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CULTURA POP JAPONESA
Histórias e curiosidades
<<< ÍNDICE >>> © Alexandre Nagado, Michel Matsuda e Rodrigo de Goes
Todos os direitos reservados.
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CULTURA POP
JAPONESA Histórias e curiosidades
Alexandre Nagado
(organizador) Michel Matsuda
Rodrigo de Goes
1ª edição: março de 2011
CULTURA POP JAPONESA
Histórias e curiosidades
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ÍNDICE
Introdução - Pág. 04
Prefácio (Marcelo Cassaro) - Pág. 06
Cap. 1: Mangá – Os quadrinhos mais
populares do mundo – Pág. 10
Cap. 2: Animê – Mangá em
movimento – Pág. 50
Cap. 3: Tokusatsu – O reino dos
monstros de borracha – Pág. 121
Cap. 4: Variedades - Música, moda,
games, coisas legais e seres bizarros
– Pág. 177
Epílogo: O grande terremoto – Pág.
197
Bibliografia – Pág. 199
Os autores – Pág. 201
Projeto, organização e edição: Alexandre Nagado
Texto e pesquisa: Alexandre Nagado, Michel
Matsuda e Rodrigo de Goes
Todas as imagens contidas neste livro foram
utilizadas para fins de divulgação.
- Agradecimentos a
Marcelo Duarte
(Panda Books).
- Esta obra é
dedicada ao valente
povo japonês.
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Histórias e curiosidades
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INTRODUÇÃO
O universo do entretenimento produzido no
Japão tem criado séries e personagens que vêm
conquistando admiradores no mundo há
décadas. Indo além de grupos de aficionados, a
chamada cultura pop japonesa se infiltrou na
mídia, extrapolou as fronteiras da colônia
japonesa e criou modas, manias e influenciou
muita gente. Mangá, animê, tokusatsu, games,
músicas, moda... O Japão virou pop. No Brasil, a
popularidade de tais produções gerou fãs
apaixonados, ávidos por informações vindas do
outro lado do mundo.
Este livro é para os fãs que adoram conhecer
saborosos detalhes de produção que ajudam a
entender melhor as coisas que tanto gosta. E
também para aqueles apreciadores eventuais e
nostálgicos que guardam perguntas em seu
íntimo sobre assuntos que pouca gente domina.
Indo além, este livro também apresenta a
origem de vários termos recorrentes,
curiosidades comportamentais e explicações
conceituais que farão o leitor mergulhar num
universo que abrange muito mais do que
quadrinhos, músicas, desenhos animados,
games e gente fantasiada.
Agrupados em tópicos de fácil leitura até para
um não-iniciado (a razão de ser desta obra),
este trabalho não tem a pretensão de apresentar
um tratado sobre cultura pop japonesa e nem de
ser uma referência ou guia completo sobre o assunto.
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O que esperamos é que este livro possa se
transformar em tema para muitas e animadas
conversas. Aquele detalhe que ninguém tinha
percebido, aquele boato que correu pela
internet, aquele autor cujo trabalho todo mundo
comenta mas que você nunca prestou atenção...
E também despertar a atenção em assuntos que
poderão ser melhor explorados em outras fontes.
Os tópicos estão organizados ora por cronologia,
ora por similaridade. Em outros casos, a opção
foi falar primeiro do que é mais conhecido pelo
público brasileiro não-iniciado, para depois,
didaticamente, retroceder e explicar de onde
vieram as ideias. Mas também tem muita coisa
aleatória, curiosidades soltas que afloravam na
memória e que precisavam ser registradas para
não serem esquecidas.
Por isso, não se acanhe em começar a ler de
qualquer ponto. Vai funcionar do mesmo jeito.
Sinceramente, aposto que você vai acabar lendo
esta obra muitas vezes sem perceber, cada vez
prestando mais atenção em algum tema ou
detalhe, estabelecendo suas próprias conexões
entre os assuntos. E vai descobrir que este livro
também conta um pouco de mitologia, história,
religião, costumes, esportes, comportamento e
cultura geral. Assuntos que farão você aprender
muito sobre o Japão e perceber que a cultura
pop japonesa é tão rica quanto divertida.
Boa leitura!
- Alexandre Nagado
Ilha Solteira (SP), 09 de março de 2011.
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PREFÁCIO
Escrevi Holy Avenger por amar animê e mangá.
Como eu, muitos brasileiros também amam animê e mangá.
Era o final da década de 1990. O novo fenômeno
nas bancas eram os mangás oficiais de
Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball Z,
alcançando vendas muito acima de quaisquer
outros quadrinhos no Brasil. Muitos diziam ser
―moda passageira‖; hoje, dúzias de outros mangás enchem as bancas.
Houve muito oportunismo na época. Autores e
editoras nacionais tentando copiar o estilo.
Quase nenhum desses títulos durou muito — os
fãs sabiam reconhecer a diferença entre uma HQ
oportunista, e o trabalho de alguém com amor verdadeiro por mangá.
Na mesma época, depois de algumas minisséries
bem-sucedidas na antiga Editora Trama, recebi
sinal verde para uma série longa. Holy Avenger
tinha traço de Erica Awano, em estilo
indiscutivelmente japonês (muito embora minha
narrativa não fosse assim tão próxima dos
mangás originais). A conselho dela, nunca usei o
termo ―mangá‖ para tratar da Holy. Você pode
procurar: nenhum texto, nenhum anúncio,
nenhuma propaganda jamais disse que Holy Avenger era um mangá.
Por quê? Se os mangás eram sucesso comercial,
porque não associar Holy Avenger a eles?
Decidimos assim porque sempre houve polêmica
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sobre o que deveria ser considerado um ―mangá
verdadeiro‖. Mangá é a palavra japonesa para
história em quadrinhos — então, a rigor, toda
HQ é um mangá? Ou talvez sejam apenas
histórias dentro de certo estilo, com olhos
grandes e speedylines (linhas de velocidade)? Ou
ainda, somente histórias feitas no Japão, por e para japoneses?
Por tudo isso, nunca chamamos Holy Avenger de
mangá. O mesmo respeito e cautela podem ser
vistos hoje na Turma da Mônica Jovem, não um mangá, mas uma revista em ―estilo mangá‖.
Mais tarde, em 2007, o Ministério dos Assuntos
Estrangeiros do Japão criou o Concurso
Internacional de Mangás, para premiar trabalhos
nesse estilo feitos em outros países. Das
centenas de trabalhos inscritos, Holy Avenger foi
o único finalista brasileiro. Eu e Erica Awano
recebemos, em mãos, certificados do então
Ministro Taro Aso (mais tarde ele se tornaria
Primeiro Ministro do Japão). E ali diz que Holy
Avenger é um mangá.
Se o Governo Japonês diz que é, quem sou eu para discordar?
Qualquer fã pode apontar dúzias de diferenças
entre quadrinhos Orientais e Ocidentais. Eu,
quando estou explicando para um leigo, em
geral escolho a seguinte: na maioria dos
quadrinhos de super-heróis, o protagonista
recebe seus poderes de graça — já nascem com
ele, ou chegam por acidente. Superman tem
poderes por ser extraterrestre. O Homem-
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Aranha foi picado por uma aranha radioativa.
Batman, milionário. X-Men, mutantes. Hulk,
bomba gama. Nos comics, grande poder não
vem com grande responsabilidade; ele vem com
grande facilidade.
Nos mangás e animês, quase nunca vemos isso
acontecer — o povo japonês não acredita em
conquista sem esforço, sem sacrifício. Street
Fighters levam anos dominando seus estilos de
luta e golpes especiais, como qualquer artista
marcial. Cavaleiros do Zodíaco vivem o inferno
em lugares terríveis antes de manifestar seu
Cosmo. Ninjas das Vilas Ocultas estudam na
escola e obedecem mestres. Mesmo para o
eventual sayajin, nascido em outro planeta, o
poder só vem com muito treinamento duro em
gravidade pesada.
Enfim, mangás e animês são focados em seu
público — o povo japonês. Gente disciplinada
que valoriza o esforço, a determinação, a força
de vontade. Levantar-se após cair. Ser arrasado
por bombas atômicas, reconstruir a nação e
tornar-se a segunda maior potência econômica
mundial. Mas também gente tímida e
introspectiva, com dificuldade para relacionar-se.
Gente conformada com a vida rigorosa de
trabalho e estudo. Gente que não chora ou reclama; procura conforto no mangá e animê.
Gente muito diferente de nós. Assim, é
espantoso que suas histórias sejam tão amadas
aqui nos trópicos.
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Conheci Alexandre Nagado no final dos anos 80,
quando escrevíamos HQs licenciadas de Jaspion
e Changeman para a Editora Abril. Mais tarde,
quando me afastei da revista Street Fighter, eu o
recomendei para assumir meu lugar como
roteirista. E anos depois, quando a Editora
Trama lançava novos títulos nacionais, um deles
seria em estilo mangá; Nagado foi minha
primeira escolha, com seu Blue Fighter.
Nagado é, hoje, um dos maiores estudiosos de
cultura pop japonesa no Brasil. E seu convite
para escrever este prefácio foi um privilégio —
porque as pessoas envolvidas neste livro amam
animê, mangá e tokusatsu. Sobre isso não existe dúvida.
Esses artistas agora trazem curiosidades e
bastidores dessas obras japonesas que tanto
apreciamos. Ajudam a desvendar coisas, a
princípio, misteriosas. Nomes engraçados.
Enredos estranhos. Personagens esquisitos.
Histórias que nunca entendemos totalmente,
mas mesmo assim amamos.
Graças ao esforço deles, você vai descobrir
coisas especiais sobre aquela série, aquele herói,
aquela aventura que marcou sua vida. E talvez,
também descubra porque isso acabou acontecendo.
— Marcelo Cassaro
Roteirista de quadrinhos, escritor de livros de
RPG, desenhista e editor.
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CAPÍTULO 1: MANGÁ – OS QUADRINHOS MAIS POPULARES DO MUNDO 1) O QUE SIGNIFICA MANGÁ? - Mangá é a
palavra que define as histórias em quadrinhos e
os gibis japoneses, que conquistaram leitores no
mundo inteiro, tornando-se verdadeiro fenômeno
editorial em vários países. Mas o que pouca
gente sabe é que nem sempre foi assim. Quando
a palavra foi usada pela primeira vez, lá pelo
século XIX pelo artista Katsushika Hokusai,
mangá tinha outro sentido. A palavra dava nome
a desenhos engraçados, como as charges e
caricaturas que já faziam parte da tradição
japonesa de artes visuais voltadas ao consumo
popular. A palavra
mangá pode ser
traduzida como
―desenho
divertido‖ e o
termo apareceu
com os Hokusai
Mangá, série de
estudos figurativos
cujo primeiro volume (de um total de 15) foi
publicado em 1814. Hokusai, nascido em 1760 e
falecido em 1849, é famoso no mundo inteiro,
mas não por causa de mangá ou desenhos
humorísticos. É dele uma série de xilogravuras
ukiyo-ê chamada ―36 Vistas do Monte Fuji‖ e seu
desenho mais famoso é o Vagalhão de
Kanagawa, a onda gigante que ele retratou com
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muito estilo e virou sua marca registrada no
mundo inteiro.
2) MANGÁ EM ROLOS – Muito antes da palavra
mangá ser usada pela primeira vez, já existiam
ilustrações humorísticas e caricaturas no Japão, pelo menos desde o chamado Período Heian (794-
1185 d.C.). Um dos mais antigos exemplares
desse tipo de trabalho que ainda existe em bom
estado é o Chôjûgiga (―Desenhos engraçados de
animais‖), uma série de ilustrações com animais
humanizados em situações cômicas, comumente
representando sacerdotes. O trabalho, com um
traço leve e dinâmico, foi feito por um monge
budista conhecido como Tôba (1053~1140), no
século XII. Fazendo jus à denominação ―rolos de
animais‖ (nome pelo qual pesquisadores
ocidentais se referem), o material está
distribuído em um rolo de papel com cerca de 10
metros de comprimento. A relíquia está
preservada no Museu Internacional do Mangá, na cidade de Kyoto.
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3) OSAMU TEZUKA
- DE MÉDICO A
DEUS - Osamu
Tezuka, nascido em
1928 e falecido em
1989, foi
considerado o ―Deus
do Mangá‖, tamanha
a revolução que ele
promoveu. A partir
dele, o mangá ficou
mais expressivo no desenho, cinematográfico
nos enquadramentos e mais segmentado. Mas
ele também foi marcante em outras áreas. Seu
personagem Astro Boy marcou época na TV e
seu herói Magma Taishi (Embaixador Magma),
conhecido no Brasil como Vingadores do Espaço,
foi o primeiro seriado colorido da TV japonesa,
em julho de 1966. Sua prolífica carreira inclui
ainda as séries A Princesa e o Cavaleiro, O
Menino Biônico, Don Drácula, Buda, Black Jack,
Kimba, Adolf, Hi no Tori e muitas outras,
totalizando mais de 700 criações. E ele quase
não seguiu a carreira artística, pois estudou
medicina, curso que fez ao mesmo tempo em
que começava a ganhar fama publicando seus
quadrinhos profissionalmente.
4) POR QUE OLHOS GRANDES? – Primeiro,
vamos esclarecer que nem todo mangá tem os
famosos olhos grandes e brilhantes que tantos
amam. Os primeiros mangás nem tinham essa
característica, que acabou se tornando a mais
facilmente reconhecível dos quadrinhos e
animações japonesas. Quem começou isso foi o
pioneiro do moderno mangá, Osamu Tezuka, na
década de 1940. Os motivos foram vários.
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Tezuka era fã de um teatro
tradicional chamado
Takarazuká, que é
interpretado somente por
mulheres (em contraposição
ao masculino Kabuki) e no
qual as atrizes usam fortes
maquiagens para realçar os
olhos. O criador do Astro Boy também adorava
animações Disney, em especial o Bambi (de
1942) e seus olhos verticais e cheios de brilho e
sentimento. Esses olhos dão muita
expressividade às figuras e permitem que,
mesmo num quadrinho pequeno em uma página,
seja fácil identificar o que se passa com o
personagem. A resposta para a questão inicial é
que olhos grandes são expressivos e o mangá é
um meio onde a expressividade é uma característica essencial.
5) O SOM DO SILÊNCIO - Onomatopeias são
aquelas palavras que representam sons. Nos
quadrinhos, são escritas com letras desenhadas
para realçar seu efeito dramático numa história.
Nos quadrinhos japoneses, as onomatopeias são
usadas mais ostensivamente do que em
qualquer outro lugar, sendo importantes até na
composição visual e diagramação de uma
página. Além das representações sonoras
diferentes do ocidente (um latido é "wan wan",
uma explosão é "dokan" e por aí vai), há
também aquelas onomatopeias que reforçam
estados de espírito, gestos ou dramatizam
situações, criando atmosfera. E o exemplo mais
marcante é que existe até uma onomatopeia
para definir o silêncio: é "shiiin‖.
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6) ANMITSU HIME: UM MANGÁ PARA
TEMPOS DIFÍCEIS – Um traço comum às
sociedades que passam por tempos difíceis é o
de que quanto piores as coisas ficam, mais
alegres e otimistas se tornam os conteúdos dos
entretenimentos oferecidos ao povo. No Japão
pós-segunda guerra mundial, um país arrasado
onde a vida cotidiana era muito difícil, a coisa
não era diferente. Nesse cenário, uma série de
mangá para meninas de tom leve e
despreocupado acabou ganhando destaque:
Anmitsu Hime (Princesa Anmitsu) de Shosuke
Kurakane. Publicada originalmente entre 1949 e
1955, a série se passa em uma versão fantasiosa
do Japão feudal e narra as aventuras da
princesinha Anmitsu, cujo nome significa doce de
feijão com mel. Teimosa e rebelde, Anmitsu leva
seus pais e professores à loucura com suas
travessuras, já que se recusa terminantemente a
comportar-se de maneira devida à alguém de
sua posição. Tudo é levado em tom humorístico,
sempre tendo como cenário o castelo de
Amakara. Um lugar repleto de alegria cheio de
festas com (principalmente) muita comida.
Mesmo após o seu cancelamento, a série
permaneceu com seu espaço conquistado no
coração dos japoneses. Tanto que, de lá até os
dias de hoje, já foram realizados dois filmes, três
novelas e uma série de animação com as
aventuras da princesinha. Houve até mesmo um
remake do mangá, feito em 1986 por Izumi
Takemoto. Sem dúvida, Anmitsu Hime foi o
perfeito retrato dos sonhos de uma época muito
dura.
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7) ASHITA NO
JOE: MAIS QUE UM
PERSONAGEM –
Apesar desse fato
parecer um tanto
estranho ao modo
de pensar ocidental,
o mangá para os
japoneses é muito
mais do que um
simples
entretenimento. Ele
está tão enraizado
na cultura popular
que, em alguns
casos, chega a
funcionar como
agente transformador da sociedade,
influenciando até mesmo a autoestima do povo.
Um exemplo lapidar desse fenômeno é o lendário
mangá Ashita no Joe (Joe do Amanhã), escrito
por Asao Takamori (Ikki Kajiwara) e desenhado
por Tetsuya Chiba. Publicado entre 1968 e 1973
na revista semanal Shonen Magazine, o mangá
conta a história de Joe Yabuki, um delinquente
juvenil revoltado e encrenqueiro que sai de uma
origem pra lá de humilde para se tornar um dos
boxeadores mais famosos do mundo. Isso, é
claro, após passar por todos os sofrimentos e
dificuldades possíveis e imagináveis. A série
ganhou tamanha força, que os jovens das
classes menos favorecidas do Japão passaram a
adotar Joe como ídolo e modelo de esperança,
tratando-o quase como uma pessoa real. Essa
devoção transformou-o em um personagem
folclórico, cuja figura é usada até hoje como
exemplo de superação. Para corroborar esse
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fato, a editora Kodansha iniciou em 2009 a
republicação do mangá original nas páginas da
revista semanal Gendain, título que tem como
alvo um público masculino adulto formado em
sua maioria por funcionários de empresas do
meio corporativo, os famosos ―salaryman‖. O
objetivo declarado da editora é usar o mangá
para levantar o moral desses leitores, muito
abalado após a crise econômica de 2008. Em
fevereiro de 2011, uma versão live-action para
cinema foi lançada, com o cantor e ator
Tomohisa Yamashita como Joe e Yûsuke Iseya
como o rival Rikiishi. Se é verdade que algo é
real desde que se acredite em sua existência,
pode-se dizer que Joe Yabuki está mais vivo do
que nunca.
8) FUNERAL PARA UM LUTADOR (DE PAPEL)
– Um bom exemplo de até onde pode chegar o
amor dos fãs por um personagem, ocorreu no
Japão em março de 1970. Em um momento
culminante do popularíssimo mangá de boxe
Ashita no Joe, o protagonista Joe Yabuki
enfrentou seu arquirrival Toru Rikiishi em um
combate histórico, que terminou com a morte de
Rikiishi. O fato causou tamanha comoção entre
os leitores, que o polêmico artista de vanguarda
Shuji Terayama, fã de boxe e da série, chegou
mesmo a convocá-los para uma cerimônia
funerária em homenagem ao morto. E assim,
mais de 700 pessoas compareceram à tal
cerimônia, devidamente trajados de preto e
portando incensos e coroas de flores. Em um
ringue de boxe montado nas dependências da
editora Kodansha, um monge budista oficiou os
ritos e encomendou a alma de Toru Rikiishi. Uma
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cerimônia verdadeira para um personagem de
mangá.
9) FAZENDO TRABALHO DE MULHER - Shôjo
mangá é o tipo de história em quadrinhos para
meninas adolescentes, um gênero que já teve
títulos como Guerreiras Mágicas de Rayearth,
Peach Girl e Sailor Moon. Mas apesar de ter
surgido a partir do trabalho de Osamu Tezuka
com a série A Princesa e o Cavaleiro, o shojo
manga logo se tornou um produto sempre feito
de mulheres para mulheres. Ou quase sempre.
Um certo quadrinhista chamado Akira
Matsumoto começou a publicar profissionalmente
com apenas 15 anos após vencer um concurso
da revista Manga Shonen Magazine, em 1953.
Mas apesar do começo promissor, ele teve
dificuldade em se manter no mercado com
trabalhos mais pessoais e acabou desenhando
para revistas femininas. Como o nome Akira
também pode ser usado para mulheres (apesar
de ser menos comum do que para homens),
muitas leitoras nem devem ter percebido que
eram desenhos de homem. Quando ele
conseguiu se desvencilhar das românticas e
quase sempre adocicadas revistas shojo e teve a
chance de publicar trabalhos mais densos e viris,
passou a assinar Leiji Matsumoto, seu novo
nome artístico. E foi assim que ele ganhou
espaço entre os grandes nomes do mangá e do
animê, com trabalhos como Patrulha Estelar,
Capitão Harlock, Galaxy Express 999, Submarine
Super 99 e os clipes em animê da dupla francesa
Daft Punk, que formaram o DVD Interstella
5555: The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem.
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10) O HOMEM QUE PRODUZIU 770 MANGÁS!
- Com revistas semanais ditando o ritmo no
mercado de mangás, é comum que os
desenhistas de ponta tenham que produzir quase
20 páginas de quadrinhos por semana. Isso dá
quase 80 por mês, uma marca impressionante,
mesmo considerando que os autores trabalhem
com assistentes para fazer a ―parte chata‖ do
trabalho, como pintar áreas de preto, completar
cenários, aplicar tons de cinza, traçar linhas de
movimento (speedylines), etc. Porém, no auge
da fama e com
encomendas de várias
revistas ao mesmo
tempo, o lendário
Osamu Tezuka e sua
equipe já tiveram que
produzir cerca de 300
páginas num único
mês. Mas o recorde
absoluto foi de
Shotaro Ishinomori,
um discípulo de
Tezuka e criador de
títulos como Kamen
Rider, Cyborg 009,
Sabu to Ichi Torimono Hikae, Green Grass,
Hotel, Patrine, Goranger (o precursor do gênero
Super Sentai) e muitos outros. Ishinomori
chegou à inalcançável marca de 500 páginas
escritas e desenhadas em um único mês.
Também entrou para o Guiness Book of Records,
por ter produzido mais de 128 mil páginas de
quadrinhos em 770 mangás ao longo de uma
carreira de 45 anos. Se Osamu Tezuka era o Deus do Mangá, Ishinomori era o Rei.
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11) O REI DO MANGÁ E A NUMEROLOGIA -
Apesar de famoso por trabalhos no campo da
ficção científica, Shotaro Ishinomori era um
homem supersticioso. Nascido como Shotaro
Onodera, assumiu o nome artístico inicialmente
como Shotaro Ishimori. Influenciado pela
numerologia que, no Japão, leva em conta o
número de traços usado para escrever as letras
do nome, ele passou a assinar Ishinomori. A
mudança aconteceu em 1986, mas não parece
ter feito muita diferença. Naquela época, ele já
havia criado os mangás de Kamen Rider,
Goranger, Inazuman, Esquadrão Arco-Íris
(Rainbow Sentai Robin), Henshin Ninja Arashi,
Cyborg 009 e muitos outros sucessos que foram
adaptados para a TV. Em termos comerciais,
seus maiores sucessos aconteceram antes da mudança do nome artístico.
12) O FIM DO MUNDO, SEGUNDO SHOTARO
ISHINOMORI - O consagrado autor Shotaro
Ishinomori tinha uma crença: a de que o mundo
não passaria do ano 2000. Essa convicção era
tão arraigada que os enredos de suas histórias
de ficção científica futurista – sempre com uma
visão pessimista do mundo - nunca passavam do
ano de 1999. No mangá original de Kamen Rider
Black, por exemplo, o herói e seu irmão Shadow
Moon travam seu duelo final nos escombros de
Tóquio no ano 1999, uma data não muito
distante da data de publicação dessa história,
que foi em 1988 na revista Shonen Sunday. De
certa forma, o mundo acabou mesmo pra ele
antes do ano 2000. O venerado Sensei (mestre)
Shotaro Ishinomori faleceu em 28 de janeiro de
1998, aos 60 anos, por problemas cardíacos.
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13) OS PRIMEIROS MANGÁS BRASILEIROS
– Nos dias de hoje, é muito comum que dúzias
de trabalhos realizados no estilo mangá surjam
nas bancas e livrarias. Muitos acreditam que
tamanha influência se deve à explosão dos
animês ocorrida a partir da metade dos anos
1990, o que faria do chamado mangá brasileiro
um fenômeno recente. Na verdade, os primeiros
mangás brasileiros surgiram por volta da metade
dos anos 1960, pelas mãos de um jovem
roteirista, desenhista e editor chamado Minami
Keizi. Nascido na cidade
paulista de Getulina no
ano de 1945, Keizi
passou a infância e a
adolescência
consumindo mangás
originais vindos do
Japão. Em 1964 criou o
personagem
―Tupãzinho, O Guri
Atômico‖, fortemente
baseado em Astro Boy.
Entretanto, teve de
modificar o personagem
por imposição dos
editores, que preferiam um estilo de desenho
mais americanizado. Após a transformação,
Tupãzinho foi publicado em tiras no jornal Diário
Popular e chegou a ter revista própria, publicada
em 1966 pela editora Pan Juvenil. No mesmo
ano e editora, Keizi publicou o Álbum Encantado,
um livro de fábulas escrito por ele e ilustrado
(sob sua orientação) em estilo mangá por
renomados artistas da época, com destaque para
Fabiano J. Dias. Ambos os trabalhos, são
considerados os pioneiros do gênero no Brasil.
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Além disso, como editor-chefe da editora
paulista Edrel (sucessora da Pan Juvenil), Keizi
abriu as portas para um talentoso grupo de
jovens artistas que posteriormente viriam a se
consagrar não somente no meio das HQs
nacionais, mas também no das artes plásticas:
Paulo Fukue, Fernando Ikoma e o lendário
Cláudio Seto, o grande mestre do mangá
brasileiro. Foram valorosos pioneiros em uma
época distante. Cláudio Seto, autor de O
Samurai e muitos outros personagens, faleceu
em 2008, aos 64 anos. Minami Keizi faleceu em
2009, também aos 64 anos. Ambos deixaram
suas marcas na história do mangá brasileiro.
14) MANGÁ NA UNIVERSIDADE - Histórias
em quadrinhos – mangá incluído – se tornaram
um tema recorrente em trabalhos e pesquisas
em faculdades de comunicação. Trata-se de uma
valorização dos quadrinhos como arte e cultura
no mundo todo, mas sempre houve muita
resistência para que o assunto fosse levado a
sério, ainda mais no sisudo ambiente acadêmico.
Nessa área, o trabalho pioneiro foi feito no
Brasil, na Escola de Comunicações e Artes (ECA),
da USP, em São Paulo. A professora Sonia Maria
Bibe-Luyten fez sua tese de mestrado sobre
mangá em 1971, uma época em que o tema era
desconhecido da maioria das pessoas. Com o
título Mangá – O Poder dos Quadrinhos
Japoneses, o trabalho pioneiro em pesquisa
acadêmica sobre mangás foi transformado em
livro em 1991 pela editora Estação Liberdade.
Em 2001, foi relançado pela editora Hedra.
15) A VITÓRIA DA PERSISTÊNCIA - Nascido
em 1945, o artista Go Nagai é conhecido por ter
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criado o clássico e revolucionário robô gigante
Mazinger Z, em 1972. Mas também é
considerado um autor profano, associado a
trabalhos com forte teor de violência e erotismo,
características que já lhe renderam muitas
críticas por inserir elementos considerados
inadequados para séries infanto-juvenis. Suas
produções para adultos o fizeram um autor tão
cultuado quanto polêmico devido aos limites que
vive ultrapassando. Mas polêmicas à parte, é
inegável sua importância na cultura pop
japonesa, pois além de Mazinger Z, criou títulos
como Cutey Honey, Devilman e muitos outros
que ganharam legiões de fãs. Sua carreira é um
exemplo de curiosa obstinação. Quando jovem,
após contrair uma diarreia que durou mais de 3
semanas, ele temeu estar com câncer de
intestino e passou a imaginar que ia morrer logo.
Decidiu realizar seu sonho de criança e se tornar
um autor de mangá. Logo descobriu-se que não
tinha nada tão grave e ele foi medicado, mas já
havia se decidido a não seguir os estudos e
começou a mandar testes para editoras. Consta
que ele já mostrava muito talento desde cedo
mas sua mãe, secretamente, ligava para os
editores e pedia que não chamassem seu filho,
pois ela não queria que ele fosse um artista
profissional e sim que seguisse uma carreira
tradicional. Porém, um dia um desses testes que
ele ingenuamente mandava foi visto pelo
veterano Shotaro Ishinomori, que conseguiu
convencer sua mãe a deixá-lo seguir seu sonho.
De assistente de Ishinomori, Go Nagai logo alçou
voo solo e se consagrou como um dos mais
importantes autores de mangá. E tudo começou com uma grande dor de barriga...
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16) O SEGREDO DA SHONEN JUMP - Lançada
em 1968 pela editora Shueisha, a revista Shûkan
Shonen Jump (Salto Jovem – Semanal) é voltada
ao público adolescente masculino (shonen) e se
transformou no maior sucesso editorial da Terra
do Sol Nascente. Com mais de 400 páginas em
papel jornal e impressa na maior parte em
preto-e-branco (um formato comum no país), a
revista já teve picos de venda de mais de 5
milhões de exemplares por edição. De suas
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páginas, saíram títulos como Dragon Ball,
Cavaleiros do Zodíaco, Super Campeões, Naruto,
Slam Dunk, Hikaru no Gô, Samurai X, Video Girl
Ai, Dr. Slump, Gen – Pés Descalços, One Piece,
Yu Yu Hakusho, Death Note, Yu-Gi-Oh, Shaman
King e muitos outros. Parte do segredo da
revista está em sua forte política editorial.
Enquetes são feitas periodicamente perguntando
a seus leitores 3 questões: 1- Qual a palavra que
mais aquece seus corações, 2- O que eles
sentem ser a coisa mais importante na vida e 3-
O que os deixa mais felizes. As respostas são,
―amizade‖, ―esforço‖ e ―vitória‖,
respectivamente. Basta uma lida em duas séries
campeãs de épocas diferentes, como Naruto e
Cavaleiros do Zodíaco, para ver que essa política
vem sendo seguida nas séries de maior apelo
popular. Com diversos títulos derivados no
Japão, a Shonen Jump estreou nos EUA com
uma versão mensal em novembro de 2002, apesar da capa indicar ―janeiro de 2003‖.
17) AFTERNOON: O MAIOR GIBI DO MUNDO
– Muita gente acha os almanaques japoneses de
mangá parecidos com listas telefônicas. Não
existe mangá que mereça mais esse apelido que
a revista mensal Afternoon, da Ed. Kodansha,
com mais de 1.000 páginas por edição. A
Afternoon publicou a série Ah! Megami Sama
(Oh My Goddess!), de Kosuke Fujishima, de
bastante repercussão no Japão e que teve seu
animê já visto no Brasil. Outra série conhecida
no Brasil é Mugen no Juunin (Blade – A Lâmina
do Imortal), de Hiroaki Samura. A Afternoon foi
fundada em 1987 e é também a revista de
quadrinhos mensal mais ―pesada‖ do mundo,
com cerca de 1 kg de papel por edição. Essa não
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dá pra guardar no meio dos livros pra ler
escondido na escola...
18) REI DO FUTEBOL POR ACASO – Não há
como discutir que o nome mais representativo
da história dos mangás ligados ao tema futebol é
o do mangaká Yoichi Takahashi. Especialista em
mangás esportivos, ele é considerado um dos
grandes responsáveis pela popularização do
futebol no Japão durante os anos 80. Tudo
devido ao seu megassucesso Super Campeões
(Captain Tsubasa, no original), série produzida
em várias fases ao longo de mais de vinte anos e
cujas versões em animê rodaram o mundo. Mas
o mais engraçado dessa história é que, ao
contrário do que se poderia imaginar, Takahashi
não era fã de futebol. Segundo ele mesmo, a
primeira vez que assistiu a uma partida foi aos
17 anos de idade, através de uma transmissão
de TV enquanto jantava com amigos em um
restaurante italiano. Foi só a partir daí que ele
tomou conhecimento do que era o esporte.
19) O SENHOR DOS DESAFIOS – Muito mais
do que um grande roteirista de mangás
esportivos (gênero ainda pouco difundido no
Brasil), ele foi um dos maiores da história do
gênero. Sua capacidade sem igual de trabalhar
com ação dramática e temas de superação,
garantiram-lhe um lugar entre os grandes. Por
isso mesmo, torna-se impossível contar a
história do mangá moderno sem citar o nome de
Ikki Kajiwara. Nascido como Asaki Takamori em
1936, ele chegou ao estrelato na segunda
metade dos anos 60 produzindo para a revista
Shonen Magazine aquelas que seriam as suas
três obras primas: Kyoujin no Hoshi (A Estrela
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dos Gigantes) desenhada por Noboru Kawasaki e
que tinha como tema o beisebol, Tiger Mask
ilustrada por Naoki Tsuji e que abordava a luta
livre e a mais do que lendária obra sobre boxe
Ashita no Joe, que teve o traço de Tetsuya Chiba
e foi assinada por Kajiwara com o pseudônimo
de Asao Takamori. Sua obra mais conhecida no
Brasil é a versão em animê do mangá biográfico
Kick no Oni (O demônio do Chute), desenhado
por Ken Nakajô e que romanceava a vida do
kickboxer japonês Tadashi Sawamura. Produzida
pela Toei Animation em 1970, a série de animê
fez grande sucesso no Brasil entre o final dos
anos 70 e o início dos 80, sendo aqui exibida
com o nome de Sawamu, o demolidor. No início
de 1987, Kajiwara faleceu precocemente aos 50 anos, deixando atrás de si um legado imortal.
20) UM MANGÁ EM DOZE ASSALTOS –
Famoso por seus mangás de guerreiros
fantásticos, Masami Kurumada possui uma obra
do gênero esportivo pouco conhecida no
ocidente, mas muito famosa no Japão: Ring ni
Kakero (Arrisque tudo no Ringue!). Publicada
entre 1977 e 1981 na revista semanal Shonen
Jump, a história fala da vida de três
personagens: O jovem boxeador Ryuuji Takane,
seu arquirrival Jun Kenzaki e a irmã de Takane,
Kiku, que é também sua treinadora. Recheada
de combates, dramas e histórias de superação, a
série é considerada um dos exemplos mais
representativos do que é chamado de ―Estilo
Shonen Jump‖ de fazer mangá. Além disso, suas
lutas épicas cheias de golpes especiais e
referências a mitologia grega, serviram de base
para Kurumada desenvolver Os Cavaleiros do
Zodíaco. O próprio protagonista, Ryuuji Takane,
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serviu de modelo para o cavaleiro Seiya. Anos
mais tarde, após o fim de B’t X, o autor resolveu
retomar a série. E assim, no ano de 2000, a
revista mensal Super Jump iniciou a publicação
de Ring ni Kakero 2, desta vez contando a
história de outro boxeador: Rindo Kenzaki, filho
de Jun e Kiku.
21) RUMIKO TAKAHASHI: A RAINHA DO
MANGÁ – Tudo começou em 1978, quando uma
desconhecida estudante universitária ganhou um
concurso de novos talentos promovido pela
editora Shogakukan. Mais do que uma nova
artista, nascia para o mundo não só o maior
nome feminino da história do mangá mas
também das HQs em geral: Rumiko Takahashi.
Nas décadas que se seguiram, ela enfileirou um
sucesso atrás do outro: Urusei Yatsura, Maison
Ikoku, Ranma ½, InuYasha e mais
recentemente, Kyokai no Rinne. Quase todos
lançados na revista semanal Shonen Sunday, de
quem se tornou uma das marcas, juntamente
com Mitsuru Adachi e Gosho Aoyama. Sucesso
de público sem precedentes, as coletâneas de
seus trabalhos já venderam ao redor do mundo a
absurda marca de mais de 170 milhões de
exemplares, o que a
tornou a artista de
quadrinhos mulher
mais bem paga do
planeta. Os dados
sobre sua fortuna são
guardados a sete
chaves, mas é fato de
que desde os anos 90
ela se tornou uma das
pessoas físicas que
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mais paga imposto de renda no Japão... O que
não é pouco. Se Tezuka é o Deus e Ishinomori o Rei, Takahashi merece ser chamada de Rainha.
22) FAMÍLIA DE SUCESSO? – Responda
rápido: Além de serem renomados mangakás, o
que Rumiko Takahashi (Ranma ½ e InuYasha),
Yoichi Takahashi (Super Campeões) e Kazuki
Takahashi (Yu-Gi-Oh!) tem mais em comum? A
resposta é... Absolutamente nada. Sim, porque
ao contrário do que se poderia imaginar à
primeira vista, eles não são parentes. Apesar de
parecer bem diferente e exótico para nós,
Takahashi é um sobrenome extremamente
popular entre os japoneses e juntamente com
Sato, Suzuki, Tanaka e Watanabe, forma o grupo
dos cinco sobrenomes mais utilizados pelos
cidadãos do arquipélago. Como se pode ver, o Japão também tem os seus ―Silvas‖.
23) NA PORTA DO BANHEIRO – Na série de
mangá e animê Ranma ½, o herói Ranma
Saotome se transforma em mulher quando é
molhado com água fria e só volta a ser homem
quando é molhado com água quente. Porém, tão
pitoresca quanto essa transformação é a história
de como ela foi criada. Durante a elaboração do
projeto, a autora Rumiko Takahashi estava
quebrando a cabeça para encontrar uma
transformação que fosse diferente e divertida.
Enquanto mentalizava alternadamente imagens
de homens e mulheres, ela acabou se detendo
nas figuras colocadas nas portas dos banheiros
masculinos e femininos. Como os banheiros
lembravam água, foi daí que ela tirou a ideia.
Quanto ao nome Ranma, ele não foi escolhido
por acaso. Por ter a peculiaridade de poder ser
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utilizado tanto por
homens quanto por
mulheres, ele acabou
se tornando a escolha
perfeita para batizar o personagem.
24) INU-YASHA, O
DEMÔNIO
GUARDIÃO – Na
mitologia hindu
budista, Yasha é o
nome que se dá a uma
espécie de entidade
sobrenatural que pode
eventualmente ser
domesticada para funcionar como um demônio
guardião para casas e templos. Como Inu
significa Cão, pode-se dizer em uma tradução
bem livre que InuYasha é algo como Cão
Demônio Guardião. Já a roupa do herói é
vermelha devido ao costume de se colocar nas
entradas dos templos estátuas de Yashas
pintadas com esta cor. As mesmas estátuas
também costumam apresentar dentes caninos
proeminentes, o que nos remete à espada do
herói, que é chamada de Tetsusaiga. Esse nome
significa ―Canino de Ferro Destruidor‖, e vem do
fato de que a espada foi feita a partir de um dos
dentes caninos do falecido Cão Demônio, pai de InuYasha.
25) AYRTON SENNA, HERÓI DOS MANGÁS –
Modelo de disciplina e determinação, o
tricampeão mundial Ayrton Senna é talvez o
brasileiro mais conhecido e reverenciado na
Terra do Sol Nascente. Mas muito antes de sua
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morte trágica em 1994 lançar uma aura ainda
mais heroica sobre o piloto, ele já era retratado
como um grande herói através de alguns
mangás. O principal foi F no Senkou – Ayrton
Senna no Chousen (ou ―O Brilho da Fórmula – O
Desafio de Ayrton Senna‖), onde o campeonato
de 1991 foi retratado de forma emocionante
graças ao trabalho de Koyuu Nishimura
(conceito), Katsuhiro Nagasawa e Hirohisa
Onikubo. A série foi publicada no mesmo ano,
pela renomada Shonen Jump. O famoso carro de
Senna na época, o McLaren 27, também
estampou diversas capas da revista, ao lado de
personagens de series famosas da Jump, como Dragon Ball, Video Girl Ai, City Hunter e outras.
26) O VERDADEIRO MANGÁ DE AUTOR – Em
japonês, a palavra "doujinshi" designava
originalmente qualquer publicação independente
produzida por um ou mais escritores. Com o
tempo, o termo se estendeu a outras formas de
expressão artística e acabou incluindo o mangá.
Mas, ao contrário de antigamente, estes são hoje
muito mais do que simples produções caseiras.
Em uma definição mais atual os doujinshi de
mangá são revistas de pequena tiragem,
produzidas pelos próprios autores e que graças à
tecnologia, conseguem apresentar um
acabamento gráfico de alto nível. Em vista disso,
muitos autores que não desejam ver suas
criações submetidas ao severo controle das
grandes editoras publicam-nas como dojinshi,
conseguindo inclusive sobreviver de suas
vendas. Até mesmo profissionais consagrados
chegam a lançar mão desse recurso como uma
maneira de se expressarem mais livremente.
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27) COMIKET - O EVENTO GIGANTESCO – Se
existe um paraíso para o doujinshi (os fanzines
japoneses), esse lugar é o evento conhecido
como Comic Market, ou simplesmente Comiket.
Realizado duas vezes por ano (Nos meses de
agosto e dezembro) no megacentro de
convenções Tokyo Big Sight, o Comiket conta
com cerca de 35.000 grupos de artistas que ali
se reúnem para venderem os seus trabalhos.
Durante três dias, os corredores do local ficam
abarrotados de fãs, colecionadores, cosplayers e,
é claro, caçadores de talentos a serviço das
editoras, que estão sempre atrás de alguma
estrela emergente. Sem equivalentes em
nenhum outro lugar do mundo, o Comiket é
visitado por um público médio de 500.000
pessoas, o que interfere até mesmo na logística
da cidade de Tóquio, que é obrigada a criar
esquemas de policiamento e transporte. Nada
mal para um evento que começou em 1975 com
32 grupos de artistas e um público de apenas 600 pessoas.
28) TOKIWA - UMA CASA LENDÁRIA - Já
pensou visitar uma casa onde vivessem todos os
seus autores de mangá favoritos? Esse ―lugar
dos sonhos‖ existiu mesmo, e sua fama começou
em 1952, quando o ainda jovem Osamu Tezuka
se mudou para lá, sendo logo seguido por outros
autores. Batizada Tokiwa-sô, a pensão foi,
durante um tempo, lar e local de trabalho de
mestres como Osamu Tezuka (A Princesa e o
Cavaleiro, Buda, Kimba), Shotaro Ishinomori
(Kamen Rider, Cyborg 009), a dupla Fujiko F.
Fujio (Doraemon, Super Dínamo) e muitos
outros. Os autores colaboravam entre si e
trocavam ideias, ajudando a formatar a indústria
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dos mangás e tornando o lugar o mais
importante estúdio (mesmo que informal) que já
existiu no Japão. O local foi demolido em 1982 e
em seu lugar, um monumento foi construído.
Uma homenagem justa a uma geração que
moldou o que seria a base da cultura pop
japonesa.
29) BURONSON: UM ROTEIRISTA DURÃO –
Em 1969 ocorreu um fato inusitado: O técnico
em manutenção de radares Yoshiyuki Okamura
deu baixa de seu posto nas forças armadas
japonesas para tornar-se... roteirista de mangá.
Não só conseguiu o seu intento, como tornou-se
um dos maiores. Adotando o pseudônimo de
Buronson (homenagem ao ator americano
Charles Bronson, de quem também adotou o
vistoso bigode), ele rapidamente construiu uma
sólida carreira no gênero dos mangás de ação e
combate, atingindo a consagração entre 1983 e
1988 com a série Hokuto no Ken (Fist of the
North Star). Realizada em parceria com o
desenhista Tetsuo Hara, a série é considerada
um dos maiores clássicos da história da revista
Shonen Jump. Outro gênero que marcou a
carreira de Buronson foram as histórias policiais,
notadamente as criadas em parceria com o
genial desenhista Ryoichi Ikegami: Strain, Heat e
a obra-prima Sanctuary, publicada entre 1990 e
1995 na revista Big Comic Superior e lançada
(incompleta) no Brasil pela Conrad Editora. Esta
última foi assinada por Buronson com outro
pseudônimo: Sho Fumimura. Seu mais recente
sucesso é o mangá histórico LORD, que tem
como cenário a China antiga. A série estreou em
2004 pela Big Comic Superior, ilustrada pelo velho parceiro Ikegami.
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30) FUJIKO F. FUJIO: UM AUTOR QUE
VALEU POR DOIS – Quando os jovens
mangakás Hiroshi Fujimoto e Motô Abiko
resolveram formar uma dupla no início dos anos
50, adoraram um nome único: Fujiko Fujio, que
tornou-se uma marca lendária ao assinar alguns
dos mais populares mangás de todos os tempos.
O curioso é que, apesar de assinarem como uma
dupla, cada criação era feita por apenas um
deles, já que os trabalhos de Fujimoto eram
mais voltados para o público infantil e os de
Abiko para o público infanto-juvenil e adulto. O
auge dos dois ocorreu durante as décadas de 60
e 70, quando criaram uma avalanche de séries
imortais: Ninja Hattori-kun, Kaibutsu-kun,
Warau Salesman, Mangá Michi, Pro Golfer Saru e
Shonen Jidai, criadas por Abiko e Obake no Q-
Tarô, Esper Mami, Kiteretsu Daihyakka, Paa-man
(conhecida no Brasil como Super Dínamo) e
Doraemon, criadas por Fujimoto. A parceria foi
oficialmente dissolvida no final dos anos 80, mas
ambos encontraram uma solução bem criativa
para continuarem com o uso do famoso
pseudônimo. Fujimoto passou a assinar como
Fujiko F. Fujio, e continuou a trabalhar em
Doraemon até a sua morte em 1996. Já Abiko
tornou-se Fujiko Fujio (A) e, apesar da idade
bem avançada, permanece na ativa até os dias
de hoje. Em homenagem a Fujiko Fujio, foi
anunciada em 2010 a construção de um
grandioso museu na cidade de Kawasaki.
31) BATMAN E OUTROS HERÓIS
AMERICANOS EM MANGÁ – Com todas as suas
peculiaridades e toda sua força de comunicação
perante o público local, o mangá não tem
concorrentes em seu país de origem.
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Personagens estrangeiros são publicados lá, mas
sem a grande força popular que os produtos
locais têm. O grande mercado de leitores
japoneses sempre atraiu os olhos das grandes
editoras dos EUA, a Marvel e a DC Comics.
Batman é o que teve mais versões em mangá.
Entre 1966 e 67, uma divertida série de mangás
da revista Shonen King e assinadas por Jiro
Kuwata (desenhista do Oitavo Homem)
mostravam
Batman e Robin
num clima que
abraçava o estilo
exagerado e
espalhafatoso do
live-action
estrelado pelo
roliço Adam
West. Uma
compilação foi
publicada nos
EUA com o título
Batmanga em
2008. Em 2000,
veio o mangá de
Kia Asamiya
(editado no Brasil
pela Mythos),
autor que também trabalhou com versões
japonesas de X-Men e Star Wars. Batman
também ganhou uma versão de Katsuhiro Otomo
(de Akira) na série de especiais Batman – Preto
e Branco (editado no Brasil pela Panini). O
Superman foi o primeiro de todos os super-
heróis americanos a ser adaptado por um artista
japonês para o público local, tendo tido sua
versão mangá em 1960, por Tatsuo Yoshida, o
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criador do Speed Racer. Pelo lado da Marvel,
ficaram famosas as versões de Homem-Aranha
(por Ryoichi Ikegami) e X-Men (por Hiroshi
Higuchi, Koji Yasue, Miyako Kojima, Reiji
Hajihara). Ambos foram publicados também no Brasil pela Mythos Editora.
32) CLAMP: A MÁQUINA DE FAZER
SUCESSOS – Na metade dos anos 80, elas eram
apenas mais um dentre milhares de grupos de
garotas que se reuniam para criarem os seus
fanzines. Anos depois, tornaram-se estrelas do
primeiro time, conhecidas por emplacarem um
sucesso após o outro. O nome do grupo roda o
mundo como uma espécie de grife do mangá de
qualidade, o que faz com que nenhum fã do
gênero deixe de respeitar o trabalho do grupo
CLAMP. Formado inicialmente por onze
integrantes, o número desceu para sete e
finalmente a quatro: A líder e roteirista Ageha
Okawa e as ilustradoras Mokona, Tsubaki Nekoi
e Satsuki Igarashi, e foi com essa formação que
elas alcançaram o estrelato. Além da qualidade e
da quantidade das obras produzidas, o que
chama a atenção nelas é a sua versatilidade
incomum. Já produziram mangás de
praticamente todos os gêneros, trabalhando com
aventura, drama e comédia. Isso para um
público tanto masculino, quanto feminino. E de
todas as idades. Por isso mesmo, não é de se
estranhar que as encadernações de seus
trabalhos tenham vendido mais de 100 milhões
de cópias em todo o mundo. Para completar
ainda trabalham como ilustradoras e character
designers de animês, como no caso do badalado
Code Geass, da produtora Sunrise.
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33) AS AUTORAS QUE SÃO BATATAS – Em
inglês a palavra ―clamp‖ tem muitos significados,
sendo ―braçadeira‖, ―fita‖ e ―grampo‖, alguns
dos mais comuns. Só que as integrantes do
grupo que leva esse nome, com a habitual
irreverência que as caracteriza, preferem dar
outra explicação para o sentido da palavra que
escolheram para se batizarem. O clamp em
questão é um termo que vem da agricultura
norte-americana. Para não deixarem as suas
colheitas de vegetais a céu aberto, os
agricultores americanos costumam empilhá-las
em um local preparado e cobri-las com palha e
terra para que assim se protejam das
intempéries. A esse tipo de pilha, se dá o nome
de clamp. Como os vegetais mais utilizados
nessa prática são as batatas, as artistas gostam
de dizer que o CLAMP delas significa ―Pilha de Batatas‖.
34) BRINCANDO COM OS NOMES – Não se
pode negar que o uso de pseudônimos é uma
espécie de instituição entre os artistas de
mangá. Muitos sabem brincar muito bem com
isso, sendo um bom exemplo o das integrantes
do grupo CLAMP. Quando explodiram no início
dos anos 90, elas se chamavam: Mokona Apapa,
Mick Nekoi, Satsuki Igarashi e Nanase Okawa.
Entretanto em 2004, por ocasião do 15º
aniversário do grupo, elas resolveram mudar os
seus nomes. Mokona retirou o Apapa, por achar
que soava muito infantil. Mick mudou para
Tsubaki, porque não gostava de ouvir que o seu
nome lembrava o de Mick Jagger. Satsuki
Igarashi manteve a pronúncia mas trocou os
caracteres, enquanto Nanase virou Ageha por
motivo nenhum, ela só quis acompanhar as
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colegas. Acontecerão outras mudanças ainda? Só
o tempo dirá...
35) X: O FIM ESTÁ PRÓXIMO? – O poderoso
Kamui Shirou tem quinze anos e carrega nos
ombros um fardo digno de um deus: Decidir
entre a sobrevivência ou da raça humana ou da
Terra, sabendo que a escolha por uma implicará
necessariamente na destruição da outra. É dessa
premissa, que fala do apocalipse e do final dos
tempos, que nasceu X, a mais forte e polêmica
das obras do grupo CLAMP. Surgida em 1992 na
revista Asuka, a série causou grande impacto ao
misturar um roteiro pesado, carregado de
dramas psicológicos e extrema violência, com
um traço suave e delicado típico dos mangás
para meninas. Mas, infelizmente para o CLAMP,
não foi só o conteúdo que deu fama à X.
Algumas suspensões que impediram a conclusão
da série, que já deveria ter terminado há um
bom tempo, também a deixaram famosa. Tudo
começou em 1995, quando um devastador
terremoto atingiu o Japão, deixando milhares de
vítimas. Como o mangá mostrava muitos
terremotos, a série ficou visada pelos leitores e a
editora houve por bem suspendê-la por algum
tempo. Logo após a volta, outro problema: Em
1997, um adolescente psicopata de quatorze
anos assassinou brutalmente duas crianças em
um crime que chocou o Japão. Apesar do fato
não ter nenhuma relação com animês ou
mangás, os políticos japoneses passaram a
patrulhar a indústria do entretenimento e X,
devido ao seu conteúdo, foi novamente
suspensa. Finalmente em 2003, uma divergência
sobre o conteúdo entre o CLAMP e a editora tirou
novamente a série do ar, sem previsão de
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retorno. Pelo visto, apesar de as autoras
afirmarem seguidamente que pretendem concluir
a série, o final de X parece tão incerto quanto as profecias de Nostradamus.
36) SHURATO BY CLAMP? - Em seu começo
de carreira, quando ainda faziam trabalhos
profissionais conjuntamente com doujinshis, elas
criaram duas obras com o então famoso
personagem Shurato: ―Watashi no Himitsu Heiki‖
de 89 e ―Tenku Senki Shurato Original Memory:
Dreamer‖ de 90, este último acabou sendo
publicado na revista Newtype Comic Genki no Moto.
37) LIDANDO COM PRAZOS - Produzir
histórias seriadas semanais exige uma produção
extensa. Mesmo com a ajuda de assistentes que
se encarregam do acabamento, os autores estão
sempre lutando contra prazos e sendo
pressionados por seus editores para nunca
atrasarem uma entrega. Isso já gerou situações
que se tornariam embaraçosas, como o que
aconteceu com o autor Yoshihiro Togashi.
Durante a produção de Hunter x Hunter, para
não atrasar a entrega de suas páginas semanais
para a Shonen Jump, ele já teve que enviar para
serem publicadas páginas inacabadas, até
mesmo com esboços a lápis sem muita definição.
Dentro do competitivo mundo do mangá, se ele
fosse um autor menor ou iniciante, já teria sido demitido.
38) SAILOR MOON E A LENDA DA ROUPA DE
MARINHEIRO - Publicada entre os anos de
1992 e 1997 nas revistas Nakayoshi e Run Run
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da editora Kodansha, e transformada em um
animê de 200 episódios pela Toei Animation
(fora especiais de cinema, um musical estilo
Broadway e uma série tokusatsu), Sailor Moon
foi um dos ícones dos anos 1990. A história das
5 adolescentes com superpoderes, que
misturava comédia e romance com batalhas
épicas, acabou se tornando um dos grandes
clássicos da história moderna do gênero animê e
mangá, levando fama e fortuna à sua autora,
Naoko Takeuchi. Entretanto, uma pergunta óbvia
sempre pairou no ar: Porque as heroínas Moon,
Mars, Mercury, Júpiter e Vênus receberam o
curioso prenome Sailor? A explicação é a
seguinte: A partir do final do século XIX, o Japão
passou a adotar o sistema educacional inglês em
suas instituições de ensino, o que incluía copiar o
padrão dos uniformes escolares. Os uniformes
para meninas eram uma estilização dos
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uniformes utilizados pelos marinheiros da Royal
Navy (Marinha Real Inglesa) e, por este motivo,
eram popularmente conhecidos como sailor fuku.
O termo é uma mistura da palavra inglesa sailor,
que significa marinheiro, e da palavra japonesa
fuku, que significa roupa. Com o tempo, o termo
sofreu uma contração, e o uniforme passou a ser
conhecido como seifuku. Até os dias de hoje, a
vestimenta é amplamente utilizada nas escolas e
tornou-se uma espécie de marca registrada das
estudantes japonesas, notadamente as que
estão na faixa dos 13 aos 15 anos. 39) A PRECURSORA DAS GUERREIRAS
LUNARES Foi pelo fato das heroínas de Sailor
Moon usarem como uniforme estilizações do
clássico seifuku, que elas receberam a
designação de Guerreiras Sailor. O curioso é que
este conceito não foi criado pela autora para
Sailor Moon. Ele nasceu em sua obra anterior:
Codename wa Sailor V, série publicada em 1991
na revista Run Run e que contava as aventuras
de Sailor Vênus, a primeira das guerreiras a ser
criada e que foi incorporada à equipe de Serena.
Foi o sucesso dessa primeira série que
impulsionou a criação de Sailor Moon.
40) SAILOR MOON - SIGNIFICADOS DOS
NOMES - Durante a criação das Guerreiras
Sailor, Naoko Takeuchi preocupou-se em dar às
personagens nomes que tivessem um sentido
relacionado às suas personalidades. Na versão
original, Sailor Moon chama-se Usagi Tsukino
(Pronuncia-se Ussaguí) ou, se adotarmos o
hábito japonês de colocar o sobrenome antes do
nome, Tsukino Usagi. Esse nome significa
literalmente Coelho da Lua ou, se preferirmos,
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Coelha da Lua, já que o idioma japonês não faz
essa flexão de gênero. O sentido do nome está
relacionado a elementos clássicos da mitologia
japonesa, que apresentam a lua como a morada
dos coelhos. Quanto às outras... Sailor Mercury é
Ami Mizuno ou Mizuno Ami, que pode ser
traduzido como Espírito da Água ou Amiga da
Água. Sailor Mars é Rei Hino ou Hino Rei, o
Espírito do Fogo. Sailor Júpiter é Makoto Kino ou
Kino Makoto (Lita, para os ocidentais), a Verdade
da Madeira ou Sinceridade da Madeira. Já Sailor
Vênus é Minako Aino ou Aino Minako (Mina, no
ocidente), a Bela Filha do Amor.
41) HERÓI DE SMOKING - Sem dúvida,
Tuxedo Mask não pode reclamar da vida. Além
de ter nascido bonito, inteligente e podre de rico,
ele ainda tira uma de herói e é o namorado da
Sailor Moon. Seu nome vem do original Tuxedo
Kamen, que significa literalmente o Mascarado
de Tuxedo. Mas, o que diabos é Tuxedo? Bem,
esse é o nome que os americanos dão à roupa
de gala que nós por aqui chamamos de Smoking
ou Black-Tie. A origem do termo é bem
pitoresca: Em 1860, o alfaiate inglês Henry Poole
criou a tal roupa para o Príncipe Eduardo VII,
futuro Rei da Inglaterra. Em visita ao país, o
americano James Potter encantou-se com a
roupa e pediu ao mesmo alfaiate que lhe fizesse
uma igual. De volta aos Estados Unidos, a roupa
nova de Potter fez grande sucesso entre os
membros do clube chique que ele frequentava,
tanto que todos começaram a copiá-la, tornando
o seu uso muito comum em jantares e
cerimônias. Como o tal clube chamava-se
Tuxedo Park Club, foi daí que surgiu a
denominação da roupa. Voltando ao
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personagem... Chamado no ocidente de Darien,
na versão original, seu nome civil tem um
significado bem imponente: Mamoru Chiba ou
Chiba Mamoru, significa o Protetor da Terra.
42) CASÓRIO NO MUNDO DOS MANGÁS -
Quando eles anunciaram que estavam
apaixonados e pretendiam se casar, o mundo do
mangá quase veio abaixo. Afinal de contas, não
é todo dia que duas superestrelas do ramo como
Naoko Takeuchi (criadora de Sailor Moon) e
Yoshihiro Togashi (criador de Yu Yu Hakusho e
Hunter X Hunter) resolvem juntar os trapinhos. E
assim, no dia 6 de janeiro de 1999, eles
contraíram núpcias em uma badaladíssima
cerimônia digna de artistas pop. Desde então,
Hime (Princesa) e Ouji (Príncipe), como gostam
de se chamar um ao outro, vivem ricos e felizes
e já tiveram até um filho, cujo nome não foi
divulgado para a imprensa e a quem eles se
referem apenas como Petit Ouji (Pequeno Príncipe).
43) NASCIDO POR AQUI – Misturando ação,
magia e erotismo, a série de mangá Greed
Packet Unlimited, publicada na revista Dengeki
Maoh, seria para nós apenas mais um bom título
do gênero se não fosse uma peculiaridade: Seu
autor, Kamiya Yuu é brasileiro. Sim, porque este
é o pseudônimo de Lucas Thiago Furukawa, um
mineiro de Uberaba que se mudou para o Japão
aos 7 anos de idade. Autodidata, ele começou a
desenhar por ser fã de mangás, animês e
games. Foi em uma edição do Comiket que um
olheiro da prestigiada editora Media Works
gostou do seu trabalho e lhe ofereceu uma
oportunidade, transformando-o no primeiro
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mangaká profissional no Japão, nascido no
Brasil. O que chama atenção em seu trabalho é
que Kamiya dispensa o uso de lápis e papel,
realizando o trabalho de arte diretamente no
computador através do uso de um pen tablet, o
que pode se tornar cada vez mais comum. Além
dos mangás, ele também trabalha como ilustrador e designer de games.
44) SAMURAI X:
INVENTANDO
NOMES – Criada
em 1994 por
Nobuhiro Watsuki
para a revista
Shonen Jump, a
série Rurouni
Kenshin
(distribuída no
ocidente como
Samurai X) conta
as aventuras do
samurai Kenshin
Himura, também
conhecido como
Battousai, o
Retalhador. O
curioso é que
Rurouni é uma palavra que não existe na língua
japonesa, sendo um neologismo criado por
Watsuki. A nova palavra foi baseada em Rurou,
que significa errante ou andarilho, para designar
uma pessoa que anda pelo mundo sem destino.
Outra palavra criada, foi o apelido Battousai. Ela
foi inspirada em Battou, uma técnica samurai
que consiste em sacar a espada e cortar o
inimigo com apenas um único movimento. Já o
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nome Kenshin foi criado a partir das palavras
Ken (espada) e Shin (Coração), significando
literalmente ―Coração da Espada‖. Quanto ao
nome Samurai X, este foi baseado na cicatriz
que o protagonista leva em seu rosto.
45) KENSHIN E O MODELO HISTÓRICO –
Kenshin Himura, protagonista da série Samurai
X, foi baseado em uma pessoa real: O samurai
Gensai Kawakami. Nascido em 1834, ele
abandonou os seus estudos de monge para se
dedicar à arte da espada. Sua peculiaridade era
a sua aparência frágil: Possuía traços delicados,
cabelos compridos e era facilmente confundido
com uma mulher. Mas, ao contrário do que sua
aparência poderia indicar, Kawakami era um
assassino brutal e implacável, talvez o maior de
seu tempo. Trabalhou como samurai executor
para o Ishin Shishi (Grupo de revolucionários
que, durante a década de 1860, ajudou a
derrubar o regime do Shogunato, substituindo-o
pelo do Imperador) e matou tantos inimigos que
ganhou o apelido de Hitokiri (Retalhador de
pessoas), alcunha que também foi transportada
para o personagem Kenshin. Seu destino,
entretanto, não foi tão feliz quanto o do
personagem. Suas ideias xenófobas e
isolacionistas o colocaram em rota de colisão
com as políticas do novo regime, que passou a
vê-lo como uma ameaça. Por esse motivo, em
1871, ele foi preso e executado pelo mesmo governo que um dia ajudara a empossar.
46) ONE PIECE E O VERDADEIRO TESOURO
– Criada em 1997 por Eiichiro Oda para a revista
Shonen Jump, a série One Piece encantou o
mundo contando as aventuras do destemido
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pirata Monkey D. Luffy, que navega pelos mares
de seu mundo em busca do One Piece, o maior
tesouro de todos os tempos. Entretanto, mais de
60 volumes encadernados e mais de 490
episódios de animê depois, o verdadeiro tesouro
revelou-se ser a própria série. Sim, porque ao
bater em 2010 a marca de mais de 200 milhões
de volumes encadernados vendidos, One Piece
consagrou-se como o mangá de maior vendagem
de todos os tempos. Só para se ter uma idéia,
esse número chega próximo a vendagem de
todas as obras de Rumiko Takahashi ou de todas
as obras do grupo CLAMP. De fato, One Piece
pode ser chamado de o maior tesouro de todos
os tempos, principalmente pelo seu autor.
47) VAGABOND - UMA ESPADA E SEUS
CAMINHOS - Publicada desde 1998 na revista
Morning (da
Editora
Kodansha), a
série Vagabond
de Takehiko
Inoue já se
igualou em
prestígio a
grandes
clássicos do
gênero
samurai, tais
como A Lenda
de Kamui, de
Sanpei Shirato
e Lobo
Solitário, de
Kazuo Koike e
Goseki Kojima.
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Criada como uma versão em mangá do romance
Musashi de Eiji Yoshikawa, a série extrapolou e
ganhou luz própria. Tudo graças ao talento de
Inoue, que soube preservar a estrutura básica da
história e ao mesmo tempo reinventar
personagens e situações de modo inusitado e
surpreendente. Isso fez de Vagabond um épico
de fantasia heroica inspirado na vida de
Miyamoto Musashi, o maior samurai da história
do Japão. O curioso é que o romance original,
publicado em capítulos diários no jornal Asahi
Shimbun entre os anos de 1935 e 1939, também
teve um caráter muito mais fantasioso do que
biográfico. Yoshikawa, na época um já
consagrado escritor de romances históricos,
trabalhou a biografia de Musashi de modo a
torná-la o mais interessante possível. Em suma,
romanceou tudo o que podia e inventou o que
faltava. Isso foi feito de um modo tão brilhante,
que sua obra acabou entrando no imaginário
popular do Japão contemporâneo. De fato, o
grande espadachim Musashi por si só já teve a
sua glória, conquistada através de seus feitos.
Mas é certo que a grande capacidade de mestres
como Yoshikawa e Inoue de contá-los só serviu e
ainda serve para aumentar cada vez mais o
tamanho de sua lenda.
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48) DEATH NOTE BANIDO NA CHINA –
Criado por Tsugumi Ohba (roteiro) e Takeshi
Obata (arte), a série Death Note estreou na
Shonen Jump semanal em dezembro de 2003 e
gerou 12 volumes encadernados (chamados
tankohon ou tankobon), que foram lançados no
Brasil pela editora JBC. Conta a história do
estudante Light (Raito) Yagami, que se torna um
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serial killer ao encontrar um caderno de um
Shinigami (Deus da Morte da mitologia
japonesa), que permite matar alguém apenas
escrevendo seu nome no caderno. Apelidado
―Kira‖ (uma corruptela japonesa para ―killer‖),
Yagami é perseguido pelo detetive excêntrico
―L‖, numa trama cheia de suspense e
reviravoltas. O sucesso gerou um romance
literário, uma série em animê de 37 episódios
(Studio Madhouse, 2006), games e longas em
animê e live-action, além de uma aclamada peça
de teatro brasileira chamada O Caderno da Morte
– Death Note (Cia Zero-Zero de Teatro, 2008).
Mas na China, a popularidade da série criou
problemas com o governo local. Em 2005,
autoridades da cidade de Shenyang, na província
de Liaoning, proibiram a presença do mangá em
suas escolas. Tudo porque estudantes estavam
adaptando seus cadernos para parecerem com o
caderno negro da série e estavam escrevendo
nele nomes de inimigos e desafetos a quem
desejavam o mal, incluindo professores. Foi dito
que estavam protegendo seus jovens da má
influência que a leitura de Death Note poderia
trazer, mas também se combateu a pirataria
editorial. A proibição aos mangás de Death Note
se estendeu a outras cidades, como Shangai,
Beijing e Lanzhou. Mesmo com esse incidente,
Death Note foi publicado legal e normalmente em Hong Kong e Taiwan.
49) INSPIRAÇÃO OU PLÁGIO? - Em outubro
de 2005, surgiu uma notícia inusitada no
mercado de mangás. Yuki Suetsugu, que
escrevia shojo mangá para a revista mensal
Bessatsu Friend, da Kodansha, havia sido
acusada de plagiar outras obras em suas
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próprias historias. Em Eden no Hana, Suetsugu
utilizou varias cenas de basquete do cultuado
Slam Dunk, de Takehiko Inoue. Suetsugu
reconheceu o próprio erro e pediu desculpas aos
leitores em seu blog, que fora encerrado
posteriormente, junto com seu site oficial. Por
causa disso, a Kodansha tinha determinado o
recolhimento de todos os mangás encadernados
do autor, assim como o cancelamento de sua
obra mais recente, Silver (na revista Bessatsu
Friend). Todo o material seria analisado para
saber o quanto ela havia copiado. Além do Slam
Dunk, há referências a outros mangás como
Real, também de Takehiko Inoue, e Bastard, de
Kazushi Hagiwara. Suetsugu também se
aproveitou de fotos de modelos e ilustrações publicitárias.
50) BRITNEY HAMADA, UMA AUTORA
EXÓTICA! – Britney Hamada é uma jovem
autora de mangás que
surgiu em 2006 e vem
ganhando fama, mas
não pelo seu trabalho
em si, mas por seu lado
exótico. Pra começar,
Britney talvez seja a
primeira autora de
mangá estilo "gal" de
Shibuya, aquele tipo de
garota com visual
extravagante, que
habita os arredores do
bairro da moda de
Shibuya. As gals tem
como características o
cabelo loiro, pele
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bronzeada, muita maquiagem e, principalmente,
gírias incompreensíveis. Só que o mais
interessante, ela não tem casa, escreve os
mangás dentro de uma cabine tipo internet café,
chamada de Manga Kissaten de Shibuya,
inclusive, morando dentro dessa cabine. É que
nesses lugares o cliente pode passar a noite, já
que tem até chuveiro! Mesmo com o dinheiro
começando a entrar, ela diz que prefere
continuar morando na cabine porque Shibuya é o
seu reduto, e tema das suas histórias. Na
verdade, ela tem casa, mas prefere não morar
com a mãe. Britney resolveu entrar para esse
meio, quando entrou numa livraria apenas para
se proteger da chuva, e acabou pegando um
mangá do Fujiko Fujio (A) para folhear. O título
era o Manga Michi (ou ―O Caminho do Mangá‖),
uma historinha de autoajuda sobre dois garotos
que sonham em ser autores de mangá. Ela ficou
encantada e resolveu ali mesmo, comprar todos
os 14 volumes de uma vez. Sua série mais recente é a Hamada Britney no Manga de Wakaru Moe Business (Negócios nos quadrinhos moe), pela Sunday Gene-X, sendo que “moe” é (geralmente) uma
gíria para personagens de meninas fofas e adoráveis.
CAPÍTULO 2: ANIMÊ – MANGÁ EM MOVIMENTO
51) ANIME OU ANIMÊ? - A palavra é uma
contração à moda japonesa de ―animation‖,
termo em inglês para definir animações de
qualquer tipo. Animações experimentais já eram
feitas no Japão na década de 1910, mas a
indústria realmente decolou com a entrada do
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estúdio Toei, que aconteceu oficialmente em 22
de outubro de 1958, com a estreia de
Hakujaden, exibido por aqui como ―A Lenda da
Serpente Branca‖. Quando a palavra começou a
se difundir no ocidente para classificar os
desenhos animados japoneses, usou-se a grafia
―anime‖, já que a romanização (transcrição para
alfabeto romano) internacional da palavra não
usa acentos. Mas a leitura sempre foi ―animê‖
para se aproximar mais da pronúncia japonesa.
No Brasil, como a principal fonte de informações
para as revistas que surgiram nos anos 90 eram
publicações dos EUA, alguns redatores e
jornalistas liam a palavra como anime e
julgavam ser ela uma paroxítona. É o que
aconteceu no Brasil com palavras como ―yakuza‖
e ―sakura‖, que deveriam ser lidas como
―yakuzá‖ e ―sakurá‖, mas em geral não são. A
palavra animê não consta (ainda) em dicionários
no Brasil, mas vários pesquisadores, jornalistas e
redatores têm preferido grafar o acento
circunflexo para uma pronúncia mais correta,
assim como sempre foi feito com a palavra mangá.
52) ASTRO BOY E
O MENINO
BIÔNICO – UM
CASO DE AUTO-
PLÁGIO? – Criado
em mangá no ano
de 1951 por Osamu
Tezuka, o lendário
personagem Astro
Boy (Tetsuwan
Atom, no original)
foi o protagonista da
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primeira série de animê com personagem fixo
exibida pela TV japonesa, e que veio a estrear na
Fuji TV em 01/01/1963. Na história, Astro Boy é
um garoto robô dotado de sentimentos humanos
e que usa seus grandes poderes para proteger a
humanidade. Produzida pelo próprio autor, a
série teve 193 episódios e foi um grande sucesso
em vários países do mundo, principalmente nos
Estados Unidos, onde até ganhou uma versão
em quadrinhos feita
por artistas locais
em 1965, pela
editora Gold Key.
Essa serie original
permanece inédita
no Brasil. O público
brasileiro
entretanto, veio a
conhecer um
personagem bem
parecido através de
um animê exibido pela TV Record na década de
1980: O Menino Biônico (Jetter Mars, no
original). Na história, Jet Marte é um garoto robô
dotado de sentimentos humanos e que usa seus
grandes poderes para proteger a humanidade.
Um plágio? Na verdade não... Criado pelo
próprio Tezuka em 1977, Jet Marte era uma
versão modernizada do Astro Boy. Infelizmente,
a ideia não emplacou e a série teve apenas 27
episódios. Mas, os fãs brasileiros não ficaram
sem conhecer o personagem original, cujo
remake foi exibido no Cartoon Network e TV
Globo, além de ter sido lançado em DVD.
Realizada em 2003 pela Tezuka Productions,
esta série contou com 50 episódios e ajudou a
renovar o interesse mundial pelo personagem, o
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que culminou na produção de um ambicioso
longa-metragem em computação gráfica
realizado nos EUA (2009). De todo modo, o
Menino Biônico deixou a sua marca aqui no
Brasil, e muitos ainda confundem Jet Marte com
Astro Boy. Para encerrar, uma curiosidade trash
food: Durante muitos anos, Jet Marte apareceu
na embalagem de uma popularíssima pipoquinha
doce. Lembram-se? Era uma daquelas de saquinho vermelho.
53) OS PRIMEIROS ANIMÊS TELEVISIVOS –
Antes mesmo do famoso Astro Boy, a emissora
TBS exibiu Manga Calendar. Tratava-se de uma
serie de curtas sobre datas comemorativas e
históricas dirigida por Ryuichi Yokoyama. A
produção, do estúdio Otogi, estreou na emissora
TBS em 1 de maio de 1961. Em sua primeira
fase, com vinhetas de 3 minutos, a série foi
chamada de Instant History. O título Otogi
Manga Calendar veio em 25 de junho de 1962,
quando as vinhetas passaram a ter 5 minutos. A
primeira fase teve 312 episódios e a segunda,
54. Por ter tido o formato de documentário, com
exibição de fotos e até algumas filmagens de
locais históricos, muitos pesquisadores
desconsideram esse trabalho como pioneiro das
séries de TV em animê, colocando-o num
patamar diferente, o que também não está de
todo errado. E antes de tudo isso, a produção
Mittsu no Hanashi (―Três Histórias‖) foi uma
antologia de meia hora com animações
experimentais de Keiko Kozonoe, exibida em 15
de janeiro de 1960 no canal estatal NHK. Essas
produções – Manga Calendar e Mittsu no Hanashi
– podem ser consideradas cada uma delas a seu
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modo (série e especial) como um ―marco zero‖
para os animês exibidos na TV.
54) MESTRES DO ANIMÊ E A PIRATARIA - A
luta contra a pirataria remete ao inicio da
indústria da animação. Por volta da década de
1950, havia no Japão um mercado negro de
filmes estadunidenses e europeus
contrabandeados. Os filmes eram vendidos em
rolos (já que na época nem o VHS havia sido
inventado) para serem vistos com projetores.
Entre os que procuravam por animações
ocidentais, havia três jovens que acabaram
sendo até investigados pela polícia, já que os
filmes que eles compravam eram fruto de
contrabando e seus nomes estavam na lista de
clientes de um vendedor que fora pego pelas
autoridades. Eram eles Osamu Tezuka, Shotaro
Ishinomori e Leiji Matsumoto, que depois se
tornariam três dos nomes mais importantes da
história do mangá e do animê. Ironicamente,
eles – e toda a indústria do animê – sofreriam
grandes perdas financeiras com o mercado de pirataria.
55) KIMBA X SIMBA – Um pequeno leão
branco é criado
para ser o
Imperador da
Selva e vive
muitas aventuras
com seus amigos
animais e
também
humanos
enquanto
aprende valiosas lições sobre a vida. Criado em
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1950 por Osamu Tezuka, a saga de Kimba (Leo,
no original) foi publicada na revista Manga
Shonen (ed. Gakudosha) e gerou posteriormente
um animê (1965~66), visto em vários países,
inclusive no Brasil, onde foi exibido na extinta TV
Tupi (canal 4). Outras versões animadas foram
produzidas, fazendo de Kimba um personagem
bastante reconhecido no Japão e em vários
países do mundo. Quando a Disney lançou o
longa-metragem O Rei Leão (The Lion King,
1994) foi lançado, as semelhanças entre os
personagens de Simba e Kimba chamou a
atenção dos japoneses. Logo, mais de mil
profissionais de mangá e animê assinaram uma
petição exigindo que a Disney reconhecesse que
seu longa fora inspirado pelo trabalho de Tezuka.
A Disney alegou que nenhum de seus
profissionais jamais havia assistido a série de
Kimba, o que é bastante duvidoso, visto que a
série original foi exibida com sucesso nos EUA. A
controvérsia não envolvia o roteiro, mas
personagens e situações, o que a Disney
declarou serem apenas coincidências. Apesar de
todo o barulho que foi
feito na época, nada
aconteceu com a toda
poderosa Disney.
56) OITAVO HOMEM:
HERÓI MAU
EXEMPLO –
Acostumados a
explodir ou
desmembrar inimigos,
super-heróis japoneses
podem não ser lá um
bom exemplo de
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politicamente correto, conceito estadunidense
que se espalhou pelo mundo. Mas um
personagem específico teria que ser alterado
para existir no mundo contemporâneo. Estamos
falando de Eito Man (de 1965), conhecido
também como Eight Man e que foi lançado no
Brasil como O Oitavo Homem. A trama
revolucionária e pioneira para a época mostrava
um policial que era assassinado e revivia como
um robô superpoderoso (alguém se lembrou do
Robocop?). De aparência humanoide e dotado de
super-velocidade (como o herói Flash, da DC
Comics), o Oitavo Homem recarregava suas
energias de um modo inusitado: ele fumava um
cigarro especial. O hábito pouco recomendável
foi mostrado também na versão em minissérie
de 3 partes para vídeo nos anos 1990 (exibida
no canal pago Multishow) e na versão live-action
para cinema produzida na mesma época. Nestes
tempos de conscientização e campanha global
contra o tabaco, é inimaginável que essa
inusitada fonte de energia seja mantida em
alguma nova versão que
venha a ser produzida.
57) ROTEIROS
PERDIDOS, HISTÓRIAS
INÉDITAS - Hoje em dia,
a negociação dos direitos
de exibição de um animê
no Brasil acontece depois
de longas reuniões
empresariais e envolve
uma organização que não
existia 30 anos atrás. Por
causa disso, mancadas
ocorreram. Uma delas foi
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com a série A Princesa e o Cavaleiro (no original,
Ribbon no Kishi – ou ―O Cavaleiro da Fita‖),
criação imortal de Osamu Tezuka, o Deus do
Mangá. A série, de 1967, foi trazida da maneira
como todas as demais: vieram rolos de filme
com os episódios sem as vozes (somente a trilha
musical e efeitos sonoros), para que a dublagem
brasileira fosse inserida. Junto, vinham os
roteiros originais para serem traduzidos. No
entanto, por algum descuido, os textos de cerca
de 20 episódios foram perdidos. Sem internet na
época, com dificuldades em se contatar os
responsáveis no Japão e com a série tendo que
estrear, restou ao diretor de dublagem Gilberto
Baroli criar diálogos que fossem coerentes com
as imagens que assistia. O trabalho foi
impecável, tornando as histórias brasileiras tão
boas quanto as originais, sem que ninguém
percebesse nada de estranho. Na série, Baroli
também era o vilão Satã. Anos depois, Baroli
ganharia fama entre fãs de anime ao interpretar
outro vilão, o poderoso Saga de Gêmeos na série
Os Cavaleiros do Zodíaco.
58) SPEED RACER?
GO MIFUNE?
METEORO? - Com uma
série clássica reprisada
centenas de vezes em
vários países, séries
derivadas feitas nos EUA, versões em quadrinhos
e uma badalada versão live-action produzida em
Hollywood pelos criadores de Matrix, Speed
Racer talvez seja o herói japonês mais conhecido
no mundo. Criação de Tatsuo Yoshida, que
produziu a versão em mangá, Speed Racer
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estrelou um animê em 1967 com 52 episódios,
em uma série que ganharia o mundo ainda no
final da década de 1960. Mas o nome Speed
Racer foi uma criação da distribuidora Trans Lux,
que lançou a série no ocidente, a fim de usar um
nome mais sonoro. O herói na verdade se
chamava Go Mifune – por isso o ―G‖ em sua
camisa e o ―M‖ em seu capacete. Mas o astro da
série era mesmo o carro Mach (―Maha‖, em
japonês) 5, afinal o título original em japonês era
Maha Go Go Go, um trocadilho bilíngue
intraduzível que usava a palavra ―go‖ como o
número 5 em japonês, o termo em inglês para
―avante‖ e também o nome do piloto. Com seu
nome original, o audaz esportista só é conhecido
mesmo no Japão. No mundo inteiro, ele é Speed
Racer. Ou melhor, exceto na Argentina, onde o
nacionalismo obrigou a criação de um novo nome: Meteoro.
59) MAZINGER Z: NASCIDO NUM
ENGARRAFAMENTO – Em um movimentado dia
na primeira metade da década de 1970, o autor
de mangás Go Nagai estava preso em um
congestionamento. Grande fã de Astro Boy e
Tetsujin 28 Goh (conhecido no Brasil como O
Homem de Aço), ele vivia às voltas com ideias
para criar uma
historia com robôs
sem copiar
conceitos de seus
heróis favoritos.
Foi quando ele
imaginou como
seria bom poder
passar sobre os
carros que
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estavam na frente dirigindo um robô gigante!
Tempos depois, ele lançaria no mangá e animê as
aventuras de Mazinger Z. Até então, os robôs
eram dotados de vida própria ou então eram controlados à distância por humanos. Mazinger Z tinha um piloto dentro de sua cabeça, uma ideia que influenciou profundamente o mercado japonês, que veria reflexos da ideia de Go Nagai em séries e franquias de grande sucesso. Extremamente popular e icônico no gênero, voltou às TVs do Japão em 2009, com uma série chamada Shin (novo) Mazinger Z. O que pouca gente lembra ou comenta é que a ideia de um robô gigante com cabine de controle na cabeça havia aparecido na série Muteki Gouriki (1969), de Mitsuteru Yokoyama (autor de Robô Gigante). O recurso foi usado pelos vilões da serie e ficou meio
esquecido, não sendo possível afirmar que tenha inspirado – consciente ou inconscientemente – Go Nagai. Antes deles, porém, o brasileiroMessias de Melo havia criado Audaz (1939), umdos primeiros robôs gigantes dos quadrinhos e que já era operado por humanos em seu interior.Ainda assim, voltando à indústria japonesa, é certo dizer que Go Nagai revolucionou os robôs gigantes japoneses.
.
60) O PINÓQUIO JAPONÊS E O FANTASMA
DO GRILO FALANTE - Tradicionalmente,
mangás e animês sempre
foram produções mais
violentas e com mais
concessão a cenas picantes
que suas contrapartes
ocidentais. Produções
infanto-juvenis,
especialmente até os anos
1980, traziam cenas
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consideradas muito fortes para o público
ocidental, onde quadrinhos e animação são mais
associados com o público mais infantil. Isso
motivou (e motiva até hoje) cortes e edições em
vários momentos de diversas séries, a fim de
não "chocar" as crianças ocidentais (na visão dos
censores das emissoras e distribuidoras). Um
caso marcante ocorreu com a versão japonesa
de Pinóquio, o conto de Carlo Collodi que ganhou
adaptações no mundo inteiro, sendo a mais
famosa o longa animado da Disney, de 1940.
Batizado de Kashi no Ki Mokku (ou Mokku do
Carvalho), o "Pinóquio japonês" era uma história
dramática e violenta, com mortes trágicas
acontecendo em meio a histórias cheias de
monstros horripilantes e pesadelos surreais –
cortesia de Yoshitaka Amano, que se tornaria
famoso com os designs do game Final Fantasy e
do animê Vampire Hunter D. Uma cena marca
bem a diferença entre a visão ocidental e a
oriental. Logo no primeiro episódio, assim que
ganha vida, Pinóquio anda desajeitadamente
pela oficina de Gepeto e, sem querer, derruba
um martelo em cima do Grilo Falante. O bichinho
sai cambaleante e cai morto, de olhos abertos e
com a boca se enchendo de espuma. Depois, ele
reaparece como fantasminha a acompanha
Pinóquio durante toda a série. A cena da morte,
realmente violenta, foi vista no Brasil quando
Pinóquio foi exibido na extinta TV Tupi, durante
toda a década de 1970. Muitos anos depois, no
canal pago Fox Kids, Pinóquio foi exibido com
cópias novas, adaptadas pela Saban
Entertainment e com nova dublagem e nova
trilha sonora. Entre as muitas alterações, a cena
da morte do grilo teve seu desfecho cortado, o
que deixou meio sem sentido ele aparecer como
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fantasma depois. A série foi produzida em 1972
pela Tatsunoko Productions e rendeu 52 episódios.
61) O PEQUENO PRÍNCIPE - UMA ÚNICA
VISITA À TERRA! – As Aventuras do Pequeno
Príncipe foi uma série em animê exibida pelo SBT
no final da década de 1980. Mesmo sem uma
animação de grande qualidade, a série
compensava com histórias muito legais e cheias
de lições de moral. Baseada na obra original de
Antoine de Saint-Exupéry, de 1943, contava a
história do Pequeno Príncipe, um garotinho órfão
que vivia em companhia de sua Rosa, no
pequenino asteroide B612. A cada episódio, ele
agarrava a cauda de um cometa e partia em
direção a diversos planetas, em especial à Terra.
Entretanto, no anime, diferente do romance
original, o Príncipe veio à Terra apenas uma
única vez e decidiu ficar vivendo no nosso
planeta. Aquelas cenas repetidas, do Príncipe
agarrando os cometas, foi uma adaptação da
versão americana, e nos episódios em que ele
dizia estar em outro planeta similar, era na
verdade a Terra. Hoshi no Ôjisama Petit Prince
(título em japonês), foi produzido em 1978, e
contou com 39 episódios (35 exibidos e 4
inéditos). A versão americana teve apenas 26
episódios, todos exibidos no Brasil. A série foi
licenciada em vídeo pela Hotvideo, entre 86/87,
e posteriormente exibida no programa Show
Maravilha, em 1988. Depois, ela voltaria a ser
reprisada em setembro de 1999.
62) DON DRÁCULA, O MENOR SERIADO EM
ANIMÊ! – Oriundo do mangá de Osamu Tezuka,
a série Don Drácula ficou conhecida por ser o
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animê a ser cancelado com o menor número de
episódios exibidos - apenas 4 - na região de
Tokyo, isso em 1982. Algumas províncias
chegaram a ter 7 episódios exibidos, e para
exportação, foram vendidos todos os 8 episódios
produzidos. No início da extinta TV Manchete, a
breve série era exibida diariamente, com
intermináveis reprises dos mesmos 8 capítulos.
Nunca houve uma explicação plausível para o
cancelamento da série. Na única fonte
disponível, a Wikipédia,
consta que foi por causa
da falência da agência
de publicidade que
cuidava do seriado. A
produção teria
começado um ano antes
da estreia, e 21 dos 26
episódios já teriam sido
escritos. E havia uma
boa quantidade de
histórias, já que o
mangá, publicado na
revista semanal Shônen
Champion (da Akita
Shoten) teve três
volumes encadernados.
Em 1988, uma única fita de vídeo foi lançada,
compilando 5 episódios em 90 minutos. Em
2002, todos os 8 episódios foram lançados em
DVD, e em 2007, disponibilizados pelo site
Yahoo! Dôga. Numa declaração do roteirista
Takao Koyama, que escreveu 19 dos 21
episódios encomendados originalmente, a tal
agência andou dando calote, e não havia pago à
TV Tokyo o valor da transmissão referente ao
mês de maio. Sem trabalho, sem receber por
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Don Drácula, com um filho recém-nascido e sem
dinheiro, Koyama acabou indo trabalhar na Toei,
onde ganharia prestígio com as séries Dragon Ball e Os Cavaleiros do Zodíaco.
63) PATRULHA ESTELAR E O NAVIO
VOADOR – O animê Patrulha Estelar foi um
grande sucesso na época da estreia da extinta
TV Manchete, na década de 1980. O nome foi
adaptado de Star Blazers, título que recebeu nos
EUA o seriado Uchuu Senkan Yamato
(ou ―Encouraçado
Espacial Yamato‖). Na
saga apresentada aqui,
jovens militares vivem
no Cruzador Espacial
Argo, a maior arma
das Forças de Defesa
da Terra contra
invasores espaciais. A
mudança de nome –
comum em adaptações
feitas nos EUA – matou
a ideia original do
autor Leiji Matsumoto.
Com 263 metros de
comprimento e pesando mais de 70 mil
toneladas, o Yamato foi o navio mais importante
da Marinha Imperial Japonesa durante a
Segunda Guerra Mundial, tendo sido afundado
pela aviação estadunidense em 1945. Na
concepção original, o navio era retirado do leito
seco do Oceano Pacífico em 1999 e transformado
em uma poderosa espaçonave que aproveitava a
estrutura de artilharia original. Com as
mudanças feitas na adaptação ocidental, todas
as referências ao navio foram retiradas, seja
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com mudanças no roteiro ou edição de imagens,
já que na primeira temporada da serie,
apareciam imagens do navio em combate contra
os Aliados. Certamente a motivação maior para
a alteração foi o Japão ter sido aliado do nazismo na Segunda Guerra Mundial.
64) OS OUTROS ―YAMATOS‖ VOADORES – A
ideia de mostrar um renascido Yamato como um
navio voador apareceu em um mangá de 1961
chamado Denkou Ozma, do próprio Matsumoto.
No caso, era uma espaçonave batizada em
homenagem ao antigo navio. No mesmo ano, a
revista de ficção científica Hi no Maru publicou
um conto de Ikki Kajiwara (de Ashita no Joe)
intitulado Shin Senkan Yamato, onde aparecia o
Yamato reconstruído como um navio voador e
com um capitão chamado Okita. Em 1963, a
história ganhou versão em mangá assinada por
Tetsuya Dan para a revista Shonen Gaho.
Quando o animê e mangá de Matsumoto vieram
a público em 1974, Kajiwara acusou um suposto plágio, mas nada aconteceu.
65) DERROTA NA TV, VITÓRIA NO CINEMA -
O Yamato foi o desenho animado que detonou o
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primeiro "anime boom", e a história é bastante
peculiar. A série de TV original (1974) teve
audiência modesta e seus 26 episódios não
repercutiram muito. Porém, em agosto de 1977,
um compacto da serie foi exibido em cinemas.
Mesmo que a animação em si fosse
tecnicamente limitada, o roteiro épico, os
cenários espaciais e a imponente trilha sonora
pareciam ter nascido para serem apreciados na
tela grande e o sucesso foi enorme, dando início
ao chamado ―Yamato Panic‖. O público
ultrapassou 2,5 milhões de pessoas. Isso
impulsionou a produção de um novo longa, o
Sarabá Uchuu Senkan Yamato ~ Ai no senshi
tachi (ou ―Adeus, Encouraçado Espacial Yamato -
Guerreiros do Amor‖), onde a tripulação
enfrentava o inimigo supremo, o Cometa
Império. Tendo estreado em agosto de 1978,
teve 4,3 milhões de público. Produzido pela Toei
Animation, a obra gerou uma verdadeira febre
pelo país. Mas a febre que começava a tomar
conta do Japão tinha um gosto amargo, pois o
final do longa era trágico, com a morte dos
protagonistas e a destruição da espaçonave, sem
margem para continuação. A opção para os
produtores não matarem sua ―galinha dos ovos
de ouro‖ logo no início foi anunciar que aquela
era uma história alternativa. Assim, meses
depois, estrearia a série Yamato 2, com uma
nova versão da batalha contra o Cometa
Império. Essa foi a versão que conquistou muitos
fãs no Brasil, com o nome de Patrulha Estelar. A
respeito da relativamente baixa audiência da
primeira série no Japão, cerca de 4 a 8%, foi por
causa da concorrência com a série Heidi (―Alps
no Shôjo Heidi‖, ou Heidi - A garota dos Alpes),
exibida no mesmo horário e que fez sucesso
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também no Brasil, ao ser exibida nos anos 1970
durante o programa Silvio Santos, aos
domingos. Sucesso consagrado, Heidi (que tinha
um iniciante Hayao Miyazaki em sua equipe de
criação) estava em seus episódios finais quando
começou o Yamato, não dando muita chance à
nova e ainda desconhecida produção.
66) YAMATO E A BATALHA NOS TRIBUNAIS
- O Yamato foi alvo de uma batalha judicial que
se estendeu por anos. O produtor Yoshinobu
Nishizaki e o mangaká Leiji Matsumoto se
desentenderam sobre os direitos autorais da
série e foram para os tribunais. Veio de Nishizaki
o conceito original de uma série com temática
espacial que utilizasse o famoso navio de guerra
Yamato como base para uma espaçonave em
aventuras épicas. Até a chegada de Matsumoto
ao projeto, outros artistas tentaram em vão
desenvolver o conceito original para algo
funcional. Quando Matsumoto chegou, fez
roteiro, design dos personagens, cenários,
espaçonaves, uniformes, dirigiu a série e até
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mesmo produziu metade dos story-boards
usados como base pelos animadores. E ainda fez
um mangá simultaneamente à série de TV.
Certamente, o Yamato só decolou graças à sua
genialidade. Mas o fato é que os dois sempre
dividiram os créditos de direção ao longo da
saga. Em 1994, Nishizaki promoveu o
lançamento da minissérie para vídeo Yamato
2520, com novos personagens e uma nova
espaçonave, projetada pelo renomado Syd Mead,
o designer estadunidense de Alien - O Oitavo
Passageiro, Blade Runner e Tron. Isso motivou
uma briga com Matsumoto, que processou
Nishizaki por quebra de direitos autorais. Os dois
entraram em desacordo sobre a divisão dos
direitos e iniciaram disputa na justiça para ter
exclusividade sobre a obra. Num primeiro
momento, Matsumoto venceu. Produziu o mangá
Great Yamato, novas animações foram
anunciadas, mas tudo acabou ficando
posteriormente paralisado por ações judiciais.
Nesse meio tempo, Nishizaki foi preso, por
envolvimento com drogas e comércio ilegal de
armas. A situação chegou a final em 2008, com
a vitória de Nishizaki, que logo anunciou a
produção de um novo longa, retomando a
história original. E assim, Yamato Re-Birth
estreou nos cinemas japoneses em 12 de
dezembro de 2009. Não teve grande
repercussão, pois concorreu diretamente com
longas de One Piece (o grande sucesso da
temporada), Kamen Riders e os Ultras. Ainda
assim, mal o filme saiu de cartaz e foi anunciada
uma grandiosa versão live-action, estrelada pelo
famoso ator e cantor da banda Smap, Takuya
Kimura, que estrearia em dezembro de 2010.
Produção badalada e de sucesso, teve direito até
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a uma canção solo de Steven Tyler (da banda
Aerosmith), a balada "Love lives".
67) DESTINO TRÁGICO – O produtor e
idealizador do Yamato, Yoshinobu Nishizaki,
faleceu em novembro de 2010, aos 75 anos, dias
antes da estreia da versão live-action nos
cinemas japoneses. Foi encontrado morto por
afogamento após ter, possivelmente, caído de
seu barco ancorado. O nome da embarcação não
podia ser mais emblemático: Yamato. Ele não
viveu para presenciar o sucesso de seu projeto,
que foi visto por quase 800 mil pessoas e
arrecadou mais de 11 milhões de dólares em
apenas 5 dias, uma marca excelente para o mercado cinematográfico japonês.
68) ROBOTECH: UMA SÉRIE QUE VALEU POR
TRÊS - Robotech, conhecida como a versão
norte-americana da série Macross, foi criada a
partir da junção de três séries distintas, todas da
Tatsunoko Pro: Super Dimension Fortress
Macross (1982, com 36 episódios), Super
Dimension Cavalry Southern Cross (1984/23
episódios) e Genesis Climber Mospeada (1983,
25 episódios). A razão desta fusão é porque as
redes de televisão americanas exigiam um
mínimo de 65 episódios, para transmitir
programas de animação cinco dias por semana,
e nenhuma delas tinha a quantia necessária. A
responsável pelo feito foi a licenciante Harmony
Gold, que criou um episódio adicional (37 - A
História de Dana), mesclando cenas de Macross
e Southern Cross, a fim de criar o elo de ligação
entre ambas as séries. As três produções foram
renomeadas da seguinte forma: Robotech The
Macross Saga, Robotech Masters e Robotech The
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New Generation. No Brasil, a Rede Globo exibiu
até próximo do fim da fase Robotech Masters,
apesar da fase The New Generation ter sido
dublada pela Herbert Richers.
69) ROBOTECH VS GUERRA NO GOLFO! - Se
há uma coisa que prejudicou, e muito, a exibição
de Robotech, assim como outros desenhos da
Rede Globo, sem dúvida foi a Guerra no Golfo
Pérsico (1990/91). Inicialmente, Robotech
estreou em 1989, através do longa Codinome
Robotech, no Sessão da Tarde. No ano seguinte,
a série de TV passaria a ser exibida no programa
Sessão Aventura, de segunda à sexta, às 17
horas, após o desenho COPS. A exibição chegou
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até o episódio 25. Em janeiro de 91, passou a
ser transmitido pelo Xou da Xuxa, de segunda à
sábado, a partir do episódio 26, mas devido as
inserções sobre a Guerra no Golfo, o episódio 27
teve o final cortado e a série foi interrompida por
mais de duas semanas. Retornou no início de
fevereiro, a partir deste mesmo episódio, mas o
31 e 32 não foram exibidos, e o episódio 35 só
passou na TV Colosso, na semana do Natal de
1993. Inclusive, essa era uma mania estranha da Globo, a de segurar os episódios natalinos.
70) QUEM VEIO PRIMEIRO - ROBOTECH OU
A GUERRA DAS GALÁXIAS? – Embora a série
A Guerra Das Galáxias (versão original de
Macross) tenha estreado depois de Robotech, ela
havia sido dublada bem antes, e pelo mesmo
estúdio, a Herbert Richards. GDS foi trazido ao
Brasil pela licenciante Network, juntamente com
O Pirata do Espaço (Groyzer X, no original) e
Don Drácula, mas apenas estas duas séries
acabaram sendo exibidas pela Rede Manchete.
Curiosamente, dois dubladores participaram de
ambas as versões: Marisa Leal (conhecida pela
voz do Baby, de A Família Dinossauro), fez a
Miriya em GDG, e depois, a Minmay em
Robotech. Garcia Junior (dono de vozes como a
do He-Man e MacGyver) dublou o Roy Focker nas
duas versões. Complementando, GDG estreou
em 1991, no programa Casa Mágica, juntamente
com a série Thunderbirds 2086, mas não foi pra
frente. Seria exibido às terças e quintas, mas
ficou só no primeiro episódio. Em 1994, estreou
definitivamente no programa Tudo Por
Brinquedo, da CNT-Gazeta, emissora na qual
passou completo.
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71) OS BASTIDORES DA CRIAÇÃO DE
MACROSS – A série Macross começou a ser
idealizada em agosto de 1980. A história básica
e os personagens foram sendo definidos aos
poucos. O nome provisório era Battle City Mega
Road, em referência a nave espacial, que depois
foi nomeada de Macross. Battle City era em
relação à cidade contida dentro da nave, e Mega
Road seria algo como o ―gigantesco caminho de
sobrevivência da raça humana‖. O título Macross
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foi dado pelo presidente da Big West, empresa
detentora dos direitos da franquia Macross. Seria
a junção de Macro (Gigante) com Makubesu
(pronúncia japonesa de Macbeth, obra de
William Shakespeare). Posteriormente, o nome
Mega Road seria utilizado no especial de vídeo
Macross Flashback 2012 (de 1987), como o
nome da nave da primeira imigração espacial.
Planejada pra ter 52 episódios, por problemas na
parte da produção, o roteiro foi enxugado para
48, 39 e finalmente, 23 episódios. Um mês após
a estreia, veio a notícia de que a série poderia
ser estendida até 36 episódios. O caça Valkyrie
se chamaria Breast Fighter (Breast Soldier, na
forma robô), e o visual não seria, como acabou
ficando, baseado no F-14 Tomcat (famoso caça
da marinha dos EUA). Misa Hayase se chamaria
Aki Hayase. A aspirante a ídolo Lynn Minmay se
chamaria Sai Minmay e, inicialmente, seria
apenas a garota propaganda de um restaurante
chinês. Nessa etapa, ainda não havia sido
pensado o triângulo amoroso com Hikaru Ichijô e
Aki Hayase. E o mais interessante, na sinopse de
39 episódios, no final, Hikaru se casaria com Aki
e teriam um filho (ou filha). Hikaru morreria num
teste de Valkyrie e Aki se tornaria comandante
da Mega Road II. Muita coisa teve que ser
cortada, como por exemplo, a vida afetiva do
comandante da Mega Road, Gôsuke Nagumo (renomeado depois para Comandante Gloval).
72) ESQUIAR, UMA FONTE DE INSPIRAÇÃO
– Antes da criação de Macross, o Studio Nue
vinha trabalhando num projeto chamado
―Genocydos‖, um anime de ficção científica cujo
mecha principal seria um robô que se moveria
em duas pernas, com articulações invertidas
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(como as patas traseiras de um cachorro). Tal
mecha, batizado de Gerwalk, acabaria sendo
utilizado em Macross, como a fase intermediária
entre Fighter (caça) e Battroid (robô).
Entretanto, esse projeto ―G‖ não vingou, pois
para agradar os patrocinadores, seria necessário
ter um robô humanoide. Shôji Kawamori,
designer e coautor de Macross, juntamente com
seu companheiro do Studio Nue, o designer
Kazutaka Miyatake, começaram a desenvolver o
projeto de criação do Gerwalk. Após um ano e
meio, nada tinha saído do papel, então
Kawamori resolveu respirar novos ares, indo
esquiar durante três dias. Foi daí que ele teve a
ideia das pernas do Gerwalk, baseado na posição
de esquiar, com os joelhos dobrados.
Curiosamente, Miyatake teve a mesma idéia,
mas a versão dele era quadrúpede, enquanto a
do Kawamori era bípede. A do Kawamori foi a
escolhida.
73) DRAGON BALL: A
JORNADA LENDÁRIA -
Surgido na China no
final do século XVI, o
romance épico Hsi Yu
Chi (ou ―Jornada Para o
Oeste‖) tornou-se ao
longo dos últimos
séculos uma das
histórias mais populares
da Ásia. Conhecida no
Japão como Saiyuki, a
história narra as
aventuras do Rei dos
Macacos Son Goku, uma
criatura imortal dotada
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de grandes poderes e de armas mágicas que, em
um acesso de arrogância, desafia Buda pelo
domínio dos céus. Derrotado e aprisionado, Son
Goku tem a chance de se redimir ao ser escalado
para um grupo que pretende viajar para o oeste
até a Índia, com a missão de recuperar o livro
sagrado de Buda. E assim, acompanhado de um
monge, um porco e um kappa (ser mitológico
aquático), ele deverá enfrentar toda a sorte de
monstros e desafios para alcançar o seu
objetivo. Fonte inesgotável de inspiração para
tudo o que se possa imaginar: Livros, peças de
teatro, filmes, séries de TV, games, etc... A
história também foi base para diversas séries de
mangá e animê. A mais óbvia e famosa é
naturalmente Dragon Ball, de Akira Toriyama,
onde o protagonista quando criança é
praticamente uma cópia humana do macaco
lendário, herdando-lhe até mesmo o nome, os
poderes e as armas mágicas.
74) A FAMÍLIA CUECA - No universo de
Dragon Ball todos conhecem a família Breefs, os
donos da Corporação Cápsula. Eles são o Dr.
Breefs e sua esposa, a Sra. Breefs. A filha do
casal, Bulma, e os filhos desta com o sayajin
Vegeta: O casal Trunks e Bra. Tudo normal, se
não fosse um pequeno detalhe: Quem conhece a
língua inglesa sabe que breefs quer dizer...
cueca. Isso mesmo, eles são o Dr. Cueca e a
Sra. Cueca. Já o nome Bulma, vem do original
japonês buruma, que por sua vez vem do inglês
bloomer, uma designação para roupa íntima. Só
que no Japão, o nome tem um significado
diferente. Ele é usado para denominar um tipo
de short usado pelas estudantes japonesas em
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suas aulas de ginástica. Já os filhos, bem...
Trunks significa ―calção‖ e Bra significa ―sutiã‖.
75) COM A AJUDA DA PATROA - Muitos fãs de
Dragon Ball seguramente desconhecem o quanto
devem à Yoshimi, esposa de Akira Toriyama,
pela criação da série. Quando terminou a série
Dr. Slump, Toriyama não fazia a menor idéia do
que iria fazer em seguida, e foi a paixão da
esposa pela cultura chinesa que levou o artista a
embarcar no visual e nas lendas da terra do
dragão. Foi assim que ele chegou a Jornada Para
o Oeste e, por conseguinte, a Dragon Ball.
Também foi Yoshimi quem batizou o golpe
energético de ―Kamehameha‖. Não que
significasse alguma coisa em particular, ela apenas gostava do som da palavra.
76) CENSURA DIGITAL EM DRAGON BALL –
Nos EUA, existe uma censura bastante rígida que
―adapta‖ roteiros e imagens para que não
ofendam as rigorosas associações religiosas e de
educadores. Cenas maliciosas ou picantes
(comuns em Dragon Ball), bem como imagens
violentas e mortes, são simplesmente apagadas
da trama. No universo adaptado ao gosto dos
programadores norte-americanos, ninguém
morre, mas é ―enviado para outra dimensão‖.
Em meio a tanta vigilância, até as inocentes
cenas em que o Goku quando criança aparece nu
foram retocadas em computador, já que as
cenas eram importantes para serem apenas
apagadas. O pequeno saiyajin então passou a
aparecer com uma sunguinha preta. Retoques
digitais para o mercado estadunidense também
foram feitos em One Piece e Pokémon, entre outras produções.
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77) UM TROCADILHO DOS DIABOS - Não é
raro que as grandes diferenças culturais entre
oriente e ocidente acabem causando problemas
na adaptação de séries. Vejamos por exemplo, o
caso do fanfarrão Mr. Satan de Dragon Ball. No
original, o personagem se chama Satan Claus.
Akira Toriyama, que adora fazer trocadilhos, quis
fazer um brincando com os nomes Satan e Santa
Claus (Papai Noel, em inglês). Os problemas
começaram quando a série chegou aos Estados
Unidos e os licenciantes americanos ficaram de
cabelos em pé com esse trocadilho. Afinal de
contas, era inadmissível que um personagem
voltado para as crianças misturasse o nome do
Diabo com o do Papai Noel, praticamente uma
instituição americana. E assim, ele foi rebatizado
como Hercule Heracle, um nome bem mais
palatável. Enquanto isso, do outro lado do
Pacífico, Toriyama pareceu não se importar com
a história, tanto que colocou um belo 666 na
chapa do carro de Mr. Satan e batizou a filha do
personagem de Videl, um anagrama de Devil
(demônio, em inglês). No Brasil, felizmente
adotaram o nome Mr. Satan. Já pensaram se ele tivesse sido chamado de Satan Noel?
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78) O CARDÁPIO DRAGON BALL - Em mais
uma da série ―Nomes Malucos de Dragon Ball‖,
vamos agora aos nomes dos personagens que
estão relacionados com comidas: Gohan,
significa arroz ou refeição em japonês. Lunch, é
almoço em inglês. Garlic significa alho em inglês,
portanto o vilão Garlic Jr. é o Alho Jr. Os nomes
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dos sayajins são corruptelas de nomes de
legumes e verduras. Por exemplo, Kakaroto (o
nome sayajin de Goku) vem do inglês carrot
(cenoura) enquanto Vegeta, vem do inglês
vegetable (vegetal). Yamcha, Pual e Oolong são
tipos de chá chineses, enquanto Chaos não tem
nada de caótico. Seu nome original é Chaozu e
vem da palavra chinesa jiaozi, um tipo de
pastelzinho que é muito apreciado no Japão e
em todo o mundo com o nome de gyoza. Mas o
campeão é o sofisticado Tenshinhan, um prato
típico chinês que consiste em uma tigela de arroz
coberta por uma omelete feita com carne de
caranguejo e vegetais. Tudo coberto com molho agridoce.
79) AKIRA TORIYAMA E OS ULTRAS - Na
primeira fase de Dragon Ball, a jovem Chichi
aparece usando um capacete que emite um raio
da joia na altura da testa e possui uma lâmina
bumerangue acoplada no topo, com o formato
de um penteado ―moicano‖. O tal capacete
reproduzia os poderes de Ultra Seven, um dos
principais heróis da Família Ultra, de quem Akira
Toriyama é grande fã. Tanto que incluiu
pequenas aparições de uma versão infantil de
Ultraman em várias passagens de sua segunda série mais famosa: a comédia Dr. Slump.
80) BATIZADOS PELA FADA-MADRINHA -
Tudo bem que Akira Toriyama seja conhecido
por usar nomes malucos para batizar seus
personagens. Mas essa foi demais... No final da
série Dragon Ball, ele criou três personagens: Os
magos Bibidi e Babidi e o demônio (Majin) Boo.
Ele tirou os nomes do clássico longa de animação
da Disney, Cinderella. Todos conhecem a cena
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em que a Fada Madrinha usa seus poderes para
preparar Cinderela para o baile, transformando a
abóbora em carruagem, os ratos em cavalos,
etc... Lembram-se das três palavras mágicas que
a Fada Madrinha usava? Bibbidi-Bobbidi-Boo!
Isso mesmo, os nomes foram baseados no som das palavras mágicas.
81) UM JUIZ INFERNAL - Figurinha retirada da
mitologia budista e devidamente carimbada em
séries como Yu Yu Hakusho e Dragon Ball Z, o
Rei Emma (Emma-O ou Emma Daio) é a
entidade encarregada de receber e julgar as
almas dos mortos na sua chegada ao outro
mundo. Ele analisa todos os atos do morto em
vida e, de acordo com eles, decide qual destino
lhe será atribuído. Absolutamente implacável
com os perversos, Emma costuma mandá-los
aos infernos de fogo e de gelo para sofrerem
punições horríveis. Essa severidade transformou
o Rei Emma em uma criatura folclórica, muito
utilizada pelas mães japonesas para amedrontar seus filhos desobedientes.
82) UMA SENHORA QUE É UM HERÓI - Na
versão original do animê Dragon Ball, a voz do
personagem Goku foi feita por uma senhora, a
veterana atriz Masako Nozawa. Em 1986,
prestes a completar 50 anos, ela assumiu o
personagem e ficou com ele durante os 11 anos
de produção da série. Esbanjando versatilidade,
ela não só fez as vozes de Goku criança e adulto
como também as de seus filhos Gohan e Goten.
Pelo seu trabalho em Dragon Ball, ela acabou
ganhando dos fãs o apelido pitoresco de Eternal Boy ou ―Eterno Garoto‖.
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83) ZILLION: A PISTOLA RECICLÁVEL -
Quatro meses após o término da série Akai
Kôdan Zillion (Raio de Luz Vermelha – Zillion,
1987), a pistola que dava o título a série viria a
ser reaproveitada num outro animê, o Chôon
Senshi Borgman (―Guerreiro Supersônico
Borgman‖), em abril de 1988, também pela
Nippon TV. Chamada apenas de pistola
Borgman, era apenas uma das armas do herói, e
não tinha a
mesma
importância do
que na série
original. Isso
foi possível por
se tratar do
mesmo
patrocinador, a
SEGA.
Curiosamente,
a série Zillion
foi criada para
vender a
pistola, lançada
bem antes do
animê. E
alguém se
lembra da
antiga Zillion,
aquela com a caixa preta? Na série, foi usada do
capítulo 1 ao 11, quando deu lugar a outros
modelos. Apesar dela jamais ter sido
comercializada em brinquedo, serviu de modelo
para a criação da pistola do Master System, a
Light Phaser. Entretanto, esta Light Phaser não
foi lançada no mercado japonês, já que nenhum
dos jogos compatíveis com a pistola saiu por lá
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também. Nos jogos Phantasy Star Online
Episode 1&2, para o Game Cube, era possível
escolher uma arma muito parecida com a Zillion,
chamada de Ruby Bullet. Em tempo: Zillion
estreou no Brasil em 1988 e era exibido inicialmente aos domingos, pela Rede Globo.
84) ZILLION: IDEIAS E MAIS IDEIAS... –
Como toda e qualquer obra, Zillion passou por
diversas etapas até chegar a sua versão
definitiva. No início, só existia a pistola da SEGA,
e a Tatsunoko teria que criar uma história que
realçasse ao máximo as características da arma.
Pra isso, três vertentes da história foram
elaboradas. A primeira seria uma história de
guerra real, protagonizada por soldados, e a
Zillion, uma arma militar. A segunda seria uma
história de fantasia estilo Rei Arthur, sobre um
viajante que receberia uma pistola dos deuses. A
terceira ideia seria de uma equipe estilo Sentai,
em que adolescentes se transformariam ao
colocar o Zillion Badge no peito (um alvo que
vinha no brinquedo). Pode-se dizer que o
resultado final foi um misto de todas as ideias. A
princípio, os heróis utilizariam armaduras, mas
desistiram da idéia, tanto pela mobilidade, como
pela proteção ―ineficaz‖. Essa idéia acabou sendo
utilizada em Borgman. Com capacete, a distinção
dos personagens seria mais difícil. Então
mudaram para óculos, mas aí continuaria
ocultando a expressão facial. A solução então foi
o Red Guard, um visor colocado no olho direito.
Na primeira sinopse do último episódio, Apple
formaria um casal com o J.J., assim como o
Champ se daria bem com a Emi. E na última
cena, Apple daria um beijinho no J.J., o que
acabou sendo substituído por uma cena cômica
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com J.J. e Champ caindo da moto. E o mais
interessante, os Nozas eram para ter a aparência
humana (algo utilizado posteriormente no
especial de vídeo Zillion Burning Night).
Entretanto, não pegaria bem mostrar seres
humanos sendo desintegrados pela Zillion...
85) ZILLION: 31 OU 35 EPISÓDIOS? -
Originalmente, a série Zillion havia sido
planejada apenas até o episódio duplo ―Vivo ou
Morto? Confronto do Destino‖ (episódios 15 e
16), exibido nos dias 19 e 26 de julho de 1987, e
para preencher o horário enquanto um novo lote
de episódios não ficava pronto, a Nippon TV
colocou no ar uma seleção de episódios
intitulada ―Zillion Kessaku Sen‖ (Zillion Seleção
Obra Prima), respectivamente os episódios 1, 6,
7 e 16. Após o intervalo de um mês, a série
voltaria com episódios inéditos no dia 6 de
setembro, e com o subtítulo ―Gekitô Hen‖ (Fase
Dramática) adicionado na abertura. A partir
dessa fase, houve a mudança de horário e a
série passou a ser exibida às 10h30 de domingo,
e não mais às 10hs. Comenta-se que foi uma
estratégia da Nippon TV para não bater de frente
com a série Kamen Rider Black, que estrearia às
10hs pela TBS. Curiosamente, por causa dessa
breve reprise, a renomada revista especializada
Animage catalogou a série contando 35
episódios, confundindo fãs e colecionadores que
conheceram Zillion em reprises ou exibições fora do Japão.
86) O CASAL INESPERADO E O SIMPÁTICO
MONSTRINHO - Alguém conseguiria imaginar
os personagens de Zillion, J.J. e Apple, caidinhos
de amor um pelo outro e com direito a mãos
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dadas? Não??? Bom, essa cena inusitada
aconteceu no episódio 18 da série de animê
Binsky, que foi exibida no Brasil pela TV Globo
no programa Xou da Xuxa a partir de 1989. J.J.
e Apple, vestidos com seus uniformes
tradicionais, aparecem de relance, namorando
num banco de um parque. É claro que deram
uma escrachada no character design, deixando
similar aos dos outros personagens de Binsky.
Tá certo que rolava um clima entre os dois, em
vários episódios, mas não passava disso. A
saber... Binsky, cujo nome original é Oraa
Guzura Dado (algo como "Ei, eu sou Guzula") , é
um remake feito em 1987 pela Produtora
Tatsunoko de uma antiga série sua de mesmo
nome feita em 1967. O tal episódio também
existia na versão original mas, é claro, sem a
presença de Apple e J.J. Tudo não passou de
uma brincadeira da produtora, já que o início da
exibição de Binsky no Japão coincidiu com o final
da exibição de Zillion. Quanto ao simpático
monstrinho comedor de ferro e cuspidor de fogo
que protagonizava o animê, ele já era bem
conhecido no Brasil muito antes disso, já que a
série de 1967 foi exibida por aqui com muito
sucesso pela TV Record na década de 1970. Na
época ele não era conhecido como Binsky, e sim
como Guzula, um nome bem mais próximo do
original. Seu bordão, aliás, marcou época:
"Guzula está aqui!".
87) COMANDO DOLBUCK: MORTE A PEDIDO
DO PATROCINADOR! - No animê de robôs,
Comando Dolbuck (Powered Armor Dorvack, no
original em japonês), a morte de um dos heróis,
Pierre Bonaparte, no episódio 21, havia sido
planejada a pedido de um dos patrocinadores da
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série, no caso a fabricante de brinquedos
Takatoku Toys. O patrocinador queria um
personagem mais ativo como piloto do tanque
Tulcas, e para isso, foi introduzido no episódio
24 o Stanley Hilton, que vivia batendo de frente
com o protagonista Masato Mugen.
Curiosamente, a Takatoku Toys faliu em maio de
1984, dois meses antes do témino da série, mas
talvez a crise tenha sido gerada por outros
motivos, como a diminuição do número de
animes de robôs. Originalmente, Dorvack era
para ser um anime sobre corrida de carros
acrobáticos, com o título de Mad Machine. No
Brasil, a série foi lançada em vídeo pela extinta
Everest Video, mas apenas 13 volumes (até o
episódio 26).
88) OS CAVALEIROS DO ZODÍACO – UM
DIVISOR DE ÁGUAS – No dia 1º de setembro
de 1994, a hoje extinta Rede Manchete de
Televisão colocava no ar, quase que de modo
despretensioso, um desenho animado produzido
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no Japão. A série surpreendeu logo de cara, ao
tornar-se quase que instantaneamente um
fenômeno de audiência. Mais do que isso,
tornou-se um fenômeno de cultura pop, do tipo
que era discutido nas ruas e comentado na
grande imprensa. Rendeu milhões de reais aos
seus licenciantes e deu uma boa sobrevida à
combalida Rede Manchete, então já afundada em
dívidas. Acendeu no Brasil a chama dos
quadrinhos e desenhos japoneses, popularizando
os termos mangá e animê. Relembrou aos
velhos fãs, e ensinou aos novos, as maravilhas
do jeito japonês de contar histórias. Fez da
revista Herói (Ed. ACME/ Nova Sampa), lançada
em dezembro de 1994, o maior fenômeno
editorial da década, com picos de vendas de
mais de 500 mil exemplares e circulação
bissemanal. A redação recebia milhares de
cartas por semana e telefonemas de fãs
enlouquecidos querendo saber novidades sobre o
seriado. Dubladores da série viraram popstars e
passaram a ser assediados na porta dos
estúdios. O clima era de histeria coletiva, algo
jamais visto por aqui. E é por isso que pode-se
dizer que existem dois momentos do gênero no
Brasil: Antes e depois... de Os Cavaleiros do
Zodíaco.
89) NÃO SE PODE GANHAR TODAS – Sucesso
absoluto em vários países do mundo, a série Os
Cavaleiros do Zodíaco já enfrentou os seus
problemas. Em 1992 a série foi exibida em
Portugal pelo canal estatal RTP mas, ao contrário
do que se poderia esperar, foi retirada do ar
após a exibição de apenas 36 episódios. O
motivo é que um grupo de conservadores pais
portugueses, protestou com veemência junto à
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emissora alegando que a série era muito
violenta. Anos mais tarde, em 1999, a série
retornou às terras lusitanas pelo canal SIC, sendo desta vez exibida na íntegra.
90) O SANTO QUE É UMA FLECHA – Seria
uma série de mangá chamada ―Rin das
Galáxias‖. Ela contaria as aventuras de Rin, o
Cavaleiro de Pégaso, dono de uma armadura
mística e protetor da deusa Atena. Parece
familiar? E é mesmo... Pois esse seria o nome
original da série que hoje conhecemos como Os
Cavaleiros do Zodíaco.
As coisas começaram a
mudar quando o autor
Masami Kurumada
resolveu rebatizar o
personagem como Seiya
(flecha das estrelas),
uma alusão direta a
constelação de sagitário
(o mitológico centauro
arqueiro), que é o signo
do personagem e
também do autor,
nascido em 06 de dezembro de 1953. A partir
daí, surgiu o nome original da série: Saint Seiya,
que significa ―Santo Seiya‖ ou mais
precisamente ―Seiya, o Santo‖, sendo a
designação usada para salientar a dignidade do caráter do herói.
91) O BATISMO DOS CAVALEIROS –
Chamamos de zodíaco (Que significa ―roda da
vida‖, em grego antigo) o símbolo que consiste
de uma roda dividida em doze seções iguais, que
representam doze constelações, e alguns sinais
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gráficos que representam o sol, a lua e os
planetas do nosso sistema solar. Um dos poucos
símbolos realmente universais da história da
humanidade, o zodíaco é conhecido há milênios
e aparece na história de várias culturas tanto no
ocidente quanto no oriente. Bem... não
precisamos nem dizer qual série de mangá e
animê é a mais ligada a este símbolo. Mas,
muitos sempre fazem a mesma pergunta: Como
foi que Saint
Seiya tornou-se
Os Cavaleiros do
Zodíaco? Isto
aconteceu na
França, o primeiro
país do ocidente a
receber a série e
a fazer dela um
grande sucesso.
Para conseguir
um nome mais
apropriado, os
licenciantes locais
aproveitaram a
óbvia ligação das
armaduras dos
cavaleiros com as
constelações,
principalmente as
dos doze Cavaleiros de Ouro com as da roda
zodiacal. E assim, em 1998 a rede de televisão
TF1 colocava no ar a série Les Chevaliers du
Zodiaque, marcando o nome que seria traduzido
para diversos idiomas.
92) SAINT SEIYA: ONDE ESTÃO OS 88
CAVALEIROS? - Quem já assistiu a série Os
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Cavaleiros do Zodíaco, mesmo sem ser fã, já
deve estar cansado de ouvir dos tais ―88
Cavaleiros do Santuário‖. Mas afinal de contas,
esses 88 Cavaleiros existiram mesmo? Alguém já
parou pra contar? Bom, na verdade, o que existe
mesmo são 88 armaduras, cada uma com uma
constelação protetora, e não 88 Cavaleiros
propriamente. Ou melhor, existiram, pois muitas
armaduras foram perdidas na última Guerra
Santa contra as forças de Hades, e pouco se
sabe sobre a existência delas. Ao que se sabe, a
divisão é feita da seguinte maneira, 12 de Ouro,
24 de Prata e 48 de Bronze. Perceberam algo de
estranho na contagem? 12+24+48=84! Quatro
armaduras têm a origem desconhecida, e não há
ninguém no Santuário que saiba algo a respeito.
Seriam elas, armaduras divinas? Daí entra a
participação da Fundação Graado, que trabalha
na pesquisa e recuperação das armaduras
perdidas. Os próprios Cavaleiros de Aço foram
baseados em constelações de armaduras perdidas.
93) SAINT SEIYA: CONSTELAÇÕES
INEXISTENTES! – Mesmo os fãs mais
apaixonados sabem que o animê de Os
Cavaleiros do Zodíaco é uma série cheia de
furos, se comparada à sua obra original, o
mangá. E um detalhe que chama a atenção no
anime é a grande quantidade de Cavaleiros
inexistentes no manga. Alguns, com armaduras
sem constelação definida, casos de Dócrates e
Spartan, e outros com constelações inexistentes,
casos de Aracne (Tarântula) e Agora (Lótus).
Docrates já chegou a ser relacionado como
Cavaleiro da constelação de Hércules, devido ao
seu golpe, mas já existe o Argeti de Hércules. O
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Spartan chegou a ser mencionado como
Cavaleiro de Prata, na dublagem brasileira, algo
que não consta no original. Apesar de não existir
constelação de Tarantula ou Lótus, o próprio
autor Masami Kurumada criou o Dante de
Cerberus, constelação que também não existe.
Ou melhor, existiu e foi abolida. Vale lembrar
que as armaduras possuem centenas de anos, e
as tais 88 constelações só foram oficializadas em 1930.
94) SHURATO: CÓPIA SIM, MAS COM
ESTILO – Surgida em 1989, a série Tenku Senki
Shurato (―Crônicas da Guerra Celestial de
Shurato‖) foi produzida simultaneamente em
animê pelo estúdio Tatsunoko, e em mangá por
Hiroshi Kawamoto para a revista Shonen
Gahosha. Usando a fórmula de jovens com
armaduras de Os Cavaleiros do Zodíaco, a série
baseou-se na mitologia hindu-budista,
principalmente na lenda dos Tenryu Hachibushu,
os oito guardiões dos ensinamentos de Buda. Na
história, o jovem Shurato Hidaka é transmigrado
da Terra para o Mundo Celestial, onde se torna o
Rei Shura, um dos oito guardiões celestiais
encarregados de
proteger a deusa
Vishnu e o povo de
Deva da ameaça
do povo maligno
de Asura. Apesar
de não ter sido um
sucesso
estrondoso, a série
chamou a atenção
principalmente
pelo excelente
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trabalho de adaptação da mitologia hindu-
budista na construção dos personagens, dos
mantras de transformação e dos golpes mágicos,
isso sem falar no belíssimo design das
armaduras. Isso fez com que Shurato ganhasse
fãs muito fiéis, sendo alguns até ilustres, como as integrantes do grupo CLAMP.
95) UMA ARMADURA ESTUPIDAMENTE
GELADA – Em um momento crucial do animê
Shurato, o herói parte para encontrar e vestir a
armadura sagrada de Brafma, o Deus da
Criação, para assim poder tornar-se o seu
sucessor. Até aí tudo bem, só que na versão
original japonesa o nome do deus Brafma é...
Brahma. Sim, pois não vamos nos esquecer que
Shurato é baseado na mitologia hindu-budista,
que tem como seus principais deuses: Vishnu,
Shiva e Brahma. A mudança de nome na versão
brasileira ocorreu por um motivo pitoresco, o
licenciante local não queria associá-lo a famosa e
popular marca de cerveja. Uma precaução que
teve um certo sentido, afinal frases como: ―Eu
sou o sucessor de Brahma!‖ ou ―Com a força de
Brahma eu serei invencível!‖, poderiam soar um
tanto quanto engraçadas.
96) CROSSOVER ENTRE SHURATO E
ZILLION? - No episódio 18 da série Shurato,
intitulado ―Em busca da Memória Perdida‖
(Ushinawareta Toki o Motomete), é possível
encontrar os personagens centrais da série
Zillion (J.J., Champ e Apple) escondidos num
determinado trecho. Na história, Shurato acaba
sendo transmigrado de volta ao seu mundo,
durante a luta contra a vilã Trailo, da Tríade do
Demônio. O herói acaba perdendo a memória
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recente, e tem que se lembrar que é o Rei
Shura, para poder voltar ao Mundo Celestial. A
cena é bem rápida, no momento que Shurato
está correndo pela cidade, ele passa pelos três,
que estão vestidos com roupas civis. Dificulta um
pouco reconhecer, mas nada que um ―pause‖
não resolva. Num outro episódio mais adiante,
podemos notar a presença da Emi, secretária do
Mr. Gord. Personagens escondidos é bem típico
da produtora Tatsunoko. Curiosamente, os
dubladores japoneses de J.J., Champ e Apple são
os mesmos de
Shurato, Leiga e
Rakesh,
respectivamente
Toshihiko Seki,
Kazuhiko Inoue e Yuko Mizutani.
97) OS SAMURAIS
DE MUITOS NOMES
– Produzida no Japão
em 1988 e
considerada a melhor
das cópias de Os
Cavaleiros do
Zodíaco, a série Yoroiden Samurai Troopers (Os
Guerreiros das Lendárias Armaduras Samurai)
contava as aventuras de cinco guerreiros
dotados de armaduras místicas que defendiam o
mundo da ameaça do milenar super-vilão Arago.
Realizado pelo estúdio Sunrise, o mesmo da
franquia Gundam, o animê apresentava a
habitual qualidade de produção acima da média
tão característica dos trabalhos da produtora:
Roteiro bem construído, character design de
primeira e animação elaborada. Tudo isto fez
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com que a série fosse um sucesso não só no
Japão, mas também em outros países. O que
chama a atenção, entretanto, é a grande
variedade de nomes com que ela foi batizada.
Nos Estados Unidos, para não ser confundida
com Super Human Samurai Cyber Squad e VR
Troopers, a série se chamou Ronin Warriors. Na
Espanha, em alusão ao nome do lendário filme
de Akira Kurosawa, chamou-se Los Cinco
Samurais. Na França, onde eles adoram um
nome imponente, foi batizada como Les
Samouraïs de l’Éternel (Os Samurais da
Eternidade). Já na América Latina, inclusive no
Brasil (Onde foi exibida pela extinta Rede
Manchete), ficou como Samurai Warriors.
Quanto aos nomes dos personagens por aqui,
eles seguiram uma exigência do licenciante, que
optou por padronizar os nomes da versão
espanhola por toda a América Latina. O objetivo
era facilitar a distribuição e a venda dos
brinquedos. E foi assim que os nomes originais
dos guerreiros: Ryo, Seiji, Shin, Syu Lei e
Touma, viraram Hector, César, Jorge, Tristan e
Tommy, enquanto o vilão Arago era rebatizado como Scorpion.
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98) SAILOR MOON E AS MUDANÇAS DOS
NOMES - Talvez por acharem que os nomes
originais japoneses eram típicos demais para um
animê que (na opinião deles) era só para
crianças, os licenciantes de Sailor Moon
preocuparam-se em ocidentalizar os nomes dos
personagens. Que o resultado disso não tenha
respeitado o sentido original dos nomes é até
aceitável, já que transcrições conceituais são
muito difíceis. O problema é que não se seguiu
padrão nenhum, permitindo-se que cada país ou
região adotasse os seus próprios nomes, o que
gerou uma verdadeira salada. O Brasil adotou a
versão para os Estados Unidos e América Latina:
Serena para Moon, Amy para Mercury, Raye para
Mars, Lita para Júpiter, Mina para Vênus e
Darien para Tuxedo Mask. A diferença é que a
América Latina manteve os sobrenomes originais
enquanto a versão estadunidense americanizou-
os. Moon por exemplo, ficou Serena Winston. A
curiosidade aqui está no nome Darien que,
apesar de parecer normal, tem uma origem um
tanto bizarra: Ele foi baseado na pronúncia
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fonética que os japoneses fazem da palavra
inglesa darling, que significa querido. Já na
Europa, Moon foi chamada de Bunny, que em
inglês significa coelho. Uma tentativa, até feliz,
de se preservar o sentido original do nome.
Infelizmente, a coerência e a uniformidade
pararam por aí... Mars virou Rita em Portugal,
enquanto Mercury virou Molly na França. Júpiter
foi Maria em Portugal, Patrícia na Espanha,
Marcy na França e Morea na Itália. Vênus não
ficou atrás, tendo sido Carola na Espanha,
Mathilda na França, Marta na Itália e Joana Lima
em Portugal. Sobrou até para Tuxedo Mask, que
foi batizado como Armando na Espanha, Bourou
na França, Marzio na Itália e Gonçalo em
Portugal.
99) STREET FIGHTER II-V: CHEGADA VELOZ
- Quando um animê passa no Japão, às vezes
demora um bom tempo (às vezes, anos) para
que seja exibido em outros países. Séries muito
extensas são vendidas por lotes, e séries mais
curtas, com menos de 50 capítulos, são
compradas
em pacotes
fechados após
seu final.
Contrariando
essa regra,
em 1995,
Street Fighter
II-V se tornou
o animê que
mais rápido
foi exibido em
outro país, no
caso o Brasil.
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A série, de apenas 29 episódios, ainda estava
sendo veiculada no Japão quando seu primeiro
episódio foi visto nas manhãs de domingo no
SBT, no ano de 1995. Acontece que o contrato
de Silvio Santos com a Capcom (detentora da
marca) era referente à exibição da série animada
Street Fighter Game, criada nos EUA. Como a tal
produção (animada porcamente no Japão)
estava atrasada e a data de estréia estava
próxima, restou à Capcom do Brasil oferecer ao
SBT como ―tapa-buraco‖ a série SF II-V. Muito
melhor produzida que a série que substituiu, foi
um presente e tanto para o público brasileiro,
que nunca havia assistido a uma produção
japonesa tão rapidamente na TV. Infelizmente,
assim que ficou pronta, a capenga série SF
Game também passou no Brasil. Em tempo: o
―V‖ do título japonês não é o número 5 em
algarismo romano, e sim uma referência às
palavras ―Victory‖ (vitória, o objetivo maior dos
lutadores), ―Voyage‖ (uma alusão às viagens
pelo mundo de Ken e Ryu) e ―teleVision‖ (Porque
era uma série de TV, oras...).
100) PASSANDO A
TESOURA EM
SAKURA – Ao abrir
um livro mágico, a
pequena Sakura
Kinomoto espalha pela
sua cidade um grupo
de cartas mágicas
conhecidas como as
Cartas Clow. Daí em
diante, ela tem como
missão recuperar
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todas as cartas, contando com a ajuda de vários
amigos: A criaturinha mágica Kero, a esperta
Tomoyo e o valente Shaoran Li. Misturando
aventura e magia no melhor estilo conto de
fadas, a simpática série Sakura Card Captors foi
criada em mangá pelo grupo CLAMP para a
revista Nakayoshi em 1996, e posteriormente
animada em 70 episódios pelo estúdio Madhouse
em 1998. Sucesso de público e de licenciamento,
a série ganhou o mundo e tornou-se uma das
mais marcantes da virada do milênio. Mas, com
o perdão do trocadilho, nem tudo foram flores
para a pequena Sakura (cujo nome significa ―flor
de cerejeira‖). Quando o animê chegou aos
Estados Unidos em 2000, o licenciante local
achou que a série, criada originalmente para
meninas, teria mais apelo comercial se fosse
―transformada‖ para o público masculino. Desse
modo, em um ato bizarro, os episódios foram
reordenados e reeditados de modo a tornar
Shaoran Li o personagem principal. Os 70
originais viraram 39, e a série foi rebatizada
como apenas Cardcaptors. Isso sem falar na
censura de conteúdos considerados inadequados
para o público infantil norte-americano. O que
parece ridículo se levarmos em conta que no
Japão, a série foi bancada e exibida pelo canal
estatal NHK, conhecido por ser ultraconservador
no conteúdo de sua programação. No final das
contas (e de modo previsível), Cardcaptors foi
um fracasso retumbante e acabou sendo retirada
do ar poucos meses após a sua estréia.
101) SAKURA: CARTAS NA MESA –
Conhecidas por usarem e abusarem de temas
místicos em suas histórias, as integrantes do
CLAMP também já deram a sua contribuição para
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o mundo dos oráculos. Inspiradas em X, elas
criaram um baralho de tarô em que cada um dos
22 arcanos maiores é representado por um
personagem da série. Também criaram em
Sakura Card Captors as mágicas Cartas Clow,
criadas por sua vez na história pelo poderoso
mago Clow Reed. Inicialmente uma peça de
ficção, o baralho virou uma coisa real e acabou
se tornando um item de licenciamento bastante
popular. Muitos fãs da série que gostam de
ocultismo, costumam vez por outra tirar a sorte
com as Cartas Clow. Aliás, o nome do mago
Clow Reed é um anagrama do sobrenome de
Aleister Crowley (1875-1947), um renomado
mago britânico que dedicou muito de sua vida ao
estudo do tarô.
102) COWBOY BEBOP: UM ANIMÊ PARA VER
E OUVIR – No ano de 2071, três caçadores de
recompensas: Spike Spiegel, Jet Black e Faye
Valentine, perambulam pelo espaço a bordo da
nave Bebop, vivendo todas as aventuras e
desventuras comuns àqueles que ganham a vida
correndo atrás de criminosos. Com esse enredo
aparentemente simples, porém desenvolvido de
maneira brilhante, a série de animê Cowboy
Bebop tornou-se uma das mais cultuadas da
história do gênero. Realizada em 1998 pela
produtora Sunrise, a série teve uma forte
influência da música ocidental, notadamente
americana e inglesa, em sua concepção. Isso se
deve ao fato de seu criador, o produtor e diretor
Shinichiro Watanabe, ser um grande aficionado
do assunto. Tudo começa pelo nome da série, já
que Bebop é um gênero do Jazz que se
caracteriza pela rapidez do andamento e
liberdade de improviso em seus temas, o que se
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encaixa bem no estilo de vida dos caçadores de
recompensas que são chamados de Cowboys.
Cada um dos 26 episódios é chamado de
―Session‖ (Sessão), como se fosse uma
apresentação musical. Além disso, os títulos dos
mesmos são ou relacionadas a música, tais como
―Asteroid Blues‖ e ―Jupiter Jazz‖, ou mesmo
retirados de famosas canções. Há para todos os
gostos, desde o clássico do Jazz ―My Funny
Valentine‖ até ―The Real Folk Blues‖, título de
uma histórica coleção de álbuns que retrata as
lendas do Blues americano. O Rock’n Roll
também não fica de fora com ―Toys in the Attic‖
do Aerosmith, ―Hard Luck Woman‖ do Kiss e
―Bohemian Rhapsody‖ do Queen. Sendo os
Rolling Stones os campeões desta parada com
―Honky Tonk Women‖, ―Sympathy for the Devil‖,
―Wild Horses‖ e o álbum ―Jamming with Edward‖.
O show se completa com a magnífica trilha
sonora composta pela pianista e arranjadora
Yoko Kanno, uma das melhores já feitas para um animê. Para ver, ouvir e aplaudir.
103) TOM JOBIM E COWBOY BEBOP -
PAIXÃO PELA BOSSA NOVA – No elenco de
apoio da série Cowboy Bebop, há três simpáticos
velhinhos que aparecem com frequência e que
atendem pelos nomes de Antonio, Carlos e
Jobim. Esta foi uma inusitada e feliz homenagem
dos criadores ao nosso Maestro maior: Tom
Jobim (1927-1994), um dos pais da Bossa Nova
e o músico brasileiro mais conhecido e
respeitado em todo o mundo. Aliás, a paixão dos
japoneses pela Bossa Nova é notória. Temas do
gênero são ouvidos pelo arquipélago em toda
sorte de trilhas sonoras, sejam de comerciais,
filmes, novelas e programas de TV. É comum ver
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as lojas de CDs dedicarem sessões inteiras à
Bossa Nova, e muitos artistas brasileiros
costumam gravar álbuns especialmente para o
mercado japonês, levando a reboque outros
gêneros nossos como o Choro, o Samba
tradicional, o Baião e o chamado Instrumental
Brasileiro. Curiosamente, a música brasileira
parece encontrar do outro lado do mundo um
espaço e um respeito muito maiores do que em
sua terra natal.
104) COWBOY BEBOP E BOB DYLAN,
BATENDO NA PORTA DO CÉU – A série
Cowboy Bebop teve um longa-metragem de
animação produzido para os cinemas: O
excelente Cowboy Bebop: Knockin' on Heaven's
Door. Lançado em 2001 e realizado pela mesma
equipe da TV, o longa mostra a tripulação da
Bebop
correndo atrás
de Vincent
Volaju, um
bioterrorista
que pretende
disseminar um
vírus mortal
que pode
acabar com a
população
humana do
planeta Marte.
Para não fugir
à regra da
série, o
subtítulo
―Knockin' on
Heaven's Door‖
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é o mesmo da famosíssima canção de Bob
Dylan, composta por ele em 1973 para a trilha
sonora do filme de faroeste Pat Garrett and Billy
the Kid. Mas a ligação de Dylan com o longa vai
um pouco mais longe, já que o cantor e
compositor serviu de modelo para a criação do
personagem Vincent. Além disso, o longa foi
lançado nos Estados Unidos sem o subtítulo,
chamando-se apenas Cowboy Bebop: The Movie.
O motivo foi que a distribuidora Columbia
Tristar, devido a semelhança dos nomes, ficou
com receio de ser processada pelos agentes de
Bob Dylan. A versão brasileira seguiu a
americana e o longa saiu aqui como Cowboy
Bebop - O Filme.
105) ALÉM DA MÚSICA – As curiosidades da
série Cowboy Bebop não se limitam a assuntos
ligados a música, senão vejamos: Mestre em
combate corpo-a-corpo, Spike Spiegel é
praticante do Jeet Kune Do, arte marcial criada
pelo ator e lutador Bruce Lee (1940-1973). Aliás,
no episódio ―Stray Dog Strut‖ há uma luta entre
Spike e o vilão Abdul Hakim que presta
homenagem a célebre luta entre Bruce Lee e o
gigante Kareen Abdul Jabbar no filme O Jogo da
Morte (Game of Death), lançado postumamente
em 1978. Apesar da série se passar no final do
século XXI, os personagens utilizam pistolas
reais do século XX: A de Spike é uma israelense
IWI Jericho 941, a de Jet é uma alemã Walther
P99 e a de Faye é uma austríaca Glock 30.45. No
episódio ―Wild Horses‖, Spike reencontra o seu
velho amigo Doohan, um renomado mecânico de
astronaves. Esta foi uma homenagem ao ator
James Doohan (1920-2005), que ficou famoso
interpretando o personagem Montgomery Scott,
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engenheiro-chefe da nave Enterprise na série
Jornada nas Estrelas. O caça espacial Swordfish
II, nave particular de Spike, retirou o seu nome
de um verdadeiro avião de guerra do século XX:
O torpedeiro Fairey Swordfish, um aparelho de
uso anti-navio e anti-submarino que foi
largamente utilizado pela aviação britânica
durante a Segunda Guerra Mundial.
Curiosamente, este Swordfish original também
deu as caras na série, fazendo uma pequena
aparição no longa Cowboy Bebop: Knockin' on
Heaven's Door.
106) U.S. MANGA, A INTRODUÇÃO DO OVA
NO BRASIL (E TAMBÉM DA CENSURA) – U.S.
Manga era o nome de uma distribuidora
americana de animês, que através do programa
U.S. Manga Corps do Brasil (Rede Manchete),
apresentou ao público um novo gênero ainda
não muito explorado, o OVA (Original Video
Animation). O programa estreou no dia 8 de
novembro de 1996, e era exibido todas às tardes
de sexta. Os animes exibidos foram os
seguintes: Detonator Orgun (3 partes), Project
Zeorymer (2 partes), Genocyber (3 partes), M.D.
Geist, M.D. Geist II, Gall Force-Fase Terra (3
partes), Gall Force-Nova Era (2 partes), Fatal
Fury, Fatal Fury 2 (2 partes), Samurai Shodown
(2 partes), Iczer 3 (3 partes) e Battle Skipper
(apenas 2 das 3 partes exibidas). Muitos fãs
chegaram a pensar que U.S. Manga Corps do
Brasil fosse um único seriado, e o que ajudou a
confundir mais ainda é que o character design de
Detonator Orgun e Zeorymer era o mesmo. A
música de abertura foi extraída do anime Project
A-KO, também da mesma distribuidora. Project
A-KO foi lançado em vídeo no início da década
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de 90, pela Top Tape, com o título de Super
Nova. Mas o que marcou mesmo foi a
―tesourada‖ que a maioria dos animes sofreu,
repleto de cortes. Genocyber, por exemplo, ficou
inassistível. O mais engraçado é que uma cena
de nudez do personagem Tomoru Shindo, no
terceiro capítulo de Detonator Orgun, havia sido
editada colocando-se uma tela estática, mas a
mesma cena aparecia nas chamadas comerciais do programa.
107) EVANGELION: O ANIMÊ DE UMA NOVA
ERA – Produzida em 1995 pelo estúdio Gainax, a
série de animê Neon Genesis Evangelion (Shin
Seiki Evangelion, no original) conta as aventuras
de três adolescentes: Shinji, Asuka e Rei, que
pilotam robôs biológicos conhecidos como Evas e
defendem a humanidade de seres bizarros
chamados de Anjos. A série tornou-se um marco
da história do gênero ao conseguir uma mistura
perfeita entre um roteiro ―cabeça‖ e cenas de
ação alucinantes, proeza que acabou por
consagrar seu criador, o diretor e roteirista
Hideaki Anno. Um dos charmes da série foi
utilizar em sua concepção elementos da
mitologia judaico-cristã, com muitas referências
a passagens bíblicas e a ciência mágica judaica
conhecida como Cabala. Os robôs Evas, por
exemplo, tem esse nome por terem sido feitos a
partir de um Anjo conhecido como Adão. Já os
Anjos, por sua vez, tem quase todos os seus
nomes retirados dos anjos da Cabala. O
supercomputador Magi, palavra em italiano para
magos, é composto de três unidades: Melchior,
Gaspar e Baltazar, justamente os nomes dos
Três Reis Magos que foram ao encontro do
menino Jesus. A arma conhecida como a lança
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de Longinus é
uma alusão à
lança de São
Longinus (São
Longuinho,
aquele que ajuda
a encontrar
objetos
perdidos), o
soldado romano
que trespassou
Jesus crucificado
com sua arma
para certificar-se
de sua morte e
que, após isso,
acabou se
convertendo.
Finalmente, o próprio nome da série tem o seu
significado especial. Em japonês, Shin Seiki
significa ―nova era‖ (Daí a versão ocidental se
chamar Neon Genesis), enquanto Evangelion é
uma palavra em grego antigo que conhecemos
latinizada como evangelho, e que significa
―mensagem‖ no sentido de ―boas novas‖. Sendo
assim, o título pode ser traduzido como:
Mensagem de Uma Nova Era.
108) DEPOIS DOS ANJOS, OS NAVIOS – À
parte de suas referências mítico religiosas, a
série de animê Neon Genesis Evangelion
apresenta uma curiosidade bem inusitada. Os
sobrenomes de seus protagonistas são todos
ligados a assuntos náuticos. Um primeiro grupo,
apresenta sobrenomes ligados a elementos de
uma embarcação: Ikari (âncora), Kaji (leme ou
timão) e Rokubungi (sextante). Já um segundo,
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apresenta sobrenomes retirados de navios da
Marinha Imperial Japonesa utilizados na segunda
guerra mundial: Os porta-aviões Katsuragi e
Akagi, e os destróieres Ayanami e Fuyutsuki. A
privilegiada nesse caso foi a personagem Asuka
Langley Soryu, que teve seus sobrenomes
retirados de dois porta-aviões, um americano e o outro japonês.
109) CERVEJA, CARRO, CANÇÃO... – Em
Evangelion, a cerveja Yebisu, que Misato
Katsuragi tanto gosta de beber, realmente existe
e é uma das marcas mais populares do Japão. O
carro da beldade também é real: Trata-se do
modelo esportivo francês Renault Alpine A310,
produzido entre 1971 e 1984. O tema de
encerramento da série, ―Fly Me To The Moon‖, é
um dos clássicos do jazz norte-americano e foi
composto em 1954 por Bart Howard. Por ser um
protótipo, o Eva unidade 00 de Rei ayanami
possui a cor amarela, que é universal para
veículos de teste. O campo AT ou AT Field, fonte
de poder dos Anjos e dos Evas, significa
―Absolute Terror Field‖ ou ―Campo de Terror
Absoluto‖. Os nomes das organizações NERV,
SEELE e GEHIRN, são palavras em alemão que
significam respectivamente nervo, alma e
cérebro. Quanto a agência Marduk, esta retirou
seu nome do Deus Supremo da civilização Babilônica.
110) MUDANÇA DE SEXO NA DUBLAGEM –
Nem sempre a dublagem acerta na hora de
adaptar uma produção em outra língua. Errar
vozes é até comum, mas bizarro mesmo é
quando acabam trocando o sexo de um
personagem. Dependendo do caso, não chega a
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interferir no desenrolar da trama, mas que fica
estranho, isso fica. Principalmente quando se
conhece a versão original. Na série Sailor Moon,
o vilão Zoisite (Ziocite, na dublagem brasileira)
acabou virando mulher, devido ao visual
afeminado, sendo dublado pela Noeli
Santisteban. No anime, Zoisite tinha uma
quedinha pelo Kuntsite (Malachite, na dublagem
brasileira), um romance homossexual que
acabou desaparecendo. No OVA Gall Force-Fase
Terra, exibido pelo programa U.S. Manga Corps
do Brasil (Manchete), a oficial Fortin acabou
virando homem na dublagem da Gota Mágica, na
voz de Hermes Baroli. Apesar do visual pouco
feminino (toda camuflada), Fortin havia sido
inspirada na Eluza, líder do primeiro Gall Force.
Normalmente isso acontece por falta de
acompanhamento ―técnico‖ na hora da
dublagem. Porém, isso não é uma exclusividade
do Brasil. Na série Transformers Beast Wars, a
Maximal Air Razor virou ―o‖ Air Razor na
dublagem japonesa. Como não há nenhuma
cena que explore a feminilidade de Air Razor, a mudança foi possível.
111) SAMURAI X: AQUI FOI COM VOZ DE
MACHO – Na versão brasileira do animê
Samurai X, o protagonista Kenshin Himura foi
dublado pelo ator Tatá Guarnieri, que interpretou
o personagem com uma voz grave e heróica.
Entretanto, quem acompanhou a série na versão
original encontrou uma interpretação bem
diferente. Feita especialmente pela renomada
atriz Suzukaze Mayo, a voz original de Kenshin
era muito mais suave e delicada. O motivo para
se usar uma mulher foi deliberado: Como a
figura de Kenshin foi baseada na do samurai
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histórico Gensai Kawakami, conhecido por ser
tão bonito que podia ser confundido com uma
mulher, acreditou-se que uma voz feminina se
encaixaria melhor nos traços delicados com os
quais o personagem foi construído.
112) BLADE: UMA FELIZ ADAPTAÇÃO -
Quando uma produção japonesa é adaptada para
o ocidente (geralmente, os EUA), é comum que
nomes sejam alterados. Mas também já
aconteceu o caminho inverso. Quando o mangá
Mugen no Juunin (ou "Habitante do Infinito") foi
adaptado no ocidente pela Dark Horse Comics,
com o título de Blade of The Immortal. O autor
Hiroaki Samura gostou tanto da sonoridade do
título estadunidense que passou a adotá-lo como
subtítulo do animê no Japão. O mangá estreou
no Japão em 1993 na revista Afternoon (Ed.
Kodansha) e, no Brasil, foi lançado pela Conrad
Editora em 2004 como Blade - A Lâmina do
Imortal.
113) AKIRA: UM MARCO DOS ANIMÊS – Em
1988, apareceu nas telas japonesas um longa-
metragem de animação diferente de tudo o que
já havia sido visto antes. Mostrando uma
alucinada Tóquio pós-apocalíptica, onde gangues
de motoqueiros dividiam as ruas com mutantes
paranomais, Akira de Katsuhiro Otomo já nascia
como uma obra-prima. Surgido da idéia de se
realizar no Japão uma animação para cinema no
mesmo patamar técnico dos estúdios Disney,
Akira foi o resultado da união de oito grandes
empresas japonesas do ramo do entretenimento.
Em um esforço conjunto, elas conseguiram
viabilizar o então absurdo orçamento de 10
milhões de dólares, o que permitiu o acesso a
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todos os recursos técnicos necessários para a
consolidação do projeto. O produto final ficou tão
bom, que o longa acabou sendo exibido nas telas
do mundo todo, superando todas as expectativas
dos produtores. Mais do que um grande sucesso
de bilheteria, Akira tornou-se um marco na história da animação japonesa e mundial.
114) FALA SINCRONIZADA - A despeito da
sofisticação de seus efeitos gráficos e arrojo
cinematográfico nos enquadramentos, as
limitações de orçamento sempre impediram que
os animês tivessem o mesmo detalhamento de
movimentação de figuras que era encontrado
nas animações Disney. Akira, entre muitos
outros méritos, foi o primeiro animê a apresentar
figuras com movimento labial sincronizado com
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as falas dos dubladores, uma técnica que a
Disney já usava há décadas. Conhecida como
Pre-Scoring, essa técnica consiste em gravar as
vozes dos dubladores antes do início da
animação, de modo a oferecer aos animadores uma referência perfeita para o sincronismo.
115) A VOZ DO PIKACHU - Não importa o país
onde Pokémon (Pocket Monster, no original) seja
dublado, a voz do ratinho elétrico Pikachu é
sempre a mesma. Conseguindo passar emoção
apenas com diferentes inflexões do nome do
personagem, a dubladora Ikue Ootani conseguiu
um feito comparável ao de Mel Blanc, o autor da
inconfundível risada do Pica-Pau. Já uma
veterana dubladora quando Pokémon começou,
ela estreou como Pikachu desde o primeiro
episódio da série, exibido em novembro de 1997,
quando tinha 32 anos. A graciosa artista ainda
fez a voz de outros pokémons vistos ao longo da
série, como Corsola e Glameow. Piii ~
Pikachuuuuu!!!!!
116) ULTRA-
MONSTROS DE
BOLSO – Treinados
para intensas
batalhas ao comando
de seu dono,
poderosos monstros
de batalha são
guardados em uma
forma energética
dentro de cápsulas
levadas no bolso. E
não estamos falando
de Pokémon. Décadas
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antes de Pikachu e seus amigos conquistarem o
mundo, o herói Ultra Seven combatia monstros e
alienígenas malignos. Sempre que precisasse de
ajuda, Dan Moroboshi (alter ego de Ultra Seven)
sacava de seu bolso uma caixinha com pequenas
cápsulas que ele arremessava, liberando
monstros gigantes que atendiam aos seus
comandos. Não foi a única referência a um herói
Ultra em Pokémon. A treinadora Misty,
especializada em Pokémons aquáticos, tem em
seu arsenal uma curiosa estrela-do-mar
voadora: É Staryu, uma singela homenagem ao
famoso Ultraman. Não bastasse a luz piscante
em seu peito para indicar nível baixo de energia,
Staryu tem um grito igual ao de seu inspirador:
Schwaaatch!!
117) POKÉMON SHOCK!!! – O dia 16 de
dezembro de 1997 ficou marcado por um
acontecimento inusitado na história da televisão
japonesa. O desenho Pokémon havia sido
responsável por causar convulsões e mal-estar
em centenas de crianças e adolescentes, que
assistiram o episódio daquele dia. Neste
episódio, o de número 38 (Dennô Senshi
Porygon – ―Guerreiro Eletrônico Polygon‖), Ash e
os demais entrariam em um computador para
resolver anomalias causadas pelo monstrinho
Polygon. A causa do mal-estar coletivo foi uma
série de efeitos intermitentes de luz, como um
flash estroboscópico, emitida pelo Pikachu
durante alguns segundos. A série acabou sendo
temporariamente suspensa e só retornou em 16
de abril, porém, a ordem de vários episódios
acabou tendo que ser alterada. O episódio 39
(Rougela no Christmas – ―O Natal de Rougela‖)
acabou virando um especial de TV, exibido em
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outubro, por já ter
passado o Natal. Mas é
claro que a reação varia
de pessoa pra pessoa,
principalmente pra quem
assiste em ambientes
escuros e de perto. Por
causa desse incidente,
todas as séries em
anime/tokusatsu passaram a trazer a seguinte
mensagem, ―Quando for assistir TV, clareie o
quarto e afaste-se da tela‖, até mesmo em
reprises de séries antigas. E quanto ao episódio
38, ele acabou sendo excluído da série, pois
julgaram ―não ser possível refazer a cena‖. Um
membro do staff de Pokémon chegou a dar a
seguinte declaração no evento Jisedai World
Hobby Fair, de 1998: ―Façam de conta que esse episódio não existe, nunca existiu!‖
118) ―KETSUBAN‖ - OS EPISÓDIOS
EXCLUÍDOS – ―Ketsuban‖ é o termo utilizado
para indicar um número que foi retirado de sua
sequência, e é assim que são tratados os
episódios excluídos dos seriados. Além de casos
conhecidos como Ultraseven (Episódio 12) e
Pokémon (Episódio 38), outras séries passaram
por situação semelhante. Na primeira série de
Cyborg 009 (1968), o episódio 15 causou
problemas pela descrição de um personagem
vindo do futuro, que seria a evolução do ser
humano atingido pelos efeitos da bomba nuclear.
A exclusão do episódio em sua reprise foi
decidida pelo próprio criador Shotaro Ishinomori.
Na série Tiger Mask (1970), o episódio 19 foi
impedido de ser re-exibido, devido ao
vocabulário de cunho discriminatório. Na série
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Gakkô no Kaidan (2000) [Histórias de
Fantasmas, na versão brasileira], uma entidade
que cuida de crianças com deformidade na boca
conseguiu impedir a exibição do 3º episódio
(Atashi Kirei? Kuchisake Onna), após verem o
preview deste episódio na semana anterior. O
motivo é que poderiam associar as crianças com
tal deformidade à vilã do episódio, Kuchisake
Onna (Mulher de Boca Rasgada), uma lenda
urbana japonesa sobre uma mulher que
assombrava crianças, mostrando a boca rasgada
(tipo a do Coringa). No lugar, foi exibido um
resumo dos episódios 1 e 2. Em outros casos, os
episódios não precisaram ser banidos, mas
tiveram que passar por modificações, como o
episódio 21 de Magma Taishi (1966) [Vingadores
do Espaço, na versão brasileira]. No tal episódio,
aparecia um mendigo carregando uma placa com
dizeres ofensivos. A placa foi retocada
digitalmente quando o título foi lançado em LD,
formato que antecedeu o DVD, no início da década de 1990.
119) AS SÉRIES EM ANIMAÇÃO MAIS
LONGAS DO MUNDO - Ao contrario do que
muita gente acredita, as séries em desenho
animado mais longas do mundo vêm do Japão, e
não dos EUA. O gatinho azul Doraemon já teve
mais de 1.000 episódios desde 1979, enquanto a
dona-de-casa Sazae San já passou da casa dos
2.000, com sua série
iniciada em 1969. Eles
deixam comendo
poeira a série ocidental
mais longa, Os
Simpsons, com seus
mais de 400 episódios.
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A série estadunidense entrou para o Guiness
Book of Records como a série de animação de
maior longevidade por se manter em produção
desde 1989. Sem dúvida, uma grande injustiça
com a senhora Sazae, a verdadeira recordista.
120) DORAEMON, O EMBAIXADOR DO
ANIMÊ – Ele é um gato-robô que veio do futuro
para tomar conta de um menino atrapalhado
chamado Nobita. Para tanto, ele costuma lançar
mão de um arsenal quase infinito de artefatos
malucos os quais, invariavelmente, mais
aumentam os
problemas do que
os resolvem. Ele é
azul, cabeçudo, não
tem orelhas e é o
personagem infantil
mais popular do
Japão, uma figura
que está para os
japoneses assim
como a Turma da
Mônica está para os
brasileiros. Estamos falando, é claro, de
Doraemon. Nascido para o mangá no final de
1969 pelas mãos de Hiroshi Fujimoto, um dos
membros da dupla Fujiko Fujio, suas histórias
geraram uma coleção de 45 volumes que já
vendeu cerca de 100 milhões de exemplares.
Mas a popularidade do personagem extrapolou
mesmo em suas três séries de animê: A
primeira, feita em 1973, rendeu 52 episódios. A
segunda, feita entre 1979 e 2005, rendeu 1095.
Já a terceira, iniciada em 2005 e ainda em
produção, já passou dos 350. No Brasil, alguns
episódios foram exibidos, sem repercussão, na
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década de 1990, na extinta TV Manchete. Mas
para se ter uma idéia do prestígio de Doraemon,
basta dizer que em 2008 o governo japonês
resolveu nomear Doraemon como o ―Embaixador
do Animê‖. Para promover o fato, o longa
Doraemon e O Dinossauro de Nobita (Nobita no
Kyouryu, de 2006) teve exibições gratuitas em
cineclubes e eventos de animê no mundo inteiro,
inclusive em várias cidades brasileiras entre
2008 e 2009. A honraria partiu do princípio de
que a exibição da série em outros países poderia
ajudar outros povos a terem uma melhor
compreensão não só do animê em si, mas também do próprio Japão.
121) ON YOUR MARK: PAGANDO AS
CONTAS - O diretor Hayao Miyazaki, vencedor
do Oscar 2003 por A Viagem de Chihiro, é uma
das figuras mais veneradas no cenário do animê.
De extensa
carreira e com
uma postura
extremamente
crítica em
relação a seus
colegas e ao
lado mais
comercial dos
animês, Miyazaki
já anunciou
diversas vezes
sua
aposentadoria,
mas sempre
aparece com um
novo longa, para
a alegria dos
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seus fãs. Mas em 1995, as finanças de seu
Studio Ghibli iam mal e ele acabou aceitando,
pela primeira e única vez, a encomenda para
produzir um videoclipe. Lançada um ano antes,
On Your Mark era uma canção da dupla Chage &
Aska, com 6min40s de duração. Para
acompanhar a música escrita por Aska, Miyazaki
concebeu um enredo original com um futuro
pós-apocalíptico onde dois policiais (os cantores
em questão) salvam uma garota-anjo das garras
do governo. O resultado foi primoroso. Para os
fãs de Miyazaki, um curta-metragem do mestre
com fundo de J-Pop. Para os fãs de Chage &
Aska (em atividade desde 1979), um video-clip
em animê. A obra foi exibida em cinemas antes
de Mimi wo Sumaceba (ou ―Se ouvir bem...‖),
longa de Isao Takahata produzido pelo Studio
Ghibli e também era vista em telões antes dos
shows da dupla. Em entrevistas, a dupla se
declarou fã de Miyazaki. Já o mestre deixou claro
que não tinha o menor interesse em música pop ou rock.
122) NARUTO - UMA FORÇA
INCONTROLÁVEL - Símbolo por excelência da
série Naruto, a espiral aparece de maneira
recorrente e sob as mais variadas formas ao
longo da história. Mesmo o nome do
protagonista, Naruto Uzumaki, foi
deliberadamente construído para reforçar esse
simbolismo. Naruto é uma espécie de bolo de
peixe com recheio em espiral que costuma ser
servido como acompanhamento de lamen, um
tipo de macarrão que é o prato preferido do
herói. Naruto também é o nome de uma
pequena cidade litorânea da província de
Tokushima, conhecida por apresentar em sua
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costa um singular fluxo de marés que causa
grandes redemoinhos marítimos. Já o sobrenome
Uzumaki, significa literalmente ―espiral‖ ou
―redemoinho‖. O motivo de tanta repetição foi a
intenção do autor de associar o personagem a
interpretação do redemoinho pelo feng shui, o de
símbolo de uma força incontrolável. Alusão
direta ao poder gigantesco da raposa de 9
caudas, o demônio que Naruto guarda selado dentro de seu corpo.
123) BOBÃO! BOBÃO! – Na série de animê
Naruto, é comum que em algumas cenas em que
um personagem (Normalmente o Naruto ou o
Jiraiya) faça ou fale alguma bobagem, apareçam
alguns corvos arrulhando o seu ruído
característico: ―Ahô! Ahô!‖. O que ocorre é que,
além de ser a representação fonética do ruído
dos corvos, a palavra japonesa Ahô é um
adjetivo que significa tolo ou bobão. Ou seja, a
aparição dos corvos em cena tem como objetivo
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fazer uma gozação com o personagem: ―Bobão!
Bobão!‖.
124) JIRAIYA: UM NOME HERÓICO - Quando
pensamos em um ninja de nome Jiraiya, logo
dois personagens surgem em nossas mentes: O
poderoso guerreiro de Naruto (Studio Pierrot,
2002) e o senhor da espada olímpica da famosa
série de tokusatsu Jiraya: o incrível ninja (Toei
Company, 1988). Seria isso uma mera
coincidência? Na verdade não... O que ocorre é
que ambos os personagens foram baseados no
protagonista de uma obra literária do século XIX
denominada Jiraiya Goketsu Monogatari (A lenda
do Herói Jiraiya). Na história, Jiraiya é um jovem
aventureiro que é transformado em um ninja
místico por um sábio imortal que lhe ensina a
poderosa magia dos sapos. Escrito por vários
autores entre 1839 e 1868, o personagem fez
tanto sucesso que acabou incorporando-se ao
imaginário popular japonês, o que ajudou muito
na criação de suas versões posteriores. Uma
curiosidade sobre os nomes dos heróis é que,
apesar de serem pronunciados da mesma
maneira, eles são grafados com ideogramas
diferentes, o que acaba mudando o seu
significado. Sendo assim, o nome do Jiraiya
original significa ―Jovem Trovão‖, enquanto o do
tokusatsu (Que aqui foi grafado incorretamente
como Jiraya, sem o segundo ―i‖) significa ―Flecha
do Trovão Magnético‖. Já o nome do Jiraiya de
Naruto não significa nada em especial, tendo
sido construído apenas para compor a expressão
fonética.
125) A SERPENTE GIGANTE – O ninja maligno
Orochimaru, um dos grandes vilões da série
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Naruto, não é uma criação original de Masashi
Kishimoto. Assim como Jiraiya e Tsunade, os
outros ninjas lendários, ele é uma versão de um
personagem oriundo do romance épico Jiraiya
Gôketsu Monogatari (ou ―A Lenda do Valente
Jiraiya‖), publicado no Japão no século XIX.
Nesta história, Jiraiya é casado com Tsunade e
possui um fiel discípulo chamado Yashagoro.
Tudo vai bem até o dia em que Yashagoro é
corrompido pela magia das serpentes e muda o
seu nome para Orochimaru, voltando-se contra
Jiraiya e tornando-se o seu arquiinimigo. O nome
do vilão tem sua razão de ser, já que Orochi
significa ―serpente gigante‖, enquanto ―maru‖ é
um sufixo comum para nomes masculinos.
126) CARA DE UM, FOCINHO DO OUTRO - O
autor de Naruto, Masashi Kishimoto, tem um
irmão gêmeo que também é mangaká, Seishi
Kishimoto. Assim como o irmão, ele também
produz mangás de ação com temas fantásticos já
tendo emplacado várias séries, com destaque
para 666 Satan e Blazer Drive. O que chama a
atenção nos irmãos é que os seus estilos de
desenho são muito parecidos, tanto que já foram
acusados de ficarem copiando um ao outro. Os
Kishimoto se defenderam alegando com justa
razão que, como cresceram juntos e tiveram as
mesmas influências, é natural que seus trabalhos
tenham tantas similaridades.
127) O PODER DO ANIMAL LENDÁRIO - Não
foi por acaso que o autor Masashi Kishimoto
escolheu a raposa de 9 caudas para representar
o demônio aprisionado no corpo do herói Naruto.
Essa criatura em especial, é uma das mais
representativas do folclore japonês. Símbolo de
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força e sabedoria, está associada ao fogo, a
magia e as florestas. Conta a lenda que, quanto
mais uma raposa mágica envelhece, mais
poderosa ela fica. Esse processo é representado
pelo aparecimento sucessivo de mais caudas.
Quando elas atingem o número de nove, a
raposa chega ao auge do seu poder. Mas, a
associação do animal com o fogo revela um
poder instável e difícil de controlar, que tanto
pode servir com fidelidade aos humanos quanto voltar-se em fúria contra eles.
128) O MESTRE ESPANTALHO - Se um
personagem possui um nome peculiar, esse
personagem é o
mestre ninja
Kakashi Hatake da
série Naruto.
Kakashi significa
―espantalho‖,
enquanto Hatake
significa
―plantação‖. Sim,
isso mesmo... Ele é o mestre ninja ―Espantalho
da Plantação‖. Mas a coisa poderia ter sido
pior... Durante o processo de criação da série,
ele quase chegou a ser batizado de Kuwa, que
significa ―enxada‖. Para reforçar a brincadeira do
nome escolhido, o autor costuma inserir figuras
de espantalhos nas cenas em que o personagem aparece. Os corvos que se cuidem.
129) A ENERGIA EM ESPIRAL – Entre os
hinduístas e budistas, chacra é o nome que se dá
a cada um dos centros de energia espalhados
pelo nosso corpo. A função desses centros é a de
regular e equilibrar a nossa energia vital. Na
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série Naruto, em alusão direta a esse conceito,
chacra é o nome que se dá a própria energia
vital dos ninjas. Mas, porque Masashi Kishimoto
preferiu usar chacra, uma palavra de origem
indiana, para representar a energia vital ao invés
de ki, sua correspondente em japonês? O que
acontece é que a palavra chacra, em sânscrito,
significa ―roda em movimento‖. Movimento esse
que faz a energia vital fluir em vórtices, criando
espirais de energia que se espalham pelo nosso
corpo. Ou seja, foi mais uma bela jogada do autor no sentido de reforçar o símbolo da espiral.
130) O PODER ESTÁ NAS MÃOS – Na série
Naruto, os Selos são gestos mágicos feitos pelos
ninjas cuja função é concentrar a energia vital
para o uso de suas técnicas. Tais gestos
representam os doze animais do zodíaco chinês
e são realmente utilizados por várias escolas de
artes marciais, já que se acredita que eles tem o
poder de ajudar a concentrar e controlar a
energia vital do corpo. Curiosamente, eles não
são originários nem do Japão e nem da China.
Esses gestos nasceram na Índia onde são
chamados de mudrá, palavra em sânscrito que
significa selo. Surgidos nos ensinamentos da
religião hinduísta, os mudrás acabaram sendo
praticados por membros de outras religiões e
escolas de pensamento, com destaque para os
budistas. Aliás, foram estes últimos os
responsáveis por disseminar tal conhecimento
pela China e pelo Japão, tornando os gestos
parte da cultura e do folclore destes países.
131) ONE PIECE: COMO ACABAR COM
PIRATAS – Contrastando com suas tantas
glórias, a série One Piece ostenta uma triste
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marca: A de ser o animê mais digitalmente
alterado de todos os tempos. Não no Japão,
onde a série produzida pela Toei desde 1999.
Estamos falando de uma questão relacionada a
exibição da série nos Estados Unidos. Tudo
começou em 2004 quando a distribuidora
americana 4Kids comprou os direitos de exibição
das primeiras temporadas. Especializada em
produtos para o público infantil, a distribuidora
não mediu esforços para transformar One Piece,
uma série feita originalmente para o público
juvenil, em uma
obra considerada
mais palatável para
o seu público alvo. O
objetivo principal da
4Kids era o de
descaracterizar os
chamados maus
hábitos dos piratas,
transformando-os
em bons rapazes.
Para isso, a
computação gráfica
correu solta como
nunca antes: Os
primeiros 143
episódios foram reeditados em apenas 104, com
grupos de episódios transformados em somente
um e vários arcos de história totalmente
suprimidos. Cenas consideradas violentas e com
a presença de sangue foram totalmente
eliminadas ou transformadas a ponto de
perderem o sentido. Charutos e cigarros foram
desintegrados ou, como no caso do personagem
Sanji, transformados em pirulitos. Todas as
bebidas alcoólicas tiveram as suas cores
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alteradas para que pudesse ser dito que elas
eram... suco de laranja. Armas de fogo foram
transformadas em engenhocas ridículas ou em
armas de brinquedo, daquelas com rolhas nas
pontas dos canos. Nem as famosas bocarras dos
personagens, uma das marcas do estilo do
autor, escaparam da edição, sendo
inexplicavelmente substituídas por expressões
faciais normais. Terminado o serviço, a versão
da 4Kids foi ao ar nos Estados Unidos no final de
2004, recebendo as previsíveis críticas dos fãs.
Aliás, foi justamente esta versão que
desembarcou no Brasil para ser exibida no
Cartoon Network e no SBT. Uma série como One
Piece merecia um tratamento melhor.
CAPÍTULO 3: TOKUSATSU – O REINO DOS MONSTROS DE BORRACHA
132) EFEITOS E DEFEITOS ESPECIAIS - De
todos os tipos de entretenimento que compõem
o universo pop japonês, talvez o de nome mais
difícil para os ocidentais seja o tokusatsu (leia
―tokussátsu‖). Anterior ao animê, se refere a
filmes com atores (chamados genericamente
live-action) mas que tem, como característica, o
uso ostensivo de efeitos especiais para contar
uma história, geralmente de ficção científica e
fantasia. A palavra veio da contração de
―tokushuu kouka satsuei‖, ou ―filmagem de
efeitos especiais‖. O gênero aflorou e teve
grande evolução na década de 1950, quando se
destacou o diretor Eiji Tsuburaya, aclamado
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depois o Deus do Tokusatsu. Sem o dinheiro e os
recursos dos produtores estadunidenses,
Tsuburaya buscava soluções criativas e baratas
para seus filmes. Com o Godzilla original (o qual
desenhou e fez os efeitos), inaugurou a era dos
―monstros de borracha‖, ao utilizar um ator
fantasiado para o monstro. Com a TV cada vez
mais presente na vida dos japoneses a partir da
década de 1960, seriados de tokusatsu com
herois e monstros começaram a padronizar
efeitos especiais baratos, para produção em
serie. Basicamente, maquetes de prédios
(parecendo de papelão), fantasias
emborrachadas de monstros (muitas com zíperes
à mostra) e maquetes de naves (frequentemente
com fios de sustentação visíveis). Fora efeitos
óticos de raios e efeitos pirotécnicos com
pólvora. Isso viraria a marca registrada do
tokusatsu pra muita gente: efeitos especiais
capengas em histórias ágeis e divertidas.
133) TOKUSATSU OU LIVE-ACTION? Se
tokusatsu é o nome dado às produções
japonesas de efeitos especiais, por quê muita
gente usa o termo live-action para designar as
produções? Live-action, ou ―ação ao vivo‖ é um
termo usado mundialmente (e não só na cultura
pop japonesa), para diferenciar produções feitas
com atores daquelas feitas em animação.
Resumindo, toda produção tokusatsu é,
obrigatoriamente, também um live-action. E nem todo live-action japonês é um tokusatsu.
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134) DE GOJIRA A GODZILLA - Em 1954, o
filme Gojira, do diretor Ishiro Honda, se tornou
um megassucesso ao apresentar um dinossauro
mutante que desperta devido a testes nucleares
no Japão. Menos de 20 anos após as bombas
atômicas que arrasaram Hiroshima e Nagasaki
no final da Segunda Guerra, o tema provocava
medo nas pessoas, que lotaram os cinemas da
época. Menos de dois anos depois, o filme se
tornou um sucesso nos EUA. Para o lançamento,
o nome original foi deixado de lado para dar
lugar a um mais sonoro e imponente aos ouvidos
ocidentais: Godzilla. O elenco de Godzilla tinha à
frente o ator Raymond Burr, que depois ficaria
famoso por conta do seriado policial Perry Mason
(de 1957). Só que ele não havia participado das
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filmagens originais. Suas cenas interpretando um
repórter que investiga e persegue a criatura
foram escritas e filmadas nos EUA e ele
obviamente não interage com os atores da
película original. Em uma das ―novas‖ cenas
mais estapafúrdias da versão made in USA, um
bando de japoneses foge assustado do monstro,
enquanto o valente repórter não só fica parado,
como encara o monstro, numa demonstração de
macheza totalmente descabida. A montagem
antecipou em mais de 30 anos o que seria feito
com seriados Super Sentai para transformá-los
em Power Rangers. Ícone pop nos EUA, Godzilla
ganhou versões em quadrinhos, desenho
animado pela Hanna-Barbera (1977) e um
grandioso filme em 1998, produzido pela mesma
dupla responsável por Independece Day, os
cineastas Roland Emmerich e Dean Devlin. Nesse
filme, que depois deu origem a uma série em
animação, o design do monstro foi bastante
modificado, ficando mais com jeito de dinossauro.
135) NOME DE MONSTRO - O nome Godzilla
(―Deus Zilla‖, seja lá o que isso for) é uma
invenção estadunidense, mas o monstro em si é
100% japonês. No original, o dinossauro
mutante radioativo chamava-se Gojira, um nome
criado com a junção das palavras ―gorira‖
(gorila) e ―kujira‖ (baleia), para dar a idéia de
uma criatura grande e forte. Idéia parecida
acabou batizando outro famoso monstro
japonês, o Gamera, que vem de ―kame‖
(tartaruga) e ―kujira‖. Sem contar inúmeras
outras criaturas do cinema e TV do Japão com
nomes exóticos derivados de combinações semelhantes.
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136) JAPÃO X EUA – A BATALHA DOS
GODZILLAS - O Godzilla americano e o japonês
se enfrentaram no filme Godzilla Final Wars,
lançado no Japão em 2004 para comemorar os
50 anos do personagem. Na aventura, invasores
espaciais lançam uma horda de monstros sobre
a Terra a somente o aprisionado Rei dos
Monstros pode conter as feras. É aí, em meio a
tantos monstros invasores, que entra a versão
gringa, rebatizado de Zilla. Feito em computação
gráfica como a versão de Hollywood (mas sem a
qualidade da mesma), o bicho trava com o
Godzilla emborrachado nipônico uma ―grandiosa‖
batalha que durou somente 15 segundos.
Ganhou o original, com apenas um golpe de
cauda e uma clemente baforada nuclear. A
película custou mais de 19 milhões de dólares, o
que fez de Godzilla Final Wars, dirigido por
Ryuhei Kitamura, o filme de monstros mais caro
já produzido no Japão.
137) RATOS GIGANTES! – Em 1963, no auge
dos kaiju eiga (filmes de monstros), a Daiei Eiga
desenvolveu um projeto chamado Dai Gunju
Nezura, onde ratos gigantes atacavam o Japão.
As filmagens utilizavam ratazanas de verdade
que corriam sobre maquetes. Além das
dificuldades de se organizar as filmagens, uma
grande infestação de pulgas causada pelos
bichinhos (argh) assustou o elenco e equipe
técnica e as filmagens foram abandonadas às
pressas. Em seu lugar, a Daiei produziu um
legítimo concorrente de Godzilla, a tartaruga
gigante voadora Gamera. Um remake de Nezura
(ou Nezulla) foi produzido em 2002, mas sem
relação alguma com o original e apresentando
um rato mutante gigante e bípede, não muito
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diferente de tantos outros monstros do
tokusatsu.
138) GODZILLA X ULTRAMAN – A LUTA DO
SÉCULO (OU QUASE) – Dois dos maiores
ícones do tokusatsu na verdade nunca lutaram
formalmente. Porém, no episódio 10 do
Ultraman original (1966), o monstro Jillars foi
feito a partir do reaproveitamento de um traje
usado em um filme do Godzilla. Foi acrescentada
uma grande membrana em forma de leque ao
redor do pescoço, tons esverdeados foram
aplicados e pronto! Um novo monstro surgia. No
confronto, Ultraman logo arranca a membrana
da criatura e os telespectadores puderam ter um vislumbre da sonhada ―luta do século‖.
139) OS ULTRAS E AS DATAS
DESENCONTRADAS - Filmado e exibido entre
1966 e 67, o seriado do primeiro Ultraman se
passava originalmente no distante (para a
época) ano de 1993. Isso foi revelado no
episódio 22, que
mostrava uma lápide
com a data de
falecimento do
personagem Jamilla,
e o ano era visto
claramente. A ideia
foi abandonada
posteriormente, a
exemplo de muitas
outras ocasiões. A
história de Ultraseven
se passaria em 1987,
vinte anos após a
criação da série.
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Talvez acreditassem que o mundo já estaria bem
evoluído nessa época. A serie Ultraman Moebius,
de 2006, era relacionada com os Ultras clássicos,
mas estabelecia que cada série era
contemporânea ao seu ano de produção. Ou
seja: Ultraman teria vindo à Terra em 1966,
Ultra Seven em 1967, Ultraman Jack em 1971 e
assim por diante. Cronologia nunca foi o forte
das séries Ultra.
140) QUANDO HAYATA TROCOU A CÁPSULA
BETA POR UMA COLHER... - Na série
Ultraman, há uma cena cômica que virou
clássica, em que Hayata ergue uma colher ao
invés da Cápsula Beta, ao tentar se transformar.
Isso ocorreu no episódio 34, intitulado Sora no
Okurimono (―O Presente do Céu‖), com um
monstro de 200 mil toneladas chamado Skydon.
Na tomada anterior, Hayata e os demais
membros da Patrulha Científica estavam
comendo curry na paz e tranquilidade, quando
recebem uma ligação do exército, avisando que
o monstro Skydon, que havia sido mandado para
o espaço como um balão (depois de muitas
tentativas de se livrarem dele) começou a ser
atacado e ia despencar de novo dos céus. Há um
erro de continuidade, pois Hayata larga a colher
no prato e sai de mãos vazias até a cobertura da
base, a fim de se transformar. Esse erro foi uma
das revelações feitas pelo ator Susumu Kurobe,
intérprete do Hayata, durante um especial em
comemoração aos 40 anos do Ultraman, exibido
no dia 8 de agosto de 2006, antes de Ultraman
Möebius, série que inclusive trouxe o velho Hayata de volta à ação.
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141) A CANTORA EUROPEIA E O HOMEM-
LAGOSTA ESPACIAL – Sylvie Vartan é o nome
de uma cantora nascida na Bulgária que fez
sucesso no França e de lá para o resto do mundo
principalmente na década de 1960. No Japão,
vendeu mais de um milhão de discos entre 1964
e 65 e foi recebida como uma estrela quando
visitou a Terra do Sol Nascente. Para o sistema
fonético japonês, o sobrenome Vartan era
normalmente pronunciado como Barutan. E foi
essa curiosa adaptação que acabou inspirando a
Tsuburaya Productions a batizar um dos maiores
inimigos do Ultraman, em 1966. Quando a série
começou a ser
exportada e o nome de
Barutan era vertido
para o alfabeto
ocidental (ou seja,
fazia o caminho
inverso), a tradução
mais normal era
Baltan, pois ninguém
desconfiava que
Barutan era só a
pronúncia japonesa para Vartan. E o monstro é
conhecido assim até hoje. A propósito: a letra
―V‖ foi incluída no alfabeto katakaná (usado para
nomes e termos estrangeiros ou não-naturais do Japão).
142) ULTRASEVEN E O EPISÓDIO BANIDO -
O episódio 12 de Ultraseven é considerado
perdido, um branco na numeração das histórias
da série. Muitos dizem que o episódio em
questão, que mostrava aliens que distribuíam
um relógio que sugava o sangue das pessoas,
jamais teria passado no Japão, o que não é
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verdade. Passou sim, e por duas vezes: na
exibição original de 1967 e na primeira reprise,
em 1969. A polêmica toda começou em outubro
de 1970, não propriamente por causa do
episódio, mas pela edição de novembro da
revista educativa Shogaku Ninensei (da ed.
Shogakukan), que trazia de brinde uma coleção
de cards de monstros. Dentre eles, havia o do
alienígena que aparecia, o Spell Seijin,
acompanhado da legenda ―Hibaku Seijin‖
(Alienígena Vítima da Bomba Nuclear), sendo
este fato o estopim do incidente. Hibaku é um
termo utilizado para denominar as vítimas das
bombas de Hiroshima e Nagasaki, e da forma
como havia sido publicada, poderia ser encarada
no sentido pejorativo, pois o monstro era
humanóide, com o corpo cheio de manchas
escuras, o que muitos viram como uma alusão
às queimaduras nucleares que marcaram muitos
sobreviventes. Vale lembrar que, por muitos
anos após as
bombas atômicas,
existiu muito
preconceito por
parte do povo
japonês contra os
cidadãos de
Hiroshima e
Nagasaki, por medo
de se
contaminarem com
radiação e ficarem
doentes só por
chegar perto ou se
relacionarem com
eles. Muitos jamais
se casaram por
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causa disso e as histórias terríveis que se
seguiram ao bombardeio marcaram gerações
inteiras. Uma garota, percebendo o tal card,
mostrou ao pai, que justamente era um membro
de um grupo em prol das vítimas da bomba e
enviou uma carta de oposição à editora
Shogakukan. Outros grupos, de Nagasaki e
Hiroshima, entraram no meio, batendo de frente
com a Tsuburaya Pro. Não tendo outra saída, a
produtora excluiu o episódio já na reprise de
1970. Entretanto, na exibição do capítulo 45 do
programa Ultra Fight 130 (TBS), em abril de
1971, mais uma oposição do grupo em prol das
vítimas, já que mostrava o Spell Seijin. Ultra
Fight 130 era um programa de 5 minutos de
duração, apenas com cenas de luta do Ultraman
e Ultra Seven. Mamoru Sasaki, que escreveu o
episódio 12, disse que jamais havia criado esta
legenda (Hibaku Seijin), jogando a culpa para a
revista. Este episódio, que trazia a participação
especial da atriz Hiroko Sakurai (a Akiko Fuji, de
Ultraman), passou normalmente no Brasil, com o
título ―Presente Nocivo‖.
143)
ULTRASEVEN E
OS ROTEIROS
INÉDITOS –
Como qualquer
seriado,
Ultraseven teve
vários roteiros
finalizados, mas
que por diversos
motivos,
acabaram não
sendo filmados.
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Ao todo foram nove histórias, sendo que duas
delas, não se sabe em que período foram
escritas. Das outras sete histórias, destaque
para o episódio piloto, ―Hikari to Kage no
Chousen‖ (Desafio da Luz e da Sombra), da
época em que o seriado ainda levava o nome
provisório de Ultra Eye, e o herói se chamaria
Redman ao invés de Ultra Seven. Vale lembrar
que Redman foi um dos nomes rejeitados para o
primeiro Ultraman. Dan Moroboshi (Redman)
seria um rapaz com poderes extra-sensoriais,
filho de um pai alienígena ―R‖ e uma mãe
terráquea. Dan seria apenas um motorista da
Ultra Guard, e sua namorada Anne Yuri, apenas
uma oficial do Centro Médico. Em outras
palavras, membros secundários da Ultra Guard,
conhecido aqui como o Esquadrão Ultra. Na idéia
original, ele não teria nenhuma ligação com a
Nebulosa de M78, mas em contraparte, poderia
utilizar em suas cápsulas, monstros de Ultra Q e
Ultraman. As filmagens tiveram início em agosto
de 1967, numa ordem aleatória, primeiro o
episódio 2, depois o 3, 4, 6, pra só então
filmarem o episódio 1. Em agosto, o título oficial,
Ultraseven, fora anunciado para a imprensa.
Originalmente, esse título seria utilizado pela
Tsuburaya numa comédia sobre 7 homens das
cavernas, seriado que jamais chegou a ser
produzido. O nome Ultra Seven viria bem a
calhar, afinal ele seria uma espécie de sétimo
membro do Esquadrão Ultra.
144) ULTRASEVEN x 15 ALIENÍGENAS+35
MONSTROS – Dentre os roteiros não utilizados
para o cultuado heroi, sem dúvida o melhor seria
o episódio intitulado ―Uchuujin 15+Kaijû 35‖ (15
Alienígenas + 35 Monstros), no qual Ultraseven
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enfrentaria monstros das séries Ultra Q e
Ultraman, criando assim, um elo de ligação entre
as três séries. Esse episódio havia sido escrito
em conjunto pelo roteirista Shôzo Uehara e o
diretor Akio Jissôji (sob o pseudônimo de Kô
Kawasaki). Durante a perseguição ao Alien
Baltan (inimigo do primeiro Ultraman), Ultra
Seven é atacado por 6 monstros (Keronia, Gigas
e outros), derrota todos eles, mas fica muito
ferido. Na base, vendo atentamente o
horóscopo, Soga começa a sentir que algo de
ruim estaria por vir. De repente, chega a
informação de que vários monstros estão
reunidos no sopé do Monte Fuji. Telesdon,
Skydon, Neronga, Pester...mais de 20 monstros.
O alto comando da TDF forma uma linha de
frente, e eis que surge o monstrinho amigo
Pigmon (amigo de Ultraman). Utilizando um
tradutor de línguas, Pigmon revela que os
monstros foram revividos pelos alienígenas da
Liga Espacial, que pretende utilizá-los para
invadir a Terra. Os tanques e mísseis do exército
não são páreo para os monstros e, ao mesmo
tempo, a base das Forças de Defesa é atacada
por discos voadores. No momento, Dan está
internado no centro médico e não pode se
transformar. Seguindo a orientação de Pigmon, a
Ultra Guard joga a substância Afetamina nos
monstros para torná-los ferozes e lutarem entre
si. Tokyo se transforma num verdadeiro ringue.
Escorado por Pigmon, Dan consegue escapar da
base, ativa seus monstros Windom e Agira, e se
transforma. Mesmo fraco, consegue fatiar o
Baltan com o bumerangue Eye Slugger, mas não
é páreo para os 5 monstros restantes: Red King,
Pegira, Jeronimon, Neronga e Eleking. Num grito
de sofrimento, Seven desaba e é salvo por um
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monstro alado chamado Gord, que elimina
facilmente os monstros e desaparece
misteriosamente no céu. Por motivos de custo,
esse episódio não pôde ser viabilizado e, em seu
lugar, foi rodado o episódio de número 43
(Pesadelo do Quarto Planeta), que curiosamente
não tinha monstro.
145) O SEGREDO DO BUMERANGUE
ESPACIAL – A mais famosa arma do herói Ultra
Seven é seu bumerangue cortante alojado em
sua cabeça. A icônica arma surgiu por acaso,
durante as filmagens da serie original, em 1967.
A crista, originalmente apenas um elemento de
design, ficava caindo toda hora, atrapalhando as
gravações. Até que tiveram a ideia de
transformar o acessório numa arma de
arremesso. Nascia assim o Eye Slugger, que já
decapitou inúmeros monstros e alienígenas
malignos. O efeito da lâmina em ação ficou
incrível e, após a morte do diretor Eiji
Tsuburaya, levaria décadas até que a produtora
conseguisse acertar novamente o efeito de
animação para mostrar a arma em movimento.
146) ULTRAMAN JACK E O REGRESSO QUE
NÃO ERA – Uma dúvida que acometia muitos
fãs de Ultraman na década de 1970 era o título
da série O Regresso de Ultraman, ou Kaettekita
Ultraman (produzida em 1971). Afinal, quem
assistia sabia que o protagonista era um
segundo Ultraman que vinha para a Terra,
entrando em simbiose com o humano Hideki Goh
(vivido pelo ator Jiro Dan). Na primeira sinopse
escrita para a série, a história se passaria 30
anos após Ultraman. A Terra voltaria a ser
atacada por monstros, depois de um longo
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tempo, quando já não existiria mais a Patrulha
Científica. Muramatsu, ex-capitão da Patrulha,
faria uma participação no primeiro episódio, já
bem velhinho. Uma nova equipe seria criada, a
MAT (Monster Attack Team, no Brasil GAM –
Grupo de Ataque aos Monstros), um jovem
Hayata daria as caras, e o protagonista se
chamaria Hideki Ban (membro do MAT). A
jogada era criar um suspense pra saber quem
era o Ultraman, Ban ou Hayata, algo que seria
revelado apenas no terceiro episódio. A ideia foi
abandonada pelo coordenador de produção
Hajime Tsuburaya, que optou por encomendar à
sua equipe de criação um novo personagem e
ampliar a franquia, introduzindo o conceito de
Família Ultra. Com a negociação da serie já
fechada com a emissora TBS, optaram por
manter o nome
original e chamar
o heroi apenas de
Ultraman. Ou
seja, apesar do
título, não era
uma volta do
primeiro
Ultraman, mas
sim a estreia de
um sucessor. Ao
longo dos anos
seguintes, o herói
seria chamado de
Shin (novo)
Ultraman ou
mesmo de
Kaettekita
Ultraman, apesar
de, como nome
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próprio, soar estranho o título. Na década de
1980, o personagem começou a ser chamado de
Ultraman Jack, um nome aparentemente
escolhido de forma aleatória apenas para
diferenciá-lo do Ultraman original.
147) ULTRAMAN X SAWAMU, O DEMOLIDOR
- No episódio 27 da série O Regresso de
Ultraman, há uma sequência que causou furor
entre o público japonês na época.
Acompanhando um amigo que praticava
kickboxe, o alter ego do herói, Hideki Goh
(vivido pelo ator Jiro Dan), sobe ao ringue para
um rápido treino com o lendário Tadashi
Sawamura, conhecido aqui como Sawamu, o
Demolidor. Foram só alguns segundos, e Goh
beijou a lona depois de um chute do grande
mestre. Muito popular na época, Sawamura teve
série em mangá e seu animê havia acabado de
ser exibido na
TV, com
produção da
Toei Animation
e história do
consagrado
autor de
mangás Ikki
Kajiwara. No
Brasil, o animê
de Sawamu – O Demolidor (Kick no Oni, ou ―O
Demônio do Chute‖, de 1970) ajudou a
popularizar academias de kick boxe. Sawamura é
tão reverenciado no Japão que tem até um
Pokémon em sua homenagem, o Sawamuraa, adaptado no ocidente como Hitmonlee.
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148) ULTRAMAN TAILANDÊS? - Em 2002, a
Família Ultra enfrentou sua maior crise, ao ser
alvo de uma disputa judicial entre a Tsuburaya
Productions, e a empresa tailandesa Chaiyo
Productions, que alegava possuir os direitos
sobre o herói e de várias de suas séries
derivadas. Em 1974, a Chaiyo e a Tsuburaya se
uniram para realizar um filme capenga sobre
uma aliança dos Ultras clássicos com a divindade
tailandesa Hanuman, o Ultra Roku Kyodai vs
Kaiju Gundan (Seis Irmãos Ultra vs Exército de
Monstros). O filme não deixou saudade e parecia
que nada mais associaria o Ultraman com a
Tailândia. Porém, segundo Sompote
Saengduenchai, presidente da Chaiyo
Productions, existia um acordo formal entre as
duas empresas, assinado há mais de 20 anos. O
tal contrato foi divulgado somente em 1996,
algumas semanas depois do falecimento de
Noboru Tsuburaya, então presidente da
Tsuburaya. A Chaiyo mostrou uma carta
supostamente assinada por Noboru em 1976, na
qual ele transferia os direitos internacionais
(exceto para o território japonês) dos
personagens da Família Ultra criados até 1973
(ano de Ultraman Taro) à empresa tailandesa.
Segundo a Tsuburaya, a carta era uma fraude,
pois até o nome da empresa estava grafado
errado. Outro erro elementar foi terem escrito o
nome de Ultraseven (um dos heróis envolvidos
na disputa) como sendo ―Ultraman Seven‖. O
presidente da Tsuburaya jamais erraria os
nomes, é o que alegaram os advogados
japoneses. Mesmo assim, a Chaiyo criou seus
próprios Ultras, colocando-os em fotos
promocionais e shows ao lado dos heróis
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japoneses, além de anunciar um grandioso filme.
Mas a história estava longe de terminar.
149) ULTRAMAN E O FIM DA GUERRA
JUDICIAL A briga entre produtores japoneses e
tailandeses sobre a marca Ultraman também
teve implicações no mercado ocidental, pois pelo
contrato apresentado pela Chaiyo, todo o
licenciamento internacional da marca Ultraman
deveria que ser renegociado com eles na época.
A Chaiyo também alegava ter tomado parte na
criação de Ultraman nos anos 60, o que já
beirava o surreal. Tudo porque, em uma visita
do fundador Eiji Tsuburaya à Tailândia, ele teria
conhecido uma série de estátuas raras de Buda
através de Sompote, e a imagem de algumas
estátuas lembraria a figura do primeiro
Ultraman. A Chaiyo realmente teve permissão
oficial para negociar merchandising dos Ultras
em seu país e em outras cinco nações asiáticas,
mas seu presidente alega ter sido prejudicado
pela Tsuburaya durante a disputa e exigiu certa
vez uma carta de retratação, que foi usada nos
tribunais. Finalmente, em 2007 o caso foi
resolvido, com a vitória da Tsuburaya Pro sobre
a concorrente, que já havia se intitulado Chaiyo
Tsuburaya. Aos tailandeses, foi reconhecido
somente o direito de comercialização de alguns
filmes e séries negociados legalmente junto à
Tsuburaya nos anos 1970, mas não o direito
sobre produtos licenciados ou permissão de criar
algo derivado. O filme Project Ultraman,
estrelado pelo astro chinês Ekin Cheng, chegou a
ter trailers divulgados, mas teve que ser arquivado, talvez para sempre.
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150) O DIA EM QUE ULTRAMAN FOI PRESO
– Em 2002, o ator Takayasu Sugiura, que na
época interpretava o heroi Musashi Haruno em
Ultraman Cosmos (2001~2003), foi preso,
causando grande escândalo em seu país.
Acusado de espancar e extorquir dinheiro de um
rapaz, o astro ficou alguns dias na cadeia, o que
causou um estrago sem precedentes. Quando o
incidente se tornou público, o episódio 50, que
estava previsto para ser exibido no dia
15/06/2002 não passou, e no lugar, colocaram
um especial em animação infantil dos Ultras. Ao
final, veio a mensagem de que o ator (sem citar
o nome) havia sido detido para averiguações de
atos criminosos que ele teria cometido quando
ainda era menor, cerca de dois anos antes.
Entretanto, no mesmo dia, tanto a Tsuburaya
como a emissora TBS começaram a receber
mensagens de fãs pedindo por um final na série.
Com todos os 16 episódios restantes já
gravados, a Tsuburaya editou as cenas, criando
um final em duas
partes, exibidas
nos dias 22 e 29 de
junho. Assim,
nesses dois últimos
episódios,
misteriosamente
Musashi não
aparecia (somente
era mencionado) e
apenas o heroi
transformado
entrava em ação.
Em seguida, a
intenção da TBS
era preencher o
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horário com a série criada para vídeo Ultraman
Neos (apenas 2 episódios exibidos de um total
de 12), até a data de estréia da série seguinte,
Mobile Suit Gundam Seed, no dia 5 de outubro.
O caso acabou sendo resolvido rapidamente,
Sugiura – que tinha um álibi convincente, logo
foi solto, mas o estrago ficou, tornando a mais
extensa série da franquia Ultra, uma mal
resolvida colcha de retalhos. A série, que estava
programada para ter 65 episódios, voltou ao ar
no dia 20 de julho, mesmo tendo tido um final já
exibido. Mas por causa do cronograma da
emissora, cinco episódios ficaram inéditos na TV, sendo lançados em DVD.
151) O ESCÂNDALO QUE TRANSFORMOU UM
FILME EM DOIS Quando seu astro foi preso,
estava para estrear o filme Ultraman Cosmos 2 -
The Blue Planet e a Tsuburaya tomou a iniciativa
de montar uma nova versão sem o Sugiura, pois
não pretendia cancelá-lo, devido a venda
antecipada de ingressos. Pra isso eles criaram o
Ultraman Cosmos 2 The Blue Planet~Musashi
(13 Anos). Para interpretar o Musashi, foi
chamado novamente o ator Kônosuke Tôkai, que
havia feito esse mesmo personagem no primeiro
filme. Esta versão chegou a ser exibida em
alguns cinemas. Um terceiro longa (Ultraman
Cosmos vs Ultraman Justice – The Final Battle,
de 2003), aí com tudo já de volta ao normal, foi
produzido, encerrando a saga. O ator, que
depois do incidente mudou o nome artístico para
Taiyô Sugiura, voltaria a interpretar Musashi em
apresentações teatrais dos Ultras que a
Tsuburaya realiza, provando que, ao menos em
público, não ficou rancor do incidente. E também
participou (sem se transformar) no longa de
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2009 dos Ultras, o Dai Kaiju Battle - Ultra Galaxy
Legend The Movie. Tudo porque, para a discreta
mídia japonesa, um escândalo tem um efeito muito mais devastador do que para o ocidente.
152) O ULTRA MINISTRO - Em dezembro de
2009, estreou nos cinemas japoneses o filme Dai
Kaiju Battle - Ultra Ginga Densetsu (ou "A
Batalha dos Monstros Gigantes - A Lenda da
Galáxia Ultra - O Filme), com uma aventura
reunindo diversos heróis e monstros da franquia
Ultra. No elenco, que trouxe de volta atores
consagrados como Susumu Kurobe (Hayata) e
Koji Moritsugu (Dan Moroboshi/ Ultra Seven),
havia também um estreante trabalhando como
dublador. Em Ultra Legend (nome alternativo,
pra facilitar), o sábio Ultraman King teve a voz
de ninguém menos que Junichiro Koizumi, que
foi Primeiro Ministro do Japão entre 2001 e
2006, numa jogada de marketing sem
precedentes. Apesar de soar curioso para quem
via Koizumi em noticiários internacionais, tal
empreitada não surpreendeu tanto o povo
japonês. Vaidoso e dado a estrelismos, o ex-
ministro, nascido em 1942, chegou a publicar
um livro de fotos estilo book de modelos, com
uma dedicatória às mulheres japonesas. Koizumi
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também já se comparou, por causa da cabeleira
grisalha, ao ator estadunidense Richard Gere.
153) O ASTRO ERA O VILÃO - O seriado
Spectreman foi um grande sucesso em seu país,
tendo sido popular também nos EUA, França e
Brasil (onde foi visto na Record e SBT). Mas no
começo, não era ele o astro da série. Quando
estreou no Japão, em março de 1971, a série se
chamava Uchuu Enjin Gori, ou ―Homem-Macaco
Espacial Gori‖. O personagem-título da produção
era o vilão histérico, alegórico e cheio de tiques
nervosos Dr. Gori, o cientista maluco que usava
monstros que se alimentavam de lixo para tomar
a Terra dos humanos. Visionário, Gori previa que
os humanos iriam destruir seu próprio mundo
com a poluição ambiental. No meio da série, o
título mudou para Uchuu Enjin Gori x
Spectroman e só na reta final o título ficou sendo
Spectroman – com ―o‖ mesmo, já que
Spectreman foi só o nome com o qual a série foi
exportada para o ocidente. E antes de tudo isso,
no piloto da
série o herói
se chamava
Element Man
e tinha um
visual bem
diferente.
Mesmo com
tantas
mudanças e
concorrendo
com produções mais badaladas como O Regresso
de Ultraman (Tsuburaya Pro) e Kamen Rider
(Toei Company), o seriado da P-Productions
emplacou nada menos que 63 episódios, uma
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excelente marca para qualquer seriado, seja em
animê ou live-action. Nota de falecimento: O
ator que interpretou o herói Kenji (Johji Gamou,
no original), Tetsuo Narikawa, faleceu no dia 1
de janeiro de 2010, aos 65 anos, vítima de câncer.
154) DE LIONMARU PARA LION MAN – Com
o sucesso da série Spectreman, uma nova
produção começou a ser planejada pela P-
Production, já no final de 1971. A base seria o
filme piloto ―Jaguarman‖, um projeto de série de
TV da P-Production que acabou não vingando em
1967. Seguindo os moldes de um herói com
características felinas, surgia Lion Man, que se
passaria em 1480, na Era Muromachi, e contaria
a história de um jovem que buscava vingança
contra ―Dai Maoh‖, pela morte de seu mestre.
Após algumas mudanças no conceito, mudaram
a época para um pouco mais adiante, durante o
período da Guerra Civil (Sengoku Jidai), e o
título da série, para Kaiketsu Lionmaru (Heróico
Lion Maru, conhecido no Brasil como o Lion Man
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branco). Por mera
coincidência, Lion Man
acabou sendo o título
adotado no Brasil. A
princípio, Lion Man se
passaria nos dias atuais,
ideia que acabou sendo
utilizada na série Lion
Maru G, de 2006. Para
buscar um diferencial
com outras obras, a
época foi mudada a
pedido da Fuji TV.
Passada a audição
(seleção de elenco) para
ser o intérprete do
herói, o ator Tetsuya
Ushio. Ele se deu muito
bem com o elenco,
principalmente com a
Akiko Kujô, intérprete da Saori, que se tornaria
sua esposa na vida real. Ushio fez tanto sucesso
que estrelou a série seguinte, Fuun Lionmaru
(Tempestuoso Lionmaru), não exatamente uma
sequência. Foi essa versão que ficou mais
famosa no Brasil, quando de sua exibição na TV
Manchete. O Lion Man original acabou sendo exibido depois, e ficou pouco tempo no ar.
155) CAVALGANDO PARA O ESTRELATO
Selecionado para o papel principal de Lion Man,
Tetsuya Ushio soube que seu personagem iria
montar um cavalo, coisa que ele nunca havia
feito. O ator teve que aprender a andar a cavalo
na marra, em apenas cinco dias. Além disso,
para compor o fiel parceiro de Lionmaru, o
pégaso Hikari-Maru, foi utilizado um cavalo de
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corridas! Por ironia do destino Ushio, que nunca
teve intimidade com cavalos, anos mais tarde,
em 1987, viria a se tornar o primeiro
apresentador do programa de Jockey, Super
Keiba (da Fuji TV).
156) TRAGÉDIA EM LION MAN – Uma terrível
tragédia abalaria as gravações da série Kaiketsu
Lionmaru (o Lion Man branco). O jovem ator Kôji
Tonohiro, 25 anos, intérprete do rival Jônosuke
Tora (Tiger Joe), viria a falecer durante as
filmagens na locação de Hikone, província de
Shiga. E uma morte de forma totalmente
estúpida. Numa das raras oportunidades, Kôji e
Tetsuya Ushio (intérprete do Dan Shishimaru/
Lionmaru) estavam bebendo sakê na hospedaria
da locação. Depois de esvaziarem mais de 10
garrafas, Tetsuya se retirou, pois tinha gravação
no dia seguinte. Como Kôji estaria de folga,
continuou enchendo a cara até altas horas da
noite, junto com o pessoal do staff. Já bêbado,
ao procurar pelo banheiro, ele entrou num
corredor
escuro, acabou
tropeçando e
caiu sobre a
porta-corrediça
de vidro da
banheira. Kôji
sofreu um corte
profundo no
abdômen e
acabou
falecendo.
Avisado do
incidente, Souji
Ushio (criador
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da série) foi correndo ao local, assim como a
noiva de Kôji. Tonohiro atuou do episódio 27 ao
40, sendo substituído pelo ator Tomotake
Fukushima, do episódio 42 ao 54. Fukushima
ainda apareceria na série seguinte, Fûun
Lionmaru, como Tiger Joe Jr. Por ironia do
destino, Tiger Joe estava previsto para ficar até
o episódio 30, mas com a popularidade
ascendente do personagem, que chegava até a
ofuscar o herói, o produtor da Fuji TV, Kôji Bessho, pediu para que ele se tornasse fixo.
157) O MOCINHO NEM SEMPRE SE DÁ BEM
NO FINAL – No mundo cheio de provações,
superação e sacrifícios dos mangás, animês e
tokusatsu, os heróis não apenas lutam pelos
seus objetivos e ideais. Às vezes, até morrem
por eles. O obituário de personagens é extenso,
incluindo até mesmo protagonistas ou
coadjuvantes de peso. Em Robô Gigante (1967),
o colosso metálico demonstra possuir vontade
própria e,
contrariando as
ordens de seu
mestre, o garoto
Daisako, se sacrifica
para destruir o
inimigo, o
Imperador
Guilhotina. Em Lion
Man (1974), Jaguar,
o honrado rival do
protagonista, morre
lutando contra a
Família de Mantor
do Diabo. A cena é
de uma violência
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poética digna de um bom filme de samurai. Na
fase III da Patrulha Estelar (1981), os jovens
oficiais Ageya e Domon perdem a vida em
combate, depois de terem roubado a cena
durante quase toda a serie, dando um gosto
amargo ao último episódio. Em Metalder (1987),
o robô com sentimentos humanos pede a seu
melhor amigo para lhe tirar a vida, a fim de que
seu corpo não explodisse como uma bomba
atômica. Isso sem contar os inúmeros casos de
amores frustrados, que nunca se concretizam.
Na ficção japonesa, mesmo nas mais escapistas
e fantasiosas, nem sempre os finais são felizes, assim como na vida real.
158) HOMEM-ARANHA E A REVOLUÇÃO NO
TOKUSATSU – De todos os super-heróis
estadunidenses produzidos sob licença no Japão,
o que teve a trajetória mais distinta foi o famoso
escalador de paredes. Em 1970, Ryoichi
Ikegami, que ficaria famoso anos depois com
Crying Freeman, Mai e Sanctuary, assinaria a
mais distante adaptação de uma criação made in
USA. Mudou o protagonista de Peter Parker para
Yu Komuro e situou a trama no Japão, alterando
toda a rede de personagens secundários, mas
preservando os vilões principais. Com uma
dramaticidade típica do mangá dos anos 1970, a
série teve seu público fiel e rendeu 5 volumes.
Mas foi na TV que o Homem-Aranha deixou sua
marca. Uma versão tokusatsu estreou em maio
de 1978, com uma trama ainda mais distante da
original, desenvolvida agora por Saburo Yatsude.
Surge então Takuya Yamashiro o escalador de
paredes, que enfrenta monstros e ciborgues
malignos para proteger o Japão, como um bom
herói japonês. Mais adaptado para o público
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local, impossível. A grande inovação da série foi
pegar um conceito do animê Mazinger Z, que
pela primeira vez mostrava um robô gigante
pilotado por um humano dentro de sua cabeça. E
o Aranha tinha seu robô gigante, o Leopardon,
que de aracnídeo só tinha umas teias
desenhadas em seu tórax e braços. O sucesso do
robô pilotado pelo super-herói foi tão grande que
a ideia logo se espalhou por outras séries,
mudando a cara dos seriados japoneses para sempre.
159) OS SUPER-HEROIS MARVEL E A
PRIMEIRA SÉRIE SUPER SENTAI - No final de
1978, a Toei encarou o primeiro período de
instabilidade de seus super-heróis [Nota: o
segundo período foi em 1981, que culminou com
o surgimento de Space Sheriff Gavan].
Normalmente, a Toei mantinha entre 5 a 6 séries
em exibição simultânea, mas naquele ano, ela
tinha apenas dois seriados no ar, Spiderman e
Ganbare! Red Vickies, e ambas estavam com os
dias contados. Urgentemente a Toei precisava de
uma nova série para, digamos, não ficar no
vermelho. Então veio a idéia de criar um herói
nos moldes do Spiderman (japonês), ainda
dentro da parceria com a Marvel Comics. Ele se
chamaria Captain Japan, e seria uma versão
japonesa do Capitão América. Masao Den
(Captain Japan) seria uma espécie de cyborg, e
lutaria contra uma organização secreta chamada
Beta. Ele teria um robô gigante, o Nelson (é
sério!), que nada mais era do que a sua nave, a
Captain Baser. Além disso, Captain Japan teria
uma ajudante, a Miss America, baseada na Miss
Marvel. Entretanto, o desenvolvimento tomou
outro rumo e aconteceram várias mudanças.
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Foram adicionados mais três guerreiros; o robô,
que seria inspirado no Leopardon (Spiderman),
virou uma espécie de samurai; a organização
secreta, de Beta, mudou para Egos e o nome do
herói mudou de Captain Japan para Battle Japan.
Nascia assim a série Battle Fever J, em 1979,
que por muitos anos, foi considerada pela Toei
como a primeira série do gênero Super Sentai –
ou Super Esquadrão.
160) GORANGER, O ANCESTRAL DOS
POWER RANGERS - Em 1975, o autor Shotaro
Ishinomori criou o quinteto Himitsu Sentai
Goranger (Esquadrão Secreto Goranger), que
saiu simultaneamente em mangá e como seriado
tokusatsu produzido pela Toei Company. Cheio
de ação e monstros estapafúrdios (com cabeça
de piano, cabeça de TV e por aí vai), fez enorme
sucesso. Em seguida, Ishinomori criou JAKQ
Dengeki Tai (Jakkar – Equipe Relâmpago), com
tom mais dramático e menor sucesso. Com seus
heróis coloridos, Ishinomori lançou as bases para
o que seria conhecido
como Super Sentai, um
gênero que ganhou o
mundo ao ser adaptado
nos EUA como Power
Rangers. No Brasil,
foram vistos Goggle V
(1982), Changeman
(85), Flashman (86) e
Maskman (87). No
Japão, o pioneirismo de
Ishinomori demorou a
ser reconhecido pela
Toei Company, como
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veremos a seguir.
161) GORANGER & JAKQ, SUPER SENTAIS
OU NÃO? – Goranger e JAKQ são equipes
criadas por Shotaro Ishinomori no mesmo esqu,
mas originalmente não foram incluídas como
Super Sentai por causa dos direitos autorais. Até
aí, nada de mais, mas a história envolve o
surgimento de Battle Fever J, que foi o protótipo
da franquia Super Sentai. A questão é que ela
não nasceu para ser um Sentai, isso foi uma
casualidade. Originalmente, ela foi baseada em
Spiderman (criação de Saburo Yatsude), e não
em Goranger (Shotaro Ishinomori), daí o motivo
de todo esse impasse. Não havia a necessidade
de dar os créditos ao Ishinomori, simplesmente
porque não fazia parte do projeto dar
continuidade à Goranger e JAKQ. Entretanto,
talvez para antecipar o 20º aniversário da
franquia em 1995, Goranger e JAKQ acabaram
sendo incluídas sem maiores explicações. Porém,
algumas coisas ficaram estranhas. O aniversário
de 10 anos de Super Sentai, que era
comemorado em Turboranger, ―ficou‖ com
Changeman. E se Goranger passou a ser
reconhecido como a origem, o nome de Shotaro
Ishinomori deveria ser creditado nas séries
atuais como autor da obra original (gensakusha),
e não mais o pseudônimo da Toei Company,
Saburo Yatsude. É fato: Goranger tornou-se o
primeiro Super Sentai, e Battle Fever J passou de primeiro a terceiro dentro da franquia.
162) SUPER SENTAI, A CONSAGRAÇÃO DE
UM GÊNERO – Com o sucesso de Battle Fever J,
veio a segunda série, Denshi Sentai Denziman
(Esquadrão Elétrico Denziman, de 1980), com
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um visual mais próximo ao de Goranger. Porém,
ainda não havia a consciência de uma linhagem,
e tão pouco era utilizado o termo Super Sentai.
Isso só veio a acontecer em meados de 1981,
com Taiyô Sentai (Esquadrão Solar) Sun Vulcan,
quando o gênero já estava estabilizado (ou
quase). É que na época o gênero ainda era uma
incógnita e dependia muito do sucesso. Hoje
sabemos que cada série nova terá duração de
um ano, mas antigamente, se não desse
audiência, poderia ser cancelada de uma hora
para outra. Para se precaver a isso, a Toei fazia
contratos menores com os artistas, cerca de 6
meses, pelo que disse o ex-ator Ryûsuke
Kawasaki, o primeiro Vul Eagle (Ryûsuke
Oowashi) de Sun Vulcan. Como ele não renovou
o contrato, teve que ser substituído pelo ator
Takayuki Godai. Com a franquia se estabilizando,
os contratos logo começaram a ser feitos para a
temporada completa.
163) BATTLE FEVER J: MUDANÇAS DE
ELENCO – A série Battle Fever J foi a recordista
na troca de atores
centrais, três no
total. A primeira
foi do veterano
ator Kenji Ushio,
que interpretava o
vilão Hedder, um
dos cabeças da
organização Egos.
Conhecido por
papéis marcantes
como Jigoku
Taishi (Kamen
Rider) e Doctor Q
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(Bicrosser), Ushio havia sido preso pela polícia
por porte de drogas, logo na semana de estréia
da série. Pelas leis japonesas, apenas o porte já
é considerado crime. Ushio ficou até o episódio 6
e em seu lugar entrou o Masashi Ishibashi,
intérprete do Iron Claw, em Jakq Dengeki Tai.
Para a reprise e o lançamento em vídeo, a
maioria das cenas do Ushio foram substituídas
pelas do Ishibashi. Depois, houve a troca da Miss
America no episódio 24. Saía a modelo
―americana‖ Diane Martin para a entrada da atriz
Naomi Hagi. Diz-se que ela teria optado pela
carreira de modelo, mas parece que Diane não
conversava muito com o restante do elenco, por
entender pouco japonês. Por isso mesmo ela
tinha que ser dublada pela atriz Risa Komaki (a
Momoranger, de Goranger). Risa também foi a
dublê da Miss America. Por fim, o último a deixar
o elenco foi o Yukio Itô, intérprete do Battle
Cossack (Kensaku Shiraishi), morto no episódio
33. O motivo teria sido casamento. Entretanto,
dizem que ele não se dava bem com o ator Kôki
Tanioka, intérprete do
Battle Japan (Masao
Den). Em seu lugar
entrou o Naoya Ban,
já conhecido na época
por ter sido o
intérprete do herói
Kikaider (1972), outra
famosa criação de Shotaro Ishinomori.
164) O ASTRO QUE
CHEGOU ATRASADO
– Uma das exigências
dos produtores em
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Battle Fever J era a presença de um robô
gigante, que seria o atrativo principal do seriado.
Independente de como seria a aventura, tinha
que ter um robô. Entretanto, o tão aguardado
Battle Fever Robo só veio a aparecer mesmo no
episódio 5, ―Robot Dai Kûchû Sen‖ (A grande
batalha aérea do robô). Então, criou-se todo um
enredo de mistério, envolvendo o projeto de
criação do robô, com a organização Egos
tentando descobrir os planos secretos. Mas na
verdade, o motivo da demora foi porque o
renomado designer da Bandai (patrocinadora da
série), Katsushi Murakami, atrasou na escolha do
visual definitivo, o que prejudicou a confecção do
traje do robô, não dando tempo de colocá-lo no
primeiro episódio.
165) DO JAPÃO PARA OS EUA (E O MUNDO)
- A série estadunidense Power Rangers é
derivada de uma das franquias mais famosas do
Japão: o Super Sentai. A onda começou em
1975, com o quinteto colorido Goranger, criação
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de Shotaro Ishinomori. Changeman, Flashman,
Maskman e Goggle V, séries vistas no Brasil,
pertencem a essa franquia, que lança uma nova
equipe por ano há décadas. Em 1993, a série
Zyuranger (lançada em 1992) iniciou a mais
ambiciosa incursão dos Super Sentai no
ocidente: a série foi adaptada nos EUA e virou
Power Rangers. Com produção da Saban
Entertainment em parceria com a Toei, a série
foi refilmada com atores que mostravam um
elenco multi-racial, mais palatável ao gosto do
público norte-americano. Mas as cenas com
robôs e monstros gigantes, bem como dos
Rangers transformados, eram as mesmas da
série original. As edições eram bizarras e
incluíam cenas em que os monstros atacavam a
cidadezinha americada de Alameda dos Anjos e,
quando aparecia uma multidão correndo do
monstro da vez, eram os figurantes japoneses
de Zyuranger. Com o tempo, as filmagens foram
ficando melhores e quase não há mais esse tipo
de situação. Inclusive, alguns diretores
japoneses foram trabalhar na produção dos
Power Rangers, que atualmente não deixa nada a dever aos originais.
166) UMA GUERREIRA NADA CURVILÍNEA -
Na primeira temporada dos Power Rangers,
como optaram por incluir duas mulheres – ao
invés de seguir o original, que tinha somente
uma mulher – ficou criada uma situação bem
curiosa. A franzina Trini (a atriz Thuy Trang), ao
―morfar‖ para Ranger Amarela, ganhava um
corpo mais robusto até que o dos demais
homens da equipe. É que no original japonês, a
cor amarela era vestida por um homem, o
chamado Tiger Ranger, interpretado pelo ator
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Takumi Hashimoto, o Manabu da série Jiraya – O
Incrível Ninja. Era fácil perceber não apenas o
corpo masculino, mas também a expressão
corporal masculina, o que aparentemente não foi
motivo de constrangimento algum para os
produtores. Nota triste: a atriz Thuy Trang
faleceu em 2001, aos 27 anos, vítima de um acidente de moto.
167) A RANGER ROSA ORIGINAL: DE ÍDOLO
A EMPRESÁRIA
BEM SUCEDIDA -
Reiko Chiba foi a
primeira atriz a
causar sensação no
mundo tokusatsu,
ao participar da
série Super Sentai
de 1992, Kyôryû
Sentai Zyuranger
(Esquadrão
Dinossauro
Zyuranger,
adaptado nos EUA
como a primeira
temporada dos
Power Rangers),
no papel da integrante rosa, a Ptera Ranger-Mei.
Ela também é conhecida como a primeira ídolo
virtual, já que ficou muito famosa no início da
era Internet, sendo uma das modelos japonesas
mais clicadas na metade dos anos 90. Apesar de
toda fama, repentinamente ela resolveu
abandonar o meio artístico em 1995, para então
se dedicar a área da informática. Chibarei, como
também é chamada, se reciclou e estudou
informática e, em novembro de 95, fundou sua
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própria empresa, Cherrybabe, que produz
softwares para computador e jogos para
celulares. Ela investiu 10 milhões de ienes, grana
proveniente de sua carreira de modelo e atriz.
Hoje, ela é uma bem sucedida empresária, sem
aquela imagem de ―ex-modelo burra‖, tendo
publicado vários livros de auto-ajuda sobre
informática. Reiko também estudou ioga na
Índia e adquiriu o título de instrutora, tendo aparecido num programa da NHK.
168) UM POLICIAL DO ESPAÇO EM KILL
BILL – Dentre os muitos homenageados no filme
Kill Bill (2003), de Quentin Tarantino, um em
especial já cansou de salvar a Terra. É Kenji
Ohba, ator principal de Space Cop (Policial do
Espaço Gavan, de 1982) e grande nome da
história do tokusatsu, tendo participado de
diversos seriados e filmes. Ele interpreta o
careca ajudante de Hattori Hanzo, que por sua
vez foi vivido pelo lendário Sonny Chiba,
precursor dos filmes de artes marciais no Japão
e criador do Japan Action Club, a primeira escola
de dublês em seu país. Professor e aluno na vida
real, Sonny Chiba e Kenji Ohba já trabalharam
juntos outras vezes. Em 1982, Chiba interpretou
Voicer, ninguém menos que o pai de Gavan na
série de TV. Também vale citar a participação de
ambos no filme A Lenda dos Oito Samurais
(Satomi Hakkenden, 1983), lançado no Brasil em
VHS e DVD. Neste filme, inclusive, eles
contracenaram com Hiroyuki ―Henry‖ Sanada,
que anos depois faria Kenji, o antagonista de
Jackie Chan em A Hora do Rush 3 (Rush Hour 3, 2007).
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169) OS POLICIAIS DO ESPAÇO E A ORIGEM
DOS NOMES – Uma lenda que correu no meio
dos fãs especulando que as três séries dos
Policiais do Espaço (Uchuu Keiji) - Gavan,
Sharivan e Shaider - tiveram seus nomes
inspirados em personalidades estrangeiras
famosas, é verdadeira. Gavan, o qual os
japoneses pronunciam como Gyaban, foi
inspirado no renomado ator francês Jean Gavin.
Pela pronúncia japonesa, Gavin (―Gavan‖) fica
algo como ―Gyaban‖. Sharivan, pronunciado
pelos japoneses como Shariban, foi inspirado no
apresentador americano Ed Sullivan. Ele foi o
responsável por lançar o pequenino Michael
Jackson na banda Jackson 5, dentro de seu
programa The Ed Sullivan Show, em 1969.
Também é famoso por ter apresentado pela
primeira vez nos EUA os Beatles, num programa
que bateu todos os recordes de audiência em
1964. Como a pronúncia de Sullivan em japonês
fica ―Sâriban‖, daí a semelhança com o nome do
herói. Por último, Shaider foi inspirado no ator
americano Roy Scheider. Scheider (lê-se
Shaider) ganhou notoriedade através do filme
Tubarão (direção de Steven Spielberg), e pela
continuação, Tubarão 2. Também fez fama nos
filmes Trovão Azul, Carruagens de Fogo, All That
Jazz – O Show Deve Continuar e na série de TV Sea Quest.
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170) POLICIAIS DO ESPAÇO: DUBLAGENS
DIFERENTES, NOMES DIFERENTES – As três
séries dos Policiais do Espaço desembarcaram no
Brasil fora de ordem e cada uma delas foi
dublada num estúdio diferente. O resultado foi
uma enxurrada de nomes e vozes diferentes,
para os personagens que apareciam ou eram
citados nas três séries. O primeiro a
desembarcar foi Sharivan, em outubro de 1990,
dublado pela Álamo. Depois veio Shaider, em
novembro de 90, dublado pela Herbert Richards.
E por último, Gavan, com o título de Space Cop,
em março de 91, dublado pela VTI Rio. Um dos
mais ―prejudicados‖ foi o Gavan, que fora
chamado de Gaban (VTI Rio), Gyaban (Álamo) e
Gabin (Herbert Richards). Não dá pra considerar
nenhuma delas totalmente errada, já que de
certa forma, remetem ao nome que serviu de
inspiração, o do
ator Jean
Gavin. Embora
a tradução
oficial em
inglês de Uchû
Keiji seja
―Space Sheriff‖,
o termo Space
Cop chegou a
ser utilizado na
coleção de LDs
de Sharivan e
Shaider,
lançados na
metade da
década de
1990. Em
Sharivan, cuja
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matriz parece ter vindo da Itália, a tradução do
termo ficou como Detetive Espacial. Uma
adaptação errada, já que ―Keiji‖ é Policial, e não
Detetive (Tantei). Em Shaider, apesar da
pronúncia correta, a romanização ficou como
―Sheider‖, tanto na legenda da TV Gazeta, como nos guias de programação dos jornais da época.
171) DUPLA ESTREIA EM SHARIVAN – Em
1983, o seriado Sharivan (Uchuu Keiji Shariban
– Policial do Espaço Sharivan) marcou a estreia
como ator principal de um dos astros daquela
década, o dublê Hiroshi Watari. Ele já havia
aparecido rapidamente como o personagem Den
Iga na série Gyaban antes de ganhar sua série
própria. Do outro lado do mundo e alguns anos
depois, a mesma série marcou a estréia como
protagonista principal em um seriado japonês do
dublador Élcio Sodré, que ficaria famoso entre
fãs de animê como o Shiryu de Os Cavaleiros do
Zodíaco, o Issamu
Minami de Black
Kamen Rider e Kamen
Rider Black RX e o
Kakashi Hatake em
Naruto. Watari e
Sodré se encontraram
pessoalmente em
2003, no palco do
evento Anime Friends
em São Paulo, capital.
Na ocasião, Watari foi
dublado ao vivo pelo
colega brasileiro
perante uma multidão
emocionada.
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172) ―O MUNDO DA ALUCINAÇÃO É UMA
ESPÉCIE DE SALÃO CLARO...‖ – Esse era a o
início da frase de introdução para a explicação do
Mundo da Alucinação (Genmukai), local para o
qual o herói Sharivan era enviado para enfrentar
os monstros Beasts, que ficavam 4 vezes mais
fortes nesse mundo. Essa ideia, de mudar o local
da batalha, surgiu na série anterior, Gavan,
através do Espaço Maku (Makû Kûkan), e
utilizado também em Sheider, com o Mundo de
Fûma (Fushigi Jikû). Mas esse recurso não foi
usado por causa de falta de locações. O
problema é que as armaduras dos Policiais do
Espaço, começando pelo Gavan, refletiam muito
o brilho do sol, nas filmagens externas,
notadamente na famosa pedreira que a Toei
alugava para seus seriados. Então a solução
encontrada foi enviar o Gavan para o Espaço
Maku, onde parte das cenas era gravada em
estúdio, e para as tomadas externas, a imagem
era escurecida através de filtros. E atenção para
a locução completa sobre o lugar: "O Mundo da
Alucinação é uma espécie de salão claro. As
inúmeras materias que decompuseram-se em
átomos e levadas ao salão escuro são o brilho e
o calor do mundo maligno do espaço." Alguém
entendeu?
173) ―VAMOS REVER NOVAMENTE O
PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO!‖ – A idéia
de ficar explicando o processo de transformação
dos Policiais do Espaço partiu do designer da
Bandai, Katsushi Murakami, durante uma
conversa com o produtor da Toei, Susumu
Yoshikawa. A inspiração partiu de uma antiga
série da Toei, Nippon Kengakuden, de 1968,
também do produtor Yoshikawa. Em Nippon
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Kengakuden, eram 4 historinhas em uma hora
de duração, representado através de célebres
espadachins como Musashi Miyamoto ou Jubei
Yagyu. Depois de uma luta frenética, o inimigo
era derrotado num piscar de olhos, mas o
telespectador só entendia o que aconteceu na
cena através do narrador, com o ―vamos rever
mais uma vez!‖ Seria algo mais ou menos como
o tira-teima em slow-motion, em torneios de
luta. Entretanto, a mesma explicação em todo
santo episódio chegava a ser irritante, ainda
mais que no Brasil as exibições costumam ser
diárias e não semanais como no Japão!
174) HIROSHI WATARI: TUDO PARA SER
DUBLÊ – Uma coisa que nunca faltou ao ator
Hiroshi Watari foi a força de vontade e a
perseverança de nunca desistir dos sonhos.
Desde pequeno ele curtia heróis como Ultraman
e Kamen Rider, e foi através da admiração que
ele sentia pelo Shinichi Chiba, que ele resolveu
tentar a carreira de ator. Quando estava no 3º
ano ginasial (1977), Watari saiu da província de
Niigata rumo a Tokyo, de madrugada, afim de
procurar pelo escritório da escola de dublês JAC
– Japan Action Club, mas o endereço já havia
mudado. No verão de 1980, já no 3º colegial,
Watari veio novamente à Tokyo, mas mentiu
para seu pai, dizendo que ia para uma excursão
de uma semana, a pedido do técnico do time de
ginástica da escola. Desta vez, munido do
endereço certo, ele encontrou o escritório, mas
no momento, o JAC não estava recrutando
ninguém. Ele saiu, mas deu meia volta e
perguntou novamente se não tinha jeito, aí
responderam para ele voltar em março do ano
seguinte, quando seria realizado um teste. Ainda
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restavam 6 dias da excursão, então Watari
ganhou a permissão para pelo menos, assistir ao
treinamento do JAC, que seria realizado dois dias
depois. Sem ter onde ficar, ele se escondeu no
terraço do prédio onde se localizava o JAC e
passou as noites lá. No dia do treinamento, ele
reconheceu o ―Kenya‖ (Kenji Ohba) e a atriz
Etsuko Shihomi, a qual foi tentar dirigir a
palavra. ―Quero entrar para o JAC!‖, disse ele, e
obviamente ela respondeu, ―Venha para o teste
do ano que vem‖. O teste de 1981 não foi nada
fácil, participaram cerca de 4200 candidatos para
apenas 40 vagas! E ele conseguiu, fazendo
história na TV japonesa como Sharivan, Spielvan e outros heróis.
175) HIROSHI TSUBURAYA, O NETO DA
LENDA – Neto do renomado Eiji Tsuburaya, o
―Deus do Tokusatsu‖ e idealizador do Ultraman e
Ultra Seven, Hiroshi não teve muitas dificuldades
em entrar para a carreira artística, por causa do
sobrenome. Nos tempos em que praticava vôlei
no colegial, ele resolveu prestar um teste para o
filme ―Nogiku no Haka‖ (1981), para fazer par
com a cantora pop Seiko Matsuda, mas foi
eliminado próximo da etapa final. A experiência
serviu para ele passar na audição para Shaider,
mas ele contou com um certo apoio do Shôzô
Uehara, como
uma
retribuição ao
pai de Hiroshi,
o diretor
Hajime
Tsuburaya, por
ter começado a
carreira de
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roteirista na Tsuburaya Pro. Por coincidência, o
diretor do filme Nogiku no Haka era o Shinichirô
Sawai, o mesmo dos episódios 1 e 2 de Shaider.
Diferente de seus antecessores Kenji Ohba
(Gavan) e Hiroshi Watari (Sharivan), Tsuburaya
não tinha formação na parte de ação, por não
ser membro do JAC. Pra isso foi introduzida a
atriz Naomi Morinaga, como sua parceira Annie,
numa espécie de contra-peso, já que o herói
principal visivelmente não se movimentava como
um lutador. Em várias ocasiões ele teve que ser
substituído por seu dublê, Kazuyoshi Yamada,
mesmo para cenas banais. Em algumas delas, a
edição era tão mal feita, que dava pra notar a
diferença de físico entre ator e seu dublê. Em
sua última entrevista, ao livro Uchû Keiji Taizen,
antes de falecer em julho de 2001 vítima de
insuficiência hepática, Hiroshi enaltece a
importância da Naomi Morinaga e seus dublês,
Kazuyoshi Yamada e Takanori Shibahara. Sem eles, Shaider jamais teria tido êxito.
176) REPETIÇÃO DE ATORES – No final da
década de 1970 e durante os anos 80, era
comum a repetição de atores em papéis
principais em produções da Toei, alguns até,
engatando séries seguidas, casos de Kenji Ohba
(astro de Battle Fever J/ Denziman) e Junichi
Haruta (de Goggle V e Dynaman). Um ator, que
já havia interpretado um herói, voltar numa
outra produção, novamente como herói, trazia
um certo atrativo a essas séries. Entretanto,
essa repetição não era algo ao acaso, havia um
responsável direto, o ex-produtor da Toei,
Susumu Yoshikawa. Contrário aos auditions
(seleção de candidatos normalmente vinculados
às agências de talentos), o próprio Yoshikawa
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era quem indicava os atores às novas séries. Ele
tinha o seguinte pensamento: ―Realizar um
audition (seleção de elenco) com 2 ou 3 meses
antes do início das gravações, não vai fazer
aparecer um cara bom.‖ Yoshikawa empurrou à
força o nome de Kenji Ohba, para o papel de
Gavan. Haviam pessoas contrárias dentro da
Toei, e por isso ele costumava dizer o seguinte:
―Se você não gosta do Ohba, ok. Então me traga
uma outra pessoa.‖ No fim das contas,
acabavam não trazendo ninguém. E Yoshikawa
tinha uma certa predileção pelos membros do
JAC (Japan Action Club), devido a sua longa
amizade com Shinichi Chiba (atualmente, JJ Sonny Chiba), fundador desse grupo de dublês.
177) JASPION OU JUSPION? - Os mais
observadores devem ter percebido, ao assistir o
seriado Jaspion (de 1985), que na pistola do
heroi aparecia escrito ―Juspion‖. Essa é a forma
correta de se
romanizar o nome do
personagem, mas no
Brasil optaram por
usar ―Jaspion‖ para
evitar erros de
pronuncia. A escrita
revela como o nome
foi bolado. Juspion
nada mais é do que
uma contração, à
moda japonesa, de
―Justice Champion‖.
A propósito, a
música-tema do
heroi, cantada com
estilo pelo falecido Ai
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Takano, é ―Ore ga seigi da! Juspion‖ (ou ―Eu sou
a Justiça! Juspion‖). E pensar que por pouco o
heroi não foi batizado como Deniro, em
homenagem ao ator Robert De Niro. Sucesso
sem precedentes quando exibido na extinta Rede
Manchete no final da década de 1980 ao lado de
Changeman, Jaspion teve repercussão mediana em seu país.
178) BOOMERMAN, UM HERÓI TAPA-
BURACO - No seriado do Jaspion, havia o herói
coadjuvante Boomerman, vivido pelo ator e
dublê Hiroshi Watari, que tinha sido o ator
principal em Sharivan, dois anos antes. O
Boomerman (no original, Boomeran) foi criado
pelo roteirista da série, Shôzô Uehara, para
suprir a falta de tempo de Hikaru Kurosaki, o
Jaspion. Na época da série, Kurosaki estava
muito ocupado com teatro, e nem sempre
conseguia conciliar os dois trabalhos. Como a
história tinha que ser conduzida na maior parte
do tempo por personagens humanos, entrava em
cena o Boomerman, contracenando com o
Jaspion de armadura. Boomerman acabou
ficando pouco na série, pois o ator Hiroshi Watari
teve que tirar uma licença para extrair pinos que
tinha na perna por conta de um acidente de
moto que sofrera durante um passeio em
setembro de 1984. Depois de apenas 6
episódios, ele se afastou, mas conseguiu voltar
para mais dois episódios e encerrar sua
participação na série. Como uma compensação,
os produtores ofereceram a ele o papel principal
em Spielvan, a série que iria suceder Jaspion na TV.
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179) JASPION E O EPISÓDIO JAMAIS
FILMADO – Dos 46 episódios da série Jaspion,
42 foram escritos pelo veterano Shôzô Uehara
(roteirista principal das séries Uchû Keiji) e os
outros 4, pelo roteirista de animes Haruya
Yamasaki (falecido em 2002). O que muita gente
desconhece é que houve uma história inédita,
escrita por Shigemitsu Taguchi, que estava
cotado para fazer parte do staff. Taguchi foi o
roteirista principal de Ultraman Taro (1973) e
Ultraman Leo (1974). O título provisório era
―Kimi wa kyojû o mita ka‖ (ou ―Você viu o
monstro gigante?‖), mas não se sabe ao certo
quando foi escrito e porque não foi aprovado. Na
história, o menino Tetsuo, que vivia mentindo
para chamar a atenção de seu pai, acaba
presenciando o monstro Brackie, que só
mostrava sua forma verdadeira quando sugava
eletricidade. Como Tetsuo havia descoberto o
segredo do monstro, MacGaren (Mad Galant, no
original) acaba assassinando o pai do garoto,
através de um acidente. Entretanto, pela fama
de mentiroso, ninguém acredita no que ele fala
(sobre o monstro e a morte de seu pai), a
começar pela polícia. Mas Jaspion é o único que
acredita no garoto e começa a investigar os
planos de MacGaren. Brackie, originalmente, era
um monstro dócil, até ser enfurecido por Sata
Goss... Com suas terríveis presas, ele morde o
braço do Daileon, soltando descargas elétricas
(até isso estava no script...). O desfecho parecia
ser bem triste, com o Tetsuo, perdendo o pai, e
com o apoio do Jaspion, ganha forças para
continuar a vida... Pela sinopse, já dava pra
sentir um certo toque das séries Ultra, ainda
mais com o tema do ―garoto mentiroso‖,
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utilizado em outras produções.
180) JASPION 2 – A MISSÃO (DE FATURAR
MAIS) - No Brasil, a série do Guerreiro
Dimensional Spielvan (Jikuu Senshi Supiruban,
1986) recebeu o título de Jaspion 2 - Spielvan.
Fora o visual semelhante, não havia relação
alguma entre as séries e o recurso foi puramente
uma estratégia de marketing, já que Jaspion
havia sido o
herói mais
popular jamais
visto até então
na TV brasileira.
O título
somente era
usado nos
materiais de
merchandising,
já que na série
era usado o
nome
verdadeiro do
herói. Mas nem
de longe o
sucesso se
repetiu, pois o
público logo
percebeu que era outro herói, sem relação
alguma com o Jaspion. Spielvan teve o nome
inspirado no diretor Steven Spieberg. É que a
grafia ―mais correta‖ do nome seria Spielban, e
não Spielvan. Já sua companheira de luta era
uma homenagem mais óbvia: Lady Diana, a
famosa princesa britânica que, na época da série
estava bem viva e casada com o Príncipe Charles.
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181) CONTINUAÇÕES QUE NÃO ERAM - O
recurso de vender uma produção como
continuação de outra faz muito fã torcer o nariz,
mas isso já foi feito muitas vezes no mundo. O
seriado Policial do Espaço Gavan, de 1982, foi
sucesso na França com o nome de X-Or (leia
―Ekzor‖). Seu sucessor, Sharivan, acabou sendo
lançado na terra de Napoleão com o título de X-
Or II. Pelo menos neste caso, os heróis eram
realmente relacionados, havendo inclusive
crossover entre as séries. Ainda na França, o
sucesso da equipe Bioman (de 1984) acabou
influenciando o lançamento de Bioman II, na
verdade um nome usado apenas lá para a série
Maskman (1987) e Bioman III, a denominação
na França para outro Super Sentai, o Liveman (1988).
182) JIRAIYA, O NINJA OLÍMPICO - Jiraya –
O Incrível Ninja foi um dos seriados tokusatsu
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mais populares no Brasil no começo da década
de 1990. Produzido no Japão em 1988 com 50
episódios, mostrava as aventuras da simpática
família de ninjas do clã Togakure. O herói da
série, o Jiraya (vivido pelo ator Takumi Tsutsui),
usava a tradicional Armadura Olímpica e a
poderosa Espada Olímpica, fora a pistola Olympic
Laser. Mas o quê os guerreiros japoneses cujos
feitos se tornaram lendas têm a ver com o
evento esportivo que se originou na Grécia
antiga? Absolutamente nada. A série, dublada na
Álamo e trazida pela Top Tape, ganhou esse
nome aparentemente de forma aleatória.
Entretanto, como o seriado foi produzido em
1988, ano da Olímpiada de Seul, os Ninjas do
Império (Sekai Ninja, ou ―mundo dos ninjas‖)
foram realmente inspirados no evento esportivo,
já que em sua grande maioria, cada ninja
representava um país diferente. No original
japonês, a Espada Olímpica se chamava
Jikoushinkuuken, ou ―Espada de Vácuo Luminoso
Magnético‖. Não ia dar tempo de falar tudo isso
no meio de uma luta.
183) TETSUZAN YAMASHI – UM NINJA DE
VERDADE - No seriado, o pai adotivo do Jiraya
foi interpretado por Masaaki Hatsumi, um ninja
verdadeiro. Discípulo de Toshitsugu Takamatsu,
o último ninja profissional, Hatsumi é o criador
da escola Bujinkan, que mantém viva as
tradições da arte ninja. Nascido em 1931, o
veterano ninja também foi consultor de artes
marciais em Jiraya e até em um filme de James
Bond, o clássico Com 007 só se Vive Duas Vezes
(You only live twice, de 1967), com Sean
Connery como o famoso espião.
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184) O
JIRAIYA
QUE NÃO
FALAVA
JAPONÊS
– Além do
guerreiro
da Espada
Olímpica,
existe um
outro
personagem de tokusatsu que leva o mesmo
nome: É o Ninja Black Jiraiya, personagem da
série Ninja Sentai Kakuranger (Esquadrão Ninja
Kakuranger), produzida pela Toei em 1994 e que
contou com 53 episódios. Nesta série, cinco
descendentes de ninjas lendários enfrentam um
youkai maligno que já havia sido inimigo de seus
antepassados. Aqui, Jiraiya é um voluntarioso
ninja nipo-americano que, por ter sido criado em
Los Angeles, não sabe falar direito o japonês.
Coincidentemente, o herói foi interpretado por
um verdadeiro nipo-americano de Los Angeles:
O ator Kane Kosugi, filho do famoso ator japonês
de filmes de ação Sho Kosugi. Com 20 anos na
época, Kane ainda não dominava bem o idioma
natal de seu pai, o que acabou influindo
diretamente na caracterização do personagem.
Ainda assim, apesar de suas dificuldades de
expressão, ele se consagrou como o primeiro
nipo-americano a protagonizar uma série da
Toei. Uma curiosidade é que papai Sho fez uma
participação especial em dois episódios,
interpretando um vilão que é derrotado pelo
Ninja Black Jiraiya. Quanto a série Kakuranger,
ela acabou chegando ao ocidente pelas vias
tortas da Saban, já que serviu de base para
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parte da terceira temporada de Power Rangers
(Fase dos Alien Rangers). Alguns elementos da
série original também foram aproveitados em
Power Rangers: O Filme.
185) BLACK KAMEN RIDER E SHADOW
MOON: IRMÃO SOL, IRMÃO LUA – Em Kamen
Rider Black (1987~88), os malignos sacerdotes
do Império Gorgom chamavam o heroi (vivido
por Tetsuo Kurata) de ―Senhor Black‖. Em
japonês, a palavra ―san‖ é usada como ―senhor‖
ou ―senhora‖, uma forma de tratamento
respeitoso. Mas não era essa a intenção do autor
Shotaro Ishinomori. Na história original, o
protagonista Issamu Minami (Kohtaro Minami, no
original) recebeu um codinome dos Gorgom
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que o criaram, que era Black Sun, tradução do
inglês para ―Sol Negro‖, irmão de Shadow Moon,
que se traduz como ―Sombra da Lua‖. Os nomes
eram relacionados e tirados do inglês. Como a
pronúncia para a palavra japonesa ―san‖ e o
termo em inglês ―sun‖ é igual, a tradução feita
no Brasil cometeu esse erro, que poderia ter sido
evitado consultando o script em japonês. Após o
final da série, os dois rivais voltariam a lutar na
série Kamen Rider Black RX (1988~89),
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continuação direta de Black, novamente com
Tetsuo Kurata. Depois, Black, Black RX e até
Shadow Moon viriam a aparecer no longa Kamen
Rider Decade - All Riders vs Dai Shocker (2009)
e Let´s Go Kamen Riders (2011). Em tempo:
Kamen Rider Black foi lançado no Brasil, na
extinta TV Manchete e também em fitas VHS da
Intermovies, com o título ―Blackman‖. Na série,
ele era chamado mesmo de Black Kamen Rider.
Felizmente, Kamen Rider Black RX foi lançado no
Brasil com seu nome original.
186) KAMEN RIDER: HERÓIS MAIS
HUMANOS - Black e Black RX pertencem a uma
das maiores franquias de heróis japoneses:
Kamen Rider. Personagem de Shotaro
Ishinomori, autor de Cyborg 009 e muitos outros
personagens, Kamen Rider nasceu como um
projeto feito para concorrer diretamente com os
heróis gigantes superpoderosos da época. Um
ciborgue criado pela organização
maligna Shocker, o motoqueiro Takeshi
Hongo se volta contra seus criadores e luta pela
própria sobrevivência e pela salvação do mundo.
Sem raios ou poderes exagerados, usava socos e
chutes contra monstros de tamanho humano. A
fórmula agradou em cheio, bem como o carisma
do ator Hiroshi Fujioka. Porém logo no episódio
13 ele sofreu um acidente feio de moto que o
obrigou a deixar a série. Entrou o ator Takeshi
Sasaki, que interpretou Hayato Ichimonji, o
sucessor do Kamen Rider como protetor do
Japão. A justificativa dada foi o herói viajar para
fora do país para enfrentar o inimigo em outras
frentes. Usando o mesmo visual, o segundo
Rider deu continuidade à série, que
definitivamente se distanciou do mangá original.
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Depois da recuperação do ator, o Rider original
acabou voltando durante a série e o final
mostrou os guerreiros vencendo os inimigos
como uma dupla. Para serem diferenciados, o
original passou a usar luvas e botas brancas e o
segundo, vermelhas. Sua série teve 98 episódios
e ganhou derivadas, como o Kamen Rider
V3, X, Stronger, Super-1 e outros. Após a morte
de Ishinomori, a Toei continuou a produzir novos
Riders, alguns totalmente distantes dos
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conceitos originais do criador. Vieram os Kamen
Riders Kuuga, Agito, Ryuuki (adaptado nos EUA
como Kamen Rider – O Cavaleiro Dragão), Kiva,
Den-O, Decade, W (Double), OOO (leia ―Oozu‖)
e diversos outros.
187) KAMEN RIDER DECADE E A POLÊMICA
EXIBIÇÃO NOS CINEMAS - Em 12 de
dezembro de 2009, estreou no Japão a produção
Kamen Rider vs Kamen Rider - W & DECADE
MOVIE Taisen 2010, com os dois mais recentes
heróis da franquia Kamen Rider. O filme, com
duração de cerca de 90 minutos, foi dividido em
3 partes. Primeiro, o episódio final (Kanketsu
Hen) de Kamen Rider Decade . Em seguida, o
episódio zero de Kamen Rider W (Begin’s Night).
E por fim, um crossover entre os dois
personagens (MOVIE Taisen). A jogada de
marketing de fazer com que o público vá ao
cinema para ver o final de Decade, não caiu
muito bem, e foi muito criticada. O problema se
originou logo após a exibição do preview do
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filme, no último episódio (exibido em
30/08/2009), com a frase "A Rider War é para o
cinema". Isso criou um mal-estar no público, que
se viu obrigado a ir para o cinema se quisesse
ver o final da série. O problema não estava no
fato do filme ter ligação com a série (afinal é até
comum uma série gerar um ou mais longas no
cinema) ou ser o verdadeiro final, mas pela série
em si não ter tido um final. Numa coletiva de
imprensa regular, após a exibição do último
episódio, o presidente da TV Asahi, Hiroshi
Hayakawa reconheceu o erro. E esse problema
chegou aos ouvidos da BPO (Broadcasting Ethics
& Program Improvement Organization), uma
organização que controla a ética televisiva, que
não poupou críticas a essa jogada de marketing.
A atitude foi criticada por muitos internautas,
alguns deles pedindo o cancelamento do filme, e
que este fosse transformado num especial de TV.
A ideia até que não seria ruim, mas improvável, devido a venda de entradas antecipadas.
188) SABURO YATSUDE, O ―PAI‖ DOS
HERÓIS DA TOEI COMPANY - Saburo Yatsude
é o nome creditado como o criador de Jaspion,
Changeman, Flashman, Jiraiya, Jiban, Maskman
e algumas dúzias de séries similares da Toei
Company. Como um cara sozinho conseguiu criar
tantas séries e estar no topo há tanto tempo?
Simples, ele não existe! Saburo Yatsude é o
pseudônimo do estúdio Toei Company, que
organiza equipes de criação rotativas, com
interferência direta dos fabricantes de
brinquedos que patrocinam – e viabilizam – as
aventuras dos seus coloridos heróis. Nos anos 70
e 80, a maior parte do trabalho de criação
conceitual era feito pelo produtor Tohru
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Hirayama, que deu grande impulso ao gênero
dos heróis do tokusatsu, mas seu trabalho foi
sendo cada vez mais diluído e poucas vezes
reconhecido. No final, os personagens são
criações corporativas, feitos para promover
brinquedos, mesmo que o sucesso ou fracasso
desses personagens dependa do carisma dos
atores e da criatividade de roteiristas e diretores.
O ―autor‖ Saburo Yatsude (também chamado
algumas vezes de Saburo Hatte) apareceu pela
primeira vez nos créditos da série The Kagestar,
que estreou em abril de 1976. Na área das
anime songs, até algumas letras de músicas de
seriados também já foram creditadas a Saburo
Yatsude, talvez porque seus compositores
preferiram o anonimato.
189) QUE FIM LEVARAM? – Geralmente de
baixo orçamento, seriados tokusatsu costumam
dar chance a novos atores para mostrar seu
trabalho. Alguns seguem firmes na carreira, mas
outros vão caindo no esquecimento e acabam se
dedicando a outras atividades para sobreviver.
Veja o que andam fazendo alguns atores de
seriados: Tetsuo Kurata (Issamu Minami, o Black
Kamen Rider e KR Black RX) administra um
restaurante, mas ainda trabalha como ator,
tendo interpretado novamente Black e Black RX
na série Kamen Rider Decade (2009). Shohei
Kusaka (Naoto Tamura, o Policial de Aço Jiban)
virou empresario de artistas e esportistas.
Masaru Yamashita (Ryuma Ogawa, o Fire de
Winspector e Knight Fire em Solbrain), trabalha
como instrutor de beisebol para crianças. E Seiki
Kurosaki (Jaspion), virou instrutor e dono de
uma escola de mergulho.
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190) JÁ OUVI ISSO ANTES... - A Toei
Company sempre produziu seus seriados em
esquema de linha de produção, com muitas
soluções descuidadas que acabaram contribuindo
para o charme das séries tokusatsu. As séries
são produzidas para serem exibidas à razão de
um episódio por semana e reciclagem muitas
vezes é a palavra de ordem. Cenas de explosões
de carros e prédios em chamas foram
aproveitadas em diversos seriados, um recurso
que ficou fácil de ser percebido no Brasil, onde
várias dessas obras foram exibidas diariamente e
na mesma época. Em alguns casos, até músicas
de fundo foram reutilizadas. Em Winspector
(1990), o compositor Seiji Yokoyama foi
autorizado a reaproveitar temas instrumentais
que ele havia criado para Metalder (1987). Da
mesma forma, em Jiban (1989), o compositor
Michiaki ―Chumei‖ Watanabe reaproveitou alguns
temas que ele já havia utilizado em Sharivan
(1983) e Jaspion (1985). Ou seja, alguns
detalhes não são apenas parecidos entre as
séries. São os mesmos!
CAPÍTULO 4: VARIEDADES - MÚSICA, MODA, GAMES, COISAS LEGAIS E SERES BIZARROS
191) SUKIYAKI, UM PRATO MUSICAL – J-Pop
é a palavra que o ocidente usa desde a década
de 1980 para definir a música pop e o rock
nipônicos de forma geral. Mas ela surgiu e
começou a ganhar forma muito antes, logo após
a meteórica passagem dos Beatles pelo país em
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1966, o que
influenciou
muitos jovens
músicos a
embarcarem no
pop-rock. E
antes mesmo
disso
acontecer, em
1963, uma
canção alegre,
suave e
otimista fez o
país (e depois
o mundo) assobiar sua melodia. Era ―Ue wo
muite arukou‖ (ou ―Caminhando e olhando para
o alto‖), interpretada por Kyu Sakamoto, o
primeiro grande astro da música pop japonesa.
Pertencente ao chamado gênero ―kayoukyoku‖
(música popular, o pop daquela época), a música
foi rebatizada como ―Sukiyaki‖ e acabou fazendo
sucesso no mundo inteiro, ficando três semanas
no topo da parada da Billboard, nos EUA.
Ganhou versões até no Brasil, onde foi
regravado ao longo dos anos como ―Olhando
para o céu‖ pelo Trio Esperança, As Patotinhas,
Daniela Mercury (esta, cantando em japonês) e
Jair Rodrigues. Sakamoto morreu em agosto de
1985, no acidente aéreo do vôo 123 da Japan
Airlines, um dos maiores desastres da aviação
mundial, mas sua música é reverenciada até
hoje. E afinal, qual o motivo para terem
escolhido o nome do prato tradicional Sukiyaki
como título internacional para a música, sendo
que ela nem fala sobre comida? Motivo nenhum,
pois os produtores da Capitol Records (EUA)
apenas queriam um nome simples que tivesse
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sonoridade japonesa. Podia ter sido ―Sashimi‖,
―Arigatôu‖ ou qualquer outra coisa...
192) STREET FIGHTER E A CIRANDA DOS
NOMES – Criado em 1991 pela empresa
Capcom, o game Street Fighter II apresenta
algumas histórias interessantes sobre os nomes
de alguns dos seus vilões. Na versão original
japonesa o grande chefe era Vega, o toureiro era
Balrog e o boxeador era M. Bison. Entretanto,
não foi com essa relação entre nomes e
personagens que eles ficaram conhecidos no
ocidente, tudo por conta da chegada do game
aos Estados Unidos. Como o personagem M.
Bison havia sido criado tendo como modelo o
então campeão mundial de boxe Mike Tyson, os
executivos da Capcom ficaram com medo de
serem processados pelos agentes do campeão
por uso indevido de sua imagem. A solução, para
aliviar as coisas, foi misturar alguns nomes. E foi
assim que Vega virou M. Bison, Balrog virou
Vega e M. Bison virou Balrog, que confusão...
Mais tarde, o rebatizado chefe M. Bison ficou
conhecido apenas como Bison. Outro vilão que
teve o nome
mudado nos
Estados Unidos
foi Akuma. Seu
nome original:
Gouki, o
mesmo de um
conhecido
demônio da
mitologia
japonesa, não
era considerado
pela Capcom
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americana como suficientemente sinistro para
batizar um vilão desse porte. E foi por esse
motivo que ele foi chamado de Akuma, que em
japonês significa ―mau espírito‖ ou ―demônio
perverso‖.
193) KAZUO KOIKE, UM INTELECTUAL DOS
MANGÁS NO MUNDO DAS ANIME SONGS -
Nascido em 8 de maio de 1936, o roteirista
Kazuo Koike ganhou fama e prestígio no mundo
inteiro com seu mangá Lobo Solitário (Kozure
Okami, 1970), uma poderosa aventura de
samurais voltada a adultos. Também escreveu
Crying Freeman (ilustrado por Ryoichi Ikegami)
e Yuki (com arte de Kazuo Kamimura), todas
obras densas, intelectuais, violentas e de
conteúdo totalmente adulto, com protagonistas
sanguinários e implacáveis. Mas Kazuo Koike
também deixou sua marca no vibrante – e quase
sempre pueril - mundo das anime songs. É dele
a letra das músicas de abertura de Goggle V (de
1982, já visto no Brasil) e Dynaman (1983),
seriados da franquia Super Sentai. Também
escreveu letras para as músicas ―Bokura no
Mazinger Z‖ e ―Ore wa Great Mazinger‖,
dofamoso robô gigante Mazinger Z. A primeira,
inclusive, foi pirateada em português em 2010
para a campanha de um candidato a deputado
federal de São Paulo, Carlos Henrique, do PP.
194) ICHIROU MIZUKI, O HOMEM DAS MIL
MÚSICAS - Anime songs ou anisongs são as
canções de animês, mas também incluem os
temas de tokusatsu, séries inspiradas em mangá
e até games. Maior batalhador pelo
reconhecimento das anime songs como um
segmento de mercado a ser respeitado (inclusive
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artisticamente), o
cantor, ator e
dublador Ichirou
Mizuki é
conhecido como
Aniki (―ani‖ é
―irmão mais
velho‖), também
uma abreviação
para ―anison
king‖. É dele a
voz ouvida nos
temas originais
de Capitão
Harlock,
Mazinger Z,
Metalder
(encerramento),
Spielvan e vários
outros. Como
ator, Mizuki interpretou em 1986 o Dr. Paul, pai
do heroi Spielvan. Foi membro fundador do
grupo JAM Project em 2000, e desligou-se
oficialmente em 2002. Seu maior feito aconteceu
em agosto de 1999, quando cantou ao vivo nada
menos que 1.000 anisongs em sequência (cada
uma tendo em média 1m15s), numa
impressionante maratona que durou cerca de 24 horas. Haja fôlego!
195) ISAO SASAKI, O ―ELVIS JAPONÊS‖ –
Nascido em maio de 1942, o cantor, ator e
dublador Isao Sasaki se tornou um dos maiores
cantores de anime songs. É dele a voz ouvida no
imponente tema da Patrulha Estelar (Uchuu
Senkan Yamato), além de canções Metalder,
Goranger, Machine Man, The Ultraman (animê de
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1979), Galaxy Express 999, Dekaranger e tantos
outros. Como ator, foi visto aqui interpretando o
arqueólogo Prof. Nanbara, em Jaspion. No Japão,
seu vozeirão grave e imponente o tornou o
dublador oficial de Sylvester Stallone e
Christopher Reeve. Mas foi gravando covers de
Elvis Presley nos anos 1960 que ele chamaria a
atenção como músico. A imagem de cover do
Elvis ficou para trás na medida em que ele
consolidou seu trabalho tanto como cantor de
anime songs, quanto como ator e dublador. Em
março de 2010, ele reviveu seu início de carreira no evento Honolulu Festival, no Havaí.
196) CORPINHO DE DUBLADORA – O título
usado aqui pode parecer bem estranho à
primeira vista. Afinal, o que interessa para uma
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dublagem é que o ator ou atriz tenha uma boa
interpretação vocal e que ela seja adequada ao
personagem. Mas em nenhum outro lugar do
mundo os dubladores (ou seiyuu) têm um
tratamento tão reverenciado quanto no Japão.
Além de gravar músicas para os animês que
dublam, os seiyuu de maior sucesso acabam
sendo convidados para dar entrevistas e posar
para ensaios fotográficos, especialmente as
dubladoras, claro. Em alguns casos, é necessária
uma pesada produção para que a artista
escolhida para o ensaio pareça bonitinha como a
personagem que embala os sonhos de muitos
otakus. Também, ao gravar alguma música, sua
presença passa a ser mais requisitada para
shows e eventos, e para isso uma boa aparência
passa a ser cada vez mais importante. Mesmo
assim, em geral as dubladoras surgem das
escolas de dublagem. Um caso diferente foi o de
Megumi Nakajima (Ranka Lee, em Macross
Frontier), que venceu uma audição (via carta)
feito pela gravadora Victor. As candidatas tinham
que mandar duas fotos, sendo uma de rosto e
outra de corpo inteiro, mais uma gravação da
própria voz, fazendo cover de alguma música.
Ela foi apresentada num evento de Macross em
2008, que reuniu vários cantores, como Mari
Iijima (a eterna Lynn Minmay do Macross
original), Yoshiki Fukuyama (de Macross 7 e
membro do JAM Project), entre outros. Depois
disso ela seguiu firme na carreira de cantora e dubladora.
197) O MUNDIAL DE COSPLAY - Cosplay é
uma das formas de entretenimento da cultura
pop japonesa que vem ganhando mais adeptos
pelo mundo. A modalidade começou nos EUA, na
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década de 1970, com a primeiras convenções
dedicadas ao seriado Jornada nas Estrelas (Star
Trek), mas foi no Japão que ganhou mais
popularidade. Ao contrário do que muitos
pensam, não é apenas vestir a fantasia de um
personagem que faz de seu praticante um
cosplayer. A palavra veio da contração dos
termos "costume" ("traje") e "play" ("brincar"),
logo, o cosplayer deve interpretar seu ídolo,
fazer uma performance. Desde 2003, existe no
Japão o World Cosplay Summit, que reúne
duplas de cosplayers de diversos países. O Brasil
começou a participar em 2006, através da
editora JBC, que promove eliminatórias em
várias cidades, dentro de eventos temáticos de
mangá e cultura pop japonesa. Já na primeira
tentativa, o Brasil levou o primeiro lugar, com a
dupla formada pelos irmãos Maurício e Mônica
Somenzari, que se caracterizaram como
personagens da série Angel Sanctuary. Depois,
voltou a vencer em 2008, com a dupla Gabriel
Niemietz e Jessica Campos, que encarnaram
personagens de Burst Angel (Bakuretsu Tenshi).
As vitórias do Brasil - o primeiro país a vencer
dois mundiais - não devem ter surpreendido
muito os estrangeiros. Afinal, nosso país é
famoso em todo o planeta por seu Carnaval,
onde uma das formas de expressão mais
reconhecidas é exatamente brincar fantasiado.
198) ANIME SONGS COM UM TOQUE
BRASILEIRO - Em 2005, o conjunto japonês de
anime songs JAM Project (de Japan
Animationsongs Makers) lançou uma audição
internacional para escolher um "membro
honorário‖. O concurso foi vencido pelo redator e
tradutor brasileiro Ricardo Cruz, que logo gravou
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vocais para a música Gong, tema do game Super
Robot Wars Alpha 3, da plataforma PlayStation
2. Outras gravações vieram e Ricardo cantou em
diversos shows do JAM, aumentando cada vez
mais sua participação. Estreou como compositor
escrevendo, junto com o líder da banda Hironobu
Kageyama, a música "Sempre sonhando",
incluída no álbum Get Over the Border, de 2008.
O JAM Project, liderado por Hironobu Kageyama
(cantor de Dragon Ball Z, Cavaleiros do Zodíaco,
Changeman e Maskman, entre outros), se
esforça por manter vivo o espírito das
animesongs clássicas, que falam sobre os
personagens em melodias vibrantes, em
oposição ao pop mais genérico empurrado pelas
gravadoras.
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199) OTAKU - ENCAPSULADOS – Com a
invasão mundial de mangás, animês, games e
afins, o termo otaku tem se popularizado muito
no ocidente para identificar os fãs de cultura pop
japonesa, como uma moderna tribo urbana. Só
que no Japão a palavra não é tradicionalmente
vista com bons olhos. A palavra foi usada pela
primeira vez em 1983 pelo pesquisador Akio
Nakamori para nomear os jovens (homens,
geralmente) que se isolam do convívio social e
se dedicam de modo obsessivo a algum hobby,
como jogar games, colecionar itens de alguma
cantora ou banda de rock ou ainda idolatrar
personagens de animês e mangás. No idioma
japonês, ―otaku‖ é a palavra que define a casa
de uma pessoa. Grafada em alfabeto katakaná
(usado para termos e nomes estrangeiros ou não
naturais da língua japonesa), a palavra otaku no
sentido pop indica pessoas que vivem fechadas
em si mesmas, como num casulo. Nos EUA e
especialmente no Brasil, o termo foi apropriado
pelos fãs de mangá e animê, que formam
animadas turmas que em nada se assemelham a suas contrapartes nipônicas.
200) TERRORISMO OTAKU – Em março de
1995, uma série de ataques com gás venenoso
no metrô de Tokyo fez doze vítimas fatais e
milhares de feridos. O ato terrorista foi atribuido
à seita AUM - Verdade Suprema, liderada pelo
fanático religioso Shoko Asahara. Considerada de
alta periculosidade, a seita teve seus templos
fechados e seus membros presos ou
interrogados pela polícia japonesa. Um fato que
chamou a atenção é que muitos de seus
integrantes – incluindo seu lider – tinham amplo
conhecimento de mangá e animê, e usavam
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termos e definições próprios desses universos.
Asahara sonhava com armas iguais às que via na
TV, mencionava muito sobre robôs e armas
espaciais e até um trecho da música do herói
Kamen Rider foi usada como lema da seita.
201) DENSHA OTOKO: LIMPANDO A BARRA
DOS OTAKU - Presentes na sociedade japonesa
mas geralmente considerados párias, os otaku
ganharam ares de simpatia com um dorama (ou
drama), o equivalente japonês às nossas
novelas. Geralmente curtos, com no máximo 12
ou 13 episódios, um J-Drama (nome pelo qual as
novelas japonesas são conhecidas no ocidente)
conta historias tristes e de superação. Algumas
são inspiradas em mangá e a maioria tem
apostado no público jovem, trazendo astros da
música pop e modelos para interpretar suas
lacrimejantes histórias. E uma de grande
sucesso foi Densha Otoko (literalmente, ―O
Homem do Trem‖), a simpática história de um
otaku que se apaixona e é correspondido por
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uma garota normal, que além de tudo, é mais
alta e madura que ele e tem uma beleza
exuberante. Ao longo dos episódios, o
protagonista Yamada vai tentando conquistar a
doce Saori, enquanto tenta esconder seu lado
―vergonhoso‖ e vai pegando conselhos de outros
otakus que frequentam uma BBS, que é como
uma ancestral dos fóruns de internet e ainda
popular no Japão. Isso é o gancho para aparecer
todo tipo de otaku, todos bem intencionados, o
que criou uma aura de simpatia em torno da
tribo. Exibido em 2005, ainda teve um longa
(com outro elenco) e um especial de TV dando
continuidade à novela. Mas a moda passou e,
depois de tanta exposição na mídia, o modo de
vida otaku voltou a causar total estranheza e
antipatia perante a maior parte da população japonesa.
202) MAURICINHOS OTAKU - O universo de
Densha Otoko também mostrou para o grande
público a existência de uma subdivisão do
gênero otaku, o "Akiba 2.0‖, composto por
rapazes bem apessoados, longe do estereótipo
preconceituoso do otaku desleixado com a
aparência e jeito de nerd desajeitado. Akiba é
uma referência ao bairro de Akihabara, o paraíso
dos otakus repleto de lojas para todo tipo de
gosto. Já o ―2.0‖ não é nenhuma alusão a uma
―versão upgrade‖ de um otaku. O nome veio
porque eles só curtem personagens 2D (feitos
com traços não tridimensionais) e tem
―experiência zero‖ com mulheres, além de serem
o chamado "nimai-me", uma gíria pra definir
mauricinhos. Outra característica dos Akiba 2.0 é
que eles ―têm‖ que se manter virgens, para se
transformarem em ―Mahô-Tsukai‖ (Feiticeiros),
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ou algo assim. Eles dizem que não têm
namorada por opção, preferindo as garotas 2D.
203) COMPRANDO AUTÓGRAFOS! – Talvez
muitos desconheçam, mas no Japão, as sessões
de autógrafos são pagas, ou seja, você não
ganha os autógrafos, e sim as compra. Pode
parecer uma prática antiética, ainda mais
levando-se em conta que os artistas dependem
do público para existirem, mas é totalmente
legal, ou melhor dizendo, necessário, já que os
organizadores precisam pagar o cachê pela
presença dos artistas, além é claro de tirar um
pequeno lucro. Mas o mais importante, apenas
quem é realmente fã vai se sujeitar a pagar o
preço. Isso evita aquela prática de pegar um
autógrafo só porque é de graça. Os interessados
precisam chegar cedo e entrar na disputa de um
tíquete limitado, ou em alguns casos, comprar
algum produto relativo ao artista. Não são
permitidos autógrafos em produtos que não
tenham a ver com o artista. Isso evita aquela
situação constrangedora do convidado ter que
autografar um pedaço de papel qualquer. Deve-
se ter em mente que o que está sendo cobrado
não é o autógrafo em si, mas o fato de você
poder estar frente a frente com o artista.
204) KAZU, ASTRO DOS GRAMADOS, DOS
GAMES E DO ANIMÊ – Nascido em 1967,
Kazuyoshi Miura, ou simplesmente Kazu, foi o
primeiro jogador de futebol japonês a fazer
carreira fora de seu país, especificamente no
Brasil. Jogou pelo Palmeiras, XV de Jaú,
Matsubara, CRB, Juventus, Coritiba (onde foi
campeão paranaense em 1989) e sagrou-se
ídolo no Santos FC. No game baseado no mangá
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e animê Captain Tsubasa IV – Pro no Rival Tachi
(―Rivais Profissionais‖), da plataforma Super
Famicon, Kazu apareceu como atacante de
destaque, interagindo com personagens da série
Super Campeões. Além disso, ele e seu irmão
Yasu (também jogador profissional) foram os
astros do animê de longa-metragem Kazu &
Yasu – Hero Tanjou (―O Surgimento do Herói‖),
lançado em 1995 pelo estúdio Triangle Staff. Em
uma das cenas, Kazu aparece saboreando em
um barzinho um legítimo Guaraná Antárctica,
um refrigerante quase desconhecido no Japão
daquela época. Recordista de gols pela seleção
japonesa (55 gols em 89 jogos) e considerado
uma lenda viva, anunciou que pretende
continuar jogando profissionalmente até os 50
anos para conseguir quebrar o recorde mundial
de longevidade pertencente ao atacante inglês
Stanley Matthews (1915-2000), que se
aposentou aos 50 anos na liga inglesa, mas
ainda competiu até os 55 anos, na pequena
República de Malta. A ligação de Kazu com o
Brasil é sempre lembrada, pois seu site oficial
(www.kazu-miura.com) estampa a frase ―Boa sorte, Kazu!‖
205) YOKO KANNO
E A BRASILEIRA
JOYCE: O
ENCONTRO DAS
GRANDES –
Produzida em 2003
pelo Estúdio BONES e
contando com 26
episódios, a série de
animê Wolf’s Rain
chamou a atenção
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não só pela qualidade de sua produção, mas
também por ter contado em sua trilha sonora
com duas renomadas musicistas do cenário
internacional: A pianista e arranjadora japonesa
Yoko Kanno, responsável pela trilha do animê, e
a cantora e compositora brasileira Joyce. Foi
durante um show da brasileira em Tóquio que as
duas se conheceram e, tempos depois, Kanno
convidou Joyce para uma parceria em três
canções que seriam inseridas na trilha de Wolf’s
Rain. E assim, nasceram ―Dogs and Angels‖,
―Run, Wolf warrior, Run‖ e ―Coração Selvagem‖.
A primeira cantada em vocalização, a segunda
cantada em inglês com participação do grupo
vocal brasileiro Boca Livre e a terceira cantada
em português, com letra da própria Joyce. Anime
songs para ouvidos refinados.
206) O
FENÔMENO
MAID CAFE
– Um Maid
Café é um
tipo de
lanchonete
onde os
clientes são
atendidos
por lindas
garotas
vestidas de
empregada (maid) e falam como personagens de
animê. Oriundo da subcultura otaku, o que
chama a atenção é como esse tipo de
estabelecimento tem se proliferado nos últimos
anos, tomando conta do bairro Akihabara, que
outrora já fora conhecido como o bairro dos
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eletrônicos. Hoje, ela é chamada de ―Otaku no
Sechi‖ (ou ―A Terra Santa dos Otakus‖). Existem
dezenas de estabelecimentos que trabalham com
garotas vestidas de ―maid‖, e pelo menos a
metade é de Maid Cafe. O restante engloba
outros tipos de serviço como massagens,
relaxamento e até mesmo tirar cera do ouvido
de clientes. Para atrair os clientes, várias garotas
vestidas de cosplay, ficam espalhadas por
Akihabara distribuindo panfletos e até posando
para fotos. Os clientes são sempre recebidos
com um gentil ―Okaerinasaimase goshujin-
samá‖, que literalmente quer dizer, ―Bom
retorno, meu amo‖. E a coisa não fica só na
refeição, elas tentam empurrar de tudo um
pouco como CDs, figuras e tantas outras
―inutilidades‖. Quem nunca esteve em Akihabara
pode estranhar esse tipo de comportamento.
Mas basta ver os animês atuais para encontrar
uma personagem empregadinha (maid), um dos
símbolos do chamado Moe-Character, um tipo de
personagem que tem uma aura de doçura e que
exerce atração em parte do público japonês.
207) UM HERÓI QUE É A SUA CARA - Já
imaginou ter um boneco ou estatueta de super-
herói, mas com a sua cara estampada? É isso
que a Bandai fez com sua linha de figuras ―Jibun
Damashii‖ (Próprio Espírito). A primeira figura foi
do Kamen Rider 1, conforme reformulado no
filme Kamen Rider THE NEXT, lançado em junho
de 2009. Para ilustrar a amostra, foi utilizada
uma foto do redator da revista Hyper Hobby, que
divulgou o lançamento. Bastava fazer o pedido
pelo site do produto, preencher os dados e fazer
o upload de apenas uma única foto frontal do
rosto, pra eles transformarem em 3D. O primeiro
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lote foi de
apenas 3.000
unidades, ao
preço de 13.650
ienes (quase
150 dólares). As
figuras têm
cerca de 18cm
e vêm com 4
opções de mãos
e duas
máscaras. E
mais, a
embalagem, em
formato blister
pack, também
traz o nome que
o cliente
desejar, assim
como na base (stand). Mas vale lembrar que
apenas o rosto é moldado no boneco, e isso
exclui o cabelo. Depois do Kamen Rider, foi a vez
de Char Aznable, carismático vilão da série
original da franquia Gundam. Infelizmente, o site
www.jibundamashii.com somente aceita encomendas dentro do território japonês.
208) AS EMBAIXADORAS DA FOFURA -
Dentro da chamada cultura pop japonesa, a
moda acabou ocupando uma posição de
destaque, levando exóticos vestuários a serem
imitados por jovens de várias partes do mundo.
Dentre as várias tribos urbanas, destaca-se a
das gothic lolitas, garotas que combinam um ar
virginal de lolita (título extraído do famoso
romance do russo Vladmir Nabokov) com roupas
góticas (em geral, trajes vitorianos) a adereços
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variados, muitos inspirados em mangá e animê.
Com olhares e modos delicados, elas refutam
completamente qualquer rótulo ou apelo
sensual, atraindo ainda mais grande parte dos
olhares do público japonês Tal movimento
ganhou tanta força entre jovens antenados do
mundo inteiro que o governo japonês, que já
havia criado o "Embaixador do Animê" para o
gatinho Doraemon, resolveu nomear três
Embaixadoras do Kawaii (termo que define
coisas fofas, meigas), encarregadas de viajar
pelo mundo mostrando diferentes tendências da
moda urbana japonesa. Uma delas, Misako Aoki
(especialista na moda Gothic Lolita, que mescla
roupas antigas como vestidos vitorianos e um
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aspecto de fofura infantil), esteve no Brasil em
2009, passando por São Paulo, Recife, Rio de Janeiro e Brasília.
209) ASTRONOMIA OTAKU – Em 1995, o
astrônomo japonês Akimasa Nakamura descobriu
dois cinturões de asteroides e os batizou como
12796 Kamenrider e 12408 Fujioka. As escolhas
foram, respectivamente, em homenagem ao
famoso personagem de mangá e tokusatsu e ao
ator Hiroshi Fujioka, que interpretou o Kamen Rider original em 1971.
210) CASANDO COM UMA PERSONAGEM –
Que no Japão o termo otaku tem um sentido
pejorativo para indicar gente isolada e viciada
em algum hobby, é um fato que expõe um lado
preconceituoso da sociedade japonesa. A novela
Densha Otoko amenizou um pouco esse
sentimento, mas apenas por um tempo. Porém,
tem otaku que realmente ultrapassa os limites
do bom senso e acaba piorando ainda mais a
imagem dos demais. Em 2009, um japonês,
conhecido na internet pelo apelido Sal9000,
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anunciou que iria se
casar com uma
personagem de game,
a estudante do terceiro
colegial Nene
Anegasaki, do jogo de
estratégia Love Plus,
da plataforma Nintendo
DS (da Konami). O
jogo é do tipo
aventura, onde o
jogador pode simular
encontros e paqueras com as personagens
virtuais. Voltado a otakus, esse título é um
exemplo de quão diversificada e segmentada se
tornou a gigantesca indústria dos games,
superando em cifras a dos mangás, animês e
música. Sal9000 levou tão a sério o amor
platônico oferecido pelo jogo que resolveu se
casar com a personagem Nene, com direito até a
um sacerdote para oficializar a união. O
casamento aconteceu em 22 de novembro de
2009, foi transmitido pela internet e depois o
―casal‖ desfrutou (sabe-se lá como) uma
romântica lua-de-mel em Guam, paradisíaca
colônia estadunidense ao sul das Ilhas Marianas.
Não foi o primeiro caso no Japão de um cidadão
declarando publicamente preferir amar uma
personagem de ficção do que uma mulher de
verdade, mas sem dúvida esse foi o caso que foi
mais longe. Pelo menos, até o momento em que a pesquisa para esta obra foi encerrada.
FIM
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EPÍLOGO: O GRANDE TERREMOTO No dia 11 de março de 2011, um devastador
terremoto de magnitude 9 atingiu o Japão. O
tsunami que se seguiu matou milhares de
pessoas na província de Sendai, noroeste do
país. E com tudo isso, a usina nuclear de
Fukushima foi danificada e desencadeou um
acidente grave, espalhando o medo da
contaminação radioativa.
O coautor desta obra, Michel Matsuda, vivendo
na cidade de Oizumi, próximo de Tokyo, sentiu
pouco os efeitos do terremoto, felizmente.
Nas regiões mais atingidas, o pesadelo e as
dificuldades ainda em andamento comovem e
preocupam o mundo. A reconstrução será
demorada, cara e dolorosa, mas já está em
andamento.
Além de governo, autoridades e empresários, os
artistas se movimentaram em um grande
número de manifestações. Concertos musicais,
publicações, vídeos, canções e muitas iniciativas
foram feitas, seja para angariar fundos para as
vítimas, seja para encorajar as pessoas.
Em meio a tanta tragédia, a esperança, disciplina
e garra de um povo que sempre soube superar
as adversidades.
Desta vez não será diferente.
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Ganbarê!! (―Esforcem-se!‖) - Ilustração de
Akira Toriyama com seus personagens Goku (de
Dragon Ball) e Arale (de Dr. Slump) feita para
encorajar os sobreviventes da tragédia de 11 de
março de 2011. Ela resume bem o espírito
japonês de luta e determinação.
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LUYTEN, Sonia M. Bibe (organizadora). Cultura
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MONTE, Sandra. A presença do animê na TV
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NAGADO, Alexandre. Almanaque da Cultura Pop
Japonesa. São Paulo: Ed. Via Lettera, 2007
SCHODT, Frederik. Dreamland Japan – Writings
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SCHODT, Frederik. Manga! Manga! The World of
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OS AUTORES
Alexandre Nagado
Nascido em São Paulo (capital), em 8 de março
de 1971. Aos 17 anos começou a publicar
profissionalmente, desenhando cartuns para
jornais de empresas.
Em 1990, começou a trabalhar com quadrinhos,
tendo estreado com um roteiro para Flashman,
na Editora Abril. Assinou também HQs para
Maskman (Ed. Abril), Goggle V (EBAL) e Street
Fighter (Ed. Escala). Criou os personagens Blue
Fighter (Ed. Escala e Trama), Dani (Ed. Escala e
Via Lettera), além de diversos trabalhos de HQ
institucional. Em 2003, foi o organizador e um
dos autores do álbum Mangá Tropical (Ed. Via
Lettera). Desde 1992, atua também como
redator, tendo escrito para diversas revistas e
sites, como a revista Herói (ACME, depois
Conrad) e o site Omelete. Parte de seu material
de pesquisa sobre mangá, desenhos e seriados
japoneses foi compilado no livro Almanaque da
Cultura Pop Japonesa (Ed. Via Lettera).
Em março de 2008, esteve no Japão como um
dos 25 selecionados para o programa de
intercâmbio Jovens Líderes entre Japão~Brasil,
atividade comemorativa do Centenário da
Imigração Japonesa no Brasil, patrocinado pelo
MOFA - Ministry Of Foreign Affairs do Governo Japonês.
Tem produzido ilustrações para agências e
estúdios, desenhos para comunicação
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empresarial e caricaturas em eventos.
Apresentou palestras em São Paulo, Santos,
Osasco, Ribeirão Preto, Sorocaba, Ilha Solteira
(SP), Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR), Recife
(PE), Campo Grande (MS), Fortaleza (CE) e diversas outras cidades.
Site: www.nagado.com
Blog: www.nagado.blogspot.com Twitter: www.twitter.com/ale_nagado
Michel Matsuda
Nascido em 21 de novembro de 1977, em São
Paulo (capital), começou a vida de otaku em
1994, ao passar a frequentar exibições de vídeo
do grupo ORCADE, na Gibiteca Municipal Henfil.
Meses depois, no final de 95, junto com alguns
amigos, montou o seu próprio grupo, o Neo
Animation, permanecendo até 98 (o grupo
continuou suas atividades até 2008, no Centro
Cultural São Paulo). Também colaborou com
diversas revistas por um breve período. Dentre
elas, a Heróis do Futuro (da Press Editorial, a
convite do próprio Alexandre Nagado), ficando
do número 31 até o 41, quando foi cancelada.
Desde agosto de 2000, reside no Japão,
trabalhando como operário e podendo conferir,
in loco, os grandes eventos da área, além de
conhecer diversas personalidades do mundo pop
japonês e comprar, em primeira mão, muitas
novidades relacionadas ao seu hobby. Tudo fica registrado em seu blog.
Blog: www.universo-otaku.blogspot.com
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03
Rodrigo de Goes
Escritor e roteirista. Nasceu em São Paulo em 1º
de setembro de 1967. Iniciou sua carreira de
roteirista em 1988 nos estúdios de Maurício de
Sousa. Nos anos que se seguiram, prestou
serviços para as principais editoras do país
assinando roteiros para HQs para diversos
títulos, tanto do gênero infantil quanto infanto-
juvenil, incluindo Jaspion, Turma da Mônica,
Street Fighter, Change Kids, Astral da Turma e
outros, além do álbum Mangá Tropical. Ainda na
área de quadrinhos, trabalhou para agências de
propaganda criando peças promocionais e
institucionais.
Também atuou como escritor de livros infantis e
na produção de artes para livros didáticos e
paradidáticos. Aficionado de animê, mangá e
tokusatsu desde a infância, dedica boa parte de
seu tempo não somente a apreciar mas também
a pesquisar sobre o assunto, já tendo atuado
como articulista em revistas especializadas,
incluindo a Henshin (Ed. JBC).