121

A segurança eterna da salvação - livro

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A segurança eterna da salvação - livro
Page 2: A segurança eterna da salvação - livro

2

A474 Alves, Silvio Dutra A segurança eterna da salvação./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 121p.; 14,8x21cm 1. Salvação. 2. Eternidade. I. Título.

CDD 234

Page 3: A segurança eterna da salvação - livro

3

Se Jesus Cristo, na nossa

salvação, fosse um Salvador apenas para algum período, e

não fosse capaz de manter e

sustentar a nossa salvação independentemente da nossa

capacidade e até mesmo da nossa própria vontade, que

glória Ele poderia ter como um

Salvador todo competente e suficiente?

Page 4: A segurança eterna da salvação - livro

4

Sumário

A Alegria da Certeza da Segurança da

Salvação

5

Certeza da Graça e da Salvação

8

Evidência de Uma Genuína Conversão

11

Navegando com Segurança no Mar da Vida

12

Indestrutível

15

Segurança Eterna

17

Segurança da Salvação

19

Uma Segurança Firme e Inabalável

29

Hebreus 6 33

Uma Vez Salvo... Para Sempre Salvo, Pela Evidência da Perseverança

63

O que é que bem para o qual todas as coisas contribuirão? (Romanos 8:28)

110

Os Verdadeiros Santos Quando Ausentes do corpo Estão Presentes com o Senhor

118

Page 5: A segurança eterna da salvação - livro

5

A Alegria da Certeza da Segurança da

Salvação

I Pe 1.5 afirma que nós somos guardados pelo

poder de Deus.

Isto aponta para a verdade de que a nossa salvação é para sempre.

A alegria e o conforto dos cristãos depende realmente do senso de segurança da salvação.

Em Romanos 5 Paulo afirma que a nossa salvação, a nossa justificação pela fé é segura...

no poder de Deus.

Em Ef 1.13,14 lemos: “em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o

evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo

Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa

herança até ao resgate da sua propriedade, em

louvor da sua glória.”.

Paulo diz ainda que orava para que lhes fosse concedido espírito de sabedoria e de revelação

no pleno conhecimento de Jesus Cristo, para

saberem qual é a esperança do chamamento do

cristão, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos,” (Ef 1.17,18).

Page 6: A segurança eterna da salvação - livro

6

Em outras palavras, ele está dizendo: “para provar que você que foi salvo pelo evangelho já

conquistou uma herança que há de se

manifestar no porvir, Deus lhe concedeu o Espírito Santo como um selo que está

estampado em você que o identifica como

propriedade permanente de Deus (v. 14), como garantia da riqueza da glória da herança que lhe

será concedida no céu, e pelo que eu estou

orando para que Deus lhe revele a certeza dessa

esperança, e lhe dê entendimento disto.”.

Deus quer que os seus servos tenham certeza da

segurança da sua salvação, conforme está revelado na sua Palavra.

É preciso compreender o que temos tido em Cristo.

Paulo estava dizendo aos efésios: “agora que vocês foram salvos, eu estou orando para que

vocês possam compreender que sua salvação é para sempre, e que vocês têm uma esperança e

uma herança que será revelada na glória por

vir.”

Em Fp 1.6 lemos: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus.”. Paulo

havia aprendido o seu evangelho, que é o único

evangelho, diretamente de Jesus. Este ensino

expresso em suas palavras ele aprendeu

Page 7: A segurança eterna da salvação - livro

7

certamente por revelação que lhe fora feita pelo

Senhor, quanto ao caráter do evangelho da

salvação. Aquele que foi salvo será

impulsionado pelo próprio Deus para perseverar rumo à maturidade espiritual, à

estatura de varão perfeito, pois este é o objetivo

da salvação, conforme planejado e revelado por Deus na Palavra, sermos semelhantes a Cristo.

É nisto que Ele trabalhará em todo o tempo para ver formado em nós.

É na direção do cumprimento deste Seu Supremo propósito que todas as coisas estão

cooperando juntamente para o bem daqueles

que o amam.

Page 8: A segurança eterna da salvação - livro

8

Certeza da Graça e da Salvação

I. Os que verdadeiramente creem no Senhor

Jesus e o amam com sinceridade, procurando

andar diante dele em toda a boa consciência, podem, nesta vida, certificar-se de se acharem

em estado de graça e podem regozijar-se na

esperança da glória de Deus, nessa esperança

que nunca os envergonhará.

Ref. Deut. 29:19; Miq. 3:11; João 5:41; Mat. 8:22-23; I João 2:3 e 5: 13; Rom. 5:2, S; II Tim. 4:7-8.

II. Esta certeza não é uma mera persuasão conjectural e provável, fundada numa falsa

esperança, mas uma infalível segurança da fé,

fundada na divina verdade das promessas de salvação, na evidência interna daquelas graças

com base nas quais são feitas essas promessas,

no testemunho do Espírito de adoção que

testifica com os nossos espíritos que somos filhos de Deus, no testemunho desse Espírito

que é o penhor de nossa herança e por quem

somos selados para o dia da redenção.

Ref. Heb. 6:11, 17-19; I Ped. 1:4-5, 10-11; I João 3:14; Rom.8:15-16; Ef.1: 13-14, e 4:30; II Cor.1:21-22.

III. Esta segurança infalível não pertence de tal

modo à essência da fé, que um verdadeiro crente, antes de possuí-la, não tenha de esperar

Page 9: A segurança eterna da salvação - livro

9

muito e lutar com muitas dificuldades; contudo,

sendo pelo Espírito habilitado a conhecer as

coisas que lhe são livremente dadas por Deus,

ele pode alcançá-la sem revelação extraordinária, no devido uso dos meios

ordinários. É, pois, dever de todo o fiel ter toda a

diligência para tornar certas a sua vocação e eleição, a fim de que por esse modo seja o seu

coração no Espírito Santo confirmado em paz e

gozo, em amor e gratidão para com Deus, em

firmeza e alegria nos deveres da obediência que são os frutos próprios desta segurança. Este

privilégio está, pois, muito longe de predispor os

homens à negligência.

Ref. I João 5:13; I Cor. 2:12; I João 4:13; Heb. 6:11-12; II Ped. 1:10; Rom. 5:1-2, 5. 14:17, e 15:13; Sal. 119:32;

Rom. 6:1-2; Tito 2:11-12, 14; II Cor. 7: 1; Rom. 8: 1; 12; I João 1:6-7, e 3:2-3.

IV. Por diversos modos podem os crentes ter a sua segurança de salvação abalada, diminuída e

interrompida negligenciando a conservação

dela, caindo em algum pecado especial que fira a consciência e entristeça o Espírito Santo,

cedendo a fortes e repentinas tentações,

retirando Deus a luz do seu rosto e permitindo

que andem em trevas e não tenham luz mesmo os que temem; contudo, eles nunca ficam

inteiramente privados daquela semente de

Deus e da vida da fé, daquele amor a Cristo e aos

irmãos, daquela sinceridade de coração e

Page 10: A segurança eterna da salvação - livro

10

consciência do dever; dessas bênçãos a certeza

de salvação poderá, no tempo próprio, ser

restaurada pela operação do Espírito, e por meio

delas eles são, no entanto, suportados para não caírem no desespero absoluto.

Ref. Sal. 51: 8, 12, 14; Ef. 4:30; Sal. 77: 1-10, e 31:32; I João 3:9; Luc. 22:32; Miq. 7:7-9; Jer. 32:40; II Cor.

4:8-10.

Page 11: A segurança eterna da salvação - livro

11

Evidência de Uma Genuína Conversão

A Escritura aponta como sendo um sinal de se

possuir um coração mudado pela graça divina, o fato de se odiar o pecado. De fato, se alguém

peca, mas se ele odeia o pecado, isto é uma prova

da existência da graça no coração.

O apóstolo Paulo provou a sinceridade da sua conversão quando disse que ele odiava o mal que fazia (Romanos 7) por causa do pecado que

se encontrava ligado à sua natureza terrena.

Assim, quando odiamos aquilo que Deus odeia, a saber o pecado, porque isto é uma parte da sua

santidade odiar todos os pecados, então estamos conformados a Ele, e podemos ter a certeza de

que somos de fato cristãos genuinamente

convertidos a Cristo, porque ele veio a este

mundo com o propósito de destruir o pecado e as obras do diabo naqueles que nEle creem.

Page 12: A segurança eterna da salvação - livro

12

Navegando com Segurança no Mar da

Vida

Estamos navegando num mar de trevas de

ignorância de Deus, e de maldade, e se não

tivermos um farol que nos conduza em segurança ao porto da salvação, estamos

perdidos.

Quem nos aponta a direção entre as trevas, é o evangelho, que é o verdadeiro farol da vida, e

não de uma vida natural, de uma vida qualquer, mas da vida espiritual, celestial e eterna.

Portanto, se não cremos na mensagem do evangelho, permanecemos mortos

espiritualmente, em delitos e em pecados.

E qual é a razão disto?

Simplesmente porque o único modo de se achar a vida eterna é crendo na verdade e justiça

reveladas no evangelho.

Obviamente, no único e verdadeiro evangelho.

Se cremos em algo diferente, permanecemos perdidos.

Deus só pode ter a sua justiça satisfeita, que exige de nós plena conformidade à sua

santidade, quando reconhecemos que sem

Page 13: A segurança eterna da salvação - livro

13

Cristo, sem a sua justiça, estamos mortos em

espírito, e não podemos de nenhum modo,

estarmos unidos a Deus em espírito.

Deus somente poderia sentenciar a nossa culpa, e executar a sentença condenatória que repousa sobre nós, transferindo a nossa culpa para o

próprio Cristo, e descarregando sobre ele toda a

sua ira contra o pecado, em sua morte na cruz.

É crendo na verdade de que aquele morte foi a minha própria morte, que era eu quem estava sendo castigado em Cristo pelo meu pecado,

que a minha culpa pode ser removida, e assim,

ser declarado perdoado e justificado por Deus.

E isto é totalmente por graça e por fé.

Tentemos lhe acrescentar algo, como até mesmo as minhas boas obras, para que seja

salvo por elas, e com isto anulo os méritos de Cristo, a sua morte na cruz, a minha própria

morte com ele, e assim, permaneço perdido e

sob a condenação da Lei.

Porque há somente um modo de ser livrado da

justa condenação da lei de Deus, que é o de morrer para ela, sendo considerado como

morto juntamente com Cristo em sua morte

substitutiva.

Este é o evangelho no qual devermos crer.

Page 14: A segurança eterna da salvação - livro

14

É o único farol que nos indica com segurança o caminho da salvação e da vida eterna.

É a única luz verdadeira apontando para a direção correta, entre tantas luzes foscas e

enganosas.

É o único farol que pode conduzir o barco da minha vida em segurança para o céu, em meio

às densas trevas da ignorância e da maldade

deste mundo.

Page 15: A segurança eterna da salvação - livro

15

Indestrutível

Não há rio de aflições profundo demais que

possa nos submergir porque a palavra de Deus é

a arca que nos eleva e nos mantém seguros nos dias tenebrosos.

A consolação do Espírito Santo é todo suficiente para nos aquietar e fortalecer em meio às

maiores tempestades que tenhamos que

enfrentar.

Quando os céus e a terra passarem, nós permaneceremos para sempre, sustentados

pelo braço forte do Senhor.

Quando este corpo de carne e osso se desfizer, ressurgiremos num corpo glorificado que

jamais poderá ser enfermado ou destruído.

Quem poderá então destruir a confiança, alegria

e paz que o próprio Deus nos dá, por meio da graça de Jesus?

Ele determinou nos conduzir em plena segurança para o céu, e que força é maior do que

o Seu grande poder, de modo a conseguir

frustrar o Seu eterno propósito de nos fazer somente o bem?

Page 16: A segurança eterna da salvação - livro

16

Descansemos então em plena confiança no Senhor toda vez que o mal vier bater à nossa

porta.

Honremos o nosso Deus com a nossa fé, porque nada lhe é impossível, e somente Ele é o Criador. Tudo mais é criatura e se encontra debaixo do

Seu perfeito controle.

Page 17: A segurança eterna da salvação - livro

17

Segurança Eterna

Satanás trabalha para que o cristão não saiba

ou duvide que se encontra firme para sempre

nas mãos de Deus, como se afirma em Romanos 5.2 e em muitas outras passagens bíblicas.

É impressionante como ele consegue cegar o cristão para as afirmações feitas pelo próprio

Jesus, tais como esta que encontramos em Jo

10.27-29: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes

dou a vida eterna; jamais perecerão,

eternamente, e ninguém as arrebatará da

minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode

arrebatar.”.

Ah, como isso fere ao diabo, saber que Ele não poderá ter no inferno a nenhum dos que Jesus

genuinamente justificou e regenerou.

Por isso ele trabalha para infundir a dúvida no cristão, de que pertence realmente a Deus para

sempre, e que Deus o aceita completamente

como filho, apesar de suas imperfeições e

limitações.

O diabo deseja que você creia que de alguma forma, você pode perder sua redenção e ele

soprará sobre você para que se sinta inseguro e

intimidado.

Page 18: A segurança eterna da salvação - livro

18

Por isso você deve colocar o capacete da esperança da salvação.

Esta esperança significa que você pode aguardá-la como coisa segura e certa, porque Deus é fiel

para cumprir a promessa de salvá-lo eternamente e de que ninguém tirará você das

mãos de Jesus e das mãos do Pai, como se lê em

Jo 10.27-29.

A própria igreja pode disciplinar um cristão excluindo-o da comunhão, e assim ficará sujeito aos ataques de Satanás que visarão à destruição

da sua carne, mas este não poderá causar

qualquer dano ao seu espírito, que será salvo no

dia do Senhor, porque a Palavra afirma que um genuíno cristão (justificado e regenerado) não

pode ser mais tocado pelo maligno. Isto é, o

diabo não o terá consigo no inferno.

Page 19: A segurança eterna da salvação - livro

19

Segurança da Salvação

Algumas passagens bíblicas nas quais vemos

sendo afirmada a segurança da salvação:

Estes irão para o castigo eterno, porém os justos para a vida eterna. Mt 25.46

Para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira

que deu o seu Filho unigênito, para que todo o

que nele crê não pereça, mas tenha a vida

eterna. Jo 3.15,16

Quem nele crê não é julgado; o que não crê já

está julgado, Jo 3.18

Por isso quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia se mantém rebelde contra o Filho

não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira

de Deus. Jo 3.36

Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma

fonte a jorrar para a vida eterna. Jo 4.14

Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em

juízo, mas passou da morte para a vida. Jo 5.24

Page 20: A segurança eterna da salvação - livro

20

Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim, e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei

fora. Jo 6.37

E a vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. Jo

6.39

De fato a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer, tenha a vida eterna; e

eu o ressuscitarei no último dia. Jo 6.40

Em verdade, em verdade vos digo: quem crê, tem a vida eterna. Jo 6.47

Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente;... Jo 6.51

Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no

último dia. Jo 6.54

Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá. Jo 6.57

...Quem comer este pão viverá eternamente. Jo 6.58

...Se alguém guardar a minha palavra não verá a morte eternamente. Jo 8.51

Page 21: A segurança eterna da salvação - livro

21

...Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Jo 10.10

Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da

minha mão. Jo 10.28

...Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; Jo 11.25

E todo o que vive e crê em mim, não morrerá, eternamente... Jo 11.26

...Aquele que odeia a sua vida neste mundo, preservá-la-á para a vida eterna. Jo 12.25

E sei que o seu mandamento é a vida eterna... Jo 12.50

...Porque eu vivo, vós também vivereis. Jo 14.19

Assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida

eterna a todos os que lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus

verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Jo

17.2,3

...E creram todos os que haviam sido destinados

para a vida eterna. At 13.48

Page 22: A segurança eterna da salvação - livro

22

Logo, muito mais agora sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Rom

5.9

...Muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. Rom 5.17

Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim

também por um só ato de justiça veio a graça

sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Rom 5.18

...Assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo nosso

Senhor. Rom 5.21

...O dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor. Rom 6.23

Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Rom 8.1

Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não

nos dará graciosamente com ele todas as

cousas? Rom 8.32

Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus ? É Deus quem os justifica. Quem os condenará ? Rom 8.33

Page 23: A segurança eterna da salvação - livro

23

Quem nos separará do amor de Cristo ? ... Rom 8.35

Quem és tu que julgas o servo alheio ? para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em

pé, porque o Senhor é poderoso para o suster. Rom 14.4

O qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor

Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes

chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo... I Cor 1.8,9

Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o

mundo. I Cor 11.32

E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do

celestial. I Cor 15.49

...Somos cooperadores da vossa alegria; porquanto pela fé já estais firmados. II Cor 1.24

Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus

um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos

céus. II Cor 5.1

E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que

se fizeram novas. II Cor 5.17

Page 24: A segurança eterna da salvação - livro

24

Mas espero reconheçais que não somos reprovados. II Cor 13.6

...Mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna. Gál 6.8

Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, Ef 2.1

Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e

estando nós mortos em nossos delitos, nos deu

vida juntamente com Cristo – pela graça sois

salvos, Ef 2.4,5

Estou plenamente certo de que aquele que

começou boa obra em vós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus. Fp 1.6

Dando graças ao Pai que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz. Col

1.12

E a vós outros que estáveis mortos pelas transgressões, e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele,

perdoando todos os nossos delitos; tendo

cancelado e escrito de dívida, que era contra nós

e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente,

encravando-o na cruz; Col 2.13,14

Page 25: A segurança eterna da salvação - livro

25

E para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos

livra da ira vindoura. I Tes 1.10

...Seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o

Senhor. I Tes 4.17

Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor

Jesus Cristo, que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união

com ele. I Tes 5.9,10

O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam

conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos

chama, o qual também o fará. I Tes 5.23

...Toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado... I Tim 6.12

...Porque sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu

depósito até aquele dia. II Tim 1.12

Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com

os homens, não por obras de justiça praticadas

por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos

salvou mediante o lavar regenerador e

Page 26: A segurança eterna da salvação - livro

26

renovador do Espírito Santo, que ele derramou

sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo

nosso Salvador, a fim de que, justificados por

graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna. Tito 3.4-7

...Tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem. Hb 5.9

Por isso também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para

interceder por eles. Hb 7.25

Pois, para com as suas iniquidades usarei de misericórdia, e de seus pecados jamais me

lembrarei. Hb 8.12

Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança a fim de que, intervindo a morte para

remissão das transgressões que havia sob a

primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados. Hb

9.15

Porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados. Hb

10.14

Nós, porém não somos dos que retrocedem para a perdição; somos entretanto; da fé, para a

conservação da alma. Hb 10.39

Page 27: A segurança eterna da salvação - livro

27

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua muita misericórdia,

nos regenerou para uma viva esperança

mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem

mácula, imarcescível, reservada nos céus para

vós outros, que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para salvação preparada

para revelar-se no último tempo. I Pe 1.3-5

Tendo purificado as vossas almas, pela vossa obediência à verdade,...pois fostes regenerados,

não de semente corruptível, mas de

incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. I Pe 1.22,23

Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes

sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de

aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. I Pe 5.10

E a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho e vo-la anunciamos, a vida

eterna, a qual estava com o Pai e nos foi

manifestada. I Jo 1.2

E esta é a promessa que ele mesmo nos fez, a vida eterna. I Jo 2.25

Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus; e,

Page 28: A segurança eterna da salvação - livro

28

de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão o

mundo não nos conhece, porquanto não o

conheceu a ele mesmo. Amados, agora somos

filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando ele se

manifestar, seremos semelhantes a ele, porque

havemos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança,

assim como ele é puro. I Jo 3.1-3

E o testemunho é este, que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que

tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o

Filho de Deus não tem a vida. I Jo 5.11,12

Estas cousas vos escrevi a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em

o nome do Filho de Deus. I Jo 5.13

Também sabemos que o Filho de Deus é vindo, e nos tem dado entendimento para

reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o

verdadeiro Deus e a vida eterna. I Jo 5.20

Page 29: A segurança eterna da salvação - livro

29

Uma Segurança Firme e Inabalável

“Porque nos temos tornado participantes de

Cristo, se de fato guardarmos firme até ao fim a

confiança que desde o princípio tivemos” (Heb 3.14)

Em nós mesmos somos inseguros em relação a muitas coisas, especialmente aquelas que nos

atemorizam e desafiam, e isto, desde a nossa

infância.

Entretanto, podemos estar certos de que a confiança que depositamos em Jesus Cristo está

livre de qualquer tipo de insegurança.

Na comunhão com Ele não temos qualquer temor que possa prevalecer sobre nós, porque o

Seu amor lança fora o medo, a incerteza, a dúvida, a desconfiança.

Jesus não nos chamou simplesmente para nos livrar da condenação eterna no fogo do inferno,

mas para efetuarmos conquistas sobre o reino

das trevas, sobretudo resgatando almas das

garras do diabo.

Provamos para nós mesmos que somos de fato pertencentes a Cristo e participantes da

Sua natureza divina, por permanecermos

firmes na fé até ao fim da nossa jornada neste

mundo.

Page 30: A segurança eterna da salvação - livro

30

É por isso que se diz que confirmamos que somos participantes da vida ressurreta de

Cristo, pela ação do Seu poder e graça em nossas

vidas, todos os dias, até o fim, e desde o início da confiança que depositamos nEle desde o dia da

nossa conversão.

Se a justificação é a base e a causa da salvação, a santificação é a evidência da mesma.

É por isso que lemos em Hb 6.1-3, uma exortação para a busca do amadurecimento espiritual, rumo à perfeição, porque a tendência natural da

maioria dos cristãos é a de se acomodarem,

depois de terem sido salvos.

Mas a vida cristã é uma caminhada, no caminho da perseverança e da santificação.

A vida cristã é uma carreira, e não uma mera

expectativa contemplativa do cumprimento da promessa da glória do céu.

Não é suficiente, conforme a vontade de Deus, sabermos que Cristo é nosso Salvador e que por

meio dEle fomos justificados, é necessário ter

permanente e vital união com Ele, conforme o próprio Jesus nos ordenou dizendo que

deveríamos permanecer nEle e na Sua Palavra.

O verbo “cair” empregado no texto de Heb 6.6, corresponde no original grego à

Page 31: A segurança eterna da salvação - livro

31

palavra “parapipto”, que significa “desviar-se”

ou “apostatar”.

É o mesmo verbo usado em Heb 3.12, onde está traduzido como “afastar-se”. E este afastamento

referido, é o afastamento de Deus.

A Palavra afirma em Pv 24.16, que “sete vezes cairá o justo, e se levantará”.

A experiência tem revelado esta verdade; porque muitos são os que se desviam, mas se

reconciliam posteriormente com o Senhor,

porque a bondade e misericórdia do Senhor, vão em busca da ovelha desgarrada e perdida, para

trazê-la de volta ao aprisco.

Quando os ossos do cristão são quebrados, o Senhor os restaura novamente.

Um cristão verdadeiro pode cair, mas não numa queda definitiva, que seja para a perda da vida

eterna, que recebeu pela graça.

O próprio Noé, campeão da justiça, depois que se embriagou, arrependeu-se certamente, e

permaneceu salvo pela soberana graça.

Noé caiu, mas não numa queda final para a morte eterna, que ocorrerá somente com

aqueles que não têm a Cristo, no dia do grande juízo de Deus.

Page 32: A segurança eterna da salvação - livro

32

Daí o convite que seu autor faz aos hebreus para se aproximarem, com confiança, do trono da

graça, para acharem misericórdia em ocasião

oportuna, e para entrarem no Santo dos Santos, depois de terem se purificado de toda má

consciência. Ele os chama a se santificarem,

porque sem isto, não é possível estar efetivamente em comunhão com Deus no Santo

dos Santos celestial.

Desta forma, está claro que, se um cristão não pode perder a salvação, no entanto, pode se

desviar do caminho da verdade.

O fato de Deus tolerar e suportar que o erro caminhe ao lado da verdade, que o joio cresça ao lado do trigo, não significa de modo algum que

Ele seja indiferente ao erro. Muito ao contrário,

tem determinado um dia em que cada um dará

contas de Si mesmo perante Ele.

Page 33: A segurança eterna da salvação - livro

33

Hebreus 6

Não poderíamos deixar de incluir neste nosso

livro que trata do assunto da segurança eterna

da salvação em Jesus Cristo, o nosso comentário ao sexto capítulo da epístola aos Hebreus, que

trata justamente desta segurança eterna, e não,

como alguns costumam interpretar a parte

inicial do citado capítulo fora do seu próprio contexto imediato, e do relativo ao conjunto das

Escrituras.

O sexto capítulo de Hebreus é introduzido com a partícula conclusiva dió, que no original grego

significa, “por isso”, “em razão disso”, “desta maneira”, ou seja, ele iria passar a descrever

verdades que se apoiavam em tudo quanto ele

havia dito anteriormente.

Como a dizer: “Bem, já que Cristo é tudo o que acabamos de afirmar, sendo Ele próprio a razão, o princípio, o fundamento e tudo o mais que se

refere ao cumprimento do propósito de Deus

nos cristãos, então, o que podemos concluir é o

seguinte:”

Vocês não fizeram progresso rumo à maturidade espiritual em Cristo, de modo que

estão até mesmo necessitando que os

rudimentos da fé (doutrinas relacionadas nos

versos 1 e 2) sejam de novo ensinados a vocês,

Page 34: A segurança eterna da salvação - livro

34

mas não farei isto agora, mas em outra ocasião

caso Deus permita.

Não é o caso de concentrarmos nossa atenção nos rudimentos da fé, neste momento,

lhes convocando a um novo arrependimento para a conversão, para a regeneração, para

impor-lhes as mãos para receberem os dons e o

poder do Espírito Santo, lhes ministrar acerca

do juízo vindouro e da ressurreição dos mortos, porque não é o caso, e não é isto o de que têm

necessidade nesta hora, em razão da condição

em que vocês se encontram.

Confiando na carne e se aperfeiçoando na carne, como poderão estar aptos a recepcionarem tudo aquilo que se refere à nova

vida no Espírito Santo?

Tudo quanto necessitam é despertarem primeiro para a necessidade de se voltarem

mais uma vez para Cristo, e se unirem a Ele em espírito, não para nascerem de novo e serem

purificados, porque isto já ocorreu no passado e

vocês foram lavados pela Palavra que lhes foi

pregada.

Vocês precisam de crescimento espiritual.

Precisam olhar mais uma vez para o Cristo

crucificado, e se verem também crucificados

Page 35: A segurança eterna da salvação - livro

35

com Ele, para viverem

ressuscitados em novidade de vida.”

É por isso que na primeira parte deste sexto capítulo, o autor afirma a sua determinação de

se aprofundar neste momento em tratar do assunto da apostasia deles, e não se ater aos

rudimentos da fé que ele lhes havia ensinado, e

que por ora, deixaria de lado por um tempo para

poder se concentrar no tratamento que eles estavam necessitando.

Este “deixemo-nos levar para o que é perfeito” do verso 1, se refere à vocação imposta por Deus

a todos os cristãos de crescerem na graça e no

conhecimento de Jesus Cristo, até a estatura de varão perfeito.

Não que eles chegarão ao estado de perfeição moral absoluta sem pecado enquanto estiverem

neste mundo, mas que devem chegar à

perfeição espiritual, à plenitude do desenvolvimento das suas faculdades, para

poderem discernir tanto o bem quanto o mal, o

que é possível somente para aqueles que

chegaram à plenitude do seu amadurecimento espiritual, de maneira a estarem aptos a darem

um correto e adequado testemunho da verdade,

no poder do Espírito (Pv 4.18; I Cor 2.6; II Cor

13.11; Ef 4.13; Fp 3.15; Col 1.28; 2.6; 4.12; II Tim 3.16,17; Hb 5.12-14; Tg 1.4).

Page 36: A segurança eterna da salvação - livro

36

Esta perfeição é atingida se aperfeiçoando a santidade no crescimento da graça e do

conhecimento de Jesus Cristo (II Cor 7.1; Ef 4.12;

Hb 13.21; I Pe 5.10).

Do mesmo modo que há uma perfeição a ser esperada no porvir que é total e absoluta, sem

qualquer pecado, há também uma perfeição que

é para ser buscada e atingida enquanto ainda

estamos neste mundo e que se refere ao nosso amadurecimento espiritual pelo crescimento

progressivo em santificação até atingir tal

medida de perfeição que foi proposta por Deus

aos cristãos, e conforme foi exigida ao próprio Abraão: “Anda na minha presença e sê

perfeito.” (Gën 17.1).

Na parte final do capítulo anterior, o autor afirma que tinha muitas coisas a dizer aos seus

leitores, que eram difíceis de serem explicadas, não propriamente pela natureza da dificuldade

delas, mas porque eles não haviam crescido

espiritualmente, de modo a poderem entendê-

las.

Pelo tempo que eles tinham de cristãos, caso estivessem se aplicando à prática da Palavra,

eles teriam suas faculdades exercitadas de

modo a poderem discernir o significado da

vida cristã (v. 14).

Page 37: A segurança eterna da salvação - livro

37

Seria necessário demonstrar àqueles cristãos judeus que o sacerdócio e sacrifício de Jesus

configuravam o fundamento da salvação deles,

mas havia uma grande dificuldade para entenderem que o sacerdócio e os sacrifícios

arônicos passariam, conforme lhes diria o autor

de Hebreus, porque o templo ainda devia estar de pé por ocasião da escrita da epístola, com

todos os seus serviços ativados.

No entendimento deles, como poderia ser possível agradar a Deus sem oferecer os

sacrifícios de animais que Ele mesmo havia

ordenado em Sua Lei?

Como deixar a guarda do dia de sábado, substituindo-o pelo domingo?

Como deixar todas as demais prescrições cerimoniais da Lei de lado?

Parece que até antes da escrita desta epístola, os hebreus não haviam sido convencidos

suficientemente que havia sido dado um fim absoluto a todas as instituições mosaicas, desde

que a Nova Aliança entrou em vigor, apesar do

fato de o templo ainda estar de pé e a quase

totalidade dos judeus ter rejeitado a Cristo, permanecendo debaixo das tradições do

judaísmo.

Page 38: A segurança eterna da salvação - livro

38

Os cristãos hebreus tinham muito do que se arrepender, porque estavam colocando a

confiança deles, para a salvação de suas almas,

em muitas coisas, até no próprio arrependimento em relação ao pecado, mas só

que fora de Cristo.

Eles não conseguiam ainda entender de que modo absoluto o perdão dos nossos pecados é

dependente de Cristo e da obra que ele realizou em nosso favor como Sacrifício e Sacerdote.

A palavra de alerta em sequência a Hb 6.4-6, nos versos 7 e 8 é também muito interessante para

descrever o estado em que se encontrava a

quase totalidade dos destinatários da epístola.

Eles eram qual terra que havia recebido e absorvido a chuva da graça de Deus sobre suas

vidas, só que em vez de crescerem, e darem

bons frutos, estavam produzindo espinhos e

abrolhos.

É isto o que acontece quando o cristão para de se santificar.

Ele vai produzir as obras da carne em vez do fruto do Espírito.

Os espinhos amargosos e venenosos das práticas do mundo. E esta não é uma condição

para ser abençoada por Deus. Ao contrário é

Page 39: A segurança eterna da salvação - livro

39

uma posição para ser sujeitado à sua correção e

disciplina.

A sequência imediata no verso 9, é muito elucidativa, como o “Quanto a vós outros,

todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à

salvação,”, isto porque em sendo eles

verdadeiros cristãos, certamente poderiam dar

frutos para Deus em Jesus Cristo, conforme o Seu santo propósito determinado antes da

fundação do mundo, porque fomos criados em

Cristo Jesus para as boas obras que Deus

preparou de antemão.

Os cristãos hebreus, num certo sentido, haviam apostatado da fé. Eles estavam virando as costas

a Cristo e estavam renunciando à graça que lhes

havia salvado por um retorno ao

cerimonialismo da lei de Moisés, e às tradições desviadas da verdade, do judaísmo.

E no entanto, nós vemos o Espírito Santo estendendo a mão a eles, chamando-lhes a um

renovado arrependimento, não para a

justificação e regeneração, mas pelos seus pecados presentes, de modo a que pudessem

retomar à carreira espiritual em que estavam

inscritos.

Page 40: A segurança eterna da salvação - livro

40

Isto não é uma clara demonstração da possibilidade de reconciliação de cristãos

desviados?

A misericórdia de Deus nunca se apartará daqueles aos quais recebeu como filhos, por meio da fé em Cristo Jesus.

Por isso o autor de Hebreus estava procurando incitá-los a despertar do sono espiritual, e a

abrirem os seus olhos que se encontravam

fechados pelas trevas do legalismo, a comprarem ouro espiritual refinado no Senhor

para serem santificados e enriquecidos pela

verdade da Sua Palavra revelada aos apóstolos.

É por isso que nós encontramos exortações ao longo de toda a epístola para que eles se apegassem à verdade que havia sido dada aos

santos de uma vez por todas.

O doreas = dom, presente; epouraniou = celestial, de Hb 6.4, se refere ao Espírito Santo,

porque Ele é o dom da Nova Aliança, prometido por Cristo aos cristãos.

O autor de Hebreus afirma que seria impossível renovar para arrependimento aqueles que

receberam o Espírito Santo como um dom e que

se tornaram participantes dEle, e que caíram

definitivamente, numa queda final, tal como Judas.

Page 41: A segurança eterna da salvação - livro

41

Eles já haviam estado sob a influência do Espírito Santo, mas não permitiram serem

transformados por Ele em novas criaturas.

Não haviam entrado no descanso de Deus por causa da incredulidade, ou seja, porque não eram possuidores da fé que salva.

Como seria possível então renovar aquilo que nunca havia sido tornado novo e que

permaneceu sendo como o vinho velho no odre

velho?

Como reavivar o que nunca foi avivado?

Se quando aparentavam estar ligados a Cristo já

se encontravam em perdição, como então poderiam ser salvos depois de terem profanado

e calcado sob os seus pés o sangue da aliança?

O verbo renovar usado em Hebreus 6.6, é oriundo da palavra composta grega, anakaínos,

onde aná, é a preposição outra vez, e kainós, o adjetivo novo. Significando literalmente “tornar

novo outra vez”.

Vale lembrar que tal adjetivo kainós é usado em várias passagens do Novo Testamento, inclusive

no uso que nosso Senhor fez da mesma no evangelho quando se referiu a vinho novo e

odres novos.

Page 42: A segurança eterna da salvação - livro

42

E o substantivo arrependimento na mesma passagem, é oriundo da palavra grega metanoia,

a qual é sempre usada no Novo Testamento para

arrependimento, e que significa literalmente transformação de mente.

Assim, não há aqui uma referência a perda de salvação, mas a indicação de uma

impossibilidade de tornar novo outra vez para

uma transformação de mente.

Ou seja, a de regenerar, de produzir o novo nascimento do Espírito, ou seja, de que

alguém se converta de fato a Deus.

E quem são estes dos quais se diz que seria impossível que se convertessem a Deus?

São os que são designados pelo verbo grego parapípto, que significa os que se

afastaram, que apostataram.

É dito que eles, ao caírem, ou seja, ao apostatarem, estavam crucificando mais uma

vez o Senhor e o expondo à ignomínia, ou seja,

eles já o haviam feito anteriormente com a falsa

profissão de fé deles, e agora, com a sua apostasia consumada.

Ao dizer que eles estavam crucificando o Senhor mais uma vez para si mesmos, o

sentido aqui é o de que como se afirmassem

que de nada serviu para eles o ter nosso Senhor

Page 43: A segurança eterna da salvação - livro

43

ter morrido na cruz, e estariam como que

exigindo dEle um novo sacrifício.

Paulo falou relativamente aos cristãos gálatas, de um decaimento da graça por estarem

confiando na Lei para serem justificados. Mas de modo nenhum, se tratava de uma queda para

uma perdição final. Eles seriam restaurados à

comunhão com o Senhor pela Palavra de

exortação que lhes fora dirigida pelo apóstolo a permanecerem na fé e na graça.

Se fosse possível um genuíno eleito justificado e regenerado cair definitivamente da graça,

perdendo a condição de filho de Deus, que havia

recebido anteriormente, então não seria realmente possível trazê-lo de novo a esta

condição porque isto demandaria uma nova

justificação e regeneração, e estes são atos

únicos que ocorrem uma só vez e para sempre na vida daqueles que alcançaram a salvação.

Quanto aos apóstatas, nada foi dito pelo autor de Hebreus quanto a terem nascido de novo, não

da vontade do homem nem da carne, senão o

que se lê nos versos 7 e 8 que eles são como um tipo de solo que absorve a chuva

frequentemente, não para produzir erva útil,

mas para produzir espinhos e abrolhos, e por

isso é rejeitado e perto está da maldição, e o seu fim é o de ser queimado.

Page 44: A segurança eterna da salvação - livro

44

Como tais palavras poderiam ser aplicadas a verdadeiros cristãos?

É por isso que o autor de Hebreus prossegue o seu discurso fazendo uma distinção clara entre

estes apóstatas e os verdadeiros cristãos, dos quais somente se pode esperar as coisas

melhores relativas à salvação.

Deus fez uma aliança eterna com os cristãos, e prometeu isto desde os dias dos profetas, e o

prometeu especialmente a Davi.

Sendo eterna não pode ser anulada.

E como aliança em seu caráter matrimonial

onde Ele é o esposo, e a igreja a noiva, o que se requer então dos aliançados é que eles sejam

fiéis.

Deus sempre será fiel porque não pode se negar a si mesmo.

Todavia, os cristãos, por causa do resquício de corrupções que remanescem na natureza terrena, são exortados a serem fiéis em tudo

durante a sua peregrinação terrena, porque, tal

casamento, do Criador com a criatura, requer

isto.

Deus continuará amando seus filhos adúlteros, mas os sujeitará à disciplina da aliança.

Page 45: A segurança eterna da salvação - livro

45

Ele não os repudiará porque tem prometido manter o compromisso por toda a eternidade.

Diante de tal caráter imutável da promessa que Ele fez, não resta aos aliançados senão a

alternativa de serem também fiéis, de modo que se viva de modo agradável Àquele com os quais

se aliançaram numa união de amor indissolúvel

e eterno.

O que o autor de Hebreus desejava de fato expor àqueles cristãos que estavam abandonando o seu primeiro amor é o que lemos nos versos 11 e

12:

“11 Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para

a plena certeza da esperança;

12 para que não vos torneis indolentes, mas

imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas.”.

Ele marcou portanto, a necessidade de diligência em santificação para o crescimento

na graça e no conhecimento de Jesus, porque

esta é a única maneira de se ter a plena certeza da esperança da salvação.

Veja: a certeza da salvação, e não a salvação propriamente dita (v. 11).

Page 46: A segurança eterna da salvação - livro

46

Tal diligência não tem em vista somente a certeza da salvação, mas também e

principalmente conduzir a um modo de vida

digno da vocação a que o cristão foi chamado por Deus, que é pela fé e longanimidade (v. 12).

Por conseguinte, ele reforçou estes argumentos detalhando em qual base segura se alicerça a

salvação dos cristãos, nos versos 13 a 20.

A esperança da nossa salvação é referida pelo autor de Hebreus como sendo uma âncora da nossa alma, que a manterá segura e firme por

toda a eternidade, porque esta âncora está

firmada no Santo dos Santos, além do véu, onde

Jesus entrou, e nos mantém ancorados como o grande sumo sacerdote da nossa fé, de maneira

que não podemos ser movidos da nossa união

com Ele.

A nossa salvação não é baseada num pacto ou aliança da Lei ou obras, mas num pacto, ou seja, numa aliança de pura graça, do Espírito Santo.

É bom lembrarmos sempre que neste sexto capítulo de Hebreus é afirmada a imutabilidade

da promessa da salvação, que Deus fez a Abraão

quando lhe preanunciou o evangelho, dizendo que no seu descendente que é Cristo seriam

abençoadas todas as nações da terra, e para

confirmar tal imutabilidade do Seu propósito de

Page 47: A segurança eterna da salvação - livro

47

salvar com segurança eterna os aliançados com

Cristo pela fé, o fez jurando por Si mesmo.

Reparem que ele quase se retrata no verso 9: “ainda que falamos desta maneira”, isto é,

falando de uma ameaça de inferno para quem cai definitivamente da graça. Mas para reparar

qualquer mal entendido da parte dos seus

destinatários, pensando que poderia estar se

dirigindo a autênticos filhos de Deus, disse no mesmo verso que estava persuadido em relação

a eles das coisas que são melhores e

pertencentes à salvação.

Ele disse que estava persuadido quanto à segurança da salvação deles. Ele sabia que eles eram filhos de Deus, e que portanto, a condição

de apostasia final a que havia se referido não era

aplicável a eles.

E acrescentou um argumento para esta sua persuasão: eles haviam dado mostras anteriormente da genuinidade da sua fé através

das boas obras, e Deus estava amarrado ao

compromisso de dar-lhes a recompensa

prometida ao fruto da fé deles, e certamente, isto não poderia ser feito de modo algum no

inferno.

Israel, apesar de ser o povo da aliança com Deus no Velho Testamento, tinha um grande

contingente de apóstatas.

Page 48: A segurança eterna da salvação - livro

48

Eles haviam desperdiçado toda a disponibilidade da graça de Deus que caía sobre

eles como a chuva que cai do céu.

Os israelitas negligenciaram a fé, o amor e a misericórdia, e como poderiam dar os frutos esperados por Deus?

A palavra de Deus e o derramar do Espírito Santo são comparados à chuva que desce do céu para

amolecer e fertilizar os corações dos homens.

O que se pode esperar que seja feito por Deus ao solo do coração que recebendo continuamente esta chuva, nunca chega a produzir bons frutos?

O coração deve ser preparado para a recepção da graça do evangelho.

Um coração endurecido não permitirá ser penetrado por esta doutrina celestial que é

apropriada para corações de carne, e não para

corações de pedra.

Porque na promessa da Nova Aliança Deus disse que trocaria o coração de pedra por um novo

coração de carne.

Daí a importância do arrependimento, do quebrantamento, da humilhação perante Deus,

para que Ele opere no nosso novo coração recebido dEle pela fé em Cristo.

Page 49: A segurança eterna da salvação - livro

49

De nos apresentarmos diante dele como aquilo que somos de fato, a saber, pobres de espírito, e

inteiramente necessitados da Sua graça, e

reconhecermos que somos pecadores necessitados do Seu perdão, e assim, vazios de

nós mesmos, a chuva celestial poderá

encharcar a nossa terra e torná-la apta a gerar e a sustentar o crescimento de todas as plantas

espirituais relativas à graça de Deus.

Os israelitas estiveram debaixo da boa doutrina, Deus lhes deu a lei por meio de Moisés, e lhes

enviou a Sua Palavra pelos profetas. A chuva que

caiu sobre eles era boa chuva. Não era chuva sulfúrica. Mas o solo infértil dos seus corações

endurecidos não fez um bom uso daquela chuva

que Deus enviou sobre eles.

Na consideração da terra que seria amaldiçoada e queimada e rejeitada, como citado em Hb 6.8, deve-se também ter em conta que é dito que

continuamente ela recebeu a chuva que Deus

enviou sobre ela, e no entanto não permitiu que

aquela chuva a tornasse útil para os propósitos do Senhor.

Nós vemos aqui esta longanimidade e graça divinas, sendo aplicadas antes do juízo de

destruição.

Page 50: A segurança eterna da salvação - livro

50

É isto o que acontece na prática em relação às pessoas que não permitem o trabalho da graça

em seus corações endurecidos.

Elas poderiam permitir serem penetradas pela graça, tal como a água da chuva que penetra nos solos permeáveis, mas, no entanto, não

permitem este trabalho, e permanecem no

endurecimento que por fim ocasionará a

destruição delas.

A prova disto está no fato de Deus afirmar que não tem prazer na morte do ímpio, antes que ele

se converta e viva (Ez 18.23; 33.11).

O que é reafirmado pelo apóstolo Paulo quando diz em I Tim 2.4 que Deus “quer que todos os

homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.”.

Os dias do evangelho, a dispensação da graça, são o tempo do reino da paciência ou

perseverança (hipomoné) em Jesus Cristo (Apo

1.9; 3.10; 13.10).

Porque este momento não é apenas o tempo do

reinado do Senhor como também o tempo da paciência dEle. Deus está sendo paciente e

longânimo para com todos os pecadores na

presente dispensação da graça, e os Seus filhos

devem seguir os Seus passos.

Page 51: A segurança eterna da salvação - livro

51

Abraão é fixado como exemplo e marco da fé. E por isso é citado neste sexto capitulo. Quantas

vezes o povo de Deus fracassou no Antigo

Testamento, e quantas vezes a igreja parecia definhar no mundo ao longo da sua história de

dois milênios, entretanto ela prosseguirá

adiante porque as portas do inferno não poderão prevalecer contra ela, porque Deus

fez promessas relativas aos cristãos desde

Abraão, e elas serão cabalmente cumpridas, a

par de toda forma de oposição e dificuldades, e isto deve servir para animar a fé dos cristãos a

perseverarem e nunca desfalecerem.

Nenhuma promessa de Deus falhará, e não deixará de ter o devido efeito.

Para mostrar a imutabilidade da promessa e de que não a revogaria de modo algum, e isto se

aplica especialmente à adoção dos eleitos como Seus filhos, pois prometeu a Abraão que no Seu

descendente que é Cristo, seriam benditas todas

as nações da terra, isto é, todos estes que estão

em Cristo são abençoados, porque são resgatados da maldição para serem adotados na

família de Deus como Seus filhos, e a promessa

foi feita com a interposição de um juramento

divino, tendo Deus jurado por Si mesmo, mostrando que jurou no grau mais elevado que

existe, porque não há nada mais elevado do que

Ele próprio.

Page 52: A segurança eterna da salvação - livro

52

Então o sentido aqui é que Ele deixaria de ser Deus (caso isto fosse possível) se deixasse de

cumprir o que prometeu a Abraão em relação à

descendência que formaria a partir dele, tanto a natural (a nação israelita contada na

descendência de Jacó, neto de Abraão) quanto a

espiritual (os eleitos que são justificados e regenerados por causa da fé em Cristo) (Gên

22.15-18).

Se Deus fez a promessa isto não é para ser discutido, mas recebido pela fé. Se entre os

homens o juramento põe fim à discussão sobre

qualquer demanda, muito mais temos razão para entender que o juramento que Deus fez

quando fez a promessa a Abraão, põe um ponto

final logo de início em toda a discussão possível

se a salvação é pela graça ou pelas obras, porque se é pela promessa, é evidente que é por pura

graça.

E também que é segura, porque Deus jurou que a daria aos que estivessem ligados pela fé a

Cristo. O próprio Deus então é quem assegura esta salvação e não os nossos méritos e

capacidade (Rom 9.8; Gál 3.18).

Foi exatamente para mostrar aos herdeiros da promessa da salvação (os cristãos) de que eles

seriam realmente salvos em Cristo, e que deveriam descansar quanto a esta verdade,

Page 53: A segurança eterna da salvação - livro

53

Deus, para mostrar a imutabilidade deste Seu

propósito se interpôs com um juramento.

Se Deus jurou fazer é porque Ele de fato não voltará atrás no propósito sobre o qual jurou, em

nenhum tempo. Então não serão as perplexidades, as fraquezas, as tristezas, os

sofrimentos e tudo o mais que os cristãos

possam sofrer em sua caminhada terrena, que

poderá lhes tirar esta salvação que foi prometida por juramento e que eles alcançaram pela fé em

Jesus.

A imutabilidade deste propósito divino foi evidenciada por duas coisas imutáveis, a saber:

a promessa (primeira coisa) e o juramento que Ele fez (segunda coisa). A promessa já seria

suficiente, mas foi reforçada com um

juramento para que não houvesse nenhuma

dúvida quanto à segurança de recebermos e mantermos para sempre aquilo que Deus nos

prometeu, a saber, sermos herdeiros

juntamente com Cristo.

O autor de Hebreus afirma que na condição de eleitos, que já haviam corrido para o refúgio que nos livra da condenação vindoura, que é Cristo,

tenhamos um forte alento (consolo) em face de

todas as perseguições e oposições que possamos

sofrer neste mundo, ou em face de todas as nossas próprias fraquezas, porque é impossível

Page 54: A segurança eterna da salvação - livro

54

que Deus minta quanto ao que prometeu e nem

quanto ao que jurou.

Deus nos propôs esta salvação por pura graça, por promessa, e pela fé os cristãos lançaram

mão dela, isto é, se apropriaram da promessa e da graça que lhes foi oferecida em Cristo pela

esperança de serem santos assim como Ele é

santo, e de serem co-herdeiros com Ele no céu.

A natureza desta firmeza é comparada a uma âncora, que nos segura firmemente. E a segurança e firmeza não são propriamente

nossas, nem da nossa fé, mas desta âncora que é

a promessa e o juramento feito por Deus.

É nisto que somos ancorados. É isto que nos garante o céu, porque esta promessa e juramento penetraram o véu não propriamente

por nossos esforços, mas juntamente com

Cristo, que é o Sumo Sacerdote da nossa fé que

entrou no Santo dos Santos para fazer uma eterna propiciação pelos nossos pecados com o

Seu próprio sangue.

Então a promessa e o juramento estão ancorados no sacerdócio e no sacrifício de Jesus

e não em nós mesmos, de maneira que não vacilemos ou duvidemos do seu cumprimento,

porque não estão firmadas em nós que estamos

rodeados de muitas fraquezas, mas no próprio

Page 55: A segurança eterna da salvação - livro

55

Cristo que não tem qualquer fraqueza, antes é

Todo Poderoso.

Os cristãos podem também penetrar além do véu porque Jesus, o precursor deles está lá

intercedendo por eles.

Quanto à certeza da esperança da salvação é dito no verso 19 (“a qual” = esperança proposta) que

ela é como uma âncora firme e segura da alma,

porque entra até o interior do véu, onde Jesus

penetrou como precursor.

A esperança proposta referida pelo autor de Hebreus nada tem a ver com a noção comum de

esperança que está relacionada a algo duvidoso,

incerto, que flutua na expectativa do que será ou

não o futuro, pois a esperança referida no texto conforme se verifica no contexto da epístola,

tem a ver com confiança e não com incerteza.

Embora possam ser incluídas tais expectativas de todos os tipos na noção geral de esperança,

contudo elas são totalmente excluídas da natureza daquela graça da esperança que é

recomendada a nós na Bíblia.

Porque uma confiança firme em Deus para o desfrutar das coisas boas contidas nas Suas

promessas, à época designada, eleva na alma

um desejo sincero por elas e pela expectativa delas, com uma grande alegria por saber que são

Page 56: A segurança eterna da salvação - livro

56

coisas prometidas, mas que são certas e seguras

porque têm sido garantidas e prometidas não

pelo homem, mas pelo próprio Deus, e com a

confirmação de um juramento dEle.

A esperança é uma das graças da fé evangélica, que é infundida em nossos corações pelo

Espírito Santo, e esta graça é tanto maior quanto

mais crescemos na perseverança e na

experiência da bondade de Deus para conosco em Cristo Jesus, como se vê em Romanos 5.4,5.

É dito que esta esperança é âncora da alma porque isto insinua que nossas almas estarão

muitas vezes expostas às tempestades, e tensão

de perigos espirituais, perseguições, aflições, tentações, temores, pecados e morte, que batem

frequentemente nelas, e então necessitamos de

uma âncora que nos mantenha firmes em nossa

posição a par de todas estas tempestades que sobrevêm sobre nós.

Por causa da violência destas tempestades há graus nelas que são mais urgentes do que

outros, e assim elas tendem na própria natureza

delas a trazer ruína e destruição.

É esta âncora o segredo da segurança das almas dos cristãos.

Se é esta âncora que nos segura firmemente, e se esta âncora não somos propriamente nós

Page 57: A segurança eterna da salvação - livro

57

mesmos, devemos abandonar por completo a

ideia de que somos os próprios agentes da

firmeza e segurança da nossa salvação, senão a

promessa de Deus que se cumpre em Cristo Jesus.

Esta âncora não está fixada no fundo do mar, mas no céu, onde Jesus penetrou como

precursor. Ela penetrou além do véu, e o que é

este véu? É o que fazia separação entre o Lugar Santo e o Santo dos Santos. E o que estava além

do véu era o Santo dos Santos no qual somente

era admitida a presença do sumo sacerdote para

fazer expiação por toda a nação de Israel, uma vez por ano.

Então isto indicava que este trabalho de expiação, não por mais um ano, mas por toda a

eternidade deveria ser feito por um Sumo

Sacerdote celestial, porque o trabalho dEle seria feito não no tabernáculo terreno, mas no

celestial. E como se diz que Jesus foi feito

sacerdote para sempre segundo a ordem de

Melquisedeque (v. 20), então isto pressupõe que a nossa salvação é também eterna, assim como

o sacerdócio dEle é eterno.

É portanto uma salvação para durar para sempre, e quando isto começa a acontecer? No

momento mesmo em que somos justificados e regenerados pela fé em Jesus no dia da nossa

conversão, porque se diz que passamos desde

Page 58: A segurança eterna da salvação - livro

58

então a ter uma firme e segura esperança,

porque ela está ancorada no céu na pessoa do

Sumo Sacerdote que garante a eternidade da

nossa salvação.

O que está dentro deste véu? Não uma arca com tábuas de pedra, nem querubins entalhados em

madeira e ouro, mas o próprio Deus em Seu

trono de graça e o Senhor Jesus Cristo à Sua

destra em Seu trono, como Sumo Sacerdote da igreja. É aqui que reside a segurança da

esperança da alma que é firme em todas as

tempestades que possam nos sobrevir.

A esperança dos cristãos não está firmada nas coisas abaláveis da Antiga Aliança e que se encontravam no tabernáculo terreno, e que

sendo apenas figura das coisas celestiais

estavam prestes a desaparecer, como de fato

desapareceram.

Todas aquelas coisas desapareceram porque agora podemos nos aproximar diretamente do

Pai e do Filho no tabernáculo celestial, sem a

necessidade de cumprir as prescrições de uma

ordem de culto terreno que havia na Antiga Aliança.

Se Cristo não tivesse penetrado o céu depois de ter morrido e ressuscitado por nós, não haveria

nenhum trono de graça e misericórdia no céu,

Page 59: A segurança eterna da salvação - livro

59

porque isto não poderia ser dado aos pecadores

sem uma obra de expiação do pecado.

O nome Jesus significa Salvador porque Ele foi dado para salvar o Seu povo dos pecados deles.

Jesus salva os eleitos do poder do pecado, de Satanás, da morte e da condenação da lei.

Como Jesus entrou no céu como nosso precursor, então é nosso dever seguir os Seus

passos quanto ao modo como Ele lá entrou, pois,

no seu caso, esta entrada foi antecedida pela

santidade e pela cruz, e estas duas partes essenciais do modo com que nosso precursor

entrou na glória também se aplicam a nós.

Heb 6:1 Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-

nos levar para o que é perfeito, não lançando, de

novo, a base do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus,

Heb 6:2 o ensino de batismos e da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo

eterno.

Heb 6:3 Isso faremos, se Deus permitir.

Heb 6:4 É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito

Santo,

Page 60: A segurança eterna da salvação - livro

60

Heb 6:5 e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro,

Heb 6:6 e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de

novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia.

Heb 6:7 Porque a terra que absorve a chuva que frequentemente cai sobre ela e produz erva útil

para aqueles por quem é também cultivada

recebe bênção da parte de Deus;

Heb 6:8 mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é

ser queimada.

Heb 6:9 Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são

melhores e pertencentes à salvação, ainda que

falamos desta maneira.

Heb 6:10 Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que

evidenciastes para com o seu nome, pois

servistes e ainda servis aos santos.

Heb 6:11 Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança;

Page 61: A segurança eterna da salvação - livro

61

Heb 6:12 para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela

longanimidade, herdam as promessas.

Heb 6:13 Pois, quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo,

Heb 6:14 dizendo: Certamente, te abençoarei e te multiplicarei.

Heb 6:15 E assim, depois de esperar com paciência, obteve Abraão a promessa.

Heb 6:16 Pois os homens juram pelo que lhes é superior, e o juramento, servindo de garantia,

para eles, é o fim de toda contenda.

Heb 6:17 Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a

imutabilidade do seu propósito, se interpôs com

juramento,

Heb 6:18 para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já

corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da

esperança proposta;

Heb 6:19 a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu,

Page 62: A segurança eterna da salvação - livro

62

Heb 6:20 onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para

sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.

Page 63: A segurança eterna da salvação - livro

63

Uma Vez Salvo... Para Sempre Salvo, Pela

Evidência da Perseverança

É da vontade de Deus que todos os Seus filhos

tenham certeza da sua salvação e que se

regozijem na esperança da glória vindoura. Mas esta certeza só pode ser confirmada através da

perseverança.

Alguém pode pegar uma ou mais passagens isoladas das Escrituras, e fora do contexto, para

negar que a nossa salvação é segura. Ele pode apontar para um texto como Gálatas 5.4 e dizer:

“Vê, você pode cair da graça.”. O texto diz: “De

Cristo vos desligastes vós que procurais

justificar-vos na lei, da graça decaístes.”. Aí nos diz: você está vendo, isto prova que você pode

cair da graça. Está certo, é o que está dito. Mas a

estes que Paulo disse ter decaído da graça ele

chamou de santos e de filhos amados ao longo de toda a epístola. Evidentemente não estava se

referindo a uma queda fatal e final, senão à

verdade de que a graça que recebemos na

conversão a Cristo está sujeita a decadências, ou seja, à diminuição da ação do seu poder em

nossas vidas em razão de não nos alimentarmos

da verdade que está em Jesus.

Nós lemos no verso 2 do mesmo capítulo: “Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.”.

Em outras palavras, se você crê que será

Page 64: A segurança eterna da salvação - livro

64

justificado por Deus por se submeter a certo tipo

de operação física prescrita pela lei, então Cristo

não significa nada para você. Paulo ensinou

claramente que pela lei ninguém é justificado (3.11). Quem não é justificado pela fé, a única

forma estabelecida por Deus, e procura ser

justificado pela lei, permanece sob a maldição da própria lei e da ira de Deus (3.10).

Além disso, quando fazemos da nossa religião uma mera prática de cerimônias e de

observações dogmáticas baseadas na tradição

dos homens, e não em Cristo e Sua doutrina

contida nas Escrituras, ficamos sujeitos a este enfraquecimento espiritual decorrente do

enfraquecimento da ação da graça em nossas

vidas.

Outros textos que são muito utilizados para afirmar a possibilidade de perda de salvação são os que se encontram sobretudo na epístola aos

Hebreus, conforme vemos a seguir:

Dentre as exortações bíblicas para que busquemos as evidências da nossa eleição, além

de II Pe 1.10, temos a passagem de Hb 3.6: “Cristo porém, como Filho, sobre a sua casa; a qual

somos nós, se guardamos firme até ao fim a

ousadia e a exultação da esperança.”.

O que este texto quer afirmar é que um verdadeiro crente guarda até o fim a ousadia e a

Page 65: A segurança eterna da salvação - livro

65

exultação da esperança, isto é, ele tem a certeza

de que é salvo, pelo Espírito Santo que testifica

com o seu espírito que ele é um filho de Deus.

Aqueles que são apenas convencidos e não convertidos, e que estão na igreja, ficarão com a

ideia enganosa de que são crentes autênticos

por algum tempo, porque, como se afirma na parábola do semeador, eles abandonarão um dia

esta convicção, seja pelas tribulações, seja pelos

cuidados do mundo.

Para termos a certeza de que pertencemos realmente a Deus é necessário comprovar isto

para nós mesmos por guardarmos firmes até ao fim a ousadia e a exultação da esperança, isto é,

provamos que somos de fato filhos de Deus por

perseverarmos até o fim da nossa jornada neste

mundo, porque os que são de Cristo vivem dessa forma.

A parábola do semeador fala de pessoas que recebem a Palavra com alegria, mas que não

chegam a nascer de novo, porque se fascinam

com o mundo, ou não suportam as tribulações. Chegam a andar um período alegremente com

os crentes, achando conforto na Palavra de

Deus, mas depois de certo tempo acabam

manifestando que não eram autênticos justificados e regenerados, porque não

perseveraram, e a perseverança é um dom de

Deus para aqueles que são seus.

Page 66: A segurança eterna da salvação - livro

66

O crente verdadeiro terá um estímulo espiritual que procede de Deus para perseverar, obedecer,

santificar-se. Ele negará a própria segurança de

sua vida até mesmo em face da morte, mas jamais negará a Cristo.

Ainda que caia por um período, levantar-se-á, nem que seja na hora da sua morte. Mas este

levantar na hora da morte é da esfera do

conhecimento exclusivo de Deus. Ninguém pode antever tal condição caso não lhe seja

revelada diretamente pelo Senhor.

É possível que um verdadeiro crente, por motivo de desobediência não viva no descanso de Deus,

e seja cumulado de muitas tristezas porque não amadureceu na fé, no entanto, destes pode-se

afirmar que serão curados pela mesma graça

que os salvou, em tempo oportuno.

Por isso se afirma a mesma coisa em Heb 3.14: “Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se de fato guardarmos firme até ao fim a

confiança que desde o princípio tivemos.”.

Deus em Sua infinita sabedoria estabeleceu o desenvolvimento da nova natureza recebida na

regeneração, pela santificação, para que o crente se esforce em seu crescimento espiritual

à semelhança de Cristo, de modo que somente

assim possa ter a certeza da segurança plena da

sua salvação em todos os dias da sua vida.

Page 67: A segurança eterna da salvação - livro

67

Isto se torna portanto um fator contribuinte para não se desestimular. Para não desistir em

meio à sua peregrinação. Porque a certeza da

segurança da salvação, veja bem, a certeza, e não a salvação propriamente dita que lhe foi dada

pela graça, mediante a fé, está diretamente

ligada à sua perseverança.

É por isso que lemos ainda em Heb 6.1-3, uma

exortação para a busca do amadurecimento espiritual, rumo à perfeição, porque a tendência

natural da maioria dos crentes é a de se

acomodarem depois de terem sido salvos, e é o

que parece que o texto quer se referir quando fala de princípios elementares da doutrina de

Cristo, a saber, o arrependimento, a fé,

batismos, imposição de mãos, ressurreição dos

mortos e juízo eterno.

Há uma tendência em nós para dizermos: eu passei da morte para a vida, estou entre o limiar

do meu batismo e da minha ressurreição

prometida, já o tenho conquistado, vou sentar,

descansar e esperar. Entretanto a vida cristã não é isto. É uma caminhada, no caminho da

perseverança e da santificação.

A Palavra de Deus nos exorta a isto. E era exatamente este o problema com os crentes aos

quais o autor de Hebreus dirigiu originalmente a sua epístola. Ele lhes repreendeu por sua

Page 68: A segurança eterna da salvação - livro

68

imaturidade espiritual e falta de progresso em

direção à maturidade (Hb 5.11-14).

Ele lhes exortou a correrem com perseverança a carreira que lhes estava proposta olhando para

Jesus (Hb 12.1,2).

Ele lhes falou tudo o que haviam conquistado em Cristo 6.4,5, a saber, a iluminação espiritual,

o dom celestial, a habitação do Espírito Santo, a

Palavra de Deus e os poderes do mundo

vindouro, tudo isto pela justificação e pela regeneração.

Agora, isto não lhes foi dado para ficarem imobilizados, e pior ainda, transferirem a sua

confiança de Jesus para as antigas tradições da

lei, e é bem possível que estivessem considerando Jesus menor que Arão, Moisés e

todos os heróis da fé do Antigo Testamento, e

possivelmente até aos anjos, daí a explanação

que faz sobre a superioridade de Jesus nos primeiros capítulos da epístola.

Este era o quadro reinante, e daí o tom das suas palavras falando da impossibilidade de

renovação para arrependimento de quem se

desligasse de Cristo (numa suposição de desligamento) porque não há outro nome dado

debaixo do céu pelo qual possamos ser salvos.

Eles foram salvos em Cristo para perseverarem

em Cristo, e para serem transformados à

Page 69: A segurança eterna da salvação - livro

69

semelhança de Cristo. A vida cristã é uma

carreira, e não uma mera expectativa

contemplativa do cumprimento da promessa da

glória do céu. Não é o bastante para o crente o ter passado por uma experiência gloriosa de

justificação e regeneração no passado, é

necessário crescer espiritualmente pela transformação do seu caráter e aprender a fazer

a vontade de Deus. É absolutamente necessário

que a dinâmica de uma fé viva seja o moto

principal para que o testemunho de Cristo seja confirmado em suas vidas, para que sejam

cartas vivas onde outros possam testemunhar a

vida que há em Jesus disponível para os

pecadores.

Não é suficiente ser justificado e nascer de novo.

É preciso experimentar que Jesus é competente para remover minha corrupção (despojamento

da carne) e revestir-me de suas virtudes. Isto é

um programa para toda a vida. Não é algo para se obter em único dia ou momento de nossa vida.

O alvo de Deus para o crente em santificação é

um trabalho demorado e penoso, e para

cumprir-se exige que nós perseveremos firmes na fé.

Afinal, o propósito principal da conversão visa à nossa santificação, a qual será perfeita na glória

celestial. Assim, esta deve começar ainda neste

mundo.

Page 70: A segurança eterna da salvação - livro

70

Esta é a razão porque Paulo sempre confirmava os crentes exortando-lhes a permanecerem

firmes na fé durante toda a sua peregrinação

como forasteiros neste mundo de trevas. Não é suficiente, conforme a vontade de Deus,

sabermos que Cristo é nosso Salvador e que por

meio dEle fomos justificados, é necessário ter permanente e vital união com Ele.

O verbo “cair” empregado no texto de Heb 6.6, corresponde no original à palavra grega

parapipto, que significa “desviar-se” ou

“apostatar”. É o mesmo verbo usado em Heb

3.12, onde está traduzido como “afastar-se” de Deus. A Palavra afirma em Pv 24.16 que “sete

vezes cairá o justo, e se levantará,”. A

experiência tem revelado esta verdade. Muitos

são os que se desviam mas que se reconciliam posteriormente com o Senhor. Porque a

bondade a misericórdia do Senhor vão em busca

da ovelha desgarrada e perdida para trazê-la de volta ao aprisco. Quem é ovelha do Senhor está

debaixo de tal cuidado.

Quando os ossos do crente são quebrados o Senhor os restaura novamente. O clamor da

misericórdia do Pai clama “voltem para mim e

eu voltarei para vós outros”.

Vemos nas cartas dirigidas às sete igrejas uma constante exortação ao arrependimento para o

Page 71: A segurança eterna da salvação - livro

71

reatamento da relações rompidas e para o

retorno da prática das obras de justiça.

Um crente pode cair, mas não numa queda definitiva que seja para a perda da vida eterna

que recebeu pela graça. Se ele cair, Deus o levantará de novo, porque não pode justificá-lo

uma segunda vez, por isto é impossível, pois, que

se o justo cair, seja renovado outra vez para

arrependimento, porque ele já foi feito nova criatura em Cristo, quando creu, de uma vez

para sempre.

Quanto aos que apostatam depois de terem sido iluminados quanto à verdade e tendo sido feitos

participantes dos dons sobrenaturais extraordinários do Espírito Santo, como foi o

caso de Judas e tantos outros, e que por fim, se

desviam por não terem sido convertidos pelo

Espírito em seus corações com o novo nascimento (regeneração), estes, realmente

não poderão ser renovados para

arrependimento e serem salvos, pois calcaram

sob seus pés o sangue precioso de Cristo que voluntariamente eles desprezaram.

Mas tal não é o caso dos que são participantes da graça comum salvadora de todos os que

genuinamente têm seus corações convertidos a

Deus e transformados por Ele.

Page 72: A segurança eterna da salvação - livro

72

O próprio Noé, campeão da justiça, depois que se embriagou, arrependeu-se certamente, e

permaneceu salvo pela soberana graça. Noé

caiu, mas não numa queda final para morte eterna, que ocorrerá somente com aqueles que

não têm a Cristo, no dia do grande juízo de Deus.

Um crente pode se desviar, e embora isto seja uma coisa ruim, uma coisa maligna o cair no

pecado, contudo ele poderá reconciliar-se com Deus, porque a sua salvação é para a vida eterna

e para ser guardado seguro pelo poder de Deus.

Assim como um pai zeloso vela pela segurança

de seus filhos, e tudo faz para mantê-los saudáveis e em vida.

Este não é renovada em arrependimento para a salvação, pois já está salvo de uma vez para

sempre, mas em arrependimentos para a

restauração da comunhão com Deus que é quebrada temporariamente em razão da prática

eventual do pecado.

Por isso somos incentivados a nos arrependermos e confessarmos os nossos

pecados porque temos um Advogado junto ao Pai intercedendo em nosso favor, a saber, nosso

Senhor Jesus Cristo.

Seria uma coisa muito dura certamente, se um crente caísse e não pudesse se reconciliar com

Deus. Felizmente o texto de Heb 6 não diz que é

Page 73: A segurança eterna da salvação - livro

73

uma coisa muito dura, mas que é impossível, e

nós dizemos que seria totalmente impossível, se

um caso como é suposto pudesse acontecer,

impossível para o homem, e também impossível para Deus, porque Deus determinou que nunca

estabelecerá uma segunda salvação (plano) para

salvar aqueles que tivessem rejeitado a primeira, caso isto fosse possível, depois de tê-la

experimentado.

O autor de Hebreus está portanto com a apresentação do exemplo de impossibilidade,

reforçando o eterno, imenso e único valor da

salvação em Jesus Cristo, que os destinatários de sua epístola estavam negligenciando, correndo

o risco mesmo de virem a desprezá-la.

Por isso quase como que se retrata pela suposição forte que fizera ao dizer logo adiante

o seguinte: “Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das cousas que

são melhores e pertencentes à salvação, ainda

que falamos desta maneira.”.

Assim, uma correta interpretação de toda a epístola aos Hebreus requer que mantenhamos diante de nós o pano de fundo que inspirou a sua

escrita, pois não foi destinada a uma

congregação que estava sendo fiel na sua

caminhada com Deus, mas a uma congregação que estava recuando na fé, e esfriando no seu

amor por Jesus Cristo.

Page 74: A segurança eterna da salvação - livro

74

As palavras de exortação da epístola tinham por alvo sacudi-los e despertá-los do estado de

dormência em que se encontravam, e tais

palavras são ainda muito oportunas para toda congregação que esteja nas mesmas condições

da comunidade à qual foi destinada a epístola

originalmente.

Cabe destacar finalmente que no mesmo texto

de Hebreus 6 é afirmada a condição segura e eterna da salvação das crentes por estar baseada

na promessa que Deus fizera jurando por si

mesmo que faria da nossa esperança da salvação

uma âncora firme e segura que não permitirá jamais que sejamos separados de Jesus Cristo,

em quem temos colocado a nossa confiança

relativa à nossa salvação.

Um outro texto que geralmente se costuma interpretar incorretamente, por ignorância do seu verdadeiro significado, é o de II Pe 2.21,22,

onde se afirma:

“Pois, melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça, do que, após

conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado. Com

eles aconteceu o que diz certo adágio

verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito;

e: a porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal.”.

Page 75: A segurança eterna da salvação - livro

75

Devemos destacar logo inicialmente que não se diz, a ovelha voltou a se sujar, mas a porca. Não

se diz que a ovelha voltou ao seu vômito, mas o

cão. Ainda que sejam expressões duras, elas estão de acordo com o alerta de Jesus ao eleitos

para não darem coisas santas aos cães e aos

porcos, isto é, àqueles que na verdade não tiveram suas vidas transformadas pelo

recebimento de uma nova natureza, pelo

Espírito, e que estão dispostos a desprezar, pisar

e sujar as coisas santas concernentes ao Evangelho.

O que está em foco são os falsos mestres, aos quais o contexto de todo o capítulo 2 de I Pedro

se refere, e que no início, ao se juntarem à igreja

e ao aprenderem as coisas de Deus, repetem-nas

de forma tão convincente, que são guindados pela igreja à posição de mestres, ou se fazem

como tais, só que, não tendo havido uma

mudança real em sua natureza, continuam sendo, conforme o dizer do apóstolo, porcos e

cães, e isto acaba sendo manifestado com o

tempo.

No contexto de todo o capítulo segundo de II Pedro, está claramente revelado que os tais não

são justos, como foi Ló, mas injustos, que por suas obras iníquas estão destinados ao juízo de

Deus (2.9).

Page 76: A segurança eterna da salvação - livro

76

São na verdade, não eleitos autênticos, mas falsos profetas, falsos mestres, que introduziam

dissimuladamente heresias destruidoras entre

os crentes, para fazê-los decaírem de sua firmeza em Cristo, isto é, para desviá-los da

verdade, chegando tais falsos mestres a ponto

de renegarem o próprio Jesus (2.1,2).

Eles não tinham o Espírito Santo, como se vê no

paralelo ao texto de II Pe II, na epístola de Judas (Jd 19), e que não eram crentes, mas ímpios (Jd

4).

Realmente eram homens que não tinham o Espírito Santo, e por conseguinte não

pertenciam a Cristo, pois Pedro diz deles que eram fontes sem água (2.17).

Não ensinavam o verdadeiro evangelho, mas suas mistificações (2.13).

Eram atrevidos e não se submetiam a qualquer governo, porque julgavam, em sua ignorância,

que estavam investidos da autoridade de Deus sobre todos os homens (2.10).

Ora, não padece dúvida que são os mesmos a que Pedro se refere como os ignorantes e

instáveis que deturpavam as Escrituras,

especialmente os pontos difíceis dos escritos de

Paulo, para a sua própria destruição (II Pe 3.15-17).

Page 77: A segurança eterna da salvação - livro

77

O cuidado que se deve ter na interpretação da Bíblia, em sua exegese, é mais do que

recomendado, ele é estritamente necessário,

para que não apliquemos verdades bíblicas fora do contexto ou de situações ou mesmo pessoas

aos quais não devem ser aplicadas.

Por exemplo, a apresentação de sacrifícios de animais no templo é uma verdade que teve o seu

tempo e contexto de aplicação. Isto deveria ser feito pelos israelitas no período da dispensação

da lei (de Moisés a João Batista), e também no

local determinado por Deus, isto é, somente no

tabernáculo e depois no templo de Jerusalém, na presença dos sacerdotes.

Assim, apesar de ser uma ordenança de Deus que está contida na Bíblia, não deve ser

cumprida na dispensação da graça, em que

vigora uma Nova Aliança, que substituiu a Antiga. Porque tal exigência da Antiga foi

revogada pelas disposições da Nova. Aqueles

sacrifícios que eram figura do sacrifício de

Cristo, deveriam vigorar até que Cristo viesse e se oferecesse a Si mesmo de uma vez para

sempre pelos pecadores.

A mesma coisa se aplica às maldições da Antiga Aliança, previstas na lei. Elas representam em

figura uma maior e definitiva maldição de quem transgride a lei de Deus, pois que por esta, o

pecador está sujeito à morte eterna no inferno.

Page 78: A segurança eterna da salvação - livro

78

Entretanto, para os que estão em Cristo, são resgatados da maldição da lei. Para estes ela já

não tem mais força de lei. A pena que ela

prescreve foi cancelada e Jesus encravou o cancelamento da dívida destes que creem no

Seu nome, na cruz, definitivamente, para que a

pena não seja mais reescrita para estes que foram justificados nEle. Daí a Bíblia afirmar que

o crente não está mais sob a lei, e sim sob a

graça, sem que isto signifique que ele esteja sem

lei perante Deus, pois está debaixo da lei de Cristo.

É necessário portanto, quando estudamos sobre a segurança eterna da salvação, não utilizarmos

textos isolados da Bíblia dando-lhes uma

interpretação literal e fora do contexto de toda a

revelação.

É necessário submeter cada afirmação que pareça inicialmente, contradizer doutrinas

claramente reveladas, à luz destas doutrinas,

para que possamos entender o que o escritor

bíblico pretendia dizer com tal afirmação, porque não há contradições no ensino da

Palavra, porque ela é a verdade.

Para ilustrar este ponto podemos usar as palavras do autor de Hebreus em 10.26-31,

comparando-as com o versículo 39 do mesmo capítulo.

Page 79: A segurança eterna da salvação - livro

79

Em Hb 10.26-31 lemos:

“Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno

conhecimento da verdade, já não resta sacrifício

pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a

consumir os adversários. Sem misericórdia

morre pelo depoimento de duas ou três

testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais

vós será considerado digno aquele que calcou

aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da

aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça ? Ora, nós conhecemos aquele

que disse: A mim pertence a vingança; eu

retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu

povo. Horrível cousa é cair nas mãos do Deus vivo.”.

Já comentamos anteriormente qual foi o propósito principal do autor de Hebreus em

escrever esta epístola: alertar seus leitores

sobre a apostasia, para não ficarem inativos na fé, para buscarem a maturidade espiritual, para

perseverarem.

Agora, lendo estas palavras de advertência sem levar em conta o contexto da própria epístola,

poderíamos ser levados a interpretá-las como que se referindo a uma real perda de salvação,

perdendo o apóstata a condição de filho de Deus

Page 80: A segurança eterna da salvação - livro

80

para ser sujeitado ao juízo de Deus para a

condenação eterna no inferno.

Mas, submetendo a passagem ao próprio contexto imediato, lemos no verso 39:

“Nós porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma.”.

Ora, aqui se declara abertamente que o que ele está dizendo anteriormente desde o versículo 26

até o 38, não é uma afirmação de que os

verdadeiros crentes, os que são da fé, perdem a sua salvação, porque estes não retrocedem e

perseveram, o que não se dá com os que não são

da fé.

Deus lhes faz perseverar, e eles perseverarão, e isto para a conservação da alma, porque esta não

será mais condenada em juízo.

E logo um verso adiante, em 11.1, define a fé como a certeza de cousas que se esperam, a

convicção de fatos que se não veem. E está se

referindo principalmente à certeza da

esperança da glória vindoura, à recepção da herança que está guardada para o crente no céu.

Aquele que é da fé, e que portanto persevera, ou pelo menos deve perseverar, porque não há

outro modo para um autêntico filho de Deus

viver, pode ter a certeza de que receberá o que

Page 81: A segurança eterna da salvação - livro

81

espera, e a convicção dos fatos relacionados à

sua salvação que ele ainda não vê.

Foi por esta mesma fé que salva, que os antigos receberam bom testemunho de terem agradado

a Deus.

Mas devemos submeter a referida passagem a outras passagens da mesma epístola e a outras

de todas as Escrituras.

Podemos citar outros textos como os seguintes:

“Porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.” (Heb

10.14).

Veja, aperfeiçoou para sempre, não apenas por um período para se perderem depois novamente.

“de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para sempre.”

(Heb 10.17).

Veja, perdão para sempre. Não apenas dos pecados antes da conversão, mas de todos os pecados, quer do passado, do presente ou do

futuro da vida de qualquer crente.

Ao falarmos deste modo, não se deve pensar que o pecado não deve ser levado muito a sério pelo

crente. É por isso que as passagens

Page 82: A segurança eterna da salvação - livro

82

admoestadoras são colocadas em termos muito

fortes na Bíblia, porque o pecado é o que

desperta a ira de Deus.

Qualquer pecado ofende a justiça de Deus, e o crente não deve se gabar no fato de estar debaixo de uma graça superabundante para

viver praticando o pecado, e não se

entristecendo pelo pecado.

Ele nunca deve esquecer que a ira de Deus pelo pecado é tanta, que isto levou o Seu próprio Filho à cruz.

Daí se dizer com toda a veemência: “Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois

de termos recebido o pleno conhecimento da

verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de

juízo e fogo vingador prestes a consumir os

adversários.”.

Em momento nenhum se diz que o tal será lançado no inferno. Mas diz que desperta a expectação de um horrível juízo de fogo

vingador prestes a consumir os adversários. Não

foi o que ocorreu com os crentes rebeldes que

estavam morrendo em Corinto? Não é o que ocorre com os que são salvos como que pelo

fogo? Esta atitude de viver deliberadamente no

pecado não é coberta pelo sacrifício de Jesus

porque não há confissão do pecado. Não há

Page 83: A segurança eterna da salvação - livro

83

arrependimento da condição de estar pecando.

Isto desperta a ira de Deus, mesmo contra Seus

filhos. E Ele os corrige e disciplina duramente,

para que todos temam e busquem a santidade de vida que convém aos filhos de Deus.

Agora, se Jesus pagou o preço por todos os nossos pecados, porque estes crentes que foram

entregues a Satanás para destruição da carne,

foram submetidos ao juízo de Deus, ainda que não para a sua perdição eterna?

Veja, o autor de Hebreus responde a isto quando diz que já não resta sacrifício pelos pecados que

são praticados pelos que vivem

deliberadamente em pecado depois de terem recebido o pleno conhecimento da verdade, e de

terem sido santificados pelo sangue de Jesus, e

recebido a regeneração do Espírito Santo.

Isto significa que o perdão obtido pelo sacrifício de Jesus para a vida eterna e livramento da condenação futura, não livrará o crente da

justiça de Deus, que julga a sua vida aqui neste

mundo, quando decide não perseverar na fé,

vivendo na graça, para viver na carne praticando o pecado. Neste caso, ainda que não seja

condenado eternamente, terá sua conduta

julgada pelo Seu Pai celestial e será sujeito à

disciplina da Aliança selada no sangue de Jesus.

Page 84: A segurança eterna da salvação - livro

84

Ele está profanando o sangue da aliança com o qual foi lavado. É como que pisasse em Jesus

com o seu procedimento, e isto não ficará sem a

devida retribuição de Deus.

Deus vingará a Sua justiça trazendo sobre o crente os juízos em forma de castigo, não para

que este consiga a sua salvação, ou o perdão dos

seus pecados, porque isto já foi feito de uma vez

para sempre por Jesus na cruz, mas para que ele não vá para o céu, julgando que o Deus que o

chamou não o chamou efetivamente para ser

santo, por uma eventual desconsideração com o

seu modo descuidado de vida e intencionalmente dirigido para transgredir a

vontade dAquele que lhe salvou.

O que está em foco não são pecados praticados eventualmente e isoladamente, pelo crente em

sua caminhada, estando direcionado em sua vontade a não viver na prática do pecado, mas

um crente que tenha efetivamente apostatado

da fé, isto é, que esteja desviado. Ainda que

mesmo neste caso, não se exclua a ação da misericórdia divina sobre suas vidas, porque são

eleitos, e foram justificados, tanto que muitos

deles se arrependem, entretanto, de modo

nenhum Deus deixará de lhes corrigir, porque corrige a todo filho que ama.

Quando lemos portanto, as passagens admoestadoras e de advertências da Bíblia

Page 85: A segurança eterna da salvação - livro

85

quanto ao pecado, devemos lembrar

imediatamente que o Deus que nos salvou odeia

o pecado, e destruirá o pecado onde quer que ele

se encontre. Isto deve gerar em nós um santo temor e o desejo de jamais conceber o fato de

que podemos viver como crentes praticando

determinados pecados seja em pensamentos, palavras, ações ou omissões. Deus nos alerta em

todo o tempo na Palavra que fomos salvos

exatamente para entrarmos juntamente com

Ele numa verdadeira guerra contra o pecado.

Quer na nossa vida, quer na dos nossos irmãos

em Cristo. Não devemos cruzar os braços em relação a isto como estavam fazendo muitos aos

quais o autor de Hebreus dirigiu sua epístola. Ao

contrário, devemos nos revestir da armadura de

Deus e nos empenharmos diariamente neste bom combate da fé. Estamos seguramente

salvos nas mãos de Deus, mas importa viver de

modo que lhe seja inteiramente agradável.

Pedro, no terceiro capítulo de sua segunda

epístola, afirma que nos escritos de Paulo há coisas difíceis de serem entendidas, e que os

instáveis e ignorantes deturpavam, como

também as demais Escrituras (II Pe 3.16).

Veja que alguns o faziam por ignorância, mas o grande fato é que faziam o quê? Deturpavam. E qual era a consequência disto? O próprio

Pedro declarou no verso seguinte que o

Page 86: A segurança eterna da salvação - livro

86

resultado era a própria destruição destes, e a

possibilidade de induzir ao erro, fazendo os

crentes decaírem da sua firmeza em Cristo, por

serem arrastados pelo erros desses insubordinados (II Pe 3.17).

Mas os crentes primitivos tinham uma grande vantagem sobre nós nestes dias de grandes

deturpações do evangelho: eles eram

prevenidos pela genuína verdade pregada pelos apóstolos. Eles conheciam o verdadeiro

evangelho, que hoje, infelizmente, até mesmo

muitos ministros ignoram a verdade

relacionada à obra realizada por Cristo em favor dos eleitos. São tantas as falsificações, que se

chegou mesmo ao ponto de se obscurecer a

verdade. Esta ficou escondida. E a maioria dos

púlpitos não têm sequer o próprio evangelho para ser pregado e ensinado.

Quando Paulo introduz o hino triunfal da

segurança eterna da salvação do crente em Rom 8.31-39, ele pergunta:

“Que diremos, pois, à vista destas cousas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”

Que cousas são estas a que Paulo se refere? Ele está se referindo às verdades que havia dito anteriormente, desde o primeiro capítulo, até o

versículo 30 do oitavo.

Page 87: A segurança eterna da salvação - livro

87

De que maneira Deus é por nós que ninguém pode ser contra nós?

Está escrito na Bíblia para que o saibamos. Foi revelado pelo Espírito porque é importante

para o nosso crescimento espiritual, para a nossa caminhada em nossa jornada na vida

cristã.

Como podemos ignorá-las sem sermos prejudicados?

Por que o Espírito insiste em que apliquemos a Palavra revelada à nossa vida?

Já que, como afirmam alguns, insensatamente,

podemos ter uma vida de poder com Deus desconhecendo totalmente qual é o significado

da nossa vocação em Cristo. Se assim fora, por que Paulo teria dito o que

disse aos colossenses:

“não cessamos de orar por vós, e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua

vontade, em toda a sabedoria e entendimento

espiritual;”? (Col 1.9).

Por que Pedro exorta os crentes a crescerem na graça e no conhecimento de Jesus? (II Pe 3.18).

Jesus disse aos saduceus que eles erravam porque não conheciam o poder de Deus? Sim.

Page 88: A segurança eterna da salvação - livro

88

Mas também porque não conheciam as Escrituras. E isto pode ocorrer conosco:

errarmos na vida cristã, porque não

conhecemos a verdade revelada nas Escrituras.

É da vontade de Deus que não sejamos apenas salvos, mas que cheguemos ao pleno

conhecimento da verdade (I Tim 2.4). Jesus disse

que conheceríamos a verdade e que ela nos

libertaria. Ele é a verdade que liberta. Mas devemos conhecer o como, o por quê, o até

quando (sempre) desta verdade que liberta.

Em Tito 1.1 Paulo afirma que foi levantado como

apóstolo de Jesus para promover a fé que é dos eleitos de Deus e também para promover o

pleno conhecimento da verdade.

Este é o dever do qual está encarregado todo ministro do evangelho chamado por Deus:

promover a fé e o conhecimento total da verdade do evangelho. Não apenas partes deste

conhecimento, mas todo o conhecimento.

A segurança plena da salvação é uma das partes da verdade do evangelho que deve ser ensinada

claramente à igreja, não porque isto seja da vontade do homem, mas porque é da vontade de

Deus.

O propósito de Deus na salvação dos eleitos não é simplesmente o de que se regozijem na

condição de salvos, mas que vivam para o fim da

Page 89: A segurança eterna da salvação - livro

89

sua salvação, isto é, foram salvos para viverem

como filhos de Deus, filhos da luz e do dia, como

de fato são em Cristo, e não como se fossem

filhos das trevas (I Tes 5.4-10).

Isto é o que demanda a necessidade da perseverança operada pelo Espírito na vida do

crente, porque foi salvo para ser habitante do

céu, em perfeita santidade. Ainda que nunca

venha a atingir a perfeição desta santidade enquanto viver na terra, deve se esforçar neste

sentido, de modo que possa viver de modo

agradável a Deus.

A palavra perseverança vem do original grego hupomoné, que significa suportar cargas e aflições sem murmurações, e a prosseguir na

prática da justiça, enquanto escolhe enfrentar

tais cargas e aflições confiando na providência

divina. Não significa portanto conhecer como escapar das cargas, mas como viver sob elas.

Mas não é uma resignação passiva. Ela é uma

qualidade ativa. É uma atitude de permanecer

confiante e ativo na fé, mesmo debaixo das maiores provações, que visam ao abatimento da

sua fé e alegria no Senhor.

Não é de admirar portanto, que mesmo e principalmente depois de ser muito usado por

Deus, que o crente experimente muitas provações que visam ao seu abatimento

espiritual. Mas não se pode esquecer que Deus

Page 90: A segurança eterna da salvação - livro

90

está no controle de todas elas não permitindo

que sejam maiores do que a nossa capacidade de

suportá-las, e nos concede também, se

perseveramos, o livramento, mas sempre no tempo por Ele determinado. Há provas que

duram até anos, visando ao aperfeiçoamento do

nosso caráter.

Os sofrimentos estão produzindo perseverança

em nossas vidas. E nisto, o Senhor está colocando à prova o nosso amor por Ele. Isto

explica porque as provações não nos sobrevêm

apenas por um curto período, mas é um

processo que ocorre em todo o tempo. As pessoas do mundo dão muito valor a uma

vida sem qualquer tipo de tribulação. E o crente

deve cuidar-se de viver com tal pensamento,

porque, no seu caso, a provação não é um inimigo, mas um aliado que está moldando o seu

caráter e fortalecendo a sua fé, de maneira que

possa caminhar fazendo a vontade de Deus independentemente de qualquer circunstância

desagradável que esteja vivendo (desde que não

seja resultante da prática do pecado).

Infelizmente, quando as pessoas vêm para Cristo hoje em dia, elas vêm crendo que serão

livradas de todas as dificuldades. Elas trazem o

padrão do mundo consigo. A ideia de que Deus

deseja que todos sejam plenamente saudáveis, felizes e abastados é uma contradição direta da

Palavra de Deus.

Page 91: A segurança eterna da salvação - livro

91

Jesus prometeu aos crentes que teriam aflições no mundo. Mas quando a tribulação vem,

geralmente se pensa: “não é possível que isto

esteja acontecendo comigo, eu sou um crente fiel.”.

Em vez de apreciar que Deus está fazendo algo único e especial em suas vidas, deixam-se levar

pela murmuração e pelo descontentamento.

A perseverança não é um fim em si mesma. Ela é um ingrediente essencial que traz a

maturidade aos filhos de Deus.

Tiago afirma (1.4) que a perseverança produz o resultado de sermos perfeitos e íntegros, em

nada deficientes. Nós não podemos acelerar o processo que produz maturidade, porque a

própria perseverança é construída ao longo do

tempo.

Nós apenas devemos ter o cuidado de não interromper o processo que Deus está operando. Esta é a razão de ser ordenado em Tg

1.4 que a perseverança deve ter ação completa,

isto é, nós não devemos deixar de tirar os

devidos ensinamentos de nossas experiências, aprendendo as lições de Deus, através delas,

visando ao nosso aperfeiçoamento.

Mas isto não significa que nós atingiremos a

perfeição, porque o próprio Tiago afirma que nós tropeçamos em muitas coisas (3.2). Isto não

quer dizer portanto que nós nunca voltaremos a

Page 92: A segurança eterna da salvação - livro

92

pecar de novo. Não é possível ser perfeitamente

sem pecado nesta vida.

Então o que significa o uso da palavra perfeito no texto de Tiago? Ela se refere ao nosso grau de

maturidade. O crente maduro não vive indo de um lugar para outro, sem fixar sua atenção

definitivamente em qualquer objetivo,

dedicando-se ao mesmo, pois isto é um

comportamento inerente às crianças. Crentes imaturos não podem ser úteis na casa

de Deus. Ao contrário, vivem criando

dificuldades para serem resolvidas ou

apaziguadas pelos que são maduros. O que pode reverter isto?

O seu amadurecimento e confirmação em toda boa palavra e obra.

E como é que isto será possível? Somente pelo aprendizado da perseverança nas provações.

Amar no meio da contradição, da perseguição, da ingratidão, e prosseguir adiante, este é um

dos objetivos. Isto é perseverar segundo a

vontade de Deus.

O crente que permanece em sua infantilidade, nem por isso deixa de ser um filho de Deus, mas não se pode dizer dele que esteja fazendo

progresso na perseverança.

Page 93: A segurança eterna da salvação - livro

93

O crente não deve procurar a tribulação, ele não deve ir em sua direção. Ele deve procurar a

Deus, e na sua procura de Deus, não raramente,

a provação lhe sobrevirá.

Logo depois que Paulo foi arrebatado ao terceiro céu, ele teve a experiência do espinho na carne. Se o seu desejo de procurar a Deus é sincero, isto

implicará em viver segundo a Sua vontade e

tornar-se mais semelhante a Cristo.

Jesus que é manso e humilde de coração. Para aprender a mansidão e a humildade, é quase

certo que o crente se defrontará com

resistências e ataques dirigidos à sua pessoa, de

modo que aprenda a não revidar às injúrias e afrontas que possa sofrer, mantendo a paz no

seu coração, segundo o poder do Espírito Santo.

Quando o crente se sente humilhado e vencido

por alguma provação e diz que não sabe qual é o proveito e o propósito de Deus na mesma, ele

necessita de sabedoria para poder discernir a

vontade do Senhor, e é por isso que Tiago diz que

se peça sabedoria a Deus. Mas a sabedoria requer humildade e um constante

reconhecimento da nossa própria necessidade.

A vida cristã não é fácil e confortável. Por isso o crente necessita de perseverança, para que

possa viver segundo a vontade de Deus.

Page 94: A segurança eterna da salvação - livro

94

A certeza da segurança não é essencial à salvação, mas é essencial à alegria e à

esperança, mas só pode ser sentida na

experiência prática da vida cristã, e não meramente pelo conhecimento intelectual da

sua realidade. Em outras palavras, é algo muito

mais para ser vivido do que simplesmente sabido, pois, A CERTEZA DA SALVAÇÃO É

REVELADA ATRAVÉS DA PERSEVERANÇA

Somos salvos exclusivamente pela graça

mediante a fé, e por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. Não somos salvos pela nossa

perseverança, porque a Bíblia é clara em afirmar

que não somos salvos pelas nossas boas obras

(Ef 2.8-10). Mas somos exortados firmemente a perseverar para a plena certeza da nossa eleição,

conforme está claramente revelado por

exemplo em II Pe 1.1-10.

A perseverança é a evidência da salvação e não a sua causa, de modo que nosso Senhor afirma que somente os que perseverarem até o fim

serão salvos, uma vez que trazem consigo a

referida evidência de que são salvos. O apóstolo Pedro afirma que em razão de os crentes terem recebido todas as cousas que

conduzem à vida e à piedade, pelo

conhecimento completo do Senhor que os

chamou para a sua própria glória e virtude, tendo sido livrados da corrupção das paixões

que há no mundo (II Pe 1.3,4), devem reunir toda

a sua diligência esforçando-se para associar à fé,

Page 95: A segurança eterna da salvação - livro

95

a virtude, o conhecimento, o domínio próprio, a

perseverança, a piedade, a fraternidade e o

amor (II Pe 1.5,6), e prossegue afirmando que

somente pela existência de tais qualidades espirituais e pelo aumento das mesmas, é que os

crentes não serão infrutíferos e nem inativos no

pleno conhecimento de Jesus (1.8); e que os crentes nos quais não estão presentes tais

qualidades, estão cegos e esquecidos da

purificação dos seus pecados antigos (1.10), e

conclui com as seguintes palavras:

“Por isso, irmãos, procurai com diligência cada

vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis

em tempo algum. Pois, desta maneira é que vos

será amplamente suprida a entrada no reino

eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” (II Pe 1.10,11)

Ele está dizendo que se estas coisas estiverem em sua vida e aumentando, você dará frutos e

não irá esquecer se está salvo ou não. Em outras palavras, você se alegrará na certeza da segurança da sua salvação e da sua união real

com Cristo. Inclusive e principalmente pela

constatação das realizações da graça de Deus

através das suas obras, gerando a alegria de perceber a sua frutificação e utilidade real no

reino de Cristo.

Page 96: A segurança eterna da salvação - livro

96

A alegria da certeza da salvação não é meramente intelectual, ela é essencialmente de

caráter prático.

Você saberá pelo testemunho das vidas abençoadas através da sua própria vida, que de fato Cristo tem operado através de você, e é nisto

que se cumpre especialmente o sentido da

exortação à perseverança e à maturidade

espiritual, pelo esforço em diligência em santificação, pelo revestimento das virtudes de

Cristo.

Quem é útil para Cristo e frutifica nEle, não está cego quanto à posição que lhe deu a salvação

pela graça, mediante a fé, porque pela mesma graça e fé, tem dado os frutos visíveis do seu

ministério.

Entretanto, nunca deveremos sequer imaginar que é pela nossa frutificação e utilidade no reino

de Cristo que somos salvos, pois a Palavra é clara em ensinar que a salvação é um dom gratuito de

Deus, e que é um assunto exclusivo de graça e

fé.

Não somos salvos pelas nossas boas obras conforme afirmam as Escrituras.

Necessitamos de perseverança para a

confirmação e o desenvolvimento daquilo que já recebemos, e somente isto. Não temos nada

Page 97: A segurança eterna da salvação - livro

97

para nos gloriar em nós mesmos quanto à nossa

salvação, mas somente na obra realizada por

Jesus Cristo.

Foi nEle e por meio dEle que recebemos uma nova natureza, uma nova vida, que deve ser amadurecida no processo de santificação, mas

até mesmo este amadurecimento procede dEle

e é realizado por Ele, como Mediador da eterna

aliança feita no Seu sangue, e como nosso Sumo Sacerdote exaltado no céu, à direita do Pai. Deus deseja que você tenha a certeza e a alegria

da sua firme segurança em Cristo.

Ele não deseja que você viva duvidando da posição que foi conquistada pela graça, mediante a fé (Rom 5.1,2).

Ele deseja que você tenha alegria nesta confiança de que está a caminho da perfeição do

céu. Ele não quer que você tenha qualquer

sombra de dúvida sobre a sua viva esperança obtida por meio de Cristo.

No entanto a verdadeira certeza da segurança da salvação não é uma mera reflexão racional

sobre a firmeza da nossa posição em Cristo, mas

uma atestação do Espírito Santo com o nosso espírito, que está associada à nossa

perseverança na fé.

Page 98: A segurança eterna da salvação - livro

98

Se estamos vivendo em obediência a Deus e aos seus mandamentos, então o Espírito certifica a

nossa obediência com a infusão da certeza da

segurança da salvação. Isto é uma graça para ser experimentada somente pelos crentes que

obedecem ao Senhor.

A pregação ou ensino que aponta para a certeza da segurança da salvação e não indica o

caminho da perseverança para a confirmação desta certeza, não está de acordo com o ensino

das Escrituras, porque, com isso muitos

poderão ser induzidos a pensarem,

ilusoriamente, que estão na posse de algo que podem não terem obtido de fato, por terem

somente confessado a Jesus como Salvador em

determinado dia de suas vidas, e no entanto,

permaneceram vivendo do mesmo modo que sempre viveram antes da sua alegada

conversão.

É por isso que Deus determinou que busquem a santificação e perseverem, todos os que

declaram terem se convertido a Cristo, para que possam ter a comprovação que de fato Lhe

pertencem. A genuinidade da conversão deve

ser testada, comprovada e confirmada por se

viver em santidade de vida, pois é pelo fruto que se conhece a árvore. Se foi plantada por Deus

dará bons frutos, o que só será possível

mediante a perseverança em santificação. A questão da certeza da segurança da salvação

Page 99: A segurança eterna da salvação - livro

99

não é para ser colocada em termos simplistas

semelhantes a este: “muito bem, se você aceitou

a Jesus você pode e deve gloriar-se no fato de

estar salvo para sempre.”. Não deve ser assim. Isto é parte da verdade. Não em relação à

salvação que é eterna, mas quanto à certeza da

segurança por parte do crente, esta lhe vem e só pode vir pela sua própria perseverança pessoal.

Pelo crescimento em fé, em santificação de sua

vida.

O Espírito Santo somente infunde o sentido da certeza da segurança, que a propósito, é cada vez

maior à medida que perseveramos, quando se está em comunhão com Deus, e esta só é

possível quando se persevera.

Porque a certeza da esperança de que seremos glorificados no porvir é sentida à medida que

somos transformados de glória em glória em nossa caminhada espiritual neste mundo,

porque isto testifica que estamos rumando de

fato para o fim a que fomos predestinados por

Deus, a saber para sermos semelhantes a Cristo (Rom 8.28-30).

Deus é sábio. Chamou-nos muito mais do que para livrar-nos simplesmente do inferno. Isto é

apenas consequência da nossa chamada para

sermos seus filhos, para sermos santos. Sem perseverar na fé, e santificar-se, não podemos

estar atendendo a tal objetivo. Por isso associou

Page 100: A segurança eterna da salvação - livro

100

a certeza da salvação à perseverança, isto é, à

nossa santificação. Se nos santificamos

sabemos que somos salvos pela testificação do

Espírito, se não o fazemos, como diz Pedro em sua segunda epístola (1.9) ficamos cegos, vendo

somente o que está perto, isto é, não podemos

ver e exultar na nossa glorificação vindoura no céu, porque estaremos vivendo segundo a carne

e sem fazer progresso em santificação, e

ficaremos também esquecidos até da

purificação, isto é do perdão dos nossos pecados antigos, anteriores à nossa conversão; pois

podemos discernir adequadamente o pecado

quando perseveramos em santificação.

A salvação é eterna e segura, é exclusivamente pela graça e mediante a fé, mas está associada à

perseverança, porque se diz que o que perseverar até o fim será salvo.

Em todo o Novo Testamento o crente é exortado a perseverar até o fim para a plena certeza da

esperança, e para a convicção da sua

participação de Cristo. Como já comentamos, não é isto a causa da sua salvação, mas o que lhe

dá a certeza de tê-la obtido e de estar vivendo do

modo que seja agradável a Deus (Col 1.10,11; II

Tes 2.15; Heb 2.1; 3.14; 10.23; 35,36).

Todo crente sábio e esclarecido zelará portanto pela sua salvação desenvolvendo-a com temor e

tremor, sabendo que ela é segura e eterna, e não

Page 101: A segurança eterna da salvação - livro

101

há o risco de perdê-la enquanto estiver ciente da

necessidade de perseverança e progresso na fé,

conforme é da vontade de Deus, para a plena

certeza de que permanece na posse de tão precioso dom que lhe foi concedido pela graça,

mediante a fé em Cristo, de uma vez para

sempre, isto é, a partir da sua justificação e regeneração ocorridas na sua conversão e

desde aí, para toda a eternidade.

Nunca devemos esquecer que a nossa justificação e regeneração são irrevogáveis e

irreversíveis, garantindo assim a segurança

eterna da nossa salvação.

A santificação e a perseverança são consequência da salvação e não a sua causa.

A causa da salvação está relacionada exclusivamente à eleição, à redenção, à

justificação e à regeneração, estando tudo isto

associado à misericórdia, à graça e ao amor de Deus, e à fé dos eleitos.

Com a causa (principalmente, eleição e justificação) eu recebi a salvação, e com a

consequência (perseverança) eu simplesmente

mantenho e amadureço o que já recebi pela fé. Agora, algo deve ser dito preliminarmente

sobre a perseverança. Nada se diz na Bíblia sobre

um determinado padrão de perseverança que

mantém a salvação. Ou sobre um determinado

Page 102: A segurança eterna da salvação - livro

102

grau de perseverança. E nem mesmo sobre a sua

forma, isto é, se contínua, intensa, etc. Fala

simplesmente em perseverança e nada mais. E

esta perseverança está principalmente associada à fé, isto é, à não negação de Cristo,

especialmente nas perseguições e tribulações.

Refere-se a não nos envergonharmos dEle e a confessarmos o Seu nome diante de todos os

homens. Em suma, consiste no testemunho da

nossa fé, ainda que isto nos custe danos e

perdas, até da própria vida. Em outras palavras, o que foi salvo deve viver como salvo, o que foi

justificado deve viver como um autêntico

crente.

O crente é chamado a dar prosseguimento ao ministério de Cristo relativo à salvação dos

pecadores, e por isso deve dar testemunho da sua fé, sendo luz e sal para o mundo.

A doutrina que diz que você pode perder sua

salvação, basicamente torna a salvação condicional e põe em dúvida o poder de Cristo

para nos salvar perfeitamente. Em outras

palavras, sua salvação é mantida caso você ache

as condições de mantê-la; isto é, Deus nos salvou, e agora se nós continuarmos a manter o

padrão nós poderemos manter a salvação, mas

se em dado momento nós viermos a cair do

padrão nós a perderemos. Agora não é necessário muita visão para compreender que

isto é basicamente uma perspectiva de justiça

própria decorrente de obras. Em outras

Page 103: A segurança eterna da salvação - livro

103

palavras, você está dizendo realmente que a

salvação é condicional através da ideia que

minhas obras têm que permanecer no padrão

ou eu perderei a minha salvação. Paulo afirma em toda a epístola aos Romanos

que a salvação é pela graça mediante a fé. E isto

implica na justificação do pecador. E que a fé é tudo o que é necessário para se apropriar da

salvação eterna.

Então, quando Paulo afirma nos capítulos 3 e 4 que a salvação é um dom gratuito, que é dada

pela graça de Deus, que é um dom imerecido

dado a pecadores, e que é apropriado pela fé e somente pela fé, e então é nisto que todos os

homens encontram muita dificuldade para

compreenderem a exata extensão desta

verdade. Porque os homens basicamente encontram-se em trabalhos, eles estão dentro

das realizações humanas, em sua justiça

própria. Basicamente, a filosofia dos homens e das religiões do mundo é: eu sou bom, eu sou

religioso, Deus nunca me enviará ao inferno.

Você tem ouvido miríades de vezes: Eu penso

que eu sou uma boa pessoa, eu faço o meu melhor na religião. Eu creio que é por isso que

Deus nunca me condenará.

É muito difícil para as pessoas que têm sido ensinadas e educadas a compreenderem que

elas podem entrar no reino de Deus por serem

boas, ou éticas, ou morais, e particularmente os

Page 104: A segurança eterna da salvação - livro

104

judeus, ouvirem que isto é somente uma

matéria de fé.

É por isso que Paulo sempre cita os judeus em seus argumentos em Romanos sobre a

justificação que é somente pela graça mediante a fé.

Qualquer judeu diria a Paulo: você está certo de que somente a fé é o suficiente para salvar uma

pessoa? Você acha que ela fará todo o trabalho?

Não é necessário viver num determinado padrão? Somente a fé me livrará do grande

julgamento futuro de Deus? E o que mantém

esta salvação pela fé?

É para responder principalmente esta pergunta que o capítulo 5 de Romanos foi escrito. No assunto da salvação tudo é pela graça, tudo é

pela fé.

Mas o cerne da questão se encontra na forma de se entender a doutrina. O fato de ser por graça,

mediante a fé somente, não significa, conforme nenhuma passagem das Escrituras dá apoio a

isto, o fato de se pensar que o crente pode viver

como bem lhe aprouver. Que o crente pode fazer

o que ele desejar.

A graça e a fé salvam para que o crente viva em

santidade de vida, na prática da justiça e das boas obras.

Page 105: A segurança eterna da salvação - livro

105

Em Romanos 5 Paulo apresenta grandes elos da corrente que ligam o crente ao Salvador.

Se estudamos e compreendemos realmente

estes elos, percebemos que estamos ligados a Jesus para sempre. Isto é uma coisa maravilhosa

para se saber. Deus não nos chamou para

vivermos em eterna insegurança, pois se tememos perder a salvação na terra, pelo

argumento do livre arbítrio, continuaríamos a

temer então, para sempre também no céu. O amor lança fora o medo. Somos chamados à certeza, à convicção, de outro modo, a paz com

Deus referida em Romanos 5.1, que obtivemos

pela justificação não poderia ser perfeita. Por isso, a justificação é uma obra acabada e perfeita.

A nossa santificação sempre será uma obra inacabada neste mundo. É por ela que estamos

sendo tornados semelhantes a Cristo. É um

contínuo caminhar. É um progresso em despojar-se do velho homem e revestir-se do

novo. Não há portanto, um padrão definido de

santificação estabelecido por Deus para que em

sendo atingido, poderíamos dizer que estamos salvos. Por isso que se diz que a reconciliação

com Deus foi obtida e será mantida pela nossa

justificação, e não pela santificação.

Uma das coisas que Satanás costuma atacar no crente é este ponto da segurança da sua

salvação. Satanás adora lançar dúvidas sobre

Page 106: A segurança eterna da salvação - livro

106

nossa redenção. É por isso que se diz em Ef 6, que

se coloque o capacete da salvação, e em Tes 5.8

refere-se à couraça da fé e como capacete a

esperança da salvação, e o verso 9 afirma a razão disto: porque o crente não foi destinado por

Deus para a ira, mas para alcançar a salvação por

meio de Jesus. Em outras palavras, o crente não será condenado, mas salvo por Deus. Não está

mais sujeito à ira de Deus, por causa de Jesus. A

esperança da salvação não é incerta, mas

segura. É algo em que o crente deve confiar inteiramente, qual capacete que protege sua

cabeça dos dardos inflamados de dúvidas que

lhes são lançados por Satanás.

Satanás trabalha para que o crente não saiba ou duvide que se encontra firme para sempre

nas mãos de Deus. É impressionante como ele consegue cegar o crente para as afirmações

feitas pelo próprio Jesus, tais como esta que

encontramos em Jo 10.27-29:

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as

conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e

ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo

que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da

mão do Pai ninguém pode arrebatar.”.

O diabo sabe que Ele não poderá ter no inferno a nenhum dos que Jesus genuinamente justificou

e regenerou. Por isso ele trabalha para infundir

Page 107: A segurança eterna da salvação - livro

107

a dúvida no crente, de que pertence realmente a

Deus para sempre. E se Deus o aceita

completamente como filho, apesar de suas

imperfeições e limitações.

O diabo deseja que você creia que de alguma forma, você pode perder sua redenção e ele

soprará sobre você para que se sinta inseguro e

intimidado. Por isso você deve colocar o

capacete da esperança da salvação. Esta esperança significa que você pode aguardá-la

como coisa segura e certa, porque Deus é fiel

para cumprir a promessa de salvá-lo

eternamente e de que ninguém tirará você das mãos de Jesus e das mãos do Pai, como se lê em

Jo 10.27-29.

A própria igreja pode disciplinar um crente excluindo-o da comunhão, e assim ficará sujeito

aos ataques de Satanás que visarão à destruição da sua carne, mas este não poderá causar

qualquer dano ao seu espírito, que será salvo no

dia do Senhor, porque a Palavra afirma que um

genuíno crente (justificado e regenerado) não pode ser mais tocado pelo maligno. Isto é, o

diabo não o terá consigo no inferno.

Mas quantos crentes autênticos desejam ser

entregues a Satanás para destruição da carne? (I Cor 5.5; I Tim 1.20). Quantos almejam ser salvos

como que pelo fogo? (I Cor 3.15).

Page 108: A segurança eterna da salvação - livro

108

Graças a Deus que a graça tem se revelado poderosa e abundante, e são pouquíssimos

aqueles, ao longo de toda a história da igreja, que

caíram, ainda que não definitivamente, de tal forma. Não se deve portanto tratar do assunto da

segurança da salvação pelos que se desviam,

que são pouquíssimos, e que a propósito, muitos se reconciliam com o Senhor, antes da morte,

mas pelos que permanecem firmes na fé,

revelando que nossa salvação é de fato segura

porque é operada pelo Senhor, que nos justificou e regenerou somente por graça e

somente mediante a fé.

A grande questão que se apresenta diante de nós, na igreja, não é tanto a de que se perde ou

não a salvação, mas se conhecemos ou não a

doutrina da justificação pela graça mediante a fé segundo o ponto de vista de Deus, e não do nosso

próprio modo de entender esta verdade das

Escrituras, que é portanto a única verdade de Deus relativa à nossa salvação.

Muitos na igreja têm noções vagas sobre o

assunto da eleição, da justificação, da

regeneração e da santificação, conforme são na verdade, e já reveladas na Palavra, mas ao

mesmo tempo têm também um parecer final

sobre o modo de se obter ou de se manter a

salvação. Todos de uma forma ou de outra, têm sua própria opinião sobre o assunto. Mas a nossa

opinião não pode mudar em nada a verdade que

foi estabelecida por Deus, relativa à nossa

Page 109: A segurança eterna da salvação - livro

109

salvação, antes mesmo que houvesse mundo,

no Pacto eterno havido na Trindade.

Page 110: A segurança eterna da salvação - livro

110

O que é que bem para o qual todas as

coisas contribuirão? (Romanos 8:28)

Vamos dar tanto uma visão negativa e positiva

da questão.

Primeiro vamos vê-lo negativamente. O povo de Deus não deve esperar que todas as coisas que lhes acontecem, devem trabalhar para o seu

bem temporal e prosperidade no mundo. Às

vezes, na verdade, este bem acontece, como

disse José a seus irmãos em Gênesis 50:20: "Vós intentastes o mal contra mim, mas Deus o

tornou em bem". E, como aconteceu com os

israelitas, Êxodo 1:12, "Quanto mais os egípcios

os afligiam, tanto mais se multiplicavam e cresciam." Desse bem o texto pode ser

compreendido; mas não é sempre de se esperar;

porque, a prosperidade externa nem sempre é

boa para o povo de Deus. Nem devem eles esperar que todas as coisas devem trabalhar

para este bem de isenção absoluta do pecado,

enquanto eles estão aqui. Deus vê o bem que se

ajusta ao viver pela fé, na melhoria diária em Cristo, para purgar o pecado. Também não é de

se esperar que todas as coisas contribuirão para

a sua liberdade absoluta de perdas e cruzes do

mundo; porque não é bom para nós estarmos sem elas, e elas fazem parte, dessas coisas que

trabalham para o nosso bem. Também não é de

se esperar que cada coisa deve funcionar para o

bem que temos em vista; mas para o bem que

Page 111: A segurança eterna da salvação - livro

111

Deus tem em vista, cujos pensamentos são

infinitamente maiores do que os nossos

pensamentos. Mas então, em segundo lugar,

vamos considerar o ponto sob uma forma positiva. Podemos esperar que todas as coisas

contribuam juntamente para o nosso bem

espiritual e bem-estar eterno. Gostaríamos de apresentar isso em alguns detalhes.

1. Todas as coisas devem trabalhar em conjunto para promover o nosso conhecimento e

familiaridade com Deus em Cristo, e

certamente este é um bem notável! "Esta é a vida

eterna, conhecer a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:3).

Agora, todas as coisas devem contribuir para

fazer os santos conhecerem mais e mais da

sabedoria de Deus em mistério, mesmo a sabedoria oculta que Deus ordenou antes dos

séculos para nossa glória; "Mas falamos a

sabedoria de Deus em mistério, a sabedoria oculta que Deus ordenou antes dos séculos para

nossa glória” (1 Cor 2:7). E para possibilitar a

todos os homens verem, qual seja a dispensação

do mistério, que, desde o início do mundo, esteve oculto em Deus, Ele criou todas as coisas

por Jesus Cristo, para a intenção que agora, aos

principados e potestades, nos lugares celestiais,

possa ser conhecida, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus, Efésios 3:9, 10. Para que,

segundo o apóstolo, em Rom 11:33, eles possam

ficar no lado deste oceano, e clamar: "Ó

Page 112: A segurança eterna da salvação - livro

112

profundidade da riqueza, tanto da sabedoria e

do conhecimento de Deus! Quão insondáveis

são os seus juízos e os seus caminhos

inescrutáveis!" e que, por todas as coisas, eles possam vir a conhecer mais do poder, santidade,

justiça, verdade, bondade e glória de Deus em

Cristo. Nós usamos dizer "a experiência ensina tolos." Certamente não há um santo experiente,

mas vamos encontrar, que por todas as coisas

boas e as coisas ruins com que eles têm sido

visitados, por todas as várias vicissitudes e mudanças de providência, eles chegam a ver

mais de Deus do que viram antes.

2. Todas as coisas contribuirão para a sua participação da imagem de Deus, em um maior

grau; e certamente isso é bom; e é provocado

pelas promessas de Deus, 2 Pedro 1:4. Por aqueles dos quais é dito que são participantes da

natureza divina, e também, pelas providências

de Deus, particularmente disciplinados; "Ele nos corrige para nosso proveito, para sermos

participantes da sua santidade", Hebreus 12:10.

3. Todas as coisas devem trabalhar para a sua purificação adicional: eles deverão purgar

algum desejo particular e corrupção; "Por isso se

expiará a iniquidade de Jacó, e este será todo o fruto de se haver tirado seu pecado; Isaías 27:9.

Este é um bem desejável, qualquer que seja a

dispensação que contribua para o efeito.

Page 113: A segurança eterna da salvação - livro

113

4. Todas as coisas devem trabalhar em conjunto para promover a comunhão e comunhão com

Ele; tudo o que se ouviu, ou viu, ou se sentiu da

palavra de Deus, ou da vara de Deus, contribui para este bem final de "nossa comunhão é com o

Pai e com seu Filho Jesus Cristo," (1 João 1:3). Nós

podemos ir a Deus com ousadia, pelo sangue de Jesus; e comunicar o próprio segredo de nossas

almas para Ele, e encontrá-lo comunicando os

segredos da sua aliança para nós.

5. Todas as coisas cooperam para a sua futura humilhação; e isso é bom, na verdade; "Que te

guiou por aquele grande e terrível deserto de serpentes ardentes, e de escorpiões, e de terra

seca, em que não havia água", há aqui uma

súmula das coisas más que lhes acontecera; mas

segue, "e tirou água para ti da rocha pederneira; que no deserto te sustentou com maná, que teus

pais não conheceram; para te humilhar, e para

te provar", há uma súmula de coisas boas que lhes acontecera; bem, mas qual era o fim e

desígnio de todas estas coisas? Porque, segue-

se: "para te humilhar, e para te provar, para no

fim te fazer bem;” (Deuteronômio 8:15, 16). É bom ser humilhado e ter baixos pensamentos de

nós mesmos; porque somos aptos a dizer em

prosperidade que nossa montanha está forte, e

nós nunca seremos abalados; nós pensamos, com Pedro, que somos capazes de sofrer com

Cristo, e para fazer grandes coisas para ele; ou

com os filhos de Zebedeu, que somos capazes de

Page 114: A segurança eterna da salvação - livro

114

reinar com Cristo: mas precisamos ser

humildes e ser provados, para que saibamos o

que somos.

6. Todas as coisas cooperam para a sua futura consolação; e este é um bem desejável; se Deus, por acaso, com tudo o que lhes acontece,

transmitir algumas alegrias e conforto do seu

Espírito, se ele lhes trouxer para a montanha ou

para o deserto: este bem final deve ser alcançado no tempo do Senhor. Quando ele os

leva para seu santo monte, então ele os alegra

em Sua casa de oração, Isaías 56:

7. Quando ele os leva para o deserto, então ele fala confortavelmente com eles, Oseias 2:4. Sim, ele mesmo lhes dá o vale de Acor por porta de

esperança, e os faz cantar lá; e como seus

sofrimentos são abundantes, torna abundante a

sua consolação, 2 Coríntios 1: 4, 5.

Todas as coisas cooperam para o bem deles, até mesmo para promover sua vida de fé, para que

saibam mais o que é viver pela fé no Filho de

Deus, Gálatas 2:20. O senhor adiciona às nossas

doces refeições, um pouco de molho azedo para ajudar a digestão, a fim de que possamos viver,

não por sentido, mas pela fé; na prosperidade

falamos de viver pela fé, e escurecer o conselho

muitas vezes com palavras sem conhecimento; mas na adversidade, chegamos a ter o

conhecimento prático do que é viver pela fé. E,

Page 115: A segurança eterna da salvação - livro

115

de fato, isto é uma dispensação feliz e abençoada

que tende ao enraizamento de uma alma ainda

mais em um Cristo crucificado, e para a vida em

cima de uma promessa, quando não há nenhum suporte visível em todo o mundo em que se

possa apoiar; isso é claramente crer.

8. Todas as coisas cooperam para promover sua submissão à vontade de Deus, e um santo

contentamento em todas as circunstâncias, para que possam aprender com Paulo,

Filipenses 4:11, 12, a se contentar em todos os

estados; e saber como ser humilhado, e como

ser honrado; e dizer: "Eu posso fazer todas as coisas através de Cristo que me fortalece." Eu

posso receber censura, bem como honra e

estima; uma prisão, bem como um palácio, uma

pedra dura para repousar minha cabeça, bem como um travesseiro macio; embora eu louve,

bem como os outros, e bendiga ao Senhor por

uma acomodação confortável e dispensações favoráveis, quando Deus permite que isto seja

negado, permaneço contente: "Vamos receber

coisas boas da mão do Senhor, e não

receberemos o mal?" Oh senhores, como é bom sermos forjados para essa disposição!

9. Todas as coisas cooperam para promover sua espiritualidade, para o desmame de seus

corações do mundo, e elevando suas afeições às

coisas celestiais, de modo que eles possam ter

menos do espírito do mundo, e mais do Espírito

Page 116: A segurança eterna da salvação - livro

116

de Cristo habitando em seus corações: I Pedro

4:12,13 - "Amados, não estranheis a ardente

prova que vem sobre vós para vos tentar, como

se coisa estranha vos acontecesse;

Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na

revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.”

O próprio Espírito de Deus confortará e apoiará

com a esperança da glória a ser revelada. Oh! que coisa boa é esta de ter o bom Espírito de

Deus, o Espírito glorioso de Deus!

10. Todas as coisas cooperam para promover sua preparação para o céu; nada deve impedir, mas

sim promover o seu curso em direção ao céu. Como todas as dispensações que operam para

terem mais do Espírito, das quais nosso apóstolo

fala no contexto anterior; assim também, elas

trabalham para acelerar seu progresso em direção ao céu, como se depreende da

linguagem triunfante do apóstolo no seguinte

contexto, no fim do capítulo, versos 35-39,

"Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a

fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?

Como está escrito: Por amor de ti somos

entregues à morte todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas

estas coisas somos mais do que vencedores, por

aquele que nos amou. Porque estou certo de

que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos,

Page 117: A segurança eterna da salvação - livro

117

nem os principados, nem as potestades, nem o

presente, nem o porvir, nem a altura, nem a

profundidade, nem alguma outra criatura nos

poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor."

Em uma palavra, como não haveria um fim para falar de todas as coisas que funcionam em

conjunto para o bem daqueles que amam a

Deus; assim também, não há um fim para falar de todo o bem que todas as coisas trabalham em

seu nome. O Deus que tem todas as coisas sob

seu comando faz com que todas trabalhem para

o bem, e faz com que até mesmo as piores coisas contribuam para o melhor proveito. Herodes e

Pilatos, os judeus e gentios, combinados para

crucificar Cristo, "O Senhor da glória", Atos 2:23.

Aqui está a pior coisa que já foi feita; mas, eis o ato da livre graça e sabedoria profunda de Deus,

que fez este trabalho ser o maior bem que

sempre existiu. Temos um exemplo de todas as outras coisas que trabalham para o bem do povo

de Deus, até mesmo a ira e a fúria dos homens e

demônios, contrariamente a seus projetos, que

trabalham para a sua felicidade; e a própria morte, contrariamente à sua natureza, trabalha

para a sua vida eterna.

Texto de Ralph Erskine, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.

Page 118: A segurança eterna da salvação - livro

118

Os Verdadeiros Santos Quando Ausentes

do corpo Estão Presentes com o Senhor

“Temos bom ânimo, mas desejamos antes estar

ausentes deste corpo, para estarmos presentes com o Senhor.” (2 Coríntios 5.8)

O apóstolo está dando nesta passagem uma razão pela qual ele passou com tanta ousadia e

firmeza, através de tantos trabalhos,

sofrimentos e perigos em sua vida, a serviço de seu Senhor.

Paulo informa aos cristãos de Corinto, a razão pela qual ele agiu assim, pois acreditava

firmemente nas promessas que Cristo tinha

feito a seus servos fiéis de um futuro glorioso e uma recompensa eterna, e sabia que estas

aflições presentes eram leves, e apenas

momentâneas, em comparação com este

excedente e eterno peso de glória.

Entre as muitas observações úteis que podem ser levantadas a partir do texto, vou apenas

neste momento insistir naquela que se encontra

mais claramente diante de nós – que as almas

dos verdadeiros santos, quando eles deixam os seus corpos na morte, vão estar com Cristo - e

eles vão estar com Cristo, nos seguintes

aspectos:

Page 119: A segurança eterna da salvação - livro

119

I. Eles vão morar na mesma morada abençoada com a natureza humana glorificada de Cristo.

A natureza humana de Cristo está ainda em existência. Ela ainda continua, e continuará por

toda a eternidade, para ser Deus e homem. Toda a sua natureza humana permanece: não

somente a sua alma humana, mas também o

corpo humano. O Seu corpo que ressuscitou dos

mortos está exaltado e glorificado à direita de Deus - o que estava morto agora está vivo, e vive

para sempre.

II. As almas dos verdadeiros santos, quando eles deixam seus corpos na hora da morte, vão estar

com Cristo, e eles terão uma visão imediata, completa e constante dEle.

Quando estamos ausentes de nossos queridos amigos, eles estão fora de vista; mas quando

estamos com eles, temos a oportunidade e

satisfação de vê-los. Assim, enquanto os santos estão no corpo, estão ausentes do Senhor - Ele

está, em vários aspectos fora da vista: "A quem

não tendo visto, amais;” (I Pe 1.8).

Eles verão a Sua glória. Eles verão a glória de Sua natureza divina, consistindo em toda a glória da Divindade, a beleza de todas as suas perfeições;

Sua grande majestade, onipotência, infinita

sabedoria, santidade e graça, e eles verão a

beleza de sua natureza humana glorificada, e a

Page 120: A segurança eterna da salvação - livro

120

glória que o Pai lhe deu, como Deus-homem e

Mediador. Por isso, Cristo desejava que seus

santos estivessem com Ele, para que eles

pudessem contemplar a Sua glória.

E quando as almas dos santos deixam seus corpos, para ir estar com Cristo, eles

contemplam a maravilhosa glória da Sua grande

obra de redenção, e a forma gloriosa de Sua

salvação. Agora, enquanto no corpo, os santos veem algo da glória e do amor de Cristo; como

nós, no alvorecer da manhã, vemos algo da luz

refletida do sol misturada com trevas; mas

quando separados do corpo, eles veem a Sua glória, como vemos o sol quando mostra todo o

seu brilho, estando acima do horizonte.

III. As almas dos verdadeiros santos, quando ausentes do corpo irão ficar com Jesus Cristo,

numa união mais perfeita.

Essa visão perfeita abolirá todos os restos de deformidade, desacordo, e dessemelhança

pecaminosa.

(Nota do tradutor: Uma das maiores evidências de que quando o espírito do que é santo, deixa o

corpo – e este último morre – indo o espírito habitar com Deus, se encontra na própria

fragilidade de todo o tipo de vida natural, que

habita a terra, aí incluído o corpo humano,

porque carne e sangue não podem herdar a

Page 121: A segurança eterna da salvação - livro

121

glória do reino do céu, que é eminentemente

espiritual e sobrenatural. Dizemos que é nisto

que se encontra a melhor evidência porque

sendo Deus eterno e o criador de tudo o que vive, não poderia ter feito o homem à sua imagem e

semelhança em Jesus Cristo, para que este

deixasse de existir depois da morte física, de modo que toda a criação daria no final em um

grande nada, e o viver e tudo o que se fizesse

neste mundo estaria totalmente fora de

propósito, e sabemos que Deus tem em todas as coisas um propósito útil e eterno.

De maneira que temos aqui neste mundo o nosso corpo como um mero receptáculo do

espírito, uma semente que está destinada a

morrer para que dela brote a vida do corpo

glorificado que não pode ser ferido nem destruído, diferentemente do corpo humano

terreno que, já no princípio da criação, revelou a

sua fragilidade com a morte de Abel por seu irmão Caim. Então não havia da parte de Deus a

intenção que este nosso corpo de carne e osso

vivesse para sempre alcançando a eternidade.

Isto será possível somente ao corpo glorificado que todos os autênticos crentes receberão por

ocasião do arrebatamento da Igreja por nosso

Senhor Jesus Cristo.)

Citações de um sermão de Jonathan Edwards, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.