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c E E M E 14 o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL “O corpo reflete o que há no Espírito, sendo assim, o Espírito precisa ser curado primeiro. A Medicina Espiritual há de ser associada à Medicina Humana, em função de que uma vai cuidar do corpo e a outra do Espírito. A Medicina socorre o perispírito, mas também socorre o corpo, ela não se sobrepõe ao remédio, porque cada um age no seu campo; cada um tem a sua esfera de ação; cada um tem o seu momento.” Ignácio Bittencourt (Patrono do Encontro - 19/04/1862 - 18/02/1943) Reuniões de Estudo para o Encontro (Estudos realizados em 2003)

14 Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual

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c E E M E14o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

“O corpo reflete o que há no Espírito, sendo assim, o Espírito precisa ser curado primeiro.A Medicina Espiritual há de ser associada à Medicina Humana, em função de que uma vai

cuidar do corpo e a outra do Espírito. A Medicina socorre o perispírito, mas também socorre ocorpo, ela não se sobrepõe ao remédio, porque cada um age no seu campo; cada um tem a suaesfera de ação; cada um tem o seu momento.”

Ignácio Bittencourt (Patrono do Encontro - 19/04/1862 - 18/02/1943)

Reuniões de Estudopara o Encontro

(Estudos realizados em 2003)

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2 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

Índice

Aula dada por IARA CORDEIRO em 30/01/2003....................................... 3Aula dada por PAULO CURY em 27/03/2003........................................... 11Aula dada por MARIA RITA MATTOS em 29/05/2003 ............................ 19Primeira aula dada por AMÉRICO DOMINGOS em 27/06/2003.............. 28Segunda Aula dada por AMERICO DOMINGOS em 31/07/2003 ............. 37Lembrança Fraternal aos Enfermos – 19/07/2003...................................... 45Aula dada por MÁRCIA CORDEIRO em 09/08/2003 ............................... 65Aula dada por REGINA BASTOS em 14/08/2003 .................................... 76Aula dada por LUZIA MATHIAS em 16/08/2003 ..................................... 82Aula dada por NILCEA ROSA em 30/08/2003 ......................................... 93Aula dada por EULINA CASTRO em 06/09/2003 .................................. 103Aula dada por JOAQUIM COUTO em 13/09/2003................................. 113Aula dada por PAULO CORDEIRO em 20/09/2003............................... 125Páginas de Apoio..................................................................................... 134Reunião de estudo com Ignácio Bittencourt – 19/09/2003 ....................... 142Mensagem de Ignácio Bittencourt para o 14o EEME................................ 146Mensagem de Ignácio Bittencourt na véspera do 14o EEME..................... 147Mensagem de Balthazar........................................................................... 148Vibrações para o 14o EEME .................................................................... 149

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Relação da Matéria e do Espírito – A Lei do Progresso – Papel do Sofrimento(Tirado do Livro Reflexos da Vida Espiritual – W.Krell – ED. CELD)Aula dada por IARA CORDEIRO em 30/01/2003

Em primeiro lugar, vamos procurar compreender o que resulta para nós, dessa relação entreespírito e matéria. Porque espíritos; já entendendo o que é espírito, nós sabemos, fomos criados porDeus simples e ignorantes, mas com um encaminhamento para aquilo que chamamos a perfeição,ou seja, nós fomos criados dentro de num nível tal de simplicidade que não significa dizer: “vamosficar eternamente nessa condição, de simples desconhecedores das coisas.”

Somos aqueles que, criados à imagem e semelhança do Pai, alcançaremos um nível deevolução que vai nos aproximar, cada vez mais, daquilo que é o esplendor do Pai. Mas, isto não sefará num estalar de dedos. Vai precisar, de nós, um esforço muito grande. Porque Deus não noscontemplará com uma gratuidade de elevação, porque é nosso criador, porque somos sua criação:Ele vai nos dar uma diretriz. Sua mente é uma mente que orienta tudo aquilo que cria para quealcancemos o objetivo da perfeição, que é essa expressão maior de luminosidade que nós temos. Háa criação, mas Ele nos impulsiona, nos dirige, nos faz entender que vamos chegar a esse grau deelevação, esse grau de aperfeiçoamento, que vai se traduzir por Luz.

Para que alcancemos essa condição, nós vamos também fazer o nosso trabalho. Esforçoindividual, que sustentado pelo o Amor de Deus há de nos fazer chegar àquele limite.

Dentro desse contexto, vamos perceber: somos espíritos; no momento que nos identificamosneste universo, no momento em que tomamos conhecimento de nós mesmos. Vamos fazer atravésda aproximação, disso que é inteligência, o ser que pensa, com a matéria, na composição do corpoespiritual.

Somos o espírito, que nos associaremos à matéria, e no momento em que nos associamos àmatéria, no momento em que nos aproximamos da matéria, o que acontece conosco? Inicialmente éespírito, o que somos? Qual é a nossa forma? Os próprios espíritos nos dizem: “nós não temos comodizer como somos. Na cabeça de vocês, no pensar de vocês, isso é inconcebível, vocês não terãocomo saber disso.” E mais ainda, temos aqui na Gênese, no capítulo VI, todo ele mensagem deGalileu Galilei, que nos diz uma coisa muito interessante, falando da Criação Universal “Até aqui,porém, temos guardado silêncio sobre o mundo espiritual, que também faz parte da criação e cumpre seusdestinos conforme as augustas prescrições do Senhor.

Acerca do modo da criação dos Espíritos, entretanto, não posso ministrar mais que um ensino muitorestrito, em virtude da minha própria ignorância e também porque tenho ainda de calar-me no que concernea certas questões, se bem já me haja sido dado aprofundá-las.

Aos que desejem religiosamente conhecer e se mostrem humildes perante Deus, direi, rogando-lhes,todavia, que nenhum sistema prematuro baseiem nas minhas palavras, o seguinte: O Espírito não chega areceber a iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio e a consciência, a noção deseus altos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais seelabora lentamente a obra da sua individualização. Unicamente a datar do dia em que o Senhor lhe imprimena fronte o seu tipo augusto, o Espírito toma lugar no seio das humanidades.”

(Livro A Gênese – Allan Kardec – Item 19 – Pág. 117 – 35a edição – ED. FEB.)Ele não nos diz como somos, mas diz fatalmente qual o caminho que temos que desenvolver

para chegar à condição de sermos indivíduos pensantes e dizermos assim: “aspiro a uma vidasuperior”. Então, até chegar a esse instante, nada sabemos com relação a nós mesmos e a essasinteligências. Mas, quando já conseguimos essa definição, para nos percebermos neste universo, nósnos associamos à matéria. Aí o que acontece? Nós nos localizamos. Existe um sentindo delocalização. Existe um sentido dessa individualização e o espírito vai poder dizer assim: “Ah! Eusou. Agora eu sou!” Porque ele se percebe diferente dos outros seres. Mas até chegar a essacondição, como diz Galileu, até a data em que o Senhor lhe coloca na fronte o seu selo. É nessemomento que ele ganha o seu lugar no seio das Humanidades. Mas como é que isso se processa atéchegar a este instante?

Vamos nos lembrar que no Universo existem só três grandes elementos: Deus, Espírito eMatéria. Criador de todas as coisas (Deus) e suas criações (Espírito e Matéria). Estabelecemos umainteração Espírito e Matéria, para que possamos alcançar aquela pureza que vai nos colocar junto de

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Deus. Tudo é criação Divina, espírito e matéria. Tudo promana de Deus. Vindo do Senhor, há ummomento, como nos mostra a própria Gênese, no estudo dos Fluidos, que ao sair das mãos doCriador, isso tem um grau de pureza, um grau de simplicidade, de singeleza, que não conseguimosalcançar. Nós não temos essa possibilidade de alcançar.

A medida em que há o distanciamento, e vamos ganhando um sentido de uma condensação,as coisas começam a ganhar forma dentro deste Universo. Nós vamos perceber que a matéria vai setornando cada vez mais densa, mais densa, mais densa, até que chegue a um nível, que é o detangibilidade, que agora, como seres, somos capazes de perceber. Há uma gradação muito grandedentro desse campo, relacionado com o fluido, o Fluido Cósmico Universal, que é a matériaprimitiva, em cima da qual iremos fazer todas as criações. Essa matéria vai ganhando tal densidadeque chega um instante em que ela, depois de ter saído da mão de Deus, vai se incorpando, seincorpando, quando ela começa a ser percebida por nós, até chegar a condição em que dizemosassim: ela é conhecida como a encontramos no Planeta Terra. Quando conseguimos senti-la ela étangível: eu posso percebê-la pelos meus sentidos; até que chegue na Terra e ganhe aqueles estados:sólido, líquido, gasoso.

O Espírito, por sua vez, criado simples e ignorante, para que possa ter a compreensão deDeus e tenha acesso a toda a verdade que se relaciona a obra Divina, e se mantiver apenas nesseestado de espiritualidade — ser somente espírito, sem a interação com a outra criação de Deus, queé a matéria — ele nunca vai poder compreender perfeitamente a Lei do Pai. Não vai podercompreender perfeitamente as suas determinações, no que tange ao processo de crescimento para aLuz.

Então, o que vamos perceber? O Espírito se aproxima da Matéria, é trazido para junto daMatéria; interage com essa Matéria. E, conforme for a situação, depois do desenvolvimento dessaintelectualidade, ele pode ganhar mais densidade, vai se tornar mais pesado e vai ter que lutar por si,de se depurar, para novamente alcançar o nível de maior leveza que o possa conduzir até Deus.

Com é que nós vamos alcançar tudo isso? Como é que vai se processar tudo isso?Inicialmente, quando Deus na realidade nos cria, nós não somos criados Espíritos, mas

somos criados aquilo que se chama, princípio inteligente. Esse princípio inteligente, na realidade, éaquilo que podemos chamar de embrião do ser, embrião do Espírito, que, para alcançar todo oconhecimento, para alcançar a possibilidade, de num determinado estágio agir como espírito,pontificar sobre tudo aquilo que está a sua volta, e sobremaneira sobre a matéria, ele vai ter quefazer apreensão das determinações da Lei.

O que acontece conosco? Somos trazidos, e aqui vocês observam que há um trecho do texto,na mensagem (Relação da Matéria e do Espírito), quando ele diz assim: “O primeiro período davida de um mundo, o que chamarei de sua infância, é a materialização do fluido primitivo; osegundo, que é a juventude, é a aparição do fluido espiritual; o terceiro, virilidade, que é odesenvolvimento desse fluido espiritual; o quarto, que não chamarei de velhice, porém maturidade,é o desaparecimento sucessivo dessa materialidade e o domínio progressivo da espiritualidade.”Nisso aqui está definido essa relação: Matéria-Espírito.

Fluido Cósmico Universal, quando ele começa a ser identificado no Universo. Existe umaexpressão Divina que diz assim: Fiat Lux. O que Deus disso nesse momento? Faça-se a Luz. Essaluz , não é a luz do Sol. Essa luz é o resultado da condensação do fluido, que a princípio não épercebido, formando o que vamos chamar de grandes massas nebulosas, massas fluídicas. Onde oselementos primitivos, aquilo é elementar. Porque elemento para nós, a partir do estudo da química,não é o que chamaríamos de elemento primordial. O nosso elemento, como oxigênio, hidrogênio,hélio, são elementos complexos, não são os primordiais. Os primordiais, a matéria primordial, vaiestar intimamente ligada ao Fluido Cósmico Universal. Ele começa o seu processo de condensação.

Nós vamos ter dentro dessa matéria o menor elemento, vou continuar mantendo a idéia doátomo (não vou entrar nas subdivisões). Vamos considerar o átomo como a menor partícula damatéria. Dentro do instante dessa condensação do fluido, os átomos, eles estão em atividade muitointensa. E essa atividade, essas reações atômicas que vão se processando, que produz o que nóschamamos de Luz. A Luz primordial, Luz que se mantém neste Universo, mesmo distante dos sóis.

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A Luz no Sol, é uma Luz eu diria até secundária, porque é resultante de combustão de determinadoselementos, que ali estão. Então, no primeiro instante, “Faça-se a Luz”, e a luz se fez, com aformação das nebulosas.

Esse mesmo movimento, ele diz aqui, é o que chamarei da infância de um mundo. Eleinicialmente fala da nebulosa. Depois ele traz, simultaneamente, a idéia da formação do mundo. Ofluido primitivo, constitui a matéria primitiva. Então, é neste estado de infância, aqui ele estáfazendo um jogo de situações, de idéias e de palavras. Eu posso identificar essa formação primitiva,na matéria primitiva, como também posso trazer essa mesma idéia ao instante da formação de umplaneta.

Constituída a nebulosa, em seu movimento de rotação, ela vai gradualmente, no surgimentodas forças de gravidade, de centrifugação, de afastamento do centro ou de aproximação do centro,ela vai se fragmentando e vão surgindo os corpos, os astros e vão surgindo os mundos, até surgir oplaneta.

Então, o planeta no momento que surge, ele é exatamente isso, uma unidade em contínuamovimentação, contínua atividade, porque os átomos que constituem em esse mesmo mundo, estãoem atuação. Já um átomo, um material, um elemento mais complexo. Mas, ele vai funcionar comofuncionaria o elemento primitivo.

Neste instante, nós podemos verificar que, ao resfriar-se gradualmente aquela matéria,resfriar-se gradualmente o mundo, vão surgir condições de recepção do embrião do ser espiritual,do embrião desse ser inteligente. Nós quase que diríamos que logo após o estado de agregação damatéria e constituição do corpo sideral.

Surgimento de um planeta, tão logo ele tenha criado condições de aproximação do elementointeligente, nós vamos ver, se aproximar, esse mesmo embrião. Ele é trazido para junto do mundo esimultaneamente, esse embrião vai precisar aproximar-se da matéria propriamente dita para que elecomece a compreender, absorver os elementos da lei e garantir mais tarde a sua autonomia nacondução desta evolução.

Na medida em que surgem os elementos naturais de um planeta, aquele que é o princípiointeligente, vai promover junto a este planeta que respira e transmite ao Universo, fluidos materiais,porque eu estou só lidando com a matéria, na aproximação deste embrião, que ainda não pensa,ainda não tem capacidade de construção em cima deste fluido, de imagens, de pensamentos. Mas,ele como traz para junto da matéria uma outra ordem da criação Divina que é a inteligência, que éaquilo que será o Espírito, ele já vai promover alterações junto desses fluidos materiais nos fazendocomeçar a pensar em fluidos espirituais. Porque o fluido, ele por si só, é neutro. Ele não temquaisquer especificações.

Quando eu coloco essa visão de fluido espiritual, é porque estou mostrando que este fluido,o Fluido Universal, sofreu num primeiro momento, uma transformação que me faz compreendê-locomo fluido material, estando ligado à matéria, na sua apresentação mais palpável. Mas, essemesmo fluido pela ação da inteligência, vai ser definido como fluido espiritual. Quando eu começoa perceber a presença do espírito.

Esse princípio inteligente que vai me proporcionar o surgimento do fluido espiritual, ele jáestá me mostrando que o mundo já deu um passo adiante. Ele já estabeleceu o que a gente podedefinir como uma linha de crescimento, que é caminhar para frente, e que eu chamo de progresso.Já é um indicador de que houve um avanço, houve algo a mais que foi acrescentado.

Simples e ignorante. Nós vemos o princípio inteligente associar-se a matéria, para junto damatéria, este princípio inteligente começar a conhecer a Lei.

No Livro dos Espíritos, questão 71, se não estou enganada, foi perguntado: Por que oespírito se aproxima da matéria? Resposta: É necessário a aproximação do espírito da matéria paraque haja a intelectualização da matéria. E o que significa a intelectualização da matéria? Darcondições a que num determinado momento nós possamos estar fazendo aquilo que estamosfazendo agora; todo mundo com a atenção, com a cabeça numa explicação, até tentando justificá-la,ver se é válida, e ninguém está dizendo para o pulmão: se encha de ar porque eu preciso respirar.

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Nós estabelecemos nessa ligação primária com a matéria, as bases daquilo que vamoschamar de automatismo, na matéria. Isso começou quando nós nos unimos como princípiointeligente aos princípios das cristalizações na matéria. Nos níveis da mineralização que nósencontramos no corpo do planeta que foi constituído.

Então, o princípio inteligente se aproximou do mineral. E diz Léon Denis: O princípiointeligente dorme no mineral, respira no vegetal, acorda no animal.

“A lei do progresso não se aplica somente ao homem; é universal. Há, em todos os reinos daNatureza, uma evolução que foi reconhecida pelos pensadores de todos os tempos. Desde a célula verde,desde o embrião errante, boiando à flor das águas, a cadeia das espécies tem-se desenrolado através deséries variadas, até nós.

Cada elo dessa cadeia representa uma forma da existência que conduz a uma forma superior, a umorganismo mais rico, mais bem adaptado às necessidades, às manifestações crescentes da vida; mas, naescala da evolução, o pensamento, a consciência e a liberdade só aparecem passados muitos graus. Naplanta, a inteligência dormita; no animal sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-seconsciente; a partir daí, o progresso, de alguma sorte fatal nas formas inferiores da Natureza, só se poderealizar pelo acordo da vontade humana com as leis Eternas.”

(Trecho do livro “O Problema do Ser, do Destino e da Dor” – Léon Denis – cap. IX – pág. 122 – ED. FEB)

Mostrando exatamente essa evolução, que ele deu aqui, num jogo de palavras e conceitos:“O primeiro período da vida de um mundo, o que chamarei de sua infância, é a materialização dofluido primitivo;” Forma-se o Globo. “o segundo, que é a juventude, é a aparição do fluidoespiritual;” Associação do princípio inteligente, do embrião as condições do mundo material. Aí,nesse momento ele passa a tomar o conteúdo pelo continente. Ele toma o ser inteligente pelopróprio mundo e vice-versa. Quando ele diz: “o terceiro, virilidade, que é o desenvolvimento dessefluido espiritual;” E o desenvolvimento desse fluido espiritual, significa dizer que na condição deprincípio inteligente, nós não podemos alcançar o momento em que este princípio inteligente setransforma em Espíritos. Só que nessa transformação em Espírito, deixamos de ser princípiointeligente, deixamos de ser aquele que veio do reino mineral, passamos para o reino vegetal,passamos para o reino animal, até alcançarmos o hominal, onde o espírito se apresenta com todas assuas características. Isso não se faz de graça. Isso não acontece por força “Deus quer e a gente vai.”Há uma responsabilidade nossa que deve estar sendo assumida desde aqui. Nós iremos trabalhartodo esse contexto material original, provocando alterações simultâneas. Alteramos o mundomaterial e sofremos dele reação que nos leva à mudança na condição de espírito.

Quando eu digo aqui mundo material, não quero me referir somente ao planeta não. O corpoespiritual, que inicialmente, é bruto, denso, pesado, mas que irá simultaneamente, pelo processoevolutivo, tornando-se cada vez mais diáfano, cada vez mais depurado, até que cheguemos a umponto, que é como diz aqui: “não chamarei de velhice, porém maturidade.” Que será odesaparecimento sucessivo deste princípio material, deste campo material, até que sobre o Espírito.Cuja forma: condensou, processou ao longo da evolução, até voltarmos ao momento original.Somos espíritos. Mas isso não se dá sem embates, sem atrito. Ação e reação. Inteligência sobre amatéria, matéria sobre a inteligência, levando ao processo depurativo, que vai dar a liberdade totalao Espírito.

É este processo de atrito, este rala-rala que nós vamos chamar de sofrimento e dor. Que nosfaz pensar que num determinado momento o Pai se esqueceu da gente. O Pai nos deixou de lado.Porque ele nos possibilitou exercício, mesmo que seja de uma forma primitivíssima, mesmonaquela reação de embrião de princípio inteligente junto à matéria, e direi assim, aqui talvez a gentejá possa encontrar um rudimento de livre-arbítrio. O ser, este que vai surgir, ele nas suas múltiplasações e reações com o mundo material, num processo da busca, como os elétrons na condição dasreações químicas, reações atômicas, os elétrons se buscam para estabelecer o equilíbrio nascamadas energéticas. Analiso a coisa dentro dessa óptica: este princípio inteligente na sua relaçãocom esse princípio material, nesses campos da matéria, ele também vai buscar o momento deequilíbrio. Essas reações poderão ser identificadas por nós “de rudimento de livre-arbítrio”, até quea gente consiga, posteriormente, no surgimento do próprio espírito, garantir uma determinação na

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nossa caminhada com o sentido no objetivo que queremos alcançar, que é a perfeição. Então, agente vai, agora lutando com consciência.

Na medida em que vai havendo, isso que ele disse: “...não é velhice, porém maturidade, háo desaparecimento sucessivo dessa materialidade e o domínio progressivo da espiritualidade.

Os seres, fazendo parte de um mundo, possuem as qualidades intelectuais apropriadas aoestado espiritual de suas estadas.” Mas, quem dá estado espiritual aos mundos em que vivemos é opróprio espírito, porque a matéria não pensa, quem pensa é o espírito. Então, conforme for opensamento do ser, expresso no pensamento da coletividade de seres que habitam este mundo, elevai dar a característica do mundo. Então, nós dizemos nos dias de hoje: Terra, mundo de provas eexpiações. Por que? Porque o ser espiritual, o homem que aqui está, o espírito que aqui habita,ainda é um espírito que desconhece as grandezas conseqüentes da prática do bem, e continuacriando as situações, onde sofrimento e dor vão ser os instrumentos de que ele precisa, paradesbastar a própria matéria, ajudá-lo nesse processo de desbastar a própria matéria e ganhar a levezaque o faça alçar vôos mais altos.

Intervenção: No Livro dos Espíritos e no Depois da Morte de Léon Denis, ele fala que esseprincípio inteligente que começa no reino mineral, depois passa para o vegetal, depois para o animale depois passa para o animal superior. E esse animal superior é inteligente bastante e habita atémundos superiores ao nosso, só a partir desse estágio então, que o Livro dos Espíritos não dizquando, é que esse princípio inteligente passa do reino animal para o reino hominal. A partir daí, elecomeça a ter o rudimento da consciência.

Essa explicação toda que você está dando, já seria a partir desse espírito ligado ao reinohominal já?

Iara: Com o domínio da inteligência, a inteligência explodindo na condição que nosidentificamos, condição do reino hominal. Mas, eu coloquei essa visão de livre-arbítrio entre aspas.Rudimento, princípio de, existindo naqueles processos das relações, daquele princípio inteligentecom o princípio material.

Intervenção: A gente vê que o desenvolvimento da matéria, por exemplo, os embriões deanimais, na fase inicial, são muito semelhantes ao embrião humano. O embrião de girino de uma rã,você não consegue nem às vezes identificar quem é quem. Isso mostra que essa ligação desseprincípio inteligente com a matéria vem sendo feita há milhões de anos.

Iara: Nós não temos noção disso, porque não podemos avaliar o momento exato dessacriação. A condição do homem na atualidade, é que ele se imagina, contemporâneo da criação. Eleacha que o mundo foi criado no momento em que ele surgiu como ser inteligente, capaz de discernirdentro de tudo que aí está. Mas, não é nada disso.

Intervenção: Mesmo na Terra, animais bastante inteligentes, com memória, já conseguemidentificar, e a gente fica imaginando os animais em mundos superiores a Terra. O que essesanimais não serão capazes de fazer. Aí a gente entende como esse princípio inteligente, esse espíritoem rudimento, esses animais em mundos superiores, quando passarem para o reino hominal.

Iara: Quando eles se tornarem espíritos perfeitamente definidos, é o processo dessaindividualidade.

O que eu quero colocar nesse momento, eu estou me atrevendo a colocar essa visão de livre-arbítrio, lá naquele momento das relações daquele princípio inteligente com os reinos mineral,vegetal. Embora, não seja efetivamente livre-arbítrio, porque o livre-arbítrio só vai se manifestarquando o espírito tem a noção de si mesmo, quando há individualidade.

Intervenção: Isso que você falou no início, por exemplo, nós estamos aqui sentados,ninguém está pensando: meu coração está batendo, eu tenho que respirar. Isso já foi umdesenvolvimento da matéria milhões e milhões de anos, até a matéria que nós temos agora, chegar aesse ponto. Isso separadamente, o espírito a partir daí, se ligou a essa matéria.

Iara: Isso tudo é para que a gente possa perceber, naquele parágrafo em que ele toma oconteúdo pelo continente, ou continente pelo conteúdo, ele associa: ora é mundo, ora é espírito. “Oprimeiro período da vida de um mundo, o que chamarei de sua infância, é a materialização do

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fluido primitivo; o segundo, que é a juventude, é a aparição do fluido espiritual;” E quando é queessa aparição do fluido espiritual se dá? Quando você começa a ter a associação deste princípiointeligente no momento em que ele está atuando sobre a matéria. Já não é mais o mundopropriamente que ele está se referindo é mais a presença do ser. “o terceiro, virilidade, que é odesenvolvimento desse fluido espiritual;” Esse desenvolvimento do fluido espiritual é na realidade:o espírito estar se depurando, o espírito estar cada vez mais alcançando esse nível, que vai lhe darmais tarde autonomia de vôo, embora esteja preso à matéria. O dá maturidade que ele diz: não é develhice, é o desaparecimento sucessivo da materialidade, nos dois níveis. Desaparece o globo, peloenvelhecimento natural. O Sol mais 5 bilhões de anos ou mais um pouco, vai se transformar numagigante vermelha até voltar depois à condição de anã branca. Na queima do combustível que estápresente nele. Nesse momento, quando o Sol se tornou gigante vermelho, ele vai absorver nesse suaexpansão, Mercúrio, Vênus, Terra, Marte e a faixa dos asteróides, se não me falha a memória.Depois ele vai voltar, vai se concentrar e se tornar uma anã branca. E no momento que ele se tornaanã branca, ele vai se internalizando cada vez mais e vai formar o buraco negro. A matéria vaidesaparecer no buraco negro.

Isto acontece com o globo e com o ser que está ligado à matéria, a depuração vai ser de talordem, que vai chegar o momento em que nós não vamos ter a necessidade dessa relação com omundo material. Vai acontecer o domínio progressivo do Espírito. A matéria vai se diluindo,diluindo, diluindo, lá no buraco negro só sofrendo reciclagem, para mais tarde num novo Big Bangfornecer matéria para constituição de novos mundos, para a constituição de novos corpos, pela açãode novos princípios inteligentes e continuarmos o mesmo mecanismo.

Voltaremos a ser simples e ignorantes, os seres que forem se associar a essa matéria. Mas,para garantir o progresso, tornar-se o Sol uma gigante vermelha e depois uma anã branca, eu achoque isso não se fará sem dor.

Vamos fazer uma analogia: um navio quando está afundando, no momento em que ele elevaa proa ou a popa para o céu, dizem os homens do mar, o navio geme, é um grito de dor, por estarperdendo a possibilidade de relação com o mundo, com a biosfera na qual nos encontramos.

O Sol vai se tornar de uma gigante vermelha numa anã branca e vai desaparecer num buraconegro. Que “Ulo”, eu vou usar um termo poético, é o gemido, não vai repercutir nesse Universo, é ador e o sofrimento da transformação. Uma transformação que tem o sentido do crescimento. Umador e um sofrimento que induz, que impulsiona para o crescimento, aí a gente vai reduzir a dor e osofrimento ao nível mais simples. Sofrer é progredir.

Enquanto não estivermos na condição de ouvir o gemido sideral, nós estamos ouvindo ogemido do nosso companheiro que está ao lado ou mesmo o eco do nosso gemido. Gememos porque? Pela dor, sem nos dar conta de que esse gemido é apenas o resultado do esforço docrescimento. Qualquer crescimento dá dor. Até para crescer a gente sofre. E crescer é progredir.

Em decorrência disso na página seguinte do Bernard, mostrando para a gente que: “Há umalei geral e universal, contra a qual nada pode lutar e diante da qual tudo se inclina, pois essa lei éa confirmação da Divindade e a neutralização daquilo a que vocês chamam mal.” (Lei doProgresso.)

O mal, na realidade, deverá ser visto por nós, como um distanciamento daquilo que nósconsideramos o melhor para nós. Seria o bem em todas as direções. Desde de que nós digamosassim: não está mais me proporcionando o bem-estar que eu gostaria, aí eu chamo de mal.

Então, eu digo: sofrer é um mal, sofrer me causa dor. Por que eu digo que é um mal? Porqueeu não queria sentir essa mudança, eu não tenho condições de suportar, não consigo entender,apreender o sentido dessa transformação, porque ainda não vi a meta. Eu ainda estou muito preso aomeu dia-a-dia, estou muito preso ao que está a minha volta, ainda não olhei para aquilo que é o meufuturo.

Quando eu percebo que estou dentro de um mecanismo de uma Lei que é Divina, de umaLei que é acima de tudo moralizadora. Eu digo: Ah! eu estou progredindo. Então, eu deixo de dizerque tenho dor, deixo de dizer que estou em sofrimento. Eu digo: Me incomoda, mas estou dando um

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passo adiante. Ela é suportável. Tanto que ele diz que: “Essa lei se chama progresso, e mais tarde,perfeição.

Essa lei explica o mal que é apenas um estado transitório durante o esboço ainda informeda transformação do espírito.” Isso nós podemos sentir em inúmeras expressões, inúmeras idéiasque expressam essa nossa relação com o que a gente chama de mal.

Por que está chovendo tanto meu Deus? Será que não dá para parar um bocadinho? Quantosdesastres! Quantos males à sociedade! Mas, se nós não tivermos queda de barreira, essasdestruições aparentes, será que nos movimentaríamos no sentido de buscar os recursos para resolverisso?

É necessário, no estágio que ainda estamos, que haja essas situações. Mas, isso não é criaçãode Deus. Isso é o resultado natural do mecanismo que leva a evolução, que leva ao progresso.

Nós percebemos as dificuldades entre as criaturas, se expressarem muitas vezes, até pelasguerras. Mas, num momento de combate, quantas forças estão se movimentando, no sentido deneutralizarmos as conseqüências danosas de uma guerra. Quantos movimentos vão se processandoem torno, para que a gente diminua o estado de beligerância. Então, a gente tem o sofrimento dasperdas humanas, temos o sofrimento da destruição das propriedades, a perda dos alimentos, deroupas. Mas, imediatamente, há todo um movimento no sentido de levar o progresso, de reformulartudo aquilo que foi estabelecido.

Isto que nós chamamos de mal e que nós traduzimos pelo sofrimento, pela dor, é narealidade um bem divino. Deus permite que tudo isso aconteça, e esse mecanismo se processe,como uma ação misericordiosa dele. Porque se as coisas fossem tudo direitinho, bonitinho, dentroda linha, acho que a gente iria descarrilar no final da caminhada.

Intervenção: É importante dizer, que esses acidentes que acontecem, esses desabamentos,deslizamentos de terra, só acontecem pelo erro do homem, não precisava acontecer. Os grandescataclismos, sim. Ninguém pode impedir a erupção de um vulcão, ninguém pode impedir umachuva torrencial, um maremoto, nada disso. Mas, esses acontecimentos que estão acontecendo aqui,por exemplo, tudo isso poderia ter sido evitado, se o homem fosse previdente, se tivesse agidocorretamente.

Iara: Se o homem não se afastasse da Lei de Harmonia e Equilíbrio.Intervenção: Aí, Deus aproveita todos os instantes para que haja misericórdia, haja

comiseração, e desperta em nós esse sentimento.Iara: Em decorrência deste afastamento é que o sofrimento e a dor se instalam e que a gente

diz assim: é o mal. Quase que imputamos a Deus a criação do mal. quando não é a realidade disso.A realidade é o resultado da nossa própria ação na busca da verdade, na busca do conhecimento.

Continua Bernard: “A dor é o instrumento necessário para modelar a obra e torná-lairrepreensível.” Modelar a obra. Dar a ela o contorno que expresse o belo. Nós sabemos que nodiamante bruto, existe uma pedra de uma beleza incomparável, mas, até que ela se torne visível aosnossos olhos, o lapidador teve que identificar os ângulos de corte, teve que bater na pedra, e sepudesse gemer, ela gemeria. Mas, daí um pouco ela surge no esplendor da sua beleza.

E conosco? Que somos esse diamante que será engastado na abobada celeste, que estaremosparticipando deste céu esplendoroso, nesse espaço esplendoroso. Para que alcancemos a condiçãode deixar passar a luz, nós temos que ir depurando gradualmente, a matéria densa que nos envolve.Desde a condição de não precisarmos mais utilizar o corpo pesado, denso, até ir sutilizando,desbastando o corpo mais denso, transformando o nosso corpo espiritual, que a luz do Espírito,também ainda é denso, mas dando a ele gradativa sutileza, gradativa depuração, até que chegue oinstante em que a gente possa dizer como a expressão de Paulo, que ouve a voz, olha Jesus e ficacego. Porque ele já não vê mais o corpo espiritual de Jesus. Então, um dia nós chegaremos a umaposição dessa. Irradiaremos a luz que somos nós. É o brilho do ser. Mas, para alcançar isso,infelizmente, nós ainda temos que ter o atrito, é da própria condição, para irmos vendo a depuraçãoda matéria gradual, até que alcancemos a condição de nos expressar.

Precisamos olhar o sofrimento e a dor, não como uma maldição, não como uma instituição,como um castigo Divino, mas sentir a dor e o sofrimento como mecanismos necessários ao estado

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de um mundo e de um Espírito, que nesse momento se confunde com o próprio mundo: ainda bruto,pesado, que precisa se depurar para permitir que a luz venha a ser percebida. Nós iremos sendoburilados.

Não necessitamos vivenciar a experiência na nossa matéria, no nosso corpo. Mas, nós nosassociamos no processo da lembrança que está inscrita na nossa memória espiritual, de fatos que jáforam vivenciados por nós. Nós associamos. Eu digo: Eu sofro com você. Estou junto com você nosofrimento. Mas para ele, foi necessário que tivesse a experiência pessoal, para que saiba valorizarmais adiante o seu projeto de viver. Nós, necessariamente, não precisamos voltar a sentir no corpofísico, aquilo que o companheiro está sentindo agora, porque já trazemos uma bagagem. Mas, nosassociamos e sofremos moralmente. Mas, essa dor mesmo que seja moral, no entanto, me diz querealmente não vale a pena caminhar desta maneira e eu me transformo.

Intervenção: Além desse sofrimento que você estava falando, que é relacionado anecessidade de progredir, necessário para o nosso estágio ainda, tem aquele outro tipo de sofrimentoe dor pelo qual nós ainda passamos, por nossa própria escolha. Que no Evangelho é chamado detormentos voluntários, ou seja, a gente tem uma grande parcela de situações que temos que passar,mas tem uma outra parcela que não estava programada, nós não precisávamos passar por aquilo, játínhamos uma bagagem que nos dava condição de não ir por ali, mas a gente vai. Aí, sofre e dóitambém. Nós ainda estamos nesse estágio, de não só sofrer por uma necessidade assim, aquela coisaque não tinha como evitar, que programamos para crescer. Mas, ainda pela nossa rebeldia, pelanossa imperfeição, pelo nosso orgulho, vaidade, egoísmo, é como se a gente ainda provocassesofrimentos e dores extras, que não havia mais necessidade de passar por aquilo.

Iara: Vou dar um exemplo de uma situação que pode estar escrita no contrato espiritual,mas que vai resultar numa condição de tormento voluntário, pela falta da compreensão dosignificado da dificuldade dentro da qual nós estamos. Numa situação de separação de cônjuges, porexemplo, o companheiro ou companheira resolve por uma outra situação de vida. O que fica, se eletem uma compreensão de que, possivelmente, até naquele processo reencarnatório, o que eleprecisava ajustar com aquela criatura só chegava até aqueles, digamos 25 anos de casamento, e quealcançado, cada um vai para um caminho, ele pode entrar num estágio de profundo abatimento. “25anos perdidos, e agora? Não está mais do meu lado.” E dentro desta idéia, ir criando umredemoinho de tal ordem, que vá resultar em doenças, que são criadas no organismo sem queprecisasse ter passado por aquilo, é o tormento voluntário. É a falta do entendimento, falta dacompreensão do mecanismo para chegar ali.

Bernard vai sintetizar para nós tudo isso dizendo: “Resumimos em algumas palavras: Agrande lei geral que é a vida dos mundos, sua força, sua harmonia, é uma marcha sempreascendente, ela se chama: Progresso. Uma desgraça, uma decadência seria uma perturbação nacriação, um cataclismo tão grande quanto o desvio de um Sol ou a queda de um planeta. Deus,amor e perfeição, não criou o mal.” Tudo é harmonia, tudo é integração, agora só nos cabetambém, nos integrar, dentro dessa onda.

Intervenção: Sofrimento, diferente de infelicidade. Porque você, necessariamente, vocêsofre, mas não tem que ser infeliz por isso. É um sofrimento resignado, não é mesmo? Estousofrendo sim, mas é preciso ter consciência, e algumas pessoas têm. Está sofrendo, mas não éinfeliz, pode até estar.

Iara: Não é infeliz porque conhece o objetivo daquele processo por que está passando. Ediz: “É temporário. Eu estou sofrendo, eu não sou sofrimento.” Não é uma coisa definitiva. Há umnascimento, um crescimento, há a maturação das idéias e há um amadurecimento consciente de tudoaquilo. Então, dizemos, apesar dos cabelos brancos: “Eu não sou velho, o corpo está velho, mas oespírito está vivo, jovem.” Isso significa, compreensão. Você não é o sofrimento, você estásofrendo.

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Penas Temporais(Livro dos Espíritos – Perguntas 983 a 989 – Allan Kardec – ED. FEB)

Aula dada por PAULO CURY em 27/03/2003

Eu estava imaginando a dor de uma maneira global. Vocês já imaginaram a dor daquele paicuja filha foi baleada nas escadarias do metrô? Ou a dor daqueles civis iraquianos que não têm nadaa ver com os interesses comerciais, vêem seus filhos morrendo? Ou a dor de uma doença como oinfarto agudo do miocárdio ou uma cólica renal?. A dor do pai daquele juiz de 32 anos, morto emVila Velha. A dor dos pais dos criminosos confessos. A dor de quem vê a brutalidade, aincompreensão a incompetência triunfarem e não poder fazer nada. A dor pela preocupação em sairde casa ou de deixar os filhos saírem e não saber se realmente vão voltar incólumes.

Em cada indivíduo ela se apresenta de forma diferente, sentida diversamente mas, sempreindesejada. Desde o nascimento, o encarnado tenta fugir da dor e do sofrimento, não importa serico, pobre, doutor, analfabeto, inteligente ou medíocre.

Mas o que há de igualdade na ocorrência destas dores? Onde elas se tocam, se tangenciam?O que elas representam? Para que elas existem?

Há mais de 150 anos, no capítulo dois “Das Penas e Gozos Futuros” da quarta parte do Livrodos Espíritos, Kardec estudou o tema Penas Temporais.

O que são Penas Temporais? Analisemos este título.No dicionário Aurélio “pena” é castigo, punição, sofrimento, padecimento, aflição, sanção

de caráter civil, fiscal, administrativo e pecuniário proveniente de infrações previstas nasrespectivas leis; “temporal” é relativo a tempo ou seja temporário. É o estudo dos sofrimentostemporários que atingem as almas em conseqüência da infração às Leis Naturais (pergunta 1006,São Luiz afirma que as penas não duram eternamente).

Antítese do que pregam as outras religiões. Porque afirmam “pecado aos dez mandamentos(Lei de Deus) sujeita o indivíduo às penas eternas no fogo do inferno”.

Na Bíblia, em 1 João 3:4, você lê o seguinte: todo aquele que comete pecado, transgride a leide Deus.

Por que ele vai passar pela dor? Enquanto não houver a espontaneidade do bem,irremediavelmente, a Lei de Deus está sendo transgredida.

O que é espontaneidade ou automatismo no bem? É quando diante de uma circunstânciaadversa o indivíduo pensa somente no bem ou o que de bom e útil ao seu crescimento existe ali.Quem o calo é pisado reclama e agride, não raciocina em base do perdão ou esquecimento daofensa. A lição é muito abrangente. Faz referência às penas, dores, sofrimentos, provas, expiações emissões que o espírito, criado simples e ignorante, está sujeito em seu desenvolvimento intelectual emoral. As oportunidades necessárias a estes crescimentos são sempre franqueadas e Jesus, nossoamado irmão, não desampara os propósitos elevados que cada um idealiza a fim de atingir seusmais sublimes objetivos.

Vários princípios compõem a base doutrinária do Espiritismo e, entre eles, a existência dasLeis de Deus garantem a harmonia do Universo. Quando estas leis são transgredidas o homemcomete infração que não pode passar sem coerção. Em 1 João 3:4 “a gênese do pecado é atransgressão da Lei” e causa o sofrimento.

A Terra, enquanto planeta de expiação e provas, não será reino de felicidade perene. Seushabitantes “têm alguns momentos felizes intercalados de muitos compromissos angustiantes”.

Vamos a primeira pergunta que fala sobre as penas temporais, aqui no Livro dos Espíritos.Pergunta 983: Não experimenta sofrimentos materiais o espírito que expia suas faltas em nova

existência? Será então exato dizer-se que, depois da morte, só há para a alma sofrimentos morais?“É bem verdade que, quando a alma está reencarnada, as tribulações da vida são-lhe um

sofrimento; mas, só o corpo sofre materialmente.“Falando de alguém que morreu, costumais dizer que deixou de sofrer. Nem sempre isto

exprime a realidade. Como Espírito, está isento de dores físicas; porém, tais sejam as faltas que

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tenha cometido, pode estar sujeito a dores morais mais agudas e pode vir a ser ainda maisdesgraçado em nova existência. O mau rico terá que pedir esmola e se verá a braços com todas asprivações oriundas da miséria; o orgulhoso, com todas as humilhações; o que abusa de suaautoridade e trata com desprezo e dureza os seus subordinados se verá forçado a obedecer a umsuperior mais ríspido do que ele o foi. Todas as penas e tribulações da vida são expiação das faltasde outra existência, quando não, a conseqüência das da vida atual. Logo que daqui houverdes saído,compreendê-lo-eis. (273, 393 e 399)

“O homem que se considera feliz na Terra, porque pode satisfazer às suas paixões, é o quemenos esforços emprega para se melhorar. Muitas vezes começa a sua expiação já nessa mesmavida de efêmera felicidade, mas certamente expiará noutra existência tão material quanto aquela.”

Na resposta identificamos duas colocações: 1ª) Faltas espiadas através do sofrimentomaterial ou físico que advém pelas doenças ou acidentes; 2ª) Faltas espiadas através do sofrimentoconseqüente da angústia, da aflição, da amargura, da resignação do infortúnio do arrependimento oudo remorso que representam sofrimento psíquico-neural ou moral.

Resumindo o encarnado pode sofrer os dois tipos de dores, isoladas ou simultaneamente. Odesencarnado, desprovido de estruturas materiais densas, está sujeito somente ao segundo tipo dedor ou seja a moral.

A expressão “outra existência” não especifica o tempo que transcorre para aplicação da penaapós a falta ter sido cometida. Não há a figura do “bateu levou ou olho por olho, dente por dente”.

O homem restringido de sua liberdade, contrariado em suas opiniões, humilhado perante ossemelhantes, agredido, furtado dos seus pertences ou destituído da posição social sofre naproporção do valor que dá às coisas materiais como também ao orgulho, ao egoísmo e à vaidadeque agasalha e alimenta. Estas situações desagradáveis e dolorosas moralmente são conseqüência deviolar as Leis Naturais.

Lembremos da figura do espírito como o comandante do barco vida, quando ele vacila e erradeixa a embarcação à deriva. Se não imprime o arrependimento à sala de máquinas, não mudando arota, choca-se com os rochedos escuros do crime e se sujeita às vicissitudes e tribulações que hão devir.

Outro dia conversando com a minha mulher ela saiu com esta: “Ah! seria tão fácil se todomundo fosse espírita. No mundo não haveria mais dor”. Eu falei: “Na realidade o caminho não éeste. Kardec também pensou nisso e fez a seguinte pergunta à espiritualidade”:

Pergunta 982: Será necessário que professemos o Espiritismo e creiamos nas manifestaçõesespíritas, para termos assegurada a nossa sorte na vida futura?

“Se assim fosse, seguir-se-ia que estariam deserdados todos os que não crêem, ou que não tiveramensejo de esclarecer-se, o que seria absurdo. Só o bem assegura a sorte futura. Ora, o bem é sempre o bem,qualquer que seja o caminho que a ele conduza.”

“Não foi bem isso que falei” respondeu ela. “O que quero dizer é que o espírita tem umconhecimento abrangente, ele sabe o que é a dor, o que é o sofrimento, o que é prova, expiação eassim estaria mais bem preparado para enfrentar as adversidades sem se queixar.”

Em primeira análise ela está certa, nós, espíritas, por enquanto, só falamos e pouco agimos.Os setores de Assistência Social das Casas Espíritas seriam uma maravilha se cumpríssemos umdécimo do que falamos em público, haveria até briga para se trabalhar no bem.

O espírita, por seus conhecimentos, deveria ser menos egoísta, menos orgulhoso, menosgrosseiro, menos ganancioso, menos prepotente, mais solícito e caridoso. Desprendido das coisassupérfluas, reservaria parcela do seu tempo ocioso para se dedicar às obras de caridade. Participariana programação do centro com excepcional força de vontade, nas palestras, na reunião dedesobsessão, na de cura, nas aulas doutrinárias básicas e complementares. Trabalharia, comomembro ativo da casa, na limpeza de banheiros, atendimento na cantina, na gráfica, na livraria, nabiblioteca, na secretaria, na tesouraria e na farmácia. Infelizmente não ocorre porque nos mantemostíbios, desencantados, indiferentes, pessimistas, não vemos no Evangelho nada além de sublimesapelos do Senhor. Recebemos o convite de Cristo, mas ignoramos a tarefa. Fomos chamados aobanquete da verdade e da luz, mas comparecemos como comensais bisonhos, mal sabendo comoiniciar o suculento repasto.

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Se a vida aí fora está difícil não é na queixa que se resolve. Em vez de pedirmos, ao PaiCelestial, acréscimo de misericórdia, vamos fortalecer nossa força de vontade no bem. É hora de selembrar que Jesus teve como repouso final a cruz, último caldo, o vinagre e derradeiro presente, acoroa de espinhos.

Se nossas desditas são causadas:a)Pelo patrão ranzinza, agradeçamos ao Pai tê-lo colocado em nosso caminho para

aprendermos a ser humildes;b)Pela sogra fofoqueira, agradeçamos sua existência que nos ensina o valor da tolerância.c)Pelo filho problemático, agradeçamos a chance de encaminharmos alguém ao caminho da

virtude.d)Pelo cônjuge que nos proíbe tudo até de freqüentarmos o centro, lembremos que ele é o

móvel com que Deus nos presenteou para que provássemos a nossa fé.e)Pelo governo que não nos aumentou o salário, nossos agradecimentos. Possivelmente, com

mais recursos, acumularíamos supérfluos materiais.Agradeçamos sempre, de coração, todas as vezes que alguém se coloque em nosso caminho

e nos traga problema. Antes de condenarmos o inimigo, verifiquemos se ele está coberto de razão,se está nos mostrando a justiça e o amor Divino ou se ele é a dificuldade, enviada por Deus, quecriará, em nós, automatismos no bem.

Jesus, em Lucas 6:28, fala o seguinte: “Bendizei os que vos mal dizem e orai pelos que voscaluniam.”

Paulo aos romanos 12:14 ele fala: “Abençoai os que vos perseguem.”É fato a criação de campos de forças antagônicos no perispírito, incidindo na região

anatômica que de alguma forma foi comprometida. Quem exagera no álcool destrói o fígado, sofreconseqüências agora e até nas próximas encarnações. É o que explica as notícias de pessoas quenunca beberam e apresentam cirrose hepática. Quem fuma ou inala drogas compromete o pulmão.O glutão compromete todo o aparelho digestivo e se candidata à diabete. No excesso daalimentação, na falta de higiene, no desregramento dos sentidos o corpo sofre desequilíbrios quepodem ser fatais. O mesmo se dá com a alma, quando não sabemos nortear os desejos, santificar asaspirações e vigiar os pensamentos. Agressão a terceiros atrai forças negativas que se anexam aoagressor comprometendo o físico e o mental.

Em Lucas 5:31, 32: Respondeu-lhe Jesus: “Não necessitam de médicos os sãos e sim osenfermos. Eu não vim chamar os justos e sim os pecadores ao arrependimento.”

O espírito em determinada etapa da vida, pela dor ou pelo amor, se conscientiza de suainferioridade moral, sente o peso destas transgressões, se envergonha das suas perfídias. É o marcodo arrependimento e mais sincero é quanto mais este arrependimento vier do coração. O desejo dese quitar com a Lei lhe sinalizará o caminho para a felicidade prometida.

A alegria do Bem cresce ao infinito, a satisfação do mal ruma ao inevitável desencanto.Kardec na pergunta 399 do Livro dos Espíritos pergunta o seguinte:Pergunta 399: Sendo as vicissitudes da vida corporal expiação das faltas do passado e, ao mesmo

tempo, provas com vistas ao futuro, seguir-se-á que da natureza de tais vicissitudes se possa deduzir de quegênero foi a existência anterior?

“Muito amiúde é isso possível, pois que cada um é punido naquilo por onde pecou. Entretanto, nãohá que tirar daí uma regra absoluta. As tendências instintivas constituem indício mais seguro, visto que asprovas por que passa o Espírito o são, tanto pelo que respeita ao passado, quanto pelo que toca ao futuro.”

Então, ele fala em prova e expiação. Kardec mostra o caminho do espírito após oarrependimento, o que vem a seguir: provas e expiações.

Diferenciar prova de expiação é tarefa assaz difícil. A dificuldade está em saber o que ossofrimentos imprimem ao espírito na fase de prova e na fase de expiação. Os limites são muitosutis.

Na prova se fixam conceitos edificantes, necessários e indispensáveis na fase de “expiação”.Na prova há exercício da bondade em todos os setores: da paciência, da resignação, da humildade,da tolerância, da fraternidade, da fé, da solidariedade, da esperança, do crescimento, da resistênciaao mal, da amizade, da compreensão, da obediência construtiva, da liberdade, da transformação

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moral, do ânimo forte, do desprezo ao supérfluo, do silêncio como amigo e guia, do respeitar osemelhante, do acatar o desigual, do perdão e do amor. Na prova podemos escolher nosso pai, nossamãe, nossos parentes e determinados fatores para sedimentar o bem. Quem triunfa nas provas estáapto a enfrentar a expiação pois está estabilizado nas faixas do Bem.

Quando não triunfa e se arrasta a novas faltas, retornará a viagem carnal quantas vezes fornecessário. Estaciona até que vença este aprendizado. Não retroage nunca. Voltar a graus inferioresnão faz parte das Leis de Deus.

Já na expiação, o espírito tem condições de sentir o peso do mal praticado, porque ele sabe oque é o mal; ele já se arrependeu de ter feito o mal; ele já fixou, talvez, não todos, mas aquelesnecessários aquela expiação que ele se propõe.

Na “Expiação” o espírito tem condições de sentir o peso do mal praticado. Dignificará suavítima com o bem na mesma proporção que a ofendeu no passado. A expiação é compulsória. Possoadiá-la por algumas vidas, mas ela virá irremediavelmente e não poderei escolher com quem vouespiar minhas faltas.

Meu Anjo da Guarda, diante das minhas possibilidades e merecimentos, facilitará aencarnação expiatória necessária à minha renovação moral.

O agredido, muitas vezes, não se relaciona mais com o fato, esqueceu a agressão sofrida.Entretanto a dívida permanece entre agressor e a Lei.

O aprendizado se cerca de diversas circunstâncias para o infrator. Há atenuantes, háagravantes e há excludentes como no “O amor apagando centenas de pecados”.

Supor que em diversas encarnações fui violento contra mulheres. Usei da força física comminha esposa, espancando-a. Tempos depois, induzido pelo meio onde vivia ou pela evolução domundo, chego a conclusão que bater em mulher não é compatível com a atitude de um civilizado edecido não mais fazê-lo. Conclusão típica da fase de arrependimento. Deste modo passo a ter achance de fixar este conceito, atenuando a brutalidade em minhas atitudes. Reencarno ao lado de uma mulher forte e decidida. No início, sou refreado pelo medo desofrer as conseqüências de encará-la, depois pela força de vontade e finalmente não vou atacá-laporque isto já não faz parte de minha memória moral. Fixei o conceito “bem tratar o semelhante”.Obviamente, venci a fase da prova desta virtude. Mas o estado de mágoa, criado na agressãocometida contra minha ex-mulher Maria, está arquivado. Renasço com ela e lhe passo esta bondadeque já fixei, ela deixa de querer vingança. A segunda hipótese é a de que Maria não tenha ficado emestado de mágoa, teria esquecido as agressões, me perdoado e evoluído. No entanto em mimpermanece o sentimento de ter prejudicado a alguém. Retorno, não mais com Maria mas, comJoana, um espírito revoltado pela infelicidade no casamento. Por méritos adquiridos ela vaiconviver com a minha bondade e perdoar quem lhe causou o mal, foi a fase de seu arrependimento.Quanto a mim, exerci a fase de expiação.

Não há como em uma única encarnação fixar todos os conceitos salutares que o espíritodesconhece ou infringiu. O aprendizado é lento e constante, a natureza não dá saltos.

Conta a literatura que um determinado espírito, muito devedor, solicitou ao seu Anjo daGuarda reencarnar completamente paralítico (tetraplégico) a fim de provar a resignação. O planomaior, porém, concede-lhe um corpo completamente saudável com o compromisso de, por duashoras diárias, atender gratuitamente os pobres. Encarnado, como advogado, atendia duas horas pordia, sem honorários, a quem o procurasse em seu escritório numa favela. Após cerca de dez anosdeixou de comparecer a este escritório. Vários dias depois foi encontrado na piscina, de sua mansão,saboreando um apetitoso churrasco.

Indagado se voltaria à favela respondeu que quem trabalha, sem ganhar, é burro. Seu Anjoda Guarda, sabiamente, havia vetado o pedido de tetraplegia pois, duas horas diárias no bem era,para ele, uma carga muito grande a vencer.

Como esse espírito iria sair depois dessa encarnação? Revoltado, sem condições nenhuma dese arrepender de nada, achando-se infeliz e injustiçado. Ele não tinha condições ainda, de passar poruma prova desse quilate.

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A reparação é indispensável quando prejudicamos tanto alguém que comprometemos suaevolução. Reencarno para trabalhar, junto a ela, com objetivo de fazê-la recuperar o tempo queperdeu. É uma fase difícil e requer muito mais que simples vivencia no bem. O reparo se faz atravésda caridade, do amor ao próximo e do combate às forças do mal. O palco desta operação pode estarna intimidade do lar ou em qualquer ambiente onde nossa vítima requisite auxílio. Por conseguinte,a figura do agredido não conta quando ele, no passado, acionou a faculdade do perdão. Relembroque a transgressão é sempre à Lei e, nesta circunstância, ficarei à disposição, do plano superior, paramissão de socorro quando necessário.

Em Mateus 20:20, diálogo de Jesus e a mãe de Tiago e João: “Então, aproximou-se dele amãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos e adorando-o fez-lhe um pedido: Que queres?perguntou Jesus. Disse ela: Concedi-me que esses meus dois filhos se assentem, um à tua direita, eo outro à tua esquerda no teu reino. Jesus, porém, respondeu: Não sabeis o que pedis. Podeis vósbeber o cálice que estou para beber? E ser batizado com o batismo com que estou para ser batizado?Responderam-lhe: Podemos. Disse-lhe Jesus: Na verdade bebereis o meu cálice, mas o assentar-se àminha direita e à minha esquerda, não me pertence concedê-lo, esses lugares pertencem àqueles aquem meu Pai os preparou.”

Nesta lição Jesus fala na fixação de conceitos que ocorre na provas. Beber o cálice da dor,todo homem poderá beber, é inerente ao terráqueo. Entretanto, “sentar-se à direita ou à esquerda deJesus” é nivelar-se com Ele em méritos e merecimentos. O Pai Celestial prepara os homens para,um dia, se sentarem ao lado de seu Filho bem-amado, nas oportunidades de progressão, instrução e,acima de tudo, modificação íntima. “Todo aquele que, entre vós, quiser tornar-se grande, seja vossoservo, e quem dentre vós quiser ser, o primeiro, seja vosso escravo tal como o Filho do Homem nãoveio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos.”

Em João 5, 5:14: “Um anjo descia em certo tempo e agitava a água. O primeiro que entrasseno tanque, depois do movimento da água, sarava de qualquer doença que tivesse. Estava ali umhomem, inválido, havia trinta e oito anos. Jesus vendo-o deitado e sabendo que estava nesse estadohavia muito tempo, perguntou: Queres ser curado? E o enfermo diz que sim. e Jesus falou: Levanta-te, toma tua esteira e anda. Mais tarde, Jesus o encontrou no templo e disse: Olha, já estais curado,não peques mais, para que não te suceda coisa pior.”

Este homem estava inválido há trinta e oito anos. A leitura não específica com que idade eleestava quando o fato ocorreu. Vamos supor que, no encontro com Jesus, ele tivesse entre 45 a 53anos, então a paralisia apareceu em torno de 7 a 15anos. Que pecado teria cometido esta criançapara ser punido com uma paralisia? Racionalmente a resposta será a de que ele o cometeu em outraoportunidade, em encarnações passadas. Possivelmente, nesta encarnação, passava por “prova deconformação”, fixando conceito de tolerância, humildade, indulgência ou por “expiação”. O maisprovável é expiação pelo fato de Jesus afirmar que lhe podia acontecer algo pior se voltasse a pecar.Para receber algo pior o indivíduo deve apresentar gabaritos morais estruturados na fase de“provas”.

Deuteronômio 8:2: “Lembrar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiouno deserto estes quarenta anos, para te humilhar e te provar. Para saber o que estava no teu coração,se guardarias ou não os seus mandamentos.”

Pergunta 984: As vicissitudes da vida são sempre a punição das faltas atuais?“Não; já dissemos: são provas impostas por Deus, ou que vós mesmos escolhestes como Espíritos,

antes de encarnardes, para expiação das faltas cometidas em outra existência, porque jamais fica impune ainfração das leis de Deus e, sobretudo, da lei de justiça. Se não for punida nesta existência, sê-lo-ánecessariamente noutra. Eis porque um, que vos parece justo, muitas vezes sofre. É a punição do seupassado.” (393)

Ou seja, essas dificuldades que estamos passando, representa as dificuldades inerentes datransgressão à Lei efetuada nesta encarnação? Evidente que não.

Não era novidade a manhã ser luminosa. Naquela região todas eram. O astro rei estendiaseus raios sobre a névoa da madrugada que insistia em permanecer como se fosse cúmplice nadesdita daquele cidadão que acordou, como sempre, com dor de cabeça, gosto amargo na boca,

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16 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

sonolento, traços de amargura no rosto a moldurarem-lhe os olhos. Eram seqüelas da noite maldormida, das lutas de morte travadas em sonhos, pesados e insônias persistentes.

A água gélida, do cabelo ao peito, não melhorou seu humor. Pensava nas duras horas detrabalho pela frente, no peso que sentiria na fronte e esta idéia era por demais azeda.

Não sabia precisar com que idade os pesadelos inomináveis começaram. Certeza tinha deque nunca vivera sem eles. Pontuais sempre. Cabeça no travesseiro ou era insônia que aparecia ouentrava direto no mundo de bandidos e malfeitores a lhe perseguirem.

Procurara auxílio no ambulatório público e em clínicas particulares. Pouca atenção recebeu.É comum no interior o doente cirúrgico ter prioridade pois rende mais que um clínico. Além disso,seus sintomas sinalizavam para problemas psicológicos o que demandaria enorme tempo doprofissional.

O pároco local inicialmente teve boa vontade, mas não logrou êxito. Alegou falta de tempo.Era muito disputado nas festas que os fazendeiros faziam para a igreja. Um povo muito festeiro, ouseja, faziam a barganha de dar festa para os santos e estes reservavam um lugar garantido no céu. Eo padre se locupletava nas mesas abarrotadas de comida e bebidas esquecendo-se dos menosfavorecidos.

O feiticeiro, que vivia no arrabalde do povoado, prescreveu-lhe ervas para banhos e chás.Valeu somente uma intoxicação.

A benzedeira fajuta, que se dizia famosa, depois de sete sessões, cobrando alto, desistiu decurá-lo.

Os pesadelos a cada dia ficavam mais ricos em figurantes ou eram bandidos ou e malfeitoresou eram pessoas em forma de monstros que assediavam, perseguiam, espancavam e humilhavam-no.

Um dia apareceu por lá um viajante conhecido como grande magnetizador. Fazia de tudo umpouco, vendia porções, amuletos, raízes para cura de todos os males e ainda era conselheiro. Nossoamigo foi tirar uma consulta.

O peregrino, também médium sensitivo, vendeu-lhe um mato para infusão e foi enfático “sequeres a cura do seu mal deixe esta cidade”. O vilarejo estava coalhado de inimigos do passado cujoobjetivo era levá-lo à loucura.

Diante disso e como já estava inclinado a sair, vendeu a chácara e se mudou para o Rio deJaneiro, onde comprou um terreno, na periferia da cidade, construiu pequena casa, suficiente paraquem, como ele, vivia sozinho.

Estivera casado por dois anos e, há oito, a esposa morrera ao dar à luz a filha natimorta. Apartir daí não mais arrumou mulher, menos porque não quisesse, mais porque não conseguia.

Como exímio marceneiro em pouco tempo sua fama correu e serviço não lhe faltava.Desde que se mudou para o Rio passou a dormir melhor. Mas, ainda era assediado com

sonhos turbulentos e agressivos.Na folga do serviço atendia os vizinhos menos felizes. Improvisava, para eles, mesa, cadeira,

banco ou cômoda com restos de madeira ou reformava os móveis velhos que encontrava no lixo.Passou a ser muito requisitado e querido por estas manifestações de bondade e observou que maisfazia pelos outros, menos pesadelo lhe acontecia.

Numa empreitada desta conheceu um casal de velhos, moradores em uma meia-água ondetudo estava por fazer. Ele aí se superou, arrumou desde o alicerce até a cumeeira do barraco.Tornaram-se bons amigos e, como eram espíritas, lavaram-no ao centro que freqüentavam.

No início foi meio arredio, sempre ouvira falar que centro espírita era casa do diabo e lá omal era muito praticado. Depois se interessou pela doutrina e passou a estudá-la com afinco.

Fez curso de orientação mediúnica, foi designado para as sessões de desobsessão edesenvolveu aptidão para doutrinador.

Numa das reuniões seu guia espiritual, satisfeito com seu progresso e com a aquiescência doguia da casa, desvendou parte de seu passado como forma de reforçar sua convicção.

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Há muitas gerações estivera envolvido com grupo de pessoas de baixos níveis, ignóbeis,grosseiras, desprezíveis e vis que se ocupavam em roubar, matar, perseguir e praticar crimes pordinheiro ou por prazer.

Em várias encarnações só progredira o intelecto e nada moralmente. Numa das últimas, noentanto, adveio-lhe sentimento de menos valia que passou a incomodá-lo. O mal que antes lhe davaprazer passou a ser motivo de enfado. Deixou de acompanhar a turba maléfica, e conjeturou de quehavia algo melhor a fazer. Resolveu mudar de vida. Lembrou-se dos pais que tanto o amavam e sepreocupavam com ele, então, chorou de saudades. O arrependimento havia tomado de assalto seucoração.

Através das equipes responsáveis pelo processo da reencarnação, o plano espiritual decidiudar-lhe oportunidade de anexar ao espírito sentimentos mais nobres. A aprendizagem seria, aprincípio, noções de humildade, depois da fraternidade e, se possível, do perdão. Como escravotinha campo farto para apreender. Pelas experiências pretéritas, na chefia de bandoleiros, foi fácil sedestacar na senzala vindo a exercer função de mando entre os seus. Com poder de decisão era livrepara agredir, de forma inconseqüente, qualquer um que se atrevesse a discutir suas ordens.Perseguia quem lhe era indiferente e protegia os bajuladores. Toda mulher escrava, não importavase casada, se lhe interessasse, a possuía e ficava por isso mesmo. Até aborto praticou com talo demamona. Criou-se, desta forma, uma barreira psíquica que o impedia de sintonizar-se com seusamigos do lado invisível e impossibilitava qualquer ajuda que eles pudessem lhe dar.

A posição humilde não fez humilde seu coração. Outros inimigos foram arregimentados.Desencarnado e ciente do acontecido, sofreu profundamente. Mais uma vez arrependido sepredispôs a reparar, e em nova encarnação probatória viria fixar sentimentos na faixa do bem.

Vários familiares e amigos espirituais, agora, se dispuseram a ajudá-lo. O peregrino, intuídoa passar por aquele povoado, fora seu irmão no passado. Os velhos que, amavelmente, levaram-noao centro espírita, tinham sido seus pais e agora se redimiam de erro na educação equivocada quelhe deram outrora.

985: Constitui recompensa a reencarnação da alma em um mundo menos grosseiro?986: Pode o Espírito, que progrediu em sua existência terrena, reencarnar alguma vez no

mesmo mundo? O livro Renúncia de Emmanuel, psicografado pelo saudoso Chico Xavier, de excelenteconteúdo doutrinário, esclarece-nos as duas questões:

A 985 é respondida quando ele se refere à Alcione, espírito de luz que habitava, emconseqüência de sua depuração (pergunta 985), portentosa e brilhante região no espaço.

Na pergunta 175, Kardec pergunta ao mundo espiritual: Haverá alguma vantagem emhabitar a Terra? O mundo espiritual responde: “Nenhuma vantagem particular, a menos que sejaem missão.” Caso em que se progride aí, como em qualquer outro Planeta.

Pergunta 987: Que sucede ao homem que, não fazendo o mal, também nada faz para libertar-se dainfluência da matéria?

“Pois que nenhum passo dá para a perfeição, tem que recomeçar uma existência de natureza idênticaà precedente. Fica estacionário, podendo assim prolongar os sofrimentos da expiação.”

Eu fui no livro O Céu e o Inferno, lá tem a comunicação do espírito JB. Ele fala assim: “Euexpio minha descrença, porém grande a bondade de Deus que atende a circunstâncias. Sofro, masnão como podereis imaginar, é o desgosto de não ter melhor aproveitado o tempo aí na Terra.”(desperdiçou o tempo, sofre moralmente, está arrependido por não ter feito o bem).

Pergunta 988: Há pessoas cuja vida se escoa em perfeita calma; que nada precisando fazer por simesmas, se conservam isentas de cuidados. Provará essa existência ditosa que elas nada têm que expiar deexistência anterior?

“Conheces muitas dessas pessoas? Enganas-te, se pensas que as há em grande número. Não raro, acalma é apenas aparente. Talvez elas tenham escolhido tal existência, mas, quando a deixam, percebem quenão lhes serviu para progredirem. Então, como o preguiçoso, lamentam o tempo perdido. Sabei que oEspírito não pode adquirir conhecimentos e elevar-se senão exercendo a sua atividade. Se adormece naindolência, não se adianta. Assemelha-se a um que (segundo os vossos usos) precisa trabalhar e que vaipassear ou deitar-se, com a intenção de nada fazer. Sabei também que cada um terá que dar contas dainutilidade voluntária da sua existência, inutilidade sempre fatal à felicidade futura. Para cada um, o total

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dessa felicidade futura corresponde à soma do bem que tenha feito, estando o da infelicidade na proporçãodo mal que haja praticado e daqueles a quem haja desgraçado.”

Perante Deus não basta somente respeitar as leis humanas, antes de tudo, não se devetransgredir as leis Divinas. Honesto aos seus olhos é aquele que, possuído de abnegação e amor,consagre a existência ao bem, ao progresso de seus semelhantes; seja ativo na vida; ativo nocumprimento dos deveres materiais e ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de servo aoqual o Senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo.

Pergunta 989: Pessoas há que, se bem não sejam positivamente más, tornam infelizes, pelos seuscaracteres, todos os que as cercam. Que conseqüências lhes advirão disso?

“Inquestionavelmente, essas pessoas não são boas. Expiarão suas faltas, tendo sempre diante da vistaaqueles a quem infelicitaram, valendo-lhes isso por uma exprobração. Depois, noutra existência, sofrerão oque fizeram sofrer.”

São pessoas que não têm maturidade do senso moral. Ao se relacionarem com outros usamde palavras irônicas com grande carga emotiva e semeiam grosseria e malignidade por ondepassam.

R. do espírito de J.B.: “Assim o homem honesto, perante Deus, deve evitar cuidadoso aspalavras mordazes, veneno oculto sob flores, que destrói reputações e acabrunha o homem, muitasvezes cobrindo-o de ridículo”.

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Livre-arbítrioAula dada por MARIA RITA MATTOS em 29/05/2003

Para iniciarmos nosso estudo, escolhemos um texto do livro Crônicas de Além Túmulo,capítulo 22, de Humberto de Campos, psicografia de Chico Xavier.

** *

A LENDA DAS LÁGRIMAS27 de novembro de 1936.

Rezam as lendas bíblicas que o Senhor, após os seis dias de grandes atividades dacriação do mundo, arrancado do caos pela sua sabedoria, descansou no sétimo para apreciara sua obra.

E o Criador via os portentos da Criação, maravilhado de paternal alegria. Sobre osmares imensos voejavam as aves alegres; nas florestas espessas desabrochavam floresradiantes de perfumes, enquanto as luzes, na imensidade, clarificavam as apoteoses daNatureza, resplandecendo no Infinito, para louvar-lhe a glória e lhe exaltar a grandeza.

Jeová, porém, logo após a queda de Adão e depois de expulsá-lo do Paraíso, a fim deque ele procurasse na Terra o pão de cada dia com o suor do trabalho, recolheu-seentristecido aos seus imensos impérios celestiais, repartindo a sua obra terrena emdepartamentos diversos, que confiou às potências angélicas.

O Paraíso fechou-se então para a Terra, que se viu insulada no seio do Infinito. Adãoficou sobre o mundo, com a sua descendência amaldiçoada, longe das belezas do édenperdido, e, no lugar onde se encontravam as grandiosidades divinas, não se viu mais que ovácuo levemente azulado da atmosfera.

E o Senhor, junto dos Serafins, dos Arcanjos e dos Tronos, na sagrada curul da suamisericórdia, esperou que o tempo passasse. Escoavam-se os anos, até que um dia o Criadorconvocou os Anjos a que confiara a gestão dos negócios terrestres, os quais lhe deviamapresentar relatórios precisos, acerca dos vários departamentos de suas responsabilidadesindividuais. Prepararam-se no Céu festas maravilhosas e alegrias surpreendentes para essemovimento de confraternização das forças divinas e, no dia aprazado, ao som de músicasgloriosas, chegavam ao Paraíso os poderes angélicos encarregados da missão de velar peloorbe terreno. O Senhor recebeu-os com a sua bênção, do alto do seu trono bordado de líriose de estrelas, e, diante da atenção respeitosa de todos os circunstantes, falou o Anjo dasLuzes:

— “Senhor, todas as claridades que criastes para a Terra continuam refletindo asbênçãos da vossa misericórdia. O Sol ilumina os dias terrenos com os resplendores divinos,vitalizando todas as coisas da Natureza e repartindo com elas o seu calor e a sua energia.Nos crepúsculos, o firmamento recita os seus poemas de estrelas e as noites são aliclarificadas pelos raios tênues e puros dos plenilúnios divinos. Nas paisagens terrestres,todas as luzes evocam o vosso poder e a vossa misericórdia, enchendo a vida das criaturasde claridades benditas!...”

Deus abençoou o Anjo das Luzes, concedendo-lhe a faculdade de multiplicá-las naface do mundo.

Depois, veio o Anjo da Terra e das Águas, exclamando com alegria:— “Senhor, sobre o mundo que criastes, a terra continua alimentando fartamente

todas as criaturas; todos os reinos da Natureza retiram dela os tesouros sagrados da vida, e aságuas, que parecem constituir o sangue bendito da vossa obra terrena, circulam no seu seioimenso, cantando as vossas glórias incomensuráveis. Os mares falam com violência,afirmando o vosso poder soberano, e os regatos macios dizem, nos silvedos, da vossa

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piedade e brandura. As terras e as águas do mundo são plenas afirmações da vossamagnífica complacência!...”

E o Criador agradeceu as palavras do servidor fiel, abençoando-lhe os trabalhos.Em seguida, falou, radiante, o Anjo das Árvores e das Flores:— “Senhor, a missão que concedestes aos vegetais da Terra vem sendo cumprida

com sublime dedicação. As árvores oferecem sua sombra, seus frutos e utilidades a todas ascriaturas, como braços misericordiosos do vosso amor paternal, estendidos sobre o solo doPlaneta. Quando maltratadas, sabem ocultar suas angústias, prestando sempre, comabnegação e nobreza, o concurso da sua bondade à existência dos homens. Algumas, como osândalo, quando dilaceradas, deixam extravasar de suas feridas taças invisíveis de aroma,balsamizando o ambiente em que nasceram... E as flores, meu Pai, são piedosasdemonstrações das belezas celestiais nos tapetes verdoengos da Terra inteira. Seus perfumesfalam, em todos os momentos, da vossa magnanimidade e sabedoria...”

E o Senhor, das culminâncias do seu trono radioso, abençoou o servo fiel,facultando-lhe o poder de multiplicar a beleza e as utilidades das árvores e das floresterrestres.

Logo após, falou o Anjo dos Animais, apresentando a Deus um relato sincero, arespeito da vida dos seus subordinados:

— “Os animais terrestres, Senhor, sabem respeitar as vossas leis, acatar a vossavontade. Todos vivem em harmonia com as disposições naturais da existência que a vossasabedoria lhes traçou. Não abusam de suas faculdades procriadoras e têm uma época própriapara o desempenho dessas funções, consoante os vossos desejos. Todos têm a sua missão acumprir e alguns deles se colocaram, abnegadamente, ao lado do homem, para substituí-lonos mais penosos misteres, ajudando-o a conservar a saúde e a buscar no trabalho o pão decada dia. As aves, Senhor, são turíbulos alados, incensando, do altar da natureza terrestre, ovosso trono celestial, cantando as vossas grandezas ilimitadas. Elas se revezam,constantemente, para vos prestarem essa homenagem de submissão e de amor, e, enquantoalgumas cantam durante as horas do dia, outras se reservam para as horas da noite, de modoa glorificarem incessantemente as belezas admiráveis da Criação, louvando-se a sabedoriado seu Autor Inimitável.”

E Deus, com um sorriso de júbilo paternal, derramou sobre o dedicado mensageiro asvibrações do seu divino agradecimento.

Foi quando, então, chegou a vez da palavra do Anjo dos Homens. Taciturno e entreangústias, provocando a admiração dos demais, pela sua consternação e pela sua tristeza,exclamou compungidamente:

— “Senhor!... ai de mim! enquanto meus companheiros vos podem falar da grandezacom que são executados os vossos decretos na face do mundo, pelos outros elementos daCriação, não posso afirmar o mesmo dos homens... A descendência de Adão se perde numlabirinto de lutas criado por ela mesma. Dentro das possibilidades do seu livre-arbítrio, éengenhosa e sutil, a inventar todos os motivos para a sua perdição. Os homens já criaramtoda sorte de dificuldades, desvios e confusões para a sua vida na Terra. Inventaram, ali, achamada propriedade sobre os bens que vos pertencem inteiramente, e dão curso a uma vidaabominável de egoísmo e ambição pelo domínio e pela posse; toda a Terra está divididaindebitamente, e as criaturas humanas se entregam à tarefa absurda da destruição das vossasleis grandiosas e eternas. Segundo o que observo no mundo, não tardará que surjam osmovimentos homicidas entre as criaturas, tal a extensão das ânsias incontidas de conquistare possuir. . .”

O Anjo dos Homens, todavia, não conseguiu continuar. Convulsivos soluçosembargaram-lhe a voz; mas o Senhor, embora amargurado e entristecido, desceugenerosamente do sólio de magnificências divinas e, tomando-lhe as mãos, exclamou combondade:

— “A descendência de Adão ainda se lembra de mim?

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— Não, Senhor!... Desgraçadamente, os homens vos esqueceram... — murmurou oAnjo com amargura.

— Pois bem — replicou o Senhor paternalmente —, essa situação será remediada!...”E, alçando as mãos generosas, fez nascer, ali mesmo, no Céu, um curso de águas

cristalinas e, enchendo um cântaro com essas pérolas liquefeitas, entregou-o ao seu últimoservidor, exclamando:

—“Volta à Terra e derrama no coração de seus filhos este licor celeste, a quechamarás água das lágrimas... Seu gosto tem ressaibos de fel, mas esse elemento terá apropriedade de fazer que os homens me recordem, lembrando-se da minha misericórdiapaternal... Se eles sofrem e se desesperam pela posse efêmera das coisas atinentes à vidaterrestre, é porque me esqueceram, olvidando a sua origem divina.”

E desde esse dia o Anjo dos Homens derrama na alma atormentada e aflita daHumanidade a água bendita das lágrimas remissoras; e desde essa hora, cada criaturahumana, no momento dos seus prantos e das suas amarguras, nas dificuldades e nosespinhos do mundo, recorda, instintivamente, a paternidade de Deus e as alvoradas divinasda vida espiritual.

** *

Por que nós escolhemos essa lenda, que se chama “Lenda das Lágrimas” para iniciarmos oestudo desta noite? Porque nós já sabemos que os nossos sofrimentos, as nossas dores, as angústias,não são porque Deus quer. São o resultado das nossas escolhas.

E na mensagem inicial o Espírito Egmont nos diz assim: “Quanto mais a crença se desligada materialidade para entrar na região espiritual, mais ela mostra ao homem espantado que ele éespírito livre...”

Então essa história que começou com “Inchalá”, não é se Deus quiser, não. É se nósbuscarmos a nossa felicidade, se fizermos a nossa parte, nós teremos a ajuda Divina, a ajuda dosbons amigos espirituais.

Nós vamos vendo que dor, sofrimento, não é coisa de Deus, é coisa do homem.O livre-arbítrio nos é concedido por Deus como verdadeira dádiva, mas a utilização dessa

liberdade que a gente recebe como dom de Deus vai ter que estar alicerçada em decisõesresponsáveis, que sempre teremos que tomar.

Vocês já perceberam que a nossa vida é feita de decisões e escolhas?Quando a gente acorda, toma banho e vai se arrumar para o trabalho, a gente começa tendo

que decidir que roupa vai usar, que ônibus vai tomar, como vai se comportar diante do chefe quepega no nosso pé. Nós temos sempre que tomar decisões; temos que estar sempre prontos parafazermos escolhas.

Mas nós temos o direito de fazer as nossas escolhas pensando única e exclusivamente emnós mesmos? Nós vivemos sozinhos no mundo? Não, nós vivemos em sociedade. Deus nos crioupara vivermos em sociedade. Se nós vivemos em sociedade, temos que fazer as nossas escolhaspensando em nós e pensando no outro. Nós não temos o direito, quando fazemos as nossas escolhas,de prejudicar ninguém.

Para apresentar esse estudo sobre o livre-arbítrio, a gente fez algumas pesquisas e foi até umpouco complicado, porque fugindo um pouco da obra de Kardec e de Léon Denis e lendo algunstextos de outros autores sobre esse tema, fiz uma confusão muito grande. Os autores começam afilosofar muito e aí complicam uma coisa que aparentemente é simples de entender; o difícil écolocar em prática. O exercício do livre-arbítrio com responsabilidade é que é difícil.

É tanta gente a falar tanta coisa sobre livre-arbítrio e que foge do espírito doutrinário, que agente voltou para Kardec e Léon Denis para entender o conteúdo do que é preciso dizer sobre otema.

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Nós não gozamos de absoluta liberdade de ação, pelo contrário. Nós sabemos que a nossaliberdade de ação é relativa, tem que ter limites. E esses limites a gente precisa visualizar muitobem.

No Livro dos Espíritos, na parte que trata da Lei Natural, Kardec faz uma pergunta aosespíritos, na questão 826, sobre essa questão de liberdade absoluta.Pergunta 826: “Em que condições poderia o homem gozar de absoluta liberdade?”Resposta: “Nas do eremita do deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitosrecíprocos que lhes cumpre respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdadeabsoluta”.

Já que nós vivemos em sociedade e que nos devemos uns aos outros, nós não temosliberdade absoluta. O nosso direito termina onde começa o direito do outro. Essa questão de direitose deveres, de liberdade absoluta e relativa, tem tudo a ver com o estudo da noite de hoje.

A nossa liberdade será sempre proporcional ao nosso estágio evolutivo. E nós aprendemoscom essa abençoada Doutrina Espírita que não há destino, não há predestinação, não há sorte e nemazar. Nós construímos o nosso futuro a cada dia, com o nosso esforço, com a nossa luta.

Alguém nasce predestinado ao sofrimento, ao mal? Alguém nasce para ser um criminoso?Ninguém nasce predestinado ao mal, senão, onde estaria a misericórdia e a justiça de Deus? Atravésdos nossos pensamentos, sentimentos e ações vamos determinando os nossos caminhos. E como agente determina esses caminhos? Exatamente exercendo uma característica do ser inteligente, que éo livre-arbítrio. É uma característica do homem, é uma potência da alma, o livre-arbítrio. QuandoDeus nos criou, criou com a capacidade de discernir entre o bem e o mal. Deus criou todo mundo,sem exceção, para ser feliz. Vai chegar um momento que, aquela alma que está desvirtuada docaminho do bem, ela vai ter que, por força da Lei de Deus, se ajustar. Se não for por livre vontade,vai ser por imposição divina.

O princípio central da Lei de Deus é a evolução, o progresso.No reino animal prevalece o determinismo, o instinto. Mas, quando a gente atinge o reino

hominal, Léon Denis fala, quando a gente entra na humanidade, a alma desperta para a liberdademoral. E é através desse entendimento, dessa liberdade moral, dessa prática do livre-arbítrio que agente vai começar o trabalho de evolução, buscando atingir a perfeição para a qual Deus nos criou.

Como é que nós conseguiremos atingir esse longo caminho até chegarmos à condição deespírito puro, perfeito? Através da aquisição de conhecimentos nos mais amplos sentidos:conhecimento técnico, afetivo, emocional, moral, religioso, filosófico, científico. A alma vai seaprimorando. Através das muitas experiências reencarnatórias, a gente vai aprendendo, a cadaencarnação, a gente vai se aprimorando, vai conseguindo acrescentar à nossa bagagem de espíritoaqueles conhecimentos que vão fazer, lá adiante, que a gente consiga ser considerado espírito bom,perfeito, puro.

E nós vamos acumulando essas experiências quando estamos encarnados e desencarnadostambém, porque o espírito evolui tanto na condição de encarnado quanto de desencarnado. Nósvamos passando por situações e aprendendo a desenvolver todas essas potencialidades, vamossomando conhecimentos.

Sabemos que o caminho da evolução é um caminho difícil, duro. Nós caímos, nosmachucamos, mas sabemos que temos que levantar e continuar caminhando. Estamos longe deconseguirmos atingir a perfeição? Claro que estamos. Mas, o mais importante é que já estamosdando o primeiro passo.

Quanto tempo nós ficamos estacionados, vivendo a vida sem proveito, nos comprazendocom o mal, com as coisas da matéria, pura e simplesmente?

Quando nós somamos através dessas experiências todas que a gente vivencia no planoespiritual e no material, o que vai acontecendo com a gente? Vamos modificando a visão de nósmesmos, vamos nos vendo como pessoas um pouquinho diferentes. Você já não olha para o outrodo mesmo jeito. Você começa a despertar o sentimento de fraternidade. Aquele pobre, caído na rua,que você via antes de ter o entendimento espírita e passava para outra calçada, talvez para não sentiro mau cheiro do companheiro, porque te incomodava, hoje você se percebe, de repente, passando

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perto dele e parando para ver se ele está acordado, se dá para falar alguma coisa que sirva de alento,na situação que ele vive. Você vai olhando o mundo de outra forma. O conhecimento que aDoutrina Espírita traz para nós vai modificando o nosso interior, mesmo que devagarinho. A gentevai tendo uma visão diferente das coisas e uma visão diferente de Deus.

Hoje nós temos a visão de Deus como Deus Pai, bondoso, misericordioso.Vocês pensam que essa era a visão que eu tinha de Deus, há 14 anos, antes de me tornar

espírita? Não era não. A minha visão de Deus era, muitas vezes, semelhante à essa da página inicial:invocava Deus para atrair um raio sobre a cabeça de um inimigo. Quantas pessoas buscam Deuscom uma idéia equivocada do que é Deus?

As pessoas vêem Deus como um ser humano, com a nossa forma, que está ali pronto paradescer bênçãos sobre você, desde que aja e pense conforme os ensinamentos religiosos da doutrinaà qual você está ligado. Se pensar diferente, já não merece receber bênçãos, já não é mais filho deDeus.

A Doutrina Espírita traz para nós uma visão diferente. Vamos mudando o que pensamossobre nós, sobre o outro, sobre o mundo e sobre Deus também. Vamos ampliando a nossaconsciência, e ampliar a consciência significa que estamos evoluindo. Estamos começando otrabalho que nos foi destinado, quando fomos criados lá atrás por Deus, o de buscar a nossafelicidade, de trabalhar para atingirmos a perfeição.

O que vai traçar para a gente o nosso próprio caminho será o conhecimento e ocomportamento que irão resultar das situações que nós enfrentamos na jornada do dia-a-dia.

De acordo com as nossas escolhas, temos experiências diferentes de vida. Em conseqüênciadisso, também temos conhecimentos diferentes, e essa diversidade de conhecimentos, deexperiências é que nos confere a individualidade.

Diante de uma situação de dor, de perda material, a minha reação, baseada em todo essearquivo de experiências que eu trago, pode ser absolutamente tranqüila. A reação de uma outrapessoa, diante dessa mesma situação, pode ser completamente diferente da minha. Porque nós nãosomos iguais, não conseguimos aprender as mesmas coisas da mesma forma.

Quando você assiste um estudo qualquer e você comenta com um companheiro; um diz queentendeu de um jeito, o outro entendeu de uma forma completamente diferente. A vantagem doestudo em grupo é exatamente essa, porque cada um coloca a sua forma de entendimento sobredeterminado assunto e a gente cresce com isso, a gente amplia os horizontes, os conhecimentos,com a experiência do outro. A gente vai somando.

Esse exercício que fazemos do livre-arbítrio é que vai permitir que a gente alcance, mais oumenos rápido, dependendo das escolhas que fizermos, é que vai fazer com que a gente alcance onosso objetivo de vida que é o progresso.

À medida que vamos acumulando conhecimentos, vamos adquirindo a capacidade decompreensão, de entendimento, de construção interior. Aqui, a gente sabe que todo mundo jácomeçou o trabalho de construção interior, mas convivemos com pessoas que sequer pensam nisso,pessoas que moram na nossa casa e que não têm a menor preocupação em construir seu futuro deespírito imortal.

Nós já entendemos que é preciso colocar tijolo sobre tijolo na nossa construção e temos quepassar para essas pessoas tudo isso que a gente já está conseguindo ter de entendimento. Às vezesnão é fácil fazer isso. E Jesus nunca disse que seria fácil o caminho para o nosso progresso. Se não éfácil nós progredirmos, imagina carregar o outro para progredir também. Nós temos que dar oexemplo.

Sabedoria é uma coisa que vamos construindo aos poucos. Dizemos que os idosos são sábiospor quê? Pela vivência, pela experiência que eles vão acumulando ao longo da vida. Vamosenvelhecendo e aprendendo coisas que não se aprendem no banco da escola não, aprende com avida, com a convivência. Mas só aprende quem quer. Quem não quer saber de absolutamente nada,vai ter um bando de gente do lado dele tentando ensinar tudo, o tempo inteiro e ele não vai aprendernada, porque ele está fechado. Ele não quer progredir, não quer caminhar, não quer abrir oshorizontes, ele quer ficar na vidinha dele. É o livre-arbítrio dele. Nós não somos constantemente

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convidados a sair da nossa condição de querer aprender para vivermos na condição de não querernada? Nós fazemos a nossa escolha.

Se quisermos conseguir a sabedoria temos que correr atrás. E correr atrás significa ter queestudar, ampliar os horizontes, olhar para o outro, conviver, buscar a dor do outro, sair de dentro desi mesmo e olhar como é que ele conseguiu vencer aquela dificuldade, é trocar experiência.

Quando conseguirmos trocar experiências, acumular conhecimentos, vamos estar colocandomais um tijolinho na nossa construção e, conseguindo, a cada dia, um pouco mais de entendimentona vida. Esse conhecimento que vamos adquirindo ao longo das nossas encarnações é que vai fazercom que nós consigamos resolver várias situações complicadas que surgem na nossa vida.

Nós hoje somos capazes de encontrar soluções bem mais tranqüilas, mais equilibradas parasituações que, se ocorressem há algum tempo atrás, nós não conseguiríamos resolver. Seriamsituações que nos levariam ao desespero. Hoje, já conseguimos equacionar o problema eenxergamos qual o caminho que temos que seguir para melhor conduzir o problema. Jáconseguimos fazer essa escolha, de um caminho que vai fazer com que nós, se não resolvermos,pelo menos equacionemos o problema.

Como é que estamos lidando com as nossas doenças do corpo? Estamos lidando bem, comresignação, paciência, compreensão, com bom humor? Porque quando nós lidamos com a doençacom bom humor, a dor dói menos. Estamos lidando de uma forma bem melhor do que antes deconhecermos a Doutrina Espírita?

E como é que estamos lidando com as nossas doenças da alma? Será que estamostrabalhando a nossa intolerância, a impaciência, a falta de fé?

Quando nós começamos a entender, a lidar com as nossas dificuldades do corpo e da alma,significa que estamos conseguindo passar do primeiro para o segundo degrau na nossa escadaevolutiva.

E quando a gente consegue lidar com tudo isso é basicamente porque a gente não teme maisaquilo que já conhece. Eu sei que Deus não é culpado das minhas dores; eu já sei que dor,sofrimento, doença, tudo é passageiro; a nossa encarnação dura um período muito pequeno secompararmos com a eternidade. Sabendo que tudo isso é escolha nossa, temos que terdeterminação, paciência, boa vontade.

Não existe fatalidade. As únicas fatalidades que sabemos existir são: a encarnação e adesencarnação.

Nós fomos fazer uma visita à Colônia de Curupaiti e tivemos uma experiência que nosmarcou. Tem uma senhora interna que não tem conformação nenhuma diante da doença dela, naverdade ela é bastante revoltada. Já passou por vários segmentos religiosos e não se encontrou emnenhum. A única religião que ela nunca passou é a Doutrina Espírita. Ela sabe, através das visitasdos caravaneiros espíritas, que a Doutrina Espírita diz que temos responsabilidade sobre os nossosatos. Como ela não aceita ter essa responsabilidade, ela nunca foi ao Centro Espírita.

Essa senhora nos falou uma coisa que marcou muito. Ela disse: Deus marcou os hansenianose a mim, Ele marcou com muita força, porque além da hanseníase, eu tenho enfisema pulmonar,insuficiência cardíaca, problemas nas pernas, nos braços, problemas auditivos. Ela tem um conjuntode enfermidades que fazem com que passe por maus bocados. E talvez até o mau humor que elaapresenta seja, primeiro, fruto da ignorância, da inconformação e, segundo, fruto da dor. Porque elasente dores físicas intensas.

Ela desconhece que as causas da doença, possivelmente estão ligadas a seu passado.Provavelmente ela participou da escolha dessas provas, porque é uma prova muito dura. A gentetenta falar isso para ela e não consegue. Como é que a gente vai dizer para uma pessoa, que pensaque Deus é punitivo, que ela escolheu suas provas?

Essa é a grande diferença que a gente vê em quem estuda e compreende a Doutrina Espírita.É a grande vantagem, que faz com que a gente passe pela vida, que a gente exercite o livre-arbítriocom muito mais tranqüilidade, e deveríamos exercitar com muito mais sabedoria.

Intervenção: Você falou dessa senhora e falou de nós, que sabendo usar o nosso livre-arbítrio, poderemos fazer escolhas com muito mais sabedoria. E aí me lembrei de alguns estudos

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que fazemos no Encontro sobre Jesus, até um estudo sob orientação de Balthazar, em queestávamos discutindo sobre isso. Nós espíritas, que estamos estudando a Doutrina, conhecemosmuitas informações, mas nós não sabemos de muitas coisas ainda. Então, uma das coisas que agente já conhece, mas muitos de nós ainda não sabemos, é usar o livre-arbítrio. O conhecimento nósjá temos, podemos citar de cor as questões do Livro dos Espíritos, trechos do Evangelho, mas seráque já entendemos onde aquilo pode ser aplicado na nossa vida, em que eu posso ser útil àsociedade, conhecendo aquilo? Ainda estamos trabalhando.

Esse discernimento vem, além do conhecimento e do entendimento, através da experiênciamesmo. O primeiro passo já foi dado. Alguns estão mais adiantados em conhecimentos, têm maismaturidade para compreender melhor.

Vícios, problemas, dificuldades, nós vamos ter. Ignácio não nos falou que podemos serviciosos e bons ao mesmo tempo? Não é porque trazemos as nossas mazelas, nossos vícios, quevamos nos considerar incapazes de trabalhar. “Ah! eu não posso ser espírita, porque ser espíritasignifica ser perfeito.” Quanta gente tem essa visão de que o espírita é perfeito?

Eu tenho uma amiga espírita que não consegue convencer sua família a conhecer a DoutrinaEspírita. Só ela é espírita. Ela me disse que, onde sua irmã trabalha, têm muitos espíritas, mas temum que é um problema, porque ele é cheio de defeitos, e tem um comportamento que não éconsiderado dentro da moralidade. A irmã acha que o Espiritismo não é uma coisa boa, porque sefosse, aquele camarada, que se diz espírita, não seria tão imperfeito. Então, a luta dela, é tentar fazera irmã entender que os espíritas não são perfeitos, eles estão trabalhando, estudando, para tentarcorrigir os seus erros, suas falhas. Porque essa é a proposta da Doutrina Espírita.

Está lá no Evangelho: Como é que se reconhece o verdadeiro espírita? Pelos esforços quefaz para domar suas más inclinações. É pelos esforços, porque a gente faz esforço mesmo, todos nósfazemos. Todo dia temos que fazer um esforço muito grande para superar as nossas dificuldades,imperfeições. Estamos trabalhando para nos melhorar. Quando a gente pensa que está por cima,uma coisinha de nada que dizem pra gente, desaba tudo. Aí a gente tem que começar tudo de novo.

Errar, muitas vezes a gente erra inconscientemente. Fazemos escolhas erradas, ainda“inconscientemente”, mas a grande maioria das nossas escolhas são conscientes mesmo. Seresolvermos pelo caminho errado, ótimo, mas vamos saber que lá adiante vamos ter que dar contadisso. E vamos dar conta disso para quem? Para nós mesmos. Porque quando a gente desperta e sevê do outro lado, desencarnado, vamos ver que tem lá aquela mancha, aquilo vai incomodar.Depois, temos que voltar mais uma vez, para sofrer com mais intensidade.

Essas escolhas que temos que fazer, não são nada fáceis para quem é espírita. Por que é queeu digo que era feliz e não sabia? Porque quando você não tem conhecimento, sua responsabilidadeé menor. O livre-arbítrio é proporcional à nossa evolução. Na medida em que vamos evoluindo,vamos conhecendo mais, vamos trabalhando mais no bem, vamos crescendo como espíritos, vamostambém sendo mais cobrados e vamos nos cobrando muito mais.

A gente precisa aprender a se cobrar menos, a se perdoar, se culpar menos, porque somosespíritos ainda imaturos, imperfeitos sim, mas temos todas as possibilidades de, caminhando, ter umdiscernimento melhor das coisas, deixando para trás as nossas imperfeições.

Uma visão materialista que nós temos é aquela visão do aqui e agora. Ninguém quer sofrer,em sã consciência, ninguém quer sofrer, é uma visão materialista. E por que será que a gente nãoquer sofrer? Será que é porque a nossa capacidade moral, intelectual ainda não está bemdesenvolvida para lidarmos com aquele problema que nos causa dor e sofrimento? Mas Jesus nãonos ensinou que Deus não coloca fardo pesado em ombros que não conseguem carregar? Então, se ador vem, nós sabemos que é porque temos capacidade de resolvê-la, senão não viria. Se vem odesconforto, a infelicidade relativa, a doença, é porque nós somos capazes de superar a dor queaquele desconforto nos causa.

Nós não queremos sofrer porque o nosso conhecimento da vida verdadeira, de todas asnossas possibilidades como criaturas de Deus, esse conhecimento do nosso potencial divino ainda émuito pequeno. Nós não sabemos ainda do que somos capazes como espíritos. Ainda nãodesenvolvemos as nossas potencialidades, Léon Denis fala isso. O dia que nos dermos conta do que

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podemos fazer, não tem dor que dê conta de nós. Nesse dia, com certeza, estaremos lá em cimacomo espíritos, olhando para as criaturas com olhos de bondade, como os espíritos que já estãonessa condição olham para nós. Aquele olhar de compreensão, de entendimento. Quando nóspercebermos do que somos capazes como filhos de Deus, aí sim, teremos colocado uma meia dúziade tijolos na nossa construção. Essa construção do nosso interior, de fortalecer, de buscar oconhecimento, porque só através do conhecimento, do entendimento da vida, é que vamosconseguir aprender a escolher bem.

O exercício do livre-arbítrio está diretamente ligado às responsabilidades que isso acarreta.Não dá para falarmos de livre-arbítrio sem falarmos de responsabilidade. E é duro sabermos quetemos responsabilidade sobre nossos atos.

Para que possamos escolher, resolver bem, é preciso começarmos a evoluir, caminhar,progredir, a pensar mais alto, a nos ver como espírito imortal. Se não temos a visão de espíritoimortal, não adianta nada o que aprendemos aqui, porque esse é o princípio básico da DoutrinaEspírita.

O conhecimento, o estudo, as experiências, vão nos dando a possibilidade de descartaraquilo que já sabemos que não nos serve, que não é bom para nós como espíritos. Porque asatisfação imediata dos nossos desejos, quem não quer? Mas será que isso é bom para mim comoespírito imortal? Será que vou aproveitar as lições que a vida me oferece se tiver muita facilidade?È difícil vermos a riqueza como prova, mas sabemos que é uma prova, uma prova muito difícil.

Nós vivemos buscando facilidades, queremos ter mais e mais. Mas tem um momento navida da gente que a gente para e pensa: qual é o meu objetivo na vida? O que é que eu quero paramim? Eu quero ter ou eu quero ser? Se eu quero ter, vou continuar essa busca desenfreada, vou usardo meu livre-arbítrio como eu achar que devo. Mas, se eu quiser ser, vou parar e refletir: será que eudevo?

A responsabilidade dos nossos atos será sempre nossa, não tem desculpa, não adianta botar aculpa no passado.

Na questão 872 do Livro dos Espíritos, Kardec coloca assim: “Desprendido da matéria e noestado de erraticidade, o Espírito procede à escolha de suas futuras existências corporais, de acordocom o grau de perfeição a que haja chegado e é nisto, como temos dito, que consiste sobretudo oseu livre-arbítrio. Esta liberdade, a encarnação não a anula. Se ele cede à influência da matéria, éque sucumbe nas provas que por si mesmo escolheu. Para ter quem o ajude a vencê-las, concedidolhe é invocar a assistência de Deus e dos bons Espíritos.”

Diante das situações difíceis, seja de perda, doença, problema financeiro, afetivo, a gente sótem duas escolhas a fazer: ou a gente senta e começa a chorar, se lamenta, põe a culpa em Deus,reclama de tudo, e aí vai criando um monte de doenças para si mesmo, vai entrando em depressão, ea depressão faz com que você fique uma pessoa insuportável para a família, para os amigos; aqueleproblema que era financeiro, passa a ser afetivo também, porque você fica intragável, seu maridonão consegue nem lhe olhar, e você vai criando uma série de dificuldades que vão complicandocada vez mais sua vida. É uma escolha, você pode escolher isso para você.

Ou podemos escolher ir à luta. A dor está doendo, a dificuldade está grande, mas eu vou melembrar que sou filha de Deus, vou me lembrar que sou espírita e, nessas horas, quando se lembrarque é espírita, lembrar que pode fazer uma prece, lembrar que tem um bom amigo espiritual, queestá ali junto da gente, dizendo para termos ânimo, coragem, fé, confiança na misericórdia do Pai. Eeu posso escolher sair da situação de dor.

Nós precisamos de força e coragem para superar as nossas dificuldades, para exercer o nossolivre-arbítrio, para conseguir exercer a nossa escolha de sermos espíritas, de trabalhar para o nossoprogresso, de buscar o caminho que vai nos levar à perfeição e de nos olhar como espírito imortal.Isso os Espíritos fazem por nós. Quando eles percebem que estamos querendo, que estamoscolocando a nossa vontade em ação, para trabalharmos, para progredirmos, a ajuda vem em todos osmomentos da nossa vida.

No livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, quando Léon Denis fala sobre o livre-arbítrio, ele diz assim: “A liberdade e responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com sua

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elevação. É a responsabilidade do homem que faz a sua dignidade e moralidade. Sem ela, não seriaele mais do que um autômato, um joguete das forças ambientes, A noção de moralidade éinseparável da de liberdade.”

Que Jesus nos abençoe. Que possamos pedir a Ele que nos fortaleça e, quando estivermosnaqueles nossos momentos de decisão e não soubermos o que fazer, como não vivemos sozinhos e,normalmente, as nossas decisões sempre envolvem outras pessoas, vamos nos lembrar de Jesusquando Ele nos diz: “ Fazer ao outro o que gostaria que o outro te fizesse.”

Essa é a nossa medida para tomarmos sempre as atitudes corretas.Que Jesus nos abençoe e nos permita uma noite de bastante reflexão.

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Lei de Causa e EfeitoPrimeira aula dada por AMÉRICO DOMINGOS em 27/06/2003

A Lei de Causa e Efeito é exatamente uma Lei Divina, vigorando nos dois planos daCriação. Portanto, ela existe ou é exercida dentro de nós. Muitas pessoas de outras crençasdesconhecem inteiramente a existência dessa Lei, a qual se apresenta também na arena física, dentrodo contexto da Física Clássica (Isaac Newton).Está assim anunciada: “Toda ação gera uma reaçãode mesma intensidade e de efeito contrário”.

Ele está agredindo o semelhante, mas, na realidade, está se agredindo espiritualmente, emrespeito à Lei de Causa e Efeito.O agressor pode sair dali, fugir, cair fora. Ninguém viu, ninguémsabe, deixou lá o cadáver. Mas, será que ninguém está vendo mesmo? Primeiramente o mundoespiritual. Mas quem está registrando mais, isso tudo aí? É ele mesmo. Porque a lesão está sendovincada na sua intimidade espiritual ( perispírito).Esse indivíduo pode passar o resto da existênciafísica, ignorando o fato, esquecido disso aí, não incomodado pela polícia ou pela justiça humana.Mas certamente, quando ele desencarnar, trará estampado, dentro de si, o mal que cometeu.

Jesus deu uma verdadeira aula sobre isso: “A cada um segundo as suas obras”. “Quemerra ou peca, é escravo do erro ou pecado”. “Quem com ferro fere, com ferro seráferido”.”Quem leva para cativeiro, para cativeiro vai”. Isso é a Lei de Causa e Efeito, ensinadaem “O Novo Testamento”.

Nós, espíritas, estamos militando na Terceira Revelação, a qual é uma síntese das duas quenos precederam: “O Antigo e o Novo Testamento”. Então, a Bíblia é toda nossa. Principalmentequando é lida no grego, quando não sofrera ainda o dedo do homem a maculando. Porque sabemosque desde São Jerônimo, na Vulgata, para cá, muitas adulterações foram realizadas. E mesmoassim, com toda a mexida, a Bíblia nos revela a Doutrina Espírita em toda a sua exuberância.

Vamos imaginar que isso aqui é um desdobramento. Estamos vendo o corpo espiritual desseindivíduo. Ele acabou de perpetrar alguma coisa ruim e já está registrado dentro dele.Por que isso?Porque o perispírito tem a capacidade de moldar-se, através do pensamento e da vontade. A fontegeradora tanto pode ser um pensamento bom ou ruim. Então, a Lei gratifica quem faz o bem,principalmente, o bem desinteressado, “não vendo a mão esquerda o que faz a direita”. É acaridade que praticamos sem que ninguém saiba.Então, a vibração de gratidão da vida retorna paranós. O nosso perispírito armazena tudo isso. Daí citarmos, como exemplo, o fato de Bezerra de

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Menezes desencarnar e, logo após, no dia seguinte, estar se apresentando para todo mundo.Retornar à Pátria Espiritual, aclamado por uma multidão. Imaginem o perispírito desse homem. Sópraticava o bem, a caridade legítima, o amor. Não trazia mazela em seu corpo espiritual.

Segundo concepção das religiões dogmáticas, o espírito é criado junto com o corpo. Agrande diferença é que nós, espíritas, exercemos a fé raciocinada e eles não. Se tivesse aqui algumprofitente de outra crença, iria ficar balançado, não podendo explicar satisfatoriamente o que estávendo, na ilustração, através da ótica espiritual. Pela concepção dogmática, o espírito é criado juntocom o corpo e esse indivíduo já entra na arena física, ostentando patologia gravíssima, a chamadaagenesia de vias biliares.

Por que isso? Se o espírito é formado junto com o corpo, não deveria trazer qualquerimperfeição, porque está sendo formado ali, naquele momento, tendo a chance do nascimento naTerra.

Até hoje, os religiosos dogmáticos ainda citam a história de Adão e Eva. Dizem que opecado entrou no mundo por causa do erro do primeiro homem. Nós, como descendentes dessehomem que se enganou, pagamos o pato. Se somos descendentes do Adão e o pecado originalrealmente existe, todo mundo tinha que passar pela mesma coisa, constituindo uma injustiça adiversidade verificada.

No primeiro parto que fiz, a criança nasceu sem os globos oculares. A gestante tinha mais decinco filhos e todos sãos. Como vamos explicar o fato, segundo a concepção dogmática? Cincofilhos normais e um nasce sem os olhos.Que negócio é esse? O que têm Adão e Eva com isso?

Em verdade, a responsabilidade é pessoal, cada um sofrendo o que merece e o que necessitana sua trajetória evolutiva.

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Isso é muito comum em celas de prisão: o suicídio.Se agredirmos a outrem, pela Lei de Causa e Efeito, estamos agredindo a nós mesmos.

Imaginem, quando lesamos a nós mesmos! Quando a gente maltrata o outro, podemos didaticamenteafirmar que a lesão leva um segundo para pegar meu perispírito, quando estou me agredindo,suicidando-me, nem um segundo ocorre, já marca de imediato. O que gera a mácula, no perispírito,é o pensamento, não é nem o ato da violência. Por isso, o pensamento é importantíssimo na gênesede todo o processo.

A lesão está aí, como é que pode? A criança veio ao mundo já com uma aberração dessa?Tem que ter uma razão de ser, porquanto não existe o acaso.

O Espiritismo é a volta de Jesus. Naquela época, o Cristo não poderia ensinar isso comfacilidade, já que a humanidade de então não estava preparada. Ele ministrou o ensinamento deforma simbólica: “A cada um segundo as suas obras”. “Quem leva para cativeiro, paracativeiro vai”.

Esta ilustração foi apresentada pela primeira vez no Maranhão. As pessoas que estavamassistindo eram da roça, do interior. Perguntei o que achavam que poderia ser aquilo em relação àexistência passada. Um deles levantou o braço e disse: “Esse indivíduo, no passado, suicidou-se nalinha do trem”. Os outros concordaram com ele. Por que não? Tínhamos aventado a possibilidade

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do indivíduo ter-se suicidado no mar. Em verdade, aconteceu algo de grave que lhe lesou a face,acarretando repercussão na vestimenta espiritual e futuro comprometimento no corpo físico.

Sob o ponto de vista médico é um teratoma, tumor maligno de muita gravidade. Nasceumorto, não tem condição de vida. O que Deus quer com isso tudo?

Certa feita, estávamos numa reunião mediúnica, e tivemos ensejo de travar contato com oguia da reunião, que era um médico e estava nos orientando. Então, perguntamos: Por que oespírito tem que reencarnar e passar por todas essas situações? Por que isso? Precisa disso?Ele nos disse o seguinte: “O ideal é que a pessoa esquecesse de tudo isso, reencarnando epraticando o amor”. Esquecendo como? O xis da questão está aí. Aí, então nos explicou que oindivíduo quando desencarna, como assassino ou suicida, quem quer que seja, em algumtempo, vivenciará intenso remorso (o simbólico “fogo eterno”).

“Quando plasmamos no corpo físico a lesão que trazemos do espírito, que estava no âmagodo perispírito, e passamos por uma experiência drástica, dolorosa, tudo isso nos proporciona,quando regressamos à dimensão espiritual, a cura, já que o remorso não existe mais. Nãoestaremos mais vivenciando o que fizemos de errado no passado, porquanto conseguimos resgataro que nos afligia. Passamos agora a lembrar do sofrimento que nos levou à desencarnação,apagando a lembrança do remorso aterrorizante anterior”.

Muita gente diz que o suicida está lá no cemitério, preso ao corpo e não sai dali, sentindo ocheiro de podridão. O espírito sai sim. Pode estar vivenciando verdadeiro inferno sem precisar estarali. Pode estar longe e participando de tudo aquilo ali. O “inferno” é um estado de espírito, no qualo indivíduo não tem paz. E quando reencarnar, vivenciará a experiência necessária ao seu espírito.

Quanto à ilustração em tela, podemos imaginar o espírito nessa situação, dentro do útero damãe, constatando o aparecimento em seu corpo de um tumor, o qual, sendo plasmado aí, constituideságüe exatamente do que ele tem dentro de si, no perispírito: os miasmas negativos quearmazenou. Imaginem o que esse indivíduo fez! Nem queremos pensar. Tanta gente praticandotortura por aí. Não precisa ser a tortura física, existe a tortura mental, psicológica.

Olha o tempo dos romanos! Vamos imaginar quem bolou tudo isso aqui? Quem usou ointelecto para o mal? Imaginem o que os homens, pela Lei de Causa e Efeito, estão armazenandodentro de si e depois terão que resgatar, aprender. Não é castigo, é justiça, é amor, misericórdia deDeus, que dá a chance do indivíduo se recuperar, ninguém está perdido para todo o sempre.

Jesus disse: “Nenhuma ovelha se perderá”. Contudo, agora, essa “ovelha” tem que sereencontrar. Se pisou no pé de alguém, agora vai ter que se levantar e andar sozinha. Se alguémpisar no pé dela, vai entender o que é passar por cima do pé de alguém.

No tempo da pirataria, comumente os corsários saqueavam as embarcações e ateavam fogonas pessoas presas lá dentro. Não tinham a mínima idéia, talvez, do que seja morrer incapacitado deagir e incendiado. Quantos desencarnam queimados, regressando à Pátria Espiritual e livres dopesadelo do remorso! No incêndio do edifício Andorinha, a TV focou uma janela e lá estava um

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velhinho ofegante, que morreu ali. Por que passava por uma experiência dessa e outros nãopassaram? Por que um padecia e o outro não? Sob a ótica divina, retirando do contexto a doutrinada reencarnação, isso não poderia acontecer.Temos que ser iguais ou não? A equidade perante Deustem que existir. Se há desarmonia, é porque alguém a criou e agora está tentando uma possívelharmonização, reconciliando-se consigo próprio. O remorso é muito intenso, então, tem que passarpor alguma coisa na mesma intensidade, para que esse pesadelo desapareça. Porque a própria lesão,que o indivíduo carrega no perispírito, no momento da reencarnação, é desaguada no corpo físico. Éexpurgada, ocorrendo a cura. Aquela criança que vimos, na ilustração anterior, ostentando oexuberante tumor, certamente está sarada espiritualmente.

Certa feita, estávamos lendo uma revista espírita e um articulista escreveu uma barbaridade.Disse que as pessoas, que passam pelas experiências traumáticas, pelos acidentes, quando chegamna dimensão espiritual, estão sofrendo intensamente. Até afirmou que um ser, que perde a mão,chega no além sem ela. O que perde a cabeça, retorna sem a mesma. Fez um drama danado. Então,retrucamos:”O indivíduo está resgatando e ainda tem que continuar a passar por isso tudo?Ele está curado, não tem mais que sofrer isso”.Escrevemos para a redação e publicaram nossaréplica.O articulista equivocado, em carta a nós endereçada, reconheceu o erro.

A pessoa suporta uma situação de tragédia na arena física e depois ainda continua padecendono mundo espiritual, não tem lógica. Ela estava sofrendo apenas antes de reencarnar. Depois quedesencarnou, não tem mais nada que expurgar e já passou por tudo que tinha que suportar. Inúmerascomunicações mediúnicas, através do estimado Chico Xavier, atestam essa realidade, porquanto,mesmo desencarnados em situações trágicas se apresentaram em ótimo estado espiritual.

Voltando à ilustração em tela, quem utiliza o intelecto para o mal terá que arcar com osconseqüentes efeitos. Porque os romanos queriam a supremacia do mundo através da força militar,parecendo muito com os americanos hoje. Na verdade, estamos vivendo um ciclo que se repete, ostempos são os mesmos. O edifício da Casa Branca tem o estilo arquitetônico romano, até o símboloda águia é observado. Se usarem a inteligência para o mal, segundo a Lei de Causa e Efeito, serãolesados na mente, no cérebro. Daí a explicação espiritual para alguns tipos de doenças neurológicascongênitas ou adquiridas acarretando retardamento mental.

É uma criança que nasceu sem o cérebro. É denominado de anencéfalo. Está lesado,exatamente, na área do cérebro. O espírito pode resgatar muito bem o passado, não apenas nascendoassim, já que pode doar também os seus órgãos, porque ele só não tem cérebro, o resto está intacto.

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Este nasceu com hidrocefalia. Como pode o indivíduo vir ao mundo assim, se tem uma vidasó, mediante a concepção dogmática? Então, Deus não sabe criar?

Através das ilustrações nos situamos diante da prática da vida É muito fácil pregar nospúlpitos, quero ver estar aqui, consolando a mãe, dizendo que a criança nasceu assim por causa deAdão e Eva. A mãe poderá argumentar: “Quer dizer que a transgressão dos primeiros pais só pegounele, em mim não? Quer dizer que o pecado de Adão, atingiu somente a ele e em mim não?”

Jesus disse: “Eu tenho muitas coisas para vos ensinar, mas não podeis compreenderagora”.Felizmente, chegou o momento de conhecermos a verdade que o Consolador prometido porJesus (o Espiritismo) nos revela. Repararam que a reencarnação está contida no contexto evangélico:Através da evolução do espírito, o ser estará apto a entender o ensinamento do Cristo no futuro.

Agora estamos numa clínica chamada de abortiva. A senhora está aqui para assassinar o seufilho, em fase de elaboração embrionária ou fetal, e está esperando ser atendida para isso.

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As gestantes abortadoras atuais vão ser essas pacientes no futuro, recebendo assistência naClínica de Esterilidade. Passam por situações muito dolorosas para quererem ter filho. Situaçãofísica e moral. Sofrem, exatamente, porque têm alguma coisa no contexto.

Este é o assassino da medicina. Vamos ver esse cidadão no futuro, passando por muitasdificuldades. Certa feita, atendemos no hospital uma criança com paralisia cerebral. De repente, medeu a vontade de perguntar algo à mãe. Deve ter sido espiritual. Perguntei se o paciente tinhaalguma alegria na vida. A mãe olhou surpresa para mim. Ela, então, disse: Tem, sim, na hora dobanho. Quando o coloco na banheira de água morna, fica extremamente feliz.

Então, na mesma hora, talvez o mesmo agente, que me induziu à pergunta, me fez o seguintecomentário: “três vezes suicida, está aprendendo a valorizar a vida”.A maior alegria dele étomar banho. Quando sente a água morninha e o aconchego da mãe, está aprendendo a dar valor àencarnação. Nunca mais se suicidará.

“Inferno” é isso aí. O indivíduo fica rememorando.Está em sofrimento. Está subjugado peloremorso. Passou pelo ato danoso e aguarda a bendita oportunidade da reencarnação, quando amisericórdia divina lhe proporcionará o ato reparador. O indivíduo cometeu o suicídio e está aqui,após o suicídio, em sofrimento. Agora, ele encarna, passa pela expiação atroz, sem revolta, queafasta o remorso dele, voltando para a dimensão espiritual até mesmo aliviado. Não existe lugardeterminado para o sofrimento, o indivíduo, sofrendo, é que faz o local. O umbral existe porque aspessoas estão vibrando e elas agrupadas, formam aquilo, que é o local, vamos dizer assim,umbralino.

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A lesão no perispírito permanece. Bendito o ensejo da reencarnação, para o indivíduo botarpara fora tudo isso.

Há uma passagem em Gálatas, de Paulo, que diz assim: “O que o homem semear na carne,da carne ceifará a corrupção”. O que o homem semear, criar, plantar, o que ele pensa e faz nacarne, vai ser na carne que ele vai ter que retificar isto tudo.

“Se o teu olho te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti. Melhor entrares na vida semo olho”. Continua Jesus a ensinar: “Se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, arranca-o e lança-ofora de ti. Melhor entrares na vida manco ou aleijado.”

Esta ilustração é bem significativa. Ninguém diz que isso aí é gente. Tomamosconhecimento do que aconteceu na 2a Guerra Mundial, quanta coisa foi feita de torturas. Imagina oque os nazistas armazenaram dentro de si, com tanto ato nefasto, hostil. Isso aí é o início, o espíritoestá procurando se consertar.

André Luiz dá uma verdadeira aula sobre os ovóides. O indivíduo está num remorso tãointenso, e não tem a matéria para se refugiar. Aqui, em nossa dimensão, é muito fácil. A matériaatenua, anestesia. O espírito desencarnado está diante de si mesmo.

O remorso é tão veemente, que o ser espiritual sofre um processo de regressão psíquica,como se estivesse voltando ao ventre materno. Parece estar retrocedendo, retornando à sua origem,vai encistando-se. O sofrimento é tão intenso, que assume uma forma ovóide, como se fosse um ovoou uma ameba. Tem a impressão psíquica de poder situar-se no nada, como se estivesse morrendo.Seria a segunda morte, que não existe, o ser espiritual não pode se matar, o espírito é imortal, massofre intensamente. O perispírito vai assumindo uma forma cística. Não é retrogradação. Avestimenta espiritual é que tem aquela forma, mas ele, espírito, não é aquilo. O âmago dele, o euinterior, a individualidade dele não é aquilo, mas o envoltório é. Porque a vestimenta é que registratudo, é o mata-borrão.

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As reencarnações horríveis como esta, sob o ponto de vista físico, são maravilhosas, sob oponto de vista espiritual.

Do livro Religião dos Espíritos, Emmanuel, psicografia de Chico Xavier: “O corpo carnal,ainda mesmo o mais mutilado e disforme, em todas as circunstâncias, é o sublime instrumento emque a alma é chamada a ascender à flama da evolução”.

Qual é a religião, filosofia, ciência, doutrina que ensina isso? É o Espiritismo. Porque aDoutrina é gigantesca, é a Doutrina do Cristo, porquanto o elevado ser que se apresentava comoEspírito da Verdade, hoje sabemos que é o próprio Jesus.

“Em verdade, em verdade vos digo, todo o que comete o erro, é escravo do erro”.Jesus cura o paralítico, isso é de uma profundidade. Olha o que diz para o homem: “Eis que

já estás curado; não erres mais, para que não te suceda coisa pior”. O homem era paralítico denascença. Como vamos entender isto, excluindo do contexto o processo reencarnatório?

Uma vez, perguntamos aos espíritos: Por que numa aula espírita comparecem os espíritos?Eles não têm o que fazer do outro lado? Não tem aula no além para eles?

Certa feita,caiu um temporal em Pedro Leopoldo, inundando a cidade. O Chico morava atrásdo Centro. Chegou a hora da reunião, começou a explanar. Tudo vazio. Uma senhora que eravizinha foi lá. Entrou e levou um susto, estava o Chico falando sozinho. Quando terminou areunião, perguntou o que tinha acontecido. Chico respondeu que os moradores de Pedro Leopoldoestavam todos em casa e os seus guias protetores, como até os obsessores, estavam assistindo àreunião, porque como os desencarnados estavam seguros, então, vieram todos os desencarnadospara cá.

Perguntamos ao espírito, por que isto? Respondeu que os desencarnados necessitam davibração da matéria, da energia vital. Sendo suas vestimentas espirituais muito densas, pesadas,sentem-se muito bem quando estão entre os encarnados. É por isso que os espíritos são ajudadosmuito mais numa reunião mediúnica, com o médium incorporado, do que fora, no âmbitoextrafísico. Ali captam os batimentos cardíacos do médium, o cheiro do corpo físico, ouvem a vozhumana, tudo isso, lhes são peculiares.

Mateus capítulo 7, versículo 2: “Porquanto com o juízo com que julgardes sereis julgado ecom a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.” Isso é enunciação evangélica daLei de Causa e Efeito.

Temos um caso a contar, ocorrido no Ponto Zero, em Benfica, numa prisão especial.Estávamos fazendo uma palestra para os internos, mostrando a Lei de Causa e Efeito. Quandoacabou o encontro, um detento disse assim para mim: “Eu sou policial e médico. Estou preso aquipor injunções policiais. A minha família é umbandista e fui num terreiro. Na hora de recebero passe, o preto velho me disse que numa existência passada, tinha arrancado a mão daspessoas. Mediante o que Sr. mostrou, eu fiquei preocupado. Deram-me a informação de que ofato aconteceu na Arábia”. Dissemos, então: “Você deve ter sido um justiceiro. Talvez fizesseisso por obrigação como carrasco. Segundo O Livro dos Espíritos, quando você impetra o mal aalguém, depende muito do que você está fazendo. Porque numa guerra, por exemplo, você tem queestar lá. Agora, se está matando alguém com ódio, com vontade de matar, aí a Lei de Causa e Efeitoestará agindo.”

Ele se tornou espírita. Uma vez, chegamos lá e ele estava chorando. Lia O Cavalo de Tróia,com muita emoção. Depois de algum tempo, foi solto e encontramo-lo num Centro Espírita.Parecia-nos regenerado e convertido à Doutrina. Voltando ao Ponto Zero, quando ia começar areunião, um dos presos nos conta que ele foi encontrado dentro da mala de um carro, ele e mais três,mortos e todos sem as mãos. Tinha um cartaz: “Nunca mais vou roubar caminhão de carga”. Aí noslembramos, perdeu as mãos.

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Lei de Causa e EfeitoSegunda Aula dada por AMERICO DOMINGOS em 31/07/2003

Tem uma obra chamada Leis de Amor, de Emmanuel, psicografia do Chico Xavier, que dizque a grande maioria das doenças tem a sua causa mais profunda na estrutura semimaterialdo corpo espiritual. Portanto, quase todas as doenças têm sua gênese no perispírito: o individuopode trazê-las estampada desde o nascimento ou reencarnar com a predisposição, registrada nosgenes.

Existem, contudo, as moléstias que não têm relação com o corpo espiritual. Quais são? Asinduzidas pelas paixões, pelas drogas, resultantes do mau uso do livre-arbítrio. Quem fuma, quembebe, é claro que está prejudicando o seu organismo físico e, ainda por cima, está lesando operispírito para a próxima existência.

A reencarnação é onde se assenta a Lei de Causa e Efeito. Como acontece um efeito, tendouma causa, se não há reencarnação? Tem que haver, realmente, o renascimento na carne.Jesuspregou tudo isso: “Se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti. Émelhor entrares na vida manco ou aleijado. Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o elança-o fora de ti. Melhor entrares na vida com um só dos teus olhos. ”

Entrar na vida manco ou aleijado. Os religiosos dogmáticos interpretam o texto, de formabem primária, dizendo que é entrar na vida espiritual, no céu. Aí não dá. Passamos aqui, na vida,por tanta atribulação, ainda por cima, depois da nossa morte, entraremos no céu manco ou aleijado!Na concepção do dogmatismo religioso, Deus não nos dá a chance de, pelo menos, entrarmos emum lugar de deleite eterno, em paz, com as nossas mãos e pés intactos.

Toda essa irreverência que existe dentro de mim, certa vez, espocou, num debate com umministro protestante: Eu disse assim: — Pastor, no céu a gente canta hino e toca harpa. Segundo ainterpretação equivocada de sua crença, pode-se entrar manco e aleijado no céu. Gostaria de saberde sua parte: Quem é que vai tocar harpa lá, se todos estiverem aleijados?

O pior é que há a possibilidade de adentrar-se no paraíso também cego: “Se um dos teusolhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti. Melhor entrares na vida com um só dosteus olhos”.

Certa feita, no hospital onde trabalho, entrou um senhor com um recém-nascido envolto numlençol, porquanto tinha acabado de nascer, em parto domiciliar. A criança não portava os globosoculares. O pai da criança trazia debaixo do braço a Bíblia, a qual foi solicitada por mim. Peguei osversículos, citados acima, e os li para ele.

Perguntou-me por que estava lendo aquilo. Eu lhe disse: — Para lhe consolar, porque o seufilho nasceu sem os olhos.

— O senhor está me consolando? De maneira alguma me conforta. Eu sou pastorevangélico e os textos são bem claros, os versículos atestam que é entrar, na vidaespiritual, cego.

— Mas, pastor, há lógica entrar no céu sem olho ou manco? O senhor não está vendo quenão tem cabimento.

— Mas se não tiver lógica, isso seria reencarnação.— Ah! Então o senhor está comprovando a reencarnação, porque não há coerência mesmo.O pastor saiu balançado, porque uma coisa é pregar na teoria, mas na prática, com um filho

sem os olhos é outra coisa.Continua Jesus ensinando a reencarnação: “Embainha a tua espada, pois todos os que

lançarem mão da espada, pela espada perecerão”. Um dogmático não vai saber nem comocomeçar a interpretar isto. Se pegar ao pé da letra, quer dizer que quem mata com espada, tem queser morto à espada, seria outro absurdo. Isto aqui é simbólico, está mostrando que existe umaordem, uma lei espiritual.

Há alguns anos assisti a um programa de televisão sobre a pena de morte. Todos os queestavam ali eram a favor da pena capital, inclusive um cardeal. O padre disse, na maior cara de pau,que era a favor da pena de morte, porque Jesus a pregou e citou o versículo: “Quem com ferro

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fere, com ferro será ferido”. Meu Deus do Céu, um padre falar tal besteira, minha vontade eraestar lá e dizer para o ignorante irmão que “a letra mata, mas o espírito testifica”. Paulo explicaisso. A gente tem que ver nas Escrituras, não a letra (sentido literal), mas o que ali está representado(sentido simbólico). O que está querendo dizer Jesus com aquilo ali, falando, realmente, por meiode figurações e de acordo com a capacidade evolutiva de cada um: “Se ferirmos o nossosemelhante, em verdade pela Lei de Causa e Efeito estamos ferindo a nós mesmos.” No episódio, relatado em João 5:14, o Mestre cura um paralítico. Observemos o que diz para oparalítico: “Eis que estás curado, não erres mais, para que não te suceda coisa pior”.

Na concepção dogmática, o espírito é criado junto com o corpo, já trazendo o erro, lá do Adãoe Eva (pecado original). É inconcebível que até hoje preguem isto. Mas aqui está bem claro: quemerrou foi o paralítico, não foi o Adão e nem muito menos a Eva. Ainda disse mais: se errar de novo,vai ser pior. Está bem claro, a responsabilidade é pessoal: Passamos pelas coisas que nós mesmoscausamos. Dizer, por exemplo, que alguém nasce cego porque o Adão errou, isto não temcabimento. Como explicar que, em uma família, venha ao mundo um cego e os outros nasçamnormais? O que aconteceu? Baseando-se na pregação das religiões tradicionais, pode-se concluirque existe pistolão divino para muitos, em detrimento de outros filhos de Deus. Retirando docontexto divino a reencarnação, o Pai se nos apresenta extremamente injusto e desumano. Daí aexplicação do ateísmo assumir proporções tão extremas na Europa, já que é impossível crer naDivindade sem o conhecimento da doutrina palingenésica (reencarnação). Daí nossaresponsabilidade de disseminar o Espiritismo, a Doutrina por excelência do Cristo.

“Porquanto com o juízo com que julgardes, sereis julgados e com a medida com quetiverdes medido vos hão de medir a vós”. Isso é igualmente a enunciação da Lei de Causa eEfeito, ensinada pelo Cristo (Segunda Revelação Divina).

Ensina o espírito Emmanuel: “Havendo o espírito agido erradamente, nesse ou naquelesetor da experiência evolutiva, vinca o corpo espiritual com desequilíbrios ou distonias.” Elevem com a lesão. É o que a gente conhece na Doutrina como expiação. A expiação pode ser umaprova, mas a prova não é uma expiação. Traz a lesão do perispírito para o físico, que é um processode cura. Trouxe de lá para cá, porque, na realidade, ela foi para o corpo espiritual, através do errocontraído na existência física. A misericórdia de Deus é tão incomensurável, que faz com que sejadespejada no corpo físico, na próxima encarnação, toda a problemática que o indivíduo já carregavano perispírito.

No Antigo Testamento, tem um versículo muito importante (Isaías 48:8): “...Eras chamadode transgressor desde o ventre materno.” Se fosse materialista, provaria que Deus não existeaqui, baseando-me na concepção dogmática católica e protestante. Porque se o indivíduo já nascemau caráter desde que nasce, então Deus não soube criá-lo. Quem o fez inferior, se existe somenteuma única existência, segundo as religiões tradicionais? A resposta seria: Deus. Isaías, que escreveuo texto em tela, é considerado o 5o Evangelista.

Agora, nós, espíritas, através do estudo que a nossa Doutrina nos proporciona, revelandopela reencarnação a Justiça Divina, sabemos que o indivíduo, tachado de transgressor, desde suaformação no ventre materno, se fez infrator em pretérita existência. Aí, então, dá para entender tersido apontado como transgressor já no ventre materno, sem ter ainda nascido.

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O indivíduo nasceu sem o órgão sexual masculino (pênis). Em Medicina, a malformação éconhecida como agenesia de pênis. Trata-se de caso raríssimo.

Observem que os testículos são bem desenvolvidos. Que expiação! Pode ser uma provaçãotambém; contudo, no meu entendimento é expiação mesmo, provação é muito difícil, porque,quando vejo isso, imagino no contexto reencarnatório, que para esse espírito foram dadas muitaschances. Deve ter tido várias oportunidades, em diversas encarnações, para tomar vergonha na cara,em relação à sexualidade. Porque é neste campo que ocorrem as maiores quedas para o espírito, agente sabe disto. Se chegou a esse ponto, é porque o negócio está muito sério. Já deve ter passadopelo processo da transexualidade, homossexualidade, bissexualidade e vai botando sexualidadenisso, com muito sofrimento. Para chegar a nascer assim, falhou muito.

Há uma narração alegórica, contada por Jesus, chamada de Parábola dos Talentos, que seencaixa perfeitamente aqui. O Mestre conta que um fazendeiro chama três empregados e diz assim:“Vou ter que me ausentar, mas vou deixar com vocês algumas moedinhas. Quero que vocêsproduzam bastante”. Deu a uma pessoa uma moeda, a outro cinco e a outro dez. O que tinha umamoedinha pensou: “Ah! eu vou acabar gastando. Vou fazer um buraquinho na terra, vou esconder equando o patrão voltar devolvo”. Mas o patrão disse que quando voltasse, quereria o dinheiromultiplicado. Se ficarmos no aspecto literal, interpretando o texto, presos à letra que mata, o Cristoestaria falando somente em empregar dinheiro, mas não é nada disso. No sentido espiritual, Jesusestá dizendo que vai nos dar algum talento, alguma aptidão, mas quer que produzamos frutos, isto é,os utilizemos para o bem de todos. Quando voltarmos ao mundo espiritual, seremos cobrados.

O indivíduo nasce rico, mas é um egoísta. Passa a vida toda, curtindo o hedonismo. Viajapara a Europa, não dá ajuda para ninguém. Quando voltar à dimensão espiritual, vai ser exigido. Setem aptidão para falar, dar uma aula, é um professor, se não utilizou esse dom para o amor, vai sercobrado.

O fazendeiro vira-se para o que deu uma moeda e não houve frutificação. Virou-se e disseassim: — Dá-me a moeda de volta. “Porque até o pouco que tem, lhe será tirado.”

Olha aí, Jesus ensinando o porquê de tudo isso.A pessoa vivenciou o sexo desenfreado, osexo destoante, a sexualidade sem raciocínio. Então, agora, não vai ter nada mais. Nasce sem opênis e ainda mais, na ilustração, apresenta testículos saudáveis, bem desenvolvidos. É importantefrisar que a idéia corrente vulgar é que indivíduo bem-dotado é o que tem pênis volumoso. NaMedicina, o motor potente está nos testículos, produzindo importante combustível: a testosterona. Oser nasceu com os testículos hipertrofiados. O que vai acontecer? Vai ter plena energia emfuncionamento, mas sem o pênis.

Por certo, o indivíduo que nasceu sem o órgão sexual, já passou, sem sucesso, dentro da áreada sexualidade pelas seguintes situações:

Intersexualismo – genitália ambígua (pseudo-hermafroditismo). O nenezinho nasceu e nãose sabe se é menino ou menina.

Hoje a ciência está chegando aonde o Espiritismo se encontrava há muito tempo. O que regeo sexo do indivíduo é a mente. Não é o hormônio, não é o encontro do espermatozóide com o óvulo.

Por que o indivíduo nasce intersexual? Porque esse espírito está numa perturbação intensa.Dentro da evolução, dentro da polaridade sexual, não sabe nem o que é, se é homem, se é mulher.Erra de tal maneira nas duas faixas, que não sabe nem o que é, por isso é que vem assim. É um meiode tentar consertar-se.

Transexualismo – genitália bem definida, masculina ou feminina, destoante do arcabouçopsicológico. Atitudes, tendências e emoções não acompanhando à realidade física.

1 – Expiação;2 – Provação (missões e nobres experiências);3 – Castidade construtiva (artista da letra, música, pintura).A mente é que diz a identidade sexual do indivíduo; no espírito. Se estava em conflito, na

dimensão espiritual, certamente vai trazer a perturbação, reencarnando nessas condições.No transexualismo, o indivíduo tem o psiquismo destoante do arcabouço físico. É um

espírito feminino, por excelência, num corpo masculino ou vice-versa. E sofre muito com isso.

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O transexual pode estar numa expiação ou provação. O indivíduo que está na provação,normalmente, vem com uma missão maravilhosa.

O espírito feminino desenvolve muito a emoção, a afetividade. O masculino é o contrário,apresentando-se mais guerreiro, mais bruto.

A ilustração revela um hermafrodita verdadeiro. É o intersexual. É muito difícil a resoluçãodentro da Medicina. Ele tem componentes masculinos e femininos. Essa pessoa não vai poderengravidar nunca, embora sua mente seja do sexo feminino e imaginando que a Medicina acertará,fazendo com que as estruturas físicas, anatômicas mantidas, sejam femininas.

Genitália ambígua: Qualquer alteração genital que impossibilite, ao exame físico, aatribuição de um sexo definido, masculino ou feminino. Você não pode dizer qual o sexo da pessoa.Faz-se a pesquisa cromossômica, genética. Mas a Medicina sabe que a polaridade do indivíduo nãoé resultante da fusão do espermatozóide com o óvulo. O transexual, por exemplo, tem o encontrobem nítido do espermatozóide com o óvulo, tem o corpo totalmente estruturado em uma polaridade.Contudo, a mente não acompanha o processo. Não tem nada a ver. É hormônio? Também não. Oindivíduo pode tomar hormônio à vontade e continua com a mesma estrutura psicológica sexual.

1 – Hermafroditismo verdadeiro: Coexistem tecido ovariano e testicular no mesmoindivíduo;

2 – Pseudo-Hermafroditismo: Tecido gonádico de apenas um sexo.Intersexual, o indivíduo vem com genitália ambígua. Já no transexual, reencarna com a

genitália certinha, mas a mente é que é completamente oposta. O psiquismo é destoante.Transexualismo de ordem cármica:1 – Gônadas normais;2 – Atrofia das gônadas pela contínua ingestão de hormônios do sexo oposto;3 – Identificação com o sexo oposto;4 – Não aceita sua aparência sexual externa;5 – Desejo de castração do próprio genital.O transexualismo é tido como patologia médica pela OMS, classificando-o como transtorno

de personalidade e de comportamento. O homossexual não é considerado doente, mas o transexualé. O transexual pode ser ou não homossexual. Muitos estão fazendo um esforço enorme para não sere as pessoas, por ignorância ou maldade, normalmente os taxam de homossexuais. Jesus ensinou:“Com o juízo com que julgares, sereis julgado e com a medida com que houveres medido, voshão de medir a vós.”

Tem uma passagem de Santo Agostinho encarnado, que diz assim: “Deus não aceita opecado, mas ama o pecador”. Há uma diferença sutil entre homossexualidade e homossexual,exatamente isso que as pessoas não entendem. É muito difícil falar de homossexualidade, já que opreconceito é muito intenso. O homossexual necessita de muito amor.

O transexual é enquadrado como transtorno de personalidade e de comportamento, porquevive num conflito horrível, sofre demais.

André Luiz, na obra Ação e Reação, diz o seguinte: “A mulher criminosa que, depois dearrastar o homem à devassidão e à delinqüência, cria para si mesma terrível alienação para além do

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sepulcro, requisitando, quase sempre, a internação em corpo masculino, a fim de que, nas telas doinfortúnio de sua emotividade, saiba edificar no seu ser o respeito que deve ao homem, perante oSenhor”.

Vai nascer num corpo masculino (transexualismo por expiação), o sofrimento é muitointenso. É isso que o André Luiz quis dizer.

Sendo uma sexualidade pervertida, caminha à busca do hedonismo, do prazer imediato, sóisso. Mas ela vai reencarnar e vai atrair um espermatozóide Y, porque ela só pensa na polaridademasculina. Ela não vibra como mulher, está sintonizada na faixa masculina. Então, vai reencarnarcomo homem. Observem como a Lei Divina é sábia.

A mente voltada para o sexo oposto, de maneira desvairada, faz com que ela reencarne,vibrando pelo sexo oposto. Nasce num corpo que não é compatível com o psiquismo dela. Aindamais vivenciando sexualidade destoante.

Emmanuel, no livro Vida e Sexo: “O homem que abusou das faculdades genésicas,arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de uniões construtivas e lares diversos,em muitos casos é induzido a buscar nova posição, no renascimento físico, em corpo morfologicamentefeminino, aprendendo, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos, e a mulher queagiu de igual modo é impulsionada à reencarnação em corpo morfologicamente masculino, comidênticos fins”.

Ele está pensando doentiamente nas mulheres. Então, vai atrair o espermatozóide com ocromossomo X. Vai reencarnar num corpo morfologicamente feminino, mas o psiquismo dele émasculino e devasso.

André Luiz: “Em muitas ocasiões, quando o homem tiraniza a mulher, furtando-lhe osdireitos e cometendo abusos, em nome de sua pretensa superioridade, desorganiza-se ele próprio atal ponto, que, inconsciente e desequilibrado, é conduzido pelos agentes da Lei Divina arenascimento doloroso, em corpo feminino”.

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Este caso eu trouxe, porque foi divulgado. São duas gêmeas univitelinas. Até o aspectogenético não explica. Uma é transexual e homossexual, a outra não. Fez mastectomia, tirou o seio,começou a tomar hormônio masculino, começou a crescer a barba.

Observem o olhar feminino de uma e o olhar masculino da outra. Acontece que a fonte dapolaridade está na mente.

O que diz Divaldo Pereira Franco a respeito desse assunto:“Todas as nossas forças,principalmente as genésicas, estão na aparelhagem orgânica com alta finalidade da evolução.Naturalmente, sendo o sexo uma das expressões que proporciona o prazer imediato, objetivo,propiciando também o prazer da beleza, além da nobre faculdade procriativa, configura-se umaforça criativa que ainda o homem não tem sabido utilizar com a necessária sabedoria. Não sãopoucos os que, inconscientemente, degradam essa bela e sagrada faculdade, mergulhando nassensações mais grosseiras de forma a perverter a sua finalidade...”

A reencarnação foi ensinada por Jesus: “Importa-vos nascer de novo” (João 3:7). Nesteversículo, o Mestre fala a Nicodemos , homem famoso na época, o qual foi procurar o Cristo, nacalada da noite. É uma das passagens do Evangelho mais marcantes sobre a reencarnação.Nicodemos diz: — Mas, Senhor, como posso voltar de novo? Posso eu velho nascer do ventre daminha mãe?

“Se quereis reconhecer João Batista, ele mesmo é Elias que estava para vir”. (Mateus 11:14)“Eu, porém, vos declaro que Elias já veio e não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo

quanto quiseram”. Arremata Mateus: “Então os discípulos entenderam que o Mestre lhes falara arespeito de João Batista”. (Mateus 17:12-13)

Não tem como fugir da ótica reencarnacionista. A Bíblia se nos apresenta espírita.

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Por que ele está passando por isso? Ele foi Elias e fez alguma coisa parecida para passar porisso, como João Batista depois.

Elias fez a mesma coisa. Os discípulos de Baal utilizavam a magia negra nos seus trabalhosmediúnicos. Pegavam os recém-nascidos e trucidavam-nos com facão, para atrair os espíritosinferiores e praticar a magia negra.

Elias foi lá para desmascará-los, dentro das terras deles. Os discípulos de Elias, juntamentecom o profeta, trucidaram a todos. Elias acumulou ali uma dívida. E passou pela mesmaexperiência, reencarnando como João Batista.

Tive uma intuição, quando estava lendo sobre isso: os discípulos de João Batista eramexatamente os discípulos de Baal, reencarnados e já regenerados. Muitos religiosos dogmáticos dizem que foi o Espiritismo quem inventou a reencarnação. Areencarnação é conhecida há milênios antes da vinda do Cristo: Forma escrita dos Vedas(Escrituras Sagradas de várias religiões da Índia), em 2500 a.C.: “A alma é eterna e a evoluçãoprogressiva, só os que atingiram a perfeição não voltam”.

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É bom frisar que a alma não é eterna, a alma é imortal. Eterno é Deus. A alma tem início,então não pode ser eterna. Eterno é o que não tem início nem fim. O imortal tem início, mas não vaiter fim.

Zoroastro (700 a.C.): “Se alguém expia, e não faz jus a isto nesta vida, fê-lo em anterior”.Buda (600 a.C.): “Que julgais ser maior, a água do vasto oceano ou as lágrimas que

vertestes quando, na longa caminhada, errastes de renascimento em renascimento”.Egito, Papiro Anana (1320 a.C.): “O homem volta à vida várias vezes, disso se recorda em

sonho ou por algum acontecimento relacionado a outra vida.”Cabala (Doutrina secreta dos judeus), 200 a.C., continha referências à reencarnação.Sócrates e Platão, no século V a.C., ensinaram a reencarnação. Esses foram os percursores

da Doutrina Espírita.Encerro este encontro, suplicando ao Senhor da Vida que sejam derramadas muitas

bênçãos sobre todos nós e, que, esta Casa que nos abriga seja sempre iluminada pelo Alto.

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Lembrança Fraternal aos Enfermos – 19/07/2003

Queres o restabelecimento da saúde do corpo e isso é justo. Mas atende o que te lembra umamigo que já se vestiu de vários corpos e compreendeu, depois de longas lutas, a necessidade dasaúde espiritual.

A tarefa humana já representa, por si, uma oportunidade de reerguimento aos espíritosenfermos. Lembra-te, pois, de que tua alma está doente e precisa curar-se sob os cuidados de Jesus,o nosso Grande Médico.

Nunca pensaste que o Evangelho é uma receita geral para a humanidade sofredora?É muito importante combater as moléstias do corpo; mas, ninguém conseguirá eliminar

efeitos quando as causas permanecem.Usa os remédios humanos, porém, inclina-te para Jesus e renova-te, espiritualmente, nas

lições de amor. Recorda que Lázaro, não obstante voltar ao sepulcro, em sua carne, pela poderosainfluência do Cristo, teve de entregar seu corpo ao túmulo, mais tarde. O Mestre chamava-o a novoensejo de iluminação da alma imperecível, mas não ao absurdo privilégio da carne imutável.

Não somos as células orgânicas que se agrupam, a nosso serviço, quando necessitamos daexperiência terrestre. Somos espíritos imortais e esses microorganismos são naturalmenteintoxicados, quando os viciamos ou aviltamos, em nossa condição de rebeldia ou inferioridade.

Os estados mórbidos são reflexos ou resultantes de nossas vibrações mais íntimas. Nãotrates as doenças com pavor e desequilíbrio das emoções. Cada uma tem sua linguagem silenciosa ese faz acompanhar de finalidades especiais.

A hepatite, a indigestão, a gastralgia, o resfriado são ótimos avisos contra o abuso e aindiferença. Por que preferes bebidas excitantes, quando sabes que a água é a boa companheira, quelava os piores detritos humanos? Por que o excesso dos frios no verão e a demasia do calor nostempos do inverno? Acaso ignoras que o equilíbrio é filho da sobriedade? O próprio irracional temuma lição de simples impulso, satisfazendo-se com a sombra da árvore na secura do estio e combenção do sol nas manhãs hibernais. Pela tua inconformação e indisciplina, desordenas o fígado,estragas os órgãos respiratórios, aborreces o estômago. Observamos, assim, que essas doenças-avisos se verificam por causas de ordem moral. Quando as advertências não prevalecem, surgem asúlceras, as congestões, as nefrites, os reumatismos, as obstruções, as enxaquecas. Por não seconformar, o homem, com os desígnios do Pai que criou as leis da natureza como regulamentosnaturais para a sua casa terrestre, submete as células que o servem ao desregramento, velha causa denossas ruínas.

E que dizermos da sífilis e do alcoolismo procurados além do próprio abuso?Entretanto, no capítulo das enfermidades que buscam a criatura, necessitamos considerar

que cada uma tem sua função justa e definida.As moléculas dificilmente curáveis, como a tuberculose, a lepra, a cegueira, a paralisia, a

loucura, o câncer são escoadouros das imperfeições. A epidemia é uma provação coletiva, sem queessa afirmativa, no entanto, dispense o homem do esforço para o saneamento e higiene de suahabitação. Há dores íntimas, ocultas ao público, que são aguilhões salvadores para a existênciainteira. As enfermidades oriundas dos acidentes imprevistos são resgates justos. Os aleijões sãoparte integrante das tabelas expiatórias. A moléstia hereditária assinala a luta merecida.

Vemos, portanto, que a doença, quando não seja a advertência das células queixosas dotirânico senhor que as domina, é a mensageira amiga convidando à meditação necessárias.

Desejas a cura; é natural; mas, precisas tratar-se a ti mesmo para que possas remediar aoteu corpo. Nos pensamentos ansiosos, recorre ao exemplo de Jesus. Não nos consta que o Mestreestivesse algum dia de cama; todavia, sabemos que ele esteve na cruz. Obedece, pois, a Deus e nãote rebeles contra os aguilhões. Socorre-te do médico do mundo ou de teu irmão do Plano Espiritual,mas, não exijas milagres, que esses benfeitores da Terra e do céu não podem fazer. Só Deus te podedar acréscimo de misericórdia, quando te esforçares para compreendê-lo.

Não deixes de atender às necessidades de teus órgãos materiais que constituem a tuavestimenta no mundo; mas, lembra-te do problema fundamental que é a posse da saúde para a vida

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eterna. Cumpre teus deveres, repara como te alimentas, busca prever antes de remediar e, pelasmuitas experiências dolorosas que já vivi no mundo terrestre, recorda comigo aquelas sábiaspalavras do Senhor ao paralítico de Jerusalém: “Eis que já estás são; não peques mais, para que tenão suceda alguma coisa pior.”

Emmanuel

(Livro “Coletânea do Além” — Chico Xavier — Ed. FEB)(Mensagem extraída da Revista “Reformador” )

Obs.: Os grifos são nossos.

Análise da Mensagem de Emmanuel

“Queres o restabelecimento da saúde do corpo e isso é justo. Mas atende o que te lembra umamigo que já se vestiu de vários corpos e compreendeu, depois de longas lutas, a necessidade da saúdeespiritual....”

OBJETIVO: Reconhecer que somos regidos por Leis Divinas que visam levar-nos à saúde espiritual

(analisar o triplo aspecto: CORPO => PERISPÍRITO => ESPÍRITO) Ressaltar as Leis de Causa e Efeito, Lei de Progresso, Lei de Reencarnação.

ANÁLISE: Instinto de conservação. Anseio pela manutenção da vida.

Pergunta 702: É lei da Natureza o instinto de conservação?Resposta: “Sem dúvida. Todos os seres vivos o possuem, qualquer que seja o grau de sua inteligência.Nuns, é puramente maquinal, raciocinado em outros.”

Pergunta 703: Com que fim outorgou Deus a todos os seres vivos o instinto de conservação?Resposta: “Porque todos têm que concorrer para cumprimento dos desígnios da Providência. Por issofoi que Deus lhes deu a necessidade de viver. Acresce que a vida é necessária ao aperfeiçoamento dosseres. Eles o sentem instintivamente, sem disso se aperceberem.”

(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Perguntas 702 e 703 – Ed. FEB)

OBSERVAÇÃO: Conhecimento das Leis Divinas = Misericórdia de Deus.

REFLEXÃO: Paralelo ao restabelecimento do corpo está a necessidade de saúde espiritual.

“A tarefa humana já representa, por si, uma oportunidade de reerguimento aos espíritos enfermos.Lembra-te, pois, de que tua alma está doente e precisa curar-se sob os cuidados de Jesus, o nosso GrandeMédico...”

OBJETIVO: Valorizar na gênese da doença os aspectos:

♦ Material => Relacionado ao perispírito.♦ Moral => Espiritual. Relacionado à vontade e ao pensamento.

ANÁLISE: Tarefa humana = Reencarnação. Reencarnação é um processo de cura. Corpo = mata-borrão do espírito.

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“Não nos esqueçamos que o corpo na Terra é o filtro vivo de nossa alma.”Emmanuel

Reencarnação => É um mecanismo que a Lei utiliza para a reparação. Valorização da vida => Oportunidade de reerguimento aos espíritos, até mesmo quando

a reencarnação se dá em um corpo enfermo.

“Tua alma está doente” – Jesus, o Grande médico das almas (a cura sob o ponto de vistamoral.)

“Não vim para os sãos e sim para os doentes.”

16o – O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por sisó; são precisas a expiação e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto,as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimentosuaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação,contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não umaanulação.

(O Céu e o Inferno – Allan Kardec – Código penal da Vida Futura no 16 – Ed. FEB)

7 – Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar. Os fracos,os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos. Venho salvá-los. Vinde, pois, a mim, vós quesofreis e vos achais oprimidos, e sereis aliviados e consolados. Não busqueis alhures a força e aconsolação, pois que o mundo é impotente para dá-las. Deus dirige um supremo apelo aos vossoscorações, por meio do Espiritismo. Escutai-o. Extirpados sejam de vossas almas doloridas a impiedade,a mentira, o erro, a incredulidade. São monstros que sugam o vosso mais puro sangue e que vos abremchagas quase sempre mortais. Que, no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis a sua leidivina. Amai e orai; sede dóceis aos Espíritos do Senhor; invocai-o do fundo de vossos corações. Ele,então, vos enviará o seu Filho bem-amado, para vos instruir e dizer estas boas palavras: Eis-me aqui;venho até vós, porque me chamastes. – O Espírito de Verdade. (Bordéus, 1861.)

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap. VI – Item 7 – Ed. FEB)

6 – Muitos se admiram de que na Terra haja tanta maldade e tantas paixões grosseiras, tantasmisérias e enfermidades de toda natureza, e daí concluem que a espécie humana bem triste coisa é.Provém esse juízo do acanhado ponto de vista cm que se colocam os que o emitem e que lhes dá umafalsa idéia do conjunto. Deve-se considerar que na Terra não está a Humanidade toda, mas apenas umapequena fração da Humanidade. Com efeito, a espécie humana abrange todos os seres dotados de razãoque povoam os inúmeros orbes do Universo. Ora, que é a população da Terra, em face da populaçãototal desses mundos? Muito menos que a de uma aldeia, em confronto com a de um grande império. Asituação material e moral da Humanidade terrena nada tem que espante, desde que se leve em conta adestinação da Terra e a natureza dos que a habitam.

13 – Que vos direi dos mundos de expiações que já não saibais, pois basta observeis o em quehabitais? A superioridade da inteligência, em grande número dos seus habitantes, indica que a Terra nãoé um mundo primitivo, destinado à encarnação dos Espíritos que acabaram de sair das mãos do Criador.As qualidades inatas que eles trazem consigo constituem a prova de que já viveram e realizaram certoprogresso. Mas, também, os numerosos vícios a que se mostram propensos constituem o índice degrande imperfeição moral. Por isso os colocou Deus num mundo ingrato, para expiarem aí suas faltas,mediante penoso trabalho e misérias da vida, até que hajam merecido ascender a um planeta maisditoso.

14 – Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam na Terra vão para aí em expiação. Asraças a que chamais selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância e que na Terrase acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contacto com Espíritos

Arrependimento Remorso Expiação Reparação

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48 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

mais adiantados. Vêm depois as raças semicivilizadas, constituídas desses mesmos os Espíritos em viade progresso. São elas, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco emlongos períodos seculares, algumas das quais hão podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual dospovos mais esclarecidos.

Os Espíritos em expiação, se nos podemos exprimir dessa forma, são exóticos, na Terra; játiveram noutros mundos, donde foram excluídos em conseqüência da sua obstinação no mal e por sehaverem constituído, em tais mundos, causa de perturbação para os bons. Tiveram de ser degradados,por algum tempo, para o meio de Espíritos mais atrasados, com a missão de fazer que estes últimosavançassem, pois que levam consigo inteligências desenvolvidas e o gérmen dos conhecimentos queadquiriram. Daí vem que os Espíritos em punição se encontram no seio das raças mais inteligentes. Porisso mesmo, para essas raças é que de mais amargor se revestem os infortúnios da vida. E que há nelasmais sensibilidade, sendo, portanto, mais provadas pelas contrariedades e desgostos do que as raçasprimitivas, cujo senso moral se acha mais embotado.

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap. III – Itens 6, 13 e 14 – Ed. FEB)

“Nunca pensaste que o Evangelho é uma receita geral para a humanidade sofredora?...”

OBJETIVO: Reconhecer a necessidade de tratamento espiritual (moral). Casa Espírita => Oportunidade de tratamento.

ANÁLISE: Evangelho como roteiro, código de vida, consolação, esclarecimento, direção, bússola.

8 – Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que lha pedem. Seu poder cobre a Terra e,por toda a parte, junto de cada lágrima colocou ele um bálsamo que consola. A abnegação e odevotamento são uma prece continua e encerram um ensinamento profundo. A sabedoria humana residenessas duas palavras. Possam todos os Espíritos sofredores compreender essa verdade, em vez declamarem contra suas dores, contra os sofrimentos morais que neste mundo vos cabem em partilha.Tomai, pois, por divisa estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elasresumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõe. O sentimento do dever cumpridovos dará repouso ao espírito e resignação. O coração bate então melhor, a alma se asserena e o corpo seforra aos desfalecimentos, por isso que o corpo tanto menos forte se sente, quanto mais profundamentegolpeado é o espírito. – O Espírito de Verdade. (Havre, 1863.)

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap. VI – Item 8 – Ed. FEB)

“É muito importante combater as moléstias do corpo; mas, ninguém conseguirá eliminar efeitosquando as causas permanecem....”

OBJETIVO: Observar os aspectos de doença do corpo e da alma Reconhecer que existem doenças obsessionais. Diferenciar as doenças obsessionais das doenças orgânicas.

ANÁLISE:Combate às moléstias do corpo.

A busca do socorro médico (instinto de conservação). A busca do alívio é a gradação primeira da noção de felicidade. Compreender que se a causa primária reside no espírito (causa) não adiantará cuidar só

do corpo (efeito).

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A modificação espiritual (causa) pode determinar a cessação dos efeitos desarmônicosno corpo.

IMPORTANTE:Considerar que nas manifestações de doença há uma interligação entre – CORPO =>

PERISPÍRITO => ESPÍRITO.

Pergunta 93: O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns,está sempre envolto numa substância qualquer?Resposta: “Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira paranós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.”

Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, porcomparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.

Pergunta 94: De onde tira o Espírito o seu invólucro semimaterial?Resposta: “Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos.Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.”

(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Perguntas 93 e 94 – Ed. FEB)

“Usa os remédios humanos, porém, inclina-te para Jesus e renova-te, espiritualmente, nas liçõesde amor. Recorda que Lázaro, não obstante voltar ao sepulcro, em sua carne, pela poderosa influência doCristo, teve de entregar seu corpo ao túmulo, mais tarde. O Mestre chamava-o a novo ensejo de iluminaçãoda alma imperecível, mas não ao absurdo privilégio da carne imutável....”

OBJETIVO: Ressaltar a importância da associação dos tratamentos: Médico e Espiritual. Reconhecer que precisa mudar (moral).

ANÁLISE: Tratamento espiritual não prescinde do tratamento médico. Cuidar do corpo e do espírito. A cura espiritual não derroga as Leis Divinas (Lázaro).

Lázaro – Ressuscitação de Lázaro (estado cataléptico) – Mostra que o espírito comanda ocorpo, a matéria.

O corpo não sobrevive sem o espírito. Lázaro valoriza a vida (Ressuscitação de Lázaro mostra o valor da vida). O corpo e o espírito se integram para um objetivo – A VIDA –

Jesus queria demonstrar, ao ressuscitar Lázaro, que existe algo mais que um corpo – OEspírito –

Tratamento espiritual não é milagre [Milagre = Derrogação das Leis Divinas].O milagre para o Espiritismo não existe.O milagre é o fenômeno dito sobrenatural ainda não explicado.

15 – Pronunciamos há pouco a palavra milagre; uma ligeira observação sobre isso não virá forade propósito, neste capítulo que trata do maravilhoso.

Na sua acepção primitiva e pela sua etimologia, o termo milagre significa coisa extraordinária,coisa admirável de se ver. Mas como tantas outras, essa palavra se afastou do seu sentido originário ehoje, por milagre, se entende (segundo a Academia) um ato do poder divino, contrário às leis comunsda Natureza. Tal, com efeito, a sua acepção usual e apenas por comparação e por metáfora é elaaplicada às coisas vulgares que nos surpreendem e cuja causa se desconhece. De nenhuma forma entra

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em nossas cogitações indagar se Deus há julgado útil, em certas circunstâncias, derrogar as leis que Elepróprio estabelecera; nosso fim é, unicamente, demonstrar que os fenômenos espíritas, por maisextraordinários que sejam, de maneira alguma derrogam essas leis, que nenhum caráter têm demiraculoso, do mesmo modo que não são maravilhosos, ou sobrenaturais.

O milagre não se explica; os fenômenos espíritas, ao contrário, se explicamracionalissimamente. Não são, pois, milagres, mas simples efeitos, cuja razão de ser se encontra nas leisgerais. O milagre apresenta ainda outro caráter, o de ser insólito e isolado. Ora, desde que um fato sereproduz, por assim dizer, à vontade e por diversas pessoas, não pode ser um milagre.

Todos os dias a ciência opera milagres aos olhos dos ignorantes. Por isso é que, outrora, os quesabiam mais do que o vulgo passavam por feiticeiros; e, como se entendia, então, que toda ciênciasobre-humana vinha do diabo, queimavam-nos. Hoje, que já estamos muito mais civilizados, eles apenassão mandados para os hospícios.

Se um homem realmente morto, como dissemos em começo, ressuscitar por intervenção divina,haverá aí verdadeiro milagre, porque isso é contrário às leis da Natureza. Se, porém, tal homem sóaparentemente está morto, se ainda há nele um resto de vitalidade latente e a ciência ou uma açãomagnética consegue reanimá-lo, um fenômeno natural é o que isso será para pessoas instruídas.Todavia, aos olhos do vulgo ignorante, o fato passará por milagroso, e o autor se verá perseguido apedradas, ou venerado, conforme o caráter dos indivíduos. Solte um físico, em campo de certa natureza,um papagaio elétrico e faça, por esse meio, cair um raio sobre uma árvore e o novo Prometeu será tidocertamente como senhor de um poder diabólico. E, seja dito de passagem, Prometeu nos parece, muitosingularmente, ter sido um precursor de Franklin; mas, Josué, detendo o movimento do Sol, ou, antes,da Terra, esse teria operado verdadeiro milagre, porquanto não conhecemos magnetizador algum dotadode tão grande poder, para realizar tal prodígio.

De todos os fenômenos espíritas, um dos mais extraordinários é, incontestavelmente, o da escritadireta e um dos que demonstram de modo mais patente a ação das inteligências ocultas. Mas, dacircunstância de ser esse fenômeno produzido por seres ocultos, não se segue que seja mais miraculosodo que qualquer dos outros fenômenos devidos a agentes invisíveis, porque esses seres ocultos, quepovoam os espaços, são uma das potências da Natureza, potências cuja ação é incessante, assim sobre omundo material, como sobre o mundo moral.

Esclarecendo-nos com relação a essa potência, o Espiritismo nos dá a explicação de umaimensidade de coisas inexplicadas e inexplicáveis por qualquer outro meio e que, à falta de todaexplicação, passaram por prodígios, nos tempos antigos. Do mesmo modo que o magnetismo, ele nosrevela uma lei, se não desconhecida, pelo menos mal compreendida; ou, mais acertadamente, de uma leique se desconhecia, embora se lhe conhecessem os efeitos, visto que estes sempre se produziram emtodos os tempos, tendo a ignorância da lei gerado a superstição. Conhecida ela, desaparece omaravilhoso e os fenômenos entram na ordem das coisas naturais. Eis por que, fazendo que uma mesa semova, ou que os mortos escrevam, os espíritas não operam maior milagre do que opera o médico querestitui à vida um moribundo, ou o físico que faz cair o raio. Aquele que pretendesse, por meio destaciência, realizar milagres, seria ou ignorante do assunto, ou embusteiro.

(O Livro dos Médiuns – Allan Kardec – 1a parte – Cap. II – Item 15 – Ed. FEB)

“Não somos as células orgânicas que se agrupam, a nosso serviço, quando necessitamos daexperiência terrestre. Somos espíritos imortais e esses microorganismos são naturalmente intoxicados,quando os viciamos ou aviltamos, em nossa condição de rebeldia ou inferioridade...”

OBJETIVO: Somos regidos por Leis Divinas que visam levar-nos à saúde espiritual (lembrar do triplo

aspecto – CORPO => PERISPÍRITO => ESPÍRITO). Ressaltar as Leis de Causa e Efeito, lei de Progresso (evolução).

ANÁLISE: Conceito dos elementos constitutivos do Universo: Deus – Espírito – Matéria. Definição de Espírito e Matéria.

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Pergunta 23: Que é o Espírito?Resposta: “O princípio inteligente do Universo.”

Pergunta 76: Que definição se pode dar dos Espíritos?Resposta: “Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, forado mundo material.”

Pergunta 24: Espírito é sinônimo de inteligência?Resposta: “A inteligência é um atributo essencial do Espírito. Uma e outro, porém, se confundem numprincípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.”

Pergunta 25: O Espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores osão da luz e o som o é do ar?Resposta: “São distintos um do outro; mas, a união do Espírito e da matéria é necessária paraintelectualizar a matéria.”

Pergunta 27: Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito?Resposta: “Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matériaconstituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material se tem quejuntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matériapropriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, decerto ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste porpropriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para quetambém o Espírito não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, esuscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do Espírito, de produzir a infinitavariedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ouelementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria emperpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.”

Pergunta 614: Que se deve entender por lei natural?Resposta: “A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe oque deve fazer ou deixar de fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta.”

(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Perguntas 23, 76, 24, 25, 27 e 614 – Ed. FEB)

Necessidade da experiência terrestre.

Pergunta 132: Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?Resposta: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, éexpiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudesda existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr oEspírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, emcada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fimde aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral,ele próprio se adianta.” A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, naSua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximarDele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.

Pergunta 619: A todos os homens facultou Deus os meios de conhecerem Sua lei?Resposta: “Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem. Os homens de bem e os que sedecidem a investigá-la são os que melhor a compreendem. Todos, entretanto, a compreenderão um dia,porquanto forçoso é que o progresso se efetue.”

A justiça das diversas encarnações do homem é uma conseqüência deste princípio, pois que, em cadanova existência, sua inteligência se acha mais desenvolvida e ele compreende melhor o que é bem e o que émal. Se numa só existência tudo lhe devesse ficar ultimado, qual seria a sorte de tantos milhões de seres quemorrem todos os dias no embrutecimento da selvageria, ou nas trevas da ignorância, sem que deles tenhadependido o se instruírem? (171-222)

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Pergunta 617a: Dado é ao homem aprofundar umas e outras?Resposta: “É, mas em uma única existência não lhe basta para isso.”

Efetivamente, que são alguns anos para a aquisição de tudo o de que precisa o ser, a fim de seconsiderar perfeito, embora apenas se tenha em conta a distância que vai do selvagem ao homem civilizado?Insuficiente seria, para tanto, a existência mais longa que se possa imaginar. Ainda com mais forte razão oserá quando curta, como é para a maior parte dos homens.

Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: as leis físicas, cujoestudo pertence ao domínio da Ciência.

As outras dizem respeito especialmente ao homem considerado em si mesmo e nas suas relaçõescom Deus e com seus semelhantes. Contém as regras da vida do corpo, bem como as da vida da alma: são asleis morais.

(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Perguntas 132, 619 e 617a – Ed. FEB)

Conhece a Lei, mas não ACEITA.

Não aceita “Porque desconhece (ignorante) – falta de discernimento do mal quecausou.

Paixão – INFERIORIDADE.

Tornar vil – Transgride com conhecimento.

Intoxicação do corpo

Predisposição aos estados mórbidos.

Obs.: A compreensão da Lei é proporcional ao grau evolutivo da criatura.

Pergunta 633: A regra do bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade,é inaplicável ao proceder pessoal do homem para consigo mesmo. Achará ele, na lei natural, a regradesse proceder e um guia seguro?Resposta: “Quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz mal. Pois bem, é Deus quem vos dáa medida daquilo de que necessitais. Quando excedeis dessa medida, sois punidos. Em tudo é assim. Alei natural traça para o homem o limite das suas necessidades. Se ele ultrapassa esse limite, é punidopelo sofrimento. Se atendesse sempre à voz que lhe diz — basta, evitaria a maior parte dos males, cujaculpa lança à Natureza.”

Pergunta 714: Que se deve pensar do homem que procura nos excessos de todo gênero o requinte dosgozos?Resposta: “Pobre criatura! Mais digna é de lástima que de inveja, pois bem perto está da morte!”

Pergunta 908: Como se poderá determinar o limite onde as paixões deixam de ser boas para setornarem más?Resposta: “As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e que se tornaperigoso desde que passe a governar. Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que deixaisde poder governá-la e que dá em resultado um prejuízo qualquer para vós mesmos, ou para outrem.”

As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o auxiliam na execução dosdesígnios da Providência. Mas, se, em vez de as dirigir, deixa que elas o dirijam, cai o homem nos excessos ea própria força que, manejada pelas suas mãos, poderia produzir o bem, contra ele se volta e o esmaga.

Todas as paixões têm seu princípio num sentimento, ou numa necessidade natural.

Rebelde

Inferior

Viciar

Aviltar Rebeldia

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O princípio das paixões não é, assim, um mal, pois que assenta numa das condições providenciais da nossaexistência. A paixão propriamente dita é a exageração de uma necessidade ou de um sentimento. Está noexcesso e não na causa e este excesso se torna um mal, quando tem como conseqüência um mal qualquer.

Toda paixão que aproxima o homem da natureza animal afasta-o da natureza espiritual.Todo sentimento que eleva o homem acima da natureza animal denota predominância do Espírito

sobre a matéria e o aproxima da perfeição.(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Perguntas 633, 714, 908 – Ed. FEB)

OBSERVAÇÃO:A condição de rebeldia ou de inferioridade levaria à “intoxicação” em graus diferentes

gerando responsabilidades diferentes.“Tarefa Humana” – Reencarnação = Responsabilidade.

“Os estados mórbidos são reflexos ou resultantes de nossas vibrações mais íntimas. Não trates asdoenças com pavor e desequilíbrio das emoções. Cada uma tem sua linguagem silenciosa e se fazacompanhar de finalidades especiais....”

OBJETIVO: Reconhecer que existem doenças obsessionais.

ANÁLISE: Estados mórbidos são reflexos das vibrações mais íntimas (causa no perispírito). A doença não é uma expressão externa independente; é um reflexo de nós mesmos. São os pensamentos que irão gerar o nosso equilíbrio ou nosso desequilíbrio.

O doente muitas vezes encara a doença com pavor, se desequilibrando, esquecendo-se que adoença é uma manifestação do seu ser e que muitas vezes na exteriorização da doença há umalinguagem silenciosa que se faz acompanhar de finalidades especiais, objetivos daquela encarnação,melhoria do seu espírito (Lei do Progresso).

Pergunta 258: Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espíritoconsciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena?Resposta: “Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.”

Pergunta 258a: Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo?Resposta: “Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leisque regem o Universo. Ide agora perguntar por que decretou Ele esta lei e não aquela. Dando ao Espíritoa liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das conseqüências queestes tiverem. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o domal. Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divinalhe concede a liberdade de recomeçar o que foi mal feito. Demais, cumpre se distinga o que é obra davontade de Deus do que o é da do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós quem o criou e simDeus. Vosso, porém, foi o desejo de a ele vos expordes, por haverdes visto nisso um meio deprogredirdes, e Deus o permitiu.”

Pergunta 259: Do fato de pertencer ao Espírito a escolha do gênero de provas que deva sofrer,seguir-se-á que todas as tribulações que experimentamos na vida nós as previmos e buscamos?Resposta: “Todas, não, porque não escolhestes e previstes tudo o que vos sucede no mundo, até àsmínimas coisas. Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades correm por conta daposição em que vos achais; são, muitas vezes, conseqüências das vossas próprias ações. Escolhendo, porexemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Espírito a que arrastamentos se expunha; ignorava, porém,quais os atos que viria a praticar. Esses atos resultam do exercício da sua vontade, ou do seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito que, escolhendo tal caminho, terá que sustentar lutas de determinada espécie;

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54 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

sabe, portanto, de que natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão, mas ignora se se verificaráeste ou aquele êxito. Os acontecimentos secundários se originam das circunstâncias e da força mesmadas coisas. Previstos só são os fatos principais, os que influem no destino. Se tomares uma estrada cheiade sulcos profundos, sabes que terás de andar cautelosamente, porque há muitas probabilidades decaíres; ignoras, contudo, em que ponto cairás e bem pode suceder que não caias, se fores bastanteprudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias que estava escrito, segundovulgarmente se diz.”

Pergunta 264: Que é o que dirige o Espírito na escolha das provas que queira sofrer?Resposta: “Ele escolhe, de acordo com a natureza de suas faltas, as que o levem à expiação destas e aprogredir mais depressa. Uns, portanto, impõem a si mesmos uma vida de misérias e privações,objetivando suportá-las com coragem; outros preferem experimentar as tentações da riqueza e do poder,muito mais perigosas, pelos abusos e má aplicação a que podem dar lugar, pelas paixões inferiores queuma e outros desenvolvem; muitos, finalmente, se decidem a experimentar suas forças nas lutas queterão de sustentar em contato com o vício.”

(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Perguntas 258, 258a, 259 e 264 – Ed. FEB)

Cada estado mórbido tem uma razão de ser.“Por que eu sofro?”

“A hepatite, a indigestão, a gastralgia, o resfriado são ótimos avisos contra o abuso e aindiferença. Por que preferes bebidas excitantes, quando sabes que a água é a boa companheira, que lavaos piores detritos humanos? Por que o excesso dos frios no verão e a demasia do calor nos tempos doinverno? Acaso ignoras que o equilíbrio é filho da sobriedade? O próprio irracional tem uma lição desimples impulso, satisfazendo-se com a sombra da árvore na secura do estio e com bênção do sol nasmanhãs hibernais. Pela tua inconformação e indisciplina, desordenas o fígado, estragas os órgãosrespiratórios, aborreces o estômago. Observamos, assim, que essas doenças-avisos se verificam por causasde ordem moral. Quando as advertências não prevalecem, surgem as úlceras, as congestões, as nefrites, osreumatismos, as obstruções, as enxaquecas. Por não se conformar, o homem, com os desígnios do Pai quecriou as leis da natureza como regulamentos naturais para a sua casa terrestre, submete as células que oservem ao desregramento, velha causa de nossas ruínas....”

Pensamento

MenteDesequilibrada

EstadosMórbidos

NãoAceitação

Lei deAfinidade

Obsessão(Reação diante da doença)

(Definição e diferenciação de doençaorgânica e obsessional.)

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 55

OBJETIVO: Distinguir, que quanto às causas, se as doenças são de origem atual ou anterior à

presente encarnação.

ANÁLISE:

CAUSAS ATUAIS DAS DOENÇAS

Pergunta 855: Com que fim nos faz a Providência correr perigos que nenhuma conseqüência devemter?Resposta: “O fato de ser a tua vida posta em perigo constitui um aviso que tu mesmo desejaste, a fim dete desviares do mal e te tornares melhor. Se escapas desse perigo, quando ainda sob a impressão do riscoque correste, de te melhorares, conforme seja mais ou menos forte sobre ti a influência dos Espíritosbons. Sobrevindo o mau Espírito (digo mau, subentendendo o mal que ainda existe nele), entras a pensarque do mesmo modo escaparás a outros perigos e deixas que de novo tuas paixões se desencadeiem. Pormeio dos perigos que correis, Deus vos lembra a vossa fraqueza e a fragilidade da vossa existência. Seexaminardes a causa e a natureza do perigo, verificareis que, quase sempre, suas conseqüências teriamsido a punição de uma falta cometida ou da negligência no cumprimento de um dever. Deus, por essaforma, exorta o Espírito a cair em si e a se emendar.” (526-532)

(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Pergunta 855 – Ed. FEB)

CAUSAS ATUAIS e/ou CAUSAS ANTERIORES

“E que dizermos da sífilis e do alcoolismo procurados além do próprio abuso?...”

CausaMoral Disfunção

Físico DoençasAviso

AbusoIndiferençaInconformaçãoIndisciplina

GastralgiaResfriadoIndigestãoStress

PredisposiçõesMórbidas

Continua o Abusoa Causa Moral

Lesão Simples

Físico Doenças aindaCuráveis

ÚlcerasCongestõesNefritesReumatismosObstruçõesEnxaquecas

PredisposiçõesMórbidas

As Advertências nãoPrevalecem

Page 56: 14 Encontro Espírita Sobre Medicina Espiritual

56 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

OBJETIVO: Distinguir, que quanto às causas, se as doenças são de origem atual ou anterior à

presente encarnação.

ANÁLISE:CAUSAS ANTERIORES e/ou ATUAIS DAS DOENÇAS

“...Não temos sob os olhos o espiroqueta de Schaudinn, nem qualquer nova forma suscetível deanálise material por bacteriologistas humanos. São bacilos psíquicos da tortura sexual, produzidos pelasede febril de prazeres inferiores. O dicionário médico do mundo não os conhece e, na ausência determinologia adequada aos seus conhecimentos, chamemo-lhes larvas, simplesmente. Têm sidocultivados por este companheiro, não só pela incontinência no domínio das emoções próprias, através deexperiências sexuais variadas, senão também pelo contato com entidades grosseiras, que se afinam comas predileções dele, entidades que o visitam com freqüência, à maneira de imperceptíveis vampiros. Opobrezinho ainda não pôde compreender que o corpo físico é apenas leve sombra do corpo perispiritual,não se capacitou de que a prudência, em matéria de sexo, é equilíbrio da vida e, recebendo as nossasadvertências sobre a temperança, acredita ouvir remotas lições de aspecto dogmático, exclusivo, noexame da fé religiosa. A pretexto de aceitar o império da razão pura, na esfera da lógica, admite que osexo nada tem que ver com a espiritualidade, como se esta não fosse a existência em si. Esquece-se deque tudo é espírito, manifestação divina e energia eterna. O erro de nosso amigo é o de todos osreligiosos que supõem a alma absolutamente separada do corpo físico, quando todas as manifestaçõespsicofísicas se derivam da influenciação espiritual...”

“...Efetivamente, em derredor daquele rosto pálido, assinalava-se a existência de atmosferamenos agradável. Semelhava-se-lhe o corpo a um tonel de configuração caprichosa, de cujo interiorescapavam certos vapores muito leves, mas incessantes. Via-se-lhe a dificuldade para sustentar opensamento com relativa calma. Não tive qualquer dúvida. Deveria ele usar alcoólicos em quantidaderegular.

Vali-me do ensejo para notar-lhe as singulares orgânicas.O aparelho gastrintestinal parecia totalmente ensopado em aguardente, porquanto essa

substância invadia todos os escaninhos do estômago e, começando a fazer-se sentir nas paredes doesôfago, manifestava a sua influência até no bolo fecal. Espantava-me o fígado enorme. Pequeninasfiguras horripilantes postavam-se, vorazes, ao longo da veia porta, lutando desesperadamente com oselementos sangüíneos mais novos. Toda a estrutura do órgão se mantinha alterada. Terrívelingurgitamento. Os lóbulos cilíndricos, modificados, abrigavam células doentes e empobrecidas. O baçoapresentava anomalias estranhas.

— Os alcoólicos — esclareceu Alexandre, com grave entonação — aniquilavam-novagarosamente. Você está examinando as anormalidades menores. Este companheiro permanececompletamente desviado em seus centros de equilíbrio vital. Todo o sistema endocrínico foi atingidopela atuação tóxica. Inutilmente trabalha a medula para melhorar os valores da circulação. Em vão,esforçam-se os centros genitais para ordenar as funções que lhes são peculiares, porque o álcoolexcessivo determina modificações deprimentes sobre a própria cromatina. Debalde trabalham os rins na

Causa Moral

LesãoProfunda

Físico DoençasDificilmente

Curáveis

SífilisAlcoolismoPredisposições

Mórbidas

Paixões Além do Abuso

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 57

excreção dos elementos corrosivos, porque a ação perniciosa da substância em estudo anula diariamentegrande número de nefrons. O pâncreas, viciado, não atende com exatidão ao serviço de desintegraçãodos alimentos. Larvas destruidoras exterminam as células hepáticas. Profundas alterações modificam-lhe as disposições do sistema nervoso vegetativo e, não fossem as glândulas sudoríparas, tornar-se-lhe-iatalvez impossível a continuação da vida física...”

(Missionários da Luz – André Luiz – Chico Xavier – Página 29 – Editora FEB)

“Entretanto, no capítulo das enfermidades que buscam a criatura, necessitamos considerar quecada uma tem sua função justa e definida.

As moléculas dificilmente curáveis, como a tuberculose, a lepra, a cegueira, a paralisia, a loucura,o câncer são escoadouros das imperfeições....”

OBJETIVO: Distinguir, que quanto às causas, se as doenças são de origem atual ou anterior à

presente encarnação.

ANÁLISE:CAUSAS ANTERIORES DAS DOENÇAS

“A epidemia é uma provação coletiva, sem que essa afirmativa, no entanto, dispense o homem doesforço para o saneamento e higiene de sua habitação. Há dores íntimas, ocultas ao público, que sãoaguilhões salvadores para a existência inteira....”

OBJETIVO: Distinguir, que quanto à causa, se as doenças são de origem atual ou anterior à presente

encarnação.

ANÁLISE:

Causa MoralLesão

Profunda

Físico DoençasDificilmente

Curáveis

TuberculoseHanseníaseCâncerLoucuraCegueiraParalisia

PredisposiçõesMórbidas

Causa ColetivaEpidemia

Físico Doenças porProvação Coletiva

PredisposiçõesMórbidas

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58 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

Despertam o interesse do homem pelas questões sociais de ordem e previdência.Exemplo: Saneamento“Epidemia” = “PROVAÇÃO COLETIVA” => tal grupamento de pessoas necessita viver

essa experiência.LEI DIVINA: Aproveita-se do descuido do homem para despertar o seu interesse nas

questões sociais.

Pergunta 737: Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?Resposta: “Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade paraa regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala doaperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados.Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeitodo prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são freqüentemente necessárias para que maispronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teriaexigido muitos séculos.” (744)

Pergunta 738a: Mas, nesses flagelos, tanto sucumbe o homem de bem como o perverso. Será justoisso?Resposta: “Durante a vida, o homem tudo refere ao seu corpo; entretanto, de maneira diversa pensadepois da morte. Ora, conforme temos dito, a vida do corpo bem pouca coisa é. Um século no vossomundo não passa de um relâmpago na eternidade. Logo, nada são os sofrimentos de alguns dias ou dealguns meses, de que tanto vos queixais. Representam um ensino que se vos dá e que vos servirá nofuturo. Os Espíritos, que preexistem e sobrevivem a tudo, formam o mundo real (85). Esses os filhos deDeus e o objeto de toda a Sua solicitude. Os corpos são meros disfarces com que eles aparecem nomundo. Por ocasião das grandes calamidades que dizimam os homens, o espetáculo é semelhante ao deum exército cujos soldados, durante a guerra, ficassem com seus uniformes estragados, rotos, ouperdidos. O general se preocupa mais com seus soldados do que com os uniformes deles.”

Pergunta 741 – Nota de KardecNa primeira linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser

colocados a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais às produções da terra. Não tem, porém, ohomem encontrado na Ciência, nas obras de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos enas irrigações, no estudo das condições higiênicas, meios de impedir, ou, quando menos, de atenuarmuitos desastres? Certas regiões, outrora assoladas por terríveis flagelos, não estão hoje preservadasdeles? Que não fará, portanto, o homem pelo seu bem-estar material, quando souber aproveitar-se detodos os recursos da sua inteligência e quando aos cuidados da sua conservação pessoal, souber aliar osentimento de verdadeira caridade para com os seus semelhantes? (707)

(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Perguntas 737, 738a, 741(Nota de Kardec) – Ed. FEB)

Causa MoralPessoal

eSecreta

DoresÍntimas

Físico

Dores MoraisAguilhõesSalvadores

DificuldadesFamiliaresFinanceirasSociais

Psíquico

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 59

CausasAcidentais

“As enfermidades oriundas dos acidentes imprevistos são resgates justos....”

OBJETIVO: Distinguir, que quanto às causas, se as doenças são de origem atual ou anterior à

presente encarnação.

ANÁLISE:

10o – O Espírito sofre, quer no mundo corporal, quer no espirituaimperfeições. As misérias, as vicissitudes padecidas na vida corpórea, imperfeições, são expiações de faltas cometidas na presente ou em prenatureza dos sofrimentos e vicissitudes da vida corpórea, pode julgar-se a naem anterior existência, e das imperfeições que as originaram.

(O Céu e o Inferno – Allan Kardec – Código penal da

Pergunta 851: Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme avocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, nelivre-arbítrio?Resposta: “A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de desmesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicprovas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto senhor de ceder ou de resistir. Ao vê-lo fraquejar, um bom Espírito pode vpode influir sobre ele de maneira a dominar-lhe a vontade. Um Espírito mau,lhe, exagerado aos seus olhos um perigo físico, o poderá abalar e amedrontaa vontade do Espírito encarnado deixa de se conservar livre de quaisquer peia

(O Livro dos Espíritos – Allan Kar

“... — Imaginemos que fossem analisar as origens da provaçãacidentados de hoje... Surpreenderiam, decerto, delinqüentes que, em outrindefesos do cimo de torres altíssimas, para que seus corpos se espatifassem nem outro tempo, cometeram hediondos crimes sobre o dorso do mar, ppreciosas, ou suicidas que se despenharam de arrojados edifícios ou de patestado de rebeldia, perante a Lei, os quais, por enquanto, somente enangustioso episódio para transformarem a própria situação. Quantos milhpossuímos nós, em cujas contas com os Tribunais Divinos figuram débitos de

(Ação e Reação – André Luiz – Chico Xavier – Pá

Lesão

Físico

R

SemPredisposições

Mórbidas

AcidentesImprevistosesgates Justos

l, a conseqüência das suassão oriundas das nossas

cedentes existências. Pelatureza das faltas cometidas

Vida Futura no 10 – Ed. FEB)

o sentido que se dá a esteste caso, que vem a ser do

fez, ao encarnar, desta outino, que é a conseqüênciaas, pois, pelo que toca àsao bem e ao mal, é sempreir-lhe em auxílio, mas não isto é, inferior, mostrando-r. Nem por isso, entretanto,s.”dec – Pergunta 851 – Ed. FEB)

o a que se acolheram osas épocas atiraram irmãoso chão; companheiros que,ondo a pique existências

icos agrestes, em supremocontraram recurso em tãoares de irmãos encarnadossse jaez?...”gina 241 – Cap. 18 – Ed. FEB)

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60 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

“Os aleijões são parte integrante das tabelas expiatórias. A moléstia hereditária assinala a lutamerecida....

OBJETIVO: Distinguir, que quanto às causas, se as doenças são de origem atual ou anterior à

presente encarnação.

ANÁLISE:

Pergunta 991: Qual a conseqüência do arrependimento no estado espiritual?Resposta: “Desejar o arrependido uma nova encarnação para se purificar. O Espírito compreende asimperfeições que o privam de ser feliz e por isso aspira a uma nova existência em que possa expiar suasfaltas.” (332-975)

Pergunta 992: Que conseqüência produz o arrependimento no estado corporal?Resposta: “Fazer que, já na vida atual, o Espírito progrida, se tiver tempo de reparar suas faltas.Quando a consciência o exprobra e lhe mostra uma imperfeição, o homem pode sempre melhorar-se.”

Pergunta 998: A expiação se cumpre no estado corporal ou no estado espiritual?Resposta: “A expiação se cumpre durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito seacha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade doEspírito.”

Pergunta 999: Basta o arrependimento durante a vida para que as faltas do Espírito se apaguem e eleache graça diante de Deus?Resposta: “O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seupassado.”

Pergunta 999a: Se, diante disto, um criminoso dissesse que, cumprindo-lhe, em todo caso, expiar oseu passado, nenhuma necessidade tem de se arrepender, que é o que daí lhe resultaria?Resposta: “Tornar-se mais longa e mais penosa a sua expiação, desde que ele se torne obstinado nomal.”

(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Perguntas 991, 992, 998, 999 e 999a – Ed. FEB)

Causas MoraisAnteriores

Lesão IncapacitanteIrreversível

Deformidades(Aleijões)

Físico DeformidadesFísicasAleijões

TabelasExpiatórias

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 61

“... Num casebre, totalmente exposto à ventania noturna, infortunada mulher jazia enrolada emfarrapos, numa esteira de palha ao rés do solo e, a poucos metros, mísero anão paralítico exibia osemblante alvar. Reconhecia-se-lhe, de pronto, a idiotia completa, sob a vigilância da enferma desditosa,que o fitava entre a aflição e o desencanto...”

(Ação e Reação – André Luiz – Chico Xavier – Página 172 – Cap. 13 – Ed. FEB)

“Vemos, portanto, que a doença, quando não seja a advertência das células queixosas do tirânicosenhor que as domina, é a mensageira amiga convidando à meditação necessárias....”

OBJETIVO: Reconhecer que somos regidos por Leis Divinas que visam levar-nos à saúde espiritual,

analisando o triplo aspecto: CORPO => PERISPÍRITO => ESPÍRITO.

Ressaltar as Leis de Causa e Efeito, Lei de Progresso, Lei de Reencarnação. Valorizar na gênese da doença os aspectos:

♦ Material => Relacionado ao perispírito.♦ Moral => Espiritual. Relacionado à vontade e ao pensamento.

“Desejas a cura; é natural; mas, precisas tratar-se a ti mesmo para que possas remediar ao teucorpo. Nos pensamentos ansiosos, recorre ao exemplo de Jesus. Não nos consta que o Mestre estivessealgum dia de cama; todavia, sabemos que ele esteve na cruz. Obedece, pois, a Deus e não te rebeles contraos aguilhões. Socorre-te do médico do mundo ou de teu irmão do Plano Espiritual, mas, não exijas milagres,que esses benfeitores da Terra e do céu não podem fazer. Só Deus te pode dar acréscimo de misericórdia,quando te esforçares para compreendê-lo...”

OBJETIVO: Reconhecer e estabelecer a necessidade de tratamento (moral). Analisar o que a Casa Espírita oferece como tratamento.

ANÁLISE: Tratamento e cura – “Como se curar?” Tratar o corpo – Tratamento médico. Tratar o espírito – Educação moral.

Causas Moraisanteriores

Lesão

Físico DoençaHereditária

Lutas Merecidas

PredisposiçãoMórbidaMarcante

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62 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

Pergunta 919: Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e deresistir à atração do mal?Resposta: “Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”

Pergunta 918: Por que indícios se pode reconhecer em um homem o progresso real que lhe elevará oEspírito na hierarquia espírita?Resposta: “O espírito prova a sua elevação, quando todos os atos de sua vida corporal representam aprática da lei de Deus e quando antecipadamente compreende a vida espiritual.”

(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Perguntas 919 e 918 – Ed. FEB)

Obediência as Leis de Deus – O homem aprende através da dor (Doença).

Pergunta 614: Que se deve entender por lei natural?Resposta: “A lei natural é a Lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe oque deve fazer ou deixar de fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta.”

(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Pergunta 614 – Ed. FEB)

Socorro médico – Benfeitores da Terra. Socorro dado pela Casa Espírita – Benfeitores do Plano Espiritual. “O que a Casa Espírita faz?” – Presta o socorro, promove o esclarecimento, dando

condição à reeducação moral. “Não exijas milagres” Cura => Restabelecimento de equilíbrio físico relativo ou absoluto – Reeducação

moral.

“...O orgulho é a venda que encobre a sua visão; para que serve mostrar a luz a um cego?Portanto, é preciso, inicialmente, curar a causa do mal; eis por que, médico hábil, Deus cura primeiro oorgulho. Ele não abandona seus filhos perdidos, pois sabe que mais cedo ou mais tarde seus olhos seabrirão, mas quer que isso aconteça de vontade própria, quando, então, vencidos pelos tormentos daincredulidade, eles se jogarão, por si mesmos, em seus braços e, como o filho pródigo, lhe pedirãoperdão.”

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap. 7 – Item 10 – Ed. CELD.)

Quantas pessoas chegam a Casa Espírita desta maneira? Diante da dor, o que os Benfeitores espirituais e os Benfeitores da Terra não podem

fazer?

Derrogar a Lei de Deus (Lei de Causa e Efeito) impedindo o pagamento do débito.

Como devemos analisar a dor?

7 – A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos, portanto, não vos aflijais quandosofrerdes, ao contrário, bendizei a Deus Todo-Poderoso que vos marcou pela dor aqui neste mundo, paraa glória no céu.

Sede pacientes; a paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei da caridade ensinadapelo Cristo, enviado por Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil detodas; existe, porém, uma muito mais penosa e bem mais meritória: é a de perdoar aqueles que Deuscolocou no nosso caminho, para serem os instrumentos de nosso sofrimento e submeterem à prova anossa paciência.

A vida é difícil, eu sei; ela se compõe de mil insignificâncias que são como picadas de alfinetesque acabam nos ferindo. É preciso, no entanto, olhar os deveres que nos são impostos e, por outro lado,

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 63

as compensações e consolações que recebemos, então constataremos que as bênçãos são muito maisnumerosas do que as dores.

O fardo que carregamos parece menos pesado, quando olhamos para o alto do que quandocurvamos a cabeça para a terra.

Coragem, amigos, o Cristo é vosso modelo; Ele sofreu mais do que qualquer um de vós, e nadafez que pudesse ser reprovado, enquanto que tendes que expiar o vosso passado e vos fortificar para ofuturo. Portanto, sede pacientes, sede cristãos; essa palavra resume tudo. (Um espírito amigo. Havre,1862.)

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap. 9 – Item 7 – Ed. CELD.)

“Não deixes de atender às necessidades de teus órgãos materiais que constituem a tua vestimentano mundo; mas, lembra-te do problema fundamental que é a posse da saúde para a vida eterna. Cumpreteus deveres, repara como te alimentas, busca prever antes de remediar e, pelas muitas experiênciasdolorosas que já vivi no mundo terrestre, recorda comigo aquelas sábias palavras do Senhor ao paralíticode Jerusalém: “Eis que já estás são; não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior.”

OBJETIVO: Reconhecer que nosso corpo e nosso Espírito são regidos por Leis Divinas que visam

levar-nos à saúde espiritual. Estabelecer a necessidade do tratamento espiritual (moral). Analisar o que a Casa Espírita oferece como tratamento. Ressaltar a importância dos tratamentos: médico e espiritual.

Obs.: Lembrar que Emmanuel dá o próprio exemplo de sua vida terrena.

ANÁLISE: Observar o conceito global de saúde não mais limitado a uma encarnação, mas um

conceito de saúde eterna, concluindo que a manutenção da saúde é um dever.

7 – O dever é a obrigação moral, diante de si mesmo em primeiro lugar, e, depois, dos outros. Odever é a lei da vida; ele se encontra nos mínimos detalhes e também nos atos mais elevados. Querofalar aqui apenas do dever moral, e não do que as profissões impõem.

O dever é muito difícil de ser cumprido na ordem dos sentimentos, porque se encontra emantagonismo com as seduções do interesse e do coração. Suas vitórias não têm testemunhas e suasderrotas não têm repressão. O dever íntimo do homem depende do seu livre-arbítrio; o aguilhão(114) daconsciência, esta guardiã da integridade de caráter, o adverte e o sustenta, mas freqüentemente se mostraimpotente diante dos falsos argumentos gerados pela paixão.

O dever do coração, quando fielmente observado, eleva o homem; mas como determinar essedever? Onde começa? Onde termina? O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais afelicidade ou a tranqüilidade do vosso próximo, e termina no limite que não desejaríeis ver transpostopor ninguém em relação a vós mesmos.

Deus criou todos os homens iguais para a dor; pequenos ou grandes, ignorantes ou instruídos,sofrem pelas mesmas causas, para que cada um julgue judiciosamente o mal que pode fazer. O mesmocritério não existe em relação ao bem, infinitamente mais variado nas suas expressões. A igualdadediante da dor é uma sublime previsão de Deus, que deseja que seus filhos, instruídos pela experiênciacomum, não cometam o mal, alegando a ignorância dos seus efeitos.

O dever é o resumo prático de todas as especulações morais; é uma bravura da alma que enfrentaas angústias da luta. É austero e dócil; pronto a dobrar-se às mais diversas complicações, permaneceinflexível diante das suas tentações. O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais do que àscriaturas, e ama as criaturas mais do que a si mesmo. Ele é, ao mesmo tempo, juiz e escravo na suaprópria causa.

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64 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

O dever é o mais belo adorno da razão; ele nasce dela, como o filho nasce da sua mãe. O homemdeve amar o dever, não porque ele o preserve dos males da vida, aos quais a humanidade não podesubtrair-se, mas porque ele dá à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.

O dever cresce e irradia, sob uma forma mais elevada, em cada uma das etapas superiores dahumanidade. A obrigação moral da criatura para com Deus jamais cessa; ela deve refletir as virtudes doEterno, que não aceita um esboço imperfeito, porque deseja que a beleza de sua obra resplandeça diantedele. (Lázaro. Paris, 1863.)

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap. 17 – Item 7 – Ed. CELD.)

11 – A perfeição moral consiste na tortura do corpo? Para resolver essa questão apoio-me emprincípios elementares, e começo demonstrando a necessidade de cuidar do corpo, que, segundo asalternativas de saúde e de doença, influi de uma forma muito importante sobre a alma; pois é precisoconsiderá-la como prisioneira na carne. Para que essa prisioneira viva, se movimente e até mesmoconceba as ilusões da liberdade, o corpo deve estar são, disposto e vigoroso. Façamos a comparação: eisque os dois estão em perfeito estado; que devem eles fazer para manter o equilíbrio entre suas aptidões esuas necessidades, tão diferentes?

Aqui dois sistemas estão presentes: o dos ascetas, que querem aniquilar o corpo, e o dosmaterialistas, que querem rebaixar a alma: duas violências, quase tão insensata uma quanto a outra.

Ao lado desses dois grandes grupos, fervilha uma numerosa tribo de indiferentes que, semconvicção e sem paixão, amam com frieza e desfrutam com parcimônia. Onde, pois, está a sabedoria?Onde, pois, está a ciência de viver? Em nenhum lugar, e esse grande problema ficaria inteiramente semsolução, se o Espiritismo não viesse em auxílio dos pesquisadores demonstrando-lhes as relações queexistem entre o corpo e a alma, e afirmando que é preciso cuidar dos dois, pois que são necessários umao outro.

Amai, portanto, vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma. Desconhecer asnecessidades, que são indicadas pela própria natureza, é desconhecer a lei de Deus. Não castigueis vossocorpo pelas faltas que o vosso livre-arbítrio lhe fez cometer, e pelas quais ele é tão responsável quantoum cavalo mal dirigido o é, pelos acidentes que causa. Por acaso, sereis mais perfeitos, se, martirizandoo corpo, não ficardes menos egoístas, menos orgulhosos e mais caridosos para com o vosso próximo?Não, a perfeição não está aí; ela se encontra inteiramente nas reformas por que fizerdes passar o vossoespírito; dobrai-o, submetei-o, humilhai-o, mortificai-o: esse é o meio de torná-lo mais dócil à vontadede Deus, e o único que conduz à perfeição. (George, espírito protetor. Paris, 1863.)

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Cap. 17 – Item 11 – Ed. CELD.)

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 65

Cura – Tema 2Aula dada por MÁRCIA CORDEIRO em 09/08/2003

Observemos o nosso material e as idéias, do ponto de vista de nós mesmos, em primeirolugar. Nós nos dissemos médiuns envolvidos no trabalho da cura.

Vocês mesmos disseram, que todos nós somos doentes. Então, o doente se serve de umoutro doente para conseguir melhoria, estabilidade ou cura. Portanto, tudo o que nós refletirmos emrelação à doença, doentes, os aspectos espirituais das doenças são verdadeiros para médiuns e paraquem se serve deles.

Eu vou meditar com vocês nas idéias que os espíritos trouxeram para a visão do tema. Elestêm uma linha ou uma idéia diretora a ser deixada conosco, os dinamizadores, para ser transmitidaaos encontristas. E essa idéia é própria, é peculiar e tem uma série de desdobramentos.

O nosso material começa com um objetivo geral, nesse momento, para dinamização dotema.

O objetivo geral do estudo, nesse momento, é levar o encontrista a concluir que a doença édo espírito, que como espírito imortal o tratamento tem uma certa característica ou peculiaridade,que a paternidade Divina propicia os meios de alcançarmos isso, que foi chamado de saúde eterna.

Daí uma primeira conseqüência ou desdobramento. Nós compreendermos que o quevulgarmente chamamos doenças, são crises episódicas na trajetória do espírito, ou seja, sãomomentos em que um conjunto de sinais, expressam o que é a situação de base ou fundo, que é omomento evolutivo do espírito. Isso se mostra de uma determinada forma. E essa forma pode serextremamente variável. Pode ser aquilo que a Medicina reconhece como doença, ou no campo dasaúde física, saúde mental ou psíquica. Mas, pode ser também no campo da vida interior do espírito.

Uma noção da constituição do homem: espírito, perispírito e corpo carnal. Isso podeexpressar o que a Medicina chama de doenças. O corpo carnal vai expressar distúrbios. O Espírito éa causa.

Então, quando nós nos olhamos, do ponto de vista da Doutrina Espírita, nós poderemos estarsem as doenças corporais, sem que no espírito haja equilíbrio ou saúde. A ausência de manifestaçãono corpo físico, não é igual a saúde, do ponto de vista de saúde eterna, que foi o propósito que nosdispusemos a discutir.

O perispírito por sua vez, tem uma característica de um grupo sintomático muito própriotambém. Para os quais iremos necessitar de meios de diagnóstico e de meios de tratamento, tambémpróprios e peculiares.

Temos o espírito como a matriz geradora da doença ou da enfermidade, que também éproprietária de mecanismos, que ela põe em andamento, assim como é influenciada porcircunstâncias muito próprias e características também.

A nossa noção habitual de doença é uma noção ligada a desconforto. É alguma coisa quejulgo diferente e de forma incômoda do que é o meu habitual.

Então, nós temos um parâmetro ou um padrão, que vamos chamar de zona de conforto. Queé claramente individual, mas é um momento no qual eu me sinto satisfeito comigo, com a vida, comas circunstâncias, com tudo mais. O que não quer dizer que seja a etapa esperada ou desejada.

Eu posso estar perfeitamente confortável no vício, qualquer um, físico ou moral. Eu possoestar perfeitamente confortável na calúnia. Eu posso estar perfeitamente confortável no desvario dosexo. E esse é o Eu, é a causa inteligente.

Observemos que a nossa proposta à luz da Doutrina Espírita, de refletir em saúde e doença,não pode estar afastada, primeiro, de um patamar de compreensão do que seja equilíbrio para oespírito imortal. Em segundo lugar, que a sensação de conforto não é igual a equilíbrio para oEspírito. Eu posso estar perfeitamente confortável no mau, até mesmo na crueldade, com todas assuas conseqüências.

Intervenção: Estava lendo no jornal que a OMS, de uns tempos para cá, definiu como saúde, umbem-estar físico, psíquico e sócio-econômico. Então, se o indivíduo não tiver saúde física, ele não

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66 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

tem saúde. Se economicamente estiver com problemas financeiros, ele não tem saúde. Se oemocional não estiver bem, ele também não tem saúde. O espiritual também, quer dizer que aprópria Medicina...

Não, a própria Medicina não diz isso não. Se a Medicina admitisse o elemento espiritual,nós não estaríamos aqui discutindo Medicina Espiritual.

Espiritual na definição da ciência, tem um conceito completamente distinto de espiritual emDoutrina Espírita. Porque se houvesse na Medicina a noção de que existe espírito, nós teríamosnovos tratados de Medicina e novo exercício da Medicina. Não existe até o momento, em nenhumramo, nem mesmo nas ciências psicológicas. Tudo o que vocês lerem com a noção de espiritual,está no sentido da consciência humana, mas não está na admissão de que existe o Eu inteligente,distinto do corpo carnal e ele sim o causador de todas as suas circunstâncias em torno.

Intervenção: Então, no caso dessa definição espiritual aí, é mais assim, os recursos que estão sendoempregados por análise têm algum resultado? Por exemplo: nesses hospitais que hoje admitemvisitas de pessoas de várias religiões, trazendo a prece.

É basicamente o uso das técnicas do magnetismo e da prece. Vocês vão encontrar nos EUAe Inglaterra, já definitivamente incorporados aos recursos medicamentosos, que o doente podemobilizar, o uso de médiuns, ou de magnetizadores, ou de prece. Já houve inclusive, longasdiscussões jurídicas, por pessoas que seguindo essa ou aquela orientação religiosa, optaram numdeterminado momento pelo uso para si mesmo ou para seus familiares, exclusivamente dessesrecursos. Como a lei, no caso, na maioria das vezes eram crianças em tratamento, impõedeterminados deveres aos pais, então elas tiveram que ir a juízo, para que fosse sancionada suaopção. Das sentenças que eu tenho conhecimento e foram divulgadas no meio científico, admitiu-seque o responsável, o doente tinha o direito de optar por aquilo como meio de tratamento. Então,firmou-se o que se chama de jurisprudência, na qual o doente pode optar por aquilo, sem que aquiloseja abandono de tratamento, ou seja descaso em relação ao doente, a partir do relato de pesquisasque já foram feitas, de que as pessoas submetendo-se àquele gênero de tratamento nãoconvencional, acusaram melhora, até mesmo cura. É até esse ponto que está se referindo aespiritual. O uso de recursos que não estão catalogados dentro das práticas convencionais, que vêmse mostrando efetivos e que as leis dos países mais avançados estão permitindo que as pessoas useme optem por eles, sem que seja uma atitude ilegal.

Com a noção de que os distúrbios ou as alterações do corpo físico e do corpo perispiritualtêm manifestações próprias, assim como o do Eu inteligente também tem manifestações próprias,observemos a advertência inicial de Balthazar.

“O sentimento da cura é aquele que faz com que os médiuns se dediquem com amor, alegriae mesmo felicidade, a todos aqueles que batem à porta dos curadores ou médiuns curadores...”

Balthazar(Mensagem psicofônica recebida pelo Médium Altivo C. Pamphiro, no CELD, em 08/09/2001.)

O que o espírito quis dizer com isso? Ele se referiu a sentimento.— Vocês já ficaram doentes?— Já.— E doentes se comportaram da mesma maneira de quando estavam sadios?— Não.— Já cuidaram de doentes?— Já.— E como é cuidar de um doente?— Tem que ter paciência, tolerância, renúncia.— E por que tem que ter isso tudo, não basta dar o remédio que o doutor passou?— Porque ele está fragilizado.— E aí o que ele faz?— Ele é rebelde.

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Então ele se refere ao sentimento da cura e isso que ele chamou de sentimento da cura temuma composição. Isso é definição dos espíritos. No sentimento da cura a composição é: amor,alegria e mesmo felicidade.

“Oba! Tenho que levar a vovó todo dia na fisioterapia, 15 dias. É a minha oportunidade.Vou pedir para o chefe para chegar mais tarde, tem que acordar mais cedo, deixar o almoço pronto,criança na escola, dar banho na vovó, ir devagar porque vovó está com dor, por isso que ela está nafisioterapia. Ela demora a entrar no carro, demora a sair do carro, esse trânsito horroroso, essedoutor que não chegou na hora.” E é com amor, alegria e mesmo felicidade. Isso que é o sentimentoda cura.

Isto é vovó na fisioterapia, tem coisas mais complicadas. Vovó esclerosada, falando milvezes a mesma coisa, uma criança mal formada, com uma limitação qualquer que vai exigir umavida inteira de dedicação, tem um doente psiquiátrico, um viciado. O sentimento da cura tem que teramor, alegria e felicidade.

Eu perguntei se vocês já tinham ficado doentes e se já tinham tomado conta de doente. Etomaram conta assim? Então, nós ainda não temos o sentimento da cura e para ser médium da curaé preciso o sentimento da cura. Porque o fluido vai levar o nosso sentimento. O sentimento da curaé para envolver a todos, sem exceção. Isto inclui os doentes do Centro e os lá de casa, a vizinhançatambém. Todos que batem à porta dos curadores ou médiuns curadores.

Balthazar ainda falou mais. Agora ele vai dizer o que é o médium curador.“... É aquele que ampara, que ensina ao doente a valorizar a cura e a saúde; é enfim, aquele

que ajuda ao doente a compreender o santuário que é o corpo físico, como residência temporária doespírito imortal; enfim é a valorização da saúde pela saúde mesmo. Estes são, entre outros, ossentimentos que devem possuir os trabalhadores da cura...”

Balthazar (Mensagem psicofônica recebida pelo Médium Altivo C. Pamphiro, no CELD, em 08/09/2001.)

— O que o espírito disse aqui?— O médium precisa compreender primeiro isso nele.— Compreender o quê?— Que é preciso dar valor à vida.— E como é que se dá valor à vida?— Se cuidando, não se desregrando, tentando viver com equilíbrio.— Pode ser “deprê” o médium curador? desanimado, levar 5 anos para ir ao doutor fazer

preventivo, não tomar a receita, não fazer a dieta?— Não.— Porque se ele não valorizar a saúde e o corpo dele, vai ensinar a quem a fazer o quê?São duas as necessidades do médium curador: o sentimento da cura e a valorização da vida

corpórea no instrumento que é o corpo carnal. Então, nenhuma ação lesiva contra o corpo carnal.No dizer de André Luiz, é ser um espírito completista. Aquele que utiliza todas as possibilidades docorpo carnal, para cumprir com seu aprendizado na Terra, devolvendo à Natureza o corpo emperfeitas condições.

Então, não vale gastrite por irritação, nada de enxaqueca por causa do marido ou sogra, nadade cabelo caindo porque está estressado.

Precisamos tratar todo e qualquer doente com amor, alegria e felicidade. Envidarmos todosos esforços para a manutenção da saúde do corpo carnal. Seja lá como for o nosso corpo. Porque seolharmos o nosso e ele tiver lesão, é aquele que nós conseguimos formar. E mesmo dele vamos terque cuidar. Isso é para o médium, o que o espírito veio dizer aqui.

Para a realização do nosso trabalho, nós deveremos alimentar ou desenvolver em nós pelomenos essa polaridade, que resulta de uma compreensão por parte do ser inteligente. Que é esseobjetivo geral que nós vamos levar ao encontrista. Para levá-lo, nós temos que tê-lo alcançado.

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Quem está doente é o espírito. Ele é quem precisa ser tratado. E que utilizando os recursosda Paternidade Divina, em benefício da nossa saúde eterna, gastamos muitas existências, paraalcançar o patamar de equilíbrio.

Vocês lembraram muito bem, a infinita paciência, que necessita todo mundo que lida comdoente. Porque o doente, na maior parte das vezes, é um rebelde. Ele quer se sentir bem, mascontinuando doente. Ele quer voltar para a zona de conforto, é nisso que ele vive interessado.

Questão do Livro dos Espíritos.Pergunta 942: Pessoas não haverá que achem um tanto banais esses conselhos para ser-se felizna Terra; que neles vejam o que chamam lugares comuns, sediças verdades; e que digam, que,afinal, o segredo para ser-se feliz consiste em saber cada um suportar a sua desgraça?Resposta: “Há as que isso dizem e em grande número. Mas, muitas se parecem com certos doentesa quem o médico prescreve a dieta; desejariam curar-se sem remédios e continuando a apanharindigestões.”Obs.: Sediço = o que é comum, vulgar.

Na maior parte das vezes, quando nós procuramos isso que na nossa visão é cura, queremosvoltar para a zona de conforto. Mas acontece que a Lei não se ilude, ela deseja a cura do Eu emobiliza todos os recursos para conduzir o Eu, que é o ser inteligente, à cura. Mobiliza as doençasdo corpo físico, distúrbios do corpo psíquico, os abalos morais, de forma a trazer o Eu para a saúdeeterna. A saúde eterna implica na aquisição de sentimentos específicos, esses que estudamos noEvangelho como virtudes. Enquanto nos faltar virtudes, não podemos alcançar essa saúde eterna.Para alcançarmos essas virtudes, nós nos submetemos, por força da Lei, a todo processo queconhecemos como vidas sucessivas, reencarnações e o seu contexto de prova, expiação e Lei deCausa e Efeito.

Como diz o instrutor Alexandre em Missionários da Luz, a reeducação Divina é o fim, omeio são as vidas sucessivas. A dor, o sofrimento, a doença, tudo é meio, não é fim em si mesmo.Mesmo a ausência de sintoma ou de doença catalogada não é sinal de equilíbrio do Eu imortal.

Quando confrontamos os dois doentes que são: o doente que vem tomar o passe e o doenteque vai dar o passe, que é o médium curador. Cada um tem necessidades específicas do ponto devista de espírito, que estão ali em jogo e cada um deverá se servir dos mecanismos e oportunidadesda Lei, na busca dessa mesma saúde.

Se o sentimento da cura deve englobar amor, alegria e felicidade, é porque isso não existehabitualmente, dentro do médium curador. Se há necessidade da valorização da vida corpórea e docorpo carnal, é porque habitualmente, isso não existe nele.

Exemplo: Camilo Castelo Branco, ao final da sua obra Memórias de um Suicida diz, quedepois de todo o seu processo de reeducação na colônia Maria de Nazaré, na sua próximaencarnação ele é candidato ao exercício da mediunidade curadora. Que seria a forma deledesenvolver aquilo que lhe falta para a conquista de saúde espiritual, saúde eterna.

Observemos que tratando ou sendo tratados, cada um de nós está, naquele momento, incursona Lei, à procura de saúde eterna. Que é igual a aquisição das chamadas virtudes.

Nós temos ainda, a orientação de Balthazar, numa outra mensagem, na qual ele diz assim:“...Continuando nossas informações relativas ao Encontro sobre Medicina Espiritual, ao

falarmos com aqueles que vêm pela primeira vez à Casa ou que vêm estudar conosco acerca da causadas doenças, devemos mostrar, a todos eles, o comprometimento da nossa vontade com o esforço dacura.

Lembremos, a todos, que o remédio, a determinação de médicos, enfermeiros ou outros técnicosé muito importante, que a força do corpo, igualmente, é determinante, mas que não se deve esquecer,jamais, a contribuição que o nosso espírito oferece para manutenção das energias orgânicas....”

Balthazar(Mensagem psicofônica recebida pelo Médium Altivo C. Pamphiro, no CELD, em 13/10/99.)

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O Evangelho Segundo Espiritismo, capítulo V, item 25 – A melancolia.25. Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a

considerar amarga a vida? É que vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota,jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis essesesforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a lassidão, o abatimento,uma espécie de apatia, e vos julgais infelizes.

Crede-me, resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. São inatas noespírito de todos os homens as aspirações por uma vida melhor; mas, não as busqueis neste mundo e,agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem, para vos instruírem acerca da felicidadeque Ele vos reserva, aguardai pacientemente o anjo da libertação, para vos ajudar a romper os liamesque vos mantêm cativo o Espírito. Lembrai-vos de que, durante o vosso degredo na Terra, tendes dedesempenhar uma missão de que não suspeitais, quer dedicando-vos à vossa família, quer cumprindoas diversas obrigações que Deus vos confiou.

Se, no curso desse degredo-provação, exonerando-vos dos vossos encargos, sobre vósdesabarem os cuidados, as inquietações e tribulações, sede fortes e corajosos para os suportar.Afrontai-os resolutos. Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos amigos por quem chorais e que,jubilosos por ver-vos de novo entre eles, vos estenderão os braços, a fim de guiar-vos a uma regiãoinacessível às aflições da Terra. — François de Genève. (Bordéus.)

Observemos que aqui François de Genève, mensagem ditada em Bordéus, dá a causa de umfenômeno bastante conhecido da Medicina. Que vem aqui rotulado como melancolia a essa época,que hoje podemos estender em diversos diagnósticos. A síndrome depressiva, em todas as suasvariantes, propriamente ditas, e todas as características de alteração da resistência imunológica.Quando nós temos ali a revolta do espírito, na permanência, nas condições de vida atual. Ele desejaafastar-se daquele quadro, que na maior parte das vezes é de luta e sofrimento. Ele deseja retomar aliberdade que lhe é própria.

Nós vamos ver uma série de circunstâncias da convivência com o doente, nas quais o doentetraça o momento, a partir do qual ele adoece. “Ah! depois que papai morreu”, “Ah! depois que meumarido me largou.” A partir dali, o doente começa a relatar a peregrinação aos consultórios, aossintomas, às doenças. Isso é tão verdadeiro que hoje em dia o doutor pergunta: Desde quando queisto começou? Como é que começou? O que é que o senhor se lembra de ter acontecido logo antesde começar este problema? É relação de causa e efeito. Porque o meu sentimento influenciou meucorpo perispiritual, influenciou meu corpo carnal e apareceu o sintoma que o doutor rotulou dequalquer jeito.

Observemos que o Espírito diz assim: todos os recursos que nós mobilizamos, para essasaúde do corpo carnal, médicos, enfermeiros, técnicos, a força do corpo, que eqüivale a dizer, osmedicamentos e ações que tentam trazer o corpo carnal ao equilíbrio, tudo isto é determinante, e émuito importante, mas não esquecer, jamais, a contribuição que o nosso espírito oferece para amanutenção das energias orgânicas.

Então, quando eu valorizo a vida e o corpo carnal, eu “fortaleço esta história aqui”: operispírito e o corpo carnal. Quando eu me entrego à rebeldia, eu acabo enfraquecendo o corpocarnal. Isto é relação de causa e efeito direta.

Basicamente, depende do progresso do Eu. E a doença surge como crise episódica. Isso vaiser variável ao longo de uma vida e ao longo da trajetória espiritual. Porque enquanto eu tivermanifestações de desequilíbrio de um ou de outro corpo, é porque o Eu está doente.

É por isso que na “Lembrança Fraternal aos Enfermos”, Emmanuel dizia: “Enquanto tupermaneces doente.” Não podes viver sem sintoma, de um ou de outro corpo.

Um bocadinho mais adiante, Balthazar diz assim:“...O médium que se habitua a falar de Jesus, que fala da necessidade do bem, que cria

atmosfera de paz em torno de si, terá, naturalmente, um pouco mais de saúde. Isto por quê? Justamenteporque a criatura que assim procede se sente ligada a uma forma de energia superior, transformadorade suas próprias energias psíquicas, perispirituais.

Envolvido numa atmosfera de equilíbrio, de sentimento de amor ao próximo, de alegria deviver, envolvido na atmosfera do perdão, na atmosfera da não-acusação, o homem, médium, poderá ter

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mais suavidade no seu ser, mais equilíbrio nas suas energias e ligações com a espiritualidade, que osustentará...”

Balthazar(Mensagem psicofônica recebida pelo Médium Altivo C. Pamphiro, no CELD, em 13/10/99.)

Vocês observam que Balthazar descreve uma postura ativa, de busca de comunhão com umaenergia superior que é a do Bem. É desse reservatório, que o médium curador extrai, a forçamediúnica. E que ele como médium curador, precisa se alimentar nessa conexão, para funcionardentro da sua atividade. Então, ele tem que vencer sentimentos dentro dele. Sentimentos que sãomuitas vezes acompanhados de ações lesivas à saúde do corpo carnal. Ele precisa vencersentimentos de menos valia, sentimentos de desistência da luta, sentimentos de arrogância ouprepotência, de se sobrepor à Lei em certas circunstâncias. Porque senão ele não faz a conexão como Superior. Se ele não faz a conexão com o Superior, ele não cria uma atmosfera própria. É oresultado direto e primeiro, ele se esgota na tarefa, porque ele não repõe esse equilíbrio. São essasligações com a espiritualidade que o sustentam.

Muitas vezes, vocês vão ouvir o médium dizer assim: “o primeiro e o segundo passe é umabeleza, mas o terceiro!! Se tiver quatro então, na mesma reunião.” Porque ele se esgota, porque elenão mantém essa relação e essa conexão.

Vocês vejam que são exigências para o médium, que Balthazar está mostrando. Ele aindadiz assim:

“...É isso que vocês deverão, também, falar às criaturas; não irão prometer-lhes cura, mas asensinarão a andar em terreno não-minado, como o da cólera, o da indiferença, o da raiva concentrada,o do desequilíbrio, enfim. Ensinar a criatura a andar num terreno limpo é estabelecer bases mínimaspara a saúde do seu corpo...”

Balthazar(Mensagem psicofônica recebida pelo Médium Altivo C. Pamphiro, no CELD, em 13/10/99.)

Então, o espírito diz daquilo que é o aprendizado necessário ao médium e do que ele devetransmitir ao doente, pelo próprio exemplo. Ele deve construir nele esse aprendizado.

Falar de Jesus, necessidade do bem, atmosfera de paz, de perdão de não-acusação, amor aopróximo, alegria de viver, são conquistas necessárias ao médium curador. É isso que vai estabelecerdentro dele a vibração, que vai se estender para o doente, e vibração que vai assentada no esforçodele nessa aquisição. Então, serve de estímulo para o doente procurar percorrer, o mesmo caminhodentro dele.

Ao desenvolvermos nossos esforços de elevação, nós funcionamos na cadeia da vida comoagente multiplicador, indutores de outrem.

Porque todo esforço é do espírito. Não é esse o objetivo que temos que alcançar?Compreender que doente é o espírito. Temos que mobilizar aquilo que é próprio do espírito, paraalcançarmos a saúde eterna. E o que é próprio do espírito, é o sentimento, os recursos dainteligência.

Então, o estudo, a meditação evangélica, o esclarecimento doutrinário, vão auxiliar oraciocínio do doente. Mas, é o médium curador que vai auxiliar o sentimento do doente. A gente sópode auxiliar o sentimento do outro, se o nosso for melhorado.

Há um papel, um aprendizado do médium curador, o qual nós não devemos nos esquecer.Senão, vamos estar na cura como mesinhas girantes, exclusivamente.

O médium curador, antes de qualquer coisa, tem que ter consciência de si como espírito ecompreensão do papel da mediunidade curadora, junto ao doente, que dê oportunidade para ele, dealcançar um patamar de conquistas, que ainda não é o dele.Intervenção: Então, a pessoa tem que sair do automatismo, quase que fisiológico, mas a alma deletem que estar naquele trabalho. Não é simplesmente um fluido que ele emite, por força da suaprópria mediunidade.

Não só no trabalho, eu diria, numa postura de reconhecimento das suas necessidadesespirituais, que fazem com que ele se mobilize, para essas conquistas que ele não tem. Porque ele

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não vai fazer isso na hora do trabalho não. Isso é dever de casa, a gente traz para o trabalho. Élevando vovó para a fisioterapia, com alegria, amor e felicidade. Enquanto não for assim, não vaidar para a gente expandir nenhum sentimento maior, por um ilustre doente desconhecido.

É amor, alegria e felicidade, não ganhamos isso por osmose do guia, não. O guia encosta, agente sente a vibração dele. O doente sente também. Mas o doente mistura a gente com o guia.Então, muitas vezes, nos iludimos com o resultado daquilo que foi a tarefa Mediúnica, como sefosse resultado da nossa ação individual. E acreditamos que estamos curando mesmo. Tire o guia ea vibração de amor dele, para ver se o nosso fluido chega ali e faz aquilo. Não faz não.

Então, essas noções que os espíritos trouxeram, de uma maneira muito clara, não usaram demeias palavras, não. Isto é grave e sério. Porque se vamos falar para esclarecer, vamos ter que terpelo menos, a autoridade do entendimento. Isto vai ser fundamental, porque senão, nós vamos rezaressa cartilha sabida e conhecida, sem convencer a ninguém.

O espírito disse que nós precisamos mostrar às pessoas, o comprometimento da nossavontade com o esforço da cura. E eu vou acrescentar, da cura de nós mesmos. Ele não disse, quemestá dizendo agora sou eu, mas é o nosso comprometimento com a cura de nós mesmos. Senão, nãovamos convocar ninguém, à cura de si mesmo. Se nós mesmos não mostrarmos os nossos esforços,pela cura de nós mesmos... Porque são as forças do Eu, da alma, que nós temos que mobilizar. Sãoas potências da alma.

Balthazar ainda diz assim:“...Ora, poderão alegar que isso já faz parte do currículo do estudo; e por que falo eu para

vocês insistirem nesse assunto? Porque vocês mesmos devem cultivar esse hábito de elevação; vocêsmesmos precisam aprender a sentir essa necessidade. Se o fizerem, com certeza, mas com certezamesmo, vocês terão saúde e saberão falar do assunto às pessoas que estarão lhes ouvindo.

Assim, meus irmãos, cultivem esses hábitos, afastem a desarmonia interna, para que seusespíritos realmente sejam espíritos voltados para o bem e para a prática do ensino...”

Balthazar(Mensagem psicofônica recebida pelo Médium Altivo C. Pamphiro, no CELD, em 13/10/99.)

Ele foi líquido, claro, dizendo que para saber falar, temos que estar incluídos nesse esforçoda procura de hábitos de elevação, senão não vamos falar nada que convença ninguém.

Quando ele falou em hábito de elevação, que é a terceira ponte para um médium de cura, éaquela ligação que ele disse, de buscar o reservatório de energia superior. É através da construçãodo hábito de elevação que a gente alcança esses reservatórios de energia superior.

Então, ao médium de cura é necessário, a construção desse sentimento, que ele chamou desentimento de cura. Ao médium de cura é importante, a valorização da oportunidade reencarnatória,do seu instrumento, que é o corpo carnal. Ao médium de cura é importante, a construção de hábitode elevação, que é o que permite o reabastecimento das energias espirituais superiores, para oexercício da sua tarefa.

Para fazermos jus, como espíritos, ao auxílio, à intercessão nós temos que gastar o pavio daboa vontade sincera, no exercício daquela nossa tarefa.

Então, a gente não toma nada, nem distribui nada, sem um esforço, disso que a gente chamade vontade, e essa vontade não é o querer, essa vontade é um profundo comprometimento com umaatitude. É por isso que ele fala em querer o bem, falar de Jesus, em ligação com o perdão, emligação com a não-violência. Isto é uma postura espiritual. Isto é a renúncia do mal.

Então, a gente não tem isso por automatismo. Se a gente estaciona no automatismo, com ocorrer do tempo e da tarefa, nós vamos tendo essa sensação de desgaste e vamos tendo dificuldadesno exercício da tarefa. A gente diz assim: “Eu não consigo perceber os benfeitores com a mesmaclareza. Eu vejo que a intuição já não é mais tão clara. Eu não consigo perceber bem o que estáacontecendo com o doente.” Você até sente o fluido sair, mas você não está participando comoespírito daquela circunstância. É quando eu digo, que a gente funciona como mesinha girante emmediunidade.

Em mediunidade, em nenhuma circunstância, você pode se alijar de uma participaçãoconsciente. Toda vez que você faz isto, você cai no papel da mesinha girante. E todos os benefícios

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do intercâmbio mediúnico e do aprendizado, estão perdidos para você. Porque mediunidade ésempre uma inter-relação de forças vivas, na qual há vontade, e vontade como desejo departicipação consciente.

Você pode atravessar períodos de exercício mediúnico, isto em qualquer faculdade, na qualvocê está funcionando, exclusivamente, como máquina de fluido. Se você não estiver atento para ascircunstâncias espirituais do exercício da faculdade. Não há automatismo em mediunidade. Énecessário sempre uma participação consciente. Ainda mais lidando com um bom espírito. Ou nósmobilizamos as forças da alma, para essa sintonia com ele, ou nos tornamos, exclusivamente,mesinha girante e máquina produtora de fluido. E vamos encontrar dificuldade na execução danossa tarefa. A sensibilidade parece que se embota, se apaga e a gente percebe menos o mundoespiritual.

Logo a seguir começa a discutir uma série de noções sobre o que é a doença, em cima docomponente, que é o espírito, propriamente dito.

“...Há, em todos os corações, um momento em que as lutas, os problemas e as dificuldadesassolam com a força de um furacão. Destroem resistência externa, mexem com a força interna eprovocam o desvario da mente, tornando-a insegura, incapaz do menor discernimento, presa do medo,da angústia e significativamente pouco capaz de solucionar este estado íntimo. Parece mesmo que acriatura perde o controle das menores forças internas e, por isso, desestrutura-se, ficando à mercê decircunstâncias externas que lhe açoitam a sensibilidade, fazendo com que ela se recolha intimamente,muitas vezes promovendo um verdadeiro processo de autodefesa, não aceitando a intromissão deninguém, tornando-se inexpugnável, e por isso mesmo, com catastrófico sentimento deautodestruição...”

(Mensagem do Espírito Balthazar, recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 17/06/98.)

Vocês vejam bem, que ele deu as etapas do adoecimento espiritual, o que acontece noespírito. E da forma como o espírito vivencia essas etapas ou põe em marcha esses mecanismos, vãoser as expressões, ou no perispírito ou no corpo carnal.

Então, nós que olhamos daqui para lá, ou a Medicina olhando o corpo carnal, ou amediunidade olhando o perispírito, nós nem sempre alcançamos o mecanismo que está lá na mente,que é o espírito, o ser propriamente dito. E daí, esse turbilhão que acontece lá, pode se expressar dasmais variadas formas. Mas em formas, que a gente rotule claramente como doença, ou nas quais agente não perceba a existência da doença, nem por isso deixa de haver o mecanismo alterado namente.

Por isso, nós dissemos, que o fato de eu não ter doença conhecida no corpo carnal, não querdizer que eu tenha equilíbrio perfeito da mente. Porque equilíbrio perfeito da mente, eu só tenhocom a aquisição das virtudes, que é isto que eles chamaram de saúde eterna, anteriormente.

Então, observem as etapas. A gente tem o Ser e aquilo que vem do meio, que ele chamou delutas, problemas, dificuldades e que fazem um caminho. Ele diz assim: sucessivamente agindosobre a resistência externa, depois a força interna, depois a mente. E na mente provoca um efeitoespecífico, que ele diz que é a insegurança. Essa insegurança se manifesta pela incapacidade dediscernir, pelo medo, pela angústia e a criatura se torna pouco capaz de solucionar o estado íntimode insegurança. Parece mesmo que a criatura perde o controle das menores forças internas e, porisso, desestrutura-se, ficando à mercê de circunstâncias externas que lhe açoitam a sensibilidade eaí, ela faz um mecanismo de internalização, se volta para dentro de si mesma, se enquista. Seenquista como um processo de autodefesa. A partir daí ela não aceita intromissão de ninguém,torna-se inexpugnável e trabalha o sentimento de autodestruição.

Então, a mente possui, isso que ele chama de força interior e resistência externa. O que vemde fora, vence primeiro a resistência externa e desequilibra a força interna. Quando isso acontece, seinstala a insegurança. E a insegurança se expressa pela incapacidade de discernir, a pessoa perde opoder de decisão habitual nosso, pelo medo e pela angústia. A mente se recolhe em si mesmo e setorna impermeável à estimulação externa. Ela se fecha a novas idéias. Trabalha, exclusivamente,dentro de um circuito de idéias internalizadas e essas idéias trabalham com o sentimento da

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autodestruição. Aí, já não depende mais do que veio de fora. Se fechou num circuito próprio e umestímulo qualquer, que pode ser muito menor do que o que deflagrou isto, levar a autodestruição.

Aí a gente diz assim: mas fulano enfrentou tanta coisa que enlouqueceu, ou se matou, ou sedesesperou agora, por isso. Porque nós não acompanhamos as etapas do desequilíbrio que o Fulanochegou.

E com isto tudo que deflagrou tais circunstâncias, ele diz assim: consegue com a força deum furacão.

Uma vez instalado o processo, trabalha-se pela autodestruição.A que chamaríamos de resistência externa?Nós agora encarnados, temos uma trajetória peculiar a essa vida. Recebemos, por exemplo,

o apoio de um lar, na convivência, recebemos valores, que internalizamos e desenvolvemos mais oumenos. Recebemos um aporte cultural qualquer, que nos facilita o raciocínio e adesão a essa ouaquela idéia. Nós fizemos construção em relação à mente. E estas construções que já fizemos nohoje e no agora, me parecem, é interpretação do pensamento do espírito, que são resistências quenós já construímos até o momento, e que num determinado instante elas são desafiadas. Aí, vamosentrar no contexto de prova e expiação.

Estou na personalidade, vamos fazer distinção da personalidade para o eu imortal.Eu estou Fulano, no presente momento, dentro de um contexto, e até tal instante, eu

consegui desenvolver determinados valores de resistência externa, que chegam até mim, pelasconcessões de misericórdia Divina, que são concessões da existência atual.

Num determinado instante, sendo desafiado e quando se é desafiado, tenho que mobilizar asforças da alma.

Essas oportunidades todas que a vida me deu, de proteção, de socorro, de ensino, eurealmente, já assimilei? É a questão do primeiro momento. Se eu não assimilei, isto se perde. Ascircunstâncias, são suficientemente fortes para minar aquilo que eu recebi, por concessão Divina,para essa encarnação.

Não é aquisição. Foi treinamento, foi concessão, foi ensino em tal momento, está sendotestado para ver se eu consegui o aprendizado naquilo.

É o momento do teste da Lei. Eu encarnei com o esquecimento do passado, eu encarnei paraconstrução de uma personalidade. Até um determinado ponto, estou recebendo de fora, de outros,das circunstâncias, da sociedade, do mundo espiritual, estou recebendo ensinamentos, forças e atémesmo, fluidos. E num determinado momento, me vejo defrontado e desafiado.

Todos os recursos da Lei, a família, o grupo consangüíneo, a escola, a sociedade, omomento social, a situação econômica, o apoio afetivo, tudo isso, foi um investimento da Lei,sempre para o nosso equilíbrio, e nós utilizamos esses recursos com uma postura íntima. Aquilo écircunstancial, o que é definitivo é a experiência que fica conosco, pela utilização desses recursos. Éo sentimento que ficou. É ele que vai se sobrepor ao furacão. Nós não vivemos sem os furacões, nãovivemos em céu de brigadeiro a vida inteira. Não é da Lei.

Nesse momento, temos que mostrar o que é a nossa resistência. E a nossa resistência é oresultado da nossa experiência como espírito. Se ela é fraca, estão vencidas as resistências externase começa a luta com a nossa força interior.

Acontece que eu existo, mesmo antes dessa personalidade. Eu tenho um todo de aquisiçõesespirituais. Emoção, sentimento, inteligência, “eu sou”. O que eu sou, aí sou eu, eu saio dapersonalidade, é isso que eu começo a opor ao furacão. E se venceu a resistência externa, estou noponto em que me encontrava antes da presente personalidade.

Então, eu estou enfrentando esse conjunto de desafios, como eu estava antes. Deixei de meservir dos instrumentos de misericórdia da Lei. Se essa força interior não é suficiente para afrontar atudo, aí eu vou começar esse processo, que trabalha no sentido da autodestruição.

O sentimento de autodestruição, só pode surgir, quando a gente se afasta da idéia de Deus eas suas conseqüências. Porque essa força interior, ela é ou deve se nutrir, sempre na idéia de Deus.Porque o sentido para dor, para o sofrimento, para lutar, para resistência ou para qualquer coisa, nãopode estar distanciada da idéia de Deus, porque é a idéia de justiça e misericórdia. Se estas idéias

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não estão construídas em mim, eu me torno inseguro. A partir do momento que me torno inseguro,eu perdi o rumo, perdi o contato com a destinação. Fico incapaz de discernir, conseqüentemente,decido mal e se instala aquilo que Joanna de Ângelis chama de medo ancestral, de angústia. Eu mefecho e me impermeabilizo, para qualquer idéia diferente daquele turbilhão, que se instalou emmim. Como eu não vejo saída para aquilo, me apequeno, cada vez mais, e é aí que eu trabalho, peloque ele chama de sentimento de autodestruição. Porque o normal, é o sentimento da expansão dasnossas forças espirituais. O nosso processo que se chama evolução e progresso, é adestramento eexpansão das forças que temos em gérmen. Quando fazemos o processo contrário, deenquistamento em nós mesmos, é porque desconectamos da idéia diretora do Universo e da nossadestinação.

Estamos trabalhando o entendimento do Eu. Isso daí se expressa de múltiplas formas.Em Tormentos da Obsessão, capítulo “Experiência Incomum e Distúrbio Depressivo”

vamos ver o resultado desse movimento na forma perispirítica. Tem um espírito lá que está sob aforma de um casulo. Esse movimento, faz com que a forma perispirítica dele, tome a forma de umcasulo. É necessário uma intervenção externa, fluídica, para abrir aquele casulo. Tal manifestação,vai variar ao infinito, mas o mecanismo é da mente. E o mecanismo está assentado no afastamentoda idéia de Deus. Afastamento, no sentido de que a idéia de Deus, não está internalizada em nós osuficiente, para ante todo o furacão, nós compreendermos, que não estamos desvencilhados, daquiloque Balthazar chamou: a conexão com o reservatório da energia superior. E que somos capazes demobilizar forças internas para não entrarmos no circuito da autodestruição. Que é o abandono daluta espiritual, luta pelo progresso. Isso vai chegar no extremo, que é a morte do corpo mesmo,voluntária, que é o suicídio. Mas isso tem uma faixa toda de manifestações.

“...Esta criatura comumente é classificada pela medicina humana como uma pessoa depressiva,quando, em realidade, é alguém em aprofundado processo de autodestruição...” Aí, ele vai definir oque é autodestruição do ponto de vista dos espíritos. “... por ser incapaz de construir algo dediferente no momento de uma dor maior...”

(Mensagem do Espírito Balthazar, recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 17/06/98.)

É quando a mente se centraliza em si mesma. Como ela fica impermeável a qualquer idéiaexterna, ela fica impermeável ao sentimento, ou embota a sensibilidade para a dor alheia. Nem elarecebe a idéia, como também, não se comove. Quando ela faz isso, é que desaba em si mesmo.

Por isso, quando nos queixamos aos espíritos de todas as nossas mazelas, eles insistem emque nós não fechemos a porta da sensibilidade e recomendam um trabalho qualquer, como forma demanutenção dessa vertente.

“...Como agir para liberar a força positiva que existe em cada espírito e como fazer com queesta força alcance uma posição tal que supere a tempestade externa que atinge este ser?...”

(Mensagem do Espírito Balthazar, recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 17/06/98.)

Então, o Eu que transcende a personalidade, tem força interior, com esse aspecto que ele estáchamando de positivo e com esse aspecto no momento de alucinação.

“...Lembramo-nos de Jesus solicitando que houvesse paz em todos os momentos de nossa vida. Apaz é, portanto, a primeira solicitação e o auxílio inicial para esta criatura...”

(Mensagem do Espírito Balthazar, recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 17/06/98.)

É preciso lembrar à criatura da existência da paz. Mas é preciso fornecer a vibração de paz àcriatura.

Parece paradoxal para quem está no meio do turbilhão, você solicitar para ele recordar a paz.Mas é preciso compreender que as forças espirituais estão em turbilhão. E que só podem ser detidaspela própria criatura. Não podemos deter essas forças interiormente, é ela que movimenta.

Quando conseguirmos vibrar na paz, a sensibilidade embotada nela, começa a fluir e senteque existe paz. A seguir ela começa a se abrir para a idéia de paz. Porque ela estava fechada às

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idéias e fechada à sensibilidade. É a partir daí que ela vai conseguir começar a refazer este circuito.É por isso, que o sentimento da cura tem que ter amor, alegria e felicidade, senão não tem paz.

Isto, que ele está chamando de paz, é o resultado do desenvolvimento destas características.Quando a gente procura a não-violência, procura a ligação com Jesus, procura esse hábito deelevação, é que vai dar à nossa vibração, uma característica de paz, que vai despertar oembotamento da sensibilidade que existe no doente. Por isso tudo no campo da emoção, o fluido éveículo dela, mas o fluido é neutro em si mesmo. Para renovar esse turbilhão é necessário osentimento de elevação, senão a gente não renova. E a gente renova ofertando a paz, à criatura, quevai metabolizar aquilo dentro dela.

É por isso que em mediunidade não existe automatismo. Porque estamos tratando das forçasda alma, e elas são ativas. Elas precisam ser mobilizadas. Se eu não mobilizo isso, posso viver 30,60, 100 anos e eu não resolvo esta história não. Porque o tempo para o espírito nada é.

Voltando sempre à idéia de prova e expiação, isso vai se suceder na nossa trajetóriaespiritual, até nós conseguirmos o que O Livros dos Espíritos diz, quando trata do progresso eprogressão dos espíritos.

Discutindo o progresso, a progressão dos espíritos e as influências espirituais, na questão 122a e b, Kardec perguntou assim:Pergunta 122a: Donde vêm as influências que sobre ele se exercem?Resposta: “Dos Espíritos imperfeitos, que procuram apoderar-se dele, dominá-lo, e que rejubilamcom o fazê-lo sucumbir. Foi isso o que se intentou simbolizar na figura de Satanás.”Pergunta 122b: Tal influência só se exerce sobre o Espírito em sua origem?Resposta: “Acompanha-o na sua vida de Espírito, até que haja conseguido tanto império sobre simesmo, que os maus desistem de obsidiá-lo.”

A expressão aqui é “tanto império em si mesmo”, isto pode ter um sem-número de nomes.Pode ser obsessão, influenciação, os desafios da sociedade, o que vocês quiserem. Não estoudizendo que isto, é exclusivamente, ação espiritual nem obsessão. Estou dizendo que são osdesafios que nos desestabilizam, porque nós ainda não conseguimos o “tanto império em si mesmo”e o “tanto império em si mesmo” é a nossa consciência da Paternidade Divina. Enquanto nãoestamos convictos disto e de todas as suas conseqüências, nós entramos nesses processos.

Não valorizamos as circunstâncias que a Lei nos oferece, nos dar de fora para dentro, paranós alcançarmos o fortalecimento da força interior. Porque a Lei não deixa de nos fornecer isso atodos os instantes. Mas nós é que não valorizamos, e só nos recordamos, no instante, em que ofuracão se aproxima. Se no instante em que o furacão se aproxima, se a resistência externa évencida, se não passou a fazer parte da nossa força interior, nós estamos no ponto em que sempreestivemos, do ponto de vista evolutivo. Antes de recebermos os favores da Lei a favor do nossofortalecimento, ou seja, estamos tardos no aproveitamento das oportunidades de fortalecimento.

Como é da Lei, sob forma de prova ou expiação, nós temos que apresentar à Lei ostestemunhos de crescimento, nós vamos resistir com o que já temos e é aí que nós desabamos.

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Depressão – Enfoque psicológico à luz da Doutrina EspíritaAula dada por REGINA BASTOS em 14/08/2003

O que não é depressão? Quando você passa por uma experiência traumática, perde alguém,perde emprego, você cai numa tristeza profunda, e em depressão. Esse período pode variar de 3meses a 6 meses, mas depois, a pessoa tende a superar essa tristeza. Na depressão propriamentedita, a pessoa não consegue superar tal tristeza. Passa anos, constantemente em tristeza profunda,que pode piorar cada vez mais.

Como Joanna de Ângelis disse, todo mundo passa por situações de perda, porque é inerenteà nossa condição humana, faz parte da experiência, do crescer, do desapegar-se das coisas.

Mas, por que algumas pessoas sofrem mais e outras menos? Foi baseado nessa diferença queos cientistas passaram a estudar tal situação.

Algumas pessoas, na Psicologia, dizem que têm um certo limiar para suportar a dor. Umassuportam com mais facilidade, outras com mais dificuldade. Por exemplo, tem gente que toma umcorte na mão e não sente dor. Tem outros que sofrem mais, qualquer dorzinha mexe com eles.Assim também a perda, uns suportam com mais facilidade e outros não.

Acredita-se que o limiar de suportar essas experiências estressantes da vida, estejadiretamente proporcional a coesão interna da pessoa.

O que seria coesão interna? São todos os valores e crenças que ela tem e são capazes desustentá-la, responder suas perguntas na hora das dificuldades.

Então, se a pessoa não tem esses valores sedimentados dentro dela, ela vai se perder, na horadessas experiências dolorosas.

A depressão é também, um distúrbio da afetividade, ou seja, um transtorno do humor.Como eu disse, a pessoa ao passar por uma situação traumática, vai entrar na tristeza

profunda, depois ela começa a entrar no sentimento de apatia, perdendo a vontade de viver, perde ointeresse por tudo aquilo que dava alegria antes.

O que caracteriza a depressão, é que a reação emocional da pessoa, frente as situações davida é inadequada, ela se desespera.

A depressão é também, uma dor psíquica. Joanna de Ângelis nos diz no livro “Plenitude”que: “A doença é o resultado do desequilíbrio energético do corpo físico em razão da fragilidadeemocional do espírito que o aciona.”

Então, o espírito já vem com uma fragilidade de outras encarnações, traz essa marca noperispírito e aí, vai acionar esse problema genético no corpo físico.

No livro O Céu e o Inferno, tem um capítulo intitulado, “A carne é fraca”. Então, a carnetem essa fragilidade nos neurotransmissores. Porque é para o espírito manifestar as suasimperfeições, para que possa tomar consciência dela e superar. Se não tivesse essa fragilidadefísica, não manifestaria suas imperfeições. É um sinal de alerta.

Por isso, que ela é uma dor psíquica. É um estado mental, caracterizado por sensaçõesextremas de tristeza e vazio.

A tristeza não está no corpo físico, está no espírito. Ela é manifestada no corpo físico.Quais os fatores que desencadeiam a depressão:1 – Bioquímica: distúrbio dos neurotransmissores (SNC)2 – Herança genética: a ciência descobriu que tem um gene (5HTT), ou seja, pela ciência,

há uma via de transmissão de pai para filho, na depressão. A gente sabe que não é bem assim.Precisa ter essa via de transmissão para que o espírito, que é de sintonia semelhante, reencarne, paraque possa resolver seus problemas na família.

3 – Eventos estressantes: são os que mais causam a depressão, que são as perdas.Psicologicamente temos 2 tipos de perdas: real e simbólica.Perda Real – perdas precoces importantes e outras mais tardias: desmame, nascimento de

irmãos, perda de entes queridos, rompimento de uma relação, perda do emprego, status social, etc.Na psicologia, o deprimido não suporta estas perdas, não consegue superá-las, porque na

realidade, ele não conseguiu superar a primeira perda, a perda primária, que é deixar o útero. Ele

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ainda não trabalhou as suas emoções, de sair de dentro do corpo da mãe. Depois vem o desmame, éoutra perda na vida da pessoa. Depois vem o nascimento de outro filho, a perda do lugar, daatenção. Depois vem o ir para escola, a perda de uma parte de ficar em casa, da atenção da mãe.

Então, quando ele passou por um parto difícil, ou uma gestação difícil, ele vai apresentaràquelas fragilidades emocionais para suportar todas as perdas futuras que nos levam a crescer.

Perda Simbólica – por exemplo, você fez planos na sua vida, e não consegue nada do quequis. É a decepção da pessoa consigo mesma, acarretando uma baixa auto-estima, passa a nãogostar de si mesma e cai em depressão. E a outra perda, é quando você se decepciona com aspessoas. Às vezes, a pessoa nem sabe que você está decepcionada com ela, mas você nutre,alimenta, gera. O problema é a expectativa.

Nós estamos falando dessas perdas, que a Psicologia leva, para a perda primária que é asaída do útero. Mas, na realidade como psicólogo espírita, sabemos que todas essas causas, narealidade, não são causas, são efeitos de uma causa anterior, que está refletindo agora.

A perda mesmo que o deprimido sente e não consegue superar, nem no seu próprionascimento, é a sua relação com Deus. Porque em outra vida, ele se desentendeu com Deus e orompimento dessa relação, tal qual a nossa, com pais e filhos é doloroso, foi muito doloroso paraele. Por exemplo: ele vem crescendo na firma, de repente é demitido, ele fala: Por que Deus fez issocomigo? Ou alguém morre: Por que o Senhor está me punindo desse jeito? Aí ele se rebela contraDeus. Não quer aceitar as provas, situações, limites que a vida coloca.

Quando ele se rebela contra Deus, ele se torna egoísta e agressivo.Cuidado se for falar isso no Encontro, porque tem muita gente deprimida e o deprimido não

aceita isso, de jeito nenhum, ele se sente vítima. Ele acha que os outros é que são culpados.Por que ele se torna egoísta? Porque quando ele rompe a relação com Deus, ele perde a fé e

a confiança. Porque ele quer que as coisas aconteçam, tal como ele quer e não como Deus quer. Eleacha que a dor dele é a maior do mundo, que os outros deveriam dar total atenção a ele.

O depressivo tem escala. Os sintomas são tristeza profunda, começa a ter dificuldades detomar decisões na vida, dificuldade de concentração, idéias de suicídio, até ele se matar. Ele semata, porque não consegue destruir Deus e volta a destruição para si próprio, rebelando-se contra aLei de Deus. É o orgulho.

Ele se torna rebelde, porque não aceita os limites que a vida lhe impõe. Recusa-se a aceitarsuas provas (não quer assumir responsabilidades). Se impõe contra Deus ao ver seus desejos evontades negados pela vida. Prefere morrer psiquicamente ou fisicamente, a viver conforme a Leide Deus.

Outros fatores que desencadeiam a depressão:4 – Doenças físicas: esclerose múltipla, derrame, mal de Parkinson.5 – Distúrbios hormonais: distúrbios da tireóide, de glândula supra-renal.6 – Uso de alguns medicamentos, droga ou álcool: medicamentos para a pressão alta

também podem desencadear a depressão.7 – Falta de sol: nos países mais frios, as pessoas são mais tristes, carrancudas, fechadas. O

sol batendo na pele, libera algumas vitaminas necessárias para organismo e para o sistema nervosocentral.

8 – Excesso de açúcar e cafeína: foi descoberto que se você diminuir a quantidade deaçúcar e de café, você melhora o seu humor.

9 – Baixa auto-estima: causa principal da depressão.10 – Obsessões: os nossos débitos de vidas passadas.11 – Sentimento de culpa: um dos principais desencadeadores da depressão é o sentimento

de culpa que a pessoa tem. Você vai buscar no depressivo, num tratamento, o sentimento de culpadele, presente em todas essas experiências de perda nessa vida. Porque ele acha que a mãe éculpada, o irmão é culpado, Deus é culpado, mas o que é que ele fez, para também não levaradequadamente o desenrolar da situação.

Por exemplo, a perda de um amigo ou de uma pessoa querida da família. Na realidade elenão está deprimido por causa da perda, não é a depressão normal, é o deprimido patológico. Ele está

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deprimido, porque está com sentimento de culpa, porque, vamos supor, ele fez um monte de coisaserradas para a pessoa e não pediu desculpas. Ele não tolera essa culpa, não se perdoa.

Emmanuel, no livro Pensamento e Vida diz assim a respeito da culpa: “ A culpa se instalaquando fugimos ao cumprimento do dever e pode se degenerar em remorso.”

Por que essa degeneração? Quando a gente erra, para crescer, precisamos tomar consciênciado erro. E ao tomar consciência do erro, nós temos dois caminhos a seguir:

1o) ERRO > CONSCIÊNCIA > ARREPENDIMENTO > TRISTEZA > REPARAÇÃOEntão, eu tive o erro, vou tomar consciência do erro. Ao tomar consciência eu tenho que me

arrepender daquilo que fiz. Quando eu entro no arrependimento, eu tenho uma tristeza (Puxa, nãodeveria ter feito isso.) Você não pode parar aqui, tem que partir para a reparação. É o que a gentevê: eu vou reparar o ato que fiz errado, tentando consertar aquilo. Nessa reparação, além de ajudar apessoa, eu vou adquirir as virtudes.

2o) ERRO > CONSCIÊNCIA > CULPA-REMORSO (idéia fixa) > DEPRESSÃOSe eu ao tomar consciência do erro, não me arrepender, vou apenas cristalizar, ficar parado

na culpa e no remorso. Fica com idéias fixas. Ele é culpado, não tolera aceitar isso, porque nãotolera as perdas, então, ele culpa o outro, e essa idéia fixa vai levar à depressão.

Ele se compraz nessas idéias fixas, sempre negativas. Idéias de fracasso, de que não vaiconseguir, aí ele abre as portas para os inimigos espirituais.

Então, nós temos que ajudá-lo a sair daqui, reconhecer, vencer o seu orgulho, o seu egoísmo,reconhecer que ele também tem culpa, mas não é ficar no remorso é resolver. Porque resolver aculpa, implica em entrar dentro da Lei de Deus. Obedecer a Lei de Deus e ele ainda não quer, eleestá rebelde.

Por isso, que o tratamento com o depressivo é altamente desgastante, porque ele se recusa amelhorar.Características da personalidade depressiva:

É Intransigente, é uma pessoa que não cede e boicota o tratamento, porque percebe que agente está certo, mas ele não quer arredar o pé. Ele não se admite falhar, orgulho. Tem dificuldadedo autoperdão e do heteroperdão.

Apresenta ambivalência, ao mesmo tempo que eles odeiam eles amam. Ele ama a minhaesposa e as pessoas que estão ajudando, mas se não entende quando a gente diz: levanta daí, vaipassear. Ele acha que não estão entendo a dor dele e aí passa odiá-los.

Tudo é o egoísmo. “Eu quero que vocês façam o que eu quero, que vocês entendam como euestou sentindo.” Igual a relação com Deus. Deus tem que fazer o que eu quero, se não fizer, voubrigar com ele.

Tem uma convicção do fracasso, vive criando culpa e é pouco responsável dos seus atos.Sintomas da depressão, como saber se uma pessoa está na depressão:1 – Perde o apetite ou come demais.2 – Sono: insônia ou excesso.3 – Perda de interesse: sexo, atividades normais, lazer.4 – Fadiga.5 – Redução da capacidade de concentração e memória.6 – Sensação injustificada de inutilidade ou culpa.7 – Indecisão.8 – Psicomotora: agitação (inquietação), retardo (lentidão).9 – Idéias de suicídio.10 – Morte.

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Conseqüências:1 – Perda do emprego, da família, dos amigos (se isolam, ficam menos sociais, sensação de

desamparo).2 – Mal-humorado.3 – Sensação de que a tristeza não vai passar nunca.4 – Sofrem de ansiedade.5 – Afeta a capacidade mental: pensamentos negativos, dificuldade em tomar decisões.Como ajudar essa pessoa, que tipo de tratamento dar:Tratamento Médico: medicação antidepressiva. A causa está no espírito, fragilidade

emocional do espírito, na sua rebeldia contra Deus, contra situações que a gente passa na vida. Issoele traz no perispírito, que vai afetar o corpo físico. Então, precisa de tratamento para o corpo físico,para ajudar a controlar essas emoções.

Tratamento Psicológico: para promover o autoconhecimento, as suas culpas, os seussofrimentos. Neste reconhecimento que vai fazer de si, o importante é isto, mas ao se deparar com aresponsabilidade do seu comportamento naquela situação, não se julgar e nem se achar a piorpessoa do mundo. É enxergar e querer crescer. Identificar causas mais profundas. Num tratamentopsicológico ele vai achar que as coisas estão acontecendo agora, mas vai ser feita uma avaliaçãocom ele, até a data do nascimento. Para ele tomar consciência, que desde o seu nascimento ele traz adificuldade de separar as coisas. Trabalhar o desapego.

Tratamento Social: ajudar nas seqüelas profissionais que ficam após várias crises: perda deemprego, família, consideração social. Fazer um trabalho de reintegração social com ele. Conseguirum emprego que não exija muito dele no início. Se ele pega um emprego que exija muito dele e elenão der conta, vai ser uma outra situação.

Tratamento Espiritual: só o social, psicológico e o médico, não vai adiantar. Porque acausa está no espírito.

Eu digo para o deprimido, que sofre de pânico, que chega lá no consultório: é como umportal, chegou no limite. A vida quer que para transpassar esse portal, você tenha que mudaralgumas atitudes. A depressão deixa a pessoa imobilizada e o pânico também. Isso é umaoportunidade que Deus está dando.

– Indicar um trabalho voluntário. Por quê? porque ele é um egoísta e o trabalho voluntáriovai fazer ele sair de si, para pensar no outro.

– Exercitar a mente para olhar o lado positivo das pessoas e das coisas. Que é o que osespíritos nos pedem muito, para evitar as obsessões também. Porque o depressivo sóolha o lado negativo, que não vai dar certo, ele é pessimista.

– Indicar passes de cura, principalmente, no centro de força umbilical, centro das emoções.– Desenvolver o sentimento de gratidão com as pessoas, a vida, Deus. Dizer obrigado.– Oração, entrar em comunhão com Deus (restabelecer a fé e a esperança).– Transformação moral. Que é o que a vida quer dele nesse momento. Mudança de atitude,

de modo de ver a vida.A depressão é um sistema que nos diz que estamos amando como deveríamos.O caminho é preencher o vazio com a valorização da auto-estima, do amor ao próximo e a

Deus.1 – Procurar nos conhecermos, sem nos punirmos ou julgarmos.2 – Nos aceitar como somos, com todas as limitações e potencialidades divinas.3 – Sentirmos necessidade de expandir os sentimentos a tudo e a todos.A terapia se baseia no amar e servir.O deprimido é egoísta porque é imaturo psicologicamente; por ser imaturo, torna-se egoísta,

exigente, ingrato, rebelde. As enfermidades psicológicas se instalam, comprometendo o físico.Sem resistências morais para enfrentar as vicissitudes naturais do processo evolutivo, estas

pessoas deixam-se consumir pela revolta ou sucumbem sob o peso da depressão e da amargura.

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Transtorno do PânicoO que é? Ataque súbito de ansiedade.Crise de pânico, não é síndrome do pânico.A ansiedade é um sentimento que acompanha um sentido geral de perigo; ela nos adverte de

que há algo a ser temido no futuro. Ao mesmo tempo, busca saídas (ações) para se livrar do perigo(enfrentar ou fugir).

A boa ansiedade é proporcional às dificuldades e promove o enfrentamento saudável.A má ansiedade é desproporcional à dificuldade e improdutiva diante das dificuldades.A síndrome do pânico caracteriza-se pelo aparecimento inesperado recorrente agudo de

ansiedade, acompanhada por vários sintomas mentais e somáticos.Causas:1 – Bioquímica: neurotransmissores do SNC, distúrbio químico;2 – Hereditário: gene do cromossoma 16.Como o pânico é como um despertador ou alarme contra ladrão, que desperta na hora errada

e várias vezes. Existe uma informação incorreta alertando e preparando o organismo para umaameaça ou perigo que na realidade não existe.

Sintomas:1 – Medo: de morrer, enlouquecer, de perder o controle;2 – Palpitação;3 – Falta de ar;4 – Dor ou desconforto no peito;A pessoa vai procurar um cardiologista, nessa hora até eu mando a pessoa para o

cardiologista. Aí chega lá e não tem nada.5 – Sensação de sufocamento, tonteira (manda-se para o otorrino, porque pode ser

labirintite), sensação de falta de realidade (sensação de “estar sonhando”);6 – Formigamento;7 – Ondas de calor ou de frio;8 – Sudorese;9 – Sensação de desmaio;10 – Tremores;11 – Náusea;12 – Terror: sensação de que algo horrível está prestes a acontecer e de que está impotente

para evitar tal acontecimento.Tudo isto junto, uma vez por dia ou várias vezes na semana, pode ter certeza que ela está

com transtorno do pânico.Isto é um problema dos neurotransmissores, que teriam que funcionar direitinho,

aumentando a ansiedade na hora que a situação de perigo acontecesse. Só que é igual aodespertador quebrado, funciona a qualquer hora. E como a pessoa não sabe o que está acontecendocom ela, se desespera, porque aquela sensação de sufocamento, de falta de ar, dá bolo na garganta,dá a sensação que vai morrer. Na realidade, ela tem medo de não controlar a situação.

Complicações:Fobias, as pessoas têm medo dos locais aonde as crises aconteceram e passam a evitá-los

(pegar ônibus, dirigir carro, ir de metrô, lugares fechados: elevador, banco, shopping, etc.) Estesmedos irracionais são desenvolvidos após as crises, chegando a pessoa a ficar sem sair de casa.

Personalidade da pessoa que sofre de Transtorno do Pânico:1 – Pessoa extremamente produtiva a nível profissional;2 – Acostumada a assumir uma carga excessiva de atividades;3 – Bastante exigente consigo mesmo;4 – Não convive bem com erros e imprevistos;5 – Alto nível de criatividade;6 – Perfeccionismo;

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7 – Excessiva necessidade de estar no controle da situação;8 – Auto-expectativas extremamente altas (necessita dar conta de resolver tudo);9 – Pensamento rígido;10 – Competente e confiável;11 – Repressão de alguns ou todos os sentimentos negativos (principalmente orgulho e

irritação);12 – Tendência a ignorar as necessidades físicas do corpo.Características de pessoa predisposta a ter Transtorno do Pânico:1 – Dificuldade de se relaxar;2 – Estresse constante;3 – Herança genética;4 – Perfeccionismo;5 – Pessoas ansiosas;6 – Tensão constante;7 – Perdas abruptas.

Correlação Espírita:1 – Mortes traumáticas: desencarnes difíceis, empecilhos ao desencarne. Apego ao corpo

físico, medo do desencarne; medo do inferno; ruptura abrupta do cordão fluídico (acidentes,suicídio) acredita-se que os flashs destas experiências, sensibilizariam os neurônios e estesdesencadeariam os sintomas via neurotransmissores.

2 – Obsessões;3 – Tratamento:

1 – Medicamento;2 – Terapia comportamental: exercícios de relaxamento, respiração (yoga), exercícios

de exposição (enfrentar os lugares para ter autoconfiança);Deve-se preparar a pessoa para que possa enfrentar seus limites e adversidades de uma

maneira menos estressante (estabelecer uma nova forma de viver onde se priorize a busca daharmonia e equilíbrio pessoal).

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A Disciplina do Pensamento e a Reforma do CaráterAula dada por LUZIA MATHIAS em 16/08/2003

(Livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Léon Denis)

Por mais que a gente se esforce na síntese, a gente vai ficar sempre devendo muito ao textode Léon Denis. Por isso, a gente recomenda a leitura, não só desse capítulo, mas desse livro emparticular, como leitura de cabeceira. Porque precisamos ir descortinando passo a passo, meditandopasso a passo, aprofundando as idéias, como ele diz nesse mesmo capítulo. Ele fala que a gente lêmuito e medita pouco.

Fica aí o convite para fazermos amizade com Léon Denis. Léon Denis é nosso amiguinho,mas, às vezes, a gente não é amiguinho de Léon Denis. Aí não tem aquela qualidade na comunicação.

Uma das coisas que eu mais aprecio no texto de Léon Denis, qualquer um que você pegue, éesse esforço que ele faz, para nos transmitir a sua experiência e nos dizer como fazer. Eu gostodesse como se faz. Por que todos nós podemos conhecer, saber das virtudes, do trabalho a ser feito,do aprimoramento moral, disso e daquilo. Mas, às vezes, isto fica assim muito teórico, e a gente nãoinsere essa coisa no nosso dia-a-dia.

Eu fiz uma divisão do texto de três momentos de estudo:1 – Fundamento;2 – Como está o nosso pensamento – Inventário;3 – Programa Disciplinar:

1 – Vigilância;2 – Reprogramação;3 – Redirecionamento;4 – Interiorização;5 – Seletividade;6 – Mentalização;7 – Aproveitamento;8 – Sustentação.

Fundamento – Cada um de nós, dependendo do tempo que estuda o pensamento, que járefletiu sobre o pensamento, que já estuda a Doutrina Espírita, está hoje num nível de entendimentodo que é o pensamento.

Existem frases que de tão repetidas, às vezes, a gente não lhes apreende o conteúdo.Ouvimos falar há muito tempo que a gente é o que pensa. Mas a gente não acha que é o que pensa.A gente acha que se é o título que se tem, dado pela sociedade, pela academia, pela aparência, pelaconta bancária. Mas, na verdade a gente é o que pensa. A gente precisa aprofundar este conceito.

A informação que a Doutrina Espírita nos traz e ajuda a aprofundar este conceito, é a idéiade Fluido Cósmico Universal. Sem esta informação, a gente não entende muito bem como opensamento se propaga, se comunica, se imprime no nosso corpo físico, nas nossas relações, nanossa atuação. E coisas que são óbvias, evidentes, passam despercebidas. Por exemplo, tudo o quevocês estão vendo nessa sala, um dia foi pensamento na cabeça de alguém.

Então, nada que não tenha sido pensamento, acontece de fato.Para que essa coisa que um dia foi pensamento, chegasse a ser uma dessas cadeiras brancas,

foram precisas várias idéias, que primeiro tomaram forma no Fluido Cósmico Universal.Como a pessoa que pensou nisso, quis tornar isso denso o suficiente, para ser usado no

mundo físico, ela reuniu materiais, densificou, deu densidade a esse pensamento e temos aí ascadeiras brancas.

Mas, infinitas criações do pensamento são materializadas e desmaterializadas a nível deFluido Cósmico Universal.

Uma pessoa pode ter uma aparência muito bem-posta, arrumadinha, politicamente correta eser na verdade um marginal, um canalha. Transitoriamente, a gente sabe que um dia vai ser anjo.

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Mas, naquele momento, se a gente pudesse fotografar o pensamento, veríamos o que a criatura é narealidade.

Isso o que nós somos em realidade, é o que a gente vive no nosso espírito, no nossoperispírito, no nosso corpo físico, nas nossas relações.

Então, esse conhecimento do Fluido Cósmico Universal é o que nos ajuda a entender comoo pensamento impõe efeitos, se materializa no mundo invisível aos nossos olhos e no mundovisível.

Quanto mais a gente souber sobre Fluido Cósmico Universal, quanto mais a gente souber deperispírito, mais a gente vai entender como isto funciona.

No capítulo em estudo, Léon Denis fala da ação do pensamento no outro, na ação dopensamento em toda a criação. Porque toda criação está mergulhada neste Fluido CósmicoUniversal e depois que a gente sabe disto, a gente se torna um pensador mais cuidadoso. Se temosum pensamento de raiva, de revolta, de associação para o crime, isto parece uma coisa muitodistante da nossa realidade, mas nem tanto, basta você saber que o rapaz que foi morto ali naesquina, era um traficante. E você pensa como, isto no seu íntimo? “Ah! era um traficante, menosum.” Nesse momento você se associou para o crime.

Nós estamos reforçando com os nossos pensamentos, tanto as correntes de pensamentos e asassociações para o mal, assim como as correntes e pensamentos para o bem.

Então, eu posso achar que parar para desejar que tal pessoa que está fazendo um trabalhobonito, sério, importante, tenha força, tenha resistência, tenha bom ânimo, que é uma coisa que nãofaz efeito, quando eu começo a estudar isso aqui, eu começo a saber que faz efeito, sim. Claro, quenão é só o meu pensamento que vai amparar aquela criatura, mas eu vou entrar numa linha de fluxode pensamento que percorre toda a criação.

Nesse capítulo em particular, Léon Denis estuda a ação do pensamento sobre nós mesmos.Que eu entendo que seja o interesse desse Encontro. O auto-efeito do pensamento, como a gentechamou no trabalhinho que a gente estudou sobre o pensamento.

“Modelamos nossa alma e seu invólucro como os nossos pensamentos... a ação dopensamento é soberana; não é menor sua ação, repetimos, em nós mesmos, modificandoconstantemente nossa natureza íntima.”

Então, a base teórica, o fundamento desta ação do pensamento é esta: Fluido CósmicoUniversal, é perispírito. É pensamento imprimindo a sua força no Fluido Cósmico Universal,tomando forma, criando, influenciando, alterando, dentro de nós e fora de nós.

Implica, num primeiro momento de trabalho, fazermos um INVENTÁRIO do nosso mundoíntimo, da nossa casa mental.

Por exemplo, todos nós estamos aqui agora nesta sala? Ainda bem que não dá parafotografar, pode ficar tranqüilo. Alguns estarão, outros estarão em casa, vendo o que o filho estáfazendo, outros estarão no jantar que combinaram para logo mais à noite, outros estarão na cantinavendo se tem pastel de soja, enfim, nós estamos onde está o nosso pensamento.

Os espíritos dizem isso, onde está a alma, aí está o pensamento. Não é onde está o corpo, éonde está o pensamento.

Quando uma pessoa sofre uma dor, um trauma, uma perda, a família carinhosamente pega acriatura e leva, se tiver dinheiro, lá para o Mediterrané. Bota a criatura na piscina, a criatura estáchorando, bota a criatura na beira da praia, a criatura está chorando, bota na festa, a criatura está debico. “Poxa! Você também não ajuda.” Ela não está ali.

Por outro lado, quando estamos muito bem, vivendo um momento legal. Vocês ainda selembram quando estiveram apaixonados? A gente fica se vendo, encontrando a pessoa na rua poracaso. Nisso, você está no trem, sacudindo, pisaram no seu pé, bateram a sua carteira e você não viunada. Porque você não estava lá no trem. Você largou o corpo no trem e foi se encontrar com seubem-amado.

A gente está na nossa casa mental. Ninguém pode fazer por nós esse inventário. Como é quevocê está? Como você está se sentindo? Como é que você está se vendo?

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Esse inventário é um trabalho continuado, não é da noite para o dia que a gente tem estapercepção muito clara. E Léon Denis fala para a gente aqui no texto, dessa variação. De como onosso perfil, o nosso estado mental varia, como ele é oscilante, não tem constância.

A gente sabe, por exemplo, que teoricamente, nós podemos com o pensamento curarqualquer doença. Porque a doença é um desarranjo no corpo físico, que é subordinado ao espírito.

Acontece que a gente pensa assim: “Ah! eu quero ficar bom, mas não vou conseguir.” “Ah!eu queria ficar bom, mas não vai dar certo.” É como a eletricidade, se não tiver uma freqüência nacorrente, o aparelho não funciona.

Nós estamos em processo de aprendizado do uso do pensamento com constância, equilíbrionecessário, para como Jesus falou, realizarmos coisas que parecerão prodígios. Mas, que não sãoprodígios, é pura e simplesmente a ação do pensamento no Fluido Cósmico Universal.

Nesses textos em que ele dá uma idéia de como é o pensamento do ser humano, ele fala:“...Se, ao contrário, nosso pensamento é inspirado por maus desejos, pela paixão, pelo

ciúme, pelo ódio, as imagens que cria sucedem-se, acumulam-se em nosso corpo fluídico e oentenebrecem. Assim, podemos à vontade fazer em nós a luz ou a sombra. É o que afirmam tantascomunicações de além-túmulo. Somos o que pensamos, com a condição de pensarmos com força,vontade e persistência. Mas, quase sempre, nossos pensamentos passam constantemente de um aoutro assunto. Pensamos raras vezes por nós mesmos...”

(O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Léon Denis – Pág. 356 – Ed. FEB)

Essa reflexão, eu acho muito séria, “pensamos raras vezes por nós mesmos” Se nós nãopensamos por nós mesmos, por quem nós pensamos?

No tempo de Léon Denis a coisa mais perigosa que tinha era jornal, mas no mundo em quevivemos, com televisão, computador, internet, as trocas de informação de pensamento são maisvariadas, sedutoras. Então, muitas pessoas estão pensando como o escritor da novela quer que elaspensem, como o político quer que elas pensem, como o cara de marketing, daquele produto querque ela pense. Para termos independência de pensamento, precisa se olhar, precisa parar parapensar.

Todos os dias agora, tem entrado um monte de mulher pelo consultório adentro, com câncerde mama, dos 14 aos 90 anos.

— Ah! eu estou com um caroço na mama.— Não tem caroço.— Tem.— Não tem.— Mas hoje em dia vive todo mundo apavorado, não é doutora?— Não, claro que não.Em todos os tempos da Humanidade, vive apavorado quem não trabalha a confiança em

Deus, quem não tem conhecimento das Leis que regem o Universo, quem não faz a prece, quem nãofaz uma boa leitura, esse vive apavorado, porque ele vai se segurar em quê?

Essa frase “pensamos raras vezes por nós mesmos” é porque raras vezes a gente pára parapensar: mas é isso mesmo que eu acho?

Eu li uma coisa terrível, que quando os casais chegam na faixa etária dos 50, passa-se porum problema muito sério, porque os homens são machos valorizados com 50 anos, grisalhos,bonitos, bem-sucedidos, e as mulheres com 50 anos são um negócio para jogar fora. Não é isto não,não é isto que eu acho, de modo algum. Basta eu olhar para mim mesma, quando tinha 20 anos,como eu era? Que qualidade de companheirismo, de presença eu estava capacitada a exercer juntode uma pessoa. E agora? Agora eu sou uma companhia muito melhor. Agora eu sou uma presençamuito mais útil na vida do meu marido. Não, não acho isso não.

Pensar por si mesmo ao tempo de Léon Denis era difícil, até porque o nível de instruçãogeral das pessoas era muito menor. Mas hoje, talvez seja mais difícil, em função da enxurrada deinformações que nós recebemos. Todos os dias recebemos pensamentos modelados por inteligênciasboas e más. Pensamentos modelados com objetivos muito claros e que são propagados, vão sendotransmitidos e as pessoas vão repetindo e levando adiante. Não param para pensar se é bom, se não

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é, se é isso mesmo que elas pensam, se não é. Agora, para você ter independência de pensamento,você precisa parar para pensar, senão não tem.

“... refletimos os mil pensamentos incoerentes do meio em que vivemos....”(O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Léon Denis – Pág. 356, 357 – Ed. FEB)

O meio em que vivemos emite pensamentos incoerentes e que podem ter assinaturas muitoprestigiadas. Se você ouvir erguer-se a voz de uma pessoa, tida como um grande intelectual, tidacomo uma pessoa de muito peso, como uma pessoa de muito conhecimento, isto é de uma totalincoerência. Mas, para você perceber a incoerência, você tem que parar para pensar.

A minha assistente do lar, nessa encarnação, não teve acesso à instrução, mas é uma almamuito inquiridora. Ela veio de uma freqüência às igrejas reformadas, tem toda uma atitude física deser dessas pessoas, que antigamente, chamávamos de crente. Só que ela não é mais dessa doutrina,já veio aqui no Centro, já fez cursos aqui, ela está sempre perguntando. Ela tinha um medo terrível,de que Jesus fosse voltar para acabar com o mundo, porque essa idéia está circulando por aí. E elatem um objetivo muito claro de opressão. Quer dizer: Jesus vai voltar para destruir tudo. Quem éque vai se salvar? Quem der tudo para a igreja.

Então, esta idéia é incoerente, porque as pessoas que estão na “cabeça da divulgação” de taisidéias tem belíssimas casas, belíssimos carros, viajam, fazem turismo, se divertem, e os outros quecompram essas idéias sem parar para pensar, estão nessa coisa aí.

Tal incoerência está espalhada em mil situações do nosso mundo. Aquela pessoa que estávendo a idéia de que a beleza física é a felicidade, vai ver, ela é extremamente infeliz na sua vidapessoal, mas ela está ali vivendo aquela imagem. Ela aparece sorrindo na revista Caras, é muitofestejada. Então, para a gente saber que esta ou aquela idéia é incoerente, precisamos parar parapensar.

“... Poucos homens sabem viver do próprio pensamento, beber nas fontes profundas, nessegrande reservatório de inspiração que cada um traz consigo, mas que a maior parte ignora...”

(O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Léon Denis – Pág. 357 – Ed. FEB)

Ele está sinalizando que nós precisamos de concentração. Nós precisamos ter momentos demeditação, fazer perguntas a nós mesmos, exercitarmos responder grandes perguntas, grandesquestões íntimas. Buscarmos em nós mesmos a solução, para as coisas que nos afligem, para asnossas dúvidas. Porque já temos muitos aprendizados feitos, já temos muita coisa experimentada etemos contato com a espiritualidade superior.

Ao invés de ficarmos por aí enlouquecidos, repetindo uma coisa que todo mundo fala e quea gente nem parou para pensar, vamos parar, pensar, olhar, refletir.

Mas a gente para poder ter essas percepções, constatações, precisa viver um pouquinhoconsigo mesmo, ter um mecanismo de isolamento de todas as opiniões, de todas as idéias econversarmos interiormente, viver do nosso próprio pensamento. E quando a gente não faz isso,criamos um invólucro das mais disparatadas formas.

Está aqui o espírito pensando, suas criações tomam forma no Fluido Cósmico Universal. Eledá sintonia e estabelece conexões com formas de pensamento incoerentes, mal-intencionadas. Àsvezes, correntes de pensamentos legais também, mas na hora, aquilo tudo se mistura e fica umacoisa disparatada como Léon Denis fala.

“...Seu Espírito é como uma habitação franca a todos os que passam...”(O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Léon Denis – Pág. 357 – Ed. FEB)

Quando uma pessoa pega o controle remoto e fica procurando alguma coisa para ver natelevisão, na verdade, está se oferecendo para quem quiser pegar.

Na televisão, a gente sabe que, tudo que é colocado ali, pensado e muito bem pensado, paradar lucro. A gente precisa usar a televisão e não deixar a televisão usar a gente.

Essas coisas são sedutoras, são feitas para serem sedutoras. São sedutoras porque temospaixões. Então, nós somos fisgados pelas nossas paixões. Para a gente achar que pode olhar tudo oque está na televisão e não ser fisgado, a gente precisaria estar limpo das nossas paixões, e nós não

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estamos. Então, eu tenho um desregramento sexual, eu sou fisgado por uma situação de sexoexplícito. Eu tenho uma coisa de violência, sou fisgado por uma cena de violência.

Olhando para nós mesmos, vamos ver que temos essas paixões, que precisam sertrabalhadas, a gente vai ter muito respeito pelo veículo televisão, internet. Temos que buscar o que agente quer.

Uma das coisas mais infelizes que estamos vendo acontecer: as pessoas dormirem vendotelevisão. Aí mesmo que você não está controlando mais nada. Por que a gente a princípio dorme,quando começa a ver televisão? Porque não estamos conseguindo dormir, por causa do nossopensamento. Você liga a televisão, ela captura a sua atenção e aí você dá uma cochilada. Você nãoentra em estado de sono profundo, isso é científico, você fica no estado de sono superficial. Daqui apouco você abre o olho de novo e está acontecendo uma coisa terrível ali e você não tem controlepara apagar, dorme levando aquela imagem, entrando naquelas situações.

Essa coisa de entrar no filme, entrar no jogo do computador, é uma coisa muito parecidacom o que acontece quando a gente dorme. Se você não fizer uma prece antes de dormir, não seencomendar para alguma coisa útil, você vai ser capturado pela sua paixão. Então, uma galera deespíritos que está indo para uma farra, encontrou você ali, que já gosta de uma, não fez a prece, vaijunto. Sofre ataques espirituais.

A gente quando sofre ataque espiritual, é uma coisa muito clara. Uma vez estava dormindo.A impressão que eu tive, era que tinha acordado, escutado um barulho, levantado da cama, olhadona janela. Quando olhei na janela, tinha um camarada entrando pelo portão. Eu tentava falar com omeu marido e ele não acordava. Eu estava no supra-sumo da aflição, o camarada olhou para cima eme deu um sorriso de deboche, que eu nunca vou esquecer e eu acordei de verdade. A gente sofreataques espirituais, alguns até, que causam repercussão no corpo físico.

Para que isso não aconteça, quando for dormir, tem que fazer a prece, lembrar daespiritualidade amiga aqui da Casa, se colocar à disposição para ajudar em alguma coisa que vocêpossa ser útil. A gente evita esse fluxo, essa onda de pensamentos que passem.

Agora, quando você dorme diante da televisão, é como Léon Denis fala aqui, é uma casaaberta, “uma habitação franca a todos os que passam.” Imagine se você abrir a porta da sua casapara qualquer pessoa, que passe, entre e faça o que quiser. No plano material, você rejeita essaidéia, mas no plano fluídico, você não está vendo, deixa rolar e depois sente as conseqüências.

Ele fala que o nosso pensamento “É o combate incessante da paixão e do dever em que,quase sempre, a paixão sai vitoriosa. Primeiro que tudo, é preciso aprender a fiscalizar ospensamentos, a discipliná-los, a imprimir-lhes uma direção determinada, um fim nobre e digno.”

(O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Léon Denis – Pág. 357 – Ed. FEB)

Até aqui, demos uma passadinha rápida em como o pensamento funciona. É uma passadarápida, precisamos estudar mais, refletir mais, fazer até experimentos.

Quando você vai fazer uma coisa que acredita vai ser bem-sucedidos, geralmente, é. Porquevocê impregna seu perispírito, seu corpo físico daquela idéia, impregna o outro, então você tem umachance de ser bem sucedido. Quando você vai fazendo uma coisa, achando que não vai dar certo,não dá nada certo.

Às vezes, a gente quer passar uma idéia para uma pessoa que vive com a gente, geralmente,a gente quer mudar a pessoa, vamos renunciar a isto. Ninguém muda ninguém. O que você podefazer é passar informação, colocar seu amor, o seu sentimento. Quando a gente tem uma dificuldadequalquer na convivência, com filho, marido, irmão, pai, mãe, a espiritualidade fala paraconversarmos com ele quando estiver dormindo. Mas não é para mudar o cara não, é porque é umoutro trabalho de pensamento, diferente da comunicação verbal.

Léon Denis fala, nesse mesmo texto, da dificuldade de certas idéias serem expressas. Têmcertas coisas que a gente quer passar para o outro, mas quanto mais a gente fala, menos ele entende,a coisa vai tomando um rumo, completamente contrário ao que a gente esperava.

A gente só vai adquirindo essa confiança, convicção se experimentarmos. Essa coisa do queexperimentar nos chega pelo canal da intuição, que é um canal de pensamento.

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Eu estava numa reunião de desobsessão e tinha um espírito que tossia muito, me veio aquelaintuição, do conhecimento da Medicina, eu comecei a visualizar uma árvore bronquica e comeceicom o pensamento, a desobstruir aquela árvore, como se eu fosse um xarope. Fiquei alifluidificando a secreção, limpando. Aí, o dirigente da reunião me chamou para dar passe no espírito,não sabia nem dar passe. Mas, o que é isso? Trabalho de pensamento.

O objetivo hoje, deste estudo, é dirigir toda esta informação, para a reforma íntima. Aí, LéonDenis faz um PROGRAMA DISCIPLINAR para gente. Mas para que a gente empregue esseprograma com a aplicação necessária, dedicação necessária, convicção necessária, é precisoconsolidar o conhecimento dos fundamentos e estar sempre fazendo esse inventário, para saberem que você vai incidir o estudo.

Esse programa tem como primeiro grande trabalho a VIGILÂNCIA, porque não dá tempoda gente pensar o que vai pensar, quando a gente vê já pensou. E devo estar atento ao que estoupensando. Não vou permitir que o pensamento se desenvolva, se enriqueça, tome conta do meu ser,sem estar atento ao que está acontecendo.

A gente usa no autocura a imagem do jardim. Quando você passa por uma casa que tem umjardim que ninguém cuida, você sabe que ninguém está cuidando, porque está cheio de tiririca,formigueiro, capim, inseto, rato. A nossa mente, se não estivermos atentos, os pensamentos quebrotam naturalmente, de “seres angelicais” são esses: pensamento de desânimo, mágoa, melindre,revolta, desistência, arrogância, prepotência.

Em geral, o que brota na nossa mente são essas coisas, e a gente deixa que elas fiquem,dêem filhotes, criem raízes. Temos que estar atentos.

Tem casos, por exemplo, a pessoa está com 60 anos, mas até hoje não gosta de uma outrapessoa da família, porque quando ela era criança, foi na casa da pessoa e a pessoa tinha posto amesa muito bonita, para receber um candidato ao casamento. Quando ela foi botar a mão nos doces,levou um tapa. Esta criança que levou o tapa, está com 60 anos, ainda não gosta daquela, porque elafez isso. Será que não dá para a gente olhar agora, com a experiência de vida, com o conhecimento,para essa situação e entender o que aconteceu? Não, a gente vai alimentando.

Então, aquela coisa que era para passar batido, está lá arraigada, enquistada, gerandoconseqüências, dando filhotes.

O exercício do autoperdão. Quem não fez uma coisa errada na vida? O que a gente tem quefazer com as coisas erradas que fizemos? Consolidar esse aprendizado que é errado. “Caramba, nãoé que isso é errado mesmo. Eu não deveria ter feito isso, realmente está errado.” Porque eu vou teroportunidade de provar o meu aprendizado.

É quase uma arrogância nossa. Deus nos perdoa e a gente não. A gente fica gerando mais emais sofrimento, que nunca vai apagar aquele erro e que não vai fazer o grande resultado, que é odo aprendizado. Enquanto a pessoa está se punindo, na verdade, ela não está fazendo o aprendizado.

Eu estou parado, estudando, trabalhando, atuando num encontro e estou me sentindo mal,tem um negócio me incomodando. O que é? Pode ter certeza que é o teu pensamento. Procura noteu pensamento a causa do teu desconforto, que você vai achar. Aí, achou, arranca, modifica,transforma, faz qualquer coisa. Buscar uma leitura salutar, conversar com alguém, criar uma outrafigura, se ocupar com alguma coisa, mas não deixar esse pensamento ir toda vida embora.

Hoje em dia as pessoas estão se aceitando como estressadas. “Ah! eu sou estressada, souansiosa.” Bota a culpa em Deus, Deus é que fez ela ansiosa, ela não tem culpa. Não, a gente podeestar ansioso, estar estressado, mas não ser ansioso, ser estressado. Nós somos na verdade, filhos daLuz.

A gente tem um pensamento de ansiedade, tem o sentimento da ansiedade, mas precisamodificá-lo de alguma forma. Busque uma leitura que pacifique, faça um exercício respiratório,ouça uma boa música, converse com alguém, faça alguma coisa, mas não alimente.

Uma das teorias da síndrome do pânico, são os pensamentos catastróficos que a gente tem, énatural ter, mas que a pessoa desenvolve, alimenta, enriquece, sustenta, compartilha com o outro,troca com o outro. Daqui a pouco, está com síndrome do pânico, porque o mecanismo do medo, que

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é um mecanismo saudável, que nos ajuda a manter vivo, entra em descontrole. Não estáacontecendo nada e a criatura está em pânico.

De tanto você arrancar uma determinada idéia destruidora, daqui a pouco, ela não brotamais.

Tá se sentindo mal, desmotivado, apreensivo, inquieto, levanta, a informação está em você.Mude, transforme-se.

Eu li uma pequena biografia da Cora Coralina e achei muito lindo uma afirmativa que elafaz, dela mesma, de que passou pela vida, pelo caminho, tirando pedras e plantando flores.

REPROGRAMAÇÃO – Nós somos umas gracinhas. Queremos comer de tudo e nãoengordar nem ter enfarto. Queremos dormir todos tortos e não ter problema de coluna. Nósqueremos que o Universo se molde às nossas paixões, mas não é assim. Tudo passa por umareprogramação. Ninguém fica bom da coluna, ninguém fica saudável do metabolismo, ninguém temuma relação familiar melhorada se não se reprogramar.

Na questão dos nossos vícios morais, o pensamento tem poder para nos curar dos nossosvícios morais? Todo o poder do mundo. A gente só é preguiçoso, guloso, intolerante, ansioso,enquanto não se aplica nesse trabalho.

Dentro desse programa de reprogramação, Léon Denis nos sugere leitura. Escolher autoresinspirados, que escrevem bem, que desenvolvem idéias elevadas, não precisa ser só literaturaespírita não, tem muita gente escrevendo coisa boa, rica, instrutiva, que descanse a mente sem serpernicioso. A leitura é um grande recurso para dar uma limpada no pensamento. Dar umaenriquecida no pensamento. Quando a gente lê um bom livro, é como se incorporássemos à nossaestrutura, alguma coisa das nossas idéias que foram colocadas ali. Você não sai de uma boa leiturado mesmo jeito que entrou.

Ele recomenda a boa leitura, porque na linguagem poética dele, é uma forma da gente viverem contato com esses pensadores de gênio. É o que a gente sente quando lê Léon Denis, como seele estivesse falando com a gente.

Regularmos a vida física e reduzir as exigências materiais ao necessário, a fim de garantir asaúde do corpo. A saúde do corpo é uma questão de equilíbrio. Se a gente come demais, dormedemais, faz sexo demais, bebe demais, tudo o que é demais, gera a doença. Precisamos ir fazendoeste trabalho de simplificação.

A gente vê que quando a alma está engajada numa grande tarefa, ela come o necessário,veste o indispensável, dorme cada vez menos e não fica com sono. A gente dorme 8 horas econtinua com sono. O camarada dorme 2 horas e não tem mais sono. É um programa desimplificação dos hábitos, de ajuste ao necessário. Isso começa no pensamento, acontece nopensamento e se mantém enquanto o pensamento se mantiver naquela atitude.

Disciplinar as impressões, as emoções, exercitando-nos em dominá-las e utilizá-las comoagentes de nosso aperfeiçoamento moral.

O que é disciplinar as impressões e emoções? A gente está num surto de raiva. Vamos olharpara esta questão.

Vocês já viram o pálido ponto azul que é a Terra? Aí, você chegou em casa e descobriu queo seu vizinho colocou o lixo do quintal dele na sua porta. Um pálido ponto azul, viajando peloCosmo e lá naquele pálido ponto azul, tem uma formiguinha criando o maior caso porquecolocaram lixo na sua porta. “Ah! então vou deixar botar lixo na minha porta?” Não, quem amaeduca. A gente vai lá, toca a campanhia. Cidadão, boa noite, tudo bem, acho que você se enganou,botou o lixo na minha porta.

O que precisamos curar é a nossa emoção. O filho fez uma coisa errada, o pai fica comraiva. Não tem que ter raiva. Tem que ajudar, amparar, ensinar, impor limites com autoridade. Mas,quanto mais você se descontrola, menos autoridade tem.

Tinha um samurai que era muito famoso pelas suas habilidades, mas já estava velho. Aísurgiu um novo que quis desafiá-lo e ele foi lá. Na frente de todo mundo ele xingou o cara de ummonte de coisa, disse que o cara estava velho, ultrapassado, botou ele abaixo do chinelo. Já nãotinha mais nada para falar. — Acabou? — Acabei. E foi embora. Aí os discípulos: — Como é que é

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isso, ele xingou você disso e daquilo e você aí desse jeito. Ele respondeu: — Ele me ofereceu umpresente, mas eu não quis receber.

Você leu e leva para a sua vida de relação. Você vai sentir o leãozinho rugindo lá, quando ooutro chega para você reclamando, faz cara feia. Então, a pessoa pode nos oferecer o que quiser,mas a gente recebe se quiser também.

Léon Denis fala aqui:“Enfim, é preciso saber suportar todas as coisas com paciência e serenidade. Seja qual for

o procedimento de nossos semelhantes para conosco, não devemos conceber nenhuma animosidadeou ressentimento; mas, ao contrário, saibamos fazer reverter em benefício de nossa própriaeducação moral todas as causas de aborrecimento e aflição.”

(O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Léon Denis – Pág. 362 – Ed. FEB)

Você, médium da Casa de Léon Denis, vai dar o passe, isto já aconteceu comigo, e a pessoadiz que não precisa. Passei para o do lado, no que eu passei, ela mesma começou a se dar o passe.Aí você, pergunta o que tem o meu passe? Coitado de quem recebeu o passe depois.

A gente não está aqui para atender aos bonzinhos, para atender só aos humildes. Aliás, osbons e humildes, quase nunca ficam doentes, nem desesperados, nem em pânico, eles é que estãoprontos para nos atender, esta é que é a verdade.

A gente quando vai para a Mallet, às vezes, toma um choque, porque você acha que naMallet as pessoas são muito humildes, coitadas, não têm nada. São sonsos. Por quê? Você já seimaginou na condição de ter que pedir o necessário, o indispensável? A gente pode se dar ao luxode dizer assim: Ah! eu não gosto de pedir. Ninguém gosta de pedir, porque temos orgulho e pedir éuma coisa que coloca em cheque o nosso orgulho. Porque você vai ter que confessar umanecessidade, vai estar na dependência do outro te atender ou não. Então, pedir é uma coisa difícil.

A gente estava atendendo na Mallet, fui na sala do Altivo para pegar um remédio. O doutorHermann já tinha acabado, quem estava lá era o Altivo, ele me perguntou alguma coisa, eurespondi, ficamos conversando um pouquinho e aí chegou a assistida na porta e disse: “Como é queé, vai ficar aí a vida toda?” Eu tenho certeza que no meu consultório, ou até mesmo no posto emque eu trabalho, não passaria por uma situação dessas. Mas lá, na Obra Social, é que a genteencontra os grandes orgulhosos. Num processo duro de aprendizado, sofrendo muito.

O programa de Léon Denis nos convida a uma disciplina das emoções, mas para isso,precisamos nos exercitar em dominá-las, transformando-as em agente do nosso aperfeiçoamentomoral.

Cada vez que eu consigo não me irritar, não me enraivecer com a atitude do outro e consigocompreender, eu dei um grande salto no crescimento. Todos os dias nós temos muitos convites àascensão, através do erro do outro.

REDIRECIONAMENTO – Quem é o grande alvo das nossas atenções? Nós mesmos. Agente sempre está com o nosso problema, a nossa dúvida, a nossa questão, nosso umbigo.

No Evangelho tem uma frase que fala, que você reconhece a evolução espiritual, pelodesinteresse pessoal. É a marca da evolução espiritual.

Então, quer dizer que eu vou fazer tudo para os outros e para mim nada? A gente vê como anossa óptica é destorcida. Quanto mais eu dou de mim, mais eu recebo, é natural. Quando Jesusfala, conquista o Reino dos Céus primeiro, que o resto vem naturalmente, vem por acréscimo, énatural. Quanto mais eu quero reter, mais eu perco.

Com quanto mais naturalidade a gente agir, com mais desprendimento, com mais atençãonas necessidades do outro, mais a gente tem as nossas próprias necessidades atendidas. É natural. Aforça que alimenta a vida é o amor.

Então, quando a gente tem um rio correndo, aquele fluxo intenso, você tem naturalmente,peixe, você tem naturalmente plantações, você tem naturalmente florestas, você tem tudonaturalmente, agora se você represa, aí você tem naturalmente, estagnação, apodrecimento, morte. Éum trabalho todo de pensamento.

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Quem é que cuida de mim? Eu cuido de mim, mas o que gerencia, o que governa o meudestino é a Lei de Deus. A Lei é esta, é dando que se recebe, sem essa conotação espúria que tem sedado aí. É a coisa natural.

Por exemplo, a gente poderia saber de uma pessoa, que tivesse menos apego à própria vidado que Chico Xavier? Vivia pelo outro, para o outro e viveu tanto, com tantos problemas de saúde,tanta força de vida, de trabalho. É natural, flui.

A verdadeira felicidade neste mundo está na proporção do esquecimento próprio, nos dizLéon Denis.

Dentro do meu programa de trabalho, de atuação, eu tenho sempre que estar meperguntando: será que eu estou tendo algum interesse pessoal nesta questão? Se estou tendo, queinteresse é este? Eu quero trabalhar na mediunidade para fazer o bem ou quero trabalhar namediunidade para ter um crachá? Eu quero falar de Doutrina porque quero levar o conhecimento amais e mais pessoas ou quero falar de Doutrina para que todos vejam como eu sou estudioso,inteligente, capaz? Essa análise é pessoal, é um trabalho de pensamento e de reforma do caráter.

INTERIORIZAÇÃO – É preciso viver a nossa crença, isto é, fazer penetrar na práticadiária da vida os princípios superiores que adotamos. O conhecimento vai na frente. O primeiroprogresso é o intelectual. Primeiro você sabe, mas para que aquilo que você sabe se incorpore aoseu patrimônio espiritual, é preciso um esforço, um trabalho.

Ele diz assim: fazer penetrar. Então, fazer penetrar não é alguma coisa de absorção natural eespontânea. Fazer penetrar é um trabalho de aplicação.

Quando eu tive câncer, foi que eu tive a percepção muito viva disto aí. Não tinha nada queas pessoas pudessem me dizer, que eu já não soubesse. O que você mede nessas horas, é a distânciaentre o que você sabe e o que você já incorporou ao seu patrimônio espiritual.

O médico sabe que fumar faz mal. Agora, para que ele deixe de fumar, ele precisa fazerpenetrar na sua vida diária esse conhecimento. Impor esse conhecimento à sua paixão.

Léon Denis fala que quando você está vivendo uma grande dor, um grande sofrimento, vocêfaz um trabalho espiritual intensivo. Você faz uma prece mais sentida. Você busca Deusdesesperadamente. Trabalha seus elementos de convicção. Você ouve pelo canal da intuição. Aípassou, e você volta a ver Harry Potter, volta a jogar conversa fora. De vez em quando você fazuma prece.

Este fazer penetrar, é empurrar esse conhecimento nos limites da nossa paixão.Quantas coisas nós fazemos, mesmo estando freqüentando a Casa Espírita tantos anos.

Estando estudando tantos anos. Uma coisa é o conhecimento. É como subir uma escada. Oconhecimento é o primeiro pé. Mas se você botar só o primeiro pé, você não sai do lugar. Tambémnão dá para sair do lugar sem por o primeiro pé, mas tem que trazer o outro. Na hora que você traz ooutro é que você vence a força da gravidade. Na hora que você traz o outro é que você faz oesforço.

Interiorização é, eu aprendi isto e isto tem que passar para a minha vida, meu sentimento.Como eu faço isto? Vou exercitar de um modo, de outro. Vou ler aqui, acolá. Vou falar comalguém. Vou ficar em trabalho. Pode ser que termine a encarnação e não consiga trabalhar aquilo deforma perfeita, mas terei conseguido muito mais, do que se tivesse ficado repetindo belas palavrasda boca para fora.

Quando eu estava nesse processo, me aconteceu uma coisa assim, sabe o que é você sentir aespiritualidade ajudando, ensinando, apoiando? Porque no livro que a gente fez sobre o pensamento,em cima do capítulo que antecede este aqui, de Léon Denis, que foi o Encontro que a gente teve,falou-se do apagador.

O que é o apagador? A gente tem uma idéia negativa, apaga esta idéia com uma idéiapositiva.

Eu estava trabalhando na Mallet e depois do trabalho eu fui tomar passe. Eu saí do passenaquela tristeza profunda, aqueles pensamentos que eu tinha. O que ia ser das minhas filhas, coisasque estavam no futuro. Como diz Joanna, que podem muito bem não acontecer. A gente não temporque estar chamando sofrimento, do futuro para o hoje. Como Jesus também falou: a cada dia

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basta o seu mal. Não precisa ir no futuro buscar coisas, que possivelmente não vão acontecer, parasofrer hoje, porque elas passam a ser reais.

Então, eu saí de lá naquela tristeza e aí uma companheira veio, me abraçou e falou assim:“Luzia, eu estou para te agradecer há um tempão, aquela história do apagador. Porque eu tivedepressão, já tinha feito um monte de tratamentos e o que me salvou foi a história do apagador.” Eme apertava, como se quisesse enfiar aquela história do apagador na minha alma. Nessas horas vocêsente que a espiritualidade está presente, está do seu lado, está atenta, ajudando. Mas só você é queconsegue fazer esta transa. Pegar o fio do conhecimento e trançar no tecido da sua alma. Tecer a suaveste nupcial. Só você é que é capaz de fazer isto.

SELETIVIDADE – A gente já andou tocando aí, na questão do controle remoto. Selecionaras coisas com as quais a gente vai se ocupar. Selecionar as leituras, conversas, os programas detelevisão, os sites da internet, selecionar. Selecionar com critério disciplinador. Não é selecionarpelo prazer não, porque senão, a gente vai estar estabelecendo sintonia com os vícios e paixões queainda temos, e aí eles são reforçados.

Se a criatura estava a um passo de vencer uma má tendência, mas se deixou envolver numaconversação sobre aquilo, ela vai recarregar as baterias daquela má tendência.

Dominar as más tendências é difícil e se torna ainda mais difícil, quando você estabelecesintonias, associações.

Selecionar é um trabalho que só nós podemos fazer. Só nós podemos dizer: não, esteprograma de televisão não me faz bem a alma. Essa leitura é legal, me faz bem.

“Ah! não posso nem ver o programa da Monique Evans. Também não sou santo.” Se eutenho este conhecimento consolidado, eu sei que vou estar mergulhando num oceano de influênciase informações que vão me impregnar, que vão encontrar sintonia na minha alma. Depois para sairdaqui vai ser muito mais difícil.

Ele dá uma dica para a gente escolher uma alma que apreciamos. Em determinadas situaçõesque estamos em dúvida, vacilantes, a gente se pergunta: o que Fulano faria aqui nessa hora? Já medisseram para fazer isso com Jesus, mas caramba, é tão difícil fazer o que Jesus faria em certassituações.

Vamos pensar numa alma, que a gente tenha alguma afinidade, pelo trabalho que ela fez ouque ela faz. Pelo seu pensamento, pelas idéias. A gente pode escolher uma alma dessas. Um guia,um patrono, um padrinho, para a hora da vacilação.

Léon Denis nos dá este conselho. A gente se espelha em Bezerra de Menezes, em EurípedesBarsanulfo, em Léon Denis, Ignácio Bittencourt. A gente se espelha e traz, aproxima esta alma dasnossas lutas diárias.

MENTALIZAÇÃO – A mentalização é em cima desse conhecimento. Ele nos convida apensar no futuro, em nós mesmos, vitoriosos dessa ou daquela dificuldade. A pensar em nós, aliadiante, melhorados. É a coisa do acreditar.

A gente tem a certeza que cada atleta que vai para uma competição, ele se vê vencedor, elese vê no pódio, ele se vê recebendo a medalha. Ele se vê nesse futuro, realizando aquilo lá. Estavisualização retorna para ele, a força, para fazer as renúncias que eles têm que fazer, se submeteremàs disciplinas.

Como é que a gente se vê no futuro? Geralmente, a gente nem se vê. Fica aí o convite. Nósestamos fazendo curso para anjo. O nosso destino é a perfeição. Isto significa, que logo ali adiante,estamos nós, a nossa individualidade, purificada, brilhante, livre das paixões, realizando grandestarefas; co-criadores. Precisamos olhar para esse futuro, porque é isto o grande estímulo para agente vencer esta dificuldade atual.

Ele até recomenda que a gente faça mentalização todos os dias pela manhã. Não é umaforma legal de começar o dia? De manhã cedo, aquela psicosfera mais leve e você vai pensar emvocê, no seu futuro espiritual, um ser revestido de todas as qualidades que você admira nas outrasalmas. Você tem um embrião dessas qualidades em você.

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APROVEITAMENTO – Para que haja aproveitamento, é preciso que haja confiança,serenidade, senão, eu só fico reclamando.

A gente recebe dores, dificuldades, problemas, obstáculos. Se a gente encara estas coisascomo desafios, como proposta de crescimento, como coisa que podemos resolver, com dificuldade,mas podemos. Se a gente não encara isso assim, e fica achando que não merece, que é injusto, ficarevoltado, fica desanimado. Se não temos essa forma positiva de encarar as dificuldades, nãoaproveitamos.

Por que vocês acham que estão encarnados neste momento tão complexo, com tantasquestões sociais, com drogas, com guerras, com clone, com internet, por quê? Porque vocês merecem.

Merecem, não só pelo lado do sofrimento não, merecem pelas conquistas e méritos quetemos. Nós somos capazes. Porque se não fôssemos, não estaríamos neste contexto. Porque nãoseríamos colocados numa situação de sofrimento, que não fôssemos capazes de sair dela com umaproveitamento.

SUSTENTAÇÃO – São muitas dores, muitas dificuldades. Nós temos muitos apoios,muitas sustentações, mas temos uma sustentação essencial, que raramente usamos, que é a auto-sustentação.

A frase de Léon Denis é: “O sábio cria, desde este mundo, para si mesmo, um refúgioseguro, um lugar sagrado, um retiro profundo onde não chegam as discórdias e as contrariedadesdo exterior...”

O que a gente vê nas grandes almas, é que nos momentos de extrema dificuldade, elas serecolhem em si mesmas. Mas, para você se recolher em si mesmo e sair desse recolhimentofortalecido, você precisa criar lá dentro, esse santuário interior.

Como é que a gente constrói esse lugar interior? É um trabalho de autoconstrução. Éconseguir produzir uma faixa de pensamento de total serenidade, de total paz, equilíbrio eharmonia.

Eu estou no auge de uma discussão. Nessa altura da vida, a gente já sabe, que essasdiscussões acaloradas não levam a nada. As pessoas começam a falar coisas cada vez maisdolorosas, a se ferirem, se magoarem, se descontrolarem. Então, se a gente é pego numa situaçãodessas, vamos sair. Abandonemos a discussão. Vamos lá, dentro de nós mesmos, entremos emprece.

Se você tem uma situação na sua vida, que foi muito feliz, muito gratificante, muitoimpregnada de uma carga positiva, quando você lembra daquilo, revive aquele momento, de novoestá naquela condição psíquica e não mais na condição psíquica de sofrimento.

É essa a contribuição de Léon Denis para a reforma do nosso caráter.Primeiro, saber que o pensamento é capaz de fazer esse trabalho. E para a gente saber isso, é

preciso estudar o pensamento, para poder adquirir tal convicção.Segundo, aprendermos a olhar para dentro de nós mesmos e fazer este inventário de como

está a nossa casa mental, para saber em que a gente tem que se aplicar.Depois empregar um desses passos (passos do Programa Disciplinar), todos eles, para

acelerar o nosso processo.

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Cura e JesusAula dada por NILCEA ROSA em 30/08/2003

Que possam ser as nossas primeiras expressões, de profundo agradecimento ao nosso Paiamado, ao mentor deste trabalho, Ignácio Bittencourt, bem como a três espíritos amigos, quesempre evocamos quando nos dedicamos a tentar estudar o Senhor Jesus, que é o querido Espíritode Joanna de Ângelis, contemporânea do Mestre, a nossa querida Maria de Madalena, que temostambém muito carinho e também a nossa querida Amélia Rodrigues.

Quando nós buscamos algum tema dentro dos Evangelhos, acima de tudo, temos que primarpelo sentimento. Uma vez, que a maior parte das informações contidas nos Evangelhos, asinterpretações das passagens do Senhor Jesus, nós encontramos na vasta literatura espírita.

Então, nós buscamos nos concentrar mais em Joanna de Ângelis e Amélia Rodrigues.Amélia além de ser um espírito que todos nós conhecemos, temos carinho, tem uma obra

muito bonita, muito profunda, acerca das passagens do Senhor Jesus. Ela é uma pesquisadora noPlano Espiritual, dos ensinamentos do Senhor Jesus. Além do mais, ela coloca que foi testemunhade algumas passagens. Ela foi contemporânea do Mestre. Daí percebermos, sentirmos, através dosseus livros, o profundo amor que dedica ao nosso querido Mestre.

Vamos tentar nos reportar um pouco à época do Senhor Jesus.Como era aquela época? Era uma época muito conturbada. Época em que havia muitos

povos que eram subjugados pelo poder temporal de Roma. E esse poder temporal fazia com que ascriaturas que antes, muitas das vezes, senhores, se tornassem servos. Imperavam não apenas amiséria moral, como também a miséria física. A fome, a enfermidade, a perversidade, a crueldade,não havia valores éticos que fossem respeitados e acima de tudo, todo enfermo era marginalizado,porque era considerado impuro, era condenado pelos “sãos”, pela sociedade da época, comorenegado de Deus, punido pelo Pai. Então daí, ele ser considerado um ser a parte, um pária, serconsiderado um imundo para a sociedade.

Vamos imaginar aquela turba miserável, faminta, enferma, diante de uma figura, quemostrou a sua autoridade para todos eles, em público, bem como também para os seus apóstolos.

Vamos iniciar o item 1 com uma citação do próprio Mateus.1 – “Quem dizem os homens que é o filho do Homem?Mateus 16:13 – 13“Jesus foi para a região de Cesaréia de Filipe e interrogou os seus

discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que é o Filho do homem? 14Eles responderam: Unsdizem que é João Batista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas. 15Jesusdisse-lhes: E vós quem dizeis que eu sou? 16Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, oFilho de Deus vivo. 17Respondendo, Jesus disse-lhe: Bem-aventurado és, Simão filho de Jonas,porque não foi a carne e o sangue que to revelou, mas meu Pai que está nos céus.”

Joanna de Ângelis, bem como Amélia Rodrigues, coloca, que as misérias humanas daquelaépoca, não são diferentes das misérias humanas de hoje. Houve uma diferença, que nóscaminhamos, intelectualmente, moralmente, mas as misérias são as mesmas.

Nós temos muito contato com o Cristo histórico, aquele Cristo que ressurge sempre naSemana Santa, aquele Cristo que consta em Evangelho Segundo o Espiritismo, aquele Cristo quenós ouvimos durante as explanações, principalmente, em determinadas épocas. Porque, às vezes,temos dificuldades em nossos estudos e explanações, fazer com que ressurja as citaçõesevangélicas. Temos dificuldade de trazer o Cristo como modelo em determinados estudos.

E nós perguntaríamos: Quem é Ele para nós? Paramos. Nós só lembraremos do Cristo, seestivermos na mesma situação que aquele grupo se encontrava e que muitos, hoje em dia seencontram. Situação de miséria, miséria no sentido amplo da palavra, não apenas miséria física.

E nós lembramos: Cristo onde estás? Eu preciso de ti.Nos tempos de fartura onde está o nosso Cristo? Onde está o meu Cristo, o meu irmão

maior? Eu venero, respeito. Mas, é só isto que Ele representa para mim? Aí nós temos que meditar erefletir. Não basta que mencionemos o seu nome respeitosamente. O que será que nos falta, paraque possamos identificar, localizar o Cristo em nós?

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Vamos ver o que Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. Respondendo,Jesus disse-lhe: Bem-aventurado és, Simão filho de Jonas, porque não foi a carne e o sangue que torevelou, mas meu Pai que está nos céus.” Aí o Cristo fez questão de revelar aos seus íntimos, aosseus educandos, quem ele era. E ele fazia isso diante da multidão. Ele se apresentava comorealmente ungido, o enviado. Ele não poupava não.

Por que precisava? Porque vários e vários profetas já haviam passado por aquelas terras ehaviam anunciado a sua chegada e era preciso que ele dissesse.

Em Mateus 9:6, vamos encontrar a passagem famosíssima do paralítico. O Senhor estava apregar na casa de Simão Pedro. Destelharam parte da sala onde o Senhor se encontrava e desceramcom a maca. Vendo Jesus a fé que eles tinham disse ao paralítico: “Filho, tem confiança, são-teperdoados teus pecados.” Como o público era misto, os fariseus que ali se encontravam, seescandalizaram: “Como este homem diz que perdoa os pecados? Qual o poder que foi conferido aele? Quem ele é, para perdoar os pecados?” O Cristo diz: “Pois, para que saibas que o Filho doHomem tem poder sobre a Terra, de perdoar os pecados.” Naquele momento o Senhor se revelou.Revelou a sua autoridade. “Eu sou.”

Vocês já imaginaram alguém se pronunciar na frente de uma turba rebelde? Como é quefica? Ou ele se revela ou não se revela.

Ele chegava e sempre se colocava como enviado de Deus, para que o respeito se fizesse.Mas mesmo assim, isso não era necessário, porque nós vamos ver como as criaturas se sentiam napresença do Cristo. Nós vamos ver Emmanuel, bem como Amélia Rodrigues, colocando, ou ascriaturas, quando tinham contato com ele, o amavam ou o odiavam. Não existia meio termo, nósvamos ver por que isto? Por que o fascínio que Jesus trazia? As pessoas ficam fascinadas peloMestre.

Em Mateus 23:8, uma passagem dos fariseus: “Mas vós não vos façais chamar rabi, porqueum só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos.” Rabi quem? Aos fariseus, porque eles seapresentavam como mestres. Então, o povo tinha por hábito identificar os fariseus como mestresdeles. Jesus se vira e diz o seguinte: Olha, vocês têm que seguir o que eles falam e pregam, mas nãoo que eles fazem. Porque o que eles fazem, está em desarmonia com o que eles pregam. É mais oumenos o que está nos primeiros versículos: 1 a 7. No oitavo o Cristo diz assim: “8Mas vós não vosfaçais chamar rabi, porque um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. 9A ninguém chamaispai sobre a Terra, porque um só é vosso Pai, o que está nos céus. 10Nem façais que vos chamemmestres, porque um só é vosso Mestre, o Cristo.” Ali ele se coloca como sendo o único Mestre detodos. Estamos vendo o Senhor Jesus apresentar para a turba, a sua autoridade.

Em todos os 4 evangelistas, vamos encontrar sempre o Cristo, revelando a sua autoridade.Em João, que é mais poético, porque João era o evangelista místico, transcendente, não se situavamuito no terra a terra. João coloca que o Mestre se revela dizendo: “Eu sou a Luz da vida.” (João8:12) “Eu sou o Bom Pastor” (João 10:11) “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.” (João 14:6)

Imaginem o Mestre se colocando como ungido, como enviado, o que aquela turba faria?Como aquela turba o trataria? Será que aquela turba o seguiria?

2 – “...seguiram-no grandes multidões da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém e do país dealém do Jordão.”

Eram realmente, multidões que seguiam Jesus. Vamos ter um relato, tanto nos evangelistassinóticos (que apresentam grandes semelhanças na narração dos fatos), na primeira e segundamultiplicação dos pães. Para nós termos uma idéia, na primeira Mateus coloca que era em número,aproximadamente, de 5 mil homens, sem contar crianças e mulheres, que o seguiam e ali estavampara ele alimentar. Vocês imaginem como uma pessoa podia congregar tamanha multidão, para aépoca. Na segunda multiplicação dos pães, 4 mil pessoas.

Vamos buscar o apoio de Amélia Rodrigues, no livro “Trigo de Deus”, página 88, capítulo15, “Sofrimentos e Jesus”. Vamos ver uma narração de Marcos 6:53 a 56: “que, assim que saíramdo barco, os de lá reconheceram-no, acorreram de toda aquela região e começaram a levarenfermos nos catres para o lugar onde sabiam que Ele se encontrava. Nas aldeias, cidades e casas,

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onde quer que entrava, colocavam os enfermos nas praças e rogavam-Lhe que os deixasse tocarpelo menos a franja da Sua capa. E quantos O tocavam, ficavam curados.” Isso era sempre.

E aí Amélia coloca:“O poder de Jesus!Dele se desprendiam virtudes como das rosas perfume.Quem o tocasse, mimetizava-se de saúde e paz, restaurava-se, plenificando-se de

harmonia.”(Trigo de Deus – Pág. 90 – cap. 15 – “Sofrimentos e Jesus” – Amélia Rodrigues(espírito) – Divaldo Franco)

Mimetizar significa a faculdade, a habilidade que tem o camaleão de se transformar, deacordo com as circunstâncias, situação, o ambiente. E Divaldo gosta muito de usar mimetizar. Elecolocava que estar com o Cristo, ter oportunidade de sentir o Cristo, não havia espírito que não semimetizava, era de imediato aquela transformação. Porque o Senhor alcançava a acústica de cadaser, ele ia no interior de cada ser e conseguia descobrir, sentir as fragilidades, a gênese dosofrimento de cada ser.

Nós vamos ver que nos livros de Amélia, ela sempre aborta isto. Não tinha aquele ser querealmente, não estivesse sensibilizado para a transformação, que não se transformava. Havia seresque os próprios autores espirituais colocam, que não era o momento, mas a semente jamais foiperdida. Como não é até hoje.

Nós vamos lembrar de dois solos distintos. Paulo de Tarso, ao contato com o Cristo, apesarde todas as ilusões, enganos que Paulo cometeu, imediatamente, ele se mimetizou. “Paulo, Paulo,por que me persegues?” Ele reconheceu o seu Cristo.

No entanto, no livro “Há dois mil anos”, capítulo 5, nós vamos ver o nosso queridoEmmanuel, “desperdiçando” a oportunidade. Até o Cristo o adverte dizendo o seguinte: “Senador,por que me procuras?” E aí o Senhor Jesus adverte, que nas futuras reencarnações dele, aqueleencontro seria a referência de sua transformação, da sua cura, do seu aperfeiçoamento. “Está porémno teu querer, aproveitar agora esse momento. Mas, daqui alguns milênios, este momento será atua referência. Mas ninguém poderá agir contra a tua própria consciência, se quiseres desprezar,indefinidamente, este minuto ditoso. Pastor das almas humanas, desde a formação deste planeta,há muitos milênios, venho procurando reunir as ovelhas tresmalhadas, tentando trazer-lhes aocoração as alegrias eternas do reino de Deus e de justiça.”

Nós verificamos dois espíritos queridos do nosso coração, um soube identificar e aproveitar,o outro deixou escapar. Mas a semente ao longo dos milênios, iria germinar e o ponto de referênciadele, seria sempre aquele instante, que ele não soube identificar, como sendo um instanteprimoroso. Nem todos seriam tocados, mas os que eram tocados, imediatamente, se curavam.

Quando nós falamos de cura, estamos falando da gênese do sofrimento daquele ser. Nãoestamos falando do mal superficial. As pessoas eram tocadas neste momento, nas suas raias maisprofundas.

E Amélia continua no livro Trigo de Deus, página 90, capítulo 15, “Sofrimentos e Jesus”:“Usina geradora de forças, exteriorizava energia curativa, sem qualquer prejuízo para a

fonte de produção.” Nós não conseguimos nem mensurar.Ao leve contato com o Cristo, não precisava nem tocá-lo. A energia do Mestre era tão forte,

ele exteriorizava tanta energia curativa, que os seres ficavam curados.“Ele passeava o olhar compassivo sobre as humanas misérias, e recompunha as paisagens

conflitivas da alma.” Já imaginou o olhar do Cristo. Ele olhava e o ser conseguia, naquelemomento, se reencontrar. Ele sabia do que necessitava para reformular a sua escala de valores. Aoolhar do Cristo. Tamanho era o magnetismo do Mestre.

“O seu vigor restaurava as carnes destroçadas e, penetrando nos seres, desobstruía-lhes oscondutos, facilitando a circulação da vitalidade que devolvia os movimentos aos membros hirtos,aos órgãos paralisados, propiciando-lhes vida.”

(Trigo de Deus – Pág. 90 – cap. 15 – “Sofrimentos e Jesus” – Amélia Rodrigues(espírito) – Divaldo Franco)

Quando Amélia coloca aqui “desobstruía-lhes os condutos”, ela não está se referindo aoscondutos físicos, que faz com que a criatura recupere a sua saúde física apenas. É desobstruindo os

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condutos da alma. Aquelas causas que estão propiciando naquele momento, aquele efeito. Gerandona criatura o momento de reflexão, de arrependimento, de amadurecimento, que é favorecido a elaatravés de uma trégua.

Nós encontramos na literatura espírita, vários casos de espíritos que reencarnam, têm umatrajetória na carne amena, tendo em vista, não terem condições de iniciarem o seu processo deresgate de forma efetiva. Há uma trégua, para que através do seu despertar, eles possam promoverações no bem, adquirindo méritos, conseqüentemente, créditos, para que eles possam respirar diantedas cobranças que advirão, com certeza, em outras existências.

Então, o que o Senhor Jesus promovia, não era cura efetiva do ser, ele promovia o despertarda alma. Aquele despertar da alma, promovia no ser, logicamente, a cura, para que ele pudesseamadurecer a necessidade real de transformação. Era uma trégua, não era uma cura definitiva.

“Estão perdoados os teus pecados.”, ou seja, neste momento. O Cristo sentiu que ele sesensibilizou e é dado aquele espírito uma trégua. Porque se ele não despertar diante daquelaoportunidade, conferida por ele, a enfermidade retornava.

“Ninguém, jamais, surgiria a Ele semelhante, ou nunca, antes, alguém que a Ele seaproximara.

Jesus é Único na Terra!Os miasmas gerados pelo pessimismo enfermam o ser, e as ondas morbíficas das doenças

orgânicas perturbam a mente, alteram a conduta, alucinam a alma.”(Trigo de Deus – Pág. 90 – cap. 15 – “Sofrimentos e Jesus” – Amélia Rodrigues(espírito) – Divaldo Franco)

Então, aquelas criaturas encharcadas, impregnadas de pessimismo, de dores, de doençasorgânicas, mentes conturbadas, Ele chegava ali, desanuviava, dava uma lucidez àquele ser,limpando todos os distúrbios psíquicos. A criatura conseguia raciocinar, refletir e daí tentarcaminhar. Para que aquele mal não retornasse, era dada a ela uma trégua.

“A saúde, portanto, resulta da harmonia entre o pensamento e a ação enobrecidos, numaperfeita identificação do espírito que cumpre com o dever, e do corpo, por ele impulsionado, quelhe executa as ordens.

O sofrimento surge como efeito da desobediência, dos abusos, da agressividade, daprevalência do egoísmo em a natureza.

(Trigo de Deus – Pág. 91 – cap. 15 – “Sofrimentos e Jesus” – Amélia Rodrigues(espírito) – Divaldo Franco)

Nós verificamos que todas aquelas criaturas que o buscavam, Ele dava uma segundaoportunidade, Ele dava uma trégua. Porque mesmo os espírito puros, muitas das vezes nos socorrempor compaixão. Joanna de Ângelis e Amélia colocam que é a dor por amor, gera compaixão. Emmuitas passagens de cura, Jesus atendeu por compaixão. Segundo a interpretação de Joanna eAmélia, Ele tinha compaixão pelos seres e se sensibilizava diante das misérias das criaturas e lhesatendia, pela compaixão, pelo amor.

Por que a multidão o seguia? Primeiro, porque Ele curava. Ele dava sempre, como a própriaLei nos dá, uma segunda oportunidade.

O que fazia com que aquela turba se fascinasse pelo Mestre? Ele colocava assim: “Não vimjulgar o mundo, mas vim para salvar o mundo.” As criaturas naquela época, eram condenadas àmorte, pelo menor delito que fosse. A impiedade imperava. Os julgamentos eram rígidos, cruéis,atrozes. Chega o Mestre e diz que não julga ninguém e veio para salvar o mundo. O mundo viviasob o jugo de um único senhor, pelo menos aquela parte do Oriente, que era Roma.

Qual era a visão daquela multidão diante do Mestre? Salvador, na acepção real do termo.Transparecia para a multidão, misericórdia pura. Ele não vai me julgar, pelo contrário, Ele vai mesalvar das garras do meu verdugo. E Ele colocava que era o Salvador.

Além de promover a salvação do mundo (“Meu reino não é desse mundo” – João 18:36),tinha também a salvação individual. O Mestre pregava que iria salvar o mundo. Também em muitascuras, Ele colocava: “A tua fé te salvou.” Mas, quem promoveu aquela cura foi Ele. Ele abriu abrecha para que aquele espírito pudesse realmente, querer e ser atendido.

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Na passagem da mulher hemorroíssa (Marcos 5:34) “Filha, a tua fé te salvou, vai em paz efica curada do teu mal.” Ele a curou do fluxo sangüíneo, mas alerta: vai e fica curada do teu mal.Que mal? O mal que provocou aquela situação.

O Cristo também se apresentava como médico. Em Lucas 5:31 Ele diz assim: “Os sãos nãotêm necessidade de médico, mas sim os enfermos. Não vim chamar os justos, mas os pecadores...”Primeiro, a visão de médico, Ele se colocava como médico e em segundo, Ele não veio chamar osjustos, mas os pecadores. E na vocação de Levi, bem como, também de Zaqueu, o Mestre perdoavaos pecadores. Jesus colocava na época, os erros como enfermidades. Olha a consolação, gente.

Os publicanos eram vistos perante a sociedade da época, como marginais, comoexploradores. Chega Jesus e diz que aqueles erros eram perdoados e que Ele veio para ajudá-los.

A fama do Cristo era tão forte, de ser misericordioso, que Zaqueu vendo-O de longe, aprópria Amélia coloca: Zaqueu o rico em humildade. Ele foi em busca, porque ele estava naquelaprofissão, mas queria se melhorar, queria se recuperar. Ele era o único naquela sociedadepervertida, que abria a porta para ele. Era o salvador dele. Imediatamente o Cristo colocou para ele:“A salvação entrou na tua casa Zaqueu. Hoje a salvação entrou nessa casa.” Por causa datransformação dele.

“... O filho do homem tem poder sobre a Terra de perdoar os pecados...” (Mateus 9:6)Além de aceitar os marginais, os errantes da época, os publicanos, ele perdoava os pecados dascriaturas.

Vocês imaginaram a criatura que era enferma, que sabia que estava enferma porque Deus acastigou e que tem um Cristo, que é capaz de perdoar os pecados dela? O que nós faríamos setomássemos conhecimento que o Cristo se encontra na esquina? Todo mundo saía correndo.

As pessoas o viam como um curador, um homem que curava todas as enfermidades.Salvava. Tinha os pecadores não como criminosos e sim como enfermos e perdoava todos ospecados. O fascínio que Jesus exercia pela multidão era muito grande.

Nós vamos encontrar em Marcos (1:32) e Lucas (4:43) o Mestre dizendo assim: “Não foipara isso que eu vim.” Não foi para resolver os problemas imediatos e sim para ensinar.

Essa passagem é posterior à cura da sogra de Pedro. Jesus chegando na casa de Pedro, asogra estava enferma e foi curada. Ela fez um jantar, como forma de exteriorizar a gratidão aoMestre, já que poucos o agradeciam. No dia seguinte, ao amanhecer, a casa estava cercada. OSenhor saía cedo para orar e chega Simão Pedro, que era como nós, meio rude, estouvado e diz:“Senhor, estás aí a orar e a multidão te aguarda.” Jesus então responde: “Vamos para outrasaldeias e sinagogas, pois foi para isso que eu vim.” Encontramos nesta única citação, o Cristodizendo a finalidade da sua passagem pelo planeta. Ensinar.

Lucas(4:42,43) – “42Quando se fez dia, tendo saído, foi para um lugar deserto. As multidõeso buscavam, encontraram-no e detinham-no, para que se não afastasse deles. 43Mas ele disse-lhes:É necessário que eu anuncie também às outras cidades a Boa-nova do reino de Deus, pois paraisso é que fui enviado.44E andava pregando nas sinagogas da Galiléia.”

Nós vamos encontrar em vários capítulos dos Evangelhos, os evangelistas sempre tendo ocuidado de colocar que o Senhor pregava aos sábados nas sinagogas. O Senhor curava, expulsava osdemônios e ensinava. E aqui ele nos diz: “Eu vim para ensinar.”

Qual a causa da enfermidade? A ignorância, a ausência da educação. Enfermamos porquenão somos educados.

DOENÇA => AUSÊNCIA DE EDUCAÇÃO.EDUCAÇÃO => CURA (da enfermidade que estou vivenciando) e PREVENÇÃO (de

males futuros, porque deixarei de errar).Tanto a CURA quanto a PREVENÇÃO estão diretamente ligados à EDUCAÇÃO da alma.

Por isso, que os evangelistas ressaltam em vários momentos dos Evangelhos, o Cristo curava,expulsava demônios e ensinava.

Em João 8:32 Ele diz assim: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” E também:“Conhecereis a verdade...” O que vem a ser a verdade? Jesus. Ele é a verdade.

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Nós muitas das vezes, acreditamos, que a nossa cura se encontra distanciada do Cristo.Temos dificuldade de identificar no Cristo o nosso, na acepção real do termo, Salvador. Não asalvação estática, aquela salvação que precisamos trabalhar em nós. Porque Ele falava: “Tua fé tecurou, mas não voltes a reincidir no erro. Não voltes a pecar senão tu enfermarás.”

Para preparar a turma Ele diz assim: Eu vim para ensinar, mas a recompensa datransformação, vocês não obterão aqui, neste plano corpóreo. Ele dá vários ensinamentos,mostrando-nos a nossa natureza, a nossa destinação.

Colocamos só duas: “Meu reino não é deste mundo.” (João 18:36)Kardec comentando esta citação de João diz que, em todos os ensinos de Jesus está

intrínseca a revelação da vida futura. Se nós analisarmos mesmo, vamos ver.Nós só conseguiremos lutar, brigar pela cura e pela prevenção de outros males, se tivermos

ciência de quem somos nós.Na passagem lindíssima que vamos encontrar em Mateus 6:28-34: “Porque vos inquieteis

com o vestido? ...Buscai pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça, e todas estascoisas vos serão dadas por acréscimo...”

Quando nós enfermamos, imediatamente, nos agarramos com os bons espíritos, pedindo quenos cure. Temos a dificuldade de parar e analisar: Eu estou enfermo, mas por que estou enfermo?Se naquele momento buscar a causa, você se fortalece. Passa a energia para o corpo e se fortalece.Vejam a importância da reflexão. Mas nós nos desesperamos de tal maneira, que saímos correndoatrás de uma orientação para a cura. E a cura está onde? Em nós. De nós iniciarmos um processo deauto-educação. “Eu preciso debelar o que provocou o meu estado atual.” É muito difícil, mas nãoimpossível, senão o Cristo não colocaria para nós, a viabilidade de nós vistoriarmos, no processoeducacional.

Em outro item, João 14:1-6: “Na casa de meu Pai há muitas moradas... Vou preparar olugar para vós...”

Nós encontramos nessas citações, o Senhor colocando para todos nós, a nossa natureza e anossa destinação, porque nós não pertencemos a este mundo.

A partir do momento que tomamos conhecimento do que nós somos, o que ocorre? Estamosem condições de entendermos melhor a terapia para debelarmos aquele mal. Só que a terapia que oMestre promovia junto a turba, nós temos que qualificar como pedagogia. Era um métodoeducacional. Era um tratamento integral. Ele promovia em todas as almas, para que obtivessem acura real, não a cura transitória, a educação do ser.

Processos pedagógicos que o Mestre utilizava:1 – Áudio e Visual;2 – Cura;3 – Compaixão;4 – Austeridade;5 – Dor;6 – Prece;7 – Fé;8 – Recompensa;9 – Reconhecimento;10 – Amor (compreensão/consolação/esperança).O Mestre não desperdiçava o audiovisual. Ele ensinava pela palavra, mas também, ratificava

através dos exemplos e dos fenômenos.O Mestre ensinava pela palavra. Pela palavra Ele revelava, consolava, esclarecia, dava

esperança aos corações. Mas, pelo visual Ele exemplificava e promovia os fenômenos, que atraíamas multidões, que ficavam embevecidas. E diante dos vários fenômenos, as pessoas o identificavamcomo profeta, como enviado de Deus.

Era um profeta educacional, promovia nesses seres o despertamento. Através do fenômenoEle despertava, dava o conhecimento, para promover a convicção dos seres.

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 99

Compaixão – Quantas e quantas passagens, Jesus se compadecia da multidão e a curava. Ea compaixão sensibilizava àqueles seres e os despertavam. Despertou Zaqueu, Levi, Madalena. Acompaixão, a misericórdia do Cristo. Converteu Maria de Madalena. Porque ninguém a haviatratado como Ele a tratou. Isso sensibilizava os seres. Ele não julgava, não censurava, Ele ajudava,Ele socorria, salvava. Por esse exemplo, Ele conseguia atrair multidões e curava as pessoas.

Austeridade – Ele puxava a orelha quando tinha que puxar. Vamos encontrar autoresespirituais dizendo que muitos se convertiam. Vamos ver ele puxando a orelha de Nicodemos: “Tués doutor da lei e não sabes essas coisas?” E despertou Nicodemos, como despertou muitos outrosfariseus, doutores da lei. Ele era severo quando tinha que ser severo.

No momento dos vendilhões do Templo (João 13:13), nos vários diálogos com os fariseus(Mateus 12 e 16). O lunático (Mateus 17:14), Ele puxou a orelha até dos seus apóstolos: “O raça deincrédulos, até quando permanecerei convosco?”

A austeridade marca, semeia, desperta. E quantos seres foram despertados. Uns pelacompaixão, outros pela austeridade.

A mulher adúltera (João 8:1 a 11), compaixão intermeado de austeridade. “Eu não tecondeno, mas não erres mais.” Ele foi austero, não foi conivente.

Isso transforma e promove a educação do ser. Metodologia do Mestre.Dor – Nós vamos ver o próprio Mestre se ressentindo, antes do momento do calvário.

Vamos ver isso em Mateus 26:36 a 46: “Então, foi Jesus com eles até uma granja chamadaGetsêmani e disse-lhes: sentai-vos aqui, enquanto eu vou acolá orar. E tendo tomado consigoPedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e angustiar-se, disse-lhes então: aminha alma está numa tristeza mortal. Ficai aqui e vigiai comigo. E adiantando-se um pouco,prostrou-se com o rosto em terra orando e dizendo: Meu Pai se é possível, passe de mim estecálice. Todavia, não se faça como eu quero, mas sim como tu queres.”

A dor é inevitável, o sofrimento não.Nós acreditamos que atingindo o grau de pureza não há dor. E Amélia coloca a dor por

amor. Porque o Cristo quando se compadecia dos nossos sofrimentos, era um processo de empatia.Ele era piedade. Piedade é quando você sente a dor do outro e o socorre. E o Cristo se

compadecia. Era a dor por amor que Amélia Rodrigues coloca da seguinte forma:“Certamente, há o sofrimento do amor, porém, em dimensão transcendente, qual o de Jesus

pelas criaturas, pelas multidões inconscientes, que jornadeiam gerando aflições para si mesmas.Por isso, a Sua compaixão prossegue infinita, e as dores que Lhe são infligidas permanecem

como efeito do descaso geral ao Seu inefável amor.”(Trigo de Deus – Pág. 89 – cap. 15 – “Sofrimentos e Jesus” – Amélia Rodrigues(espírito) – Divaldo Franco)

Nós temos aquela passagem, bem recente de Hilário Silva, quando Eurípedes tem aoportunidade de ver o Cristo chorando e Ele coloca que chora por todos aqueles que conhecem oEvangelho e não o segue. Vamos encontrar nos Evangelhos passagens do Cristo chorando,inclusive, diante da morte de Lázaro. Os narradores colocam que o Cristo o amava muito, bemcomo ele e as irmãs, toda aquela família. O Cristo se compadecendo, dizendo inclusive, que estáentristecido, tendo em vista, a miséria humana.

A dor é companheira do espírito, enquanto perdurar o sofrimento no Universo. Enquantoperdurar o sofrimento no Universo, a dor sempre será companheira dos grandes amigos espirituais.Porque eles se compadecem pelo nosso sofrimento.

Nós acreditamos que espírito puro não passa por processos de dor. Eles não passam porprocessos de sofrimento, de dor, sim. Porque, enquanto houver dor na casa do Pai, eles sentirão pornós. Pela nossa ignorância, pela nossa rebeldia.

O sofrimento está vinculado à ignorância.A dor sempre será a nossa companheira, no nosso processo evolutivo e também quando

recebermos responsabilidades maiores de espíritos que permanecerão sob a nossa guarda. Quandoum filho nosso sofre, nós não sofremos também? Nós não nos deixamos envolver, mas noscompadecemos do seu sofrimento. E assim é a dor. A dor sempre será a nossa guieira em nossatrajetória.

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O sofrimento é opção do espírito. O sofrimento denota desequilíbrio e ignorância, referenteaos desígnios Divinos. E aí o que acontece? Enferma.

O Senhor Jesus foi para a crucificação. Como humano Ele sentiu dor. Mas estamos falandode dor transcendente, não perecível, a nossa dor de espírito.

Os cristãos primitivos iam para as arenas, cantando hosanas ao Senhor. Doía, claro, elesestão no corpo, mas eles não sofriam. Eles conseguiam transcender o real significado da dor. Amatéria fica ressentida, mas o espírito é capaz de transcender a repercussão da dor no corpo físico.Depende da educação do ser, do nosso psiquismo.

Prece – Têm várias citações. Tem Mateus 7:7 a 11 (Eficácia da oração), Lucas 5:15 (Oraçãode Jesus).

O senhor Jesus também coloca. Ele nos ensina a nos educarmos através da prece.Divaldo P. Franco em uma de suas palestras, conta que estava passando numa igreja no

Pelourinho, na Bahia e um dos espíritos guardiães daquela igreja, o convida a ver o que se passavadentro da igreja e Divaldo entra. Era um franciscano desencarnado e ele diz: “Veja a eficácia daprece.” As pessoas ali sentadas orando. Uma ia para um encontro que iria comprometê-la, a partirdo momento que começou a orar, eles conseguiram penetrar nas profundezas do seu coração eretirá-la daquela idéia de se corromper cada vez mais. A outra estava orando e eles estavam comoque escamando substâncias do perispírito dela, facilitando a amenização das dores que ela estavasentindo. O outro era obsediado e com isso, estavam fortalecendo a vontade dele lutar a seu favor,não cedendo à subjugação daqueles irmãos que o acompanhavam. Isto tudo através da eficácia daprece.

Nós verificamos, que quando oramos, transcendemos e conseguimos entrar em contato comos nossos amigos espirituais. E com isto, somos socorridos em nossas necessidades e em muitasocasiões, eles promovem o nosso arrependimento, a nossa reflexão, para que possamos debelar aignorância, que é a causadora daquele mal físico ou espiritual que estejamos enfrentando. Apesar desabermos que todo mal físico tem a sua raiz num mal moral.

Fé – Lunático (Mateus 17:14); A mulher hemorroíssa (Mateus 9:20); A fé é o querer, é opotencial do espírito, em querer vencer aquela dificuldade. Porque somos capazes, é sócanalizarmos a nossa energia.

O Cristo coloca para nós, que somos o sal da terra, somos a luz do mundo, somos deuses.Nós temos condições, temos potencialidades, que estão em latência. Mas, precisamos fazer com queelas eclodam.

Quando os apóstolos estavam com Jesus, no início da trajetória dele, eles ainda eramfragilizados na fé. A partir do momento que eles perceberam, vivenciaram o perigo, eles seenfraqueceram. Jesus teve que voltar, retomar a situação, mostrar o quanto eles eram capazes. Apartir do momento que eles criaram ambiência em suas vidas, para permitir a eclosão definitiva desuas potencialidades, as pessoas eram curadas até na sombra de Pedro.

Nós vamos encontrar em Atos dos Apóstolos, a reviravolta dos apóstolos. Eles serem ostocadores da transformação daqueles seres, que os buscavam em nome de nosso Senhor JesusCristo.

Nós podemos, somos capazes, mas temos que nos descobrir, que nos educar.Recompensa – Sermão da Montanha. É recompensa, é escambo. Bem-aventurados os

aflitos que serão socorridos, atendidos. Bem-aventurados os puros de coração, que herdarão a Terra.Ele sempre dá algo em contrapartida. Ele ensina pela recompensa. Se vocês fizerem isso, terãoaquilo. Muitos só são movidos pelo escambo, pela troca.

Reconhecimento – O Senhor Jesus usava do reconhecimento para despertar os seres.A cura do servo do centurião (Mateus 8:5 a 13) – Naquele momento quantas pessoas Ele não

levou à reflexão, quando disse: não encontrei ainda em Israel, tamanha fé. Leva qualquer um àreflexão.

A mulher cananéia (Mateus 15:21) – Ela exteriorizou uma humildade infinita. Jesus coloca:a tua fé te salvou.

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 101

O Mestre também usava o reconhecimento e nós, nos deixamos levar sempre, pela críticadestrutiva. Aí, ao invés de educarmos, distanciamos o ser.

Amor – Lázaro (João 11), Madalena (Lucas 7:36).Ele demoveu Madalena de toda aquela situação. Porque quando Madalena esteve com Ele,

que foi na casa de Simão Pedro, que é narrado por Humberto de Campos, por Amélia Rodrigues epor Joanna de Ângelis. Madalena foi buscar Jesus, era na sala de Simão Pedro e a porta estavaentreaberta. Quando ela entra e vê a figura de um homem belo, de olhos castanhos, cabelos da cordo mel ou de ouro envelhecido, e ela cai de joelhos e diz:

— Mestre.Ela reconhece. O magnetismo de Jesus era inconfundível.Ele diz: — Maria.A emocionou: — Mas tu sabes o meu nome Senhor?— Como não Maria, eu conheço cada uma de minhas ovelhas.— Mas então tu sabes o que eu sou?— Só sei Maria que tu tens sede de amor.— Mas Senhor, amar a quem? Aos homens que me jogaram nessa vida?— Não Maria. Eu não te digo que ames a esses homens, mas ames às mulheres que não têm

filhos, aos filhos que não têm mãe, às mulheres equivocadas que nem tu. Ames Maria.— Senhor, dar-te-ei minha vida.— Não agora Maria. Um dia, que não está longe nem perto, eu te pedirei a vida. Vás e não

tornes a errar.Vocês acham que esse momento de amor, de compaixão, o que promoveu em Maria? Uma

das maiores companheiras do Mestre. Maria jamais se distanciou do Senhor. Nem no calvário, elanão temeu ser confundida como aliada do Cristo, ela permaneceu com Ele. Inconsolável foi embusca do Senhor na sepultura, buscava o seu Mestre. Aquele único ser que a havia amado, que nemmesmo os apóstolos aceitavam, pelo preconceito da época, por ela ter sido uma ex-meretriz.

E para quem o Mestre apareceu? Maria.E quem foi que retirou Maria do corpo? O Mestre, seu Mestre, o nosso Mestre.Então, nós vamos ver o Senhor Jesus, recuperando almas pelo Amor que transmitia às

criaturas.Vamos ver a CURA. A cura se dá através da aplicação do Evangelho do nosso Senhor Jesus

Cristo.Nós vamos ver um relato de Inácio de Antioquia, que foi um dos discípulos do Senhor Jesus.

Olhem só a transformação do espírito:“Depois dEle, quando o incêndio do amor tomou conta das vidas e os mártires se

levantaram para glorificá-lo, colocando sobre os ombros as cruzes dos testemunhos, Inácio deAntioquia, seu discípulo, denunciado e condenado, antes de seguir a Roma para o holocausto,declarou:

— Sou trigo de Deus e desejo ser triturado e os dentes das feras devem moer-me, paraque possa ser oferecido como limpo pão de Cristo.

Recusou o apoio dos amigos influentes na capital do Império, porquanto a sua maiorambição era a doação total, recordando o seu amado Crucificado, cujo madeiro lhe pesava sobreos ombros.

...E desde então, a aceitação do Evangelho unia à pessoa o martírio futuro.” (Trigo de Deus – Pág. 11 – Amélia Rodrigues(espírito) – Divaldo Franco)

Nós verificamos aí, a cura integral do ser. O ser, querendo renunciar em prol de uma causa.Não era vaidade própria, ele dispensou o auxílio dos maiores em Roma, para que ele pudesse selivrar do circo. Mas ele sabia que deixaria nos cárceres, inúmeros inocentes, que estavam ali poramor ao Cristo. E que jamais teriam a coragem de abandonar, abjurar ao Cristo. Por isso, Inácio, poramor, por compaixão, por renúncia, acompanhou-os, até eles serem devorados pelas feras.

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Nós verificamos nesses cristãos primitivos, a real transformação do ser. A interiorização daverdade, conseqüentemente, a cura de todos os seus males. Porque, à medida que nós noseducamos, vamos nos curando e nos prevenindo de males maiores.

Tem um outro espírito, que é um exemplo grandiosíssimo, que todos nós conhecemos, que éa nossa querida Joana de Cusa. Quando ela foi ter com Jesus, ela queria segui-lo, mas ele falou:“Não, tu irás vivenciar o meu Evangelho ao lado de Cusa, o teu marido. Um dia você se prestaráao testemunho.” Passaram-se 30 anos, até que Cusa foi aprisionada, ao lado de seu filho numacatacumba. Aonde eles estudavam, pregavam, oravam ao Senhor Jesus. Ela foi levada à fogueira.Roma tendo em vista a sua posição anterior, esposa de um senador, só solicitava que ela negasse oCristo na fogueira. E o que ela fez? Jamais. Ela disse: — Não posso. Há 30 anos, eu deixei deacompanhar ao Mestre pelo meu marido, nada hoje me fará renunciar ao Mestre.

Um soldado dizendo: — Miserável, deixarás teu filho morrer contigo, só por não negar esseCristo?

Ela disse: — Não posso. O Mestre disse que um dia eu teria que dar o meu testemunho, aminha vida por amor a ele. No Cristo, eu descobri a verdadeira vida. Não posso.

E o filho a gritar: — Mãe, negues a esse miserável, por amor a mim.— Ele nos dará a vida eterna, meu filho. Não posso. Hoje descobri o Mestre. Eu sou do

Cristo, o Cristo vive em mim.Jogaram o archote, ela começou a queimar e por último o soldado vira para Joana e diz:— Miserável, estás a morrer, a matar o teu filho por amor a um carpinteiro, é isto que ele te

ensinou?— Não apenas isso, mas também, a te perdoar.Joana estava curada.

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 103

Tema 3 – PrevençãoAula dada por EULINA CASTRO em 06/09/2003

No tema 3 nós vamos tratar de: O que fazer para se prevenir com relação às doenças.É o que a Doutrina Espírita, a Casa Espírita traz para nós, como medida preventiva para que

a gente vá abandonando o campo das doenças.O que é a significação da Terapia Espírita? A resposta do dicionário é a seguinte: é a parte

da Medicina que trata da escolha e administração dos meios de curar doenças.Você, num estado de doença se sente infeliz. Se você tem meios, pode através da terapia

escolher e administrar como curar doenças.A terapia trata também da natureza dos remédios. Além disso tudo, a gente vai poder

perceber qual é o remédio, a medicação que teremos que usar.“A Terapia Espírita é a do convite ao enfermo para a responsabilidade, conclamando-o a uma

auto-análise honesta, de modo a que ele possa romper em definitivo com as imperfeições, reformulandopropósitos de saúde moral e mergulhando nos rios claros da meditação para prosseguir revigorado,senda a fora”.

(Bastidores da Obsessão – Espírito Manoel P. de Miranda – Médium: Divaldo P. Franco – Ed. FEB.)

Manoel P. de Miranda fala do convite ao enfermo para a responsabilidade. A terapia espíritaconvida à pessoa que está enferma, à responsabilidade de si mesma. Isso não significa dizer, quenão temos preocupação com o próximo, mas que a gente passe a perceber o seu eu. Chama acriatura para fazer sua auto-análise.

Ele diz para nós: “...conclamando-o a uma auto-análise honesta...”. Por que é uma auto-análise honesta? Quando estamos com qualquer problema, temos a tendência a autopiedade. Agente fica com uma pena da gente. Essa auto-análise tem que ser em princípio, honesta. Tenho queusar de honestidade comigo. Não adianta botar paninho cor-de-rosa, amarelinho para cobrir. Eutenho que ver, igual o móvel da casa da gente. Agora ninguém usa paninho, mas antigamente. Opaninho, às vezes, encobria uma sujeira, uma marca. Então o paninho era a salvação. Então, temque ser uma análise honesta, não podemos botar paninho em cima da gente. Não uma análisehonesta em relação ao outro, não. O outro, é problema dele. A análise é com a gente.

Ele ainda diz: “...de modo a que ele possa romper em definitivo com as imperfeições...”.Quando eu faço uma auto-análise honesta, vou cortar as minhas imperfeições. E é isso que a gentenão quer. Queremos tirar a imperfeição do outro.

O que é a imperfeição? É o estado do não-perfeito.Jesus já recomendou isso há 2000 anos, quando disse para nós: “Sede perfeitos como

perfeito é o vosso Pai celestial.” Há quanto tempo ele chama a gente para este estado de perfeição,mas ainda continuamos rebeldes. A gente quer que Deus faça o que a gente quer. Mas, a gente nãoquer fazer o que Deus sabe que é melhor para nós. Então, continuamos neste estado de imperfeição.

Para romper com essa imperfeição temos que fazer uma autocrítica.Na questão 895 de O Livro dos Espíritos.

Pergunta 895: Postos de lado os defeitos e os vícios acerca dos quais ninguém se pode equivocar,qual o sinal mais característico da imperfeição?Resposta: “O interesse pessoal. Freqüentemente, as qualidades morais são como, num objeto de cobre,a douradura que não resiste à pedra de toque. Pode um homem possuir qualidades reais, que levem omundo a considerá-lo homem de bem. Mas, essas qualidades, conquanto assinalem um progresso, nemsempre suportam certas provas e, às vezes, basta que se fira a corda do interesse pessoal para que ofundo fique a descoberto. O verdadeiro desinteresse é coisa ainda tão rara na Terra que, quando sepatenteia todos o admiram como se fosse um fenômeno.

“O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais seaferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo desinteresse, aocontrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o futuro.”

O sinal mais característico que nós trazemos como imperfeição, os espíritos são bem claros,é exatamente, o interesse pessoal. Eu estou pensando em mim, o outro vem depois. E este outro

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pode ser o filho, pode ser a mulher, pode ser o marido, a mãe, o pai, contanto que não fira o meuinteresse pessoal, está tudo bem. Quando chega no meu terreno, aí eu vou gritar.

Na questão 913 de O Livro dos Espíritos.Pergunta 913: Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical?Resposta: “Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereisque no fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los,enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Tendam, pois,todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade. Quemquiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todosentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Eleneutraliza todas as outras qualidades.”

Os espíritos falam para nós desde Kardec, quando foi publicado O Livro dos Espíritos(1857). Quantas encarnações tivemos de lá para cá? Pelo menos, umas duas com certeza, jádevemos estar tendo, essa deve ser a segunda, no mínimo, depois de O Livro dos Espíritos.

Então, quando Kardec fala qual o sinal mais forte das nossas imperfeições, eles dizem que éo interesse pessoal. E o interesse pessoal, na realidade, é o egoísmo, que é a chaga da sociedade.

O que é o egoísmo? Nós nos colocarmos em primeiro lugar.Eu costumo dizer, não porque sou mãe não, que o maior exercício de amor que a

Humanidade tem possibilidade de exercitar, é ser mãe.Por isso, que na aula da família, a Amália passando instruções para nós, diz que para a

pessoa ser mãe, tem que fazer um curso na espiritualidade. Ninguém é mãe de graça. Têm as mãesbiológicas, que têm uma parte nesse concerto. Mas, as mães que estão junto a seus filhos, é feito umcurso.

Que coisa maravilhosa, como Deus tudo providencia, para que você possa cuidar daqueleser. Eu acho que é o maior exercício. Porque a mãe, deixa até de comer, para dar de comer ao seufilho. Muitas das vezes está com os olhos cheios de lágrimas, dor, aflição, seja lá o que for que avida esteja lhe trazendo, mas na hora que o filho chora de fome, o coração dela está entristecido,mas ela vai lá alimentar o seu filho. Ela vai colocar o filho no colo, vai beijar, abraçar. É o exercícioem que a gente deixa de pensar no “eu”, no ego. Quando Deus nos coloca na posição de mães, éporque temos que trabalhar o egoísmo.

Os espíritos falam que o egoísmo é a chaga da sociedade.O que é uma chaga? É uma ferida, que tem mau cheiro, que é feia, tudo o que é

desagradável. É o tipo da coisa que tentamos esconder, porque é desagradável por si mesma.“...E continua o esforço para explicarmos um ramo dos trabalhos espíritas: o da sua prática,

envolvendo todos nos conceitos doutrinários, mas também trazendo para o homem o resultado doconhecimento das leis que regem os fluidos e o magnetismo e sua conseqüência imediata, que é a curapossível do corpo físico e do corpo espiritual ou perispírito, bem como todas as suas manifestações....”

Ignácio Bittencourt(Mensagem recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 07/10/1998.)

Não é só a gente vir assistir à reunião, tomar água fluidificada, tomar passe e pé no caminho.Vamos passar a ser trabalhadores. Não é só vir assistir reunião, é começar a se integrar no trabalho.

Ignácio fala em começar na prática espírita. Porque achamos maravilhoso o conteúdofilosófico. Mas ficar só na teoria, igual ao doutor que se forma e não vai para o hospital, não vaipara lugar nenhum. Adianta aquilo tudo? Ele não está ajudando ninguém. Mas ficar só na teoria nãoé o suficiente.

Ignácio fala na prática espírita, através dos conceitos doutrinários, dos conhecimentos dasleis que regem os fluidos e o magnetismo.

A gente vai entender porque pára um homem ou uma mulher na minha frente, fica passandoa mão à minha volta, o que é isso? pensa que é um ritual e não é. Ali está havendo umamanipulação de fluido, uma direção de pensamento, uma magnetização naquele corpo físico. Ématéria atuando na matéria.

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 105

A prática espírita te obriga a conhecer, trabalhar sobre isso, a buscar o conhecimento.Porque senão, vai ficar a vida inteira na superficialidade.

Prática espírita, o que é praticar? É fazer, realizar.Então, o que posso fazer, com relação à Doutrina Espírita, à Casa Espírita? Tudo o que eu

puder. O meu tempo, meu conhecimento, tudo o que eu tiver disponibilidade.Ignácio fala para nós o seguinte: para a gente nunca deixar de trabalhar esta idéia em nós e

nos outros, que não há corpo sem espírito. Porque corpo sem espírito, é cadáver. Então, a gente quer a cura? Quer. Mas temos que ver, se a doença aparece, é porque o nosso

espírito está com uma necessidade qualquer. Se não estiver, não vai ter doença, vamos estar com ocorpo tranqüilo.

“O Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e aprática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.”

(E.S.E., Cap. XVII, item 4)

O Espiritismo não institui nada de novo. Jesus lá atrás não ensinou as Leis do Pai? Ele dissepara gente: “Eu não vim destruir a lei.” Ele veio trazer para nós o conhecimento das coisas do Paique nos criou. Ele não inventou nada. Ele trabalhou com aquilo que existia, assim como oEspiritismo trabalha com aquilo que existe. O Espiritismo também não inventa nada. Quemcombate o Espiritismo, combate de maneira leviana. Porque não senta para estudar, para ver o que oEspiritismo está trazendo. Ele não está trazendo novidade, ele está trabalhando dentro das própriasleis da natureza, que Jesus trabalhou lá atrás.

Jesus efetuou curas, ensinou nas sinagogas, instruiu, curou, foi bom filho, bomcompanheiro. Jesus mostrou todos os exemplos. Foi um bom mestre. Não foi um mestre que quisum resultado imediato. Olha a paciência de Jesus.

É como o nosso mestre comum das nossas escolas. O bom professor ensina. Aí o aluno nãoaprendeu, repete o ano e vai encarar o mesmo professor no ano seguinte. E o professor não vai termá vontade, ele vai continuar insistindo com aquele aluno. É a função dele. E Jesus foi assim.Quantas repetências a gente já teve? Se nós tivéssemos que ser expulsos, já tínhamos sidodegredados, porque a nossa renitência é muito grande.

Hoje graças a Doutrina Espírita, graças aos ensinos que os espíritos trazem, somos capazesde raciocinar com maior clareza.

Então, o espírita vai aprender na prática, a entender a moral de Jesus. Ele começar a ver queo que Jesus ensinou, aquele sentido moral mais elevado, ele vai começar, dentro da DoutrinaEspírita a entender.

“...O espírita é portanto, aquele que se utiliza do conhecimento do tempo, das horas, de todosos seus momentos para tornar sua vida mais elevada, mais positiva.

Guardemos no coração a mensagem da Doutrina Espírita, e utilizemo-la em todos os atos denossas vidas, para tornar nossas vidas um preito de Amor ao trabalho e a Jesus...”

Dr. Hermann(Trecho retirado da Apostila 2002 – Pág.90 – “O Espírita”)

O espírita vai se utilizar do conhecimento. Ele estudou, ele conhece, então, vai utilizar isto.Ele vai utilizar o tempo, as horas, de todos os momentos para tornar a vida mais elevada. Porque elerecebeu o conhecimento. A Casa Espírita dá isso a mãos cheias para todo mundo.

Quando a pessoa, realmente, torna-se espírita, vai utilizar esse conhecimento recebido, o seutempo, as horas, tudo o que ela tiver disponível, em favor desse conhecimento para viver melhor. Ese ela viver melhor, quem está à sua volta, viverá melhor.

Se a gente passa a ser uma pessoa com uma compreensão melhor da vida, mais amigo, maisamorável com os outros, vai tornar a vida dos outros também mais feliz.

A Doutrina Espírita faz isso para nós e o conhecimento nos ajuda. O Espírito de Verdadefala: “Conhecerás a verdade e a verdade te fará livre.” A gente se liberta com o conhecimento.Passamos a não dar atenção a um monte de bobagens que dávamos lá atrás.

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106 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

Nós estamos quase chegando em dezembro, se analisarmos de janeiro para cá, vamos verque melhoramos. “Ah! É passinho de tartaruga.” Mas melhoramos. Porque todo esse conhecimentotraz para nós a melhoria de pensamento, de comportamento, de muitas coisas que favorecem a nós eaos outros.

Ninguém pode dizer que veio para a Casa Espírita e não aprendeu nada, não ganhou nada.Ganhou sim, ganhou conhecimento e vai aplicar se quiser.

Foi perguntado ao Espírito Balthazar para que tanto Encontro na Casa Espírita? Ele disseassim: “Nos Encontros, nos estudos, vocês vão receber informações e conhecimentos, que de umaforma geral, vocês só receberiam no Plano Espiritual.” Então, eles estão antecipando para nós. Eledisse que os Encontros eram para alavancar o nosso progresso.

Nós temos uma companheira que trabalha na desobsessão e ela dinamizou no Encontro doDr. Bezerra. Ela estudou todo o tempo, mas, achava que não tinha capacidade. Demonstrou quetem. Quando foi para o trabalho, ela trabalhou com muito mais facilidade com os espíritos. Eladisse assim: “Gente, como estudar nos Encontros facilita o nosso trabalho.” E é verdade. Conformea gente vai aprendendo, facilita. É na cura, na aula, na desobsessão. Porque você está recebendoconhecimentos, que não têm nos livros. Você vai ter nas apostilas dos encontros. Olha como éimportante a gente estudar, para melhorar a nossa condição de trabalho, para nos qualificarmosmais, como as empresas fazem. Coloca o funcionário para fazer cursos, para poder desempenhar oseu papel. E os encontros fazem isso com a gente, nos ajuda a trabalhar melhor aquilo que estamosfazendo, executar melhor.

No papel da Casa Espírita, Regras no Trabalho Espírita da Apostila de 2002.“...Fica-se, então, com uma incerteza se o homem se tornaria joguete das circunstâncias se

não houvesse a determinação para sua vida, para o seu trabalho na Casa Espírita, para convivênciacom o semelhante se não houvesse a determinação à Lei do Amor, de Caridade, de Compaixão.

Assim irmãos, trabalhem nas regras, trabalhem nas orientações, trabalhem em todas asnecessárias ordens para serem cumpridas, mas em nenhum momento se esqueçam da caridade, dacompreensão, da compaixão também.”

Neste período em que o Espiritismo irá conhecer maior expansão, em que homens aparecerãocomo líderes sem os serem, no momento em que muitas criaturas tentarão dizer que são condutores deuma tarefa essencialmente livre, é preciso que saibamos discernir e colocar sempre Jesus à frente.

Que Ele, Jesus, nos ajude na hora dos combates, que Ele, Jesus, nos ensine a ter caridade,compaixão, compreensão e que todos nós encarnados e desencarnados saibamos respeitar-lhe o nomeno trabalho na difusão doutrinária, que Ele nos ajude, abençoe e conduza sempre.

Muita paz!”Hermann

(Trecho retirado da Apostila 2002 – Pág.91 – “Regras no Trabalho Espírita”)

As regras na Casa Espírita são necessárias. É por isso, que a gente não pode chegar e fazerhorário próprio. É por isso, que a Casa vai tentando abrir frentes de trabalho, horários, para poderacomodar às diversas necessidades.

A disciplina na Casa Espírita é exigida, porque são regras as quais temos que nos submeter.Porque liberdade demais vira anarquia. Tem que ter hora de começar, hora de terminar. Porquesenão a coisa fica totalmente fora de controle. Fora de controle, o trabalho acaba. E aí, as pessoasprecisam da ajuda e nós precisamos do trabalho, e daqui a pouco não tem emprego porque a CasaEspírita fecha. Em razão da bagunça da gente e da falta de pulso do diretor. É por isso que o diretortem que ser sério, enérgico com relação a horário.

Mas, vamos ver que com todo energia, a recomendação do Dr. Hermann é a seguinte: nãoesquecer a caridade, a compreensão e a compaixão.

Essa compreensão não significa a conivência, a cumplicidade com o trabalhador que éindisciplinado.

Então, na Casa Espírita as regras têm que existir e têm que ser vivenciadas por quem dirigeo trabalho e por quem vai trabalhar.

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Intervenção: Balthazar trouxe no Encontro de mediunidade, que para a gente ter disciplina depensamento, é necessário começar com a disciplina de horário. Para você se habituar a certas regrasde disciplina. Porque, às vezes, a gente pensa: o que o pensamento tem a ver com isto? porque agente se exercitando, está acostumando o pensamento naquele horário e com aquele tipo deatividade.

Exatamente, você já sabe: “Tantas horas eu tenho aquele trabalho lá.” Você não vai inventarmoda. Você tem que estar na Casa Espírita às 14h45min, você não vai ao supermercado às 13horas.Porque já sabe que não vai dar certo. Vai fazer o que Balthazar fala: confusão mental.

Lugar de caridade não é lugar de bagunça. Temos que ter isto muito claro dentro de nós.Não é fazer o que eu quero. Tenho que me submeter às regras, à disciplina da Casa.

Tudo na vida tem regra e a Casa Espírita mais ainda, porque estamos lidando com aespiritualidade superior, que está a léguas de distância de nós. Como a gente não quer regras. Elesestão muito acima e nos toleram. Nós temos que no mínimo nos esforçar, para seguir aquilo queeles estabeleceram.

Estudando a Doutrina Espírita, a gente sabe que os espíritos fazem a escala deles de trabalhoe se a gente não está lá, eles vão embora. E aí, quem é que vai chegar? Será que é um espíritodaquela qualidade? O de qualidade está super ocupado, então vem o outro, que não tem tantaocupação nem tanta habilitação.

Jesus sempre a frente. Sempre lembrar que Ele é o condutor em tudo.Perguntas que foram feitas ao Espírito Balthazar. As respostas estão sintetizadas.Trecho retirado da Apostila 2002 – Pág.92

1a pergunta: O que é um Centro Espírita na óptica dos bons espíritos?Resposta: “É um núcleo de orações e trabalhos a Deus e por Deus.”

Um núcleo de orações é um templo. É por isso, que a gente não pode vir para a Casa Espíritacom qualquer roupa, os pensamento descontrolados, fazer o horário que a gente quiser, porque é umlugar sagrado. Centro Espírita é um lugar sagrado, aqui vêm trabalhar os Espíritos do Senhor.

Se a gente entra numa igreja, seja lá qual for, a gente não entra com respeito? Ninguém entranuma igreja assobiando, chutando bolinha de papel.

Aqui na calçada têm muitos espíritos, nossos irmãos sofredores, esperando para entrar. Nósnão estamos vendo, mas estamos esbarrando neles. Desde lá das Casas Sendas eu venho pensado:“Senhor, abençoa esses nossos irmãos que aqui estão. Que a gente tenha por eles o respeito e ocarinho, que nós gostaríamos que tivessem conosco, se estivéssemos na fila para entrar.” Quando euboto os pés naquele portal, eu digo: “Senhor, que a tua paz esteja junto a todos nós.” Para que agente não seja um elemento de discórdia, de agitação, nem com o nosso pensamento nem com anossa palavra e nem com a nossa atitude.

É um templo, onde a gente tem que exercitar o respeito às coisas sagradas. Casa Espírita éum chão sagrado. Os espíritos que trabalham em nome de Jesus estão aqui, não podemos esqueceristo. Temos que entrar aqui com todo respeito.2a pergunta: Qual o perfil ideal para o freqüentador da Casa Espírita?Resposta: “É o daquele que deseja servir.”

A gente vem com espírito de serviço. A gente está aprendendo que a gente doa fluido e quea espiritualidade utiliza o nosso fluido, para ajudar os nossos irmãos encarnados e desencarnados.Então, eu vou procurar uma alimentação mais tranqüila, que não tenha coisas pesadas, coisas dedifícil digestão, para que se eu estiver em condições de doar, a espiritualidade possa tirar de mim.3a pergunta: Como devem ser encarados os serviços de uma Casa Espírita?Resposta: “Oportunidade de trabalho e de criar atmosfera de luz em meio às trevas.”

O trabalho é Lei de Deus. Tem gente que fica doido para se aposentar, mas na Casa Espíritaninguém se aposenta. Porque este é o trabalho do espírito, não é o trabalho do corpo. O espírito nãomorre, não fica velho, ele tem mais é que trabalhar. O trabalho é Lei de Deus e o próprio Jesusfalou: “Eu trabalho e meu Pai trabalha até hoje.”

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É por isso, que à medida que a gente estuda, que vai tendo o conhecimento, vai dando onosso tempo. Tem gente que nem pode vir toda semana, vem de 15 em 15 dias, mas é firme no seuhorário. É aquilo que a criatura está podendo dar e é aceito com o maior carinho e vai ser utilizado.

O que a professora faz junto aos alunos analfabetos? Leva as luzes do conhecimento. Aquelealuno vai aprender a ler, a escrever. Ele não vai tomar o ônibus errado, porque não sabe o que estáescrito, porque ela ensinou. Fez aquela criatura avançar. Porque o conhecimento que ela levou, fezcom que ele crescesse, que começasse a ter uma certa autonomia.4a pergunta: Como definir um diretor de sessão?Resposta: “Alguém que será capaz de atrair pessoas.”

O diretor tem que saber atrair, tem que ter este magnetismo, de trazer as pessoas para juntodele, para que tenha maior número de braços e de inteligências trabalhando com ele, em favor dacausa. A causa é do Cristo e a causa é de Deus.

O diretor tem que ser alguém que dilate, expanda, irradie. Porque se não irradiar, vai fechare vai ficar sozinho. Porque ninguém vai ficar com aquela pessoa. Tem que abrir, é como a flor quese abre pela manhã, abre, embeleza a vida, perfuma, tem que ser assim.5a pergunta: O Centro Espírita é oportunidade de servir, núcleo de prece, núcleo de luz em meio àstrevas. Sendo estas as características básicas do Centro Espírita como se processa a implantaçãodestas características nos núcleos novos, núcleos que estão se formando?Resposta: “É avaliada a intenção do encarnado.”

Intenção daquele que vai ser o trabalhador ali, o que vai conduzir o trabalho. Aespiritualidade programa, projeta tudo. Eles vão implantando aquele trabalho etapa por etapa.

Balthazar nessa resposta é bem rigoroso, ele diz que é avaliada a intenção do encarnado, seele quer permanecer no serviço, se ele quer apenas aparecer no serviço, se tem intenção dehumildade e se tem intenção de produzir a luz que vem da espiritualidade para a face da Terra.

Se ele quer se colocar como um fio anônimo, que vai captar a energia de cima, para que aluz possa aparecer. A luz não é do fio, o fio é condutor. A luz, a lâmpada é que vai fazer aparecer. Agente não vê os fios embutidos, mas vemos quando a luz acende.6a pergunta: Quanto tempo demora para que um Centro tenha suas bases sólidas?Resposta: “Em realidade um Centro demora cerca de 20 anos, contados pela Terra, para ter suas bases,razoavelmente solidificadas, razoavelmente. Em média, leva 20 anos no tempo terreno para implantarum serviço com um bom nível de relação entre os 2 planos.”

Tem que ter base, fortalecimento e leva 20 anos. Para quê? Para ver se a intenção daspessoas é trabalhar em nome do Cristo, ou é aparecer na mídia, começar dizer que faz milagre.Vamos ver que aquilo não tem consistência. Porque as pessoas não têm intenção de servir, elasquerem aparecer.7a pergunta: Quanto tempo leva um médium para se integrar com a direção espiritual da Casa?Resposta: “Leva em média, de uns 8 a 10 anos para se integrar com a direção espiritual da Casa.

Aqueles que estão aqui a menos tempo que isto, podem ficar tristes mesmo, porque não émenos tempo que isto. É toda uma tarefa, por mais amor que vocês digam que tenham, é uma tarefa deintegração fluídica, dificilmente se faz com menos de 8 anos. É um ciclo que tem que ser cumprido. Osque perseveram ganharão os louros das realizações, os que não perseveram ninguém os acusará.”

É através das regras estabelecidas que vamos conquistando a confiança dos espíritos.11a pergunta: Quer dizer que estamos sendo alertados, mas se não tem vigilância, não tem acesso?

Resposta: “É por isso que em todas as situações em que vocês se apresentam em posições contrárias àsatitudes que anteriormente tomavam, de modo algum nós criticamos, nós examinamos como um passoou não, na direção de certas conquistas, um passo que demonstrará ou não, equilíbrio na direção dasconquistas, da disciplina e por aí a fora.

Para o homem encarnado, a proteção, ela existe, mas nunca existirá a falta de responsabilidade,a proteção nossa é tão extensa que numa média de 70% a 80% dos ataques que são dirigidos a vocês,vocês sequer sabem, é um índice altíssimo, só recebem uns 20% daquilo que se dirigem a vocês.”

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Que coisa maravilhosa o que o Plano Espiritual faz a nosso favor. Eles neutralizam de 70 a80% das nossas dificuldades. Eles dão a proteção, mas não nos exime da nossa responsabilidade. Épor isso, que essa disciplina é importante. Por isso, esta regra precisar ser obedecida, para darcampo para eles atuarem junto a nós.

É um campo magnético até grande, porque eles nos protejem na nossa casa, no nossotrabalho, no percurso para Casa Espírita. Eles vêm do alto e vão trazendo ajuda. Se sairmos destecampo, que é a Casa Espírita, cadê a proteção.13a pergunta: Esta pergunta foi formulada em bases de um texto do Sr. em relação a diretores detrabalho. “Diretor de trabalho é aquele capaz de atrair pessoas, provocar nelas o entusiasmo edistribuir tarefas, fazendo com que elas expandam o próprio fluido que existe em torno de si. O bomdiretor é o que capitaliza todo o potencial que as pessoas possuem para servir para produção dosobjetivos do trabalho”. Como seria esse “provocar o entusiasmo”, fazendo com que o trabalhadorexpanda seu próprio fluido dentro do trabalho da desobsessão, da cura e das reuniões públicas?Resposta: “O trabalhador que tem o cargo de direção, ele não ganhou aquele cargo por ganhar, ele teveuma conquista, já se disse isto aqui, o cargo é uma conquista. Se você tem esta conquista, tem obrigaçãode expandi-la, você não conquista uma casa para fechá-la, não deixar ninguém entrar nela e nem paraolhar de dentro para fora, deixar morrer o jardim, não é, você quer a casa para que ela se estenda, semostre.

É da lei, que todo aquele que dirige um trabalho, ele faça com que esse trabalho tenhaseguidores, é da lei.”

É da Lei que o trabalho tenha seguidores. Todo trabalho tem que ter quem dê continuidade,senão é criado com a pessoa e morre com a pessoa.

“Por quê? porque o exemplo arrasta, vocês não precisam de outro modelo que não Jesus, masperguntamos, num espírito de condições medianas, em que Jesus vai servir de modelo? Ele não podeservir de modelo de Amor porque a pessoa se sente distanciada e não pode servir de modelo decomportamento, porque o comportamento dele, era ímpar, e nem de idéias porque o conhecimento deleultrapassa as civilizações terrenas, então, as pessoas ficam ali sem saber o que fazer, e elas precisam serconduzidas por almas menos nobres, vamos dizer assim.

Um bom diretor é aquele que vê o potencial de alguém, é aquele que vê que aquela criatura podefazer alguma coisa, estimula o fazer, põe-na ao seu lado e a faz caminhar, este é o diretor que sabeconduzir os seus companheiros de trabalho, ele é aquele que estimula, que sabe, o que faz, e quepromove o desempenho dos seus colaboradores, tem que aprender a promover mesmo, o desempenhodos seus colegas.

Vocês, às vezes, observam um diretor que não é estimulante, ou seja, diretor que cumpre o seutrabalho, mas que não tem o menor estímulo em ensinar aos outros, ele está tão ensimesmado que só vêa si, a sua estrada.

O melhor diretor, é aquele que vê a estrada, distribui tarefas e continua caminhando, não seimporta com os ataques, não se importa com os assédios, então, quando você vê uma pessoa assim, vocêdiz, ali está um homem que além de justo e bom, sabe distribuir trabalhos, por quê?, porque eleaprendeu que cada trabalho em si mesmo é um mundo, e que ninguém pode ser proprietário daqueletrabalho; ele terá que ser um trabalhador, então ele terá que ter muita gente para aprender aquele serviço.

Como você vê o diretor estimulante, o diretor que é capaz de pegar a sua dificuldade etransformá-la em facilidade; pega a sua indisciplina e a torna disciplina; pega o seu sentimento e otransforma, é por aí; agora ele terá que fazer isto.”

Então, o melhor diretor é o que vê a estrada, distribui tarefas e continua caminhando, nãofica preso. Vai trabalhando, estimulando e seguindo, porque ele vai formando novos condutores detarefas.

Porque, se ele prender a tarefa em si, o que vai acontecer? Ele está livre de ter uma dor debarriga? Ele está livre de ter uma gripe dessas brabonas e ficar de cama? Se ele não tem gentetreinada para isso, como o trabalho vai andar? Vão improvisar e o improviso a gente sabe que nãodá certo. A espiritualidade não improvisa.

O bom diretor prepara pessoas para o trabalho, porque ele não sabe a hora que vai ter quefaltar. Você tem que ter sempre gente preparada, para assumir o seu lugar numa necessidade e sem

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medo da pessoa tomar o seu lugar. Se ela tomar o seu lugar, é por que ela está em condições, vaifazer outra coisa, paciência. O lugar, na realidade é seu, temporariamente. Porque o trabalho é deJesus.

20a pergunta: Qual o mecanismo que ocorre durante uma reunião pública em um Centro Espírita?Resposta:

“1 - Prece inicial: Elevar o pensamento convocando os bons espíritos no auxílio doconhecimento doutrinário.

2 - Palestra: Convocar as pessoas para que com o estudo aprendam a pensar mais alto.3 - Prece após a palestra: Emitir uma mensagem na qual solicitamos amparo do Alto.4 - Passe: Intercâmbio com o mundo espiritual, trazendo forças de luz.5 - Mensagem do plano espiritual: Ponto Máximo da elevação dos pensamentos; onde já nos

encontramos em sintonia com os espíritos elevados para melhor compreendermos a mensagemdoutrinária.”

É um mecanismo que tem 5 passos. Só que no 5o passo, há casas que não têm mensagem doplano espiritual. Na Casa de Léon Denis ocorre, mas não significa dizer que tem em todas as outrascasas.

Tem uma regra para acontecer uma reunião pública. Tem todos os passos a serem seguidos.Imagina se o diretor da reunião dissesse assim: “Hoje vamos começar com o passe, vamos fazer aleitura do Evangelho e depois o orador faz a palestra.” Não estariam preparadas as pessoas. Apalestra tem a finalidade de ir pacificando as pessoas. O corpo e a mente da pessoa estão sendopreparados. Ela ouviu, refletiu, pensou, dormiu, mas está lá, acalmou tudo nela e está em condiçõesde receber o passe. Se ela vem toda agitada, ela não está nada preparada.

Por isso, precisa de todos esses passos, para que possa haver campo de trabalho, para osespíritos que vêm em nome de Deus e de Jesus. Senão, eles não têm um campo de trabalho, estátudo ruim ali, não sabem nem por onde começar.21a pergunta: Quais os resultados obtidos após a Reunião Pública?Resposta:

• Renovar idéias.• Neutralizar pensamentos.• Mudar o padrão mental.Resultado: Educação e Renovação Moral

Renova e educa a nossa mente. A cada reunião a gente vai aprendendo isso.Pergunta feita ao Espírito Ignácio Bittencourt – Psicofonia de Altivo C. Pamphiro – Pág.

104 – Apostila 2002Pergunta: Como poderia ter toda facilidade e não ter aproveitado. No caso, a pessoa dentro da CasaEspírita. A pessoa que está aqui dentro, teoricamente teria mais condições de aprendizado?Resposta: Todas as condições. Não são as melhores, são todas.

É nesse templo, nesse círculo magnético-fluídico da maior qualidade, porque vem do nossoPai celestial, vem de Jesus, a gente tem toda a cobertura. Seguramente, estamos seguros na CasaEspírita. Não quer dizer que não vai acontecer insucesso, foi como ele falou, 80% de cobertura,20% nós temos que assumir a responsabilidade.

Homem, Construtor de Si MesmoHomem, tu que caminhas neste mundo, confiante nas tuas forças e acreditando-te

invulnerável a todo mal, a toda causa de perturbações e de dissabores, pára e pensa: temos umdestino a cumprir. Nossos pensamentos, palavras e atos têm a repercussão compatível com a forçaque emitimos ao agir. Caminharás na direção do que fazes e do que pensas. Os pensamentosgerarão, em torno de ti, idéias, quadros que se materializarão, a pouco e pouco, até que fiquesdominado por esses mesmos ideais.

Homens de bem elaboram seu futuro, planejando idéias formosas e construtivas.

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Homens voltados para o mal, ainda que temporariamente, fazem de seus atos mentaisverdadeiras e horrendas paixões que os consomem.

Assim, cuida de sua vida mental:• Não fale daquilo que ignora;• Não diga mal de ninguém;• Evita confrontos desnecessários, por infantis;• Não repita afirmações alheias, antes de se assegurar de sua veracidade;• Pensa no futuro que constrói, pouco a pouco, com os seus atos e suas palavras;• Repete, incessantemente, a palavra do apóstolo que nos manda pensar no próximo antes

de afirmarmos nossa fidelidade a Deus (1Jo., 4:20);• Jamais assuma compromisso de que não dará conta no tempo necessário;• Coopera com Deus assegurando bondade, realização e forte determinação naquilo que lhe

cabe na obra do bem;• Seja bom, ao mesmo tempo que lúcido: repara no mar tranqüilo, que demonstra poder, ao

mesmo tempo que calma;• Jamais entrave a vida de ninguém;• Segue sempre em frente, não olhando para trás, para as obras mortas.Assevero que o seu destino não é joguete de espíritos levianos e maus: ele é sua construção

diária.Jamais se exceda! E, olhando sempre para frente, em busca de suas realizações, toma como

modelo a Jesus um daqueles grandes instrutores que a humanidade conheceu, e segue adiante,modelando, a cada dia, a sua própria imagem de espírito que caminha buscando Deus, criando seupróprio destino, belo, forte, sempre promissor, mas, acima de tudo, devotado construtor de simesmo!

Luís(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 24/02/1999.)

Aqui irmão Luís diz para nós, que devemos seguir Jesus, porque Ele é o modelo.No Evangelho de Mateus, cap.5, que tem as bem-aventuranças, vamos ver que Jesus deu

para nós o roteiro, as regras, há muito tempo, 2000. No Sermão do Monte, Ele fala das bem-aventuranças.

Bem-aventurança é igual a felicidade. Quando estamos feliz, não temos doença, nem dor decabeça.

Jesus diz que a felicidade é possível e dá para nós as regras, que são 9.Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.Foi perguntado ao Dr. Hermann por que Jesus tinha colocado os pobres de espírito, como

aqueles que terão o reino dos céus? Então, Dr. Hermann na sua simplicidade respondeu: porque ospobres de espíritos são os simples e os simples não complicam.

Tão simples a resposta dele. Eles não são agentes complicadores na vida de ninguém. Equantas vezes somos agente complicador na vida dos outros?

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. A gente quer curar as doençasdo corpo, da alma. Quando a dor chega, nos faz chorar, é porque ela já eclodiu, já incomoda a gentee queremos nos livrar dela. E se queremos nos livrar dela, o modelo é Jesus e a Casa, o hospitalonde vamos conseguir esta cura, esse tratamento, é a Casa Espírita.

Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra. Não brigar, não disputar.Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Quantas vezes

vamos nos queixar com o Altivo: “Altivo, faça justiça, o Fulano está implicando comigo, vou largaro trabalho.” Ele procura processar a justiça como Jesus ensinou. Ele responde: “Se você sair dotrabalho, quem é que vai perder?” Aí a gente põe a viola no saco, cala a boca e não reclama mais.Porque quem sai perdendo somos nós. Ele não briga, não chama o Fulano, ele não compra a nossabriga, porque ele está vendo lá na frente.

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112 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. É por isso, que odiretor vai ter que ter a caridade, a compreensão, a compaixão, porque ele também precisa disto,mas não pode deixar de ter a energia e a regra. Fazer com que a regra seja atendida.

Bem-aventurados os limpos de coração, são os que Jesus fala que verão a Deus. Nossocoração só ficará limpo, quando não pensarmos mal dos outros, quando aprendermos a pensar coma mente limpa e o coração também. Aí veremos a Deus.

Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. É aquela situaçãoem que se faz uma futrica da Regina com o Marcelo e ele diz: “Não, deixa para lá. A Regina estavanervosa, não esquenta a cabeça não, daqui a pouco passa.” Pacifica os ânimos, não põe mais lenhana fogueira.

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino doscéus. Ele ainda diz assim para nós: Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem,mentindo disserem, todo mal contra vós por minha causa.

Nós já escolhemos Jesus. Claro, que eu tenho que me submeter a todas essas regras, paraque um dia possa me aproximar Dele. Mas, enquanto nenhum de nós pode, quem ele manda paranos ajudar? São os espíritos trabalhadores da Casa Espírita. O núcleo de proteção da Casa Espírita,que eles oferecem para nós, para que tenhamos força de vencer a batalha da semana e voltar nasemana seguinte.

Segurança na Casa Espírita, as regras estão baseadas naquilo que Jesus está esperando.Vamos seguir com Jesus e encontraremos o amparo e fortalecimento na Casa Espírita.Que a nossa opção seja para sempre com Ele.

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Cura – Tema 2Aula dada por JOAQUIM COUTO em 13/09/2003

Para o nosso Encontro de Medicina Espiritual, temos um tema muitíssimo importante. Se elenão for abordado de uma forma criteriosa, pode até, causar uma certa confusão na cabeça daspessoas.

Quando falamos: vai a tal lugar, porque lá você vai ser curado. É uma afirmação muitoperigosa; pode demonstrar a nossa fé, a nossa confiança em tal lugar e nas pessoas que alitrabalham.

Sabemos que o processo da cura envolve muitas coisas. Muitos fatores, muitas circunstâncias,que podem ser favoráveis ou não, ao processo da cura do indivíduo.

Nós temos problemas de ordem material, de ordem espiritual, que nem sempre podemdentro da cura na Casa Espírita, ser tratados da mesma forma.

O trabalho da cura, na sala da cura, é um trabalho muito individual. De uma semana paraoutra, a clientela muda. Nós, os pacientes, não sentamos, quando vamos fazer o tratamento, nasmesmas salas. Então, ora você fica junto a um médium, ora vai pegar um outro médium. Mas, quemjá trabalha na sala da cura, pode observar, que há semanas que parece que, de propósito, aespiritualidade reúne um grupo de pessoas, com problemas mais ou menos parecidos. Aí, você pegao grupo da depressão naquela semana.

Só que com depressão, quando você vai fazer um tratamento médico, aí fora, eles fazemuma entrevista, para poder orientar no tratamento, verificar as causas que levaram a pessoa a teraquele problema. E na sala da cura, com os espíritos, porque precisamos muito do apoio espiritualnesse trabalho, se você perguntar a 5 pessoas dentro da sala: depressão, depressão... e quando osmédiuns vão aplicar o passe, às vezes, somos orientados a trabalhar determinadas áreas: na mente,na cabeça, no coração. Vamos percebendo que os espíritos, nessa hora, se estivermos bemsintonizados com o Plano Espiritual, eles nos vão passando determinadas dicas, para melhor atenderàquela pessoa.

Então, quando eu estiver diante do necessitado, do enfermo, daquele que está buscandosocorro na Casa Espírita, eu preciso, não ficar condicionado pela doença que ele vai me passar, massim, ficar atento para o que os espíritos irão me orientar naquele caso. Muitos podem dizer: “Mas eunão escuto, não vejo espírito, como vai ser isto?” Mas, pelo pensamento, recebemos as intuições evamos atender, de acordo com a necessidade daquele nosso irmão.

É preciso que entrando na sala da cura, já vir pelo caminho, buscando pelo pensamento, ocontato com a nossa Casa, com o grupo de trabalho, já mentalizando. É o que eu vou fazendo pelocaminho, porque durante o dia, às vezes, não dá. Porque sintonia não se improvisa. Por maismédiuns que sejamos, por mais mediunidade que se tenha, nós somos pura e simplesmente,instrumentos nas mãos dos benfeitores espirituais. E Kardec deixa isso claramente: “Somosinstrumentos.” Então, se eu sou um instrumento, eu preciso que alguém se sirva dele, para que esteinstrumento tenha utilidade, para que eu tenha utilidade como médium.

Então, eu já tenho que vir preparado, fazendo minhas orações, vinculando o meu pensamentoaos guias, aos benfeitores responsáveis por essa tarefa na Casa Espírita. E quando as pessoasentrarem na sala, eu preciso ter muito cuidado com as simpatias e antipatias, em relação as pessoas.Mas, muito cuidado mesmo, porque você ali é um instrumento. As suas emoções e pensamentostêm que estar sob controle. Porque pode entrar alguém na sala, com o qual você já tenha tido algumproblema. Porque a Casa Espírita tem problemas desta ordem.

Se a pessoa foi indicada para o tratamento, é porque ela está enferma. Então, não podemosnesta hora, permitir, que tenhamos um segundo de vacilação no sentimento de caridade, de amor, nosentimento que este trabalho vem impregnando à nossa alma, através dos tempos. Porque, senão, noinstante em que for dar o passe, por conta dessa minha reação, eu posso cortar minha ligação com oPlano Espiritual e fazer o tratamento de forma inadequada. Porque existe uma barreira, umsentimento, que pode atrapalhar na hora em que for atender à pessoa.

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114 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

A maior prova que estamos nos modificando, nos transformando para melhor, é quandoacontece uma situação assim, você deixa que o primeiro e o segundo, maiores mandamentos doEvangelho, prevaleçam sobre as nossas questões, opiniões e os nossos sentimentos nesta hora.

A cura é um trabalho muito sério. Nós não temos idéia do quanto isso é trabalhoso para osbenfeitores espirituais. Não nos esqueçamos que estamos num mundo de provas e expiações, onde omal ainda prevalece, neste nível aqui. Os nossos amigos espirituais vêm de regiões muito melhoresdo que esta aqui. Trabalham em condições muito melhores, muito mais superiores, muito maisadequadas, do que o ambiente da nossa Casa, por mais que nos esforcemos para oferecer o melhor.Então, levando em consideração isto, neste momento eu preciso me anular; meus sentimentos epensamentos não podem prevalecer nesta hora. E aquilo que eu tiver de melhor, oferecer nesta noiteaos guias, para que eles possam se servir daquele material que eu tenho, que a gente chama defluido, de magnetismo e outras tantas denominações. E permitir que eles trabalhem utilizando talmaterial, a favor do nosso companheiro encarnado, que está ali batendo à nossa porta, pedindosocorro.

E precisamos ver que todos nós, sem exceção, estamos em tratamento. Reencarnamos comomédiuns na Terra, com as suas dificuldades de mundo de provas e expiação. Mas, se nos colocarama mediunidade como possibilidade de trabalho e através deste trabalho, eu conseguir alcançar oequilíbrio dentro da Lei maior de Deus. Então, ótimo, vamos aproveitar o tempo e vamos permitir,que cada vez mais, os benfeitores espirituais, possam se servir das nossas faculdades mediúnicas.

Todos aqui já estudaram O Livro dos Médiuns e estão bem lembrados, que se começarmos apisar na bola, podemos ficar desempregados, ou ficarmos em subempregos, ou não ficarmos nemsubempregados, ficarmos nas mãos de entidades espirituais, muito perigosas, e que poderão fazermuito mau uso da minha faculdade mediúnica.

Em princípio, todos nós partimos do Plano Espiritual, das colônias espirituais, vindo paraTerra, com objetivo maior de servir ao Cristo. O propósito e a finalidade são estes. Os objetivosforam colocados claramente a esse respeito. Mas, volta-se, tem o esquecimento, o abafamento.Muitas vezes começam a prevalecer o personalismo, as idéias pessoais, que acabam nosprejudicando e até nos afastando do trabalho.

A cura é um trabalho que reputamos como muito abençoado. O simples fato de você, comsuas dificuldades, suas lutas, suas imperfeições, ter a possibilidade de ser aquele que estenda asmãos — e não nos esqueçamos, que aquele que está sentado, está se vendo, não está vendo o PlanoEspiritual. — Você, muitas vezes, é aquele ponto final de uma longa caminhada, em que a criaturajá bateu em muitas portas, já buscou muito socorro, muita orientação e está no ponto do desespero,necessitando olhar para você e se ver como aquele que pode dar alguma esperança. Claro queninguém aqui irá prometer à pessoa, que ela vai ter a cura definitiva dos seus males. Mas,principalmente, se pudermos passar para a pessoa, que ali naquela Casa ou nas pessoas que estãonaquela Casa, ela encontrará uma porta que se abre e lhe dá um pouco de esperança, que lhe renovea vontade de viver, que lhe renove o entusiasmo pela vida, que entenda o porquê daquele momentode dificuldade, de luta e de enfermidade. Se pudermos nos transformar nessas portas, já é umabênção muito grande para os nossos espíritos. Temos que valorizar esse trabalho. Não através depromessas falsas. Apresentando ou trabalhando em cima das realidades da Doutrina Espírita, quesão muito claras, a respeito. Mas, oferecer ao companheiro ou companheira, aquela coisa chamadade renovação, de esperança, de confiança, de fé dentro da vida, para que ela possa levar a bomtermo, se não alcançando a cura para o seu mal, mas pelo menos, até o final daquela prova, daqueleteste, ter a sustentação necessária para vencer aquela etapa. E se partir, partir em melhorescondições, com sua mente, seu coração sustentado por essas energias do bem. Porque aí, se ele semantiver na permanência na Casa, contará com a ajuda da espiritualidade, que aqui tem as suasbases, e com certeza ao desencarnar, ela não estará sozinha.

Lá no dicionário, o que diz sobre o verbo curar:Curar: restabelecer a saúde de; livrar de doença; medicar.Cura: ato ou efeito de curar; tratamento; restabelecimento de saúde.

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No texto da apostila há uma frase que nos diz que: “O equilíbrio da alma como fator de curado corpo.”

É interessante que, às vezes, nas salas da cura, temos oportunidade de observar, da parte doPlano Espiritual, orientações que, aparentemente, se chocam com os objetivos do enfermo.

A pessoa senta e diz que está com um problema. Você visualiza, pelos cursos já feitos, pelasorientações recebidas, pelas instruções que já nos foram passadas, você vai dizer que ela então, estápassando mal do estômago. Mas, quando você vai dar o passe, vem aquela intenção clara,dependendo da faculdade mediúnica de cada pessoa que vai aplicar o passe, porque pode vir pelavidência, pela audição, mas a maioria recebe muita coisa pela intuição mesmo.

Quando você vai iniciar o passe e atender o estômago danificado da criatura, vem aquilo nacabeça: “Atenda primeiro a mente dela.” Às vezes, no início, porque é novato, estranha. “Por queatender a cabeça e não logo o estômago, se o problema está no estômago?” Porque o estômago éuma área muito sensível a ação dos nossos pensamentos. Todos esses órgãos ligados ao aparelhodigestivo, estar muito sujeitos a ação dos nossos pensamentos. Muitas vezes, o espírito vai dizer:“Pacifica um pouco a cabeça. Retira determinadas coisas que estão ali na cabeça da pessoa. Desfazalgumas formas-pensamento.” Vamos trabalhar primeiro na mente da pessoa, para que ela possa sepacificar um pouco. Você vai desfazer determinadas idéias, que estão muito cristalizadas, idéiaspara baixo, de tristeza, aquela coisa que alimenta a angústia. Trabalha isso, ameniza a situação,projeta pensamentos positivos e depois vai um pouquinho no sentimento, porque também osentimento, coopera muito, com essas doenças no campo físico e aí então, você vai atender aoestômago. Porque a coisa vem lá da mente do espírito para fora e vai repercutir no corpo maissensível.

Vamos curar a pessoa? Vamos ter essa pretensão? Não, estamos fazendo aquilo queaprendemos na Casa Espírita e que os benfeitores nos orientam. Vamos dar o alívio.

Precisamos perceber a preocupação dos espíritos em relação a quem está tomando o passe.Por isso, que não podemos fazer nenhum trabalho de forma mecânica. Você tem que estar com amente e o coração ligados naquilo que você está fazendo. Porque se você fizer mecanicamente,todas as pessoas serão atendidas da mesma forma. Falou a doença x, você atende igualzinho. Vocêjá catalogou na sua mente, é o passe assim, assim e assim. Pronto, está resolvido o problema dapessoa. Não. Há coisas particulares que você tem que aprender a trabalhar, desenvolver a suasensibilidade e estar em sintonia com os benfeitores que estão na sala da cura.

Então, eu vou atender, aliviar, socorrer, porque estou ali para isto. Mas sempre ligado aosguias e benfeitores, para que eu não faça algo indevido ali e até acabe prejudicando a pessoa.

Antigamente se dava passe com a boa vontade, não havia curso, orientações. Às vezes, umespírito ensinava, um médium veterano ensinava e as coisas iam funcionando assim. Mas, à medidaque fomos nos intelectualizando à luz da Doutrina, não a cultura do mundo, mas a cultura espírita,nos é pedido um trabalho cada vez mais conscientizado.

Vai abrir a boca para comentar Evangelho, cuidado com aquilo que vai falar. Vai fazerexplanação doutrinária, cuidado com aquilo que vai falar. Porque você está trabalhando sobre asidéias, sentimentos dos outros. Então, você tem responsabilidade naquilo que fala. Com o passe decura, com o passe no salão, a mesmíssima coisa, não pode ser feito de forma, como decorandomovimento, porque se fosse para fazer vento, comprava-se um ventilador de pilha e dava-se o passecom o ventilador e deixa o fluido sair para a pá do ventilador. O passe não é isso.

A pessoa não pára diante do companheiro e por alguns momentos se liga ao companheiro.Não é se envolver na perturbação, nem se desequilibrar com os sentimentos, nem se assustar com oque vê, não é nada disso não. É para que o teu fluido vá tocado pelo seu sentimento, pelas vibraçõesde carinho, de estímulo. O fluido tem que estar tocado disto. Nós aprendemos que o fluido é neutro,ele pode ser tocado por coisa ruim ou boa. Se estou querendo ajudar, que seja tocado por coisa boa.Então, que o que sair de mim, saia com o melhor dos meus sentimentos e pensamentos. Por isso,que nós vemos pessoas dizerem: “Interessante, quando eu tomo passe com Fulano, eu sinto umacoisa diferenciada.” Por quê? Porque ele tem a diferença com ele, em relação aos demais. Porque

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ele deve dar o passe com mais amor, com mais vontade de ajudar. Você tem que passar fluidos queajudem a equilibrar, a harmonizar, a fazer bem à pessoa.

Em geral, as pessoas que estão marcadas para o trabalho de atendimento de cura, sãoconvidadas a virem assistir as palestras. Para que possam ir escutando lições, que as ajudem noprocesso de entendimento da vida, da compreensão da sua dor.

A Casa Espírita não é o pátio de milagres na vida de quem quer que seja. Ela trabalha emconjunto com a medicina lá fora. Porque há situações, que você está atendendo com o passe e apessoa precisa da ajuda do psicólogo, do psiquiatra, tem que tomar medicação, sim.

Então, você pega o trabalho lá de fora, que atende uma determinada necessidade da criatura,para que aquela outra necessidade mais de fundo espiritual, vinculada mais a cura, porque opropósito é este, atender a alma, curá-la, para que o corpo não fique mais doente. Então,quando estamos escutando as palestras, assistindo aos estudos, o nosso espírito está aprendendo,está ouvindo, absorvendo determinadas lições, que a seu turno e à medida que formos nosesforçando, para por em prática isto que estamos ouvindo, vamos percebendo que o nosso corpo vaiadoecendo menos. Porque há coisas que são oriundas da mente e a mente desequilibrada, adoece oinstrumento dela, que é o corpo.

Eu assisti uma vez um programa de fundo religioso e fiquei muito preocupado com umacoisa que assisti neste programa. A pessoa responsável pelos comentários do Evangelho, de repente,disse: “Aquele que crê em Jesus, não usa remédio.” Aquilo me assustou tanto. Porque eu fiqueiimaginando as pessoas que fazem tratamento prolongado, se vai a um lugar desses, corta amedicação, a crise que virá depois. Porque qualquer medicação que você faça uso durante um certotempo, o organismo se habitua, precisa dela. Então, por haver um corte repentino, isto pode gerarproblemas seríssimos e afetar muito mais a pessoa do que ela pensa. Então, aquela recomendaçãome deixou preocupado.

Na Casa Espírita nós não fazemos isso e nem devemos fazer, porque dizemos as pessoas queo tratamento da cura é uma soma de diversas coisas. Na psicografia costuma-se dizer: “Vá procurarum médico. Vá fazer os exames.” Porque, se não houvesse necessidade disto, por que haveria aexistência desses profissionais?

Então, aliar as duas coisas é necessário na maioria das vezes. Não devemos estranhar,porque uma coisa vai favorecer a outra. Quando você entrar numa faixa de maior equilíbrio deforças físicas e espirituais, os seus pensamentos e sentimentos estiverem numa faixa mais positiva,o próprio médico, reconhecendo isso, vai diminuindo a dosagem do remédio, vai alterando a formade tratar, até chegar a suspensão, porque você já está bem. Você já alcançou a níveis possíveis,aquela chamada cura, segundo os olhos da Medicina.

A parte espiritual fica por conta dos guias, das orientações que vamos recebendo, se hánecessidade de prosseguir no tratamento ou não. isto é por conta dos espíritos, através dapsicografia, que vão indicar se você continua ou não o processo.

Tudo é um somatório. São os espíritos, são os companheiros lá de fora, são os companheirosdaqui de dentro e a nossa vontade também.

Temos que passar para as pessoas que a cura é possível. Em muitos casos ela é definitiva,em outros casos vai levar um pouco mais de tempo. Vai requerer um pouco mais de perseverança,de paciência. Porque há casos, que estamos trazendo de outras vidas. Nós espíritas entendemos isso.Podemos trazer situações que nos marcaram de tal forma, em outras existências, que a coisa agoraestoura. É uma enfermidade, uma alergia, uma depressão, um sentimento de pânico, de insegurançae vai por aí a fora. E a gente precisa trabalhar isto, para chegar até aquele ponto, muitas vezes, fazera tal regressão de memória, que só deve ser feita, quando realmente, for necessário. Fazer porcuriosidade, para saber o que foi, não interessa, é curiosidade. Porque, fazer um levantamentopregresso, levantar como diz o nosso irmão X, a campa do túmulo, se muitas vezes, nós podemosencontrar muita podridão lá dentro. É melhor não mexer.

Então, há situações em que vai ter o processo, mas na maioria dos casos, nem precisamoschegar a isto para nos curarmos ou alcançar um equilíbrio maior.

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O papel dos espíritos na cura:– Os espíritos socorrem em nome da caridade ou pela intercessão;– Utilizam o fluido do médium;– Verificam o histórico do paciente para conhecer as causas da enfermidade;– Utilizam também os fluidos curativos encontrados na natureza;– Eles podem agir sobre o perispírito, sobre o corpo físico, sobre a mente;– Utilizam seus próprios fluidos.— Os espíritos socorrem em nome da caridade ou pela intercessão. Então, em nome do

amor, do sentimento do amor, da ajuda, esse sentimento da misericórdia, eles podem se aproximarde nós para nos ajudar. E também pela intercessão. Alguém que intercederia, pediria por nós.

Quando vocês trazem o papelzinho pedindo por alguém, vocês são os intercessores. Apessoa em si, às vezes, nem está muito atenta, ou pediu por pedir, não se liga, não vem, não quersaber. Mas, a gente pelo sentimento de caridade, do desejo de ajudar à pessoa, traz o nome eendereço e pede ao Plano Espiritual para que olhe por aquela pessoa.

Aí, entra a questão do valor que cada um tem na sua bolsa. Às vezes, você tem méritos, queos espíritos atendem a você, em favor de. Não é nem pelos méritos daquela criatura não, é por você.Porque você tem méritos. Então, os espíritos ouvem e vão socorrer a pessoa da melhor maneirapossível e da forma como ela aceite também. O ideal é trazer para ser socorrido aqui dentro. Porqueo ambiente, fluidicamente falando, é muito melhor para se fazer este tipo de trabalho.

A visita fraterna é um braço da cura. É um braço que se estende para fora do Centro, emrelação àqueles que não podem vir à Casa. Nós somos um instrumento, em nome da Casa, com oapoio dos benfeitores espirituais. Por isso nos reunimos, fazemos a prece, pedimos a proteção,porque vamos sair do nosso ambiente da Casa, que tem sua característica própria, em termos devibração, fluidos, assistência espiritual, proteção em torno das dependências, para irmos a umambiente, que muitas vezes, é antagônico ao bem. Mas, não temos que temer isto, porque estamossaindo, contando com a proteção dos espíritos e como são eles que estão nos conduzindo,amparando e vão conosco ao ambiente, não temos que ter medo de nada. A cura se estende até esseslugares. Nós notamos as dificuldades, registramos a ambiência fluídica da casa, com suasparticularidades. Mas, o Senhor nos orienta a ir a tal lugar, para socorrermos. Porque alguémintercedeu por aquela pessoa, houve uma intercessão. E os espíritos, se nos orientaram, marcaram avisita, é porque algum mérito, quem pediu ou a pessoa tem. Então, nós vamos lá fazer o nossotrabalho, não é visita social. É um trabalho da Casa, na casa de alguém.

— Utilizam o fluido do médium. Mesmo que nessas visitas ou na sala de cura, nãotenhamos incorporação, não quer dizer que os espíritos não estejam usando o nosso fluido. Porquehá muitas maneiras de extrair fluido, sem que a gente adormeça, sem cair em transe, não precisachegar a esse ponto.

— Verificam o histórico do paciente para conhecer as causas da enfermidade. Por issoque eu disse: se liga ao amigo espiritual. Porque, quando a pessoa passa pelo atendimento e éencaminhado para a cura, ali na psicografia, ou pelo atendimento fraterno, os espíritos ligados a estatarefa, imediatamente, fazem as suas anotações, vão verificar o processo de forma mais aprofundadadaquela criatura que vai ser encaminhada para cura e quando chega no dia da reunião, eles estãocom tudo prontinho.

— Utilizam também os fluidos curativos encontrados na natureza. Em o Nosso Lar, estácolocado, claramente, um socorro, onde André Luiz e Narcisa, pelo pensamento, chamam osespíritos ligados a uma área onde havia eucalipto, mangueira, etc. Os espíritos recolhem o material,passam para ela e ela faz o atendimento ao irmão encarnado.

A nossa sala da cura, como a da desobsessão deveria ser um lugar que a gente entraria naponta dos cascos. Porque entramos nessas salas das mais variadas formas, falando alto, toca ocelular, “Não, já jantei...” e não sei o que. Isto as vésperas do trabalho. Porque é um desrespeito aosguias e a quem vai ser atendido. É falta de caridade e de educação, também. Sejamos fraternos, mascom educação. Um pouco de silêncio. Nós latinos somos muito alvoroçados, estamos sempre aos

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berros, aos gritos, como se as pessoas sofressem de problema de audição e precisássemos falarmuito alto.

Não nos esqueçamos, que Allan Kardec pensava que médium curador era ligado a efeitointelectual e os espíritos disseram: “Não, é mediunidade ligada a efeitos físicos.” Se formos fazermovimentação de energias, de fluidos, do magnetismo, numa sala dentro da cura, é claro que osespíritos não vão contar só com o nosso fluido, não. Porque isto, às vezes, não é suficiente para otrabalho da cura. Embora, nos achamos o máximo, com as nossas vaidades, com as nossas tolices.

No livro Nos Domínios da Mediunidade, cap. 28, sobre os efeitos físicos, André Luiz diz:“Diversos obreiros iam e vinham, dando a perceber o início dos trabalhos.”“... a higienização processava-se ativa.”“... aqui surgiam aparelhos delicados para a emissão de raios curativos, acolá se efetuava a

ionização do ambiente com efeitos bactericidas.”Quando entramos na sala da cura, se nos concentrarmos e nos aquietarmos mentalmente,

principalmente, vamos nos desligando dessa coisa mais direta do nosso meio humano e vamoscomeçando num processo de desprendimento, a perceber a atividade na sala, por parte dos espíritos.Vamos ver uma movimentação incrível dentro da sala. Os recursos que estão sendo levados, queestão sendo trazidos. Uma série de substâncias que eles trazem para combinar com o nosso fluido,para combinar com aqueles que estão assistindo as palestras, muitas vezes retirando dessas pessoastambém, para ajudar no tratamento. Então, nós faríamos menos ruídos para não atrapalhar osespíritos.

Eu ficava tão inquieto com esse tipo de comportamento, que os espíritos me disseram umavez: “Não se inquieta não, porque eles vão desencarnar, vão participar das atividades, vão quererperder a paciência e não vão poder, porque fizeram a mesma coisa quando encarnados, vão ter queagüentar calados a situação. E passar pelo processo sem se aborrecer e se perturbar.”

Quando chegar a nossa vez, nós vamos ver e sentir que quantas vezes, você quer um poucode silêncio, para fazer uma coisa como espírito e o encarnado está “patati patata” e falando mal dosoutros dentro da sala, comentando certas coisas que não têm nada a ver com o trabalho: futebol,política, fazendo críticas, dentro da sala da cura ou da desobsessão. E os espíritos estão na sala semovimentando em torno de nós, muitas vezes nos preparando para tarefa, porque durante o dia, nósnem nos ligamos à tarefa, nem pensamos que tinha o trabalho à noite, vivemos exatamente, comovivemos os outros dias. Nem nos preocupamos que temos um compromisso muito sério eprecisamos vigiar, para estar mais atento, evitar certas conversações. Isto não é pedir muito, é omínimo.

Há coisas que você vê o Plano Espiritual fazer, junto à pessoa, que a gente não tem idéia doque é aquilo. Eles fazem certas aplicações no paciente, dependendo da enfermidade. Eles trazemremédios, certas misturas, para no instante do passe, ajudar à pessoa. Eles podem aplicar osremédios através do médium ou por instrumentos. Das vezes que eu vi, principalmente, nos casosde tumor de câncer, vi eles aplicando com um aparelho, tipo uma seringa.

— Eles podem agir sobre o perispírito, sobre o corpo físico, sobre a mente. Estamosfalando do encarnado que está sendo atendido.

Há situações, às vezes, que a pessoa está tomando passe e você olha para a pessoa e dizassim: interessante, fisicamente, não se percebe nada de extraordinário. Uma marca de enfermidadeno corpo físico. Mas, às vezes, eles começam a nos mostrar coisas, que estão no perispírito.

Diluição de forças negativas cristalizadas, este é um trabalho que, geralmente, aespiritualidade coloca na mão de determinados médiuns. É uma coisa que, de tanto ser alimentadase cristalizou e o médium vai ter que ter uma força magnética, fluídica muito grande, com a ajudados espíritos. Porque vai tocar em algo muito delicado, que é a mente da pessoa.

Quando eles me dizem para fazer, peço licença, mentalmente, ao encarnado. Que ele mepermita entrar nesse espaço que é dele. Porque no momento que eu começo a entrar, podereiperceber situações muito particulares da pessoa.

A sala da cura, é um lugar que você tem que ter muito cuidado, muito respeito. Entender asituação da pessoa, compreender. Você também tem seus problemas, suas dificuldades.

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— Utilizam seus próprios fluidos. Em geral, na sala da cura, vamos encontrar acombinação dos fluidos dos espíritos, dos médiuns e dos assistentes, dos outros humanos e tambémo que os espíritos vão buscar na natureza, para fazer o trabalho complementar.

A Medicina Espiritual é uma atividade exercida pelos espíritos, utilizando recursos fluídicos,magnéticos e espirituais. Tem por objetivo a cura do corpo e, principalmente, da alma do indivíduo.

Nós precisamos nos Encontros, falar muito dessa necessidade da pessoa buscar tratar a alma.Porque nós tratamos a casca. Tá certo, há determinadas enfermidades, que você trata da casca, a suaalma não está com problema, geneticamente o corpo foi formado, aquilo veio pela informação,surge aquela enfermidade, você toma o remédio, cuida daquilo e o problema some, porque não estána alma. Mas, em muitas enfermidades a fonte é a alma, que está, constantemente, se alimentando,pelo pensamento, pelo sentimento e pelas ações.

Nós vemos pessoas que fazem o tratamento da cura, saírem ótimas, mas simplesmentesomem. Não aparecem mais, não comparecem mais à Casa, não persevera nos estudos, naorientação, para se esclarecerem mais, se fortalecerem mais pela instrução e daqui a pouco elasestão retornando. Às vezes, com problemas mais graves. Porque é a alma que tem que ser tratada,ela tem que ser transformada, para ir cortando, essas portas abertas para as enfermidades.

Temos que passar a importância da freqüência, da participação nos cursos, não é para serespírita, não, porque a pessoa pensa logo em compromisso. É para entender melhor o trabalho feitojunto à pessoa. A filosofia de vida vai ser modificada, vai perceber a necessidade de uma série decorreções em você mesmo. Porque é isto que está abrindo a porta da perturbação do corpo físico.Mostrar tal importância. Nós precisamos passar isto e os espíritos têm este objetivo: curar o corpo,mas trabalhar, principalmente, a nossa alma. Nos orientando, advertindo, puxando a orelha.

Há pessoas que gostam de ficar doentes, porque penalizam os outros. Ele fica recebendoassistência, só que cansa. Ela não sai da faixa, sente prazer em ficar naquela posição, porque elaacha que se sair dali, as pessoas não vão dar mais atenção a ela, não vão se interessar por ela, nãovão procurar saber como ela está. Mas, no entanto, vai acabar se tornando aquela pessoa cansativa.

Você vem a Casa e diz: “Eu quero ficar curado.” Então, passa pela entrevista, faz oatendimento fraterno e você começa a perceber que a pessoa tem uma visão distorcida da vida,alimenta certos hábitos, gosta de falar e ouvir certas coisas. Quando você diz que vai encaminharpara o tratamento, mas pede para que venha às reuniões. Dali a algum tempo, ela volta aoatendimento fraterno, se houver necessidade, e você vai perceber que a pessoa quis a cura do corpo,mas não quis abandonar os velhos hábitos. A cura vai ser um processo a longo prazo mesmo.Talvez a coisa se agrave e você precise de dores mais fortes para acordar. Mas ninguém precisa dedores mais fortes para acordar. Se nós acordamos com uma picada de agulha, é o suficiente para nosendireitarmos dentro da vida, buscar algo melhor para nós.

Há coisas que acontecem com a gente, que nos colocam durante um certo tempo, assim. Porisso, temos que logo buscar ajuda, evitar de todas as formas possíveis, cair na depressão, namelancolia, nos sentimentos de pânico. Buscar logo ajuda, seja qual for, para sair logo daquilo,porque se o círculo se fecha, aí é o problema. Vai realimentando aquilo e o que era rés no chão, vaise erguendo como um muro altíssimo. Você vai ter que demolir isto com ajuda externa, quandovocê acordar, pedra por pedra. A alma sofre para conseguir derrubar isto, se estabilizar e seequilibrar dentro da Lei de Deus. É um processo muito doloroso. O conhecer-se a si mesmo, é umadas últimas coisas que fazemos. Porque é doloroso.

Nós gostamos dos elogios: você é tão simpático, você é tão bonzinho. Mas, o dia em que agente começa a se auto-analisar, vamos perceber que não é bem assim a coisa. Apenas o nossopersonagem foi bem, muito bem, estruturado e está muito bem vivenciado dentro da vida. Mas,haverá situações que vão nos colocar nus, diante dos outros e diante de nós e vamos ver a nossa realimagem.

Precisamos estar muito atentos, muito cuidadosos. A Casa Espírita nos uni em torno dotrabalho no bem com as nossas diferenças, com os nossos problemas e dificuldades. Se procurarmosnos entender e compreender e nos aceitarmos uns aos outros como somos, fica mais fácil trabalharem equipe. Porque o trabalho aqui é em equipe. Os espíritos que nos assistem, não são seres tão

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superiores, assim, não. Eles também têm suas lutas, estão trabalhando para progredirem, conquistaremconhecimento. São superiores a nós e já estão mais identificados com o bem. Mas, ainda sãoespíritos em processo de crescimento dentro da evolução, até chegar à perfeição relativa.

Temos o Fluido Universal que liga entre si todos os mundos e criaturas. Matériamovimentada pelos espíritos encarnados ou desencarnados. Que também pode fornecer princípiosreparadores ao corpo. O poder curativo está pois, na razão direta da pureza da substância colocada,mais a vontade daquele que emite o fluido. Por isso, são extremamente variados os efeitos da açãofluídica sobre os doentes.

Quando eu vou dar o passe, se eu sou uma pessoa atenta, cuidadosa. Naquele dia tomeiconta do pensamento, do sentimento, evitei me aborrecer, desequilibrar-me, fiquei dentro de umafaixa de mais tranqüilidade, preocupado com o trabalho no bem. Então, eu vou chegar junto àpessoa e o que eu vou emitir, terá a qualidade exata daquilo que eu sou, daquilo que eu tenho.

Por isto, que nós vemos na sala da cura, como se os médiuns fossem frascos de remédio,mas com composições diferenciadas. Vemos médiuns dando muitos passes em pessoas comdepressão, dizemos assim: “Parece que estou um especialista nisso.” Mas porque, provavelmente,aquele médium tem uma condição tal, de atender melhor tal caso. Agora, o médium na sala da cura,não tem que dizer que é especialista em ossos, em fígado, em estômago, em cabeça, não é nadadisso não. Botou para tomar passe, é osso, você vai dar passe no osso. É problema muscular, vocêvai dar passe no músculo. Não tem esta de: “Fulano, você que está dirigindo, você se enganou, esseé para ele que é melhor nisso.” Se a espiritualidade que orienta na porta, que está atuando na cabeçade quem está conduzindo o enfermo, para esse ou aquele médium, se ela achar mais interessanteque a pessoa tome passe com um determinado médium ao invés de outro, porque este fluido estámais puro, está melhor, atende mais àquela doença, então a espiritualidade faz isso. Não somos nós,os médiuns, que escolhemos pacientes não.

Por isso que eu disse no início, não tem simpatia, deixa esta história de lado, você vaiatender ao companheiro porque ele é filho de Deus e seu irmão.

Porque aquilo que você não tiver, os espíritos irão aumentar a potencialidade do fluido,valorizando aquele fluido ou colocando algo naquele fluido, que falta. Não preciso ter esse tipo depreocupação, se estou atendendo bem ou mal. Porque senão, o médium vai se condicionar a dar umtipo de passe e depois, quando aparecer uma outra situação, ele não vai saber trabalhar, não vaisaber o que fazer. Nós temos que alargar nossa experiência como médiuns.

A mediunidade curadora consiste no dom que CERTAS pessoas têm de curar pelo simplestoque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Quando se fala semo concurso de qualquer medicação, não é que se vai proibir as pessoas de tomarem remédio não,pelo contrário, vai se orientar a que tomem a medicação que o médico passou.

Certas pessoas têm esse dom e Allan Kardec perguntou isso ao Plano Espiritual.Pergunta 556: Têm algumas pessoas, verdadeiramente, o poder de curar pelo simples contato?Resposta: A força magnética pode chegar até aí, quando secundada pela pureza dos sentimentos e por umardente desejo de fazer o bem, porque então os bons espíritos lhe vêm em auxílio.

Nós vamos percebendo que os bons espíritos vêm em nosso auxílio quando queremostrabalhar no bem e no passe da cura, na medida em que os nossos sentimentos vão se purificando etemos o desejo ardente de ajudar. Temos duas regras básicas para entender porque, às vezes, ummédium tem mais assistência, mais cobertura, mais força, cura mais, do que outros. Porque, àsvezes, nesses outros está faltando a pureza dos sentimentos e o ardente desejo de fazer o bem. Isto éindividual.

Quando eu dou passes eu acredito naquilo que estou fazendo? Quando estou falando sobreum tema da Doutrina, eu acredito nisso? Porque se eu não acreditar, a minha palavra não vai fazermuito efeito, não. Não é só passe de cura que sai destrambelhado não, a palavra também. Porque elatem que estar associada em: “Eu acredito nisso.” A palavra terá peso. “Eu acredito no passe decura.” Eu quando dou o passe, dou com o desejo ardente de ajudar ao próximo. Eu tenho que ter istodentro de mim, porque é isto que atrai a atenção dos benfeitores espirituais.

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À medida que estou tratando de alguém, estou me tratando também. Saindo de mim,vencendo as limitações do egoísmo, do orgulho, da vaidade. Estou vencendo essas barreiras dentrode mim, para estender minhas mãos.

Porta pela qual os espíritos semeiam e agem. Abrangendo a saúde moral e física. Ação maisou menos rápida. Porque têm limites traçados pelas leis naturais. Vamos ver pessoas,aparentemente, com os mesmos casos, as mesmas necessidades, e vamos ver recuperações emtempos variados. Não temos que nos chatear, ficar tristes com isto. Porque há limites, e nãopodemos passar por cima deles, nem Jesus fez isso. Jesus não curou a todos. Muitos comparecerama presença dele e receberam a palavra, e a palavra os ajudou a suportar as agruras e dificuldadesdentro da vida material. A entender melhor isso. Mas, não tiveram a cura do corpo físico. Nãotiveram a supressão das necessidades, das dificuldades. Porque são coisas que nós precisamospassar.

Quando perguntaram a Jesus: “Por que tu não desces do madeiro?” No entanto, ele nãopassou por cima de uma determinação superior. Havia necessidade que a exemplificação chegasseao máximo do sacrifício, a nível humano, para que isto ficasse marcado eternamente em nossasconsciências.

Há limites, mas isso não impede você de ajudar, alimentar a esperança e a fé naquelacriatura, para que ela possa vencer e tocar a prova até onde a Lei determinar. Se há pessoas que aLei diz: “Cessou.” É porque a pena já estava prescrita. Então, você vê uma cura. Você vê coisasocorrerem nas nossas salas, não só aqui, em outras Casas Espíritas, em templos protestantes oucatólicos. Na igreja carismática tem ocorrido muitas coisas também interessantes, em termos decura de doenças físicas e espirituais, que você só pode dizer assim; “A Lei foi até aqui. Daqui paracá a pessoa está livre da pena.” Então, a cura acontece.

Há coisas que nós não podemos transpor. Você precisa estar atento às orientações do PlanoEspiritual, porque o passe é individual. Você não dá passe coletivo. É um por um e cada um comseu histórico, com sua situação.

Objetivo da mediunidade curadora:– Curar corpo e espírito;– Provar a realidade de Deus e do Espírito;– Auxiliar e abrir novos horizontes à medicina material.Porque muita coisa que a medicina tradicional não aceitava, já está aceitando. A acupuntura

é uma delas. Chegará um tempo em que o tratamento magnético-fluídico será considerado, já hápaíses que aceitam isto tranqüilamente. Só que perante a lei você é responsável. Como o psiquiatra,psicólogo, um médico comete enganos, ele é responsável perante a lei e nesses países o médiumtambém é responsabilizado, se ocorrer algum prejuízo ao paciente.

Que é o passe de cura? Transfusão de energias físio-psíquicas, através da boa vontade dequem cede de si mesmo em benefício do próximo. Então, é uma transfusão de energias materiais,energias da área do psiquismo, que podemos passar para aquele que está numa fase de baixa,desvitalizado, com problemas.

Então, o passe da cura é isto, vem um médium, vem o espírito adequado para a situação efaz essa transfusão. Começa a trabalhar em torno de você, desobstruindo, limpando os centros deforça, trabalhando nos chacras, no sistema nervoso, que é uma coisa delicadíssima no médium,quanto mais sensitivo, quanto mais sensibilidade, mais complicado o sistema nervoso. Por isso queKardec diz que o médium, está lá em O Livros dos Médiuns, deve trabalhar, desenvolver amediunidade onde ele sentir segurança, com as minhas palavras. Você não pode desenvolvermediunidade com qualquer direção, com qualquer pessoa. Você tem que desenvolver num ambienteque você confie, onde você se sinta bem, se sinta seguro. Isto é muito importante para desenvolver amediunidade e não termos problemas depois.

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Quais os fatores que influenciam as curas?1 – Fé;2 – Crença na espiritualidade – ajuda bastante, mas não é uma coisa determinante, porque,

às vezes, a pessoa não acredita e vai acreditar com o tempo. É até através da cura que ela vai acabaracreditando, que realmente, existe espírito, existe Deus, que tem alguma coisa atuando em nossofavor;

3 – Intercessão – um pedido de encarnados. Atenção de espíritos em relação aos que estãosendo socorridos;

4 – Mérito;5 – Sintonia – aliada à crença. Se você crê, tem fé e consegue sintonizar, você facilita a

absorção dos fluidos. Aí já é o caso do enfermo. Porque há pessoas que são um pouco refratárias outotalmente refratárias ao passe. Se a pessoa não quer, você faz o atendimento dentro dapossibilidade, mas não força, quando ela não está dando abertura para isto. Temos que respeitar.Com o tempo, ela vai adquirindo confiança na Casa, no trabalho, nos benfeitores, vai entendendo,compreendendo o que é a coisa, e vai se abrindo. Tem que dar tempo ao tempo para que isto possaacontecer.Pergunta: A pessoa muito preocupada com seus problemas, também não pode criar uma barreira edá a impressão que ela não está querendo receber?Resposta: Nós vamos aprendendo com o tempo, o que parte da pessoa. Todos nós temos uma coisachamada aura. Na aura se reflete não só as vibrações atômicas, das células, mas também ali sereflete e aparece as imagens daquilo que eu penso e sinto. Você gera um campo em torno de você.Os ocultistas e orientais chamam de aura.

Quando eu me aproximar, eu tenho que ver se a coisa está na aura ou se parte dela emrelação a mim. Porque a gente que tem um pouco mais de sensibilidade, consegue perceber isto.Você vai chegar perto dela e pensa assim: “Puxa, já vem este cara me dar o passe contra a minhavontade.” Eu escuto, às vezes, pensamentos desta ordem. Se eu perceber isso, temos que nosaproximar com muita delicadeza e passar para ela uma vibração, principalmente, de sentimento. Nacura se trabalha muito com sentimento, você tem que estar impregnado deste sentimento de cura.

Então, você se aproxima com aquela boa vontade, com compreensão, com entendimentodentro de você em relação àquela situação. Sentiu que é uma coisa construída em torno, vaidevagarinho, diluindo aquilo. Se é algo dela em relação a você, dizendo: “Cuidado, aonde você vaibotar a mão. Porque eu estou aqui de má vontade, não acredito nisso, não gosto disso.” Vai nocoração, diluindo aquela coisa que está ali em cima.

A pessoa vai ter que ir ao psicólogo, porque só aqui, você acha que vai conseguir ajudar? Apessoa precisa de um outro tipo de apoio. Porque são coisas guardadas, que estão na memória, noarquivo. O passe pode tirar muita coisa, mas a pessoa tem que conversar com alguém, desabafaraquilo, é um lixo que ela está carregando e tem que jogar fora, aquilo está envenenando-a.

Por isso, que eu digo que o passe é muito individual. Seja lá o passe que você for dar, temque prestar atenção nesses detalhes mínimos, nessas situações que vão particularizar o atendimento.

Nós temos pontos sensíveis e muitas vezes num processo obsessivo, se o espírito percebeesse ponto, ele vai atacar neste ponto. Porque é esse seu lado que está mais aberto.Pergunta: Quando você vai dar um passe numa pessoa que tem um problema de obsessão, hápossibilidade de esta pessoa, ao passar por um outro médium, após o trabalho, por um descuidodeste médium, receber este impacto, vindo o obsessor, como se fosse uma incorporação. Como se oespírito tivesse incorporado neste médium, para dizer alguma coisa?Resposta: A orientação que nós temos aqui, é não dar passividade, porque registrar, nós podemosregistrar. A aura é a nossa defesa, o nosso campo de força. A primeira defesa que temos quetrabalhar é, justamente, este campo de força. Quanto mais positivo, mais ele neutraliza isto. Vocêregistra e não absorve.

6 – Vontade;7 – Oração;

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8 – Concentração – que é o pensamento dentro do trabalho. E se possível, a gente conclamaas pessoas que vão ser socorridas, que procurem orar, colocar o pensamento em Deus, em Jesus,para facilitar esse trabalho. Nós é que devemos estar concentrados, para que os espíritos possam nosintuir da melhor forma possível no atendimento;

9 – Ambiente – deve ser preparado para isso. É preparado pelo Plano Espiritual, como estáaqui em André Luiz, mas nós também temos que cuidar da arrumação, do conforto relativo paraquem vai tomar o passe, a higienização material do local. Essas coisas todas somadas favorecem otrabalho;

10 – Educação moral – daquele que recebe e do que está dando. Porque não podemos dizer:“Você só vai se curar, se melhorar moralmente.” Mas, o meu fluido vai melhorar, se eu tambémmelhorar moralmente.

O sentimento da cura nos médiuns:1 – Faz com que eles se dediquem com amor, alegria felicidade. Primeiramente é descobrir

como a gente desenvolve o sentimento de cura. Eu estou no passe de má vontade ou boa vontade?“Ah! Eu estou agradando ao Dr. Hermann, porque ele disse que eu preciso trabalhar no passe decura.” Me desculpe, mas você não está aqui para agradar espírito nenhum. Você está a fim de seauto-ajudar. Você precisa do trabalho, tem que valorizar este trabalho, ele é importante para o seuespírito.

Preciso me conscientizar que é um trabalho que pode me beneficiar, como beneficia o meupróximo. É um trabalho que trabalha muito os meus sentimentos, em termos de amor ao próximo,em termos de caridade, misericórdia. Faz com que eu vá suplantando, vencendo o egoísmo, avaidade dentro de mim. Vai me transformando num espírito mais humilde, diante da grandeza dessatarefa, desse trabalho. Faz com que eu vá tendo um sentimento de amor, alegria e felicidade. Porqueeu valorizo esse momento.

A gente percebe que está com este sentimento, em relação ao trabalho mediúnico, quandotira férias e sente falta do trabalho, dos companheiros, até aquele mais birrento. Porque já há umsentimento renovado dentro da gente, em relação à tarefa. E a gente valoriza e sente que precisa datarefa. Se identifica e isto passa a fazer parte do nosso ser. Passa a ser um patrimônio nosso quedividimos com os outros.

2 – Aumenta a vontade de amparar, ensinar, ajudar, valorizar. Valorizar as pessoas, se auto-valorizar, ter sua auto-estima fortalecida. O trabalho não é só para os outros, é para você também.

3 – Ajuda a cultivar o hábito de elevação. Você vai se elevando com isso. Você estáajudando aos outros e ao mesmo tempo ajudando a se elevar também.

4 – Terá saúde material e/ou espiritual. Os médiuns que tiverem esse comportamento,perseverarem nesse sentido, terão saúde material e espiritual, ou senão, a saúde material, que foi ocaso do Chico, anos e anos com seus problemas, mas tinha uma saúde espiritual maravilhosa.

Eu não preciso me preocupar se ela, ela ou ela estão fazendo ou não estão fazendo, eu voufazer a minha parte. Não me importa se os outros façam ou não, não é problema meu.

O mecanismo da ação fluídica, é a combinação dos fluidos, que os espíritos fazem namistura de fluidos deles, das coisas que eles trazem de fora, ou do Plano Espiritual, ou da natureza,com os fluidos do médium, fazendo essa combinação, para que a sala da cura se transforme numgrande laboratório e essa transformação, combinação, aplicada nas pessoas. E nós, por nossa vez,somos beneficiados, porque se somos intermediários, a coisa vai passar por mim. Então, eu vou serbeneficiado também.

Quantas vezes entramos no trabalho, com problemas, com as nossas dores, mágoas, o dia foidifícil, problemas surgiram, os ataques para que não viéssemos à tarefa, se multiplicaram e quandotermina o trabalho, você se sente de alma lavada, leve. É uma felicidade que dinheiro nenhumcompra. Por mais que você seja bem situado na vida material, é uma felicidade que o que você temlá fora, não suplantará nunca, porque é algo que vai permanecer no espírito para sempre. As coisasdaqui ficarão.

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E a troca dos fluidos malsãos. Você aplica, você retira. Na sala ao lado é preparada a pessoa,retirando o que não está bom e você faz a colocação desses fluidos bons, positivos e depois vamosver como as coisas vão ficando.

Nesses anos todos, uma das coisas que me tem feito mais calar a boca. Porque eu sou umespírito muito radical, mas já fui mais radical. Os espíritos sempre me diziam que há casos que securam instantaneamente e há casos que só o tempo. Mas, o importante que os espíritos me passaramé: “Aprenda a ver as pessoas com as suas dificuldades iniciais e observe os esforços de cada um emsuperar aquilo. E daqui a pouco você vai ver no trabalho, você vai ver ela crescer no trabalho e sevocê não fechar sua boca, elas vão lhe passar.” O espírito falou isto para mim. “Vá com calma, nãojulgue, porque estas pessoas têm valores, têm conquistas.” A coisa está nublada, ensombrecida,envolta na perturbação, mas tirando isto, tem lá o potencial que pode ser trabalhado.

A gente se prende muito no lado pior do nosso eu. Ficamos muito nas sombras. Nosacomodamos, porque para sair da sombra, você vai enfrentar, temporariamente, a cegueira que a luzforte pode provocar. Mas, conforme você vai se acostumando à luz, isto não te incomoda mais evocê se sente bem é na luz.

Todos nós temos coisas, potenciais, muita coisa boa dentro da gente. Nós já fizemos muitobem em outras vidas, não fizemos só o mal, não. Se tivéssemos feito só o mal, não estaríamos hojeaqui sentados, escutando estas palavras. A nossa sintonia e identificação seria com outro tipo deforça.

A gente se analisa, verifica os pontos fracos, mas não é para ficar preso neles. É paracombatê-los, para nos tornarmos cada vez mais fortes dentro da vida.

Que o Senhor nos abençoe.

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Compreensão, Indulgência e PerdãoAula dada por PAULO CORDEIRO em 20/09/2003

Rogo a Deus, rogo a Jesus, a Ignácio Bittencourt, aos benfeitores que nos assistem, umavibração de profunda humildade, para que o meu personalismo não empane o estudo da tarde dehoje, não extrapole, não invente, dar exatamente o conceito doutrinário. Tentando perceber,perseguindo mesmo, a vibração do benfeitor espiritual, que com certeza, vai me ajudar.

O que é o paciente? Deixando de lado a Medicina, o paciente na definição médica. Vamospara a definição de paciente doutrinário. Se não me engano é Emmanuel que traz essa definição, senão for, ele não vai ficar aborrecido de se citar o nome dele. Ele diz o seguinte: “Paciente é todo oindivíduo que persevera numa tarefa lenta e difícil.” De trás para frente: Ela já é difícil. Por serlenta, se torna mais difícil ainda. E agora resta a gente analisar, perseverar.

Existe uma grande confusão em nós encarnados, em termos de vocabulário, a gente, àsvezes, cisma que está perseverando, mas está teimando. A gente tem que fazer uma diferença entreteimosia e perseverança.

Dizem os espíritos que, teimar é repetir sempre o que é errado.Perseverar é insistir no que é certo.No livro Teologia Espírita, capítulo X, “Virtudes Teologais e Ações Cristãs”, o professor

Lamartine vai nos remeter ao Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, A Virtude, item 8,ele vai fazer um raciocínio muito bom. Nos colocando bem a cavaleiro da situação, nos desarmandoaté, de alguns raciocínios ainda embasados naquela situação que Joanna de Ângelis fala, doatavismo, que é um hábito, que não é novo e se mantém em cada um de nós há milênios. E muitosde nós nem percebemos que temos esse hábito. É preciso que alguém que veja o hábito, venha ediga para gente: “Você já reparou que você faz isso?” Num primeiro momento você fica impactado.

O professor Lamartine, como que nos prepara, para essas descobertas de determinadoshábitos atávicos que possuímos. Ele começa dizendo assim: “O que se espera do modo de viver deum cristão, senão que ele seja uma pessoa virtuosa ou santa?” Quando você diz cristão, espera-sede você virtude e santidade, isso é inevitável, porque o Cristo demonstrou isso. Se você é umseguidor do Cristo, no mínimo, você vai demonstrar isso.

Vamos a uma análise para começar a cutucar o nosso atavismo. Vou pegar uma análisesimples, para partir para uma complexa.

Quando os nossos filhos chegam e dizem: “Oba mãe! a tia está doente, não tem aula. Quelegal!” É simples.

Alguém já lembrou de falar para o filho: “Filho, não fala isso. Você deveria convidar seuscolegas, para fazer uma prece, para a tia que está doente.”

Se seu filho falar isso na sala de aula, como ele vai ser tratado?Quando o tio chega na porta e diz assim: “O turma, silêncio, a tia não vem.” O que a

garotada faz na sala? Gritos, bolinha de papel, aquela coisa toda. Não se diz, que é natural? Não énatural, bota o natural entre aspas. É natural relativo a insipiência, a falta de percepção.

Vamos trazer para o lado complexo. Vou trazer para dentro do Centro: “Não tem reunião noCentro hoje.” O que a gente sente? Será que alguém diz assim: “Ah! vou para outro Centro. Nãoadmito que não tenha reunião.”

O que a gente sente? Você fica chocado porque não tem reunião? ou você diz assim: “Ah!vou mais cedo para a casa da praia, vou mais cedo para a casa da montanha. Ah! vou fazer umchurrasquinho, vou reunir o povo, vou me divertir.” Se dá satisfação não ter reunião, é um vírus.Cuidado. Porque os inimigos declarados do Cristo, sentem satisfação quando não tem reunião. Sevocê sentiu satisfação porque não vai ter reunião, fica para a nossa dedução.

Professor Lamartine continua dizendo para gente: “... Mas bem se sabe que é muito difícilestabelecer-se um quadro de santidade, de uma hora para a outra, num indivíduo cujo espírito esteja emevolução, longe ainda de alcançar a perfeição.” É um raciocínio lógico, difícil. O atavismo prova isso.O atavismo prova, que é difícil estabelecer-se um quadro de santidade, porque você ainda não tem

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consciência do seu atavismo. Mas aí, tem um outro intervalo, você tem que analisar duas palavras.Você tem que analisar ciência e consciência.

O que é ciência? Conhecimento. O que é consciência?Vamos então buscar um raciocínio, para nos ajudar a estabelecer a diferença entre ciência e

consciência. Eu estou ciente dos 10 mandamentos, qual deles eu não pratico? Então, já começo aver a diferença entre ciência e consciência.

Eu estou ciente das normas de equilíbrio físico. O meu cardiologista me pergunta se eu estouconsciente das normas de equilíbrio físico. É importantíssimo a gente analisar isso: ciência econsciência.

Você sabe, mas você usa?Dentro da exposição doutrinária eu comecei a ficar ciente de informações doutrinárias. E ao

longo do tempo, o público me obrigou a ficar consciente da ciência da informação doutrinária.Como é que eles me obrigaram? Um dia um deles levantou e disse assim: “Você pode me

dizer uma coisa que você tenha praticado, disso que você falou e a cicatriz que você traz por terpraticado isso?” Ele viu que eu tinha ciência, mas eu precisava mostrar a ele, a cicatriz daconsciência, a mudança.

Para fixar mais ainda esse raciocínio, o médium Francisco do Espírito Santo Neto emSalvador, após o estudo doutrinário, uma senhora aproximou-se dele e disse: “O senhor parece atéum ser humano.” Quando ela falou isso para ele, imediatamente, ele foi levado ao campo daconsciência e nas entrelinhas disse: será que eu nunca passei que era um ser humano? Será quefazendo a exposição doutrinária, me coloquei tão distante assim, e só hoje essa criatura, foi a únicaque teve coragem de chegar perto de mim e dizer: “O senhor parece até um ser humano. O senhorme deu a entender que sofre, como nós do lado de cá, sofremos.”

Porque é um grande vício, para nós que vamos exercer a posição doutrinária, que vamosdinamizar, não nos misturarmos com quem está nos ouvindo. E uma das situações que vai mostrar acada um de nós esse processo, é o outro vício, aí diretamente ligado aos espíritas, de nós esperarmosque quem nos ouça, raciocine na nossa velocidade.

Eu tenho que ter consciência de que um dia, um companheiro da assistência, que meobservar tendo um comportamento, que ainda não é compatível com o que eu citei, me perguntar:“Mas você não é espírita?” Quando ele me perguntar isso, eu jamais poderei sentir qualquersensação desagradável. Se eu não passei para ele a sensação, a certeza de que não sou diferente, eusó estou diferente, porque estou aqui me expondo e expondo conceitos, enquanto vocês estãoconfortavelmente absorvendo a minha exposição. Nessa troca, o grande desafio de quem está aqui,é mostrar que a única diferença é que vocês estão sentados anotando. Com direito a perguntas,argüições, análises.

Então, a minha posição aqui, eu até me policio para não bambear, para não ficar meioperdido no raciocínio, mas meu desafio é dizer a vocês que: entre vocês e eu a única distância é a dacadeira, das fileiras, porque estamos no mesmo patamar.

O professor Lamartine então, vai fechar o raciocínio da gente em torno de virtudes teologaise ações cristãs da seguinte maneira: “...A Doutrina Espírita mostra que as virtudes são aquisições deplenitude que se alcança após experiências sucessivas, nas diversas existências corporais, reencarnatórias,no esforço de se aprender na leitura do Universo, que é a materialização do pensamento divino. Porenquanto, o Espiritismo não espera que os seus adeptos, enganosamente, se mostrem virtuosos e santos, mas‘reconhece o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar assuas más inclinações.’” (Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 4, último parágrafo).

Essa é a primeira situação que a gente coloca aqui, dentro do trato dessas virtudes quevamos analisar.

No livro Boa Nova, lição 16, “O testemunho de Tomé”, Ed. FEB:Tomé chega acompanhado de um grupo de poderosos de Jerusalém. Tomé queria que Jesus

recebesse aquelas criaturas.Antes da chegada de Tomé, Jesus conversando com os discípulos perguntou: “— Por que

pede esta geração um sinal do Céu?”

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Chega Tomé e pergunta: “— Senhor, numerosos homens de importância estão na localidade edesejam o sinal de vossa missão divina!”

Jesus vira-se para Tomé e pergunta: “— Que desejam de mim?”— Querem conhecer-vos, Mestre! – replicou o apóstolo, mais confortado.— Não é necessário que me vejam a mim, mas que sintam a verdade que trago de Nosso Pai –

redargüiu Jesus, com tranqüila firmeza.Deixando transparecer o desgosto que aquela resposta lhe causava, Tomé insistiu:— Mestre, Mestre, atendei-os!... Que será do Evangelho do Reino e de nós mesmos, sem o apoio dos

influentes e prestigiosos? Acreditais na vitória sem o amparo das energias que dominam o mundo? Mostrai-vos a esses homens, revelai-lhes o vosso poder divino, pois, ao demais, eles apenas desejam conhecer-vos deperto!...

Jesus amorosamente e com energia, como que colocando Tomé fora daquelas vibrações queo envolviam, naquele momento, vira-se para Tomé e diz:

“— Tomé — exclamou o Senhor, com energia —, Deus não exige que os homens o conheçam senãono santuário do perfeito conhecimento de si mesmos. Eu venho de meu Pai e tenho de ensinar as suasverdades divinas. Nunca reclamei dos meus discípulos as suas homenagens pessoais, apenas tenhorecomendado a todos que se amem, reciprocamente, através da vida!”

Vamos refletir. Raciocinemos: sinais de Deus no Céu, o que Tomé queria mostrar para ospoderosos. Sinais de Deus na Terra. Jesus diz a Tomé, que eles não enxergavam sinais de Deus naTerra, como é que poderiam ver no céu.

Vamos ver nós. Sinais de Deus na Terra? Um colibri, uma rosa, uma cachoeira, um lago,uma praia, uma montanha nevada, um vulcão, um furacão, mesmo que tenha nome de mulher.

Qual o principal sinal de Deus na Terra? Nós.Será que a gente já se conscientizou daquela informação de Jesus, que a obra-prima de Deus

é o espírito inacabado e cujo acabamento é por conta do espírito?Por que eu amo a Deus na natureza e não amo a Deus porque eu tenho o próximo?Deus é muito bom: que Sol belo!Deus é maravilhoso: que céu azul!Deus é bom: que floresta!Deus é magnífico: eu tenho o próximo!Eu tenho o próximo distante ou próximo?Qual é o principal sinal de Deus no Universo? O próximo.Nós temos um atavismo de não enxergar Deus no próximo e até dizemos: “Onde estava

Deus que botou essa criatura na minha vida?”O próximo é sinal de Deus na minha vida.Uma informação que um espírito nos deu: “Nada na Terra pode ser acrescentada ao que o

Cristo nos disse.” Falta entendimento. O Cristo já disse tudo, você já entendeu tudo? Porque oCristo disse, que só se chega a Deus passando por uma ponte e essa ponte se chama: o próximo.

“Se a um dos pequeninos deste de comer, deste habitação, agasalhaste, foi a mim que ofizeste.”

Jesus na época dos pastores, define o próximo como a ovelha. “Todas as ovelhas não seperderam, todas serão levadas ao aprisco, ao rebanho.” Nenhuma ovelha ficará ao relento. Enquantouma ovelha estiver fora do redil, o pastor não dorme.

Então, o próximo é a presença de Deus junto de nós. Eu já me preparei para enxergar Deusno meu próximo? Aí é que está o atavismo. E tenho a pretensão de que o próximo me acate, mecompreenda.

Uma outra informação para o nosso arquivo atávico: nós já nascemos parentes e o únicograu de parentesco no Universo é fraterno, irmão. Não somos órfãos e temos irmãos. Pertencemos afamília dos filhos de Deus. Somos irmãos em Humanidade e a Humanidade é nossa irmã.

Onde, quando e como exercitar as virtudes e praticar as ações cristãs? Em todos os lugaresem que eu me encontrar tem que ter o próximo. Se não tiver o próximo, eu não poderei exercitar epraticar compreensão, indulgência e perdão. O próximo tem que ser companhia constante.

Virtude – é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem.(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 8, A Virtude).

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No Livro dos Espíritos, dizem os espíritos sobre virtude:Pergunta 893. Qual a mais meritória de todas as virtudes?Resposta: “Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Hávirtudes sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude,porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A maismeritória é a que assenta na mais desinteressada caridade.”

Se você sente um mau pendor e diz que não vai ceder, você está sendo virtuoso.Aí Kardec perguntou se existe arrastamento irresistível. Eles responderam: não, desde que

use a vontade. Se você não usar a vontade, ladeira abaixo. Eles até nos levam a uma posição deanálise crua de nós mesmos, porque eles dizem que é fazendo esforços insignificantes. Pequenosesforços. De que tamanho? Do tamanho do grão de mostarda.

Um esforço do tamanho de um grão de mostarda, arrasta montanha. Jesus falou isso paragente.

A virtude pode se tornar sublime, através do sacrifício do interesse pessoal, pelo bem dopróximo — que eu ainda não vejo como a representação de Deus perto de mim — sem pensamentooculto, que é a intenção. E Deus julga pela intenção. A mais meritória é a assenta na maisdesinteressada caridade. Então, eu tenho que fazer um sacrifício da minha intenção, do meuinteresse pessoal, em benefício do próximo.

Quando se fala sacrifício, a gente começa a sentir dor. Os espíritos nos deram umacomposição de uma palavra, que não vai dar dor. Tira o sacrifício e transforma a atitude em sacro-ofício.

Por exemplo, se chamar alguém para fazer a prece, será um sacrifício ou sacro-ofício? Seestiver ainda no sacrifício, geralmente, a gente abaixa a cabeça. Se não tiver essa sensação, estarásublimando o sacrifício em sacro-ofício.

O que é compreensão? É aceitar, entender o próximo como ele é.Como desenvolver isso rapidamente. Joanna de Ângelis, em Leis Morais da Vida, lição 23,

Renovação diz que o sublime exemplo foi Jesus quem deu, de desenvolver rapidamente acompreensão em você.

“Jesus, o Sublime exemplo, ensinando a perene urgência da renovação dos propósitos superiores,cercou-se de pessoas difíceis de serem amadas, compreendidas, ajudadas, não desperdiçando situações nemcircunstâncias negativas, armadilhas e astúcias em momentos de aflitivas conjunturas, propiciando-nos,assim, a demonstração do valor do ideal e da vivência do Bem, conseguindo a todos renovar e a tudomodificar, em razão dos objetivos elevados do Seu ministério entre os homens.”

Quando Jesus socorre um menino que caía no fogo e na água. Simão pergunta se o espíritodo mal também é nosso irmão. Ele tinha essa dúvida. Primeiro, espírito do mal ou espírito que estáafastado do bem? Porque a definição é nossa, Deus não criou o espírito do mal. É atávico eu dizer:espírito do mal. O mal só existe porque você não faz o bem. Paulo de Tarso diz que para fazer omal, basta a inércia.

Tudo abaixo do reino humanal ou hominal não é inerte. Tudo que está no reino animal,vegetal e mineral cumpre 100% a função natural, a função divina. O único elemento que é a obra-prima do Universo, que bota controversa no cumprimento da parte que lhe toca, na harmonia doUniverso é o homem. Eu já sou responsável na parte que me compete, na obra da natureza, demanter a harmonia nesse Universo, que é o primeiro talento que recebo, o corpo físico.

Indulgência – é qualidade de indulgente. O que é ser indulgente? É estar pronto a perdoar.Estamos prontos a perdoar? É isso que temos que reconhecer.

Diz o dicionário que indulgente é remição das penas. Remição com “ç” é ato de remir.Remir é adquirir de novo, resgatar, ressarcir, salvar, fazer esquecer, reabilitar-se.

Quando se diz que o indulgente, pronto a perdoar, é remição das penas, qual o sentido quefica aí? porque existe remissão com “ss”. Remissão com “ss” é perdão. Remição com “ç” éindulgência. Então o que significa você resgatar, ressarcir, fazer esquecer, reabilitar-se? Significaque a vítima perdoa o seu algoz, mas o seu algoz tendo consciência do que fez, não se perdoa. Masquando o algoz passa de ciência para consciência, ele não se perdoa. Então, ele quer a remição com

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“ç”, ele busca a Lei. Ele entende que não ofendeu ao próximo, ele atingindo ao próximo, eleofendeu a Lei.

O indulgente é aquele que perdoa, mas vai fazer alguma coisa por aquele que o prejudicou.Porque aquele que o prejudicou vai procurar a Lei.

Exemplo clássico: Yvonne do Amaral Pereira narra no livro Memórias de um Suicida, queela sente profunda dor, toda vez que o amado dela, o Canalejas se aproxima. Ele a ama e querajudá-la, mas ela não consegue estar perto dele. Porque ela sente que quando o prejudicou, não foi aele que prejudicou diretamente e sim a Lei. Ela só quer voltar a estar junto dele, quando elasatisfizer a Lei. Aí é o sacro-ofício. É o espírito procurando se redimir dentro dele próprio, emrelação à Lei. Ele quer vencer todos os empecilhos que o coloque nos estado dele se sentir devedorda Lei, ele não quer ser devedor da Lei.

Do livro O Céu e o Inferno, capítulo VIII, 2a parte, Expiações Terrestres.MARCEL, o menino do no 4

Havia num hospital de província um menino de 8 a 10 anos, cujo estado era difícil precisar.Designavam-no pelo no 4. Totalmente contorcido, já pela sua deformidade inata, já pela doença, as pernasse lhe torciam roçando pelo pescoço, num tal estado de magreza, que era pele sobre ossos. O corpo, umachaga; os sofrimentos, atrozes. Era oriundo de uma família israelita. A moléstia dominava aqueleorganismo, já de oito longos anos, e no entanto demonstrava o enfermo uma inteligência notável, além decandura, paciência e resignação edificantes. O médico que o assistia, cheio de compaixão pelo pobre umtanto abandonado, visto que seus parentes pouco o visitavam, tomou por ele certo interesse. E achava-lheum quê de atraente na precocidade intelectual. Assim, não só o tratava com bondade, como lia-lhe quandoas ocupações lho permitiam, admirando-se do seu critério na apreciação de coisas a seu ver superiores aodiscernimento da sua idade. Um dia, o menino disse-lhe: — “Doutor, tenha a bondade de me dar ainda umavez aquelas pílulas ultimamente receitadas.” Para quê? replicou-lhe o médico, se já te ministrei o suficiente,maior quantidade pode fazer-te mal...

— “É que eu sofro tanto, que dificilmente posso orar a Deus para que me dê forças, pois não queroincomodar os outros enfermos que aí estão. Essas pílulas fazem-me dormir e, ao menos quando durmo, aninguém incomodo.”

Aqui está quanto basta para demonstrar a grandeza dessa alma encerrada num corpo informe. Ondeteria ido essa criança haurir tais sentimentos? Certo, não foi no meio em que se educou; além disso, naidade em que principiou a sofrer, não possuía sequer o raciocínio.

Tais sentimentos eram-lhe inatos: — mas então por que se via condenado ao sofrimento, admitindo-se que Deus houvesse concomitantemente criado uma alma assim tão nobre e aquele mísero corpoinstrumento dos suplícios?

É preciso negar a bondade de Deus, ou admitir a anterioridade de causa; isto é, a preexistência daalma e a pluralidade das existências. Os últimos pensamentos desta criança, ao desencarnar, foram paraDeus e para o caridoso médico que dela se condoeu. Decorrido algum tempo, foi o seu Espírito evocado naSociedade de Paris, onde deu a seguinte comunicação (1863):

“A vosso chamado, vim fazer que a minha voz se estenda para além deste círculo, tocando todos oscorações. Oxalá seu eco se faça ouvir na solidão, lembrando-lhes que as agonias da Terra têm porpremissas as alegrias do céu; que o martírio não é mais do que a casca de um fruto deleitável, dandocoragem e resignação.

“Essa voz lhes dirá que, sobre o catre da miséria, estão os enviados do Senhor, cuja missão consistena exemplificação de que não há dor insuperável, desde que tenhamos o auxílio do Onipotente e dos seusbons Espíritos. Essa voz lhes fará ouvir lamentações de mistura com preces, para que lhes compreendam aharmonia piedosa, bem diferente da de coros de lamentações mescladas com blasfêmias.

“Um dos vossos bons Espíritos, grande apóstolo do Espiritismo, cedeu-me o seu lugar por estanoite. Por minha vez, também me compete dizer algo sobre o progresso da vossa Doutrina, que deve auxiliarem sua missão os que entre vós encarnam para aprender a sofrer. O Espiritismo será a pedra de toque; ospadecentes terão o exemplo e a palavra, e então as imprecações se transformarão em gritos de alegria elágrimas de contentamento.”

Pergunta: Pelo que afirmais, parece que os vossos sofrimentos não eram expiação de faltasanteriores...

Resposta: Não seriam uma expiação direta, mas asseguro-vos que todo sofrimento tem uma causajusta. Aquele a quem conhecestes tão mísero foi belo, grande, rico e adulado. Eu tivera turiferários e

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cortesãos, fora fútil e orgulhoso. Anteriormente fui bem culpado; reneguei Deus, prejudiquei meusemelhante, mas expiei cruelmente, primeiro no mundo espiritual e depois na Terra. Os meus sofrimentos dealguns anos apenas, nesta última encarnação, suportei-os eu anteriormente por toda uma existência queralou pela extrema velhice. Por meu arrependimento reconquistei a graça do Senhor, o qual me confioumuitas missões, inclusive a última, que bem conheceis. E fui eu quem as solicitou, para terminar a minhadepuração.

Adeus, amigos; tornarei algumas vezes. A minha missão é de consolar, e não de instruir. Há, porém,aqui muitas pessoas cujas feridas se jazem ocultas, e essas terão prazer com a minha presença.

Marcel

Agora, vou trazer um fato de 2001. Safeia Tunga Tudu é mãe de 5 filhos, a mais novinha sechama Adama. Vamos ao intróito de Safeia, para entendermos as virtudes.

Safeia é habitante de uma aldeia do norte da Nigéria, país fundamentalista. Safeia chamou aatenção do mundo quando foi condenada, em pleno século XXI, a morrer apedrejada.

A razão da condenação de Safeia era tão espantosa, quanto a forma da execução de sua pena.Seria enterrada na areia até o busto, coberta por um pano e depois apedrejada até a morte. Por tersupostamente cometido adultério.

Depois que foi deixada pelo marido, começou a se relacionar com o vizinho de sua aldeia.Quando soube que Safeia esperava um filho seu, o vizinho quis marcar o casamento, mas não tevetempo, porque Safeia já havia sido denunciada por adultério, considerado crime imundo e punidocom a pena de morte, pela legislação judiciária da Nigéria. Um dos itens do código civil: todomarido tem o direito de espancar sua mulher. Garantido por lei.

O autor da denúncia foi o próprio irmão de Safeia, adepto fundamentalista. Para formalizaresse tipo de acusação, basta que 4 pessoas deponham como testemunha. E pasmem, vizinhos deSafeia se dispuseram a fazer isso.

Safeia que havia dado a luz a menina Adama, poucas semanas antes foi presa e torturada.Safeia entrou para depor com todos os dedos, quando saiu tinha apenas um.

Em 9 de outubro de 2001, foi condenada à morte por apedrejamento. A única concessão quea lei faz na Nigéria, em casos como Safeia, é permitir que a acusada viva, enquanto estiveramamentando o seu bebê.

Os advogados de Safeia recorreram à Anistia Internacional e conseguiram mais de 470 milassinaturas, que associadas ao trabalho de uma equipe de advogados acabou levando o Presidenteda Nigéria, a pedir que a execução por apedrejamento fosse trocado por um castigo mais brando,apenas chibatadas.

Mas, Safeia apresenta um comportamento, diante desse intróito, que machuca a nós cristãos,ocidentais que não temos essa lei. A repórter espanhola pergunta para ela o seguinte:

— O que você sentiu quando ouviu a sentença do primeiro julgamento?— Já perdoei meu irmão.Soube que ia ser lapidada e disse para a repórter: já perdoei meu irmão.É uma mulher na Nigéria, não tem consciência do Cristianismo.E continua a resposta: — Essa situação é uma prova que Alá nos mandou. Leve minha

mensagem a todas as mulheres e homens que me ajudaram, sem me conhecer. Obrigada, é bom emaravilhoso que tanta gente tenha se mobilizado por mim. Eu levo cada uma dessas pessoas no meucoração.

Aonde está o atavismo aí? Porque na nossa lógica era para não dizer isso. Será que quandoSafeia estava na escola e dissessem: A professora não vem, ela faria bagunça ou diria: Ah! menosum dia sem aprender, coitada da tia, vou rezar para ela.

Eu já sei onde estou errando. O que dói em mim é que ela é nigeriana, é fundamentalista, éde uma cultura que eu considero retrógrada.

Quando a gente nasce, nasce simples e ignorante, puro. Sem complexidade, você está “innatura”. Aí você vai começar a ficar complexo. O nosso instrutor Balthazar deu 4 níveis decomplexidade e já longe da simplicidade, dos nossos irmãos impuros: notoriamente maus, os que secomprazem no mal, aproveitadores do mal e vingadores. São complexos, já não são simples, nãotêm a pureza.

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Se é notoriamente mal, só sabe fazer o mal.Se se compraz no mal, gosta e chama como colega o notoriamente.Se é aproveitador, gosta, se compraz, mas não suja as mãos, contrata os outros dois.Se é vingador, usa os três. Por que esperar a Lei de equilíbrio do Universo?Se eu fico intimidado pela presença do Dr. Bezerra na sala, eu não tenho intimidade com ele,

mas tenho que trabalhar essa intimidação. Porque ele ficará triste comigo, de me ver intimidado napresença dele. Ele vai fazer tudo para que eu fique à vontade.

Quem ficou de maneira intimidada diante do Cristo? Jesus se esmerou em não deixarninguém intimidado. Ninguém. Todos que se aproximaram do Mestre, nas impressões que tiveram,mas não saíram intimidados. Pelo contrário, ficaram admirados do envolvimento dele os absorver. Éum processo de trabalho nosso e isso mexe com compreensão, indulgência e vai mexer com operdão.

No livro Coragem da Fé, do médium Carlos A. Baccelli, é o próprio Dr. Bezerra quem fala:que o problema do homem não é com Deus. Será com o próximo. Por quê? Não é pela falta de féque o homem tem fracassado. Desde os primórdios o homem tem procurado reverenciar o Criadorna exteriorização de sua religiosidade natural.

Religiosidade natural é a religiosidade que já está em nós.Onde o princípio inteligente começa a exteriorizar a sua religiosidade natural? No mineral

aonde? Na busca da luz nas camadas eletrônicas.No vegetal? Busca da luz para a fotossíntese, para criar vida.No animal? Busca da luz para ter a energia física.No reino hominal? Na infância do espírito, já espírito, a busca instintiva da luz. Depois que

ele comete os atos impensados, ele foge da luz. Mas no início, ele tem a simplicidade das criançasque Jesus fala: “Deixai que venham a mim os pequeninos.” E você que é adulto imita ospequeninos, ou seja, não se torne criança, mas não perca a sua sensibilidade de se aproximardaquele que pode te ajudar. Qualquer criança perdida, antes da deturpação da comunicação doadulto, dá a mão a qualquer adulto. Se viu perdida, chorou procurando o responsável, qualqueradulto que chegar e disser: me dá a tua mão, que eu vou te ajudar a achar teu pai ou tua mãe. Elanão fica intimidada pela presença do adulto. Então, é um erro nosso, ficar intimidado diante dobenfeitor. Porque o benfeitor jamais irá nos intimidar. Nós que nos intimidados na presença dele.Entramos no que Joanna chama de conceito de menos valia: “Quem sou eu?”, “Por que eu?” quem évocê? Três perguntas você tem que responder: quem sou eu?, como sou? e como estou?

Quem sou? a gente já pode responder: jóia preciosa da criação divina. Vós sois deuses, a luzdo mundo. Todos, não escapa ninguém, encarnados e desencarnados. Somos a presença viva deDeus no Universo. O meu próximo é a presença de Deus perto de mim.

Como sou eu? Sou imagem e semelhança do meu Criador, em essência, tenho quetransformar isso em realidade.

Como estou eu? Aí é cada um de nós vendo a que distância estaremos dessa situação.No livro Boa Nova, lição 10, O Perdão, página 68, quem faz a pergunta é Filipe:“...Deixando transparecer que as elucidações não lhe satisfaziam plenamente, perguntou Filipe:— Senhor, vossos esclarecimentos são indiscutíveis; entretanto, preciso acrescentar que alguns dos

companheiros se revelaram insuportáveis nessa viagem a Nazaré: uns me acusaram de brigão e desordeiro;outros, de mau entendedor de vossos ensinamentos. Se os próprios irmãos da comunidade apresentam essasfalhas, como há de ser o futuro do Evangelho?

O Mestre refletiu um momento e retrucou:— Estas são perguntas que cada discípulo deve fazer a si mesmo. Mas, com respeito à comunidade,

Filipe, pelo que me compete esclarecer, cumpre-me perguntar-te se já edificaste o reino de Deus no íntimodo teu espírito.”

Por que você está intimidado com a presença do benfeitor? Ele não está te intimidando, masvocê está intimidado na presença dele. Por quê?

Você já sabe que o exercício da virtude é possível e tem que ser na presença do próximo.Bezerra termina dizendo assim — no Livro Coragem da Fé — se a gente exterioriza nossa

religiosidade natural, nós nunca tivemos problema com Deus, nunca. Então, ao invés de você dizer:

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“Ah! meu Deus lá vou eu de novo.” Você deveria dizer: “Graças a Deus lá vou de novo.”, “Graças aDeus eu tenho o meu próximo.” E quanto mais tiver o meu próximo, aquelas três condições queJoanna colocou: graças a Deus, ele é difícil de ser amado, significa que é medalha de ouro; graças aDeus, ele é difícil de ser ajudado, significa outra medalha de ouro e graças a Deus é difícil de serentendido.

Santo Agostinho no capítulo III, item 15 do Evangelho, “Há muitas moradas na casa de meuPai”, diz que os vitoriosos que conseguiram encarnar no mundo de provas e expiações, nós, somosvitoriosos, todos nós temos duas matérias a cursar: a primeira desenvolve as forças da inteligência,conviver com as adversidades da natureza. A outra vai desenvolver as forças do coração, portanto,vai mexer no terreno das virtudes: conviver com a crueldade do próximo. Quando você aproveitar acrueldade do próximo para treinar virtude, você estará no sacro-ofício e não no sacrifício.

Bezerra termina dizendo: quando o homem aprender a se relacionar com o semelhante, eleterá resolvido através do exterior do amor, todos os problemas de origem filosófica que o aturde aséculos sem data.

Quando você se decidir a aprender a se relacionar com a jóia preciosa que nem eu sou, vaiacabar o problema. O que falta é aprender a se relacionar.

O perdão passa justamente pela compreensão.Perdão é a remissão da pena. Remissão com “ss” significa desculpa, indulto, você não

precisa pagar. Isso aí é a vítima.Na definição moral e ética essa remissão, esse perdão significa renúncia da pessoa como

instituição a adesão as conseqüências punitivas que seriam justificáveis, em face de uma ação emníveis diversos, transgride preceitos jurídicos, religiosos, morais ou afetivos vigentes. É quandovocê que foi prejudicado, renuncia. Ele está nas penas da Lei, então deixa que a Lei se cumpra.

O exemplo máximo desse perdão é Jesus. Estando na cruz estava com o Pai. Quando Eleexpressa a palavra final, Ele diz: Pai perdoa o meu semelhante. Ele não tem nem ciência nemconsciência do que está fazendo. É essa remissão que Jesus faz.

Essa remissão com “ss” é ato de remitir. E remitir significa: nada a reclamar, cobrar e exigir.Em sublimidade, é o que Deus faz com a gente. Se Deus cobrasse, reclamasse e exigisse,

imporia condição para a gente reencarnar.Ariano Suassuna, grande escritor, teatrólogo, homem de gênio, chegou uma época em que

ele disse que abandonou a idéia de Deus. O Jô Soares perguntou para ele: — Você que se disseateu, por que agora você voltou a acreditar em Deus? Ele respondeu: — Eu li uma frase que dizia:se tudo fosse permitido, Deus não existiria.

Nós temos a Divindade e a Divindade só permite o que é bom, útil e belo.A Divindade permite que você melhore, ela não permite que você retroceda. Ela permite até

que você estacione, mas jamais volte na sua evolução.Então, ele passou a acreditar em Deus, quando ele viu que a única possibilidade no Universo

é melhorar e não piorar.Pergunta: Reparação?

A reparação está dentro da lei de resgate, reabilitação e ressarcimento que o causador exige.O causador para estar bem na sociedade, de que ele já é irmão, ele vai querer ressarcir, ele com aLei. A reabilitação é individual, única e intransferível.

O perdão com Jesus. No livro Idéias e Ilustrações, lição Servir Mais, página 15:“Efraim bem Assef, caudilho de Israel contra o poderio romano, viera a Jerusalém para levantar as

forças da resistência e, informado de que Jesus, o profeta, fora recebido festivamente na cidade, resolveuprocurá-lo, na casa de Obede, o guardador de cabras, a fim de ouvi-lo.

— Mestre — falou o guerreiro —, não te procuro como quem desconhece a justiça de Deus, quecorrige os erros do mundo, todos os dias...”

Então, ele tem ciência da justiça de Deus. Ele já tem um início de consciência.“Tenho necessidade de instrução para a minha conduta pessoal no auxílio do povo. Como agir,

quando o orgulho dos outros se agiganta e nos entrava o caminho?... quando a vaidade ostenta o poder emultiplica as lágrimas de quem chora?

— É preciso ser mais humilde e servir mais – respondeu o Senhor, fixando nele o olhar translúcido.

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— Mas... e quando a maldade se ergue, espreitando-me a porta? Que fazer, quando os ímpios noscaluniam à feição de verdugos?

E Jesus:— É preciso mais amor e servir mais.— Senhor, e a palavra feroz? Que medidas tomar para coibi-la? Como proceder, quando a boca do

ofensor cospe fogo de violência, qual nuvem de tempestade, arremessando raios de morte?— É preciso mais brandura e servir mais.— E diante dos golpes? Há criaturas que se esmeram na crueldade, ferindo-nos até o sangue... De

que modo conduzir nosso passo, à frente dos que nos perseguem sem motivo e odeiam sem razão?— É preciso mais paciência e servir mais.— E a pilhagem, Senhor? Que diretrizes buscar, perante aqueles que a furtam, desapiedados e

poderosos, assegurando a própria impunidade à custa do ouro que ajuntam sobre o pranto dossemelhantes?

— É preciso mais renúncia e servir mais.— E os assassinos? que comportamento adotar. Junto daqueles que incendeiam campos e lares,

exterminando mulheres e crianças?— É preciso mais perdão e servir mais.Exasperado, por não encontrar alicerces ao revide político que aspirava a empreender em mais

larga escala, indagou Efraim:— Mestre, que pretendes dizer por “servir mais”?Jesus afagou uma das crianças que o procurava e replicou sem afetação:— Convencidos de que a justiça de Deus está regendo a vida, a nossa obrigação, no mundo íntimo, é

viver retamente na prática do bem, com a certeza de que a Lei cuidará de todos. Não temos, desse modo,outro caminho mais alto senão servir ao bem dos semelhantes, sempre mais...

O chefe israelita. Manifestando imenso desprezo, abandonou a pequena sala, sem despedir-se.Decorridos dois dias, quando os esbirros do Sinédrio chegaram, em companhia de Judas, para deter

o Messias, Efraim bem Assef estava à frente. E, sorrindo, ao algemar-lhe o pulso, qual se prendesse temívelsalteador, perguntou sarcástico:

— Não reages, galileu?Mas o Cristo pousou nele, de novo, o olhar tranqüilo e disse apenas:— É preciso compreender e servir mais.”Se você está convencido que a Lei está regendo o Universo e as criaturas que fazem parte do

Universo, você só tem uma alternativa: servir mais e bem ao semelhante e sempre mais.Quem representa Deus junto de mim? O meu semelhante. Convencido de que ele é filho de

Deus, jóia preciosa, sendo lapidada e que vai chegar lapidada às mãos do Criador; eu também, quesou jóia preciosa, só tenho uma opção: servir mais e bem.

Eu tenho que me capacitar para entender, compreender, perdoar e ser indulgente. Enquantonão me capacitar disso, estarei no sacrifício. Quando me capacitar, transformarei tudo isso no sacro-ofício. Essa é a proposta.

É o espírito de Verdade numa das mensagens do Evangelho que diz: santificai até asfrivolidades do dia, mas santificai com um sentido justo.

É assumir a parte que nos compete na obra da Criação.

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Páginas de Apoio

A Lei do Progresso – Papel do SofrimentoAula do dia 30/01/2003

Há uma lei geral e universal, contra a qual nada pode lutar e diante da qual tudo seinclina, pois essa lei é a confirmação da Divindade e a neutralização daquilo a que vocêschamam mal.

Essa lei se chama progresso, e mais tarde, perfeição.Essa lei explica o mal que é apenas um estado transitório durante o esboço ainda

informe da transformação do espírito, mas que é, forçosamente, a conseqüência dessaimperfeição, dessa grosseria.

A dor é o instrumento necessário para modelar a obra e torná-la irrepreensível. É ocinzel do escultor que, primeiramente, para enfraquecer o bloco, é obrigado a fazê-loentrar com um malho, mas que, quando a estátua se torna delicada e terminada, deixa alios instrumentos grosseiros, para se servir de limas cada vez mais finas até o dia em quechega a poli-la com seus dedos.

O bloco, entretanto, não era uma matéria ruim, ele apenas era informe, ele apenasprecisou desembaraçar-se daquilo que prejudicava a delicadeza da obra empreendida.Assim, melhorando-se, o espírito rejeita a matéria e é limado pela dor até o dia em quese torna perfeito.

Resumimos em algumas palavras: A grande lei geral que é a vida dos mundos, suaforça, sua harmonia, é uma marcha sempre ascendente, ela se chama: Progresso. Umadesgraça, uma decadência seria uma perturbação na criação, um cataclismo tão grandequanto o desvio de um Sol ou a queda de um planeta. Deus, amor e perfeição, não criouo mal.

Haveria um curso de estudos a fazer sobre o assunto que está em questão. Nósapenas demos um esboço de nossa maneira de ver, mas estamos sempre dispostos aresponder às objeções que seriam feitas e para explicar o que, nas nossas palavras, nãoteria sido compreendido.

Com a ajuda de Deus, que nos dá força e vontade, lá estamos para fazer vir à tonaa verdade que procuramos e encontramos!

Bernard.

(Tirado do Livro Reflexos da Vida Espiritual – W.Krell – ED. CELD)

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 135

Relação da Matéria e do EspíritoAula do dia 30/01/2003

Disseram: Deus emite um único fluido que, após transformações inumeráveisdeve chegar ao estado de espírito puro, é assim que nomeiam na Terra o mais alto graude perfeição que lhes é dado compreender.

Cremos e ensinamos que nada, nada, está excluído do progresso! Cremos noCriador, bondade e poder infinitos, capaz de ter concebido um pensamento de umaprofundidade infinita e de executar uma obra de uma extensão sem limites! Sim, tudovive, tudo progride e tudo se torna perfeito!

Tudo, nós já o dissemos, desde o grão de areia levado pelo furacão, do deserto queé a morte na natureza, e que vem se juntar átomo por átomo para formar o mineral até oespírito eminente que vocês chamam de superior!

O primeiro período da vida de um mundo, o que chamarei de sua infância, é amaterialização do fluido primitivo; o segundo, que é a juventude, é a aparição do fluidoespiritual; o terceiro, virilidade, que é o desenvolvimento desse fluido espiritual; oquarto, que não chamarei de velhice, porém maturidade, é o desaparecimento sucessivodessa materialidade e o domínio progressivo da espiritualidade.

Os seres, fazendo parte de um mundo, possuem as qualidades intelectuaisapropriadas ao estado espiritual de suas estadas. Portanto, se falando dos seres quehabitam a Terra nas suas épocas primitivas, dissemos: “A razão deles estava aindafechada”, é que, nesse momento, os fluidos materiais, ainda predominantes, nãopermitiam aos homens uma inteligência desenvolvida, uma razão superior. O corpomuito material dominava o espírito ainda fraco e tendendo para a humanidade.

A Terra, criação divina, e por conseguinte, fluídica desde seu princípio, sofreu,como todos os mundos, seu período de crises, de transformações durante os quais osdiferentes fluidos se desligaram uns dos outros, a parte espiritual da parte material edessas duas partes, em seguida, uma multidão de subdivisões.

À medida que o mundo melhora e se torna inteligente, a parte material diminui emproveito da parte espiritual. Eis por que dissemos: “Os fluidos não eram melhores do quehoje, muito longe disso.”

Hoje, apesar das crises das quais vocês não podem ainda prever a saída, hoje,digo, o espírito começa a dominar a matéria, o pensamento mostra seu poder; assim,vocês vêem, a matéria se enfraquecer, ela começa a entrar nessa estrada, onde cedendo olugar à espiritualidade, irá pouco a pouco se transformando para chegar a se apagar.

(Tirado do Livro Reflexos da Vida Espiritual – W.Krell – ED. CELD)

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A Evolução da Alma(Aula do dia 27/03/2003)

Após o rápido olhar lançado sobre esse mundo, vocês compreendem que a centelha divinaque chamam de alma e que mais tarde torna-se espírito, passa por todos os degraus da criação; queesse ser, a partir do dia em que recebeu a vida, continua a subir; presentemente, pois, que essasdiversas transformações não são para vocês um mistério, voltemos, peço-lhes, ao assunto do nossoestudo.

Saiamos dos fluidos materiais para entrar, com velas cheias, na região espiritual, e peguemosa alma no momento em que, liberada de alguma forma dos cueiros da infância, começa acompreender o que ela é.

Peguemo-la no momento em que, saída das encarnações compulsórias, tem diante de si aestrada larga do livre-arbítrio, é agora uma inteligência e lhe é necessário querer. Por quantasprovas lhe será ainda preciso passar, antes de chegar a conhecer as forças que o envolvem, e porquantas outras ainda, antes de estar na condição de se servir dessas forças, de comandar essaspotências?...

Quando, através dos longos e sérios estudos, através das tentativas reiteradas efreqüentemente dolorosas, a alma tiver adquirido a ciência, a experiência e o hábito da bondade,chegará para ela o momento de fazer movimentar os fluidos que se chamam vontade. É, pois,necessário que o homem tenha se despojado de toda a materialidade e até, se puder, de toda aatração para a matéria; é preciso que o homem a quem o raio será confiado, seja bastante sábio,bastante prudente para dele não fazer um jogo, bastante bom para dele não fazer mal, bastanteesclarecido para saber dele tirar um grande bem para todos!

O estudo que eu queria, pelo menos, fazê-los iniciar não será, não poderá ser aplicável senãono futuro, pois a Terra inteira deve ser modificada, renovada, melhorada para colocar a vontade aseu serviço!

Há mundos onde o ato da vontade basta para o cumprimento do desejo, vocês ainda nãochegaram lá, mas já que as forças começam a se clarear e a se manifestar, apesar dos entraves damatéria absoluta; é bom, digo, que conheçam e que saibam se manter sobre essa ponte trêmula. — Ébom que possam, em certo caso, responder a si mesmos, é bom, já que são chamados algumas vezesa dar alívio ou esclarecimento, que sejam vocês mesmos esclarecidos e fortificados.

Junho de 1874

(Lição 16 do Livro Reflexos da Vida Espiritual – W.Krell – ED. CELD)

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 137

Penas Temporais(Livro dos Espíritos – Perguntas 983 a 989 – Allan Kardec – ED. FEB)

Aula do dia 27/03/2003

Pergunta 983: Não experimenta sofrimentos materiais o Espírito que expia suas faltas em novaexistência? Será então exato dizer-se que, depois da morte, só há para a alma sofrimentos morais?

“É bem verdade que, quando a alma está reencarnada, as tribulações da vida são-lhe umsofrimento; mas, só o corpo sofre materialmente.

“Falando de alguém que morreu, costumais dizer que deixou de sofrer. Nem sempre istoexprime a realidade. Como Espírito, está isento de dores físicas; porém, tais sejam as faltas quetenha cometido, pode estar sujeito à dores morais mais agudas e pode vir a ser ainda maisdesgraçado em nova existência. O mau rico terá que pedir esmola e se verá a braços com todas asprivações oriundas da miséria; o orgulhoso, com todas as humilhações; o que abusa de suaautoridade e trata com desprezo e dureza os seus subordinados se verá forçado a obedecer a umsuperior mais ríspido do que ele o foi. Todas as penas e tribulações da vida são expiação das faltasde outra existência, quando não a conseqüência das da vida atual. Logo que daqui houverdes saído,compreendê-lo-eis. (273, 393 e 399)

“O homem que se considera feliz na Terra, porque pode satisfazer às suas paixões, é o quemenos esforços emprega para se melhorar. Muitas vezes começa a sua expiação já nessa mesmavida de efêmera felicidade, mas certamente expiará noutra existência tão material quanto aquela.”

Pergunta 984: As vicissitudes da vida são sempre a punição das faltas atuais?“Não; já dissemos: são provas impostas por Deus, ou que vós mesmos escolhestes como

Espíritos, antes de encarnardes, para expiação das faltas cometidas em outra existência, porquejamais fica impune a infração das leis de Deus e, sobretudo, da lei de justiça. Se não for punidanesta existência, sê-lo-á necessariamente noutra. Eis por que um, que vos parece justo, muitas vezessofre. É a punição do seu passado.” (393)

Pergunta 985: Constitui recompensa a reencarnação da alma em um mundo menos grosseiro?“É a conseqüência de sua depuração, porquanto, à medida que se vão depurando, os

Espíritos passam a encarnar em mundos cada vez mais perfeitos, até que se tenham despojadototalmente da matéria e lavado de todas as impurezas, para eternamente gozarem da felicidade dosEspíritos puros, no seio de Deus.”

Nos mundos onde a existência é menos material do que neste, menos grosseiras são asnecessidades e menos agudos os sofrimentos físicos. Lá, os homens desconhecem as paixões más,que, nos mundos inferiores, os fazem inimigos uns dos outros. Nenhum motivo tendo de ódio, ou deciúme, vivem em paz, porque praticam a lei de justiça, amor e caridade. Não conhecem osaborrecimentos e cuidados que nascem da inveja, do orgulho e do egoísmo, causas do tormento danossa existência terrestre. (172-182)

Pergunta 986: Pode o Espírito, que progrediu em sua existência terrena, reencarnar alguma vezno mesmo mundo?

“Sim; desde que não tenha logrado concluir a sua missão, pode ele próprio pedir lhe sejadado completá-la em nova existência. Mas, então, já não está sujeito a uma expiação.” (173)

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138 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

Pergunta 987: Que sucede ao homem que, não fazendo o mal, também nada faz para libertar-se dainfluência da matéria?

“Pois que nenhum passo dá para a perfeição, tem que recomeçar uma existência de naturezaidêntica à precedente. Fica estacionário, podendo assim prolongar os sofrimentos da expiação.”

Pergunta 988: Há pessoas cuja vida se escoa em perfeita calma; que nada precisando fazer por simesmas, se conservam isentas de cuidados. Provará essa existência ditosa que elas nada têm queexpiar de existência anterior?

“Conheces muitas dessas pessoas? Enganas-te, se pensas que as há em grande número. Nãoraro, a calma é apenas aparente. Talvez elas tenham escolhido tal existência, mas, quando a deixam,percebem que não lhes serviu para progredirem. Então, como o preguiçoso, lamentam o tempoperdido. Sabei que o Espírito não pode adquirir conhecimentos e elevar-se senão exercendo a suaatividade. Se adormece na indolência, não se adianta. Assemelha-se a um que (segundo os vossosusos) precisa trabalhar e que vai passear ou deitar-se, com a intenção de nada fazer. Sabei tambémque cada um terá que dar contas da inutilidade voluntária da sua existência, inutilidade semprefatal à felicidade futura. Para cada um, o total dessa felicidade futura corresponde à soma do bemque tenha feito, estando o da infelicidade na proporção do mal que haja praticado e daqueles a quemhaja desgraçado.”

Pergunta 989: Pessoas há que, se bem não sejam positivamente más, tornam infelizes, pelos seuscaracteres, todos os que as cercam. Que conseqüências lhes advirão disso?

“Inquestionavelmente, essas pessoas não são boas. Expiarão suas faltas, tendo sempre dianteda vista aqueles a quem infelicitaram, valendo-lhes isso por uma exprobração. Depois, noutraexistência, sofrerão o que fizeram sofrer.”

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 139

Resumo teórico do móvel das ações humanas (Livro dos Espíritos – Perguntas 872 – Allan Kardec – ED. FEB)

Aula do dia 29/05/2003

Pergunta 872: A questão do livre-arbítrio se pode resumir assim:O homem não é fatalmente levado ao mal; os atos que pratica não foram previamente

determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele pode, por provae por expiação, escolher uma existência em que seja arrastado ao crime, quer pelo meio onde seache colocado, quer pelas circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou nãoagir. Assim, o livre-arbítrio existe para ele, quando no estado de Espírito, ao fazer a escolha daexistência e das provas e, como encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir aos arrastamentos aque todos nos temos voluntariamente submetido. Cabe à educação combater essas más tendências.

Fá-lo-á utilmente, quando se basear no estudo aprofundado da natureza moral do homem.Pelo conhecimento das leis que regem essa natureza moral, chegar-se-á a modificá-la, como semodifica a inteligência pela instrução e o temperamento pela higiene.

Desprendido da matéria e no estado de erraticidade, o Espírito procede à escolha de suasfuturas existências corporais, de acordo com o grau de perfeição a que haja chegado e é nisto, comotemos dito, que consiste sobretudo o seu livre-arbítrio. Esta liberdade, a encarnação não a anula. Seele cede à influência da matéria, é que sucumbe nas provas que por si mesmo escolheu. Para terquem o ajude a vencê-las, concedido lhe é invocar a assistência de Deus e dos bons Espíritos. (337)Sem o livre-arbítrio, o homem não teria nem culpa por praticar o mal, nem mérito em praticar obem. E isto a tal ponto está reconhecido que, no mundo, a censura ou o elogio são feitos à intenção,isto é, à vontade. Ora, quem diz vontade diz liberdade. Nenhuma desculpa poderá, portanto, ohomem buscar, para os seus delitos, na sua organização física, sem abdicar da razão e da suacondição de ser humano, para se equiparar ao bruto. Se fora assim quanto ao mal, assim não poderiadeixar de ser relativamente ao bem. Mas, quando o homem pratica o bem, tem grande cuidado deaverbar o fato à sua conta, como mérito, e não cogita de por ele gratificar os seus órgãos, o queprova que, por instinto, não renuncia, mau grado à opinião de alguns sistemáticos, ao mais beloprivilégio de sua espécie: a liberdade de pensar.

A fatalidade, como vulgarmente é entendida, supõe a decisão prévia e irrevogável de todosos sucessos da vida, qualquer que seja a importância deles. Se tal fosse a ordem das coisas, ohomem seria qual máquina sem vontade. De que lhe serviria a inteligência, desde que houvesse deestar invariavelmente dominado, em todos os seus atos, pela força do destino? Semelhante doutrina,se verdadeira, conteria a destruição de toda liberdade moral; já não haveria para o homemresponsabilidade, nem, por conseguinte, bem, nem mal, crimes ou virtudes. Não seria possível queDeus, soberanamente justo, castigasse suas criaturas por faltas cujo cometimento não dependeradelas, nem que as recompensasse por virtudes de que nenhum mérito teriam. Demais, tal lei seria anegação da do progresso, porquanto o homem, tudo esperando da sorte, nada tentaria para melhorara sua posição, visto que não conseguiria ser mais nem menos.

Contudo, a fatalidade não é uma palavra vã. Existe na posição que o homem ocupa na Terrae nas funções que aí desempenha, em conseqüência do gênero de vida que seu Espírito escolheucomo prova, expiação ou missão. Ele sofre fatalmente todas as vicissitudes dessa existência etodas as tendências boas ou más, que lhe são inerentes. Aí, porém, acaba a fatalidade, pois da suavontade depende ceder ou não a essas tendências. Os pormenores dos acontecimentos, esses ficamsubordinados às circunstâncias que ele próprio cria pelos seus atos, sendo que nessas circunstânciaspodem os Espíritos influir pelos pensamentos que sugiram. (459) Há fatalidade, portanto, nosacontecimentos que se apresentam, por serem estes conseqüência da escolha que o Espírito fez dasua existência de homem. Pode deixar de haver fatalidade no resultado de tais acontecimentos, vistoser possível ao homem, pela sua prudência, modificar-lhes o curso. Nunca há fatalidade nos atos davida moral.

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No que concerne à morte é que o homem se acha submetido, em absoluto, à inexorável leida fatalidade, por isso que não pode escapar à sentença que lhe marca o termo da existência, nem aogênero de morte que haja de cortar a esta o fio.

Segundo a doutrina vulgar, de si mesmo tiraria o homem todos os seus instintos, que, então,proviriam, ou da sua organização física, pela qual nenhuma responsabilidade lhe toca, ou da suaprópria natureza, caso em que lícito lhe fora procurar desculpar-se consigo mesmo, dizendo não lhepertencer a culpa de ser feito como é. Muito mais moral se mostra, indiscutivelmente, a DoutrinaEspírita. Ela admite no homem o livre-arbítrio em toda a sua plenitude e, se lhe diz que, praticandoo mal, ele cede a uma sugestão estranha e má, em nada lhe diminui a responsabilidade, pois lhereconhece o poder de resistir, o que evidentemente lhe é muito mais fácil do que lutar contra a suaprópria natureza. Assim, de acordo com a Doutrina Espírita, não há arrastamento irresistível: ohomem pode sempre cerrar ouvidos à voz oculta que lhe fala no íntimo, induzindo-o ao mal, comopode cerrá-los à voz material daquele que lhe fale ostensivamente. Pode-o pela ação da sua vontade,pedindo a Deus a força necessária e reclamando, para tal fim, a assistência dos bons Espíritos. Foi oque Jesus nos ensinou por meio da sublime prece que é a Oração dominical, quando manda quedigamos: “Não nos deixes sucumbir à tentação, mas livra-nos do mal.” Essa teoria da causadeterminante dos nossos atos ressalta com evidência de todo o ensino que os Espíritos hão dado.Não só é sublime de moralidade, mas também, acrescentaremos, eleva o homem aos seus própriosolhos.

Mostra-o livre de subtrair-se a um jugo obsessor, como livre é de fechar sua casa aosimportunos. Ele deixa de ser simples máquina, atuando por efeito de uma impulsão independente dasua vontade, para ser um ente racional, que ouve, julga e escolhe livremente de dois conselhos um.Aditemos que, apesar disto, o homem não se acha privado de iniciativa, não deixa de agir porimpulso próprio, pois que, em definitivo, ele é apenas um Espírito encarnado que conserva, sob oenvoltório corporal, as qualidades e os defeitos que tinha como Espírito.

Conseguintemente, as faltas que cometemos têm por fonte primária a imperfeição do nossopróprio Espírito, que ainda não conquistou a superioridade moral que um dia alcançará, mas que,nem por isso, carece de livre-arbítrio. A vida corpórea lhe é dada para se expungir de suasimperfeições, mediante as provas por que passa, imperfeições que, precisamente, o tornam maisfraco e mais acessível às sugestões de outros Espíritos imperfeitos, que delas se aproveitam paratentar fazê-lo sucumbir na luta em que se empenhou. Se dessa luta sai vencedor, ele se eleva; sefracassa, permanece o que era, nem pior, nem melhor. Será uma prova que lhe cumpre recomeçar,podendo suceder que longo tempo gaste nessa alternativa. Quanto mais se depura, tanto maisdiminuem os seus pontos fracos e tanto menos acesso oferece aos que procurem atraí-lo para o mal.Na razão de sua elevação, cresce-lhe a força moral, fazendo que dele se afastem os maus Espíritos.

Todos os Espíritos, mais ou menos bons, quando encarnados, constituem a espécie humanae, como o nosso mundo é um dos menos adiantados, nele se conta maior número de Espíritos mausdo que de bons. Tal a razão por que aí vemos tanta perversidade. Façamos, pois, todos os esforçospara a este planeta não voltarmos, após a presente estada, e para merecermos ir repousar em mundomelhor, em um desses mundos privilegiados, onde não nos lembraremos da nossa passagem poraqui, senão como de um exílio temporário.

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O Livre-arbítrioAula do dia 29/05/2003

“In scha Allah!” Se Deus quiser.Observem meus caros amigos, como são fatalistas as religiões, no estado de infância.“Se Deus quiser, partirei amanhã” diz o árabe, “Brahma, faça com que meu campo

prospere”, diz o hindu prosternado aos pés de uma horrível estátua que representa seu Deus!Deus! Palavra que não tem tradução em nenhuma língua! Deus! Que significa bondade,

indulgência, beleza, perfeição! Deus, invocado por uns para atrair o raio sobre a cabeça de uminimigo, por outros para conduzir às obscuridades da ignorância uma nação inteira que eles chamamde rebanho.

Deus, Criador e Pai, invocado como carrasco, como torturador, e tudo isso porque as idéiassão muito pouco adiantadas para permitir ao espírito elevar-se bastante para compreender adivindade em toda sua irradiação.

Quanto mais a crença se desliga da materialidade para entrar na região espiritual, mais elamostra ao homem espantado que ele é espírito livre na sua essência, e que possui, como primeiroapanágio o livre exercício de suas faculdades e de sua fé.

O livre-arbítrio, a consciência, primeiro guia do espírito, levando-o a merecer, a ganhar arecompensa mais invejável: o poder, ou melhor, a possibilidade do devotamento!

Espíritas, deixemos ao tempo o cuidado de cobrir o passado com seus véus, e atiremo-nos aofuturo, levados nas asas da fé sólida e da radiosa esperança! Apoiados que estamos nos pilares darazão, não temeremos, com Ícaro, passar pelo desfiladeiro.

Passemos pois, por este desfiladeiro! É o velho preconceito, o fatalismo embrutecedor que,apesar de nós, deixou algumas raízes no fundo de nossa alma. Essas raízes serão extirpadas semmuitas dores com a vontade firme subir até a fonte de toda a felicidade, de toda liberdade, a Deus!

Obrigado, à causa do nosso desligamento, a esse Deus justo e bom que nos faz fortes hoje,que nos fará grandes amanhã! Temos nossa consciência livre que nos encouraça contra os efeitosprejudiciais do vulgo que se agita em torno de nós, nossa consciência calma, dizendo-nos: “Estátudo bem!” quando demos de coração uma parte de nós mesmos àquele que sofre, àquele que pede,àquele que espera!

Espíritas, quando pela vontade espiritual vocês se elevarem bem alto, verão como um vastopanorama desdobrar-se aos seus olhos. Verão não mais a Terra material, mas a humanidadeespiritualizada.

Verão o que é feito por ela e o que lhe resta fazer. Verão com alegria que, se muito trabalho,muito devotamento lhes são pedidos, é que daí deve resultar, um dia, muita felicidade e aprosperidade completa!

Os primeiros pioneiros que vão levar às regiões selvagens, à civilização e à indústria, umdia, tornam-se os santos venerados do novo mundo que fundaram!

Pioneiros, perseverança e coragem, vocês terão, e verdade, os rudes começos, terão otrabalho fatigante do dia, porém, terão depois, o suave repouso e os frutos deliciosos de suas obras.

Vocês não terão mais que dizer: “Deus o quer!” a respeito dos mínimos acontecimentos desua existência. Vocês têm que exclamar sem cessar: “Quero fazer o bem, quero dar pela felicidadegeral, pela emancipação do mundo e a libertação das consciências, as forças que Deus me confia!”Vocês têm que querer ardentemente o progresso, têm, sobretudo, que querer bastante para ter êxito!

Egmont.Abril de 1874

(Tirado do Livro Reflexos da Vida Espiritual – W.Krell – ED. CELD)

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Reunião de estudo com Ignácio Bittencourt – 19/09/2003Perguntas sobre o Caso Alice

Ignácio – Que o bondoso Mestre Jesus esteja com todos. Trazendo-nos a paz e o sentimento daalegria pelo dever cumprido. Que a bondade desse mesmo Senhor, nos fortaleça agora e sempre.Pergunta – Nós temos algumas perguntas referente ao Caso Alice. Alice de Paula Mota, que foiassistida da Mallet e desencarnou há 15 anos.

Como Alice foi conduzida à Mallet? Por ação espiritual, por necessidade material ou foi porligação com a Casa?Ignácio – Não. A Casa representou ali, como representa para muitas pessoas, a base de luz, em queelas hão de se escudar, para dar passos na direção do mais alto.

Ela foi para ali, por uma necessidade do seu espírito, por uma necessidade do seu coração.Aquelas almas envolvidas no processo. Marido, filhos, eram almas todas perversas, ligadas a

escravidão. E ela, é uma pessoa do lugar, que naturalmente, por bondade, por compreensão, sedestacou daqueles espíritos. Como ela era uma pessoa boa, e como o trabalho da Mallet foiinstalado, ela aproveitou-se da luz que foi plantada e, certamente, foi atraída pela luz. Sendo atraídapela luz, ela desenvolveu toda a sua tarefa junto aos filhos.

Quando se fala em Casa Espírita, normalmente, as pessoas pensam que Casa Espírita é obrado acaso, ou então, objeto de um planejamento. Pode ser uma coisa ou outra. No caso da Mallet,aquilo foi uma decorrência. Trabalho verdadeiro é aqui. Lá foi uma decorrência, que hoje, também,é um trabalho verdadeiro. Então sendo instalado ali, naquele local, naquele ambiente, o serviço emsi, que começou a atrair almas benevolentes, almas desejosas de cuidarem, almas revés, almas quequerem aprender. Alice foi uma dessas almas. Para sorte nossa e dela, uma boa alma. Que seaproveitou do instante presente e mudou, prendeu, encontrou, já na vida material, o que iriaencontrar depois no plano espiritual.Pergunta – Qual o objetivo da encarnação dela?Ignácio – Cuidar daquelas almas. Das oito almas. Mais precisamente dos 4 excepcionais.Pergunta – Qual o envolvimento passado entre os 4 filhos e a mãe?Ignácio – São todos eles almas muito difíceis. Almas que foram escravos naquela região. Aquilotudo era uma grande fazenda. Eles eram pessoas perversas, os 4. Os outros eram homens queestavam vivendo a vida. Mas os 4 eram almas perversas mesmo. Que renasceram debaixo daqueladeficiência material, para purgarem grande parte dos seus erros. E ela, do grupo, já era uma pessoaboa, ela aceitou aquela tarefa e, naturalmente, precisava passar por esse tipo de prova, esse gênerode lutas.

Não eram todos ligados a ela não, ela trouxe aqueles espíritos, porque sentia que podia traze-los.Pergunta – A resignação, a humildade, a fé, foram conquistas do espírito em encarnaçõesanteriores ou fruto do aprendizado junto à Doutrina Espírita?Ignácio – Eram conquistas anteriores da alma dela.Pergunta – No caso, ela só aperfeiçoou, porque já tinha então?Ignácio – Já tinha. Ela exemplificou todo aquele imenso potencial de servir, sem exigir.Pergunta – Ela escolheu esse tipo de desencarne?Ignácio – Ela escolheu um tempo de vida. E aquele tempo de vida foi protelado, para que elapudesse se pacificar e voltar. Ela tinha a idéia, de que não poderia ficar muitos anos junto dosfilhos. A saúde física não permitia. Ela não teria grandes anos de vida, teria uma limitação e alimitação ocorreu numa data, mais ou menos lógica, mais ou menos previsível.Pergunta – Por que essa limitação?

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Ignácio – Porque ela não saberia ajudar de outro jeito. Como ela era ali do lugar mesmo. Hoje ela éuma trabalhadora do lugar. Ela é uma das que tomam conta da Mallet. Já num nível melhorado,mas, não tão espiritualizada assim. Ela é boa, mas muito presa as coisas do mundo, porque temlaços muito fortes com aquelas crianças. Ela se impõe àquela limitação.Pergunta – Daqueles filhos?Ignácio – Não, do ambiente da Mallet. Porque ela sabe que pode falar para aquelas almas. Sabe quepode ajudar. Deixou muitos amigos ainda encarnados. Ela sente que pode falar.

Há muitas coisas assim no mundo espiritual. Há espíritos que podem avançar, mas desejamficar junto ao chão, para poder ajudar aos que amam. É uma demonstração do amor que ela teve.Pergunta – Houve prorrogação no tempo de vida dela ou teria morrido se não houvesse oatendimento?Ignácio – Com certeza. Se não fosse aquela prece. E Auta é outra alma que está muito próxima daMallet, porque é a campeã das dores.Pergunta – Foi ela mesma que foi socorrer a Alice?Ignácio – Foi. Pergunta – Mas Alice só conhecia por nome.Ignácio – E a evocação.Pergunta – Ela evocou a Auta de Souza e foi ela mesma que foi socorre-la?Ignácio – Foi. Auta é muito amiga daquela região. Ela é uma pessoa ligada as dores. Então, láespiritualiza-se o ambiente e tem dor, é o que ela precisa.Pergunta – A confiança dela, apesar de não conhecer o espírito, foi preponderante para esseatendimento, ou Auta de Souza viria de qualquer outra forma?Ignácio – Não. A confiança valeu para atrair o espírito de Auta e ela teve poder de interferir noprocesso desencarnatório.

As almas atendem aos apelos. Elas chegam com rapidez, analisam e vêem se podem ou nãointerferir. Se houver autorização, elas o fazem.Pergunta – Neste caso, a fé da Alice ajudou na cura?Ignácio – A fé em Deus, não em Auta, porque ela não sabia quem era Auta. Ela evocou. Ela nãotinha fé em Auta, porque sabia que Auta era uma alma boa, mas a fé, é em Deus.Pergunta – Parece ter havido nova carga de fluido vital. Foi o que ocorreu?Ignácio – Foi. Bombeando novas energias para os órgãos cansados, mas era por um períodolimitado.Pergunta – Foi para que ela conseguisse completar a sua vida?Ignácio – Completar, pacificar-se. Se ela morresse naquela hora, ficaria muito desesperada.Pergunta – Ela chegou a completar o projeto reencarnatório?Ignácio – Muito difícil uma alma completar seu projeto reencarnatório. Mas ela deu uma boaadiantada naquelas coisas.Pergunta – No caso, foi para atender o apelo daquele momento, para uma determinada situação,que ela pensou que era os filhos?Ignácio – Exato. Exatamente isso.Pergunta – Foi só a Auta de Souza que fez esse processo de revitalização, como a gente poderiadizer? Não foram espíritos médicos?

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Ignácio – Esses espíritos não andam sós. Esses espíritos tipo a Auta, carregam um grande grupo depessoas junto deles. Ela tem amigos médicos, enfermeiros, que interferem, sob a direção dela.Pergunta – O senhor poderia contar para gente como foi esse processo?Ignácio – É só você pensar no passe de cura. No caso dela, fez-se a vitalização através dos canaisvenosos e o próprio organismo se refez. É o processo do passe de cura.Pergunta – E os fluidos que foram utilizados, foram só dos espíritos?Ignácio – Só dos espíritos. Não podia ter mais fluidos materiais, porque senão, ela iria gastarfluidos à toa. Aquilo ali, foi só para fazer o espírito retornar ao corpo e fazendo retornar ao corpo,faze-lo vivenciar a vida.Pergunta – Nesse caso, foi uma revitalização geral em termos dos órgãos, em um órgão específico?Ignácio – Foi uma aplicação de uma injeção que desse saúde, particular aquele período, enquantoaqueles efeitos da química estivessem funcionando, o organismo estaria a salvo, acabou aquilo, oorganismo voltou.

Por que não houve o segundo apelo? Justamente porque o desejo dela de viver seria muitogrande e não se sabe se Auta ou outro qualquer, acabaria tentando atender ao apelo dela. Então, nãodeu tempo dela fazer.Pergunta – Essa carga durou mais ou menos 1 ano, que foi o tempo dela harmonizar a família. E afilha mais velha, que não ficava em casa e depois voltou, ela tinha compromisso?Ignácio – Não, tanto quanto a mãe. Ela sentiu-se obrigada a cumprir o trabalho que a mãe começou.ela deveria ter ajudado a mãe desde o início, mas a cabeça dela não entendeu nada disso.Pergunta – Eles agora quase não vão a Mallet, mas vivem bem.Ignácio – Estão bons. Já sabem o que fazer da vida. São almas que não têm comprometimento coma Doutrina, elas têm comprometimento com o bem.Pergunta – Nós podemos utilizar esse exemplo, fazendo um paralelo com o atendimento da cura?Ignácio – Pode. Quantos outros casos existem assim. Quantas almas tu pensas que estaria do ladode cá, se não fosse o trabalho da cura?Pergunta – A diferença foi que só houve a revitalização com fluido espiritual, não houve nenhumaproveitamento fluido material?Ignácio – Não. Pergunta – Essa seria a única diferença em termos de mecanismo?Ignácio – Seria.Pergunta – O resto podemos exemplificar como sendo a mesma coisa?Ignácio – Como se fosse a mesma coisa.Pergunta – Inclusive a fé da paciente?Ignácio – Inclusive a fé.Pergunta – Tendo a mesma força no mecanismo, ou seja, o espírito poderia estar querendo ajudar,mas se o paciente não tivesse o pensamento voltado para aquilo, imbuído pelo desejo ser ajudado, oefeito não seria tão forte?Ignácio – Exatamente isso.Pergunta – Esse mecanismo, para a gente utilizar na Doutrinária, poderia explorar a intercessão e aconfiança em Deus?Ignácio – Com certeza. Principalmente a intercessão e o mérito dela.

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Pergunta – Sempre relacionando com o que o senhor falou no início, que o espírito pode ser atraídopela fé, mas se não tiver cabimento na Lei, nada funcionaria. Tem que ter uma conjugação dessasduas coisas?Ignácio – Exatamente.Pergunta – Nós não tivemos um enfoque direto para a seção Doutrinária, embora, o programa sejao mesmo. Pelo que eu tenho observado nos estudos dos Encontros, existe um encadeamento desde oprimeiro Encontro que a gente tem no ano e eu não sei se estou certa, mas a gente deveria trabalharagora o progresso do espírito, aproveitar e valorizar o ensinamento, a aplicação.Ignácio – Você pode aproveitar esse processo, mas você também, pode falar da convivência com oPlano Espiritual, que é a tônica deste ano. A Alice não foi conviver no Plano Espiritual, não estávivendo no Plano Espiritual? Pode ser por aí.Pergunta – Esse vínculo que o senhor está falando, da convivência com o Plano Espiritual, nóspodemos enfocar isso, como sendo a conquista da saúde do espírito?Ignácio – Claro que sim. Isto é saúde do espírito.

Que Jesus Cristo esteja com todos vocês e todos tenham muitas alegrias, paz e muitotrabalho pela frente.

Deus ajude a todos vocês, nos ajude a todos.Que vocês todos tenham no coração, a bondade como meta e como meio, o trabalho

incessante. O amor é o final de tudo. Antes de chegarmos ao amor, passamos pela bondade. Então,procuremos a primeira etapa, que é a bondade, depois a gente pensa em amor. Conquistando abondade, chegaremos depois ao amor.

Deus nos abençoe a todos.

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Mensagem de Ignácio Bittencourt para o 14o EEME11/09/2003

AA ffaaccuullddaaddee ddee ccuurraarr é inerente ao homem. Todos os que,sinceramente dispostos a auxiliar o próximo, colocarem suas forças psíquicas aserviço da cura espiritual se tornarão intérpretes dos curadores do Espaço.

Nos momentos em que desejam operar as curas, os médiuns movimentam emsi mesmos forças espirituais imensas e as canalizam através, principalmente, de suasmãos para os doentes, para os fracos, os desalentados e os psiquicamentedescontrolados, restabelecendo o equilíbrio das forças então em desalinho,reconduzindo mentes e corações para os estágios mais harmonizados e mais elevados.Mas, se ao doente basta o desejo de ser curado – e quando aliado à fé, maior cota deenergia absorve – ao doador cabem alguns cuidados, que é sempre bomenumerarmos.

O primeiro de todos os cuidados é a crença poderosa em Deus. O trabalhadordo bem disposto a servir sob a égide do amor divino recebe influxos generosos,capazes mesmo de transformar as maiores energias em fonte valiosa de forçasformidáveis.

Amparado pela segurança dada pela conscientização do fato de ser umtrabalhador divino, o homem da cura deve procurar desenvolver outros valores, comoo do equilíbrio orgânico e o da estabilidade emocional, de sorte que fluam de si ascorrentes maravilhosas do bem. Cabe ainda ressaltar que, tão mais envolvido estejapelas forças supremas do bem, mais o servidor da verdade desenvolve potenciaismagnético-fluídicos infindáveis, e realmente será capaz de curar ou operarmaravilhas.

O fator emocional do médium também deve ser cuidadosa e escrupulosamenteatendido. O médium deve e precisa desenvolver as forças do equilíbrio. Para tanto,não só a vigilância e a oração, mas também a observação sincera e objetiva de seusatos, seus sentimentos, suas palavras, sua emoção; em uma palavra, o médiumcuidadoso de suas forças psíquicas assemelha-se ao operário que vistoriaconstantemente suas ferramentas de trabalho, para que renda o melhor no serviço aque foi chamado.

O campo de estudo é grande; os trabalhos, necessários; a vontade corretamenteconduzida, uma virtude. Trabalhador esmerado é aquele que, conscientizado, semelhora, com determinação, a cada dia, hoje e sempre.

Ignácio Bittencourt

(Mensagem psicofônica, recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, no CELD, em 11/09/2003)

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Mensagem de Ignácio Bittencourt na véspera do 14o EEME25/10/2003

Que o Mestre e Senhor Jesus abençoe cada um de nós, com o esforço que vamosfazendo para estudar, entender e aprender os mecanismos da Medicina Espiritual.

Muitos são aqueles que através dos milênios vêm entendendo que não basta osremédios para o corpo simplesmente.

Pelos milênios, os homens dedicados a arte de curar, perceberam que além da matériadensa havia algo que determinava o rumo das doenças ou pelo menos sua apresentação.Observaram mas não concluíram, porque não tinham a certeza absoluta, tão pouco acomprovação da existência do espírito. Percebiam, mas não podiam asseverar. E até mesmonão podiam compreender exatamente, mesmo crendo na existência do espírito ou de algopara eles sobrenatural, que alguns trouxessem marcas de doença e outros não a trouxessem.

Foram precisos milênios. Foram precisos sinais externos com a existência domagnetismo e posteriormente, a chegada da Doutrina Espírita, para mostrar que além docorpo físico existe espírito e por conta da existência do espírito, existem marcas no corpodaqueles espíritos que evidenciam várias passagens em várias existências terrenas.

A Medicina Espiritual, realmente, só poderia se apresentar em plenitude no séculoque terminou e será muito mais clara e objetiva no presente século. Porque estarão definidosas zonas do magnetismo, as áreas de influência do corpo, ficará claro para todos a certezaabsoluta da existência do corpo espiritual e também ficará claro, que cada existência, formacomo que uma camada de vida junto a cada um de nós e que estas marcas ou estas vidasficam caracterizadas por ações objetivas do homem em determinado campo de ação, fixandono seu perispírito, sinais do seu progresso, de suas dificuldades, dos seus fracassos.

O médico espiritualista de hoje sabe, percebe que as marcas da doença, de que nemsempre ele pode cuidar, evidenciam os erros do passado. Quando o médico de hoje entenderisso perfeitamente, seus remédios serão dados com muito mais critério e mais atenção asvidas anteriores.

Por outro lado, os magnetizadores, os médiuns, os trabalhadores da mediunidade emsi mesmos, também precisaram aprender atingir camadas as mais profundas do perispírito.Não se contentaram em dar o passe de modo superficial e sim, aprofundaram o toquemagnético ao ponto de despertar marcas, sinais, energias no corpo de quem ele dá passe.

Assim, meus irmãos, esta Casa, como muitas outras também, tem procurado estudartodos estes sinais de progresso da Medicina Espiritual, para mostrar a Humanidade comoum todo, de que o corpo existe com suas mazelas, mas que o espírito também existe comsuas marcas e que a força magnética, dependendo do médium que dê passe, poderá atingirou não as marcas que existem no perispírito de alguém.

Enfim, a Medicina Espiritual aí está e nós a estaremos estudando, com o desejosincero de transmitir a todos, bases do conhecimento, que façam com que médiuns, outrostrabalhadores da Doutrina Espírita, da Casa Espírita e beneficiados, sejam constantementeinstruídos acerca do que vem a ser Medicina Espiritual.

Que Deus a todos nós ajude e abençoe.Vosso irmão Ignácio Bittencourt.

(Mensagem psicofônica, recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 25/10/03, no CELD.)

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Mensagem de Balthazar22/10/2003

Estudo: Caminho para a Saúde e a Paz“O corpo reflete o que há no espírito,

sendo assim, o espírito precisa ser curadoprimeiro.”

(Ignácio Bittencourt)

Terminados nossos trabalhos da noite, e envolvidos no sentimento da caridade,no conhecimento que foi trazido a todos em torno dos trabalhos que irão sedesenvolver brevemente, elevemos o pensamento, na busca da cura do nosso espírito.

Lembremo-nos: o corpo é uma habitação provisória de uma alma imortal. Aslutas que se passam no corpo refletem o estágio da alma, e as dificuldades a seremenfrentadas indicam por onde estamos passando ou por onde passamos nadecorrência dos anos, dos séculos, dos milênios.

Examinemos a nós mesmos e busquemos em Jesus Cristo pensar em como nosconsideramos curados ou doentes. Veremos que, no decorrer do tempo que se passa,na melhoria do nosso ser, com a renovação dos nossos sentimentos, com os hábitossalutares, com a força do amor que estamos adquirindo, vamos vivendo uma vidacom maior saúde, com maior paz. Geralmente, quando ficamos doentes é porque jáestá na hora de retornarmos ao plano dos espíritos. Não será esse o modo de ver umabênção para todos nós?

Procuremos desse modo, desenvolver a prática do bem, o sentimento dacaridade e os brios da alma, do espírito imortal.

O estudo está nos convidando, a todos, a participar, indicando esse caminho, ea sinalização que nos traz igualmente mostra para cada um de nós o que nos faltafazer para chegarmos à paz.

Que o Senhor da Vida nos ajude e nos abençoe! Que todos nós, encarnados edesencarnados, unamos nossas forças para que todo o nosso sentimento seja colocadodentro do ambiente dessa paz!

Que Deus a todos nós abençoe!Balthazar, pela graça infinita de Deus.Graças a Deus!

(Mensagem psicofônica, recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 22/10/03, no CELD.)

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14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL 149

Vibrações para o 14o EEME

1a Vibração

Pela graça infinita de Deus, paz!Balthazar, pela graça de Deus.O trabalho em torno da Medicina Espiritual é sempre importante, como fonte de

esclarecimentos, em uma casa como a nossa, que se dedica à atividade da cura. Igualmente, éimportante falarmos para aqueles que pretendem ensinar, explicar os mecanismos do passe, domagnetismo, da cura e com esse objetivo ajudar na compreensão do que vem a ser realmente opasse de cura.

Dentro de todo esse contexto, o estudo deverá mostrar o papel da Doutrina Espírita, anecessidade da renovação moral e mental, o sentido da evangelização dos seres, a importância datransformação das idéias e dos sentimentos; enfim, a necessidade da melhoria do ser interior, sem oque pouco se conseguirá na cura. Não se trata apenas de curar corpos, uma vez que estes têm umtempo limitado de vida, mas, sim, de manter vivos a alma, o perispírito, o sentimento de todosaqueles que já conhecem a vida espiritual.

Enfim, o trabalho que vamos realizar mostrará aos que aqui chegarem que em nós habita osincero desejo de servir, de ajudar o próximo, de conviver com as dores, agindo como cirineus, éverdade, mas sempre ajudadores das lutas do próximo.

E assim, faremos do nosso trabalho, do nosso Encontro sobre Medicina Espiritual, mais umaoportunidade de vibrar pela paz, pela tranqüilidade, pelo aprendizado, pelo caminho do bem.

E aqueles que não entenderem esse objetivo, que pensarem encontrar milagres ou soluçõesextemporâneas para a cura, para aqueles que admiram o milagre, para os que querem as atitudesestrondosas, para, até mesmo, os que não valorizam o serviço que lhes está entregue nas mãos, paratodos, apenas ofereçamos nossas preces, nossa determinação em prosseguir adiante, no sentido dapaz e com a certeza absoluta de que estamos caminhando ao encontro de Jesus, pelo caminho quenos parece ser o lógico, o justo, e viveremos assim, trabalhando pela paz do nosso próprio coração.

Que Deus ilumine a todos vocês! Que Deus abençoe a todos! Que Deus faça de vocês fiéistrabalhadores do bem!

Muita paz! Que Jesus Cristo a todos nós ajude e abençoe!Balthazar, pela graça infinita de Deus.

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo Carissimi Pamphiro em 15/10/03, no CELD, RJ)

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150 14º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE MEDICINA ESPIRITUAL

2a Vibração

Pela graça infinita de Deus, paz!Balthazar, pela graça de Deus.Na continuidade das meditações em torno do Encontro sobre Medicina Espiritual, pensemos

detidamente nas atividades da mente quando se processa a cura.Homem desejoso de socorrer o próximo desenvolve os valores da bondade, da cura, da

serenidade.Médium que deseja servir aprende com o Evangelho a capacidade de doar-se, de entender o

semelhante; distribui em si mesmo as forças do amor, para expandi-las em benefício do próximo.Condutor de serviços coletivos na cura aprende a ciência do doar-se, do atrair o próximo, de

juntar pessoas para servir coletivamente.Condutor de encontro, na condição de figura máxima ou de cooperador, igualmente

desenvolve a capacidade do conhecer, do atrair, do comandar, do doar-se em favor do semelhante.Todas essas forças são oriundas do espírito imortal. Quanto mais o espírito houver adquirido

a ciência, o conhecimento das coisas do magnetismo e do espírito e aprender a conduzir-se dianteda dor, mais ele será bom médium, bom trabalhador, bom condutor dos assuntos espirituais.

Assim, como meditação última, antes de iniciarmos mais este Encontro sobre MedicinaEspiritual, lembrem-se todos de que a cultura, o conhecimento do magnetismo, a capacidade dedirigir, todos esses fatores são válidos e importantes. Entretanto o crescer-se espiritualmente, odesenvolver-se cada vez mais com sentimento de amor para ajudar o próximo, isso é tarefaconstruída lentamente por cada um de nós, na medida em que desejamos servir ao semelhante.

Que Deus e que Jesus abençoem a todos os que trabalham neste Encontro, para que tambémdesenvolvam em si mesmos esse sentimento de ajuda ao próximo!

Graças a Deus!Balthazar, pela graça infinita de Deus.

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo Carissimi Pamphiro em 22/10/03, no CELD, RJ)