Upload
luisnassif
View
16.450
Download
3
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Ação de Lauro Roberto, da Veja, contra Luis Nassif. Sentença de 1a Instância
Citation preview
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE SÃO PAULOFORO CENTRAL CÍVEL38ª VARA CÍVELPraça João Mendes s/nº, 12º andar - salas nº 1219/1221 - CentroCEP: 01501-900 - São Paulo - SPTelefone: 2171-6253 - E-mail: [email protected]
0114423-86.2008.8.26.0100 - lauda 1
SENTENÇA
Processo nº: 0114423-86.2008.8.26.0100Classe - Assunto Procedimento Ordinário - Lei de ImprensaRequerente: Lauro Roberto de Salvo JardimRequerido: Internet Group do Brasil Ltda e outro
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Carolina de Figueiredo Dorlhiac Nogueira
Vistos.
LAURO ROBERTO DE SALVO JARDIM ajuizou a presente ação
indenizatória contra INTERNET GROUP DO BRASIL LTDA e LUIZ NASSIF alegando, em
síntese, que o corréu Luiz Nassif publicou matéria jornalística intitulada "A Guerra das Cervejas"
em blog que mantém junto ao corréu IG na qual faz acusações criminosas, falsas e intencionais
contra a honra e dignidade do autor. Requer assim a condenação dos réus ao pagamento de
indenização pelos danos morais sofridos.
Emenda a inicial a fls.144.
Devidamente citados, os réus apresentaram contestação. O réu Internet Group
alegou preliminarmente sua ilegitimidade passiva. No mérito sustentou a inexistência do dever de
indenizar, ante a ausência de ato ilícito.
O réu Luiz Nassif protestou pela aplicação da lei de imprensa ao caso em tela.
Afirmou que a matéria em discussão fica restrita à esfera da crítica licita e legítima, com
inspiração no interesse público. Trata-se de crítica ao "estilo Veja de jornalismo".
Houve réplica.
Realizada audiência de conciliação, a mesma restou infrutífera.
Se im
pre
sso,
para
confe
rência
acesse o
site h
ttps:/
/esaj.tjsp.jus.b
r/esaj, info
rme o
pro
cesso 0
114423-8
6.2
008.8
.26.0
100 e
o c
ódig
o 2
S00000066F
1J.
Este
docum
ento
foi assin
ado d
igitalm
ente
por
CA
RO
LIN
A D
E F
IGU
EIR
ED
O D
OR
LH
IAC
NO
GU
EIR
A.
fls. 1
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE SÃO PAULOFORO CENTRAL CÍVEL38ª VARA CÍVELPraça João Mendes s/nº, 12º andar - salas nº 1219/1221 - CentroCEP: 01501-900 - São Paulo - SPTelefone: 2171-6253 - E-mail: [email protected]
0114423-86.2008.8.26.0100 - lauda 2
Decisão saneadora de fls.328 afastou as preliminares argüidas e deferiu a
denunciação da lide do corréu Luiz Nassif requerida por IG.
Em audiência de instrução foi produzida prova oral.
As partes apresentaram memoriais.
É O RELATÓRIO. DECIDO.
Já afastadas as preliminares, passa-se ao julgamento do mérito.
A Lei de Imprensa não se aplica ao caso em tela, eis que por força da ADPF 130 o
C. STF declarou como não recepcionado pela Constituição de 1988 todo o conjunto de
dispositivos da Lei nº 5.250/67.
A improcedência da demanda é de rigor.
Em primeiro lugar cumpre observar que o artigo 5º da Constituição Federal elenca
direitos e garantias individuais. Dentre os direitos ali postos não é possível estabelecer-se, a priori,
uma hierarquia. Por outro lado, o art. 220 da CF estabelece que a manifestação do pensamento e a
informação não sofrerão qualquer forma de restrição.
Não existem, pois, direitos absolutos em nosso ordenamento. Um direito sempre
encontra seus limites em outros direitos, de modo que a dificuldade se encontra exatamente em
determinar qual é esse limite. No caso dos autos, assegura-se o pleno exercício da manifestação de
pensamento e da informação. Num momento posterior surgem os direitos individuais como forma
de coibir abusos eventualmente praticados.
No caso em tela, o autor alega que teve sua honra e dignidade atingidas pelos réus,
de sorte que faz jus a indenização por danos morais.
Contudo, a questão posta não é de solução simples como quer fazer crer o autor.
Se im
pre
sso,
para
confe
rência
acesse o
site h
ttps:/
/esaj.tjsp.jus.b
r/esaj, info
rme o
pro
cesso 0
114423-8
6.2
008.8
.26.0
100 e
o c
ódig
o 2
S00000066F
1J.
Este
docum
ento
foi assin
ado d
igitalm
ente
por
CA
RO
LIN
A D
E F
IGU
EIR
ED
O D
OR
LH
IAC
NO
GU
EIR
A.
fls. 2
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE SÃO PAULOFORO CENTRAL CÍVEL38ª VARA CÍVELPraça João Mendes s/nº, 12º andar - salas nº 1219/1221 - CentroCEP: 01501-900 - São Paulo - SPTelefone: 2171-6253 - E-mail: [email protected]
0114423-86.2008.8.26.0100 - lauda 3
Se de um lado temos o direito à honra, à moral e à dignidade do autor de outro temos a liberdade
de informação, de manifestação e de pensamento por parte dos réus.
A liberdade da imprensa, de pensamento e de manifestação é plena, porém não
absoluta. Encontra limites nas garantias constitucionais que protegem a intimidade, a honra e a
imagem das pessoas. Contudo em alguns casos mesmo essas garantias podem ceder diante de um
bem maior o direito da população de estar informada acerca de fatos que detém interesse
público.
Ocorre que no caso dos autos, a matéria jornalística questionada representa crítica
à atuação jornalística da Revista Veja como um todo, sem que tenha ficado evidenciado o intuito
deliberado de agredir moralmente o autor da demanda, um dos editores responsáveis pela coluna
"Radar" citada na matéria questionada.
Note-se que a matéria não faz críticas pessoais e diretas ao autor, mas sim à
postura adotada pela publicação frente às campanhas publicitárias das cervejarias. O autor sentiu-
se ofendido com a matéria que o teria caracterizado como profissional parcial.
Toda crítica é desconfortável àquele que é criticado. Isso, contudo, não impede
que a crítica seja exercida. Não é admitida apenas aquela crítica que extrapola o animus criticandi
e tem como objetivo deliberado agredir moralmente a vítima.
No caso específico, as próprias testemunhas ouvidas tiveram opiniões diversas
sobre a matéria. Algumas a enxergaram como uma salutar e necessária crítica à imprensa. Outros a
viram como uma crítica desmerecida à atuação da revista Veja .
É bem verdade que o corréu Luiz Nassif apresenta um estilo contundente de expor
suas idéias. Contudo, a controvérsia em torno da percepção e interpretação da matéria mostra que
a vontade de atingir a honra e a dignidade do autor não era o fim do artigo.
A publicação da matéria intitulada "A Guerra das Cervejas" ficou, portanto, dentro
do campo do exercício regular de direito, de modo que improcede o pedido indenizatório.
Se im
pre
sso,
para
confe
rência
acesse o
site h
ttps:/
/esaj.tjsp.jus.b
r/esaj, info
rme o
pro
cesso 0
114423-8
6.2
008.8
.26.0
100 e
o c
ódig
o 2
S00000066F
1J.
Este
docum
ento
foi assin
ado d
igitalm
ente
por
CA
RO
LIN
A D
E F
IGU
EIR
ED
O D
OR
LH
IAC
NO
GU
EIR
A.
fls. 3
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE SÃO PAULOFORO CENTRAL CÍVEL38ª VARA CÍVELPraça João Mendes s/nº, 12º andar - salas nº 1219/1221 - CentroCEP: 01501-900 - São Paulo - SPTelefone: 2171-6253 - E-mail: [email protected]
0114423-86.2008.8.26.0100 - lauda 4
Com a improcedência do pedido principal, fica prejudicada a demanda secundária
- denunciação da lide.
Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido principal e JULGO
EXTINTA a lide secundária com base no art. 267, inc. VI do CPC.
Condeno ainda o autor sucumbente ao pagamento das custas e despesas
processuais dos réus, bem como honorários advocatícios, que fixo em 10% do valor atribuído à
causa para cada um dos réus.
P.R.I.
São Paulo, 30 de abril de 2013.
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORMEIMPRESSÃO À MARGEM DIREITA
Se im
pre
sso,
para
confe
rência
acesse o
site h
ttps:/
/esaj.tjsp.jus.b
r/esaj, info
rme o
pro
cesso 0
114423-8
6.2
008.8
.26.0
100 e
o c
ódig
o 2
S00000066F
1J.
Este
docum
ento
foi assin
ado d
igitalm
ente
por
CA
RO
LIN
A D
E F
IGU
EIR
ED
O D
OR
LH
IAC
NO
GU
EIR
A.
fls. 4