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c E E M E 15 o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL Centro Espírita Léon Denis “O corpo reflete o que há no Espírito, sendo assim, o Espírito precisa ser curado primeiro. A Medicina Espiritual há de ser associada à Medicina Humana, em função de que uma vai cuidar do corpo e a outra do Espírito. A Medicina socorre o perispírito, mas também socorre o corpo, ela não se sobrepõe ao remédio, porque cada um age no seu campo; cada um tem a sua esfera de ação; cada um tem o seu momento.” Ignácio Bittencourt (Patrono do Encontro - 19/04/1862 - 18/02/1943) Reuniões de Estudo para o Encontro (Estudos realizados em 2004)

15 encontro espírita sobre medicina espiritual (celd)

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c E E M E

15o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

Centro Espírita Léon Denis

“O corpo reflete o que há no Espírito, sendo assim, o Espírito precisa ser curado primeiro. A Medicina Espiritual há de ser associada à Medicina Humana, em função de que uma vai

cuidar do corpo e a outra do Espírito. A Medicina socorre o perispírito, mas também socorre o corpo, ela não se sobrepõe ao remédio, porque cada um age no seu campo; cada um tem a sua esfera de ação; cada um tem o seu momento.”

Ignácio Bittencourt (Patrono do Encontro - 19/04/1862 - 18/02/1943)

Reuniões de Estudo para o Encontro

(Estudos realizados em 2004)

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2 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL

Índice

Mensagem para o 15o Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual................................... 3 Por que estamos insatisfeitos com as dificuldades que precisamos vivenciar? ............... 4 A compreensão do livre-arbítrio à luz da Doutrina Espírita................................................13 Quais os Recursos que a Doutrina Espírita nos Orienta na Aceitação das Provas (física, social, moral e familiar) .................................................................................................23 Imortalidade – A certeza da Misericórdia Divina.................................................................34 Conceito de Saúde Física e Saúde Espiritual .........................................................................43 O Comportamento Emocional diante das Doenças.................................................................52 Como é feito o Tratamento de Cura na visão da Doutrina Espírita...................................57 O Papel da Fé e da Esperança no Processo de Cura..............................................................62 A Necessidade da Mudança do Padrão Mental ......................................................................73 As Potências da Alma ...................................................................................................................78 O Florescer dos Valores Morais................................................................................................85 A Fidelidade aos Conceitos Doutrinários ................................................................................93 Jesus – A Terapia do Amor como Fonte de Progresso....................................................... 100 ANEXOS ........................................................................................................................................110 Mensagem de Ignácio Bittencourt na véspera do Encontro ..............................................110 1a vibração......................................................................................................................................112 2a vibração .....................................................................................................................................113 3a vibração .....................................................................................................................................114 O CASO DO MENINO DO REFRIGERANTE........................................................................115

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 3

Mensagem para o 15o Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual

E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista.

E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.

(Marcos, 10:51-52) Quando vemos a atitude confiante do cego Bartimeu perante Jesus e a multidão, sentimo-

nos comovidos, ante a determinação do espírito acicatado pela dor porém confiante em Jesus. Com efeito, muitos oram e rogam a Jesus a força precisa para suas lutas; nem sempre,

entretanto, trazem consigo as marcas da confiança e lealdade devidas a Jesus, no momento do testemunho e da dor.

Cada pessoa, ao ficar doente, ou está resgatando o passado ou é vítima dos abusos do presente.

Assim, marcando passo nas indefinições de comportamento perante a saúde, o homem sobrecarrega o seu organismo físico e, não raro, o espiritual, com as várias marcas decorrentes de seus atos insanos.

Chega, porém, o dia do reajuste — o momento em que, pela dor ou pela atenção ao seu próprio comportamento, o homem diz basta às insensatezes provocadas pelo seu modo de ser. Nesse momento, alguns de nós ficamos como crianças encurraladas, e choramos e esbravejamos contra a dor, exatamente como se não a tivéssemos merecido, esquecidos de que todos nós teremos o que plantamos, mesmo que pensemos ou desejemos o contrário.

Raros têm a atitude de Bartimeu, que, ouvindo a voz do amor, do desejo de ajudar que Jesus demonstra por nós, respondeu claramente, sem titubeios aos apelos de Jesus, com o sentido absoluto da fé e do conhecimento da verdade: “Que eu veja.”

Se fizéssemos isso, por certo diríamos também: “Que eu tenha saúde.” E falando desse modo, tivéssemos a resolução de agir corretamente com o nosso organismo, pondo fim aos abusos, quaisquer que sejam estes, e para que tenhamos acesso ao processo orgânico sem máculas, mantido por gestos sadios de alimentar-se e viver. Nesse dia, poderemos dizer: “Tenho a saúde que possuo.”

Paz! Ignácio Bittencourt

(Mensagem psicográfica recebida pelo médium Altivo Carissimi Pamphiro, em 6/8/2004, no CELD, RJ.)

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4 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL

Por que estamos insatisfeitos com as dificuldades que precisamos vivenciar? Aula dada por Mário Coelho em 15/04/2004

Insatisfação, muitas vezes, não é simples insatisfação. Nós precisamos ver quando estamos

insatisfeitos ou quando estamos irresignados, sem resignação. Porque quem está insatisfeito quer mudança e faz mudança. Quem está irresignado não. Batalha muitas vezes contra o próprio equilíbrio.

Paulo de Tarso, grande conhecedor dos movimentos humanos, que falava para o Cristianismo nascente, já dizia para a gente não se concentrar com o mundo, mas “transformai-vos”, ou seja, a gente poderia ficar insatisfeito com as situações e, diante delas, procurar se transformar. Há uma grande diferença entre insatisfação e resignação. O irresignado acaba trabalhando contra ele próprio, porque quando a gente entra na faixa da irresignação, não está resignado perante as próprias lutas, nós vamos na contramão do socorro. Porque começamos a valorizar muito a nós mesmos, e achar que estamos no lugar errado, na hora errada, com as pessoas erradas. Quando na verdade, já dizia o espírito Sheilla, estamos no lugar certo, com as pessoas certas, no momento certo, vivenciando as lutas que nós precisamos.

Então, quando vamos lidar com as dores humanas, devemos ver se o caminho pelo qual aquele sofredor chega para nós é o da irresignação. Porque teremos que fazer todo um trabalho de base, porque quando a gente está irresignado, a gente acha que Deus é injusto: “Por que só eu estou sofrendo? Por que só eu estou doente?” Começamos a valorizar a nós mesmos e achamos que sabemos mais do que Deus. Então, a gente vai na contramão do socorro. É uma coisa para a qual se deve ficar alerta.

Um dos grandes problemas nossos é no campo da relação humana, que a gente depois vai ver que acaba levando à doença. Um grande grupo de doenças que chegam à nossa Casa é mais doença moral do que física, ou começou, muitas vezes, com a doença moral e terminou na física. Pessoas que se aborreceram, que tiveram desilusões, que carregaram mágoa e daqui a pouco aparece um lúpus eritematoso, uma doença auto-imune, aparece uma artrite reumatóide, um câncer. É comum a gente ver essas solicitações no receituário mediúnico, e as pessoas contando essa história: “Passei uma grande desilusão e daqui a pouco surgiu isso.”

Qual é a grande dificuldade nossa no campo das relações humanas? Até porque é um dos aprendizados mais difíceis, o da relação humana. Uma vez perguntaram ao médium Chico Xavier qual a matéria em que Emmanuel era mais exigente com ele. Ele disse: “O trato com as pessoas.”

E qual é a nossa grande dificuldade, a grande dificuldade de quem aporta na nossa Casa? É o de levar tudo para o lado pessoal no trato com as pessoas.

Se o Fulano vem e faz qualquer ato de grosseria comigo, ou me trata mal, qual é a primeira coisa, se a gente está invigilante? É levar para o lado pessoal. Quando, na verdade, as ações das pessoas são o somatório de uma vivência que elas já carregam há muito tempo. Então, se ela é grosseira, ela será grosseira comigo, com ele, com ela, porque isso já faz parte da vivência pessoal dele. Da mesma maneira quem é bom. Quem é bom, não é bom só porque vai ser bom para Fulana, ele vai ser bom para Fulana, vai ser bom para ele e vai ser bom para aquele. E a gente, às vezes, se coloca também numa posição de especial, quando as pessoas bondosas tem alguma deferência para com a gente. As pessoas são o que são. O valor intrínseco não pode ser medido pelo jeito como as pessoas nos tratam. Isso é uma das grandes causas de doença aqui no nosso meio. As doenças que foram causadas no trato com as outras pessoas. Leva tudo para o lado pessoal. Quando na verdade, Fulano age assim com a gente, porque ele age assim. “— Ah! mas por que ele não age com Fulano assim?” Em geral, se formam grupos, aqueles grupos que se coadunam com aquela atitude dele, ele não age assim, mas qualquer pessoa que fure esta barreira ou que represente uma ameaça, a pessoa age dessa maneira com a gente. É uma das coisas que a gente deve sempre pensar para não carregar mágoa. Até porque como diz André Luiz: “Carregar mágoa, é carregar lixo inútil dentro do próprio coração.” Uma das coisas que a gente deve prestar atenção, no trato com as pessoas: será que eu estou levando para o lado pessoal? Vamos fazer um auto-exame. Aquilo que nos ensinou Santo Agostinho, lá em O Livro dos Espíritos, quando ele fala do conhecimento de si mesmo. Todas as

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 5 noites ele chegava e fazia uma auto-análise. Se as ações dele teriam prejudicado alguém. Se ele recebesse as ações que ele tinha feito, como ele se portaria? É o auto-exame, é o entrar dentro de si mesmo. É uma tarefa difícil a do auto-exame? É, porque dói, porque a gente encontra uma série de situações que pensa que venceu, e ainda não venceu.

No livro se não me engano Cura, de Chico Xavier, um dos espíritos diz que, a gente às vezes estuda dez anos, para dar o testemunho em um minuto. A gente pensa que venceu uma coisa e diante de determinadas situações, a gente vê que não venceu. É a questão do auto-exame.

Uma das causas de doença é a mágoa. A gente carregar mágoa. Aquela idéia que fica dentro da gente. E as idéias, quando lemos Ernesto Bozzano, vemos que criamos essas idéias, um filminho do que a pessoa fez com a gente, e aquilo ganha vida própria. Enquanto alimentamos, aquilo vira um personagem.

Um médium de língua inglesa conta um fato muito interessante. Foi um protestante na casa dele vender essas revistinhas de porta em porta, e quando descobriu que ele era médium, espírita, o homem começou a falar de céu, de inferno, de demônio, que aquilo era coisa do demônio. Ele foi aceitando aquilo, foi escutando e no final o homem pediu para rezar. Ele deixou rezar. Quando acabou a reza, o camarada foi embora, ele se concentrou e viu três figuras de diabo. Aqueles diabinhos com chifre, rabo, vermelho, como conta a alegoria. Aí o guia espiritual falou: “Isso não são espíritos, são as idéias pensamentos que aquele irmão formou aqui dentro.” Elas teriam uma quantidade de vida, na medida que ele entrasse naquela faixa e alimentasse. Isso uma coisa comum, um irmão que rezou por alguns minutos, agora imagine a gente pensando naquele filminho do Fulano que magoou a gente, e a gente vendo aquilo toda hora. Quanto aquele personagem que a gente cria vai ganhando força, vai ganhando braço, vai ganhando perna, vai ganhando movimento e fica como um personagem real, junto dos nossos pensamentos. Agora, imagine isso no nosso campo perispiritual? As forças que vamos movimentando, como vamos embrutecendo o nosso perispírito e como vamos alterar a nossa natureza celular. E aí começa a surgir a série de doenças. A gente sabe que vai vir de lá do espírito.

A gente nunca pode esquecer uma frase, quando estuda Medicina Espiritual, que está em O Livro dos Espíritos, pergunta 196-a que os espíritos falam para Kardec: “Teu espírito é tudo, teu corpo é simples veste que apodrece.” Então, a raiz de tudo é o espírito. Não podemos, no estudo das doenças, sempre qualificar tudo como do campo de vista físico. É claro que existem doenças que são puramente físicas. Encostamos o braço numa chapa quente, vai formar uma queimadura, é uma doença física. Abusamos de qualquer alcóolico, vai ter uma gastrite no dia seguinte, vai ter uma ressaca, é uma doença física.

Tem doenças no campo da psique que vão afetar o físico, e isso já está mais do que provado. A gente nem precisa falar sobre isso, porque sabemos, principalmente, sobre a imunidade. A pessoa com mágoa, com raiva, acaba desenvolvendo mecanismo auto-imune. É comum a gente ver pacientes, principalmente idosos, em quem estoura um Herpes-zoster, o famoso cobreiro, que dá sempre de um lado só do corpo. Vai colher a história e o Fulano vai dizer: “Eu me aborreci com alguém, estava magoado.” Por quê? Baixou a imunidade. Atua no perispírito, mexe em toda a arquitetura celular e a pessoa desenvolve um problema desses, de caso agudo. Sem contar as doenças crônicas, auto-imunes. Auto-imune, a gente já sabe, é autodestruição. No inconsciente da pessoa, ela está se autodestruindo. É o lúpus, a artrite reumatóide, que sempre se desenvolve com algum potencial, na grande maioria das vezes, potencial emocional desequilibrante.

Todos nós, sem exceção, aqui na sala, temos uma série de doenças guardadinhas, igual à caixinha de Pandora. Temos células cancerígenas se formando a todo momento no nosso sistema imune, os linfócitos vão lá e matam. Temos uma série de gens prontos para despertar. E por que não despertam? Enquanto a gente estiver equilibrado, eles vão permanecer guardados.

Tem um caso de um médium que teve uma doença. Médium de cura, dava passe aqui na Casa. Teve um problema renal, precisou fazer diálise, descompensou. Se teve a devida noção de que era de cunho de queda espiritual. Médium que dava passe, médium de incorporação, médium que tinha bom fluido, chegou uma certa hora da vida que ele falou: “Ah! não acredito mais muito

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6 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL em espírito, mediunidade.” E foi embora. Quando tentou voltar para a Casa, até voltou, voltou para tomar passe, porque não tinha mais condições.

Todos nós temos, igual à caixinha de Pandora, volto a dizer, uma série de doenças lá na nossa genética, porque a gente sabe que tudo é genética. E genética nada mais é do que a expressão do que está no perispírito. O que dá a fôrma à genética é o perispírito. Quem comanda é o perispírito. Pode ficar guardadinho de acordo com a nossa vida, com a nossa ação. Aquilo vai desequilibrar ou não. Vai ficar guardadinho ou não.

Então, os espíritos estão mais do que acertados quando nos mandam trabalhar. Porque eles estão olhando ali as predisposições. Cada um de nós é um terreno para várias doenças. Por que uma doença dá num de um jeito e em outro arrasa? O bacilo de Koch chega nela, não dá nada, dá um simples resfriado e nele dá uma tuberculose? Porque são terrenos diferentes. Predisposições diferentes. Tudo no fundo está lá na genética. O camarada tinha um gen para isso, mas, no fundo, a gente sabe que tudo é predisposição do perispírito.

É isso que a gente deve estar sempre lembrando. As nossas dificuldades como espíritos. Nós estamos trabalhando aqui como o doente que está dividindo o remédio com os outros. A gente está pegando parte do nosso remedinho e dividindo com os outros, para se sentir um pouquinho melhor.

A gente repara que as pessoas estão ficando sem resistência para as lutas. Qualquer coisa desequilibra. Qualquer luta que não desequilibraria, vemos as pessoas se desequilibrando por qualquer coisa. A gente acaba concluindo que, parte, é das facilidades que a gente tem. Porque o próprio progresso cria facilidades. Emmanuel diz que o progresso tecnológico veio para diminuir o tempo do trabalho do homem, para que ele pudesse se dedicar mais às coisas espirituais. Vocês já tinham pensado nisso? O progresso ser para isso, para termos mais tempo. Não precisar usar a força física. Tudo pelo botão, pelo maquinário, para que tivéssemos mais tempo. O progresso tem a facilidade, para que a gente tenha esse tempo, para se ligar nas coisas espirituais. Mas, em contrapartida, quando a gente não se liga nas coisas espirituais, ficamos com a cabeça vazia. A gente, às vezes, tem muito tempo e os espíritos mandam a gente trabalhar para isso, para ocupar a nossa cabeça, porque as facilidades quebram um pouco a nossa resistência.

Se a gente lembra da nossa infância, vamos ver que nossos pais, com todas as dificuldades de compreensão que eles tinham, com toda a rudeza, com toda aquela lei dura que tinham com a gente, eles eram mais resistentes. Porque a pessoa era obrigada, às vezes, a andar três quilômetros para estudar. Hoje em dia se não tiver o ônibus passando em frente à nossa porta, a gente reclama. As pessoas reclamam tanto de artrite, artrose, tendinite e nossas mães e avôs lavavam roupa no tanque. Tinha artrite, artrose? Se tinha, não tinha tempo de reclamar. A gente vai perdendo resistência até para a dor. A gente vê que as pessoas são muito frágeis para as dores, porque não tem mais essa resistência de caminhar, de andar, se esforçar. E acaba entrando muitas vezes no consumismo. Quem de nós aqui, mais velho, já não levou para escola, para a merenda, pão com banana, com ovo, com goiabada? Você pega um jovem de hoje, quem é que vai levar isso para escola? E se não tem o que levar, o que acontece? Entra no sentimento da irresignação. Começa a doença na idade escolar muitas vezes. Porque não consegue acompanhar o bonde do consumismo, que também é uma das causas de doenças. A gente, às vezes, quer comprar o som que tem cento e vinte botões e não sabe usar dois. Porque se não tiver, entra no sentimento de menos valia, de baixa auto-estima. As pessoas estão ficando sem resistência por isso. Além de não ter com que lutar, não se ocupam com as coisas espirituais. Temos que estimular as pessoas ao estudo e ao trabalho. Não só o trabalho aqui na Casa Espírita, como também o trabalho junto à assistência social, para vermos lutas maiores do que a nossa, ver pessoas que, se estivéssemos no lugar delas, não tiraríamos tão de letra. São pessoas que estão na luta, nem todos claro, alguns estão em provas brabas, expiações, mas vemos ali pessoas com uma têmpera, que vemos que estão acima da gente. Acontece igual à irmã Rosália no Evangelho. Ela diz que muitos daqueles a quem ela ajudou na vida, no outro lado ela teve que pedir as coisas a eles.

“Entretanto, esta caridade não deve impedir a prática da outra; pensai principalmente em não desprezar o vosso semelhante; lembrai de tudo o que eu já vos disse: é preciso ter sempre em mente que, no pobre rejeitado desdenhosamente, podeis estar repelindo um espírito que vos foi querido, e que se

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 7 acha momentaneamente em uma posição inferior a vossa. Revi um dos pobres da Terra a quem pude, por felicidade, ajudar algumas vezes e a quem, por minha vez, tenho agora de implorar.

Lembrai-vos de que Jesus disse que somos irmãos e pensai sempre nessas palavras, antes de repelir o leproso ou o mendigo. Adeus; pensai nos que sofrem, e orai!” (Irmã Rosália. Paris, 1860.)

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap. XIII – Item 9 – ED. CELD)

As pessoas estão ficando sem resistência por isso. Estão desacostumando de lutar, estão desacostumadas até com a dor, a própria dor física. A facilidade dos analgésicos favorece isso. Nunca se tomou tanto analgésico; em época nenhuma se vendeu tanto analgésico. Não é que a gente vai ser masoquista e querer ficar com dor, mas temos que ver que precisamos lutar em alguns momentos, fazer esforço.

Vejo muitos espíritos no receituário falar para as pessoas que estão tomando antidepressivo, calmantes e não estão melhorando, ele, o amigo espiritual falar assim: “Você tem que fazer aquilo que o remédio não pode fazer, que é a transformação íntima. O remédio vai te dar o equilíbrio para você pensar por um tempo, para você tentar solucionar. Mas quem tem que fazer a transformação íntima é você e não o remédio.” O remédio não vai transformar a gente de uma hora para outra. É bem verdade que a depressão é um distúrbio bioquímico, mas esse distúrbio bioquímico vem da alma. O que a gente vê de distúrbio bioquímico é apenas a ponta do iceberg. A gente deve lembrar as pessoas disso, e incentivar a buscar também a Medicina Espiritual, para ajudá-las a se transformar.

O objetivo da Medicina Espiritual não é curar a dor, que qualquer analgésico pode curar, mas o objetivo é nos trazer o equilíbrio, para que a gente caminhe com os próprios pés.

Ignácio Bittencourt, em Vozes do Grande Além, página 95 diz: “.. no entanto, desencarnado, agora, observo que a turba de doentes que na Terra me feria a visão, aqui continua da mesma sorte, desarvorada e sofredora. Os gemidos no reino da alma não são diferentes os gemidos nos domínios da carne. E dói-me o coração reparar as filas imensas de necessitados e de aflitos a se movimentarem depois do sepulcro, entre a perturbação e a enfermidade, exigindo assistência. É por esta razão, hoje reconhecemos, que acima do remédio do corpo temos necessidade de luz no Espírito.”

A gente tem que trabalhar para diminuir a fila de doentes do lado de lá. Porque senão daqui a pouco eles estão reencarnando e reencarnam doentes novamente. E fica nesse círculo vicioso. Devemos sempre olhar por esse ângulo.

Qual o objetivo da Medicina Espiritual? É tratar as doenças psíquicas, as doenças que estão no perispírito, para equilibrar o corpo físico? É, mas o objetivo final é acordar a pessoa para a realidade da vida espiritual.

Nem sempre a cura física desperta a pessoa. Uma pessoa foi curada de um mal brabo dos médicos conseguirem curar, e o espíritos acabaram curando. Anos mais tarde a pessoa nem lembrava direito da cura. Ou seja, a cura não foi o bastante para transformar.

Nós devemos estimular a busca da Medicina Espiritual, porque somos seres espirituais, somos espíritas, estamos trabalhando com os espíritos, mas lembrar sempre para a pessoa: “Isso tudo é para que você lembre que é espírito imortal. Os espíritos estão te curando, estão te apoiando para lembrar que você é espírito imortal, para você vê muito além disso aí.”

A gente lembra do stress da vida diária. O stress é necessário na nossa vida, ele nos faz caminhar. Mas no stress existem três fases:

1 – do alerta, nos chamar atenção; 2 – da adaptação, adaptar-se às lutas que tem que vivenciar; E podemos, por invigilância, cair na fase: 3 – da inadequação, da exaustão, porque não se soube lidar com seu stress. Já pensou se ficássemos paradinhos lá em cima do Monte Himalaia, sentadinhos, meditando,

a gente ia evoluir? Não. Nós temos que vir para Bento Ribeiro, passar pelos buracos que tem na rua, entrar numa rua que não pode, tem que acordar cedo, tem que enfrentar o patrão difícil, o paciente difícil, e assim a gente vai, porque o stress nos estimula.

Mas, se não entramos naquela fase de conhecer o que aquela situação pode acordar em nós, nós voltamos ao início da nossa aula, voltamos para fase da irresignação. Quando entramos na fase

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8 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL da irresignação, entramos na contramão do socorro espiritual. É como dizia Newton de Barros, é pedir água com o copo virado para baixo.

É uma das causas de doença. O stress não solucionado, a pessoa não adaptada para a luta, sem aquela resistência que a gente falou no início, não adaptado para lutar, sem vontade de lutar, entra naquela fase de inadaptação, não sabe gerenciar o stress e acaba gerando doença. Gera, primeiro, os transtornos da ansiedade, e a gente passa a viver em estado de alerta sempre. O estado de alerta é até benéfico. A adrenalina nos dá aquela posição de enfrentar o problema ou fugir do problema, nos bota alerta. É o hormônio que chamamos de o medo da luta ou da fuga. Só que ninguém pode viver em estado de alerta o dia inteiro. Como se andássemos armados o dia inteiro. Tem a situação de alerta, o elemento estressor nos atinge, nós não podemos fugir do stress, daquele sinal de alerta. O que devemos fazer? Aprender a gerenciar o nosso stress, para entrarmos na fase de adaptação e não na fase da exaustão, senão entra no transtorno da ansiedade e daqui a pouco está fazendo síndrome do pânico, que acaba virando distúrbio bioquímico, que na verdade é um estado d’alma. O distúrbio bioquímico é a ponta do iceberg. Toma remédio, melhorou. Melhorou, porque bloqueou temporariamente. Mas se a pessoa não se modifica, não apresenta naqueles momentos de melhora, vontade de se melhorar, daqui a pouco está enfermando de novo.

O que faz a síndrome do pânico? Não prende a pessoa em casa? A depressão não prende a pessoa em casa? Na verdade a pessoa passa mal na rua, não é porque está na rua, é para a pessoa inconscientemente querer fugir da luta. Eu passo mal, o que o passar mal está tentando fazer comigo? Me proteger das lutas lá fora, porque eu sou frágil, porque sou fraco, então vou ficar dentro da minha casinha, dentro do meu quartinho e não saio. Isso claro, dentro do inconsciente. Mas isso começa como? Desde lá de muito tempo, a gente vai juntando, no fim ocorre uma gota d’água, uma situação que explode, mas é o somatório de várias vivências nossa.

O que dizem os espíritos a Kardec, para vencermos nossas dificuldades íntimas, que é necessário nós fazermos pequeninos esforços. Mas aí eles dizem uma coisa que machuca a gente: “Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”

Pergunta 909: Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações? Resposta: “Sim, e, freqüentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”

(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Parte 3a – Cap. XII – Perg. 909 – ED. F.E.B.)

Não é preciso nenhum ato de bravura extraordinário, é sabermos vencer aquele minutinho. Se não vencemos aquele minutinho de impaciência, de reclamação, isso vai somando, vai somando, depois fica difícil derrubar uma montanha de uma vez só. Enquanto está um monticulozinho, bastam pequeninos esforços nossos, mas depois que vai acumulando, vai acumulando, como é que vai vencer?, até porque vira uma segunda natureza nossa, vira o nosso modo de ser. Fica bem mais difícil.

Como a gente gerencia o nosso stress? Primeiro, a auto-observação, a observação cuidadosa de nós mesmos. Voltando para O Livro dos Espíritos, Santo Agostinho falando:

Pergunta 919a: Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo? Resposta: “Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: “Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?”

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 9

“Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.

“O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhosos julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não na poderia ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça. Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas; dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a conta destes será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.

“Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso o objeto de todos os vossos desejos, o fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem! Que é esse descanso de alguns dias, turbado sempre pelas enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o homem de bem? Não valerá este outro a pena de alguns esforços? Sei haver muitos que dizem ser positivo o presente e incerto o futuro. Ora, esta exatamente a idéia que estamos encarregados de eliminar do vosso íntimo, visto desejarmos fazer que compreendais esse futuro, de modo a não restar nenhuma dúvida em vossa alma. Por isso foi que primeiro chamamos a vossa atenção por meio de fenômenos capazes de ferir-vos os sentidos e que agora vos damos instruções, que cada um de vós se acha encarregado de espalhar. Com este objetivo é que ditamos O Livro dos Espíritos.”

SANTO AGOSTINHO (O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Parte 3a – Cap. XII – Perg. 919a – ED. F.E.B.)

É aquele exame de consciência. Não precisa ser na hora de dormir igual a Santo Agostinho, porque tem dia que não dá. Tirar quinze minutinhos para o estudo, para ler uma página, para meditar. Não é aquela meditação de ficar em posição de lótus, com a perna cruzada, pensando no nada, no Nirvana.

Como a gente medita numa página espírita? É ver o que é que aquela página tem a ver com a nossa luta pessoal.

Vamos passar a meditar e meditar produz luz. André Luiz diz isso no livro Mecanismos da Mediunidade, Capítulo IV, “Matéria Mental e Matéria Física”, quando ele fala da teoria dos spins, do átomo do perispírito. Ele diz que os momentos de tensão pacífica, os momentos de luta, os momentos de introspecção, de auto-análise, movimentam não mais a órbita dos átomos perispirituais, mas o núcleo dos átomos perispirituais, e isso produz luz.

Então, os momentos de meditação vão gerar luz em nós, vão gerar situações diferentes no nosso perispírito. E a gente evolui assim, experimentando. Se a gente nunca experimentar uma coisa boa, a gente nunca vai pensar em querer conquistar.

Então, Fulana vem para o Centro, chega aqui, reza um bocadinho, eleva o padrão e se sente bem. Daqui a pouco ela vai entrar no dia a dia dela, vai voltar à vibração dela natural, que é próprio nosso mesmo, a gente não consegue manter vinte quatro horas o padrão elevado. Mas ela já experimentou uma sensação superior, isso vai fazer com que ela busque isso outras vezes. Seja num momento de solidão, seja num momento em que esteja para baixo, algum momento em que ela vai lembrar de coisas melhores, e isso vai estimular a buscar outras vezes. Porque se a gente não provar algo elevado, como é que a gente vai almejar algo que nunca viu?

André Luiz, no umbral, no finalzinho, quando ele está caído no chão, bebendo aquela água suja, comendo aquele mato, o que é que ele lembra? Das coisas boas que vivenciou no próprio lar,

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10 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL da sopa, do alimento, da roupa limpa, do amor materno, do amor paterno, isso fez com que ele lembrasse de Deus, das preces da mãe e foi lembrando que devia existir realmente um Deus, porque ele estava sobrevivendo a tudo aquilo. Daqui a pouco, ele entrou na faixa da prece e Clarêncio aparece e socorre. Sempre vamos experimentar algo superior para poder almejar. Enquanto não fazemos esses saltos assim, ficamos no lugar comum.

Temos que começar a trabalhar a fase de adaptação ao stress, que é a observação cuidadosa de si mesmo e aceitação do que pode ser diferente na nossa vida, do que não está de acordo com aquilo que planejamos. Porque muitas vezes entramos na irresignação, que vai gerar todas aquelas doenças que falamos, no nosso psiquismo, a depressão, o pânico, os transtornos obsessivo-compulsivo, porque achamos que nossa luta, nossa vida tem que ser tudo certinho, tudo milimetrado, sem qualquer coisa que fuja daquele mapa que montamos. Nós temos que aceitar que as coisas podem ser diferentes e que às vezes, temos que nos adaptar. Como na tempestade, a árvore que fica de pé não é a mais grossa, não é a imbatível, é a que se dobra às circunstâncias da luta. No popular, seria o jogo de cintura.

Hoje em dia a psicossomática, no campo da Psicologia, fala isso dos nossos estados emocionais gerando toda a sorte de doenças.

Quem é que não conhece as enxaquecas dos perfeccionistas? A pessoa é perfeccionista, vai acabar tendo enxaqueca, vai sofrer por conta disto, é próprio do perfeccionista.

As dermatites por conta do emocional. Embriologicamente, lá no embrião, o sistema nervoso e a derme derivam do mesmo local, que é o ectoderma (camada germinal primária externa, das três que envolvem o embrião. Dela desenvolvem-se a epiderme e os tecidos epidérmicos: unhas, cabelos e glândulas da pele; o sistema nervoso e os órgãos dos sentidos externos, como orelhas, olhos etc., e a membrana mucosa da boca e do ânus. – Dicionário Eletrônico Michaelis). Então, tem uma relação muito grande de pele, do exterior nosso com o emocional.

Não podemos esquecer nunca, quando estudamos Medicina Espiritual, da Lei de Causa e Efeito. Existem dois mecanismos básicos na Lei de Causa e Efeito: o imediato, que muitas vezes ocorre logo depois dos nossos atos e outros que vão ocorrer em outras encarnações. Há pessoas que vão trazer geneticamente, de outras vidas, pela Lei de Causa e Efeito, as predisposições às doenças, que vão se manifestar ou não de acordo com a maneira de caminhar, é o “Vá e não peques mais, para que não te aconteça algo pior.”, dito por Jesus. E outras vezes, viemos fadados mesmo não para esse lado de poder ocorrer ou não, mas vem mesmo com a doença, que pode ser minimizada pela Medicina Espiritual, pela modificação da criatura, pelo trabalho no bem. O próprio trabalho do bem é remédio da Medicina Espiritual em última análise. É o remédio prescrito pelos espíritos para todos nós.

Uma pessoa estava com uma tuberculose, deu em todos os exames, trabalhadora da Casa. O Dr. Hermann falou com ela: se você trabalhar, a gente pode modificar. Ela ia começar a tomar aquele esquema de tuberculose. Ela entrou no passe de cura, ou seja, a Medicina Espiritual, começou a tomar o passe. Ela não teve mais a tuberculose, mas passou a ter uma bronquite. Ela está trabalhando tanto no bem que, raramente, tem uma crise de bronquite.

Até mesmo dentro da Lei de Causa e Efeito algo pode ser mudado, de acordo com o apoio da Medicina Espiritual e a pessoa aceitando os ditames para aquela Medicina Espiritual agir sobre ela você. Não basta só os espíritos quererem nos curar, nós queremos nos curar? Às vezes, a doença traz um ganho para a gente. Isto a pessoa não faz porque é sem-vergonha, isto é inconsciente. Eu fico doente, todo mundo vai cuidar de mim. O marido talvez volte, a mulher talvez volte, o filho que não respeita talvez me respeite. Cria aquela coisa de não se melhorar nunca. Temos que observar se as pessoas estão agindo dessa maneira, mesmo que inconscientes, porque em geral não é consciente. Isso é comum em idoso.

Uma das coisas para que devemos nos preparar, em termos de doença, é preparar para a síndrome do ninho vazio. Quando os filhos crescem e vão embora, se a pessoa não tem uma estrutura psíquica, uma estrutura para pensar nas coisas espirituais, vai ficar naquele mundinho dela e passa a ter menos coisas para fazer, porque antes se ocupava com o filho. Não fica perturbada porque tem o que fazer, ocupa a cabeça, mesmo que não seja coisa espiritual. Mas na medida que não vai ter a roupa para cuidar, o livro para tomar conta, o horário, a comida, etc., entra na chamada

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 11 síndrome do ninho vazio, que é real. Então, nós temos que entrar numa estrutura antes disso. Estar voltado para o trabalho no bem. Já sabe com que ocupar seu tempo. Se preparou para a luta, para vivenciar esse momento de solidão, e é um momento sempre difícil. É o momento que você começa a pensar nas conquistas que não fez, principalmente a nível profissional. É a fase que a pessoa começa a ver ganhos e perdas materiais. E a julgar pela situação do país, se a gente for entrar nessa, fica deprimido. Isso é um dos fatores materiais que leva à doença. Nós vamos ver muitas pessoas tomando passe, que entraram em depressão, em pânico por conta da situação do país, porque elas não souberam vivenciar a luta. Seja através do desemprego, ou de outras situações, porque não se prepararam para as lutas. Nós não estamos aqui apenas para sofrer, estamos para tentar achar soluções. Desde o momento que se entra naquela de achar que tudo está ruim, difícil, a irresignação e entramos na contramão do socorro. Vem a doença física, a doença que estava no nosso mental vira uma doença física, uma doença bioquímica, temos que tomar remédio. E as pessoas estão num nível tão alto de perturbação que não conseguem aturar os primeiros sintomas colaterais da medicação. Começa a tomar um antidepressivo, deu tonteira, boca seca, e aí pára e vira outro problema, “Eu sou incurável, nada me cura.”

Quando a gente lida com Medicina Espiritual deve lidar com essas faixas de compreensão, porque se não entramos na faixa de compreensão, não ajudamos. Só seremos bons intérpretes dos espíritos da cura, se entrarmos na fase da compreensão. Vemos isso no receituário mediúnico, às vezes, vamos com cada dúvida banal, ou com cada dor, que para nós, encarnados, seria de pequena monta, mas vemos os espíritos respondendo com a maior seriedade, compreensão, porque sabe que aquela é a dor daquele indivíduo naquele momento. Aquela dor assistida, faz com que a pessoa permaneça na Casa. A pessoa vem aqui como o último socorro. Às vezes, uma palavra que foi dita, ou uma frase que o orador falou na palestra, até mesmo pelo socorro espiritual, faz com que as pessoas fiquem na Casa. Então, a gente deve sempre, quando vai trabalhar com os espíritos, entrar na faixa de compreensão. Como vamos ser intérpretes de um espírito compreensivo se não olhamos o outro com compreensão, com piedade?

E o passe, que é uma das bases da Medicina Espiritual, é unicamente piedade, e piedade é a irmã da caridade. É um grande exercício de piedade, porque eu vou estar na frente dela, nunca a vi, não a conheço, vou ter que estar pensando na dor dela, o que a fez vir aqui na Casa, vou ter que estar vibrando para tentar auscultar a dor dela, e sem receber o agradecimento, porque acabou o passe, cada um vai embora. Além de ser um exercício de piedade, é de humildade. Como vamos ser intérpretes de Bezerra de Menezes, se não temos cuidado com a dor alheia? Ele que se ocupa com toda dor alheia. Como vamos ser intérpretes desses espíritos que tem aqui aos milhares, voltados para a cura espiritual, se não estamos nem aí para a dor do outro? Nós temos que estar pensando: “O companheiro de repente, veio aqui como último socorro. Deve ter feito um esforço danado para chegar aqui hoje. Deve ter trabalhado, enfrentado lutas. Podia estar lá fora, se complicando mais ainda, mas veio aqui buscar o socorro.” Você entra na faixa do auxílio.

Às vezes, ficamos preocupados em saber o nome do nosso mentor. Na verdade não precisamos saber o nome do nosso guia, precisamos entrar na faixa dele, que é a faixa do trabalho. E qual é a faixa do trabalho voltado para a cura? É voltar para o alívio da dor do outro. É pensar na dor do outro. Na nossa Casa vamos ver muito isso, pessoas chegando com doenças que ainda estão naquela área do sentimento e da emoção, e que dá para fazer ainda muita coisa, antes delas se afundarem. É convidando sempre para o estudo.

Às vezes, menosprezamos a dor do outro. “Como Fulana foi ficar assim, com uma coisa simples?” Não podemos esquecer que estamos lidando com espíritos, que têm uma vivência de passado. A pessoa perde um cordão e fica deprimida, e falamos: “Como é que a Fulana, uma pessoa culta, perdeu o cordão e entrou em depressão?” É a coisa da reencarnação. Nós não entendemos porque numa luta comum a gente se desequilibra. É porque o sentimento de perda acorda um sentimento de perda lá do passado. Ela não sabe o que perdeu no passado, mas aquele sentimento que ela passa a alimentar por algumas horas, alguns dias, por alguns meses, acorda um sentimento de perda no passado. Seja uma perda material, a perda de um grande amor, perda da família que teve no passado. Aquilo acorda e, sem saber, já não está nem deprimida por causa do cordão, já não sabe nem porque está deprimida. Devemos lembrar muito bem disso, antes de julgar pequeno o

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12 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL problema do outro. Porque o problema acordou alguma coisa lá do passado, e a gente se desequilibra mesmo.

As premissas que um pesquisador fez do depressivo. Depressivo é aquele que tem culpa pelo passado, ele se culpa sempre pelo passado, de tudo ter dado errado, de tudo não sair como ele quis; apatia quanto ao presente e desesperança quanto ao futuro. Isso define o deprimido.

Quais são as premissas que faz a gente ficar depressivo? — Que para ser feliz devo ser aceito por todos; — Para ser feliz devo obter sucesso em tudo que faço; — Se eu errar isso significa que sou incapaz. Entra o sentimento de menos valia, de que eu

não presto, de que tudo dá errado para mim; — Não posso viver sem uma outra pessoa; — Se alguém descorda de mim, isso significa que não gosta de mim. Olha a gente caindo

na mágoa, na depressão. Aí entra a doença que é psíquica, daqui a pouco vira doença física e daqui a pouco libera o nosso cancerzinho que estava guardadinho, não precisaria a gente ter, e o colocamos para fora, pela auto-agressão;

— Meu valor como pessoa depende do que os outros pensam de mim. A pessoa vive a vida inteira tentando botar uma máscara, tentando atender aquilo que ela não é e, com isso, não caminha.

Para nossa reflexão final eu trouxe o livro Memórias de um Suicida, Capítulo IV, 1a Parte, tem um momento em que Jerônimo Silveira, recém socorrido do Vale, não quer cumprir a ordem de permanecer ali socorrido, quer ver a família. Já tinha passado treze anos que tinha se suicidado. O mentor Teócrito manda avisar a ele que o melhor é ficar aqui. Ele insiste e vem ver a família antes da hora. O mentor fala para ele: “Espera alguns meses, poucos meses e você se equilibra e vai poder ver a família com mais equilíbrio.” Mas ele não aceita. Vai e vê só as bobagens que a família estava fazendo, se descompensa e tem que ficar no isolamento durante anos.

Quando ele chama Teócrito de príncipe, Teócrito diz assim para ele: “Entre nós Jerônimo, pequena diferença existe, distância não muito avançada. É que tendo vivido maior número de vezes sobre a Terra, sofri mais, trabalhei um pouco mais, aprendendo portanto, a resignar-me melhor, a renunciar sempre por amor a Deus e a dominar as próprias emoções. Observei, lutei com mais ardor, obtendo destarte maior soma de experiência. Não sou como vês, soberano desse domínio, mas simples operário da legião de Maria. Maria, única majestade a governar este Instituto correcional, onde te abrigas temporariamente. Um teu irmão mais velho, eis a verdadeira qualidade que em mim deverás enxergar. Sinceramente, desejoso de auxiliar-te na solução dos graves problemas que te enreda, chama-me por Teócrito e terás acertado.”

Qual é a dica que Teócrito dá, para a gente, da evolução dele? “Sofri mais...”, ou seja, aproveitou do sofrimento. Pois aqueles em que bem-aventurados eram os aflitos, a aflição dele, fez dele um bem-aventurado, porque não se revoltou contra o sofrimento. “Trabalhei um pouco mais...”, o trabalho, que os nossos benfeitores aqui da Casa tanto falam para o nosso equilíbrio espiritual. “... aprendendo portanto, a resignar-me melhor...”, olha a resignação que nós falamos, que a irresignação leva a ficar na contramão do socorro e do progresso pessoal. E “...a renunciar sempre por amor a Deus...”, ou seja, escolher é o melhor caminho, não por amor próprio, porque se fosse por amor próprio, quantas vezes a gente atura uma série de coisas por amor próprio, mas está pensando por amor a Deus, por amor ao nosso próximo. Que no fundo, pensar no próximo, como diz no Evangelho, é pensar em Deus. A distância entre nós e Deus é o próximo, quanto mais próximo estivermos do nosso próximo, mais próximo estamos de Deus. E “... e a dominar as próprias emoções.”, é o conhecimento de si mesmo, é a meditação sobre nós mesmos, é aquilo que Santo Agostinho falou em O Livro dos Espíritos. “... Observei, lutei com mais ardor...”, colocou paixão naquilo que faz. Se a gente não trabalha no bem com paixão, não se diferencia dos outros que trabalham. Quem disse isso foi Jesus: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus nada fizeste. Porque os homens de má vida também amam aos seus pares.” E “... obtendo destarte maior soma de experiência...”, a experiência fez dele um trabalhador diferenciado, da luta, do trabalho, da observação, do domínio próprio. Então, o Teócrito do Memórias de um Suicida, dá o caminho que ele mesmo percorreu para a gente; como fazer.

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 13

A compreensão do livre-arbítrio à luz da Doutrina Espírita Aula dada por Luiz Carlos Dallarosa em 29/04/2004

EVOLUÇÃO

Linha do Tempo

Espírito Superior Eu Primitivo

Moralidade InteligênciaInstinto

O que a gente acha que é entrave para chegar a ser um espírito iluminado?

♦ Inexperiência; Vínculos do passado; Apego aos bens materiais; Vícios; Egoísmo; Orgulho; Vaidade; Preguiça; Desregramentos; Conflitos.

A característica principal do espírito não evoluído é estar mais perto das coisas materiais do que da luz. Isso tudo está relacionado com o eu ainda primitivo, bastante inferiorizado que não é capaz de vislumbrar a possibilidade de ser um espírito de luz.

O que vocês estão falando, está puxando esse eu, compreendendo o espírito, muito mais para baixo, é o egoísmo, é a vaidade. E uma coisa importante que todo espírito na escala evolutiva inicial possui, que são os instintos: de sobrevivência, animal, de reprodução, que faz predominar a matéria. É a matéria predominando em relação ao espírito.

A gente pode dividir essa linha do tempo em três períodos principais: 1o período – Predomina o instinto, as sensações mais materiais, as coisas mais primitivas, a

sobrevivência, a matéria ainda predomina em relação ao espírito, ele nem conhece predominantemente o que vem a ser o espírito;

2o período – A inteligência, que é a aquisição de valores capazes de fazer com que haja o raciocínio, pensamento, a inteligência, o discernimento, o livre-arbítrio;

3o período – A moralidade.

A gente demora milhões de anos para passar de uma etapa. Lógico que ela não é estanque, é uma coisa que se faz de maneira paulatina. À medida que caminhamos nessa linha do tempo, largamos os valores instintivos, animais e vão predominando os valores espirituais, moralizados. É uma aquisição que vai sendo feita ao longo do tempo. Graças a quê? Às Leis que Deus nos oferece. Temos de principal a Lei de Liberdade, do Trabalho, do Progresso, de Justiça, Amor e Caridade. Ou seja, se nós temos mais forças que nos puxam para baixo (1o período), nós temos a construção de um eu espiritualizado (3o período). Se nós temos mais forças que nos puxam para o lado inferior, temos, ao longo do tempo, forças que nos elevam e que nos conduzem a ser o que nós iremos ou deveremos ser: seres espiritualizados, moralizados. A conquista disso é individual, é uma luta diária, contínua, progressiva, do nosso eu contra todos esses valores que foram enumerados, que sabemos serem nocivos ao nosso progresso e fazemos força para combatê-los, na grande maioria das vezes.

A reencarnação, dentro da própria Lei que Deus nos oferece, é um ponto básico para o pulo e as possibilidades de alcançarmos, gradativamente, essa condição de luz.

Nós enumeramos, pelo menos quatro Leis: Liberdade, Progresso, Trabalho e Amor. São forças, energias e Leis que regem toda a natureza espiritual, que vão fazer com que sejamos puxados, gradativamente, para o patamar de luz.

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14 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL

O que predomina no instinto? Preservação da espécie, satisfação das necessidades físicas ou pelo menos, predomina a busca dos valores físicos, até porque, o espírito contido nesse grau, ainda não tem consciência do ser como espírito. Então, predomina a consciência instintiva, baseada no imediatismo, no cotidiano, nas conquistas mais imediatas para sua sobrevivência. É assim que a gente vê na escala evolutiva o selvagem, que tem uma vida puramente momentânea, instintiva, diária, sem visão nenhuma de futuro. Podemos dizer que esse eu é ainda primitivo. Ao longo da nossa caminhada desenvolvemos a nossa consciência instintiva, o nosso eu, “eu existo”.

Por exemplo, uma criança que está iniciando nos primeiros passos, conquistando o espaço onde movimenta, a sua relação com a família. Ali predomina o instinto, o instinto de sobrevivência, é a alimentação precisando ser dada, a necessidade daquela criança buscar para si o alimento que a satisfaça, quando não satisfaz ele chora, grita, até conquistar aquilo que ela deseja. É uma coisa puramente egocêntrica, uma satisfação pessoal.

A criança, até uma determinada etapa, passa por essa fase, embora muita gente ainda consiga isso aí para o resto da vida. Aí está a diferença das conquistas morais, para quem conquistou do ponto de vista espiritual, para aqueles que só ficam nessa questão do eu instintivo, momentâneo, automático.

Então, a vida que o indivíduo leva, mesmo nas suas encarnações mais iniciais, até um determinado patamar, é uma vida instintiva, egocêntrica ou, se não é só para si, é, no máximo, para sua própria família, ou para as coisas que lhe interessam no momento, ou nas suas pequenas comunidades.

À medida que o homem começa a individualizar-se, a constituir mais fortemente a sua consciência individual, ele começa a perceber e esbarrar no próximo.

O eu nosso tem um limite, o limite da expansão, onde nossos sentidos e sensações permitem ir, a gente não consegue ir mais além disso. E a gente começa a esbarrar no próximo. Começa a olhar para a gente e ver que somos individuais, únicos, mas começamos, graças às sensações, sentidos, a desenvolver o intelecto, a perceber que há pessoas diferentes. Começamos a ver que existe um certo limite naquilo que se pode fazer e naquilo que se deve fazer. São as conquistas que queremos ter para nós, que é o nosso lado ainda instintivo, animal, momentâneo, imediato, esbarrando em outras pessoas, e que, ao invadirmos esse espaço, iram chiar, porque estamos invadindo o espaço deles. Vamos aprendendo, através do processo reencarnatório, que temos outras pessoas que devemos respeitar.

Num determinado momento em que a nossa inteligência permite compreender que não estamos sozinhos no espaço, no tempo, e que não somos mais somente individualidade, que não temos só a nós na nossa pobre visão terrena, começamos a entender e aceitar que também somos espíritos, passamos para uma terceira fase, que é a fase da questão moral. São valores que a partir de então, vão ser alicerçados. Embora, em cada fase dessa, possa já ter sido alicerçado alguma coisa. Mas, até certo ponto, não temos compreensão absoluta do que vem a ser o espírito, ou a capacidade de amar, a capacidade de doar, a capacidade de sentimento, capaz de fazer com que a pessoa sublime o seu próprio eu em detrimento da outra pessoa. E o que é principal, começamos a desenvolver uma consciência de Deus muito mais plena.

Na fase instintiva como Deus é representado? ♦ Imediatista; ♦ Punitivo; ♦ Semelhança de si próprio. ♦ Muito próximo da Natureza, daí o politeísmo. Ele surge porque se começa a dar valores,

maiores e mais qualificados, àquilo que não entende, classificando-o como Deus. O deus Sol, deus Lua.

Tudo o que está na Natureza em muitas ocasiões é super valorizado, porque não compreendemos. À medida que a inteligência nos permite entender alguma coisa, começamos a vislumbrar a possibilidade da existência de um Deus único. À medida que a inteligência se desenvolve, a tendência é vislumbrar Deus em outros planos.

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 15

Hoje em dia, temos noção do Universo, de múltiplos planetas. Não sabemos exatamente onde Deus está, mas temos uma idéia de que toda essa criação, por ser tão perfeita, materialmente falando, regida por Leis extremamente fixas, em todos os passos do Universo, não pode ter sido criada ao acaso. É um princípio básico. Os que não conseguem compreender isso, estão mais perto ainda da animalidade, do que da espiritualidade. À medida que a gente vai caminhando na escala evolutiva, que a Lei do Progresso vai sendo feita, a reencarnação vai se sucedendo e as possibilidade de compreensão vão se multiplicando, o espírito vai tendo noção de que é um espírito imortal, capaz de vivenciar experiências fora do corpo material, viver após a morte do corpo físico.

À medida que o espírito vai crescendo, se por um lado a liberdade é maior, ou seja, o selvagem teoricamente, teria uma maior mobilidade do ponto de vista físico, em algumas coisas, de agir, de caçar, de estar com a Natureza, de não ter certos freios nos seus instintos, de matar, de comer o seu semelhante, os canibais. À medida que o ser evolui, essa liberdade vai caminhando para o verdadeiro sentido da vida, mas vai se restringindo, porque vamos compreendendo que o nosso campo estreito de ação se restringe ao nosso interior. E a única coisa que nós podemos mudar, de maneira clara e objetiva, é o nosso eu.

Aparentemente, muitas pessoas acham, ou classificam, ou desejam ter liberdade, mas essa liberdade que nós vemos nessa escala, está associada a um aprisionamento do espírito ao seu próprio condicionamento inferior. À medida que caminhamos nessa escala, essa liberdade passa a ser mais restrita, porém mais real. Porque o espírito começa a dar realmente valor ao ser dele, ao individual dele, ao interior dele e a trabalhar esses aspectos mais íntimos, que nós catalogamos logo no início, para que possa chegar ao processo de crescimento, de luz o mais cedo possível. Obviamente a linha do tempo é individual, pode demorar para uns alguns milhares de anos e para outros alguns milhões de anos. Mas não importa, a gente sabe que a Lei de Deus funciona através desse mecanismo, que é único e não podemos fugir dele. À medida que começamos a compreender que existe esse mecanismo entramos no terceiro item, que é a conquista da nossa moralidade.

A primeira linha do desenho só pôde existir, não individualmente, mas coletivamente, no nosso planeta, com o advento de Jesus. Ele marca o início de uma nova era, com uma série de informações que nós não tínhamos, que somadas às conquistas materiais-intelectuais: pensamento, raciocínio, memória, discernimento, etc., a gente consegue começar com níveis altos e baixos a aproveitar. Jesus veio trazer, independentemente de uma determinada figura A, B ou C, através de uma coletividade, uma informação que iríamos a partir de então, aproveitar.

Passamos por uma era bastante conturbada, até chegarmos a Idade Média, ali predominando muito os valores materiais, egocentrismo, fazendo da religião somente coisas voltadas para si próprio, para o interesse pessoal, e ainda hoje é assim. Porque o nosso planeta é heterogêneo, nós não somos totalmente homogêneos. À medida que chegamos na possibilidade de adquirirmos a visão espiritual, que veio de maneira segmentar, clara e objetiva, com advento do Espiritismo, a clarear a possibilidade do vislumbre de entrarmos numa nova era, que é a era moral. A partir do momento que temos esta possibilidade, não quer dizer que conquistamos não, em tempo até rápido, uma diferença não muito grande para uma determinada fase evolutiva. Mas, provavelmente, os governadores do planeta tinham visto que a partir do século XIX iria haver uma expansão do conhecimento, através das ciências. Com certeza o Espiritismo veio no momento certo, para dar o balanço necessário, para que esta conquista intelectual-científica pudesse ser pelo menos balanceada com uma conquista moral mais direcionada, mais capacitada ao raciocínio, a inteligência do ser humano. Possivelmente, só vamos poder absorver isso melhor daqui há 200, 300, 400 anos. A gente começa a talvez entender melhor, a nível de coletividade, como está no Evangelho, que nem todas as pessoas têm capacidade de entendimento, pessoas que lêem o Evangelho, o Livro dos Espíritos, têm a capacidade de entendimento da Doutrina Espírita. Lá fala bem claro: aqueles que têm a capacidade um pouco desenvolvida, espiritual, moral, já conseguem entender determinados aspectos dessa vida moral, ou pelo menos a necessidade de conquistá-la e de combater a vida animal, instintiva, momentânea, imediatista. Já começa a predominar a visão espiritual em relação à visão animal. É a fase que estamos iniciando. Estamos em plena fase de ebulição de uma conquista da vida espiritual.

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16 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL

O Espiritismo nos trouxe as condições de raciocinar sobre as Leis Morais e a importância de conquistá-las. Para chegarmos à conclusão que somos espíritos imortais, temos que ter uma Lei que vai nos reger, conduzir, direcionar para um determinado objetivo, aí vem o conhecimento da Doutrina Espírita. Esse é o patamar em que nós nos situamos.

Léon Denis fala dessa questão dos instintos. A criatura vislumbra a libertação dos seus apetites. À medida que a criatura caminha, de salto em salto, na reencarnação, ela sonha em se libertar dos seus apetites físicos, dos vícios, das necessidades mais materiais.

Na inteligência é a conquista da verdade e na moralidade, a procura da virtude. “Isto só se pode obter por uma educação e uma preparação prolongada das faculdades humanas:

libertação física pela limitação dos apetites; libertação intelectual pela conquista da verdade; libertação moral pela procura da virtude. É esta a obra dos séculos. Mas, em todos os graus de sua ascensão, na repartição dos bens e dos males da vida, ao lado da concatenação das coisas, sem prejuízo dos destinos que nosso passado nos inflige, há sempre lugar para a livre vontade do homem.” (O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Cap. XXII – O Livre-arbítrio – Léon Denis – Ed. F.E.B.)

Nós estamos caminhando para sermos um espírito de luz, é uma conquista. Graças a uma coisa que nós temos que ressaltar: nós temos a Lei de Deus a nosso favor, temos nós próprios contra nós. São os nossos instintos. Não são aqueles instintos intuitivos que nos salvam, são os mais básicos de sobrevivência, são as coisas mais materiais e físicas que fazem com que a gente viva em busca do prazer. Isso é a pior coisa que existe. Quando mal interpretada, viciada, de maneira mal conduzida, ela faz com que a gente fique nesse cerco de situações mais materiais, impedindo que a gente deslanche para outros patamares.

Muita gente ainda não entende a linguagem de Jesus, ou não aceita. Aceita de alguma maneira Jesus, mas não consegue nem vislumbrar a reencarnação, a causa e efeito, e que para nós é claro.

Desse processo evolutivo, de reencarnação em reencarnação, de liberdade de ação, é que desenvolvemos o nosso livre-arbítrio. Sem o livre-arbítrio, simplesmente, Deus pegaria a gente no 1o período (instinto) e colocaria no 3o período (moral) sem problema nenhum para ele. Se ele criou o espírito simples e ignorante é porque tem um objetivo.

Nós começamos a compreender essas leis todas até pela lógica. O trabalho é necessário para sairmos de um período para outro, consequentemente, há um progresso. Nós vamos ter que destruir o nosso egoísmo, nossa vaidade, nosso eu mais inferior. Vamos ter que adquirir amor ao longo das nossas existências. Sem sacrifício a gente não faz nada.

Léon Denis diz assim: “Todo o poder da alma resume-se em três palavras: — Querer, Saber, Amar! Querer, isto é, fazer convergir toda a atividade, toda a energia, para o alvo que se tem de atingir,

desenvolver a vontade e aprender a dirigi-la.” (O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Cap. XXV – O Amor – Pág. 367 – Léon Denis – Ed. F.E.B.)

Na fase instintiva é como aquela massa que estamos sendo preparados. Predomina a matéria, vislumbramos as coisas celestes num ponto de vista ainda material, as situações simplesmente passam pela nossa frente e seguimos os nossos instintos. Nós não conseguimos ainda desenvolver aquela vontade, esse querer de chegar a um ponto, porque não temos capacidade de raciocínio, pensamento, discernimento, capaz de fazer com que cheguemos ao objetivo que Deus está nos oferecendo. A gente satisfaz os nossos instintos pelas coisas materiais, mata, reencarna, morre, suicida, enfim, fica nesse processo de ebulição sem compreender a nossa natureza espiritual.

“Saber, porque sem o estudo profundo, sem o conhecimento das coisas e das leis, o pensamento e a vontade podem transviar-se no meio das forças que procuram conquistar e dos elementos a quem aspiram governar.”

(O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Cap. XXV – O Amor – Pág. 367 – Léon Denis – Ed. F.E.B.)

À medida que a gente adquire essa inteligência, começa a brigar para sair da massa. A gente começa a brigar e aí vem o conhecimento do eu, vem o conhecimento que Jesus nos trouxe, estamos na ebulição, uma hora tendendo para um lado, para o outro e à medida que conseguimos caminhar e vencer essas etapas chegamos na última, quando, fundamentalmente, começamos a entender, de maneira definitiva, que somos espíritos imortais.

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 17

Jesus deu seu recado em três anos e foi embora, e com isso modificou todo um panorama espiritual, material da Terra. Com o advento da Doutrina Espírita isso também é verdade. Tem muita gente que ainda vive na idade da pedra, selvagens, mas hoje em dia são em menor número. A Terra caminha de uma maneira globalizada no pensamento também, financeiramente, evolutivamente e futuramente a própria religião vai se unir dentro de um único conceito básico que é a verdade.

A terceira coisa que Léon Denis fala:

“Acima, porém, de tudo, é preciso amar, porque, sem o amor, a vontade e a ciência seriam incompletas e muitas vezes estéreis. O amor ilumina-se, fecunda-se, centuplica-lhes os recursos. Não se trata aqui do amor que contempla sem agir, mas do que se aplica a espalhar o bem e a verdade pelo mundo. A vida terrestre é um conflito entre as forças do mal e as do bem. O dever de toda alma viril é tomar parte no combate, trazer-lhe todos os seus impulsos, todos os seus meios de ação, lutar pelos outros, por todos aqueles que se agitam ainda na via escura.”

(O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Cap. XXV – O Amor – Pág. 367 – Léon Denis – Ed. F.E.B.)

A gente adquire de certa maneira essas forças instintivas, o discernimento, a vontade, porque sem isso, essa alavanca inicial, a gente não conquistaria o resto.

Na segunda fase a gente conquista a inteligência, que são aquisições de todas as ciências e, na terceira fase, nós conquistamos o amor, muito acima das outras duas. Um impulsiona, o outro aumenta o discernimento, mas só o amor sublima.

Na questão do livre-arbítrio que vamos desenvolvendo ao longo do tempo, vamos vendo que o livre-arbítrio está limitado à capacidade do nosso entendimento, à capacidade de entendermos que não estamos sozinhos neste Universo, à capacidade de entendimento de adquirir o sentimento mais sublime que é o amor.

Elementos que precisamos adquirir para fazer com que o livre-arbítrio, ou essa capacidade que nós temos de agir, pensar, raciocinar, decidir, que vai evoluindo ao longo da linha do tempo (ver figura), como conseguimos fazer com que ela se torne o mais retilínea possível para não perdermos o nosso tempo?

♦ Conhecimento de si próprio; ♦ Respeito; ♦ Vontade; Instintivamente a vontade é desenvolvida. Porque há um mecanismo intrínseco que se

desenvolve pela própria Lei da Natureza. Mas, chega um determinado ponto em que a vontade não é suficiente. Como fala Léon Denis: o querer não é suficiente, ele precisa de algo mais. É necessário o amor. Mas para alcançarmos o patamar, comecemos a agredir menos o próximo, nos tornarmos mais tolerantes, virtuosos. Temos que largar coisas e adquirir outras, sacrificar mais o nosso eu em função dessa visão futura que estamos começando a delinear.

♦ Dever; ♦ Disciplina; ♦ Responsabilidade. Sem isso, a gente não consegue desenvolver em nós esse mecanismo, que flui naturalmente,

que alguns espíritos já conseguiram desenvolver. Exemplo: Kardec, Léon Denis, Bezerra de Menezes. São espíritos que conseguiram, ao longo do tempo, desenvolver o dever, a responsabilidade em relação ao próximo, ou seja, vivem mais em função da Lei Moral do que propriamente, e somente, do instinto ou do intelecto. Muitos estão nessa fase de conquistar coisas materiais, usar a intelectualidade para conquistar coisas materiais. É aquela briga toda que a Humanidade está o tempo todo tendo e nós, individualmente, estamos tendo conosco mesmo. Mas já conseguimos compreender algo mais, porque já temos um conhecimento da Lei, a partir do conhecimento da Doutrina Espírita. Intuitivamente já temos esse conhecimento alicerçado no nosso espírito. Reforçado aqui pelo estudo da Casa.

Tudo isso facilita a visão que temos do futuro e as conquistas que temos ainda a fazer e as coisas de que temos ainda que nos libertar. É o primeiro passo. O que é o livre-arbítrio, o processo da evolução do livre-arbítrio e aonde nós temos que chegar. Tudo isso faz parte da evolução primitiva do nosso próprio eu.

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A visão de Jesus era tão grande que, quando perguntaram para ele qual era a Lei principal ele respondeu: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Você tem que amar a si mesmo, que é um processo instintivo, egocêntrico, tem que aprender a amar ao próximo que é a segunda etapa e depois aprender a amar a Deus.

Jesus numa frase colocou todo o processo de evolução do ser humano, embutido. Quando ele falava aquilo, provavelmente, os judeus e nós, estávamos entendendo de uma maneira. Mas, no fundo, nessa frase, ele passou de permeio todo o processo da cadeia evolutiva. E, para fazer isso, ele falou temos que conquistar todas essas coisas.

Ao amar a Deus você já ama ao próximo e, automaticamente, já ama a si mesmo. Já passou por esse processo de crescimento. O entendimento, aqui, é que você, ao atingir um patamar de iluminação, é capaz de perceber, num segundo, tudo aquilo que você passou. É como se toda a nossa jornada terrena, evolutivamente falando, se passasse à nossa frente como um filme. Através disso nos vemos caindo, alegres, dando saltos, indo para o inferno, no sentido figurado da palavra, indo para os lugares mais elevados, fazendo todos aqueles saltos constantes e inconstantes que o ser humano possui, dentro do seu processo evolutivo e nada disso, embora construísse o que eu sou hoje, mais nada disso tem valor, isso foi só um processo de crescimento. Como uma criança que está crescendo, está construindo valores, sentimentos. A gente precisa do corpo físico, nessas etapas evolutivas, mais densas, para que isso ocorra. Porque o nosso espírito, princípio inteligente, sem forma, sem definição, sem consciência de Deus, sem consciência do Universo, sem consciência de si próprio, é colocado num corpo que tem condições de absorver toda aquela gama de situações e nos posicionarmos inicialmente, individualmente com a nossa própria consciência, nosso eu. É por isso que os instintos materiais predominam em relação aos valores espirituais. É como se Deus preparasse uma massa de bolo com todos os ingredientes mais saborosos possíveis, mas é uma massa. Mas, se pega a massa e mantém um tempo dentro do forno, ela vira um bolo muito gostoso. O processo é o mesmo. Ele coloca o espírito num componente chamado matéria, físico, restrito, capaz de fazer com que haja um molde perispiritual, a individualização do nosso próprio ser. E, através do processo de reencarnação, ele faz com que esse princípio inteligente comece a desenvolver sentimentos, valores emoções, que ainda estão presos à matéria, que fazem parte da matéria, porque dão capacidade de entendimento de outros valores. Primeiro tem que dominar as coisas que estão a sua volta.

A expansão do nosso universo se restringe ao nosso organismo. É lógico que depois a gente quer expandir para outras coisas, quer invadir o nosso próximo. É como a criança, a gente dá um doce daqui a pouco quer todo dia doce, porque não tem noção de que aquilo vai fazer mal, não tem noção que existem limites. E a Lei, através do processo de reencarnação, vai fazendo com que o ser humano tenha noções do seu limite. É aí que se vai adquirir a noção do próximo, porque se esbarrar no próximo, que é o seu limite, ele vai chiar e vai revidar.

Eu pego as lutas, a luta pela própria individualidade, a luta pelas conquistas dos valores materiais que ainda estão presos a mim, ou então, mais tarde, a luta para tentar se desvencilhar dos vícios, das coisas materiais e aí é que vai entrando o processo de limitação do nosso próprio eu. E é aí que a gente entra nos processos das doenças.

O sofrimento é o fator que vai fazer com que o espírito entenda o seu próprio limite. Se eu como demais, tenho dor no estômago, passo mal, ou tenho enxaqueca. Se me aborreço ou tenho um ímpeto de cólera minha pressão sobe, ou tenho diarréia. Isso de imediato. São fatores que limitam.

O instinto me diz que eu devo fugir das coisas que me fazem mal e buscar as coisas que me fazem bem. Só que ao buscar as coisas que me fazem bem, eu começo a esbarrar nas coisas que o outro também acha que se sente bem, aí vem as divergências. São os selvagens brigando entre si, a luta pela sobrevivência, os selvagens formando pequenas comunidades para brigar com outras. É o que vemos no Oriente Médio até hoje. É por isso que o nosso planeta é de provas e expiações. Mas a gente começa (algum de nós) a vislumbrar, a aceitar, a entender que nós chegaremos lá.

As doenças servem como fator limitante aos nossos mecanismos de ação. Quando Deus, na questão da Lei de Causa e Efeito, pune. Quando há uma punição para o indivíduo por um ato cometido em vidas anteriores. A Lei cerceia. Se usei mal a mão, muitas vezes venho sem braço. Se

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 19 utilizei a inteligência errada, venho idiota. A Lei, nesse sentido, é coercitiva para mostrar que o indivíduo tem limite de ação. Senão, a gente não aprende.

Tem gente que fuma, perde o dedão do pé, a perna e assim vai. Continua fumando. Isto é um processo de consciência inferiorizada, materializada, não dá valor ao espírito, não tem consciência do que vai acontecer. É uma questão de lógica. À medida que vamos desenvolvendo esta lógica, vamos começando a nos autodisciplinar. Vem o dever, o sentimento responsabilidade, a disciplina. Isso passa a fazer parte da nossa vida cotidiana, sem que haja obrigação.

As doenças apareceram? Tudo bem. Uma parte é contingência da própria materialidade da condição humana, as coisas que fazem parte do cotidiano humano. É um trauma, são infecções, bactérias, vírus, isso também são elementos da natureza, que também tentam conquistar seus espaços.

À medida que o ser se equilibra, as doenças vão se tornando menores também. O espírito e o seu próprio perispírito, vai se moldando àquela nova condição. Seu pensamento já é mais retilíneo, embora possa estar sofrendo as influências da matéria, mas consegue se equilibrar, e as doenças são de menor monta.

À medida que a Humanidade caminha coletivamente, as doenças estão sendo controladas. As doenças mais materiais, infecciosas, bacterianas. O indivíduo vivia 20, 25, 30 anos (1o período), aqui o indivíduo vive 80 anos (2o período), aqui vai viver 120, 140 anos (3o período), porque já controlamos câncer, hipertensão. Tudo isso controlado vai fazer com que o indivíduo viva muito mais, para que possa usar seu livre-arbítrio, aprender e amar. Desenvolver o seu próprio eu.

A gente vive muito pouco. Nós estamos na fase em que se aprende muito pouco, por isso que tem que ter várias encarnações. Se a gente começar a viver mais, como nos planetas de regeneração, possivelmente, vamos ter mais tempo de vida do ponto de vista espiritual e mais tempo do ponto de vista material, aproveitando mais as duas fases. Na verdade a gente aproveita muito pouco da nossa encarnação.

Todo processo de doença é um fator que vai equilibrar um desequilíbrio que, possivelmente, nós mesmos engendramos em nós, ou na natureza, ou na sociedade em que nós vivemos. Se compreendermos isso, fica muito mais fácil da gente perceber. Só tem um jeito: é utilizar o nosso livre-arbítrio, desde o momento que tomamos consciência do nosso próprio eu como ser espiritual, de maneira correta. É a única possibilidade palpável de termos menos doenças, aproveitar melhor a nossa encarnação e caminhar de maneira mais retilínea.

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O Livre-arbítrio (Capítulo XXII – O problema do Ser, do Destino e da Dor – Léon Denis – Ed. F.E.B.)

A liberdade é a condição necessária da alma humana que, sem ela, não poderia construir seu

destino. É em vão que os filósofos e os teólogos têm argumentado longamente a respeito desta questão. A porfia têm-na obscurecido com suas teorias e sofismas, votando a Humanidade à servidão em vez de a guiar para a luz libertadora. A noção é simples e clara. Os druidas haviam-na formulado desde os primeiros tempos de nossa História. Está expressa nas “Tríades” por estes termos: Há três unidades primitivas — Deus, a luz e a liberdade.

À primeira vista, a liberdade do homem parece muito limitada no círculo de fatalidades que o encerra: necessidades físicas, condições sociais, interesses ou instintos. Mas, considerando a questão mais de perto, vê-se que esta liberdade é sempre suficiente para permitir que a alma quebre este círculo e escape às forças opressoras.

A liberdade e a responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com sua elevação; é a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem ela. não seria ele mais do que um autômato, um joguete das forças ambientes: a noção de moralidade é inseparável da de liberdade.

A responsabilidade é estabeleci da pelo testemunho da consciência, que nos aprova ou censura segundo a natureza de nossos atos. A sensação do remorso é uma prova mais demonstrativa que todos os argumentos filosóficos. Para todo Espírito, por pequeno que seja o seu grau de evolução, a Lei do dever brilha como um farol, através da névoa das paixões e interesses. Por isso, vemos todos os dias homens nas posições mais humildes e difíceis preferirem aceitar provações duras a se abaixarem a cometer atos indignos.

Se a liberdade humana é restrita, está pelo menos em via de perfeito desenvolvimento, porque o progresso não é outra coisa mais do que a extensão do livre-arbítrio no indivíduo e na coletividade. A luta entre a matéria e o espírito tem precisamente como objetivo libertar este último cada vez mais do jugo das forças cegas. A inteligência e a vontade chegam, pouco a pouco, a predominar sobre o que a nossos olhos representa a fatalidade. O livre-arbítrio é, pois, a expansão da personalidade e da consciência. Para sermos livres é necessário querer sê-lo e fazer esforço para vir a sê-lo, libertando-nos da escravidão da ignorância e das paixões baixas, substituindo o império das sensações e dos instintos pelo da razão.

Isto só se pode obter por uma educação e uma preparação prolongada das faculdades humanas: libertação física pela limitação dos apetites; libertação intelectual pela conquista da verdade; libertação moral pela procura da virtude. É esta a obra dos séculos. Mas, em todos os graus de sua ascensão, na repartição dos bens e dos males da vida, ao lado da concatenação das coisas, sem prejuízo dos destinos que nosso passado nos inflige, há sempre lugar para a livre vontade do homem.

Como conciliar nosso livre-arbítrio com a presciência divina? Perante o conhecimento antecipado que Deus tem de todas as coisas, pode-se verdadeiramente afirmar a liberdade humana? Questão complexa e árdua na aparência que fez correr rios de tinta e cuja solução é, contudo, das mais simples. Mas, o homem não gosta das coisas simples; prefere o obscuro, o complicado, e não aceita a verdade senão depois de ter esgotado todas as formas do erro.

Deus, cuja ciência infinita abrange todas as coisas, conhece a natureza de cada homem e as impulsões, as tendências, de acordo com as quais poderá determinar-se. Nós mesmos. conhecendo o caráter de uma pessoa, poderíamos facilmente prever o sentido em que, numa dada circunstância, ela decidirá, quer segundo o interesse, quer segundo o dever. Uma resolução não pode nascer de nada. Está forçosamente ligada a uma série de causas e efeitos anteriores de que deriva e que a explicam. Deus, conhecendo cada alma em suas menores particularidades, pode, pois, rigorosamente, deduzir, com certeza, do conhecimento que tem dessa alma e das condições em que ela é chamada a agir, as determinações que, livremente, ela tomará.

Notemos que !tão é a previsão de nossos atos que os provoca. Se Deus não pudesse prever nossas resoluções, não deixariam elas, por isso, de seguir seu livre curso.

É assim que a liberdade humana e a previdência divina conciliam-se e combinam, quando se considera o problema à luz da razão.

O círculo dentro do qual se exerce a vontade do homem, é, de mais a mais, excessivamente restrito e não pode, em caso algum, impedir a ação divina, cujos efeitos se desenrolam na imensidade

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 21 sem limites. O fraco inseto, perdido num canto do jardim, não pode, desarranjando os poucos átomos ao seu alcance, lançar a perturbação na harmonia do conjunto e pôr obstáculos à obra do Divino Jardineiro.

A questão do livre-arbítrio tem uma importância capital e graves conseqüências para toda a ordem social, por sua ação e repercussão na educação, na moralidade, na justiça, na legislação, etc. Determinou duas correntes opostas de opinião — os que negam o livre-arbítrio e os que o admitem com restrição.

Os argumentos dos fatalistas e deterministas resumem-se assim: “O homem está submetido aos impulsos de sua natureza, que o dominam e obrigam a querer, a determinar-se num sentido, de preferência a outro; logo, não é livre.”

A escola adversa, que admite a livre vontade do homem, em face desse sistema negativo, exalta a teoria das causas indeterminadas. Seu mais ilustre representante, em nossa época, foi Ch. Renouvier.

As vistas desse filósofo foram confirmadas, mais recentemente, pelos belos trabalhos de Wundt, sobre a percepção. de Alfred Fouillée sobre a idéia-força e de Boutroux sobre a contingência da lei natural.

Os elementos que a revelação neo-espiritualista nos traz, sobre a natureza e o futuro do ser, dão à teoria do livre-arbítrio sanção definitiva. Vêm arrancar a consciência moderna à influência deletéria do materialismo e orientar o pensamento para uma concepção do destino, que terá por efeito, como dizia C. du Prel, recomeçar a vida interior da Civilização.

Até agora, tanto sob o ponto de vista teológico como determinista, a questão tinha ficado quase insolúvel. Nem doutro modo podia ser, pois que cada um daqueles sistemas partia do dado inexato de que o ser humano tem de percorrer uma única existência. A questão muda, porém, inteiramente de aspecto se se alargar o círculo da vida e se se considerar o problema à luz que projeta a doutrina dos renascimentos. Assim, cada ser conquista a própria liberdade no decurso da evolução que tem de perfazer.

Suprida, a princípio, pelo instinto, que pouco a pouco desaparece para dar lugar à razão, nossa liberdade é muito escassa nos graus inferiores e em todo o período de nossa educação primária. Toma extensão considerável, desde que o Espírito adquire a compreensão da lei. E sempre, em todos os graus de sua ascensão, na hora das resoluções importantes, será assistido, guiado, aconselhado por Inteligências superiores, por Espíritos maiores e mais esclarecidos do que ele.

O livre-arbítrio, a livre vontade do Espírito exerce-se principalmente na hora das reencarnações. Escolhendo tal família, certo meio social, ele sabe de antemão quais são as provações que o aguardam, mas compreende, igualmente, a necessidade destas provações para desenvolver suas qualidades, curar seus defeitos, despir seus preconceitos e vícios. Estas provações podem ser também conseqüência de um passado nefasto, que é preciso reparar, e ele aceita-as com resignação e confiança, porque sabe que seus grandes irmãos do Espaço não o abandonarão nas horas difíceis.

O futuro aparece-lhe então, não em seus pormenores, mas em seus traços mais salientes, isto é, na medida em que esse futuro é a resultante de atos anteriores. Estes atos representam a parte de fatalidade ou “a predestinação” que certos homens são levados a ver em todas as vidas. São simplesmente, como vimos, efeitos ou reações de causas remotas. Na realidade, nada há de fatal e, qualquer que seja o peso das responsabilidades em que se tenha incorrido, pode-se sempre atenuar, modificar a sorte com obras de dedicação, de bondade, de caridade, por um longo sacrifício ao dever.

O problema do livre-arbítrio tem, dizíamos, grande importância sob o ponto de vista jurídico. Tendo, não obstante, em conta o direito de repressão e preservação social, é muito difícil precisar, em todos os casos que dependem dos tribunais, a extensão das responsabilidades individuais. Não é possível fazê-lo senão estabelecendo o grau de evolução dos criminosos. O neo-espiritualismo fornecer-nos-ia talvez os meios; mas, a justiça humana, pouco versada nestas matérias, continua a ser cega e imperfeita em suas decisões e sentenças.

Muitas vezes o mau, o criminoso não é, na realidade, mais do que um Espírito novo e ignorante em que a razão não teve tempo de amadurecer. “O crime, diz Duclos, é sempre o resultado dum falso juízo.” É por isso que as penalidades infligidas deveriam ser estabelecidas de modo que obrigassem o condenado a refletir, a instruir-se, a esclarecer-se, a emendar-se. A sociedade deve corrigir com amor e não com ódio, sem o que se torna criminosa.

As almas, como demonstramos, são equivalentes em seu ponto de partida. São diferentes por seus graus infinitos de adiantamento: umas novas; outras velhas, e, por conseguinte, diversamente desenvolvidas em moralidade e sabedoria, segundo a idade. Seria injusto pedir ao Espírito infantil

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22 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL méritos iguais aos que se podem esperar de um Espírito que viu e aprendeu muito. Daí uma grande diferenciação nas responsabilidades.

O Espírito só está verdadeiramente preparado para a liberdade no dia em que as leis universais, que lhe são externas, se tornem internas e conscientes pelo próprio, fato de sua evolução. No dia em que ele se penetrar da lei e fizer dela a norma de suas ações, terá atingido o ponto moral em que o homem se possui, domina e governa a si mesmo.

Daí em diante já não precisará do constrangimento e da autoridade sociais para corrigir-se. E dá-se com a coletividade o que se dá com o indivíduo. Um povo só é verdadeiramente livre, digno da liberdade, se aprendeu a obedecer a essa lei interna, lei moral, eterna e universal, que não emana nem do poder de uma casta, nem da vontade das multidões, mas de um Poder mais alto. Sem a disciplina moral que cada qual deve impor a si mesmo, as liberdades não passam de um logro; tem-se a aparência, mas não os costumes de um povo livre. A sociedade fica exposta pela violência de suas paixões, e a intensidade de seus apetites, a todas as complicações, a todas as desordens.

Tudo o que se eleva para a luz eleva-se para a liberdade. Esta se expande plena e inteira na vida superior. A alma sofre tanto mais o peso das fatalidades materiais, quanto mais atrasada e inconsciente é, tanto mais livre se torna quanto mais se eleva e aproxima do divino.

No estado de ignorância, é uma felicidade para ela estar submetida a uma direção. Mas, quando sábia e perfeita, goza da sua liberdade na luz divina.

Em tese geral, todo homem chegado ao estado de razão é livre e responsável na medida do seu adiantamento. Passo em claro os casos em que, sob o domínio de uma causa qualquer, física ou moral, doença ou obsessão, o homem perde o uso de suas faculdades. Não se pode desconhecer que o físico exerce, às vezes, grande influência sobre o moral; todavia, na luta travada entre ambos, as almas fortes triunfam sempre. Sócrates dizia que havia sentido germinar em si os instintos mais perversos e que os domara. Havia neste filósofo duas cor- rentes de forças contrárias, uma orientada para o mal, outra para o bem. Era a última que predominava. Há também causas secretas, que muitas vezes atuam sobre nós. Às vezes a intuição vem combater o raciocínio, impulsos partidos da consciência profunda nos determinam num sentido não previsto. Não é a negação do livre-arbítrio; é a ação da alma em sua plenitude, intervindo no curso de seus destinos, ou, então, será a influência de nossos Guias invisíveis, que se exerce e nos impele no sentido do plano divino, a intervenção de uma Inteligência que, vindo de mais longe e mais alto, procura arrancar-nos às contingências inferiores e levar-nos para as cumeadas. Em todos estes casos, porém, é só nossa vontade que rejeita ou aceita e decide em última instância.

Em resumo, em vez de negar ou afirmar o livre-arbítrio, segundo a escola filosófica a que se pertença, seria mais exato dizer: “O homem é o obreiro de sua libertação.” O estado completo de liberdade atinge-o no cultivo íntimo e na valorização de suas potências ocultas. Os obstáculos acumulados em seu caminho são mera- mente meios de o obrigar a sair da indiferença e a utilizar suas forças latentes. Todas as dificuldades materiais podem ser vencidas.

Somos todos solidários e a liberdade de cada um liga-se à liberdade dos outros. Libertando-se das paixões e da ignorância, cada homem liberta seus semelhantes. Tudo o que

contribui para dissipar as trevas da inteligência e fazer recuar o mal, torna a Humanidade mais livre, mais consciente de si mesma, de seus deveres e potências.

Elevemo-nos, pois, à consciência do nosso papel e fim, e seremos livres. Asseguraremos com os nossos esforços, ensinamentos e exemplos a vitória da vontade assim como do bem e, em vez de formarmos seres passivos, curvados ao jugo da matéria, expostos à incerteza e inércia, teremos feito almas verdadeiramente livres, soltas das cadeias da fatalidade e pairando acima do mundo pela superioridade das qualidades conquistadas.

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Quais os Recursos que a Doutrina Espírita nos Orienta na Aceitação das Provas (física, social, moral e familiar) Aula dada por Iole de Freitas em 13/05/2004

Vamos tentar juntos, fazer uma reflexão sobre quais seriam os conceitos doutrinários que

podem nos ajudar a enfrentar as nossas provas com a pacificação e a aceitação que o próprio texto do Evangelho veio nos dizer. Já entendendo até que, na medida que um de nós atravessa as provas, que existirão sempre, as expiações e as provas nós não podemos nos furtar a elas, porque estamos num mundo de provas e expiações e sem dúvida, pela justiça da Lei de Deus nós estaremos expostos a essas experiências, não como uma situação punitiva, mas dentro de uma pedagogia, como diz o nosso companheiro Milton Menezes no Livro O Sentido do Sofrimento, uma pedagogia do sofrimento, para que a gente possa perceber que vamos através da possibilidade de identificarmos dentro de nós, os nossos estágios de dor e de uma aceitação desse estágio, iremos amadurecendo o nosso psiquismo, galgando etapas espirituais, através das quais iremos enfrentando a dor. Nós vamos ver no início do nosso estudo hoje, quais seriam algumas causas da dor, que André Luiz nos explica lindamente em Evolução em Dois Mundos e Ação e Reação, para que a gente note de onde vem este sofrimento, que nós sabemos que se atravessado de uma maneira equilibrada, paciente, serena, ele irá nos educar. Por isso a questão da pedagogia. Ele irá nos ensinar a termos uma postura de equilíbrio dentro do nosso processo evolutivo.

Em Evolução em Dois Mundos, capítulo 19, “Alma e Reencarnação”, temos um conceito muito lindo que é chamado: “Sementes de Destino”, e André Luiz explica isso de uma maneira tão clara. Nós vamos dividir o nosso estudo em duas etapas. Vamos buscar um pouquinho do entendimento de algumas causas das nossas dores e sofrimentos e depois vamos vendo que, como tendo este entendimento, que já é uma benção da Doutrina, nós podemos ter outros alicerces também, para nos ajudar a enfrentá-las, já que elas vêm, com tranqüilidade. Porque eu posso identificar a causa, isso me dá uma lucidez, me dá um discernimento, mas eu posso não ter competência para lidar com a dor com tranqüilidade. Vamos tentar ver essas duas questões.

Vamos começar pela a primeira, sobre essa questão da razão da dor. André Luiz nos explica de maneira muito clara a relação através da qual, por um estado consciencial mais evoluído, mais amadurecido, ao chegarmos à espiritualidade, ele começa a explicar olhando-nos lá e não encarnados, nós teremos um discernimento sobre as nossas faltas, iremos então, entrando num processo de arrependimento, e aí nos lembramos da colocação de Ignácio Bittencourt, tão clara, que no instante exato em que, ao adentrar a espiritualidade, ultrapassando o período natural da perturbação, entrando no instante maior lucidez, nós percebemos as nossas falhas na última encarnação ou nas outras, aí então, nós enviamos aquela vibração de pedido de perdão, um sentimento sincero de arrependimento dirigido a Deus nosso Pai. Neste instante em que emitimos este sentimento nós mapeamos, a gente prefere colocar assim, o nosso corpo mental, como se fosse um grande alerta que nós marcamos no nosso próprio ser, que a nossa consciência, graças a Deus, já atingiu um estado de poder perceber. “Naquilo ali presta atenção. Naquela área toma cuidado.” A gente mapeia o nosso corpo mental, nos alertando para aquela nossa dificuldade, aquela nossa insipiência, aquela nossa falta ainda, de posicionamento equilibrado. Para isso ocorrer, significa que nós já atravessamos outras etapas de crescimento. Tem companheiros que mesmo hoje na espiritualidade, dentro da situação ainda de dor, eles ainda não atingem esse processo logo após o desencarne, porque ainda não conseguem identificar aonde está o erro, a atitude, o sentimento, o pensamento que eles produziram e que os afasta da Lei.

A grande questão que André Luiz traz para nós é a seguinte: e esse pessoal como é que fica? Porque senão, fica parecendo que aqueles que conseguiram um patamar é que tem nitidez, é que tem docilidade de sentimentos, se arrependem, pedem perdão, simultaneamente mapeiam. E os outros?

A gente sabe, no desdobramento do raciocínio de Ignácio, ele nos diz que mapeia o corpo mental e mais tarde, quando estivermos aptos este mapeamento vai ser impresso nas diversas camadas do corpo espiritual, para que no momento que tivermos força, competência,

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24 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL amadurecimento maior do intelecto moral, nós possamos transferir essas marcas, no momento reencarnatório, para duplo etéreo e para o corpo físico, revelando então, a razão de muitas distonias mentais, das doenças físicas e mentais que ocorrem na nossa vida quando estamos encarnados.

Mas então só vai adoecer, só vai sofrer aquele que já tem o discernimento para poder marcar? E o outro, como é que evolui na Lei? Bem aos trancos e barrancos vão caminhando, porque a Lei impulsiona. Ele tem latente dentro dele a vontade de progredir e ser feliz. Ele se atrapalha, é rebelde, muitas vezes até perverso, porque vai calcando aquela ação menos boa dentro de si. Mas mais do que tudo, ele tem dentro de si o impulso do progresso. Então como é que esse progresso não vindo de uma maneira consciente, não vindo de uma postura opcional dele de falar: “ali eu errei, não quero mais errar, como é que eu vou consertar? Nessa encarnação não dá, deixo para mais tarde, mas depois eu quero resolver esta história.” E o outro que nem consegue perceber que errou. Lesa publicamente. Às vezes, a pessoa em áreas de poder, dentro de situações de responsabilidade comunitária, a pessoa não se dá conta que lesou o outro, acha natural tirar vantagem. E só porque adentrou o plano espiritual não quer dizer que vai se dar conta disso. Então como é que opera o processo da Lei, que é magnânima e quer que ele progrida, se ele não está conseguindo enxergar sozinho? André Luiz diz lindamente nisso. Por uma questão de afinidade vibratória ele vai estar junto, vai buscar mentalmente. E pelo campo eletromagnético que ele exala será tragado, mas também terá o impulso por afinidade, de se congregar àquelas almas que lhe são semelhantes e afins. Se reúnem agrupamentos por similitude intelecto-moral, e aí então, é que a Lei entra magnânima. Por quê? Aí vem a questão da dor, como ela entra sem o outro ter se arrependido, ter se dado conta da origem da distonia. Ele vai ser colocado no confronto, na vida de relação no plano espiritual, com aqueles que lhe são afins. Diz André Luiz, que ele vai ser educado pelo convívio com aquele que tem a mesma deficiência moral.

“CONCEITO DE INFERNO – ... Além-túmulo, no entanto, o estabelecimento depurativo como que reúne em si os órgãos de repressão e de cura, porquanto as consciências empedernidas aí se congregam às consciências enfermas,...” O empedernido é o mais difícil, está lá secularmente se mantendo na posição de rebeldia e não reconhece que aquilo está distanciando da Lei, que causa prejuízo ao irmão e a ele. O outro é enfermo, porque entra naquele clima, mas já há dentro dele um outro grau de esclarecimento e vai buscar sair disso. Mas naquele momento não tem como, ele vai ser colocado naquela posição de convivência com os outros, que é necessária, essa convivência, onde o mal é defrontado pelo próprio mal. Palavras de André Luiz.

“... na comunhão dolorosa, mas necessária, em que o mal é defrontado pelo próprio mal, a fim de que, em se examinando nos semelhantes, esmoreça por si na faina destruidora em que se desmanda.” (Evolução em Dois Mundos – Psicografia de Chico Xavier – Cap. XIX – CONCEITO DE INFERNO – Pág.

148 – Ed. F.E.B.)

É assim que ele vai aprender. A pedagogia da Lei vai funcionar assim. Sozinho ele não percebe, não consegue entender que está prejudicando o outro. Como é que ele vai entender que está prejudicando o outro? Quando ele lidar com um que ainda é mais dificilzinho que ele, porque o outro é empedernido. Então, quando ele titubear numa agressão, o outro não titubeia não, vem em cima. Aí ele começa a sentir aquela sensação de desconforto que antes não sentia, estava seguríssimo de si, estava dando tudo certo. De repente, quando ele sofre a ação do outro, ele começa a perceber que existe uma sensação de desconforto, que não foi produzida por ele, que foi produzida por outro, mas se reflete nele. Ele percebe que aquilo que antigamente fazia no outro é igualzinho o que estão fazendo com ele. Será que causava no outro também desconforto? Ele passa pela experiência, ele localiza em si, pela possibilidade de vivenciar no plano espiritual, aquele desconforto. Ele começa a acender em si, como espírito enfermo, mas não empedernido, essa possibilidade. O empedernido depois vai ser enfermo também e depois vai evoluir.

Num outro momento de estudo com outros companheiros, nós fomos percebendo pelos outros estudos em André Luiz e até em Ação e Reação também, muitas vezes, depois desse corpo a corpo com o mal, ele vai sentindo que há um desconforto, que não é agradável quando o outro age assim. Há uma ressonância negativa para ele, quando o mal o atinge, ele começa a despertar para

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 25 essa realidade. Mas não obrigatoriamente ele vai querer se transformar. Ele pode reconhecer: “— É isso não é legal. Então quando eu faço com o outro não deve ser legal para o outro. Mas está mais confortável assim. Eu prefiro enfrentar quando o outro me agride, mas eu vou continuar agredindo.” Até o momento que ele é levado para determinadas reencarnações, inclusive como nós chamamos em geral de compulsórias, ele aqui chama de reencarnações especiais. Quando ele diz que pelo estado ainda de revolta:

“ ... Incapazes de eleger o caminho de reajuste, pelo estado de loucura ou de sofrimento que evidenciam, semelhantes enfermos são decididamente internados na cela física como doentes isolados sob assistência precisa...”

(Evolução em Dois Mundos – Psicografia de Chico Xavier – Cap. XIX – REENCARNAÇÕES ESPECIAIS – Pág. 150 – Ed. F.E.B.)

Neste caso específico ele está se referindo quando a situação é extremada e eles reencarnam compulsoriamente num corpo físico que lhes garanta um apagamento de determinadas capacidades cerebrais, para que usufrua novamente da oportunidade da vida de relação, no plano encarnado, e que possa se certificar e reiterar que aquelas percepções que ele teve na vivência espiritual, que não é confortável quando o outro o agride, ele vai perceber que não é nada mesmo. E que aquilo que antes ele tinha abundância e tirava do outro, ou impossibilitava do outro de ter: saúde, bem-estar, educação, possibilidade do raciocínio, quando lhe são retiradas lhe causam muita dor e desconforto. Retornando à pátria do espírito, ele novamente é levado à região que lhe é afim, mais amena (porque já aprendeu), do que a anterior, e ele aí volta então a aprender. Até o momento em que ele com o sincero sentimento de arrependimento, porque primeiro vem o discernimento, é o intelectual que vai arrastar o moral. Ele primeiro observa, porque não está legal, dói aqui, dói lá, de repente ele pára. Mas isso acima de tudo cria uma desordem no equilíbrio da Lei de Amor. Então, ele se arrepende e basta este sentimento de arrependimento para que ele seja retirado daquelas regiões e transportado para as regiões porque nós sabemos que tem uma de repressão e a outra de cura. Quando muda de diapasão ele é levado, pelo arrependimento, ele já pode se beneficiar de um outro estado mental, que é muito mais receptivo e flexível; então, ele pode adentrar determinadas comunidades sem criar desordem, que é o que aqui está em Ação e Reação, no capítulo I, páginas 19 e 20. Nós percebemos que os espíritos, quando vão chegando neste estágio de discernimento, eles vão então, por um verdadeiro arrependimento, ter a oportunidade de se curar, de reparar. Mas, nem todos o fazem de maneira lúcida e legítima, nem muitas vezes de uma maneira sincera, e aí a Lei separa claramente. São amparados e levados aqueles que têm sinceramente a vontade. Por que será? Por causa do campo vibratório que ele exala. Até pelo peso específico do corpo espiritual dele. Porque na hora que não é verdadeiro, ele está até por interesse, está até funcionando. “Não, eu quero melhorar porque aqui não está dando certo. Eu não estou agüentando mais. O sofrimento que estão me impondo aqui, os outros são mais fortes do que eu, mais perversos, eu não estou gostando. Eu quero sair daqui. Como é que eu saio?” Para sair vai ter que melhorar de verdade. Ele vai ter que operar dentro dele uma mudança vibratória, e essa mudança é facilitada pelo sentimento verdadeiro de arrependimento. Quando não é verdadeiro não funciona. Ele muda de patamar vibratório e pode ser levado para regiões onde estão os hospitais espirituais, onde há cura.

Na página 149 no Livro Evolução em Dois Mundos: “... Qual doente, agora acolhido em outros setores pela encorajadora convalescença de que

dá testemunho, o devedor desfruta suficiente serenidade para rever os compromissos assumidos na encarnação recentemente deixada, sopesando os males e sofrimentos de que se fez responsável, acusando ainda a si próprio, com a incapacidade evidente de perdoar-se, tanto maior quão maiores lhe foram no mundo as oportunidades de elevação e a luz do conhecimento.” (Evolução em Dois Mundos – Psicografia de Chico Xavier – Cap. XIX – SEMENTES DE DESTINO – Pág.

149 – Ed. F.E.B.).

Ele perde perdão a Deus, se arrepende, uma outra freqüência vibratória exala do seu campo perispiritual, ele ganha serenidade, ele é ajudado, ele é passível de ser conduzido. Agora, ele ainda não consegue se perdoar. Ele ainda traz uma vontade de que... aí vamos ver, vamos torcer para que ele tenda a buscar o movimento de expiação, movimento provacional e de reparação, e que ele não

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26 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL caia no movimento da culpa. Mas aquele resquício, que dentro do discernimento, pela própria falta de amor que a gente tem pelos outros e por nós mesmos. Na hora que reconhece que ali errou, que já foi um ganho. No início nem reconhecia. Mas cai nesse risco da culpa.

“...Muita vez, ascendem a escolas beneméritas, nas quais recolhem mais alta noções da vida, aprimoram-se na instrução, aperfeiçoam impulsos e exercem preciosas atividades, melhorando os próprios créditos;...” (Evolução em Dois Mundos – Psicografia de Chico Xavier – Cap. XIX – SEMENTES DE DESTINO – Pág.

149 – Ed. F.E.B.).

Vocês estão percebendo que a gente para poder falar de como podemos suportar com serenidade as nossas dores, as nossas provações quando estamos encarnados, a gente tem que entender que é um fluxo, um troca-troca, estamos na posição de encarnados ou desencarnados? É muito mais ligado do que a gente pensa. Então, para a gente poder se ajudar com o esclarecimento doutrinário, como que eu posso ter pacificação para atravessar a prova aqui? Eu posso ter uma noção das etapas que eu provavelmente atravessei, pelo menos algumas delas, para que eu pudesse continuar crescendo e tivesse a oportunidade nessa encarnação. Como é que ela vem?

“... todavia, as lembranças dos erros voluntários, ainda mesmo quando as suas vítimas tenham já superado todas as seqüelas dos golpes sofridos, entranham-se-lhes no espírito por ‘sementes de destino’, de vez que eles mesmos, em se reconhecendo necessitados de promoção a níveis mais nobres, pedem novas reencarnações com as provas de que carecem para se quitarem consciencialmente consigo próprios.”

(Evolução em Dois Mundos – Psicografia de Chico Xavier – Cap. XIX SEMENTES DE DESTINO – Pág. 149 – Ed. F.E.B.).

Olha como fica lá atrás, já passou por tudo isso, as seqüelas, a depressão, perseguição. Esse conceito de semente do destino é a gente que fala, ele põe aqui “de destino”. Porque

elas ficam lá plantadinhas no fundo do nosso psiquismo, nas dimensões mais sutis da nossa tecitura perispirítica, como nos alertando daquilo que nós precisamos produzir em nós mesmos, para podermos recompor a distonia vibratória criada com aquele fato. Pelo mecanismo sábio da Lei, já percebemos que é o processo reencarnatório que vai nos favorecer, que será o procedimento que irá viabilizar aquilo que eu tanto anseio por ter, que é a possibilidade de me reestruturar, recolocar minha tecitura perispirítica num ponto novamente de equilíbrio com a Lei. Mas como isso se procede? Ah! reencarna e pronto? Não. Como é planejada essa reencarnação, para de fato ela ser frutífera e útil para que eu de fato elimine os resquícios daquela distonia que eu criei por aquele ato de desamor e desequilíbrio com a Lei?

“...Nesses casos, a escolha da experiência é mais que legítima, porquanto, através da limpeza de limiar, efetuada nas regiões retificadoras, e pelos títulos adquiridos nos trabalhos que abraça, no plano extrafísico, merece a criatura os cuidados preparatórios da nova tarefa em vista, a fim de que haja a conjugação de todos os fatores para que reencontre os credores ou as circunstâncias imprescindíveis, junto aos quais se redima perante a Lei.” (Evolução em Dois Mundos – Psicografia de Chico Xavier – Cap. XIX – SEMENTES DE DESTINO – Pág.

149/150 – Ed. F.E.B.).

Quando estava no corpo a corpo com o outro que era renitente no mal, foi produzido uma limpeza de limiar, que facilitou uma crosta vibratória danada, que foi tirada no rala-rala mesmo, no embate vibratório, foi perdendo casca vibratória pesada, para poder ter mais lucidez, nitidez sobre o meu ser e poder entrar no estado consciencial que me leva ao arrependimento.

Vocês viram que entre a página 148 e 149 tem um destino secular exemplar. Milhares de reencarnações seguindo o ritmo da Lei. Passando primeiro pelas regiões expiatórias mais contundentes, que produzem essa questão que ele diz que é a eliminação da carga de superfície, para depois poder se arrepender, para depois poder ser ajudado, para poder então, ser levado para o trabalho, para o estudo. Sentindo que quer continuar a crescer, o espírito anseia por uma nova reencarnação, aonde atravessará situações provacionais.

Que a gente possa valorizar. Depois disso tudo, somos tutelados ainda, por uma equipe de espíritos amigos que têm um entendimento muito maior das necessidades do ser, para poder evoluir.

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 27 Analisam aquilo que é comum a tudo, analisam a especificidade de cada um, como necessidade espiritual e promovem esses reencontros. Deve ser um mapeamento inacreditável, uma teia de relações incríveis.

Em Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, caps. V e IX, dentro de uma situação muito semelhante a esta, um espírito estava trabalhando no plano espiritual, nas comunidades de atendimento, sendo extremamente útil, numa tarefa em que ele tinha um bom desempenho, onde ele criara outros vínculos vibratórios por laços de amizade e de sintonia no mesmo ideal no bem. Mudou aquela coisa do confronto para outro tipo de laço de convivência e estava bem. Passou por aquela dor toda. É como a gente quando sobe a escada da Casa Espírita, entra no estado de felicidade. A gente conta com essa estrutura, essa firmeza, sempre. Então, quando um amigo está lá em cima, e a gente provavelmente, outras vezes, “Ah! agora estou conseguindo paz, estou trabalhando, estou sendo útil, não quer sair daqui não.” Vem o mentor, o espírito que está acima:

“— Ótimo, legítima conquista, mas e o impulso do progresso? Qual é a finalidade da Lei? Tem que crescer. Está bom por enquanto. Para crescer vai ter que reencarnar, convivendo com Fulano, Beltrano.”

“— Ah! Não, eu sou muito útil aqui, não me tira daqui não. Vai atrapalhar o trabalho, desorganizar a tarefa. Estou ótimo aqui, não me tira não.”

O espírito constrangido, não tinha mais saída, é trazida sua mãezinha de uma outra esfera vibratória, para tentar convencê-lo.

Porque não é só para criar o reencontro dos credores e as circunstâncias imprescindíveis para o crescimento dele. Não é assim.

Ele diz que é para deixar para mais tarde. Por que é que veio a necessidade? Porque aí fica claro, porque aqueles com os quais ele tinha que se reajustar, já estavam reencarnados de monte; tem uma duração a reencarnação, não dava mais para ficar esperando. Ele vinha como neto, porque tinha que vir dentro daquela família antes de desencarnar, porque ia ser dificílimo juntar aquele povo todo de novo. Não dava para falar: “Deixa eu ficar mais um pouquinho na tarefa do bem.”

Como é que a Doutrina nos ajuda a enfrentar as provas com pacificação, com serenidade? Porque a dor dói. Vai querer prova sem dor. Ela dói, mas como é que a gente atravessa essa dor? Ou melhor colocando: que aprendizado eu retiro para o meu espírito naquele momento de dor? A Lei é educativa. Ela não está fazendo aquilo pelo prazer de me ver sofrer, jamais. Ela está reduzindo ao máximo o desconforto psíquico, em que eu sou colocado e em que eu me coloco por causa do meu nível consciencial em determinadas situações, mas eu preciso daquela situação para poder crescer. Porque por omissão eu não cresço; tapando o sol com a peneira eu não cresço. Eu não resolvi aquela situação, só significa que eu não estou capacitado naquele aspecto. Como é que eu vou evoluir para depois ajudar o outro, se não resolvi internamente? Como é que eu cresço na tarefa do bem, até no plano espiritual, se naquela situação encrenca. Porque está tudo bem, menos quando aparece na minha frente Fulano ou Beltrano, aí eu viro uma fúria. Como é que fica? Vai agendar horário? No dia que eu estou bem, posso atender. No dia que não estou, aparece o Fulano. Como o plano espiritual pode confiar no trabalhador, com toda essa confusão e essa especificidade de atitudes?

Nós temos que conquistar internamente, qualidades que temos, que estão apagadinhas, porque estão abafadas pelas nossas eternas paixões, o egoísmo e o orgulho, que abafa mesmo. É um capacete negativo em cima das opções. Caminhos existem outros, mas a gente não consegue entrar por eles porque tem que se dobrar, tem que ter humildade, reconhecer o erro, tem que deixar o outro ter uma péssima idéia de mim, sabendo que ele não está certo naquilo, nas ouras coisas até teria, mas naquele aspecto não tem. Eu tenho, principalmente (é outra coisa que freqüentemente surge em André Luiz), é a posição de que o compromisso consciencial nosso, implantado pelo Criador, é com a Lei de Amor, não é com a filtragem interpretativa da Lei de Amor que os outros, meus irmãos no mesmo grau de evolução média que eu tenho, tenham dela. Porque muitas vezes, a gente não consegue ter uma atitude mais digna e proba no bem, porque a média da família não vai entender, a média dos amigos não vai entender. A gente se deixa levar muito mais pela opinião do outro e pelo retorno, porque não é brincadeira, o que esta opinião gera em relação a mim. Vai me achar

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28 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL antipática, acha chata, isso e aquilo. Então, eu priorizo o conceito que está numa determinada etapa evolutiva do companheiro, em relação, às vezes, a questões básicas de ordem ética. Porque eu temo a reação dele, de não me adorar, não me prezar tanto. Eu coloco isso na frente do crivo consciencial que eu tenho. São as nossas fraquezas. O que é que abafa a potência amorosa de crescimento e a possibilidade de eu poder conviver com uma pessoa, com quem em outra encarnação eu tive tantas dificuldades? A gente quando quer puxa forças criadoras da alma inacreditáveis. A gente descobre recursos íntimos de que não tem idéia.

Essas questões é que parecem que são fundamentais para que a gente veja quanto trabalho através dos séculos o nosso espírito construiu, através da vigilância e do amparo abençoado da Lei, para que a gente pudesse ter um planejamento reencarnatório, que obviamente é aberto, porque senão o arbítrio não existiria, mas ele tem parâmetros como se fosse dentro de uma larga estrada. Nós teremos alguns parâmetros que surgirão, porque foram buscados pelos mentores espirituais, para surgirem como circunstâncias para nós podermos crescer e podermos substituir, aí sim, na nossa tela mental, no nosso registro espiritual, aquela reação que tivemos negativa, errada, insuficiente, pouco amorosa, séculos atrás digamos, por uma outra atual, amorosa, de compreensão, solidária, suave, simples. Isso nós podemos.

Quando nos defrontamos com uma dor superlativa o que é que a gente percebe? Tem uma parte no Evangelho que fala disso, que nas grandes calamidades a caridade surge. Mas o texto chama para outro lado, dizendo que o problema é no cotidiano, na miséria oculta que não aparece com muita veemência, que não é contundente. Muitas vezes o nosso coração ainda tão endurecido, não se deixa tocar por ela, não atende. Mas o que a gente pode perceber também, é que muitas vezes o nosso espírito precisa atravessar uma dor superlativa, para que ele descortine dentro de si, com muita clareza, a escala de valores que norteia o nosso ser espiritual.

Nas provas que a gente já tenha atravessado, a gente percebe que pelo menos naquela fração de tempo em que somos tomados, estamos encharcados pelo fato, pela experiência, pela contundência da situação, nós temos uma nitidez sobre o valor da vida, uma nitidez sobre aquilo que importa e sobre as bobagens em que a gente perde tempo. Toda vez que a gente lê o “Necessário e o Supérfluo”, vamos tentar ler de novo. A gente está sempre achando que é bem material, não é nada disso, é em relação até ao que eu usufruo na vida, que tipo de necessidade eu tenho afetiva com o meu filho, meu marido, minha mãe, o que eu espero? Fico enjoada querendo isso ou aquilo invés de valorizar aquilo que é essencial. O que é essencial na vida de relação? O que é essencial na minha relação com o meu filho? O que é essencial afetivamente, na minha relação com meu marido, com minha esposa? Quais são as bobagens supérfluas a que eu fico presa cobrando? A dor superlativa, a prova superlativa, pelo menos temporariamente, eu não sei quem já atravessou, mas a gente tem tristemente essa percepção de que ela dura. Um tempo depois, volta aos pouquinhos a ser abafada pelas nossas bobagens, infantilidade, imaturidade. Mas na hora, e às vezes, dura uns bons anos para tirar proveito e alavancar o nosso progresso, elas dão uma nitidez sobre a escala de valores, porque elas mostram com clareza, inclusive o valor da encarnação. A gente passa a valorizar a vida de uma maneira totalmente diferente. Se você passou pela prova da situação limite de perda do envoltório denso do corpo físico nessa encarnação, olha a vida diferente e olha até a Medicina Espiritual de outra maneira, olha a possibilidade de ajuda àqueles que sofrem a dor de outra maneira, porque sentiu na mão, por fração de minuto, aquela possibilidade de perder a oportunidade reencarnatória. E quando por acréscimo de misericórdia não ocorre, não perde tempo com bobagem, porque você sente necessidade. A vibração não é falsa, não é arranjada, ela exala. Aí se atravessa de fato uma situação em que se valoriza a possibilidade de viver.

Para a gente chegar nesse estado, que é altamente confortador, de lucidez numa escala de valores do nosso ser espiritual, deixando de lado os valores materiais, e eu incluo inclusive, dentro do campo afetivo, que a gente pode englobar como valor espiritual mas sem as bobagens, infantilidades que a gente confunde como amor e essas coisas todas. Como é que a gente pode aproveitar esse conhecimento, para nesta encarnação não ficar achando que se não for nesse tranco vigoroso, nós não conseguimos enxergar de maneira lúcida e não conseguimos ter uma porosidade para estes valores espirituais?

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Como a gente criaria essa situação como antídoto, para a situação da dor? Como se fosse uma profilaxia da dor. Nós poderemos criar através de situações, e aí é muito interessante, quando a gente vê que é sempre pelo trabalho no bem.

No Livro Dimensões da Verdade de Joanna de Ângelis através de Divaldo, quando nós vamos percebendo que tem outras maneiras, não só a prova superlativa tão dolorosa, é que pode nos alertar, ampliar o nosso discernimento e nos fazer mudar muitas vezes de atitude, buscar outras situações, buscar um outro tipo de trabalho dentro do bem. Olha como ela fala: “Terapêutica Espírita”. Como nós podemos retirar da Doutrina os conceitos que nos ajudam a atravessar a dor e eu vou me adiantar um pouquinho, e até evitar, porque quando ela vem muito dolorosa e evitar as confusões das causas atuais das aflições que a gente cansa de complicar. O que veio planejado, depois de tudo aquilo que nós vimos em André Luiz, ok, mas a gente gosta de complicar. Então, vamos ver como a gente pode tentar não complicar e, muito pelo contrário, ajudar e amenizar o instante da dor que está sendo necessária.

Ela diz o seguinte: Terapêutica Espírita – “Pára num turbilhão que te desequilibra e medita. Meditação é

combustível precioso que mantém o vigor moral. Emerge das areias movediças e sedutoras das atrações fáceis e medita nas responsabilidades morais que enfeixas nas mãos. Meditação é dínamo poderoso que movimenta a máquina da ação.”

(Dimensões da Verdade – Espírito Joanna de Ângelis – Divaldo P. Franco)

Dentro de uma daquelas entrevistas espirituais para o Encontro de Mediunidade, quando um dos companheiros perguntou a Ignácio Bittencourt: “— Tá bom já entendemos, tem que estudar. O povo chega não conhece nada da Doutrina, tem que por no estudo para poder serenar, equilibrar, ter discernimento, entendemos.” Estou chamando a atenção por causa da palavra meditação e do conceito de meditação.

Repetiu a pergunta: “— Não, é outra coisa, a gente que saber, a gente que já está aqui nesse esforço há tanto tempo, que temos as nossas dificuldades, quem está aqui melhorou, mas tem aqueles defeitos que a gente não consegue se livrar, se entristece cada vez que vê que ele aflora e não sabemos como evitar, porque não temos uma estatura moral para poder..., e aí, como é que a gente faz com gente e como é que fala com o encontrista se ele trouxer isso?”

Aí a palavra de Ignácio: — Estudo. O companheiro ouviu e voltou a fazer a pergunta com outras palavras: “— O que eu estou

querendo dizer é, não é o povo que não está habituado a ouvir Doutrina, a gente que já ouve há trinta anos, até já está melhorzinho, está no trabalho. Eu quero saber como é que a gente faz com aqueles defeitos lá de trás, que ninguém percebe, os amigos nem sabem, porque a gente esconde lindamente, somos muito inteligentes para esconder, morre de vergonha, mas fica lá incomodando. E porque não conseguimos exalar aquilo, nem trocar opinião com ninguém, aquilo fica numa panela de pressão. O que se faz?”

Resposta: — Estudo. Depois pelo desenrolar da entrevista a gente foi vendo que era isto. Ele falou estudo porque

é o início, mas é tudo o como. Como é que eu atravesso a encarnação? Como é que eu atravesso a prova? E como é que eu estudo? Porque sem meditação entra por um lado e sai por outro. Eu estudo e apreendo nada. Eu estudo, racionalmente até gravo, porque o coitado do amigo espiritual está lá com passes magnéticos infindáveis na hora que eu estou numa palestra, para ver se aquilo grava na camada mais superficial do perispírito, para ver se na outra semana eu ainda me lembro.

Depois na outra: “Eu até lembro, mas na hora de funcionar eu lembro, a vontade ameaça fazer, me dá uma preguiça e eu volto a fazer o que eu estava acostumado.” E aquilo vai acumulando, aquela informação superficial, porque ela não ganhou vivência.

A triagem para sair do estado da zona de repressão para a zona da cura, é o verdadeiro arrependimento, é a verdadeira transformação do campo eletromagnético que faculta o ser a sair daquela situação de densidade perispirítica para uma outra. E como é que eu faço essa passagem? É o estudo sim, mas é o estudo assimilado, vivenciado.

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30 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL

Vamos ver como ela vai falando aqui dessa pequena palavra, que ela chama da terapia espírita, que é a meditação.

“... Meditação é dínamo poderoso que movimenta a máquina da ação. Estaciona no caminho de inquietudes por onde seguem os teus pés e faz um exame dos teus

atos, demorando-te um pouco em meditação. Meditação é terapia que oferece paz. Esquece sombras e pesadelos. E antes de reiniciares as tarefas que acalentas, deixa-te ficar algum tempo em meditação. Meditação é amiga fiel que corrige com bondade e esclarece com humildade. Se desejas realmente um método eficiente para ser mantido o alto índice de produtividade,

evitando insucessos continuado ou erros constantes, elege a meditação como hábito salutar em tua vida.

O cristão, em particular o espírita tem necessidade de meditar, como de orar. Porquanto, se a vigilância decorre da meditação esta é conseqüência dela.”

(Dimensões da Verdade – Espírito Joanna de Ângelis – Divaldo P. Franco)

A gente é sempre agitadinho, quer sempre fazer um monte de coisas. Achamos que nesse agito a gente resolve a qualidade vibratória. Ledo engano. Não é a quantidade, é a qualidade.

“ Meditação é dínamo poderoso que movimenta a máquina da ação.” Não é para inverter. Observando companheiros chegando na Doutrina com 800 atividades na Casa Espírita.

Porque tudo que pergunta eu fico sem jeito de dizer não. Digo sim, faço. Mas não dá para fazer tudo muito bem feito. Vai aquele acúmulo de tarefas, tudo junto. Cria aquela ilusão de que se não fizer tudo, não vai crescer. E se fizer menos e bem feito? E se meditar antes para poder pensar na qualidade da ação?

No livro Por que adoecemos?, Volume 2, Princípios para a Medicina da alma, da Associação Médica Espírita de Minas Gerais, um dos textos de Jaider Rodrigues de Paulo, é “Estrutura do perispírito e as suas repercussões na vida do espírito.” Ele fala com muita clareza das atribuições do corpo mental e mostra como funciona isso.

Antes de irmos para o Jaider, vamos relembrar Mecanismos da Mediunidade, a questão das ondas vibratórias mentais. Quando estamos numa postura de reflexão e de estudo, as nossas ondas mentais já funcionam numa freqüência vibratória um pouquinho mais elevada. Quando nós estamos no movimento de renúncia verdadeira, ou estamos atravessando a prova superlativa numa posição de pacificação e aceitação, nós já temos uma freqüência vibratória ainda mais elevada. Porque já estamos entrando mais em sintonia com a Lei de Amor. Nesta hora eu estou adentrando um estado psíquico, onde meu ser, ao exalar esta postura de aceitação, emite ondas vibratórias numa freqüência mais elevada. As ondas curtas, ultra curtas, já fica por conta dos espíritos angelicais. Mas aquelas de reflexão e estudo já tem uma freqüência vibratória maior do que as ondas que eu emito no dia a dia nas questões comezinhas, não são negativas, não são na hora dos maus pensamentos, é quando eu estou tratando do meu expediente que a vida de encarnado exige.

No momento da situação da meditação, eu entro numa outra faixa vibratória, que eleva a minha faixa mental, que coliga minha faixa mental com mais facilidade com o do espírito amigo mentor e de todas as pessoas que estão nessa sintonia. Se eu entro nessa faixa vibratória, quando eu for tomar uma decisão e vou entrar em ação, é provável que eu possa agir dentro da faixa do bem e da serenidade.

A meditação é um dínamo, porque eu não estou agitando o tempo todo, acumulando tarefa. Eu estou num estado de introspecção, de reflexão e de estudo. Aí entra na relação do estudo no tom ao qual provavelmente se referia o espírito Ignácio Bittencourt, que é o estudo que promove a reflexão, a interiorização, a meditação, que muda a freqüência vibratória que eu exalo e que aí, facilita as minhas ligações com os espíritos mais evoluídos, que exalam constantemente. Porque a gente estuda um tempo, depois sai e vai fazer outra coisa. Mas se naquele momento a gente já conseguiu, o estado de meditação é extremamente salutar.

Fazendo um cruzamento com o estudo que está no livro Por que adoecemos?. Aí é o homem integral, que a gente estuda sempre no Encontro de Medicina Espiritual, o espírito. A primeira

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 31 dimensão que exterioriza as potências do espírito nós sabemos que é o corpo mental superior, médio e inferior. Aqui ele analisa basicamente o superior e o inferior. Sabemos que tem as inúmeras camadas do corpo espiritual, sendo que a mais sutil se coliga com a mais densa do corpo mental inferior, porque elas todas estão interligadas. No momento da preparação reencarnatória, quando estamos encarnados, a camada mais densa do corpo espiritual estará ligada ao duplo etéreo e este através dos centros de força e dentro dos plexos do corpo físico, isto quer dizer do sistema neuro-endócrino, nós então, teremos este fluxo que promana do espírito, atravessa as camadas do corpo mental, as diversas camadas do corpo espiritual, imanta o duplo etéreo quando estamos reencarnados e exala no corpo físico.

As camadas do corpo mental e do corpo mental superior que é aquela constituída pelas vibrações mais sutis do nosso ser, em qualquer grau que a gente esteja evolutivo. Obviamente que entre a qualidade vibratória, a tecitura vibratória do nosso corpo mental superior e do espírito angélico é completamente diferente. Mesmo dentro dessa relação, em referência ao nosso ser integral é a dimensão mais sutil, e que age como veículo imediato do espírito. Armazena a essência das experiências humanas nas diversas reencarnações, como por exemplo, não serão mantidos na memória a perda de tempo com a cultura inútil, o sofrimentos desnecessários, a questiúnculas (Questão sem importância. Controvérsia ou discussão sobre assunto fútil) da vida e muitas mais, porque nenhuma delas ficará gravada na essência do nosso ser.

De posse desses recursos tem o homem condições de selecionar melhor os seus reais investimentos na atual encarnação.

Tudo para vermos porque a meditação vai ser um dos elementos, além da elucidação toda que a gente percebe, porque a gente atravessa as provas, de onde eu tiro a força de na hora atravessar melhor. A meditação foi uma delas. O que a meditação causa, já vimos em relação a freqüência das nossas ondas mentais. O que a gente vai percebendo que vai promovendo nas camadas mais sutis? O que o corpo mental superior guarda? Ele é depositário da memória, da intuição e da vontade. Sua forma é ovóide, composta por matéria mental superior e pelas vibrações das virtudes. Porque na hora que eu vou emitindo pensamentos pelo processo de meditação e reflexão mais sutil, a freqüência vibratória fica mais otimizada. O que acontece com esta vibração? Ela vai atingindo as camadas mais sutis do meu ser. E vai atingir o campo do corpo mental superior, aonde habitam as virtudes. E delas a gente tira forças, para na hora de agir, agir no bem e não fazendo bobagens.

“Por isso no plano em que labora não há sofrimento. Uma entidade que viva neste plano, mesmo que quisesse sofrer”, (aí está falando dos espíritos angelicais, já chegaram lá, eles detêm essa dimensão simplesmente, do corpo mental superior, porque o resto não precisa mais). “Uma entidade que viva neste plano, mesmo que quisesse sofrer não conseguiria, devido ao fato de não existir nele matéria mental que responda a vibração do sofrimento.” (Porque Adoecemos – vol. II – Associação médico Espírita de Minas Gerais – A Estrutura do Perispírito e suas Repercussões na Vida do Espírito – “Corpo Mental Superior” – Jaider Rodrigues de Paulo – p. 53

– Ed. Fonte Viva) Está fazendo sentido como a gente pode fazer por nós mesmos um esforço de na hora da

prova que vem e que vai doer, como a gente tira elemento de nós? É de nós mesmos. Porque ele habita o nosso ser. Nós não estamos habituados, capacitados, não temos nos esforçado para poder ativá-los, mas eles lá estão. Porque apesar de estarmos num mundo de provas e expiações, já tivemos conquistas morais. Cada um de nós detêm um patrimônio, é lógico que não é igual ao espírito angelical, ou do espírito bom, mas já é um patrimônio. A gente pode acessar isso, é esta a questão. A gente tem, através da meditação, a possibilidade do trabalho no bem. É quando você penetra na realidade daquele trabalho, aí você acessa essas dimensões. Isso explica o fato dos espíritos angélicos e superiores serem naturalmente felizes. A afirmação de Jesus de que a felicidade não é deste mundo ganha com esses conhecimentos explicação científica lógica e plausível. Nesse entendimento vale tecermos alguns comentários do que vem a ser matéria vivificada.

Nós temos em nós a possibilidade de atingirmos a perfeição, somos seres perfectíveis. Através do nosso esforço de auto-construção nós vamos ativando estas potências, que estão ali

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32 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL latentes, mas elas existem. Elas são o reflexo dos atributos do Criador. Quando nós conseguimos vivificar essas virtudes, parece que tem que ser através do trabalho, da ação. Não, é através do estudo, da meditação, do nível consciencial transformado pelo processo de introspecção, esclarecido pelo conceito doutrinário absorvido e estudado é que eu vou mudar a freqüência do meu campo vibratório, vou acessar esta região tão sutil e tão próxima do imo do meu ser, que é o espírito. Vou ativá-la e trazer para as camadas mais sutis, de modo que o próprio cérebro físico atue de maneira positiva, me levando a cumprir determinadas ações que serão fraternas, amorosas, justas e boas, que irão alavancar o próprio crescimento.

Ele (Jaider) diz que, tanto na espiritualidade quanto quando estamos encarnados, a preciosidade da vida de relação, é que nós crescemos com o outro. A gente sempre aprende. Aprendemos com métodos pedagógicos adequados à nossa possibilidade de aprender. Quando vem essa possibilidade, ele diz que a informação que vem de fora, dada pelo mundo, a gente pode pegar a informação doutrinária, os estudos. Você está 40 anos na Doutrina vai tendo que aprender cada vez mais, tem que sempre continuar estudando. Esse patrimônio que está fora e que eu vou trazendo para dentro de mim, seja doutrinário, seja em outras áreas de cultura, de aprendizado do mundo, inclusive os aprendizados menos consagrados, como o trabalho no campo, o trabalho rural. Tudo tem uma sabedoria inacreditável. Este processo de assimilar isto, que cria um movimento, que é uma ante-sala para este aprofundamento e para o processo de meditação. Porque a gente retira estes conhecimentos. À medida que eu assimilo aquilo, que introjeto as informações e que eu vou verificando como vou podendo pensar, raciocinar, operacionalizar aqueles conceitos na minha existência, eu vou fazendo com que aquilo que era ante-sala passe a ser o conteúdo maior do meu ser.

Na hora que eu acessar as virtudes que estão já conquistadas e que estão dominando a estrutura toda do meu corpo mental, elas virão jorrando, atravessando todas as camadas que compõem o homem integral e atuando na minha ação no mundo, porque elas vão atuar inclusive, sobre a minha vontade.

Fechando com Joanna para poder valorizar este texto. “Acreditas-te em soledade e por isso sofres. Medita e verificará outros corações mais

solitários ao teu lado. Levanta-te, visita-os e apresenta-lhes a Mensagem Espírita. Consideras-te enfermo e alquebrado, caminhando sem arrimo. Medita e encontrarás

próximo de ti, sofredores mais atormentados, contemplando em ti a felicidade que dizes não possuir. Dirige-te a eles, oferece a fraternidade que podes haurir nas Lições Espíritas.

Aceitas como fato consumado a tua falta de sorte no que diz respeito as atividades comuns a todos os homens. Meditas e enxergarás corações vencidos, que ti invejo o sorriso e a fortuna que afirmas não ter. Alonga até eles a compreensão espírita.

Descobrirá se meditar que a Terra é um imenso hospital de almas mais sofredoras do que a tua e que com os recursos da terapêutica espírita, poderás operar valiosas contribuições em favor delas. Constatando a exatidão da máxima evangélica: “Mais se dará aquele que mais der”, porque ao ajudares sentir-te-ás também ajudado.

Faz pequeno curso de espiritismo em casa para ti próprio, estudando a Codificação. Aplica passe, usufrui da água magnetizada, concede palavras de alento, freqüenta serviços de desobsessão, desperta para a vida espírita dentro de ti mesmo e, meditando para agir com acerto, desfrutarás a felicidade perfeita que ambicionas, porque meditar no bem é começar a fruir o bem desde agora mesmo.”

(Dimensões da Verdade – Espírito Joanna de Ângelis – Divaldo P. Franco)

Que a gente possa ir raciocinando nessas questões, para que tenhamos condições, dentro de todo esse panorama de textos trazidos pela Doutrina, de perceber, primeiro, quais foram as causas que geraram a necessidade de atravessarmos determinadas provações? Por que nos cabe nesta encarnação a convivência no seio da família, no grupo da Casa Espírita, no grupo de trabalho, por que eu tenho que lidar com aquelas criaturas?

Eu fico imaginando a trabalheira que foi para a espiritualidade arregimentar aquelas almas todas, para que elas pudessem numa mesma situação espaço temporal conviver. A

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 33 complexidade inclusive, de um outro reencontro. Que é o alerta do mentor em Obreiros da Vida Eterna - Fica perdendo tempo aí em cima, nesse bem-bom de estar na tarefa e não querer evoluir, porque depois não vai ser fácil. Tão cedo não se poderá criar a reunião destes mesmos espíritos. Porque cada um deles tem outras necessidades.

Nestas horas vamos valorizar a convivência, mesmo a convivência difícil. Que a gente possa valorizar. Gostaria de fechar hoje com esse conceito. Que não só nos

fortaleçamos para atravessar, como façamos a profilaxia para não inventar bobagem, que valorizemos profundamente o dom da vida, da programação, dos encontros e desencontros e que a gente saiba, inclusive, aoinvés de cair em desalento ao olharmos alguns procedimentos desta encarnação, e sentirmos que fraquejamos, que podíamos ter agido de outro jeito, que não conseguimos dar conta na medida da nossa expectativa conosco mesmo, às vezes, dói, a gente achou que conseguia e não consegue. Que possamos ficar imbuídos de estímulo, de coragem, de vontade de crescer nessa mesma encarnação. Que a gente aproveite cada segundo para transformarmos aquelas situações que não demos conta.

Que tal reajustar agora? Que tal buscar forças? Que tal buscar novas posturas? Que tal sair do imobilismo que determinados hábitos familiares criam? Porque às vezes a gente não muda por uma questão de ficar considerando demais a opinião do outro, ao invés de entender o que a Lei que é justa pede.

A gente não consegue na hora da dor superlativa ainda, agradecer a Deus pela prova. É muito difícil. Com aquele sentimento verdadeiro é muito difícil. Atravessamos com serenidade e aceitação, mas na hora “H” dizer: “Graças a Deus”, é muito difícil.. Sentimos um grande alívio, porque querendo ou não, nos demos conta da prova, isso dá uma aliviada vibratória na gente. Mas com amor ao Pai podemos dizer: “Obrigada Senhor por essa dor”. Quem sabe um dia a gente chega lá.

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34 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL

Imortalidade – A certeza da Misericórdia Divina Aula dada por Lúcia Ventura em 27/05/2004

O tema é a questão da imortalidade como a misericórdia de Deus junto a nós. Para

tratarmos deste assunto tem uma coisa que não podemos fugir, que é talvez, o único dogma que temos dentro da Doutrina Espírita, que é a reencarnação. Não tem como a gente fugir da questão da imortalidade, segundo a Doutrina Espírita, nem fugir da misericórdia divina se a gente não falar de reencarnação.

Nós fomos criados simples e ignorantes, lá no reino mineral, no reino vegetal, no reino animal. Num determinado ponto Deus nos transforma em espíritos. E dentro da Lei de Progresso o nosso destino é a felicidade, é a perfeição. Só que Deus nos dá o livre-arbítrio. E aí o que a gente faz com o livre-arbítrio? A gente começa a experimentar determinadas vivências e é quase que fatal que a gente começa a fazer um monte de besteira, principalmente no iniciozinho.

Então, a caminhada que poderia ser em linha reta, ascendente, sem dificuldades, acaba sendo um caminho, muitas vezes, tortuoso. A gente vai, volta, melhora, até que consegue pegar prumo da situação e fazer o caminho. Só que a gente faz isso em diversas existências. Em uma existência não daria para acertar tudo, resolver tudo, conhecer tudo, ter todas as virtudes. Na verdade a gente vai fazendo isso em diversas encarnações.

Para gente falar de reencarnação é uma coisa bastante simples, fácil, lógica. Para quem está na Doutrina há um, dois, três anos já começa a se tornar mais tranqüilo falar de reencarnação. Mas a gente também sabe que muitas pessoas não têm a mesma facilidade em relação a essa idéia de reencarnação.

Outro dia na escola, nós temos professores evangélicos, católicos e um grupo pequeno de espíritas, surgiu um assunto e uma professora que conhece alguma de Doutrina Espírita, embora, não se diga espírita, ela falando de uma dificuldade familiar, falou assim: “— Eu vou precisar de muitas encarnações para resolver esse problema.” E outra professora, católica extremada falou assim: “— Que encarnação que nada, a gente só tem essa vida. Vê se Deus ia deixar a gente ter outras vidas de padecimento.” Quer dizer, o que a gente aceita com tranqüilidade, vê como misericórdia divina, para outros companheiros seria um castigo de Deus. “Para que Deus vai me dar outra vida, para eu ficar padecendo? Já não estou padecendo nessa? Já tenho tanto problema familiar, profissional, social, ainda vou vir em outra vida para continuar padecendo?” Para ela, reencarnação não é misericórdia divina. Para ela seria uma punição. Eu estava na sala, fiquei caladinha, não ia comprar briga no local de trabalho. Deixa cada um pensar por si só, acreditar no que mais lhe convém. Tem a questão 222 do Livro dos Espíritos diz que independente da nossa vontade, o que é será mesmo, acreditem ou não na reencarnação, ela vai acontecer com a criatura, então deixa haver esse despertar.

No livro Reencarnação e Imortalidade, de Hermínio C. de Miranda, nós escolhemos o capítulo 21, que tem como título Reencarnação – Instrumento para o Progresso Espiritual. Nesse capítulo ele fala de um companheiro protestante que, como protestante não acreditava em reencarnação, o Edgar Cayce. Ele sendo protestante e não acreditando em reencarnação, ele era médium, então ele entrava em crise mediúnica. Numa dessas crises mediúnicas ele falou com todas as letras que a reencarnação era uma verdade. Quando ele saiu da crise mediúnica e falaram para ele o que ele havia dito, ele entrou em desespero. Como é que ele um protestante, bem comprometido com sua religião, com sua crença, um estudioso da bíblia, como é que ele teria confirmado a veracidade da reencarnação, que ele como protestante não acreditava? A bíblia para ele não dizia em lugar nenhum a questão da reencarnação. Ele se desespera e resolve abandonar o trabalho mediúnico que fazia. Porque ele entrava no processo mediúnico e, às vezes, ele percebia as vidas das pessoas e dava conselhos. Até esse momento ele entrava nas crises e só dava os conselhos, a partir desse momento ele passa, inclusive, a ver o passado das pessoas. Só que um outro companheiro, já percebendo que ele vinha ajudando muitas pessoas, e conhecendo alguma coisa de mediunidade, conversa com ele e o convence a continuar trabalhando mediunicamente.

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Ele vivou no início do século passado. Ele vai fazendo esse trabalho de ajuda e amparo as pessoas. Às vezes, narrando para as

pessoas vivências passadas. E aos poucos vai tirando algumas conclusões. Ele acaba quase que se obrigando a acreditar na reencarnação, mesmo sendo protestante. Ele continua com o trabalho na igreja dele e com o trabalho mediúnico, só que passa a acreditar na reencarnação.

Dos episódios narrados tem dois que chama a atenção para o trabalho da Medicina Espiritual, o do Paul Durbin e da Stella Kirby.

“O homem chamava-se Paul Durbin, tinha 34 anos, casado, com um filho. Sofria de esclerose múltipla e seu braço direito e a perna do mesmo lado começaram a encolher. Amigos dedicados reuniram-se para pagar-lhe hospitalização e tratamento, além de conseguirem para ele uma consulta com Edgar Cayce e até aplicarem as massagens recomendadas pelo médium...”

Ou seja, num primeiro momento, por causa do problema da atrofia do braço e da perna os amigos levaram no Edgar Cayce, pagaram a consulta, a hospitalização e se dispuseram a fazer o tratamento que foi indicado.

“... Cayce se referira aos excessos que o homem praticara no passado, no livre exercício de suas paixões, e dizia: “A entidade (sua maneira de referir-se aos consulentes) está em guerra consigo mesma. Todo ódio, toda malícia, tudo que faz os homens medrosos, deve ser eliminado da sua mente. Pois, como se disse no passado, cada alma dará conta de toda vã palavra que pronunciar. Tudo será pago até o último ceitil. No entanto, a entidade sabe, ou deveria saber, que há um advogado junto ao Pai.”

Essas foram as palavras do Edgar Cayce para esse companheiro. Ou seja, havia um passado, nesse passado ele havia se excedido em determinados procedimentos, inclusive, na questão da palavra, do ódio, da malícia, de tratar mal as pessoas. Ele estava num processo mais ou menos de despertar, tanto que ele estava em guerra com ele mesmo. Mas, esse peso do passado, esses comportamentos do passado, era uma coisa muito forte no Paul. Era isso que fazia com que o processo de atrofiamento do braço e perna continuasse acontecendo, apesar do tratamento que estava sendo feito.

“...Estes e outros conselhos não foram tomados em consideração. Não apenas isso: Durbin, satura do de ódio e revolta, exigiu que lhe dissessem por que razão Cayce não o curara instantaneamente, como por certo achava de seu direito.”

A gente vê a dificuldade da criatura. Ela achava que o Edgar Cayce tinha que chegar, como se fosse a gente aqui, dá um passe e acabou o problema, está resolvido, não tem mais nada, o braço vai voltar para o lugar, a perna também. Além de acreditar que ele tinha mérito para isso, ele ainda se colocou numa postura de ódio, de raiva, de rancor em relação ao problema de saúde que ele estava vivenciando e até dos companheiros.

“... Até mesmo as pessoas que o estavam ajudando na sua aflição, ele as atirava umas contra as outras, de tal maneira que muitos se arrependeram do que fizeram por ele.”

É a história do ingrato. Os amigos se reuniram, pagaram o tratamento, fizeram o que puderam, iam fazer as massagens e ele invés de pelo menos, tentar se resignar, que não dissesse muito obrigado, mas ficasse na dele, não, ele ainda foi instigando desarmonia entre os amigos. Ele foi deixado por conta própria.

“... A despeito de tudo, seu estado geral melhorou.” A gente vê a misericórdia divina. Com toda a dificuldade, com todo o problema dele,

espírito imortal, com sentimentos negativos, com práticas, condutas negativas, ele ainda teve uma melhora.

“... Quando, porém, ele notou que a melhora não se consolidava, voltou a lamentar-se, mais amargamente do que nunca.”

Quer dizer, teve uma melhora, invés de... vai não tornes a pecar, ele faz exatamente o contrário. Invés de ele aproveitar e seguir o caminho reto, não, ele voltou a fazer o que fazia antes e complicar a sua situação.

“... Respondendo a nova consulta, Cayce, adormecido, foi de uma franqueza rude, de uma severidade a que poucas vezes recorreu na sua longa vida de serviço ao próximo. Explicou que a

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36 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL doença de Durbin era um problema cármico, que somente poderia melhorar se ele mudasse de atitude mental, com respeito “à sua própria situação, às coisas e ao semelhante”. Nenhum tratamento poderia ser eficiente enquanto não houvesse um esforço espiritual. "O corpo é, na verdade, o templo do Deus vivo, mas como está ele no momento? Truncado na sua finalidade e na faculdade de se regenerar. Que falta? Aquilo que é a própria vida, aquela influência ou força a que chamam Deus. Será que você a aceita ou a rejeita? Cabe a você decidir.”

Ou seja, mais uma vez Cayce tentou ajudá-lo, só que dessa vez de uma forma mais severa, mais rígida. Colocando para ele: enquanto você não melhorar o teu comportamento mental, não só o comportamento com os outros, mas o comportamento mental, o pensamento, nenhum tratamento vai trazer benefício nenhum. Vai estagnar aí, vai parar aí, porque necessita de uma reforma moral para poder se quitar com a Lei de Deus. Ele fala, é essa força de Deus. Você vai aceitar ou vai rejeitar. Você vai lembrar que existe um Deus e esse Deus é um Deus de justiça, de misericórdia, ou você vai ficar sempre se rebelando? Isso é muito importante para gente, porque o Cayce não tinha estudos de Doutrina Espírita, mas ele trouxe a mensagem que nós temos na Doutrina Espírita. E se a gente pega o livro do Milton Menezes O Sentido do Sofrimento, a gente vai vendo como as coisas vão se cruzando, vão se completando. Lógico, que hoje o estudo da Psicologia facilita muito as coisas para gente. O que a Doutrina Espírita também trouxe há quase duzentos anos, a Psicologia agora tem ajudado e muito a gente a entender, a esclarecer. Lógico, que eles vão usar alguns termos um pouco diferentes. Ele fala lá em psiquismo profundo e a gente vai simplificar usando a palavra perispírito. Mas no final das contas a informação que traz lá, mesmo puxando para a Psicologia, porque ele fala de perispírito também, porque ele é espírita, mas ele tem todo um vocabulário dentro da área da Psicologia. Nada que impeça a gente de ler também. Ele coloca numa linguagem muito fácil. Mesmo tendo alguns termos que são mais da área da Psicologia, a gente pode perfeitamente trazer para os nossos estudos e para o nosso entendimento de Doutrina Espírita.

Edgar Cayce a partir desses trabalhos que foi realizando foi tirando algumas conclusões. O outro caso é o da Stella: “Num outro caso dramático, Stella Kirby, uma senhora simpática, tranqüila e algo tímida,

divorciou-se e ficou com uma filha para cuidar. Aconselharam-na a empregar-se como enfermeira e, na verdade, pouco depois ela encontrou o emprego com que sonhava. O salário era elevado, seus aposentos quase luxuosos, numa casa de família rica. Stella, no entanto, quase desmaiou ao ver o seu paciente. Era um homem de 57 anos, em completo estado de imbecilidade. Sua cama era cercada por uma jaula de ferro. A pobre criatura ficava sentada, despedaçando a roupa que lhe vestiam; recusava-se a comer e mantinha-se em permanente estado de imundície, sem controle de suas funções naturais, de olhar vago, inexpressivo, sem falar e sem entender nada.

Stella encheu-se de coragem e entrou na jaula para cuidar do seu paciente, mas ao tomar contacto com ele sentiu-se tão mal que teve de ir ao banheiro para vomitar.

Em completo desespero, pois necessitava aflitivamente do emprego, procurou Cayce para uma consulta. Foi-lhe dito, pelo médium adormecido, que já duas vezes no passado os caminhos de Stella e daquele homem se haviam cruzado. No Egito, ele havia sido filho dela. O asco que ora sentia por ele, no entanto, provinha de uma existência no Oriente Médio, na qual ele fora um rico filantropo que, no entanto, levava uma secreta existência de devassidão, numa espécie de harém, onde praticava abusos de toda sorte. Stella fora, então, uma das infelizes que tinham de se submeter aos seus caprichos.

Quanto ao problema atual, o conselho de Cayce foi sábio e profundo. Como sempre dizia, assegurou-lhe que o espirito do doente responderia ao afeto. Stella deveria, pois, aprender amá-lo, se é que ela desejava vencer suas próprias barreiras cármicas. Abandonar a casa não seria solução, porque a ligação entre os dois continuaria em suspenso. a invadir os domínios de futuras existências.

Stella jamais ouvira falar de reencarnação. Cayce lhe disse, ainda, que numa outra existência, na Palestina, ela cuidara de crianças defeituosas e que, portanto, estava habilitada ao trabalho junto a seu paciente. Ela voltou à tarefa com nova carga de coragem e nova compreensão

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 37 dos seus problemas. Para encurtar a história: o pobre homem de fato respondeu ao tratamento carinhoso de Stella; começou a alimentar-se espontaneamente, a conservar-se limpo e vestido. Com o olhar pacificado ele seguia Stella, sem perde-la de vista um minuto. Ao cabo de dois anos, resolvidos os problemas espirituais, expirou tranqüilamente e Stella retomou a sua vida, com a visão espiritual enriquecida pela valiosa e difícil experiência.”

As conclusões que Edgar Cayce vai tirando dos trabalhos que realiza: “Por exemplo: é útil conhecermos nossas encarnações anteriores?” Tem um capítulo no Livro dos Espíritos que fala sobre isso. a gente sabe que não é grande

coisa. é a passagem do Evangelho do túmulo caiado, por fora está bonitinho mas vai abrir para ver o que tem. É melhor deixar do jeito que está. Ele diz:

“... Sim, quando desse conhecimento possa resultar algum beneficio para o desenvolvimento do Espírito.”

Nós temos também no Livro dos Espíritos dizendo para gente que em algumas situações é permitido que nós conheçamos sim, o passado. Para testar a gente. Para mudar determinadas rotas que estamos tomando. Para consertar os erros do passado. e mesmo assim se a gente tiver condição para conhecer, para saber. Porque se não tiver condição, fica lá fechadinho. É aquela questão do fardo. Deus só vai dar o fardo que possa ser carregado. Se a lembrança do passado, o conhecimento de outra vida é alguma coisa que eu vou conseguir suportar, que eu vou conseguir trabalhar mentalmente, sentimentalmente, psicologicamente, espiritualmente, tudo bem, até pode vir. Mas se não for desse jeito não adianta, para quê? Para jogar a pessoa numa depressão, para jogar a pessoa num processo de doença, de crise, de acomodação, para suscitar revolta, raiva, rancor de outros companheiros? Então não vale a pena, deixa lá guardado.

“... Caso contrário, a norma é o esquecimento e a dificuldade de acesso às nossas remotas memórias.”

Essa é uma conclusão de Edgar Cayce no início de 1900 e hoje temos a Psicologia com todo um trabalho desenvolvido com a terapia de vidas passadas, que também não é feita de qualquer jeito. A própria Psicologia diz que esse é um trabalho que tem que ser uma coisa cuidadosa, tem que ter um objetivo real, tem que ter um motivo sério para fazer isso, senão não adianta.

Quando a gente não tem a possibilidade do terapeuta, mas a espiritualidade quer que a gente saiba alguma coisa, ela vai dando os indícios, pelas situações da nossa vida, pelos sonhos que a gente tem, pelas dificuldades que a gente tem no nosso pensamento, no nosso sentimento. Tem umas questões no Livro dos Espíritos que diz que se a gente quer saber do nosso passado é só olhar bem para as nossas imperfeições, para as nossas dificuldades e para as situações que chegam na nossa vida e como a gente reage a elas. Se a gente fizer uma análise disso, vai ter uma boa idéia do que a gente fez e foi no passado.

Ele continua: “... Cayce adverte, várias vezes, de que as leis divinas somente deixam filtrar para o nosso

consciente aquilo que podemos suportar como espíritos encarnados.” A gente vê que a conclusão dele bate direitinho com a Doutrina Espírita sem ele nunca ter

lido Doutrina Espírita e bate com a questão da reencarnação, Lei de Causa e Efeito, o que eu fiz no passado vai ter uma conseqüência, pode ser nessa vida, pode ser numa próxima. Mas a gente vai responder por cada coisa que a gente faz.

No livro do Milton Menezes O Sentido do Sofrimento, ele coloca a questão do próprio pensamento. Às vezes, a gente não faz as coisas, não tem coragem de fazer, se inibe de fazer determinadas coisas, por questões sociais. Mas se o nosso pensamento e o nosso sentimento está sempre ali, contínuo, em determinado pensamento, em determinado sentimento, mais hora menos hora vai responder por isso também. Porque estamos marcando o perispírito. E marcando o perispírito, uma hora essa marca vai ter que ser colocada para fora. Aí vem lá o braço, a perna atrofiado, o problema da loucura, vem problemas e dificuldades diversas para nossa vida. É a Lei de Causa e Efeito.

“... Ensina também que, embora nos seja dado algum conhecimento, sob determinadas condições, cabe a nós, exclusivamente, a decisão pessoal sobre a maneira de agir.” O Hermínio

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38 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL coloca assim: “É a Doutrina Espírita da responsabilidade pessoal, que nos dá o mérito das nossas conquistas e os ônus das nossas falhas.”

Ele chega a mesma conclusão que nós temos na Doutrina Espírita. No final das contas a decisão é nossa. Eu quero matar o outro, quero ficar pensando besteira, quero continuar na minha vida de maledicência, no meu vício, seja ele qual for. É teu livre-arbítrio. Ninguém vai poder chegar, colocar uma arma na tua cabeça e falar assim: “A partir de hoje você não pensa mais nisso. A partir de hoje você não vai mais falar mal do teu vizinho. A partir de hoje você não vai mais sentir raiva de ninguém.” Não dá. Eu posso até fingir que estou aceitando e não vou fazer. Mas no final das contas sou eu mesmo que escolher. É a questão do livre-arbítrio.

“... Aqui e ali, as leis divinas nos ajudam a entender melhor os nossos problemas, revelando-nos a razão oculta, mas não resolvida, das nossas dores atuais.”

Vai lá para o livro do Milton Menezes também. Conscientemente eu posso não saber que na encarnação de duzentos anos atrás eu fui uma mulher da “pá virada”. Eu posso não saber conscientemente, mas nessa vida, os problemas que vão me chegando, de relacionamento, de saúde, vão me dizendo que eu tenho uma questão não resolvida e essa questão não resolvida é o que me traz o problema de hoje.

Na verdade, cada vez que a gente se depara com a dificuldade, com o sofrimento, com a dor, com o problema, para gente agora dentro da Doutrina Espírita, não é que a gente vai fazer apologia da dor, que fique feliz, sorrindo, porque está sofrendo. Não é isso, lógico que não. Mas a gente já consegue olhar aquele sofrimento e dizer que é alguma coisa que eu preciso resolver.

A história da professora: “Deus vai me dar outra vida cheia de complicação, de problema, de sofrimento, já basta uma.” Para companheira o sofrimento não está servindo de muita coisa, porque ela ainda não consegue olhar o sofrimento e dizer: “Eu mereço isso, isso é para mim mesmo. É alguma coisa que eu preciso resolver.” Mas a gente não vai interferir no livre-arbítrio do companheiro, não vai tentar goela abaixo o que a gente entende como verdade. Porque também é outra coisa, a Doutrina Espírita é uma verdade para nós e a gente não pode querer obrigar o outro a aceitar a Doutrina Espírita como verdade.

“... Outra lição vital que aprendemos nas palavras de Cayce, tanto quanto nos ensinamentos da Doutrina Espírita, é a de que o homem é aquilo que pensa. É a força do seu pensamento que modela os seus atos e, por conseguinte, o seu estado de espírito, sua posição evolutiva, e a melhor ou pior situação humana nas vidas que se encadeiam. Nossos erros de hoje serão, fatalmente, as dores de amanhã: o sofrimento que hoje causamos virá, mais cedo ou mais tarde, atingir-nos no mais fundo do nosso ser.”

Lei de Causa e Efeito, mas ele começa com um pensamento. O pensamento e o sentimento norteiam a tua ação. A gente faz aquilo que a gente pensa e sente. O comportamento, a atitude, o ato é a exteriorização daquilo que a gente traz dentro de nós. Às vezes, a gente esconde o que está lá dentro de nós, mas está lá e uma hora tem que sair de alguma forma. Se for algo negativo, ruim, vai sair na forma de doença, de problema, de dificuldade. Se for uma coisa boa vai facilitar a nossa caminhada para que ela se torne mais reta, menos problemática. Isso aqui me lembra um texto que eu li num outro livro, nem é espírita. Uma história de um homem, que casou e logo no dia seguinte do casamento ele disse para a esposa que ia sair da cidadezinha deles para procurar um lugar onde ele pudesse ganhar a vida e quando tivesse dinheiro voltaria para a esposa. Ele sai. Chega numa fazenda e consegue emprego. O patrão é muito bom e ele diz para o patrão: “Invés do senhor me dá o dinheiro, o senhor vai guardando o meu dinheiro para quando eu retornar para minha esposa, o senhor me dá o dinheiro todo. Para levar para minha casa.” Nisso passam vinte anos. Ele resolve que vai voltar para a esposa. Fala para o patrão, que fica triste e diz: “Vou pegar teu dinheiro, mas antes quero falar uma coisa contigo. Você quer o dinheiro ou três conselhos?” Ele pensa e resolve optar pelos três conselhos. O patrão dá os três conselhos. Diz para ele nunca entrar por atalhos, sempre seguir o caminho certo. Não se deixar levar pela curiosidade e nunca se deixar levar pelo sentimento de raiva, no momento mesmo que raiva explode. São os três conselhos que o patrão dá e pega três pães e diz: “Esses você vai comendo pelo caminho e esse você só vai comer quando chegar em casa, quando estiver com a tua esposa.” Ele vai embora com os três pães, sem o dinheiro,

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 39 preferiu os conselhos. Ele segue e ... uma emboscada preparada para ele. Ele pereceria na emboscada. Ele fica aliviado e segue. Chega numa hospedaria, vai dormir e no meio da noite ele ouve uns gritos desesperados, ele levanta e quando vai meter a mão na maçaneta para ir para o corredor ver o que está acontecendo lembra do segundo conselho, “não se deixe levar pela curiosidade.” Volta para a cama e dorme tranqüilamente. No dia seguinte quando ele acorda o dono da hospedaria pergunta se ele não ouviu a gritaria, a confusão durante a noite. Ele disse que ouviu, mas que não gostava de se envolver em situações, prefiro ficar dormindo. O hospedeiro diz para ele: Você é o primeiro visitante que passa por essa hospedaria sem morrer, porque o meu filho é louco e quando ele tem as crises, ele mata quem estiver pelo caminho.

Quando ele está perto de casa vê a esposa abraçada com um homem. Fica morrendo de raiva. Lembra do terceiro conselho, “não agir sob o efeito da raiva.” Passa a noite na floresta para resolver a traição no dia seguinte. Chega para tirar satisfação com a mulher e descobre que o homem era filho dele. Ele só passou uma noite com ela, mas ela engravidou.

A sorte maior, quando ele vai abrir o pãozinho para dividir com a esposa e o filho, o dinheiro estava lá, o patrão não ficou com o dinheiro dele. Deixou o dinheiro escondido no pão. Mas o que lhe valeu foi seguir os três conselhos. Ele teve o livre-arbítrio nas situações. Quantos de nós escolhe o caminho mais fácil.

O Milton Menezes diz que nós na nossa vida de espíritos imortais, somos assim. Muitas vezes, nos deixamos levar com a crença, com a ilusão das facilidades e aí a gente sai do caminho. Ele faz uma comparação, como se nós estivéssemos numa estrada reta, que a gente só visse, por causa do calor, a fumacinha do asfalto subindo e começa a se cansar. Parece tão monótono, chato e se cansa daquela estrada. Resolve sair para o acostamento, que tem umas irregularidades. Não satisfeito, daqui a pouco, a gente saiu até do acostamento. Começa a vir o buraco. Daqui a pouco se embrenha mais para frente e tem o mato, isso e aquilo, quando a gente vê está completamente perdido, numa situação catastrófica. Ele diz que é preciso retornar, só que o retorno é difícil. É fácil porque a gente foi e sabe o caminho de retorno, mas tomar a decisão e ter a coragem de retornar, é difícil. É a comparação que ele faz conosco, nessa trajetória ali. Vem de encontro com a questão 614 do Livro dos Espíritos que diz que a Lei de Deus é a única para felicidade do espírito e ele só é infeliz quando se afasta dela.

Pergunta 614: Que se deve entender por lei natural? Resposta: “A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta.”

Na hora que a gente resolve sair para o acostamento, a gente está se afastando da Lei de Deus. A Lei de Deus era aquele caminho. Pode até parecer monótono, pode parecer chato, mas é aquele o caminho. A partir do momento que vai se afastando, pega rotas tortuosas, que uma hora vai ter que reconhecer que fez o errado, vai ter que voltar e esse retorno, muitas vezes, é doloroso. Porque vai ter que passar, pelo que a gente conhece de Doutrina, pelas provas, pelas expiações, para poder consertar tudo o que fez de errado e resolver o que tem que resolver.

“... A lei não pune nem a dor é castigo. A lei indica o caminho a seguir e a dor redime a consciência inquieta, corrigindo a rota espiritual.”

A dor vem nos mostrar de novo a nossa rota. O Milton Menezes coloca como pedagogia do sofrimento. Porque a pedagogia são os métodos, os caminhos, as formas de nós chegarmos a um aprendizado, termos uma conquista em termos de aprendizado. Então, a pedagogia do sofrimento é, o sofrimento como mecanismo, como estratégia para nos tornarmos felizes. Para voltarmos para o caminho da Lei de Deus e seguirmos adiante.

“... Há também a lei universal e divina do perdão que liberta o espírito da longa cadeia do ódio que gera o ódio. Não cabe a nós cobrar as faltas cometidas contra nós. Primeiro, que também as cometemos (e muitas) alhures, no passado e no presente; segundo, que, trocando a vingança pelo perdão, livramos o nosso espírito das correntes do ódio e, portanto, do sofrimento.”

É a questão pelo lado científico. Os cientistas mostrando que, à medida que você perdoa, que vai se livrando desses sentimentos de raiva, de rancor e você perdoa as outras pessoas, você beneficia a tua saúde mesmo, o teu corpo físico. E à medida que você não perdoa, fica ali preso a

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40 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL raiva, ao ódio, ao desejo de vingança, ao rancor, ao ressentimento, você vai prejudicando teu organismo, você vai envenenando teu organismo. Se não for nessa vida que esse veneno exploda como uma doença, numa outra vida, provavelmente, isso virá e acontecerá. Como aconteceu com o Paul Durbin, o braço e a perna encolhendo.

“... Quanto a Deus, a concepção de Edgar Cayce se fundamenta no princípio de que Ele já nos perdoou a todos de nossas faltas — a reencarnação é apenas o maravilhoso instrumento que Ele nos oferece para a nossa própria redenção.”

Também é lindo não é? Deus já nos perdôo. Deus não tem mágoa nenhuma da gente. Deus não quer castigar ninguém. Deus não pune ninguém. Nós somos filhos queridos de Deus. A reencarnação é o mecanismo que ele utiliza, para que nós mesmos nos perdoemos, para que alcancemos nossa redenção.

A gente vê que o Edgar Cayce em momento nenhum fala em perispírito. Lógico, não era da alçada dele. Ele não era espírita, era protestante, não ia ficar falando de perispírito. Ele tinha a noção da reencarnação, ele tinha a noção que as dificuldades do passado de alguma forma eram trazidas para outras vidas e que acabavam resultando em doenças, em problemas para a criatura, mas ele não sabia, exatamente, como esse mecanismo funcionava.

A Doutrina Espírita já vem falar para gente do perispírito, que é o elemento intermediário entre o espírito e o corpo físico. Corpo físico, algo muito material, muito grosseiro e o espírito que a gente não sabe o que é. Sabemos que somos espíritos, mas qual é a matéria que forma o espírito? A gente não sabe. De qualquer jeito, para o espírito que é alguma coisa imaterial, por falta de palavra, por ser a que a gente pode usar no momento, para o corpo que é alguma coisa muito material, tinha que ter um elemento de ligação, que estabelecesse a relação, que não fosse nem tão grosseiro nem tão pesado quanto o corpo material e que não fosse essa essência que a gente desconhece. O perispírito é esse elemento intermediário. É ele, que agora a gente sabe pela Doutrina Espírita, por André Luiz, por outras obras, que é esse elemento semi-material que vai fazendo os registros dessas vivências passadas. Tudo o que o espírito faz, que contraria a Lei de Deus, de alguma forma fica registrado no perispírito. Toda vez que o espírito faz alguma coisa de acordo com a Lei de Deus, também fica. Com a diferença que, quando a gente faz o que é certo, é conquista nossa, é mérito nosso. Quando a gente faz o errado, vai ter esse registro, para uma hora ter que colocar para fora. Um fica de posse definitiva e o outro de alguma forma, em algum momento da nossa existência a gente vai ter que jogar fora. O perispírito é esse elemento que vai fazendo esses registros.

No livro Reencarnação e Imortalidade, de Hermínio C. de Miranda, capítulo 13, “Os soviéticos descobrem o perispírito”. Ele fala da fotografia Kirlian.

Infelizmente ou felizmente, nem sei, é dá caminhada humana, da nossa dificuldade de aceitar determinadas coisas, precisa vir a ciência para comprovar e passar a ser aceita socialmente. A questão do perispírito, precisa ter o soviético fazendo a máquina que fotografa, começar a pensar no perispírito, que eles aqui chamam de corpo secundário. Precisa todo esse andar científico para uma verdade nossa começar a ser espalhada, divulgada.

Sobre a fotografia Kirlian ele coloca algumas coisas interessantes: O casal Kirlian descobriu, por exemplo, que “vemos nas coisas vivas o sinal dos estados

interiores, refletidos no brilho ou na falta de luminosidade e cor das “labaredas”. As atividades da vida interior do ser humano estão escritas nesses hieróglifos luminosos. Criamos um aparelho que escreve tais hieróglifos, mas, para interpretá-los, vamos precisar de ajuda”.

Eles perceberam o perispírito através da fotografia Kirlian e eles percebem que essa exteriorização do perispírito que é registrada pela fotografia, mostra o que vai dentro de nós naquele momento.

Essa descoberta resultou, como muitas, de um chamado “acaso”, quando, na excitação de uma demonstração importante, o nervosismo dos próprios operadores impediu que o fenômeno se produzisse com o brilho que era de esperar-se. Pensou-se, a princípio, que havia um defeito no aparelho; só depois se evidenciou, claramente, que a falha estava nos próprios operadores, por causa da excitação, do nervosismo, das preocupações que traziam naquele momento e que, nitidamente, se traduziram nas imagens, tal como estavam sendo emitidas.

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A energia que anima essa bioluminescência não é, segundo os cientistas soviéticos, nem elétrica nem eletromagnética. É uma forma desconhecida de energia, que ainda não se classificou devidamente, mas que, sem dúvida alguma, rasgou para o futuro amplas perspectivas para insuspeitadas paisagens.

Um exemplo, entre outros: doenças que ainda não se transpuseram ao corpo físico são identificadas como anomalias já existentes na contraparte bioluminescente do ser (planta ou animal). Já se pensa nas tremendas possibilidades que essa descoberta oferece ao esclarecimento do problema do câncer. Mais do que isso, porém, vemos na revelação científica aquela certeza antiga, que todos nós espíritas possuímos, de que disfunções perispirituais acabam por se traduzir em doenças orgânicas. E que, reversamente, operações ditas espirituais, realizadas nos delicadíssimos tecidos do perispírito, eliminam males físicos, porque lhes tiram o suporte patológico localizado no corpo de matéria sutil.

Eles já começam a pensar no uso dessa máquina fotográfica especialíssima para detectar futuras doenças. Porque de alguma forma o corpo e o perispírito vão exteriorizar isso e a fotografia vai lá representar. À medida que se souber fazer essa leitura com mais precisão, vai poder descobrir: “Ah! nesse ponto aqui tem um câncer que daqui algum tempo pode vir a eclodir” E se faz o tratamento antes.

A gente vê que a ciência vai caminhando e confirmando o que a Doutrina Espírita traz para gente. À medida que ela caminha, mesmo que outros não acreditem no que nós acreditamos, esse companheiros estão sendo beneficiados. É sempre misericórdia divina.

Vou terminar com Joanna de Ângelis no livro Estudos Espíritas capítulo 4, Perispírito. CONCEITO – Parte essencial do complexo humano o perispírito ou psicossoma se constitui

de variados fluidos que se agregam, decorrentes da energia universal primitiva de que se compõe cada Orbe, gerando uma matéria hiperfísica, que se transforma em mediador plástico entre o Espírito e o corpo físico.

Graças à sua existência, a dualidade ancestral, Espírito e Matéria, se transformou em organização trina, em considerando a essencialidade de que se faz objeto, na sustentação da vida vegetativa e orgânica, de que depende o soma, como veículo da Alma, e, simultaneamente, pelas impressões que envia à centelha encarnada, que as transforma em aquisição valiosa, decorrente da marcha evolutiva.

Revestimento temporário, imprescindível à encarnação e à reencarnação, é tanto mais denso ou sutil, quanto evoluído seja o Espírito que dele se utiliza. Também considerado corpo astral, exterioriza-se através e além do envoltório carnal, irradiando-se como energia específica ou aura.

Por mais complexos cálculos se processem as técnicas para o estudo da irradiação perispiritual ou da sua própria constituição, faltam, no momento, elementos capazes de traduzir aquelas realidades, por serem, por enquanto, de natureza desconhecida, embora existente e atuante. Não é uma condensação de caos elétrico ou de forças magnéticas, antes possui estrutura própria, maleável, em algumas circunstâncias tangível — como nas materializações de desencarnados, nas aparições dos vivos e dos mortos; atuante — nos transportes, nas levitações; ora ponderável, podendo aumentar ou diminuir o volume e o peso do corpo; ora imponderável, como ocorre nas desmaterializações e transfigurações.

Informe na sua natureza íntima, adquire a aparência que o Espírito lhe queira imprimir, podendo, desse modo, tornar-se visível em estado de sono ou de vigília, graças às potencialidades de que disponha o Ser que o manipula.

MORAL e PERISPÍRITO – Refletindo o pretérito do homem, na forma de tendências no

presente, liberta-se das fixações negativas ou as avoluma, consoante a direção, que ao Espírito aprouver aplicar, dos recursos natos.

Toda experiência venal brutaliza-o, desequilibrando-lhe os centros vitais que, posteriormente, responderão com distonias e desordens variadas, em forma de enfermidades insolúveis.

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As ações de enobrecimento e os pensamentos superiores, quando cultivados, oferecem-lhe potencialidades elevadas, que libertam das paixões, com conseqüente sublimação dos sentimentos que exornam o Espírito.

Não foi por outra razão que o Mestre recomendou cuidado em relação aos escândalos, às agressões mentais, morais e físicas, considerando melhor o homem entrar na Vida sem o membro escandaloso, do que com ele, como a afirmar que melhor é ser vítima do que fator de qualquer desgraça.

Possui todo Espírito os inestimáveis recursos para a felicidade como para a desdita, competindo-lhe moralizar-se, disciplinar-se, elevar-se, a fim de ascender à pureza, após a libertação das mazelas de que se impregnou.

(Livro Estudos Espíritas – Cap. 4 – Joanna de Ângelis – Divaldo P. Franco – Ed. F.E.B.) É tarefa nossa, intransferível.

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Conceito de Saúde Física e Saúde Espiritual Aula dada por Fátima Ventura em 03/06/2004

Nós começamos encontrando no O Consolador, algumas colocações de Emmanuel que

são definições: Questão 95: Em face dos esforços da Medicina, como devemos considerar a saúde? Resposta: “Para o homem da Terra, a saúde pode significar o equilíbrio perfeito dos órgãos materiais; para o plano espiritual, todavia, a saúde é a perfeita harmonia da alma, para obtenção da qual, muitas vezes, há necessidade da contribuição preciosa das moléstias e deficiências transitórias da Terra.”

Se nós saíssemos por aí perguntando as pessoas, o que é saúde para você? A maioria da população diria isso, que é a saúde, o equilíbrio, o bem estar dos órgãos físicos.

A Organização Mundial de Saúde já define a saúde como um equilíbrio da saúde física com a saúde mental, até como equilíbrio, um bem estar social. Mesmo que você não esteja doente, mas está num ambiente hostil, insalubre ou violento e isto te traz de alguma forma um ônus, te pesa de alguma forma, você já não está mais com a saúde perfeita. É o conceito da Organização Mundial de Saúde. Mas o senso comum vai dizer: se não estou doente, estou com saúde.

A saúde, na verdade, seria o perfeito equilíbrio da alma, estamos entrando no nível da saúde espiritual, é alguma coisa que não está restrita ao corpo físico, mas a saúde plena do espírito. Equilíbrio, harmonia.

Pode ser uma necessidade para a aquisição da harmonia espiritual, a doença física.

Questão 96: Toda moléstia do corpo tem ascendentes espirituais? Resposta: “As chagas da alma se manifestam através do envoltório humano, o corpo doente reflete o panorama interior do espírito enfermo. A patogenia é um conjunto de inferioridades do aparelho psíquico.

E é ainda na alma que reside a fonte primária de todos os recursos medicamentosos definitivos....”

Nós vemos no corpo físico, como se fosse um mata-borrão, uma expressão daquilo que ainda está marcado na alma, consequentemente, no corpo espiritual e, naturalmente, transparece no corpo físico. Um é reflexo do outro. Não há como fazer essa separação. Não há como ter o espírito plenamente saudável e o corpo cheio de mazelas. Essa relação é uma relação direta.

Nós vivemos pensando que a cura de todas as mazelas está na ciência, em medicações caríssimas, está em pesquisas avançadas que custam fortunas. Evidentemente, que tudo isso faz parte. Nós sabemos que tudo isso está na Lei de Deus. Esse caminhos são caminhos de progresso e conquista da saúde. Mas a fonte de toda a saúde verdadeira está dentro de nós mesmos.

Pegamos dois doentes com a mesma moléstia, com o mesmo mal, às vezes, incurável, e vemos que a repercussão da doença é diferente.

Nós temos estudos que saem em revistas de grande circulação, em que os médicos estão deixando isso bem claro. A pessoa pode ter a mesma doença que a outra, mas dependendo da sua atitude mental, o resultado é diferente. Dependendo da atitude interna de cada pessoa, ela está mais predisposta a adquirir determinadas doenças do que outra que tem uma atitude íntima totalmente diferente.

Meu pai mesmo quando teve câncer e se perguntou ao médico responsável qual a avaliação que ele fazia, o médico disse: “— Olha, ele teria em média alguns meses de vida. Mas, nenhum médico pode dizer quanto tempo um paciente tem de vida, porque isso depende muito do paciente.” E na verdade de alguns meses, foram dois anos e ele só foi em virtude de uma cirurgia, que seria para avaliar o quadro interno, daí veio um processo infeccioso, uma infecção hospitalar e ele se foi.

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Do Livro Dias Gloriosos de Joanna de Ângelis: Da mente (que comanda o cérebro) procedem todos os programas a que o corpo se submete. Tudo que meu corpo realiza depende dos comandos que a minha mente, enquanto espírito,

transmite ao cérebro físico. Ela diz que da mente emanam ondas. Essas ondas atingem todo o sistema nervoso central,

sistema endócrino e o sistema imunológico. Sendo que eles três se inter-relacionam. Eles recebem esses comandos, através das ondas, se inter-relacionam e emitem comandos para os demais departamentos celulares.

Mente

Sistema Nervoso Central

Sistema Endócrino Sistema Imunológico

Demais departamentos celulares

Então, se a minha mente está vibrando numa atmosfera positiva, ou seja, se eu estou ligada a

pensamentos, a vibrações de paz, de harmonia, de trabalho e de fé, evidentemente, isso é que transmitido aos sistemas que comandam o meu corpo e esses sistemas transmitem isso para todas as outras células da organização física. Eu tenho um estado de saúde, porque a minha mente vibra, trabalha de forma saudável. Então, essas ondas se envolvem e comandam todo o meu corpo. Isso nos levaria, a todos, a ter saúde. Porque basta, parece tão simples, que a mente funcione de forma saudável, que o espírito se ligue àquilo que é saudável, para que esses comandos se transmitam para os sistemas e os sistemas para todas as células e você tem saúde.

Na prática olhamos para nós próprios e para aqueles que nos cercam e não vemos essa fartura de saúde. Por quê? Porque o indivíduo traz marcas profundas de compromissos não solucionados de outras existências. E essa marca negativa, esse peso, normalmente, fica comigo. Ele se manifesta na forma de conflitos, traumas, baixa estima, na necessidade de autopunição, sentimentos depressivos. Isso é alguma coisa que nós temos dificuldade de nos livrar. Nós vemos crianças que apresentam essas características. Crianças depressivas, muito tristes, que acham que ninguém gosta delas.

Às vezes, parece que nós temos necessidade de nos punirmos: “Eu não vou conseguir. Comigo não vai dar certo, não adianta, eu já tentei tantas vezes. Eu vou tentar só por desencargo de consciência.” O que é isso? São esses mecanismos que funcionam de forma negativa para nós. Joanna diz que eles não são necessários e não contribuem para o nosso processo evolutivo.

Por isso, fomos lembrar de Jesus (Mt. 9:10-14), ele estava em uma refeição com os pecadores (os publicanos, pessoas consideradas de má vida.) Ele estava com eles e é lógico que os doutores da lei, os fariseus estranharam, recriminaram e Jesus então respondeu que não são os sãos que precisam de médico e sim os doentes e que ele veio exatamente, para esses doentes, que somos todos nós. Pegou um trecho do antigo testamento e que Deus já nos ensinou: “Misericórdia quero e não sacrifício.” Ou seja, a Lei de Deus não está querendo que eu viva me punindo por aquilo que errei, mas que eu tenha misericórdia até comigo mesma, para fazer aquilo que precisa ser feito. É o levanta-te e anda do Evangelho. Não adianta ficar na situação de menos valia nem sofrimento, até porque, a mente se sentindo sofrida, magoada, diminuída, tendo necessidade de se autopunir, vai passar isso para os sistemas, os sistemas passam para os órgãos e temos a doença física. E aí fica mais difícil realizar o que temos para realizar. Então, não é proveitoso.

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Se nós formos buscar os casos de Pedro e Judas. Ah! mais o erro de Judas foi mais grave, porque a falta que ele cometeu com o Senhor Jesus, de atraiçoa-lo, pensando que poderia contar com os poderes do mundo. Foi uma falta mais grave do que a de Pedro, quando negou Jesus três vezes. Pode até ser, mas qual a diferença de atitude que nós vemos? Nós vemos Judas se autopunindo, desistindo da vida e cometendo o suicídio. Ele vai se reequilibrar? Vai, mas a caminhada vai ser longa. O sofrimento vai ser muito maior. O suicídio deixa marcas que ficam no perispírito e com certeza trouxeram dificuldades para o corpo físico. Pedro se arrependeu. Ele sofreu. A gente fica imaginando como ele deve ter sofrido, depois que se deu conta da própria fraqueza. Como se diz hoje em dia: se deu um tempo. Ele se permitiu esperar um pouco mais.

Jesus aparece depois do episódio do calvário e lhe pergunta: “— Pedro tu me amas?” Pedro responde: “— Amo Senhor.” Jesus fala: “— Apascenta minha ovelhas.” Jesus pergunta: “— Pedro tu me amas?” Pedro responde: “— Sim, Senhor eu ti amo.” Jesus fala: “— Apascenta minha ovelhas.” Jesus pergunta: “— Pedro tu me amas?” Pedro responde: “— Sim, Senhor tu sabes que ti amo.” Jesus fala: “— Apascenta minha ovelhas.” Três negações, três afirmações e três compromissos de trabalho, não de ficar chorando, “Eu

neguei Jesus.”. Não adianta nada disso agora, isso não constrói nada em mim. O que constrói é a atitude de Pedro. “Errei? Errei, mas e daqui para frente? Apascenta minhas ovelhas.” Trabalha no campo que a vida te deu, mas trabalha. O trabalho trouxe uma renovação na mente de Simão Pedro. Invés dele ficar se martirizando porque não havia entendido plenamente a mensagem da boa nova naquele momento e chegou ao ponto de negar Jesus. Invés de se martirizar ele começou a trabalhar em função do ensinamento de Jesus. Em função do amor que ele tinha a Jesus.

Nós temos que buscar na Doutrina Espírita a certeza de que apesar da diferença dos níveis evolutivos, não justifica a nenhum de nós chegar ao ponto de desistir da vida. Tanto quanto eu chego lá no suicídio, quanto eu simplesmente, me entrego ao desânimo e fico doente dentro da minha casa, dizendo: eu não vou fazer mais nada. Eu também estou desistindo da vida, de uma outra forma, mas estou. Nós sabemos que não há justificativa bastante para isso. Todos nós temos condição de realizar alguma coisa. Portanto, não podemos desistir daquilo que viemos fazer. Porque aí entramos no plano dos conflitos, da autopunição, da tristeza, das fixações, começa a ter uma idéia fixa na mente: “Por que eu não fiz? Deveria ter feito. Eu vim aqui para fazer o quê? Aí eu estou realmente, desequilibrando tanto minha saúde espiritual, quanto minha saúde física, por conseqüência.

“Indispensável, portanto, que a mente se renove, cultivando idéias elevadas, que gerem respostas de bem-estar.” É essa renovação mental que vai gerar respostas de bem estar. À medida que coloca minha mente numa situação de positividade, eu passo a produzir esses benefícios para todo o meu corpo físico.

“É compreensível que o corpo se ressinta da agressão de vírus, bacilos e desordens, porque é frágil e perecível.” O que Joanna de Ângelis quis nos dizer com isso? Que nós não poderíamos ter a ilusão de que porque estou fazendo o esforço de colocar a minha mente numa atitude positiva, saudável, eu nunca vou dar uma espirradinha. Não é isso. Por que não é isso? Porque nós estamos passando por uma fase evolutiva em que temos um corpo perecível. Se esse corpo é perecível, ele está sujeito a transformações. É natural, por exemplo, que quando eu tiver 60, 70 anos eu não tenha a mesma disposição de quando eu tinha 20, porque esta transformação é natural. Senão eu vou querer que o corpo seja imortal, imperecível e ele de fato não é. Há determinadas transformações que fazem parte da natureza. A mesma coisa determinadas doenças que são de menos valor, de menos peso para o trabalho do espírito. Então, nós pegamos resfriados, conjuntivite, ah! peguei uma conjuntivite porque minha mente não anda bem. Eu posso até estar com o sistema imunológico um tanto quanto abatido, porque minha mente não anda bem. Mas eu também não vou dramatizar ao

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46 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL ponto de, espirrei, ah! é porque minha mente não anda bem. Há coisas que fazem parte da vida aqui onde nós estamos. Não podemos esquecer da realidade material em que vivemos.

O problema na verdade, é como nós lidamos com isso? Como lidamos com a fragilidade do corpo físico? Há pessoas que entram em depressão simplesmente, porque os anos estão passando. Você vai se martirizar por isso? Também você não está impedido de cuidar da beleza física. Por que nós vamos sofrer simplesmente, porque alguma coisa completamente natural está acontecendo, perfeitamente dentro da naturalidade. Os anos estão passando e o corpo não é mais o mesmo e nós não podemos sofrer por isso.

Como o espírito lida com estas questões naturais do corpo físico, ou seja, o envelhecimento, as doenças que são triviais, que fazem parte da vida ter determinados problemas, perfeitamente natural. E como o espírito lida com as que não são tão triviais e nem tão comuns. Você adquire o vírus do HIV, um câncer, ter que fazer um cirurgia de maior monta, ou até problemas de outro tipo, familiares, financeiros, etc. Esse é que é o grande problema. Porque da maneira como lidamos, é a maneira como está nossa saúde espiritual.

Um tipo de reação é a: ♦ Rejeição – Nega que o problema existe. Esse tipo de atitude existe até com relação a doença física. Há pessoas que percebem

determinados sintomas no seu organismo. Os companheiros, familiares dizem que estão percebendo que você não está bem, devia ir ao médico. A pessoa diz: “Isso passa.” A pessoa vai deixando o tempo andar. Anda o tempo, anda a doença. Se for outro tipo de problema, anda também. Um problema de relacionamento familiar. O problema anda e você continua na negação do problema. O problema se avoluma, até o ponto de você não dar conta dele e você não aproveitou a lição que o problema te traria.

♦ Revolta – destrói as reservas de equilíbrio e força. Às vezes, de maneira dissimulada, sutil, nos revoltamos contra a Lei Divina, quando a gente

entra na inconformação: “Por que eu? Meu Deus eu só queria entender. Onde os espíritos estão? Será que eles não estão vendo?” É um tipo de revolta, que também não me ajuda a resolver o problema em nada. Porque esse tipo de pensamento vai produzir ondas que na verdade, destroem as reservas de equilíbrio e da força.

Eu adquiri uma doença física, por exemplo, HIV numa transfusão de sangue, estou com câncer, seja o problema que for. Aquele problema dali para frente me dificulta a existência, eu entro no clima de revolta. No clima de revolta em que eu entro, começo a emitir ondas de negatividade que vão abater, diminuir as minhas reservas de força. E tendo menos reservas, tenho menos condição de lutar contra aquela doença. Se o doente está numa atitude mental positiva, está mantendo suas reservas de força, está mantendo um equilíbrio interno. Ele adquiri condições de lutar contra a doença, de se superar e ultrapassar limites.

Um outro ponto é que essas mesmas ondas negativas que estou emitindo através da minha mente, podem estar fortalecendo, revigorando os vírus, os bacilos, o processo cancerígeno, infeccioso, o que for. Pela minha revolta, eu alimento. Eu perco as condições de resistir e de vencer, até muitas vezes, a doença. Nós sabemos que há doenças incuráveis, mas há determinados indivíduos se curam delas. Sabemos que há todo uma série de outros fatores, há o amparo espiritual. No caso da Casa Espírita nós temos o passe de cura. Em outras religiões, eles têm também essa reposição magnética curadora, através de outras formas. Mas, a atitude do paciente é essencial. Na sala de cura quantas vezes a gente vê a pessoa entrar e dizer assim: “Ah! eu estou assim, estou assado. É um conjunto de forças tão grande contra mim, me sinto sem condições.” E a gente vê que a pessoa está sem condições de absorver tudo aquilo que é doado para ela naquele instante. Porque ela entra numa atitude mental, numa atitude íntima, que não lhe permite absorver tudo o que está sendo doado para ela naquele momento. Sem a atitude íntima fica difícil. Mesmo a espiritualidade procurando auxiliar, o processo de cura ou de reequilíbrio fica difícil.

♦ Resignação passiva – desânimo. É aquela pessoa que diz: “Ah! é, o que é que eu vou fazer?” É o desânimo e se você entra no

desânimo, você não está agindo a favor de você mesma. Que tipo de emissão você está mandando

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 47 para o seu organismo? Aquela que faz com que as coisas fiquem como estão. Não te redunda em proveito algum.

♦ Conformação dinâmica ou Resignação dinâmica – te leva a superar limites, prosseguir com os compromissos abraçados e ainda aproveitar a lição.

Essa é promotora de saúde espiritual. Lembra quando Emmanuel diz no O Consolador que, muitas vezes, para adquirir a saúde espiritual, há necessidade da contribuição preciosa das moléstias e deficiências transitórias da Terra. É esse caso aqui. É aquela pessoa que está, muitas vezes, resgatando sim, purificando sim, mas está reagindo de forma positiva àquela situação.

Pessoas virtuosas e enfermas. Exemplo: Adelino Correia no livro Ação e Reação (páginas: 214, 215 e 223), de André Luiz, psicografia de Chico Xavier.

É um caso muito elucidativo, porque ele é considerado um companheiro que trabalha com toda a dedicação pelo Evangelho e pela Doutrina Espírita. Ele é definido como alguém que consegue uma ligação harmoniosa, uma sintonia praticamente perfeita com os amigos da espiritualidade. Se dedica a oração. Está no trabalho da Casa Espírita com toda a dedicação da sua alma. É alguém que acaba conquistando uma série de corações, pela dedicação que ele tem ao próximo, esquecendo de seus próprios problemas. Ele é digno de todo auxílio. E André Luiz o define como um ponto de luz. Onde ele está, dele emana luz. Esse é o espírito, mas quem é esse homem? Esse é o homem que a mulher abandonou, ele ficou sozinho com a filhinha. Passa por dificuldades financeiras sérias e traz uma moléstia na pele, que chega a abrir feridas por todo o corpo. Ele é auxiliado pelos amigos espirituais, no sentido de que a moléstia seja controlada, para que ele possa trabalhar. Para lhe permitir a continuidade da dedicação ao próximo, há o auxílio para que a moléstia seja controlada. A gente vê que o espírito já está emanando luz. O corpo, ainda está cheio de chagas.

André Luiz narra que em outra encarnação ele eliminou o próprio pai através do fogo. O remorso faz com que aquela marca fique no corpo perispiritual e apareça no corpo físico. Como ele lida com isso? Ele lida com a resignação dinâmica. Ele poderia ficar só chorando, dizendo estar impossibilitado de fazer qualquer coisa, mas ele vai trabalhar. Ele podia se lastimar, mas agradece aos amigos espirituais. Ele podia perguntar: “Por que Senhor?” Mas ele ora pedindo forças para continuar no trabalho, para educar a filhinha. Recebe mais dois adotivos, ligados ao passado e depois ainda recebe o pai. É a atitude mental positiva, apesar da adversidade.

O assistente de Druso comenta: “Correia, em breve, estará plenamente restaurado.” Ele está no processo de auto-cura, pela maneira como ele lida com o problema. Isso é saúde

espiritual. Eu aceito a providência divina. Se Deus permitiu que eu tenha esta doença grave, razão há.

Essa atitude de conformação dinâmica é uma demonstração básica de saúde mental, de saúde espiritual e é promotora da saúde física. Daí a importância de nos mantermos firmes na esperança e na lucidez mental.

Qual é a questão da lucidez mental? É conseguir avaliar o problema tal qual ele é. Uma questão é eu dizer assim: “Estou com essa doença. Agora não posso fazer mais isso, isso e isso.” E nós sabemos que muitas pessoas virão a nós dizendo assim: “Coitadinha, ela não pode. O que você precisar.” Às vezes, como muito boa vontade, mas na verdade não contribuindo para que nós, enquanto espíritos, saíamos dessa posição de autopiedade.

Qual é a lucidez mental? É de Adelino Correia, porque ele viu que apesar da doença, ele poderia realizar. E todos nós, apesar das limitações podemos realizar, para isso temos que ter lucidez. Onde estão as brechas, apesar da doença, para que eu possa realizar algo? Onde estão as brechas, apesar do problema familiar, para que eu não fique preso dentro de casa só com o problema familiar? É avaliar corretamente a situação, sem se deixar levar pela condição de autopiedade, de sofredor.

O pessoal vai pedir orientação e o Dr. Hermann diz: “— Trabalhe.” A pessoa diz assim: “— Mas como? Eu não estou em condição de fazer nada, estou

precisando de ajuda.” Sem perceber que a ajuda é o trabalho.

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“o que diferencia um paciente comum de outro portador de expressivos dotes do sentimento e da moral, é a maneira como enfrenta e aceita as vicissitudes, as doenças, os desafios existenciais.”

♦ Uns – martírio, desgraça. ♦ Outros – crescimento, enriquecimento de valores Libertação espiritual.

Saúde espiritual

Jesus Outro ponto essencial é a fé. Nós sabemos que na questão da saúde física e saúde espiritual,

ela é um ponto básico. Sabemos que muitas curas são realizadas pela fé. No Evangelho tem vários casos de fé: ♦ Cura da mulher hemorroíssa “Ânimo minha filha, a tua fé te salvou.” (Mt. 9:22) Fé, enquanto ponto de redenção, ponto de realização. A fé é uma condição de realização e de

cura física e espiritual. ♦ Cura de dois cegos “Seja feito segundo a vossa fé. (Mt. 9:29) Os cegos seguiam Jesus e diziam: “Senhor cura-me.” E Jesus fazia de conta que não estava

ouvindo. Num determinado momento Jesus pára e pergunta: “Vocês realmente, acreditam que eu possa curá-los?” Eles dizem que sim e Jesus então diz: “Seja feito segundo a vossa fé.” Então a fé é medida.

♦ Cura do enfermo de Betesda “Eis que estás curado; não peques mais para que não te suceda algo ainda pior.” (Jo. 5:14) Aí nós voltamos para a saúde espiritual. Quantas bênçãos nós recebemos e perdemos fácil,

fácil. Porque não conseguimos nos manter na atitude íntima adequada. Os nossos problemas de saúde física realmente sérios, estão ligados a enfermidade que eu tenho enquanto espírito. Reencarnei aqui para quê? Para buscar esse processo de auto-cura. Eu preciso me curar enquanto espírito, e como reflexo meu corpo físico terá saúde.

Na Casa Espírita a gente ouve, percebe a vibração. Às vezes, a gente chega aqui entristecido sem saber por que. Sai daqui e quando chega ali na frente, pára para ouvir o companheiro que está na condução, falando do problema da violência, é assalto, isso e aquilo e quando chegamos em casa já não temos a mesma alegria no coração. Nós recebemos e perdemos, com uma facilidade impressionante.

O que nós precisamos fazer? Demos um passo adiante, é preciso ter o cuidado de resguardar, de proteger aquilo que nós já conseguimos. Não permitir que a nossa mente fuja para aquilo que é o nosso ponto fraco, e que nos faz ficar estacionado no mesmo patamar.

Então, vai e não tornes a pecar. Por que pode te acontecer algo pior? Porque eu já tive a luz do que é melhor. Uma coisa é eu ser indelicada com você, quando não sei que estou cometendo uma indelicadeza. A outra coisa é depois de ter consciência disso, ser indelicada novamente. Aí é algo pior, porque eu tenho noção.

“As doenças mais graves são aquelas que se originam na alma.” “A sementeira do ódio, do ciúme, da inveja, da ira e de outros anestésicos do Espírito,

produz vírus e vibriões psíquicos... Ao mesmo tempo, ideoplastias sustentadas pelo pensamento fixo em idéias perturbadoras e agressivas, contribuem para o surgimento de toxinas que invadem o organismo.”

“As enfermidades da alma têm caráter psíquico. “Os sentimentos vis abrem campo à sua instalação, tornando-se de diagnose difícil o

tratamento deficiente, improvável de levar a resultados favoráveis à saúde.” A pessoa tem uma série de sintomas, ela vai ao médico, o médico não descobre nada. Vai no

especialista que não descobre nada. No final você vai procurar o psicólogo, o psicanalista, o psiquiatra. Qual é o problema dessa doença que ninguém encontra? É uma doença do espírito, que está instalada no corpo físico, é difícil detectar exatamente o que é. A Medicina da Terra ainda não

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 49 está nesse ponto de evolução. O tratamento é difícil, porque você não tem a causa exata, como vai tratar?

Um outro aspecto sem ser esses sentimentos ou pensamentos vis, ou seja, de um nível mesmo inferior é esse outro aqui:

“Pode-se observar que, antes do surgimento ou instalação de diversas doenças, o paciente se permitiu desconcertos íntimos, anelou pelo abandono da luta material, sentiu-se esgotado pela sucessão de tormentos e dores morais, permitindo-se o desânimo desgastante.”

É aquela pessoa que não está envolvida com sentimentos vis, mas a dificuldade foi tanta, que ela se entregou ao desânimo. Ela começou a pensar: “Ah! que bom se eu não estivesse aqui. Que a vida acabasse.” Se coloca numa posição de vítima, para que não tenha que agir, tomar as providências que ela não está sentindo condições de tomar. Não são sentimentos vis, mas fraqueza espiritual. E essa franqueza é que vai trazer então, ou influência direta sobre os sistemas e órgãos, ou vai trazer uma tendência a determinados tipos de doenças. Abala o sistema imunológico, fica mais aberto a uma série de doenças. Nós podemos observar que quando passamos por uma situação é muito comum que depois apareça uma determinada doença, uma anemia, um problema alérgico que se agrava, uma virose que você adquire. Aparece alguma coisa, porque naquele momento nós fraquejamos. Não conseguimos manter a postura que deveríamos.

Por isso Jesus ensinou: ♦ Perdoai, não sete vezes, mas setenta vezes sete” (Mt. 18:21-22) Se estou alimentando a mágoa, que tipo de onda a minha mente está produzindo? Não é uma

atitude mental produtiva. Evidentemente que isso irradia e vai trazer uma conseqüência mais cedo ou mais tarde para o meu organismo físico.

♦ Oração – Pai Nosso (Mt. 6:9ss) Ele nos recomendou a oração. Ele se isolava muitas vezes para orar. Ele nos deixou uma

oração, uma orientação, que é a oração do Pai Nosso. Porque, muitas vezes, no meio do conflito, se nós conseguirmos nos afastar um pouquinho, fazer dentro de nós um momento de meditação, de oração, vamos conseguir o equilíbrio necessário para depois voltar para a luta. A oração é essencial.

♦ “Vigiai e orai...” (Mt. 26:41) Muitas vezes, estamos embarcando no caminho da doença e não estamos percebendo. Pela

invigilância da nossa mente, estamos dando campo a uma série de problemas, que estando no espírito, vão acabar aparecendo no físico. Então, vigiai e orai.

♦ “A lâmpada do corpo é o olho. Portanto, se o teu olho estiver são, todo o teu coração ficará iluminado; mas, se o teu olho estiver doente, todo o teu corpo ficará escuro. Pois se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão as trevas.” (Mt. 6:22-23) Ele aqui está falando numa linguagem poética e figurada. Se Diz que os olhos são a janela

da alma. Eles mostram do que está cheio o espírito. De que maneira estamos vendo a vida que nos cerca? De que maneira estamos vendo a nós mesmos? Ao próximo? A realidade circundante?

Se a minha maneira de ver o mundo for luz, for otimista, não é fantasiar a realidade, não é botar cor de rosa o que está cinza. Mas é olhar o que está cinza e ter a certeza de que vai mudar para uma coloração mais verdadeira e vai chegar ao tom de cor que Deus determina.

Se eu olho para tudo de maneira negativa, pessimista, meu corpo estará tão escuro, quanto a minha maneira de ver a vida. Esta vibração é doença.

E Joanna de Ângelis diz: “O ser humano é o resultado de tudo aquilo que elabora, cultiva e realiza.”

Verdadeira saúde Transformação interior

É tudo, não é de algumas coisas, não é o resultado de alguns momentos. Não é o resultado das coisas mais importantes. É o resultado de todas as coisas. Portanto, a verdadeira saúde, ou seja, a saúde espiritual, depende essencialmente, da reforma íntima. Depende da busca do espírito, para recuperar aquele estado, que deve ser um estado orientado por Deus. É a busca para que eu consiga ir eliminando imperfeições e adquirindo virtudes. Dessa busca eu vou ter então, a verdadeira saúde.

Voltando para o caso do Adelino Correia, a gente volta para a questão do olho, do vigiai e orai, da oração, do perdão, ou seja, não acumular mágoas. É, às vezes, difícil não guardar as

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50 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL mágoas. É difícil não deixar o seu pensamento voar para toda essa atmosfera que temos, de violência. Mas é possível fazer isso, é possível realizar.

Uma passagem que fala da fé, que mostra o valor que Jesus dava à saúde, mostrando esse equilíbrio da saúde espiritual, é a passagem do centurião. O centurião vivia num ambiente de violência. O mundo antigo era muito mais difícil do mundo que nós temos hoje. Temos em Paulo e Estevão, o pai de Abgail vai ao mercado, apanha porque não cumprimenta os soldados romanos. Na volta do mercado, passando pelos mesmos soldados, ele os cumprimenta e apanha de novo, pela ousadia de se dirigir aos soldados romanos.

Nesse ambiente nós temos o centurião, ou seja, alguém que representava aquele império, responsável por uma tropa. Se dirige a Jesus, um judeu, para pedir a cura de um servo. A princípio ele não tinha que se preocupar com o servo. É tudo fora do padrão. Nós hoje temos muito medo de realizar coisas fora do padrão. Seria espiritualmente correto, mas o que nós vamos enfrentar? As pessoas fazem gracinhas, de forma mais discreta ou menos discreta. Se você cede porque não quer enfrentar a adversidade, você está trabalhando contra o equilíbrio íntimo. Portanto, contra sua saúde espiritual. Deixa para depois o que poderia estar fazendo agora. Perde a oportunidade.

O centurião vai a Jesus, pede a cura do servo. Jesus diz que irá vê-lo. Ele diz que não é preciso. Quer dizer, não é preciso que Jesus vá até a casa do centurião, porque se ele, sendo um centurião, podia dar ordens a um soldado, a um servo e era obedecido, quanto mais Jesus. Ele tem plena certeza que Jesus pode curar o servo à distância, sem nem estar lá, mas o servo seria curado e de fato é.

Todas as adversidades são vencidas por conta da fé, da determinação de realizar aquilo que é certo. É importante lutar contra esses conflitos. É importante buscar a fé. É importante buscar o equilíbrio íntimo.

Se ele tivesse pensado em todos os “ses”, imagina o que o superior dele faria quando soubesse que ele, um centurião, foi buscar um judeu, ligado aquelas mistificações todas, ainda por cima por causa de um servo doente. Se ele parasse para pensar e não tivesse feito, teria perdido a oportunidade do equilíbrio dele e talvez ficasse se sentindo culpado por não ter feito aquilo que deveria ter feito.

Joanna diz que vamos ver pessoas virtuosas que não possuem saúde física. Nós vamos encontrar essa realidade. Isso seria totalmente contrário a tudo isso que falamos até aqui. Mas é o caso de Adelino Correia, para pegar um exemplo. Uma pessoa tão virtuosa, os próprios espíritos reconhecendo que já viam a luz que existia nele, por que ele trazia todas aquelas chagas no seu corpo? É que não podemos passar uma borrachinha no passado, fazer de conta que não aconteceu o que aconteceu.

É aquela história que Wallace Leal Rodrigues conta no livro Para o resto da vida. O garotinho fazia malcriação, o pai conversava e não tinha jeito. Um dia o pai pegou um pedaço de madeira e combinou com ele que a cada coisa errada que ele fizesse iria colocar um prego na madeira. A cada vez que ele fazia uma coisa que não devia, prego na madeira. Chegou um momento que o pedaço de madeira estava cheio de pregos e ele mesmo pensou assim: “Puxa vida, essa madeira podia servir para um banquinho, podia servir para tanta coisa. Está essa madeira toda feia, cheia de pregos.” Foi conversar com o pai sobre isso. O pai trouxe outra proposta, cada vez que ele fizesse uma coisa bonita, tirariam o prego da madeira. A madeira poderia ser usada. E aí, sai preguinho, sai preguinho. Quando saíram todos os preguinhos, o menino olhou para madeira e falou assim: “Mas pai, ela ficou toda marcada.” Não dá para fazer de conta que não colocou os preguinhos lá. Assim é a nossa vida, não dá para fazer de conta que não fizemos o que fizemos. Pode consertar, reparar, mas tem a marca que ficou ali.

Adelino Correia naquele momento que André Luiz nos narra, ele já era espírito com méritos, com conquistas reais. Mas isso não apagava o seu passado. Assim como ele perdeu a saúde por conta dos seus desvios, ele próprio precisava recuperar a saúde por conta dos seus acertos. A cada um segundo suas obras. Essa saúde é conquistada, construída. Às vezes, de maneira não muito fácil. Mas é uma construção, é uma conquista.

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Joanna nos diz que o que diferencia um paciente comum do outro portador de expressivos dotes do sentimento e da moral, é maneira como enfrenta e aceita as vicissitudes, as doenças, os desafios existenciais. Enquanto para o homem comum da Terra isso é um martírio, uma desgraça. E tanto é que nós em geral, sofremos mais do que seria preciso pelos problemas, eles são naturais. Para o homem comum é um martírio, porque ele não se vê como espírito imortal, em processo de aprendizagem. Os que já tem os valores, aproveitam as dificuldades como oportunidade de crescimento, de enriquecimento de valores e de libertação espiritual. Ou seja, já tem valores, isso faz com que ele multiplique com mais facilidade os valores a nível espiritual.

Temos vários exemplos, se nós pegarmos os mártires, os cientistas dedicados, os chamados santos da igreja católica, mas nenhum exemplo acima de Jesus, que nunca enfermou, passou por todas as vicissitudes, venceu todos os obstáculos. Eu e meu Pai somos um, ainda que as dificuldades corram pelo caminho da existência. Ele nunca enfermou, porque enquanto espírito, ele é portador de saúde plena. A enfermidade não lhe era mais necessária em nenhuma circunstância de sua passagem pela Terra. Então, fica o exemplo para nós e fica o ensinamento também, das recomendações que ele nos deu. A vigilância, oração, não guardar mágoas, perdoar, não alimentar sentimentos negativos de qualquer espécie, buscar a fé, até a medida do que eu posso realmente conquistar e procurar por todos os meios ter o olho bom. De tudo procurar ver alguma coisa boa, ainda naquela situação mais simples, mas procurar ver ali a providência divina, a misericórdia divina e uma oportunidade de crescimento. E com essa postura vamos estar trabalhando na conquista da saúde espiritual, e aí vem como conseqüência natural, deixa de ser difícil, você está naquela esforço dedicado, e como conseqüência vem a saúde física.

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O Comportamento Emocional diante das Doenças (Como conduzir-se diante da dor)

Aula dada por Maria Emília Tourinho em 24/06/2004 A nossa capacidade de ser saudável é muito grande e para nós podermos adulterar os

sistemas e os mecanismos que tem o nosso corpo, para que esse corpo adoeça, a gente tem que fazer muita força para conter essa explosão de energia que o corpo contém. Quando eu falar corpo, eu quero falar do perispírito, que eu considero um corpo. Ele é muito importante, fundamental, para entendermos na Medicina Espiritual, a questão do comportamento do indivíduo. Porque é o corpo que está intermediando todas as reações do corpo físico, propriamente dito, e das ações do espírito. Ele é um intermediário importantíssimo para entendermos mecanismos de doença.

Muitas das vezes, o que a gente analisa na doença já é uma conseqüência, não é a causa, mas tratamos como se fosse causa. Dentro de saúde é sempre assim.

Temos que pensar nas questões de causa e conseqüência, no conceito doente/doença. É muito diferente a gente enfatizar o processo de doente e de doença.

Um dos sinônimos que dão para doença, é moléstia. Moléstia é uma palavra da Idade Média, que está muito relacionado ao mau, como se a doença fosse um efeito da ação diabólica sobre as pessoas.

A enfermidade, que é um conceito dos séculos XVII e XVIII, quando nós já conseguimos analisar os processos que vão sendo apresentados e que vamos entendendo mais o lado orgânico do processo de adoecimento.

Os tipos eu coloquei alguns, mas existem inúmeros.

Causas e Conseqüências Doente / Doença

Latências Desequilíbrio Distúrbio Disfunção Ausência de órgãos Lesões

Tipos: Agudas Causas externas Causas internas Congênita Cármicas Profundas Superficiais

Às vezes, o adoecimento está latente, às vezes, é reflexo de um desequilíbrio, às vezes, é de

um distúrbio, às vezes, de uma disfunção. Às vezes, na verdade não é doença, o indivíduo nasceu sem um órgão, falta alguma coisa no seu corpo. Ou então, o corpo físico está lesionado mesmo.

Isso tudo é importante para entendermos comportamento do doente. Porque não dá para entender o comportamento, como uma coisa que está acontecendo ali naquela hora. O comportamento é o reflexo de um somatório de circunstâncias.

Estruturas físicas, perispirituais, mentais, espirituais. A gente pode pensar nas camadas do perispírito. Porque as estruturas físicas estão muito mais ligadas ao duplo etéreo. O duplo etéreo no corpo espiritual. As mentais no corpo mental. As estruturas espirituais no próprio espírito.

“O corpo não está separado da alma; é a sua representação. As suas células são organizadas segundo as disposições perispirituais dos indivíduos e o organismo doente retrata um espírito enfermo.

A patologia está orientada por elementos sutis, de ordem espiritual.” Emmanuel

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Essa colocação de Emmanuel está no livro EMMANUEL, CAP. XXXVI –“A Psicologia e a mens-sana”. Ele mostra o dinamismo disso, de como o corpo influencia no perispírito e no espírito, o espírito influencia no perispírito e no corpo. Essa coisa dinâmica.

Lembrar que as todas as Leis Naturais entram em funcionamento porque existem: Dispositivos, Mecanismos e Sistemas. Existem dispositivos no corpo físico que são bem equilibrados e bem engendrados para que o organismo entre no funcionamento. Sistemas fechados de feedback, sistemas compensadores, termodinâmicos, eletrodinâmicos, que fazem com que o corpo como um todo esteja em relativo equilíbrio. Você pode não ter todos os dispositivos da lei sendo acionados para o equilíbrio do corpo, mas o sistema não deixa de funcionar.

A gente é capaz de viver com até 30% da nossa capacidade de energia, de funcionamento orgânico. Vive uma vida vegetativa em cima de um leito, mas vive. Porque o corpo foi criado para funcionar em situações as mais hostis, que a gente possa criar. Atualmente nosso corpo vive em situação quase que de emergência. A gente respira ar poluído, bebe água poluída, dorme mal, nem sempre dorme as horas que precisa, mas mal ou bem a gente vive. Porque somos capazes de funcionar com esse sistema.

É importante entender que a Lei tem dispositivos, mecanismos e sistemas para que não haja a falência orgânica. Se um mecanismo é emperrado, existe outro que compensa aquele. Para que a máquina do corpo continue funcionando.

Um conceito científico que não tem nada a ver com Espiritismo. Para que a gente veja que o Espiritismo está dentro da verdade universal. Muitas coisas que os cientistas estudam, o Espiritismo está dizendo há muito tempo.

O Danilo é um emérito professor, já desencarnado. É psiquiatra, psicanalista e foi responsável por trazer a Medicina Psicossomática para o Brasil. A Medicina Psicossomática começou a ser estudada na década de 50. O Danilo por ser um espírito desejoso de entender a doença, tinha uma posição muito grande no meio científico. Escreveu um livro chamado A Medicina da Pessoa, de onde tirei esse texto. Para vermos a conceituação de doença trazido pela Psicossomática, que está muito dentro do que a Doutrina Espírita entende de doença.

“A doença não é algo que vem de fora e se superponha ao homem, é sim um modo peculiar

de a pessoa se expressar em circunstâncias adversas. É, pois, como suas várias outras manifestações um modo de existir, ou melhor, de coexistir, já que, propriamente, o homem não existe, coexiste. E como o ser humano não é um sistema fechado, todo o seu ser se comunica com o ambiente, com o mundo, e mesmo quando aparentemente não existe comunicação, isto já é uma forma de comunicação, como o silêncio, às vezes, é mais eloqüente do que a palavra.”

Danilo Perestrelo. Quando ele diz que “todo o seu ser se comunica com o ambiente, com o mundo”, como nós

espíritas entendemos isso? Como é essa comunicação do indivíduo com seu ambiente e com o mundo, para nós? Pensamento, fluido, trocas e os próprios espíritos do mundo invisível, que podem coabitar o mesmo espaço que a gente. É comum a gente ver, por exemplo, o médium que não sabe que é médium e começa a ter uma “depressão” porque ele relata o seguinte: “Eu estou chorando, não sei o que está acontecendo comigo. Sinto uma tristeza profunda. Não sei por que isto está acontecendo comigo? Eu estou tomando antidepressivo e não está resolvendo.” Ele vem aqui, fala com a gente e se detecta que aquela pessoa está em comunicação com o mundo espiritual. É muito comum acontecer com pessoas que lidam com doentes, absorvem os fluidos e registram aquilo como se fosse seu. Isso é uma comunicação com o mundo, pelo pensamento, pelos fluidos e pela vivência com os espíritos. Isso é da mediunidade, nem se classifica como doença. Mas, pode se classificar como doença se isso se perpetua, se a pessoa não encontra saídas, não encontra condições de resolver seus problemas, suas dificuldades, seus sintomas e até apresentar, em função de não melhorar, uma reação a tudo que está acontecendo.

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Em síntese, muita gente quando fica doente reage com: medo, surpresa, negação, não aceitação, revolta, ressentimento ou com reações mais positivas que são: análise, compreensão, aceitação.

A intenção da Homeopatia não é tratar a doença, é tratar a saúde. É um método terapêutico, como outros chamados alternativos como é a Acupuntura, Schiatso e outras manipulações, que vão trabalhar para que ela seja mais harmônica, mais equilibrada, o mais funcional que possa ser, para que o corpo por si mesmo, entre nos mecanismos de feedback, dos sistemas, para ele mesmo trazer a saúde de novo. Quando a gente fala isso, não está falando só do que é orgânico, está falando do que é mental e do que é espiritual.

Uma das conceituações básicas de Hahnemann, nos seus postulados de ensino, para se ser homeopata, uma das principais coisas que é: um médico ao perscrutar a dor do paciente, tem que buscar os seus mais altos fins de existência. Não há doenças, há doentes. Quando você vai tratar a pessoa, tem que olhar o todo, não tem que localizar só o problema.

No Encontro de Medicina Espiritual está o reforço que Ignácio dá ao entendimento da Homeopatia como a Medicina que estaria mais próxima das propostas do plano espiritual.

Pergunta: Qual é o tipo de espírito que não aceita a doença, que tem medo da doença? Claro que a gente sabe que o que não aceita é orgulhoso, mas para você esmiuçar mais para gente nesse sentido.

Quando a gente fala dessas estruturas, que são as sustentados da vida do espírito encarnado, que são as estruturas físicas, perispirituais, mentais, espirituais. O indivíduo que dentro da sua estrutura espiritual tem pouca experiência de vida, ou se tem muitas vidas, tem pouca bagagem, ele vai ter as reações de medo, surpresa, negação. Porque são reações que mostram a imaturidade, quase que uma infantilidade espiritual. O indivíduo pode ser intelectualmente uma pessoa bem desenvolvida, mas do ponto de vista emocional, espiritual, essa pessoa está desaperrada. Dentro do perfil de reações conta muito a estrutura espiritual.

A Flora (Caso do 7o EEME) ela teve surpresa, teve momento de negação quando não aceitou que estava com câncer, teve revolta, ressentimento, não aceitação. Mas, ela foi convidada e foi aceitando os convites, a entender, a analisar, até o ponto de conseguir superar, da maneira dela, a situação de doença, vivendo no telefone pedindo leite, trabalhando na Mallet enquanto podia.

A Alice (Caso do 14o EEME) estava dentro do seu próprio contexto de vida. Ela estava no processo da aceitação, da abnegação.

O Jelno (Caso do 12o EEME) foi desenvolvendo a doença pela cristalização da culpa. Mecanismos diferentes.

Não estou dizendo que são só essas reações aqui, mas eu coloquei essas como algumas que eu vejo muito. Pode ser um olhar meu, focado. Mas, eu vejo muito nas doenças e não são só nas doenças ditas mentais, nas doenças orgânicas também, nas doenças que são manifestação de distúrbios físicos, a pessoa não aceitar, não querer aquilo e o quanto isso complica. A partir do momento que a pessoa não aceita, ela reage.

Nós somos múltiplos, somos muitas coisas juntas. Somos capazes de sentimentos opostos. Somos capazes, por exemplo, de sermos mesquinhos com uns e daqui a cinco minutos sermos generosos com outros. Somos pessoas que sofremos muitas influências recíprocas. As forças que vêm de todos os lados, fazem com que a gente tenha reações muito diferentes. O somatório terreno é a experiência de cada um nas suas múltiplas vidas.

Pergunta: Essa história da gente ser generoso com um grupo e em seguida ser mesquinho com outro. Mas o outro grupo também faz parte da relação. Como a gente poderia explicar isso?

Isso faz parte de uma forma de adoecimento moral da gente, está relacionado ao fato de não conseguir ser coerente. Por exemplo: uma pessoa que trabalha num hospital público, que precisa trabalhar com as inúmeras dificuldades do hospital público. Tem que trabalhar com a corrupção, com o erro, com a omissão. Ela varre para debaixo do tapete, porque não quer ter trabalho. Porque para poder se trabalhar, para buscar dentro dela uma estrutura psicológica, que seja compatível com aquele ambiente hostil e adverso em que ela vive, ela tem que se auto-conhecer, tem que se trabalhar. Porque senão não vai conseguir fazer esse trabalho de adequação. O que ela faz? Nega

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 55 aquela realidade. “Isso é lá com os outros. Estou no meu consultório, ou no posto de enfermagem, isso é com os outros.” Mas ela está dentro daquele ambiente de pensamentos, de fluidos. Ela pode adoecer, porque não está sendo coerente. É a mesma coisa que os espíritos falam, de quando a pessoa entra num ambiente ruim, mas tem sentimentos enobrecidos. Quando a pessoa tem sentimento enobrecido, não entra na faixa do ambiente saturado de energias negativas, inferiores, de dificuldades, egoísmo. Porque ela está entrando com uma proposta enobrecedora, então ela vai entrar numa faixa diferente. Se ela diz que quer ser boa, que quer fazer as coisas legais, que quer ser útil ao outro, mas quando está no hospital, passa correndo e entra na sala dela e não participa da coisa caótica que está vivendo ali.

Nós temos as nossas reações de stress, mas estamos num ambiente de trabalho enobrecido, estamos nos esforçando para respirar o ar que está acima. Nós, quase nunca adoecemos. A gente fica cansado, tem uma mialgia (dor nos músculos) de vez em quando, tem uma queda de cabelo, uma enxaqueca esquisita. Mas isso é episódico na vida da gente, não dura. Uma pessoa que não tem o suporte do trabalho no bem, vai ter tudo isso e muito mais. Vai estar perdida dentro do contexto, porque está vivendo a incoerência. A incoerência vai gerando nela uma energia que atrapalha tudo, porque ela empurra para o subconsciente, que não está vendo aquela besteira que estão fazendo ali e que poderia intervir de alguma maneira. não ia salvar a pátria, mas ia, pelo menos, dentro daquilo que ela viu, poder resolver. Ela diz que não veio aqui para fazer isso, seu salário não é para isso. Aí ela adoece e fica mal.

Pessoas que têm ideais de bem e querem realizar esses ideais, estão na vida espiritual da gente, somos assim como espírito. Vai trabalhar num lugar que é colocado em teste a respeito disso. Tem que estar sempre em cima do muro, vendo o terreno em que pisa, o que vai falar. Se você é coordenador, pior ainda, porque não vai poder se omitir. Então cria um mecanismo adequado para viver isso, com equilíbrio relativo.

A pessoa que está fazendo o esforço de estar vivendo naquele ambiente, cheio de adversidades, cheio de complicações, mas está querendo trabalhar em prol de um objetivo nobre, essa pessoa sobrevive.

Bruno Bertlen, psicanalista da época depois de Freud, viveu na Alemanha nazista e foi para o campo de concentração. Lá ele foi um judeu, vivendo os maus tratos dos judeus. Escreveu um livro contando as experiências dolorosas que sofreu em função do nazismo. Começou a estudar o comportamento humano daqueles presos e dos soldados. A conclusão do livro é que sobrevive dentro do campo de concentração quem consegue ser fraterno e solidário. Todas as pessoas que por medo de morrer, se escondiam, faziam alianças negativas, traíam, essas morriam como exemplo. As que conseguiam fazer uma aliança dentro de um objetivo, essas sobreviviam. Consegue sobreviver quem tem um objetivo de vida nobre.

O que a pessoa quando está doente faz, é o que ela é. É o que o Danilo fala: “A doença não é algo que vem de fora e se superponha ao homem, é sim um modo peculiar de a pessoa se expressar em circunstâncias adversas.” Isso que ele fala no livro, está muito dentro do que a gente vê do que é influência espiritual, o que é ter um perispírito mais equilibrado, estar mais em sintonia com as coisas boas.

Um paciente psicótico, dementado, não falando coisa com coisa, delirante. No seu delírio relatando uma experiência, que mostra mesmo que ele está sendo influenciado por um espírito. Mas, ao mesmo tempo ele está delirando, é tudo misturado. Você não pode dizer: “Ah! você é médium não tem nada de doença mental, vai trabalhar na mediunidade que isso passa”. Não pode dizer isso, porque não vai passar. Ele tem um tormento íntimo.

Na Revista Espírita de Paris tem um caso de um paciente que tem escrúpulo extremo com dinheiro. Estão dizendo a todo momento que ele está passando a perna em alguém, que está roubando, que está fazendo uma falcatrua. Mas ele não é nada disso, é um cara honesto, como podem pensar isso dele?

Uma senhora foi ao consultório de uma amiga com seus cinco filhos. Levou uma série de exames e com um achaque. A médica, que é homeopata disse: “— A senhora está com esse problema mas a homeopatia vai resolver. A senhora tem muita chance de se curar com a

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56 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL homeopatia.” A senhora disse: “— A senhora vai me curar, que absurdo é esse. A senhora está me conhecendo agora e está dizendo que vai me curar. Não aceito isso.” Ela era muito mais que hipocondríaca, que dentro da Psicologia diz que a doença é um reforço para o indivíduo. A doença era o único trunfo que ela detinha para dominar os cinco filhos. Bastava ela ligar para onde eles estivessem, dizendo que estava passando mal, vinha todo mundo. Depois a senhora voltou e a médica disse: “— Eu não quero mais curar a senhora. A senhora não tem jeito, seu caso é muito difícil, muito grave e a gente não tem como resolver o seu caso.” A senhora deu um sorriso de uma ponta a outra.

Comportamento é uma coisa assim, você pode ser extremamente mesquinho aqui e andar uns metros e conseguir ser generoso com outra pessoa. Isso é possível. Porque somos múltiplos. Como a gente vai reagir é aquela bagagem que trazemos dentro de nós.

Pergunta: Como fica o orgulho nessa criatura?

O orgulho é o centro da questão da estrutura espiritual. A mental já é conseqüência da espiritual, é o orgulho. Quando eu fico orgulhoso eu posso ficar irônico, posso ficar humorista, isso é mental. Isso vai desenvolver uma série de reações fluídicas, que vão trazer impacto ao meu perispírito para eu ir adiante. Essas pessoas estão na fase do aprendizado, não vão resolver suas questões de orgulho.

Eu tenho um paciente que é um exemplo bonito de pessoa que já está nesse processo de aceitação. Ele tem um quadro esquizofrênico bastante grave, a ponto dele ter uma espécie de embotamento. Ele é muito inteligente, perspicaz. Esse embotamento dos pensamentos, sentimentos é reflexo, acho que da ajuda espiritual. Ele vive numa família espírita. Ele se infantilizou dentro desse meio, se encontrou dentro da família. Ele é tão inteligente que percebeu que se fosse obediente, a família iria aceitá-lo. Ele ouve vozes, as vozes o xingam. Ele diz: “Ah! pode falar isso, não tem importância não.” Ele já reage assim. No início da doença foi terrível, ele agredia a todo mundo. Até ele entender que aquilo era um mecanismo, levou um tempinho. Mas quando ele entendeu, ele superou. Ele vive sob medicação, por uma necessidade de contenção dessas idéias. Mas ele tem, de vez em quando, um assédio dos obsessores. Quando ele está assediado e fica perturbado mentalmente, ele relata de forma bem clara e explícita: “— Eu sei que fui feitor de escravos e eles estão me perseguindo. Sei que maltratei muito essa gente, mas não quero ficar perturbado.” Ele aproveita tudo o que tem de potencial intelectual para superação. É um exemplo.

Pergunta: Essa aceitação, na minha cabeça, seria só se ele tivesse a lucidez.

No caso dele, ele tem até a lucidez. Ele não tem o alcance de que aquilo que ele vive não realidade, realidade, é a realidade dele. Ele não tem autocontrole. É uma situação cármica mesmo.

Pergunta: Seria a exacerbação do sentimento de despotismo, uma pessoa tirânica?

Sim, quando alguém xinga ele, esse alguém imaginário ou um espírito, aquilo como quem diz: “Como ousa falar assim comigo?” O sentimento de despotismo, de agressividade, de violência existe dentro dele, está lá guardado.

Pergunta: No caso da medicação, que você falou que alivia um pouco o assédio. Como é isso?

A gente não tem recursos ainda diretos de dar ao paciente condição de lidar com aquela alucinação, com aquela impressão. Porque a alucinação é distúrbio da percepção. Dentro da ciência, uma alucinação é distúrbio do que você percebe. A medicação age bloqueando a comunicação. Interrompe a ação do espírito sobre o paciente.

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 57

Como é feito o Tratamento de Cura na visão da Doutrina Espírita (Recursos: passes, água fluidificada, prece)

Aula dada por Joaquim Couto em 08/07/2004 A terapia convencional está apresentada na apostila sobre a questão de ela poder modificar o

quadro orgânico, quando nos encontramos enfermos. Se não usarmos o livre-arbítrio corretamente, as doenças poderão ressurgir em muitos casos de forma mais grave. É muito importante, tanto para nós quanto para os outro, que apresentemos aquilo que a Doutrina Espírita nos dá acerca do tratamento convencional e do tratamento espiritual.

Há muitas pessoas que chegam à Casa Espírita amparadas por ouvir dizer que naquela Casa se faz determinados trabalhos, que são vinculados à cura e que muitas pessoas ficam livres dos males, de certos processos até obsessivos e vai por aí a fora. Quando nós sabemos que essa questão de libertar o indivíduo de uma enfermidade, não está apenas relacionada a você curar o corpo físico dele. Porque se não ajudarmos essa pessoa a raciocinar melhor e a ter uma visão mais espiritualizada da vida material, com certeza as doenças ressurgirão. Se a mente não é educada, não é orientada e não abrimos mão de determinados atos e comportamentos dentro da vida material, com certeza somos beneficiados hoje num tratamento com o médico material, com o médico espiritual, mas se não nos cuidamos, continuaremos alimentando as causas de desequilíbrio e perturbação junto ao nosso organismo.

É importante, pelo menos da minha parte, quando eu falava do trabalho em relação a Casa Espírita, eu sempre colocava para as pessoas: Lá não é a casa dos milagres. Lá é a casa dos que querem se transformar. Porque a Doutrina e Kardec colocam isso claramente. A questão da transformação, da modificação de hábitos, o trabalho na esfera do pensamento, do sentimento, para que possamos alcançar uma relativa paz orgânica, espiritual, mental, na condição de espíritos encarnados. Isso é uma coisa individual. Nós não podemos prometer às pessoas algo que talvez, nem elas queiram fazer, ou não estejam com disposição para fazer.

Já ouvi alguns companheiros lamentarem que pessoas que vêm a Casa, se tratam alcançando uma melhoria, elas se afastam, não perseveram, não continuam. Nós não temos que lastimar, nem lamentar coisa alguma, porque a questão de ficar, de se adequar à Doutrina, de caminhar por essa trilha na Terra, é uma questão de livre-arbítrio de cada um. Não podemos cobrar, pelo contrário.

Temos casos em nossa Casa de pessoas que vão embora, voltam, entram no tratamento, ficam boas, se afastam. Mas, o papel nosso, dentro da Casa, é, simplesmente, sempre estender aquilo que a Doutrina tem a oferecer, a nível de esclarecimento e a nível de socorro mais direto no organismo físico da pessoal, sem fazer cobranças. A questão da cobrança só pode ser feita a nós. Eu me cobrar uma atitude, um comportamento melhor dentro da vida, eu posso me cobrar isso, mas cobrar dos outros não seria certo. Às vezes, a pessoa só está ali buscando socorro, a gente oferece e dá o que tiver de melhor. Quanto à questão dela ficar, perseverar, prosseguir ou não, vai depender dela própria e conforme ela for amadurecendo dentro da vida.

Já ouvi pessoas reclamando dessa cobrança. A pessoa já está dentro de uma luta para vir ao Centro. Já escuta lições que mexem no seu ego, com aquilo que elas têm de bom e de mau dentro de si e ficam as pessoas dizendo que tem que se reformar, que se melhorar. Elas mesmas não são campeãs de reforma moral. Precisamos ter cuidado com esse tipo de colocação que fazemos, até nos nossos estudos, nas palestras. Porque parece que é uma cobrança da Doutrina, quando não é. Isso acaba desestimulando as pessoas de virem, porque começam a ter problemas de consciência. “Estou escutando aquilo e chego lá fora e escorrego, tropeço, não estou fazendo as coisas como teriam que ser feitas.” Isso não vai ajudá-la absolutamente. Temos que estimular a pessoa ao estudo. Através do estudo, do tratamento, através da freqüência, tanto quanto aconteceu com cada um de nós, vai acontecer com ela também. Com o tempo ela vai assimilando, vai aprendendo, vai guardando dentro de si e vai substituindo os velhos valores do passado por esses valores mais espiritualizantes e muito mais interessantes para sua alma.

Estamos dentro da sala de cura fazendo um trabalho, pode coincidir de uma pessoa entrar dez vezes na sala onde nós estamos. Nó início, eu achava que se a pessoa tomava dez passes estava

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58 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL bom, mas aí ela começa a tomar quinze, vinte, trinta, quarenta e vai passando o tempo, eu começava a perguntar: porque será que a pessoa está há tanto tempo no passe e os espíritos deixam ela ficar, não falam nada, não fazem nenhuma observação. Uma vez eu perguntei ao Dr. Hermann sobre isso e ele disse: “— Meu filho, se elas vindo ao passe, pelo menos, se mantiverem fiéis a essa freqüência, já é para os benfeitores delas um grande passo.”

A Medicina Espiritual é muito boa quando você tem a possibilidade de ir conversando com as pessoas, de dar orientação, de mostrar qual é o verdadeiro significado desse tratamento que os espíritos trazem, ou através de médiuns ou por eles próprios, aqueles encarnados que estão naquela noite sendo socorridos por eles.

Os espíritos podem utilizar recursos fluídicos, magnéticos e espirituais. Pode haver a ação curadora através de cirurgias espirituais. Há médiuns que têm essa capacidade, como intermediários, de fazerem esse tipo de trabalho. Ou medicamentos prescritos através do receituário mediúnico. O atendimento espiritual pode se manifestar dessa forma. Mas se não tivéssemos médiuns para isso não quer dizer que o plano espiritual não teria condições de nos atender e socorrer. Conhecemos casas espíritas que não tem uma equipe mediúnica muito grande, uma equipe bem limitada nos recursos de mediunidade e observamos a ação dos espíritos naquele ambiente, junto às pessoas que estão ali, de coração aberto, com fé, com confiança, pedindo o socorro e o socorro acontece, o atendimento é feito.

Os fluidos podem provir dos encarnados e desencarnados. Grande diferença na qualidade e nos seus efeitos. Porque o problema dos encarnados é que nós temos os fluidos mais ou menos impregnado das nossas naturezas físicas e morais. É o grande trabalho que damos ao plano espiritual. Somos médiuns, estamos encaixados dentro da tarefa porque temos condições de faze-la, mas nem sempre nos preparamos de forma adequada para o trabalho.

Se estou dentro de uma sala tenho que estar de olhos e ouvidos bem abertos, para aprender e verificar todas as lições que estão sendo transmitidas, às vezes, intuitivamente, pelo plano espiritual, através desse ou daquele médium. Prestar atenção no trabalho, no que se está fazendo na cura. Prestamos atenção ou nosso movimento de mãos é automático? Ou se está fazendo todo um movimento elaborado do trabalho no passe e não se está com a mente ligada naquilo. Então, deixamos de receber, às vezes, uma série de informações, de intuições que são necessárias em determinado caso que estamos atendendo no momento.

Precisamos recorrer muito aos espíritos, porque nem sempre estamos nas condições ideais. Às vezes, nos deixamos envolver numa discussão no trabalho, outras vezes esquecemos da dieta no dia da cura. Se toda vez que eu discutir ou comer uma coisa que não é para comer faltar ao trabalho, então, raras vezes virei para o trabalho. Porque não somos perfeitos, temos momentos de vacilação, a mente fica oscilando, tem altos e baixos, mas não deixe de vir para o trabalho. Pelo menos você vai dizer para o plano espiritual: Eu estou presente, com as minhas dificuldades, com as minhas lutas, mas eu quero participar da tarefa, quero estar junto a vocês nesse trabalho. E se estivermos de boa vontade, os espíritos vão nos ajudar e muito a superar a crise que estejamos passando.

Cada um tem uma reação diante da doença. Eu não posso ser um médium com coração de pedra. Tenho que ter a boa vontade no olhar, na maneira de me aproximar da pessoa. Porque as pessoas chegam nas situações de estarem revoltadas, espiritualmente, numa indignação tremenda com a doença, não acham justo estar passando por aquilo. Aquilo está incomodando, perturbando demais. A pessoa senta diante de você com essa revolta e indignação, você não tem que entrar na faixa dela, tem que entender o estado emocional. Porque nós achamos que, como espíritas, nunca vamos nos revoltar nem ficar indignados por ficar doentes. Já vi muito espírita cair feio.

Não devemos julgar a pessoa, porque não sei como seria meu comportamento diante de uma dor extremada. Num momento desses, devemos entender o seu estado de espírito e passar para a pessoa algo que possa amenizar a situação. Então, quando orarmos, orar de coração mesmo. Quando for dar o passe, é deixar que saia de você tudo aquilo que possa tranqüilizar, pelo menos, aquele espírito num processo de sofrimento tão agudo.

Há o oposto, tem pessoas que são apáticas, indiferentes pelo que você vai fazer na sala. Sentam por sentar. Estão ali por estar, porque alguém trouxe, alguém disse que é bom. Mas

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 59 mentalmente o coração está longe, muito longe daquele atendimento, daquele socorro. Não nos compete julgar. Eu acredito que se o médium vibrar com sentimento, não só a técnica do passe, mas colocar sentimento junto à técnica, vai quebrar um pouco aquela indiferença, aquela apatia. Ela vai sentir que você está fazendo aquilo por interesse, por querer ajuda, por querer aliviar. As pessoas sentem isso. No primeiro passe é aquela coisa, não permite quase que o fluido penetre. Mas com o tempo, com a vinda, aquela criatura vai ser tocada. Nós não temos que entrar na faixa e falar: “Ela não quer ser ajudada, que fique assim. Eu vou dar o passe de qualquer jeito, porque ela não quer ser ajudada mesmo.” Eu já escutei isso: “— Quando eu noto que a pessoa não quer receber, eu dou aquele passezinho.” Eu disse: “— Não existe passezinho”. Existe o passe e, todo passe não é igual em relação às pessoas. Você dá um passe padronizado numa reunião pública, mas a maneira como cada um vai receber e sentir aquele passe é diferente.

Nós não temos idéia do que é o passe numa reunião pública. Não nos esqueçamos de que o atendimento começa no instante que a pessoa está entrando na Casa Espírita, quando ela entra e senta. Antes da reunião começar. Muitas vezes, quando ela já passou pela leitura inicial, pela prece, pela leitura do tema, entra no Evangelho e depois o passe, ela já recebeu uma série de atendimentos que vão facilitar o seu trabalho. Você não vai fazer uma coisa sem importância, pelo contrário, os espíritos já preparam aquela criatura para receber o máximo do que você possa dar a ela.

Muitas vezes, as pessoas perguntam: “O que posso fazer para me curar?” Às vezes, pela própria psicografia vem a orientação para que faça o tratamento na sala da cura, para que se aproxime dos cursos.

Se a pessoa vem para Casa Espírita, você tem que apresentar a Doutrina Espírita para ela. Não com intuito de catequizar, fazer uma lavagem cerebral e vai virar um robô, não é isso. Apenas passar as informações básicas de como ela pode obter a cura. Que a cura é possível, é, mas há doenças, enfermidades, há processos que levam mais tempo que outros. A própria enfermidade impede a pessoa de cometer maiores loucuras. A limitação física impede que se tenha esse ou aquele comportamento. Mas a Doutrina além de esclarecer tem o aspecto de consolar, de mostrar que temos acesso a determinadas fontes aonde podemos beber, pelo estudo, pelo socorro espiritual, pelo socorro mediúnico. Mostrar a ela que é possível ter o alívio, mas não podemos incentivar com falsas promessas, porque a decepção vai ser muito grande.

A mente renovada no bem é base primordial para alcançarmos a cura. Porque enquanto a gente não se transforma, não se melhora, aquele quadro vai permanecendo, porque vamos alimentando o processo.

No Clarêncio nós temos o cuidado de orientar as pessoas sobre como entrar na sala da cura, como sentar e ficar diante do médium. Na própria sala da cura a gente pede as pessoas que façam as suas preces silenciosas, para pensar em Deus, em Jesus, porque isso facilita o trabalho não só do médium, mas do espírito, do guia, do benfeitor.

A finalidade do passe é dar uma transfusão de energia. Essa transfusão vai ser proporcional à necessidade de cada um. Há situações que a pessoa num passe só, sai renovada e há outras que parece que vai levar alguma tempo.

Quando se fala a palavra passe, a gente se prende ao corpo físico e, no COMP a gente aprende que centro de força fica no perispírito. No corpo físico você tem os plexos, que dão a ligação com os centros. Então, quando se trabalha mais ou menos no nível dos centros, trabalhamos em cima dos chacras também. Nós precisamos saber o que os chacras e os centros representam, quando quisermos atender a pessoa.

O passe a nível mental eu só dou se os espíritos guiarem minhas mãos. Assim como o passe de sopro que só deve ser dado com orientação espiritual. Porque o sopro com bafo de múmia é triste. Por isso é que os espíritos dizem que no dia a gente não coma coisa condimentada, não beba bebida alcóolica, não fume, não coma carne, por causa do problema do cheiro, das toxinas, dos gases que exalam.

Vocês estão percebendo que não podemos fazer um trabalho isolado do plano espiritual, ou um trabalho baseado em técnicas somente. Precisamos do conhecimento, da instrução, das técnicas

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60 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL ligadas ao magnetismo, à movimentação de forças, de energias, de fluido, porque no momento que vier a inspiração, saberemos como vai fazer a coisa. Não temos que ser uma máquina.

Em O Nosso Lar (cap. 50), vamos encontrar um caso de manipulação feita por espíritos com fluidos da Natureza. Quando André Luiz vai visitar sua ex-esposa encontra alguém no lugar dele. Quando ele tem a reação humana, porque ele vê dois espíritos obsidiando e prejudicando os pulmões do encarnado. Ele tem uma reação humana de ajudar no processo, mas depois cai em si e lembra-se das lições, dos estudos e de tudo que aprendeu em Nosso Lar, ele então pensa em Narcisa. Ele vibra em pensamento, passa o recado para ela e dali alguns minutos ela vem e vai buscar socorro nas mangueiras. Espíritos ligados à natureza extraem o elemento que ela precisava. Ela faz uma espécie de mistura e aplica no peito do nosso irmão e ele passa a ter uma melhora respiratória.

Temos essas manipulações, elas ocorrem com uma freqüência incrível, só que a nossa visão é limitada para isso. A sala da cura é um verdadeiro laboratório. Acontecem coisas na sala da cura que, como encarnados, não conseguimos explicar. Porque em ciência nós somos limitados, não trabalhamos em laboratório, não fazemos pesquisas, não somos cientistas para entender certas manipulações com elementos da matéria. As manipulações deles também são com matéria, só que quintessenciada, num outro nível. Acontecem coisas extraordinárias na sala da cura. Não somos só nós aplicando, é todo um trabalho feito em conjunto, ali na sala. Quanto mais estivermos ligados a eles, melhor para nós. Vamos aprender muitas coisas interessantes, mesmo que não vejamos, não ouçamos, mas pela intuição vamos percebendo a transformação que vai ocorrendo naquela pessoa, que não virá tomar só um passe de cura, virá mais de uma vez e nós vamos notando.

Além dos fluidos da natureza, os espíritos manipulam os nossos fluidos. Muitas vezes, nem estamos dando passe, estamos na reunião assistindo, a gente sente. Aí depende da sensibilidade e percepção de cada um, em que os espíritos se aproximam tiram determinada... Por isso, que às vezes, a gente tem umas reações nas reuniões e a gente atribui à perturbação. Às vezes, não é perturbação, são os espíritos manipulando, às vezes, retirando de nós o nosso fluido próprio, para que eles possam manipulá-lo e com o seu fluido, muitas vezes, acrescido do que eles tiram da natureza, fazer determinados trabalhos dentro da nossa Casa, ou até aqui próximo.

Em relação à prece, buscar a sintonia com os bons espíritos, que são os emissários de Deus, cultivar a fé, esperança e a vontade, não só em você, mas, também estimular a pessoa, o paciente, aquele que estamos atendendo, seja numa conversa informal dentro da Casa. Informal no sentido de ser dentro de um trabalho, mas que seja dentro da esfera do Espiritismo. Porque discutir política, futebol, novela dentro da Casa Espírita é o fim da picada.

Uma médium me disse: “— Eu posso ter uma briga com meu marido dentro de casa e cinco minutos depois sento à mesa mediúnica, incorporo benfeitor, mentor.” Para mim é tudo obsessor, mas, tudo bem, ela diz que é mentor. Como pode? Isso não se improvisa. Evolução é processo de milhões de anos. Foram milhões de anos para chegar a isso que somos hoje. Simplificamos o trabalho na Casa Espírita, com os guias e benfeitores, dessa forma, chegando de qualquer jeito.

A questão do estudo, porque é tão necessário o conhecimento de si mesmo, como está lá no Livro dos Espíritos e como alcançar esse conhecimento. É um processo doloroso. Quando nos predispomos a começar a nos olhar, nos observar, não mais ficar nessa busca excessiva de observar os outros, o comportamento dos outros, mas nos observar, isso machuca bastante. Porque vamos perceber quantas falhas temos.

Quando a gente fala conhecer a si mesmo, não é para ter um processo de se auto-atormentar, de adoecer de tanto pensar nisso, não é para isso não. É para, justamente, começar a perceber aonde a coisa tem que ser tocada e corrigida. A gente sabe que não vai ser numa única existência que vai se corrigir de muita coisa não. Há processos que estão tão arraigados na nossa alma, como diz no texto de Tormentos da Obsessão, há hábitos que foram cultivados durante séculos. Como é que numa só existência, conhecendo o Espiritismo, eu vou me livrar daquilo de uma hora para outra? Vai custar muito sacrifício, muito trabalho. Pode ser na bebida, no vício, no mau pensamento, no mau sentimento. Agora eu estou querendo dar uma guinada na minha vida e me corrigir, mas ainda vou ter momentos que vou me deixar levar, porque essa impressão ainda é muito forte dentro de

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 61 mim. Se eu começar a me conhecer, vou conhecer melhor as outras pessoas e o meu modo de julgá-las, de apreciá-las, vai mudar também. Porque quando a gente se evangeliza, quando busca as religiões a tendência é nos tornamos críticos muito duros daqueles que não pensam como nós. A Doutrina Espírita não nos ensina isso e condena isso.

Não nos esqueçamos que a Casa funciona em cima de equipes. Dentro de uma sala de cura há uma equipe, ninguém deve ser estrela, temos que ser trabalhadores e nos conscientizarmos da posição dentro da escala, nessa equipe, exatamente em que posição nos encontramos. Pela nossa limitação reencarnatória, por falta de percepções mais aguçadas, ou faculdades mais extraordinárias, nós temos que contar com o apoio dos espíritos. O trabalho tem que ser feito com a ajuda deles. Precisamos deles, porque há casos que entram numa sala de cura, que para maioria das pessoas é melhor não ver o drama que há por trás daquela situação ali. São raros os médiuns que teriam condições de suportar uma visão.

Nós precisamos nos policiar mais aqui dentro. Há muitas pessoas com dramas terríveis, buscando um apoio, um esclarecimento, buscando um socorro e nós estamos numa faixa tão distanciada que não nos apercebemos disso. Quando estamos aqui dentro, não para ser o homem do mundo, mas sim, para ser o futuro homem do mundo, o homem melhorado, espiritualizado.

Todos nós somos peças importantíssimas para os espíritos que trabalham. Vamos valorizar a nossa oportunidade de estudo, de trabalho, fazendo sempre o melhor que pudermos fazer. Deus não nos pede o impossível, nem nos pede ação de espírito puro, mas sim de espírito que está perseverando para alcançar a sua regeneração, a sua cura, para mais tarde entrar nessa programação de trabalho para ser um espírito puro.

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O Papel da Fé e da Esperança no Processo de Cura

Aula dada por Aderico Freitas em 22/07/2004 Que a paz de Jesus esteja conosco. Que ela prevaleça não só no ambiente mas em nossos

corações. Que Ignácio Bittencourt possa nos ajudar para que o que falarmos seja entendido por todos. Quando alguém fala de fé, normalmente, a pessoa vai falar daquilo que ela sente e, principalmente,

da maneira como ela vê e entende Deus e como ela se relaciona com Deus. Porque a fé está diretamente relacionada com a nossa relação com o ser superior.

Dentro da proposta de estudo apresentada pelo EEME, estudamos as respostas a 3 perguntas: 1a – Por que ficamos doentes? 2a – Como vamos nos curar? 3a – O que fazer para não ficar doente?

Tudo com base no: “Bem-Aventurados os aflitos”, do Evangelho de Jesus, visando ajudar a todos nós a ser

Bem-Aventurados nas aflições e não MAL-AVENTURADOS.

Exemplo de mal-aventurados: ♦ Impacientes; ♦ Sem resignação; ♦ Desanimados; ♦ Revoltados; ♦ Indiferentes; ♦ Desesperados. Etc.

A dor faz parte do nosso currículo de aprendizado num Planeta de provas e expiações. Se não temos resignação diante dessa dor, do sofrimento, vamos sofrer repetidamente, uma encarnação após a outra e, não estaremos enquadrados dentro da condição de bem-aventurados de que Jesus falou.

Relembrando a resposta da 1a pergunta – Por que ficamos doentes? As Leis Divinas, até onde sabemos, usam basicamente, 4 mecanismos para nos conduzir na

caminhada evolutiva: 1 – A necessidade: conduz-nos ao dever. 2 – O prazer: estimula-nos a fazer. 3 – O sofrimento: corrige-nos os desvios. 4 – O amor: fortalece-nos e pacifica.

A necessidade nos impõe situações as mais diversas, nos obrigando mesmo a aprender, a buscar a solução desse ou daquele problema. Desenvolvemos com isso a inteligência e vamos nos adequando ao dever. Porque à medida que nós nos cansamos de sofrer, passamos a cumprir o dever. Então a necessidade nos conduz ao dever.

O prazer é o principal mecanismo que temos dentro de nós e nos faz buscar fazer alguma coisa. Pensem no que vocês quiserem pensar, se existir dentro de nós alguma satisfação em realizar aquilo, vamos nos sentir estimulados a fazer. Só que essa busca desenfreada ao prazer, vai criando situações difíceis para nós. Porque um dos grandes problemas nossos é não saber a medida certa para aquilo que fazemos. Aí, surge o sofrimento, que é o grande mecanismo corretor das nossas ações, para nos corrigir dos desvios frente à Lei.

O amor nos fortalece. É aquele sentimento que está sempre nos empurrando para frente, nos impulsionando a buscar o melhor.

No estudo da 2a pergunta, temos: Fatores que influenciam na cura: • A Fé • A Esperança

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• A Crença na espiritualidade • O Mérito • O Pensamento • A Vontade • A Prece • A Concentração • O Ambiente • A Educação moral

Ao estudarmos fé, por mais que busquemos nos diferentes livros e fontes de consultas, é importante nos lembrarmos de Jesus e buscar no seu Evangelho, os exemplos de fé. Jesus enfatizou o tempo todo a fé.

1 – CURAS DE JESUS Perda de Sangue “— Então, uma mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia; — que sofrera

muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum alívio conseguira, — como ouvisse falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele e lhe tocou as vestes, porquanto, dizia: Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas vestes, ficarei curada. — No mesmo instante o fluxo sangüíneo lhe cessou e ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela enfermidade.

Logo, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, se voltou no meio da multidão e disse: Quem me tocou as vestes? — Seus discípulos lhe disseram: Vês que a multidão te aperta de todos os lados e perguntas quem te tocou? — Ele olhava em torno de si à procura daquela que o tocara.

A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e pavor, veio lançar-se-lhe aos pés e lhe declarou toda a verdade. — Disse-lhe Jesus: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade.”

(S. Marcos, cap. V, vv. 25 a 34.)

“Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade”. 2 – FÉ a) “É uma atitude de fidelidade, harmonia e sintonia com a Lei”. “A palavra fé vem do latim fides (fidelidade), que por sua vez, foi a tradução encontrada

para a palavra pistis em grego, que significa fé. “Como na maior parte das línguas neolatinas não existe verbo derivado da palavra fé (fides),

foi empregado um verbo de outro radical, verbo do latim credere que deu crer, crença”. “Crença é uma opinião vaga, incerta, indefinida.”

(Humberto Rohden – Ensinamentos de Jesus: Fé Incondicional, Ed. Martin Claret)

Fé e crença não são a mesma coisa. Mas nós usamos como sinônimo. Porque ao longo do tempo nos acostumamos a não nos preocupar muito com o significado das palavras. Vamos usando sem entender bem o que elas significam.

“Crença é uma opinião vaga, incerta, indefinida.” Ah! Eu creio no que Fulano falou, mas não me dei ao trabalho de pesquisar se o que o Fulano falou é verdade. Eu confio nele e o que ele falou para mim tem valor de algo certo. A palavra fé significa outra coisa.

Jesus não advertiu: “Vai e não peques mais”. Por quê? Resposta: 1o – Jesus sabia que aquela alma tinha FÉ – Fidelidade, Harmonia e Sintonia com

as Leis Divinas. 2o – Em relação àquela enfermidade, ela estava quite com a Lei. b) FÉ “... a confiança que se tem na realização de algo, a certeza de se alcançar um objetivo.”.

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 3 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.) “... é o sentimento inato, no homem, dos seus destinos futuros; ...”.

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64 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 12 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

A nossa visão de futuro, de imortalidade, tem importância fundamental na nossa fé. Se eu encaro que sou um ser imortal, minha fé estará alicerçada num tipo de sentimento meu em relação a Deus. Se eu não admito a realidade da imortalidade, essa minha fé vai se manifestar de forma diferente. Nós temos exemplos disso nas correntes protestantes. Nós podemos dizer que essas criaturas não tem fé? Muitas delas têm uma fé inabalável, mas a visão delas em relação ao depois da morte é completamente diferente do que é apresentado pela Doutrina Espírita. Mas elas têm fé e conseguem através da fé, a solução de muitos problemas na vida. Mas elas estão limitadas e vamos ver mais na frente o porquê.

A fé tem que ser ativa, não pode ser simplesmente o crer e acabou. Olha a crença numa colocação diferente de fé. Fé significa fidelidade e crença... “eu creio”. Tudo bem, eu creio, mas em quê?

3 – CLASSIFICAÇÃO DA FÉ 3.1 – Quanto ao entendimento: Como nós entendemos a fé. Dentro do âmbito da fé

religiosa nós vamos ter: a) Fé Cega: “... nada examina, aceita sem controle o falso como o verdadeiro, e se choca, a

cada passo, com a evidência e a razão ...” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 6 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

A criatura diz que tem fé, mas chega alguém e diz para ela que tem que ter determinados procedimentos, pela fé que ela tem, ela não questiona, ela faz; sem pensar nas conseqüências, sem pensar se aquilo é válido.

Essa fé pode trazer alguns prejuízos: ilusão, desapontamento, perigos, comprometimento da própria saúde. Temos exemplo de criaturas que em nome de uma fé, não aceitam a transfusão de sangue. Quando isso salvaria a vida dela. E muitos outros exemplos que nós vamos encontrar, que em nome de uma fé, sem o devido exame do porque confiar naquilo (vou substituir a palavra confiar pela palavra crença). Porque ou não quer por comodismo, ou porque tem medo e não busca realmente, saber se vale a pena, se pode confiar e se manter fiel aos princípios que estão sendo passados para ela.

Prejuízos que essa fé pode nos causar: “... causa, atualmente, o maior no de incrédulos, porque exige a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio...”

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 7 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

Vamos lembrar do período da Idade Média em que a fé era aquela: crê ou morre. Era imposta a ferro e fogo. Por medo de perder os bens ou a vida, a criatura dizia que acreditava. Mas o sentimento dela correspondia ao que ela dizia? Na maioria das vezes não. Algumas criaturas se atribuindo o direito de determinar quem devia crer e a forma como se devia ter fé, estabelecia a maneira de se relacionar com o Criador. Quando esse relacionamento deve ser direto da criatura com o Criador e, o nosso grande instrumento é a prece. Não precisamos de intermediários. Se for necessário o intermediário, quem nos ama providenciará. Estando do outro lado irá tomar as providências. Como isso ocorre? Estamos em situação aflitiva, fazemos uma prece pedindo ajuda, nos dirigimos ao Pai. Mas é o Pai diretamente que vem nos atender? São aqueles espíritos que nos amam, que por sua vez, se não forem capazes, por não terem recursos de conhecimento e de elevação moral para solucionar a nossa problemática, eles intercedem a quem tenha condições para nos atender, dependendo do nosso conhecimento e necessidade.

b) Fé Raciocinada: “... se apoia sobre os fatos e a lógica, não deixa nenhuma obscuridade; a

pessoa crê, porque tem a certeza, e só tem a certeza porque compreende ...” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 7 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

Por que eu vou ser fiel à Lei de amar ao meu próximo? Eu necessito de paz e só vou ter paz se eu não estiver com medo do que o outro vai fazer comigo. Eu preciso amar ao meu próximo para

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 65 que ele, sabendo que eu não sou motivo de preocupação para ele, aos poucos deixe de ser motivo de preocupação para mim.

Em cima dessas demonstrações é que vamos fortalecendo e ampliando a nossa fé, a nossa fidelidade às Leis, porque vamos entendendo como elas funcionam na nossa vida e vamos nos ajustando, fazendo com que o nosso comportamento vá ficando cada vez mais de acordo com elas. Vamos criando em torno de nós paz, equilíbrio, resistência às tempestades que desabam sobre nós.

Intervenção: Nessa parte da fé raciocinada temos um exemplo em William Crooke, que, ao final dos estudos com Kate King, ele diz que não pode dizer: “Não creio. Minha fé é apoiada sobre os fatos.” Ele pesquisou. Antes era um dos maiores incrédulos.

O Espiritismo surgiu na metade do século XIX como filosofia estabelecida, organizada. Vamos ver que nesse período um número imenso de cientistas na região da Europa, perto da França, pesquisavam profundamente todos os fenômenos que interessavam ao homem. Porque o homem achava que podia resolver tudo sem o lado espiritual da vida. Alguns cientistas chegaram à conclusão que não precisavam mais de Deus. Esses cientistas, quase que a totalidade deles, foram levados a pesquisar o Espiritismo com o objetivo de desmascarar os fenômenos. Só que eles eram e são espíritos sérios, fiéis à Lei, fiéis à verdade. Eles tinham credibilidade no mundo científico, sua palavra em muitos assuntos tinha força de Lei. Quando eles entraram na pesquisa e constataram a realidade dos fatos, eles não recuaram em declarar a verdade do que tinham encontrado. Eles tinham primeiro que conquistar uma autoridade na área deles, desvinculada de toda idéia religiosa, para que quando viessem e dessem a palavra deles, ela não pudesse ser contestada. E formou um dos fundamentos da Doutrina Espírita, pois ela tem por base a ciência.

A Doutrina Espírita veio para desfazer a confusão na cabeça de todos nós. Veio para desfazer os equívocos. Quem pensar que a Doutrina Espírita esconde as coisas, enrola, está enganado. Estude mais a fundo, pesquise, medite, deixe passar os anos debruçado sobre os livros e entenda o que está ali.

Ao longo dos séculos, os ensinamentos do Cristo foram deturpados, pelos interesses os mais diversos, mas ele sabia disso, tanto é que anunciou a vinda do Consolador. Ele sabia que chegaria o momento da verdade receber mais um impulso. A Doutrina Espírita veio para justamente, desfazer, tirar da obscuridade, da nossa ignorância, do nosso orgulho, da nossa vaidade que faz com que nos achemos uns sabichões e colocar as coisas às claras. A pessoa crê porque tem a certeza e só tem a certeza porque compreende. O entendimento tem a ver com o raciocínio. Com o “saber como funciona” e “porque é assim”. Compreende. Você aderiu com o seu sentimento e aceitou aquilo.

Como é que nós estamos sendo apresentados à Doutrina Espírita? Principalmente pelo sofrimento. Porque ainda é do nosso estágio evolutivo. Nós caminhamos como alguém que está numa área totalmente cheia de neblina e não tem uma visão muito clara do que está lá na frente. Você só tem a visão de um pequeno espaço ao seu redor, não tem a visão do todo. Essa visão vai se ampliando à medida que vamos entendo os mecanismos da Lei Divina e o que ela tem de proposta para cada um de nós. À medida que a Doutrina Espírita vai entrando no nosso entendimento e ajudando a mudar o nosso sentimento, essa neblina vai se diluindo e vamos enxergando com mais clareza e caminhando com mais segurança. Infelizmente no nosso estágio evolutivo, isso ainda está sendo conseguido através do sofrimento. Porque somos criaturas muito teimosas, renitentes, recalcitrantes. A dor tem o tamanho da nossa rebeldia. Quanto mais rebelde eu for, mais intensa tem que ser essa dor, para que eu reconheça que existe algo regendo o nosso caminhar.

3.2 – Quanto ao objetivo: a) Fé Humana: É quando o homem aplica suas faculdades para atender suas necessidades

materiais. Confia em si mesmo. Nós precisamos ter fé em nós, precisamos confiar nas nossas capacidades, nas nossas

possibilidades. Daí a necessidade do autoconhecimento. O que eu posso? O que eu não posso? O que eu sou capaz de fazer? Até que ponto eu suporto esse tipo de pressão sobre mim? E nós só vamos descobrindo isso, à medida que vamos experimentando. É tentar ver o resultado que dá. Se não deu certo, recue e admita o fracasso como aprendizado. E não cair na depressão e pensar que

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66 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL tudo acabou. Porque as Leis Divinas, principalmente, a Lei de Progresso faz isso conosco. Quantas vezes nós já reencarnamos para vivenciar a mesma situação e retornamos ao plano espiritual sem conseguir ter dado um passo no aprendizado daquilo? E nem por isso Deus nos castigou. Essa repetição é castigo divino? Não, é o amor dele pelo filho: “— Vai, repete quantas vezes forem necessárias, até aprender.”

b) Fé Divina: O homem aplica suas faculdades para atender suas aspirações espirituais.

Confia em Deus. (O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 12 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

Ele já sai da postura de se preocupar só com ele mesmo e lembra-se que tem um Criador. Os cientistas do século XIX consideravam que não precisavam mais de Deus, mas a vida aos poucos vai fazendo as coisas acontecerem para lembrarmos que Deus existe. Umas das coisas que fez, de uma forma estrondosa, o homem entender que existe Deus e que ele não é só essa estrutura material, foi justamente, o advento da Doutrina Espírita. O homem pesava, media, pesquisava, cortava os corpos, fazia mil e uma coisas, considerava que sabia tudo. De repente, as mesas começam a se levantar, a se balançar e uma inteligência responde o que ele perguntava em pensamento. Como isso é possível? A ciência, se fosse aquilo que eles acreditavam que era, caía toda por terra. No entanto, continuaram, e hoje, a própria Física, que é uma das ciências mais materialista, é ela justamente, que está fazendo o caminho de volta para Deus.

Existem alguns pesquisadores que estão apresentando algumas teorias da Física, que quando eles conseguirem fazer com que isso seja do entendimento de todos, vai alterar quase que toda base da Física que nós conhecemos hoje.

4 – A FÉ VERDADEIRA • É sempre calma. • Paciente. • Apoia-se na inteligência e na compreensão. • Tem a certeza de chegar ao objetivo. • Alia-se à humildade. • Coloca sua confiança mais em Deus.

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 3 e 4 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

5 – A ESPERANÇA “... é a faculdade que infunde coragem e impele à conquista do bem...” Se eu confio em Deus, sou fiel as suas Leis, eu não tenho dúvidas de que vou caminhar. E

para que eu seja aquilo que Deus espera que eu seja, eu tenho que me tornar uma pessoa de bem. “... a esperança revigora o entusiasmo e insufla o necessário ânimo para o prosseguimento

até o fim...” (Joanna de Angelis – Estudos Espíritas: Esperança)

A dor, o sofrimento, ainda fazem parte do nosso estágio evolutivo e, em alguns momentos, parece que pegaram todas as dores do mundo e colocaram em nossos ombros. Tem horas que a gente pensa assim. Mas, no momento em que nós refletimos, se a nossa fé está alicerçada na fidelidade a Deus e se nós procuramos estar em sintonia com suas Leis, vamos caminhar.

A resignação é aceitar aquilo que não pode ser mudado, sem a revolta. Se você traz uma enfermidade e a Medicina atual ainda não consegue curá-la. Se você confia em Deus, na sua justiça e no seu amor, não vai se revoltar. Vai se colocar na seguinte postura: “Se estou passando por isso é porque há uma razão justa. Portanto, no devido momento eu vou saber porque estou passando por isso.” Se nós aceitamos a imortalidade, a reencarnação, vamos também entender que aquilo que estamos passando é conseqüência do que fizemos no passado. Isso nos dá tranqüilidade, força, paz e nós caminhamos, prosseguimos.

“... a fé cresce na razão em que o homem se liberta do egoísmo...”

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(Humberto Rohden – Ensinamentos de Jesus: Fé Incondicional, Ed. Martin Claret)

Os espíritos colocam constantemente para nós que o egoísmo é a grande chaga da Humanidade, que nós temos que nos empenhar com todas as nossas forças, com todas as nossas possibilidades de entendimento, para nos libertarmos do egoísmo. Então, a nossa fé aumenta. E vamos estabelecer a relação: se eu faço com que prevaleça em mim o egoísmo, eu não vou ser fiel, vou pensar primeiro em mim.

6 – CONSEQUÊNCIAS DA FÉ VACILANTE • A incerteza. • A hesitação. • A fraqueza – aproveitada pelos inimigos. • A inércia. • A descrença em si mesmo. • O desespero.

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 2 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

Eu coloquei fé vacilante porque, sinceramente, não tenho muita convicção que exista alguém que não tenha absolutamente nada de fé. Mesmo porque, no estágio atual do planeta Terra, nós não temos espíritos totalmente ignorantes. Já vivenciamos um sem números de encarnações, mesmo nos povos primitivos vão ver que eles têm uma fé, uma crença, eles estabelecem relação com as forças superiores. Então, há neles um sentimento de confiança, de esperança. Não existe realmente, alguém sem fé. Mas, em nós ela é aquela fé vacilante.

A fraqueza – aproveitada pelos inimigos. Se eu não confio, se não sou fiel, não me coloco em condições de ser abastecido dos recursos que preciso para enfrentar os problemas. Perturbo-me, saio da sintonia, abro campo para aqueles que querem ver o meu sofrimento maior, agirem.

O desespero é algo muito sério. Conseqüência do desespero é o suicídio. Como não temos uma fé, não temos essa sintonia, nos deixamos envolver por essa onda e as criaturas, às vezes, sem nenhum compromisso sério, sem nenhuma perturbação grave em si mesma, acabam sendo levadas ao suicídio.

Nós estamos vivendo um período de grande aferição de valores, é só observarmos o que acontece conosco e à nossa volta. Estamos sendo estimulados a colocar para fora aquilo que tem de mais podre. Nós estamos fazendo a própria aferição de valores. E para fazermos essa seleção temos que ser estimulados a nos mostrarmos com somos, como estamos. Temos espíritos encarnados que estão tendo chance de vivenciar as situações as mais diferentes, para colocar para fora todo o seu patrimônio, seja ele positivo ou negativo, para fazer essa aferição de valores. Em compensação, como a misericórdia divina não deixa as coisas andarem soltas por aí, coloca chegando ao planeta um grupo de espíritos, equilibrados, sérios, que não são, muitas vezes, detectados por nós, mas que tem a cabeça firme, tem essa fé, essa fidelidade às Leis, que contrabalançam psiquicamente, fluidicamente com a situação do planeta. Os altamente comprometidos com a Lei estão tendo a chance de tentar ficar de um lado ou de outro. Se não conseguirem irão para outro planeta. Os que conseguirem passar para um estágio melhor, serão os que habitarão o planeta nessa fase de regeneração, cujo padrão está sendo lentamente estabelecido por esses que estão chegando em melhores condições. É só lermos, no final da Gênese a “Geração Nova”, que vamos entender como isto está ocorrendo.

7 – BENEFÍCIOS DA FÉ • Regenera “... é a base da regeneração...” – Temos fidelidade a Deus. Estamos sendo

estimulados sempre para o bem. Estamos buscando a reforma íntima, a aferição de valores e sempre buscando um padrão melhor.

• Arrebata e contagia – A fé não estimula? Aqueles exemplos de grande resistência, de fé, de amor e fidelidade a Deus, não tem arrastado multidões ao longo dos milênios?

• Fortalece e encoraja.

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• Infunde Esperança – Ela infunde esperança, porque sabemos que hoje está difícil, mas amanhã vai estar melhor. Porque sabemos que tudo vai mudar, tudo vai progredir.

• Estimula a Vontade. (O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 11 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

8 – PENSAMENTO E VONTADE “Impondo o pensamento, por meio da vontade, os Espíritos atuam sobre os fluidos.

Orientam-nos, modificam-nos, dão-lhes formas, cores, mudam suas propriedades químicas, etc. (Evolução para o 3o Milênio, 2a Parte, item 9.3 – Corpo e Perispírito; Fluidos)

8.1 – PERISPÍRITO “O perispírito é constituído de matéria, porém, caracterizada por outro estado vibratório.

Varia de mundo para mundo...” e mesmo de indivíduo para indivíduo. Porque cada mundo está de acordo com o grau evolutivo dos espíritos que ali habitam.

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“Ele emite radiações que variam de natureza e intensidade conforme o estado mental do seu portador...”

(Carlos Toledo Rizzini – Evolução para o 3o Milênio, 2a Parte, item 9.2)

As características dessas irradiações serão dadas pela natureza dos sentimentos predominantes.

“O perispírito de uma pessoa pode emitir emanações fluídicas mais fortes e orientadas numa dada direção se ela quiser, se aplicar sua vontade a isso.

Temos aqui a criatura deprimida, triste, com áreas irregulares no campo energético, que uns

chamam de aura, representando aqui aquelas áreas de menor energia. Comprometidas, com órgãos deficientes, enfermos.

A outra figura é do livro Mãos de Luz. Ela é muito representativa do trabalho na sala de cura.

“As emanações perispiríticas têm influência sobre os outros: — se enviam fluidos bons, são salutares; — se veiculam fluidos escuros, procedentes de mentes perturbadas e de intenções menos

dignas, são perniciosas. “As pessoas sensíveis sentem logo uma impressão penosa à aproximação de um espírito

mal-intencionado ou desequilibrado.” (Carlos Toledo Rizzini – Evolução para o 3o Milênio, 2a Parte, item 9.4)

Aqui, um grupo lendo, estudando, alegre. O outro, sentindo a presença de um espírito que

pode até ser um espírito brincalhão. Mas os que não tem nenhuma informação a respeito de

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70 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL Doutrina Espírita, a respeito de fenômeno espírita não percebem. Conhecemos uma porção de pessoas espíritas, que estudam a Doutrina Espírita, mas tem pavor de espírito e não querem nem saber de ver espírito.

8.2 – Vontade“... a vontade não é atributo especial do Espírito: é o pensamento chegado a um certo

grau de energia; é o pensamento tornado força motriz ...” (Allan Kardec – Revista Espírita de 1868, Dezembro, pág. 352 – Edicel)

Nós somos o que pensamos. Tudo o que acontece conosco está relacionado com o nosso

pensamento. Tudo o que existe no mundo material é resultado do pensamento de alguém que criou. O planeta é criação do Cristo. O sistema solar é criação de um espírito que nós não sabemos quem é. O nosso corpo atual é o melhor que conseguimos construir como espírito. É resultado do que nós pensamos.

A vontade nada mais é do que o pensamento que atingiu um grau “x” de intensidade e se tornou uma força que nos movimentou para uma ação. Se eu penso em construir uma casa, ela vai surgir primeiro no meu pensamento. Ou vai ficar a nível de elaboração mental, ou, se eu realmente quiser fazer essa casa, o meu pensamento vai atingir uma intensidade tal, que eu vou partir para uma ação. Torná-la materializada. Primeiro vou conseguir uma planta, vou me movimentar para conseguir e depois todas as ações subsequentes, necessárias, para que a casa seja construída.

“O pensamento plasma-se, toma forma e adquire consistência no Fluido Cósmico Universal. Pensamentos semelhantes, de mesma vibração e mesma sintonia interagem-se, influenciam-se e ganham força pelas suas combinações e, por atraírem outros, tornam-se fortes a ponto de mudarem a atmosfera no local em que habitam.”

(Paulo Nagae – Apostila do EEME)

Tem casas espíritas cujo ambiente é confuso, inseguro, e os espíritos benfeitores levam para lá trabalhos simples, criaturas com necessidades simples, porque a estrutura da Casa não tem condições, porque não há harmonia, não há identidade, não há sintonia nos objetivos e união para formar essa força que uma Casa precisa ter. Em compensação, vamos encontrar casas que não tem um volume de trabalho muito grande, mas os trabalhos espirituais que são levados para ali, são os mais difíceis, os mais complicados. Porque o grupo pode ser pequeno, mas há uma sintonia perfeita, uma harmonia nas intenções, nos sentimentos, fidelidade à tarefa, ao Criador, a Jesus, aos benfeitores espirituais, fidelidade e respeito à potencialidade mediúnica. Os espíritos sabem que aqueles companheiros têm condições de suportar o grau de desequilíbrio dos espíritos que eles vão levar lá para serem atendidos, encarnados ou desencarnados.

A força de uma Casa não está na multidão, está na união de pensamentos e sentimentos em torno do mesmo objetivo.

8.3 – “Tanto o fluido do homem tem ação magnética e cura, quanto o fluido do Espírito”.

“... geralmente, porém, os espíritos espontaneamente cedem seus fluidos ao passista humano, combinando os dois tipos e reforçando a ação, que a prece intensifica mais ainda ...”

A prece é a busca de uma sintonia mais perfeita no momento do trabalho, para que através dessa sintonia eu possa receber os recursos que serão necessários para o desenvolvimento da tarefa.

8.4 – “... muitas vezes, o passe não objetiva uma cura que razões espirituais (ligadas a débitos) não permitiriam; serve, no comum dos casos, para descarregar fluidos deletérios que o sujeito absorveu ou fabricou no contato com os demais e para fortalecer disposições mentais e estruturas orgânicas ...”

(Carlos Toledo Rizzini – Evolução para o 3o Milênio, 2a Parte, item 9.4)

Fortalecer a fé, despertar a fé nas criaturas, dar esperança, porque, às vezes, a doença dela é incurável, ela não pode ser curada, o remédio dela é viver com a doença. Porque quem tem que ser curado é o espírito. O espírito é desatinado, rebelde, infringiu a Lei em inúmeras situações. A doença é a limitação que ele precisa para se ajustar à Lei. Ele não pode ser curado, mas precisa ser

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 71 mantido no tratamento, mantido em contato com a informação espírita, para passar da fé cega para a fé raciocinada. Ele precisa se fortalecer, se reequilibrar o indispensável para continuar a encarnação, porque senão, muitas vezes, ele se suicida.

9 – PAPEL DA FÉ NO PASSE “O fluido está também sujeito às leis de atração, repulsão e afinidade”.

A criatura descrente torna-se refratária à recepção do passe, ela não vai absorver. Ela pode

absorver pequenas quotas por misericórdia, pelo amor dos benfeitores espirituais. Às vezes, essas criaturas têm pessoas que dependem dela e precisa ser mantida, mesmo na posição de descrença, de falta de fé, de perturbação, ela recebe, porque precisa ser mantida de pé, lúcida, consciente, fazendo a parte dela junto à família, na empresa onde trabalha, na tarefa que ela executa. Não temos noção da dimensão do trabalho em torno de uma criatura quando estamos dando o passe. Porque o plano espiritual não vê só a lesão orgânica, vê, muitas vezes, o histórico da criatura uma, duas, três encarnações, vê a necessidade da família, a responsabilidade profissional. Imagine um médico que tem que fazer cirurgias extremamente delicadas, engenheiro que tem que fazer cálculos de estruturas sob as quais criaturas vão viver.

“... precisamente porque o fluido varia de indivíduo a indivíduo, é de notar-se que certos magnetizadores (PASSISTAS) têm mais facilidade em curar determinadas moléstias do que outras ...”

Tanto vai ficar na dependência da qualidade do fluido, quanto vai ficar na dependência da necessidade de quem vai receber o passe, da postura dele. Porque o passista pode ter o fluido adequado para curar aquela enfermidade, mas ele não pode ser curado. O passista pode não ter aquele fluido específico para aquela necessidade, mas ele precisa ser curado. Os espíritos vão dar um jeito e atender à necessidade da criatura.

♦ A cura se opera mediante o fortalecimento e reequilíbrio das moléculas malsãs. Não só das moléculas mas, principalmente, do espírito. A gente observa no trabalho do

passe de cura as pessoas, muitas vezes, entram para tomar o passe com o semblante pesado, quase

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72 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL que desfalecendo, descrentes, abatidas, quando terminamos o passe o semblante está outro. Ela possivelmente não teve alteração a nível celular, orgânico, mas espiritualmente foi atendida. Porque ela está enferma espiritualmente. O que está problemático no seu corpo é apenas o reflexo do estado espiritual.

♦ O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância administrada.” Aí, diz muito respeito ao médium, porque ele sendo aquele médium com fé, fidelidade, em

harmonia com a Lei, sintonizado com o objetivo do trabalho, ele vai procurar sempre saber o que precisa fazer para doar o melhor fluido possível no trabalho que realiza.

10 – CONCLUSÃO. Creio podermos dizer que FÉ é o nosso Pensamento – Força Motriz (Vontade) – sintonizado

com a Vontade do Pai, representada pelas Suas Leis. Essa sintonia nos infunde energia, força, coragem, lucidez e confiança (Esperança). A criatura lúcida tem discernimento para enfrentar qualquer situação. Ela confia, porque sabe que pode confiar no Pai. Sabe que não será deixada entregue às

forças dos ventos em momento nenhum, em situação nenhuma, porque Deus é o Pai sábio, justo e amoroso e dispõe de todos os recursos. Deus não esgotou os recursos, nós é que não entramos em sintonia com Ele, para obter os recursos de que precisamos. Mas eles estão aí à nossa disposição. É a esperança constante, renovada, de que hoje pode estar muito ruim, muito difícil, mas amanhã vai estar melhor. Só depende que eu faça o necessário para superar esse momento.

Jesus disse: “Filha, a tua fé te curou, vai-te em paz.” (Lucas, cap. VIII, v. 43 a 48)

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A Necessidade da Mudança do Padrão Mental (Conhecimento de si mesmo)

Aula dada por Regina Bastos em 12/08/2004 Uma coisa que me incomoda, e que estou tentando vencer é a minha extrema irritação,

quando ligo para minha irmã em Belo Horizonte e ela começa a conversar comigo por indiretas. Eu fico extremamente irritada.

Eu queria que vocês dissessem o que incomoda a vocês: ♦ Chantagem emocional; ♦ Uma certa melancolia, tristeza, quando a gente percebe que determinados movimentos

nossos em relação às pessoas que a gente gosta não atendem à necessidade do outro. Dá uma sensação de decepção consigo mesmo;

♦ Medo; ♦ Mau humor; ♦ Ansiedade; ♦ Frustração; ♦ Irritação.

Todo nós temos alguma coisa dentro de nós que precisa melhorar. Eu estou num trabalho

incessante comigo, para não me irritar com minha irmã. Como nós chegamos à conclusão de que precisamos mudar? Por causa do desconforto.

Porque está trazendo culpa. Quando evito a discórdia, e a culpa é excessiva, vai gerar doença. Às vezes, eu tenho que

mudar meu comportamento. Não fui freando quando os sinais foram aparecendo e aí chega a doença.

No livro Missionários da Luz, capítulo 19, página 329, Passes, Anacleto diz que “... afligir a mente é alterar as funções do corpo”, eu chego na doença. “...Por isso, qualquer inquietação íntima chama-se desarmonia e as perturbações orgânicas chamam-se enfermidades.” Minha desarmonia interna vai me levar a uma perturbação orgânica gerando a doença.

Por que eu sabendo que tenho que mudar, não consigo mudar? Porque para eu agir assim, sigo um padrão mental. Eu obedeço a um padrão mental. Por

isso, não consigo mudar de pronto. No Dicionário o que significa padrão: O que serve de base ou referência. Modelo. Qualidade

ou nível. Regra básica ou procedimento que fixa as condições da realização de uma operação, de uma execução, ou de uma elaboração, de uma produção ou de uma ação. São as regras que eu estabeleço para me ajudar a agir. Quando eu vou fazer uma mudança de padrão mental que vai levar a uma mudança de comportamento, eu tenho que mudar as regras que estou seguindo.

Tudo na terra segue um padrão. A Física, a Medicina, a Química seguem um padrão. Por exemplo, se você juntar duas moléculas de Hidrogênio com uma de oxigênio, forma água. Mas, se você mudar o padrão e juntar duas de oxigênio vai formar água oxigenada. Uma salva vida, a outra mata.

No nosso comportamento moral também existe um padrão e esse padrão moral é que vai nortear o nosso relacionamento com as pessoas.

Quando eu tenho muito medo, que tipo de conduta eu vou ter na vida? Sempre assustado, inseguro.

A pessoa que tem mau humor pode ter uma conduta de pessoa pessimista. Uma pessoa triste também pode ser pessimista. Uma pessoa com frustração pode ser uma pessoa revoltada. Assumimos atitudes na vida, de vítima ou algoz. Vítima é aquele que ninguém pode fazer nada, porque tudo mundo é culpado, “eu sou sempre o coitadinho”. O algoz é aquele que aponta os defeitos de todo mundo. Todo mundo é errado, só ele é certo.

Há atitudes de descrença, pessoas que não crêem em nada. Tem pessoas que têm fé.

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74 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL

Tem pessoas com atitude de exagero na vida. Acontece uma coisa e faz uma tempestade num copo d’água.

Tem pessoas que são críticas, tudo criticam, nada está bom, nunca elogiam. Tem pessoas que são egoístas. Outros guardam mágoas, ressentimentos, gerando tristeza. Que tipo padrão mental está servindo de referência a essas pessoas? Na vida, nós buscamos alguns padrões mentais e pautamos nossas atitudes em cima deles. O primeiro padrão mental que a gente tem é a “lei do olho por olho, dente por dente”. A

pessoa que age assim tem o comportamento de vingança. Outro padrão: “Lei de Gerson”. Levar vantagem em tudo. Gera o egoísmo, a inveja. Se o

outro faz eu também posso fazer. Se o outro tem eu também quero, sem medir as conseqüências de como chegou lá.

Vocês vejam que esse padrão mental está passando como natural, e causa desarmonia não só na nossa família, mas na sociedade inteira.

Outro padrão: lei da propriedade. É o ciúme. O que está alimentando o ciúme é a posse, o egoísmo.

Outro padrão: “não levo desaforo para casa.” Alimenta o nosso orgulho. Perde a oportunidade de ficar calado.

Outro padrão: “lei do menor esforço”, reforça a preguiça, ociosidade. Outro padrão: “lei do mais forte”, reforça a prepotência, orgulho, vaidade. Outro padrão: “lei do salve-se quem puder”, reforça o egoísmo. Quando vamos agir em interação com o outro, seguimos uma lei e, dependendo da lei,

vamos promover a paz, a harmonia, ou a desarmonia. Quais são as conseqüências se eu seguir essas leis no meu padrão mental? Depressão,

solidão, inquietação, um vazio na vida, infelicidade, porque a pessoa não vai conseguir seus propósitos. Leva à obsessão, ao suicídio.

No livro Estudando a Mediunidade de Martins Peralva, capítulo III, Problemas Mentais, página 20, ele diz que assim como temos um hálito bucal, nós temos um hálito mental. À medida que estou agindo assim, a pessoa que chega perto da gente percebe o nosso hálito mental. É quando falamos que não nos sentimos tão bem perto da pessoa. O hálito mental seria a vibração, o magnetismo da pessoa. Assim como nos incomoda o hálito bucal, o hálito mental também vai agradar ou incomodar as pessoas a nossa volta.

“Assim como a ingestão de certos alimentos ou de bebidas alcoólicas ocasiona, fatalmente, a modificação do nosso hálito, alcançando o olfato das pessoas que próximas estiverem, do mesmo modo os nossos pensamentos criam o fenômeno psíquico do “hálito mental”, equivalente à natureza das forças que emitimos ou assimilamos. Teremos, então, um “hálito mental” desagradável e nocivo ou agradável e benéfico.

O hálito bucal será determinado pelo tipo de alimentação ou de bebida que ingerirmos. O “hálito mental” será, a seu turno, determinado pelo tipo dos nossos pensamentos. O nosso ambiente psíquico será, assim, inexoravelmente determinado pelas forças mentais

que projetamos através do pensamento, da palavra, da atitude, do ideal que esposamos. O ambiente psíquico de uma pessoa, de maus hábitos ou de hábitos salutares, será notado,

sentido pelos Espíritos e pelos encarnados, quando dotados de vidência ou forem sensitivos. Ao nos aproximarmos de pessoa encolerizada, ou que conduza no coração, mesmo em

silêncio, aflitivas preocupações, notaremos o seu “hálito mental”, do mesmo modo que notaremos o “hálito bucal” de quem tomou um copo de vinho ou mastigou uma cebola.”

(Livro Estudando a Mediunidade – Martins Peralva – Cap. III – Ed. F.E.B.)

Quando algo está me incomodando, estou com culpa, ou estou com doença por causa do meu comportamento. Vou me analisar, vejo que isso não está certo, preciso mudar. Então, eu começo a empreender minha busca da mudança. Eu sinto necessidade de mudar meu padrão mental. Vou buscar os padrões evangélicos, que vão levar a atitude de Amor.

Qual desse padrões eu sigo? Quando se começa a analisar, já se está fazendo um movimento de voltar para si. Então, o caminho para a gente começar a fazer a mudança é o caminho que

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 75 Sócrates nos falou: Conhece a ti mesmo. Porque enquanto você não se questionar e procurar se ver, estará seguindo os padrões que levam à infelicidade. Não vai conseguir mudar, porque não vai saber o que mudar. Então, o primeiro passo é o movimento dentro de nós mesmos.

No livro A Constituição Divina, de Richard Simonetti, ele diz por que não conseguimos? “Os homens em esmagadora maioria, quais alunos recalcitrantes repetem as lições sem assimilá-las devidamente.” Eu falo, falo, falo mas tenho dificuldade de aplicar. “Na fieira das reencarnações sucessivas, transitando distraídos das finalidades da existência humana.” Por que eu repito as lições e não consigo aplicá-las? Ele vai explicar: “O problema é de internalização de empenho por aplicar o conhecimento religioso a própria vida, partindo da noção para a conscientização.” (A Constituição Divina – página 139 – Editora Gráfica S. João – 1989) Eu preciso colocar o ensinamento religioso na minha consciência. A ponto de incomodar a minha consciência, por isso é que é individual. Para eu poder então, me decidir aplicar os conhecimentos e promover a mudança.

Ele diz: “A fórmula ideal em semelhante propósito foi sugerida por Sócrates, o conhecimento de nós mesmos.” Não tem outra saída. Eu só vou conseguir mudar o meu padrão mental, se eu procurar olhar para dentro de mim mesma, numa posição de humildade interna, porque se eu olhar com orgulho não vou me enxergar, vou descobrir sempre justificativas para os meus comportamentos. Eu vou ver o que é que preciso mudar.

Quando começa a busca é o momento que a gente lê livros de várias religiões (aqui nós temos a Doutrina, já encontramos os padrões evangélicos na Doutrina Espírita.). Eu passei por esse momento quando tinha vinte e poucos anos, para procurar o meu padrão. Porque todos eles têm as lições universais.

No livro Os Padrões Evangélicos, de Paulo Alves Godoy, ele diz que: “Estes padrões são normas que devem ser obedecidas em nossas provações terrenas. Da inobservância delas, surgem as expiações, muitas vezes danosas (...)”

Veio Jesus nos mostrando os padrões evangélicos: O Primeiro padrão: Amar a Deus sobre todas as coisas. Jesus deixou claro na Mulher

Samaritana – João 4:1-30. Jesus ensina a ela que devemos adorar a Deus em espírito. 2 – Amar ao próximo como a si mesmo. Parábola do bom Samaritano – Lucas 10:25-37. 3 – Perdão. Parábola do credor incompassivo – Mateus 18:23-35. 4 – Orgulho. Parábola do fariseu e do publicano – Lucas 18:9-14. Templo para orar. 5 – Lealdade. Traição de Judas. 6 – Adultério. A mulher adúltera. 7 – Da fé. As curas (“A tua fé te salvou”). Como é o processo da mudança? No livro Missionários da Luz, página 329, Anacleto instrui

André Luiz a respeito de um homem muito doente fisicamente. “Agora, porém, está aprendendo a dominar a si mesmo, a conquistar-se para a iluminação interior. Em semelhante tarefa, contudo, experimenta choques de vulto, porquanto, dentro de sua individualidade dominadora, é compelido a destruir várias concepções que se figuravam preciosas e sagradas. Nesse empenho, os próprios ensinamentos do Cristo, que lhe serve de modelo à renovação, doem-lhe no íntimo como marteladas, em certas circunstâncias. Este homem, no entanto, é sincero e deseja, de fato, reformar-se. Mas sofre intensamente, porque é obrigado a ausentar-se de seu campo exclusivo, a caminho do vasto território da compreensão geral.”

(Livro Missionários da Luz – André Luiz – Psicografia Chico Xavier – ED. F.E.B.) No livro Mecanismos da Mediunidade, capítulo 17, “Efeitos Físicos”, temos a lei do campo

mental. Segundo esta, a criatura consciente, apenas assimilará as influências a que se afeiçoe. É a lei de atração. Com a mesma força que eu destruo, com a mesma força eu vou reconstruir.

O processo de mudança, o eu decidir mudar é um lutando para ir e o outro lutando para reverter o processo e esse atrito dói. Por isso se diz que a dor é necessária. Nós estamos nesse atrito para fazer o movimento contrário.

No livro Ação e Reação, capítulo 19, “Sanções e Auxílios”, página 254, o instrutor Druso diz: “Da mente clareada pela razão, sede dos princípios superiores que governam a

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76 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL individualidade, partem as forças que asseguram o equilíbrio orgânico...” Daí a necessidade da mudança de padrão mental.

Buda diz que todo pensamento gera uma ação. Toda a ação gera um hábito. Todo hábito gera um caráter. Eu vou ser conhecido por aquilo que eu faço. E todo caráter gera um destino, eu vou traçar o meu destino. Um exemplo bem fácil: eu vou beber porque estou com raiva do meu pai e da minha mãe. Só que eu passo a beber todas as vezes que estou com raiva, virou um hábito. Aí esse hábito: “Fulano é um bêbado.” E aí qual é o meu destino?

Pergunta: Você falou da questão da mudança sempre utilizando o outro. É o mesmo processo para quando você quer vencer as suas próprias dificuldades? Você faz uma coisa errada sempre, sabe que está errado. O processo é o mesmo? Repetindo, fazendo, sofrendo porque fez. Resposta: É. Por exemplo, o auto-perdão. Se você não se perdoa por uma coisa que fez, também adoece. Você cai numa depressão profunda e pode levar ao suicídio. Você tem que ter uma certa paciência e compreensão consigo mesmo também.

No livro Conduta Espírita, capítulo 35, “Perante a Enfermidade”, André Luiz também fala: “A força poderosa do pensamento tanto elabora quanto extingue muitos distúrbios orgânicos e psíquicos.” Eu estou dizendo que estamos lidando com o padrão mental.

Nossa emoção, muitas vezes, vem na frente, na nossa relação com o outro. O pensamento, a mente, a razão, tem que controlar a emoção para eu conseguir fazer esse processo. O prazer é sensação. Para eu controlar isso, preciso colocar minha mente com vontade firme, para controlar a minha vontade de buscar esse prazer. Eu não vou ficar sem prazer, vou buscar outras formas de prazer. Não é mais o prazer prejudicando o outro, mas o prazer ajudando o outro. Não é mais o prazer de uma sensação egoísta: “eu consegui”. Mas veja bem: “Nós conseguimos”. É diferente.

Nós vimos o que fazer: conhece-te a ti mesmo. Voltar para dentro de si, procurar se conhecer para ver o que tem que mudar. Como eu vou fazer isso? Quem nos ajuda é Santo Agostinho. “Fazei o que eu fazia quando vivia na Terra. Ao fim do dia interrogava minha consciência.(...) Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma.(...) Dirigi pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar.” (O Livro dos Espíritos – Pergunta 919a – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

Como eu vou saber a medida, se o que eu fiz está errado? Coloque-se no lugar do outro, você gostaria que fizessem isso com você?

Que recursos eu tenho, então, para empreender a mudança? “Vigia e orai” (Mateus 26:41) é o primeiro recurso que Jesus nos deixou.

No livro Psicologia Espírita, página 58 a 61, de Jorge Andrea, no capítulo Doenças do Corpo – Reflexos da Alma: Mecanismos Neutralizadores das Desordens:

1 – Disciplina: que é o “Vigia e orai”. Disciplina dos pensamentos, das emoções, das nossas ações;

2 – Exemplos Construtivos: por que eu vou procurar exemplo em Gérson? Vou procurar exemplos construtivos, temos muitos na Humanidade. Madre Teresa de Calcutá, Lars Grael, etc.

3 – Atitudes dignificantes: tenho que fazer alguma coisa de acordo com o que eu estou propondo. Ajudar alguém, trabalho no bem.

4 – A prece: não podemos esquecer da prece, porque ela nos ajuda a sair dessa vibração inferior e entrar em contato com as vibrações superiores, para pedir as forças necessárias para resistir. Se tenho obsessores que me levam a cair, eu preciso ter amigos espirituais que me ajudem a subir. E a prece é um desses recursos.

5 – Bons Livros: boas leituras.

No livro Liceu da Mediunidade, capítulo 17, que fala sobre a clarividência, o médium pergunta ao instrutor sobre a clarividência, ele fala: “Ver o espírito das coisas é mais importante que ver as coisas do espírito.” O médium pergunta: “O senhor vê e ouve os espíritos?” O instrutor

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 77 responde: “Tenho procurado meu filho, enxergar melhor a mim mesmo e escutar com maior nitidez a voz da consciência!”

O que adianta eu ver o espírito, se eu não escuto a mim mesmo e não ouço a voz da minha consciência. É mais importante eu olhar para dentro de mim, procurar me enxergar e ouvir a voz da minha consciência, porque é ela que vai me mostrar o padrão mental em que estou, e a necessidade de mudar.

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As Potências da Alma (Os Valores que temos)

Aula dada por Alexander Ali Shah em 26/08/2004 Nós encontramos em Léon Denis uma frase interessante, quando ele diz que a vontade é a

maior de todas as potências (O Problema do Ser, do Destino e da Dor, p. 313). Nós vamos trabalhar com essa idéia da vontade, como sendo essa potência máxima e que é capaz de fazer com que a gente busque e encontre valores de ordem moral, para vencer as dificuldades que porventura por ventura tenhamos na parte moral ou na parte física. Eu vou trabalhar com alguns casos de pessoas que obtiveram curas, graças à força de vontade. O empenho em buscar a cura, fez com que eles conseguissem sair dessa situação de enfermidade que estavam tendo.

A vontade não pode ser uma vontade a esmo. A gente quer obter um resultado: quer ser curado de uma doença, quer conquistar um valor de ordem moral, quer crescer espiritualmente, mas precisa de algo mais, essa vontade tem quer ser qualificada. Além da vontade, além de querer, é necessário que busquemos esclarecimento, que busquemos o estudo, busquemos o entendimento. Se buscarmos a verticalização desse entendimento através do amor, aí então, vamos conseguir resultados maravilhosos.

Léon Denis diz no livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, página 367, que todo o poder da alma resume-se em três palavras: querer, saber e amar.

No capítulo XIX de O Evangelho Segundo o Espiritismo, tem a passagem de Jesus que nos fala a respeito da fé. Fé e vontade, embora sejam conceitos relativamente próximos, eles se distinguem, porque a fé adiciona um incremento, que é o sentimento religioso, que é a submissão nossa à vontade de Deus. A fé pode utilizar a vontade como instrumento para alcançar resultados. Mas, fé e vontade são conceitos distintos. Tanto que existem pessoas que não têm fé religiosa nenhuma e mesmo assim conseguem resultados fabulosos.

Jesus em determinado momento tomou consigo Pedro, Tiago e João e foi para o Tabor orar. Lá ele se transfigurou, entrou em contato com Moisés e Elias. Quando ele desceu estava lá uma multidão e Jesus perguntou o que estava acontecendo(Mt. 17:14 a 20). Um homem disse que trouxe o filho para os discípulos curarem e eles não conseguiram. Com a supremacia do seu magnetismo superior, ele fez com que aquele espírito que estava influenciando o jovem, se afastasse. Encaminhou aquele espírito para ser tratado.

Mas tarde os discípulos perguntaram por que eles não conseguiram curar? E Jesus disse que era por causa da pouca fé, porque se tivessem a fé do tamanho de um grãozinho de mostarda, diriam para a montanha transporta daqui para ali e a montanha se transportaria e nada vos seria impossível.

Através dessa fé nós podemos conquistar valores e a “fézinha” que a gente ainda está tentando desenvolver ao longo dos séculos, para conseguir transportar montanhas interiores, montanhas morais.

Léon Denis diz que através da educação e do exercício da vontade certos povos conseguem realizar prodígios. Isto está no livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, cap. XX. Ele cita o exemplo dos hindus, dos japoneses. Nos hindus vemos casos em que eles utilizam a vontade e, muitas vezes, totalmente desligados da idéia religiosa, como os faquires. São coisas inúteis, mas, que de alguma forma demonstram uma vontade, vontade de passar para as pessoas que eles podem realizar isso, embora não tenha utilidade nenhuma. Existem outros que utilizam recursos com alguma utilidade, também nos orientais, por exemplo, o processo de meditação. Também nós na Doutrina Espírita, com Joanna de Ângelis, e a psicologia transpessoal tratamos desta questão do indivíduo meditar e despertar valores em si.

Na experiência da anabiose, que é a suspensão, praticamente total da respiração, eles entram num estado de meditação. Tem um exemplo de um zen budista, que certa vez ele foi medido. Ele deitou numa cama e começaram a medir as ondas cerebrais dele. Em estado de vigília estamos nas ondas cerebrais Beta e quando entramos no relaxamento, quase sono, entramos nas ondas cerebrais Alfa. Ele entrou em sono profundo, depois de um tempo ele despertou e os cientistas que estavam fazendo a experiência disseram que ele esteve em sono profundo durante o período tal a tal. Ele,

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 79 porém, disse que esteve desperto o tempo todo e sabia o que estava acontecendo, apesar do aparelho estar registrando que ele estava em sono profundo. Eles entram nesse processo com um domínio tão grande do corpo físico que, muitas vezes, fazem com que o metabolismo entre numa atividade menor e há a suspensão quase total da respiração. Eles são enterrados vivos, ficam alguns dias e depois são retirados e com algumas massagens voltam ao normal. Isso através do processo da educação da vontade. É lógico que a nossa educação da vontade visa um outro objetivo. Não esse tipo de experiência e sim essa modificação interna, buscando valores espirituais elevados, encontrando esses valores em nós, potencializando, para que a gente chegue a bons resultados.

Na questão 909 de O Livro dos Espíritos Kardec questiona: Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações? “Sim, e, freqüentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”

A gente costuma olhar a dificuldade do processo. É verdade que esse processo não é fácil. A gente vem cometendo equívocos, fortalecendo os nossos vícios ao longo de muitas encarnações. Conforme vamos cristalizando, vamos tendo dificuldade de removê-los. Cada vez que cometemos alguma coisa equivocada criamos uma tendência de repetir, é o hábito que vamos criando. É difícil o processo de transformação. Apesar de ser difícil é possível. A gente visualiza sempre a dificuldade, quando visualizamos a possibilidade começamos a ter resultados e vencemos as montanhas que não são fáceis.

No Livro dos Médiuns Allan Kardec diz que a vontade é a alavanca da alma. Está no capítulo VIII, p. 164 – ed. FEB.

É a questão do placebo. É uma substância que a pessoa ingere acreditando que vai ser curado. Quando a pessoa começa a acreditar, tem muito mais chances de resultado.

Há uma pesquisa com 800 clínicos gerais nos EUA, feita em junho de 2002, que 57% confessou que já medicou com placebo.

Em 1997 uma americana ingeriu placebo sem saber. Seu quadro era depressão, desde a adolescência. Ficava em casa na cama o tempo todo, não se levantava mais por causa da depressão. Começou a tomar placebo acreditando que era remédio e ia cura-la. Em pouco tempo começou a se reerguer, a levar a filha na escola, a ter a rotina normal e com isso melhorou muito seus sintomas, graças ao placebo. Isso era uma pesquisa, ela não podia saber que estava tomando placebo. Examinaram seu cérebro e verificaram que as mudanças, os contrastes que apareciam ali eram muito semelhantes aos de pessoas que haviam tomado medicação ativa. Havia uma reação positiva. Como também o poder de acreditar tem reação negativa, quando a pessoa passa a acreditar na doença. Isso é chamado de nocebo.

Também há o caso de um homem que tinha um tumor cancerígeno no esôfago. Ele foi tratado, o tumor foi removido e o médico disse que o tumor no esôfago é reincidente, em algum momento ele pode voltar. Dias depois ele começou a sentir dor na região do esôfago e antes de realizar os exames ele veio a falecer. Feita a autópsia verificou-se que não tinha nada no esôfago. Ele tinha um pequeno tumor que não causou a morte, em outra parte do corpo. No esôfago mesmo não tinha nada. Morreu com câncer, mas não por causa do câncer. Morreu por causa da crença de que o tumor iria se desenvolver.

Nossa Doutrina é a de otimismo. A pessoa está sofrendo, vamos levantar o ânimo, vamos buscar o otimismo, vamos pensar na cura, vamos pensar nas coisas boas que podem advir e dessa forma vamos ter um resultado melhor.

No livro A Vontade, página 49, Luzia Mathias fala que a vontade é uma potência que pode ser desenvolvida.

Ernesto Bozzano informa que o pensamento pode fotografar e concretizar em materialização plástica. O indivíduo pensa e faz com que esse pensamento gere uma alteração, um mundo ao seu redor, fazendo com que ele apareça ali. Os espíritos já sabem qual o nosso tipo de pensamento mais constante. André Luiz chama isso de hálito mental. Nós temos ao nosso redor uma quantidade enorme de imagens que refletem a nossa realidade espiritual.

Nós vimos que a vontade deve ser dirigida, qualificada por um conhecimento, por um sentimento de amor, aí vamos conseguir resultados muito melhores. O pensamento tem que ser

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80 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL concentrado para conseguir alcançar resultados. Estou falando genericamente. Resultados para cura física e resultado para remoção das montanhas morais que temos dentro de nós.

Um exemplo da sabedoria oriental: eles comparam a nossa mente ao macaco. O macaco pula de galho em galho, é um bicho inquieto por natureza. Nossa mente é semelhante a esse macaco. Até no momento da prece é tradicional: Senhor Jesus, que amanhã eu possa ter um dia..., pensou em amanhã, começamos a pensar que tem que pagar a conta do gás. De um pensamento a gente deriva para outro e o Senhor Jesus vai ficando para trás. E fica na dúvida se falou assim seja, se concluiu a prece.

Nossa mente é comparada a um macaco que tomou bastante vinho; um escorpião lhe deu uma ferroada; e um demônio entrou dentro dele. A mente humana embriaga-se com o vinho do desejo, sofre a ferroada pelo escorpião do ciúme pelo sucesso dos outros, e o demônio do orgulho entra na mente, levando-a a imaginar-se mais importante que os demais.

Lance Amstrong é um ciclista americano. Aos 25 anos, em 1996 ele já era o primeiro colocado no ranking do ciclismo mundial. Tinha uma condição financeira excepcional. Ainda não havia conseguido vencer o torneio mais tradicional e importante, é a prova mais cansativa que existe, que é a Volta da França. Ele nunca conseguiu vencer esse torneio.

Na sua festa de 25 anos, ele sentiu uma forte dor de cabeça e percebeu que seu testículo estava inchado, do tamanho de uma laranja. Foi levado a uma clínica para fazer exames. Chegaram a conclusão que estava com câncer no testículo e metástase na região pulmonar. Viu desabar o sonho que tinha. A primeira coisa que lhe passou na cabeça era que nunca mais iria correr de bicicleta. Depois pensou que não ia poder constituir família e mais tarde que iria morrer. Ele pergunta ao médico: “O que temos que fazer? Vamos matar essa coisa, não importa o que aconteça. Passaria por uma cirurgia naquela mesma noite. Teria usado uma arma de radiação em mim mesmo.” Ele queria ficar curado, queria vencer a Volta da França, queria continuar vivendo e graças a esse empenho, ele continuou. Mas tarde foi diagnosticado ainda, simultaneamente ao câncer no testículo, câncer no cérebro. Os médicos deram menos de 40% de chance de vida. Ele então, com toda a vontade de voltar a correr, toda a vontade de continuar a viver, acabou ficando curado de toda essa enfermidade. Conseguiu fazer com que o pensamento e a força de vontade dele o assessorassem no processo de cura. Perguntaram-lhe se ele pudesse voltar a trás e optar, voltaria na vida e não teria o câncer? Ele respondeu: Por que eu iria mudar o evento mais importante e construtivo na minha vida? Graças ao câncer ele começou a ter um sentimento mais humano. Passou a ser mais disciplinado. Começou a desenvolver uma força de vontade muito grande.

No ano de 1998, dois anos após ter contraído a doença, chegou a disputar alguns torneios de ciclismo. A dor fazia parte da vida dele e por isso ele demorou a detectar o câncer. Ele andava de bicicleta e sentia dor em tudo que é parte, porque é uma prova extremamente cansativa.

Em 1999 ele disputou o “Tour de France”, que é um torneio de vinte etapas. Em algumas etapas eles andam mais de duzentos quilômetros. Sobem, descem, fazem escaladas de bicicleta. Dão uma volta pela França, passam pela Bélgica, parte da Espanha. É algo extremamente cansativo. Ele venceu de 1999 a 2004 a Volta da França. Se tornou o maior campeão desse torneio. Ele conseguiu ganhar graças à sua força de vontade.

Começamos a perceber a potência que temos. Às vezes, falamos Jesus está lá longe, Bezerra de Menezes está muito elevado. Nós estamos falando de uma pessoa normal, ele nem fala de religião. Uma pessoa como nós e que conseguiu vencer com sua força. Isso demonstra que nós também podemos. Ele venceu uma doença física e nós temos nossas dificuldades também, mas temos objetivos principais que são os valores morais. Se temos alguma doença física mais grave, muitas vezes, podemos vencer, mas tem casos que não dá para curar, o espírito tem que passar por aquela situação, é a Lei de Causa e Efeito. Às vezes, pelo livre-arbítrio podemos modificar o que estava programado. O que está programado para gente, não necessariamente, vai acontecer.

Jerônimo Mendonça é um exemplo de não poder modificar a situação. Ele nasceu em 1939, em uma família com condições muito precárias. Até aos 17 anos teve uma saúde razoável. Nessa época ele ganhou um terno e foi assistir ao filme “E o Vento Levou” com o terno. Não tinha lugar no cinema e ele ficou 4 horas em pé. No meio do filme ele começou sentir dores. Foi levado para

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 81 casa, pois não podia andar. Ele tinha artrite reumatóide. Teve que ficar em cadeira de rodas e depois foi para a cama ortopédica. Daí o “Gigante Deitado”. Depois de um tempo ele ficou cego. Mesmo deitado ele percorreu o Brasil inteiro fazendo palestras. Fundou o Centro Espírita Seareiros de Jesus (1970), a creche Pouso do Amanhecer, que atendia cerca de 150 pessoas, a gráfica Cairbar Schutel, e escreveu livros, canções, poesias, etc.

A autora do livro O Gigante Deitado, Jane Martins Vilela diz: “Um homem totalmente paralítico, num leito há mais de 30 anos, sem mover nem o pescoço, cego há quase 20 anos, com dores no corpo, dores terríveis no peito, necessitando de quilos de peso de areia para suportar a dor, tomando Isordil várias vezes ao dia, e, ainda assim, resignado, sereno.”

Desencarnou em 26/10/89, após retornar de Curitiba, onde havia proferido diversas palestras. Causa: insuficiência cardiovascular.

Ele veio com débitos, com a situação de sofrimento, com limitação física intensa, com a dor exacerbada porque tinha débitos e tinha necessidade de resgatar tudo isso. É um espírito que está no nosso patamar, demonstrando uma vontade tão forte e mostrando que nós também podemos.

Jerônimo não tinha mais motivo para estar encarnado, ou seja, de tanta dor que ele sentia, de tão grave que era sua enfermidade, já era para ter desencarnado antes. Talvez tenha sido concedida uma moratória, por causa do trabalho que ele realizava no bem. Ele era para ter desencarnado antes, seu corpo já não estava mais correspondendo. Mas com tanta força de vontade ele continuou o trabalho e conseguiu chegar ao final da encarnação com uma obra espetacular.

Jane Martins transcreveu uma trova de Cornélio Pires:

Quem quer sempre a vida mansa. Eis o aviso que interessa:

Para aquele que descansa, A morte vem mais depressa.

Jerônimo Mendonça

Heigorina Cunha, é autora do livro A Força da Mente. Nasceu em Sacramento, sobrinha-neta de Eurípedes Barsanulfo. Nasceu em 23/04/1924. Com pouco mais de um ano, não conseguiu mais ficar em pé sozinha. Alguns dias depois sobreveio a atrofia de uma das pernas. O diagnóstico foi poliomielite, seu pé ficou deformado e a perna direita imobilizada.

Fez três grandes operações: refez a cabeça do fêmur, prolongamento do nervo e extração do osso que se formou no peito do pé. Os recursos médicos foram esgotados. Nervos continuavam sem função e perna aparentemente sem circulação sangüínea, vértebras não tinham movimento adequado e o corpo estava rígido.

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Já adolescente começou a pensar na idéia da cura. Embora não soubesse andar, passou a se imaginar, mentalmente, andado. Começou a imaginar sua perna em bom estado, com circulação sangüínea normal. Ela via as pessoas andando e se via mentalmente andando. Começou a analisar o movimento da sua irmã andando. Depois de um tempo de muitos exercícios começou a sentir um calor na perna, a perna começou a arder. Depois de alguns meses passou a perceber movimento nos músculos da perna. Ficou em pé, apoiando-se na perna direita. Passou a dar alguns passos apoiada em outras pessoas. Passou a andar segurando nos móveis até que conseguiu andar sozinha.

Ela diz no livro que acionou a sua força de vontade. Ela queria determinadamente a cura, e por isso, escreveu o livro, para mostrar seu exemplo.

Eu citei três casos de pessoas que foram curadas de doenças, para dizer que nós podemos ser curados, há casos que não, por necessidade cármica. Mas, podemos ser curados das nossas doenças morais.

Alguns métodos que eu busquei na literatura espírita: No livro A Vontade, de Luzia Mathias, ela analisa da questão do auto-retrato: buscarmos

identificar as nossas dificuldades, os nossos problemas de ordem moral, o alvo que queremos atingir, o método a alcançar, o apoio através da música, da literatura e a auto-avaliação.

E temos a questão 919, de O Livro dos Espíritos, onde Santo Agostinho nos fala que tipo de método ele utilizou para encontrar o crescimento moral e vencer suas dificuldades.

Pergunta 919: “Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?” Resposta: “Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”

Pergunta 919a: “Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?” Resposta: “Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: “Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?”

“Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.

“O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhosos julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais outrem, não na poderia ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça. Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas; dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a conta destes será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.

“Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso o objeto de todos os vossos desejos, o fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem! Que é esse descanso de alguns dias, turbado sempre pelas enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o homem de

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 83 bem? Não valerá este outro a pena de alguns esforços? Sei haver muitos que dizem ser positivo o presente e incerto o futuro. Ora, esta exatamente a idéia que estamos encarregados de eliminar do vosso íntimo, visto desejarmos fazer que compreendais esse futuro, de modo a não restar nenhuma dúvida em vossa alma. Por isso foi que primeiro chamamos a vossa atenção por meio de fenômenos capazes de ferir-vos os sentidos e que agora vos damos instruções, que cada um de vós se acha encarregado de espalhar. Com este objetivo é que ditamos O Livro dos Espíritos.”

SANTO AGOSTINHO.”

Ao final do dia se auto analisar, ver tudo o que se fez de errado, traçar bons propósitos para o dia seguinte, tentar não repetir as coisas erradas feitas anteriormente. Assim vamos nos conhecendo.

Outro método é o Autodescobrimento (Joanna de Ângelis) – “Uma psicoterapia especial, dentre outras, ressalta pela repetição de frases idealistas, auto-sugestão otimista, de interiorização mediante a prece, de meditação no serviço de amor ao próximo, através do amor a si mesmo. Enquanto assim agir, o futuro se estará fazendo presente, e logo passado, sem qualquer insegurança ou incerteza maceradora, enriquecido pelas propostas agradáveis das perspectivas de êxito, tornadas realidade.” (Página 107)

“Cada vez interrogar-se mais a respeito de quem é, e quais as possibilidades de que se pode utilizar para o desenvolvimento íntimo, significa um meio adequado para interpenetrar-se. Sistematicamente manter-se vigilante contra os hábitos prejudiciais da autocompaixão, de censura ao comportamento dos outros, da autopunição e autodesvalorização, da inveja e de outros componentes do grupo das paixões dissolventes e anestesiantes. Preencher os lugares que ficarão vagos com a eliminação desses sórdidos comparsas mentais, com a presença do altruísmo, da fraternidade, do auto-amor.” (Página 109)

É a questão da auto sugestão otimista, naquele momento de meditação traçarmos pensamento otimista, levantarmos a auto-estima, entendermos a filiação Divina. “Sou uma pessoa que tem potencial, que tem condição de vencer as dificuldades, os obstáculos”. Com isso vamos ganhando forças e desenvolvendo a vontade.

No livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, de Léon Denis diz: “Olhemos atentamente para o fundo de nós mesmos, fechemos nosso entendimento às coisas

externas e, depois de havermos habituado nossos sentidos psíquicos à escuridade e ao silêncio, veremos surgir luzes inesperadas, ouviremos vozes fortificantes e consoladoras.” (Página 311)

“Por que meio poremos em movimento as potências internas e as orientaremos para um ideal elevado? Pela vontade! O uso persistente, tenaz, desta faculdade soberana permitir-nos-á modificar a nossa natureza, vencer todos os obstáculos, dominar a matéria, a doença e a morte.” (Página 312)

“É pela vontade que dirigimos nossos pensamentos para um alvo determinado.”(Página 312) “Ela (a vontade) pode agir tanto no sono como na vigília, porque a alma valorosa, que para si

mesma estabeleceu um objetivo, procura-o com tenacidade em ambas as fases de sua vida e determina uma corrente poderosa, que mina devagar e silenciosamente todos os obstáculos.” (Página 313)

“O pessimismo torna fraco; o otimismo torna forte.” (Página 314) “Basta-vos querer para sentirdes o despertar em vós de forças desconhecidas. Crede em vós, em

vosso rejuvenescimento em novas vidas; crede em vossos destinos imortais. Crede em Deus. Sol dos sóis, foco imenso, do qual brilha em vós uma centelha, que se pode converter em chama ardente e generosa!” (Página 320)

“Falamos incidentemente do método a seguir para o desenvolvimento dos sentidos psíquicos. Consiste em insular-se uma pessoa em certas horas do dia ou da noite, suspender a atividade dos sentidos externos, afastar de si as imagens e ruídos da vida externa, o que é possível fazer mesmo nas condições sociais mais humildes, no meio das ocupações vulgares. É necessário, para isso, concentrar-se e, na calma recolhimento do pensamento fazer um esforço mental para ver e ler no grande livro misterioso o que há em nós. Nesses momentos apartai de vosso espírito tudo o que é passageiro, terrestre, variável. As preocupações de ordem material criam correntes vibratórias horizontais, que põem obstáculos às radiações etéreas e restringem nossas percepções. Ao contrário, a meditação, a contemplação e o esforço constante para o bem e o belo formam correntes ascensionais, que estabelecem a relação com os planos superiores e facilitam a penetração em nós dos eflúvios divinos. Com este exercício repetido e prolongado, o ser interno acha-se pouco a pouco iluminado, fecundado, regenerado. Esta obra de preparação é longa e difícil, reclama às vezes mais de uma existência. Por isso, nunca é cedo demais para empreendê-las; seus bons efeitos não tardarão a se fazer sentir.” (Página 340/341)

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84 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL

É um método que podemos aplicar ao nosso dia-a-dia, para auxiliar no nosso processo de desenvolvimento das potências interiores.

André Luiz nos fala em Nosso Lar – “É necessário muito esforço do homem para ingressar na academia do Evangelho do Cristo, ingresso que se verifica, quase sempre, de estranha maneira - ele só, na companhia do Mestre, efetuando o curso difícil, recebendo lições sem cátedras visíveis e ouvindo vastas dissertações sem palavras articuladas.” – Mensagem de André Luiz, p. 12, 13ª ed.FEB.

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 85

O Florescer dos Valores Morais (A Disciplina do Pensamentos e a Reforma do Caráter)

Aula dada por José Soares em 02/09/2004 “Se o homem conhecesse a extensão dos recursos que nele germinam, talvez ficasse

deslumbrado e, em vez de se julgar fraco e temer o futuro, compreenderia a sua força, sentiria que ele próprio pode criar esse futuro.”

Léon Denis

(Extraído do livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Cap. XX – Ed. F.E.B.)

Pergunta 573: Em que consiste a missão dos Espíritos encarnados? Resposta: “Em instruir os homens, em lhes auxiliar o progresso; em lhes melhorar as instituições, por meios diretos e materiais. As missões, porém, são mais ou menos gerais e importantes. O que cultiva a terra desempenha tão nobre missão, como o que governa, ou o que instrui. Tudo em a Natureza se encadeia. Ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a execução dos desígnios da Providência. Cada um tem neste mundo a sua missão, porque todos podem ter alguma utilidade.”

(Extraído do livro O Livro dos Espíritos – Da Ocupação dos Espíritos – Parte 2a – Cap. X – Ed. F.E.B.)

Florescer dá a idéia de um jardim florido, de plantas crescendo, a vida desabrochando. O pensamento é criador. Nós vamos raciocinar em cima dessas criações para atentarmos

para as nossas necessidades, nossas dores, nossos dissabores, nossas alegrias também. Há duas questões de O Livro dos Espíritos que merecem a nossa atenção.

Pergunta 833: Haverá no homem alguma coisa que escape a todo constrangimento e pela qual goze ele de absoluta liberdade? Resposta: “No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr lhe peias. Pode-se-lhe deter o vôo, porém, não aniquilá-lo.”

Ele é criador porque, por mais que a gente queira, não deixa de pensar, esteja encarnado ou desencarnado. Estamos pensando sempre. Não tem como reter o pensamento.

Pergunta 834: É responsável o homem pelo seu pensamento? Resposta: “Perante Deus, é. Somente a Deus sendo possível conhecê-lo, Ele o condena ou absolve, segundo a Sua justiça.”

Se este pensamento é criador, nós podemos partir para duas vertentes. Já que estamos falando em floração de valores. Somos aquilo que pensamos, como espírito, e estamos mexendo na nossa economia espiritual para cima ou para baixo, porque o espírito não retrograda, mas cria obstáculos para ele mesmo. Nós podemos, com esse pensamento, estabelecermos uma mente desequilibrada, como podemos também buscarmos a paz, a harmonia interior, as idéias renovadoras.

Na preparação para o Encontro de Bezerra de Menezes, Balthazar falou sobre renovação de idéias. Ele disse que é preciso criar o hábito de mudar o pensamento para cima, é preciso cultivar a prece. Nós, os espíritos desencarnados, dizia Balthazar, ouvíamos muito vocês dizerem: “Rezei e não adiantou nada.” Não adiantou porque muitas vezes não dão o impulso necessário à prece e os espíritos responsáveis por fazer esse registro para avaliação, nem sabem que essa prece chegou. Realmente não adiantou. Você rezou sem sentimento, sem explorar a idéia, falou apenas. E se você não procura meu irmão, renovar suas idéias você vai continuar com a sua prece baixinho e vai continuar chorando e dizendo: “Deus não ouve minhas preces, rezo e não adianta.” Claro, você não sabe orar. Palavras de Balthazar.

O que nós podemos fazer para renovar as nossas idéias? Na semana passada, uma revista de grande circulação na mídia, falava sobre a força da

mente. Nós vimos ali a reportagem com médicos, psicólogos, sociólogos, profissionais que estudam o organismo e o comportamento, unânimes em dizer que as pessoas precisam fazer o bem, precisam

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86 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL cultuar um sentimento de religiosidade. São profissionais da ciência, nenhum deles dizia: vão ser espíritas, católicos, evangélicos, mas diziam ser necessário as pessoas terem metas no bem.

É comprovado através de estudos, que o cérebro dessas pessoas que trabalham no bem, que procuram agir no bem, têm um outro resultado no encefalograma. Estamos vendo profissionais sem compromisso com religião, porque nenhum deles disse que é espírita, católico ou evangélico, mas falaram da necessidade de renovação. Não só na arte, na leitura, na música, naquilo que possa nos engrandecer. Quando a gente fala de arte, está falando da boa música, de exposições que melhorem o nosso astral, de cinema, teatro. Que busquemos alguma coisa para levantar o nosso astral, porque se sairmos de um cinema, de um teatro deprimidos, tristes, o astral no pé, não valeu muito a pena. Saímos de casa, enfrentamos uma série de dificuldades, fizemos uma economia tremenda para comprar o ingresso e saímos de lá piores. Não renovamos, criamos um problema a mais.

Em relação à renovação de idéias, temos visto chamadas do plano espiritual, como na última reunião, uma preocupação, uma ênfase muito grande. Parece até que o assunto está gasto, mas não está. É uma preocupação que eles estão tendo em nos acordar. Porque, se o pensamento é criador, com este mesmo pensamento eu crio a dor, eu crio a doença-aviso, a doença curável, a doença que vai chegar um ponto de dificuldade de cura, porque sabemos que vai um dia ter cura, porque somos espíritos imortais. Criamos a obsessão com essa mente desequilibrada. É muito duro falar e ouvir que nós somos os causadores daquela obsessão, porque o espírito sintoniza conosco, porque encontra em nós afinidade.

Afinidade é diferente de sintonia. Neste momento somos uma turma afim. Gostamos de Doutrina Espírita, estamos estudando Medicina Espiritual, somos afins. Essa afinidade ali fora pode não ser mais encontrada. O único grau de afinidade entre nós pode ser gostar da Doutrina Espírita.

A sintonia é algo mais elaborado, é mente atraindo mente. E quando Kardec trata da influência dos espíritos em nossos pensamentos na questão 459 de O Livro dos Espíritos.

Pergunta 459: Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? Resposta: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”

Como é que vamos deixar que o outro nos dirija? Não podemos. Se com nosso comando a coisa já anda difícil! Porque vivemos na troca, no intercâmbio espiritual, ele é constante. Os dois mundos estão interagindo. De repente, sem eu perceber estou obsidiando um espírito com a minha maneira de ser, ou até por aquilo que eu chamo de amor, estou obsidiando. Eu quero ter controle sobre ele, estou cerceando-o. Não é raro ouvirmos na mesa de desobsessão um espírito dizer assim: “Me tira desse endereço, estou preso lá.” Está havendo uma obsessão de encarnado para desencarnado. Ele quer sair, não sabe como, não tem material de ação. Nós temos. Temos a prece, o Evangelho, ligamos para um companheiro e fazemos um atendimento fraterno por telefone, resolvemos a situação. Daqui a pouco a gente entra na faixa de novo. E uma grande preocupação dos espíritos é a faixa de sintonia, em que, muitas vezes, a gente entra e não sabe sair. Vem a perturbação, ela vai se agravando, quando a gente menos espera a obsessão já se instalou.

Intervenção: Numa dessas mensagens que Dr. Hermann dá nas reuniões, uma coisa que ficou gravada na minha cabeça, foi quando ele falou que quando nós vamos deitar sequer pensamos em Deus. Às vezes, estamos tão cansados que achamos: já rezou no Centro, já rezou de manhã. Pelo menos que pensemos em Deus na hora de deitar.

O Altivo falou que quando ele era mais jovem, Balthazar dizia para ele: “Pense nas bobagens todas, mas nunca tire seu pensamento de Deus, o foco é Deus. Nunca perca Deus de vista. Pense o que quiser pensar. Com o tempo você vai equilibrando o pensamento, mas Deus tem que ser o foco.” Esses espíritos entendem nossas deficiências, mas se eles aplaudirem e não disserem nada a gente se acomoda. Um dia está cansado, ah! hoje não vou rezar não, vim do Centro agora. Prece de início, prece final, prece na hora do passe. Se acomoda, quando vê perdeu o elo.

Onde a prece vai ser idéia renovadora? Ele explicou: “De tanto nós criarmos o hábito de nos ligarmos aos espíritos elevados, vai chegar um tempo que vamos querer imitá-los.” Por enquanto, estamos fazendo elos com eles. Um dia vamos nos acostumar e querer ser como eles.

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Léon Denis diz que devemos eleger um espírito como se fosse um padrinho, patrono (O Problema do Ser, do Destino e da Dor, cap. 34, p. 360 ed. F.E.B.). Não Jesus, porque ele diz: Jesus colocamos num pedestal, mais elevado. E temos um péssimo hábito, como diz Joanna de Ângelis, de dizer: eu não sou Jesus. Tudo mundo sabe que não somos o Mestre, não precisa nós dizermos. Então, Denis diz que Jesus é uma figura que colocamos num patamar mais elevado, mas que peguemos um desses outros espíritos e que ele seja nosso referencial. Nos momentos de dificuldade perguntemos: será que o espírito que eu escolhi para ser o meu amigo, meu guia, como ele agiria neste momento? Ele diz que com isso estamos renovando pensamentos. A gente vai errar, vai errar, mas vai chegar uma hora que vamos parar.

Sobre a sintonia, diz Antonio de Aquino no livro Inspirações do Amor Único de Deus: “... mas o que nos é preciso compreender é que as aproximações são feitas em função da sintonia que exercemos uns com os outros.” Porque se eu penso, a origem de tudo continua aqui, é atributo do espírito. Assim como Deus nos deu o livre-arbítrio, a vontade, nos deu a capacidade de pensar. Por isso é que Jesus na sua infinita sabedoria falou “Vós sois deuses.” Quando estudamos em Kardec as idéias inatas, entendemos o “Vós sois deuses” de Jesus. Porque ele sendo um grande psicoterapeuta das almas, ele olhou para nós e reconheceu que há todo um material adormecido e quando se der impulso irá florescer. Olha o florescer das idéias.

Hoje que estamos, à luz da Doutrina Espírita, lutando contra o desequilíbrio e tentando nos promover para o lado da harmonização, sentimos isso muito de perto. Quando fazemos uma conquista, vencemos uma dificuldade, como ficamos felizes: “Meu Deus, essa eu consegui. Cheguei lá.” Isso nos dá o respaldo para podermos ir mais além. Os espíritos dizem que se conseguimos chegar até aqui, podemos ir mais a frente.

Esse desequilíbrio, desconforto, incômodo de desobsessão, de doenças, são os pensamentos desregrados que trazem para nós, porque isso tudo, pelo menos quando começamos a estudar, fica como liqüidificador na nossa cabeça, misturando, fica num conflito. Jesus está mostrando um caminho e eu ainda estou num outro. Isso incomoda a gente.

Graças aos ensinamentos, ao hábito da prece, da boa leitura temos “deletado” muita coisa. pensamos e não levamos adiante, não materializamos o pensamento. Já uma maneira de nos educarmos. Não vamos dar o grande salto logo para espíritos puros.

Quando estudamos O Céu e o Inferno, Kardec explica para nós o arrependimento, expiação e reparação, no capítulo VII, do “Código Penal da Vida Futura”, capítulo VII. Os espíritos mostram que quando nos arrependemos já estamos dando um grande passo. Estamos sinalizando para os nossos mentores e espíritos amigos, um cansaço daquela mesmice, daquela insistência de fazer aquilo tudo. Já é um bom sinal, “não quero mais fazer isso.” Os espíritos foram muito diretos com Kardec, se arrepender só não basta. É um grande passo, é o primeiro passo, mas ele sozinho não basta. É preciso consertar o estrago. Vem a expiação e a reparação. Como somos espíritos imortais temos as encarnações à nossa espera. E hoje, com a Doutrina Espírita, não nos acomodemos: “Ah! tem outras.” Estamos conscientes, como diz Emmanuel, o melhor tempo é esse. Hoje é meu melhor momento, agora é minha melhor oportunidade. Porque se está me incomodando, está me causando desconforto, “eu não quero mais fazer isso”. Mas, o estrago que eu fiz até ontem, quando eu agi assim, eu preciso consertar. Vem a Lei da Reencarnação nos explicar as nossas dores, os nossos insucessos, porque nós, às vezes, queremos avançar em determinado ponto e não temos sucesso, seja na área profissional, seja nos relacionamentos.

O interessante é que ninguém chega e diz: tem que mudar, nós mesmos é que vamos sentindo o incômodo. “Isso aqui não está dentro do Evangelho. Eu não posso viver minha vida de médium, de quem divulga a Doutrina Espírita fazendo isso.” A gente mesmo sente que tem alguma coisa errada. A nossa consciência, que está aliada ao pensamento, que é criador, é reformador, mas que também cria situações desconfortáveis, começa a trabalhar. Como a Lei é perfeita e Jesus falou: “Se vós que ainda sois maus não dais uma pedra ao filho que pede pão, nem a serpente no lugar do peixe, imagine nosso Pai maior.” Ele dá a oportunidade da expiação e da reparação.

Pergunta 720: São meritórias aos olhos de Deus as privações voluntárias, com o objetivo de uma expiação igualmente voluntária?

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88 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL Resposta: “Fazei o bem aos vossos semelhantes e mais mérito tereis.”

Pergunta 720a: Haverá privações voluntárias que sejam meritórias? Resposta: “Há: a privação dos gozos inúteis, porque desprende da matéria o homem e lhe eleva a alma. Meritório é resistir à tentação que arrasta ao excesso ou ao gozo das coisas inúteis; é o homem tirar do que lhe é necessário para dar aos que carecem do bastante. Se a privação não passar de simulacro, será uma irrisão.”

Os espíritos não querem esses sacrifícios, situações que criamos, muitas vezes, espetaculosas, achando que ali é a saída para o nosso progresso. Que diferença faz para o espírito ficar sem comer, martirizar meu corpo, me mortificar, se minha alma está ainda gritando com ódio do meu companheiro. Não adianta, estou privando meu corpo, criando tormento voluntário, desnecessário, que não vai pesar na minha economia e ainda vou chegar do outro lado cobrando: “Eu ficava uma semana sem comer.” – “Porque você quis.” Ainda vamos ouvir essa brilhante frase.

Tem mais duas questões em O Livro dos Espíritos que podemos trabalhar essa parte do arrependimento, expiação e reparação.

Pergunta 992: Que conseqüência produz o arrependimento no estado corporal? Resposta: “Fazer que, já na vida atual, o Espírito progrida, se tiver tempo de reparar suas faltas. Quando a consciência o exprobra e lhe mostra uma imperfeição, o homem pode sempre melhorar-se.”

Os espíritos estão dizendo que sempre é tempo, não interessa se estamos encarnados ou desencarnados, somos imortais. Se eu reconhecer, aqui e agora, que feri o outro e quero recuperar isso, vou correr atrás agora. Porque se deixo para o futuro, complico a situação. Pode ser que agora ele esteja mais propenso e resolva aceitar meu pedido de desculpa. Porque ele pode me desculpar, mas eu feri a Lei. Quando entendemos que ferimos a Lei e não o outro, as obsessões vão acabar, porque ninguém mais vai querer cobrar do outro aquilo que não lhe é de direito. A própria Lei tem instrumentos para isso. A gente ainda não entendeu isso. Porque não só somos obsidiados como obsidiamos o outro.

Como André Luiz coloca que espíritos vêm à reunião de desobsessão, são esclarecidos e tomam uma nova conduta e a gente chama outros. A gente se incumbe de relembrar a situação. Aquele outro que já seguiu não quer mais a gente, tem um outro que está na mesma faixa e “é com esse que eu vou”. Faz-se a limpeza da casa e você pensa de novo, é como se reabrisse a ferida. Imagina uma pessoa que sofre uma cirurgia, toda vez que fosse ao médico fazer um curativo ele abrisse para ver. Nunca a pessoa ficaria curada, novamente passando pela dor, sendo cortada, sacrificada.

Muitas vezes, não damos impulso à prece, como Balthazar colocou, não fazemos a vigilância e cai numa dessas. Porque está relembrando, remoendo. É sinal que ainda não trabalhamos o trinômio: arrependimento, expiação, reparação. Porque se ainda está me incomodando, passaram-se vinte anos e eu ainda me lembro daquela situação, ela ainda me fere, é porque eu não trabalhei. Os espíritos ligados a ela podem estar numa situação melhor, mas eu estou chamando outros, uma vez que essa interação é permanente, estou acenando para outros. Nós todos somos médiuns, como disse Kardec, abrimos a antena de sintonia e os chamamos para junto de nós. Principalmente nós que somos médiuns de trabalho, as antenas preparadas para isso, chamamos com mais facilidade. Eles encontram ali um mediador, um facilitador.

Léon Denis, no livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, no capítulos 23 e 24, lembra de pontos que não pensamos. O formador de opinião, nós todos somos formadores de opinião, em maior grau os jornalistas, escritores, filósofos, aqueles de quem a obra vem à tona. Ele diz para termos cuidado com o que passamos para o outro, porque podemos nos transformar no ídolo daquela pessoa e ela seguir os nossos passos, e pode ser a derrocada dela. Ele diz para ter cuidado com a leitura. Ler, sugar o que for bom e desprezar o resto. A leitura de jornal tem que ser feita com muito cuidado.

Intervenção: A respeito do que você colocou sobre os formadores de opinião, a ação que os meios de comunicação têm. No livro Loucura e Obsessão, Manoel P. de Miranda fala desses profissionais da área de comunicação, quando vão dormir, para onde eles vão e quem vai atuar na cabeça deles.

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 89

Léon Denis em 1890, dando um mergulho no passado, era toda uma tranqüilidade, toda uma estrutura mais leve, ele já tinha essa preocupação, imagina os contemporâneos: Philomeno de Miranda, André Luiz, vivenciando esses dias de agitação. Porque André Luiz também fala isso. Ele diz que se lermos um autor que estimula o crime, o roubo, isso pode despertar no nosso perispírito algo adormecido. Nós estamos tentando lutar para esconder, pegamos aquele livro e reacende. Você já não temos equilíbrio, não temos estrutura familiar equilibrada, não temos o hábito da prece, não temos religiosidade, o livro só serviu para despertar.

Pergunta 999: Basta o arrependimento durante a vida para que as faltas do Espírito se apaguem e ele ache graça diante de Deus? Resposta: “O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado.”

Na questão 919, Santo Agostinho evoca Sócrates no conhece-te a ti mesmo. Pergunta 919: Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal? Resposta: “Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”

Joanna de Ângelis fala na autodisciplina, no autoconhecimento, que vai nos levar ao autodescobrimento.

Antonio de Aquino diz que não basta a renovação do padrão mental, tem que haver uma renovação de padrão mental com ação. Senão você quer mudar, mas não tem o trabalho para complementar, volta à estaca zero.

Pensamento de Antonio de Aquino no livro Inspirações do Amor Único de Deus, página 100: “Meu irmão, em qualquer circunstância, deverá existir o bom senso, deverá existir o equilíbrio, deverá existir o amor.”

Joanna de Ângelis no livro O Homem Integral, trata da diferença do ter e ser. A sociedade atual, apelativa, está muito preocupada em nos fazer ter. Trocar de carro, roupas de grife, comer nos melhores restaurantes. Sabemos que tudo isso é permitido, desde que tenhamos um salário honesto, podemos isso tudo. Mas, às vezes, a mídia com tantas apelações, nos leva a situações de querer ter porque o irmão tem, o vizinho tem, o colega de trabalho tem, mas não quer saber como ele tem. “Ele tem eu também posso ter.” O cartão de crédito vira um grande inimigo, uma arma na nossa mão, porque nos perdemos e acabamos nos comprometendo e toda uma série de situações.

“O homem possui admiráveis recursos interiores não explorados, que lhe dormem em potencial, aguardando o desenvolvimento. A sua conquista faculta-lhe o autodescobrimento, o encontro com a sua realidade legítima e, por efeito, com as suas aspirações reais, aquelas que se convertem em suporte de resistência para a vida, equipando-o com os bens inesgotáveis do espírito.

Necessário recorrer a alguns valores éticos morais, a coragem para decifrar-se, a confiança no êxito, o amor como manifestação elevada, a verdade que está acima dos caprichos seitistas e grupais, que o pode acalmar sem o acomodar, tanquilizá-lo sem o desmotivar para a continuação das buscas.

Conseguida a primeira meta, uma nova se lhe apresenta, e continuamente, por considerar-se o infinito da sabedoria e da Vida.

É do agrado de algumas personalidades neuróticas, fugirem de si mesmas, ignorarem-se ou não saberem dos acontecimentos, a fim de não sofrerem. Ledo engano! A fuga aturde, a ignorância amedronta, o desconhecido produz ansiedade, sendo, todos estes, estados de sofrimento.

O parto produz dor, e recompensa com bem-estar, ensejando vida. O autodescobrimento é também um processo de parto, impondo a coragem para o acontecimento

que libera. Examinar as possibilidades com decisão e enfrentá-las sem mecanismos desculpistas ou de escape,

constitui o passe inicial.” (Extraído do livro O Homem Integral – Joanna de Ângelis – página 49 – Editora LEAL)

Joanna chama atenção dizendo que falta religiosidade, falta pensamento voltado para Deus e falta trabalhar a si mesmo. Ela compara esse trabalho a um parto. Como todo parto, ele dói porque tem que expelir. Você vai expelir alguma coisa que está incomodando, vai doer.

Mudar é uma coisa muito difícil, porque é vício, é hábito. Estamos acostumados com aquilo. Sai de uma encarnação entra na outra, levando aquela bagagem. Muitas vezes, não mexeu naquilo durante uma encarnação inteira, vai levar para outra e, com todos os apelos a nossa volta, essa

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90 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL janela da percepção volta e meia é aberta, ou alguém bate lá, e abrimos para ver o que é e: “é isso aqui que eu quero.”

Voltando a Antonio de Aquino, não adianta mudar o padrão sem ter o trabalho. Por isso, a Casa Espírita nos oferece uma oportunidade de trabalho, para ocupar a mente, o tempo. Naquele momento estamos produtivos. O trabalho passa a ter o valor da ocupação útil que Kardec ensinou.

Léon Denis, no livro já citado, cap. 24, diz que “tudo vibra em nós em torno de nós; com nossos pensamentos, palavras e ações construímos o edifício grandioso ou miserável da nossa evolução.” O pensamento é gerador de idéias, que pode ser para grandeza ou para baixaria. Com isso, vamos criando marcas no nosso perispírito. O perispírito sendo a nossa memória, em algum lugar do futuro essas marcas vão desabrochar. Aí vem as doenças, desde as consideradas mais simples como um resfriado, as mais complexas. A criatura luta a vida inteira, faz tratamento médico, vem à Casa Espírita. Consegue até se estabilizar, mas não tem cura, porque o perispírito está tão marcado, tão lesado, que uma encarnação só não é suficiente.

Um pensamento que agasalhamos, alimentamos. Passa a tomar café da manhã, almoçar, lanchar, jantar, namorar, tomar banho, trabalhar, vir para Casa Espírita. Daqui a pouco, ele se instala e é diretor das nossas idéias. Ele não vem sozinho, vem com uma corte, para fazer toda essa manutenção.

Quando estudamos obsessão, vemos que à medida que os estágios vão ficando mais elevados, o chefe de equipe alicia outros espíritos para servi-lo, para manter o domínio da sua presa. Porque se deixar a presa fugir, ele perde todo o seu “prazer”. Como fazer a criatura compreender que ela é a autora disso? É muito fácil dizer que Deus escreveu o meu destino. Mas escreveu um destino com dor, o destino da vizinha parece que é tão bom. Troca de carro todo ano, sai bonita para trabalhar, cada dia com uma roupa e o meu tem que ser aquele triste, cruel. Que Deus é esse? É complicado. Porque, no nosso conceito, ela sai toda alinhada, mas a gente não sabe o que ela chora no dia-a-dia, o que ela passa de misérias morais. Mas, pelo que vemos por fora, está tudo bonito, está tudo bem. E a gente sabe que não está, porque se a dor bate aqui, bate ali também.

Léon Denis dizia em 1890 que vivíamos uma época de anemia intelectual, se ele vivesse nos dias de hoje, a anemia já virou leucemia ou uma doença mais grave. Ele diz da necessidade de estudarmos, meditarmos, refletirmos. Balthazar nos fala que lemos muito, mas não sabemos quase nada, porque não meditamos. Lemos tanto, mas falta a meditação, é neste trabalho que está o autodescobrimento. Autodisciplina gera autoconhecimento, que gera autodescobrimento. Se despir diante do espelho é difícil. O espelho é a consciência e tirar lá de dentro é complicado.

Léon Denis também nos diz que: “Não há progresso possível sem observação atenta de nós mesmos” (cap. 24, p. 360). Que precisamos ter uma intimidade com nossos guias. Essa intimidade só vamos ter com o hábito da prece, da reflexão a nível do Evangelho. Isso graça a Deus eu tenho conseguido, com uma lição que o Dr. Hermann me deu. Ele disse: “Todos os dias leia um trecho do Evangelho.” Eu fui me disciplinando, nem que seja um parágrafo eu leio.

Kardec em O Livro dos Espíritos pergunta: Pergunta 922: A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para a felicidade de um, constitui a desgraça de outro. Haverá, contudo, alguma soma de felicidade comum a todos os homens? Resposta: “Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida moral, a consciência tranqüila e a fé no futuro.”

Lembrando que Jesus disse que o seu reino não é deste mundo. Num planeta de provas e expiações não vamos querer aquela felicidade. Até porque o nosso conceito de felicidade é muito materialista.

Dr. Hermann ontem falou que o homem espírita dilata a sua mente. O homem tolo é exclusivo, materialista, pensa que morreu acabou e ponto final. O homem espírita não é só o médium da Casa Espírita, o freqüentador da Casa Espírita também. Ele pensa mais largo. Vê mais adiante. Senão ele não está fazendo o tratamento proposto.

A autoconquista, nós só vamos conseguir depois de todo esse trabalho. Na questão 132 de O Livro dos Espíritos Kardec pergunta:

Pergunta 132: Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 91 Resposta: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”

A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na Sua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar Dele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.

Este é o segredo. O nosso papel na obra da criação. O objetivo é o progresso para todos os espíritos, porque é da Lei. Qual é o nosso papel? Estamos fazendo o quê aqui? Reencarnando para quê? Não podemos mais, como espíritas, dizer que Deus determinou, escreveu um destino para mim. Com esse filho problema, essa esposa complicada. Não temos mais essa desculpa, não vale mais para nós esse destino escrito, sem alteração, não cola mais para nós.

Nós concluímos questionando: Reencarnar para quê? O objetivo sabemos que é o progresso. É a Lei. Em O Livro dos Espíritos diz que cada um vai buscar sua vertente. Uns vão para o caminho da educação, outros para saúde, outros sendo pai, sendo mãe, mas vamos progredir e vamos mudando esses estágios para o espírito crescer em conhecimento, em amor e boa vontade. Então, esse papel na obra da criação vai ficar para nossa reflexão. Qual o nosso papel? Progredir. Mas como? Com esse material que a gente tem hoje. Conhecendo o passado e tendo uma idéia do futuro. Porque conhecemos o passado pelo que passamos hoje, temos uma idéia. Do que nós temos feito até aqui e porque Deus está permitindo esse estágio doloroso, difícil, num planeta de provas e expiações. E ao mesmo tempo vemos as luzes se acendendo. A Doutrina Espírita, uma Casa como essa, espíritos amigos dizendo: “Vem.” Nós não estamos sós. Vemos aquela rede de solidariedade sendo tecida a cada dia. Quantos espíritos torcendo para nós. Deus está sinalizando todo dia.

Para Reflexão: O Grande Salto

Filhos, inevitável o progresso de todas as coisas em busca da perfeição. Nada será capaz de deter o avanço vertiginoso da Vida...

Os desajustes são imprescindíveis à renovação e à retomada do crescimento para a Luz. Avançar sempre – eis o lema que norteia a caminhada de tudo que existe, no anseio de ser

mais. Inevitável, pois, que Ciência, Filosofia e Religião se unifiquem com o mesmo objetivo – o

conhecimento pleno da Verdade. Está prestes o momento em que a Ciência efetuará o grande salto, transpondo os limites do

túmulo e perscrutando a Vida além da matéria. Então, muitas das indagações humanas obterão respostas, com enigmas seculares sendo

solucionados e dando origem a novos e mais amplos questionamentos. A cada passo na senda do progresso, o homem constatará a necessidade de voltar-se para si

– porquanto o seu universo íntimo é mais infinito que o Universo, para o qual se volta exteriormente, há milênios.

Sem os preconceitos da Ciência e o fanatismo da Religião, o homem, com o auxílio da Filosofia, passará a cogitar da própria transcendência, concentrando esforços no seu despertar espiritual.

Filhos, é inútil que as sombras da noite tentem se opor à claridade do dia... Quando a vida na Terra nos pareça presa de indefinido marasmo, eis que o Senhor nos envia

os seus prepostos divinos, que se corporificam no Planeta, para darem novo impulso ao progresso em todas as áreas do saber.

A força incoercível das Leis, a pouco e pouco, faz com que todas as coisas e todos os seres se entrelacem, na interdependência que os une.

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92 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL

Não vos tranqueis intelectualmente e jamais pronuncieis a palavra “impossível”, com referência às variadas e infinitas possibilidades de descoberta do homem, por fora e por dentro de si.

O dicionário humano é destituído de terminologia adequada a fim de descrever o que vos reserva a existência humana para o futuro, sob os auspícios da Misericórdia de Deus.

(Extraído do livro A Coragem da Fé – Bezerra de Menezes – psicografado por Carlos A. Baccelli – Ed. DIDIER.)

Ouvindo falar de Deus

Olhando para os céus e observando as estrelas, ou olhando para as flores e prestando atenção nos seus detalhes, ou, ainda, acompanhando a gestação, o nascimento e crescimento de uma criança, não há como evitar nosso reconhecimento ao Criador da vida. ouvir sobre as conquistas científicas feitas por William Morton, com a descoberta da anestesia cirúrgica, ou por Alexander Fleming, que descobriu a penicilina. Lembrando Howard Florey e Ernst Chain, que conseguiram purificar a penicilina, uma etapa importante para seu uso mais seguro em seres humanos. Von Mehting e minkowski e a descoberta da insulina; Robert Hooke, que construiu o primeiro microscópio. Alexander Grahan Nell, que inventou o telefone e Santos Dumont e a invenção do avião... É ouvir falar de Deus.

Ouvir falar das ações nobilíssimas de madre Teresa de Calcutá e sua dedicação aos pobres em todo o mundo; de Martin Luther King e sua luta pelos direitos dos negros. Lembrar de Kofi Annan, secretário geral da ONU, e sua luta pela paz entre as nações. Pensar em Dalai Lama, e sua pregação pela vida em harmonia; em Shirin Ebadi e seus esforços pela democracia e os direitos humanos, especialmente por sua luta pelos direitos das mulheres e da crianças, em Chico Xavier e da vida dedicada à caridade... É ouvir falar de Deus.

Ouvir falar das ações humanitárias da campanha internacional de banimento das minas terrestres e da organização “médicos sem fronteiras”... é ouvir falar de Deus.

Cada país, cada região do mundo, por intermédio de ditos e feitos nas mais cariadas áreas do pensamento e da ação humana, de maior ou menor expressão, terá ouvido falar de Deus, com certeza.

No entanto, a história da humanidade não é feita somente com grandes realizações. Ela é composta, principalmente, pelas ações quase anônimas, que acontecem dentro dos lares, nas relações fraternas entre as pessoas, no dia-a-dia de cada um. Por menores que sejam serão importantes para a vida, desde que nossas ações possam também falar de Deus a quem as presencia ou delas tome conhecimento. Assim, reveja sua auto-estima, veja-se na condição de quem está auxiliando na construção do mundo, e nunca diga “impossível” para seus planos, sempre que estiverem alicerçados em bons propósitos.

Não existe nada mais horrível do que gente que diz: “é impossível”. Com sua postura altiva reprovam qualquer tentativa. Não vêem a menor validade na história da humanidade. Por eles não haveria a invenção do carro, do rádio, da televisão, nem do computador e sua memória. Viveríamos na pré-história. Se as pessoas que dizem: “impossível”, governassem, o mundo seria um lugar bem sem graça. Descortine a janela da alma com mãos operosas no bem, para que ali se faça mais presente o sol da vida. retire as vendas do preconceito dos olhos para que possa enxergar a vida em toda a sua verdadeira grandeza, e você entenderá muito bem a assertiva de Jesus de que é preciso ter olhos de ver e ouvidos de ouvir. E, com olhos de ver e ouvidos de ouvir, você mais e mais encontrará Deus em sua vida. “A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho original”, ensinou Albert Einstein.

(Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em “O Livro das Virtudes para Crianças”, de Willaim J. Bennett.)

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 93

A Fidelidade aos Conceitos Doutrinários (Conhecimento e Aplicação)

Aula dada por Altivo Carissimi Pamphiro em 09/09/2004 Esse assunto da fidelidade ao bem, a verdade e à Doutrina Espírita está todo explicado no

capítulo XXXI de O Livro dos Médiuns, “Dissertações Espíritas”, por vários espíritos que se comunicaram, e dando a Kardec a regra, a condução de como as coisas devem andar dentro da Doutrina Espírita.

I

“Confiai na bondade de Deus e sede bastante clarividentes para perceberdes os preparativos da nova vida que ele vos destina.

Não vos será dado, é certo, gozá-la nesta existência; porém, não sereis ditosos, se não tomardes a viver neste globo, por poderdes considerar do alto que a obra, que houverdes começado, se desenvolve sob as vossas vistas?

Couraçai-vos de fé firme e inabalável contra os obstáculos que, ao que parece, hão de levantar-se contra o edifício cujos fundamentos pondes. São sólidas as bases em que ele assenta: a primeira pedra colocou-a o Cristo. Coragem, pois, arquitetos do divino Mestre! Trabalhai construi! Deus vos coroará a obra.

Mas, lembrai-vos bem de que o Cristo renega, como seu discípulo, todo aquele que só nos lábios tem a caridade.

Não basta crer; é preciso, sobretudo, dar exemplos de bondade, de tolerância e de desinteresse, sem o que estéril será a vossa fé.”

Santo Agostinho.

Santo Agostinho assevera que não vamos ter essa vida como a Doutrina Espírita pretende, na atual existência. Ele crê que teremos isso no futuro.

Espírita que não confia em Deus, não está com nada. Ele precisa ter aquela convicção absoluta e entender a figura de Deus. Precisamos ter a certeza de que é uma personalidade que nos conduz.

Assim como temos em Jesus o modelo de amor ao próximo; em Kardec, o modelo de amor pela Doutrina Espírita; temos que ter em Deus a certeza de que Ele é a causa primária de todas as coisas (definição de O Livro dos Espíritos) ou na definição dada por Jesus: é o Pai Nosso.

Em qualquer que seja a definição, vê-se claramente, que tanto os espíritos quanto Jesus colocam Deus como uma figura. Nós não podemos ter sobre Deus aquela idéia eqüidistante: “Deus, eu nem sei quem é Deus.” Eu não sei quem é Deus, mas tenho a certeza de que Deus é o Pai Nosso e aquele que está conduzindo os nossos passos para o trabalho do bem.

Quando nós erramos, cometemos qualquer tolice, em verdade, temos que prestar contas dos nossos atos aos nossos guias e a Deus. Quando cometemos um desatino, cometemos contra nós e contra aquele que nos criou. É como quando um filho erra e tem amor aos pais, ele diz logo: “O que meu pai vai dizer disso?”

O espírita precisa ter em consideração, que à medida que erramos, falhamos, quando cometemos qualquer desatino, consciência, é a primeira pessoa que vamos prestar contas. Segundo, ao guia espiritual e em terceiro a Deus.

Trabalhamos na Casa Espírita sem perceber que estamos aqui com um objetivo. Qual é o objetivo? Tornar nossa vida melhor e a dos outros também.

Estou na Casa Espírita recebendo mensagens continuamente. Eu não posso achar que sou apenas intermediário dos espíritos. Tenho que entender que esse trabalho objetiva um bem, que eu não posso alcançar, mas tem um bem para fazer. Assim todas as outras atividades, quer seja no passe, na tarefa mediúnica, na tarefa de tradução de livros, na tarefa da palestra, no que for, nós estamos preparando o nosso futuro e além de preparar o futuro, estamos aqui por conta de um projeto divino. Se o homem não prestar atenção nisso, vai sempre falir e vai dizer: “Ah! deixa para depois. Não é tão importante fazer isso agora.”

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Não podemos achar que estamos por acaso na Casa Espírita e nem achar que a tarefa nos foi dada por acaso.

Percebemos falhas em certos companheiros, vejo os companheiros desistirem da luta. Quando vejo pessoas dentro da Casa Espírita abandonarem o serviço no bem, e eu pergunto “o que está havendo, qual o problema”, quase sempre encontro a seguinte resposta: “Eu acreditei em mim mesmo.” Eu digo: Mas você está errado em acreditar em você mesmo, você tem que acreditar em Deus, Deus é que vai dar sustento, Deus que é a manivela do nosso motor.

Então, encontramos espíritas fracassando porque acreditavam neles. É querer bancar o tolo. É querer ter forças que na realidade não se tem. Temos que ter a percepção de que Deus está ao nosso lado e que está nos conduzindo nos e que devemos prestar contas a Deus daquilo que estamos fazendo. Essa clarividência, é o que Santo Agostinho manda a gente ter. Essa clarividência é dizer assim: “Estou trabalhando com um objetivo e não sou eu que estou montando esse objetivo, ele está muito acima de mim.” Isso, poderíamos chamar de fé, o que eu prefiro com o meu coração um pouco mais endurecido, dizer que é consciência dos nossos limites. Consciência de que estamos trabalhando por uma causa que transcende a nós.

Quando as pessoas saem da Casa brigadas comigo ou com quem quer que seja, eu digo: Sai daqui e entra no primeiro centro espírita que você achar. Vai trabalhar, não fica preso a Casa não. Põe o seu serviço acima de você mesmo. quando você briga com Fulano, Sicrano, você está querendo se comparar e quando colocamos as coisas na mão de Deus, estamos trabalhando com fidelidade a Ele. Nessa hora temos força, porque estamos nos colocando na posição de subalternidade, na posição de que não se é o dono da verdade, ao contrário, é trabalhador. Com isso empurramos o serviço para frente. Inclusive quando chegar a hora de parar, de ceder o lugar para o outro, estaremos confiantes, porque o serviço vai ter continuidade, porque as pessoas acreditavam, não no diretor, mas sim em Deus.

Santo Agostinho nos chama a atenção sobre a confiança na bondade de Deus. “...Couraçai-vos de fé firme e inabalável contra os obstáculos que, ao que parece, hão de levantar-

se contra o edifício cujos fundamentos pondes.” O que vem a ser o obstáculo? Eu digo que o espírita é ousado, porque, por exemplo,

sabemos que a Terra é um lugar de provas e expiações, e chega um pessoa e diz: “Vamos montar um centro espírita, vamos criar uma sessão de estudos, um local de trabalho.” Ele vai acender uma luz em meio as trevas. Por uma força natural de atração, as trevas serão expulsas pela luz, mas se voltarão contra a luz. É a força natural.

Devemos estar sempre prontos para os obstáculos. Como é que vou estar pronto para os obstáculos? Como Santo Agostinho diz: Couraçai-vos de fé. Essa couraça de fé significa também, a idéia de Deus. Eu estou trabalhando para Deus, com Deus e através dos espíritos. Então, estou forte para aquela luta que vou ter.

Essa couraça da fé não precisa ser uma couraça para as grandes lutas, grandes embates. Às vezes, a gente pensa que precisa dar testemunho de sangue, de vida, de morte. Quando você demonstra nas pequeninas coisas que se tem confiança em Deus, certamente, estamos nos preparando para lutas maiores.

Quando fomos roubados na Gráfica, eu pensei: Foram precisos alguns anos de funcionamento, para testemunharmos que o serviço não ia parar. Mas os espíritos tiveram tanta caridade que nos deixaram muitos anos trabalhando sem problemas. Quando chegou o problema eu não podia dizer: “Ah! vou desistir de tudo”. Porque eles nos prepararam durante muito tempo, com coisas positivas, de apoio, para que tivéssemos alegria e na hora em que houvesse o testemunho estivéssemos cheios de energia, de forças positivas, de crença, de confiança em Deus.

Quando trabalhamos esse sentimento, vamos vendo que o projeto dos espíritos para conosco é de desenvolver a idéia de Deus, desenvolver a fé firme, desenvolver a clarividência para perceber os preparativos da vida espiritual.

Que preparativo para vida espiritual é essa? Nós estamos na Casa Espírita, por exemplo, nos preparando para o trabalho no plano espiritual. Semanalmente sessão de cura, de desobsessão, de estudos, trabalhos de apoio uns aos outros. Nós já estamos vivendo antecipadamente a vida espiritual. Estamos estudando, confraternizando, aprendendo a orar, a gostar uns dos outros. Essa

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 95 também é a couraça da fé, é a preparação para a nova vida. Essa convivência. Vamos aprendendo a conviver, mas aprendendo também, a lutar contra nós mesmos. Porque temos a tendência de desistir: “Ah! Fulano não tem mais jeito, não vai acertar mais nessa vida.” Não podemos desistir, essa couraça temos que ter, a couraça da certeza de que as coisas vão ser superadas, a despeito de qualquer problema. Podemos até dizer que já estamos começando a fazer isso. Nós, espíritas, trabalhadores, estamos aprendendo a viver antecipadamente o plano espiritual. Quando formos para lá e eles disserem: “Você deveria ter muita paciência com o Fulano.” Mas, se eu estou tendo agora, é sinal que já estou vencendo quaisquer dificuldades e estimulando-o para que ele também vença suas dificuldades. Para que esperar o plano espiritual? Vamos começa a fazer isso agora.

A esse respeito não esqueçam do Leopoldo Machado. Ele dizia que Espiritismo é para vivos. Ele ficava furioso quando chegava numa Casa Espírita e a sala estava vazia. O presidente do centro tentando justificar a ausência dos companheiros dizia: “Tem poucos encarnados, mas está cheio de desencarnados assistindo palestra.” Ele dizia: “Espiritismo é para vivos.” Para quando ele morrer não ficar vindo ao centro espírita assistindo palestra. Vamos fazer a vida espiritual antecipadamente aqui na Terra.

A outra mensagem diz assim: III

“Penso que o Espiritismo é um estudo todo filosófico das causas secretas dos movimentos interiores da alma, até agora nada ou pouco definidos.

Explica, mais do que desvenda, horizontes novos. A reencarnação e as provas, sofridas antes de atingir o Espírito a meta suprema, não são

revelações, porém uma confirmação importante. Tocam-me ao vivo as verdades que por esse meio são postas em foco. Digo intencionalmente - meio - porquanto, a meu ver, o Espiritismo é uma alavanca que afasta as barreiras da cegueira.

Está toda por criar-se a preocupação das questões morais. Discute-se a política, que agita os interesses gerais; discutem-se os interesses particulares; o ataque ou a defesa das personalidades apaixonam; os sistemas têm seus partidários e seus detratores. Entretanto, as verdades morais, as que são o pão da alma, o pão de vida, ficam abandonadas sob o pó que os séculos hão acumulado.

Aos olhos das multidões, todos os aperfeiçoamentos são úteis, exceto o da alma. Sua educação, sua elevação não passam de quimeras, próprias, quando muito, para ocupar os lazeres dos padres, dos poetas, das mulheres, quer como moda, quer como ensino.

Ressuscitando o espiritualismo, o Espiritismo restituirá à sociedade o surto, que a uns dará a dignidade interior, a outros a resignação, a todos a necessidade de se elevarem para o Ente supremo, olvidado e desconhecido pelas suas ingratas criaturas.”

J. J. Rousseau.

Rousseau não era espírita, era filósofo. Ele era um homem espiritualista, e fala do espiritualismo, querendo mostrar com isso, que não é só pelo Espiritismo que vamos ser salvos não. Todas as formas de espiritualismo dignas, que pratiquem a caridade, levarão ao homem a salvação.

“...Ressuscitando o espiritualismo, o Espiritismo restituirá à sociedade o surto, que a uns dará a dignidade interior, a outros a resignação, a todos a necessidade de se elevarem para o Ente supremo, olvidado e desconhecido pelas suas ingratas criaturas.”

Olha o papel do Espiritismo: ressuscitar o espiritualismo. Kardec diz em O Livro dos Médiuns que nós antes de querermos falar de mediunidade à

criatura, devemos fazer as seguintes perguntas a ela: — Você crê em Deus? — Não. Então não adianta falar em comunicação mediúnica. — Você crê em espírito? Que o espírito vai sobreviver? — Creio. Então podemos falar de comunicação mediúnica. Às vezes, encontramos no espírita o desejo de tornar as criaturas espíritas, quando em

realidade, deveremos fazer com que a pessoa acredite em Deus. Depois que ela acreditar em Deus, em espírito, você pode exigir dela a fidelidade à Doutrina.

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Quando desenvolvemos o sentimento de Deus, de Espírito e depois de Espiritismo, começamos a fazer com que a criatura tenha definições claras do seu trabalho.

Nos cursos eu sempre lembrava às pessoas: “Olhem a figura de Deus. Pensem em deus. Acreditem em Deus”. Porque criamos na pessoa um instrumento de apoio. Porque dizer que Houve uma mensagem mediúnica bonita, ou dar o Nosso Lar, ou um livro de mensagens, às vezes, a pessoa não desperta para a idéia de Deus.

Adiante há uma mensagem de São Luiz, ainda sobre a fidelidade a Deus: VI

“Não vos arreceeis de certos obstáculos, de certas controvérsias. A ninguém atormenteis com qualquer insistência. Aos incrédulos, a persuasão não virá, senão pelo

vosso desinteresse, senão pela vossa tolerância e pela vossa caridade para com todos, sem exceção. Guardai-vos, sobretudo, de violar a opinião, mesmo por palavras, ou por demonstrações públicas.

Quanto mais modestos fordes, tanto mais conseguireis tornar-vos apreciados. Nenhum móvel pessoal vos faça agir e encontrareis nas vossas consciências uma força de atração que só o bem proporciona.

Por ordem de Deus, os Espíritos trabalham pelo progresso de todos, sem exceção. Fazei o mesmo, vós outros, espíritas.”

São Luís.

Quem vem a ser o incrédulo? Será que o incrédulo é somente aquele que está fora da nossa Casa Espírita? Não, tem muito espírita que é incrédulo. Nós podemos ser incrédulos quando não acreditamos no processo de evolução das criaturas. Quando não acreditamos que a pessoa possa se transformar. Ter descrença na capacidade que a pessoa tem de pensar. Temos que ter muito cuidado com isso, rotular as pessoas. Temos que ter cuidado com o rótulo que damos À pessoa.

Como somos progressistas, temos que ter a certeza de que, apesar da dificuldade do Fulano, ele um dia há de vencer. Como é que eu venci? Eu venci porque muita gente me escutou, me ensinou e teve paciência comigo.

Como vou vencer a incredulidade da Fulana? Escutando-a muitas vezes, falando com ela muitas vezes. Basta que olhemos para nós quando chegamos a Casa Espírita. Falando a mesma coisa quinhentas mil vezes, as pessoas com infinita paciência. Quando chega na hora da Fulana eu vou cortar o assunto e dizer que ela não vai vencer. Isso é uma forma de incredulidade. Precisamos desenvolver essa certeza dentro de nós, de que as pessoas são factíveis de se melhorarem. E eu não posso desistir desse projeto, de ajudar ao próximo. Claro que eu não vou ter impaciência, mas tenho que desenvolver dentro de mim mesmo, isso é uma luta interna, porque ninguém sabe quando eu estou impaciente ou não. Somente nós iremos saber se estamos vencendo ou não.

Podemos olhar para o Fulano e dizer que ele está com cara de impaciente. Ele pode estar com cara de impaciente e ter toda a paciência do mundo. Eu não posso advinhar. Eu posso até dizer que o Fulano está com a cara de quem está saturado, mas eu acredito que ele vai lutar. Essa fidelidade que ele estará demonstrando, em ouvir repetidamente, isso é uma forma de fidelidade a Deus. Porque ele está sabendo que alguém está olhando para ele, alguém está apostando que ele vai ajudar ao próximo. ele tem que ter a certeza de que está trabalhando em função de alguém acreditar nele É Deus que acredita nele, são os guias espirituais que acreditam nele. Isso quem vai desenvolver sou eu mesmo. É o exercício que está em O Livro dos Espíritos: a cada noite fazer um exercício. O que eu fiz? Não é pensar nos erros, não, é pensar nas impaciências. Está de bom tamanho.

Esse trecho da mensagem é um alerta para os médiuns: “...Guardai-vos, sobretudo, de violar a opinião, mesmo por palavras, ou por demonstrações

públicas. Quanto mais modestos fordes, tanto mais conseguireis tornar-vos apreciados. Nenhum móvel pessoal vos faça agir e encontrareis nas vossas consciências uma força de atração que só o bem proporciona.”

Por ordem de Deus, os Espíritos trabalham pelo progresso de todos, sem exceção. Fazei o mesmo, vós outros, espíritas.”

Ele deixa bem claro, nós espíritas vamos fazer o mesmo. Olha a fidelidade. Quando eu falo, a minha palestra ou qualquer assunto que aborde, um simples comentário,

se reveste de uma força que está acima de mim. Estou trabalhando por amor a Deus, em nome de

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 97 Deus e pelo progresso de todos. Então, minha palestra já não é mais uma exposição de boas palavras, de palavras bonitas de exaltação. É uma palavra voltada para o progresso de todos.

VIII “Vou falar-vos da firmeza que deveis possuir nos vossos trabalhos espíritas. Uma citação sobre este

ponto já vos foi feita. Aconselho-vos que a estudeis de coração e que lhe apliqueis o espírito a vós mesmos, porquanto, como São Paulo, sereis perseguidos, não em carne e em osso, mas em espírito. Os incrédulos, os fariseus da época vos hão de vituperar e escarnecer. Nada temais: será uma prova que vos fortalecerá, se a souberdes entregar a Deus e mais tarde vereis coroados de êxito os vossos esforços. Será para vós um grande triunfo no dia da eternidade, sem esquecer que, neste mundo, já é um consolo, para os que hão perdido parentes e amigos. Saber que estes são ditosos, que se podem comunicar com eles é uma felicidade. Caminhai, pois, para a frente; cumpri a missão que Deus vos dá e ela será contada no dia em que comparecerdes ante o Onipotente.”

Channing.

Nós começamos a pensar que o espírita pensa que o seu testemunho é público. Não é. Não é todo espírita que tem que dar testemunho público não. Espírita dá testemunho no dia-a-dia. É na perturbação que vai atrás da gente quando se faz uma sessão de desobsessão. É a perturbação que sai com a gente quando se faz assistência fraterna, quando se faz palestra. É a perturbação que acompanha a gente com os pensamentos da pessoas Por exemplo, na Mallet, os que esperam de nós a resolução dos seus problemas materiais. Essas pessoas se voltam contra nós, porque não fomos capazes de resolver seus problemas. É difícil dizer às pessoas que estamos ajudando-as e não solucionando seus problemas.

Problema de educação familiar: problema de evangelização é no lar, a Casa Espírita complementa, quem tem que botar o filho para estudar Evangelho em casa é o pai e a mãe, não é o centro espírita. É como se nós adultos disséssemos para o doutrinador: “Você não me convenceu”. O doutrinador não tem que convencer ninguém, tem que apresentar o raciocínio dele, e cada um que trabalhe seu raciocínio internamente e se transforme.

Seria uma tolice de nossa parte acharmos que estamos aqui para resolver o problema dos outros. Estamos aqui para raciocinar e fazer com que as pessoas pensem. Esse é o nosso papel. A solução dos problemas dos outros virá com a sua própria transformação, com seu anjo guardião.

Vamos nos dar por muito satisfeitos por tornar claros os assuntos paras as pessoas, por darmos um passe, por aliviarmos uma dor, por retirarmos um espírito obsessor de junto de alguém. Já está de bom tamanho para nossa alma. Esforçarmo-nos sempre, mas não fazer nada além do que nossas forças dão. Não achar que estamos fazendo tudo, sempre achar que temos que melhorar alguma coisa.

Então, quando ele diz aqui: “...sereis perseguidos, não em carne e em osso, mas em espírito...” São os pensamentos contrários a nós, descontentes com as nossas atuações, em qualquer que seja o campo. São os pensamentos de luta. São os pensamentos que se revoltam contra o nosso proceder.

Isso não traz um problema grave, mas traz um problema contínuo. Se vocês prestarem atenção no sono de vocês, vocês irão ver sonhos em torno de assuntos correlatos com as atividades, de problemas com a Casa Espírita. Esqueçam os nomes das pessoas. A lição é que você está trabalhando e se você está trabalhando no plano espiritual é porque, ou você não está fazendo o suficiente na matéria, ainda tem que trabalhar no plano espiritual, ou então, você está tão bom que pode trabalhar na matéria e no plano espiritual.

Vocês vão ver que isso tudo faz parte dessa perseguição que Channing comenta. A gente não consegue sair dessa faixa de trabalho, porque é nessa faixa de trabalho que está se candidatando.

Outra coisa interessante que Channing diz para nós: “... Nada temais: será uma prova que vos fortalecerá, se a souberdes entregar a Deus e mais tarde vereis coroados de êxito os vossos esforços...”

O que é entregar a prova a Deus? Confiar e dizer a Deus: “estou sendo um instrumento desse negócio todo. O negócio é contigo, só me dá força para não ficar perdido”. Passar para Deus os

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98 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL problemas. Não é fugir dos nossos problemas não. Na realidade essa prova é contra a fé, não é contra mim.

“...Será para vós um grande triunfo no dia da eternidade, sem esquecer que, neste mundo, já é um consolo, para os que hão perdido parentes e amigos. Saber que estes são ditosos, que se podem comunicar com eles é uma felicidade...”

Espírita tem que crer na comunicação. Não fique julgando a comunicação dos outros não. A gente lembra que a Doutrina Espírita é quase igual a muitas religiões, ela difere

justamente em quê? Todas as religiões acreditam em Deus, todas elas acreditam no espírito, algumas acreditam na reencarnação, mas só a Doutrina Espírita acredita na comunicação dos espíritos.

Ele termina falando em Deus: “...Caminhai, pois, para a frente; cumpri a missão que Deus vos dá e ela será contada no dia em

que comparecerdes ante o Onipotente.”

Há uma mensagem de um espírito familiar: IV

“Se Deus envia os Espíritos a instruir os homens, é para que estes se esclareçam sobre seus deveres, é para lhes mostrarem o caminho por onde poderão abreviar suas provas e, conseguintemente apressar o seu progresso. Ora, do mesmo modo que o fruto chega à madureza, também o homem chegará à perfeição. Porém, de par com Espíritos bons, que desejam o vosso bem, há igualmente os Espíritos imperfeitos, que desejam o vosso mal. Ao passo que uns vos impelem para a frente, outros vos puxam para trás. A saber distingui-los é que deve aplicar-se toda a vossa atenção. E fácil o meio: trata-se unicamente de compreenderdes que o que vem de um Espírito bom não pode prejudicar a quem quer que seja e que tudo o que seja mal só de um mau Espírito pode provir. Se não escutardes os sábios conselhos dos Espíritos que vos querem bem, se vos ofenderdes pelas verdades, que eles vos digam, evidente é que são maus os Espíritos que vos inspiram. Só o orgulho pode impedir que vos vejais quais realmente sois. Mas, se vós mesmos não o vedes, outros o vêem por vós. De sorte que, então, sois censurados pelos homens, que de vós se riem por detrás, e pelos Espíritos.”

Um Espírito Familiar. Luiz em 1999 deu uma mensagem:

Homem, Construtor de Si Mesmo

Homem, tu que caminhas neste mundo, confiante nas tuas forças e acreditando-te invulnerável a todo mal, a toda causa de perturbações e de dissabores, pára e pensa: temos um destino a cumprir. Nossos pensamentos, palavras e atos têm a repercussão compatível com a força que emitimos ao agir. Caminharás na direção do que fazes e do que pensas. Os pensamentos gerarão, em torno de ti, idéias, quadros que se materialização, a pouco e pouco, até que fiques dominado por esses mesmos ideais.

Homens de bem elaboram seu futuro, planejando idéias formosas e construtivas. Homens voltados para o mal, ainda que temporariamente, fazem de seus atos mentais verdadeiras e

horrendas paixões que os consomem. • Assim, cuida de tua vida mental: • Não fales daquilo que ignoras; • Não digas mal de ninguém; • Evita confrontos desnecessários, por infantis; • Não repitas afirmações alheias, antes de te assegurares de sua veracidade; • Pensa no futuro que constróis, pouco a pouco, com os teus atos e tuas palavras; • Repete, incessantemente, a palavra do apóstolo que nos manda pensar no próximo antes de

afirmarmos nossa fidelidade a Deus (1Jo., 4:20); • Jamais assumas compromisso de que não darás conta no tempo necessário; • Coopera com Deus assegurando bondade, realização e forte determinação naquilo que te cabe

na obra do bem; • Sê bom, ao mesmo tempo que lúcido: repara no mar tranqüilo, que demonstra poder, ao mesmo

tempo que calma; • Jamais entraves a vida de ninguém; • Segue sempre em frente, não olhando para trás, para as obras mortas.

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 99

Assevero-te que o teu destino não é joguete de espíritos levianos e maus: ele é construção diária de ti mesmo.

Jamais te excedas! E, olhando sempre para frente, em busca de tuas realizações, toma como modelo a Jesus e a um daqueles grandes instrutores que a humanidade conheceu, e segue adiante, modelando, a cada dia, a tua própria imagem de espírito que caminha buscando Deus, criando seu próprio destino, belo, forte, sempre promissor, mas, acima de tudo, devotado construtor de si mesmo!

Luís

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 24/02/1999.) Pergunta: Quando Ignácio Bittencourt fala que marca o corpo mental, é como se fosse um aviso? Resposta: É um sinal que você teve aquela queda. Aquilo vai estar sempre chamando atenção. Na hora do testemunho vou ver que isso ainda não está resolvido dentro de mim.

Pergunta: Virá como forma de reparação ou expiação como doença ou não? Resposta: De uma forma ou de outra.

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100 15º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL

Jesus – A Terapia do Amor como Fonte de Progresso Aula dada por Teresa Rodrigues em 16/09/2004

Estamos fechando todas as idéias que desenvolvemos ao longo de toda programação. Nesse

desenvolvimento de idéias procuramos responder às 3 perguntas que norteiam o encontro: ♦ Por que ficamos doentes? ♦ Como vamos nos curar? ♦ O que fazer para não ficar doente?

De todas as nossas reuniões, embora muita coisa nós tenhamos conseguido levantar, nos parece que há duas coisas básicas, como lastro para todo o nosso trabalho:

♦ a necessidade do conhecimento de si mesmo; ♦ (re)avaliação do nosso sistema de crenças e valores.

Em todas as aulas que foram dadas, nós acabamos chegando a essa conclusão. Se não nos buscarmos conhecer e a partir daí fazer uma reforma geral em tudo aquilo que nós, até então, acreditamos, não vamos conseguir chegar muito mais longe, porque é o ponto básico, são as premissas básicas.

Ao longo desses estudos identificamos coisas que nos incomodam, nos fazem mal. Quando chegamos na aula da Regina fizemos praticamente, uma escala das coisas que realmente estão nos incomodando, das coisas que precisamos reformular e temos muita dificuldade para resolver.

A Regina nos falou da mágoa, irritação, medo, frustração e aquelas “leis” que se aplicam a todo o nosso relacionamento interpessoal. A lei do olho por olho, de Gérson, de propriedade, do não levo desaforo, de menor esforço, do mais forte, do salve-se quem puder. Ela enumerou isso tudo para nós e ficou uma marca, uma escala de situações que precisamos com urgência reformular.

Já que a nossa última pergunta é: O que fazer para não ficar doente?, temos que investir na profilaxia. Porque nós já trazemos as nossas doenças, de que estamos mal ou bem tentando nos livrar, através do alívio que conseguimos nos tratamentos, no trabalho e tudo mais, mas é preciso ter uma perspectiva maior, de não enfermar mais. É exatamente em cima disso que vamos trabalhar na noite de hoje. O roteiro para aquisição da saúde plena, para não mais ficar doente.

Também vimos ao longo do Encontro que há uma definição sobre doença e saúde, que é a definição da Organização Mundial de Saúde, que diz mais ou menos o seguinte: Saúde é o bem estar físico, mental e social, não meramente a ausência de doenças e enfermidades. Esse é o conceito internacional, e que bate perfeitamente com aquilo que estamos estudando e tentando colocar em prática. Porque o bem estar físico, mental e social é que nos dá a saúde. Nós podemos ter uma enfermidade, mas se estivermos lidando bem com essa situação física, mental e emocional conseguiremos de alguma maneira, nos estruturarmos.

Então, para adquirirmos o bem estar físico, mental e social precisamos nos balizar em alguma coisa e até hoje não tivemos roteiro melhor e mais completo do que o roteiro trazido pelo Cristo, principalmente através do Sermão da Montanha, que é considerado por praticamente todos os religiosos, de qualquer corrente, como uma carta magna dos direitos humanos. Ghandi já dizia que se se perdesse tudo o que o Cristo ensinou, mas ficasse o texto do Sermão da Montanha, o Cristianismo não precisaria mais nada. Porque, realmente, ali está a Ética do Amor. O que é a Ética? Regra de bem proceder. O Cristo deixou isso muito bem ensinado, muito bem vivenciado, muito bem explicado, porque ele mostrou exatamente como fazer.

Por que ele fez isso? Por que ele se identificou e vivenciou? Porque ele mesmo nos disse que era através dele que íamos encontrar o caminho.

A passagem que está em João, 14:6 que é traduzida como: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” Na realidade não é assim. “Eu sou o caminho da verdade e da vida.” É o caminho para. Foi isso que Jesus disse. Ele se colocou, para que pudéssemos segui-lo, para que pudéssemos fazer aquilo que ele veio nos ensinar.

Essa proposta de mudança, de aferição de valores, de reavaliar tudo, Jesus começa nos dando no Sermão da Montanha. Quando ele nos dá todas as regras de convivência. Nós vimos ao

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 101 longo dos nossos estudos que o nosso maior problema é conviver. As nossas doenças começam todas nos nossos relacionamentos. O mau relacionamento é que acaba nos deixando alguma coisa mal resolvida e aí nós vamos arrastando isso e vai se transformando em doenças e em problemas na nossa vida.

Ao longo do Sermão ele nos falou de: Humildade, resignação, não violência, perdão, caridade, justiça, desapego, trabalho, progresso, julgamentos. Essas as que se aplicam basicamente, ao relacionamento interpessoal.

Há uma seqüência no Sermão da Montanha que nos parece extremamente interessante, em que Jesus começa dizendo assim: “ouvistes o que foi dito aos antigos... eu porém vos digo”. Havia toda uma norma, digamos assim, que tinha sido dita aos antigos, normas de proceder e se relacionar. Ou ele acrescenta, ou reformula.

O “ouvistes o que foi dito aos antigos... eu porém vos digo aquele que se ira contra seu irmão...”. É aquele do não matarás. Então, Jesus começou a colocar uma coisa que é, aparentemente, muito simples, você se aborrece, se irrita com alguém, mas é tão grave quanto o “não matarás”, porque matamos uma pessoa com uma palavra. Ele colocou que era mais do que o não matar, era não se irritar, era não ofender ao seu irmão.

No segundo ele nos fala do adultério, que também é por pensamentos. Não era só adulterar com a mulher do próximo, que era o que tinha sido dito aos antigos. “Eu porém vos digo, aquele que em pensamento...” Ou seja, a ação dos nossos pensamentos em cima das nossas atitudes. No que pensamos alguma coisa, já está plasmado. O adulterar não é só a questão do sexo não, qualquer coisa que se adultere, que se altere, é adultério, é muito mais amplo que o adultério homem-mulher.

No terceiro item do “ouviste o que foi dito...” Jesus se refere a uma Lei dada por Moisés, que era quando o marido não queria mais a mulher, mandava embora e dava uma carta de repúdio. Normalmente a mulher ia para a prostituição, porque era repudiada. Era um desrespeito. Jesus, como em “n” passagens da sua vida, resgatou o papel da mulher. Aqui ele utilizou o “ouviste o que foi dito...” para dizer que a mulher ao ser liberada pelo divórcio, merecia respeito e consideração. Ela não podia simplesmente, levar uma carta e cair na vida sem eira nem beira. Parece específico de um tipo de ser da Humanidade, mas que tem uma importância muito maior, dado o papel que a mulher tinha. A partir de Jesus o papel da mulher foi outro. A gente pode não parar para prestar atenção nisso, mas foi muito diferente a reabilitação moral da mulher que Jesus trouxe através dos seus ensinamentos.

O outro “ouviste o que foi dito...” é em relação aos juramentos: “Seja o vosso falar sim, sim, não, não.” É preciso haver coerência.

O outro “ouviste o que foi dito...” é o “Olho por olho”, que ele diz que não devemos revidar. “Olho por olho, dente por dente disseram aos antigos. Eu porém vos digo que é para não revidar, que é para caminhar mais mil passos, é entregar a túnica, é dar a outra face.” É a essência da desculpa, do perdão em relação ao próximo.

Essas regras de bem proceder que ele deixou no Sermão da Montanha, englobando este item que foi ressaltado, é exatamente a prática do dia-a-dia do amor em relação ao próximo. Se formos analisar vamos aplicar isso todos os dias.

Que amor é esse que temos que exercitar todos os dias? Fomos em Léon Denis e tiramos um fragmento: “O amor como comumente se entende na Terra, é um sentimento, um impulso do ser, que o leva

para outro ser com desejo de unir-se a ele... Mas, na realidade, o amor reveste formas infinitas, desde as mais vulgares até as mais sublimes... Princípio de vida universal, proporciona à alma, em suas manifestações mais elevadas e puras, a intensidade de radiação que aquece e vivifica tudo em roda de si; é por ele que ela se sente estreitamente ligada ao Poder Divino, foco ardente de toda a vida, de todo o amor...”

(O Problema do Ser, do Destino e da Dor – cap. XXV – pág. 363 – Léon Denis – Ed. F.E.B.)

Nós vemos isso no nosso passado histórico e vemos isso nos dias de hoje. O amor serve para as coisas mais vulgares, como serve para ser utilizado como palavra para as coisas mais sublimes e mais dignificantes para o ser humano. É pelo amor que nos ligamos ao Criador.

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Segundo Denis ainda: o amor para o homem, ainda é alicerçado no egoísmo, uma necessidade doentia conduzida pelo interesse e pela ambição. Interesse de qualquer tipo, nem que seja na beleza física do outro. No que o outro possa nos oferecer, nas vantagens que o outro possa nos dá. O amor que está no Evangelho do Cristo é uma necessidade evolutiva.

Nós vemos como há uma gritante diferença entre essas duas conceituações de amor. Um é egoístico, é interesse puramente material e o outro é uma necessidade nossa, evolutiva. Além de ser uma necessidade evolutiva, ele acrescenta que é uma responsabilidade pelo outro e de interesse social, porque propicia a solidariedade. Porque estamos vendo a crise social, a violência porque falta amor e interesse pelo próximo, não precisa ser nem um grande sentimento. A injustiça social que está aí, o desequilíbrio social que está aí, é exatamente falta de solidariedade e fraternidade, que é falta de amor.

Nós fomos ao Evangelho e colocamos para nosso estudo o item 8, onde se fala do amor.

A Lei de Amor 8. O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por

excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! Ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra - amor, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.

O Espiritismo a seu turno vem pronunciar uma segunda palavra do alfabeto divino. Estai atentos, pois que essa palavra ergue a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando da morte, revela às criaturas deslumbradas o seu patrimônio intelectual. Já não é ao suplício que ela conduz o homem: condu-lo à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito e o Espírito tem hoje que resgatar da matéria o homem.

Disse eu que em seus começos o homem só instintos possuía. Mais próximo, portanto, ainda se acha do ponto de partida, do que da meta, aquele em quem predominam os instintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes últimos, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se conservam escravizados aos instintos. O Espírito precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjeará muito mais do que bens terrenos: a elevação gloriosa. E então que, compreendendo a lei de amor que liga todos os seres, buscareis nela os gozos suavíssimos da alma, prelúdios das alegrias celestes. - Lázaro. (Paris, 1862.)

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. XI – item 8 – Allan Kardec – Ed. F.E.B. – nosso grifo) Por isso estamos falando da terapia de amor de Jesus. A Doutrina de Jesus é toda amor.

Então, para falar de amor, tem a Doutrina do Cristo. O homem quando instruído, não o saber intelectual, mas instruído moralmente, ele tem

sentimentos. Essa é a gradação do amor. Nós ainda temos as nossas escorregadelas para aquele amor instintivo e como temos os lampejos daquele amor depurado, daquele amor que é feito de sentimento, nessa escala de três valores.

Qual é o mandamento maior? É aquele que Jesus nos deixou: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo.

O Grande Mandamento – (Mt. 34 a 40; Mc. 12:28 a 34) 34 Entretanto os fariseus, sabendo que ele fizera calar os saduceus, reuniram-se em conselho. 35 E um deles, intérprete da lei, experimentando-o, lhe perguntou: 36 Mestre, qual é o grande mandamento na lei?

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37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.

38 Este é o grande e primeiro mandamento. 39 O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 40 Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.

(A Bíblia Sagrada – Tradução: João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil)

Aí começam as nossas dificuldades. Nós até dizemos que amamos a Deus. Mas amar ao próximo como a nós mesmos... Nós vivemos uma época em que se está valorizando muito o amor a si mesmo. Está ficando um pouco desmedido, porque esse amor a si mesmo, começa a ficar uma coisa só de: para mim, para mim, de me auto-valorizar e precisamos ter cuidado com isso. Precisamos nos amar, porque se não nos amarmos, não amaremos apropriadamente ao nosso semelhante. É preciso tomar cuidado com essa auto-valorização.

Temos ainda Denis nos dizendo que o amor é a marca da nossa evolução, medida do progresso alcançado.

É pela análise de como está a nossa trajetória na lição do amor, que nós mesmos vamos verificar a quantas anda o nosso processo evolutivo.

Ainda no capítulo XXV, página 367, Denis diz: “Todo o poder da alma resume-se em três palavras: Querer, saber, Amar! (...) Acima, porém,

de tudo, é preciso amar, porque sem o amor, a vontade e a ciência seriam incompletas e muitas vezes estéreis (...) O amor depura a inteligência, põe à larga o coração e é pela soma de amor acumulada em nós que podemos avaliar o caminho que temos andado para Deus.”

(O Problema do Ser, do Destino e da Dor – cap. XXV – pág. 367/368 – Léon Denis – Ed. F.E.B.)

Todo mundo conhece esse fragmento, que é um dos mais importantes de O Problema do Ser, do Destino e da Dor, sem desmerecer nenhum outro.

Já conseguimos entrar no processo de amar o nosso próximo? De, nas nossas relações interpessoais, conseguirmos superar as mágoas, irritações e todos esses desafios que temos visto ao longo do Encontro, para medir o quanto caminhamos? Claro que não caminhamos tanto quanto gostaríamos, mas alguns passos, pelo menos, é preciso verificar se conseguimos dar.

Intervenção: Há pouco tempo em uma palestra, foi falado uma coisa interessante que eu não tinha ouvido. Quando fala amar os inimigos, ele colocou que a palavra amor, na época de Jesus, era uma palavra que significava não só esse amor que você está colocando. Nesse caso, provavelmente, Jesus quando falou amar os inimigos, compreender o inimigo. Eu achei interessante porque alivia um pouco, porque a gente vive um tormento. Ter esse amor pelo inimigo. Porque é físico, é uma repulsa. É interessante porque alarga a visão.

Exatamente, porque não adianta a gente querer esse amor total, porque ainda não é possível. Jesus podia amar aqueles que o atacaram e se tornaram seus inimigos, mas para nós o compreender é um grande passo.

Nós tiramos da vivência de Jesus, dos seus exemplos, porque é esse lado prático, que é a terapia que temos que procurar seguir, fazer a profilaxia para não ficar doentes. Tiramos algumas situações de Jesus no seu meio familiar, social e na convivência interpessoal.

Meio familiar de Jesus – Ele teve três anos de apostolado, até então, ele esteve junto aos seus. Em um determinado momento quando é iniciado o ministério, Jesus está numa casa lecionando e chegam sua mãe e seus irmãos, e segundo o texto evangélico, para leva-lo dali, porque consideravam que ele havia perdido o espírito, que ele estava um tanto quanto tumultuado, ou louco até, como traduzem alguns. Então, temos a incompreensão, naquele momento, da família consangüínea. Jesus amava sua família isso é indiscutível. No entanto ele disse: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” (Mateus 12:46 a 50)

A família de Jesus – (Mt 12:46 a 50; Mc 4:1–9; Lc 8:4–8) 46 Falava ainda Jesus ao povo, e eis que sua mãe e seus irmãos estavam do lado de fora,

procurando falar-lhe. 47 E alguém lhe disse: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar-te.

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48 Porém ele respondeu ao que lhe trouxera o aviso: Quem é minha mãe e que são meus irmãos?

49 E, estendendo a mão para os discípulos disse: Eis minha mãe e meus irmãos. 50 Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã e mãe.

(A Bíblia Sagrada – Tradução: João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil) Nesse momento de Jesus no seu relacionamento familiar e que vamos trazer para questão

social, vemos o amor equilíbrio. Ele ensinou aos que estavam em volta, não rejeitando o amor que havia dado, mas nos mostrando que há momentos de escolha. Ele já havia cumprido seu papel junto à sua família. Seus irmãos não entendiam a lição do Mestre, mas ele tinha que seguir. Para nós, são as escolhas que precisamos ter, o equilíbrio para tomar decisões. Temos que ter o equilíbrio para saber como fazer, sem abandonar quem depende de nós, mas também não deixar para trás o compromisso.

Mais adiante Jesus diz que é preciso tomar o arado e não olhar para trás, para aquele rapaz que tinha muitos bens e primeiro queria dispor deles e depois voltar a Jesus. Jesus diz para ele: quem pegou no arado não dá mais para voltar para trás. É preciso saber analisar para encontrar o caminho equilibrado do amor, mas é preciso não olhar para trás, depois das decisões tomadas, dos compromissos assumidos, das escolhas que têm que ser feitas, ainda que nosso coração esteja abalado.

Um segundo item que nos mostra o amor equilibrado de Jesus e que temos que trazer para o nosso equilíbrio é a relação:

No meio social – Jesus cumpriu os compromissos todos que a época impunha, desde que não violentassem a sua consciência. Temos a questão do tributo a César (Mateus 22:15 a 22), era lei, gostando ou não tinha que ser pago. Quando ele é questionado, porque queriam que Jesus entrasse em contradição, ele diz: “A César o que é de César”. Temos que cumprir as leis e temos que acabar com a lei que a Regina nos lembrou, que é de dar um jeitinho para tudo. Estamos tão viciados nisso que até na casa espírita a gente dá jeitinho, arranja alguém para fazer um pedido, para passar pela fila.

Jesus cumpriu, porque aquilo não lhe violentava a consciência, a lei tinha que ser cumprida. O tributo a César não era uma coisa que se pudesse modificar.

A questão do tributo – (Mt 22:15 a 22; Mc 12:13 a 17; Lc 20:20 a 26) 15 Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como o surpreenderiam em alguma

palavra. 16 E enviaram-lhe discípulos, juntamente com os herodianos, para dizer-lhe: Mestre, sabemos

que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus, de acordo com a verdade, sem te importares com quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos homens.

17 Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar tributo a César, ou não? 18 Jesus, porém, conhecendo-lhes a malícia, respondeu: Por que me experimentais, hipócritas? 19 Mostrai-me a moeda do tributo. Trouxeram-lhe um denário. 20 E ele lhes perguntou: de quem é esta efígie e inscrição? 21 Responderam: De César. Então lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o

que é de Deus. 22 Ouvindo isto, se admiraram e, deixando-o, foram-se.

(A Bíblia Sagrada – Tradução: João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil)

A cura de um leproso – Lucas 5:14 14 Ordenou-lhe Jesus que a ninguém o dissesse, mas vai, disse mostra-te ao sacerdote e oferece

pela tua purificação segundo o que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo. (A Bíblia Sagrada – Tradução: João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil)

Como também, nas curas dos leprosos, ele mandava que fossem ao Templo. Normalmente, Jesus liberava a todos, até pedia que não falassem mais, mas o leproso tinha que ir ao Templo, porque ele não existia socialmente. Ao contrair a lepra, ele se transformava num morto vivo. Para que ele fosse reingresso na sociedade, ele tinha que ir ao Templo se apresentar ao sacerdote para ser

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 105 restituído à vida. Jesus cumpria exatamente, um preceito social. Era preciso que ele fosse lá se mostrar curado, e claro que ele iria dizer quem o tinha curado. No entanto, na cura aos sábados Jesus não atendeu à lei antiga. Ele curava aos sábados e quando os fariseus questionavam, ele perguntava: “E se o teu gado cair num buraco num dia de sábado, não vais lá pegar?” Dava a lição exata, porque era hipocrisia. Como lavar as mãos antes de se alimentar também era hipocrisia, porque lavavam as mãos, mas e o coração estava cheio do quê?

Então, cumprir as leis, amor equilíbrio e fugir dessas facilidades nas quais estamos tão viciados. Parar de usar a lei de Gérson, o jeitinho brasileiro, que é conhecido fora do Brasil. O que é vergonhoso para nós, em termos de nação, e moralmente então, é o nosso câncer, que precisa ser extirpado o quanto antes.

No relacionamento interpessoal – Quando Jesus responde ao doutor da lei na parábola do Bom Samaritano. Ele está mostrando naquele momento o amor sem discriminação.

O bom samaritano – Lucas 10:25 a 37 25 E eis que certo homem, intérprete da lei, se levantou com o intuito de pôr Jesus em provas, e

disse-lhe: mestre, que farei para herdar a vida eterna? 26 Então Jesus lhe perguntou: Que está escrito na lei? Como interpretas? 27 A isto ele respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma,

de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo. 28 Então Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto, e viverás. 29 Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo? 30 Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó, e veio a cair em

mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se deixando-o semimorto.

31 Casualmente descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, também passou de largo.

32 Semelhantemente um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo. 33 Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o compadeceu-se

dele. 34 E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre

o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. 35 No dia seguinte tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste

homem e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar. 36 Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores? 37 Respondeu-lhe o intérprete da lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então lhe disse:

Vai, e procede tu de igual modo. (A Bíblia Sagrada – Tradução: João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil)

A mulher siro-fenícia, que também está no Evangelho, é a estrangeira. Ela vai pedir ajuda a

Jesus, e ela com sua fé insiste e ele acaba cedendo. Mas o diálogo que se passa entre os dois, é Jesus vendo até onde ia a certeza daquela mulher, que era estrangeira, não tinha as mesmas crenças, mas acreditava que ele podia ajudá-la, que ele podia lhe fazer algum bem. E não discriminou a ninguém. Como não discriminou aos doentes que eram discriminados pela sociedade, às mulheres e aos homens considerados de má vida. Esse é o amor sem discriminação.

A mulher siro-fenícia – (Mc 7:24 a 30; Mt 15:21 a 28) 24 Levantando-se, partiu dali para as terras de Tiro. Tendo entrado numa casa, queria que

ninguém o soubesse, no entanto não pôde ocultar-se. 25 porque uma mulher, cuja filhinha estava possessa de espírito imundo, tendo ouvido a

respeito dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés. 26 esta mulher era grega, de origem siro-fenícia, e rogava-lhe que expelisse de sua filha o

demônio. 27 Mas Jesus lhe disse: Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não é bom tomar o pão

dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.

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28 Ela, porém, lhe respondeu: Sim, Senhor; mas os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças.

29 Então lhe disse: Por causa desta palavra, podes ir; o demônio já saiu de tua filha. 30 Voltando ela para casa, achou a menina atirada sobre a cama, pois o demônio a deixara.

(A Bíblia Sagrada – Tradução: João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil)

E nós, quais são as principais discriminações que ainda fazemos quando encontramos alguém na nossa vida? Entra no ônibus o sujeito mal vestido, achamos que é o assaltante. O menino que vende bala é sempre o “pivete”. Nas doenças, apesar de muita informação, nós sabemos o quanto o portador do vírus da AIDS ainda é discriminado. Como era o câncer até algum tempo atrás, não se falava o nome. “Aquela doença”. Não se ia na casa da pessoa, porque tinha “aquela doença”. Nós ainda utilizamos muito essa discriminação pelas aparências das pessoas que estão a nossa volta.

Uma outra situação de amor, amor misericórdia, que Jesus distribuiu e muito. Misericórdia no dicionário é indulgência, compaixão da miséria alheia. É verificar o erro do outro, sentir que ele está em erro e ser capaz de entender que ainda é a situação daquela criatura. São aquelas pessoas que vivem no erro, querem sair do erro, mas falta força para isso. Jesus com Madalena, quando ele a despede diz: “Vai em paz”, ou seja, está liberando Madalena do complexo de culpa. Dali para frente ela seria uma nova mulher, como realmente foi. Foi talvez a figura do Evangelho que deu a maior virada, porque mudou totalmente. Ela foi liberada da culpa por essas palavras tão simples. Desse amor que foi misericordioso, percebendo que ela era infeliz nos seus erros, que ela até então tinha sido fraca e não tinha conseguido se libertar, mas a partir daí ela tinha uma proposta de vida diferente.

Temos também Zaqueu, o coletor de impostos, “gente de má vida”, porque representava o Império. Jesus vai à casa dele. Ele naquele momento se reformula, diz que vai devolver se prejudicou a alguém. Olha a virada também. A misericórdia do entendimento de Jesus que o mandou descer, já que ele era tão pequeno, e fez esforço para ver Jesus. Jesus vai à casa dele, oferecendo a oportunidade da modificação. E ele aproveitou em termos imediatos.

Zaqueu, o publicano – Lucas 19: 2 a 9 2 Eis que um homem chamado Zaqueu, maioral dos publicanos, e rico, 3 procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, por ser ele de pequena

estatura. 4 Então correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque por ali havia de passar. 5 Quando Jesus chegou aquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: Zaqueu, desce depressa,

pois me convém ficar hoje em tua casa. 6 Ele desceu a toda a pressa e o recebeu com alegria. 7 Todos os que viram isto murmuravam, dizendo que ele se hospedara com homem pecador. 8 Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade

dos meus bens; e se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais. 9 Então Jesus lhe disse: Hoje houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de

Abraão. (A Bíblia Sagrada – Tradução: João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil)

Temos também a adúltera a quem Jesus diz: “Vai e não peques mais.” Ele a dispensa, mas

sabendo das suas dificuldades íntimas, ele faz a advertência. É a misericórdia. É o conhecimento da alma humana e a demonstração daquele amor que compreende e é misericordioso, entendendo a falta do outro.

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 107

A mulher adúltera – João 8:3 a 11 3 Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e,

fazendo-a ficar de pé no meio de todos, 4 disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. 5 E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? 6 isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na

terra com o dedo. 7 como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver

sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra. 8 E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. 9 Mas ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, forma-se retirando um

por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava. 10 Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher,

onde estão aqueles teus acusadores? ninguém te condenou? 11 Respondeu ela: Ninguém, Senhor. Então lhe disse Jesus: Nem eu tão pouco te condeno; vai,

e não peques mais. (A Bíblia Sagrada – Tradução: João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil)

Palavras que Jesus diz também ao paralítico da piscina de Betesda. É o conhecimento das

faltas e a oportunidade que dá se ao outro. Precisamos também aprender a dar ao nosso próximo.

A cura de um paralítico – João 5:14 14 Mais tarde Jesus o encontrou no templo lhe disse: Olha que já estás curado; não peques

mais, para que não te suceda coisa pior. (A Bíblia Sagrada – Tradução: João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil)

Temos ainda o amor disciplina que Jesus exemplificou da maneira mais fundamental. Os maiores exemplos que temos nos relacionamentos de Jesus no Evangelho, são a disciplina do outro. Os fariseus são o melhor exemplo. Sempre disciplinou os fariseus, doutores da lei. E a forma que Jesus tem para colocar esse amor disciplinador é muito interessante. Quando o opositor vem questiona-lo, ele devolve a pergunta de uma outra maneira, para que ele se descubra um mentiroso e farsante. Ele nunca diz você é hipócrita, mentiroso, farsante. É o que nós precisamos exercitar diante daquelas pessoas que se nos opõem sistematicamente. Não é entrar em choque, conflito, não vai adiantar. Mas é preciso que nós tenhamos essa firmeza de posições e não nos desviemos do caminho que já está trilhado. Quando houver o confronto do qual não pudermos fugir, fazer com que a pessoa se encontre, através de uma palavra equilibrada, de uma palavra disciplinadora.

E nesse amor que disciplina, não esqueçamos o nosso lar. Porque a falta de educação geral que está no mundo, conflitos gerados pela falta de educação, começa dentro das nossas próprias casas. Da liberdade que não sabemos dar. Da autoridade que não sabemos exercer. Estamos vendo os lares dessa maneira, porque os pais acham, muitas vezes, que têm que ceder a tudo, para compensar faltas, compromissos não assumidos, tem que dar tudo. E porque é moderno, consentir em tudo. É preciso que o amor que dispensamos a esses espíritos que estão na nossa família, que estão junto a nós para serem educados, como nós também estamos para sermos educados no convívio com eles, é preciso que haja o momento da disciplina. Se tiver que dizer que está errado, vai dizer que está errado. Se tiver que dizer não, vai dizer. Porque Jesus sempre disse na hora certa o não que tinha que dizer, o tal do “sim, sim, não, não”. É assim que vamos nos educar na família. Se formos educados na família, a sociedade também vai ser muito mais educada.

Temos o amor compaixão que Jesus exerceu em relação a todos que o seguiam, e está muito bem exemplificado, quando diante da multidão que o seguia, os evangelistas Mateus e Marcos dizem que ele “tomou-se de compaixão” (Mt. 14:14; Mc. 8:12)

No dicionário compaixão é uma tristeza que nos desperta a infelicidade do outro; é o sentimento da piedade. A gente vê que o outro está sofrendo, está infeliz.

Vemos os ricos, famosos, poderosos profundamente infelizes e, às vezes, criticamos. Vemos a miséria nas ruas, pessoas jogadas nas calçadas.

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É o sentimento da compaixão, porque eu não posso fazer nada, eu não posso tirá-lo de lá. Mas tenho o meu sentimento de compaixão, que pode chegar até ele e levar alguma coisa. As dores coletivas estão ficando tão banais. É terrível, é o retrato da vida que estamos vivendo.

E o amor incondicional de Jesus, que seria o resumo de todos esses conceitos de amor que colocamos aqui, é no Calvário quando ele diz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas, 23:34). É a esse amor que temos que chegar. Sem condições. Do perfeito entendimento.

Sempre o Amor! Uma terapia de amor fundada na reencarnação, por sua vez, a terapia de amor do Pai.

• “reconcilia-te enquanto estás a caminho com o adversário...” • “não peques mais, para que não te aconteça algo pior” • “ninguém poderá ver o reino de Deus, se não nascer de novo” Mas, esse amor que Jesus nos ensinou, está fundamentada na reencarnação. Para concluirmos, pegamos do livro Jesus e Atualidade de Joanna de Ângelis, páginas 74 e

75, o fragmento em que ela diz: “Se desejas a cura de teus males, deixa-te auscultar por este sublime terapeuta. Segue-lhe as instruções.”

Se desejamos a cura, deixarmos auscultar por Jesus e seguir suas instruções.

A parábola dos dois filhos – Mateus 21: 28 a 32 28 E que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Chegando-se ao primeiro disse: Filho, vai

hoje trabalhar na vinha. 29 Ele respondeu: Sim, senhor; porém não foi. 30 Dirigindo-se ao segundo, disse-lhe a mesma coisa. mas este respondeu: Não quero; depois,

arrependido, foi. 31 Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O segundo. Declarou-lhes Jesus: Em verdade

vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus. 32 Porque João veio a vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que

publicanos e meretrizes creram. Vós, porém, mesmo vendo isto não vos arrependestes, afinal, para acreditardes nele.

(A Bíblia Sagrada – Tradução: João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil)

A questão do parar, pensar, reformular os conceitos. Somos chamados ao trabalho, estamos na tarefa, estamos na Casa Espírita, nos dizemos espíritas, somos? Temos que pensar o que as nossas atitudes estão dizendo.

Auscultando o nosso coração, como diz Joanna, o que o Mestre vai ver? Nós fomos ao trabalho, temos fé, confiança, esperança, tudo coisas que foram faladas ao longo do nosso Encontro. Somos fiéis ao roteiro de luz que foi colocado em nossas mãos? À fidelidade doutrinária, a fidelidade ao Cristo.

Estamos realmente mantendo uma luta íntima para nos reformularmos? Ou, o que Ele vai encontrar no nosso íntimo? A hipocrisia, a dúvida, a inconstância, o mundanismo, a nossa voz abafada pelos gritos do mundo. O que Ele vai encontrar? Qual a nossa posição diante do chamado ao trabalho? Estamos no trabalho, ou estamos fingindo que estamos no trabalho? Temos dúvidas ainda? Não estamos fazendo o trabalho que temos que fazer?

Ou: “Agora, não, senhor, eu não vou agora não, não tenho condições”. Depois vou parar e pensar: “Acho que preciso ir, devo ir.” Eu vou com todos os meus defeitos, mas vou.

Essa passagem dos dois filhos é muito importante para esse processo de auto-conhecimento e reavaliação, como dissemos no início, que os nossos dois pontos fundamentais eram: o conhecimento de si mesmo e a reavaliação do nosso sistema de crenças e valores.

Na mensagem para o Encontro, Ignácio Bittencourt cita a passagem do cego Bartimeu.

A cura de do cego de Jericó – (Mc 10: 46 a 52; Mt 20: 29 a 34) 46 E foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e numerosa

multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho. 47 E, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão

de mim!

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48 E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim!

49 Parou Jesus e disse: Chamai-o chamaram então o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama.

50 lançando de si a capa, levantou-se de um salto, e foi ter com Jesus. 51 Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te faça? Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a

ver. 52 Então Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente tornou a ver, e seguia a Jesus

estrada fora. (A Bíblia Sagrada – Tradução: João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil)

A fé, a esperança, a certeza, porque sem ela não vamos caminhar. Essa situação de passar pelo que ele passou, ter a fé e perseverança de gritar, apesar de tudo

que disseram e conseguir obter aquilo que necessitava, que ele tinha a certeza que ia conseguir, a crença em si mesmo. E o Mestre sentiu isso e diz que a “fé o salvou”.

Nós que quantos benefícios já tivemos, quantas vezes buzinaram aos nossos ouvidos para que “não, não, não”, qual é o nosso papel? Qual é a nossa atitude? Qual é a nossa profilaxia, para não ficarmos mais doentes? Qual é o tratamento para as nossas dores.

Nos últimos parágrafos da mensagem de Ignácio temos: “Raros têm a atitude de Bartimeu, que, ouvindo a voz do amor, do desejo de ajudar que

Jesus demonstra por nós, respondeu claramente, sem titubeios aos apelos de Jesus, com o sentido absoluto da fé e do conhecimento da verdade: “Que eu veja”.

Se fizéssemos isso, por certo diríamos também: “Que eu tenha saúde.” E falando desse modo, tivéssemos a resolução de agir corretamente com o nosso organismo, pondo fim aos abusos, quaisquer que sejam estes, e para que tenhamos acesso ao processo orgânico sem máculas, mantido por gestos sadios de alimentar-se e viver. Nesse dia, poderemos dizer: “Tenho a saúde que possuo”.

Paz!” Ignácio Bittencourt

Voltamos ao conceito da Organização Mundial de Saúde, a saúde é o bem estar físico, mental, social, não necessariamente ausência de doenças, porque no mundo de expiação e provas em que estamos, o nosso organismo físico ainda está sujeito além do escoamento de tudo que trazemos do passado, às situações complicadas do nosso mundo, a ação da poluição sobre nós, o efeito estufa. Vamos sofrer de alguma forma a ação desse mundo que está em processo de expiação e provas, a caminho da regeneração, que vai nos trazer dificuldades orgânicas. Mas, “ eu posso ter a saúde que possuo”.

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ANEXOS Mensagem de Ignácio Bittencourt na véspera do Encontro

Mediunidade e Transformação Moral

“A faculdade mediúnica propriamente dita se radica no organismo; independe do moral. O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom ou mau, conforme as qualidades do médium”. (O Livro dos Médiuns, 226 – questão 1a).

Jesus, nosso Mestre e Senhor, esteja conosco, neste abençoado trabalho de estudos em torno

da mediunidade! Sempre útil, sempre necessário falarmos de mediunidade aos médiuns, de um modo geral,

aos diretores de Casas Espíritas, àqueles que compartilham da idéia em torno da mediunidade, enfim a todos aqueles que desejam estudar, aprender e praticar o caminho da comunicação mediúnica.

Nossa casa de estudos propõe-se a isso durante todo o ano, culminando amanhã o trabalho deste ano sobre Medicina Espiritual, com o estudo da mediunidade de cura e de todas as forças correlatas. E por que se faz assim? E por que o fazemos? Mais do que nunca deve-se entender que o homem utiliza por enquanto inconscientemente o seu magnetismo. Este deixa, às vezes, de ser uma força curadora, para ser uma força de agressividade tamanha, que aqueles que recebem os impactos dados pelas forças das trevas sentem-se mesmo acabrunhados, quando não abatidos.

Ora, o que a Doutrina Espírita está exatamente a fazer é mostrar a todos nós que essas forças existem e que elas fazem parte da natureza. Não se há que educar a força; há de se educar o homem que utiliza a força. Há de se mostrar a cada um deles que sem moral evangélica, sem equilíbrio, sem amor no coração, tais forças podem ser veículos que se contrapõem a tudo aquilo que se tenta fazer de bem em torno da humanidade.

Compreender o fenômeno estudando-o, é uma das fases laboriosas, interessantes do nosso Encontro. Mas que jamais nos esqueçamos de que sem a Doutrina Espírita, que nos traz a força do equilíbrio, a força do sentimento, nada faremos realmente de útil. Por isso, o Encontro sobre Medicina Espiritual é um dentre os muitos encontros em que objetivamos buscar os homens terrenos. Ou nos transformamos para Jesus ou não bastará conhecermos como conhecemos atualmente tanto de mediunidade, em tantas vertentes que a Doutrina, que os trabalhos espíritas nos dão.

O homem que conheça todas as forças que vão ser analisadas amanhã, mas que não se transforme, que não se torne bom, que não se torne mais equilibrado, nem mais justo, menos prepotente... de que lhe adiantara conhecer as coisas?

Assim, nosso apelo é para que todos venham estudar, mas venham buscar igualmente, de forma efetiva, o sentimento do amor que há de, afinal de contas, sustentar todos os seres num objetivo maior que é o da transformação.

Cultivemos o hábito de estudar, como a Casa no-lo oferece. Mas, intimamente, portas a dentro do nosso coração, façamos um esforço diário por sermos cristãos. Isto não é a Casa que dará a vocês; isto é projeto pessoal, portanto intransferível.

Que todos sintam a grandeza dos fenômenos, a grandeza do trabalho mediúnico, a grandeza de tudo o que ocorre no mundo! Mas que todos, dentro de seus corações, que são generosos — todos vocês são generosos — que todos façam um esforço muito grande por se tornarem menos prepotentes, vaidosos, intolerantes e mais amigos uns dos outros, com o comportamento realmente cristão.

Esse nosso apelo se dirige a todos indistintamente, a uns mais e a outros menos, mas a todos indistintamente.

Agora, alegremo-nos de coração, por termos estado aqui, buscando conhecer a Doutrina, uma vez que cá estão todos com o objetivo de aprender. Isto é motivo de alegria para os nossos corações e os corações de todos aqueles que se encarregam de dirigir a todos nesta casa e em outras casas também. Alegremos o nosso coração! Saiamos daqui contentes, felizes, de coração bastante satisfeito com as conquistas já feitas, com a misericórdia de Deus adentrando a nós, e que, sem

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15 º ENCONTRO ESPÍRITA DE MEDICINA ESPIRITUAL 111 exceção de ninguém, também venham ao estudo, porque certamente sairão vocês enriquecidos com tal conhecimento que será dado. A demanda de conhecer é muito grande e nós aqui estamos oferecendo estes conhecimentos.

Que Deus nos alegre o coração, dando-nos novas oportunidades de aprender! Que possamos todos nós, de coração feliz, prosseguir, hoje, amanhã e sempre, com a certeza absoluta de que Deus está presente junto a todos nós!

As Casas que vão participar desse encontro, seja amanhã, seja em outro dia, recebam também nosso abraço fraternal e nosso apoio incondicional para os serviços que vão ser realizados.

O abraço carinhoso, fraterno, do vosso irmão Ignácio Bittencourt.

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo Carissimi Pamphiro em 23/10/2004 no CELD, RJ.)

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1a vibração Graças a Deus! Terra... provações, desencantos, sofrimentos, tristezas, desesperanças... aí está o homem

cumprindo, com a lei de causa e efeito, a sua provação. Todos nós somos os espíritos que aqui estamos tentando, através do trabalho no bem,

realizar a nossa tarefa de auto-aprimoramento, e vibramos todas as vezes que nos encontramos com o propósito de reunir-nos, para falar das forças espirituais que descem sobre a Terra.

Muitas vezes, sequer dimensionamos com que força essas vibrações amorosas nos chegam, com que beleza deslizam através dos montes, através da atmosfera, dos ventos, dos mares e vão ao encontro do homem que sofre, dando-lhe a força necessária para ressurgir da vida de tropeços em que ele se encontra.

Assim, meus filhos, quando o homem se volta para o trabalho do bem, ele encontra junto de si todas essas vibrações prontas para chegar até ele. Muitas vezes, indiferente, preocupado com as coisas materiais, ele não percebe.

Hoje, nós estamos aqui, todos nós estamos vibrando com essas forças, e, agradecidos, nos esforçamos na medida do tempo, do espaço, renovando dentro de nós essas forças que estão nos beneficiando, para que possamos trazer os perdidos, os entristecidos, os desesperançados, para sorver daquilo que hoje ainda imperfeitamente nós sorvemos, que é a vibração espiritual, que é a força espiritual, que é a luz espiritual.

Sejamos agradecidos a Deus, a todos os instantes, por esta oportunidade. Estamos presentes no trabalho, e isso só serve de engrandecimento para o nosso espírito. Esforcemo-nos; demos de nós o melhor em favor daqueles que chegam, que, muitas vezes, atrás de um sorriso escondem verdadeiros sofrimentos.

Vocês estão, nós estamos nesse trabalho de medicina espiritual, que tem como fator importante a cura da alma, para que o espírito possa ressurgir das suas sombras e possa encontrar, finalmente, a luz, a paz, o equilíbrio e a felicidade.

Paz, meus filhos! João

(Mensagem psicofônica recebida pela médium Aparecida Monteiro, em 6/10/2004, no CELD, RJ).

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2a vibração Graças a Deus! O sentimento do homem é semelhante a uma bússola a guiar-lhe os passos para o caminho

do bem ou o caminho do mal. Jesus e os espíritos bons e amigos, conselheiros de todos nós, ficam à espera de que este sentimento possa sempre dirigir o homem no caminho do bem.

Quando o ser abraça o trabalho, ele sente que algo de novo surge dentro de si e como uma águia avança os espaços infinitos, à procura das maravilhas que os bons espíritos possam lhe enviar. O homem, então, medita e dessa meditação transforma-se em um espírito que busca não somente maior conhecimento, mas também maior trabalho, seja ele qual for, onde for e que ali esteja escrito: “O Cristo ampara, o Cristo vela, o Cristo espera.”

É desta forma que os espíritos que vêm para o Encontro — já mais ou menos instruídos através das revelações e orientações que lhes chegam pelas palestras e pelas orientações espirituais — vêm cheios de esperanças, buscando em cada um de vós, a sua realidade, uma realidade que ainda não conhecem, mas que lhes pertence.

Na medida em que vocês falam, na medida em que o sentimento de vocês vai ao encontro do sentimento dessas criaturas, um novo horizonte surge para elas, uma revelação se faz, uma realização diz como se sentem, como são.

E assim, na medida em que vocês vão dando a parte de vocês, vão também encontrando a parte deles e dentro desse conjunto, dessa congregação faz-se ali a luz. E quando a luz se faz, filhos, o que acontece? As esperanças renascem, a alegria permanece e o dom de buscar o Cristo através dos estudos, através dos encontros, através de estar dentro da Casa Espírita, vai fazendo-se mais presente dentro de seu coração e aí acontece o milagre, que não é outra coisa que a permanência do homem buscando dentro do bem o seu próprio caminho.

Falai, falai com o coração, com as palavras simples, mas com sinceridade, com fidelidade aos ensinamentos e tudo aquilo que cada um de vocês já sabe que existe e sabe como fazer. Por que isso? Porque sempre, sempre e sempre haverá pessoas que ainda não sabem como escutar, como apreender. Então, é necessário que sejamos simples, é necessário que sejamos humildes. É necessário que sintamos alegria naquilo que estamos fazendo, para que eles sintam esta alegria e possam vocês todos participar dessa maravilha que é o congraçamento dos sentimentos entre as criaturas.

Praza aos céus que haja um dia lindo, lindo de esperanças, lindo de novas expectativas, lindo de saber, lindo de amar e que Deus, presente, possa abençoar a todos vocês e a nós também pelo bom trabalho, pelo bom combate, pelo desejo sincero de servir, de amar, de progredir, de fazer luz!

Graças a Deus! Que assim seja! João

(Mensagem psicofônica recebida pela médium Aparecida Monteiro, em 13/10/2004, no CELD, RJ).

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3a vibração Paz, meus filhos! As portas do plano espiritual já se abriram e vêm ao encontro de todos aqueles que estão de

coração aberto para o grande trabalho de transformação, de informação às criaturas que buscam dentro da Casa Espírita a sua paz, o seu conhecimento, o seu fortalecimento para encontrar, através do conhecimento, o seu caminho de paz e de equilíbrio.

As mensagens já foram ditas a todos vocês, médiuns intuitivos do trabalho do bem. Os espíritos estão a postos, buscando em cada um o coração aberto, para que a simplicidade se instale e aí haja o encontro não do conhecer do mundo, mas sim do sentimento, buscando um outro sentimento, para que o conhecer possa ser exaltado, melhor compreendido, melhor direcionado junto a todos os encontristas, a todos nós e a todos aqueles que levam a mensagem do trabalho espiritual.

Corações abertos, filhos, humildade presente, boa vontade no servir, perseverança, resistência aos empecilhos! Acima de tudo, todo trabalho que é feito com Jesus deve ser alegria permanente junto das criaturas, para que haja um pouco mais de felicidade, de esperança no coração do homem. Vão, vão de coração aberto! Estendam as mãos, para que outras mãos possam encontrar em cada um de vocês o fortalecimento, a alegria no prazer de servir. Ajudem-se, façam a diferença para o melhor, sanando as dificuldades, porque o Encontro é do saber, mas é também da alegria e do aprendizado.

Que Deus permaneça com todos vocês e que nós possamos estar juntos, não somente nos encontros, mas sempre!

Paz, paz e luz no caminho de vocês! Jesus convosco, filhos! Graças a Deus!

João

(Mensagem psicofônica recebida pela médium Aparecida Monteiro, em 20/10/2004, no CELD, RJ.)

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O CASO DO MENINO DO REFRIGERANTE Todas as vezes que nos dispomos a falar sobre doentes, doenças; sobre as causas de tantas

dores que assolam pessoas, famílias, mesmo as dores coletivas que se abatem sobre lugares inteiros, devemos lembrar da reencarnação. Somente a lei de causa e efeito pode explicar, eficazmente, a causa primária de tantas dores e dificuldades que se abatem, aparentemente sem piedade sobre certas pessoas ou coletividades.

Em O Livro dos Espíritos, na questão 132, Kardec obtém como resposta à sua pergunta: qual o objetivo da encarnação dos espíritos a definição lapidar: Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Vemos por esta definição “chegar à perfeição” que reencarnar é um ato solene, estudado, atendendo a necessidades individuais e, em certos casos, a mudanças coletivas visando o progresso de uma sociedade, tal como vemos atualmente, com maior freqüência, em certas sociedades africanas.

Do ponto de vista do observador comum indaga-se como isto ocorre? Será que estas almas que vão passar por esta espécie de crisol tomam conhecimento do que

vai lhes ocorrer? Avaliam as dores que irão passar? Como será que se comportarão diante, por exemplo, dos novos familiares? Na pergunta 258 de O Livro dos Espíritos este questionamento é feito por Kardec e os espíritos condutores da codificação respondem: “Ele (o espírito) próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.”

Por esta definição “ele próprio escolhe o gênero de provas”. Temos a resposta a indagação tão comum à todos os que dizem: porque sofro? Não pedi ou não lembro-me de pedir tal provação! Pode-se não lembrar mas nada é feito à nossa revelia e tudo o que nos ocorre está de acordo com o que entendemos como sendo necessário ao nosso progresso.

Ignácio Bittencourt, em comunicação psicofônica no Léon Denis, em conversa amistosa com um grupo de companheiros que estudavam, à época, estas mesmas questões disse mais ou menos assim: quando o espírito supera os ascendentes causais, expele as energias desarmônicas para o perispírito, que as imprime no corpo orgânico, em fenômeno de drenagem que já é a cura. Esta eclosão de forças psíquicas negativas ocorre justamente quando o espírito já não suporta mais a carga pesada das vibrações pesadas que ainda se mantém no seu interior. Assim ao optar por esta ou aquela provação em realidade o espírito está como que alijando as fortes emoções que já não fazem mais parte de sua natureza.

Assim a maravilhosa Doutrina Espírita cumpre o seu papel esclarecedor do porque de tantas dores e de tantos sofrimentos caminha-se para a perfeição quando já se quer fazê-lo nem antes nem depois somente na hora certa e no momento ideal escolhido por nós mesmos.

Vejamos agora o interessante caso de uma provação terrena em que o espírito retorna, para novas experiências, quase que imediatamente, dando prosseguimento à sua escala evolutiva. Trata-se do caso que batizaremos como o caso do menino do refrigerante.

Aquela jovem mãe aproximou-se de mim após o final de uma sessão dos sábados à noite. Falava-nos, cheia de tristeza e estava acompanhada de uma outra senhora, mais amadurecida e que era sua mãezinha. Perdi meu filho com 3 anos de idade (idade aproximada) pois não me recordo mais com exatidão das datas. Ele morreu de forma extremamente inesperada e sem que pudéssemos fazer nada em seu socorro, falou-nos como que em um jato. Sua dor era realmente bem grande. Imagine o Senhor que Pedro (nome fictício) brincando dentro de casa, sem que o víssemos mexia em uma prateleira baixa em que estavam várias garrafas de refrigerantes, (garrafas de vidro, na época não haviam ainda as garrafas pet.) mexendo derrubou 2 garrafas e uma delas ao cair no chão como que explodiu e seu gargalo cravou-se de forma forte no pescoço de Pedrinho, cortando-lhe a jugular. Corremos para o hospital próximo com a rapidez possível mas ao chegarmos ao mesmo tivemos a dor e o sofrimento de ouvir do médico que nos atendeu: nada mais há o que fazer o corte foi bem profundo, a perda de sangue foi bem grande e sua vida está por um tênue fio, tal previsão ocorreu realmente, após algumas horas o pequeno Pedro despedia-se da vida terrena com anemia profunda decorrente da perda de sangue.

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A mãezinha profundamente desconsolada e chorosa disse-nos assim porque meu Pedrinho morreu tão cedo? A avozinha dizia em forma de consolo: já te disse que nada ocorre a revelia de Deus, chegou a hora de Pedrinho e por mais que isto seja doloroso para nós a verdade é que estava na hora dele partir. E continuou dizendo: tenho vindo às palestras públicas e tenho encontrado a solução para tantas questões que estavam em minha mente, obtive as respostas graças aos estudos e as explicações dadas pelos expositores não só nas palestras como também nas leituras doutrinárias espíritas. A avó de Pedrinho falava e a mãe do mesmo num misto de angústia e incredulidade ouvia.

Em meio a conversação, Dr. Hermann disse-me assim: diga a ela que não chore tanto, Pedrinho em breves semanas ou meses voltará de novo para os braços dela. Falei, dei o recado do bondoso guia de muitos de nós, disse exatamente à mãe desconsolada que orasse e que aguardasse. Ela olhou-me como que não entendendo muito bem o que eu lhe falava e despediu-se meio descrente, meio desapontada com a conversa e saiu acompanhada da sua mãe que a sustentava emocionalmente.

Passaram-se anos, talvez uns 4 ou 5 anos e perdi a todos de vista. Um dia, em meio a um estudo público, em que era a minha vez de explicar o tema da tarde aos ouvintes da reunião em que se estuda o livro O Céu e o Inferno, toquei no assunto da desencarnação do Pedrinho e falei que tinha perdido a todos de vista e que nem mesmo seria capaz mais de identificá-los. Após a palestra fui procurado por uma senhora que disse-me ser a avó do desencarnado e após as saudações e demonstrações de alegria por vê-la, a mesma disse-me que tudo ocorrera como dito pelo Dr. Hermann. A filha passados alguns meses engravidara e tinha tido um outro filho tão experto quanto o primeiro. Prometeu-me trazer o retrato de Pedrinho para que eu o conhecesse e trazer também Pedro reencarnado, em sua nova versão. Sorri ante a afirmativa algo espirituosa e aguardei. No dia aprazado ela trouxe-me os dois o retrato e o Pedro reencarnado. A surpresa correu por conta do fato de que ambos eram absolutamente iguais, parece que Pedrinho não tinha perdido a forma e reencarnou exatamente como era. Tamanha era a semelhança entre ele, na versão passada e na atual reencarnação, que pensou que o retrato que a avó trazia era dele na atual versão. Espantado com o fato de a avó ter trazido o retrato e mostrado a um “desconhecido” para ele, disse à avó em tom de recriminação: Vovó porque a senhora está mostrando o meu retrato para esta pessoa que eu não conheço? A avó sorriu, eu mesmo sorri — Pedro era tão parecido que na atual nova versão não achava nenhuma diferença entre o que foi e o que era à época.

Bendita reencarnação. Pedro voltara. Tudo na família se acalmara. A presença espiritual de Pedro mantinha todos

em paz. Novamente os perdi de vista. Espero que tenham se mantido sob as bênçãos de Jesus e

amparados pela Doutrina Espírita dando prosseguimento a jornada redentora desse espírito tão esforçado, que nem sequer quis esperar no mundo espiritual o tempo para um maior preparo. Reconheceu que precisava voltar logo. Afinal todos os esperavam para a continuidade da vida...

Altivo Carissimi Pamphiro