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Esta mensagem discute o aborto em uma perspectiva pró-vida à luz das Escrituras. Aborda sobre o PNDH3 e tem como objetivo despertar o senso crítico dos cristãos sobre as questões que estão por trás do processo eleitoral no Brasil e que refletem a realidade brasileira. Também pretende ser um auxílio, dentro dos meus domínios, à análise para a decisão em quem votar no dia 03 de outubro. O tema merece uma leitura da íntegra do texto, que segue abaixo. Que a paz de Jesus em seu coração seja abundante! Pr. Max Mauro Tavares Portes Pimenta na Mente Introdução É conhecido por quase todos vocês minha predileção por pimenta malagueta. Gosto de comida bem apimentada. Este tipo de condimento, ao contrário do que muitos pensam, realça o sabor do alimento. Mas, confesso que é um gosto que nem todos têm. Eu me refiro a este fato particular da minha predileção culinária para ilustrar o fato de que existem assuntos que são como pimenta na comida. Eles realçam uma situação. São assuntos que normalmente evitamos abordar, porque são polêmicos. São temas que não se discute em qualquer foro. São questões da nossa realidade humana que, muitas vezes, ficam guardadas e, em alguns casos, incomodam. Há duas semanas começamos a refletir uma nova série de mensagens, intitulada “Como Jesus votaria?”. A minha intenção é contribuir com uma análise do processo político- social que vivemos como nação e que inevitavelmente vai nos remeter às urnas, onde deveremos escolher aqueles que estarão nos representando nas estâncias governamentais, seja legislando ou executando as tarefas para atender as demandas que se manifestam em nossa nação. Então quero jogar pimenta na mente de vocês, com o objetivo de levá-los a pensar nas questões que estão por trás desse processo, porque são essas questões que envolvem a realidade do país. São questões fundamentais com que nos confrontamos hoje e precisamos perguntar como Jesus se posicionaria diante delas e como esse posicionamento influenciaria o seu voto, caso Ele fosse brasileiro e tivesse que votar no próximo dia 03 de outubro. Justificativa esta discussão o Decreto Presidencial nº 7.037, de 21 de Dezembro de 2009, que trata do Programa Nacional de Direitos Humanos, o qual é visto como uma ação integrada de governo e política de Estado. Estão previstas mais de 500 ações programáticas em diversas áreas, elencadas em um texto com mais de 200 páginas. O documento é estruturado em seis eixos orientadores, subdivididos em 25 diretrizes, 82 objetivos estratégicos e 521 ações programáticas. Desses 82 objetivos estratégicos, gostaria de destacar pelo menos dois.

Pimenta na mente

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Page 1: Pimenta na mente

Esta mensagem discute o aborto em uma perspectiva pró-vida à luz das Escrituras.Aborda sobre o PNDH3 e tem como objetivo despertar o senso crítico dos cristãossobre as questões que estão por trás do processo eleitoral no Brasil e que refletem arealidade brasileira. Também pretende ser um auxílio, dentro dos meus domínios, àanálise para a decisão em quem votar no dia 03 de outubro. O tema merece umaleitura da íntegra do texto, que segue abaixo.

Que a paz de Jesus em seu coração seja abundante!

Pr. Max Mauro Tavares Portes

Pimenta na MenteIntrodução

É conhecido por quase todos vocês minha predileção por pimenta malagueta. Gosto decomida bem apimentada. Este tipo de condimento, ao contrário do que muitos pensam,realça o sabor do alimento. Mas, confesso que é um gosto que nem todos têm.

Eu me refiro a este fato particular da minha predileção culinária para ilustrar o fato de queexistem assuntos que são como pimenta na comida. Eles realçam uma situação. Sãoassuntos que normalmente evitamos abordar, porque são polêmicos. São temas que nãose discute em qualquer foro. São questões da nossa realidade humana que, muitasvezes, ficam guardadas e, em alguns casos, incomodam.

Há duas semanas começamos a refletir uma nova série de mensagens, intitulada “ComoJesus votaria?”. A minha intenção é contribuir com uma análise do processo político-social que vivemos como nação e que inevitavelmente vai nos remeter às urnas, ondedeveremos escolher aqueles que estarão nos representando nas estânciasgovernamentais, seja legislando ou executando as tarefas para atender as demandas quese manifestam em nossa nação.

Então quero jogar pimenta na mente de vocês, com o objetivo de levá-los a pensar nasquestões que estão por trás desse processo, porque são essas questões que envolvem arealidade do país. São questões fundamentais com que nos confrontamos hoje eprecisamos perguntar como Jesus se posicionaria diante delas e como esseposicionamento influenciaria o seu voto, caso Ele fosse brasileiro e tivesse que votar nopróximo dia 03 de outubro.

Justificativa esta discussão o Decreto Presidencial nº 7.037, de 21 de Dezembro de 2009,que trata do Programa Nacional de Direitos Humanos, o qual é visto como uma açãointegrada de governo e política de Estado. Estão previstas mais de 500 açõesprogramáticas em diversas áreas, elencadas em um texto com mais de 200 páginas. Odocumento é estruturado em seis eixos orientadores, subdivididos em 25 diretrizes, 82objetivos estratégicos e 521 ações programáticas. Desses 82 objetivos estratégicos,gostaria de destacar pelo menos dois.

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1) Objetivo estratégico V: “Garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade degênero” (p. 98). Das ações programáticas desse objetivo, destaco duas: 1) Ação “b”:“Apoiar projeto de lei que disponha sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo”,com a recomendando o Poder Legislativo “a aprovação de legislação que reconheça aunião civil entre pessoas do mesmo sexo”; O Projeto de Lei aqui referido é o 122, deautoria da deputada petista Iara Bernardi, de São Paulo, que foi apresentado no dia12/12/2006 e trata de uma alteração da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que defineos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, incluindo como crime“preconceito por opção sexual”. Também propõe nova redação ao § 3º do art. 140 doDecreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, do Código Penal.

2) Ação “d”: “Reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas asconfigurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis etransexuais (LGBT), com base na desconstrução da heteronormatividade” (p. 99, grifomeu).

O outro objetivo estratégico do PNDH3 que quero destacar é o III, que trata da “garantiados direitos das mulheres para o estabelecimento das condições necessárias para suaplena cidadania” (p. 90). A ação “g” deste objetivo é “apoiar a aprovação do projeto de leique descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobreseus corpos” (p. 91).

O projeto de lei em questão aqui é o 1.135/91, que já havia sido rejeitado e arquivado.Todavia, o deputado petista José Genuíno, com o apoio de outros 60 deputados,apresentou requerimento para reativá-lo, o que fez com que ele voltasse a ser discutido.

Nosso foco de hoje é sobre aquilo que a Palavra de Deus tem a dizer sobre a vida, o que,neste contexto, nos leva a falar sobre o aborto. Talvez você pergunte: “Por que a igreja seenvolve neste assunto político?”. Temos de perceber que esta é, sobretudo, uma questãobíblica e só em segundo lugar política. Tudo o que precisamos fazer é olhar ao nossoredor para ver a grande ameaça para o valor da vida em nossa sociedade.

Para discutir esta temática vou usar um método de perguntas e respostas relacionadas aesta questão.

Alguns têm sugerido que a Bíblia não aborda especificamente a questão da sacralidadeda vida ou a questão do aborto. Nada poderia estar mais longe da verdade. A Bíblia estátransbordando em seus ensinamentos, mostrando que a vida é santa, dom de Deus e asua conclusão óbvia é de que a destruição arbitrária da vida, em qualquer fase, seja denascidos ou por nascer, é um problema grave. O mandamento “Não matarás” certamentese aplica também ao feto, e não somente aos nascidos.

Há muitas questões sérias sobre o aborto. É o feto um ser humano? O feto tem umaalma? É errado terminar a vida de uma criança por nascer? Estas e outras questõespertinentes relativas ao aborto são explicitamente abordadas na Palavra de Deus.

1. Quando a vida começa?

A Bíblia mostra que a vida humana começou com Adão, quando Deus moldou o homem àsua imagem e soprou nele o fôlego da vida (Gênesis 2.7). Esta vida é transmitida degeração a geração numa cadeia ininterrupta que liga Adão e Eva com cada criançaconcebida no ventre de sua mãe. O feto é uma vida humana, tão seguramente como umadulto completamente desenvolvido.

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Alguém pode contrapor: “Mas o nascituro é um ser humano?” Para concluir que onascituro não é um ser humano, precisa concluir que ele não é um “ser”, o que implicadizer que ele não existe, porque “ser” é tudo aquilo que tem vida. Certamente, o nascituroexiste e, portanto, é um “ser”. Além disso, sugerir que não é um ser humano quer dizerque deve ser algum outro tipo de ser. Se assim é, que tipo de ser é? Um porco, uma vaca,ou um pato, um vegetal? Certamente, a criança em desenvolvimento no útero da mãe,desde o momento da concepção, é um ser humano com todas as potencialidades de umEinstein ou um Rui Barbosa.

Obviamente, a qualquer hora que terminar a vida de um nascituro, está, de fato, findandoa vida de um ser humano. Portanto, não se pode aceitar que com uma canetada oGoverno Federal decida o que é um ser vivo e o que não é um ser vivo, com o argumentoque se trata de saúde pública ou do direito da mulher de “decidir sobre seu corpo”. E odireito que o outro ser tem de viver?

Vamos ler o Salmo 139.13-16. Observe quantas vezes o salmista refere-se a si mesmoem sua condição de nascer com o pronome pessoal “eu”, “me”, “meu”, “minha”, “mim”.Nesta breve passagem, o salmista usa o pronome pessoal dez vezes. Sob a inspiraçãodo Espírito Santo, o salmista declara abertamente sua personalidade, mesmo enquantoainda estava no ventre de sua mãe e afirma a existência da vida do nascituro. (Vertambém Jeremias 1.5).

13 Pois tu formaste os mmeeuuss rins; entreteceste-mmee no ventre de mmiinnhhaa mãe.14 EEuu te louvarei, porque de um modo tão admirável e maravilhoso ffuuii formado;maravilhosas são as tuas obras, e a mmiinnhhaa alma o sabe muito bem.15 Os mmeeuuss ossos não te foram encobertos, quando no oculto ffuuii formado, eesmeradamente tecido nas profundezas da terra.16 Os teus olhos viram a mmiinnhhaa substância ainda informe, e no teu livro foram escritos osdias, sim, todos os dias que foram ordenados para mmiimm, quando ainda não havia nem umdeles.

Esta passagem claramente indica que no ventre da mãe, Deus cria um novo indivíduo,assim como Ele criou Adão no começo.

Considere a ocasião maravilhosa, quando Maria visitou sua prima Isabel, grávida devários meses de João Batista. Quando a boa notícia da vinda do Messias foi declarada, aBíblia diz: “O menino saltou no seu ventre...” (Lc 1.41,44).

A palavra grega para menino (brephos) aqui empregada, é usada para descrever o fetono ventre de Isabel. O Léxico Grego define como brephos como “embrião, feto, recém-nascido, criança ou nascituro”2. Esta mesma palavra é usada para descrever Jesus namanjedoura (Lc 2.16) e também descreve Timóteo como uma pessoa que aprende asEscrituras desde que era “menino” (2 Tm 3.15).

Além disso, Lucas declara ainda que João estava “cheio do Espírito Santo já desde oventre de sua mãe” (Lc 1.15). O Espírito Santo só enche pessoas e não tecidos oucélulas.

É interessante notar que na maioria das vezes, quando alguém está planejando cometer oaborto, se refere ao nascituro como “feto” ou “embrião”. Por outro lado, quando há umadecisão para ficar com a criança e apreciá-la, refere-se como “meu bebê” ou “meu filho”.Você já ouviu alguém dizer “eu vou ter um pequeno feto?” Você já ouviu um defensor doaborto dizer “nós vamos matar a criança?”

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2. O feto tem alma?

A contemporaneidade é destacada pela fragmentação do conhecimento. Na medicina, porexemplo, o corpo humano é dividido por áreas, o que vai definindo as especializações.Assim é que temos a ginecologia, a cardiologia, a pneumologia, a ortopedia etc. Agora,vê-se a fragmentação da fragmentação. Por exemplo, dentro da ortopedia, vê-se oespecialista em joelho, em ombro, em coluna, em cabeça e pescoço, etc. Isso tambémpode ser visto dentro da oftalmologia.

Perguntar se um feto tem alma é o mesmo que perguntar se podemos fragmentar o serhumano. A resposta é: se for para fins didáticos, que nos ajudarão a compreender o sercomo um todo, podemos dividir o homem em três partes distintas, sendo o corpo, a almae o espírito (ou corpo, mente e alma ou espírito). Porém, a Bíblia mostra que o serhumano é uno, inseparável. O ser humano não tem uma alma como uma parte separadade sua anatomia. A afirmativa bíblica é que o homem é uma alma vivente. Quando Deuscriou o homem à Sua imagem, soprou nele o sopro da vida e o homem se tornou umaalma vivente. Assim, a partir desse ponto, o homem era tanto espiritual como emocional efísico, pois possui corpo, emoções (alma) e espírito desde a concepção.

Este fato por si só deveria exigir o máximo respeito. Certamente esta é razão suficientepara proibir o aborto.

3. O que os cristãos podem fazer?

O que um cristão deve fazer para responder esta ameaça à vida que paira em nosso país,tentando se institucionalizar? Vou delimitar a pergunta: O que você, como cristão, podefazer para impedir que o aborto seja institucionalizado no Brasil?

1. Pregar, ensinar e proclamar a sacralidade e a inviolabilidade da vida humana, tanto denascidos quanto de nascituros.

2. Apoiar os esforços daqueles que lutam para evitar a descriminalização do aborto.

3. Votar em candidatos que você sabe que não aprovará esse projeto.

4. Não votar em nenhum candidato que apóie esse projeto, porque um projeto destesendo aprovado, inevitavelmente vai levar você a financiar isto, porque o SUS vai serobrigado a praticar isto e você passa, com os seus impostos, a financiar abortos.

5. Não consentir com a continuidade de um governo que aceita o aborto em sua ideologia,mesmo que ele fale que vai tirar esta parte do PNDH3. Ele ainda não tirou e, se assim ofizer por pressão política, este fato não altera a sua posição ideológica, o que significa quena primeira oportunidade voltará com a proposta, como está fazendo através de um dosseus deputados.

6. Pregar, ensinar e proclamar a instrução bíblica sobre a vida familiar e a sexualidadesaudável. Boa parte dos abortos são realizados em mães solteiras. Milhares de inocentesnascituros foram vítimas indefesas do sexo promíscuo.

7. Ministre e aconselhe com compaixão piedosa a mãe solteira, ajudando-a a ver que criara criança é uma alternativa melhor que o aborto.

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8. Ministre com compaixão àqueles que fizeram aborto, apontando-lhes a graça e operdão de um Deus amoroso e Salvador, que está pronto para perdoar o pecadorarrependido.

Conclusão

Oremos fervorosa e ansiosamente pela direção de Deus para que nos oriente e nos dêcoragem para atuar em todas as formas de promoção da vida e darmos uma resposta nasurnas no dia 03 de outubro.

1. BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Ed. rev. Brasília: SEDH/PR, 2010.

2. Heartlight’s Search God’s Wordhttp://www.searchgodsword.org/lex/grk/view.cgi?number=1025