominado

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Barretos-SP

Nº Processo: 0002456-96.2014.8.26.0400

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Registro: 2015.0000076456

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso Inominado nº

0002456-96.2014.8.26.0400, da Comarca de Olímpia, em que é recorrente ULYSSES

FERNANDO DOS SANTOS, é recorrido TADEU CARLOS FONSECA .

ACORDAM, em Segunda Turma Cível do Colégio Recursal - Barretos,

proferir a seguinte decisão: "Deram provimento parcial ao recurso, nos termos que

constarão do acórdão. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este

acórdão.

O julgamento teve a participação dos MM. Juízes MONICA SENISE

FERREIRA DE CAMARGO (Presidente) e AYMAN RAMADAN.

Barretos, 25 de setembro de 2015.

Luciano de Oliveira Silva

RELATOR

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Recurso nº: 0002456-96.2014.8.26.0400

Recorrente: Ulysses Fernando dos Santos

Recorrido: Tadeu Carlos Fonseca

Voto nº 0379

Pedido de reparação de dano moral. Ofensa via Facebook. Ofensa configurada. Valores fixados em R$ 1.500,00. Sentença de improcedência parcialmente reformada.

Trata-se de recurso inominado tirado contra a r. sentença de

fls. 89/92 que julgou improcedentes pedidos das partes (principal e contraposto), não

reconhecendo o conteúdo ofensivo de notícia veiculada via Facebook, pretendendo a

parte recorrente o reconhecimento da ofensa e a condenação do recorrido ao pagamento

de valor correspondente ao damo moral que alega ter sofrido.

O recurso inominado merece ser conhecido, presentes os

pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade.

No mérito, a r. sentença comporta parcial reforma.

Tendo o autor da matéria veiculada via rede social utilizado,

em detrimento do recorrente, termos desnecessários à informação, com nítido propósito

ofensivo, como "CAPACHO, COVARDE, VAGABUNDO, SOLDADINHO,

IMPRODUTIVO E LUNÁTICO", de rigor o reconhecimento de lesão a direito da

personalidade.

Salutar reconhecer, portanto, que houve extrapolação do

direito-dever de informar, pela simples análise da matéria colacionada às fls. 12 que

deixou clara a intenção de menoscabar a honra do recorrente, trazendo a lume qualidades

negativas de puro cunho subjetivo do autor do texto, adjetivando a notícia de forma

desnecessária à veiculação da matéria que se pretendia.

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Não havia necessidade, utilidade ou relação com a suposta

matéria de fundo que se pretendia veicular, a utilização dos termos adotados pelo

articulista, a tornar inequívoca a intenção de ofender, antes de informar.

Como já decidido em outros feitos análogos, se por um lado

o direito de informar e ser informado encontra amparo constitucional, a preservação da

imagem e honra dos indivíduos também têm proteção de índole igualmente

constitucional, resguardando-se direitos fundamentais de todo cidadão.

Nesse sentido, aresto recente do C. Superior Tribunal de

Justiça:

DANO MORAL. PUBLICAÇÃO. REVISTA. “...Não importa quem seja o ofendido, o sistema jurídico reprova sejam-lhe dirigidos qualificativos pessoais ofensivos à honra e à dignidade. A linguagem oferece larga margem de variantes para externar a crítica sem o uso de palavras e expressões ofensivas. O desestímulo ao escrito injurioso em grande e respeitado veículo de comunicação autoriza a fixação da indenização mais elevada, à moda do punitive dammage do direito anglo-americano, revivendo lembranças de suas consequências para a generalidade da comunicação de que o respeito à dignidade pessoal se impõe a todos...”(REsp 1.120.971-RJ. Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 28/2/2012). (Boletim de Jurisprudência do TJSP, acesso em 14.05.2012, pela página https://esaj.tjsp.jus.br/gcnPtl/boletimAbrirDetalhes.do?cdBoletimEdit=158)

De fato, espera-se daquele que se dispõe a informar a isenção

de ânimo e imparcialidade necessárias ao exercício do direito de imprensa, evitando-se a

indevida utilização do poder decorrente da nobre atividade informativa como instrumento

de sensacionalismo ou menoscabo dos envolvidos na matéria jornalística, veiculando

detalhes que em nada auxiliam a compreensão ou divulgação da matéria jornalística,

como no caso dos autos.

A apreciação da prova pelo douto magistrado que sentenciou

o feito, de tal modo, merece retoque, concluindo-se pela caracterização do dano moral.

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Preleciona Yossef Said Cahali1 que do dano moral

“inexistindo qualquer parâmetro determinado por lei, não havia como fugir-se ao

princípio geral emanado do art. 1.553 do anterior CC, fixando-se o quantum mediante

prudente arbítrio do juiz; ou, na versão do novo CC (artigo 953, parágrafo único), caberá

ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias

do caso”.

Devemos ter sempre em mente que “a indenização por dano

moral é arbitrável, mediante estimativa prudencial que leve em conta a necessidade de,

com a quantia, satisfazer a dor da vítima e dissuadir, de igual e novo atentado, o autor da

ofensa”, ementa da Apelação Cível nº 198.945-1 - São Paulo, j. em 21.12.93, relatada

pelo eminente Des. Cezar Peluso, hoje Ministro do Supremo Tribunal Federal. Segundo o

artigo 944 e parágrafo único, do Código Civil, a indenização mede-se pela extensão do

dano e deve ser levada em consideração, também, a gravidade da culpa.

Infelizmente ou felizmente, não existe tabela para

quantificação dos danos morais e não deve o julgador subverter-se em legislador, criando-

a.

Também deve ser ponderado o caráter punitivo da verba

indenitária, de um lado, e a vedação ao enriquecimento sem causa, de outro.

A quantia arbitrada deve representar estímulo ao ofensor a

acautelar-se para evitar ocorrências símiles. De outro lado, não deve sugerir

enriquecimento sem causa à parte ofendida, atendendo a critérios de razoabilidade e

ponderação, mesmo diante da lacuna legislativa para o caso.

“Sob a égide desse princípio da razoabilidade, que se traduz

em proporcionalidade e proibição de excessos, o Superior Tribunal de Justiça chamou

para si o controle e fiscalização do valor arbitrado nas indenizações por dano moral, em

razão dos manifestos e frequentes abusos na estipulação das verbas indenizatórias. (STJ -

RESP 162545/RJ; 1998/005978-4, Ac. unânime, DJ de 27/08/01, p. 0326, Rel. Min.

Antônio de Pádua Ribeiro)”.

Desse modo, o valor da indenização deve ser fixado em R$

1.500,00 (mil e quinhentos reais), valor que não se revela excessivo, a ponto de se

subverter em locupletamento ao recorrente e ainda assim estimula o recorrido a evitar

ocorrências símiles.

1 DANO MORAL, ed. RT, 3ª edição, 2005, pág. 447/448.

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Diante do exposto, voto pela reforma parcial da r. decisão

atacada, para o fim de fixar a verba indenitária em R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais)

em prol do autor-recorrente, com incidência de correção monetária a partir de 10.11.2013

(fls. 12), com juros moratórios de um por cento ao mês a partir desta sessão de

julgamento.

Ausente dupla sucumbência, nos termos do artigo 55, da Lei

nº 9.099/95, não há se falar em condenação ao pagamento de custas ou honorária.

Barretos, 25 de setembro de 2015.

Juiz Relator: Luciano de Oliveira Silva

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