203

Cultura pop japonesa histórias e curiosidades

Embed Size (px)

Citation preview

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

CULTURA POP

JAPONESA Histórias e curiosidades

Alexandre Nagado

(organizador) Michel Matsuda

Rodrigo de Goes

1ª edição: março de 2011

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina3

ÍNDICE

Introdução - Pág. 04

Prefácio (Marcelo Cassaro) - Pág. 06

Cap. 1: Mangá – Os quadrinhos mais

populares do mundo – Pág. 10

Cap. 2: Animê – Mangá em

movimento – Pág. 50

Cap. 3: Tokusatsu – O reino dos

monstros de borracha – Pág. 121

Cap. 4: Variedades - Música, moda,

games, coisas legais e seres bizarros

– Pág. 177

Epílogo: O grande terremoto – Pág.

197

Bibliografia – Pág. 199

Os autores – Pág. 201

Projeto, organização e edição: Alexandre Nagado

Texto e pesquisa: Alexandre Nagado, Michel

Matsuda e Rodrigo de Goes

Todas as imagens contidas neste livro foram

utilizadas para fins de divulgação.

- Agradecimentos a

Marcelo Duarte

(Panda Books).

- Esta obra é

dedicada ao valente

povo japonês.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina4

INTRODUÇÃO

O universo do entretenimento produzido no

Japão tem criado séries e personagens que vêm

conquistando admiradores no mundo há

décadas. Indo além de grupos de aficionados, a

chamada cultura pop japonesa se infiltrou na

mídia, extrapolou as fronteiras da colônia

japonesa e criou modas, manias e influenciou

muita gente. Mangá, animê, tokusatsu, games,

músicas, moda... O Japão virou pop. No Brasil, a

popularidade de tais produções gerou fãs

apaixonados, ávidos por informações vindas do

outro lado do mundo.

Este livro é para os fãs que adoram conhecer

saborosos detalhes de produção que ajudam a

entender melhor as coisas que tanto gosta. E

também para aqueles apreciadores eventuais e

nostálgicos que guardam perguntas em seu

íntimo sobre assuntos que pouca gente domina.

Indo além, este livro também apresenta a

origem de vários termos recorrentes,

curiosidades comportamentais e explicações

conceituais que farão o leitor mergulhar num

universo que abrange muito mais do que

quadrinhos, músicas, desenhos animados,

games e gente fantasiada.

Agrupados em tópicos de fácil leitura até para

um não-iniciado (a razão de ser desta obra),

este trabalho não tem a pretensão de apresentar

um tratado sobre cultura pop japonesa e nem de

ser uma referência ou guia completo sobre o assunto.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina5

O que esperamos é que este livro possa se

transformar em tema para muitas e animadas

conversas. Aquele detalhe que ninguém tinha

percebido, aquele boato que correu pela

internet, aquele autor cujo trabalho todo mundo

comenta mas que você nunca prestou atenção...

E também despertar a atenção em assuntos que

poderão ser melhor explorados em outras fontes.

Os tópicos estão organizados ora por cronologia,

ora por similaridade. Em outros casos, a opção

foi falar primeiro do que é mais conhecido pelo

público brasileiro não-iniciado, para depois,

didaticamente, retroceder e explicar de onde

vieram as ideias. Mas também tem muita coisa

aleatória, curiosidades soltas que afloravam na

memória e que precisavam ser registradas para

não serem esquecidas.

Por isso, não se acanhe em começar a ler de

qualquer ponto. Vai funcionar do mesmo jeito.

Sinceramente, aposto que você vai acabar lendo

esta obra muitas vezes sem perceber, cada vez

prestando mais atenção em algum tema ou

detalhe, estabelecendo suas próprias conexões

entre os assuntos. E vai descobrir que este livro

também conta um pouco de mitologia, história,

religião, costumes, esportes, comportamento e

cultura geral. Assuntos que farão você aprender

muito sobre o Japão e perceber que a cultura

pop japonesa é tão rica quanto divertida.

Boa leitura!

- Alexandre Nagado

Ilha Solteira (SP), 09 de março de 2011.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina6

PREFÁCIO

Escrevi Holy Avenger por amar animê e mangá.

Como eu, muitos brasileiros também amam animê e mangá.

Era o final da década de 1990. O novo fenômeno

nas bancas eram os mangás oficiais de

Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball Z,

alcançando vendas muito acima de quaisquer

outros quadrinhos no Brasil. Muitos diziam ser

―moda passageira‖; hoje, dúzias de outros mangás enchem as bancas.

Houve muito oportunismo na época. Autores e

editoras nacionais tentando copiar o estilo.

Quase nenhum desses títulos durou muito — os

fãs sabiam reconhecer a diferença entre uma HQ

oportunista, e o trabalho de alguém com amor verdadeiro por mangá.

Na mesma época, depois de algumas minisséries

bem-sucedidas na antiga Editora Trama, recebi

sinal verde para uma série longa. Holy Avenger

tinha traço de Erica Awano, em estilo

indiscutivelmente japonês (muito embora minha

narrativa não fosse assim tão próxima dos

mangás originais). A conselho dela, nunca usei o

termo ―mangá‖ para tratar da Holy. Você pode

procurar: nenhum texto, nenhum anúncio,

nenhuma propaganda jamais disse que Holy Avenger era um mangá.

Por quê? Se os mangás eram sucesso comercial,

porque não associar Holy Avenger a eles?

Decidimos assim porque sempre houve polêmica

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina7

sobre o que deveria ser considerado um ―mangá

verdadeiro‖. Mangá é a palavra japonesa para

história em quadrinhos — então, a rigor, toda

HQ é um mangá? Ou talvez sejam apenas

histórias dentro de certo estilo, com olhos

grandes e speedylines (linhas de velocidade)? Ou

ainda, somente histórias feitas no Japão, por e para japoneses?

Por tudo isso, nunca chamamos Holy Avenger de

mangá. O mesmo respeito e cautela podem ser

vistos hoje na Turma da Mônica Jovem, não um mangá, mas uma revista em ―estilo mangá‖.

Mais tarde, em 2007, o Ministério dos Assuntos

Estrangeiros do Japão criou o Concurso

Internacional de Mangás, para premiar trabalhos

nesse estilo feitos em outros países. Das

centenas de trabalhos inscritos, Holy Avenger foi

o único finalista brasileiro. Eu e Erica Awano

recebemos, em mãos, certificados do então

Ministro Taro Aso (mais tarde ele se tornaria

Primeiro Ministro do Japão). E ali diz que Holy

Avenger é um mangá.

Se o Governo Japonês diz que é, quem sou eu para discordar?

Qualquer fã pode apontar dúzias de diferenças

entre quadrinhos Orientais e Ocidentais. Eu,

quando estou explicando para um leigo, em

geral escolho a seguinte: na maioria dos

quadrinhos de super-heróis, o protagonista

recebe seus poderes de graça — já nascem com

ele, ou chegam por acidente. Superman tem

poderes por ser extraterrestre. O Homem-

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina8

Aranha foi picado por uma aranha radioativa.

Batman, milionário. X-Men, mutantes. Hulk,

bomba gama. Nos comics, grande poder não

vem com grande responsabilidade; ele vem com

grande facilidade.

Nos mangás e animês, quase nunca vemos isso

acontecer — o povo japonês não acredita em

conquista sem esforço, sem sacrifício. Street

Fighters levam anos dominando seus estilos de

luta e golpes especiais, como qualquer artista

marcial. Cavaleiros do Zodíaco vivem o inferno

em lugares terríveis antes de manifestar seu

Cosmo. Ninjas das Vilas Ocultas estudam na

escola e obedecem mestres. Mesmo para o

eventual sayajin, nascido em outro planeta, o

poder só vem com muito treinamento duro em

gravidade pesada.

Enfim, mangás e animês são focados em seu

público — o povo japonês. Gente disciplinada

que valoriza o esforço, a determinação, a força

de vontade. Levantar-se após cair. Ser arrasado

por bombas atômicas, reconstruir a nação e

tornar-se a segunda maior potência econômica

mundial. Mas também gente tímida e

introspectiva, com dificuldade para relacionar-se.

Gente conformada com a vida rigorosa de

trabalho e estudo. Gente que não chora ou reclama; procura conforto no mangá e animê.

Gente muito diferente de nós. Assim, é

espantoso que suas histórias sejam tão amadas

aqui nos trópicos.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina9

Conheci Alexandre Nagado no final dos anos 80,

quando escrevíamos HQs licenciadas de Jaspion

e Changeman para a Editora Abril. Mais tarde,

quando me afastei da revista Street Fighter, eu o

recomendei para assumir meu lugar como

roteirista. E anos depois, quando a Editora

Trama lançava novos títulos nacionais, um deles

seria em estilo mangá; Nagado foi minha

primeira escolha, com seu Blue Fighter.

Nagado é, hoje, um dos maiores estudiosos de

cultura pop japonesa no Brasil. E seu convite

para escrever este prefácio foi um privilégio —

porque as pessoas envolvidas neste livro amam

animê, mangá e tokusatsu. Sobre isso não existe dúvida.

Esses artistas agora trazem curiosidades e

bastidores dessas obras japonesas que tanto

apreciamos. Ajudam a desvendar coisas, a

princípio, misteriosas. Nomes engraçados.

Enredos estranhos. Personagens esquisitos.

Histórias que nunca entendemos totalmente,

mas mesmo assim amamos.

Graças ao esforço deles, você vai descobrir

coisas especiais sobre aquela série, aquele herói,

aquela aventura que marcou sua vida. E talvez,

também descubra porque isso acabou acontecendo.

— Marcelo Cassaro

Roteirista de quadrinhos, escritor de livros de

RPG, desenhista e editor.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

0

CAPÍTULO 1: MANGÁ – OS QUADRINHOS MAIS POPULARES DO MUNDO 1) O QUE SIGNIFICA MANGÁ? - Mangá é a

palavra que define as histórias em quadrinhos e

os gibis japoneses, que conquistaram leitores no

mundo inteiro, tornando-se verdadeiro fenômeno

editorial em vários países. Mas o que pouca

gente sabe é que nem sempre foi assim. Quando

a palavra foi usada pela primeira vez, lá pelo

século XIX pelo artista Katsushika Hokusai,

mangá tinha outro sentido. A palavra dava nome

a desenhos engraçados, como as charges e

caricaturas que já faziam parte da tradição

japonesa de artes visuais voltadas ao consumo

popular. A palavra

mangá pode ser

traduzida como

―desenho

divertido‖ e o

termo apareceu

com os Hokusai

Mangá, série de

estudos figurativos

cujo primeiro volume (de um total de 15) foi

publicado em 1814. Hokusai, nascido em 1760 e

falecido em 1849, é famoso no mundo inteiro,

mas não por causa de mangá ou desenhos

humorísticos. É dele uma série de xilogravuras

ukiyo-ê chamada ―36 Vistas do Monte Fuji‖ e seu

desenho mais famoso é o Vagalhão de

Kanagawa, a onda gigante que ele retratou com

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

1

muito estilo e virou sua marca registrada no

mundo inteiro.

2) MANGÁ EM ROLOS – Muito antes da palavra

mangá ser usada pela primeira vez, já existiam

ilustrações humorísticas e caricaturas no Japão, pelo menos desde o chamado Período Heian (794-

1185 d.C.). Um dos mais antigos exemplares

desse tipo de trabalho que ainda existe em bom

estado é o Chôjûgiga (―Desenhos engraçados de

animais‖), uma série de ilustrações com animais

humanizados em situações cômicas, comumente

representando sacerdotes. O trabalho, com um

traço leve e dinâmico, foi feito por um monge

budista conhecido como Tôba (1053~1140), no

século XII. Fazendo jus à denominação ―rolos de

animais‖ (nome pelo qual pesquisadores

ocidentais se referem), o material está

distribuído em um rolo de papel com cerca de 10

metros de comprimento. A relíquia está

preservada no Museu Internacional do Mangá, na cidade de Kyoto.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

2

3) OSAMU TEZUKA

- DE MÉDICO A

DEUS - Osamu

Tezuka, nascido em

1928 e falecido em

1989, foi

considerado o ―Deus

do Mangá‖, tamanha

a revolução que ele

promoveu. A partir

dele, o mangá ficou

mais expressivo no desenho, cinematográfico

nos enquadramentos e mais segmentado. Mas

ele também foi marcante em outras áreas. Seu

personagem Astro Boy marcou época na TV e

seu herói Magma Taishi (Embaixador Magma),

conhecido no Brasil como Vingadores do Espaço,

foi o primeiro seriado colorido da TV japonesa,

em julho de 1966. Sua prolífica carreira inclui

ainda as séries A Princesa e o Cavaleiro, O

Menino Biônico, Don Drácula, Buda, Black Jack,

Kimba, Adolf, Hi no Tori e muitas outras,

totalizando mais de 700 criações. E ele quase

não seguiu a carreira artística, pois estudou

medicina, curso que fez ao mesmo tempo em

que começava a ganhar fama publicando seus

quadrinhos profissionalmente.

4) POR QUE OLHOS GRANDES? – Primeiro,

vamos esclarecer que nem todo mangá tem os

famosos olhos grandes e brilhantes que tantos

amam. Os primeiros mangás nem tinham essa

característica, que acabou se tornando a mais

facilmente reconhecível dos quadrinhos e

animações japonesas. Quem começou isso foi o

pioneiro do moderno mangá, Osamu Tezuka, na

década de 1940. Os motivos foram vários.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

3

Tezuka era fã de um teatro

tradicional chamado

Takarazuká, que é

interpretado somente por

mulheres (em contraposição

ao masculino Kabuki) e no

qual as atrizes usam fortes

maquiagens para realçar os

olhos. O criador do Astro Boy também adorava

animações Disney, em especial o Bambi (de

1942) e seus olhos verticais e cheios de brilho e

sentimento. Esses olhos dão muita

expressividade às figuras e permitem que,

mesmo num quadrinho pequeno em uma página,

seja fácil identificar o que se passa com o

personagem. A resposta para a questão inicial é

que olhos grandes são expressivos e o mangá é

um meio onde a expressividade é uma característica essencial.

5) O SOM DO SILÊNCIO - Onomatopeias são

aquelas palavras que representam sons. Nos

quadrinhos, são escritas com letras desenhadas

para realçar seu efeito dramático numa história.

Nos quadrinhos japoneses, as onomatopeias são

usadas mais ostensivamente do que em

qualquer outro lugar, sendo importantes até na

composição visual e diagramação de uma

página. Além das representações sonoras

diferentes do ocidente (um latido é "wan wan",

uma explosão é "dokan" e por aí vai), há

também aquelas onomatopeias que reforçam

estados de espírito, gestos ou dramatizam

situações, criando atmosfera. E o exemplo mais

marcante é que existe até uma onomatopeia

para definir o silêncio: é "shiiin‖.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

4

6) ANMITSU HIME: UM MANGÁ PARA

TEMPOS DIFÍCEIS – Um traço comum às

sociedades que passam por tempos difíceis é o

de que quanto piores as coisas ficam, mais

alegres e otimistas se tornam os conteúdos dos

entretenimentos oferecidos ao povo. No Japão

pós-segunda guerra mundial, um país arrasado

onde a vida cotidiana era muito difícil, a coisa

não era diferente. Nesse cenário, uma série de

mangá para meninas de tom leve e

despreocupado acabou ganhando destaque:

Anmitsu Hime (Princesa Anmitsu) de Shosuke

Kurakane. Publicada originalmente entre 1949 e

1955, a série se passa em uma versão fantasiosa

do Japão feudal e narra as aventuras da

princesinha Anmitsu, cujo nome significa doce de

feijão com mel. Teimosa e rebelde, Anmitsu leva

seus pais e professores à loucura com suas

travessuras, já que se recusa terminantemente a

comportar-se de maneira devida à alguém de

sua posição. Tudo é levado em tom humorístico,

sempre tendo como cenário o castelo de

Amakara. Um lugar repleto de alegria cheio de

festas com (principalmente) muita comida.

Mesmo após o seu cancelamento, a série

permaneceu com seu espaço conquistado no

coração dos japoneses. Tanto que, de lá até os

dias de hoje, já foram realizados dois filmes, três

novelas e uma série de animação com as

aventuras da princesinha. Houve até mesmo um

remake do mangá, feito em 1986 por Izumi

Takemoto. Sem dúvida, Anmitsu Hime foi o

perfeito retrato dos sonhos de uma época muito

dura.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

5

7) ASHITA NO

JOE: MAIS QUE UM

PERSONAGEM –

Apesar desse fato

parecer um tanto

estranho ao modo

de pensar ocidental,

o mangá para os

japoneses é muito

mais do que um

simples

entretenimento. Ele

está tão enraizado

na cultura popular

que, em alguns

casos, chega a

funcionar como

agente transformador da sociedade,

influenciando até mesmo a autoestima do povo.

Um exemplo lapidar desse fenômeno é o lendário

mangá Ashita no Joe (Joe do Amanhã), escrito

por Asao Takamori (Ikki Kajiwara) e desenhado

por Tetsuya Chiba. Publicado entre 1968 e 1973

na revista semanal Shonen Magazine, o mangá

conta a história de Joe Yabuki, um delinquente

juvenil revoltado e encrenqueiro que sai de uma

origem pra lá de humilde para se tornar um dos

boxeadores mais famosos do mundo. Isso, é

claro, após passar por todos os sofrimentos e

dificuldades possíveis e imagináveis. A série

ganhou tamanha força, que os jovens das

classes menos favorecidas do Japão passaram a

adotar Joe como ídolo e modelo de esperança,

tratando-o quase como uma pessoa real. Essa

devoção transformou-o em um personagem

folclórico, cuja figura é usada até hoje como

exemplo de superação. Para corroborar esse

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

6

fato, a editora Kodansha iniciou em 2009 a

republicação do mangá original nas páginas da

revista semanal Gendain, título que tem como

alvo um público masculino adulto formado em

sua maioria por funcionários de empresas do

meio corporativo, os famosos ―salaryman‖. O

objetivo declarado da editora é usar o mangá

para levantar o moral desses leitores, muito

abalado após a crise econômica de 2008. Em

fevereiro de 2011, uma versão live-action para

cinema foi lançada, com o cantor e ator

Tomohisa Yamashita como Joe e Yûsuke Iseya

como o rival Rikiishi. Se é verdade que algo é

real desde que se acredite em sua existência,

pode-se dizer que Joe Yabuki está mais vivo do

que nunca.

8) FUNERAL PARA UM LUTADOR (DE PAPEL)

– Um bom exemplo de até onde pode chegar o

amor dos fãs por um personagem, ocorreu no

Japão em março de 1970. Em um momento

culminante do popularíssimo mangá de boxe

Ashita no Joe, o protagonista Joe Yabuki

enfrentou seu arquirrival Toru Rikiishi em um

combate histórico, que terminou com a morte de

Rikiishi. O fato causou tamanha comoção entre

os leitores, que o polêmico artista de vanguarda

Shuji Terayama, fã de boxe e da série, chegou

mesmo a convocá-los para uma cerimônia

funerária em homenagem ao morto. E assim,

mais de 700 pessoas compareceram à tal

cerimônia, devidamente trajados de preto e

portando incensos e coroas de flores. Em um

ringue de boxe montado nas dependências da

editora Kodansha, um monge budista oficiou os

ritos e encomendou a alma de Toru Rikiishi. Uma

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

7

cerimônia verdadeira para um personagem de

mangá.

9) FAZENDO TRABALHO DE MULHER - Shôjo

mangá é o tipo de história em quadrinhos para

meninas adolescentes, um gênero que já teve

títulos como Guerreiras Mágicas de Rayearth,

Peach Girl e Sailor Moon. Mas apesar de ter

surgido a partir do trabalho de Osamu Tezuka

com a série A Princesa e o Cavaleiro, o shojo

manga logo se tornou um produto sempre feito

de mulheres para mulheres. Ou quase sempre.

Um certo quadrinhista chamado Akira

Matsumoto começou a publicar profissionalmente

com apenas 15 anos após vencer um concurso

da revista Manga Shonen Magazine, em 1953.

Mas apesar do começo promissor, ele teve

dificuldade em se manter no mercado com

trabalhos mais pessoais e acabou desenhando

para revistas femininas. Como o nome Akira

também pode ser usado para mulheres (apesar

de ser menos comum do que para homens),

muitas leitoras nem devem ter percebido que

eram desenhos de homem. Quando ele

conseguiu se desvencilhar das românticas e

quase sempre adocicadas revistas shojo e teve a

chance de publicar trabalhos mais densos e viris,

passou a assinar Leiji Matsumoto, seu novo

nome artístico. E foi assim que ele ganhou

espaço entre os grandes nomes do mangá e do

animê, com trabalhos como Patrulha Estelar,

Capitão Harlock, Galaxy Express 999, Submarine

Super 99 e os clipes em animê da dupla francesa

Daft Punk, que formaram o DVD Interstella

5555: The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

8

10) O HOMEM QUE PRODUZIU 770 MANGÁS!

- Com revistas semanais ditando o ritmo no

mercado de mangás, é comum que os

desenhistas de ponta tenham que produzir quase

20 páginas de quadrinhos por semana. Isso dá

quase 80 por mês, uma marca impressionante,

mesmo considerando que os autores trabalhem

com assistentes para fazer a ―parte chata‖ do

trabalho, como pintar áreas de preto, completar

cenários, aplicar tons de cinza, traçar linhas de

movimento (speedylines), etc. Porém, no auge

da fama e com

encomendas de várias

revistas ao mesmo

tempo, o lendário

Osamu Tezuka e sua

equipe já tiveram que

produzir cerca de 300

páginas num único

mês. Mas o recorde

absoluto foi de

Shotaro Ishinomori,

um discípulo de

Tezuka e criador de

títulos como Kamen

Rider, Cyborg 009,

Sabu to Ichi Torimono Hikae, Green Grass,

Hotel, Patrine, Goranger (o precursor do gênero

Super Sentai) e muitos outros. Ishinomori

chegou à inalcançável marca de 500 páginas

escritas e desenhadas em um único mês.

Também entrou para o Guiness Book of Records,

por ter produzido mais de 128 mil páginas de

quadrinhos em 770 mangás ao longo de uma

carreira de 45 anos. Se Osamu Tezuka era o Deus do Mangá, Ishinomori era o Rei.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

9

11) O REI DO MANGÁ E A NUMEROLOGIA -

Apesar de famoso por trabalhos no campo da

ficção científica, Shotaro Ishinomori era um

homem supersticioso. Nascido como Shotaro

Onodera, assumiu o nome artístico inicialmente

como Shotaro Ishimori. Influenciado pela

numerologia que, no Japão, leva em conta o

número de traços usado para escrever as letras

do nome, ele passou a assinar Ishinomori. A

mudança aconteceu em 1986, mas não parece

ter feito muita diferença. Naquela época, ele já

havia criado os mangás de Kamen Rider,

Goranger, Inazuman, Esquadrão Arco-Íris

(Rainbow Sentai Robin), Henshin Ninja Arashi,

Cyborg 009 e muitos outros sucessos que foram

adaptados para a TV. Em termos comerciais,

seus maiores sucessos aconteceram antes da mudança do nome artístico.

12) O FIM DO MUNDO, SEGUNDO SHOTARO

ISHINOMORI - O consagrado autor Shotaro

Ishinomori tinha uma crença: a de que o mundo

não passaria do ano 2000. Essa convicção era

tão arraigada que os enredos de suas histórias

de ficção científica futurista – sempre com uma

visão pessimista do mundo - nunca passavam do

ano de 1999. No mangá original de Kamen Rider

Black, por exemplo, o herói e seu irmão Shadow

Moon travam seu duelo final nos escombros de

Tóquio no ano 1999, uma data não muito

distante da data de publicação dessa história,

que foi em 1988 na revista Shonen Sunday. De

certa forma, o mundo acabou mesmo pra ele

antes do ano 2000. O venerado Sensei (mestre)

Shotaro Ishinomori faleceu em 28 de janeiro de

1998, aos 60 anos, por problemas cardíacos.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

0

13) OS PRIMEIROS MANGÁS BRASILEIROS

– Nos dias de hoje, é muito comum que dúzias

de trabalhos realizados no estilo mangá surjam

nas bancas e livrarias. Muitos acreditam que

tamanha influência se deve à explosão dos

animês ocorrida a partir da metade dos anos

1990, o que faria do chamado mangá brasileiro

um fenômeno recente. Na verdade, os primeiros

mangás brasileiros surgiram por volta da metade

dos anos 1960, pelas mãos de um jovem

roteirista, desenhista e editor chamado Minami

Keizi. Nascido na cidade

paulista de Getulina no

ano de 1945, Keizi

passou a infância e a

adolescência

consumindo mangás

originais vindos do

Japão. Em 1964 criou o

personagem

―Tupãzinho, O Guri

Atômico‖, fortemente

baseado em Astro Boy.

Entretanto, teve de

modificar o personagem

por imposição dos

editores, que preferiam um estilo de desenho

mais americanizado. Após a transformação,

Tupãzinho foi publicado em tiras no jornal Diário

Popular e chegou a ter revista própria, publicada

em 1966 pela editora Pan Juvenil. No mesmo

ano e editora, Keizi publicou o Álbum Encantado,

um livro de fábulas escrito por ele e ilustrado

(sob sua orientação) em estilo mangá por

renomados artistas da época, com destaque para

Fabiano J. Dias. Ambos os trabalhos, são

considerados os pioneiros do gênero no Brasil.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

1

Além disso, como editor-chefe da editora

paulista Edrel (sucessora da Pan Juvenil), Keizi

abriu as portas para um talentoso grupo de

jovens artistas que posteriormente viriam a se

consagrar não somente no meio das HQs

nacionais, mas também no das artes plásticas:

Paulo Fukue, Fernando Ikoma e o lendário

Cláudio Seto, o grande mestre do mangá

brasileiro. Foram valorosos pioneiros em uma

época distante. Cláudio Seto, autor de O

Samurai e muitos outros personagens, faleceu

em 2008, aos 64 anos. Minami Keizi faleceu em

2009, também aos 64 anos. Ambos deixaram

suas marcas na história do mangá brasileiro.

14) MANGÁ NA UNIVERSIDADE - Histórias

em quadrinhos – mangá incluído – se tornaram

um tema recorrente em trabalhos e pesquisas

em faculdades de comunicação. Trata-se de uma

valorização dos quadrinhos como arte e cultura

no mundo todo, mas sempre houve muita

resistência para que o assunto fosse levado a

sério, ainda mais no sisudo ambiente acadêmico.

Nessa área, o trabalho pioneiro foi feito no

Brasil, na Escola de Comunicações e Artes (ECA),

da USP, em São Paulo. A professora Sonia Maria

Bibe-Luyten fez sua tese de mestrado sobre

mangá em 1971, uma época em que o tema era

desconhecido da maioria das pessoas. Com o

título Mangá – O Poder dos Quadrinhos

Japoneses, o trabalho pioneiro em pesquisa

acadêmica sobre mangás foi transformado em

livro em 1991 pela editora Estação Liberdade.

Em 2001, foi relançado pela editora Hedra.

15) A VITÓRIA DA PERSISTÊNCIA - Nascido

em 1945, o artista Go Nagai é conhecido por ter

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

2

criado o clássico e revolucionário robô gigante

Mazinger Z, em 1972. Mas também é

considerado um autor profano, associado a

trabalhos com forte teor de violência e erotismo,

características que já lhe renderam muitas

críticas por inserir elementos considerados

inadequados para séries infanto-juvenis. Suas

produções para adultos o fizeram um autor tão

cultuado quanto polêmico devido aos limites que

vive ultrapassando. Mas polêmicas à parte, é

inegável sua importância na cultura pop

japonesa, pois além de Mazinger Z, criou títulos

como Cutey Honey, Devilman e muitos outros

que ganharam legiões de fãs. Sua carreira é um

exemplo de curiosa obstinação. Quando jovem,

após contrair uma diarreia que durou mais de 3

semanas, ele temeu estar com câncer de

intestino e passou a imaginar que ia morrer logo.

Decidiu realizar seu sonho de criança e se tornar

um autor de mangá. Logo descobriu-se que não

tinha nada tão grave e ele foi medicado, mas já

havia se decidido a não seguir os estudos e

começou a mandar testes para editoras. Consta

que ele já mostrava muito talento desde cedo

mas sua mãe, secretamente, ligava para os

editores e pedia que não chamassem seu filho,

pois ela não queria que ele fosse um artista

profissional e sim que seguisse uma carreira

tradicional. Porém, um dia um desses testes que

ele ingenuamente mandava foi visto pelo

veterano Shotaro Ishinomori, que conseguiu

convencer sua mãe a deixá-lo seguir seu sonho.

De assistente de Ishinomori, Go Nagai logo alçou

voo solo e se consagrou como um dos mais

importantes autores de mangá. E tudo começou com uma grande dor de barriga...

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

3

16) O SEGREDO DA SHONEN JUMP - Lançada

em 1968 pela editora Shueisha, a revista Shûkan

Shonen Jump (Salto Jovem – Semanal) é voltada

ao público adolescente masculino (shonen) e se

transformou no maior sucesso editorial da Terra

do Sol Nascente. Com mais de 400 páginas em

papel jornal e impressa na maior parte em

preto-e-branco (um formato comum no país), a

revista já teve picos de venda de mais de 5

milhões de exemplares por edição. De suas

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

4

páginas, saíram títulos como Dragon Ball,

Cavaleiros do Zodíaco, Super Campeões, Naruto,

Slam Dunk, Hikaru no Gô, Samurai X, Video Girl

Ai, Dr. Slump, Gen – Pés Descalços, One Piece,

Yu Yu Hakusho, Death Note, Yu-Gi-Oh, Shaman

King e muitos outros. Parte do segredo da

revista está em sua forte política editorial.

Enquetes são feitas periodicamente perguntando

a seus leitores 3 questões: 1- Qual a palavra que

mais aquece seus corações, 2- O que eles

sentem ser a coisa mais importante na vida e 3-

O que os deixa mais felizes. As respostas são,

―amizade‖, ―esforço‖ e ―vitória‖,

respectivamente. Basta uma lida em duas séries

campeãs de épocas diferentes, como Naruto e

Cavaleiros do Zodíaco, para ver que essa política

vem sendo seguida nas séries de maior apelo

popular. Com diversos títulos derivados no

Japão, a Shonen Jump estreou nos EUA com

uma versão mensal em novembro de 2002, apesar da capa indicar ―janeiro de 2003‖.

17) AFTERNOON: O MAIOR GIBI DO MUNDO

– Muita gente acha os almanaques japoneses de

mangá parecidos com listas telefônicas. Não

existe mangá que mereça mais esse apelido que

a revista mensal Afternoon, da Ed. Kodansha,

com mais de 1.000 páginas por edição. A

Afternoon publicou a série Ah! Megami Sama

(Oh My Goddess!), de Kosuke Fujishima, de

bastante repercussão no Japão e que teve seu

animê já visto no Brasil. Outra série conhecida

no Brasil é Mugen no Juunin (Blade – A Lâmina

do Imortal), de Hiroaki Samura. A Afternoon foi

fundada em 1987 e é também a revista de

quadrinhos mensal mais ―pesada‖ do mundo,

com cerca de 1 kg de papel por edição. Essa não

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

5

dá pra guardar no meio dos livros pra ler

escondido na escola...

18) REI DO FUTEBOL POR ACASO – Não há

como discutir que o nome mais representativo

da história dos mangás ligados ao tema futebol é

o do mangaká Yoichi Takahashi. Especialista em

mangás esportivos, ele é considerado um dos

grandes responsáveis pela popularização do

futebol no Japão durante os anos 80. Tudo

devido ao seu megassucesso Super Campeões

(Captain Tsubasa, no original), série produzida

em várias fases ao longo de mais de vinte anos e

cujas versões em animê rodaram o mundo. Mas

o mais engraçado dessa história é que, ao

contrário do que se poderia imaginar, Takahashi

não era fã de futebol. Segundo ele mesmo, a

primeira vez que assistiu a uma partida foi aos

17 anos de idade, através de uma transmissão

de TV enquanto jantava com amigos em um

restaurante italiano. Foi só a partir daí que ele

tomou conhecimento do que era o esporte.

19) O SENHOR DOS DESAFIOS – Muito mais

do que um grande roteirista de mangás

esportivos (gênero ainda pouco difundido no

Brasil), ele foi um dos maiores da história do

gênero. Sua capacidade sem igual de trabalhar

com ação dramática e temas de superação,

garantiram-lhe um lugar entre os grandes. Por

isso mesmo, torna-se impossível contar a

história do mangá moderno sem citar o nome de

Ikki Kajiwara. Nascido como Asaki Takamori em

1936, ele chegou ao estrelato na segunda

metade dos anos 60 produzindo para a revista

Shonen Magazine aquelas que seriam as suas

três obras primas: Kyoujin no Hoshi (A Estrela

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

6

dos Gigantes) desenhada por Noboru Kawasaki e

que tinha como tema o beisebol, Tiger Mask

ilustrada por Naoki Tsuji e que abordava a luta

livre e a mais do que lendária obra sobre boxe

Ashita no Joe, que teve o traço de Tetsuya Chiba

e foi assinada por Kajiwara com o pseudônimo

de Asao Takamori. Sua obra mais conhecida no

Brasil é a versão em animê do mangá biográfico

Kick no Oni (O demônio do Chute), desenhado

por Ken Nakajô e que romanceava a vida do

kickboxer japonês Tadashi Sawamura. Produzida

pela Toei Animation em 1970, a série de animê

fez grande sucesso no Brasil entre o final dos

anos 70 e o início dos 80, sendo aqui exibida

com o nome de Sawamu, o demolidor. No início

de 1987, Kajiwara faleceu precocemente aos 50 anos, deixando atrás de si um legado imortal.

20) UM MANGÁ EM DOZE ASSALTOS –

Famoso por seus mangás de guerreiros

fantásticos, Masami Kurumada possui uma obra

do gênero esportivo pouco conhecida no

ocidente, mas muito famosa no Japão: Ring ni

Kakero (Arrisque tudo no Ringue!). Publicada

entre 1977 e 1981 na revista semanal Shonen

Jump, a história fala da vida de três

personagens: O jovem boxeador Ryuuji Takane,

seu arquirrival Jun Kenzaki e a irmã de Takane,

Kiku, que é também sua treinadora. Recheada

de combates, dramas e histórias de superação, a

série é considerada um dos exemplos mais

representativos do que é chamado de ―Estilo

Shonen Jump‖ de fazer mangá. Além disso, suas

lutas épicas cheias de golpes especiais e

referências a mitologia grega, serviram de base

para Kurumada desenvolver Os Cavaleiros do

Zodíaco. O próprio protagonista, Ryuuji Takane,

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

7

serviu de modelo para o cavaleiro Seiya. Anos

mais tarde, após o fim de B’t X, o autor resolveu

retomar a série. E assim, no ano de 2000, a

revista mensal Super Jump iniciou a publicação

de Ring ni Kakero 2, desta vez contando a

história de outro boxeador: Rindo Kenzaki, filho

de Jun e Kiku.

21) RUMIKO TAKAHASHI: A RAINHA DO

MANGÁ – Tudo começou em 1978, quando uma

desconhecida estudante universitária ganhou um

concurso de novos talentos promovido pela

editora Shogakukan. Mais do que uma nova

artista, nascia para o mundo não só o maior

nome feminino da história do mangá mas

também das HQs em geral: Rumiko Takahashi.

Nas décadas que se seguiram, ela enfileirou um

sucesso atrás do outro: Urusei Yatsura, Maison

Ikoku, Ranma ½, InuYasha e mais

recentemente, Kyokai no Rinne. Quase todos

lançados na revista semanal Shonen Sunday, de

quem se tornou uma das marcas, juntamente

com Mitsuru Adachi e Gosho Aoyama. Sucesso

de público sem precedentes, as coletâneas de

seus trabalhos já venderam ao redor do mundo a

absurda marca de mais de 170 milhões de

exemplares, o que a

tornou a artista de

quadrinhos mulher

mais bem paga do

planeta. Os dados

sobre sua fortuna são

guardados a sete

chaves, mas é fato de

que desde os anos 90

ela se tornou uma das

pessoas físicas que

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

8

mais paga imposto de renda no Japão... O que

não é pouco. Se Tezuka é o Deus e Ishinomori o Rei, Takahashi merece ser chamada de Rainha.

22) FAMÍLIA DE SUCESSO? – Responda

rápido: Além de serem renomados mangakás, o

que Rumiko Takahashi (Ranma ½ e InuYasha),

Yoichi Takahashi (Super Campeões) e Kazuki

Takahashi (Yu-Gi-Oh!) tem mais em comum? A

resposta é... Absolutamente nada. Sim, porque

ao contrário do que se poderia imaginar à

primeira vista, eles não são parentes. Apesar de

parecer bem diferente e exótico para nós,

Takahashi é um sobrenome extremamente

popular entre os japoneses e juntamente com

Sato, Suzuki, Tanaka e Watanabe, forma o grupo

dos cinco sobrenomes mais utilizados pelos

cidadãos do arquipélago. Como se pode ver, o Japão também tem os seus ―Silvas‖.

23) NA PORTA DO BANHEIRO – Na série de

mangá e animê Ranma ½, o herói Ranma

Saotome se transforma em mulher quando é

molhado com água fria e só volta a ser homem

quando é molhado com água quente. Porém, tão

pitoresca quanto essa transformação é a história

de como ela foi criada. Durante a elaboração do

projeto, a autora Rumiko Takahashi estava

quebrando a cabeça para encontrar uma

transformação que fosse diferente e divertida.

Enquanto mentalizava alternadamente imagens

de homens e mulheres, ela acabou se detendo

nas figuras colocadas nas portas dos banheiros

masculinos e femininos. Como os banheiros

lembravam água, foi daí que ela tirou a ideia.

Quanto ao nome Ranma, ele não foi escolhido

por acaso. Por ter a peculiaridade de poder ser

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

9

utilizado tanto por

homens quanto por

mulheres, ele acabou

se tornando a escolha

perfeita para batizar o personagem.

24) INU-YASHA, O

DEMÔNIO

GUARDIÃO – Na

mitologia hindu

budista, Yasha é o

nome que se dá a uma

espécie de entidade

sobrenatural que pode

eventualmente ser

domesticada para funcionar como um demônio

guardião para casas e templos. Como Inu

significa Cão, pode-se dizer em uma tradução

bem livre que InuYasha é algo como Cão

Demônio Guardião. Já a roupa do herói é

vermelha devido ao costume de se colocar nas

entradas dos templos estátuas de Yashas

pintadas com esta cor. As mesmas estátuas

também costumam apresentar dentes caninos

proeminentes, o que nos remete à espada do

herói, que é chamada de Tetsusaiga. Esse nome

significa ―Canino de Ferro Destruidor‖, e vem do

fato de que a espada foi feita a partir de um dos

dentes caninos do falecido Cão Demônio, pai de InuYasha.

25) AYRTON SENNA, HERÓI DOS MANGÁS –

Modelo de disciplina e determinação, o

tricampeão mundial Ayrton Senna é talvez o

brasileiro mais conhecido e reverenciado na

Terra do Sol Nascente. Mas muito antes de sua

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina3

0

morte trágica em 1994 lançar uma aura ainda

mais heroica sobre o piloto, ele já era retratado

como um grande herói através de alguns

mangás. O principal foi F no Senkou – Ayrton

Senna no Chousen (ou ―O Brilho da Fórmula – O

Desafio de Ayrton Senna‖), onde o campeonato

de 1991 foi retratado de forma emocionante

graças ao trabalho de Koyuu Nishimura

(conceito), Katsuhiro Nagasawa e Hirohisa

Onikubo. A série foi publicada no mesmo ano,

pela renomada Shonen Jump. O famoso carro de

Senna na época, o McLaren 27, também

estampou diversas capas da revista, ao lado de

personagens de series famosas da Jump, como Dragon Ball, Video Girl Ai, City Hunter e outras.

26) O VERDADEIRO MANGÁ DE AUTOR – Em

japonês, a palavra "doujinshi" designava

originalmente qualquer publicação independente

produzida por um ou mais escritores. Com o

tempo, o termo se estendeu a outras formas de

expressão artística e acabou incluindo o mangá.

Mas, ao contrário de antigamente, estes são hoje

muito mais do que simples produções caseiras.

Em uma definição mais atual os doujinshi de

mangá são revistas de pequena tiragem,

produzidas pelos próprios autores e que graças à

tecnologia, conseguem apresentar um

acabamento gráfico de alto nível. Em vista disso,

muitos autores que não desejam ver suas

criações submetidas ao severo controle das

grandes editoras publicam-nas como dojinshi,

conseguindo inclusive sobreviver de suas

vendas. Até mesmo profissionais consagrados

chegam a lançar mão desse recurso como uma

maneira de se expressarem mais livremente.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina3

1

27) COMIKET - O EVENTO GIGANTESCO – Se

existe um paraíso para o doujinshi (os fanzines

japoneses), esse lugar é o evento conhecido

como Comic Market, ou simplesmente Comiket.

Realizado duas vezes por ano (Nos meses de

agosto e dezembro) no megacentro de

convenções Tokyo Big Sight, o Comiket conta

com cerca de 35.000 grupos de artistas que ali

se reúnem para venderem os seus trabalhos.

Durante três dias, os corredores do local ficam

abarrotados de fãs, colecionadores, cosplayers e,

é claro, caçadores de talentos a serviço das

editoras, que estão sempre atrás de alguma

estrela emergente. Sem equivalentes em

nenhum outro lugar do mundo, o Comiket é

visitado por um público médio de 500.000

pessoas, o que interfere até mesmo na logística

da cidade de Tóquio, que é obrigada a criar

esquemas de policiamento e transporte. Nada

mal para um evento que começou em 1975 com

32 grupos de artistas e um público de apenas 600 pessoas.

28) TOKIWA - UMA CASA LENDÁRIA - Já

pensou visitar uma casa onde vivessem todos os

seus autores de mangá favoritos? Esse ―lugar

dos sonhos‖ existiu mesmo, e sua fama começou

em 1952, quando o ainda jovem Osamu Tezuka

se mudou para lá, sendo logo seguido por outros

autores. Batizada Tokiwa-sô, a pensão foi,

durante um tempo, lar e local de trabalho de

mestres como Osamu Tezuka (A Princesa e o

Cavaleiro, Buda, Kimba), Shotaro Ishinomori

(Kamen Rider, Cyborg 009), a dupla Fujiko F.

Fujio (Doraemon, Super Dínamo) e muitos

outros. Os autores colaboravam entre si e

trocavam ideias, ajudando a formatar a indústria

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina3

2

dos mangás e tornando o lugar o mais

importante estúdio (mesmo que informal) que já

existiu no Japão. O local foi demolido em 1982 e

em seu lugar, um monumento foi construído.

Uma homenagem justa a uma geração que

moldou o que seria a base da cultura pop

japonesa.

29) BURONSON: UM ROTEIRISTA DURÃO –

Em 1969 ocorreu um fato inusitado: O técnico

em manutenção de radares Yoshiyuki Okamura

deu baixa de seu posto nas forças armadas

japonesas para tornar-se... roteirista de mangá.

Não só conseguiu o seu intento, como tornou-se

um dos maiores. Adotando o pseudônimo de

Buronson (homenagem ao ator americano

Charles Bronson, de quem também adotou o

vistoso bigode), ele rapidamente construiu uma

sólida carreira no gênero dos mangás de ação e

combate, atingindo a consagração entre 1983 e

1988 com a série Hokuto no Ken (Fist of the

North Star). Realizada em parceria com o

desenhista Tetsuo Hara, a série é considerada

um dos maiores clássicos da história da revista

Shonen Jump. Outro gênero que marcou a

carreira de Buronson foram as histórias policiais,

notadamente as criadas em parceria com o

genial desenhista Ryoichi Ikegami: Strain, Heat e

a obra-prima Sanctuary, publicada entre 1990 e

1995 na revista Big Comic Superior e lançada

(incompleta) no Brasil pela Conrad Editora. Esta

última foi assinada por Buronson com outro

pseudônimo: Sho Fumimura. Seu mais recente

sucesso é o mangá histórico LORD, que tem

como cenário a China antiga. A série estreou em

2004 pela Big Comic Superior, ilustrada pelo velho parceiro Ikegami.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina3

3

30) FUJIKO F. FUJIO: UM AUTOR QUE

VALEU POR DOIS – Quando os jovens

mangakás Hiroshi Fujimoto e Motô Abiko

resolveram formar uma dupla no início dos anos

50, adoraram um nome único: Fujiko Fujio, que

tornou-se uma marca lendária ao assinar alguns

dos mais populares mangás de todos os tempos.

O curioso é que, apesar de assinarem como uma

dupla, cada criação era feita por apenas um

deles, já que os trabalhos de Fujimoto eram

mais voltados para o público infantil e os de

Abiko para o público infanto-juvenil e adulto. O

auge dos dois ocorreu durante as décadas de 60

e 70, quando criaram uma avalanche de séries

imortais: Ninja Hattori-kun, Kaibutsu-kun,

Warau Salesman, Mangá Michi, Pro Golfer Saru e

Shonen Jidai, criadas por Abiko e Obake no Q-

Tarô, Esper Mami, Kiteretsu Daihyakka, Paa-man

(conhecida no Brasil como Super Dínamo) e

Doraemon, criadas por Fujimoto. A parceria foi

oficialmente dissolvida no final dos anos 80, mas

ambos encontraram uma solução bem criativa

para continuarem com o uso do famoso

pseudônimo. Fujimoto passou a assinar como

Fujiko F. Fujio, e continuou a trabalhar em

Doraemon até a sua morte em 1996. Já Abiko

tornou-se Fujiko Fujio (A) e, apesar da idade

bem avançada, permanece na ativa até os dias

de hoje. Em homenagem a Fujiko Fujio, foi

anunciada em 2010 a construção de um

grandioso museu na cidade de Kawasaki.

31) BATMAN E OUTROS HERÓIS

AMERICANOS EM MANGÁ – Com todas as suas

peculiaridades e toda sua força de comunicação

perante o público local, o mangá não tem

concorrentes em seu país de origem.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina3

4

Personagens estrangeiros são publicados lá, mas

sem a grande força popular que os produtos

locais têm. O grande mercado de leitores

japoneses sempre atraiu os olhos das grandes

editoras dos EUA, a Marvel e a DC Comics.

Batman é o que teve mais versões em mangá.

Entre 1966 e 67, uma divertida série de mangás

da revista Shonen King e assinadas por Jiro

Kuwata (desenhista do Oitavo Homem)

mostravam

Batman e Robin

num clima que

abraçava o estilo

exagerado e

espalhafatoso do

live-action

estrelado pelo

roliço Adam

West. Uma

compilação foi

publicada nos

EUA com o título

Batmanga em

2008. Em 2000,

veio o mangá de

Kia Asamiya

(editado no Brasil

pela Mythos),

autor que também trabalhou com versões

japonesas de X-Men e Star Wars. Batman

também ganhou uma versão de Katsuhiro Otomo

(de Akira) na série de especiais Batman – Preto

e Branco (editado no Brasil pela Panini). O

Superman foi o primeiro de todos os super-

heróis americanos a ser adaptado por um artista

japonês para o público local, tendo tido sua

versão mangá em 1960, por Tatsuo Yoshida, o

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina3

5

criador do Speed Racer. Pelo lado da Marvel,

ficaram famosas as versões de Homem-Aranha

(por Ryoichi Ikegami) e X-Men (por Hiroshi

Higuchi, Koji Yasue, Miyako Kojima, Reiji

Hajihara). Ambos foram publicados também no Brasil pela Mythos Editora.

32) CLAMP: A MÁQUINA DE FAZER

SUCESSOS – Na metade dos anos 80, elas eram

apenas mais um dentre milhares de grupos de

garotas que se reuniam para criarem os seus

fanzines. Anos depois, tornaram-se estrelas do

primeiro time, conhecidas por emplacarem um

sucesso após o outro. O nome do grupo roda o

mundo como uma espécie de grife do mangá de

qualidade, o que faz com que nenhum fã do

gênero deixe de respeitar o trabalho do grupo

CLAMP. Formado inicialmente por onze

integrantes, o número desceu para sete e

finalmente a quatro: A líder e roteirista Ageha

Okawa e as ilustradoras Mokona, Tsubaki Nekoi

e Satsuki Igarashi, e foi com essa formação que

elas alcançaram o estrelato. Além da qualidade e

da quantidade das obras produzidas, o que

chama a atenção nelas é a sua versatilidade

incomum. Já produziram mangás de

praticamente todos os gêneros, trabalhando com

aventura, drama e comédia. Isso para um

público tanto masculino, quanto feminino. E de

todas as idades. Por isso mesmo, não é de se

estranhar que as encadernações de seus

trabalhos tenham vendido mais de 100 milhões

de cópias em todo o mundo. Para completar

ainda trabalham como ilustradoras e character

designers de animês, como no caso do badalado

Code Geass, da produtora Sunrise.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina3

6

33) AS AUTORAS QUE SÃO BATATAS – Em

inglês a palavra ―clamp‖ tem muitos significados,

sendo ―braçadeira‖, ―fita‖ e ―grampo‖, alguns

dos mais comuns. Só que as integrantes do

grupo que leva esse nome, com a habitual

irreverência que as caracteriza, preferem dar

outra explicação para o sentido da palavra que

escolheram para se batizarem. O clamp em

questão é um termo que vem da agricultura

norte-americana. Para não deixarem as suas

colheitas de vegetais a céu aberto, os

agricultores americanos costumam empilhá-las

em um local preparado e cobri-las com palha e

terra para que assim se protejam das

intempéries. A esse tipo de pilha, se dá o nome

de clamp. Como os vegetais mais utilizados

nessa prática são as batatas, as artistas gostam

de dizer que o CLAMP delas significa ―Pilha de Batatas‖.

34) BRINCANDO COM OS NOMES – Não se

pode negar que o uso de pseudônimos é uma

espécie de instituição entre os artistas de

mangá. Muitos sabem brincar muito bem com

isso, sendo um bom exemplo o das integrantes

do grupo CLAMP. Quando explodiram no início

dos anos 90, elas se chamavam: Mokona Apapa,

Mick Nekoi, Satsuki Igarashi e Nanase Okawa.

Entretanto em 2004, por ocasião do 15º

aniversário do grupo, elas resolveram mudar os

seus nomes. Mokona retirou o Apapa, por achar

que soava muito infantil. Mick mudou para

Tsubaki, porque não gostava de ouvir que o seu

nome lembrava o de Mick Jagger. Satsuki

Igarashi manteve a pronúncia mas trocou os

caracteres, enquanto Nanase virou Ageha por

motivo nenhum, ela só quis acompanhar as

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina3

7

colegas. Acontecerão outras mudanças ainda? Só

o tempo dirá...

35) X: O FIM ESTÁ PRÓXIMO? – O poderoso

Kamui Shirou tem quinze anos e carrega nos

ombros um fardo digno de um deus: Decidir

entre a sobrevivência ou da raça humana ou da

Terra, sabendo que a escolha por uma implicará

necessariamente na destruição da outra. É dessa

premissa, que fala do apocalipse e do final dos

tempos, que nasceu X, a mais forte e polêmica

das obras do grupo CLAMP. Surgida em 1992 na

revista Asuka, a série causou grande impacto ao

misturar um roteiro pesado, carregado de

dramas psicológicos e extrema violência, com

um traço suave e delicado típico dos mangás

para meninas. Mas, infelizmente para o CLAMP,

não foi só o conteúdo que deu fama à X.

Algumas suspensões que impediram a conclusão

da série, que já deveria ter terminado há um

bom tempo, também a deixaram famosa. Tudo

começou em 1995, quando um devastador

terremoto atingiu o Japão, deixando milhares de

vítimas. Como o mangá mostrava muitos

terremotos, a série ficou visada pelos leitores e a

editora houve por bem suspendê-la por algum

tempo. Logo após a volta, outro problema: Em

1997, um adolescente psicopata de quatorze

anos assassinou brutalmente duas crianças em

um crime que chocou o Japão. Apesar do fato

não ter nenhuma relação com animês ou

mangás, os políticos japoneses passaram a

patrulhar a indústria do entretenimento e X,

devido ao seu conteúdo, foi novamente

suspensa. Finalmente em 2003, uma divergência

sobre o conteúdo entre o CLAMP e a editora tirou

novamente a série do ar, sem previsão de

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina3

8

retorno. Pelo visto, apesar de as autoras

afirmarem seguidamente que pretendem concluir

a série, o final de X parece tão incerto quanto as profecias de Nostradamus.

36) SHURATO BY CLAMP? - Em seu começo

de carreira, quando ainda faziam trabalhos

profissionais conjuntamente com doujinshis, elas

criaram duas obras com o então famoso

personagem Shurato: ―Watashi no Himitsu Heiki‖

de 89 e ―Tenku Senki Shurato Original Memory:

Dreamer‖ de 90, este último acabou sendo

publicado na revista Newtype Comic Genki no Moto.

37) LIDANDO COM PRAZOS - Produzir

histórias seriadas semanais exige uma produção

extensa. Mesmo com a ajuda de assistentes que

se encarregam do acabamento, os autores estão

sempre lutando contra prazos e sendo

pressionados por seus editores para nunca

atrasarem uma entrega. Isso já gerou situações

que se tornariam embaraçosas, como o que

aconteceu com o autor Yoshihiro Togashi.

Durante a produção de Hunter x Hunter, para

não atrasar a entrega de suas páginas semanais

para a Shonen Jump, ele já teve que enviar para

serem publicadas páginas inacabadas, até

mesmo com esboços a lápis sem muita definição.

Dentro do competitivo mundo do mangá, se ele

fosse um autor menor ou iniciante, já teria sido demitido.

38) SAILOR MOON E A LENDA DA ROUPA DE

MARINHEIRO - Publicada entre os anos de

1992 e 1997 nas revistas Nakayoshi e Run Run

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina3

9

da editora Kodansha, e transformada em um

animê de 200 episódios pela Toei Animation

(fora especiais de cinema, um musical estilo

Broadway e uma série tokusatsu), Sailor Moon

foi um dos ícones dos anos 1990. A história das

5 adolescentes com superpoderes, que

misturava comédia e romance com batalhas

épicas, acabou se tornando um dos grandes

clássicos da história moderna do gênero animê e

mangá, levando fama e fortuna à sua autora,

Naoko Takeuchi. Entretanto, uma pergunta óbvia

sempre pairou no ar: Porque as heroínas Moon,

Mars, Mercury, Júpiter e Vênus receberam o

curioso prenome Sailor? A explicação é a

seguinte: A partir do final do século XIX, o Japão

passou a adotar o sistema educacional inglês em

suas instituições de ensino, o que incluía copiar o

padrão dos uniformes escolares. Os uniformes

para meninas eram uma estilização dos

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina4

0

uniformes utilizados pelos marinheiros da Royal

Navy (Marinha Real Inglesa) e, por este motivo,

eram popularmente conhecidos como sailor fuku.

O termo é uma mistura da palavra inglesa sailor,

que significa marinheiro, e da palavra japonesa

fuku, que significa roupa. Com o tempo, o termo

sofreu uma contração, e o uniforme passou a ser

conhecido como seifuku. Até os dias de hoje, a

vestimenta é amplamente utilizada nas escolas e

tornou-se uma espécie de marca registrada das

estudantes japonesas, notadamente as que

estão na faixa dos 13 aos 15 anos. 39) A PRECURSORA DAS GUERREIRAS

LUNARES Foi pelo fato das heroínas de Sailor

Moon usarem como uniforme estilizações do

clássico seifuku, que elas receberam a

designação de Guerreiras Sailor. O curioso é que

este conceito não foi criado pela autora para

Sailor Moon. Ele nasceu em sua obra anterior:

Codename wa Sailor V, série publicada em 1991

na revista Run Run e que contava as aventuras

de Sailor Vênus, a primeira das guerreiras a ser

criada e que foi incorporada à equipe de Serena.

Foi o sucesso dessa primeira série que

impulsionou a criação de Sailor Moon.

40) SAILOR MOON - SIGNIFICADOS DOS

NOMES - Durante a criação das Guerreiras

Sailor, Naoko Takeuchi preocupou-se em dar às

personagens nomes que tivessem um sentido

relacionado às suas personalidades. Na versão

original, Sailor Moon chama-se Usagi Tsukino

(Pronuncia-se Ussaguí) ou, se adotarmos o

hábito japonês de colocar o sobrenome antes do

nome, Tsukino Usagi. Esse nome significa

literalmente Coelho da Lua ou, se preferirmos,

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina4

1

Coelha da Lua, já que o idioma japonês não faz

essa flexão de gênero. O sentido do nome está

relacionado a elementos clássicos da mitologia

japonesa, que apresentam a lua como a morada

dos coelhos. Quanto às outras... Sailor Mercury é

Ami Mizuno ou Mizuno Ami, que pode ser

traduzido como Espírito da Água ou Amiga da

Água. Sailor Mars é Rei Hino ou Hino Rei, o

Espírito do Fogo. Sailor Júpiter é Makoto Kino ou

Kino Makoto (Lita, para os ocidentais), a Verdade

da Madeira ou Sinceridade da Madeira. Já Sailor

Vênus é Minako Aino ou Aino Minako (Mina, no

ocidente), a Bela Filha do Amor.

41) HERÓI DE SMOKING - Sem dúvida,

Tuxedo Mask não pode reclamar da vida. Além

de ter nascido bonito, inteligente e podre de rico,

ele ainda tira uma de herói e é o namorado da

Sailor Moon. Seu nome vem do original Tuxedo

Kamen, que significa literalmente o Mascarado

de Tuxedo. Mas, o que diabos é Tuxedo? Bem,

esse é o nome que os americanos dão à roupa

de gala que nós por aqui chamamos de Smoking

ou Black-Tie. A origem do termo é bem

pitoresca: Em 1860, o alfaiate inglês Henry Poole

criou a tal roupa para o Príncipe Eduardo VII,

futuro Rei da Inglaterra. Em visita ao país, o

americano James Potter encantou-se com a

roupa e pediu ao mesmo alfaiate que lhe fizesse

uma igual. De volta aos Estados Unidos, a roupa

nova de Potter fez grande sucesso entre os

membros do clube chique que ele frequentava,

tanto que todos começaram a copiá-la, tornando

o seu uso muito comum em jantares e

cerimônias. Como o tal clube chamava-se

Tuxedo Park Club, foi daí que surgiu a

denominação da roupa. Voltando ao

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina4

2

personagem... Chamado no ocidente de Darien,

na versão original, seu nome civil tem um

significado bem imponente: Mamoru Chiba ou

Chiba Mamoru, significa o Protetor da Terra.

42) CASÓRIO NO MUNDO DOS MANGÁS -

Quando eles anunciaram que estavam

apaixonados e pretendiam se casar, o mundo do

mangá quase veio abaixo. Afinal de contas, não

é todo dia que duas superestrelas do ramo como

Naoko Takeuchi (criadora de Sailor Moon) e

Yoshihiro Togashi (criador de Yu Yu Hakusho e

Hunter X Hunter) resolvem juntar os trapinhos. E

assim, no dia 6 de janeiro de 1999, eles

contraíram núpcias em uma badaladíssima

cerimônia digna de artistas pop. Desde então,

Hime (Princesa) e Ouji (Príncipe), como gostam

de se chamar um ao outro, vivem ricos e felizes

e já tiveram até um filho, cujo nome não foi

divulgado para a imprensa e a quem eles se

referem apenas como Petit Ouji (Pequeno Príncipe).

43) NASCIDO POR AQUI – Misturando ação,

magia e erotismo, a série de mangá Greed

Packet Unlimited, publicada na revista Dengeki

Maoh, seria para nós apenas mais um bom título

do gênero se não fosse uma peculiaridade: Seu

autor, Kamiya Yuu é brasileiro. Sim, porque este

é o pseudônimo de Lucas Thiago Furukawa, um

mineiro de Uberaba que se mudou para o Japão

aos 7 anos de idade. Autodidata, ele começou a

desenhar por ser fã de mangás, animês e

games. Foi em uma edição do Comiket que um

olheiro da prestigiada editora Media Works

gostou do seu trabalho e lhe ofereceu uma

oportunidade, transformando-o no primeiro

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina4

3

mangaká profissional no Japão, nascido no

Brasil. O que chama atenção em seu trabalho é

que Kamiya dispensa o uso de lápis e papel,

realizando o trabalho de arte diretamente no

computador através do uso de um pen tablet, o

que pode se tornar cada vez mais comum. Além

dos mangás, ele também trabalha como ilustrador e designer de games.

44) SAMURAI X:

INVENTANDO

NOMES – Criada

em 1994 por

Nobuhiro Watsuki

para a revista

Shonen Jump, a

série Rurouni

Kenshin

(distribuída no

ocidente como

Samurai X) conta

as aventuras do

samurai Kenshin

Himura, também

conhecido como

Battousai, o

Retalhador. O

curioso é que

Rurouni é uma palavra que não existe na língua

japonesa, sendo um neologismo criado por

Watsuki. A nova palavra foi baseada em Rurou,

que significa errante ou andarilho, para designar

uma pessoa que anda pelo mundo sem destino.

Outra palavra criada, foi o apelido Battousai. Ela

foi inspirada em Battou, uma técnica samurai

que consiste em sacar a espada e cortar o

inimigo com apenas um único movimento. Já o

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina4

4

nome Kenshin foi criado a partir das palavras

Ken (espada) e Shin (Coração), significando

literalmente ―Coração da Espada‖. Quanto ao

nome Samurai X, este foi baseado na cicatriz

que o protagonista leva em seu rosto.

45) KENSHIN E O MODELO HISTÓRICO –

Kenshin Himura, protagonista da série Samurai

X, foi baseado em uma pessoa real: O samurai

Gensai Kawakami. Nascido em 1834, ele

abandonou os seus estudos de monge para se

dedicar à arte da espada. Sua peculiaridade era

a sua aparência frágil: Possuía traços delicados,

cabelos compridos e era facilmente confundido

com uma mulher. Mas, ao contrário do que sua

aparência poderia indicar, Kawakami era um

assassino brutal e implacável, talvez o maior de

seu tempo. Trabalhou como samurai executor

para o Ishin Shishi (Grupo de revolucionários

que, durante a década de 1860, ajudou a

derrubar o regime do Shogunato, substituindo-o

pelo do Imperador) e matou tantos inimigos que

ganhou o apelido de Hitokiri (Retalhador de

pessoas), alcunha que também foi transportada

para o personagem Kenshin. Seu destino,

entretanto, não foi tão feliz quanto o do

personagem. Suas ideias xenófobas e

isolacionistas o colocaram em rota de colisão

com as políticas do novo regime, que passou a

vê-lo como uma ameaça. Por esse motivo, em

1871, ele foi preso e executado pelo mesmo governo que um dia ajudara a empossar.

46) ONE PIECE E O VERDADEIRO TESOURO

– Criada em 1997 por Eiichiro Oda para a revista

Shonen Jump, a série One Piece encantou o

mundo contando as aventuras do destemido

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina4

5

pirata Monkey D. Luffy, que navega pelos mares

de seu mundo em busca do One Piece, o maior

tesouro de todos os tempos. Entretanto, mais de

60 volumes encadernados e mais de 490

episódios de animê depois, o verdadeiro tesouro

revelou-se ser a própria série. Sim, porque ao

bater em 2010 a marca de mais de 200 milhões

de volumes encadernados vendidos, One Piece

consagrou-se como o mangá de maior vendagem

de todos os tempos. Só para se ter uma idéia,

esse número chega próximo a vendagem de

todas as obras de Rumiko Takahashi ou de todas

as obras do grupo CLAMP. De fato, One Piece

pode ser chamado de o maior tesouro de todos

os tempos, principalmente pelo seu autor.

47) VAGABOND - UMA ESPADA E SEUS

CAMINHOS - Publicada desde 1998 na revista

Morning (da

Editora

Kodansha), a

série Vagabond

de Takehiko

Inoue já se

igualou em

prestígio a

grandes

clássicos do

gênero

samurai, tais

como A Lenda

de Kamui, de

Sanpei Shirato

e Lobo

Solitário, de

Kazuo Koike e

Goseki Kojima.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina4

6

Criada como uma versão em mangá do romance

Musashi de Eiji Yoshikawa, a série extrapolou e

ganhou luz própria. Tudo graças ao talento de

Inoue, que soube preservar a estrutura básica da

história e ao mesmo tempo reinventar

personagens e situações de modo inusitado e

surpreendente. Isso fez de Vagabond um épico

de fantasia heroica inspirado na vida de

Miyamoto Musashi, o maior samurai da história

do Japão. O curioso é que o romance original,

publicado em capítulos diários no jornal Asahi

Shimbun entre os anos de 1935 e 1939, também

teve um caráter muito mais fantasioso do que

biográfico. Yoshikawa, na época um já

consagrado escritor de romances históricos,

trabalhou a biografia de Musashi de modo a

torná-la o mais interessante possível. Em suma,

romanceou tudo o que podia e inventou o que

faltava. Isso foi feito de um modo tão brilhante,

que sua obra acabou entrando no imaginário

popular do Japão contemporâneo. De fato, o

grande espadachim Musashi por si só já teve a

sua glória, conquistada através de seus feitos.

Mas é certo que a grande capacidade de mestres

como Yoshikawa e Inoue de contá-los só serviu e

ainda serve para aumentar cada vez mais o

tamanho de sua lenda.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina4

7

48) DEATH NOTE BANIDO NA CHINA –

Criado por Tsugumi Ohba (roteiro) e Takeshi

Obata (arte), a série Death Note estreou na

Shonen Jump semanal em dezembro de 2003 e

gerou 12 volumes encadernados (chamados

tankohon ou tankobon), que foram lançados no

Brasil pela editora JBC. Conta a história do

estudante Light (Raito) Yagami, que se torna um

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina4

8

serial killer ao encontrar um caderno de um

Shinigami (Deus da Morte da mitologia

japonesa), que permite matar alguém apenas

escrevendo seu nome no caderno. Apelidado

―Kira‖ (uma corruptela japonesa para ―killer‖),

Yagami é perseguido pelo detetive excêntrico

―L‖, numa trama cheia de suspense e

reviravoltas. O sucesso gerou um romance

literário, uma série em animê de 37 episódios

(Studio Madhouse, 2006), games e longas em

animê e live-action, além de uma aclamada peça

de teatro brasileira chamada O Caderno da Morte

– Death Note (Cia Zero-Zero de Teatro, 2008).

Mas na China, a popularidade da série criou

problemas com o governo local. Em 2005,

autoridades da cidade de Shenyang, na província

de Liaoning, proibiram a presença do mangá em

suas escolas. Tudo porque estudantes estavam

adaptando seus cadernos para parecerem com o

caderno negro da série e estavam escrevendo

nele nomes de inimigos e desafetos a quem

desejavam o mal, incluindo professores. Foi dito

que estavam protegendo seus jovens da má

influência que a leitura de Death Note poderia

trazer, mas também se combateu a pirataria

editorial. A proibição aos mangás de Death Note

se estendeu a outras cidades, como Shangai,

Beijing e Lanzhou. Mesmo com esse incidente,

Death Note foi publicado legal e normalmente em Hong Kong e Taiwan.

49) INSPIRAÇÃO OU PLÁGIO? - Em outubro

de 2005, surgiu uma notícia inusitada no

mercado de mangás. Yuki Suetsugu, que

escrevia shojo mangá para a revista mensal

Bessatsu Friend, da Kodansha, havia sido

acusada de plagiar outras obras em suas

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina4

9

próprias historias. Em Eden no Hana, Suetsugu

utilizou varias cenas de basquete do cultuado

Slam Dunk, de Takehiko Inoue. Suetsugu

reconheceu o próprio erro e pediu desculpas aos

leitores em seu blog, que fora encerrado

posteriormente, junto com seu site oficial. Por

causa disso, a Kodansha tinha determinado o

recolhimento de todos os mangás encadernados

do autor, assim como o cancelamento de sua

obra mais recente, Silver (na revista Bessatsu

Friend). Todo o material seria analisado para

saber o quanto ela havia copiado. Além do Slam

Dunk, há referências a outros mangás como

Real, também de Takehiko Inoue, e Bastard, de

Kazushi Hagiwara. Suetsugu também se

aproveitou de fotos de modelos e ilustrações publicitárias.

50) BRITNEY HAMADA, UMA AUTORA

EXÓTICA! – Britney Hamada é uma jovem

autora de mangás que

surgiu em 2006 e vem

ganhando fama, mas

não pelo seu trabalho

em si, mas por seu lado

exótico. Pra começar,

Britney talvez seja a

primeira autora de

mangá estilo "gal" de

Shibuya, aquele tipo de

garota com visual

extravagante, que

habita os arredores do

bairro da moda de

Shibuya. As gals tem

como características o

cabelo loiro, pele

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina5

0

bronzeada, muita maquiagem e, principalmente,

gírias incompreensíveis. Só que o mais

interessante, ela não tem casa, escreve os

mangás dentro de uma cabine tipo internet café,

chamada de Manga Kissaten de Shibuya,

inclusive, morando dentro dessa cabine. É que

nesses lugares o cliente pode passar a noite, já

que tem até chuveiro! Mesmo com o dinheiro

começando a entrar, ela diz que prefere

continuar morando na cabine porque Shibuya é o

seu reduto, e tema das suas histórias. Na

verdade, ela tem casa, mas prefere não morar

com a mãe. Britney resolveu entrar para esse

meio, quando entrou numa livraria apenas para

se proteger da chuva, e acabou pegando um

mangá do Fujiko Fujio (A) para folhear. O título

era o Manga Michi (ou ―O Caminho do Mangá‖),

uma historinha de autoajuda sobre dois garotos

que sonham em ser autores de mangá. Ela ficou

encantada e resolveu ali mesmo, comprar todos

os 14 volumes de uma vez. Sua série mais recente é a Hamada Britney no Manga de Wakaru Moe Business (Negócios nos quadrinhos moe), pela Sunday Gene-X, sendo que “moe” é (geralmente) uma

gíria para personagens de meninas fofas e adoráveis.

CAPÍTULO 2: ANIMÊ – MANGÁ EM MOVIMENTO

51) ANIME OU ANIMÊ? - A palavra é uma

contração à moda japonesa de ―animation‖,

termo em inglês para definir animações de

qualquer tipo. Animações experimentais já eram

feitas no Japão na década de 1910, mas a

indústria realmente decolou com a entrada do

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina5

1

estúdio Toei, que aconteceu oficialmente em 22

de outubro de 1958, com a estreia de

Hakujaden, exibido por aqui como ―A Lenda da

Serpente Branca‖. Quando a palavra começou a

se difundir no ocidente para classificar os

desenhos animados japoneses, usou-se a grafia

―anime‖, já que a romanização (transcrição para

alfabeto romano) internacional da palavra não

usa acentos. Mas a leitura sempre foi ―animê‖

para se aproximar mais da pronúncia japonesa.

No Brasil, como a principal fonte de informações

para as revistas que surgiram nos anos 90 eram

publicações dos EUA, alguns redatores e

jornalistas liam a palavra como anime e

julgavam ser ela uma paroxítona. É o que

aconteceu no Brasil com palavras como ―yakuza‖

e ―sakura‖, que deveriam ser lidas como

―yakuzá‖ e ―sakurá‖, mas em geral não são. A

palavra animê não consta (ainda) em dicionários

no Brasil, mas vários pesquisadores, jornalistas e

redatores têm preferido grafar o acento

circunflexo para uma pronúncia mais correta,

assim como sempre foi feito com a palavra mangá.

52) ASTRO BOY E

O MENINO

BIÔNICO – UM

CASO DE AUTO-

PLÁGIO? – Criado

em mangá no ano

de 1951 por Osamu

Tezuka, o lendário

personagem Astro

Boy (Tetsuwan

Atom, no original)

foi o protagonista da

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina5

2

primeira série de animê com personagem fixo

exibida pela TV japonesa, e que veio a estrear na

Fuji TV em 01/01/1963. Na história, Astro Boy é

um garoto robô dotado de sentimentos humanos

e que usa seus grandes poderes para proteger a

humanidade. Produzida pelo próprio autor, a

série teve 193 episódios e foi um grande sucesso

em vários países do mundo, principalmente nos

Estados Unidos, onde até ganhou uma versão

em quadrinhos feita

por artistas locais

em 1965, pela

editora Gold Key.

Essa serie original

permanece inédita

no Brasil. O público

brasileiro

entretanto, veio a

conhecer um

personagem bem

parecido através de

um animê exibido pela TV Record na década de

1980: O Menino Biônico (Jetter Mars, no

original). Na história, Jet Marte é um garoto robô

dotado de sentimentos humanos e que usa seus

grandes poderes para proteger a humanidade.

Um plágio? Na verdade não... Criado pelo

próprio Tezuka em 1977, Jet Marte era uma

versão modernizada do Astro Boy. Infelizmente,

a ideia não emplacou e a série teve apenas 27

episódios. Mas, os fãs brasileiros não ficaram

sem conhecer o personagem original, cujo

remake foi exibido no Cartoon Network e TV

Globo, além de ter sido lançado em DVD.

Realizada em 2003 pela Tezuka Productions,

esta série contou com 50 episódios e ajudou a

renovar o interesse mundial pelo personagem, o

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina5

3

que culminou na produção de um ambicioso

longa-metragem em computação gráfica

realizado nos EUA (2009). De todo modo, o

Menino Biônico deixou a sua marca aqui no

Brasil, e muitos ainda confundem Jet Marte com

Astro Boy. Para encerrar, uma curiosidade trash

food: Durante muitos anos, Jet Marte apareceu

na embalagem de uma popularíssima pipoquinha

doce. Lembram-se? Era uma daquelas de saquinho vermelho.

53) OS PRIMEIROS ANIMÊS TELEVISIVOS –

Antes mesmo do famoso Astro Boy, a emissora

TBS exibiu Manga Calendar. Tratava-se de uma

serie de curtas sobre datas comemorativas e

históricas dirigida por Ryuichi Yokoyama. A

produção, do estúdio Otogi, estreou na emissora

TBS em 1 de maio de 1961. Em sua primeira

fase, com vinhetas de 3 minutos, a série foi

chamada de Instant History. O título Otogi

Manga Calendar veio em 25 de junho de 1962,

quando as vinhetas passaram a ter 5 minutos. A

primeira fase teve 312 episódios e a segunda,

54. Por ter tido o formato de documentário, com

exibição de fotos e até algumas filmagens de

locais históricos, muitos pesquisadores

desconsideram esse trabalho como pioneiro das

séries de TV em animê, colocando-o num

patamar diferente, o que também não está de

todo errado. E antes de tudo isso, a produção

Mittsu no Hanashi (―Três Histórias‖) foi uma

antologia de meia hora com animações

experimentais de Keiko Kozonoe, exibida em 15

de janeiro de 1960 no canal estatal NHK. Essas

produções – Manga Calendar e Mittsu no Hanashi

– podem ser consideradas cada uma delas a seu

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina5

4

modo (série e especial) como um ―marco zero‖

para os animês exibidos na TV.

54) MESTRES DO ANIMÊ E A PIRATARIA - A

luta contra a pirataria remete ao inicio da

indústria da animação. Por volta da década de

1950, havia no Japão um mercado negro de

filmes estadunidenses e europeus

contrabandeados. Os filmes eram vendidos em

rolos (já que na época nem o VHS havia sido

inventado) para serem vistos com projetores.

Entre os que procuravam por animações

ocidentais, havia três jovens que acabaram

sendo até investigados pela polícia, já que os

filmes que eles compravam eram fruto de

contrabando e seus nomes estavam na lista de

clientes de um vendedor que fora pego pelas

autoridades. Eram eles Osamu Tezuka, Shotaro

Ishinomori e Leiji Matsumoto, que depois se

tornariam três dos nomes mais importantes da

história do mangá e do animê. Ironicamente,

eles – e toda a indústria do animê – sofreriam

grandes perdas financeiras com o mercado de pirataria.

55) KIMBA X SIMBA – Um pequeno leão

branco é criado

para ser o

Imperador da

Selva e vive

muitas aventuras

com seus amigos

animais e

também

humanos

enquanto

aprende valiosas lições sobre a vida. Criado em

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina5

5

1950 por Osamu Tezuka, a saga de Kimba (Leo,

no original) foi publicada na revista Manga

Shonen (ed. Gakudosha) e gerou posteriormente

um animê (1965~66), visto em vários países,

inclusive no Brasil, onde foi exibido na extinta TV

Tupi (canal 4). Outras versões animadas foram

produzidas, fazendo de Kimba um personagem

bastante reconhecido no Japão e em vários

países do mundo. Quando a Disney lançou o

longa-metragem O Rei Leão (The Lion King,

1994) foi lançado, as semelhanças entre os

personagens de Simba e Kimba chamou a

atenção dos japoneses. Logo, mais de mil

profissionais de mangá e animê assinaram uma

petição exigindo que a Disney reconhecesse que

seu longa fora inspirado pelo trabalho de Tezuka.

A Disney alegou que nenhum de seus

profissionais jamais havia assistido a série de

Kimba, o que é bastante duvidoso, visto que a

série original foi exibida com sucesso nos EUA. A

controvérsia não envolvia o roteiro, mas

personagens e situações, o que a Disney

declarou serem apenas coincidências. Apesar de

todo o barulho que foi

feito na época, nada

aconteceu com a toda

poderosa Disney.

56) OITAVO HOMEM:

HERÓI MAU

EXEMPLO –

Acostumados a

explodir ou

desmembrar inimigos,

super-heróis japoneses

podem não ser lá um

bom exemplo de

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina5

6

politicamente correto, conceito estadunidense

que se espalhou pelo mundo. Mas um

personagem específico teria que ser alterado

para existir no mundo contemporâneo. Estamos

falando de Eito Man (de 1965), conhecido

também como Eight Man e que foi lançado no

Brasil como O Oitavo Homem. A trama

revolucionária e pioneira para a época mostrava

um policial que era assassinado e revivia como

um robô superpoderoso (alguém se lembrou do

Robocop?). De aparência humanoide e dotado de

super-velocidade (como o herói Flash, da DC

Comics), o Oitavo Homem recarregava suas

energias de um modo inusitado: ele fumava um

cigarro especial. O hábito pouco recomendável

foi mostrado também na versão em minissérie

de 3 partes para vídeo nos anos 1990 (exibida

no canal pago Multishow) e na versão live-action

para cinema produzida na mesma época. Nestes

tempos de conscientização e campanha global

contra o tabaco, é inimaginável que essa

inusitada fonte de energia seja mantida em

alguma nova versão que

venha a ser produzida.

57) ROTEIROS

PERDIDOS, HISTÓRIAS

INÉDITAS - Hoje em dia,

a negociação dos direitos

de exibição de um animê

no Brasil acontece depois

de longas reuniões

empresariais e envolve

uma organização que não

existia 30 anos atrás. Por

causa disso, mancadas

ocorreram. Uma delas foi

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina5

7

com a série A Princesa e o Cavaleiro (no original,

Ribbon no Kishi – ou ―O Cavaleiro da Fita‖),

criação imortal de Osamu Tezuka, o Deus do

Mangá. A série, de 1967, foi trazida da maneira

como todas as demais: vieram rolos de filme

com os episódios sem as vozes (somente a trilha

musical e efeitos sonoros), para que a dublagem

brasileira fosse inserida. Junto, vinham os

roteiros originais para serem traduzidos. No

entanto, por algum descuido, os textos de cerca

de 20 episódios foram perdidos. Sem internet na

época, com dificuldades em se contatar os

responsáveis no Japão e com a série tendo que

estrear, restou ao diretor de dublagem Gilberto

Baroli criar diálogos que fossem coerentes com

as imagens que assistia. O trabalho foi

impecável, tornando as histórias brasileiras tão

boas quanto as originais, sem que ninguém

percebesse nada de estranho. Na série, Baroli

também era o vilão Satã. Anos depois, Baroli

ganharia fama entre fãs de anime ao interpretar

outro vilão, o poderoso Saga de Gêmeos na série

Os Cavaleiros do Zodíaco.

58) SPEED RACER?

GO MIFUNE?

METEORO? - Com uma

série clássica reprisada

centenas de vezes em

vários países, séries

derivadas feitas nos EUA, versões em quadrinhos

e uma badalada versão live-action produzida em

Hollywood pelos criadores de Matrix, Speed

Racer talvez seja o herói japonês mais conhecido

no mundo. Criação de Tatsuo Yoshida, que

produziu a versão em mangá, Speed Racer

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina5

8

estrelou um animê em 1967 com 52 episódios,

em uma série que ganharia o mundo ainda no

final da década de 1960. Mas o nome Speed

Racer foi uma criação da distribuidora Trans Lux,

que lançou a série no ocidente, a fim de usar um

nome mais sonoro. O herói na verdade se

chamava Go Mifune – por isso o ―G‖ em sua

camisa e o ―M‖ em seu capacete. Mas o astro da

série era mesmo o carro Mach (―Maha‖, em

japonês) 5, afinal o título original em japonês era

Maha Go Go Go, um trocadilho bilíngue

intraduzível que usava a palavra ―go‖ como o

número 5 em japonês, o termo em inglês para

―avante‖ e também o nome do piloto. Com seu

nome original, o audaz esportista só é conhecido

mesmo no Japão. No mundo inteiro, ele é Speed

Racer. Ou melhor, exceto na Argentina, onde o

nacionalismo obrigou a criação de um novo nome: Meteoro.

59) MAZINGER Z: NASCIDO NUM

ENGARRAFAMENTO – Em um movimentado dia

na primeira metade da década de 1970, o autor

de mangás Go Nagai estava preso em um

congestionamento. Grande fã de Astro Boy e

Tetsujin 28 Goh (conhecido no Brasil como O

Homem de Aço), ele vivia às voltas com ideias

para criar uma

historia com robôs

sem copiar

conceitos de seus

heróis favoritos.

Foi quando ele

imaginou como

seria bom poder

passar sobre os

carros que

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina5

9

estavam na frente dirigindo um robô gigante!

Tempos depois, ele lançaria no mangá e animê as

aventuras de Mazinger Z. Até então, os robôs

eram dotados de vida própria ou então eram controlados à distância por humanos. Mazinger Z tinha um piloto dentro de sua cabeça, uma ideia que influenciou profundamente o mercado japonês, que veria reflexos da ideia de Go Nagai em séries e franquias de grande sucesso. Extremamente popular e icônico no gênero, voltou às TVs do Japão em 2009, com uma série chamada Shin (novo) Mazinger Z. O que pouca gente lembra ou comenta é que a ideia de um robô gigante com cabine de controle na cabeça havia aparecido na série Muteki Gouriki (1969), de Mitsuteru Yokoyama (autor de Robô Gigante). O recurso foi usado pelos vilões da serie e ficou meio

esquecido, não sendo possível afirmar que tenha inspirado – consciente ou inconscientemente – Go Nagai. Antes deles, porém, o brasileiroMessias de Melo havia criado Audaz (1939), umdos primeiros robôs gigantes dos quadrinhos e que já era operado por humanos em seu interior.Ainda assim, voltando à indústria japonesa, é certo dizer que Go Nagai revolucionou os robôs gigantes japoneses.

.

60) O PINÓQUIO JAPONÊS E O FANTASMA

DO GRILO FALANTE - Tradicionalmente,

mangás e animês sempre

foram produções mais

violentas e com mais

concessão a cenas picantes

que suas contrapartes

ocidentais. Produções

infanto-juvenis,

especialmente até os anos

1980, traziam cenas

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina6

0

consideradas muito fortes para o público

ocidental, onde quadrinhos e animação são mais

associados com o público mais infantil. Isso

motivou (e motiva até hoje) cortes e edições em

vários momentos de diversas séries, a fim de

não "chocar" as crianças ocidentais (na visão dos

censores das emissoras e distribuidoras). Um

caso marcante ocorreu com a versão japonesa

de Pinóquio, o conto de Carlo Collodi que ganhou

adaptações no mundo inteiro, sendo a mais

famosa o longa animado da Disney, de 1940.

Batizado de Kashi no Ki Mokku (ou Mokku do

Carvalho), o "Pinóquio japonês" era uma história

dramática e violenta, com mortes trágicas

acontecendo em meio a histórias cheias de

monstros horripilantes e pesadelos surreais –

cortesia de Yoshitaka Amano, que se tornaria

famoso com os designs do game Final Fantasy e

do animê Vampire Hunter D. Uma cena marca

bem a diferença entre a visão ocidental e a

oriental. Logo no primeiro episódio, assim que

ganha vida, Pinóquio anda desajeitadamente

pela oficina de Gepeto e, sem querer, derruba

um martelo em cima do Grilo Falante. O bichinho

sai cambaleante e cai morto, de olhos abertos e

com a boca se enchendo de espuma. Depois, ele

reaparece como fantasminha a acompanha

Pinóquio durante toda a série. A cena da morte,

realmente violenta, foi vista no Brasil quando

Pinóquio foi exibido na extinta TV Tupi, durante

toda a década de 1970. Muitos anos depois, no

canal pago Fox Kids, Pinóquio foi exibido com

cópias novas, adaptadas pela Saban

Entertainment e com nova dublagem e nova

trilha sonora. Entre as muitas alterações, a cena

da morte do grilo teve seu desfecho cortado, o

que deixou meio sem sentido ele aparecer como

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina6

1

fantasma depois. A série foi produzida em 1972

pela Tatsunoko Productions e rendeu 52 episódios.

61) O PEQUENO PRÍNCIPE - UMA ÚNICA

VISITA À TERRA! – As Aventuras do Pequeno

Príncipe foi uma série em animê exibida pelo SBT

no final da década de 1980. Mesmo sem uma

animação de grande qualidade, a série

compensava com histórias muito legais e cheias

de lições de moral. Baseada na obra original de

Antoine de Saint-Exupéry, de 1943, contava a

história do Pequeno Príncipe, um garotinho órfão

que vivia em companhia de sua Rosa, no

pequenino asteroide B612. A cada episódio, ele

agarrava a cauda de um cometa e partia em

direção a diversos planetas, em especial à Terra.

Entretanto, no anime, diferente do romance

original, o Príncipe veio à Terra apenas uma

única vez e decidiu ficar vivendo no nosso

planeta. Aquelas cenas repetidas, do Príncipe

agarrando os cometas, foi uma adaptação da

versão americana, e nos episódios em que ele

dizia estar em outro planeta similar, era na

verdade a Terra. Hoshi no Ôjisama Petit Prince

(título em japonês), foi produzido em 1978, e

contou com 39 episódios (35 exibidos e 4

inéditos). A versão americana teve apenas 26

episódios, todos exibidos no Brasil. A série foi

licenciada em vídeo pela Hotvideo, entre 86/87,

e posteriormente exibida no programa Show

Maravilha, em 1988. Depois, ela voltaria a ser

reprisada em setembro de 1999.

62) DON DRÁCULA, O MENOR SERIADO EM

ANIMÊ! – Oriundo do mangá de Osamu Tezuka,

a série Don Drácula ficou conhecida por ser o

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina6

2

animê a ser cancelado com o menor número de

episódios exibidos - apenas 4 - na região de

Tokyo, isso em 1982. Algumas províncias

chegaram a ter 7 episódios exibidos, e para

exportação, foram vendidos todos os 8 episódios

produzidos. No início da extinta TV Manchete, a

breve série era exibida diariamente, com

intermináveis reprises dos mesmos 8 capítulos.

Nunca houve uma explicação plausível para o

cancelamento da série. Na única fonte

disponível, a Wikipédia,

consta que foi por causa

da falência da agência

de publicidade que

cuidava do seriado. A

produção teria

começado um ano antes

da estreia, e 21 dos 26

episódios já teriam sido

escritos. E havia uma

boa quantidade de

histórias, já que o

mangá, publicado na

revista semanal Shônen

Champion (da Akita

Shoten) teve três

volumes encadernados.

Em 1988, uma única fita de vídeo foi lançada,

compilando 5 episódios em 90 minutos. Em

2002, todos os 8 episódios foram lançados em

DVD, e em 2007, disponibilizados pelo site

Yahoo! Dôga. Numa declaração do roteirista

Takao Koyama, que escreveu 19 dos 21

episódios encomendados originalmente, a tal

agência andou dando calote, e não havia pago à

TV Tokyo o valor da transmissão referente ao

mês de maio. Sem trabalho, sem receber por

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina6

3

Don Drácula, com um filho recém-nascido e sem

dinheiro, Koyama acabou indo trabalhar na Toei,

onde ganharia prestígio com as séries Dragon Ball e Os Cavaleiros do Zodíaco.

63) PATRULHA ESTELAR E O NAVIO

VOADOR – O animê Patrulha Estelar foi um

grande sucesso na época da estreia da extinta

TV Manchete, na década de 1980. O nome foi

adaptado de Star Blazers, título que recebeu nos

EUA o seriado Uchuu Senkan Yamato

(ou ―Encouraçado

Espacial Yamato‖). Na

saga apresentada aqui,

jovens militares vivem

no Cruzador Espacial

Argo, a maior arma

das Forças de Defesa

da Terra contra

invasores espaciais. A

mudança de nome –

comum em adaptações

feitas nos EUA – matou

a ideia original do

autor Leiji Matsumoto.

Com 263 metros de

comprimento e pesando mais de 70 mil

toneladas, o Yamato foi o navio mais importante

da Marinha Imperial Japonesa durante a

Segunda Guerra Mundial, tendo sido afundado

pela aviação estadunidense em 1945. Na

concepção original, o navio era retirado do leito

seco do Oceano Pacífico em 1999 e transformado

em uma poderosa espaçonave que aproveitava a

estrutura de artilharia original. Com as

mudanças feitas na adaptação ocidental, todas

as referências ao navio foram retiradas, seja

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina6

4

com mudanças no roteiro ou edição de imagens,

já que na primeira temporada da serie,

apareciam imagens do navio em combate contra

os Aliados. Certamente a motivação maior para

a alteração foi o Japão ter sido aliado do nazismo na Segunda Guerra Mundial.

64) OS OUTROS ―YAMATOS‖ VOADORES – A

ideia de mostrar um renascido Yamato como um

navio voador apareceu em um mangá de 1961

chamado Denkou Ozma, do próprio Matsumoto.

No caso, era uma espaçonave batizada em

homenagem ao antigo navio. No mesmo ano, a

revista de ficção científica Hi no Maru publicou

um conto de Ikki Kajiwara (de Ashita no Joe)

intitulado Shin Senkan Yamato, onde aparecia o

Yamato reconstruído como um navio voador e

com um capitão chamado Okita. Em 1963, a

história ganhou versão em mangá assinada por

Tetsuya Dan para a revista Shonen Gaho.

Quando o animê e mangá de Matsumoto vieram

a público em 1974, Kajiwara acusou um suposto plágio, mas nada aconteceu.

65) DERROTA NA TV, VITÓRIA NO CINEMA -

O Yamato foi o desenho animado que detonou o

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina6

5

primeiro "anime boom", e a história é bastante

peculiar. A série de TV original (1974) teve

audiência modesta e seus 26 episódios não

repercutiram muito. Porém, em agosto de 1977,

um compacto da serie foi exibido em cinemas.

Mesmo que a animação em si fosse

tecnicamente limitada, o roteiro épico, os

cenários espaciais e a imponente trilha sonora

pareciam ter nascido para serem apreciados na

tela grande e o sucesso foi enorme, dando início

ao chamado ―Yamato Panic‖. O público

ultrapassou 2,5 milhões de pessoas. Isso

impulsionou a produção de um novo longa, o

Sarabá Uchuu Senkan Yamato ~ Ai no senshi

tachi (ou ―Adeus, Encouraçado Espacial Yamato -

Guerreiros do Amor‖), onde a tripulação

enfrentava o inimigo supremo, o Cometa

Império. Tendo estreado em agosto de 1978,

teve 4,3 milhões de público. Produzido pela Toei

Animation, a obra gerou uma verdadeira febre

pelo país. Mas a febre que começava a tomar

conta do Japão tinha um gosto amargo, pois o

final do longa era trágico, com a morte dos

protagonistas e a destruição da espaçonave, sem

margem para continuação. A opção para os

produtores não matarem sua ―galinha dos ovos

de ouro‖ logo no início foi anunciar que aquela

era uma história alternativa. Assim, meses

depois, estrearia a série Yamato 2, com uma

nova versão da batalha contra o Cometa

Império. Essa foi a versão que conquistou muitos

fãs no Brasil, com o nome de Patrulha Estelar. A

respeito da relativamente baixa audiência da

primeira série no Japão, cerca de 4 a 8%, foi por

causa da concorrência com a série Heidi (―Alps

no Shôjo Heidi‖, ou Heidi - A garota dos Alpes),

exibida no mesmo horário e que fez sucesso

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina6

6

também no Brasil, ao ser exibida nos anos 1970

durante o programa Silvio Santos, aos

domingos. Sucesso consagrado, Heidi (que tinha

um iniciante Hayao Miyazaki em sua equipe de

criação) estava em seus episódios finais quando

começou o Yamato, não dando muita chance à

nova e ainda desconhecida produção.

66) YAMATO E A BATALHA NOS TRIBUNAIS

- O Yamato foi alvo de uma batalha judicial que

se estendeu por anos. O produtor Yoshinobu

Nishizaki e o mangaká Leiji Matsumoto se

desentenderam sobre os direitos autorais da

série e foram para os tribunais. Veio de Nishizaki

o conceito original de uma série com temática

espacial que utilizasse o famoso navio de guerra

Yamato como base para uma espaçonave em

aventuras épicas. Até a chegada de Matsumoto

ao projeto, outros artistas tentaram em vão

desenvolver o conceito original para algo

funcional. Quando Matsumoto chegou, fez

roteiro, design dos personagens, cenários,

espaçonaves, uniformes, dirigiu a série e até

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina6

7

mesmo produziu metade dos story-boards

usados como base pelos animadores. E ainda fez

um mangá simultaneamente à série de TV.

Certamente, o Yamato só decolou graças à sua

genialidade. Mas o fato é que os dois sempre

dividiram os créditos de direção ao longo da

saga. Em 1994, Nishizaki promoveu o

lançamento da minissérie para vídeo Yamato

2520, com novos personagens e uma nova

espaçonave, projetada pelo renomado Syd Mead,

o designer estadunidense de Alien - O Oitavo

Passageiro, Blade Runner e Tron. Isso motivou

uma briga com Matsumoto, que processou

Nishizaki por quebra de direitos autorais. Os dois

entraram em desacordo sobre a divisão dos

direitos e iniciaram disputa na justiça para ter

exclusividade sobre a obra. Num primeiro

momento, Matsumoto venceu. Produziu o mangá

Great Yamato, novas animações foram

anunciadas, mas tudo acabou ficando

posteriormente paralisado por ações judiciais.

Nesse meio tempo, Nishizaki foi preso, por

envolvimento com drogas e comércio ilegal de

armas. A situação chegou a final em 2008, com

a vitória de Nishizaki, que logo anunciou a

produção de um novo longa, retomando a

história original. E assim, Yamato Re-Birth

estreou nos cinemas japoneses em 12 de

dezembro de 2009. Não teve grande

repercussão, pois concorreu diretamente com

longas de One Piece (o grande sucesso da

temporada), Kamen Riders e os Ultras. Ainda

assim, mal o filme saiu de cartaz e foi anunciada

uma grandiosa versão live-action, estrelada pelo

famoso ator e cantor da banda Smap, Takuya

Kimura, que estrearia em dezembro de 2010.

Produção badalada e de sucesso, teve direito até

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina6

8

a uma canção solo de Steven Tyler (da banda

Aerosmith), a balada "Love lives".

67) DESTINO TRÁGICO – O produtor e

idealizador do Yamato, Yoshinobu Nishizaki,

faleceu em novembro de 2010, aos 75 anos, dias

antes da estreia da versão live-action nos

cinemas japoneses. Foi encontrado morto por

afogamento após ter, possivelmente, caído de

seu barco ancorado. O nome da embarcação não

podia ser mais emblemático: Yamato. Ele não

viveu para presenciar o sucesso de seu projeto,

que foi visto por quase 800 mil pessoas e

arrecadou mais de 11 milhões de dólares em

apenas 5 dias, uma marca excelente para o mercado cinematográfico japonês.

68) ROBOTECH: UMA SÉRIE QUE VALEU POR

TRÊS - Robotech, conhecida como a versão

norte-americana da série Macross, foi criada a

partir da junção de três séries distintas, todas da

Tatsunoko Pro: Super Dimension Fortress

Macross (1982, com 36 episódios), Super

Dimension Cavalry Southern Cross (1984/23

episódios) e Genesis Climber Mospeada (1983,

25 episódios). A razão desta fusão é porque as

redes de televisão americanas exigiam um

mínimo de 65 episódios, para transmitir

programas de animação cinco dias por semana,

e nenhuma delas tinha a quantia necessária. A

responsável pelo feito foi a licenciante Harmony

Gold, que criou um episódio adicional (37 - A

História de Dana), mesclando cenas de Macross

e Southern Cross, a fim de criar o elo de ligação

entre ambas as séries. As três produções foram

renomeadas da seguinte forma: Robotech The

Macross Saga, Robotech Masters e Robotech The

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina6

9

New Generation. No Brasil, a Rede Globo exibiu

até próximo do fim da fase Robotech Masters,

apesar da fase The New Generation ter sido

dublada pela Herbert Richers.

69) ROBOTECH VS GUERRA NO GOLFO! - Se

há uma coisa que prejudicou, e muito, a exibição

de Robotech, assim como outros desenhos da

Rede Globo, sem dúvida foi a Guerra no Golfo

Pérsico (1990/91). Inicialmente, Robotech

estreou em 1989, através do longa Codinome

Robotech, no Sessão da Tarde. No ano seguinte,

a série de TV passaria a ser exibida no programa

Sessão Aventura, de segunda à sexta, às 17

horas, após o desenho COPS. A exibição chegou

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina7

0

até o episódio 25. Em janeiro de 91, passou a

ser transmitido pelo Xou da Xuxa, de segunda à

sábado, a partir do episódio 26, mas devido as

inserções sobre a Guerra no Golfo, o episódio 27

teve o final cortado e a série foi interrompida por

mais de duas semanas. Retornou no início de

fevereiro, a partir deste mesmo episódio, mas o

31 e 32 não foram exibidos, e o episódio 35 só

passou na TV Colosso, na semana do Natal de

1993. Inclusive, essa era uma mania estranha da Globo, a de segurar os episódios natalinos.

70) QUEM VEIO PRIMEIRO - ROBOTECH OU

A GUERRA DAS GALÁXIAS? – Embora a série

A Guerra Das Galáxias (versão original de

Macross) tenha estreado depois de Robotech, ela

havia sido dublada bem antes, e pelo mesmo

estúdio, a Herbert Richards. GDS foi trazido ao

Brasil pela licenciante Network, juntamente com

O Pirata do Espaço (Groyzer X, no original) e

Don Drácula, mas apenas estas duas séries

acabaram sendo exibidas pela Rede Manchete.

Curiosamente, dois dubladores participaram de

ambas as versões: Marisa Leal (conhecida pela

voz do Baby, de A Família Dinossauro), fez a

Miriya em GDG, e depois, a Minmay em

Robotech. Garcia Junior (dono de vozes como a

do He-Man e MacGyver) dublou o Roy Focker nas

duas versões. Complementando, GDG estreou

em 1991, no programa Casa Mágica, juntamente

com a série Thunderbirds 2086, mas não foi pra

frente. Seria exibido às terças e quintas, mas

ficou só no primeiro episódio. Em 1994, estreou

definitivamente no programa Tudo Por

Brinquedo, da CNT-Gazeta, emissora na qual

passou completo.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina7

1

71) OS BASTIDORES DA CRIAÇÃO DE

MACROSS – A série Macross começou a ser

idealizada em agosto de 1980. A história básica

e os personagens foram sendo definidos aos

poucos. O nome provisório era Battle City Mega

Road, em referência a nave espacial, que depois

foi nomeada de Macross. Battle City era em

relação à cidade contida dentro da nave, e Mega

Road seria algo como o ―gigantesco caminho de

sobrevivência da raça humana‖. O título Macross

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina7

2

foi dado pelo presidente da Big West, empresa

detentora dos direitos da franquia Macross. Seria

a junção de Macro (Gigante) com Makubesu

(pronúncia japonesa de Macbeth, obra de

William Shakespeare). Posteriormente, o nome

Mega Road seria utilizado no especial de vídeo

Macross Flashback 2012 (de 1987), como o

nome da nave da primeira imigração espacial.

Planejada pra ter 52 episódios, por problemas na

parte da produção, o roteiro foi enxugado para

48, 39 e finalmente, 23 episódios. Um mês após

a estreia, veio a notícia de que a série poderia

ser estendida até 36 episódios. O caça Valkyrie

se chamaria Breast Fighter (Breast Soldier, na

forma robô), e o visual não seria, como acabou

ficando, baseado no F-14 Tomcat (famoso caça

da marinha dos EUA). Misa Hayase se chamaria

Aki Hayase. A aspirante a ídolo Lynn Minmay se

chamaria Sai Minmay e, inicialmente, seria

apenas a garota propaganda de um restaurante

chinês. Nessa etapa, ainda não havia sido

pensado o triângulo amoroso com Hikaru Ichijô e

Aki Hayase. E o mais interessante, na sinopse de

39 episódios, no final, Hikaru se casaria com Aki

e teriam um filho (ou filha). Hikaru morreria num

teste de Valkyrie e Aki se tornaria comandante

da Mega Road II. Muita coisa teve que ser

cortada, como por exemplo, a vida afetiva do

comandante da Mega Road, Gôsuke Nagumo (renomeado depois para Comandante Gloval).

72) ESQUIAR, UMA FONTE DE INSPIRAÇÃO

– Antes da criação de Macross, o Studio Nue

vinha trabalhando num projeto chamado

―Genocydos‖, um anime de ficção científica cujo

mecha principal seria um robô que se moveria

em duas pernas, com articulações invertidas

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina7

3

(como as patas traseiras de um cachorro). Tal

mecha, batizado de Gerwalk, acabaria sendo

utilizado em Macross, como a fase intermediária

entre Fighter (caça) e Battroid (robô).

Entretanto, esse projeto ―G‖ não vingou, pois

para agradar os patrocinadores, seria necessário

ter um robô humanoide. Shôji Kawamori,

designer e coautor de Macross, juntamente com

seu companheiro do Studio Nue, o designer

Kazutaka Miyatake, começaram a desenvolver o

projeto de criação do Gerwalk. Após um ano e

meio, nada tinha saído do papel, então

Kawamori resolveu respirar novos ares, indo

esquiar durante três dias. Foi daí que ele teve a

ideia das pernas do Gerwalk, baseado na posição

de esquiar, com os joelhos dobrados.

Curiosamente, Miyatake teve a mesma idéia,

mas a versão dele era quadrúpede, enquanto a

do Kawamori era bípede. A do Kawamori foi a

escolhida.

73) DRAGON BALL: A

JORNADA LENDÁRIA -

Surgido na China no

final do século XVI, o

romance épico Hsi Yu

Chi (ou ―Jornada Para o

Oeste‖) tornou-se ao

longo dos últimos

séculos uma das

histórias mais populares

da Ásia. Conhecida no

Japão como Saiyuki, a

história narra as

aventuras do Rei dos

Macacos Son Goku, uma

criatura imortal dotada

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina7

4

de grandes poderes e de armas mágicas que, em

um acesso de arrogância, desafia Buda pelo

domínio dos céus. Derrotado e aprisionado, Son

Goku tem a chance de se redimir ao ser escalado

para um grupo que pretende viajar para o oeste

até a Índia, com a missão de recuperar o livro

sagrado de Buda. E assim, acompanhado de um

monge, um porco e um kappa (ser mitológico

aquático), ele deverá enfrentar toda a sorte de

monstros e desafios para alcançar o seu

objetivo. Fonte inesgotável de inspiração para

tudo o que se possa imaginar: Livros, peças de

teatro, filmes, séries de TV, games, etc... A

história também foi base para diversas séries de

mangá e animê. A mais óbvia e famosa é

naturalmente Dragon Ball, de Akira Toriyama,

onde o protagonista quando criança é

praticamente uma cópia humana do macaco

lendário, herdando-lhe até mesmo o nome, os

poderes e as armas mágicas.

74) A FAMÍLIA CUECA - No universo de

Dragon Ball todos conhecem a família Breefs, os

donos da Corporação Cápsula. Eles são o Dr.

Breefs e sua esposa, a Sra. Breefs. A filha do

casal, Bulma, e os filhos desta com o sayajin

Vegeta: O casal Trunks e Bra. Tudo normal, se

não fosse um pequeno detalhe: Quem conhece a

língua inglesa sabe que breefs quer dizer...

cueca. Isso mesmo, eles são o Dr. Cueca e a

Sra. Cueca. Já o nome Bulma, vem do original

japonês buruma, que por sua vez vem do inglês

bloomer, uma designação para roupa íntima. Só

que no Japão, o nome tem um significado

diferente. Ele é usado para denominar um tipo

de short usado pelas estudantes japonesas em

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina7

5

suas aulas de ginástica. Já os filhos, bem...

Trunks significa ―calção‖ e Bra significa ―sutiã‖.

75) COM A AJUDA DA PATROA - Muitos fãs de

Dragon Ball seguramente desconhecem o quanto

devem à Yoshimi, esposa de Akira Toriyama,

pela criação da série. Quando terminou a série

Dr. Slump, Toriyama não fazia a menor idéia do

que iria fazer em seguida, e foi a paixão da

esposa pela cultura chinesa que levou o artista a

embarcar no visual e nas lendas da terra do

dragão. Foi assim que ele chegou a Jornada Para

o Oeste e, por conseguinte, a Dragon Ball.

Também foi Yoshimi quem batizou o golpe

energético de ―Kamehameha‖. Não que

significasse alguma coisa em particular, ela apenas gostava do som da palavra.

76) CENSURA DIGITAL EM DRAGON BALL –

Nos EUA, existe uma censura bastante rígida que

―adapta‖ roteiros e imagens para que não

ofendam as rigorosas associações religiosas e de

educadores. Cenas maliciosas ou picantes

(comuns em Dragon Ball), bem como imagens

violentas e mortes, são simplesmente apagadas

da trama. No universo adaptado ao gosto dos

programadores norte-americanos, ninguém

morre, mas é ―enviado para outra dimensão‖.

Em meio a tanta vigilância, até as inocentes

cenas em que o Goku quando criança aparece nu

foram retocadas em computador, já que as

cenas eram importantes para serem apenas

apagadas. O pequeno saiyajin então passou a

aparecer com uma sunguinha preta. Retoques

digitais para o mercado estadunidense também

foram feitos em One Piece e Pokémon, entre outras produções.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina7

6

77) UM TROCADILHO DOS DIABOS - Não é

raro que as grandes diferenças culturais entre

oriente e ocidente acabem causando problemas

na adaptação de séries. Vejamos por exemplo, o

caso do fanfarrão Mr. Satan de Dragon Ball. No

original, o personagem se chama Satan Claus.

Akira Toriyama, que adora fazer trocadilhos, quis

fazer um brincando com os nomes Satan e Santa

Claus (Papai Noel, em inglês). Os problemas

começaram quando a série chegou aos Estados

Unidos e os licenciantes americanos ficaram de

cabelos em pé com esse trocadilho. Afinal de

contas, era inadmissível que um personagem

voltado para as crianças misturasse o nome do

Diabo com o do Papai Noel, praticamente uma

instituição americana. E assim, ele foi rebatizado

como Hercule Heracle, um nome bem mais

palatável. Enquanto isso, do outro lado do

Pacífico, Toriyama pareceu não se importar com

a história, tanto que colocou um belo 666 na

chapa do carro de Mr. Satan e batizou a filha do

personagem de Videl, um anagrama de Devil

(demônio, em inglês). No Brasil, felizmente

adotaram o nome Mr. Satan. Já pensaram se ele tivesse sido chamado de Satan Noel?

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina7

7

78) O CARDÁPIO DRAGON BALL - Em mais

uma da série ―Nomes Malucos de Dragon Ball‖,

vamos agora aos nomes dos personagens que

estão relacionados com comidas: Gohan,

significa arroz ou refeição em japonês. Lunch, é

almoço em inglês. Garlic significa alho em inglês,

portanto o vilão Garlic Jr. é o Alho Jr. Os nomes

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina7

8

dos sayajins são corruptelas de nomes de

legumes e verduras. Por exemplo, Kakaroto (o

nome sayajin de Goku) vem do inglês carrot

(cenoura) enquanto Vegeta, vem do inglês

vegetable (vegetal). Yamcha, Pual e Oolong são

tipos de chá chineses, enquanto Chaos não tem

nada de caótico. Seu nome original é Chaozu e

vem da palavra chinesa jiaozi, um tipo de

pastelzinho que é muito apreciado no Japão e

em todo o mundo com o nome de gyoza. Mas o

campeão é o sofisticado Tenshinhan, um prato

típico chinês que consiste em uma tigela de arroz

coberta por uma omelete feita com carne de

caranguejo e vegetais. Tudo coberto com molho agridoce.

79) AKIRA TORIYAMA E OS ULTRAS - Na

primeira fase de Dragon Ball, a jovem Chichi

aparece usando um capacete que emite um raio

da joia na altura da testa e possui uma lâmina

bumerangue acoplada no topo, com o formato

de um penteado ―moicano‖. O tal capacete

reproduzia os poderes de Ultra Seven, um dos

principais heróis da Família Ultra, de quem Akira

Toriyama é grande fã. Tanto que incluiu

pequenas aparições de uma versão infantil de

Ultraman em várias passagens de sua segunda série mais famosa: a comédia Dr. Slump.

80) BATIZADOS PELA FADA-MADRINHA -

Tudo bem que Akira Toriyama seja conhecido

por usar nomes malucos para batizar seus

personagens. Mas essa foi demais... No final da

série Dragon Ball, ele criou três personagens: Os

magos Bibidi e Babidi e o demônio (Majin) Boo.

Ele tirou os nomes do clássico longa de animação

da Disney, Cinderella. Todos conhecem a cena

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina7

9

em que a Fada Madrinha usa seus poderes para

preparar Cinderela para o baile, transformando a

abóbora em carruagem, os ratos em cavalos,

etc... Lembram-se das três palavras mágicas que

a Fada Madrinha usava? Bibbidi-Bobbidi-Boo!

Isso mesmo, os nomes foram baseados no som das palavras mágicas.

81) UM JUIZ INFERNAL - Figurinha retirada da

mitologia budista e devidamente carimbada em

séries como Yu Yu Hakusho e Dragon Ball Z, o

Rei Emma (Emma-O ou Emma Daio) é a

entidade encarregada de receber e julgar as

almas dos mortos na sua chegada ao outro

mundo. Ele analisa todos os atos do morto em

vida e, de acordo com eles, decide qual destino

lhe será atribuído. Absolutamente implacável

com os perversos, Emma costuma mandá-los

aos infernos de fogo e de gelo para sofrerem

punições horríveis. Essa severidade transformou

o Rei Emma em uma criatura folclórica, muito

utilizada pelas mães japonesas para amedrontar seus filhos desobedientes.

82) UMA SENHORA QUE É UM HERÓI - Na

versão original do animê Dragon Ball, a voz do

personagem Goku foi feita por uma senhora, a

veterana atriz Masako Nozawa. Em 1986,

prestes a completar 50 anos, ela assumiu o

personagem e ficou com ele durante os 11 anos

de produção da série. Esbanjando versatilidade,

ela não só fez as vozes de Goku criança e adulto

como também as de seus filhos Gohan e Goten.

Pelo seu trabalho em Dragon Ball, ela acabou

ganhando dos fãs o apelido pitoresco de Eternal Boy ou ―Eterno Garoto‖.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina8

0

83) ZILLION: A PISTOLA RECICLÁVEL -

Quatro meses após o término da série Akai

Kôdan Zillion (Raio de Luz Vermelha – Zillion,

1987), a pistola que dava o título a série viria a

ser reaproveitada num outro animê, o Chôon

Senshi Borgman (―Guerreiro Supersônico

Borgman‖), em abril de 1988, também pela

Nippon TV. Chamada apenas de pistola

Borgman, era apenas uma das armas do herói, e

não tinha a

mesma

importância do

que na série

original. Isso

foi possível por

se tratar do

mesmo

patrocinador, a

SEGA.

Curiosamente,

a série Zillion

foi criada para

vender a

pistola, lançada

bem antes do

animê. E

alguém se

lembra da

antiga Zillion,

aquela com a caixa preta? Na série, foi usada do

capítulo 1 ao 11, quando deu lugar a outros

modelos. Apesar dela jamais ter sido

comercializada em brinquedo, serviu de modelo

para a criação da pistola do Master System, a

Light Phaser. Entretanto, esta Light Phaser não

foi lançada no mercado japonês, já que nenhum

dos jogos compatíveis com a pistola saiu por lá

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina8

1

também. Nos jogos Phantasy Star Online

Episode 1&2, para o Game Cube, era possível

escolher uma arma muito parecida com a Zillion,

chamada de Ruby Bullet. Em tempo: Zillion

estreou no Brasil em 1988 e era exibido inicialmente aos domingos, pela Rede Globo.

84) ZILLION: IDEIAS E MAIS IDEIAS... –

Como toda e qualquer obra, Zillion passou por

diversas etapas até chegar a sua versão

definitiva. No início, só existia a pistola da SEGA,

e a Tatsunoko teria que criar uma história que

realçasse ao máximo as características da arma.

Pra isso, três vertentes da história foram

elaboradas. A primeira seria uma história de

guerra real, protagonizada por soldados, e a

Zillion, uma arma militar. A segunda seria uma

história de fantasia estilo Rei Arthur, sobre um

viajante que receberia uma pistola dos deuses. A

terceira ideia seria de uma equipe estilo Sentai,

em que adolescentes se transformariam ao

colocar o Zillion Badge no peito (um alvo que

vinha no brinquedo). Pode-se dizer que o

resultado final foi um misto de todas as ideias. A

princípio, os heróis utilizariam armaduras, mas

desistiram da idéia, tanto pela mobilidade, como

pela proteção ―ineficaz‖. Essa idéia acabou sendo

utilizada em Borgman. Com capacete, a distinção

dos personagens seria mais difícil. Então

mudaram para óculos, mas aí continuaria

ocultando a expressão facial. A solução então foi

o Red Guard, um visor colocado no olho direito.

Na primeira sinopse do último episódio, Apple

formaria um casal com o J.J., assim como o

Champ se daria bem com a Emi. E na última

cena, Apple daria um beijinho no J.J., o que

acabou sendo substituído por uma cena cômica

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina8

2

com J.J. e Champ caindo da moto. E o mais

interessante, os Nozas eram para ter a aparência

humana (algo utilizado posteriormente no

especial de vídeo Zillion Burning Night).

Entretanto, não pegaria bem mostrar seres

humanos sendo desintegrados pela Zillion...

85) ZILLION: 31 OU 35 EPISÓDIOS? -

Originalmente, a série Zillion havia sido

planejada apenas até o episódio duplo ―Vivo ou

Morto? Confronto do Destino‖ (episódios 15 e

16), exibido nos dias 19 e 26 de julho de 1987, e

para preencher o horário enquanto um novo lote

de episódios não ficava pronto, a Nippon TV

colocou no ar uma seleção de episódios

intitulada ―Zillion Kessaku Sen‖ (Zillion Seleção

Obra Prima), respectivamente os episódios 1, 6,

7 e 16. Após o intervalo de um mês, a série

voltaria com episódios inéditos no dia 6 de

setembro, e com o subtítulo ―Gekitô Hen‖ (Fase

Dramática) adicionado na abertura. A partir

dessa fase, houve a mudança de horário e a

série passou a ser exibida às 10h30 de domingo,

e não mais às 10hs. Comenta-se que foi uma

estratégia da Nippon TV para não bater de frente

com a série Kamen Rider Black, que estrearia às

10hs pela TBS. Curiosamente, por causa dessa

breve reprise, a renomada revista especializada

Animage catalogou a série contando 35

episódios, confundindo fãs e colecionadores que

conheceram Zillion em reprises ou exibições fora do Japão.

86) O CASAL INESPERADO E O SIMPÁTICO

MONSTRINHO - Alguém conseguiria imaginar

os personagens de Zillion, J.J. e Apple, caidinhos

de amor um pelo outro e com direito a mãos

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina8

3

dadas? Não??? Bom, essa cena inusitada

aconteceu no episódio 18 da série de animê

Binsky, que foi exibida no Brasil pela TV Globo

no programa Xou da Xuxa a partir de 1989. J.J.

e Apple, vestidos com seus uniformes

tradicionais, aparecem de relance, namorando

num banco de um parque. É claro que deram

uma escrachada no character design, deixando

similar aos dos outros personagens de Binsky.

Tá certo que rolava um clima entre os dois, em

vários episódios, mas não passava disso. A

saber... Binsky, cujo nome original é Oraa

Guzura Dado (algo como "Ei, eu sou Guzula") , é

um remake feito em 1987 pela Produtora

Tatsunoko de uma antiga série sua de mesmo

nome feita em 1967. O tal episódio também

existia na versão original mas, é claro, sem a

presença de Apple e J.J. Tudo não passou de

uma brincadeira da produtora, já que o início da

exibição de Binsky no Japão coincidiu com o final

da exibição de Zillion. Quanto ao simpático

monstrinho comedor de ferro e cuspidor de fogo

que protagonizava o animê, ele já era bem

conhecido no Brasil muito antes disso, já que a

série de 1967 foi exibida por aqui com muito

sucesso pela TV Record na década de 1970. Na

época ele não era conhecido como Binsky, e sim

como Guzula, um nome bem mais próximo do

original. Seu bordão, aliás, marcou época:

"Guzula está aqui!".

87) COMANDO DOLBUCK: MORTE A PEDIDO

DO PATROCINADOR! - No animê de robôs,

Comando Dolbuck (Powered Armor Dorvack, no

original em japonês), a morte de um dos heróis,

Pierre Bonaparte, no episódio 21, havia sido

planejada a pedido de um dos patrocinadores da

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina8

4

série, no caso a fabricante de brinquedos

Takatoku Toys. O patrocinador queria um

personagem mais ativo como piloto do tanque

Tulcas, e para isso, foi introduzido no episódio

24 o Stanley Hilton, que vivia batendo de frente

com o protagonista Masato Mugen.

Curiosamente, a Takatoku Toys faliu em maio de

1984, dois meses antes do témino da série, mas

talvez a crise tenha sido gerada por outros

motivos, como a diminuição do número de

animes de robôs. Originalmente, Dorvack era

para ser um anime sobre corrida de carros

acrobáticos, com o título de Mad Machine. No

Brasil, a série foi lançada em vídeo pela extinta

Everest Video, mas apenas 13 volumes (até o

episódio 26).

88) OS CAVALEIROS DO ZODÍACO – UM

DIVISOR DE ÁGUAS – No dia 1º de setembro

de 1994, a hoje extinta Rede Manchete de

Televisão colocava no ar, quase que de modo

despretensioso, um desenho animado produzido

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina8

5

no Japão. A série surpreendeu logo de cara, ao

tornar-se quase que instantaneamente um

fenômeno de audiência. Mais do que isso,

tornou-se um fenômeno de cultura pop, do tipo

que era discutido nas ruas e comentado na

grande imprensa. Rendeu milhões de reais aos

seus licenciantes e deu uma boa sobrevida à

combalida Rede Manchete, então já afundada em

dívidas. Acendeu no Brasil a chama dos

quadrinhos e desenhos japoneses, popularizando

os termos mangá e animê. Relembrou aos

velhos fãs, e ensinou aos novos, as maravilhas

do jeito japonês de contar histórias. Fez da

revista Herói (Ed. ACME/ Nova Sampa), lançada

em dezembro de 1994, o maior fenômeno

editorial da década, com picos de vendas de

mais de 500 mil exemplares e circulação

bissemanal. A redação recebia milhares de

cartas por semana e telefonemas de fãs

enlouquecidos querendo saber novidades sobre o

seriado. Dubladores da série viraram popstars e

passaram a ser assediados na porta dos

estúdios. O clima era de histeria coletiva, algo

jamais visto por aqui. E é por isso que pode-se

dizer que existem dois momentos do gênero no

Brasil: Antes e depois... de Os Cavaleiros do

Zodíaco.

89) NÃO SE PODE GANHAR TODAS – Sucesso

absoluto em vários países do mundo, a série Os

Cavaleiros do Zodíaco já enfrentou os seus

problemas. Em 1992 a série foi exibida em

Portugal pelo canal estatal RTP mas, ao contrário

do que se poderia esperar, foi retirada do ar

após a exibição de apenas 36 episódios. O

motivo é que um grupo de conservadores pais

portugueses, protestou com veemência junto à

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina8

6

emissora alegando que a série era muito

violenta. Anos mais tarde, em 1999, a série

retornou às terras lusitanas pelo canal SIC, sendo desta vez exibida na íntegra.

90) O SANTO QUE É UMA FLECHA – Seria

uma série de mangá chamada ―Rin das

Galáxias‖. Ela contaria as aventuras de Rin, o

Cavaleiro de Pégaso, dono de uma armadura

mística e protetor da deusa Atena. Parece

familiar? E é mesmo... Pois esse seria o nome

original da série que hoje conhecemos como Os

Cavaleiros do Zodíaco.

As coisas começaram a

mudar quando o autor

Masami Kurumada

resolveu rebatizar o

personagem como Seiya

(flecha das estrelas),

uma alusão direta a

constelação de sagitário

(o mitológico centauro

arqueiro), que é o signo

do personagem e

também do autor,

nascido em 06 de dezembro de 1953. A partir

daí, surgiu o nome original da série: Saint Seiya,

que significa ―Santo Seiya‖ ou mais

precisamente ―Seiya, o Santo‖, sendo a

designação usada para salientar a dignidade do caráter do herói.

91) O BATISMO DOS CAVALEIROS –

Chamamos de zodíaco (Que significa ―roda da

vida‖, em grego antigo) o símbolo que consiste

de uma roda dividida em doze seções iguais, que

representam doze constelações, e alguns sinais

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina8

7

gráficos que representam o sol, a lua e os

planetas do nosso sistema solar. Um dos poucos

símbolos realmente universais da história da

humanidade, o zodíaco é conhecido há milênios

e aparece na história de várias culturas tanto no

ocidente quanto no oriente. Bem... não

precisamos nem dizer qual série de mangá e

animê é a mais ligada a este símbolo. Mas,

muitos sempre fazem a mesma pergunta: Como

foi que Saint

Seiya tornou-se

Os Cavaleiros do

Zodíaco? Isto

aconteceu na

França, o primeiro

país do ocidente a

receber a série e

a fazer dela um

grande sucesso.

Para conseguir

um nome mais

apropriado, os

licenciantes locais

aproveitaram a

óbvia ligação das

armaduras dos

cavaleiros com as

constelações,

principalmente as

dos doze Cavaleiros de Ouro com as da roda

zodiacal. E assim, em 1998 a rede de televisão

TF1 colocava no ar a série Les Chevaliers du

Zodiaque, marcando o nome que seria traduzido

para diversos idiomas.

92) SAINT SEIYA: ONDE ESTÃO OS 88

CAVALEIROS? - Quem já assistiu a série Os

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina8

8

Cavaleiros do Zodíaco, mesmo sem ser fã, já

deve estar cansado de ouvir dos tais ―88

Cavaleiros do Santuário‖. Mas afinal de contas,

esses 88 Cavaleiros existiram mesmo? Alguém já

parou pra contar? Bom, na verdade, o que existe

mesmo são 88 armaduras, cada uma com uma

constelação protetora, e não 88 Cavaleiros

propriamente. Ou melhor, existiram, pois muitas

armaduras foram perdidas na última Guerra

Santa contra as forças de Hades, e pouco se

sabe sobre a existência delas. Ao que se sabe, a

divisão é feita da seguinte maneira, 12 de Ouro,

24 de Prata e 48 de Bronze. Perceberam algo de

estranho na contagem? 12+24+48=84! Quatro

armaduras têm a origem desconhecida, e não há

ninguém no Santuário que saiba algo a respeito.

Seriam elas, armaduras divinas? Daí entra a

participação da Fundação Graado, que trabalha

na pesquisa e recuperação das armaduras

perdidas. Os próprios Cavaleiros de Aço foram

baseados em constelações de armaduras perdidas.

93) SAINT SEIYA: CONSTELAÇÕES

INEXISTENTES! – Mesmo os fãs mais

apaixonados sabem que o animê de Os

Cavaleiros do Zodíaco é uma série cheia de

furos, se comparada à sua obra original, o

mangá. E um detalhe que chama a atenção no

anime é a grande quantidade de Cavaleiros

inexistentes no manga. Alguns, com armaduras

sem constelação definida, casos de Dócrates e

Spartan, e outros com constelações inexistentes,

casos de Aracne (Tarântula) e Agora (Lótus).

Docrates já chegou a ser relacionado como

Cavaleiro da constelação de Hércules, devido ao

seu golpe, mas já existe o Argeti de Hércules. O

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina8

9

Spartan chegou a ser mencionado como

Cavaleiro de Prata, na dublagem brasileira, algo

que não consta no original. Apesar de não existir

constelação de Tarantula ou Lótus, o próprio

autor Masami Kurumada criou o Dante de

Cerberus, constelação que também não existe.

Ou melhor, existiu e foi abolida. Vale lembrar

que as armaduras possuem centenas de anos, e

as tais 88 constelações só foram oficializadas em 1930.

94) SHURATO: CÓPIA SIM, MAS COM

ESTILO – Surgida em 1989, a série Tenku Senki

Shurato (―Crônicas da Guerra Celestial de

Shurato‖) foi produzida simultaneamente em

animê pelo estúdio Tatsunoko, e em mangá por

Hiroshi Kawamoto para a revista Shonen

Gahosha. Usando a fórmula de jovens com

armaduras de Os Cavaleiros do Zodíaco, a série

baseou-se na mitologia hindu-budista,

principalmente na lenda dos Tenryu Hachibushu,

os oito guardiões dos ensinamentos de Buda. Na

história, o jovem Shurato Hidaka é transmigrado

da Terra para o Mundo Celestial, onde se torna o

Rei Shura, um dos oito guardiões celestiais

encarregados de

proteger a deusa

Vishnu e o povo de

Deva da ameaça

do povo maligno

de Asura. Apesar

de não ter sido um

sucesso

estrondoso, a série

chamou a atenção

principalmente

pelo excelente

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina9

0

trabalho de adaptação da mitologia hindu-

budista na construção dos personagens, dos

mantras de transformação e dos golpes mágicos,

isso sem falar no belíssimo design das

armaduras. Isso fez com que Shurato ganhasse

fãs muito fiéis, sendo alguns até ilustres, como as integrantes do grupo CLAMP.

95) UMA ARMADURA ESTUPIDAMENTE

GELADA – Em um momento crucial do animê

Shurato, o herói parte para encontrar e vestir a

armadura sagrada de Brafma, o Deus da

Criação, para assim poder tornar-se o seu

sucessor. Até aí tudo bem, só que na versão

original japonesa o nome do deus Brafma é...

Brahma. Sim, pois não vamos nos esquecer que

Shurato é baseado na mitologia hindu-budista,

que tem como seus principais deuses: Vishnu,

Shiva e Brahma. A mudança de nome na versão

brasileira ocorreu por um motivo pitoresco, o

licenciante local não queria associá-lo a famosa e

popular marca de cerveja. Uma precaução que

teve um certo sentido, afinal frases como: ―Eu

sou o sucessor de Brahma!‖ ou ―Com a força de

Brahma eu serei invencível!‖, poderiam soar um

tanto quanto engraçadas.

96) CROSSOVER ENTRE SHURATO E

ZILLION? - No episódio 18 da série Shurato,

intitulado ―Em busca da Memória Perdida‖

(Ushinawareta Toki o Motomete), é possível

encontrar os personagens centrais da série

Zillion (J.J., Champ e Apple) escondidos num

determinado trecho. Na história, Shurato acaba

sendo transmigrado de volta ao seu mundo,

durante a luta contra a vilã Trailo, da Tríade do

Demônio. O herói acaba perdendo a memória

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina9

1

recente, e tem que se lembrar que é o Rei

Shura, para poder voltar ao Mundo Celestial. A

cena é bem rápida, no momento que Shurato

está correndo pela cidade, ele passa pelos três,

que estão vestidos com roupas civis. Dificulta um

pouco reconhecer, mas nada que um ―pause‖

não resolva. Num outro episódio mais adiante,

podemos notar a presença da Emi, secretária do

Mr. Gord. Personagens escondidos é bem típico

da produtora Tatsunoko. Curiosamente, os

dubladores japoneses de J.J., Champ e Apple são

os mesmos de

Shurato, Leiga e

Rakesh,

respectivamente

Toshihiko Seki,

Kazuhiko Inoue e Yuko Mizutani.

97) OS SAMURAIS

DE MUITOS NOMES

– Produzida no Japão

em 1988 e

considerada a melhor

das cópias de Os

Cavaleiros do

Zodíaco, a série Yoroiden Samurai Troopers (Os

Guerreiros das Lendárias Armaduras Samurai)

contava as aventuras de cinco guerreiros

dotados de armaduras místicas que defendiam o

mundo da ameaça do milenar super-vilão Arago.

Realizado pelo estúdio Sunrise, o mesmo da

franquia Gundam, o animê apresentava a

habitual qualidade de produção acima da média

tão característica dos trabalhos da produtora:

Roteiro bem construído, character design de

primeira e animação elaborada. Tudo isto fez

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina9

2

com que a série fosse um sucesso não só no

Japão, mas também em outros países. O que

chama a atenção, entretanto, é a grande

variedade de nomes com que ela foi batizada.

Nos Estados Unidos, para não ser confundida

com Super Human Samurai Cyber Squad e VR

Troopers, a série se chamou Ronin Warriors. Na

Espanha, em alusão ao nome do lendário filme

de Akira Kurosawa, chamou-se Los Cinco

Samurais. Na França, onde eles adoram um

nome imponente, foi batizada como Les

Samouraïs de l’Éternel (Os Samurais da

Eternidade). Já na América Latina, inclusive no

Brasil (Onde foi exibida pela extinta Rede

Manchete), ficou como Samurai Warriors.

Quanto aos nomes dos personagens por aqui,

eles seguiram uma exigência do licenciante, que

optou por padronizar os nomes da versão

espanhola por toda a América Latina. O objetivo

era facilitar a distribuição e a venda dos

brinquedos. E foi assim que os nomes originais

dos guerreiros: Ryo, Seiji, Shin, Syu Lei e

Touma, viraram Hector, César, Jorge, Tristan e

Tommy, enquanto o vilão Arago era rebatizado como Scorpion.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina9

3

98) SAILOR MOON E AS MUDANÇAS DOS

NOMES - Talvez por acharem que os nomes

originais japoneses eram típicos demais para um

animê que (na opinião deles) era só para

crianças, os licenciantes de Sailor Moon

preocuparam-se em ocidentalizar os nomes dos

personagens. Que o resultado disso não tenha

respeitado o sentido original dos nomes é até

aceitável, já que transcrições conceituais são

muito difíceis. O problema é que não se seguiu

padrão nenhum, permitindo-se que cada país ou

região adotasse os seus próprios nomes, o que

gerou uma verdadeira salada. O Brasil adotou a

versão para os Estados Unidos e América Latina:

Serena para Moon, Amy para Mercury, Raye para

Mars, Lita para Júpiter, Mina para Vênus e

Darien para Tuxedo Mask. A diferença é que a

América Latina manteve os sobrenomes originais

enquanto a versão estadunidense americanizou-

os. Moon por exemplo, ficou Serena Winston. A

curiosidade aqui está no nome Darien que,

apesar de parecer normal, tem uma origem um

tanto bizarra: Ele foi baseado na pronúncia

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina9

4

fonética que os japoneses fazem da palavra

inglesa darling, que significa querido. Já na

Europa, Moon foi chamada de Bunny, que em

inglês significa coelho. Uma tentativa, até feliz,

de se preservar o sentido original do nome.

Infelizmente, a coerência e a uniformidade

pararam por aí... Mars virou Rita em Portugal,

enquanto Mercury virou Molly na França. Júpiter

foi Maria em Portugal, Patrícia na Espanha,

Marcy na França e Morea na Itália. Vênus não

ficou atrás, tendo sido Carola na Espanha,

Mathilda na França, Marta na Itália e Joana Lima

em Portugal. Sobrou até para Tuxedo Mask, que

foi batizado como Armando na Espanha, Bourou

na França, Marzio na Itália e Gonçalo em

Portugal.

99) STREET FIGHTER II-V: CHEGADA VELOZ

- Quando um animê passa no Japão, às vezes

demora um bom tempo (às vezes, anos) para

que seja exibido em outros países. Séries muito

extensas são vendidas por lotes, e séries mais

curtas, com menos de 50 capítulos, são

compradas

em pacotes

fechados após

seu final.

Contrariando

essa regra,

em 1995,

Street Fighter

II-V se tornou

o animê que

mais rápido

foi exibido em

outro país, no

caso o Brasil.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina9

5

A série, de apenas 29 episódios, ainda estava

sendo veiculada no Japão quando seu primeiro

episódio foi visto nas manhãs de domingo no

SBT, no ano de 1995. Acontece que o contrato

de Silvio Santos com a Capcom (detentora da

marca) era referente à exibição da série animada

Street Fighter Game, criada nos EUA. Como a tal

produção (animada porcamente no Japão)

estava atrasada e a data de estréia estava

próxima, restou à Capcom do Brasil oferecer ao

SBT como ―tapa-buraco‖ a série SF II-V. Muito

melhor produzida que a série que substituiu, foi

um presente e tanto para o público brasileiro,

que nunca havia assistido a uma produção

japonesa tão rapidamente na TV. Infelizmente,

assim que ficou pronta, a capenga série SF

Game também passou no Brasil. Em tempo: o

―V‖ do título japonês não é o número 5 em

algarismo romano, e sim uma referência às

palavras ―Victory‖ (vitória, o objetivo maior dos

lutadores), ―Voyage‖ (uma alusão às viagens

pelo mundo de Ken e Ryu) e ―teleVision‖ (Porque

era uma série de TV, oras...).

100) PASSANDO A

TESOURA EM

SAKURA – Ao abrir

um livro mágico, a

pequena Sakura

Kinomoto espalha pela

sua cidade um grupo

de cartas mágicas

conhecidas como as

Cartas Clow. Daí em

diante, ela tem como

missão recuperar

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina9

6

todas as cartas, contando com a ajuda de vários

amigos: A criaturinha mágica Kero, a esperta

Tomoyo e o valente Shaoran Li. Misturando

aventura e magia no melhor estilo conto de

fadas, a simpática série Sakura Card Captors foi

criada em mangá pelo grupo CLAMP para a

revista Nakayoshi em 1996, e posteriormente

animada em 70 episódios pelo estúdio Madhouse

em 1998. Sucesso de público e de licenciamento,

a série ganhou o mundo e tornou-se uma das

mais marcantes da virada do milênio. Mas, com

o perdão do trocadilho, nem tudo foram flores

para a pequena Sakura (cujo nome significa ―flor

de cerejeira‖). Quando o animê chegou aos

Estados Unidos em 2000, o licenciante local

achou que a série, criada originalmente para

meninas, teria mais apelo comercial se fosse

―transformada‖ para o público masculino. Desse

modo, em um ato bizarro, os episódios foram

reordenados e reeditados de modo a tornar

Shaoran Li o personagem principal. Os 70

originais viraram 39, e a série foi rebatizada

como apenas Cardcaptors. Isso sem falar na

censura de conteúdos considerados inadequados

para o público infantil norte-americano. O que

parece ridículo se levarmos em conta que no

Japão, a série foi bancada e exibida pelo canal

estatal NHK, conhecido por ser ultraconservador

no conteúdo de sua programação. No final das

contas (e de modo previsível), Cardcaptors foi

um fracasso retumbante e acabou sendo retirada

do ar poucos meses após a sua estréia.

101) SAKURA: CARTAS NA MESA –

Conhecidas por usarem e abusarem de temas

místicos em suas histórias, as integrantes do

CLAMP também já deram a sua contribuição para

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina9

7

o mundo dos oráculos. Inspiradas em X, elas

criaram um baralho de tarô em que cada um dos

22 arcanos maiores é representado por um

personagem da série. Também criaram em

Sakura Card Captors as mágicas Cartas Clow,

criadas por sua vez na história pelo poderoso

mago Clow Reed. Inicialmente uma peça de

ficção, o baralho virou uma coisa real e acabou

se tornando um item de licenciamento bastante

popular. Muitos fãs da série que gostam de

ocultismo, costumam vez por outra tirar a sorte

com as Cartas Clow. Aliás, o nome do mago

Clow Reed é um anagrama do sobrenome de

Aleister Crowley (1875-1947), um renomado

mago britânico que dedicou muito de sua vida ao

estudo do tarô.

102) COWBOY BEBOP: UM ANIMÊ PARA VER

E OUVIR – No ano de 2071, três caçadores de

recompensas: Spike Spiegel, Jet Black e Faye

Valentine, perambulam pelo espaço a bordo da

nave Bebop, vivendo todas as aventuras e

desventuras comuns àqueles que ganham a vida

correndo atrás de criminosos. Com esse enredo

aparentemente simples, porém desenvolvido de

maneira brilhante, a série de animê Cowboy

Bebop tornou-se uma das mais cultuadas da

história do gênero. Realizada em 1998 pela

produtora Sunrise, a série teve uma forte

influência da música ocidental, notadamente

americana e inglesa, em sua concepção. Isso se

deve ao fato de seu criador, o produtor e diretor

Shinichiro Watanabe, ser um grande aficionado

do assunto. Tudo começa pelo nome da série, já

que Bebop é um gênero do Jazz que se

caracteriza pela rapidez do andamento e

liberdade de improviso em seus temas, o que se

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina9

8

encaixa bem no estilo de vida dos caçadores de

recompensas que são chamados de Cowboys.

Cada um dos 26 episódios é chamado de

―Session‖ (Sessão), como se fosse uma

apresentação musical. Além disso, os títulos dos

mesmos são ou relacionadas a música, tais como

―Asteroid Blues‖ e ―Jupiter Jazz‖, ou mesmo

retirados de famosas canções. Há para todos os

gostos, desde o clássico do Jazz ―My Funny

Valentine‖ até ―The Real Folk Blues‖, título de

uma histórica coleção de álbuns que retrata as

lendas do Blues americano. O Rock’n Roll

também não fica de fora com ―Toys in the Attic‖

do Aerosmith, ―Hard Luck Woman‖ do Kiss e

―Bohemian Rhapsody‖ do Queen. Sendo os

Rolling Stones os campeões desta parada com

―Honky Tonk Women‖, ―Sympathy for the Devil‖,

―Wild Horses‖ e o álbum ―Jamming with Edward‖.

O show se completa com a magnífica trilha

sonora composta pela pianista e arranjadora

Yoko Kanno, uma das melhores já feitas para um animê. Para ver, ouvir e aplaudir.

103) TOM JOBIM E COWBOY BEBOP -

PAIXÃO PELA BOSSA NOVA – No elenco de

apoio da série Cowboy Bebop, há três simpáticos

velhinhos que aparecem com frequência e que

atendem pelos nomes de Antonio, Carlos e

Jobim. Esta foi uma inusitada e feliz homenagem

dos criadores ao nosso Maestro maior: Tom

Jobim (1927-1994), um dos pais da Bossa Nova

e o músico brasileiro mais conhecido e

respeitado em todo o mundo. Aliás, a paixão dos

japoneses pela Bossa Nova é notória. Temas do

gênero são ouvidos pelo arquipélago em toda

sorte de trilhas sonoras, sejam de comerciais,

filmes, novelas e programas de TV. É comum ver

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina9

9

as lojas de CDs dedicarem sessões inteiras à

Bossa Nova, e muitos artistas brasileiros

costumam gravar álbuns especialmente para o

mercado japonês, levando a reboque outros

gêneros nossos como o Choro, o Samba

tradicional, o Baião e o chamado Instrumental

Brasileiro. Curiosamente, a música brasileira

parece encontrar do outro lado do mundo um

espaço e um respeito muito maiores do que em

sua terra natal.

104) COWBOY BEBOP E BOB DYLAN,

BATENDO NA PORTA DO CÉU – A série

Cowboy Bebop teve um longa-metragem de

animação produzido para os cinemas: O

excelente Cowboy Bebop: Knockin' on Heaven's

Door. Lançado em 2001 e realizado pela mesma

equipe da TV, o longa mostra a tripulação da

Bebop

correndo atrás

de Vincent

Volaju, um

bioterrorista

que pretende

disseminar um

vírus mortal

que pode

acabar com a

população

humana do

planeta Marte.

Para não fugir

à regra da

série, o

subtítulo

―Knockin' on

Heaven's Door‖

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

00

é o mesmo da famosíssima canção de Bob

Dylan, composta por ele em 1973 para a trilha

sonora do filme de faroeste Pat Garrett and Billy

the Kid. Mas a ligação de Dylan com o longa vai

um pouco mais longe, já que o cantor e

compositor serviu de modelo para a criação do

personagem Vincent. Além disso, o longa foi

lançado nos Estados Unidos sem o subtítulo,

chamando-se apenas Cowboy Bebop: The Movie.

O motivo foi que a distribuidora Columbia

Tristar, devido a semelhança dos nomes, ficou

com receio de ser processada pelos agentes de

Bob Dylan. A versão brasileira seguiu a

americana e o longa saiu aqui como Cowboy

Bebop - O Filme.

105) ALÉM DA MÚSICA – As curiosidades da

série Cowboy Bebop não se limitam a assuntos

ligados a música, senão vejamos: Mestre em

combate corpo-a-corpo, Spike Spiegel é

praticante do Jeet Kune Do, arte marcial criada

pelo ator e lutador Bruce Lee (1940-1973). Aliás,

no episódio ―Stray Dog Strut‖ há uma luta entre

Spike e o vilão Abdul Hakim que presta

homenagem a célebre luta entre Bruce Lee e o

gigante Kareen Abdul Jabbar no filme O Jogo da

Morte (Game of Death), lançado postumamente

em 1978. Apesar da série se passar no final do

século XXI, os personagens utilizam pistolas

reais do século XX: A de Spike é uma israelense

IWI Jericho 941, a de Jet é uma alemã Walther

P99 e a de Faye é uma austríaca Glock 30.45. No

episódio ―Wild Horses‖, Spike reencontra o seu

velho amigo Doohan, um renomado mecânico de

astronaves. Esta foi uma homenagem ao ator

James Doohan (1920-2005), que ficou famoso

interpretando o personagem Montgomery Scott,

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

01

engenheiro-chefe da nave Enterprise na série

Jornada nas Estrelas. O caça espacial Swordfish

II, nave particular de Spike, retirou o seu nome

de um verdadeiro avião de guerra do século XX:

O torpedeiro Fairey Swordfish, um aparelho de

uso anti-navio e anti-submarino que foi

largamente utilizado pela aviação britânica

durante a Segunda Guerra Mundial.

Curiosamente, este Swordfish original também

deu as caras na série, fazendo uma pequena

aparição no longa Cowboy Bebop: Knockin' on

Heaven's Door.

106) U.S. MANGA, A INTRODUÇÃO DO OVA

NO BRASIL (E TAMBÉM DA CENSURA) – U.S.

Manga era o nome de uma distribuidora

americana de animês, que através do programa

U.S. Manga Corps do Brasil (Rede Manchete),

apresentou ao público um novo gênero ainda

não muito explorado, o OVA (Original Video

Animation). O programa estreou no dia 8 de

novembro de 1996, e era exibido todas às tardes

de sexta. Os animes exibidos foram os

seguintes: Detonator Orgun (3 partes), Project

Zeorymer (2 partes), Genocyber (3 partes), M.D.

Geist, M.D. Geist II, Gall Force-Fase Terra (3

partes), Gall Force-Nova Era (2 partes), Fatal

Fury, Fatal Fury 2 (2 partes), Samurai Shodown

(2 partes), Iczer 3 (3 partes) e Battle Skipper

(apenas 2 das 3 partes exibidas). Muitos fãs

chegaram a pensar que U.S. Manga Corps do

Brasil fosse um único seriado, e o que ajudou a

confundir mais ainda é que o character design de

Detonator Orgun e Zeorymer era o mesmo. A

música de abertura foi extraída do anime Project

A-KO, também da mesma distribuidora. Project

A-KO foi lançado em vídeo no início da década

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

02

de 90, pela Top Tape, com o título de Super

Nova. Mas o que marcou mesmo foi a

―tesourada‖ que a maioria dos animes sofreu,

repleto de cortes. Genocyber, por exemplo, ficou

inassistível. O mais engraçado é que uma cena

de nudez do personagem Tomoru Shindo, no

terceiro capítulo de Detonator Orgun, havia sido

editada colocando-se uma tela estática, mas a

mesma cena aparecia nas chamadas comerciais do programa.

107) EVANGELION: O ANIMÊ DE UMA NOVA

ERA – Produzida em 1995 pelo estúdio Gainax, a

série de animê Neon Genesis Evangelion (Shin

Seiki Evangelion, no original) conta as aventuras

de três adolescentes: Shinji, Asuka e Rei, que

pilotam robôs biológicos conhecidos como Evas e

defendem a humanidade de seres bizarros

chamados de Anjos. A série tornou-se um marco

da história do gênero ao conseguir uma mistura

perfeita entre um roteiro ―cabeça‖ e cenas de

ação alucinantes, proeza que acabou por

consagrar seu criador, o diretor e roteirista

Hideaki Anno. Um dos charmes da série foi

utilizar em sua concepção elementos da

mitologia judaico-cristã, com muitas referências

a passagens bíblicas e a ciência mágica judaica

conhecida como Cabala. Os robôs Evas, por

exemplo, tem esse nome por terem sido feitos a

partir de um Anjo conhecido como Adão. Já os

Anjos, por sua vez, tem quase todos os seus

nomes retirados dos anjos da Cabala. O

supercomputador Magi, palavra em italiano para

magos, é composto de três unidades: Melchior,

Gaspar e Baltazar, justamente os nomes dos

Três Reis Magos que foram ao encontro do

menino Jesus. A arma conhecida como a lança

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

03

de Longinus é

uma alusão à

lança de São

Longinus (São

Longuinho,

aquele que ajuda

a encontrar

objetos

perdidos), o

soldado romano

que trespassou

Jesus crucificado

com sua arma

para certificar-se

de sua morte e

que, após isso,

acabou se

convertendo.

Finalmente, o próprio nome da série tem o seu

significado especial. Em japonês, Shin Seiki

significa ―nova era‖ (Daí a versão ocidental se

chamar Neon Genesis), enquanto Evangelion é

uma palavra em grego antigo que conhecemos

latinizada como evangelho, e que significa

―mensagem‖ no sentido de ―boas novas‖. Sendo

assim, o título pode ser traduzido como:

Mensagem de Uma Nova Era.

108) DEPOIS DOS ANJOS, OS NAVIOS – À

parte de suas referências mítico religiosas, a

série de animê Neon Genesis Evangelion

apresenta uma curiosidade bem inusitada. Os

sobrenomes de seus protagonistas são todos

ligados a assuntos náuticos. Um primeiro grupo,

apresenta sobrenomes ligados a elementos de

uma embarcação: Ikari (âncora), Kaji (leme ou

timão) e Rokubungi (sextante). Já um segundo,

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

04

apresenta sobrenomes retirados de navios da

Marinha Imperial Japonesa utilizados na segunda

guerra mundial: Os porta-aviões Katsuragi e

Akagi, e os destróieres Ayanami e Fuyutsuki. A

privilegiada nesse caso foi a personagem Asuka

Langley Soryu, que teve seus sobrenomes

retirados de dois porta-aviões, um americano e o outro japonês.

109) CERVEJA, CARRO, CANÇÃO... – Em

Evangelion, a cerveja Yebisu, que Misato

Katsuragi tanto gosta de beber, realmente existe

e é uma das marcas mais populares do Japão. O

carro da beldade também é real: Trata-se do

modelo esportivo francês Renault Alpine A310,

produzido entre 1971 e 1984. O tema de

encerramento da série, ―Fly Me To The Moon‖, é

um dos clássicos do jazz norte-americano e foi

composto em 1954 por Bart Howard. Por ser um

protótipo, o Eva unidade 00 de Rei ayanami

possui a cor amarela, que é universal para

veículos de teste. O campo AT ou AT Field, fonte

de poder dos Anjos e dos Evas, significa

―Absolute Terror Field‖ ou ―Campo de Terror

Absoluto‖. Os nomes das organizações NERV,

SEELE e GEHIRN, são palavras em alemão que

significam respectivamente nervo, alma e

cérebro. Quanto a agência Marduk, esta retirou

seu nome do Deus Supremo da civilização Babilônica.

110) MUDANÇA DE SEXO NA DUBLAGEM –

Nem sempre a dublagem acerta na hora de

adaptar uma produção em outra língua. Errar

vozes é até comum, mas bizarro mesmo é

quando acabam trocando o sexo de um

personagem. Dependendo do caso, não chega a

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

05

interferir no desenrolar da trama, mas que fica

estranho, isso fica. Principalmente quando se

conhece a versão original. Na série Sailor Moon,

o vilão Zoisite (Ziocite, na dublagem brasileira)

acabou virando mulher, devido ao visual

afeminado, sendo dublado pela Noeli

Santisteban. No anime, Zoisite tinha uma

quedinha pelo Kuntsite (Malachite, na dublagem

brasileira), um romance homossexual que

acabou desaparecendo. No OVA Gall Force-Fase

Terra, exibido pelo programa U.S. Manga Corps

do Brasil (Manchete), a oficial Fortin acabou

virando homem na dublagem da Gota Mágica, na

voz de Hermes Baroli. Apesar do visual pouco

feminino (toda camuflada), Fortin havia sido

inspirada na Eluza, líder do primeiro Gall Force.

Normalmente isso acontece por falta de

acompanhamento ―técnico‖ na hora da

dublagem. Porém, isso não é uma exclusividade

do Brasil. Na série Transformers Beast Wars, a

Maximal Air Razor virou ―o‖ Air Razor na

dublagem japonesa. Como não há nenhuma

cena que explore a feminilidade de Air Razor, a mudança foi possível.

111) SAMURAI X: AQUI FOI COM VOZ DE

MACHO – Na versão brasileira do animê

Samurai X, o protagonista Kenshin Himura foi

dublado pelo ator Tatá Guarnieri, que interpretou

o personagem com uma voz grave e heróica.

Entretanto, quem acompanhou a série na versão

original encontrou uma interpretação bem

diferente. Feita especialmente pela renomada

atriz Suzukaze Mayo, a voz original de Kenshin

era muito mais suave e delicada. O motivo para

se usar uma mulher foi deliberado: Como a

figura de Kenshin foi baseada na do samurai

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

06

histórico Gensai Kawakami, conhecido por ser

tão bonito que podia ser confundido com uma

mulher, acreditou-se que uma voz feminina se

encaixaria melhor nos traços delicados com os

quais o personagem foi construído.

112) BLADE: UMA FELIZ ADAPTAÇÃO -

Quando uma produção japonesa é adaptada para

o ocidente (geralmente, os EUA), é comum que

nomes sejam alterados. Mas também já

aconteceu o caminho inverso. Quando o mangá

Mugen no Juunin (ou "Habitante do Infinito") foi

adaptado no ocidente pela Dark Horse Comics,

com o título de Blade of The Immortal. O autor

Hiroaki Samura gostou tanto da sonoridade do

título estadunidense que passou a adotá-lo como

subtítulo do animê no Japão. O mangá estreou

no Japão em 1993 na revista Afternoon (Ed.

Kodansha) e, no Brasil, foi lançado pela Conrad

Editora em 2004 como Blade - A Lâmina do

Imortal.

113) AKIRA: UM MARCO DOS ANIMÊS – Em

1988, apareceu nas telas japonesas um longa-

metragem de animação diferente de tudo o que

já havia sido visto antes. Mostrando uma

alucinada Tóquio pós-apocalíptica, onde gangues

de motoqueiros dividiam as ruas com mutantes

paranomais, Akira de Katsuhiro Otomo já nascia

como uma obra-prima. Surgido da idéia de se

realizar no Japão uma animação para cinema no

mesmo patamar técnico dos estúdios Disney,

Akira foi o resultado da união de oito grandes

empresas japonesas do ramo do entretenimento.

Em um esforço conjunto, elas conseguiram

viabilizar o então absurdo orçamento de 10

milhões de dólares, o que permitiu o acesso a

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

07

todos os recursos técnicos necessários para a

consolidação do projeto. O produto final ficou tão

bom, que o longa acabou sendo exibido nas telas

do mundo todo, superando todas as expectativas

dos produtores. Mais do que um grande sucesso

de bilheteria, Akira tornou-se um marco na história da animação japonesa e mundial.

114) FALA SINCRONIZADA - A despeito da

sofisticação de seus efeitos gráficos e arrojo

cinematográfico nos enquadramentos, as

limitações de orçamento sempre impediram que

os animês tivessem o mesmo detalhamento de

movimentação de figuras que era encontrado

nas animações Disney. Akira, entre muitos

outros méritos, foi o primeiro animê a apresentar

figuras com movimento labial sincronizado com

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

08

as falas dos dubladores, uma técnica que a

Disney já usava há décadas. Conhecida como

Pre-Scoring, essa técnica consiste em gravar as

vozes dos dubladores antes do início da

animação, de modo a oferecer aos animadores uma referência perfeita para o sincronismo.

115) A VOZ DO PIKACHU - Não importa o país

onde Pokémon (Pocket Monster, no original) seja

dublado, a voz do ratinho elétrico Pikachu é

sempre a mesma. Conseguindo passar emoção

apenas com diferentes inflexões do nome do

personagem, a dubladora Ikue Ootani conseguiu

um feito comparável ao de Mel Blanc, o autor da

inconfundível risada do Pica-Pau. Já uma

veterana dubladora quando Pokémon começou,

ela estreou como Pikachu desde o primeiro

episódio da série, exibido em novembro de 1997,

quando tinha 32 anos. A graciosa artista ainda

fez a voz de outros pokémons vistos ao longo da

série, como Corsola e Glameow. Piii ~

Pikachuuuuu!!!!!

116) ULTRA-

MONSTROS DE

BOLSO – Treinados

para intensas

batalhas ao comando

de seu dono,

poderosos monstros

de batalha são

guardados em uma

forma energética

dentro de cápsulas

levadas no bolso. E

não estamos falando

de Pokémon. Décadas

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

09

antes de Pikachu e seus amigos conquistarem o

mundo, o herói Ultra Seven combatia monstros e

alienígenas malignos. Sempre que precisasse de

ajuda, Dan Moroboshi (alter ego de Ultra Seven)

sacava de seu bolso uma caixinha com pequenas

cápsulas que ele arremessava, liberando

monstros gigantes que atendiam aos seus

comandos. Não foi a única referência a um herói

Ultra em Pokémon. A treinadora Misty,

especializada em Pokémons aquáticos, tem em

seu arsenal uma curiosa estrela-do-mar

voadora: É Staryu, uma singela homenagem ao

famoso Ultraman. Não bastasse a luz piscante

em seu peito para indicar nível baixo de energia,

Staryu tem um grito igual ao de seu inspirador:

Schwaaatch!!

117) POKÉMON SHOCK!!! – O dia 16 de

dezembro de 1997 ficou marcado por um

acontecimento inusitado na história da televisão

japonesa. O desenho Pokémon havia sido

responsável por causar convulsões e mal-estar

em centenas de crianças e adolescentes, que

assistiram o episódio daquele dia. Neste

episódio, o de número 38 (Dennô Senshi

Porygon – ―Guerreiro Eletrônico Polygon‖), Ash e

os demais entrariam em um computador para

resolver anomalias causadas pelo monstrinho

Polygon. A causa do mal-estar coletivo foi uma

série de efeitos intermitentes de luz, como um

flash estroboscópico, emitida pelo Pikachu

durante alguns segundos. A série acabou sendo

temporariamente suspensa e só retornou em 16

de abril, porém, a ordem de vários episódios

acabou tendo que ser alterada. O episódio 39

(Rougela no Christmas – ―O Natal de Rougela‖)

acabou virando um especial de TV, exibido em

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

10

outubro, por já ter

passado o Natal. Mas é

claro que a reação varia

de pessoa pra pessoa,

principalmente pra quem

assiste em ambientes

escuros e de perto. Por

causa desse incidente,

todas as séries em

anime/tokusatsu passaram a trazer a seguinte

mensagem, ―Quando for assistir TV, clareie o

quarto e afaste-se da tela‖, até mesmo em

reprises de séries antigas. E quanto ao episódio

38, ele acabou sendo excluído da série, pois

julgaram ―não ser possível refazer a cena‖. Um

membro do staff de Pokémon chegou a dar a

seguinte declaração no evento Jisedai World

Hobby Fair, de 1998: ―Façam de conta que esse episódio não existe, nunca existiu!‖

118) ―KETSUBAN‖ - OS EPISÓDIOS

EXCLUÍDOS – ―Ketsuban‖ é o termo utilizado

para indicar um número que foi retirado de sua

sequência, e é assim que são tratados os

episódios excluídos dos seriados. Além de casos

conhecidos como Ultraseven (Episódio 12) e

Pokémon (Episódio 38), outras séries passaram

por situação semelhante. Na primeira série de

Cyborg 009 (1968), o episódio 15 causou

problemas pela descrição de um personagem

vindo do futuro, que seria a evolução do ser

humano atingido pelos efeitos da bomba nuclear.

A exclusão do episódio em sua reprise foi

decidida pelo próprio criador Shotaro Ishinomori.

Na série Tiger Mask (1970), o episódio 19 foi

impedido de ser re-exibido, devido ao

vocabulário de cunho discriminatório. Na série

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

11

Gakkô no Kaidan (2000) [Histórias de

Fantasmas, na versão brasileira], uma entidade

que cuida de crianças com deformidade na boca

conseguiu impedir a exibição do 3º episódio

(Atashi Kirei? Kuchisake Onna), após verem o

preview deste episódio na semana anterior. O

motivo é que poderiam associar as crianças com

tal deformidade à vilã do episódio, Kuchisake

Onna (Mulher de Boca Rasgada), uma lenda

urbana japonesa sobre uma mulher que

assombrava crianças, mostrando a boca rasgada

(tipo a do Coringa). No lugar, foi exibido um

resumo dos episódios 1 e 2. Em outros casos, os

episódios não precisaram ser banidos, mas

tiveram que passar por modificações, como o

episódio 21 de Magma Taishi (1966) [Vingadores

do Espaço, na versão brasileira]. No tal episódio,

aparecia um mendigo carregando uma placa com

dizeres ofensivos. A placa foi retocada

digitalmente quando o título foi lançado em LD,

formato que antecedeu o DVD, no início da década de 1990.

119) AS SÉRIES EM ANIMAÇÃO MAIS

LONGAS DO MUNDO - Ao contrario do que

muita gente acredita, as séries em desenho

animado mais longas do mundo vêm do Japão, e

não dos EUA. O gatinho azul Doraemon já teve

mais de 1.000 episódios desde 1979, enquanto a

dona-de-casa Sazae San já passou da casa dos

2.000, com sua série

iniciada em 1969. Eles

deixam comendo

poeira a série ocidental

mais longa, Os

Simpsons, com seus

mais de 400 episódios.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

12

A série estadunidense entrou para o Guiness

Book of Records como a série de animação de

maior longevidade por se manter em produção

desde 1989. Sem dúvida, uma grande injustiça

com a senhora Sazae, a verdadeira recordista.

120) DORAEMON, O EMBAIXADOR DO

ANIMÊ – Ele é um gato-robô que veio do futuro

para tomar conta de um menino atrapalhado

chamado Nobita. Para tanto, ele costuma lançar

mão de um arsenal quase infinito de artefatos

malucos os quais, invariavelmente, mais

aumentam os

problemas do que

os resolvem. Ele é

azul, cabeçudo, não

tem orelhas e é o

personagem infantil

mais popular do

Japão, uma figura

que está para os

japoneses assim

como a Turma da

Mônica está para os

brasileiros. Estamos falando, é claro, de

Doraemon. Nascido para o mangá no final de

1969 pelas mãos de Hiroshi Fujimoto, um dos

membros da dupla Fujiko Fujio, suas histórias

geraram uma coleção de 45 volumes que já

vendeu cerca de 100 milhões de exemplares.

Mas a popularidade do personagem extrapolou

mesmo em suas três séries de animê: A

primeira, feita em 1973, rendeu 52 episódios. A

segunda, feita entre 1979 e 2005, rendeu 1095.

Já a terceira, iniciada em 2005 e ainda em

produção, já passou dos 350. No Brasil, alguns

episódios foram exibidos, sem repercussão, na

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

13

década de 1990, na extinta TV Manchete. Mas

para se ter uma idéia do prestígio de Doraemon,

basta dizer que em 2008 o governo japonês

resolveu nomear Doraemon como o ―Embaixador

do Animê‖. Para promover o fato, o longa

Doraemon e O Dinossauro de Nobita (Nobita no

Kyouryu, de 2006) teve exibições gratuitas em

cineclubes e eventos de animê no mundo inteiro,

inclusive em várias cidades brasileiras entre

2008 e 2009. A honraria partiu do princípio de

que a exibição da série em outros países poderia

ajudar outros povos a terem uma melhor

compreensão não só do animê em si, mas também do próprio Japão.

121) ON YOUR MARK: PAGANDO AS

CONTAS - O diretor Hayao Miyazaki, vencedor

do Oscar 2003 por A Viagem de Chihiro, é uma

das figuras mais veneradas no cenário do animê.

De extensa

carreira e com

uma postura

extremamente

crítica em

relação a seus

colegas e ao

lado mais

comercial dos

animês, Miyazaki

já anunciou

diversas vezes

sua

aposentadoria,

mas sempre

aparece com um

novo longa, para

a alegria dos

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

14

seus fãs. Mas em 1995, as finanças de seu

Studio Ghibli iam mal e ele acabou aceitando,

pela primeira e única vez, a encomenda para

produzir um videoclipe. Lançada um ano antes,

On Your Mark era uma canção da dupla Chage &

Aska, com 6min40s de duração. Para

acompanhar a música escrita por Aska, Miyazaki

concebeu um enredo original com um futuro

pós-apocalíptico onde dois policiais (os cantores

em questão) salvam uma garota-anjo das garras

do governo. O resultado foi primoroso. Para os

fãs de Miyazaki, um curta-metragem do mestre

com fundo de J-Pop. Para os fãs de Chage &

Aska (em atividade desde 1979), um video-clip

em animê. A obra foi exibida em cinemas antes

de Mimi wo Sumaceba (ou ―Se ouvir bem...‖),

longa de Isao Takahata produzido pelo Studio

Ghibli e também era vista em telões antes dos

shows da dupla. Em entrevistas, a dupla se

declarou fã de Miyazaki. Já o mestre deixou claro

que não tinha o menor interesse em música pop ou rock.

122) NARUTO - UMA FORÇA

INCONTROLÁVEL - Símbolo por excelência da

série Naruto, a espiral aparece de maneira

recorrente e sob as mais variadas formas ao

longo da história. Mesmo o nome do

protagonista, Naruto Uzumaki, foi

deliberadamente construído para reforçar esse

simbolismo. Naruto é uma espécie de bolo de

peixe com recheio em espiral que costuma ser

servido como acompanhamento de lamen, um

tipo de macarrão que é o prato preferido do

herói. Naruto também é o nome de uma

pequena cidade litorânea da província de

Tokushima, conhecida por apresentar em sua

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

15

costa um singular fluxo de marés que causa

grandes redemoinhos marítimos. Já o sobrenome

Uzumaki, significa literalmente ―espiral‖ ou

―redemoinho‖. O motivo de tanta repetição foi a

intenção do autor de associar o personagem a

interpretação do redemoinho pelo feng shui, o de

símbolo de uma força incontrolável. Alusão

direta ao poder gigantesco da raposa de 9

caudas, o demônio que Naruto guarda selado dentro de seu corpo.

123) BOBÃO! BOBÃO! – Na série de animê

Naruto, é comum que em algumas cenas em que

um personagem (Normalmente o Naruto ou o

Jiraiya) faça ou fale alguma bobagem, apareçam

alguns corvos arrulhando o seu ruído

característico: ―Ahô! Ahô!‖. O que ocorre é que,

além de ser a representação fonética do ruído

dos corvos, a palavra japonesa Ahô é um

adjetivo que significa tolo ou bobão. Ou seja, a

aparição dos corvos em cena tem como objetivo

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

16

fazer uma gozação com o personagem: ―Bobão!

Bobão!‖.

124) JIRAIYA: UM NOME HERÓICO - Quando

pensamos em um ninja de nome Jiraiya, logo

dois personagens surgem em nossas mentes: O

poderoso guerreiro de Naruto (Studio Pierrot,

2002) e o senhor da espada olímpica da famosa

série de tokusatsu Jiraya: o incrível ninja (Toei

Company, 1988). Seria isso uma mera

coincidência? Na verdade não... O que ocorre é

que ambos os personagens foram baseados no

protagonista de uma obra literária do século XIX

denominada Jiraiya Goketsu Monogatari (A lenda

do Herói Jiraiya). Na história, Jiraiya é um jovem

aventureiro que é transformado em um ninja

místico por um sábio imortal que lhe ensina a

poderosa magia dos sapos. Escrito por vários

autores entre 1839 e 1868, o personagem fez

tanto sucesso que acabou incorporando-se ao

imaginário popular japonês, o que ajudou muito

na criação de suas versões posteriores. Uma

curiosidade sobre os nomes dos heróis é que,

apesar de serem pronunciados da mesma

maneira, eles são grafados com ideogramas

diferentes, o que acaba mudando o seu

significado. Sendo assim, o nome do Jiraiya

original significa ―Jovem Trovão‖, enquanto o do

tokusatsu (Que aqui foi grafado incorretamente

como Jiraya, sem o segundo ―i‖) significa ―Flecha

do Trovão Magnético‖. Já o nome do Jiraiya de

Naruto não significa nada em especial, tendo

sido construído apenas para compor a expressão

fonética.

125) A SERPENTE GIGANTE – O ninja maligno

Orochimaru, um dos grandes vilões da série

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

17

Naruto, não é uma criação original de Masashi

Kishimoto. Assim como Jiraiya e Tsunade, os

outros ninjas lendários, ele é uma versão de um

personagem oriundo do romance épico Jiraiya

Gôketsu Monogatari (ou ―A Lenda do Valente

Jiraiya‖), publicado no Japão no século XIX.

Nesta história, Jiraiya é casado com Tsunade e

possui um fiel discípulo chamado Yashagoro.

Tudo vai bem até o dia em que Yashagoro é

corrompido pela magia das serpentes e muda o

seu nome para Orochimaru, voltando-se contra

Jiraiya e tornando-se o seu arquiinimigo. O nome

do vilão tem sua razão de ser, já que Orochi

significa ―serpente gigante‖, enquanto ―maru‖ é

um sufixo comum para nomes masculinos.

126) CARA DE UM, FOCINHO DO OUTRO - O

autor de Naruto, Masashi Kishimoto, tem um

irmão gêmeo que também é mangaká, Seishi

Kishimoto. Assim como o irmão, ele também

produz mangás de ação com temas fantásticos já

tendo emplacado várias séries, com destaque

para 666 Satan e Blazer Drive. O que chama a

atenção nos irmãos é que os seus estilos de

desenho são muito parecidos, tanto que já foram

acusados de ficarem copiando um ao outro. Os

Kishimoto se defenderam alegando com justa

razão que, como cresceram juntos e tiveram as

mesmas influências, é natural que seus trabalhos

tenham tantas similaridades.

127) O PODER DO ANIMAL LENDÁRIO - Não

foi por acaso que o autor Masashi Kishimoto

escolheu a raposa de 9 caudas para representar

o demônio aprisionado no corpo do herói Naruto.

Essa criatura em especial, é uma das mais

representativas do folclore japonês. Símbolo de

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

18

força e sabedoria, está associada ao fogo, a

magia e as florestas. Conta a lenda que, quanto

mais uma raposa mágica envelhece, mais

poderosa ela fica. Esse processo é representado

pelo aparecimento sucessivo de mais caudas.

Quando elas atingem o número de nove, a

raposa chega ao auge do seu poder. Mas, a

associação do animal com o fogo revela um

poder instável e difícil de controlar, que tanto

pode servir com fidelidade aos humanos quanto voltar-se em fúria contra eles.

128) O MESTRE ESPANTALHO - Se um

personagem possui um nome peculiar, esse

personagem é o

mestre ninja

Kakashi Hatake da

série Naruto.

Kakashi significa

―espantalho‖,

enquanto Hatake

significa

―plantação‖. Sim,

isso mesmo... Ele é o mestre ninja ―Espantalho

da Plantação‖. Mas a coisa poderia ter sido

pior... Durante o processo de criação da série,

ele quase chegou a ser batizado de Kuwa, que

significa ―enxada‖. Para reforçar a brincadeira do

nome escolhido, o autor costuma inserir figuras

de espantalhos nas cenas em que o personagem aparece. Os corvos que se cuidem.

129) A ENERGIA EM ESPIRAL – Entre os

hinduístas e budistas, chacra é o nome que se dá

a cada um dos centros de energia espalhados

pelo nosso corpo. A função desses centros é a de

regular e equilibrar a nossa energia vital. Na

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

19

série Naruto, em alusão direta a esse conceito,

chacra é o nome que se dá a própria energia

vital dos ninjas. Mas, porque Masashi Kishimoto

preferiu usar chacra, uma palavra de origem

indiana, para representar a energia vital ao invés

de ki, sua correspondente em japonês? O que

acontece é que a palavra chacra, em sânscrito,

significa ―roda em movimento‖. Movimento esse

que faz a energia vital fluir em vórtices, criando

espirais de energia que se espalham pelo nosso

corpo. Ou seja, foi mais uma bela jogada do autor no sentido de reforçar o símbolo da espiral.

130) O PODER ESTÁ NAS MÃOS – Na série

Naruto, os Selos são gestos mágicos feitos pelos

ninjas cuja função é concentrar a energia vital

para o uso de suas técnicas. Tais gestos

representam os doze animais do zodíaco chinês

e são realmente utilizados por várias escolas de

artes marciais, já que se acredita que eles tem o

poder de ajudar a concentrar e controlar a

energia vital do corpo. Curiosamente, eles não

são originários nem do Japão e nem da China.

Esses gestos nasceram na Índia onde são

chamados de mudrá, palavra em sânscrito que

significa selo. Surgidos nos ensinamentos da

religião hinduísta, os mudrás acabaram sendo

praticados por membros de outras religiões e

escolas de pensamento, com destaque para os

budistas. Aliás, foram estes últimos os

responsáveis por disseminar tal conhecimento

pela China e pelo Japão, tornando os gestos

parte da cultura e do folclore destes países.

131) ONE PIECE: COMO ACABAR COM

PIRATAS – Contrastando com suas tantas

glórias, a série One Piece ostenta uma triste

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

20

marca: A de ser o animê mais digitalmente

alterado de todos os tempos. Não no Japão,

onde a série produzida pela Toei desde 1999.

Estamos falando de uma questão relacionada a

exibição da série nos Estados Unidos. Tudo

começou em 2004 quando a distribuidora

americana 4Kids comprou os direitos de exibição

das primeiras temporadas. Especializada em

produtos para o público infantil, a distribuidora

não mediu esforços para transformar One Piece,

uma série feita originalmente para o público

juvenil, em uma

obra considerada

mais palatável para

o seu público alvo. O

objetivo principal da

4Kids era o de

descaracterizar os

chamados maus

hábitos dos piratas,

transformando-os

em bons rapazes.

Para isso, a

computação gráfica

correu solta como

nunca antes: Os

primeiros 143

episódios foram reeditados em apenas 104, com

grupos de episódios transformados em somente

um e vários arcos de história totalmente

suprimidos. Cenas consideradas violentas e com

a presença de sangue foram totalmente

eliminadas ou transformadas a ponto de

perderem o sentido. Charutos e cigarros foram

desintegrados ou, como no caso do personagem

Sanji, transformados em pirulitos. Todas as

bebidas alcoólicas tiveram as suas cores

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

21

alteradas para que pudesse ser dito que elas

eram... suco de laranja. Armas de fogo foram

transformadas em engenhocas ridículas ou em

armas de brinquedo, daquelas com rolhas nas

pontas dos canos. Nem as famosas bocarras dos

personagens, uma das marcas do estilo do

autor, escaparam da edição, sendo

inexplicavelmente substituídas por expressões

faciais normais. Terminado o serviço, a versão

da 4Kids foi ao ar nos Estados Unidos no final de

2004, recebendo as previsíveis críticas dos fãs.

Aliás, foi justamente esta versão que

desembarcou no Brasil para ser exibida no

Cartoon Network e no SBT. Uma série como One

Piece merecia um tratamento melhor.

CAPÍTULO 3: TOKUSATSU – O REINO DOS MONSTROS DE BORRACHA

132) EFEITOS E DEFEITOS ESPECIAIS - De

todos os tipos de entretenimento que compõem

o universo pop japonês, talvez o de nome mais

difícil para os ocidentais seja o tokusatsu (leia

―tokussátsu‖). Anterior ao animê, se refere a

filmes com atores (chamados genericamente

live-action) mas que tem, como característica, o

uso ostensivo de efeitos especiais para contar

uma história, geralmente de ficção científica e

fantasia. A palavra veio da contração de

―tokushuu kouka satsuei‖, ou ―filmagem de

efeitos especiais‖. O gênero aflorou e teve

grande evolução na década de 1950, quando se

destacou o diretor Eiji Tsuburaya, aclamado

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

22

depois o Deus do Tokusatsu. Sem o dinheiro e os

recursos dos produtores estadunidenses,

Tsuburaya buscava soluções criativas e baratas

para seus filmes. Com o Godzilla original (o qual

desenhou e fez os efeitos), inaugurou a era dos

―monstros de borracha‖, ao utilizar um ator

fantasiado para o monstro. Com a TV cada vez

mais presente na vida dos japoneses a partir da

década de 1960, seriados de tokusatsu com

herois e monstros começaram a padronizar

efeitos especiais baratos, para produção em

serie. Basicamente, maquetes de prédios

(parecendo de papelão), fantasias

emborrachadas de monstros (muitas com zíperes

à mostra) e maquetes de naves (frequentemente

com fios de sustentação visíveis). Fora efeitos

óticos de raios e efeitos pirotécnicos com

pólvora. Isso viraria a marca registrada do

tokusatsu pra muita gente: efeitos especiais

capengas em histórias ágeis e divertidas.

133) TOKUSATSU OU LIVE-ACTION? Se

tokusatsu é o nome dado às produções

japonesas de efeitos especiais, por quê muita

gente usa o termo live-action para designar as

produções? Live-action, ou ―ação ao vivo‖ é um

termo usado mundialmente (e não só na cultura

pop japonesa), para diferenciar produções feitas

com atores daquelas feitas em animação.

Resumindo, toda produção tokusatsu é,

obrigatoriamente, também um live-action. E nem todo live-action japonês é um tokusatsu.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

23

134) DE GOJIRA A GODZILLA - Em 1954, o

filme Gojira, do diretor Ishiro Honda, se tornou

um megassucesso ao apresentar um dinossauro

mutante que desperta devido a testes nucleares

no Japão. Menos de 20 anos após as bombas

atômicas que arrasaram Hiroshima e Nagasaki

no final da Segunda Guerra, o tema provocava

medo nas pessoas, que lotaram os cinemas da

época. Menos de dois anos depois, o filme se

tornou um sucesso nos EUA. Para o lançamento,

o nome original foi deixado de lado para dar

lugar a um mais sonoro e imponente aos ouvidos

ocidentais: Godzilla. O elenco de Godzilla tinha à

frente o ator Raymond Burr, que depois ficaria

famoso por conta do seriado policial Perry Mason

(de 1957). Só que ele não havia participado das

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

24

filmagens originais. Suas cenas interpretando um

repórter que investiga e persegue a criatura

foram escritas e filmadas nos EUA e ele

obviamente não interage com os atores da

película original. Em uma das ―novas‖ cenas

mais estapafúrdias da versão made in USA, um

bando de japoneses foge assustado do monstro,

enquanto o valente repórter não só fica parado,

como encara o monstro, numa demonstração de

macheza totalmente descabida. A montagem

antecipou em mais de 30 anos o que seria feito

com seriados Super Sentai para transformá-los

em Power Rangers. Ícone pop nos EUA, Godzilla

ganhou versões em quadrinhos, desenho

animado pela Hanna-Barbera (1977) e um

grandioso filme em 1998, produzido pela mesma

dupla responsável por Independece Day, os

cineastas Roland Emmerich e Dean Devlin. Nesse

filme, que depois deu origem a uma série em

animação, o design do monstro foi bastante

modificado, ficando mais com jeito de dinossauro.

135) NOME DE MONSTRO - O nome Godzilla

(―Deus Zilla‖, seja lá o que isso for) é uma

invenção estadunidense, mas o monstro em si é

100% japonês. No original, o dinossauro

mutante radioativo chamava-se Gojira, um nome

criado com a junção das palavras ―gorira‖

(gorila) e ―kujira‖ (baleia), para dar a idéia de

uma criatura grande e forte. Idéia parecida

acabou batizando outro famoso monstro

japonês, o Gamera, que vem de ―kame‖

(tartaruga) e ―kujira‖. Sem contar inúmeras

outras criaturas do cinema e TV do Japão com

nomes exóticos derivados de combinações semelhantes.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

25

136) JAPÃO X EUA – A BATALHA DOS

GODZILLAS - O Godzilla americano e o japonês

se enfrentaram no filme Godzilla Final Wars,

lançado no Japão em 2004 para comemorar os

50 anos do personagem. Na aventura, invasores

espaciais lançam uma horda de monstros sobre

a Terra a somente o aprisionado Rei dos

Monstros pode conter as feras. É aí, em meio a

tantos monstros invasores, que entra a versão

gringa, rebatizado de Zilla. Feito em computação

gráfica como a versão de Hollywood (mas sem a

qualidade da mesma), o bicho trava com o

Godzilla emborrachado nipônico uma ―grandiosa‖

batalha que durou somente 15 segundos.

Ganhou o original, com apenas um golpe de

cauda e uma clemente baforada nuclear. A

película custou mais de 19 milhões de dólares, o

que fez de Godzilla Final Wars, dirigido por

Ryuhei Kitamura, o filme de monstros mais caro

já produzido no Japão.

137) RATOS GIGANTES! – Em 1963, no auge

dos kaiju eiga (filmes de monstros), a Daiei Eiga

desenvolveu um projeto chamado Dai Gunju

Nezura, onde ratos gigantes atacavam o Japão.

As filmagens utilizavam ratazanas de verdade

que corriam sobre maquetes. Além das

dificuldades de se organizar as filmagens, uma

grande infestação de pulgas causada pelos

bichinhos (argh) assustou o elenco e equipe

técnica e as filmagens foram abandonadas às

pressas. Em seu lugar, a Daiei produziu um

legítimo concorrente de Godzilla, a tartaruga

gigante voadora Gamera. Um remake de Nezura

(ou Nezulla) foi produzido em 2002, mas sem

relação alguma com o original e apresentando

um rato mutante gigante e bípede, não muito

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

26

diferente de tantos outros monstros do

tokusatsu.

138) GODZILLA X ULTRAMAN – A LUTA DO

SÉCULO (OU QUASE) – Dois dos maiores

ícones do tokusatsu na verdade nunca lutaram

formalmente. Porém, no episódio 10 do

Ultraman original (1966), o monstro Jillars foi

feito a partir do reaproveitamento de um traje

usado em um filme do Godzilla. Foi acrescentada

uma grande membrana em forma de leque ao

redor do pescoço, tons esverdeados foram

aplicados e pronto! Um novo monstro surgia. No

confronto, Ultraman logo arranca a membrana

da criatura e os telespectadores puderam ter um vislumbre da sonhada ―luta do século‖.

139) OS ULTRAS E AS DATAS

DESENCONTRADAS - Filmado e exibido entre

1966 e 67, o seriado do primeiro Ultraman se

passava originalmente no distante (para a

época) ano de 1993. Isso foi revelado no

episódio 22, que

mostrava uma lápide

com a data de

falecimento do

personagem Jamilla,

e o ano era visto

claramente. A ideia

foi abandonada

posteriormente, a

exemplo de muitas

outras ocasiões. A

história de Ultraseven

se passaria em 1987,

vinte anos após a

criação da série.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

27

Talvez acreditassem que o mundo já estaria bem

evoluído nessa época. A serie Ultraman Moebius,

de 2006, era relacionada com os Ultras clássicos,

mas estabelecia que cada série era

contemporânea ao seu ano de produção. Ou

seja: Ultraman teria vindo à Terra em 1966,

Ultra Seven em 1967, Ultraman Jack em 1971 e

assim por diante. Cronologia nunca foi o forte

das séries Ultra.

140) QUANDO HAYATA TROCOU A CÁPSULA

BETA POR UMA COLHER... - Na série

Ultraman, há uma cena cômica que virou

clássica, em que Hayata ergue uma colher ao

invés da Cápsula Beta, ao tentar se transformar.

Isso ocorreu no episódio 34, intitulado Sora no

Okurimono (―O Presente do Céu‖), com um

monstro de 200 mil toneladas chamado Skydon.

Na tomada anterior, Hayata e os demais

membros da Patrulha Científica estavam

comendo curry na paz e tranquilidade, quando

recebem uma ligação do exército, avisando que

o monstro Skydon, que havia sido mandado para

o espaço como um balão (depois de muitas

tentativas de se livrarem dele) começou a ser

atacado e ia despencar de novo dos céus. Há um

erro de continuidade, pois Hayata larga a colher

no prato e sai de mãos vazias até a cobertura da

base, a fim de se transformar. Esse erro foi uma

das revelações feitas pelo ator Susumu Kurobe,

intérprete do Hayata, durante um especial em

comemoração aos 40 anos do Ultraman, exibido

no dia 8 de agosto de 2006, antes de Ultraman

Möebius, série que inclusive trouxe o velho Hayata de volta à ação.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

28

141) A CANTORA EUROPEIA E O HOMEM-

LAGOSTA ESPACIAL – Sylvie Vartan é o nome

de uma cantora nascida na Bulgária que fez

sucesso no França e de lá para o resto do mundo

principalmente na década de 1960. No Japão,

vendeu mais de um milhão de discos entre 1964

e 65 e foi recebida como uma estrela quando

visitou a Terra do Sol Nascente. Para o sistema

fonético japonês, o sobrenome Vartan era

normalmente pronunciado como Barutan. E foi

essa curiosa adaptação que acabou inspirando a

Tsuburaya Productions a batizar um dos maiores

inimigos do Ultraman, em 1966. Quando a série

começou a ser

exportada e o nome de

Barutan era vertido

para o alfabeto

ocidental (ou seja,

fazia o caminho

inverso), a tradução

mais normal era

Baltan, pois ninguém

desconfiava que

Barutan era só a

pronúncia japonesa para Vartan. E o monstro é

conhecido assim até hoje. A propósito: a letra

―V‖ foi incluída no alfabeto katakaná (usado para

nomes e termos estrangeiros ou não-naturais do Japão).

142) ULTRASEVEN E O EPISÓDIO BANIDO -

O episódio 12 de Ultraseven é considerado

perdido, um branco na numeração das histórias

da série. Muitos dizem que o episódio em

questão, que mostrava aliens que distribuíam

um relógio que sugava o sangue das pessoas,

jamais teria passado no Japão, o que não é

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

29

verdade. Passou sim, e por duas vezes: na

exibição original de 1967 e na primeira reprise,

em 1969. A polêmica toda começou em outubro

de 1970, não propriamente por causa do

episódio, mas pela edição de novembro da

revista educativa Shogaku Ninensei (da ed.

Shogakukan), que trazia de brinde uma coleção

de cards de monstros. Dentre eles, havia o do

alienígena que aparecia, o Spell Seijin,

acompanhado da legenda ―Hibaku Seijin‖

(Alienígena Vítima da Bomba Nuclear), sendo

este fato o estopim do incidente. Hibaku é um

termo utilizado para denominar as vítimas das

bombas de Hiroshima e Nagasaki, e da forma

como havia sido publicada, poderia ser encarada

no sentido pejorativo, pois o monstro era

humanóide, com o corpo cheio de manchas

escuras, o que muitos viram como uma alusão

às queimaduras nucleares que marcaram muitos

sobreviventes. Vale lembrar que, por muitos

anos após as

bombas atômicas,

existiu muito

preconceito por

parte do povo

japonês contra os

cidadãos de

Hiroshima e

Nagasaki, por medo

de se

contaminarem com

radiação e ficarem

doentes só por

chegar perto ou se

relacionarem com

eles. Muitos jamais

se casaram por

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

30

causa disso e as histórias terríveis que se

seguiram ao bombardeio marcaram gerações

inteiras. Uma garota, percebendo o tal card,

mostrou ao pai, que justamente era um membro

de um grupo em prol das vítimas da bomba e

enviou uma carta de oposição à editora

Shogakukan. Outros grupos, de Nagasaki e

Hiroshima, entraram no meio, batendo de frente

com a Tsuburaya Pro. Não tendo outra saída, a

produtora excluiu o episódio já na reprise de

1970. Entretanto, na exibição do capítulo 45 do

programa Ultra Fight 130 (TBS), em abril de

1971, mais uma oposição do grupo em prol das

vítimas, já que mostrava o Spell Seijin. Ultra

Fight 130 era um programa de 5 minutos de

duração, apenas com cenas de luta do Ultraman

e Ultra Seven. Mamoru Sasaki, que escreveu o

episódio 12, disse que jamais havia criado esta

legenda (Hibaku Seijin), jogando a culpa para a

revista. Este episódio, que trazia a participação

especial da atriz Hiroko Sakurai (a Akiko Fuji, de

Ultraman), passou normalmente no Brasil, com o

título ―Presente Nocivo‖.

143)

ULTRASEVEN E

OS ROTEIROS

INÉDITOS –

Como qualquer

seriado,

Ultraseven teve

vários roteiros

finalizados, mas

que por diversos

motivos,

acabaram não

sendo filmados.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

31

Ao todo foram nove histórias, sendo que duas

delas, não se sabe em que período foram

escritas. Das outras sete histórias, destaque

para o episódio piloto, ―Hikari to Kage no

Chousen‖ (Desafio da Luz e da Sombra), da

época em que o seriado ainda levava o nome

provisório de Ultra Eye, e o herói se chamaria

Redman ao invés de Ultra Seven. Vale lembrar

que Redman foi um dos nomes rejeitados para o

primeiro Ultraman. Dan Moroboshi (Redman)

seria um rapaz com poderes extra-sensoriais,

filho de um pai alienígena ―R‖ e uma mãe

terráquea. Dan seria apenas um motorista da

Ultra Guard, e sua namorada Anne Yuri, apenas

uma oficial do Centro Médico. Em outras

palavras, membros secundários da Ultra Guard,

conhecido aqui como o Esquadrão Ultra. Na idéia

original, ele não teria nenhuma ligação com a

Nebulosa de M78, mas em contraparte, poderia

utilizar em suas cápsulas, monstros de Ultra Q e

Ultraman. As filmagens tiveram início em agosto

de 1967, numa ordem aleatória, primeiro o

episódio 2, depois o 3, 4, 6, pra só então

filmarem o episódio 1. Em agosto, o título oficial,

Ultraseven, fora anunciado para a imprensa.

Originalmente, esse título seria utilizado pela

Tsuburaya numa comédia sobre 7 homens das

cavernas, seriado que jamais chegou a ser

produzido. O nome Ultra Seven viria bem a

calhar, afinal ele seria uma espécie de sétimo

membro do Esquadrão Ultra.

144) ULTRASEVEN x 15 ALIENÍGENAS+35

MONSTROS – Dentre os roteiros não utilizados

para o cultuado heroi, sem dúvida o melhor seria

o episódio intitulado ―Uchuujin 15+Kaijû 35‖ (15

Alienígenas + 35 Monstros), no qual Ultraseven

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

32

enfrentaria monstros das séries Ultra Q e

Ultraman, criando assim, um elo de ligação entre

as três séries. Esse episódio havia sido escrito

em conjunto pelo roteirista Shôzo Uehara e o

diretor Akio Jissôji (sob o pseudônimo de Kô

Kawasaki). Durante a perseguição ao Alien

Baltan (inimigo do primeiro Ultraman), Ultra

Seven é atacado por 6 monstros (Keronia, Gigas

e outros), derrota todos eles, mas fica muito

ferido. Na base, vendo atentamente o

horóscopo, Soga começa a sentir que algo de

ruim estaria por vir. De repente, chega a

informação de que vários monstros estão

reunidos no sopé do Monte Fuji. Telesdon,

Skydon, Neronga, Pester...mais de 20 monstros.

O alto comando da TDF forma uma linha de

frente, e eis que surge o monstrinho amigo

Pigmon (amigo de Ultraman). Utilizando um

tradutor de línguas, Pigmon revela que os

monstros foram revividos pelos alienígenas da

Liga Espacial, que pretende utilizá-los para

invadir a Terra. Os tanques e mísseis do exército

não são páreo para os monstros e, ao mesmo

tempo, a base das Forças de Defesa é atacada

por discos voadores. No momento, Dan está

internado no centro médico e não pode se

transformar. Seguindo a orientação de Pigmon, a

Ultra Guard joga a substância Afetamina nos

monstros para torná-los ferozes e lutarem entre

si. Tokyo se transforma num verdadeiro ringue.

Escorado por Pigmon, Dan consegue escapar da

base, ativa seus monstros Windom e Agira, e se

transforma. Mesmo fraco, consegue fatiar o

Baltan com o bumerangue Eye Slugger, mas não

é páreo para os 5 monstros restantes: Red King,

Pegira, Jeronimon, Neronga e Eleking. Num grito

de sofrimento, Seven desaba e é salvo por um

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

33

monstro alado chamado Gord, que elimina

facilmente os monstros e desaparece

misteriosamente no céu. Por motivos de custo,

esse episódio não pôde ser viabilizado e, em seu

lugar, foi rodado o episódio de número 43

(Pesadelo do Quarto Planeta), que curiosamente

não tinha monstro.

145) O SEGREDO DO BUMERANGUE

ESPACIAL – A mais famosa arma do herói Ultra

Seven é seu bumerangue cortante alojado em

sua cabeça. A icônica arma surgiu por acaso,

durante as filmagens da serie original, em 1967.

A crista, originalmente apenas um elemento de

design, ficava caindo toda hora, atrapalhando as

gravações. Até que tiveram a ideia de

transformar o acessório numa arma de

arremesso. Nascia assim o Eye Slugger, que já

decapitou inúmeros monstros e alienígenas

malignos. O efeito da lâmina em ação ficou

incrível e, após a morte do diretor Eiji

Tsuburaya, levaria décadas até que a produtora

conseguisse acertar novamente o efeito de

animação para mostrar a arma em movimento.

146) ULTRAMAN JACK E O REGRESSO QUE

NÃO ERA – Uma dúvida que acometia muitos

fãs de Ultraman na década de 1970 era o título

da série O Regresso de Ultraman, ou Kaettekita

Ultraman (produzida em 1971). Afinal, quem

assistia sabia que o protagonista era um

segundo Ultraman que vinha para a Terra,

entrando em simbiose com o humano Hideki Goh

(vivido pelo ator Jiro Dan). Na primeira sinopse

escrita para a série, a história se passaria 30

anos após Ultraman. A Terra voltaria a ser

atacada por monstros, depois de um longo

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

34

tempo, quando já não existiria mais a Patrulha

Científica. Muramatsu, ex-capitão da Patrulha,

faria uma participação no primeiro episódio, já

bem velhinho. Uma nova equipe seria criada, a

MAT (Monster Attack Team, no Brasil GAM –

Grupo de Ataque aos Monstros), um jovem

Hayata daria as caras, e o protagonista se

chamaria Hideki Ban (membro do MAT). A

jogada era criar um suspense pra saber quem

era o Ultraman, Ban ou Hayata, algo que seria

revelado apenas no terceiro episódio. A ideia foi

abandonada pelo coordenador de produção

Hajime Tsuburaya, que optou por encomendar à

sua equipe de criação um novo personagem e

ampliar a franquia, introduzindo o conceito de

Família Ultra. Com a negociação da serie já

fechada com a emissora TBS, optaram por

manter o nome

original e chamar

o heroi apenas de

Ultraman. Ou

seja, apesar do

título, não era

uma volta do

primeiro

Ultraman, mas

sim a estreia de

um sucessor. Ao

longo dos anos

seguintes, o herói

seria chamado de

Shin (novo)

Ultraman ou

mesmo de

Kaettekita

Ultraman, apesar

de, como nome

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

35

próprio, soar estranho o título. Na década de

1980, o personagem começou a ser chamado de

Ultraman Jack, um nome aparentemente

escolhido de forma aleatória apenas para

diferenciá-lo do Ultraman original.

147) ULTRAMAN X SAWAMU, O DEMOLIDOR

- No episódio 27 da série O Regresso de

Ultraman, há uma sequência que causou furor

entre o público japonês na época.

Acompanhando um amigo que praticava

kickboxe, o alter ego do herói, Hideki Goh

(vivido pelo ator Jiro Dan), sobe ao ringue para

um rápido treino com o lendário Tadashi

Sawamura, conhecido aqui como Sawamu, o

Demolidor. Foram só alguns segundos, e Goh

beijou a lona depois de um chute do grande

mestre. Muito popular na época, Sawamura teve

série em mangá e seu animê havia acabado de

ser exibido na

TV, com

produção da

Toei Animation

e história do

consagrado

autor de

mangás Ikki

Kajiwara. No

Brasil, o animê

de Sawamu – O Demolidor (Kick no Oni, ou ―O

Demônio do Chute‖, de 1970) ajudou a

popularizar academias de kick boxe. Sawamura é

tão reverenciado no Japão que tem até um

Pokémon em sua homenagem, o Sawamuraa, adaptado no ocidente como Hitmonlee.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

36

148) ULTRAMAN TAILANDÊS? - Em 2002, a

Família Ultra enfrentou sua maior crise, ao ser

alvo de uma disputa judicial entre a Tsuburaya

Productions, e a empresa tailandesa Chaiyo

Productions, que alegava possuir os direitos

sobre o herói e de várias de suas séries

derivadas. Em 1974, a Chaiyo e a Tsuburaya se

uniram para realizar um filme capenga sobre

uma aliança dos Ultras clássicos com a divindade

tailandesa Hanuman, o Ultra Roku Kyodai vs

Kaiju Gundan (Seis Irmãos Ultra vs Exército de

Monstros). O filme não deixou saudade e parecia

que nada mais associaria o Ultraman com a

Tailândia. Porém, segundo Sompote

Saengduenchai, presidente da Chaiyo

Productions, existia um acordo formal entre as

duas empresas, assinado há mais de 20 anos. O

tal contrato foi divulgado somente em 1996,

algumas semanas depois do falecimento de

Noboru Tsuburaya, então presidente da

Tsuburaya. A Chaiyo mostrou uma carta

supostamente assinada por Noboru em 1976, na

qual ele transferia os direitos internacionais

(exceto para o território japonês) dos

personagens da Família Ultra criados até 1973

(ano de Ultraman Taro) à empresa tailandesa.

Segundo a Tsuburaya, a carta era uma fraude,

pois até o nome da empresa estava grafado

errado. Outro erro elementar foi terem escrito o

nome de Ultraseven (um dos heróis envolvidos

na disputa) como sendo ―Ultraman Seven‖. O

presidente da Tsuburaya jamais erraria os

nomes, é o que alegaram os advogados

japoneses. Mesmo assim, a Chaiyo criou seus

próprios Ultras, colocando-os em fotos

promocionais e shows ao lado dos heróis

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

37

japoneses, além de anunciar um grandioso filme.

Mas a história estava longe de terminar.

149) ULTRAMAN E O FIM DA GUERRA

JUDICIAL A briga entre produtores japoneses e

tailandeses sobre a marca Ultraman também

teve implicações no mercado ocidental, pois pelo

contrato apresentado pela Chaiyo, todo o

licenciamento internacional da marca Ultraman

deveria que ser renegociado com eles na época.

A Chaiyo também alegava ter tomado parte na

criação de Ultraman nos anos 60, o que já

beirava o surreal. Tudo porque, em uma visita

do fundador Eiji Tsuburaya à Tailândia, ele teria

conhecido uma série de estátuas raras de Buda

através de Sompote, e a imagem de algumas

estátuas lembraria a figura do primeiro

Ultraman. A Chaiyo realmente teve permissão

oficial para negociar merchandising dos Ultras

em seu país e em outras cinco nações asiáticas,

mas seu presidente alega ter sido prejudicado

pela Tsuburaya durante a disputa e exigiu certa

vez uma carta de retratação, que foi usada nos

tribunais. Finalmente, em 2007 o caso foi

resolvido, com a vitória da Tsuburaya Pro sobre

a concorrente, que já havia se intitulado Chaiyo

Tsuburaya. Aos tailandeses, foi reconhecido

somente o direito de comercialização de alguns

filmes e séries negociados legalmente junto à

Tsuburaya nos anos 1970, mas não o direito

sobre produtos licenciados ou permissão de criar

algo derivado. O filme Project Ultraman,

estrelado pelo astro chinês Ekin Cheng, chegou a

ter trailers divulgados, mas teve que ser arquivado, talvez para sempre.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

38

150) O DIA EM QUE ULTRAMAN FOI PRESO

– Em 2002, o ator Takayasu Sugiura, que na

época interpretava o heroi Musashi Haruno em

Ultraman Cosmos (2001~2003), foi preso,

causando grande escândalo em seu país.

Acusado de espancar e extorquir dinheiro de um

rapaz, o astro ficou alguns dias na cadeia, o que

causou um estrago sem precedentes. Quando o

incidente se tornou público, o episódio 50, que

estava previsto para ser exibido no dia

15/06/2002 não passou, e no lugar, colocaram

um especial em animação infantil dos Ultras. Ao

final, veio a mensagem de que o ator (sem citar

o nome) havia sido detido para averiguações de

atos criminosos que ele teria cometido quando

ainda era menor, cerca de dois anos antes.

Entretanto, no mesmo dia, tanto a Tsuburaya

como a emissora TBS começaram a receber

mensagens de fãs pedindo por um final na série.

Com todos os 16 episódios restantes já

gravados, a Tsuburaya editou as cenas, criando

um final em duas

partes, exibidas

nos dias 22 e 29 de

junho. Assim,

nesses dois últimos

episódios,

misteriosamente

Musashi não

aparecia (somente

era mencionado) e

apenas o heroi

transformado

entrava em ação.

Em seguida, a

intenção da TBS

era preencher o

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

39

horário com a série criada para vídeo Ultraman

Neos (apenas 2 episódios exibidos de um total

de 12), até a data de estréia da série seguinte,

Mobile Suit Gundam Seed, no dia 5 de outubro.

O caso acabou sendo resolvido rapidamente,

Sugiura – que tinha um álibi convincente, logo

foi solto, mas o estrago ficou, tornando a mais

extensa série da franquia Ultra, uma mal

resolvida colcha de retalhos. A série, que estava

programada para ter 65 episódios, voltou ao ar

no dia 20 de julho, mesmo tendo tido um final já

exibido. Mas por causa do cronograma da

emissora, cinco episódios ficaram inéditos na TV, sendo lançados em DVD.

151) O ESCÂNDALO QUE TRANSFORMOU UM

FILME EM DOIS Quando seu astro foi preso,

estava para estrear o filme Ultraman Cosmos 2 -

The Blue Planet e a Tsuburaya tomou a iniciativa

de montar uma nova versão sem o Sugiura, pois

não pretendia cancelá-lo, devido a venda

antecipada de ingressos. Pra isso eles criaram o

Ultraman Cosmos 2 The Blue Planet~Musashi

(13 Anos). Para interpretar o Musashi, foi

chamado novamente o ator Kônosuke Tôkai, que

havia feito esse mesmo personagem no primeiro

filme. Esta versão chegou a ser exibida em

alguns cinemas. Um terceiro longa (Ultraman

Cosmos vs Ultraman Justice – The Final Battle,

de 2003), aí com tudo já de volta ao normal, foi

produzido, encerrando a saga. O ator, que

depois do incidente mudou o nome artístico para

Taiyô Sugiura, voltaria a interpretar Musashi em

apresentações teatrais dos Ultras que a

Tsuburaya realiza, provando que, ao menos em

público, não ficou rancor do incidente. E também

participou (sem se transformar) no longa de

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

40

2009 dos Ultras, o Dai Kaiju Battle - Ultra Galaxy

Legend The Movie. Tudo porque, para a discreta

mídia japonesa, um escândalo tem um efeito muito mais devastador do que para o ocidente.

152) O ULTRA MINISTRO - Em dezembro de

2009, estreou nos cinemas japoneses o filme Dai

Kaiju Battle - Ultra Ginga Densetsu (ou "A

Batalha dos Monstros Gigantes - A Lenda da

Galáxia Ultra - O Filme), com uma aventura

reunindo diversos heróis e monstros da franquia

Ultra. No elenco, que trouxe de volta atores

consagrados como Susumu Kurobe (Hayata) e

Koji Moritsugu (Dan Moroboshi/ Ultra Seven),

havia também um estreante trabalhando como

dublador. Em Ultra Legend (nome alternativo,

pra facilitar), o sábio Ultraman King teve a voz

de ninguém menos que Junichiro Koizumi, que

foi Primeiro Ministro do Japão entre 2001 e

2006, numa jogada de marketing sem

precedentes. Apesar de soar curioso para quem

via Koizumi em noticiários internacionais, tal

empreitada não surpreendeu tanto o povo

japonês. Vaidoso e dado a estrelismos, o ex-

ministro, nascido em 1942, chegou a publicar

um livro de fotos estilo book de modelos, com

uma dedicatória às mulheres japonesas. Koizumi

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

41

também já se comparou, por causa da cabeleira

grisalha, ao ator estadunidense Richard Gere.

153) O ASTRO ERA O VILÃO - O seriado

Spectreman foi um grande sucesso em seu país,

tendo sido popular também nos EUA, França e

Brasil (onde foi visto na Record e SBT). Mas no

começo, não era ele o astro da série. Quando

estreou no Japão, em março de 1971, a série se

chamava Uchuu Enjin Gori, ou ―Homem-Macaco

Espacial Gori‖. O personagem-título da produção

era o vilão histérico, alegórico e cheio de tiques

nervosos Dr. Gori, o cientista maluco que usava

monstros que se alimentavam de lixo para tomar

a Terra dos humanos. Visionário, Gori previa que

os humanos iriam destruir seu próprio mundo

com a poluição ambiental. No meio da série, o

título mudou para Uchuu Enjin Gori x

Spectroman e só na reta final o título ficou sendo

Spectroman – com ―o‖ mesmo, já que

Spectreman foi só o nome com o qual a série foi

exportada para o ocidente. E antes de tudo isso,

no piloto da

série o herói

se chamava

Element Man

e tinha um

visual bem

diferente.

Mesmo com

tantas

mudanças e

concorrendo

com produções mais badaladas como O Regresso

de Ultraman (Tsuburaya Pro) e Kamen Rider

(Toei Company), o seriado da P-Productions

emplacou nada menos que 63 episódios, uma

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

42

excelente marca para qualquer seriado, seja em

animê ou live-action. Nota de falecimento: O

ator que interpretou o herói Kenji (Johji Gamou,

no original), Tetsuo Narikawa, faleceu no dia 1

de janeiro de 2010, aos 65 anos, vítima de câncer.

154) DE LIONMARU PARA LION MAN – Com

o sucesso da série Spectreman, uma nova

produção começou a ser planejada pela P-

Production, já no final de 1971. A base seria o

filme piloto ―Jaguarman‖, um projeto de série de

TV da P-Production que acabou não vingando em

1967. Seguindo os moldes de um herói com

características felinas, surgia Lion Man, que se

passaria em 1480, na Era Muromachi, e contaria

a história de um jovem que buscava vingança

contra ―Dai Maoh‖, pela morte de seu mestre.

Após algumas mudanças no conceito, mudaram

a época para um pouco mais adiante, durante o

período da Guerra Civil (Sengoku Jidai), e o

título da série, para Kaiketsu Lionmaru (Heróico

Lion Maru, conhecido no Brasil como o Lion Man

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

43

branco). Por mera

coincidência, Lion Man

acabou sendo o título

adotado no Brasil. A

princípio, Lion Man se

passaria nos dias atuais,

ideia que acabou sendo

utilizada na série Lion

Maru G, de 2006. Para

buscar um diferencial

com outras obras, a

época foi mudada a

pedido da Fuji TV.

Passada a audição

(seleção de elenco) para

ser o intérprete do

herói, o ator Tetsuya

Ushio. Ele se deu muito

bem com o elenco,

principalmente com a

Akiko Kujô, intérprete da Saori, que se tornaria

sua esposa na vida real. Ushio fez tanto sucesso

que estrelou a série seguinte, Fuun Lionmaru

(Tempestuoso Lionmaru), não exatamente uma

sequência. Foi essa versão que ficou mais

famosa no Brasil, quando de sua exibição na TV

Manchete. O Lion Man original acabou sendo exibido depois, e ficou pouco tempo no ar.

155) CAVALGANDO PARA O ESTRELATO

Selecionado para o papel principal de Lion Man,

Tetsuya Ushio soube que seu personagem iria

montar um cavalo, coisa que ele nunca havia

feito. O ator teve que aprender a andar a cavalo

na marra, em apenas cinco dias. Além disso,

para compor o fiel parceiro de Lionmaru, o

pégaso Hikari-Maru, foi utilizado um cavalo de

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

44

corridas! Por ironia do destino Ushio, que nunca

teve intimidade com cavalos, anos mais tarde,

em 1987, viria a se tornar o primeiro

apresentador do programa de Jockey, Super

Keiba (da Fuji TV).

156) TRAGÉDIA EM LION MAN – Uma terrível

tragédia abalaria as gravações da série Kaiketsu

Lionmaru (o Lion Man branco). O jovem ator Kôji

Tonohiro, 25 anos, intérprete do rival Jônosuke

Tora (Tiger Joe), viria a falecer durante as

filmagens na locação de Hikone, província de

Shiga. E uma morte de forma totalmente

estúpida. Numa das raras oportunidades, Kôji e

Tetsuya Ushio (intérprete do Dan Shishimaru/

Lionmaru) estavam bebendo sakê na hospedaria

da locação. Depois de esvaziarem mais de 10

garrafas, Tetsuya se retirou, pois tinha gravação

no dia seguinte. Como Kôji estaria de folga,

continuou enchendo a cara até altas horas da

noite, junto com o pessoal do staff. Já bêbado,

ao procurar pelo banheiro, ele entrou num

corredor

escuro, acabou

tropeçando e

caiu sobre a

porta-corrediça

de vidro da

banheira. Kôji

sofreu um corte

profundo no

abdômen e

acabou

falecendo.

Avisado do

incidente, Souji

Ushio (criador

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

45

da série) foi correndo ao local, assim como a

noiva de Kôji. Tonohiro atuou do episódio 27 ao

40, sendo substituído pelo ator Tomotake

Fukushima, do episódio 42 ao 54. Fukushima

ainda apareceria na série seguinte, Fûun

Lionmaru, como Tiger Joe Jr. Por ironia do

destino, Tiger Joe estava previsto para ficar até

o episódio 30, mas com a popularidade

ascendente do personagem, que chegava até a

ofuscar o herói, o produtor da Fuji TV, Kôji Bessho, pediu para que ele se tornasse fixo.

157) O MOCINHO NEM SEMPRE SE DÁ BEM

NO FINAL – No mundo cheio de provações,

superação e sacrifícios dos mangás, animês e

tokusatsu, os heróis não apenas lutam pelos

seus objetivos e ideais. Às vezes, até morrem

por eles. O obituário de personagens é extenso,

incluindo até mesmo protagonistas ou

coadjuvantes de peso. Em Robô Gigante (1967),

o colosso metálico demonstra possuir vontade

própria e,

contrariando as

ordens de seu

mestre, o garoto

Daisako, se sacrifica

para destruir o

inimigo, o

Imperador

Guilhotina. Em Lion

Man (1974), Jaguar,

o honrado rival do

protagonista, morre

lutando contra a

Família de Mantor

do Diabo. A cena é

de uma violência

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

46

poética digna de um bom filme de samurai. Na

fase III da Patrulha Estelar (1981), os jovens

oficiais Ageya e Domon perdem a vida em

combate, depois de terem roubado a cena

durante quase toda a serie, dando um gosto

amargo ao último episódio. Em Metalder (1987),

o robô com sentimentos humanos pede a seu

melhor amigo para lhe tirar a vida, a fim de que

seu corpo não explodisse como uma bomba

atômica. Isso sem contar os inúmeros casos de

amores frustrados, que nunca se concretizam.

Na ficção japonesa, mesmo nas mais escapistas

e fantasiosas, nem sempre os finais são felizes, assim como na vida real.

158) HOMEM-ARANHA E A REVOLUÇÃO NO

TOKUSATSU – De todos os super-heróis

estadunidenses produzidos sob licença no Japão,

o que teve a trajetória mais distinta foi o famoso

escalador de paredes. Em 1970, Ryoichi

Ikegami, que ficaria famoso anos depois com

Crying Freeman, Mai e Sanctuary, assinaria a

mais distante adaptação de uma criação made in

USA. Mudou o protagonista de Peter Parker para

Yu Komuro e situou a trama no Japão, alterando

toda a rede de personagens secundários, mas

preservando os vilões principais. Com uma

dramaticidade típica do mangá dos anos 1970, a

série teve seu público fiel e rendeu 5 volumes.

Mas foi na TV que o Homem-Aranha deixou sua

marca. Uma versão tokusatsu estreou em maio

de 1978, com uma trama ainda mais distante da

original, desenvolvida agora por Saburo Yatsude.

Surge então Takuya Yamashiro o escalador de

paredes, que enfrenta monstros e ciborgues

malignos para proteger o Japão, como um bom

herói japonês. Mais adaptado para o público

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

47

local, impossível. A grande inovação da série foi

pegar um conceito do animê Mazinger Z, que

pela primeira vez mostrava um robô gigante

pilotado por um humano dentro de sua cabeça. E

o Aranha tinha seu robô gigante, o Leopardon,

que de aracnídeo só tinha umas teias

desenhadas em seu tórax e braços. O sucesso do

robô pilotado pelo super-herói foi tão grande que

a ideia logo se espalhou por outras séries,

mudando a cara dos seriados japoneses para sempre.

159) OS SUPER-HEROIS MARVEL E A

PRIMEIRA SÉRIE SUPER SENTAI - No final de

1978, a Toei encarou o primeiro período de

instabilidade de seus super-heróis [Nota: o

segundo período foi em 1981, que culminou com

o surgimento de Space Sheriff Gavan].

Normalmente, a Toei mantinha entre 5 a 6 séries

em exibição simultânea, mas naquele ano, ela

tinha apenas dois seriados no ar, Spiderman e

Ganbare! Red Vickies, e ambas estavam com os

dias contados. Urgentemente a Toei precisava de

uma nova série para, digamos, não ficar no

vermelho. Então veio a idéia de criar um herói

nos moldes do Spiderman (japonês), ainda

dentro da parceria com a Marvel Comics. Ele se

chamaria Captain Japan, e seria uma versão

japonesa do Capitão América. Masao Den

(Captain Japan) seria uma espécie de cyborg, e

lutaria contra uma organização secreta chamada

Beta. Ele teria um robô gigante, o Nelson (é

sério!), que nada mais era do que a sua nave, a

Captain Baser. Além disso, Captain Japan teria

uma ajudante, a Miss America, baseada na Miss

Marvel. Entretanto, o desenvolvimento tomou

outro rumo e aconteceram várias mudanças.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

48

Foram adicionados mais três guerreiros; o robô,

que seria inspirado no Leopardon (Spiderman),

virou uma espécie de samurai; a organização

secreta, de Beta, mudou para Egos e o nome do

herói mudou de Captain Japan para Battle Japan.

Nascia assim a série Battle Fever J, em 1979,

que por muitos anos, foi considerada pela Toei

como a primeira série do gênero Super Sentai –

ou Super Esquadrão.

160) GORANGER, O ANCESTRAL DOS

POWER RANGERS - Em 1975, o autor Shotaro

Ishinomori criou o quinteto Himitsu Sentai

Goranger (Esquadrão Secreto Goranger), que

saiu simultaneamente em mangá e como seriado

tokusatsu produzido pela Toei Company. Cheio

de ação e monstros estapafúrdios (com cabeça

de piano, cabeça de TV e por aí vai), fez enorme

sucesso. Em seguida, Ishinomori criou JAKQ

Dengeki Tai (Jakkar – Equipe Relâmpago), com

tom mais dramático e menor sucesso. Com seus

heróis coloridos, Ishinomori lançou as bases para

o que seria conhecido

como Super Sentai, um

gênero que ganhou o

mundo ao ser adaptado

nos EUA como Power

Rangers. No Brasil,

foram vistos Goggle V

(1982), Changeman

(85), Flashman (86) e

Maskman (87). No

Japão, o pioneirismo de

Ishinomori demorou a

ser reconhecido pela

Toei Company, como

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

49

veremos a seguir.

161) GORANGER & JAKQ, SUPER SENTAIS

OU NÃO? – Goranger e JAKQ são equipes

criadas por Shotaro Ishinomori no mesmo esqu,

mas originalmente não foram incluídas como

Super Sentai por causa dos direitos autorais. Até

aí, nada de mais, mas a história envolve o

surgimento de Battle Fever J, que foi o protótipo

da franquia Super Sentai. A questão é que ela

não nasceu para ser um Sentai, isso foi uma

casualidade. Originalmente, ela foi baseada em

Spiderman (criação de Saburo Yatsude), e não

em Goranger (Shotaro Ishinomori), daí o motivo

de todo esse impasse. Não havia a necessidade

de dar os créditos ao Ishinomori, simplesmente

porque não fazia parte do projeto dar

continuidade à Goranger e JAKQ. Entretanto,

talvez para antecipar o 20º aniversário da

franquia em 1995, Goranger e JAKQ acabaram

sendo incluídas sem maiores explicações. Porém,

algumas coisas ficaram estranhas. O aniversário

de 10 anos de Super Sentai, que era

comemorado em Turboranger, ―ficou‖ com

Changeman. E se Goranger passou a ser

reconhecido como a origem, o nome de Shotaro

Ishinomori deveria ser creditado nas séries

atuais como autor da obra original (gensakusha),

e não mais o pseudônimo da Toei Company,

Saburo Yatsude. É fato: Goranger tornou-se o

primeiro Super Sentai, e Battle Fever J passou de primeiro a terceiro dentro da franquia.

162) SUPER SENTAI, A CONSAGRAÇÃO DE

UM GÊNERO – Com o sucesso de Battle Fever J,

veio a segunda série, Denshi Sentai Denziman

(Esquadrão Elétrico Denziman, de 1980), com

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

50

um visual mais próximo ao de Goranger. Porém,

ainda não havia a consciência de uma linhagem,

e tão pouco era utilizado o termo Super Sentai.

Isso só veio a acontecer em meados de 1981,

com Taiyô Sentai (Esquadrão Solar) Sun Vulcan,

quando o gênero já estava estabilizado (ou

quase). É que na época o gênero ainda era uma

incógnita e dependia muito do sucesso. Hoje

sabemos que cada série nova terá duração de

um ano, mas antigamente, se não desse

audiência, poderia ser cancelada de uma hora

para outra. Para se precaver a isso, a Toei fazia

contratos menores com os artistas, cerca de 6

meses, pelo que disse o ex-ator Ryûsuke

Kawasaki, o primeiro Vul Eagle (Ryûsuke

Oowashi) de Sun Vulcan. Como ele não renovou

o contrato, teve que ser substituído pelo ator

Takayuki Godai. Com a franquia se estabilizando,

os contratos logo começaram a ser feitos para a

temporada completa.

163) BATTLE FEVER J: MUDANÇAS DE

ELENCO – A série Battle Fever J foi a recordista

na troca de atores

centrais, três no

total. A primeira

foi do veterano

ator Kenji Ushio,

que interpretava o

vilão Hedder, um

dos cabeças da

organização Egos.

Conhecido por

papéis marcantes

como Jigoku

Taishi (Kamen

Rider) e Doctor Q

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

51

(Bicrosser), Ushio havia sido preso pela polícia

por porte de drogas, logo na semana de estréia

da série. Pelas leis japonesas, apenas o porte já

é considerado crime. Ushio ficou até o episódio 6

e em seu lugar entrou o Masashi Ishibashi,

intérprete do Iron Claw, em Jakq Dengeki Tai.

Para a reprise e o lançamento em vídeo, a

maioria das cenas do Ushio foram substituídas

pelas do Ishibashi. Depois, houve a troca da Miss

America no episódio 24. Saía a modelo

―americana‖ Diane Martin para a entrada da atriz

Naomi Hagi. Diz-se que ela teria optado pela

carreira de modelo, mas parece que Diane não

conversava muito com o restante do elenco, por

entender pouco japonês. Por isso mesmo ela

tinha que ser dublada pela atriz Risa Komaki (a

Momoranger, de Goranger). Risa também foi a

dublê da Miss America. Por fim, o último a deixar

o elenco foi o Yukio Itô, intérprete do Battle

Cossack (Kensaku Shiraishi), morto no episódio

33. O motivo teria sido casamento. Entretanto,

dizem que ele não se dava bem com o ator Kôki

Tanioka, intérprete do

Battle Japan (Masao

Den). Em seu lugar

entrou o Naoya Ban,

já conhecido na época

por ter sido o

intérprete do herói

Kikaider (1972), outra

famosa criação de Shotaro Ishinomori.

164) O ASTRO QUE

CHEGOU ATRASADO

– Uma das exigências

dos produtores em

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

52

Battle Fever J era a presença de um robô

gigante, que seria o atrativo principal do seriado.

Independente de como seria a aventura, tinha

que ter um robô. Entretanto, o tão aguardado

Battle Fever Robo só veio a aparecer mesmo no

episódio 5, ―Robot Dai Kûchû Sen‖ (A grande

batalha aérea do robô). Então, criou-se todo um

enredo de mistério, envolvendo o projeto de

criação do robô, com a organização Egos

tentando descobrir os planos secretos. Mas na

verdade, o motivo da demora foi porque o

renomado designer da Bandai (patrocinadora da

série), Katsushi Murakami, atrasou na escolha do

visual definitivo, o que prejudicou a confecção do

traje do robô, não dando tempo de colocá-lo no

primeiro episódio.

165) DO JAPÃO PARA OS EUA (E O MUNDO)

- A série estadunidense Power Rangers é

derivada de uma das franquias mais famosas do

Japão: o Super Sentai. A onda começou em

1975, com o quinteto colorido Goranger, criação

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

53

de Shotaro Ishinomori. Changeman, Flashman,

Maskman e Goggle V, séries vistas no Brasil,

pertencem a essa franquia, que lança uma nova

equipe por ano há décadas. Em 1993, a série

Zyuranger (lançada em 1992) iniciou a mais

ambiciosa incursão dos Super Sentai no

ocidente: a série foi adaptada nos EUA e virou

Power Rangers. Com produção da Saban

Entertainment em parceria com a Toei, a série

foi refilmada com atores que mostravam um

elenco multi-racial, mais palatável ao gosto do

público norte-americano. Mas as cenas com

robôs e monstros gigantes, bem como dos

Rangers transformados, eram as mesmas da

série original. As edições eram bizarras e

incluíam cenas em que os monstros atacavam a

cidadezinha americada de Alameda dos Anjos e,

quando aparecia uma multidão correndo do

monstro da vez, eram os figurantes japoneses

de Zyuranger. Com o tempo, as filmagens foram

ficando melhores e quase não há mais esse tipo

de situação. Inclusive, alguns diretores

japoneses foram trabalhar na produção dos

Power Rangers, que atualmente não deixa nada a dever aos originais.

166) UMA GUERREIRA NADA CURVILÍNEA -

Na primeira temporada dos Power Rangers,

como optaram por incluir duas mulheres – ao

invés de seguir o original, que tinha somente

uma mulher – ficou criada uma situação bem

curiosa. A franzina Trini (a atriz Thuy Trang), ao

―morfar‖ para Ranger Amarela, ganhava um

corpo mais robusto até que o dos demais

homens da equipe. É que no original japonês, a

cor amarela era vestida por um homem, o

chamado Tiger Ranger, interpretado pelo ator

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

54

Takumi Hashimoto, o Manabu da série Jiraya – O

Incrível Ninja. Era fácil perceber não apenas o

corpo masculino, mas também a expressão

corporal masculina, o que aparentemente não foi

motivo de constrangimento algum para os

produtores. Nota triste: a atriz Thuy Trang

faleceu em 2001, aos 27 anos, vítima de um acidente de moto.

167) A RANGER ROSA ORIGINAL: DE ÍDOLO

A EMPRESÁRIA

BEM SUCEDIDA -

Reiko Chiba foi a

primeira atriz a

causar sensação no

mundo tokusatsu,

ao participar da

série Super Sentai

de 1992, Kyôryû

Sentai Zyuranger

(Esquadrão

Dinossauro

Zyuranger,

adaptado nos EUA

como a primeira

temporada dos

Power Rangers),

no papel da integrante rosa, a Ptera Ranger-Mei.

Ela também é conhecida como a primeira ídolo

virtual, já que ficou muito famosa no início da

era Internet, sendo uma das modelos japonesas

mais clicadas na metade dos anos 90. Apesar de

toda fama, repentinamente ela resolveu

abandonar o meio artístico em 1995, para então

se dedicar a área da informática. Chibarei, como

também é chamada, se reciclou e estudou

informática e, em novembro de 95, fundou sua

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

55

própria empresa, Cherrybabe, que produz

softwares para computador e jogos para

celulares. Ela investiu 10 milhões de ienes, grana

proveniente de sua carreira de modelo e atriz.

Hoje, ela é uma bem sucedida empresária, sem

aquela imagem de ―ex-modelo burra‖, tendo

publicado vários livros de auto-ajuda sobre

informática. Reiko também estudou ioga na

Índia e adquiriu o título de instrutora, tendo aparecido num programa da NHK.

168) UM POLICIAL DO ESPAÇO EM KILL

BILL – Dentre os muitos homenageados no filme

Kill Bill (2003), de Quentin Tarantino, um em

especial já cansou de salvar a Terra. É Kenji

Ohba, ator principal de Space Cop (Policial do

Espaço Gavan, de 1982) e grande nome da

história do tokusatsu, tendo participado de

diversos seriados e filmes. Ele interpreta o

careca ajudante de Hattori Hanzo, que por sua

vez foi vivido pelo lendário Sonny Chiba,

precursor dos filmes de artes marciais no Japão

e criador do Japan Action Club, a primeira escola

de dublês em seu país. Professor e aluno na vida

real, Sonny Chiba e Kenji Ohba já trabalharam

juntos outras vezes. Em 1982, Chiba interpretou

Voicer, ninguém menos que o pai de Gavan na

série de TV. Também vale citar a participação de

ambos no filme A Lenda dos Oito Samurais

(Satomi Hakkenden, 1983), lançado no Brasil em

VHS e DVD. Neste filme, inclusive, eles

contracenaram com Hiroyuki ―Henry‖ Sanada,

que anos depois faria Kenji, o antagonista de

Jackie Chan em A Hora do Rush 3 (Rush Hour 3, 2007).

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

56

169) OS POLICIAIS DO ESPAÇO E A ORIGEM

DOS NOMES – Uma lenda que correu no meio

dos fãs especulando que as três séries dos

Policiais do Espaço (Uchuu Keiji) - Gavan,

Sharivan e Shaider - tiveram seus nomes

inspirados em personalidades estrangeiras

famosas, é verdadeira. Gavan, o qual os

japoneses pronunciam como Gyaban, foi

inspirado no renomado ator francês Jean Gavin.

Pela pronúncia japonesa, Gavin (―Gavan‖) fica

algo como ―Gyaban‖. Sharivan, pronunciado

pelos japoneses como Shariban, foi inspirado no

apresentador americano Ed Sullivan. Ele foi o

responsável por lançar o pequenino Michael

Jackson na banda Jackson 5, dentro de seu

programa The Ed Sullivan Show, em 1969.

Também é famoso por ter apresentado pela

primeira vez nos EUA os Beatles, num programa

que bateu todos os recordes de audiência em

1964. Como a pronúncia de Sullivan em japonês

fica ―Sâriban‖, daí a semelhança com o nome do

herói. Por último, Shaider foi inspirado no ator

americano Roy Scheider. Scheider (lê-se

Shaider) ganhou notoriedade através do filme

Tubarão (direção de Steven Spielberg), e pela

continuação, Tubarão 2. Também fez fama nos

filmes Trovão Azul, Carruagens de Fogo, All That

Jazz – O Show Deve Continuar e na série de TV Sea Quest.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

57

170) POLICIAIS DO ESPAÇO: DUBLAGENS

DIFERENTES, NOMES DIFERENTES – As três

séries dos Policiais do Espaço desembarcaram no

Brasil fora de ordem e cada uma delas foi

dublada num estúdio diferente. O resultado foi

uma enxurrada de nomes e vozes diferentes,

para os personagens que apareciam ou eram

citados nas três séries. O primeiro a

desembarcar foi Sharivan, em outubro de 1990,

dublado pela Álamo. Depois veio Shaider, em

novembro de 90, dublado pela Herbert Richards.

E por último, Gavan, com o título de Space Cop,

em março de 91, dublado pela VTI Rio. Um dos

mais ―prejudicados‖ foi o Gavan, que fora

chamado de Gaban (VTI Rio), Gyaban (Álamo) e

Gabin (Herbert Richards). Não dá pra considerar

nenhuma delas totalmente errada, já que de

certa forma, remetem ao nome que serviu de

inspiração, o do

ator Jean

Gavin. Embora

a tradução

oficial em

inglês de Uchû

Keiji seja

―Space Sheriff‖,

o termo Space

Cop chegou a

ser utilizado na

coleção de LDs

de Sharivan e

Shaider,

lançados na

metade da

década de

1990. Em

Sharivan, cuja

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

58

matriz parece ter vindo da Itália, a tradução do

termo ficou como Detetive Espacial. Uma

adaptação errada, já que ―Keiji‖ é Policial, e não

Detetive (Tantei). Em Shaider, apesar da

pronúncia correta, a romanização ficou como

―Sheider‖, tanto na legenda da TV Gazeta, como nos guias de programação dos jornais da época.

171) DUPLA ESTREIA EM SHARIVAN – Em

1983, o seriado Sharivan (Uchuu Keiji Shariban

– Policial do Espaço Sharivan) marcou a estreia

como ator principal de um dos astros daquela

década, o dublê Hiroshi Watari. Ele já havia

aparecido rapidamente como o personagem Den

Iga na série Gyaban antes de ganhar sua série

própria. Do outro lado do mundo e alguns anos

depois, a mesma série marcou a estréia como

protagonista principal em um seriado japonês do

dublador Élcio Sodré, que ficaria famoso entre

fãs de animê como o Shiryu de Os Cavaleiros do

Zodíaco, o Issamu

Minami de Black

Kamen Rider e Kamen

Rider Black RX e o

Kakashi Hatake em

Naruto. Watari e

Sodré se encontraram

pessoalmente em

2003, no palco do

evento Anime Friends

em São Paulo, capital.

Na ocasião, Watari foi

dublado ao vivo pelo

colega brasileiro

perante uma multidão

emocionada.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

59

172) ―O MUNDO DA ALUCINAÇÃO É UMA

ESPÉCIE DE SALÃO CLARO...‖ – Esse era a o

início da frase de introdução para a explicação do

Mundo da Alucinação (Genmukai), local para o

qual o herói Sharivan era enviado para enfrentar

os monstros Beasts, que ficavam 4 vezes mais

fortes nesse mundo. Essa ideia, de mudar o local

da batalha, surgiu na série anterior, Gavan,

através do Espaço Maku (Makû Kûkan), e

utilizado também em Sheider, com o Mundo de

Fûma (Fushigi Jikû). Mas esse recurso não foi

usado por causa de falta de locações. O

problema é que as armaduras dos Policiais do

Espaço, começando pelo Gavan, refletiam muito

o brilho do sol, nas filmagens externas,

notadamente na famosa pedreira que a Toei

alugava para seus seriados. Então a solução

encontrada foi enviar o Gavan para o Espaço

Maku, onde parte das cenas era gravada em

estúdio, e para as tomadas externas, a imagem

era escurecida através de filtros. E atenção para

a locução completa sobre o lugar: "O Mundo da

Alucinação é uma espécie de salão claro. As

inúmeras materias que decompuseram-se em

átomos e levadas ao salão escuro são o brilho e

o calor do mundo maligno do espaço." Alguém

entendeu?

173) ―VAMOS REVER NOVAMENTE O

PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO!‖ – A idéia

de ficar explicando o processo de transformação

dos Policiais do Espaço partiu do designer da

Bandai, Katsushi Murakami, durante uma

conversa com o produtor da Toei, Susumu

Yoshikawa. A inspiração partiu de uma antiga

série da Toei, Nippon Kengakuden, de 1968,

também do produtor Yoshikawa. Em Nippon

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

60

Kengakuden, eram 4 historinhas em uma hora

de duração, representado através de célebres

espadachins como Musashi Miyamoto ou Jubei

Yagyu. Depois de uma luta frenética, o inimigo

era derrotado num piscar de olhos, mas o

telespectador só entendia o que aconteceu na

cena através do narrador, com o ―vamos rever

mais uma vez!‖ Seria algo mais ou menos como

o tira-teima em slow-motion, em torneios de

luta. Entretanto, a mesma explicação em todo

santo episódio chegava a ser irritante, ainda

mais que no Brasil as exibições costumam ser

diárias e não semanais como no Japão!

174) HIROSHI WATARI: TUDO PARA SER

DUBLÊ – Uma coisa que nunca faltou ao ator

Hiroshi Watari foi a força de vontade e a

perseverança de nunca desistir dos sonhos.

Desde pequeno ele curtia heróis como Ultraman

e Kamen Rider, e foi através da admiração que

ele sentia pelo Shinichi Chiba, que ele resolveu

tentar a carreira de ator. Quando estava no 3º

ano ginasial (1977), Watari saiu da província de

Niigata rumo a Tokyo, de madrugada, afim de

procurar pelo escritório da escola de dublês JAC

– Japan Action Club, mas o endereço já havia

mudado. No verão de 1980, já no 3º colegial,

Watari veio novamente à Tokyo, mas mentiu

para seu pai, dizendo que ia para uma excursão

de uma semana, a pedido do técnico do time de

ginástica da escola. Desta vez, munido do

endereço certo, ele encontrou o escritório, mas

no momento, o JAC não estava recrutando

ninguém. Ele saiu, mas deu meia volta e

perguntou novamente se não tinha jeito, aí

responderam para ele voltar em março do ano

seguinte, quando seria realizado um teste. Ainda

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

61

restavam 6 dias da excursão, então Watari

ganhou a permissão para pelo menos, assistir ao

treinamento do JAC, que seria realizado dois dias

depois. Sem ter onde ficar, ele se escondeu no

terraço do prédio onde se localizava o JAC e

passou as noites lá. No dia do treinamento, ele

reconheceu o ―Kenya‖ (Kenji Ohba) e a atriz

Etsuko Shihomi, a qual foi tentar dirigir a

palavra. ―Quero entrar para o JAC!‖, disse ele, e

obviamente ela respondeu, ―Venha para o teste

do ano que vem‖. O teste de 1981 não foi nada

fácil, participaram cerca de 4200 candidatos para

apenas 40 vagas! E ele conseguiu, fazendo

história na TV japonesa como Sharivan, Spielvan e outros heróis.

175) HIROSHI TSUBURAYA, O NETO DA

LENDA – Neto do renomado Eiji Tsuburaya, o

―Deus do Tokusatsu‖ e idealizador do Ultraman e

Ultra Seven, Hiroshi não teve muitas dificuldades

em entrar para a carreira artística, por causa do

sobrenome. Nos tempos em que praticava vôlei

no colegial, ele resolveu prestar um teste para o

filme ―Nogiku no Haka‖ (1981), para fazer par

com a cantora pop Seiko Matsuda, mas foi

eliminado próximo da etapa final. A experiência

serviu para ele passar na audição para Shaider,

mas ele contou com um certo apoio do Shôzô

Uehara, como

uma

retribuição ao

pai de Hiroshi,

o diretor

Hajime

Tsuburaya, por

ter começado a

carreira de

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

62

roteirista na Tsuburaya Pro. Por coincidência, o

diretor do filme Nogiku no Haka era o Shinichirô

Sawai, o mesmo dos episódios 1 e 2 de Shaider.

Diferente de seus antecessores Kenji Ohba

(Gavan) e Hiroshi Watari (Sharivan), Tsuburaya

não tinha formação na parte de ação, por não

ser membro do JAC. Pra isso foi introduzida a

atriz Naomi Morinaga, como sua parceira Annie,

numa espécie de contra-peso, já que o herói

principal visivelmente não se movimentava como

um lutador. Em várias ocasiões ele teve que ser

substituído por seu dublê, Kazuyoshi Yamada,

mesmo para cenas banais. Em algumas delas, a

edição era tão mal feita, que dava pra notar a

diferença de físico entre ator e seu dublê. Em

sua última entrevista, ao livro Uchû Keiji Taizen,

antes de falecer em julho de 2001 vítima de

insuficiência hepática, Hiroshi enaltece a

importância da Naomi Morinaga e seus dublês,

Kazuyoshi Yamada e Takanori Shibahara. Sem eles, Shaider jamais teria tido êxito.

176) REPETIÇÃO DE ATORES – No final da

década de 1970 e durante os anos 80, era

comum a repetição de atores em papéis

principais em produções da Toei, alguns até,

engatando séries seguidas, casos de Kenji Ohba

(astro de Battle Fever J/ Denziman) e Junichi

Haruta (de Goggle V e Dynaman). Um ator, que

já havia interpretado um herói, voltar numa

outra produção, novamente como herói, trazia

um certo atrativo a essas séries. Entretanto,

essa repetição não era algo ao acaso, havia um

responsável direto, o ex-produtor da Toei,

Susumu Yoshikawa. Contrário aos auditions

(seleção de candidatos normalmente vinculados

às agências de talentos), o próprio Yoshikawa

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

63

era quem indicava os atores às novas séries. Ele

tinha o seguinte pensamento: ―Realizar um

audition (seleção de elenco) com 2 ou 3 meses

antes do início das gravações, não vai fazer

aparecer um cara bom.‖ Yoshikawa empurrou à

força o nome de Kenji Ohba, para o papel de

Gavan. Haviam pessoas contrárias dentro da

Toei, e por isso ele costumava dizer o seguinte:

―Se você não gosta do Ohba, ok. Então me traga

uma outra pessoa.‖ No fim das contas,

acabavam não trazendo ninguém. E Yoshikawa

tinha uma certa predileção pelos membros do

JAC (Japan Action Club), devido a sua longa

amizade com Shinichi Chiba (atualmente, JJ Sonny Chiba), fundador desse grupo de dublês.

177) JASPION OU JUSPION? - Os mais

observadores devem ter percebido, ao assistir o

seriado Jaspion (de 1985), que na pistola do

heroi aparecia escrito ―Juspion‖. Essa é a forma

correta de se

romanizar o nome do

personagem, mas no

Brasil optaram por

usar ―Jaspion‖ para

evitar erros de

pronuncia. A escrita

revela como o nome

foi bolado. Juspion

nada mais é do que

uma contração, à

moda japonesa, de

―Justice Champion‖.

A propósito, a

música-tema do

heroi, cantada com

estilo pelo falecido Ai

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

64

Takano, é ―Ore ga seigi da! Juspion‖ (ou ―Eu sou

a Justiça! Juspion‖). E pensar que por pouco o

heroi não foi batizado como Deniro, em

homenagem ao ator Robert De Niro. Sucesso

sem precedentes quando exibido na extinta Rede

Manchete no final da década de 1980 ao lado de

Changeman, Jaspion teve repercussão mediana em seu país.

178) BOOMERMAN, UM HERÓI TAPA-

BURACO - No seriado do Jaspion, havia o herói

coadjuvante Boomerman, vivido pelo ator e

dublê Hiroshi Watari, que tinha sido o ator

principal em Sharivan, dois anos antes. O

Boomerman (no original, Boomeran) foi criado

pelo roteirista da série, Shôzô Uehara, para

suprir a falta de tempo de Hikaru Kurosaki, o

Jaspion. Na época da série, Kurosaki estava

muito ocupado com teatro, e nem sempre

conseguia conciliar os dois trabalhos. Como a

história tinha que ser conduzida na maior parte

do tempo por personagens humanos, entrava em

cena o Boomerman, contracenando com o

Jaspion de armadura. Boomerman acabou

ficando pouco na série, pois o ator Hiroshi Watari

teve que tirar uma licença para extrair pinos que

tinha na perna por conta de um acidente de

moto que sofrera durante um passeio em

setembro de 1984. Depois de apenas 6

episódios, ele se afastou, mas conseguiu voltar

para mais dois episódios e encerrar sua

participação na série. Como uma compensação,

os produtores ofereceram a ele o papel principal

em Spielvan, a série que iria suceder Jaspion na TV.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

65

179) JASPION E O EPISÓDIO JAMAIS

FILMADO – Dos 46 episódios da série Jaspion,

42 foram escritos pelo veterano Shôzô Uehara

(roteirista principal das séries Uchû Keiji) e os

outros 4, pelo roteirista de animes Haruya

Yamasaki (falecido em 2002). O que muita gente

desconhece é que houve uma história inédita,

escrita por Shigemitsu Taguchi, que estava

cotado para fazer parte do staff. Taguchi foi o

roteirista principal de Ultraman Taro (1973) e

Ultraman Leo (1974). O título provisório era

―Kimi wa kyojû o mita ka‖ (ou ―Você viu o

monstro gigante?‖), mas não se sabe ao certo

quando foi escrito e porque não foi aprovado. Na

história, o menino Tetsuo, que vivia mentindo

para chamar a atenção de seu pai, acaba

presenciando o monstro Brackie, que só

mostrava sua forma verdadeira quando sugava

eletricidade. Como Tetsuo havia descoberto o

segredo do monstro, MacGaren (Mad Galant, no

original) acaba assassinando o pai do garoto,

através de um acidente. Entretanto, pela fama

de mentiroso, ninguém acredita no que ele fala

(sobre o monstro e a morte de seu pai), a

começar pela polícia. Mas Jaspion é o único que

acredita no garoto e começa a investigar os

planos de MacGaren. Brackie, originalmente, era

um monstro dócil, até ser enfurecido por Sata

Goss... Com suas terríveis presas, ele morde o

braço do Daileon, soltando descargas elétricas

(até isso estava no script...). O desfecho parecia

ser bem triste, com o Tetsuo, perdendo o pai, e

com o apoio do Jaspion, ganha forças para

continuar a vida... Pela sinopse, já dava pra

sentir um certo toque das séries Ultra, ainda

mais com o tema do ―garoto mentiroso‖,

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

66

utilizado em outras produções.

180) JASPION 2 – A MISSÃO (DE FATURAR

MAIS) - No Brasil, a série do Guerreiro

Dimensional Spielvan (Jikuu Senshi Supiruban,

1986) recebeu o título de Jaspion 2 - Spielvan.

Fora o visual semelhante, não havia relação

alguma entre as séries e o recurso foi puramente

uma estratégia de marketing, já que Jaspion

havia sido o

herói mais

popular jamais

visto até então

na TV brasileira.

O título

somente era

usado nos

materiais de

merchandising,

já que na série

era usado o

nome

verdadeiro do

herói. Mas nem

de longe o

sucesso se

repetiu, pois o

público logo

percebeu que era outro herói, sem relação

alguma com o Jaspion. Spielvan teve o nome

inspirado no diretor Steven Spieberg. É que a

grafia ―mais correta‖ do nome seria Spielban, e

não Spielvan. Já sua companheira de luta era

uma homenagem mais óbvia: Lady Diana, a

famosa princesa britânica que, na época da série

estava bem viva e casada com o Príncipe Charles.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

67

181) CONTINUAÇÕES QUE NÃO ERAM - O

recurso de vender uma produção como

continuação de outra faz muito fã torcer o nariz,

mas isso já foi feito muitas vezes no mundo. O

seriado Policial do Espaço Gavan, de 1982, foi

sucesso na França com o nome de X-Or (leia

―Ekzor‖). Seu sucessor, Sharivan, acabou sendo

lançado na terra de Napoleão com o título de X-

Or II. Pelo menos neste caso, os heróis eram

realmente relacionados, havendo inclusive

crossover entre as séries. Ainda na França, o

sucesso da equipe Bioman (de 1984) acabou

influenciando o lançamento de Bioman II, na

verdade um nome usado apenas lá para a série

Maskman (1987) e Bioman III, a denominação

na França para outro Super Sentai, o Liveman (1988).

182) JIRAIYA, O NINJA OLÍMPICO - Jiraya –

O Incrível Ninja foi um dos seriados tokusatsu

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

68

mais populares no Brasil no começo da década

de 1990. Produzido no Japão em 1988 com 50

episódios, mostrava as aventuras da simpática

família de ninjas do clã Togakure. O herói da

série, o Jiraya (vivido pelo ator Takumi Tsutsui),

usava a tradicional Armadura Olímpica e a

poderosa Espada Olímpica, fora a pistola Olympic

Laser. Mas o quê os guerreiros japoneses cujos

feitos se tornaram lendas têm a ver com o

evento esportivo que se originou na Grécia

antiga? Absolutamente nada. A série, dublada na

Álamo e trazida pela Top Tape, ganhou esse

nome aparentemente de forma aleatória.

Entretanto, como o seriado foi produzido em

1988, ano da Olímpiada de Seul, os Ninjas do

Império (Sekai Ninja, ou ―mundo dos ninjas‖)

foram realmente inspirados no evento esportivo,

já que em sua grande maioria, cada ninja

representava um país diferente. No original

japonês, a Espada Olímpica se chamava

Jikoushinkuuken, ou ―Espada de Vácuo Luminoso

Magnético‖. Não ia dar tempo de falar tudo isso

no meio de uma luta.

183) TETSUZAN YAMASHI – UM NINJA DE

VERDADE - No seriado, o pai adotivo do Jiraya

foi interpretado por Masaaki Hatsumi, um ninja

verdadeiro. Discípulo de Toshitsugu Takamatsu,

o último ninja profissional, Hatsumi é o criador

da escola Bujinkan, que mantém viva as

tradições da arte ninja. Nascido em 1931, o

veterano ninja também foi consultor de artes

marciais em Jiraya e até em um filme de James

Bond, o clássico Com 007 só se Vive Duas Vezes

(You only live twice, de 1967), com Sean

Connery como o famoso espião.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

69

184) O

JIRAIYA

QUE NÃO

FALAVA

JAPONÊS

– Além do

guerreiro

da Espada

Olímpica,

existe um

outro

personagem de tokusatsu que leva o mesmo

nome: É o Ninja Black Jiraiya, personagem da

série Ninja Sentai Kakuranger (Esquadrão Ninja

Kakuranger), produzida pela Toei em 1994 e que

contou com 53 episódios. Nesta série, cinco

descendentes de ninjas lendários enfrentam um

youkai maligno que já havia sido inimigo de seus

antepassados. Aqui, Jiraiya é um voluntarioso

ninja nipo-americano que, por ter sido criado em

Los Angeles, não sabe falar direito o japonês.

Coincidentemente, o herói foi interpretado por

um verdadeiro nipo-americano de Los Angeles:

O ator Kane Kosugi, filho do famoso ator japonês

de filmes de ação Sho Kosugi. Com 20 anos na

época, Kane ainda não dominava bem o idioma

natal de seu pai, o que acabou influindo

diretamente na caracterização do personagem.

Ainda assim, apesar de suas dificuldades de

expressão, ele se consagrou como o primeiro

nipo-americano a protagonizar uma série da

Toei. Uma curiosidade é que papai Sho fez uma

participação especial em dois episódios,

interpretando um vilão que é derrotado pelo

Ninja Black Jiraiya. Quanto a série Kakuranger,

ela acabou chegando ao ocidente pelas vias

tortas da Saban, já que serviu de base para

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

70

parte da terceira temporada de Power Rangers

(Fase dos Alien Rangers). Alguns elementos da

série original também foram aproveitados em

Power Rangers: O Filme.

185) BLACK KAMEN RIDER E SHADOW

MOON: IRMÃO SOL, IRMÃO LUA – Em Kamen

Rider Black (1987~88), os malignos sacerdotes

do Império Gorgom chamavam o heroi (vivido

por Tetsuo Kurata) de ―Senhor Black‖. Em

japonês, a palavra ―san‖ é usada como ―senhor‖

ou ―senhora‖, uma forma de tratamento

respeitoso. Mas não era essa a intenção do autor

Shotaro Ishinomori. Na história original, o

protagonista Issamu Minami (Kohtaro Minami, no

original) recebeu um codinome dos Gorgom

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

71

que o criaram, que era Black Sun, tradução do

inglês para ―Sol Negro‖, irmão de Shadow Moon,

que se traduz como ―Sombra da Lua‖. Os nomes

eram relacionados e tirados do inglês. Como a

pronúncia para a palavra japonesa ―san‖ e o

termo em inglês ―sun‖ é igual, a tradução feita

no Brasil cometeu esse erro, que poderia ter sido

evitado consultando o script em japonês. Após o

final da série, os dois rivais voltariam a lutar na

série Kamen Rider Black RX (1988~89),

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

72

continuação direta de Black, novamente com

Tetsuo Kurata. Depois, Black, Black RX e até

Shadow Moon viriam a aparecer no longa Kamen

Rider Decade - All Riders vs Dai Shocker (2009)

e Let´s Go Kamen Riders (2011). Em tempo:

Kamen Rider Black foi lançado no Brasil, na

extinta TV Manchete e também em fitas VHS da

Intermovies, com o título ―Blackman‖. Na série,

ele era chamado mesmo de Black Kamen Rider.

Felizmente, Kamen Rider Black RX foi lançado no

Brasil com seu nome original.

186) KAMEN RIDER: HERÓIS MAIS

HUMANOS - Black e Black RX pertencem a uma

das maiores franquias de heróis japoneses:

Kamen Rider. Personagem de Shotaro

Ishinomori, autor de Cyborg 009 e muitos outros

personagens, Kamen Rider nasceu como um

projeto feito para concorrer diretamente com os

heróis gigantes superpoderosos da época. Um

ciborgue criado pela organização

maligna Shocker, o motoqueiro Takeshi

Hongo se volta contra seus criadores e luta pela

própria sobrevivência e pela salvação do mundo.

Sem raios ou poderes exagerados, usava socos e

chutes contra monstros de tamanho humano. A

fórmula agradou em cheio, bem como o carisma

do ator Hiroshi Fujioka. Porém logo no episódio

13 ele sofreu um acidente feio de moto que o

obrigou a deixar a série. Entrou o ator Takeshi

Sasaki, que interpretou Hayato Ichimonji, o

sucessor do Kamen Rider como protetor do

Japão. A justificativa dada foi o herói viajar para

fora do país para enfrentar o inimigo em outras

frentes. Usando o mesmo visual, o segundo

Rider deu continuidade à série, que

definitivamente se distanciou do mangá original.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

73

Depois da recuperação do ator, o Rider original

acabou voltando durante a série e o final

mostrou os guerreiros vencendo os inimigos

como uma dupla. Para serem diferenciados, o

original passou a usar luvas e botas brancas e o

segundo, vermelhas. Sua série teve 98 episódios

e ganhou derivadas, como o Kamen Rider

V3, X, Stronger, Super-1 e outros. Após a morte

de Ishinomori, a Toei continuou a produzir novos

Riders, alguns totalmente distantes dos

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

74

conceitos originais do criador. Vieram os Kamen

Riders Kuuga, Agito, Ryuuki (adaptado nos EUA

como Kamen Rider – O Cavaleiro Dragão), Kiva,

Den-O, Decade, W (Double), OOO (leia ―Oozu‖)

e diversos outros.

187) KAMEN RIDER DECADE E A POLÊMICA

EXIBIÇÃO NOS CINEMAS - Em 12 de

dezembro de 2009, estreou no Japão a produção

Kamen Rider vs Kamen Rider - W & DECADE

MOVIE Taisen 2010, com os dois mais recentes

heróis da franquia Kamen Rider. O filme, com

duração de cerca de 90 minutos, foi dividido em

3 partes. Primeiro, o episódio final (Kanketsu

Hen) de Kamen Rider Decade . Em seguida, o

episódio zero de Kamen Rider W (Begin’s Night).

E por fim, um crossover entre os dois

personagens (MOVIE Taisen). A jogada de

marketing de fazer com que o público vá ao

cinema para ver o final de Decade, não caiu

muito bem, e foi muito criticada. O problema se

originou logo após a exibição do preview do

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

75

filme, no último episódio (exibido em

30/08/2009), com a frase "A Rider War é para o

cinema". Isso criou um mal-estar no público, que

se viu obrigado a ir para o cinema se quisesse

ver o final da série. O problema não estava no

fato do filme ter ligação com a série (afinal é até

comum uma série gerar um ou mais longas no

cinema) ou ser o verdadeiro final, mas pela série

em si não ter tido um final. Numa coletiva de

imprensa regular, após a exibição do último

episódio, o presidente da TV Asahi, Hiroshi

Hayakawa reconheceu o erro. E esse problema

chegou aos ouvidos da BPO (Broadcasting Ethics

& Program Improvement Organization), uma

organização que controla a ética televisiva, que

não poupou críticas a essa jogada de marketing.

A atitude foi criticada por muitos internautas,

alguns deles pedindo o cancelamento do filme, e

que este fosse transformado num especial de TV.

A ideia até que não seria ruim, mas improvável, devido a venda de entradas antecipadas.

188) SABURO YATSUDE, O ―PAI‖ DOS

HERÓIS DA TOEI COMPANY - Saburo Yatsude

é o nome creditado como o criador de Jaspion,

Changeman, Flashman, Jiraiya, Jiban, Maskman

e algumas dúzias de séries similares da Toei

Company. Como um cara sozinho conseguiu criar

tantas séries e estar no topo há tanto tempo?

Simples, ele não existe! Saburo Yatsude é o

pseudônimo do estúdio Toei Company, que

organiza equipes de criação rotativas, com

interferência direta dos fabricantes de

brinquedos que patrocinam – e viabilizam – as

aventuras dos seus coloridos heróis. Nos anos 70

e 80, a maior parte do trabalho de criação

conceitual era feito pelo produtor Tohru

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

76

Hirayama, que deu grande impulso ao gênero

dos heróis do tokusatsu, mas seu trabalho foi

sendo cada vez mais diluído e poucas vezes

reconhecido. No final, os personagens são

criações corporativas, feitos para promover

brinquedos, mesmo que o sucesso ou fracasso

desses personagens dependa do carisma dos

atores e da criatividade de roteiristas e diretores.

O ―autor‖ Saburo Yatsude (também chamado

algumas vezes de Saburo Hatte) apareceu pela

primeira vez nos créditos da série The Kagestar,

que estreou em abril de 1976. Na área das

anime songs, até algumas letras de músicas de

seriados também já foram creditadas a Saburo

Yatsude, talvez porque seus compositores

preferiram o anonimato.

189) QUE FIM LEVARAM? – Geralmente de

baixo orçamento, seriados tokusatsu costumam

dar chance a novos atores para mostrar seu

trabalho. Alguns seguem firmes na carreira, mas

outros vão caindo no esquecimento e acabam se

dedicando a outras atividades para sobreviver.

Veja o que andam fazendo alguns atores de

seriados: Tetsuo Kurata (Issamu Minami, o Black

Kamen Rider e KR Black RX) administra um

restaurante, mas ainda trabalha como ator,

tendo interpretado novamente Black e Black RX

na série Kamen Rider Decade (2009). Shohei

Kusaka (Naoto Tamura, o Policial de Aço Jiban)

virou empresario de artistas e esportistas.

Masaru Yamashita (Ryuma Ogawa, o Fire de

Winspector e Knight Fire em Solbrain), trabalha

como instrutor de beisebol para crianças. E Seiki

Kurosaki (Jaspion), virou instrutor e dono de

uma escola de mergulho.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

77

190) JÁ OUVI ISSO ANTES... - A Toei

Company sempre produziu seus seriados em

esquema de linha de produção, com muitas

soluções descuidadas que acabaram contribuindo

para o charme das séries tokusatsu. As séries

são produzidas para serem exibidas à razão de

um episódio por semana e reciclagem muitas

vezes é a palavra de ordem. Cenas de explosões

de carros e prédios em chamas foram

aproveitadas em diversos seriados, um recurso

que ficou fácil de ser percebido no Brasil, onde

várias dessas obras foram exibidas diariamente e

na mesma época. Em alguns casos, até músicas

de fundo foram reutilizadas. Em Winspector

(1990), o compositor Seiji Yokoyama foi

autorizado a reaproveitar temas instrumentais

que ele havia criado para Metalder (1987). Da

mesma forma, em Jiban (1989), o compositor

Michiaki ―Chumei‖ Watanabe reaproveitou alguns

temas que ele já havia utilizado em Sharivan

(1983) e Jaspion (1985). Ou seja, alguns

detalhes não são apenas parecidos entre as

séries. São os mesmos!

CAPÍTULO 4: VARIEDADES - MÚSICA, MODA, GAMES, COISAS LEGAIS E SERES BIZARROS

191) SUKIYAKI, UM PRATO MUSICAL – J-Pop

é a palavra que o ocidente usa desde a década

de 1980 para definir a música pop e o rock

nipônicos de forma geral. Mas ela surgiu e

começou a ganhar forma muito antes, logo após

a meteórica passagem dos Beatles pelo país em

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

78

1966, o que

influenciou

muitos jovens

músicos a

embarcarem no

pop-rock. E

antes mesmo

disso

acontecer, em

1963, uma

canção alegre,

suave e

otimista fez o

país (e depois

o mundo) assobiar sua melodia. Era ―Ue wo

muite arukou‖ (ou ―Caminhando e olhando para

o alto‖), interpretada por Kyu Sakamoto, o

primeiro grande astro da música pop japonesa.

Pertencente ao chamado gênero ―kayoukyoku‖

(música popular, o pop daquela época), a música

foi rebatizada como ―Sukiyaki‖ e acabou fazendo

sucesso no mundo inteiro, ficando três semanas

no topo da parada da Billboard, nos EUA.

Ganhou versões até no Brasil, onde foi

regravado ao longo dos anos como ―Olhando

para o céu‖ pelo Trio Esperança, As Patotinhas,

Daniela Mercury (esta, cantando em japonês) e

Jair Rodrigues. Sakamoto morreu em agosto de

1985, no acidente aéreo do vôo 123 da Japan

Airlines, um dos maiores desastres da aviação

mundial, mas sua música é reverenciada até

hoje. E afinal, qual o motivo para terem

escolhido o nome do prato tradicional Sukiyaki

como título internacional para a música, sendo

que ela nem fala sobre comida? Motivo nenhum,

pois os produtores da Capitol Records (EUA)

apenas queriam um nome simples que tivesse

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

79

sonoridade japonesa. Podia ter sido ―Sashimi‖,

―Arigatôu‖ ou qualquer outra coisa...

192) STREET FIGHTER E A CIRANDA DOS

NOMES – Criado em 1991 pela empresa

Capcom, o game Street Fighter II apresenta

algumas histórias interessantes sobre os nomes

de alguns dos seus vilões. Na versão original

japonesa o grande chefe era Vega, o toureiro era

Balrog e o boxeador era M. Bison. Entretanto,

não foi com essa relação entre nomes e

personagens que eles ficaram conhecidos no

ocidente, tudo por conta da chegada do game

aos Estados Unidos. Como o personagem M.

Bison havia sido criado tendo como modelo o

então campeão mundial de boxe Mike Tyson, os

executivos da Capcom ficaram com medo de

serem processados pelos agentes do campeão

por uso indevido de sua imagem. A solução, para

aliviar as coisas, foi misturar alguns nomes. E foi

assim que Vega virou M. Bison, Balrog virou

Vega e M. Bison virou Balrog, que confusão...

Mais tarde, o rebatizado chefe M. Bison ficou

conhecido apenas como Bison. Outro vilão que

teve o nome

mudado nos

Estados Unidos

foi Akuma. Seu

nome original:

Gouki, o

mesmo de um

conhecido

demônio da

mitologia

japonesa, não

era considerado

pela Capcom

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

80

americana como suficientemente sinistro para

batizar um vilão desse porte. E foi por esse

motivo que ele foi chamado de Akuma, que em

japonês significa ―mau espírito‖ ou ―demônio

perverso‖.

193) KAZUO KOIKE, UM INTELECTUAL DOS

MANGÁS NO MUNDO DAS ANIME SONGS -

Nascido em 8 de maio de 1936, o roteirista

Kazuo Koike ganhou fama e prestígio no mundo

inteiro com seu mangá Lobo Solitário (Kozure

Okami, 1970), uma poderosa aventura de

samurais voltada a adultos. Também escreveu

Crying Freeman (ilustrado por Ryoichi Ikegami)

e Yuki (com arte de Kazuo Kamimura), todas

obras densas, intelectuais, violentas e de

conteúdo totalmente adulto, com protagonistas

sanguinários e implacáveis. Mas Kazuo Koike

também deixou sua marca no vibrante – e quase

sempre pueril - mundo das anime songs. É dele

a letra das músicas de abertura de Goggle V (de

1982, já visto no Brasil) e Dynaman (1983),

seriados da franquia Super Sentai. Também

escreveu letras para as músicas ―Bokura no

Mazinger Z‖ e ―Ore wa Great Mazinger‖,

dofamoso robô gigante Mazinger Z. A primeira,

inclusive, foi pirateada em português em 2010

para a campanha de um candidato a deputado

federal de São Paulo, Carlos Henrique, do PP.

194) ICHIROU MIZUKI, O HOMEM DAS MIL

MÚSICAS - Anime songs ou anisongs são as

canções de animês, mas também incluem os

temas de tokusatsu, séries inspiradas em mangá

e até games. Maior batalhador pelo

reconhecimento das anime songs como um

segmento de mercado a ser respeitado (inclusive

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

81

artisticamente), o

cantor, ator e

dublador Ichirou

Mizuki é

conhecido como

Aniki (―ani‖ é

―irmão mais

velho‖), também

uma abreviação

para ―anison

king‖. É dele a

voz ouvida nos

temas originais

de Capitão

Harlock,

Mazinger Z,

Metalder

(encerramento),

Spielvan e vários

outros. Como

ator, Mizuki interpretou em 1986 o Dr. Paul, pai

do heroi Spielvan. Foi membro fundador do

grupo JAM Project em 2000, e desligou-se

oficialmente em 2002. Seu maior feito aconteceu

em agosto de 1999, quando cantou ao vivo nada

menos que 1.000 anisongs em sequência (cada

uma tendo em média 1m15s), numa

impressionante maratona que durou cerca de 24 horas. Haja fôlego!

195) ISAO SASAKI, O ―ELVIS JAPONÊS‖ –

Nascido em maio de 1942, o cantor, ator e

dublador Isao Sasaki se tornou um dos maiores

cantores de anime songs. É dele a voz ouvida no

imponente tema da Patrulha Estelar (Uchuu

Senkan Yamato), além de canções Metalder,

Goranger, Machine Man, The Ultraman (animê de

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

82

1979), Galaxy Express 999, Dekaranger e tantos

outros. Como ator, foi visto aqui interpretando o

arqueólogo Prof. Nanbara, em Jaspion. No Japão,

seu vozeirão grave e imponente o tornou o

dublador oficial de Sylvester Stallone e

Christopher Reeve. Mas foi gravando covers de

Elvis Presley nos anos 1960 que ele chamaria a

atenção como músico. A imagem de cover do

Elvis ficou para trás na medida em que ele

consolidou seu trabalho tanto como cantor de

anime songs, quanto como ator e dublador. Em

março de 2010, ele reviveu seu início de carreira no evento Honolulu Festival, no Havaí.

196) CORPINHO DE DUBLADORA – O título

usado aqui pode parecer bem estranho à

primeira vista. Afinal, o que interessa para uma

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

83

dublagem é que o ator ou atriz tenha uma boa

interpretação vocal e que ela seja adequada ao

personagem. Mas em nenhum outro lugar do

mundo os dubladores (ou seiyuu) têm um

tratamento tão reverenciado quanto no Japão.

Além de gravar músicas para os animês que

dublam, os seiyuu de maior sucesso acabam

sendo convidados para dar entrevistas e posar

para ensaios fotográficos, especialmente as

dubladoras, claro. Em alguns casos, é necessária

uma pesada produção para que a artista

escolhida para o ensaio pareça bonitinha como a

personagem que embala os sonhos de muitos

otakus. Também, ao gravar alguma música, sua

presença passa a ser mais requisitada para

shows e eventos, e para isso uma boa aparência

passa a ser cada vez mais importante. Mesmo

assim, em geral as dubladoras surgem das

escolas de dublagem. Um caso diferente foi o de

Megumi Nakajima (Ranka Lee, em Macross

Frontier), que venceu uma audição (via carta)

feito pela gravadora Victor. As candidatas tinham

que mandar duas fotos, sendo uma de rosto e

outra de corpo inteiro, mais uma gravação da

própria voz, fazendo cover de alguma música.

Ela foi apresentada num evento de Macross em

2008, que reuniu vários cantores, como Mari

Iijima (a eterna Lynn Minmay do Macross

original), Yoshiki Fukuyama (de Macross 7 e

membro do JAM Project), entre outros. Depois

disso ela seguiu firme na carreira de cantora e dubladora.

197) O MUNDIAL DE COSPLAY - Cosplay é

uma das formas de entretenimento da cultura

pop japonesa que vem ganhando mais adeptos

pelo mundo. A modalidade começou nos EUA, na

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

84

década de 1970, com a primeiras convenções

dedicadas ao seriado Jornada nas Estrelas (Star

Trek), mas foi no Japão que ganhou mais

popularidade. Ao contrário do que muitos

pensam, não é apenas vestir a fantasia de um

personagem que faz de seu praticante um

cosplayer. A palavra veio da contração dos

termos "costume" ("traje") e "play" ("brincar"),

logo, o cosplayer deve interpretar seu ídolo,

fazer uma performance. Desde 2003, existe no

Japão o World Cosplay Summit, que reúne

duplas de cosplayers de diversos países. O Brasil

começou a participar em 2006, através da

editora JBC, que promove eliminatórias em

várias cidades, dentro de eventos temáticos de

mangá e cultura pop japonesa. Já na primeira

tentativa, o Brasil levou o primeiro lugar, com a

dupla formada pelos irmãos Maurício e Mônica

Somenzari, que se caracterizaram como

personagens da série Angel Sanctuary. Depois,

voltou a vencer em 2008, com a dupla Gabriel

Niemietz e Jessica Campos, que encarnaram

personagens de Burst Angel (Bakuretsu Tenshi).

As vitórias do Brasil - o primeiro país a vencer

dois mundiais - não devem ter surpreendido

muito os estrangeiros. Afinal, nosso país é

famoso em todo o planeta por seu Carnaval,

onde uma das formas de expressão mais

reconhecidas é exatamente brincar fantasiado.

198) ANIME SONGS COM UM TOQUE

BRASILEIRO - Em 2005, o conjunto japonês de

anime songs JAM Project (de Japan

Animationsongs Makers) lançou uma audição

internacional para escolher um "membro

honorário‖. O concurso foi vencido pelo redator e

tradutor brasileiro Ricardo Cruz, que logo gravou

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

85

vocais para a música Gong, tema do game Super

Robot Wars Alpha 3, da plataforma PlayStation

2. Outras gravações vieram e Ricardo cantou em

diversos shows do JAM, aumentando cada vez

mais sua participação. Estreou como compositor

escrevendo, junto com o líder da banda Hironobu

Kageyama, a música "Sempre sonhando",

incluída no álbum Get Over the Border, de 2008.

O JAM Project, liderado por Hironobu Kageyama

(cantor de Dragon Ball Z, Cavaleiros do Zodíaco,

Changeman e Maskman, entre outros), se

esforça por manter vivo o espírito das

animesongs clássicas, que falam sobre os

personagens em melodias vibrantes, em

oposição ao pop mais genérico empurrado pelas

gravadoras.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

86

199) OTAKU - ENCAPSULADOS – Com a

invasão mundial de mangás, animês, games e

afins, o termo otaku tem se popularizado muito

no ocidente para identificar os fãs de cultura pop

japonesa, como uma moderna tribo urbana. Só

que no Japão a palavra não é tradicionalmente

vista com bons olhos. A palavra foi usada pela

primeira vez em 1983 pelo pesquisador Akio

Nakamori para nomear os jovens (homens,

geralmente) que se isolam do convívio social e

se dedicam de modo obsessivo a algum hobby,

como jogar games, colecionar itens de alguma

cantora ou banda de rock ou ainda idolatrar

personagens de animês e mangás. No idioma

japonês, ―otaku‖ é a palavra que define a casa

de uma pessoa. Grafada em alfabeto katakaná

(usado para termos e nomes estrangeiros ou não

naturais da língua japonesa), a palavra otaku no

sentido pop indica pessoas que vivem fechadas

em si mesmas, como num casulo. Nos EUA e

especialmente no Brasil, o termo foi apropriado

pelos fãs de mangá e animê, que formam

animadas turmas que em nada se assemelham a suas contrapartes nipônicas.

200) TERRORISMO OTAKU – Em março de

1995, uma série de ataques com gás venenoso

no metrô de Tokyo fez doze vítimas fatais e

milhares de feridos. O ato terrorista foi atribuido

à seita AUM - Verdade Suprema, liderada pelo

fanático religioso Shoko Asahara. Considerada de

alta periculosidade, a seita teve seus templos

fechados e seus membros presos ou

interrogados pela polícia japonesa. Um fato que

chamou a atenção é que muitos de seus

integrantes – incluindo seu lider – tinham amplo

conhecimento de mangá e animê, e usavam

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

87

termos e definições próprios desses universos.

Asahara sonhava com armas iguais às que via na

TV, mencionava muito sobre robôs e armas

espaciais e até um trecho da música do herói

Kamen Rider foi usada como lema da seita.

201) DENSHA OTOKO: LIMPANDO A BARRA

DOS OTAKU - Presentes na sociedade japonesa

mas geralmente considerados párias, os otaku

ganharam ares de simpatia com um dorama (ou

drama), o equivalente japonês às nossas

novelas. Geralmente curtos, com no máximo 12

ou 13 episódios, um J-Drama (nome pelo qual as

novelas japonesas são conhecidas no ocidente)

conta historias tristes e de superação. Algumas

são inspiradas em mangá e a maioria tem

apostado no público jovem, trazendo astros da

música pop e modelos para interpretar suas

lacrimejantes histórias. E uma de grande

sucesso foi Densha Otoko (literalmente, ―O

Homem do Trem‖), a simpática história de um

otaku que se apaixona e é correspondido por

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

88

uma garota normal, que além de tudo, é mais

alta e madura que ele e tem uma beleza

exuberante. Ao longo dos episódios, o

protagonista Yamada vai tentando conquistar a

doce Saori, enquanto tenta esconder seu lado

―vergonhoso‖ e vai pegando conselhos de outros

otakus que frequentam uma BBS, que é como

uma ancestral dos fóruns de internet e ainda

popular no Japão. Isso é o gancho para aparecer

todo tipo de otaku, todos bem intencionados, o

que criou uma aura de simpatia em torno da

tribo. Exibido em 2005, ainda teve um longa

(com outro elenco) e um especial de TV dando

continuidade à novela. Mas a moda passou e,

depois de tanta exposição na mídia, o modo de

vida otaku voltou a causar total estranheza e

antipatia perante a maior parte da população japonesa.

202) MAURICINHOS OTAKU - O universo de

Densha Otoko também mostrou para o grande

público a existência de uma subdivisão do

gênero otaku, o "Akiba 2.0‖, composto por

rapazes bem apessoados, longe do estereótipo

preconceituoso do otaku desleixado com a

aparência e jeito de nerd desajeitado. Akiba é

uma referência ao bairro de Akihabara, o paraíso

dos otakus repleto de lojas para todo tipo de

gosto. Já o ―2.0‖ não é nenhuma alusão a uma

―versão upgrade‖ de um otaku. O nome veio

porque eles só curtem personagens 2D (feitos

com traços não tridimensionais) e tem

―experiência zero‖ com mulheres, além de serem

o chamado "nimai-me", uma gíria pra definir

mauricinhos. Outra característica dos Akiba 2.0 é

que eles ―têm‖ que se manter virgens, para se

transformarem em ―Mahô-Tsukai‖ (Feiticeiros),

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

89

ou algo assim. Eles dizem que não têm

namorada por opção, preferindo as garotas 2D.

203) COMPRANDO AUTÓGRAFOS! – Talvez

muitos desconheçam, mas no Japão, as sessões

de autógrafos são pagas, ou seja, você não

ganha os autógrafos, e sim as compra. Pode

parecer uma prática antiética, ainda mais

levando-se em conta que os artistas dependem

do público para existirem, mas é totalmente

legal, ou melhor dizendo, necessário, já que os

organizadores precisam pagar o cachê pela

presença dos artistas, além é claro de tirar um

pequeno lucro. Mas o mais importante, apenas

quem é realmente fã vai se sujeitar a pagar o

preço. Isso evita aquela prática de pegar um

autógrafo só porque é de graça. Os interessados

precisam chegar cedo e entrar na disputa de um

tíquete limitado, ou em alguns casos, comprar

algum produto relativo ao artista. Não são

permitidos autógrafos em produtos que não

tenham a ver com o artista. Isso evita aquela

situação constrangedora do convidado ter que

autografar um pedaço de papel qualquer. Deve-

se ter em mente que o que está sendo cobrado

não é o autógrafo em si, mas o fato de você

poder estar frente a frente com o artista.

204) KAZU, ASTRO DOS GRAMADOS, DOS

GAMES E DO ANIMÊ – Nascido em 1967,

Kazuyoshi Miura, ou simplesmente Kazu, foi o

primeiro jogador de futebol japonês a fazer

carreira fora de seu país, especificamente no

Brasil. Jogou pelo Palmeiras, XV de Jaú,

Matsubara, CRB, Juventus, Coritiba (onde foi

campeão paranaense em 1989) e sagrou-se

ídolo no Santos FC. No game baseado no mangá

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

90

e animê Captain Tsubasa IV – Pro no Rival Tachi

(―Rivais Profissionais‖), da plataforma Super

Famicon, Kazu apareceu como atacante de

destaque, interagindo com personagens da série

Super Campeões. Além disso, ele e seu irmão

Yasu (também jogador profissional) foram os

astros do animê de longa-metragem Kazu &

Yasu – Hero Tanjou (―O Surgimento do Herói‖),

lançado em 1995 pelo estúdio Triangle Staff. Em

uma das cenas, Kazu aparece saboreando em

um barzinho um legítimo Guaraná Antárctica,

um refrigerante quase desconhecido no Japão

daquela época. Recordista de gols pela seleção

japonesa (55 gols em 89 jogos) e considerado

uma lenda viva, anunciou que pretende

continuar jogando profissionalmente até os 50

anos para conseguir quebrar o recorde mundial

de longevidade pertencente ao atacante inglês

Stanley Matthews (1915-2000), que se

aposentou aos 50 anos na liga inglesa, mas

ainda competiu até os 55 anos, na pequena

República de Malta. A ligação de Kazu com o

Brasil é sempre lembrada, pois seu site oficial

(www.kazu-miura.com) estampa a frase ―Boa sorte, Kazu!‖

205) YOKO KANNO

E A BRASILEIRA

JOYCE: O

ENCONTRO DAS

GRANDES –

Produzida em 2003

pelo Estúdio BONES e

contando com 26

episódios, a série de

animê Wolf’s Rain

chamou a atenção

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

91

não só pela qualidade de sua produção, mas

também por ter contado em sua trilha sonora

com duas renomadas musicistas do cenário

internacional: A pianista e arranjadora japonesa

Yoko Kanno, responsável pela trilha do animê, e

a cantora e compositora brasileira Joyce. Foi

durante um show da brasileira em Tóquio que as

duas se conheceram e, tempos depois, Kanno

convidou Joyce para uma parceria em três

canções que seriam inseridas na trilha de Wolf’s

Rain. E assim, nasceram ―Dogs and Angels‖,

―Run, Wolf warrior, Run‖ e ―Coração Selvagem‖.

A primeira cantada em vocalização, a segunda

cantada em inglês com participação do grupo

vocal brasileiro Boca Livre e a terceira cantada

em português, com letra da própria Joyce. Anime

songs para ouvidos refinados.

206) O

FENÔMENO

MAID CAFE

– Um Maid

Café é um

tipo de

lanchonete

onde os

clientes são

atendidos

por lindas

garotas

vestidas de

empregada (maid) e falam como personagens de

animê. Oriundo da subcultura otaku, o que

chama a atenção é como esse tipo de

estabelecimento tem se proliferado nos últimos

anos, tomando conta do bairro Akihabara, que

outrora já fora conhecido como o bairro dos

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

92

eletrônicos. Hoje, ela é chamada de ―Otaku no

Sechi‖ (ou ―A Terra Santa dos Otakus‖). Existem

dezenas de estabelecimentos que trabalham com

garotas vestidas de ―maid‖, e pelo menos a

metade é de Maid Cafe. O restante engloba

outros tipos de serviço como massagens,

relaxamento e até mesmo tirar cera do ouvido

de clientes. Para atrair os clientes, várias garotas

vestidas de cosplay, ficam espalhadas por

Akihabara distribuindo panfletos e até posando

para fotos. Os clientes são sempre recebidos

com um gentil ―Okaerinasaimase goshujin-

samá‖, que literalmente quer dizer, ―Bom

retorno, meu amo‖. E a coisa não fica só na

refeição, elas tentam empurrar de tudo um

pouco como CDs, figuras e tantas outras

―inutilidades‖. Quem nunca esteve em Akihabara

pode estranhar esse tipo de comportamento.

Mas basta ver os animês atuais para encontrar

uma personagem empregadinha (maid), um dos

símbolos do chamado Moe-Character, um tipo de

personagem que tem uma aura de doçura e que

exerce atração em parte do público japonês.

207) UM HERÓI QUE É A SUA CARA - Já

imaginou ter um boneco ou estatueta de super-

herói, mas com a sua cara estampada? É isso

que a Bandai fez com sua linha de figuras ―Jibun

Damashii‖ (Próprio Espírito). A primeira figura foi

do Kamen Rider 1, conforme reformulado no

filme Kamen Rider THE NEXT, lançado em junho

de 2009. Para ilustrar a amostra, foi utilizada

uma foto do redator da revista Hyper Hobby, que

divulgou o lançamento. Bastava fazer o pedido

pelo site do produto, preencher os dados e fazer

o upload de apenas uma única foto frontal do

rosto, pra eles transformarem em 3D. O primeiro

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

93

lote foi de

apenas 3.000

unidades, ao

preço de 13.650

ienes (quase

150 dólares). As

figuras têm

cerca de 18cm

e vêm com 4

opções de mãos

e duas

máscaras. E

mais, a

embalagem, em

formato blister

pack, também

traz o nome que

o cliente

desejar, assim

como na base (stand). Mas vale lembrar que

apenas o rosto é moldado no boneco, e isso

exclui o cabelo. Depois do Kamen Rider, foi a vez

de Char Aznable, carismático vilão da série

original da franquia Gundam. Infelizmente, o site

www.jibundamashii.com somente aceita encomendas dentro do território japonês.

208) AS EMBAIXADORAS DA FOFURA -

Dentro da chamada cultura pop japonesa, a

moda acabou ocupando uma posição de

destaque, levando exóticos vestuários a serem

imitados por jovens de várias partes do mundo.

Dentre as várias tribos urbanas, destaca-se a

das gothic lolitas, garotas que combinam um ar

virginal de lolita (título extraído do famoso

romance do russo Vladmir Nabokov) com roupas

góticas (em geral, trajes vitorianos) a adereços

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

94

variados, muitos inspirados em mangá e animê.

Com olhares e modos delicados, elas refutam

completamente qualquer rótulo ou apelo

sensual, atraindo ainda mais grande parte dos

olhares do público japonês Tal movimento

ganhou tanta força entre jovens antenados do

mundo inteiro que o governo japonês, que já

havia criado o "Embaixador do Animê" para o

gatinho Doraemon, resolveu nomear três

Embaixadoras do Kawaii (termo que define

coisas fofas, meigas), encarregadas de viajar

pelo mundo mostrando diferentes tendências da

moda urbana japonesa. Uma delas, Misako Aoki

(especialista na moda Gothic Lolita, que mescla

roupas antigas como vestidos vitorianos e um

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

95

aspecto de fofura infantil), esteve no Brasil em

2009, passando por São Paulo, Recife, Rio de Janeiro e Brasília.

209) ASTRONOMIA OTAKU – Em 1995, o

astrônomo japonês Akimasa Nakamura descobriu

dois cinturões de asteroides e os batizou como

12796 Kamenrider e 12408 Fujioka. As escolhas

foram, respectivamente, em homenagem ao

famoso personagem de mangá e tokusatsu e ao

ator Hiroshi Fujioka, que interpretou o Kamen Rider original em 1971.

210) CASANDO COM UMA PERSONAGEM –

Que no Japão o termo otaku tem um sentido

pejorativo para indicar gente isolada e viciada

em algum hobby, é um fato que expõe um lado

preconceituoso da sociedade japonesa. A novela

Densha Otoko amenizou um pouco esse

sentimento, mas apenas por um tempo. Porém,

tem otaku que realmente ultrapassa os limites

do bom senso e acaba piorando ainda mais a

imagem dos demais. Em 2009, um japonês,

conhecido na internet pelo apelido Sal9000,

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

96

anunciou que iria se

casar com uma

personagem de game,

a estudante do terceiro

colegial Nene

Anegasaki, do jogo de

estratégia Love Plus,

da plataforma Nintendo

DS (da Konami). O

jogo é do tipo

aventura, onde o

jogador pode simular

encontros e paqueras com as personagens

virtuais. Voltado a otakus, esse título é um

exemplo de quão diversificada e segmentada se

tornou a gigantesca indústria dos games,

superando em cifras a dos mangás, animês e

música. Sal9000 levou tão a sério o amor

platônico oferecido pelo jogo que resolveu se

casar com a personagem Nene, com direito até a

um sacerdote para oficializar a união. O

casamento aconteceu em 22 de novembro de

2009, foi transmitido pela internet e depois o

―casal‖ desfrutou (sabe-se lá como) uma

romântica lua-de-mel em Guam, paradisíaca

colônia estadunidense ao sul das Ilhas Marianas.

Não foi o primeiro caso no Japão de um cidadão

declarando publicamente preferir amar uma

personagem de ficção do que uma mulher de

verdade, mas sem dúvida esse foi o caso que foi

mais longe. Pelo menos, até o momento em que a pesquisa para esta obra foi encerrada.

FIM

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

97

EPÍLOGO: O GRANDE TERREMOTO No dia 11 de março de 2011, um devastador

terremoto de magnitude 9 atingiu o Japão. O

tsunami que se seguiu matou milhares de

pessoas na província de Sendai, noroeste do

país. E com tudo isso, a usina nuclear de

Fukushima foi danificada e desencadeou um

acidente grave, espalhando o medo da

contaminação radioativa.

O coautor desta obra, Michel Matsuda, vivendo

na cidade de Oizumi, próximo de Tokyo, sentiu

pouco os efeitos do terremoto, felizmente.

Nas regiões mais atingidas, o pesadelo e as

dificuldades ainda em andamento comovem e

preocupam o mundo. A reconstrução será

demorada, cara e dolorosa, mas já está em

andamento.

Além de governo, autoridades e empresários, os

artistas se movimentaram em um grande

número de manifestações. Concertos musicais,

publicações, vídeos, canções e muitas iniciativas

foram feitas, seja para angariar fundos para as

vítimas, seja para encorajar as pessoas.

Em meio a tanta tragédia, a esperança, disciplina

e garra de um povo que sempre soube superar

as adversidades.

Desta vez não será diferente.

Alexandre
Typewritten Text

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

98

Ganbarê!! (―Esforcem-se!‖) - Ilustração de

Akira Toriyama com seus personagens Goku (de

Dragon Ball) e Arale (de Dr. Slump) feita para

encorajar os sobreviventes da tragédia de 11 de

março de 2011. Ela resume bem o espírito

japonês de luta e determinação.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina1

99

BIBLIOGRAFIA

ANDÔ, Mikio (editor). Space Sheriff Chronicle.

Tokyo: Futabasha, 2000

BARRAL, Etiénne. Otaku – Os filhos do virtual.

São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2000.

DAITOKU, Tetsuo (editor). Macross Perfect

Memory. Tokyo: Minori Shobo, 1983

GUEDES, Roberto. A saga dos super-heróis

brasileiros. Vinhedo: Editoractiva Produções

Artísticas, 2005.

IWASA, Yôichi. Secret Force Goranger Chronicle.

Tokyo: Futabasha, 2001

JONES, Gerard. Brincando de matar monstros:

Por que as crianças precisam de fantasia,

videogames e violência de faz-de-conta. São

Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2006.

LEDOUX, Trish (editora). Anime Interviews – The

first five years of Animerica Anime & Manga

Monthly (1992-97). San Francisco, California:

Cadence Books, 1997.

LUYTEN, Sonia M. Bibe (organizadora). Cultura

pop japonesa: Mangá e animê. São Paulo: Ed.

Hedra, 2005.

LUYTEN, Sonia M. Bibe. Mangá – O poder dos

quadrinhos japoneses. São Paulo: Ed. Hedra,

2000.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

00

KASHIWAGI, Makoto (editor). The Space

Battleship Yamato Chronicles. Tokyo:

Takeshobo, 2001

KASHIWAGI, Makoto e Riichi Tomita (editores).

Masked Rider Chronicles. Tokyo: Takeshobo,

2001

KURATA, Yukio (editor). Zillion Perfect Version.

Tokyo: Gakken, 1988

KURUMADA, Masami. Saint Seiya Encyclopedia.

Tokyo: Shueisha, 2001

LOPES, João Henrique. Elementos do Estilo

Mangá. Belém: 2010

McCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos.

São Paulo: M Books do Brasil Editora Ltda, 1995.

MOLINÉ, Alphons. O grande livro dos mangás.

São Paulo: Editora JBC, 2005.

MONTE, Sandra. A presença do animê na TV

brasileira. São Paulo: Editora Laços, 2010.

NAGADO, Alexandre. Almanaque da Cultura Pop

Japonesa. São Paulo: Ed. Via Lettera, 2007

SCHODT, Frederik. Dreamland Japan – Writings

on modern manga. Berkeley, California: Stone

Bridge Press, 1996.

SCHODT, Frederik. Manga! Manga! The World of

Japanese Comics. Tokyo: Kodansha

International, 1983.

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

01

OS AUTORES

Alexandre Nagado

Nascido em São Paulo (capital), em 8 de março

de 1971. Aos 17 anos começou a publicar

profissionalmente, desenhando cartuns para

jornais de empresas.

Em 1990, começou a trabalhar com quadrinhos,

tendo estreado com um roteiro para Flashman,

na Editora Abril. Assinou também HQs para

Maskman (Ed. Abril), Goggle V (EBAL) e Street

Fighter (Ed. Escala). Criou os personagens Blue

Fighter (Ed. Escala e Trama), Dani (Ed. Escala e

Via Lettera), além de diversos trabalhos de HQ

institucional. Em 2003, foi o organizador e um

dos autores do álbum Mangá Tropical (Ed. Via

Lettera). Desde 1992, atua também como

redator, tendo escrito para diversas revistas e

sites, como a revista Herói (ACME, depois

Conrad) e o site Omelete. Parte de seu material

de pesquisa sobre mangá, desenhos e seriados

japoneses foi compilado no livro Almanaque da

Cultura Pop Japonesa (Ed. Via Lettera).

Em março de 2008, esteve no Japão como um

dos 25 selecionados para o programa de

intercâmbio Jovens Líderes entre Japão~Brasil,

atividade comemorativa do Centenário da

Imigração Japonesa no Brasil, patrocinado pelo

MOFA - Ministry Of Foreign Affairs do Governo Japonês.

Tem produzido ilustrações para agências e

estúdios, desenhos para comunicação

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

02

empresarial e caricaturas em eventos.

Apresentou palestras em São Paulo, Santos,

Osasco, Ribeirão Preto, Sorocaba, Ilha Solteira

(SP), Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR), Recife

(PE), Campo Grande (MS), Fortaleza (CE) e diversas outras cidades.

Site: www.nagado.com

Blog: www.nagado.blogspot.com Twitter: www.twitter.com/ale_nagado

Michel Matsuda

Nascido em 21 de novembro de 1977, em São

Paulo (capital), começou a vida de otaku em

1994, ao passar a frequentar exibições de vídeo

do grupo ORCADE, na Gibiteca Municipal Henfil.

Meses depois, no final de 95, junto com alguns

amigos, montou o seu próprio grupo, o Neo

Animation, permanecendo até 98 (o grupo

continuou suas atividades até 2008, no Centro

Cultural São Paulo). Também colaborou com

diversas revistas por um breve período. Dentre

elas, a Heróis do Futuro (da Press Editorial, a

convite do próprio Alexandre Nagado), ficando

do número 31 até o 41, quando foi cancelada.

Desde agosto de 2000, reside no Japão,

trabalhando como operário e podendo conferir,

in loco, os grandes eventos da área, além de

conhecer diversas personalidades do mundo pop

japonês e comprar, em primeira mão, muitas

novidades relacionadas ao seu hobby. Tudo fica registrado em seu blog.

Blog: www.universo-otaku.blogspot.com

CULTURA POP JAPONESA

Histórias e curiosidades

<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes

Todos os direitos reservados.

Pág

ina2

03

Rodrigo de Goes

Escritor e roteirista. Nasceu em São Paulo em 1º

de setembro de 1967. Iniciou sua carreira de

roteirista em 1988 nos estúdios de Maurício de

Sousa. Nos anos que se seguiram, prestou

serviços para as principais editoras do país

assinando roteiros para HQs para diversos

títulos, tanto do gênero infantil quanto infanto-

juvenil, incluindo Jaspion, Turma da Mônica,

Street Fighter, Change Kids, Astral da Turma e

outros, além do álbum Mangá Tropical. Ainda na

área de quadrinhos, trabalhou para agências de

propaganda criando peças promocionais e

institucionais.

Também atuou como escritor de livros infantis e

na produção de artes para livros didáticos e

paradidáticos. Aficionado de animê, mangá e

tokusatsu desde a infância, dedica boa parte de

seu tempo não somente a apreciar mas também

a pesquisar sobre o assunto, já tendo atuado

como articulista em revistas especializadas,

incluindo a Henshin (Ed. JBC).