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1 Rio de Janeiro:: setembro / outubro 2009 :: nº 08 Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio de Pietrelcina Índice Editorial ................................................................ 01 Vale a pena ler...................................................... 02 Conversando com Você Tenha a “Santa Paciência” ...................................... 03 Sabedoria dos Grandes Mestres Swami Sri Yukteswar............................................... 04 Você sabia? Ouvindo histórias de Chico... ................................. 05 Bhagavad-Gita, canção divina Seta para dentro X seta para fora ............................... 06 Espiritualidade e Mediunidade Obsessão ................................................................ 07 Aprendizagens do Cotidiano Fazendo a diferença ................................................ 08 Histórias eternas .................................................. 09 Cabalá, vivendo em luz A Resposta que veio num Sonho ............................. 10 Trocando em miúdos O ser platônico ....................................................... 11 Portal da Gratidão Dea Gratias ............................................................. 12 Agradecimento... ................................................... 13 Psicologia e espiritualidade Felicidade e inteligência espiritual............................ 14 Espiritualidade e vida A sabedoria de conhecer a si mesmo, através de seus relacionamentos ............................................. 15 Saúde e espiritualidade Somos 100% responsáveis ?! ................................. 16 Poesia, linguagem da alma Quase acreditei ...................................................... 17 Reflexões O transitório em nossas vidas... .............................. 18 Prece...................................................................... 20 A compaixão e a solidariedade surgem ao aprendermos a lidar com as diferenças.

8 Essencia De Luz

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Rio de Janeiro:: setembro / outubro 2009 :: nº 08

Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio de Pietrelcina

ÍndiceEditorial ................................................................ 01Vale a pena ler ...................................................... 02Conversando com VocêTenha a “Santa Paciência” ...................................... 03Sabedoria dos Grandes MestresSwami Sri Yukteswar ............................................... 04Você sabia?Ouvindo histórias de Chico... ................................. 05Bhagavad-Gita, canção divinaSeta para dentro X seta para fora ............................... 06Espiritualidade e MediunidadeObsessão ................................................................ 07Aprendizagens do Cotidiano Fazendo a diferença ................................................ 08Histórias eternas .................................................. 09Cabalá, vivendo em luzA Resposta que veio num Sonho ............................. 10

Trocando em miúdosO ser platônico ....................................................... 11Portal da GratidãoDea Gratias ............................................................. 12Agradecimento... ................................................... 13Psicologia e espiritualidadeFelicidade e inteligência espiritual ............................ 14Espiritualidade e vidaA sabedoria de conhecer a si mesmo, através de seus relacionamentos ............................................. 15Saúde e espiritualidadeSomos 100% responsáveis ?! ................................. 16Poesia, linguagem da almaQuase acreditei ...................................................... 17ReflexõesO transitório em nossas vidas... .............................. 18Prece ...................................................................... 20

A compaixão e a solidariedade surgem ao aprendermos a lidar com as diferenças.

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2 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

EXPEDIENTE Essência da Luz é uma publicação da Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio Pietrelcina CNPJ 04.772.688/0001-89 | Periodicidade trimestral | Distribuição interna e gratuita | Tiragem 500 exemplaresRua Assunção, 297 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP 22251-030 Telefone: 2286-7760Home Page: www.padrepio.org.br | E-mail: [email protected]

Presidente da Casa: Luiz Augusto de Queiroz Coordenação: Denise Cristina Ribeiro Gomes Projeto gráfico e diagramação: Bruno Chefer e Raquel Reis Revisão Editorial: Daisy Elísio Apoio: Marcello Braga

AS INFORMAÇÕES FORNECIDAS NOS ARTIGOS, ASSIM COMO REFERÊNCIAS, SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES.

Vale a pena ler

Denise Cristina R. Gomes

1- Agradeça e seja feliz , Robert A. Emmons, PHD, Rio de Janeiro, Ed. BestSeller, 2009.2- A cura pela meditação, Cristina Cairo, S.P., Ed. Mercuryo, 2005.3- Meditações Para Pessoas em Crise, Paul Brun-ton, S.P., Ed.Pensamento/Cultrix, 1996.4- A Influência de Padrões Familiares na Sua Vida Atual, David Furlog, S.P., Ed. Cultrix, 1997.

Estas obras, diversificadas em suas temáticas, convergem para o mesmo aspecto : a nossa evolu-ção espiritual, o nosso crescimento como pessoas. Em “Agradeça e seja feliz”, o autor é psicólogo e representante de uma nova corrente psicológica, a Psicologia Positiva que, em uma linguagem ac-cessível, relata os estudos científicos atuais sobre a influência da Gratidão na felicidade e equilíbrio físico e emocional do homem. Robert Emmons também integra, à visão científica, abordagens filosóficas e religiosas. Relata que: “pessoas que têm o hábito de cultivar a gratidão em suas vidas podem aumentar em até 25% seu ‘ponto fixo de felicidade’, uma espécie de nível médio caracte-rístico de cada indivíduo.”

Cristina Cairo nos brinda com uma obra mui-to prática sobre Meditação na qual, de uma for-ma simples e concisa, descreve o corpo energéti-co humano, relatando as influências benéficas da meditação sobre ele. O livro vem acompanhado de um Cd de meditação muito bom e de uma cartela de cores dos chakras.

Paul Brunton, jornalista inglês que viveu na 1ª metade do século XX, considerado como um “iniciado”, autor de obras clássicas como “O Egito Se-creto” e a “India Secreta”, através de Sam e Leslie Cohen, organizadores dessa obra, nos oferta essa pequena mas profunda coletânea de seus pensamentos. Destacamos aqui alguns : “Faz parte da natu-reza das coisas que, no final, o bem triunfe sobre o mal, e que o verdadeiro elimine o falso. Essa compreensão deverá torná-lo mais paciente”.

Concluindo as nossas indicações, David Fur-log, terapeuta holístico, destaca em seu livro que nossos antepassados imediatos nos transmi-tiram muito mais que seus atributos físicos, mas também facetas importantes da vida deles, seus sucessos, fracassos e temperamentos. Segundo o autor, os padrões do passado não respeitam o tempo e a influência desses pode ser tanto po-sitiva quanto negativa em nossas vidas. Ele ana-lisa os mecanismos pelos quais a vida de nossos ancestrais nos influencia e o que pode ser feito para mudarmos ou resolvermos padrões proble-máticos.

Vale a pena conferir essas obras, pois temos certeza que elas muito acrescentarão à baga-gem reflexiva, filosófica e religiosa do leitor. PP

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Beth Marinho

“Deus está demonstrando paciência para conosco, pois não quer que alguns se percam, mas que todos se salvem.” II Pedro 3,9.

Este é um tema sempre confuso para mim. Não estou falando da paciência grande. Falo sobre a paciência pequena. Aliás, a

miudinha, miudinha... Aquela que nos testa em todos os segundos de nossa vida. Posso ci-tar várias frases que a definem, mas existem certos trabalhos que só são válidos se feitos “internamente”, onde a “vivência” é necessá-ria e fundamental.

Estou aqui de coração aberto confessando a vocês: eu sou muito impaciente! Mas como es-colhi o caminho espiritual (porque perdi a paci-ência com o vazio reinante) tenho que prestar atenção a esta pedrinha no meu sapato! Mas o que é ser paciente?

Paciência, para mim, está ligada à resignação, que está ligada à entrega. Entrega ao Divino... Mas lá vou eu mais longe do que queria. Vamos falar do nosso dia a dia, das provas cotidianas, do verdadeiro “teste-drive”! Vamos fazer este teste juntos.

Primeiramente, você tem que ter a paciência de escrever as etapas do seu dia e ser muito honesta/o ao anotar as observações. Para cada instante de impaciência, uma anotação. Se o motivo for claro, anote também. Deixe falar só o coração. Nada de “interpretose”! No final do dia, leia suas anotações e não se chicoteie! Você está neste planeta para aprender.

Muitas vezes confundimos os conceitos. Ter pa-ciência não significa deixar o outro fazer tudo

e você ter a maior PACIÊNCIA! Isto é falta de limite.

Quando a tristeza toma conta e não sabemos lidar com isso, a impaciência ataca! Mesmo? Não! Isto é irritação.

Ficamos impacientes quando alguém não fala a nossa “língua” e não é tão “brilhante” quanto nós? Acho que isto é arrogância, não?

É difícil até teorizar e escrever sobre paciência, mas pensemos sempre que antes de perdê-la...bem, isto é só teoria, mas pense em alguém per-dendo a paciência com você... chato, não? É um exercício constante e por favor, não desista! E um pouco mais de paciência, pois aí vão frases que traduzem este conceito melhor do que eu.

“Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...

Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...

E ter paciência para que a vida faça o resto...”

William Shakespeare

Até mais, luz, paz e paciência para todos!!!

Já que a coluna se chama Conversando com você, se você quiser conversar comigo, mande mensagem para [email protected].

Tenha a “Santa Paciência”...

Conversando com Você

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4 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

SWAMI SRI YUKTESWAR

Sabedoria dos Grandes Mestres

Dave Brykman

Na busca pelo despertar da consciência, reconhecer o valor inestimável dos inú-meros mestres e guias que auxiliam de

modo incansável nosso trabalho de evolução espiritual é algo de suma importância, pois para cada um de nós isso representa enxer-garmos cada vez melhor a amplitude real do legado espiritual que a vida oferece, através daqueles que tanto se empenharam a serviço da humanidade.

Todos esses grandes seres, mananciais de luz e conhecimento, são especiais à sua própria maneira e vamos nos identificando e conec-tando com as qualidades características de cada um deles, a partir do momento em que encontramos concordância em seus ensina-mentos e entramos em sintonia com sua fre-quência vibratória por afinidade de valores e sentimentos.

Uma dessas virtuosas e elevadas almas, cuja forte presença transita deveras pelos planos mais sutis da Casa de Padre Pio, nos diversos trabalhos de orientação espiritual, salas de cura e grupos de estudos, é conhecida como Swami Sri Yukteswar.

Em termos históricos, seu nome de família foi Priya Nath Karada; nasceu em 10 de maio de 1855. Na juventude, assumiu as responsabi-lidades de um chefe de família, tendo uma filha. Na maturidade, foi abençoado pela di-vina orientação de seu guru Láhiri Mahasaya e, após a morte de sua esposa, ingressou na Ordem dos Swamis, recebendo o nome de “Sri Yukteswar Giri”. Yukteswar significa “Unido à Ishwara”, que é um nome de Deus em sânscrito. Sri Yukteswar era incapaz de ostentar uma pose ou de pavonear-se de sua interiorização sublime. Sempre unificado com Deus, não precisava reservar um tempo especial para essa comunhão. Um mestre com experiência da divindade já deixou para trás os degraus da meditação, pois “a flor tomba quando o fruto aparece”. Os santos frequentemente aderem às práticas espirituais com o objetivo de propor um exemplo para os seus discípulos. Era intér-prete incomparável das escrituras. O mestre nunca disse com arrogância : “Profetizo que este ou aquele acontecimento ocorrerá.” Ele preferia insinuar: “Não pensa que pode acon-tecer ?”. Sri Yuktewar era reservado e objetivo em seu comportamento. Nada havia nele de vago ou visionário. Seus pés assentavam fir-

mes no chão e sua cabeça ancorava no porto dos céus. Ele costumava dizer : “A santidade não é tolice ! As percepções divinas não são in-capacitadoras, pois a virtude expressa através da atividade promove a mais aguda inteligên-cia”. Muitos instrutores falavam de milagre, mas não podiam realizar um só; Sri Yukteswar raramente mencionava essas leis sutis, mas operava silenciosamente com elas à vontade e em segredo. Embora nascido mortal como todos nós, Sri Yukteswar alcançou identidade absoluta com a Divindade, que considerava a “Meta Suprema” de todo o ser.

De vez em quando, um novo estudante ex-pressava dúvidas quanto ao seu próprio mérito para dedicar-se à prática de Yoga : “Esqueça o passado” – dizia o mestre – “As vidas an-teriores de todos os seres humanos se acham obscurecidas por muitas ações vergonhosas. A conduta humana é sempre falível enquanto não está ancorada no Divino. Tudo irá melho-rar no futuro, se você estiver fazendo um esfor-ço espiritual agora.” A intuição dele era pene-trante. Descobrindo as dúvidas de alguém, ele comumente as esclarecia antes mesmo destas serem formuladas. “Sou muito duro para com os que buscam meu treinamento” – admitia – “Este é o meu modo, aceitem-no ou não, pois eu nunca transijo. Eu busco purificar apenas com o fogo da severidade, um cauterizante que ultrapassa a tolerância média. A delica-deza do amor também é transfigurante. Os métodos inflexíveis e os benévolos são igual-

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mente eficientes se aplicados com sabedoria”. Embora a disciplina austera e a linguagem franca lhe evitassem um numeroso discipu-lado durante a sua permanência encarnada, não obstante seu espírito vive no mundo atual através de um número sempre crescente de sinceros estudantes dos seus ensinamentos.

A pedido de Mahavatar Babaji (guru de Láhiri Mahasaya), Sri Yukteswar escreveu ”The Holy Science” (A Ciência Sagrada), um tratado so-bre a unidade subjacente às escrituras cristãs e hindus, e treinou seu discípulo Paramahansa Yogananda para uma missão espiritual mundial : a disseminação da Kriya Yoga, uma técnica científica de meditação que conduz seus prati-cantes à auto-realização. Com este propósito, Yogananda fundou em 1920 a “Self-Realiza-

tion Fellowship” e, um pouco mais tarde, em 1946, descreveu com todo amor e riqueza de detalhes a sua vida ao lado de Yukteswar, no livro “Autobiografia de um Iogue”, editado em 1946, referência bibliográfica indispensável até hoje a todos buscadores da espiritualidade.

Sri Yukteswar entrou em Mahasamadhi (saída consciente do corpo) em 1936 aos 81 anos, enquanto meditava na posição de lótus, e além de grande sabedoria, como todo ser uno com Deus, possuia muitos poderes. Após alguns meses de sua partida, materializou o corpo que “vestira” na Terra para Yogananda, num quarto de hotel, onde lhe relatou suas experiências do mundo astral e causal, nos brindando mais uma vez com sua sabedoria e a promessa da imortalidade do espírito.

Você sabia?

Ouvindo histórias de Chico...

Os 37 zeros de Chico Xavier

No livro Chico Xavier, à sombra do abacateiro, de Carlos A. Baccelli, Chico conta que foi funcionário do Ministério da Agricultura, tendo se aposentado após 35 anos de serviços. E certa feita foi chamado ao Rio de Janeiro para prestar um concurso que lhe poderia render uma substancial promo-ção. As notas de classificação iam de 40 a 100.

Abaixo de 40, o candidato recebia zero total, diz ele. Como sua fama de psicógrafo já era forte naquele tempo, os demais candidatos na sala - e eram muitos - olhavam-no com uma certa expectativa. Fizeram a prova.

Daí a três dias saiu o resultado. Chico tirou 37 zeros! E conclui o caso. “Então o diretor do DASP, um homem muito ponderado, Dr. Luiz Simões Lopes, chamou o meu chefe e disse: Eu tenho vontade de conhecer o Francisco Xavier. Meu chefe, meio envergonhado, veio me chamar. Fui à sala do diretor já sabendo que tinha ganhado 37 zeros!

Ele me cumprimentou, dizendo que era um prazer me conhecer: Quero conhecê-lo por causa de minha senhora. Ela leu o livro Paulo e Estevão e gostou muito, mas eu agora me interesso por essa Doutrina que minha mulher abraçou, porque sou ateu, ninguém nunca tirou nesse concurso tan-tos zeros... Você não poderia ter escrito esses livros todos... Pode voltar a Pedro Leopoldo e continuar trabalhando, por-quanto a lei do Getúlio permite...”

Fonte: Jornal Espiritismo e Unificação, agosto de 1988.

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6 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Bhagavad-Gita, canção divina

Seta para dentro X seta para fora

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Marcelo Patury

“Deve-se realizar o trabalho como uma oferenda a Vishnu; caso contrá-rio, o trabalho produz cativeiro neste mundo material. Portanto, ó Arjuna, execute seus deveres prescritos para a satisfação dEle, e desta forma sem-pre permanecerá livre do cativeiro.” (Bhagavad-Gita, capítulo 3, verso 9)

O objetivo de toda a literatura védica é ape-nas um: o retorno à nossa Origem Divina. Por isso, a Bhagavad-Gita nos propõe

uma séria de exercícios para desenvolvermos aos poucos o relacionamento com o Supremo. Este verso trata de um tópico muito relevante neste contexto: o oferecimento.

Todas as nossas ações, sejam elas quais forem, devem ser revestidas com a índole do ofereci-mento. Ofertar associa-se a Deus; a consciên-cia de adquirir, ao eu individual.

Pessoas mesquinhas pensam acentuadamente em receber. Buscar sempre o melhor lugar em uma condução coletiva, achar que os outros nos devem favores, cobrar constantemen-te compreensão e carinho do parceiro amoroso, são apenas alguns exemplos de nossa mesquinhez.

Este verso visa justamente inverter essa tendência. Oferecer todas as

ações do dia a dia ao Supremo é um exercício para nos tornarmos seres de oferecimento.

Não se trata aqui da simples doação de bens materiais, mas de algo muito mais grandioso: atingirmos e incorporarmos a Consciência do Oferecimento. Neste estágio, todos os nossos desejos, pensamentos, sentimentos, ações e palavras serão dedicados exclusivamente ao Eu Divino, como uma grande seta direcionada de nosso interior para fora, voltada para o lado oposto do ego, para o altruísmo, para, enfim, o Supremo. Não foi assim que caminhou Jesus em todos os seus passos aqui na Terra?

Infelizmente, nossa tendência natural ainda é voltar esta seta para dentro, apontando-a apenas para os nossos desejos egocêntricos. O pior é que fazemos isso com tanta naturali-dade que nem percebemos.

Há 5 mil anos, Krishna nos deixou um va-lioso legado para transcendermos da cons-ciência do ego para a Consciência Divina: a Bhagavad-Gita.

Esses estudos acontecem aqui na Casa de Pa-dre Pio - Rua Assunção, 297 - todas as quartas-

feiras, às 19:30h. Não preci-sa se inscrever. Basta chegar e se sentar!

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Nelson Soares

A partir desta edição, através do tema “ob-sessão”, estaremos iniciando a publicação de diversos assuntos relacionados ao Fenômeno Mediúnico, visando propiciar ao leitor, maio-res informações e esclarecimentos sobre esse processo, tão controvertido nos dias de hoje.Iniciaremos, portanto, este breve artigo com a questão: O que é obsessão?

A obsessão é considerada como uma forma de enfer-midade psíquica, que consis-te num constrangimento das atividades de um Espírito (da pessoa obsedada) pela ação de outro (do obsessor). A in-fluência maléfica do espírito obsessor pode afetar a vida mental e física de uma pessoa. Assim sendo, deve-se buscar avaliar esse processo de acor-do com a frequência da ma-nifestação do fenômeno, isto é, essa influência espiritual só é qualificada como obsessão, quando passa a ser uma perturbação constan-te; caso contrário, quando ela é eventual, não se configura como tal.

Deve-se compreender que somente os Espíri-tos maus e imperfeitos provocam obsessões, interferindo na vontade do indivíduo, fazen-do com que ele tenha ações contrárias à sua personalidade. Porém, cabe aqui se destacar que a obsessão só se instala na mente do pa-ciente, quando o obsessor encontra fraquezas morais passíveis de serem exploradas, mani-puladas. Estas, face às nossas imperfeições, constituem-se em nossos pontos fracos. Ante tal visão, pode-se concluir que todos nós podemos vivenciar esse doloroso processo. As doenças do corpo físico só se manifestam quando existem fragilidades estruturais ou carências no organismo físico, sendo que o mesmo ocorre na área psíquica. Dessa for-ma, observa-se que os indivíduos enfraqueci-dos moralmente ou portadores de falhas de caráter, vícios etc., estão mais sujeitos à ob-sessão, conforme já foi anteriormente dito. Como ocorreria esse processo?

O Espírito obsessor, conhecendo as fraquezas morais do enfermo, vai aos poucos obtendo acesso aos pensamentos e emoções do obse-dado, chegando até em alguns casos a adquirir controle da vontade da pessoa. Assim, caso a obsessão se intensifique, não sendo trata-da espiritualmente em tempo hábil, ocorrerá naturalmente uma intensificação das trocas energéticas entre o obsessor e o obsedado, au-mentando a afinidade fluídica entre eles, o que poderá acarretar um agravamento da enfermi-dade. Alguns adeptos do Espiritismo dizem que todas as pessoas são obsedadas, mas isso não

é verdade. Todos nós recebemos influências es-pirituais boas e ruins que, de acordo com nosso livre arbítrio, podem nos encaminhar tanto para o Bem quanto para o Mal. Abaixo, ilustrando a nossa fala, transcrevemos algumas citações de Allan Kardec (Revista Espírita):

“Os Espíritos não são iguais nem em poder, nem em conhecimento, nem em sabedoria. Como não passam de almas humanas desem-baraçadas de seu invólucro corporal, ainda apresentam uma variedade maior do que a que encontramos entre os homens na Terra. Há, pois, Espíritos muito superiores, como os há muito inferiores; muito bons e muito maus, muito sábios e muito ignorantes, há os levia-nos, malévolos, mentirosos, astutos, hipócri-tas, espirituosos, trocistas, etc”.

“A obsessão jamais se dá senão por Espíritos inferiores. Os bons Espíritos não produzem ne-nhum constrangimento; aconselham, comba-tem a influência dos maus e se afastam, desde que não sejam ouvidos.”

(continua no próximo número)

Espiritualidade e Mediunidade

Obsessão

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8 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Fazendo a diferença

Aprendizagens do Cotidiano

Adelaide Hortencia e Flavia Braga

Rio de Janeiro, 24 de julho de 2009.

Está chegando o grande dia e a agitação é grande, mas as horas passam rápidas e preciso deixar tudo prontinho... O despertador tocará pontualmente às 07h...

(A maioria das grandes mudanças começa de um

jeito pequeno... )

Rio de Janeiro, 25 de julho de 2009.

Então, vamos lá... Hora da chegada: 09h30 e o movimento é grande, as me-sas já estão montadas!

Aos poucos, outros voluntários vão chegando e ajudando aonde é preciso. Precisamos preparar a decoração do sa-lão e das mesas, montar as barracas das brincadeiras, das comidas e ufa, já estou cansada!

O som já testando, os banheiros limpos. Bebidas no gelo. Agora, pausa para o almoço. Depois, é só finalizar e esperar pelo início da nossa tão esperada Festa Junina de 2009... (hum, 15h – hora de trocar de roupa, festa junina sem caipira, não dá).

(... todo mundo pode fazer a diferença; pequenas idéias criam raízes e podem crescer; o importante é que as pessoas façam o que realmente querem – e comecem. ... Olhe à sua volta...)

E assim, é só deixar a alegria tomar conta do recinto, o som entrar em cena e cair no ‘bai-lado’. Aos poucos, os convidados vão chegan-do e entrando no clima... Nossa voluntária na ‘Barraca do Beijo’ (Nana Gouveia) é só flashes. Sendo atenciosa sempre sorridente e tirando fotos com todos. Mas o salão não fica vazio por pouco tempo, logo, nosso animador ofi-cial trata de entusiasmar ainda mais o arraiá...

(... pense nos problemas que o incomodam... qual seria a solução para eles? Pense nos amigos, colegas e até pessoas

com quem poderá conversar que possam colaborar... Depois de colocar as primeiras ideias em ação, pense em expandir...

Do seu jeito, com a diferença que só você pode fazer!)

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PS: Fotos tiradas durante a Festa Junina. Alegria, animação e trabalho, uma mistura que deu certo. Parabéns

a todos que colaboraram para fazer acontecer!

Mas o momento mais espe-rado ainda estava por vir: a QUADRILHA. Muito divertida e o nosso ‘animador oficial’ (Maiko Pedroso) conseguindo arrastar a todos com muitas brincadeiras. Lugar para tanta gente não havia... Então o jeito foi arrumar um par, dar o braço e cair na dança... Aumenta o som DJ!

Todos se divertiram pra valer na ‘festança’, nos sorteios, nas danças e com as comidinhas. Quem esteve lá sabe, foi até aquele dia a me-lhor de todas as nossas festas.

Assim, agradecemos a todos que nos aju-daram a criar essa festa que tocou nossos corações.

Voluntariado é compromisso.

Ser voluntário é, antes de qualquer coisa, abrir-se para o paradigma da prosperidade. Acredi-tar verdadeiramente que o mundo foi feito para todos e que a dignidade é um direito do ser humano.

Esse é o compromisso. O importante é perceber que não estamos sozi-nhos, mesmo que a caminhada da consciência seja uma experiência individual...

(OBS: Essa é uma pincelada das idéias do texto No Cami-nho do Espírito do Padre Vilson Groh, brasileiro, educador e pesquisador que tive o prazer de descobrir na UNIPAZ).

O HOMEM E O CACHORROUm certo homem ouviu dizer que óleo de fígado de bacalhau era bom para a saúde do seu cachorro. Então, resolveu dar o óleo para o seu animal...Por vários dias, prendia o pobre animal entre as pernas e enfiava o óleo goela abaixo do bicho.

Um dia, o cachorro se soltou e, para espanto do homem, veio e lambeu a colher de óleo...Foi aí que o homem entendeu que o ca-chorro não lutava contra o óleo, mas, sim, contra o método usado pelo homem para lhe dar óleo.

Muitas vezes , o problema não é o que faze-mos, mas como o fazemos.(fonte: Maktub- Paulo Coelho)

ESCOLHENDO O DESTINOUm homem perguntou ao famoso mulá Nasrudin:

- Qual o sentido da vida?- Achar.

- Achar o quê?

- Você acha que as coisas estão andando bem e elas não estão, então chama isso de falta de sorte. Você acha que as coisas não estão tão ruins o quanto pensava e, considera-se afortu-nado. Você acha que pode controlar o futuro, e passa a acreditar que tem talento e intuição. Você acha que o futuro terminou, sendo pior do que esperava, e chama isso de destino. Pas-sa a vida achando coisas, ao invés de encará-las como são.

(Fonte: Historias de Nasrudin – sec.XIII)

Histórias Eternas

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10 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Dave Brykman

Segundo o Zohar, livro essencial da Cabalá, quando dormimos, nossa alma se despren-de 59 partes de 60 do corpo físico, ou seja,

apenas 1/60 permanece na matéria, sustentan-do as funções vitais. Neste período, nossa alma está livre para ascender a planos mais sutis da vida e receber a recarga necessária de energia e alimento espiritual, que normalmente não con-seguimos obter enquanto acordados. Essa verda-deira experiência de conexão extra-física que, na maior parte das vezes, não temos consciência ou não lembramos, é registrada em nosso ser através dos sonhos. A Cabalá nos diz que, quanto mais lembramos dos nossos sonhos, mais esta-mos sintonizados na espiritualidade.

O sonho é uma “mistura” de todos os even-tos e situações criadas por nossos pensamen-tos, sentimentos e ações do dia a dia, que se fundem em tempo e espaço não lineares, e que sempre vêm em vislumbres panorâmicos contendo mensagens codificadas, onde cabe a nós bastante cuidado na interpretação de cada um deles.

Uma história que ilustra bem essa conexão onírica com as nossas ações na vida ocorreu nos tempos de um cabalista iemenita do sé-culo XVIII, chamado Rabi Shalom Sharabi, que era muito conhecido na região por sua sabe-doria, e bastante procurado pela comunidade para consultas particulares.

Certa vez, um homem que estava atraves-sando momentos difíceis na vida, com diver-sos problemas financeiros e familiares, bateu à porta da casa de Shalom Sharabi para uma visita de última hora. Quem atendeu foi a es-posa do Rabi, que o convidou a entrar e pediu que esperasse um pouco, pois o Rabi estava ocupado naquele instante; ela disse que viria chamá-lo tão logo o grande mestre estivesse disponível. O visitante sentou-se e ficou aguar-dando algum tempo. Nesse ínterim, acabou cochilando, entrando em sono profundo e teve um sonho. Nesse sonho, ele estava an-dando por uma estrada de terra, quando de repente começou a passar um grande núme-ro de carruagens pretas e ele se perguntou se aquilo era algum tipo de procissão e começou a seguir na direção daquelas carruagens. Pou-co tempo depois, na mesma direção, começou a passar um monte de outras carruagens, só que agora, brancas. A curiosidade aumentou

e ele apertou o passo para entender onde tudo aquilo iria dar.

Ele chegou, então, na praça central de um pequeno vilarejo, onde todas as carruagens, brancas e pretas, estavam estacionadas. Ele percebeu que existia uma grande plataforma no meio da praça e, quando olhou mais de perto, viu que se tratava de uma grande ba-lança, e o mais intrigante, o nome dele estava escrito em uma placa no meio da balança. A partir desse momento, de dentro das carrua-gens pretas começaram a sair anjos vestidos de preto e das carruagens brancas, anjos ves-tidos de branco. Todos eles começaram a subir na balança, anjos de preto de um lado da ba-lança e anjos de branco do outro lado.

As coisas começaram a ficar mais interessan-tes quando a cada anjo de preto que ele ob-servava, surgia de imediato em sua tela mental a imagem de uma ação negativa que havia co-metido ao longo da vida: maledicência, inveja, egoísmo, etc. E a cada anjo de branco que vi-sualizava, reproduzia a imagem de cada ação positiva no decorrer de sua jornada: caridade, compaixão, oração, etc.

Foi aí que a “ficha caiu”. Nesse exato instan-te, ele se deu conta que ali estava ocorren-do um julgamento, na verdade o seu próprio julgamento. E o que era pior, como estavam presentes muito mais anjos de preto do que de branco, a balança começou a inclinar para o lado das ações negativas. A situação, por-tanto, começou a ficar desesperadora e eis que chegaram carruagens de cor cinza com anjos também vestidos de cinza e começa-ram a subir na balança, apenas no lado que já estava mais pesado, o lado dos anjos de preto. Ele pensou consigo mesmo: − Agora estou perdido de vez! Quem afinal são esses anjos de cinza?

Ele tentou manter a calma diante daquele triste cenário, olhando para cada anjo cinza; quando focava em cada um deles, aparecia uma cena de sua vida onde passara por gran-des sofrimentos e transformações. Cada anjo de cinza era um sofrimento, uma dificuldade vivenciada.

Num primeiro momento, o lado negativo se tornara mais pesado, mas então aconteceu o inesperado. Cada anjo de cinza agarrou um anjo de preto e se jogou para fora da balança,

Cabalá: vivendo em luz

A Resposta que veio num Sonho

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Trocando em Miúdos

Marcio Lassance

Quando se pensa no título deste artigo, o que mais se faz presente à nossa memória é que se trata de algo inatingível. É o amor

platônico, é o sonho sonhado, é o nunca realizado.

A coluna “TROCANDO EM MIÚDOS” tem como função decifrar alguns códigos que estão impressos em nossa cultura como estampas rígidas, e que, na maior parte das vezes, se fizermos um movimento simples de compreensão, facilitamos o entendimento so-bre nossas vidas e avançamos em direção a um maior e melhor auto-conhecimento.

No caso do adjetivo platônico, o que devemos ter em mente é que o núcleo central da obra de Platão (427/347AC) está presente em três conceitos. Em primeiro lugar, o homem é um ser plural, isto é, ele faz parte de interrelações que o definem como um ser político, que se constrói na vida em comum na cidade (polis).

O outro conceito refere-se à realidade que é resultante da observação e projeção de nossos pensamentos, ou melhor, é o homem que pro-duz o real à sua volta a partir da sua percepção e conceituação.

Aí, chegamos ao terceiro e mais importante conceito do seu pensamento: o ideal.

Na obra A República, Platão discute a necessi-dade de se entender a organização social como um projeto inacabado de responsabilidade de cada cidadão. Ele expõe com clareza a percep-ção do homem sujeito a dois tipos de situação, a “Cidade Real”, onde ele vive hoje com suas mazelas e prazeres resultantes do seu próprio pensar; e uma “Cidade Ideal”, projetada pelo seu pensamento, fundamento da sua existên-cia e da sua realidade.

Como o ideal é uma situação imaginada (e de-sejada) para além do real de hoje, Platão fala so-

bre o imperativo do homem prosseguir em seu sonho, e que, ao avançar naquela direção, ele irá atingir, a cada momento, uma “Cidade Pos-sível”, quando ele já deixou para trás a Cidade Real e está mais próximo da Cidade Ideal.

Trocando em miúdos, isto quer dizer que a mis-são do homem para Platão é perseguir os ideais mais altos e mais afastados dele, quanto possí-vel. O homem quanto mais se conhecer e lançar esses conceitos a essa nova realidade, construída por ele mesmo, maior é a sua realização.

Evoluir sempre é o movimento central do pen-samento platônico. Evolução essa que está ba-seada em uma constante reconstrução do mun-do a partir do pensamento do homem, como co-criador do mundo.

Amor platônico não é, portanto, um amor ina-tingível, mas um amor que, cada vez mais se adensa, ao conhecer com maior profundidade o eu e o outro, até o ponto em que deixe de existir a separação entre o outro e o eu, e o amor nos torna um.

Platão, ao desenvolver aquele tipo de percepção da vida em constante evolução a partir da co-criação da realidade, estabelece um outro para-digma que é o “sou o que sei”, isto é, a minha vida é definida e limitada por tudo que aprendi, senti, experimentei e, principalmente, por tudo aquilo que criei a partir do meu pensar.

É no ideal de se atingir a Luz, na imortalidade da alma, que o homem irá se realizar. Na Luz, ele então agirá com o Criador. Esse é o ideal supremo do platonismo.

Ser platônico, então, significa buscar a evolu-ção até encontrarmos o Divino em nós.

Como eu sou o que sei, e como sei que sou um ser platônico, só peço ao Pai para que eu não seja o último.

O ser platônico

liberando gradativamente o peso daquele lado da balança. Porém, quando ele percebeu que cada anjo cinza (sofrimento) cancelava um anjo preto (ação negativa), e não havia anjos cinzas suficientes para equilibrar a balança, ele então começou a clamar aos Céus: − Eu pre-ciso de mais sofrimento, por favor Senhor, me mande mais sofrimento, mais dificuldades!

A esposa do Rabino, ao escutar o visitante despertando aos gritos, veio correndo tentar

acalmá-lo, dizendo que seu marido já ia aten-dê-lo, mas ele ainda muito agitado respon-deu que não precisava mais ver o Rabi, pois já havia obtido a resposta desejada, sabedor agora da origem de todos os problemas que estava enfrentando. Enfim, agradeceu rapi-damente e foi embora da casa sem mesmo ter conhecido o Rabi Shalom Sharabi, pelo menos aparentemente.

Shalom ve’Emet (Paz e Verdade!)

PP

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12 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Portal da Gratidão

Rosa Carmen Sá de Alverga

“Se tens medo de não merecer a graçaDo amor, da paz e da alegria,Recebe o dom da vida, que é de graça.Se formos gratos pela Criação,Podemos encontrar a harmonia.”

Costumamos nos sentir gratos quando algo de muito bom nos acontece, seja pela ação de outras pessoas ou pela Graça Divi-

na (que acredito estarem entrelaçadas). Portanto, tendemos a achar sempre que só devemos agra-decer pelas coisas boas que recebe-mos da vida, as que consideramos dignas do nosso reconhecimento, e paramos por aí. Um exemplo dis-so é quando pas-samos por situa-ções difíceis, que nos fazem sofrer e nos deixam des-confortáveis. Os acontecimentos desagradáveis nos aborrecem tanto, nos tomam tanto tempo, que podemos até nos esquecer de agradecer os bons momentos. O que mais queremos nessas horas sofridas é nos ver livres do incômodo, fugindo do problema. No en-tanto, se nos deixarmos levar por tal impulso, não percebemos que estamos perdendo uma oportu-nidade a mais de evolução. É evidente que não me refiro a situações muito graves, que só pou-cas pessoas enfrentam de cabeça erguida e, ao chegarem no limite de suas forças, conseguem se superar, agindo quase como heróis. Refiro-me, aqui, às contrariedades do dia a dia, algumas mais suportáveis, outras nem tanto, mas que teríamos condições de controlar e, na maioria das vezes, re-voltados, as transformamos em dramas sem fim. Melhor seria se pudéssemos agradecer desde o início, confiando que tudo o que vivemos possui uma razão e um sentido.

Todas as vezes que aceitamos, com paciência e dignidade, os momentos difíceis e penosos em nossas vidas, vendo-os como uma oportunida-de de aprendizagem, com o tempo podemos receber valiosos tesouros de recompensa. Se

percebêssemos o quanto é especial e gratifi-cante o sentimento de gratidão, quando este nos envolve plenamente, independente do que nos acontece, iríamos modificar, para melhor, a nossa percepção de toda existência. Provavel-mente, diminuiria a sensação de carência, de falta, de perda e abandono, que nos acompa-nha a cada dor e frustração.

Quando me pediram para falar sobre a gra-tidão, lembrei que este é o Ano da Graça na Casa de Padre Pio. Ao começar a pensar nisso e a escrever, fiquei muito tocada pela emoção de falar desse tema, que despertou em mim um sentimento forte de descoberta e encanta-

mento. Fui sentin-do e percebendo que procurarmos ser gratos, in-dependente da situação que se apresente, é uma forma de reco-nhecermos que a vida é um Bem muito maior do que qualquer ava-liação que possa-mos fazer dela.

É confiarmos na sua sacralidade e

no poder divino que a fez surgir de um milagre extraordinário, como uma prova de amor, de um amor sem limites, um amor do Criador por si mesmo e por suas criaturas. Portanto, sermos gratos por nossa existência, incondicionalmen-te, significa termos uma atitude de reverência, fraternal e amorosa para com a vida e para com todos os mistérios e paradoxos que fazem parte dela. À proporção em que vamos agindo as-sim, vamos descobrindo o valor da gratidão, a plenitude que ela nos proporciona e que nos leva ao encontro da nossa verdadeira essência. Abrem-se novos horizontes à nossa frente, ex-pandindo nossa visão espiritual, ao ganharmos a fé infinita em nossa origem divina. Esse é o resultado de uma grande magia: O despertar de uma nova consciência que nos ensina a sermos sinceramente agradecidos diante do fado e, ao mesmo tempo, nos traz a confiança de que so-mos, apesar de todas as fraquezas, merecedores de recebermos as Graças que nos cabem!

Graças a Deus!

Deo Gratias

PP

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Agradecimento...

Ana Lucia Brant

Estava viajando a trabalho e levei a Essência da Luz nº 06 para ler no avião. Todos os artigos eram ótimos mas, lendo o depoi-

mento do Dr. Roni Vasconcelos, fiquei profun-damente emocionada e uma frase me chamou a atenção: “... senti-me acolhido, feliz por estar ali. Estava em casa!” Foi exatamente este sen-timento que tive há seis anos atrás e acredito que várias outras pessoas também o sintam.

Padre Pio entrou em minha vida conduzido pela mãe de uma amiguinha de escola do meu filho, quando este tinha cinco anos. Primeiramente, ela me deu um santinho e, depois, um livro sobre a sua vida. Desde o primeiro contato, apaixonei-me por ele de forma intensa e inexplicável. Os anos se pas-saram com Padre Pio se manifestando em di-versas situações cotidianas e, um dia, andan-do pela Rua Assunção, percebi com imensa alegria um sobrado (que antes nunca havia reparado) e a placa da Casa. Voltei, algumas vezes, até encontrar o Maiko sorridente à ja-nela, que, solícito, logo me deu os horários de funcionamento.

Nesta época, enfrentava em minha vida, uma situação particularmente difícil. Sentia-me desamparada, vivenciando uma sensa-ção de grande incompletude. Obviamente, acabei adoecendo. Comecei a frequentar as sessões de cura e fui observando as pessoas trabalhando com carinho e atenção, dando o seu tempo e energia para ajudar aqueles que

buscavam conforto e cura para os seus males. Então, pensei: como eu poderia também aju-dar? Assim, me ofereci para ser voluntária, começando a trabalhar na cantina.

Hoje, depois de todos estes anos, vejo que maravilha é participar desta Casa e o quanto isto tem auxiliado em minha reforma íntima. Embora não consiga qualificar ou quantificar, posso dizer que percebo em mim uma profun-da modificação como pessoa, assim como em minha vida! Quantos preconceitos caíram por terra, quantos pensamentos e apegos desapa-receram... Sinto que a minha visão a respeito da vida melhorou, bem como a aceitação de mim mesma. Quão leve hoje eu me sinto!

Os conhecimentos passados pelo Luiz Au-gusto, o presidente da Casa, as palestras dadas por diversos convidados, trazendo uma diversidade de informações, os cur-sos assistidos, os trabalhos realizados junto com a Ação Social, assim como a rede de relacionamentos que formamos, aos pou-cos, nos levam a fazer reflexões profundas sobre nós mesmos e vão sedimentando em nós uma nova pessoa. Ainda tenho muito o que aprender e colocar em prática, mas a sensação de estar em casa me dá o ânimo e as forças necessárias para continuar em meu processo de reforma íntima.

Agradeço todos os dias a Padre Pio a oportu-nidade de poder oferecer à Casa um pouco do meu tempo, ajudando na Cantina e no que for preciso; dessa forma, também me sinto trabalhando na acolhida daqueles que, como eu, sofrendo, procuram apoio na Casa de Pa-dre Pio. PP

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Felicidade e Inteligência Espiritual

Psicologia e Espiritualidade

Regina Célia de Souza

Provavelmente, você já deve ter se pergun-tado: O que faço aqui, neste planeta? Quem eu sou realmente? Que sentido tem a minha

vida? Ou que sentido estou dando a ela, face às minhas atitudes?

Para os que estão iniciando a sua trajetória junto à espiritualidade, assim como para aque-les que já caminham nessa estrada há algum tempo, inúmeras dúvidas surgem quanto à forma mais adequada de se conduzirem ante os objetivos evolutivos a que se propõem vi-venciar: sobre o que é certo ou errado? Sobre como poderíamos responder a um colega de trabalho que foi indelicado? Ou de que forma poderíamos ter mais paciência com um filho malcriado ou problemático, ou ainda com um parente doente, por exemplo, uma mãe idosa e doente que por suas atitudes nos incitam a sair do sério? Essas são questões, em nosso cotidiano, que, muitas vezes, nos atormentam em grande parte do nosso tempo. Pois todos nós queremos ser felizes. E, como bem disse o compositor Gonzaguinha, “...ninguém quer a morte, só saúde e sorte”.

Mas, em que consiste ser feliz? Seria ganhar a Mega Sena acumulada? Conseguir ter o par dos nossos sonhos? Morar em frente à praia? Viajar para a Europa? Ter uma casa própria? Ter filhos? Casar? Ter poder e fama? Ter um corpo bonito como muitos astros da TV?

Como se pode concluir, para cada um de nós, a felicidade assume um diferente significado. Po-demos perceber que nas questões acima citadas, todas as respostas referem-se ao plano material.

E se ser feliz fosse algo bem mais simples, bem ao nosso alcance, mas ao mesmo tempo invisível aos nossos olhos, embora com um alcance bem maior do que o visualizado em nossos sonhos?

Um grande psicólogo americano do século XX, chamado Abraham Maslow, ante a sua expe-riência clinica, certa vez, sinalizou que a maior causa das doenças no homem era a “falta de amor”. Face a essa visão, não poderíamos entender que a felicidade pode estar direta-mente relacionada à máxima cristã: “amar ao próximo como a ti mesmo”?

Quando questionamos o “porque” e o nosso “para que” existencial estamos expressando um movimento da nossa Inteligência Espiritu-al. Portanto, a Inteligência Espiritual é descrita como a capacidade que todo o ser humano tem de alcançar a paz interior e a alegria, através do desenvolvimento adequado da sua

inteligência emocional, isto é, da capacidade que a pessoa tem de se relacionar consigo mesmo (inteligência intrapsíquica) e com os outros (inteligência interpessoal).

A psicóloga americana Danah Zohar, em seu livro Inteligência Espiritual, relata que não basta para o indivíduo alcançar crescimento profissional e financeiro para poder ter paz in-terior e alegria. O ser humano também precisa encontrar um sentido de vida que transcenda a matéria, atributo este pertinente à inteligên-cia espiritual. É nesse sentido que se percebe, quando vivenciamos problemas existenciais, oriundos de momentos de perdas, rompi-mentos e fracassos, que temos a possibilidade de adquirir a verdadeira consciência sobre os nossos anseios e necessidades espirituais (não materiais) na maior parte das vezes, ocultas e reprimidas em nosso interior. É comum, nessas ocasiões, nos questionarmos sobre o verdadei-ro propósito de nossas vidas, procurando en-contrar uma melhor forma de enfrentamento às dificuldades que temos, face aos desafios de nosso cotidiano.

Desenvolver a nossa inteligência espiritual não implica em sermos religiosos ou seguirmos uma religião, mas implica em sermos capazes de agir dentro de uma ética de pensamentos e ações, alicerçados em princípios e valores humanos universais. Nesse aspecto, o conhe-cimento psicológico se une, a nosso ver, à essência dos conhecimentos das antigas tradi-ções filosóficas e religiosas.

Portanto, se quisermos ser felizes, precisamos estar atentos e cuidarmos para desenvolver as nossas inteligências emocional e espiritual, que, em nosso dia a dia, materializam-se em pequenas atitudes como: ceder a vez em um ônibus ou metrô para alguém mais velho ou que necessite estar sentado; buscar evitar falar mal do outro, percebendo a sua necessidade de se sentir superior ao outro, ao tentar de-negrir a sua imagem. Ser capaz de objetivar em seu trabalho o alcance de um bem comum que transcenda a uma prática individualista e material. Finalizando, recorremos às palavras de Joanna De Angelis, escritas no livro O Ser consciente : “(...)No postulado ‘não fazer ao próximo o que não deseja que ele lhe faça’, estatuiu a condição de segurança para a iden-tificação do indivíduo consigo mesmo, com seu irmão e com o mundo no qual se encon-tra, proporcionando uma ética simples e facil-mente aplicável no inter relacionamento pes-soal, sem conflito nem culpa.”

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Espiritualidade e vida

Danielle Monjardim

Sócrates, filósofo grego visto como o ho-mem mais sábio de sua época, disse certa vez que o conhecimento de si mesmo era a

chave para a libertação de todos os males.

Muito se fala em reforma íntima, em auto-conhecimento, em transformação moral, e fica-se, então, preso à seguinte questão: como iniciar o processo? Por onde começar? Como fazer? A Sabedoria Divina nos instrumentaliza com tudo que precisamos para progredir na vida em todos os sentidos e direções. A quali-dade de nossos relacionamentos e a forma que escolhemos para interagir uns com os outros são a nossa fotografia moral.

Os nossos conflitos de relacionamentos, em geral, retratam nossos conflitos íntimos, muitas vezes inconscientes. Nossa dificuldade em dia-logar uns com os outros revela muito do diálo-go interior que travamos diariamente conosco: cheio de culpas, recriminações, fuga de respon-sabilidades pela qualidade de nossa vida.

Agressividade, melindres, discussões, ironia e padrões de controle são pistas importantes em relação ao que precisamos modificar em nós. Se alguém nos irrita, fere, atinge, desrespeita, ao invés de atribuirmos responsabilidade para os outros daquilo que permitimos que nos aconteça, temos que procurar em nós mesmos o que precisa ser modificado para que aquela situação não mais ocorra. É dessa forma que conquistamos sabedoria para viver. É assim que evoluímos em níveis de consciência e saí-mos dos padrões de comportamento automá-ticos, repetitivos, cristalizados.

Pois uma coisa é certa: o problema que preci-samos encarar com coragem nunca está no ou-tro! Está em nós. Ainda que o outro desperte em nós emoções e sentimentos que julgamos inadequados, como raiva, impaciência, inveja, ciúme, intolerância, não podemos alimentar a ilusão de que nessas situações o problema é do outro: as emoções são nossas! Em nós está também a solução. Essa é a verdadeira refor-ma íntima. Ela ocorre quando validamos o que estamos sentindo, admitindo a existência em nós de emoções que nos fazem mal, busca-mos suas causas e procuramos transformar, reformar, dar uma nova forma ao que se passa em nosso mundo íntimo.

Facilita-nos muito o autoconhecimento quando identificamos no outro aquilo que nos incomoda, pois esta ocorrência sinaliza que trazemos igual porção em nós, ou até maior. Vemos com faci-

lidade o argueiro nos olhos do outro, mas não vemos a trave que está em nosso próprio olho. A Psicologia chama isso de projeção. Projetamos no outro o que não queremos ver em nós.

Novamente, se tivermos olhos de ver, ao invés de julgarmos o outro e nos afastarmos dele, devemos assumir a postura de aprendizes pe-rante a vida e aproveitar a oportunidade para diagnosticar como tal padrão também se ma-nifesta em nós.

Compreendendo a manifestação desses pa-drões de comportamento, sentimentos, emo-ções em nós, admitindo a sua existência, ao invés de negá-los, teremos dado um passo importante, pois só podemos modificar aqui-lo que admitimos que existe no nosso mundo íntimo. Enquanto negamos a existência, cami-nhamos através da ilusão.

Outro importante passo para compreendermos nossos comportamentos é identificar a raiz de sua manifestação: como e quando agimos de determinada forma, o que existe por trás de nossas reações? Essa percepção nos fará ficar alertas e, assim, procuraremos agir, ao invés de reagir. Dessa maneira ocorre o processo de auto-educação de sentimentos e emoções.

Somos responsáveis perante a vida pelo que somos, pelo que fazemos, pelo que sentimos e pelo que despertamos no outro a partir da emissão de nossas próprias vibrações.

O poder de transformar o mundo em que vi-vemos em um mundo melhor reside em cada um de nós, a partir da nossa própria transfor-mação. Esperar que o outro mude, que algo aconteça de forma exterior para então ensejar esse processo, é permanecer na ilusão e adiar a oportunidade de começar a trilhar agora o caminho para a conquista da paz, da alegria, da felicidade, que não vem de fora, mas está dentro de nós mesmos.

“Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres”. A verdade que liberta parte do conheci-mento de si mesmo. Conhecendo-nos, aceitando-nos, transforman-do-nos, entraremos em contato com nossa divindade e irra-diaremos luz. Já somos luz. Temos que desenvolver nossos “olhos de ver”.

A sabedoria de conhecer a si mesmo, através de seus relacionamentos

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16 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Saúde e Espiritualidade

Somos 100% RESPONSÁVEIS?!

PP

Myrian Marino

Ultimamente, venho pensando muito so-bre essa tal da “Responsabilidade”... Esse é um tema amplo que pode ser aplicado

em qualquer área.

Muitos de nós ainda se escondem atrás da “falsa responsabilidade”, acreditando que basta apenas fazer um pouco, e que isso já é o ”bastante”. Algumas vezes, achamos que “ajudando” os outros, esquecendo de nós mesmos, estaremos ”protegidos”, e assim, ganharemos o ”Reino dos Céus”.

Esquecemos que somos aquilo que pensamos, sentimos, agimos, e face a isso, a nossa Res-ponsabilidade passa por todas estas etapas. Por exemplo, a Saúde é um bem que só se tor-na pleno, quando se alicerça nestes três pilares - Pensamento, Sentimento e Ação. Se partirmos do princípio de que não somos apenas um corpo físico, mas a união de vários corpos, en-tenderemos que apenas expressamos aquilo que trazemos em nossa essência. Constatamos que só através de escolhas mais “conscientes” poderemos efetuar, verdadeiramente, grandes mudanças, nas quais passaremos a ter 100% da responsabilidade por tudo que existe em nós e, por conseguinte, ao nosso redor.

A Ciência já assume que os campos eletro-magnéticos de uma pessoa interferem nos de outra, e que, a partir do momento em que um pensamento/sentimento é emitido, ele percor-re caminhos que, por ressonância vibracional, interagem como ondas com outros campos vi-bratórios. Registramos estes padrões em nos-sas células, a nível subatômico, armazenan-do-os sob a forma de “memórias”, as quais, muitas vezes, acessamos; repetindo assim, de uma forma inconsciente, antigos padrões de conduta, pensamentos e emoções, que nem sempre estiveram a nosso favor.

Quando, gradativamente, adquirimos consci-ência desses aspectos, passamos a ter liberda-de para mudar, reformar ou transformar esses

padrões de atitudes ou comportamentos, não mais nos restringindo à dependência de nenhu-ma forma de controle.

Muitas pessoas, depois de algum tempo, ado-ecem fisicamente, e mesmo assim, não to-mam consciência das suas responsabilidades ante esse processo de adoecimento, pois não percebem há quanto tempo alimentam pensa-mentos e sentimentos carregados de mágoas, raivas, frustrações e tristezas... Desconhecem que só um pensamento alimentado com uma carga emocional negativa duradoura pode im-primir marcas, que só poderão ser atenuadas quando a própria pessoa passar a reconhecer que essas marcas fazem-lhe mal. Inicialmente, esforçando-se por aceitá-las, passa depois a querer delas se desvencilhar através do amor, expresso sob a forma de perdão, compreen-são, solidariedade, compaixão. A frase ”Ama a teu próximo como a ti mesmo”, ou “Cura-te a ti mesmo”, traz implícita a responsabilidade sobre nós mesmos. Pois só através do exercício do “amor intrapessoal” é que poderemos che-gar à prática do “amor interpessoal”.

Só assumindo 100% de RESPONSABILIDADE por nós mesmos, isto é, por nossas escolhas, erros e acertos, é que perceberemos como somos também 100% responsáveis pelo que ocorre ao nosso redor.

Passamos a compreender que somos também, 100% RESPONSÁVEIS por toda forma de dor e sofrimento, assim como por toda a Saúde e Paz existentes na face da Terra. Podemos assim perceber que também somos 100% RESPON-SÁVEIS tanto pelo Caos como pelo Equilíbrio Planetário. Bem como passamos a assumir que somos 100% RESPONSÁVEIS pela Escassez, assim como pela Abundância existente em nossas vidas.

Enfim, tudo o que ocorre fora é apenas uma expressão da “nossa” RESPONSABILIDADE.A Hora de mudar é esta! A escolha é nossa!Paz e bem!

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Poesia, a linguagem da alma

Quase acreditei

Ruth Picchi

Quase acreditei que não era nada, ao me tratarem como nada.

Quase acreditei que não seria capaz, quando não me chamavam, por acharem que eu não era capaz.

Quase acreditei que não sabia, quando não me perguntavam, por acharem que eu não sabia.

Quase acreditei ser diferente entre tantos iguais, entre tantos ca-pazes e sabidos, entre tantos que eram chamados e escolhidos.

Quase acreditei estar de fora, quando me deixavam de fora, por-que...que falta fazia?

E de quase acreditar adoeci; busquei ajuda com doutores, mes-tres, magos e querubins.

Procurei a cura em toda parte e ela estava tão perto de mim.

Ensinaram-me a olhar para dentro de mim mesmo e perceber que sou, exatamente, como os iguais me faziam diferente.

E acreditei profundamente em mim.

E tenho como dívida com a vida, fazer com que cada ser humano se perceba, se ame, se admire, como verdadeira fonte de riqueza.

Foi assim que cresci: acreditando.

Sou exatamente do tamanho de todo ser humano.

E, por acreditar, perdi o medo de dizer, de falar, de participar e até de cometer enganos.

E se errar?

Paciência, continuo vivendo, por isso, aprendendo.

E errar é humano.

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18 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Denise Cristina Ribeiro Gomes

Nestes dias, recebi a notícia de que, há cer-ca de uns meses atrás, havia falecido um grande amigo, que teve grande partici-

pação em minha vida.

Esse amigo foi encontrado muito doente, em uma enfermaria para indigentes de um hos-pital público, ao ser por “acaso” reconheci-do por um colega de faculdade, ao ler o seu nome em um prontuário médico. Surpreso e entristecido ao ver o colega quase irreconhe-cível, nessas penosas condições, prontamente providenciou a transferência daquele corpo agonizante para um quarto do hospital, reinvi-dicando para o enfermo o direito da profissão que havia exercido: Médico.

Porém, apesar dos esforços de todos que cui-daram dele, ele partiu. Havia chegado a sua hora. Como o hospital não conseguiu contatar com alguém de sua família, em um último ato de respeito a ele, como ser humano e como profissional que ele havia sido, a equipe se responsabilizou pelas despesas do seu passa-mento. Triste fim para um ótimo cirurgião que dedicou toda a sua existência ao atendimen-to de pessoas geralmente mais humildes, em Pronto Socorro de vários hospitais públicos, e que também teve a oportunidade de assu-mir a direção desses importantes hospitais da rede pública. Teve acesso tanto à beleza das formas, quanto ao poder oriundo de status e condição financeira, tendo inclusive constituí-

do família. No entanto, naquele momen-to, pelas voltas e imprevistos da vida,

partia sozinho, atendido pela ca-ridade de corações compassi-

vos; restando a oração por aqueles que souberam

da sua partida e que com

ele conviveram, no sentido de que ele pudes-se ser acolhido, no plano em que estivesse, por amorosos e dedicados amigos espirituais que estariam trazendo à sua alma o cuidado, o carinho, o lenitivo e a paz que, certamente, não encontrou em vida... Então, um pensa-mento me veio à mente: quantas vidas, em silêncio, foram salvas por esse homem, em seu cotidiano!

Refletindo sobre essas circunstâncias, pro-funda tristeza tomou conta do meu coração! O contato com a morte sempre me faz recor-dar a existência dos sonhos, ideais, lutas, di-ficuldades, afetos e atitudes de quem partiu. Fato este que me leva a repensar e questio-nar meus valores, minhas reais necessidades ante o transitório das lutas e querências, assim como dos sofrimentos gerados pelo apego ao plano físico. Como tudo se transforma, quan-do em contato, direto ou indireto, com a mor-te, percebemos a relatividade de nossas buscas por bens materiais. Mas são essas buscas que ocupam a maior parte do nosso tempo, dando à nossa vida, face às nossas escolhas, um sa-bor peculiar, porém ilusório. Passamos todo o nosso existir procurando fugir dessa realidade,

e só quando nos confrontamos com a morte e o morrer, é que percebemos o tempo gas-to com mediocridades, com “firulas”... Como

nos permitimos iludir por questões efêmeras e transitórias, utilizando a nossa ener-

gia física, psíquica e espiritual em julgamentos inúteis, nocivos a

nós mesmos! Abençoados são aqueles que ainda têm a

oportunidade de modificar o rumo de suas existên-cias, face à compreen-são da transitoriedade da vida!

Reflexões

O transitório em nossas vidas...

Como tudo se transfor-

ma, quando em contato,

direto ou indireto, com a

morte, percebemos a rela-

tividade de nossas buscas

por bens materiais“

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Talvez algumas pessoas, ao tomarem conhe-cimento do inusitado dessa história, logo pro-curem ajuizar os sofridos fatos do passamento descrito, buscando no “por que “, através da lei do carma, ou do “para que” existencial do outro, “explicar” tal situação da qual ninguém acha-se livre de passar ante as reviravoltas da vida. Quão presunçosos nos tornamos ao nos posicionarmos como “conhecedores “ do Mistério que rege o nosso existir ! Será que temos condições de analisar, por um viés espi-ritual, a vida e a morte de uma pessoa? Será que ao agirmos assim, não estaríamos nos esquecendo de sermos mais humildes ante a vida? A compaixão por ele vivenciada, não seria a expressão maior do amor e da solida-riedade humana? Dessa forma, pensando so-bre o ocorrido, reconheci que, apesar dessas tristes circunstâncias, o meu amigo, em seus últimos momentos, pôde usufruir, de uma for-ma simples, porém nobre e sincera, da graça da compaixão manifesta pelas pessoas que, anonimamente, cuidaram dele no sentido de lhe propiciarem uma morte limpa e digna. Ao fazer essas reflexões, embora lamentando o ocorrido, pude entender de uma forma dife-rente a sua partida.

Muitas vezes, não percebemos que as interpre-tações que elaboramos do que vivenciamos ex-pressam nossos valores, nossas necessidades, nossas inseguranças e medos; e o que é pre-

ocupante, acreditamos que elas possam cor-responder à realidade, e não somente a uma pequena parcela desta. Como somos ingênuos e tolos!

Descanse em paz, meu amigo, assim como to-dos aqueles que possam ter sido alvos de in-compreensões, de julgamentos superficiais, oriundos das nossas “verdades.” Que a paz do Senhor ilumine essa tua nova caminhada, tra-zendo-te o discernimento e o reconhecimento às tuas boas ações, assim como a compreensão às tuas dificuldades... PP

““Não construímos amizades como construímos casas,

mas as descobrimos como o musgo, sob as folhas da nossa vida, escondidas em nossas experiências.

William Rader

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20 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Prece

Geralmente lembramos da oração na dor, na angústia e na dúvida, mas esquecemos de agradecer ao Pai tudo o que possuímos gra-tuitamente e que nos foi dado po Ele.

Através da oração, há o verdadeiro encontro do Criador com a sua criação; nesse momento, devemos nos entregar, dizer sem medo o que sentimos, abrir o coração por saber que ele nos escuta e que tem sempre o melhor para nós. (Flavia Braga)

Oração a Padre Pio pelos enfermos

Santo Pai Pio, já que durante tua vida terrena mostraste um grande amor pelos enfermos e aflitos, escuta nossos rogos e intercede ante nosso Pai Misericordioso pelos que sofrem.

Assiste desde o céu a todos os enfermos do mundo; sustenta a quem tem perdido toda a esperança de cura; consola a quem grita ou chora por suas tremendas dores; protege a quem não pode ser aten-dido ou ser medicado por falta de recursos materiais ou ignorância; alenta a quem não pode repousar porque deve trabalhar; vigia a quem busca na cama uma posição menos dolorosa; acompanha a quem vê que a enfermidade frustra seus projetos; ilumina a quem passa uma “noite escura” e se desespera; cura os membros e músculos que per-deram a mobilidade; ilumina a quem vê balançar sua fé e se sente ata-cado por dúvidas que os atormentam; apazigua a quem se impacienta vendo que não melhora; acalma a quem se estremece por dores e espasmos; concede paciência, humildade e constância a quem se rea-bilita; devolve a paz e a alegria a quem se enche de angústia; diminui os padecimentos dos mais fracos e idosos; vela junto ao leito dos que perderam a razão; guia os moribundos à felicidade eterna; conduz os que mais necessitam do encontro com Deus; abençoa abundan-temente a quem os assiste em sua dor, consola-os em sua angústia e proteje-os com caridade. Amém.