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ATORES, FATORES, RELAÇÕES E MECANISMOS DA REVISÃO POR PARES EDITORIAL Vinícius Medina Kern [email protected] , http://www.kern.prof.ufsc.br/ Grupo de pesquisa em Informação, Tecnologia e Sociedade Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação 1 INTRODUÇÃO Revisão por pares editorial: seleção de textos para publicação. Sujeita a muitas críticas – ineficiência, ineficácia, abuso. Holbrook (2010): adoção disseminada só nos 1950. E as práticas são muito variadas (n o de revisores, ocultação ou não do nome do revisor e do autor, n o de rodadas de revisão, pré- ou pós-publicação etc.) Perguntas de pesquisa: O que caracteriza a revisão por pares? Quem a realiza ou afeta? Como se articula e funciona? Objetivo: Elaborar uma descrição (modelo) do sistema de revisão por pares editorial. 2 FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Base teórico-metodológica: sistemismo de Bunge, com 7 regras gerais (BUNGE, 1997), das quais as 2 primeiras são tratadas nesta pesquisa): (1) Colocar todo fato social em seu contexto mais amplo (ou sistema) ; (2) Dividir cada sistema em sua composição, ambiente e estrutura . Bunge (1979) reconhece: “a identificação e modelagem de um sistema concreto pode ser uma tarefa extre-mamente difícil”, especialmente se “fortemente acoplado a outros sistemas”, caso frequente em sistemas sociais. Sistema: objeto estruturado; objeto complexo com propriedades emergentes, i.e., inexistentes em seus componentes ou partes. Modelo CESM (composition-environment-structure- mechanism) de sistema concreto (BUNGE, 2003): Composição coleção de partes ou componentes. Ambiente – coleção de itens que não fazem parte do sistema mas atuam ou sofrem ação por algum componente. Estrutura coleção de ligações entre componentes e entre esses e itens do ambiente. Mecanismo – coleção de processos que geram a novidade qualitativa, i.e., emergência ou decadência do sistema ou alguma de suas propriedades. CESM: simples, mas inviável (requer descrever todos os detalhes dos 4 aspectos). Viabilidade: Redução ao nível α da composição, β do ambiente, γ da estrutura, δ do mecanismo. CESM reduzido: μ(σ) = <C α (σ), E β (σ), S γ (σ), M δ (σ)> Procedimento metodológico: levantamento informal dos componentes, itens do ambiente e ligações estruturantes a partir de conhecimento e experiência próprios – como autor, revisor e organizador de processos de revisão por pares na aprendizagem (KERN et al., 2009). 3 RESULTADOS O contexto mais amplo do sistema de revisão por pares é o sistema de comunicação científica. A composição, ambiente e estrutura do sistema de revisão por pares são diagramados na figura: 4 CONCLUSÕES “Revisão por pares” significa coisas variadas... Respondemos informal e preliminarmente 2 das 3 per-guntas de pesquisa. A 3ª é respondida em parte. As respostas foram apresentadas na forma de uma descrição do sistema de revisão por pares representada por um modelo de sistema baseado no CESM de Bunge. O modelo apresentado descreve os 3 aspectos mais palpáveis – a composição, o ambiente e a estrutura. O mecanismo será objeto de etapas futuras da pesquisa, dada a necessidade de conjeturar e testar as hipóteses de funcionamento conjeturadas. As próximas etapas incluem um estágio pós- doutoral no exterior (CSIC-Espanha) e adotarão o desenvolvimento metodológico descrito por Silva, Formoso e Kern (2013), baseado em análise da literatura e entrevistas com peritos, abordagem que gerou uma disciplina de pós-graduação e uma dissertação de mestrado. Apoio: UFSC/PRPG/PGCIN e CNPq (Edital Universal, 2013- 2016) REFERÊNCIAS neste pôster BUNGE, M. A world of systems. Dordrecht: D. Reidel, 1979. 314 p. (Treatise on basic philosophy; v.4. Ontology; 2) BUNGE, M. Emergence and convergence: Qualitative novelty and the unity of knowledge. Toronto: University of Toronto, 2003. 330 p. BUNGE, M. Mechanism and explanation. Philosophy of the Social Sciences, v. 27, n. 4, p. 410-465, 1997. HOLBROOK, J. B. Peer review. In: FRODEMAN, R.; KLEIN, J. T.; MITCHAM, C. (eds.), The Oxford handbook of interdisciplinarity. Oxford: Oxford University Press, 2010, p. 321–32. KERN, V. M. et al. Growing a peer review culture among graduate students. In: TATNALL, A.; JONES, A. (Eds.) Education and technology for a better world (Proceedings of WCCE, IFIP AICT Series v. 302). Berlin, Heidelberg, New York: Springer, 2009. p. 388-397. SILVA, L. M.; FORMOSO, R. G.; KERN, V. M. Repositório institucional como sistema técnico-social: composição, ambiente e estrutura. In: ENANCIB, XIV, 2013, Florianópolis-SC. Anais..., 2013.

Atores, fatores, relações e mecanismos da revisão por pares editorial

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Artigo curto aprovado no VIII WEC - Workshop de Editoração Científica da Associação Brasileira de Editores Científicos, em Campos do Jordão-SP, de 10 a 13 de novembro de 2014.

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Page 1: Atores, fatores, relações e mecanismos da revisão por pares editorial

ATORES, FATORES, RELAÇÕES E MECANISMOS DA REVISÃO POR PARES EDITORIAL

Vinícius Medina [email protected], http://www.kern.prof.ufsc.br/

Grupo de pesquisa em Informação, Tecnologia e Sociedade

Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação

1 INTRODUÇÃO

Revisão por pares editorial: seleção de textos para publicação.

Sujeita a muitas críticas – ineficiência, ineficácia, abuso.

Holbrook (2010): adoção disseminada só nos 1950. E as práticas são muito variadas (no de revisores, ocultação ou não do nome do revisor e do autor, no de rodadas de revisão, pré- ou pós-publicação etc.)

Perguntas de pesquisa: O que caracteriza a revisão por pares? Quem a realiza ou afeta? Como se articula e funciona?

Objetivo: Elaborar uma descrição (modelo) do sistema de revisão por pares editorial.

2 FUNDAMENTOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Base teórico-metodológica: sistemismo de Bunge, com 7 regras gerais (BUNGE, 1997), das quais as 2 primeiras são tratadas nesta pesquisa):

(1) Colocar todo fato social em seu contexto mais amplo (ou sistema); (2) Dividir cada sistema em sua composição, ambiente e estrutura.

Bunge (1979) reconhece: “a identificação e modelagem de um sistema concreto pode ser uma tarefa extre-mamente difícil”, especialmente se “fortemente acoplado a outros sistemas”, caso frequente em sistemas sociais.

Sistema: objeto estruturado; objeto complexo com propriedades emergentes, i.e., inexistentes em seus componentes ou partes.

Modelo CESM (composition-environment-structure-mechanism) de sistema concreto (BUNGE, 2003):

Composição – coleção de partes ou componentes.

Ambiente – coleção de itens que não fazem parte do sistema mas atuam ou sofrem ação por algum componente.

Estrutura – coleção de ligações entre componentes e entre esses e itens do ambiente.

Mecanismo – coleção de processos que geram a novidade qualitativa, i.e., emergência ou decadência do sistema ou alguma de suas propriedades.

CESM: simples, mas inviável (requer descrever todos os detalhes dos 4 aspectos).

Viabilidade: Redução ao nível α da composição, β do ambiente, γ da estrutura, δ do mecanismo. CESM reduzido: μ(σ) = <Cα(σ), Eβ(σ), Sγ(σ), Mδ(σ)>

Procedimento metodológico: levantamento informal dos componentes, itens do ambiente e ligações estruturantes a partir de conhecimento e experiência próprios – como autor, revisor e organizador de processos de revisão por pares na aprendizagem (KERN et al., 2009).

3 RESULTADOS

O contexto mais amplo do sistema de revisão por pares é o sistema de comunicação científica.

A composição, ambiente e estrutura do sistema de revisão por pares são diagramados na figura:

4 CONCLUSÕES

“Revisão por pares” significa coisas variadas...

Respondemos informal e preliminarmente 2 das 3 per-guntas de pesquisa. A 3ª é respondida em parte.

As respostas foram apresentadas na forma de uma descrição do sistema de revisão por pares representada por um modelo de sistema baseado no CESM de Bunge.

O modelo apresentado descreve os 3 aspectos mais palpáveis – a composição, o ambiente e a estrutura. O mecanismo será objeto de etapas futuras da pesquisa, dada a necessidade de conjeturar e testar as hipóteses de funcionamento conjeturadas.

As próximas etapas incluem um estágio pós-doutoral no exterior (CSIC-Espanha) e adotarão o desenvolvimento metodológico descrito por Silva, Formoso e Kern (2013), baseado em análise da literatura e entrevistas com peritos, abordagem que gerou uma disciplina de pós-graduação e uma dissertação de mestrado.

Apoio:

UFSC/PRPG/PGCIN e CNPq (Edital Universal, 2013-2016)

REFERÊNCIAS neste pôster

BUNGE, M. A world of systems. Dordrecht: D. Reidel, 1979. 314 p. (Treatise on basic philosophy; v.4. Ontology; 2)

BUNGE, M. Emergence and convergence: Qualitative novelty and the unity of knowledge. Toronto: University of Toronto, 2003. 330 p.

BUNGE, M. Mechanism and explanation. Philosophy of the Social Sciences, v. 27, n. 4, p. 410-465, 1997.

HOLBROOK, J. B. Peer review. In: FRODEMAN, R.; KLEIN, J. T.; MITCHAM, C. (eds.), The Oxford handbook of interdisciplinarity. Oxford: Oxford University Press, 2010, p. 321–32.

KERN, V. M. et al. Growing a peer review culture among graduate students. In: TATNALL, A.; JONES, A. (Eds.) Education and technology for a better world (Proceedings of WCCE, IFIP AICT Series v. 302). Berlin, Heidelberg, New York: Springer, 2009. p. 388-397.

SILVA, L. M.; FORMOSO, R. G.; KERN, V. M. Repositório institucional como sistema técnico-social: composição, ambiente e estrutura. In: ENANCIB, XIV, 2013, Florianópolis-SC. Anais..., 2013.