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Lutas e Desafios Quilombolas no Brasil
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURIFACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE AGRONOMIA
Diamantina ,2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA
Disciplina:Extensão RuralProf: Igor Carvalho
Aluna: Núbia Santos
Objetivo
Mostrar a realidade e dificuldades encontradas pelos negros remanescente de quilombos no Brasil e apresentar um
trabalho social realizado pelo grupo Pet-Conexão dos Saberes na comunidade de Fazenda Santa Cruz.
Introdução
A historia do Brasil é caracterizada pela presença de negros que foram escravizados durante muito tempo.
Muitos cativos procuraram meio para escaparem daquele controle e repressão vigente;
Buscando romper as relações de dominação acabavam formando comunidades em regiões afastadas , (Júnior da Silva, 2012).
Surgindo assim os quilombos que pode ser conhecidos também como mocambos,
Sendo o quilombos dos Palmares localizado na atual Serra da Barriga .
Atualmente existem vários comunidades quilombolas remanescentes que ao longo do anos vem lutando pela reconquista ou permanência de seus territórios ancestrais.
Tem provocado varias divergências com o poder público ou privado,
Tentam por meios jurídicos ser amparados legalmente para exigirem a titulação dos territórios
Sendo esse direito previsto no artigo n.º 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988, sob o enunciado: “Aos remanescentes das comunidades de quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos’’(Schmitt,2002
Remanescentes e Territorialidade Quilombola no Brasil
A política de reconhecimento dos remanescentes das comunidades dos quilombos no Brasil é expressa desde de 1988 na Constituição.
E essa constituição de territórios étnicos espalhado por todo país também é conhecido em alguns lugares como terras de pretos ou território negro
Brasil : foram se constituindo através de processos que vão desde doação de terras, ocupação das terras livres, compra, herança , troca por serviços prestados ao Estado que enfatizam a sua condição de
coletividades camponesa,
acabou representando um fator decorrente de segregação social
possibilitou o fortalecimento de mecanismos de defesa da identidade cultural.
Fazendo com que o reconhecimento do domínio destes territórios se concretizasse de forma a resgatar a cultura afro-brasileira
dando origem a uma nova cartografia social de matriz étnica, baseada na nos ancestrais negros relacionados com a resistência à opressão histórica sofrida
Mapa com todas as regiões quilombolas do país
Exemplo
trabalho de Hebe Matoso (2006) na comunidade de São José da Serra,
onde ele colheu uma série de depoimentos de um dos moradores mais velhos da comunidade, após os contatos da Fundação Palmares e o reconhecimento do grupo como remanescente das comunidades dos quilombos
um avô que veio fugido de uma fazenda para a outra em busca da proteção do fazendeiro,
antes pouco mencionado, ressurgiu como herói, e o fazendeiro que o “acoitou”, como organizador de quilombos.
A “Fazenda do Ferraz” era também o “Quilombo do Ferraz”29.
Mas foram os filhos e netos de nossos depoentes, os mais velhos deles nascidos em meados do século XX, que construíram a nova identidade quilombola.
Recuperaram as narrativas de seus pais e avós, mas desenvolveram para elas novas
interpretações. Nesse novo contexto, práticas culturais com origem no tempo do cativeiro, como, por exemplo, o jongo e o caxambu – canto e dança em roda ao som de tambores –, foram transformadas em capital simbólico para afirmação da identidade quilombola. E com isso mostra perfeitamente os efeitos dessa valorização.
Segundo a Fundação Cultural Palmares existem hoje no país mais de 1.500 comunidades quilombolas certificadas
e ainda tem cerca de 996 processos em curso de regularização.
A falta de um reconhecimento oficial da autonomia quilombola no Brasil,torna-o, o único país que não resolveu suas questões territóriais das suas comunidades negras tradicionais em relação as demais nações afro- americanas que já obtiveram essa conquista(Chagas,2001).
Fonte:Fundação Cultural Palmares
A Presença Negra em Minas Gerais
Minas Gerais é um dos estados que possui uma das maiores populações negra descendente de escravos do país
Isso se deve às atividades:
mineradores
atraídos pela promessa de enriquecimento fácil e rápido foram atraídos para a região e consigo trouxeram escravos para o trabalho pesado nas minas .
conseqüentemente com a fuga de muitos escravos que buscavam sua liberdade e a conquistas de terras
grande números de quilombos acabaram sendo formados pelo Estado afora.
Atualmente, os descendentes de escravos lutam para conseguir se manter em suas terras e ter seu direito de propriedade sobre elas.
Hoje, existem mais de 400 comunidades quilombolas segundo (Silva, 2010).
Sendo maioria delas localiza-se na zona rural e algumas em centros urbanos.
As regiões do estado com maior concentração :
norte e a nordeste,
sendo o vale Jequitinhonha o local com maior remanescentes e quilombos (Figura 2) .
Figura 2:Vale do Jequitinhonha
E entre as comunidades remanescentes de quilombo Gerais( quadro1), estão aquelas pertencentes à mesorregião do Vale do Jequitinhonha
especificamente a região que corresponde ao Alto vale Jequitinhonha
onde o grupo Pet- Conexão dos Saberes juntamente com associações locais vem acompanhando a comunidade De fazenda Santa Cruz desde do seu reconhecimento pela Fundação Cultura Palmares como remanescentes de quilombo(Quadro 2)
Quadro1: Comunidades remanescentes de quilombo de Minas Gerais
Região Número %Campos das Vertentes 5 1,1
Central Mineira 8 1,8
Jequitinhonha 105 24,1
Metropolitana/Belo Horizonte 54 12,6
Noroeste 15 3,4
Norte de Minas 153 35,1
Oeste de Minas 8 1,8
Sul 8 1,8
Triângulo/Alto Paranaíba 10 2,3
Vale do Mucuri 19 4,4
Vale do Rio Doce 29 6,7
Zona da Mata 21 4,8
Total 435 100,0
Fonte: Silva Eva, Aparecida da
Quadro 2:Comunidades remanescentes de quilombo do Alto Vale do Jequitinhonha
Comunidade Município Ano pedido titulação INCRA
Ano Cadastro Fundação Palmares
Ausente Serro ********** 03/09/12
Bau Serro ********** 03/09/12
Fazenda Santa Cruz Serro ********** 03/09/12
Queimadas Serro ********** 03/09/12
Vila Nova Serro ********** 03/09/12
Fonte:Fundação Cultural Palmares
E os principais desafios das comunidade quilombolas rurais estão ligadas:
a luta pela terra que apresenta-se imbricada na luta pelo acesso à água pela preservação do meio ambiente
Já no caso dos quilombos urbanos, essas comunidades tentam fazer valer o seu direito de permanecer em terras conquistadas por seus antepassados já que não possui o registro de posse de áreas urbanas .
Quilombos Urbanos
quilombos se fixaram nos arredores das vilas, centros urbanos e fazendas e tornaram-se urbanos em função do crescimento acelerado das cidades nos séculos XIX e XX .
Na região metropolitana De Belo Horizonte podem ser encontradas três comunidades urbanas: Arturos, Luízes entre outros
Luízes É um quilombo localizado no bairro Grajaú, na região sudoeste de Belo
Horizonte,
Arturos
Os Arturos localizada na região de Contagem
Comunidade de Arturos comemorando a Abolição da Escravatura
Quilombos Rurais
Grande partes dos remanescentes de quilombos em Minas Gerais são rurais,
devido a fuga constantes
principalmente em minas de diamantes entre os séculos XVIII - XIX no Arraial do Tijuco atual Diamantina e Serro Frio na região do alto Jequitinhonha
Fazendo com que os primeiros grupos de escravo refugiassem em outros lugares da região na tentativa de encontra a liberdade e uma vida menos sofrida .
Na região do alto Vale do Jequitinhonha pode se encontra vários grupos quilombolas como:
Baú, Ausente, Queimadas, Vila Nova Fazenda Santa Cruz pertencente ao município do Serro que esta localizado a 225 km da capital
mineira. Para efeitos deste trabalho, centraremos nossas atenções em na comunidade de Fazenda Santa Cruz.
Fazenda Santa Cruz(FSC)
FSC é uma comunidade remanescente de quilombo
reconhecida pela Fundação Cultural Palmares desde 2012, surgida na era da escravidão e nos tempos da mineração no alto Vale do
Jequitinhonha Figura3,
pertencendo a três municípios diferentes Diamantina , Serro e Datas
Figura 3: Mapa do Vale do Jequitinhonha
Sendo composto 44 famílias
que vivem basicamente
das roças, hortaliças, legumes, alguns animais domésticos
Está localizada em uma área de difícil acesso em condições de pobreza evidente devido ao descaso das prefeituras dos três municípios em que a comunidade esta dividida.
aos aspectos ligados a infra-estrutura urbana, recentemente a comunidade foi beneficiada com o programa Luz para Todos,
quanto ao acesso à água potável ainda é bastante rudimentar.
Não existe sistema de tratamento da água e nem sistema de esgotamento sanitário. Algumas casas possuem sistema de fossa séptica
terrenos abertos próximo a suas residências.
Quanto à destinação final do lixo, não existe sistema de coleta sistemática e nem limpeza de ruas e de outras áreas pública pelo órgão municipal.
Com o intuito de ajudar a comunidade no ano de 2010,
onde a renda per capita geral é bem inferior a ½ salário mínimo,
o poder de aquisição de bens é baixo
e a socialização acontece com a participação da comunidade em eventos como:
campeonatos esportivos,
festa religiosas,
reuniões escolares dentre outras atividades,
foi realizada uma reunião como Grupo PET Conexão dos Saberes da UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri) onde foram apresentadas as principais dificuldades locais e juntamente com todos foi decidido adaptar a granja de galinhas caipiras que já vinham trabalhando a algum tempo em parceria com a Associação Clubes de Mães .
diálogo não foi fácil ,
devido a comunidade ser muito retraída e não estar acostumada com a presença constante de pessoas diferentes.
Mas Fazenda Santa Cruz é uma comunidade bem organizada, unida, interessada e com vontade de crescer, que está criando aos poucos autonomia para lutarem pelos seus direitos enquanto cidadãos e isso a difere de outras comunidades sendo que a mesma tem iniciativa de buscar ajuda e parceria de outras entidades.
Meio de locomoção no época de chuva
Rio Jequitinhonha
Conclusão
As populações quilombolas vem lutando ativamente pelos seu direitos perante a sociedade brasileira , que durante muito tempo tentaram tirar seu territórios sem levar em consideração o tempo de permanencia dos negros remanescentes de escravos que naquele local vivem e tira o sustento de suas famílias.Com a ajuda de órgão específicos essa realidade tem mudado, mais mesmo assim muito ainda tem que ser feito e muita luta ainda precisa ser travada perante a sociedade para que essas comunidades quilombolas tenha voz e mais participação perante a uma sociedade que diz respeitar a democracia racial.
Referências Bibliográficas
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Chagas, Miriam de Fátima. A Política Do Reconhecimento Dos “Remanescentes Das Comunidades Dos Quilombos. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 7, n. 15, p. 209-235, julho de 2001.
Fundação Cultural Palmares. Quadra 601 Norte – SGAN – Lote L CEP: 70830-
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Júnia Bertolino. Os Arturos e o Congado: Símbolo de Luta e Resistência para O Povo Mineiro. Disponivel:http://www.palmares.gov.br/wp-content/uploads/2010/11/Os-Arturos-e-o-Congado1.pdf.
Júnior, Waldomiro Lourenço da Silva. Quilombos e quilombolas: uma história de resistência.São Paulo. 2012.Disponível: http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/3897/quilombos-e-quilombolas-uma-hist-ria-de-resist-ncia.html.
Matoso, Hebe. Remanescentes das comunidades dos quilombos: memórias do cativeiro e políticas de reparação no Brasil.Revista USP,São Paulo,n.68,p.104-111.Dezembro/Fevereiro. 2006.
Pet-conexão dos Saberes. Projeto Avicultura Comunidade Fazenda Santa Cruz.Disponível: http://petconexaoufvjm.weebly
Schmitt, Alessandra et al. A atualização do conceito de quilombolas:identidade e território nas definições teóricas Ambiente & Sociedade - Ano V - No 10 - 1o Semestre de 2002.
Silva Eva, Aparecida da. Ser remanescente de quilombo em comunidades do
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Treccani, Girolamo Domenico.Terras de quilombo Caminhos e entraves do
processo de titulação. Belém – PA – Brasil.2006.
OBRIGADO!!!
Contato:e-mail:[email protected]