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DESCRIÇÃO DAS PRINCIPAIS MATÉRIAS PRIMAS CERÂMICAS Matérias Primas e Processos de Fabrico

Descrição das principais matérias primas cerâmicas

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DESCRIÇÃO DAS

PRINCIPAIS MATÉRIAS PRIMAS CERÂMICAS

Matérias Primas e Processos de Fabrico

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1.2. Quartzo de areia, cascalho e seixo

• Mais de 90% do quartzo utilizado na indústria cerâmica provém de areias móveis

ou mais ou menos consolidadas acumuladas por via fluvial, marinha ou eólica.

• Tais depósitos sedimentares têm forma tabular e lenticular apresentando

espessuras que vão desde poucos metros até centenas de metros e resultam da

actuação da Meteorização intensa de maciços de rochas granitóides e de

ortogneisses durante a qual os minerais relativamente pouco estáveis, caso de

feldspatos e micas, são degradados por acção química. A subsequente erosão e

o transporte em suspensão do material argiloso formado e a selecção dos grãos

de quartzo durante o transporte mecânico por acção da água ou do vento

proporciona a concentração das areias quartzosas.

• Muitas vezes as areias quartzosas apresentam uma matriz argilosa em

quantidade apreciável que deve ser removida por lavagem quando se têm em

vista certas aplicações cerâmicas.

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• A purificação da areia também pode fazer-se por meios químicos e magnéticos.

Processos electromagnéticos podem permitir a remoção de minerais, tais como:

ilmenite, magnetite e outros, pertencentes à fracção densa ou pesada.

• Um dos principais requesitos para a pureza química da areia quartzosa é um

baixo teor em ferro total sob a forma Fe2O3 que não deve exceder 0,05% ou

mesmo 0,02% nas areias da melhor qualidade. Por exemplo, a areia para

cristalaria deve satisfazer as especificações seguintes: Fe2O3 <0,02%;

AI2O3<0,2%; alcalis<0,01%.

• O calibre do grão de areia quartzosa usada na indústria cerâmica situa-se

geralmente entre 2 mm e 0,063 mm. A cerâmica estrutural (tijolo, telha, etc.) não

exige quartzo com grão muito fino. Mas, a porcelana, louça sanitária e produtos

semelhantes exigem areia quartzosa com calibres entre 0,90 mm-0,075 mm.

Para a indústria do vidro o grão do quartzo deve situar-se entre 0,6 e 0,1 mm.

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• Quanto à morfologia do grão da areia quartzosa ela pode apresentar

formas desde a completamente angulosa até à completamente

arredondada. Os grãos angulosos são atacados mais rapidamente pela

fusão ou vidro formado em alguns processos industriais.

• A areia quartzosa com teores elevados em caulinite é usada no fabrico

de refractários silíco-aluminosos.

• A areia quartzosa mais pigmentada com óxidos de ferro, titânio ou

manganês, não serve para cerâmica mas pode ser utilizada em

metalurgia para moldes de fundição do aço e outros metais. Neste caso,

o agente cimentante da areia é, usualmente, bentonite (7%).

• Na cerâmica, a areia quartzosa actua principalmente como carga,

reduzindo a plasticidade, a contracção em cozido, a deformação e o

tempo de secagem e aumentando a porosidade dos produtos cozidos

pouco vitrificados e a resistência mecânica durante a queima.

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• O quartzo é o principal formador de vidro no corpo cerâmico e, quanto mais fino

for, maior é a sua superfície específica reagindo mais rapidamente com os outros

componentes.

• O cascalho e o seixo quartzoso de certos terraços fluviais ou marinhos ou de

certos conglomerados também podem ser utilizados na indústria cerâmica.

• Na escala de Wentworth usada em sedimentologia o diâmetro de grão que

separa a areia do cascalho é 2 mm. Os depósitos ideais de areia e de cascalho

devem possuir ampla distribuição no que respeita à dimensão do grão de modo a

permitirem a classificação de separados para diferentes usos. Devem conter

ainda pouca mica, pouco feldspato, poucos óxidos de ferro, pouca argila e pouca

matéria orgânica.

• Os principais países produtores de areia quartzosa e cascalho quartzoso são os

seguintes: França (Fontainebleau), Bélgica (Namur), Alemanha (RFA)

(Dorentrup, Duingen-Walíensen, Norte de Zarzvorland), Checoslováquia (Ceska

Lipa, Strelec e Adersbach), EUA (Virginia, Pensilvânia, Illinois e Missouri).

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• Provavelmente, a nível mundial, a areia e o cascalho silicioso

ultrapassam todos os recursos minerais não combustíveis, metálicos ou

não metálicos, quer em tonelagem quer em valor.

• Portugal possui depósitos de areias brancas especiais, usadas nas

industrias de cerâmica e do vidro, situados particularmente em Rio Maior

(o maior depósito de areias siliciosas cauliníticas), em Coina (Setúbal)

com areias grosseiras e bastante impuras, em Alhadas (Figueira da Foz)

com areias feldspáticas, em Aguieira (Águeda), em Pombal e Barosa

(Leiria) e ainda em Alenquer (areias argilosas refractárias).

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1.3. Quartzo de quartzito, cherte, silex e lidito

• O quartzito é uma rocha metamórfica que resulta da recristalização de

sedimentos muito ricos em areia quartzosa e que pode constituir

formações extensas e espessas.

• Utiliza-se normalmente no fabrico de refractários ácidos ou siliciosos e

de produtos cerâmicos estruturais. Os refractários siliciosos são muito

sensíveis à presença de pequenos teores em AI203 e alcalis que podem

ser deletérios se os refractários são usados a temperaturas próximas da

do ponto de fusão.

• Teores até cerca de 5% de AI203 causam rápida formação de fase líquida

a 1660ºC, correspondendo ao eutético no sistema SiO2- AI203.

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• Os quartzitos situam-se normalmente em terrenos do Paleozóico ou

mesmo do Precâmbrico.

• Os países principais produtores de quartzito são: Inglaterra (próximo de

Shefield onde o quartzito é conhecido pelo nome "ganister"), Alemanha –

ex-RFA (Kempen, Oberrosbacn e Stromberg), Alemanha – ex-RDA

(Thuringen), Polónia (Silésia), França (Bretanha e Normandia), Bélgica

(Ardenas), Rússia (várias regiões dos Urais), EUA (Maryland, Colorado,

Califórnia e Alabama).

• Em Portugal há depósitos de quartzito Paleozóicos (Ordovícico e

Silúrico) de grande dimensão e com boa qualidade nalgumas

ocorrências. Em 1981 havia 5 pedreiras de quartzito em actividade com

uma produção de 590.000 ton. e o valor de 110.000 contos. O cherte é

composto por quartzo muito fino, muitas vezes sob a forma de bandas

ou zonas também muito finas, aparece em nódulos e concreções em

calcários.

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• A formação do cherte relaciona-se com a fase da

diagénese em que se verifica a dissolução de

esqueletos siliciosos de organismos (radiolários e

diatomáceas), a que se seguiu uma reprecipitação em

meio ácido.

• O lidito é um material silicioso, finamente granular e

frequentemente penetrado por veios de quartzo

secundário, cinzento ou preto, cuja cor é devida a

matéria orgânica combustível finamente dispersa. O

lidito forma intercalações ou camadas com poucos

centímetros de espessura em xistos negros.

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1.4. Vidros vulcânicos siliciosos

• Vidros vulcânicos ricos em sílica fazem, frequentemente, parte de rochas

vulcânicas ou efusivas e constituem matéria prima conveniente para a

indústria cerâmica.

• Existem vários tipos de vidros vulcânicos siliciosos: obsidiana, liparite,

perlite e pumito. Estes vidros vulcânicos são ricos em água.

• Por exemplo, à perlite cujo nome deriva da presença de fracturas

arranjadas concêntricamente sugerindo as zonas de crescimento das

pérolas e que se devem a contracção durante o arrefecimento,

corresponde habitualmente a composição riolítica seguinte: Si02 (68-

75%), AI203 (12-16%), Fe203 (0,5-2%), CaO (1-2,5%), K20 (3-5%), Na20

(5-8%) e H20 (2-7%). Após arrefecimento rápido, a perlite granulada

expande até cerca de 20 vezes o volume inicial.

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• Comercialmente, o termo perlite compreende qualquer vidro vulcânico

que expande quando aquecido rapidamente e que forma um material

leve com estrutura celular.

• A perlite expandida é material muito procurado para o fabrico de betão

leve, cimento isolador térmico e acústico cimento refractário, azulejo,

tubos isolantes para condução de vapores.

• A perlite expandida tem baixa condutividade térmica e elevada absorção

sonora. Quando os grãos de perlite moída são aquecidos à temperatura

de fusão incipiente (800-1100ºC) a água contida é convertida em vapor

de água e os grãos incham. A expansão tem lugar em fornos verticais

estacionários ou em fornos horizontais rotativos.

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• Os depósitos comerciais de perlite são restritos a formações vulcânicas

Terciárias e Quaternárias. A razão da ocorrência não se verificar em

depósitos mais antigos deve-se ao fenómeno da desvitrificação do vidro

vulcânico com o tempo. Tais depósitos correspondem a domos de lava

formados aparentemente pela extrusão de magmas altamente viscosos.

• Depósitos de perlite que podem ocorrer sob a forma de escoadas,

diques, soleiras ou domos encontram-se em Itália (Sardenha), Islândia,

França, Bulgária, Hungria, Checoslováquia, URSS (Arménia), EUA

(Novo México), Grécia (ilhas de Milos eKos), Turquia e África do Sul.

• Em 1985 a produção mundial de perlite rondou os 2 milhões de

toneladas.

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• O pumito é um vidro vulcânico vesicular de baixa densidade, capaz de

flutuar em água.

• O pumito resulta da solidificação de lavas ácidas ricas em SiO2 e ricas

também em voláteis dissolvidos. As erupções destas lavas muito viscosas

são geralmente violentas porque a pressão do gás vê-se rapidamente

diminuída e a expansão dos voláteis gera massas celulares na lava

expandida. De facto, o arrefecimento rápido, quando em contacto com a

atmosfera, gera vidros com numerosas bolhas.

• O pumito possui maior resistência mecânica do que a perlite expandida,

facto que permite a produção de betão mais resistente. Além disso o

pumito foi já expandido naturalmente não necessitando de ser expandido

em fornos. Todavia, a perlite expandida sendo produzida em condições

controladas pode satisfazer determinadas especificações requeridas para

certos usos, ao contrário do pumito.

Page 15: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• As propriedades principais do pumito são: baixo peso

específico e alta capacidade isolante. A densidade do

pumito é um pouco inferior a 1, enquanto que a

densidade do vidro normal é cerca de 2,5, facto que

permite que o pumito flutue na água.

• A permeabilidade do pumito é baixa porque cada

cavidade celular está isolada das vizinhas por meio de

finas membranas de vidro.

• O pumito pode ser finamente moído e adicionado ao

cimento "Portland", actuando como material

pozolânico, na proporção de 10-30% em peso. O

pumito constitui a pozolana natural mais importante.

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• Não possui por si só capacidade aglomerante ou

cimentante, mas ao reagir com o hidróxido de cálcio

libertado pele cimento "Portland" quando em contacto

com a água, proporciona propriedades aglomerantes.

O pumito moído pode ser usado ainda como abrasivo

em sabões, em pós de limpeza doméstica e em

dentífricos. O pumito ocorre particularmente na ex-

RFA, Itália (ilha de Lipari), Ilhas Canárias, E.U.A.

(Arizona, Califórnia e Novo México), França, Grécia

(ilhas de Yali e Nisisros) e Açores.

• A produção mundial de pumito em 1985 rondou

as 20.000 toneladas.

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1.5. Refinação e beneficiação do quartzo de filão, de areia e de quartzito

• Se o quartzo se apresentar como cristal de rocha pode-se beneficiar o seu grau

de pureza para valores tais como SiO2 (99,9%), Fe2O3 (0,001%), e Al2O3

(0,01%).

• Para tal, os cristais individuais de quartzo são aparados por meios manuais

visando a remoção das capas exteriores que contêm naturalmente a maior parte

das impurezas. Em seguida, na respectiva cominuição evita-se a contaminação

com metais (de placas britadoras, placas de revestimentos, barras, bolas, etc.)

dos moinhos habituais, calcinando o quartzo a 900-1000ºC e introduzindo-o

depois em água fria.

• Deste modo os cristais de quartzo reduzem-se a grão do tamanho de areia que

será então fundido.

• O quartzo de filão ou de pegmatito tem composição média a que correspondem

os valores seguintes: SiO2 (99,5%), Al2O3 (0,2%) e Fe2O3 (0,01%).

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• O quartzo é moído em moinho de maxilas, crivado e tratado

quimicamente com uma solução de HCI. Retirada a solução

sobrenadante, o quartzo é seco e limpo de minerais ferríferos presentes

por meio de separação magnética. Após isto, o quartzo é moído

novamente abaixo de 0,25 mm, podendo proporcionar a composição

média seguinte: SiO2 (99,7%), AI2O3 (0,2%), Fe2O3 (0,0015%), Na20

(0,02%) e K20 (0,02%).

• O quartzito geralmente usado para refractários siliciosos, requer a

preparação seguinte: moagem em moinhos de maxilas e moinhos

cónicos, crivagem em redes vibratórias de diversa malha e

hidroclassificação.

• Isto permite a obtenção de separados granulométricos, tais como: 0-1

mm, 0-2 mm, 0,5-3 mm, 2-6 mm, 4-9 mm, 7-14 mm.

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• Dá-se conta a seguir duma análise representativa do quartzito de Taunus

(Alemanha): .

• Si02 (96,5%), Al2O3 (2%), Ti02 (0,3%), Fe203 (0,2%), MgO

(0,25%), CaO(0,25%), Na2O (0,2%), K20 (0,2%), P.R (0,5%).

• A areia quartzosa resulta de processos de meteorização variados, pelo

que, contém inevitavelmente impurezas que podem estar fixadas à

superfície (caso de películas de óxidos de ferro) ou serem grãos de

outros minerais associados: feldspato, mica, argila ou minerais pesados

(estes cuja densidade é superior a 2,9 e podem aparecer como inclusões

nos grãos de quartzo).

Page 20: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Na preparação duma areia quartzosa ou siliciosa, intervêm em geral,

várias operações. Em primeiro lugar, efectua-se uma lavagem que

permite a eliminação de impurezas fixadas ou alojadas na superfície do

grão ou que fazem parte da matriz argilosa. Nessa lavagem utilizam-se

contentores especiais onde uma polpa formada por sólidos em

quantidade à volta de 75% e água é agitada fortemente de modo a

favorecer os choques entre grãos. Para reforçar o efeito da lavagem é

adicionado à polpa um ácido (H2S04, pH=3) ou uma base (NaOH,

pH=10). As impurezas são depois retiradas por acção de ciclones ou

espirais de desidratação.

• A seguir à lavagem procede-se normalmente a uma crivagem ou

classificação granulométrica em telas vibratórias adequadas (funcionam

bem para grão com diâmetro esférico equivalente (d:e.e,) < 1,5 mm) ou

hidroclassificadores (para boa classificação de grão com calibre entre

0,1-1 mm).

Page 21: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• As indústrias de cerâmica e do vidro necessitam, para determinados

produtos, de areia com pureza consistente.

• Os métodos de flutuação oferecem a possibilidade, em certas

circunstâncias, de eliminação de certas impurezas (minerais pesados

como hematite ou magnetite, turmalina, andaluzite, rútilo, zircão, etc) que

não podem ser separadas só por lavagem e classificação.

• O princípio da flutuação assenta na reacção diferencial entre a superfície

do grão dos diferentes minerais e determinados reagentes, de forma que

uma espécie mineral fica revestida por um reagente hidrofóbico ou

repelente de água, podendo portanto ser transportada para o cimo da

célula de flutuação por meio de bolhas de ar cuja formação é provocada.

Então, a camada superficial formada contendo o mineral hidrofóbico é

retirada por um sistema com pás.

Page 22: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• O método de flutuação adoptado depende da composição mineral da

areia original e da flutuabilidade dos minerais que formam a ganga, que

normalmente são: micas, hematite, magnetite, rútilo, ilmenite, andalusite,

estaurolite, zircão e feldspato.

• Por isso mesmo, a flutuação deve processar-se em vários estádios. Num

primeiro estádio, são flutuados os óxidos com emprego dum colector

aniónico (ácidos gordos a pH<3). As micas são flutuadas com um

colector catiónico (amina primária) antes da flutuação dos óxidos a pH<3

ajustado com H2SO4. A flutuação dos feldspatos deve fazer-se depois da

dos óxidos também com colectores catiónicos (aminas) acompanhada

pela activação adicional com iões F- na forma de HF ou NaF a pH<3.

Page 23: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Caso as impurezas estejam tão firmemente ligadas às superfícies dos

grãos de areia que não possam ser retiradas por lavagem e se for

exigido um elevado grau de pureza no que respeita a óxidos de ferro,

deve fazer-se purificação química com tratamento ácido que permita a

reciclagem do ácido, depois de eliminadas as impurezas dissolvidas.

Emprega-se habitualmente uma solução quente de H2SO4 diluído e

ácido oxálico ou HF diluído e um agente redutor (hidrosulfito de sódio) ou

ainda HCI gasoso.

• A separação magnética de alta intensidade oferece um outro meio

complementar de purificação de areia siliciosa.

• Depois de beneficiadas, as areias podem ser moídas em moinhos

revestidos com placas de sílex que utilizam bolas ou seixos de quartzo

com 50-80 mm de diâmetro e secas em leitos fluidizantes para se

obterem as farinhas de sílica.

Page 24: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• A indústria do vidro é importante consumidora de areia siliciosa. Cerca

de 90% da totalidade do vidro fabricado é do tipo sílica (Si02)-cálcia

(CaO)-soda (Na20).

• Vidros de garrafa, de outros recipientes e de janela são vidros deste tipo,

onde grosseiramente entram 70% Si02 + 15% Na20 + 5-10% CaO. O

restante inclui alumina (AI203), magnésia (MgO) e outros compostos que

são adicionados para conferirem ao vidro propriedades especiais.

• A qualidade das matérias primas deve ser rigorosamente controlada,

porque depois de fundidas, as impurezas se as houver, não podem ser

removidas. Para o vidro plano ordinário o teor mínimo de Si02 deve ser

95%. Vidros especiais requerem composições especiais. Vidro do tipo

Pyrex contem 10-25% B203.

Page 25: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• O vidro verde e o vidro âmbar de garrafa contêm ferro e enxofre,

respectivamente. O vidro azul contém óxido de cobalto. Óxido de zinco e

fluoreto de sódio tomam o vidro opalino.

• Os fornos de vidro devem operar 24 horas/dia, todos os dias do ano.

• O vidro fundido no forno flui em placas de cerca de 4 metros de largura

para a superfície perfeitamente plana dum banho de estanho fundido. As

irregularidades da chapa de vidro desaparecem e as superfícies superior

e inferior ficam perfeitamente paralelas. Suficientemente arrefecida para

passar aos rolos, a chapa de vidro move-se para uma estufa onde é

reaquecida para eliminar tensões internas. Depois sai, é arrefecida à

temperatura ordinária e é cortada para os tamanhos desejados.

Page 26: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• A Sibelco Portuguesa, Lda. com unidade industrial

localizada em Rio Maior possui reservas próprias de

areias para cerca de 80% das areias utilizadas pelas

indústrias portuguesas.

• Prepara areias secas para moldes de fundição,

refractários, tintas, colas, cimento-cola e decapagem;

areias húmidas para cerâmica, vidro (plano e cristal),

construção civil, filtros industriais para captação de

água; farinhas de sílica para pastas cerâmicas com

variados graus de brancura e diâmetro médio de grão

(79; 38 μm), (80; 28 μm), (82; 19 μm), (84; 6 μm); (86;

2 μm).

Page 27: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Pode produzir 1000 toneladas de areias

húmidas/dia e 200 toneladas de areias secas/dia

e como produto secundário do tratamento das

areias pode produzir 80 toneladas de caulino/dia

com d.e.e.<40 μm para ser utilizado na indústria

cerâmica. Comercializa ainda cristobalite utilizada

em vidrados e fritas cerâmicas.

– Em 1987 o valor comercial da areia para cristal regulou por 7-8 contos/tonelada e o

valor da areia para vidro plano regulou por 3 contos/tonelada.

– Portugal é importador e exportador de areias para usos industriais. Embora os

valores monetários sejam equivalentes, a tonelagem exportada é cerca de quatro

vezes superior à tonelagem importada.

Page 28: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

1.6. Sílicas sintéticas

• Para além das sílicas naturais a indústria utiliza sílicas sintéticas que geralmente

são amorfas e possuem tamanho de grão controlado. As sílicas sintéticas

distribuem-se por dois grupos; um que compreende sílica fumada e sílica

pirogénica e outro que compreende sílica precipitada e sílica gel.

• A sílica fumada é preparada por hidrólise a alta temperatura de tetracloreto de

silício em chama de hidrogénio e oxigénio. Formam-se partículas esféricas de

sílica (7-20 um) que se agrupam em agregados ou cadeias com as superfícies

exteriores revestidas por hidroxilos. Quando dispersa em líquidos os hidroxilos

superficiais ligam os agregados e formam armações tridimensionais com

consequente espessamento ou formação de gel, com propriedades tixotrópicas.

• A sílica pirogénica é produzida por processo de arco eléctrico utilizando uma

carga de quartzo e coque. As sílicas pirogénicas mais importantes derivam do

tetracloreto de silício.

Page 29: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• A sílica precipitada resulta da reacção entre ácido

sulfúrico e silicato de sódio em condições controladas

que leva à formação dum precipitado de sílica e

solução de sulfato de sódio. Depois o precipitado é

filtrado e lavado para se remover o sulfato de sódio,

seco e pulverizado.

• A sílica gel resulta da mistura em condições ácidas de

silicato de sódio com ácido sulfúrico, produzindo-se

um hidrosol que depois passa a massa dura e

translúcida de hidrogel do qual o sulfato de sódio

formado é removido por lavagem. O hidrogel que

contem 30% Si02 e 70% H20 é convertido em xerogel

por secagem.

Page 30: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• As sílicas precipitadas utilizam-se como cargas

reforçadoras-(por exemplo, na borracha de

calçado e pneu) como extensoras em tintas e

plásticos, em pastas dentríficas e em isolantes. A

sílica gel é utilizada em cromatografia para

separar líquidos e na clarificação de cerveja e

ainda como desecante de gases e líquidos. A

sílica fumada tem as mesmas aplicações que a

sílica precipitada e entra ainda na formulação de

tintas de impressão, cosméticos e fármacos.

Page 31: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

Principais características químicas e propriedades específicas da sílica gel, da sílica

precipitada e da sílica fumada

Page 32: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• O silicato de sódio é um derivado da sílica que tem grande interesse

industrial. O silicato de sódio resulta da fusão de areia de sílica com

carbonato de sódio "soda ash" num forno do tipo tanque de vidro a

1.400ºC. Forma-se o composto "vidro de água" que depois é dissolvido

sob pressão em autoclave e tratado para originar soluções de silicato.

• n Si02 + Na2CO3 —> nSiO2, Na20 + C02, onde n = 2-4.

• Soluções de silicato podem resultar ainda da dissolução de areia de

sílica em soda cáustica através do processo "hidrotermal" a temperatura

150-200ºC.

• nSiO2 + 2 NaOH ——» nSiO2, Na20 + H20

• Destacam-se as sílicas precipitadas na produção.

Page 33: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

2. Feldspatos

• Os feldspatos constituem importante grupo de minerais formadores de

rochas e são de grande interesse para a indústria cerâmica. Podem

apresentar cor branca, amarela, vermelha, verde, azul, cinzenta ou preta.

Possuem densidade situada entre 2,54-2,64 e dureza (escala de Mohs)

entre 6-7.

• Quimicamente, os feldspatos são aluminossilicatos de K, Na, Ca e mais

raramente de Ba. Constituem cerca de 60% das rochas da crusta

terrestre mas, só uma pequena parte pode ser usada na indústria

cerâmica porque a maioria dos feldspatos ocorre em grão fino a médio

com separação mecânica impraticável dos minerais com eles associados,

muitas vezes portadores de ferro.

Page 34: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Normalmente, quanto maior for o conteúdo em Ca do feldspato, maior é a

probabilidade de estar associado a minerais ferríferos tais como: biotite,

piroxena, anfíbola, etc.

• Por esta razão, mas que não é única, só os feldspatos alcalinos, isto é,

os feldspatos sódico-potássicos são utilizáveis na indústria cerâmica.

• De acordo com as respectivas características cristaloquímicas, os

feldspatos pertencem, tal como o quartzo, ao grupo dos tectossilicatos o

que significa que são construídos por uma rede ou armação

tridimensional de tetraedros de sílica, SiO4, onde entre 1/4 e 1/2 de

átomos de Si podem ser substituídos por Al e todos os oxigénios dum

tetraedro estão ligados a oxigénios dos tetraedros vizinhos.

Page 35: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

Configuração dum cristal euédrico de feldspato

Page 36: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Os feldspatos são

classificados usualmente

como membros do sistema

ternário KAISi3O8 -

NaAISi3O8 - CaAI2Si2O8.

• A possibilidade de existência

de solução sólida ou

substituição atómica

isomórfica entre os três

membros extremos do

sistema é expressa na figura

onde se observam soluções

perfeitas ou completas e

soluções imperfeitas ou

limitadas.

Page 37: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Os membros da série KAISi3O8 - NaAISi3O8 são designados

feldspatos alcalinos ou potássico-sódicos e os da série NaAISi3O8 -

CaAI2Si2O8 são denominados feldspatos sódico-cálcios ou

plagioclases.

• Na primeira série consideram-se três membros quimicamente distintos:

sanidina, anortoclase e albite e na 2ª série 6 membros ou variedades:

albite, oligoclase, andesite, labradorite, bitownite e anortite.

• Na indústria cerâmica só os feldspatos alcalinos (feldspatos sódicos e os

feldspatos potássicos) têm interesse. Tais feldspatos existem em rochas

tais como: pegmatitos graníticos (onde o feldspato ocorre em cristais

relativamente grandes), aplitos e outros granitos leucocráticos (rochas de

grão fino a médio com cores claras onde os minerais ferríferos são

acessórios menores), sienitos nefelínicos e arcoses (rochas sedimentares

ricas em feldspatos, resultante da actuação de processos de

meteorização, erosão e transporte sobre rochas ígneas ou metamórficas

feldspáticas e com grão grosseiro).

Page 38: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

2-1. Cristaloquimica dos feldspatos alcalinos

• Os feldspatos mais comuns nas rochas ígneas são:

ortoclase, microclina, albite, sanidina e pertites.

• Os feldspatos alcalinos têm composição química geral

que obedece à fórmula (K, Na) AISi3O8. Eles

subdividem-se conforme a predominância molar de K

ou Na em

• feldspatos - (K, Na) + feldspatos-K a que pertencem

anortoclase, microclina, sanidina e adularia e em

• feldspatos-(Na, K) + feldspatos - Na a que pertencem

anortoclase, albite de baixa temperatura e albite de

alta temperalura.

Page 39: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Por outro lado, em relação com a sua estrutura cristalina, os feldspatos

alcalinos podem dividir-se em:

– monoclínicos (sanidina, ortoclase e adularia) e

– triclínicos (microclina, anortoclase, albite de baixa temperatura e albite de alta

temperatura).

• Além da variação da simetria cristalina, os feldspatos alcalinos podem

apresentar estados diversos de ordem-desordem (O-D) estrutural.

Quanto à O-D, os feldspatos-K constituem uma série dependente da

temperatura, com um membro triclínico bem ordenado em relação ao par

Si-AI, caso da microclina, até um membro monoclínico desordenado,

caso da sanidina de alta temperatura, passando por estados intermédios

parcialmente ordenados como é o caso da ortoclase monoclínica.

Page 40: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Nos feldspatos-Na pode considerar-se uma série de estados de O-D

desde o desordenado da albite de alta temperatura até ao ordenado da

albite de baixa temperatura.

• Na sanidina, feldspato-K de alta temperatura, há somente 25% de

probabilidade de encontrar um átomo de Al dentro de qualquer tetraedro

pertencente a um grupo de 4 tetraedros vizinhos da estrutura cristalina e

75% de probabilidade de encontrar um átomo de Si. Este elevado grau

de desordem Al-Si é explicado pelo efeito da temperatura que suprime

qualquer segregação das posições atómicas.

• Na ortoclase, que se considera formada a temperatura inferior à da

sanidina, a desordem é menor, sendo aquela probabilidade de 50%, isto

é, 2 posições tetraédricas contém sempre Si. Isto significa que, Al e Si se

segregam parcialmente com o abaixamento da temperatura.

Page 41: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• A microclina cristaliza possivelmente a temperatura inferior à da

ortoclase e sob condições para as quais Al e Si são

completamente segregados. Isto significa que, o Al tem 100%

de probabilidade de ocupar uma determinada posição das 4

existentes nos 4 tetraedros vizinhos.

• As diferenças na distribuição do Al na estrutura cristalina dos

feldspatos-K estão ilustradas, onde o AI3+ pode ocorrer em

todas as posições sublinhadas dos tetraedros.

Page 42: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• A transformação microclina - ortoclase - sanidina é basicamente um

processo lento de difusão iónica. A velocidade de difusão torna-se

particularmente lenta durante o arrefecimento.

• A triclinicidade (M da microclina diminui por aquecimento a 1050ºC

durante 48 horas, quando tem lugar a homogeneização de posições Al-Si

nos feldspatos-K e a transição para a ortoclase monoclínica (Fig.)

• O feldspato-Na que ocorre nas rochas pode pertencer às variantes albite

de baixa temperatura e albite de alta temperatura ou a fases intermédias.

Ambas as variantes têm simetria triclínica. A albite de alta temperatura se

aquecida a cerca de 1000ºC transforma-se em monoclínica, estado

denominado monoalbite, estável entre 1000-1118ºC.

Page 43: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Soluções sólidas de NaAlSi3O8-KAISi3O8 proporcionando cristais estáveis

só existem para temperaturas elevadas já que abaixo de cerca de 700ºC

e sob condições de equilíbrio tem lugar a exsolução das duas moléculas

e os intercrescimentos formados denominam-se pertites.

• Os feldspatos alcalinos das rochas pegmatíticas, cristalizados em zonas

profundas da litosfera onde o arrefecimento é relativamente lento,

revelam pertites frequentemente.

• Se num feldspato alcalino K+ é substituído peio Na+, mais pequeno, para

além de certo quantitativo, desenvolvem-se certas tensões internas e a

rede estrutural monoclínica transforma-se em triclínica.

Page 44: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

2.2. Comportamento térmico e propriedades físicas dos feldspatos alcalinos

• A densidade dos feldspatos alcalinos varia entre 2,54 - 2,60 g/cm3 e a

dureza (escala de Mohs) varia entre 6-7.

• A Fig. mostra a variação da densidade na série Ab-Or à temperatura

ambiente. O colapso dos oxigénios à volta da Na é maior que à volta

do K porque o Na é bastante mais pequeno que o K e isso explica a

maior densidade do feldspato rico em Na, não obstante o K ter maior

peso atómico. Só para composições com mais de 80% de molécula Or

é que o efeito do K se faz sentir na densidade.

Page 45: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• O teor elevado em alcalis dos feldspatos é a causa da fusão fácil e consequente

reactividade dos feldspatos com os outros componentes dos corpos cerâmicos,

quando cozidos. O feldspato-K funde acima de 1150ºC enquanto que o feldspato-

Na funde a temperatura inferior a 118ºC. A viscosidade da fusão do feldspato-K é

maior do que a do feldspato-Na. Esta diferença explica a razão porque o

feldspaío-K é usado principalmente em corpos cerâmicos enquanto que o

feldspato-Na é usado principalmente em vidros.

• A cor natural dos feldspatos alcalinos pode ser branca, amarela, vermelha, verde

ou azul enquanto que a cor das respectivas fusões ou vidros é branca ou

cinzenta clara.

• A conveniência de certo feldspato alcalino para vidrados ou para composições

cerâmicas é avaliada com o microscópio de calefacção o qual permite determinar

exactamente os intervalos de temperatura em que se verifica a contracção, a

vitrificação, o amolecimento, a fusão e a fluidez da íusão durante a queima entre

110-1700ºC.

Page 46: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

2.3. Composição química dos feldspatos alcalinos Composições químicas de feldspatos alcalinos utilizados na indústria cerâmica.

Page 47: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Tais composições são caracterizadas por

altos teores em K20+Na20 e teores baixos em

ferro total sob a forma de Fe2O3, em TiO2, em

MgO e em CaO.

Page 48: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

As temperaturas iniciais e intervalos de vitrificação e fusão sobem principalmente

com o decréscimo do total em (K, Na)2O e o aumento de K2O/Na2O.

Page 49: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

2.4. Utilização dos feldspatos alcalinos na indústria cerâmica

• Os feldspatos alcalinos são muito usados nas indústrias de cerâmica e do

vidro, moídos a menos de 0,90 mm ou 0,75 mm.

• Como já foi dito, as plagioclases ricas em Ca não são usadas

normalmente em cerâmica porque fundem a temperaturas mais altas e

estão muitas vezes contaminadas com minerais que contêm Fe e Ti.

Contudo, podem ser utilizadas em certos cerâmicos especiais.

• A utilização dos feldspatos na indústria cerâmica deve-se principalmente

à sua acção fundente ou de fluxo como acontece no fabrico de faiança

(onde participa 5-20% de feldspato), porcelana dura (cerca de 25%),

porcelana mole, porcelana sanitária e porcelana vítrea (20-40%) e em

vidros cerâmicos e esmaltes.

Page 50: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Um fluxo cerâmico é uma substância que adicionada

ao corpo cerâmico permite a formação duma fase

líquida a temperatura mais baixa que a habitual. Ao

arrefecer, a fase líquida, transforma-se em vidro que

liga o grão formador do corpo cerâmico de modo a

conferir-lhe a desejada resistência mecânica. Corpos

cerâmicos queimados a 1100-1200ºC a que foram

adicionados fluxos apresentam maior resistência

mecânica do que quando nos mesmos não foram

incorporados fluxos. Porém, o vidro formado não deve

ser excessivo porque pode causar deformação com

distorção do corpo cerâmico. Matérias primas ricas em

Na, K, Li, Mg ou Ca são os fluxos mais eficientes.

Page 51: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• O feldspato moído actua nas massas cerâmicas em verde, secas ou pouco

cozidas, como um componente estrutural ou carga, semelhante ao efeito do

quartzo moído. O feldspato diminui a densidade do corpo cerâmico quando este é

queimado abaixo de 1100ºC (por aumentar a sua porosidade) mas, acima de

1100ºC o feldspato funde e contribui para aumentar a densidade do corpo

cerâmico. Além disso, o feldspato causa contracção considerável do corpo

cerâmico no intervalo 1140-1350ºC devido a fusão e vitrificação.

• O feldspato-K reduz a contracção térmica enquanto que o feldspato-Na reduz a

expansão térmica.

• A fusão do feldspato é caracterizada pela sua alta viscosidade relativa, a qual

evita a deformação mesmo na porcelana dura, queimada no intervalo 1410-

1435ºC.

• O feldspato-K origina vidro de maior viscosidade, maior resistência mecânica e

maior transparência em comparação com o feldspato-Na.

Page 52: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• A distribuição dimensional do grão do feldspato moído tem influência

substancial na fusão e transparência. Quanto mais finamente moído for o

feldspato, mais baixa será a temperatura de vitrificação. Num

determinado intervalo dimensional do grão, verifica-se que a

transparência da porcelana dura aumenta com o aumento da dimensão

do grão do feldspato e do quartzo.

• Nos corpos porcelânicos a fusão do feldspato dissolve em primeiro lugar

parte do quartzo e depois parte do metacaulino. O aumento constante do

preço do combustível tem conduzido, sempre que possível, ao uso cada

vez maior de feldspato-Na e rochas ricas em albite, porque tal permite a

antecipação da fusão e vitrificação.

Page 53: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Feldspatos alcalinos da maior pureza mineral e

química são utilizados em vidrados para

porcelanas, contribuindo substancialmente para

o aumento do brilho, transparência e pureza dos

vidrados.

• Também, alumina introduzida com o feldspato

em certos vidrados e vidros influi favoravelmente

na sua dureza e elasticidade e também na sua

resistência mecânica, térmica e química.

Page 54: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

2.5. Feldspatos de pegmatitos

• Os pegmatitos, associados geneticamente a intrusões granitóides, são

rochas ígneas que ocorrem em corpos com forma de dique, lenticula ou

bolsada, zonados ou não, cujos comprimento e espessura podem variar

desde poucos centímetros até dezenas de metros ou mais raramente até

centenas de metros, onde os feldspatos são bastante puros

quimicamente e de tamanho relativamente elevado (centímetros ou

decímetros) pelo que podem ser extraídos economicamente (muitas

vezes escolhidos à mão) para fins industriais.

• O feldspato apresenta, por vezes, intercrescimentos com quartzo. Muitos

outros minerais com interesse industrial ocorrem associados ao feldspato

e ao quartzo tais como: muscovite, biotite, lepídolite, berilo, apatite,

espodumena, tantatite-columbite, monazite, turmalina, topázio,

cassiterite, molibdenite, etc.

Page 55: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Os pegmatitos podem ser classificados por um lado

de acordo com associações características de certos

elementos metálicos: pegmatito com lítio, pegmatito

com berílio, pegmatiío com terras raras, etc. e, por

outro lado, de acordo com os feldspatos presentes:

pegmatito com ortoclase, pegmatito com microclina

(geralmente microclina períítica), pegmatiío com

albite-microclina, pegmatito com albite-oligociase-

microclina, etc.

• Quanto mais ácido for o carácíer do pegmatito, isto é,

quanto mais elevadas forem as relações K/Na e

Na/Ca mais favorável é a sua composição do ponto de

vista do interesse cerâmico.

Page 56: Descrição das principais matérias primas cerâmicas

• Em 1985 a produção de feldspato de pegmatito em Portugal rondou as 30.000

toneladas, a que correspondeu um valor de cerca de 90.000 contos, cerca de

50% das quais se destinaram ao mercado externo. A produção proveio da

laboração de 10 minas, sendo as principais Seixigal (cerca de Chaves), Seixal,

Senhora da Assunção-Várzea e Vatdeireiras (cerca de Viseu).

• 2.6. Feldspatos de aplitos e outros granitos leucocráticos

• .. Aplitos e outros granitos Seucocráticos apresentam grão fino a médio e têm cor

branca ou quase branca. Os aplitos apresentam geralmente a forma de dique e

são compostos essencialmente por feldspato-K, quartzo e pequenas quantidades

de micas brancas.

• O granito alterado, com feldspato não completamente alterado, de St. Austell

(Cornualha, Inglaterra) e denominado "Cornish stone", também tem sido utilizado

extensivamente em Inglaterra, como fluxo substituto de feldspato. A composição

química da "Cornish stone" varia entre os valores