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A nossa Amiga Joanna de Angelis nos diz: “A agressividade é doença da alma que deve merecer cuidados muito especiais desde a infância, educando-se o iniciante na experiência terrestre, de forma que possa dispor de recursos para vencer a inferioridade moral que traz de existências transatas ou que adquire na convivência doentia da família…”
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SUMÁRIO
1. Introdução...................................................................................................... 1
1.1 A “Árvore da Violência” ............................................................................. 1
1.2 A Violência na Sociedade – Quadro Atual – Ótica Espiritual .................... 3
2. A Violência e o Evangelho ............................................................................ 7
2.1 A Violência e as Bem-Aventuranças .......................................................... 7
2.2 A Violência e a espada de Pedro ............................................................... 10
2.3 A Violência e o apedrejamento da Adultera ............................................. 13
2.4 A Violência e o Soldado agressor ............................................................. 19
2.5 A Violência e a Crucificação do Cristo .................................................... 21
2.6 A Não Violência, a Paz e Francisco de Assis ........................................... 27
2.6.1 Francisco de Assis Ontem e Hoje ............................................................. 28
2.6.2 Francisco de Assis e a Carta Magna da Paz – A Oração pela Paz ............ 31
2.6.3 Marcos da busca pela Paz – Cronologia – Século XX .............................. 37
3. A Violência na Sociedade – Aspectos Materiais e Sociológicos .............. 41
3.1 Violência – Conceitos ............................................................................... 41
3.2 Tipologia da Violência .............................................................................. 43
3.3 A Natureza dos atos Violentos .................................................................. 45
3.4 As Raízes da Violência – um modelo Ecológico - OMS .......................... 46
4. A Violência na Sociedade – Aspectos Espirituais e Morais – A “raiz” da Violência ............................................................................................................. 50
4.1 Violência – Conceitos ............................................................................... 50
4.2 Violência – Qual a Raiz? ........................................................................... 52
4.3 Violência – Principais causas Morais e Espirituais .................................. 54
4.3.1 Ausência do desenvolvimento do Senso Moral ........................................ 54
4.3.2 Preponderância do Egoísmo/Orgulho/Inveja ............................................ 55
4.3.3 A Ressonância do Sofrimento na Vida ..................................................... 58
4.4 As Raízes da Violência – um modelo Espiritual - ACS ............................ 61
4.4.1 Modelo Espiritual da Violência – Fundamentos ....................................... 61
4.4.2 Modelo Espiritual da Violência – Estrutura e Dinâmica .......................... 63
5. A Violência na Sociedade – Aspectos Sociais e Espirituais – O “adubo” da Violência ........................................................................................................ 67
5.1 A Desestruturação Familiar ....................................................................... 69
5.1.1 Pais desajustados ....................................................................................... 71
5.1.2 Pais Invigilantes ........................................................................................ 73
5.1.3 Pais Agressivos ......................................................................................... 75
5.1.4 Pais Insensíveis ......................................................................................... 76
5.2 A Falência da Moral e Ética Religiosa e Educacional .............................. 78
5.2.1 Religiosa .................................................................................................... 78
5.2.2 Educacional ............................................................................................... 81
5.3 A Transição Planetária .............................................................................. 84
5.4 Os descontroles da Ciência e da Tecnologia ............................................. 87
5.5 As deficiências da Justiça e das Leis ........................................................ 92
5.6 Desequilíbrio das Mídias Sociais .............................................................. 94
6. A Violência na Sociedade – Tipos/Consequências Principais – Os “frutos” da Violência ........................................................................................ 97
6.1 Violência Familiar/Mulher/Idoso/Infantil ................................................. 98
6.2 Violência Moral/Ética ............................................................................. 100
6.3 Violência Íntima/Espiritual/Obsessiva .................................................... 101
6.3.1 Violência Interna/Íntima/Endógena – Auto-obsessão Espiritual ............ 101
6.3.2 Violência Externa/Íntima/Exógena – Obsessão Espiritual ..................... 105
6.4 Violência do Tecnicismo e do Materialismo .......................................... 108
6.4.1 Violência do Desemprego ....................................................................... 108
6.4.2 Violência do Materialismo ...................................................................... 110
6.5 Violência Social/Urbana/Política ............................................................ 112
6.5.1 Violência da Fome .................................................................................. 115
6.5.2 Violência da falta de Moradia ................................................................. 118
6.5.3 Violência da falta de Assistência à Saúde ............................................... 120
6.5.4 Violência do Analfabetismo .................................................................... 122
6.6 Violência Cibernética/Virtual/Digital ..................................................... 124
7. A Violência na Sociedade e em Você – O Que Fazer? Como “podar” a árvore da Violência ......................................................................................... 128
7.1 Orar e implementar o Evangelho no Lar ................................................. 130
7.2 Cultivar a Paciência e a Benevolência .................................................... 133
7.3 Exercitar o Silêncio e a Serenidade ......................................................... 135
7.4 Ponderar e Meditar .................................................................................. 138
7.5 Agir com equilíbrio e exercer um Trabalho Fraterno ............................. 141
7.6 Combater o Materialismo e o Egoísmo ................................................... 145
7.7 Fortalecer a Educação e a União Familiar .............................................. 147
7.8 Identificar e lidar com os “sintomas” da Violência ................................ 150
7.9 Implementar exercícios de Autocontrole ................................................ 156
8. A Violência na Sociedade e em Você – Exemplos .................................. 162
8.1 Em torno da Paz – Humberto de Campos ............................................... 162
8.2 Violência – Augusto Cezar Netto ........................................................... 164
9. Referências ................................................................................................. 166
1 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
1. Introdução
1.1 A “Árvore da Violência”
“Porque não é boa a árvore a que dá maus frutos, nem má a árvore a que dá bons frutos.
Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu fruto. Porque nem os homens colhem figos dos espinheiros, nem dos abrolhos vindimam uva”.
Lucas, 6: 43–45 Allan Kardec – Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 21 – Itens 1 a 3 – Conhece-se a
árvore pelos frutos. “Por seus frutos os conhecereis.”
Jesus (Mateus, 7:16) Árvore alguma será conhecida ou amada pelas aparências exteriores, mas sim pelos
frutos, peja utilidade, pela produção.
Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 7 – Pelos Frutos
Na raiz da Violência encontra-se a falta de desenvolvimento do senso moral, que o
Espírito aprimora através da educação, do exercício dos valores éticos, da amplitude de
consciência.
Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência
Toda violência é explosão de energia, cujos resultados ninguém pode prever.
Pela brecha da irritação, caímos sem perceber nos mais baixos padrões vibratórios,
arremessando, infelizes e incontroláveis, os raios da destruição e da morte que, partindo de
nós para os outros, volvem dos outros para nós, em forma de angústia e miséria, perseguição
e sofrimento.
Emmanuel – Semeador em tempos novos – Cap. 13 – Um minuto de cólera
O Homem moderno, que conquistou a Lua e avança no estudo das origens do Sistema
Solar, incursionando pelos outros planetas, não conseguiu conquistar-se a si mesmo.
Logrou expressivas vitórias, sem alcançar a paz íntima, padecendo os efeitos das
conquistas tecnológicas sem os correspondentes valores de suporte moral.
Cresceu na horizontal da inteligência sem desenvolver a vertical do sentimento
elevado.
Bezerra de Meneses – Nas Fronteiras da Loucura – Cap. 9 – O Problema das Drogas
2 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Entre as metodologias mais interessantes para desenvolver um projeto de trabalho, encontra-se a “Árvore de Problemas”, que é composta por diagramas que analisam um problema do ponto de vista das causas que o criam e tem como objetivo encontrar as causas dos problemas para desenvolver projetos que as eliminem
O foco nas consequências do problema apena mascara a sua resolução. Daí a importância aplicativa da metodologia “Árvore de Problemas” que auxilia e tem como fulcro a definição do que é causa e do que é consequência de um problema.
(...) Outras ferramentas que atingem resultados similares à Árvore de Problemas são conhecidas em especial na área de administração de empresas, entre elas o Brainstorming para a geração de ideias, Diagrama de causa-e-efeito, etc.
(...) Em seu enfoque aos problemas, a Árvores de Problemas auxilia na determinação do foco da intervenção, podendo ser definida como uma metáfora, em que a ilustração gráfica mostra a situação-problema representada pelo tronco, as principais causas são representadas pelas raízes e os efeitos negativos que ela provoca na população-alvo do projeto são os galhos e folhas. A metáfora da árvore auxilia a visualização das fases de construção dessas ferramentas/instrumentos. Cecília Maria Carvalho Soares Oliveira – Universidade Federal de São Paulo – Projeto de
Intervenção associado à Árvore de Problemas – Cap. – Árvore de Problemas – aspectos teóricos
A “árvore da violência” tem raízes, caule e frutos que precisam ser conhecidos e avaliados adequadamente sob os aspectos morais, sociais e espirituais para serem adequadamente compreendidos e tratados, para propiciar que a sombra desta “árvore” não mais encampe e obscureça o progresso pessoal e coletivo da Terra, nesta passagem de um Mundo de Provações para um Mundo de Regeneração, aonde tal “árvore” não mais se fará presente.
Adalberto Coelho
3 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
1.2 A Violência na Sociedade – Quadro Atual – Ótica Espiritual
Sem dúvida, são turbulentos os dias da atualidade, em que, genericamente, vem desaparecendo o sentido existencial, senão as contínuas cargas de pessimismo e violência comprometidas com a destruição do ser integral e pleno em pensamento e atitude.
(...) Esse tem sido o mundo das irrisões e das aparentes glórias da cultura e da civilização, em que os índices de morte pela fome, pelo abandono, pelas doenças e agora pela pandemia assustam qualquer pessoa de médio equilíbrio emocional.
Manoel Philomeno de Miranda – No Rumo do Mundo de Regeneração – Introdução Quando a sociedade se desorganiza, os valores ético-morais encontram-se em
decadência, por haverem perdido ou desvirtuado os seus conteúdos valiosos de sustentação. As Instituições, por isso mesmo, neste momento experimentam desequilíbrio, e o
respeito pelo homem, pela sua dignidade, pela vida, cede lugar à agressão, aos desajustes, ao crime, à desonra, que assumem proporções perturbadoras. Infelizmente tem sido assim, em todas as épocas do processo histórico da Civilização.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 2 O amor está frio nos sentimentos da maioria dos homens e as doenças do ódio, do
absolutismo do poder coletivo e individual contaminam os seres humanos, ameaçando-os de extinção numa guerra total.
Joanna de Angelis – Terapêutica de Emergência – Introdução São tempos difíceis e definidores, esses tempos atuais. São oportunidades para que as almas encarnadas na Terra possam escolher de que lado
anelam ficar, se na luz, se nas sombras; se anseiam pelos altos cimos espirituais, ainda que com esforços inauditos, ou se preferem a aridez dos apetites baixos que infernizam os indivíduos de má vontade.
Em todo lugar onde se instalaram os quartéis-generais da violência, em guetos de sordidez, perante o comodismo e mesmo a complacência de autoridades constituídas para proteger as populações, e diante da inépcia dos processos educacionais de má qualidade, não são poucos os que se armam de diversas formas, a fim, dizem, de protegerem-se e proteger seus familiares e pertences.
Imprevidente iniciativa essa, a de armar-se o indivíduo, objetivando defender-se, pois, para defender-se com qualquer arma, terá que investir contra outra pessoa, realizando a justiça que não lhe cabe efetuar.
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 25 – Jesus ante o temor da violência
4 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Entre as expressões do primarismo, no mercado das paixões humanas, destaca-se com
realce a violência, espalhando angústia e dor.
Remanescente dos instintos agressivos, ela estiola as mais formosas florações da vida,
estabelecendo o caos.
Em onda volumosa arrasa, deixando destroços por onde passa, alucinada.
Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência
Dos temas que hão atormentado a consciência do mundo, a violência tem tido grande
destaque, máxime nestes tempos de frieza, de insensibilidade, como se as pessoas estivessem
atuando sob efeitos narcóticos, hebetadas, sem definir os próprios rumos, ou, por outro lado,
estivessem às pressas, esfogueadas por ânsia doentia de consumo, de possuir, de ajuntar todas
essas coisas que nenhuma utilidade terão para o espírito imortal.
A violência vai se fazendo mais e mais aterradora, na medida em que não se limita aos
noticiários policiais, às mídias, mas penetra o cotidiano das pessoas como um pão amaro
que todos devessem comer na sua ração diária de desgostos.
Ao mesmo tempo em que a propaganda da violência instiga as almas enfermas e
inseguras a perpetra-la, as ações violentas dessas almas alimentam o noticiário como uma
cadeia de misérias de todos os níveis que se realimentassem, entenebrecendo o mundo que
estertora.
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – As várias faces da Violência
A pessoa que se esforça para se tornar pacífica tem pela frente muitas lutas e refregas,
considerando-se o atual estágio que a humanidade atravessa, caracterizado pela violência,
pela agressividade e pelas paixões dissolventes que ganham campo no comportamento geral
aceito sem muita discussão.
Em todo lugar apresentam-se os atentados à paz, à ordem, ao dever, gerando
conturbação e desequilíbrio, de tal forma que o volume das aberrações e monstruosidades
transforma-se em um peso emocional muito grande na conduta coletiva, estressando e
deprimindo os temperamentos mais vulneráveis, enquanto outros se atiram no sorvedouro do
desespero.
A violência se arma de ódio e incendeia guerras de destruição, enquanto a paz desarma
o indivíduo, fortalecendo-o para não temer em situação alguma e confiar sempre no triunfo que
conseguirá mediante a incessante busca do bem.
Joanna de Angelis – Diretrizes para o Êxito – Cap. 5 – Pacifismo
5 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Vivem-se, na atualidade, os dias de descontrole emocional e espiritual no querido orbe
terrestre.
O tumulto desenfreado, fruto espúrio das paixões servis, invade quase todas as áreas do
comportamento humano e da convivência social.
Desconfiança sistemática aturde as mentes invigilantes, levando-as a suspeitas
infundadas e contínuas, bem como a reações doentias nas mais diversas circunstâncias.
A probidade cede lugar à avareza, enquanto a simpatia e a afabilidade são substituídas
pela animosidade contumaz.
As pessoas mal suportam-se umas às outras, explodindo por motivos irrelevantes, sem
significado.
Explica-se que muitos fatores sociológicos são os responsáveis pelas ocorrências
infelizes.
Apontam-se a fugacidade de todas as coisas, a celeridade do relógio, o medo, a solidão
e a ansiedade, como responsáveis pela frustração dos indivíduos, gerando as situações
agressivas que os armam de violência e de perversidade.
(...) Aumenta, assustadoramente, a agressividade, nestes dias, nos grupos humanos,
sem que haja um programa de reequilíbrio, de harmonização individual ou coletiva.
Trata-se de uma guerra não declarada, cujos efeitos perniciosos atemorizam a sociedade.
(....) A civilização contemporânea periclita nos seus alicerces materialistas, ameaçada
pela agressividade e pelo desrespeito moral que assolam sem freio.
(...) A rigor, com as nobres exceções existentes, a sociedade moderna encontra-se
enferma gravemente, necessitando de urgentes cuidados, que o sofrimento, igualmente
generalizando-se, conseguirá, no momento próprio, oferecer a recuperação, o reencontro com
a saúde após a exaustão pelas dores…
Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Agressividade (15/03/2010)
A Humanidade já experimentou o ódio, as guerras, o exercício da prepotência na vã
expectativa de viver em harmonia entre si, nada conseguiu com essas práticas, a não ser
solidificar a sua beligerância, infelicitando-se.
Por que não experimentarmos, agora, o amor para construir esse estado de felicidade e
bem-estar espiritual, vivendo em paz consigo e com os demais?
A saga, portanto, é transformar a violência em ternura, é silenciar o rancor, é passar
incompreendido, de vista baixa, porque o coração está eivado da certeza de que o bem triunfa.
6 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A Humanidade necessita de paz. Nunca a necessitamos tanto quanto hoje.
A Paz é Deus nos corações humanos.
Só há sofrimento porque há apego a coisas, pessoas e situações.
Não basta não ser violento, é necessário ser pacífico, tendo a caridade como móvel
da vida.
Desenvolver uma cultura de paz, mais do que necessário, é um dever do homem atual,
começando pela família, repercutindo-a na escola, nas ruas, gerando gentileza, brandura e
serenidade.
A Paz deixou de ser somente um substantivo, para se tornar um verbo, já constante
nos dicionários, indicando que, para se ter paz, será necessário agir.
O homem deve viver de tal forma que o mal dos maus não lhe faça mal, mas que o bem
dos bons produza harmonia e progresso espiritual.
Divaldo Franco – Revista Presença Espírita – 2018 – Março – Movimento Você e a Paz – 20
anos
7 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2. A Violência e o Evangelho
2.1 A Violência e as Bem-Aventuranças
“Bem-aventurados os Pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus”. Jesus – Mateus 5:9 – As Bem-Aventuranças
“Bem-aventurados os Mansos, porque eles possuirão a Terra”. Jesus – Mateus 5: 4 – As Bem-Aventuranças
Por essas máximas, Jesus estabeleceu como lei a doçura, a moderação, a mansuetude, a
afabilidade e a paciência. E, por conseqüência, condenou a violência, a cólera, e até mesmo toda expressão descortês para com os semelhantes. Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 9 – Bem Aventurados os Mansos
e Pacíficos – Item 4 Paz no coração e paz no caminho. Bem-aventurados os pacificadores — disse-nos Jesus —, de vez que todos eles agem na
vida, reconhecendo-se na condição de fiéis e valorosos filhos de Deus. Emmanuel – Ceifa de Luz – Capítulo 19– No erguimento da Paz
Nas Bem-Aventuranças do Evangelho o homem vence a sua natureza animal,
entroniza a brandura que emana do Amor divino e atinge a mansidão vivida pelo Senhor no Evangelho: Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração. (Mateus, 11:29.)
Mário Frigéri – Revista Reformador – 2015 – Dezembro – As Bem-Aventuranças do Evangelho
Efetivamente, precisamos dos artífices da inteligência, habilitados a orientar o progresso
das ciências no planeta. Necessitamos, porém, e talvez mais ainda, dos obreiros do bem, capazes de assegurar
a Paz no mundo. Não somente daqueles que asseguram o equilíbrio coletivo na cúpula das nações, mas de quantos se consagram ao cultivo da Paz no cotidiano.
Emmanuel – Ceifa de Luz – Cap. 19 – No Erguimento da Paz Ele, porém, o Príncipe da Paz, que nascera na manjedoura, passou entre os homens,
sem distintivos e sem palácios, sem ouro e sem legiões. É por isso que, volvidos quase vinte séculos, ao recordar-lhe a suprema renúncia,
saudamo-lo em profunda reverência, ainda hoje: — Ave Cristo! Os que aspiram vencer a treva e a animalidade em si mesmos, a favor
da verdadeira Paz sobre a Terra, te glorificam e te saúdam. Vianna de Carvalho – Comandos do Amor – Cap. 1 – Ante o Príncipe da Paz
8 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Em razão de Jesus representar o ideal dos sofredores e atrair as multidões, seria o
condutor ideal para a guerra, a fim de tomar reais as profecias aguardadas, por cujo
cumprimento se ansiava com carinho e quase desesperação.
Sem embargo, Ele se apresentava pacífico e pacificador.
Mais ovelha do que lobo devorador.
A Sua transparência moral desvelava-Lhe a alma pura.
O Seu discurso propunha que o cordeiro e o leão bebessem na mesma fonte e se
ajudassem; que a pomba e a águia voassem juntas, confraternizando à luz do dia; que os cardos
se abrissem em flor e nenhuma sombra de suspeita ou malquerença empanasse a e claridade do
afeto entre os homens.
(...) O Líder era poeta ...
Seu verso era musical e Sua palavra modulava a canção da vida eterna.
As anteriores haviam sido vozes extremadas pela ambição guerreira e argentária.
Fomentando as conquistas das coisas e dos espaços, de terras e ruínas calcinadas, alienavam os
vitoriosos que tombavam, mais tarde, vitimados pela morte, na loucura do poder, sobre os
vencidos silenciosos.
Com Ele não havia morte, sempre vida em triunfo.
A Sua era a batalha sem trégua para a conquista da glória sem fim.
Não padecem os homens somente a fome de verdade, mas, também, a de pão e de
dignidade; não apenas a sede de justiça, porém, igualmente, a de água potável, a de fraternidade
e a de apoio; não tanto a carência de amor, todavia, a de amizade e a de compreensão; não só a
necessidade de paz política lavrada com audácia nos gabinetes de luxo, por criaturas
atormentadas que armam acordos externos sob restrições e conflitos íntimos, no entanto, além
disso, aquela. que se irradia dos sentimentos elevados, fruto de uma consciência tranquila, que
resulta de um comportamento ordeiro e digno.
As bem-aventuranças ainda permanecem desafiadoras, aguardando serem
meditadas, para que, vividas, conduzam da Terra o homem, lutador e sofrido, na direção excelsa
do "Reino dos Céus", que, no entanto, já tem início hoje, aqui e agora, no mundo transitório por
onde deambula.
Impressa nas páginas sublimes do tempo passado-presente-futuro, a Constituição ideal
permanece como legítimo código de liberdade, de direitos, de deveres e de paz sob a inspiração
permanente do amor, que é a linha mestra desta Carta de alforria para a Humanidade.
Amélia Rodrigues – Revista Reformador – 1987 – Outubro – A Carta Magna
9 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
O Mestre Galileu atua, desenvolve a Sua missão, nos idos distantes da Sua época e,
compreendendo importância da magnifica virtude para avida humana, assevera, sensibilizado:
“Deixo-vos a Paz, a minha Paz vos dou, mas não vo-lo dou como a dá o mundo”.
Em verdade, a paz é um valor que não se transfere. É uma benção que não se ganha,
que não pode ser obsequiada a outrem. Mas, ao dizê-lo como disse, conforme as anotações do
Evangelista, o Divino Amigo apresentava a Sua Paz, deixada como modelo para todos
quantos desejassem investir na sua conquista, ou como motivação para que nos dispuséssemos
a elaborar a nossa própria.
Por essa razão, afirmou que não no-la daria como o mundo nos costuma dar,
considerando-se que os conceitos de paz conhecidos no seio da humanidade estão relacionados
à inercia, à preguiça, à ausência de esforços, de lutas ou mesmo de sofrimentos.
O Cristo vinha nos apresentar novo entendimento da Paz. A paz que habita o cerne de
quem se vai ajustando às leis da consciência, às leis de Deus, apesar de todo o canhenho de
lutas, de dificuldades, de desafios que lhe surjam na trilha.
Camilo – A Carta Magna da Paz – Introdução
10 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.2 A Violência e a espada de Pedro
“Embainha a tua espada, Simão, porque aquele que fere com a espada, com a espada
será ferido...”.
Jesus – Mateus 26:52
Os quatro evangelistas são unânimes em afirmar que um dos apóstolos feriu a orelha de
um dos soldados, componentes do séqüito que buscava prender Jesus.
João disse que o autor desse ato foi o apóstolo Pedro.
O evangelista João disse, ainda, que o soldado se chamava Malco, mas somente Mateus
afirmou que o Mestre repreendeu o apóstolo, dizendo: "Mete no seu lugar a espada, porque
todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão." O que, em algumas versões, teve a
seguinte tradução: "Quem com ferro fere, com ferro será ferido."
Dizendo "quem com ferro fere, com ferro será ferido", o Mestre corroborou a lei de
Ação e Reação, ou de Causa e Efeito, amplamente ensinada pelo Espiritismo.
Trata-se de uma lei justa e eqüitativa, que destrói, pela base, as teorias absurdas da tão
decantada "salvação pela graça", ou do perdão pleno, através da absolvição concedida por meio
de uma singela confissão auricular, conforme apregoada por algumas religiões terrenas.
"Quem com ferro fere, com ferro será ferido" não significa, de modo absoluto e de forma
inapelável, que o ofensor pagará a sua ofensa com o mesmo tipo de arma que usou para ferir.
O resgate, muitas vezes, acontece de maneira diferente.
Paulo Alves Godoy – O Evangelho por dentro – Cap. Mete a tua espada na bainha
A expressão “quem com ferro fere, com ferro será ferido” tem sua origem nas palavras
de Jesus, enunciando um dos princípios básicos da Doutrina Espírita – a Lei de Causa e Efeito.
A vida sempre nos cobrará por nossas defecções, trazendo-nos de volta as
conseqüências de nossos desatinos.
Richard Simonetti – Revista Reformador – 2002 - Agosto – Jesus no Horto
Ao chamar a atenção do amigo, rechaçando seu gesto violento contra o soldado Malcus,
Jesus adverte todo o seu rebanho terrestre, portando-se terminantemente em oposição à
violência, ensinando que ela não ficará impune nas esferas em que a alma respira, nos passos
da sua evolução
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 24 – Jesus e a espada de Pedro
11 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Há espadas invisíveis que despedaçam vidas, esfacelam esperanças, ceifam ideais...
Amélia Rodrigues – Até o fim dos Tempos – Cap. 22 – A Espada e a Cruz
Joanna de Angelis chama essas espadas invisíveis de conteúdos perturbadores,
de conflitos psicológicos, que seriam choques de entendimento e de comportamento entre o
Ego e o Self (amargura, lamentação, ressentimento e raiva – Autodescobrimento – Cap.10).
(...) Dois deles (conteúdos perturbadores, ou espadas invisíveis) ocasionaram o conflito
entre Pedro e Malco: Pedro, agressor, dominado pela raiva, atacou Malco, com uma espada
visível; Malco, agredido, dominado pela raiva, converteu-a em ressentimento, transformando-
a e guardando-a numa espada invisível, com a qual atacaria Pedro, anos depois, esquecendo-
se da advertência do Mestre
Adilton Pugliese – O Consolador – Ano 3 – No 148 – Pedro, Malco e a Espada
Toma a tua cruz e embainha a tua espada na atual existência carnal. Sê simples e puro de coração, triunfando interiormente adornando-te das condecorações
sublimes: as cicatrizes morais dos testemunhos. Não ergas a espada para ferir em revide ao golpe que sofreste, mas antes perdoa. Seja decorrente da acusação indébita, da infame traição, da perversa injustiça, não
reajas, cultivando o perdão, porque o outro, aquele que mal procede, não sabe realmente o que está fazendo.
Não importa que ele seja teu amigo ou teu familiar, que a miopia espiritual cegou ou se é declarado adversário que se compraz afligindo-te.
Tem em mente que ele está doente e que já passaste pelo mesmo caminho, agora em processo de recuperação.
Perdoa sempre, a fim de viveres em paz. Reflexiona que hoje segues ao som das bem-aventuranças, cuja musicalidade
permanece ressoando desde há vinte séculos e somente agora a ouviste, encantando-te. Supera-te através do perdão e faze da tua espada um instrumento que, cravado no
solo, tome a aparência de uma cruz através da qual te redimas e arraste na direção do Mestre aquele que te amaldiçoa e apunhala.
Perdoa, portanto, com alegria e paz. Joanna de Angelis – Ante a Cruz e a Espada (Psicografia de Divaldo Pereira
Franco, na sessão mediúnica da noite de 28 de agosto de 2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)
12 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A advertência de Jesus a Simão é mais um ensinamento do Mestre, à luz do espírito da letra, para que se embainhe o egoísmo, a vaidade, o orgulho, a maledicência, a inveja, o melindre, a agressão verbal ou física, a indiferença e todo o arsenal de imperfeições que ainda faz parte de nossas intimidades e que fere os semelhantes, mas, antes, ao próprio agente que se utiliza desse arsenal na vida de relação.
A Humanidade está sendo convidada a embainhar a espada, física ou não, há dois mil anos, mas agora, nesses momentos em que se vive os albores da transição planetária, o convite permuta-se à convocação: manter as armas direcionadas ao solo, embainhadas, lembrando o madeiro da redenção, onde reverberou a expressão de quem ama verdadeiramente e compreende a ignorância dos irmãos em Humanidade: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem […]” (Lucas, 23:34).
Este é momento grave de transformação da Humanidade para um futuro de paz; sem guerras entre nações; sem conflitos entre os povos; sem desrespeito às diversidades; com o olhar voltado para dentro de si mesma, na busca da auto iluminação de cada criatura; momento que convoca a um futuro de liberdade com responsabilidade; que vê no próximo um irmão, todos filhos de Deus; que reconhece somente um caminho, o do amor, já indicado e trilhado por Jesus, Guia e Modelo a ser seguido, mas com a espada embainhada.
Editorial – Revista Reformador – 2020 – Setembro – Embainha a tua Espada Em nosso aprendizado cristão, lembremo-nos da palavra do Senhor: “Embainha tua
espada...” Alimentando a guerra com os outros, perdemo-nos nas trevas exteriores, esquecendo
o bom combate que nos cabe manter em nós mesmos. Façamos a paz com os que nos cercam, lutando contra as sombras que ainda nos
perturbam a existência, para que se faça em nós o reinado da luz. De lança em riste, jamais conquistaremos o bem que desejamos. A cruz do Mestre tem a forma de uma espada com a lâmina voltada para baixo. Recordemos, assim, que, em se sacrificando sobre uma espada simbólica, devidamente
ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem a bênção da paz, com felicidade e renovação. Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 114 – Embainha a tua Espada
Outrossim, gerando ódio em volta de si, o agressivo atrai outros violentos com os
quais entra em choque padecendo, por fim, as conseqüências das arbitrariedades que se permite. Não foi por outra razão que Jesus aconselhou a Simão, no momento grave da Sua prisão:
“Embainha a tua espada, porque quem com ferro fere, com ferro será ferido.” Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 28 – Agressividade
13 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.3 A Violência e o apedrejamento da Adultera
Mestre, esta mulher acaba de ser surpreendida em adultério; – ora, Moisés, pela lei,
ordena que se lapidem as adúlteras. Qual sobre isso a tua opinião? – Diziam isto para o tentarem
e terem de que o acusar. Jesus, porém, abaixando-se, entrou a escrever na terra com o dedo. –
Como continuassem a interrogá-lo, ele se levantou e disse: “Aquele dentre vós que estiver sem
pecado, atire a primeira pedra”.
Jesus – João 8:2 a 11
As duas faces das paixões humanas ali se configuravam, inconfundíveis: a violência,
na sua agressividade infrene, ululante, destruidora, e a fuga, açodada pela fraqueza moral,
batendo em retirada, sem dignidade.
A praça enorme, ensolarada, estava deserta.
O Sol dardejante se encontrava em triunfo.
Há pouco, agitava-se a mole quase assassina, sedenta de sangue, transferindo para uma
vítima inerme as próprias debilidades e frustrações.
Não poucas vezes, a agressão resulta de um processo psicológico de transferência
da culpa, íntima, que se vê refletida noutrem, naquele que, em erro, caiu nas armadilhas do
conhecimento público.
Não se sentindo encorajado para rechaçar as imperfeições, lapidando as arestas
grosseiras da personalidade enferma, o agressor descarrega no próximo toda a vergonha que o
aturde, a imensa insânia em que estertora.
Fora a ocorrência, há pouco sucedida.
O vozerio cedera lugar ao silêncio, quase incômodo; a fúria caíra diluindo-se em
modorra, em afastamento discreto...
Daquele lado, se apedrejavam as adúlteras, lapidando-se pelo crime a que foram
levadas por fatores mui variados.
* * *
No entanto, a voz serena e grave do estranho fulminara os agressores.
Nem sempre vige a pureza nos atos das criaturas, mas a aparência puritana tem neles
primazia.
Aos seus ouvidos ecoavam as blasfêmias; no corpo cansado as bofetadas e os primeiros
golpes sofridos agora doíam.
14 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Pessoa alguma lhe parecia conhecer os dramas íntimos, as úlceras purulentas em que se
dilacerava. . .
“— Ninguém te condenou? — Ele interrogara, triste e profundo. — Nem eu tampouco
te condeno...”
Ela, então, reflexionava, emocionada.
Subitamente explodiu-lhe como um raio, na mente em febre, a frase imorredoura:
“— Não tornes a pecar!”
Assustou-se e espraiou o olhar pela praça ardente, em ouro solar.
Estava a sós, como sempre: de forma, porém, diversa, como nunca dantes.
Percebia que não fora condenada nem mesmo por Ele, mas compreendeu, que também
não fora absolvida.
Ele não a censurara ou punira, mas também não a inocentara.
O erro é sombra na luz de quem delinqüe.
A enfermidade representa distúrbio no equilíbrio do organismo que a carrega.
A mulher adúltera, emocionada, renascendo dos escombros, descobriu a magnitude da
lição do Rabi: devia reparar o erro, a fim de quitar a dívida perante a própria e a
Consciência Divina.
Amélia Rodrigues – Há flores no Caminho – Cap. 8 – A superior Justiça
Seu nome não é citado nos Evangelhos, nem as tradições apostólicas o registraram de
alguma forma que alcançasse os nossos dias.
O Evangelista João é o único a narrar seu encontro com Jesus, no capítulo 8 do seu
Evangelho, nos versículos 2 a 11, portanto, deve ter sido testemunha ocular.
(...) Então, um grupo de fariseus, em meio a um grande alvoroço, lhe trouxe uma jovem
mulher, aparentemente apanhada em flagrante adultério.
Diga-se que, entre o povo de Israel, a definição de adultério não era a mesma para o
homem e a mulher. O homem somente era acusado de adultério se tivesse relações com uma
mulher casada ou noiva, porque, entendia-se, agredia outro homem. A mulher, adulterando,
agredia o matrimônio.
15 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Suspeita de adultério, era submetida à prova da água amarga. Devia beber uma
monstruosa bebida à base de pó apanhado no Templo. Se vomitasse ou ficasse doente, era
considerada culpada. Surpreendida em flagrante, a pena era a morte, que igualmente era
aplicada à mulher que fosse violada dentro dos muros da cidade, pois supunha a Lei que, dentro
da cidade, se ela tivesse gritado por socorro, teria sido ouvida e socorrida.
Os fariseus submetem a adúltera ao julgamento de Jesus. Em verdade, embora tivessem
olhos de lince para todas as faltas do próximo, a questão daquela hora visava muito mais
aproveitar o incidente para armar uma cilada ao profeta de Nazaré do que zelar pela pureza do
matrimônio.
Eles a jogam ao chão e ela ali fica, sem coragem sequer de erguer os olhos. Sabe que
delinquira e conhece a penalidade. Sabe, igualmente, que ninguém dela se apiedará.
Ninguém, senão Ele.
Enquanto a indagação dos fariseus aguarda uma resposta do Rabi sobre a pecadora, Ele
se inclina e traça na areia do pavimento caracteres misteriosos.
Que escreveria Ele? O nome do cúmplice que se evadira? O nome do marido que, ferido
no orgulho, permitia fosse sua esposa tão vilmente tratada?
Narram intérpretes do texto evangélico que Ele grafava a marca moral do erro de cada
um. Curiosos, os que ali esperavam a sentença de morte, para se extasiarem no espetáculo de
sangue e impiedade, podiam ler: ladrão, adúltero, caluniador... Em síntese, as suas próprias
mazelas morais.
Cresce a expectativa. Jesus Se ergue, percorre o olhar perscrutador pela turbamulta dos
acusados, que O sentem atingir-lhes a intimidade, e diz tranquilamente:
Aquele dentre vós que estiver sem erro, atire-lhe a primeira pedra.
Em silêncio, os circunstantes se afastaram, um a um, a começar pelos mais velhos. Sim,
os mais velhos trazem maior soma de empeços e problemas, remorsos e azedumes...
No meio da indecisão geral, Jesus tornou a traçar na areia sinais enigmáticos. Quando o
silêncio se fez, Ele Se levantou. Ali estava a mulher à espera do seu castigo. Se todos os demais
haviam partido, ela devia esperar dEle a sentença e a execução. Mas a Misericórdia ergueu a
miséria moral e lhe disse:
Mulher, onde estão aqueles que te acusavam? Ninguém te condenou?
Ninguém, Senhor. – Ousou responder a meia-voz.
Então, em vez do sibilar mortífero das pedras, ela ouviu as palavras do perdão e da vida:
Nem eu tampouco te condeno: vai e não tornes a pecar!
16 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
As anotações evangélicas se resumem ao episódio.
Contudo, o Espírito Amélia Rodrigues nos conta que, naquela noite, a equivocada
procurou o Mestre, na residência que O acolhia.
“Fala da fraqueza que a dominara, nos dias moços, sentindo-se sozinha. O esposo,
poucos dias após o matrimônio, retomara as noitadas alegres e despreocupadas junto a amigos.
Ela se sentira carente e cedera ao cerco do sedutor, que a brindava com atenção e pequenos
mimos.
Nada que a desculpasse, reconhecia. E agora, consumada a tragédia, para onde iria? O
esposo não a receberia, após o espetáculo público. Também não poderia contar com a proteção
paterna, porque fora levada à execração pública, não simplesmente recebendo uma carta de
repúdio, o que poderia servir até como indenização ao seu pai, pois o marido que assim
procedesse deveria devolver uma parte do dote da noiva ao sogro.
Não havia lugar para ela em Jerusalém. Que seria dela, só e desprotegida?
O Mestre lhe acena com horizontes de renovação, discorrendo sobre a memória do povo
que é duradoura para com as faltas alheias. Ela sente, nas entrelinhas, que deverá buscar outras
localidades, lugares onde não a conheçam, nem o drama que acabou de viver.
Na despedida, Jesus a conforta:
Há sempre um lugar no rebanho do amor para as ovelhas que retornam e desejam
avançar.
Onde quer que vás, eu estarei contigo e a luz da verdade, no archote do bem brilhará à
frente, clareando o teu caminho.
Dez anos passados e ei-la, em Tiro, em casa humilde, onde recebe peregrinos cansados
e enfermos sem ninguém. Um pouso de amor ela erguera ali.
Não esquecera jamais daquele entardecer e da entrevista noturna. Tornara-se uma
divulgadora da Boa Nova. De seus lábios brotavam espontâneas as referências ao Doce Rabi,
alentando as almas, enquanto limpava as chagas dos corpos doentes.
Foi em um cair de tarde que lhe trouxeram um homem quase morto. Ela lhe lavou e
pensou as chagas. Deu-lhe caldo reconfortante e tão logo o percebeu aliviado das dores, lhe
ofereceu a mensagem de encorajamento, em nome de Jesus.
Emocionado, confessa ele que conhecera o Galileu, um dia, um infausto dia, em
Jerusalém. Odiara-O, então, porque Ele salvara a mulher que adulterara, a sua esposa, mas não
tivera para com ele, o ofendido, nenhuma palavra.
17 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
O tempo lhe faria meditar em como se equivocara em seu julgamento. Confessa que,
desde algum tempo, vinha buscando a companheira, procurando-a em muitos lugares, sem
êxito. Até que a doença lhe visitara o corpo, consumindo-lhe as energias.
Embargada pelas emoções em desenfreio, naquele momento, a mulher recordou-se da
praça e do diálogo, à noite, com o Mestre, um decênio antes. Reconheceu o companheiro do
passado e sem dizer-lhe nada, segurou-lhe a mão suavemente e o consolou: “Deus é amor, e
Jesus, por isso mesmo, nunca está longe daqueles que O querem e buscam. Agora, durma em
paz, enquanto eu velo, porquanto, nós ambos já O encontramos...
Amélia Rodrigues – Pelos caminhos de Jesus – Cap. 15 – Encontro de
Reparação/Revista Reformador – 1985 – Novembro – Encontro de Reparação
Federação Espírita do Paraná – Momento Espírita – A mulher equivocada
O cenário não podia ser mais confrangedor. Uma mulher desgrenhada, trêmula como
varas ao vento, de olhos injetados de pavor, acossada por verdadeira turba de sanguissedentos
moralistas que desejavam apedreja-la sob a justificativa de que assim determinava a lei mosaica,
por haver sido flagrada em adultério.
O Mestre foi chamado, naquele grave momento de séria definição, para apresentar sua
visão do caso.
Diante do torvelinho de vilezas do magote de homens perante a indefesa e abandonada
mulher, o Benfeitor observava...
Durante quantos séculos aquela sociedade se acostumara a repetir a mesma cena?
Mulheres apanhadas em erro sexual, sem que jamais o seu parceiro fosse incluído na mesma
culpa ou na mesma sentença.
Há quantos séculos aquela sociedade de inconcebíveis valores machistas assassinava
mulheres pecadoras, sem considerar igualmente pecador o seu companheiro do prazer carnal?
Entretanto, entrar direto no tema da injustiça com aquela turbamulta, seria impensada
decisão. Ela não dispunha de amadurecimento para compreender o chamado da razão...
Fazer pregação em honra da virtude, enaltecendo o amor ao próximo e o perdão dos
erros alheios, não impactaria aqueles que se locupletavam na ignorância.
O Sábio Mensageiro não se agasta, não se perturba, não complica... que se cumpra a lei,
a começar dos que estivessem indenes de pecados...
Dizem os textos que, um após outro, os homens foram-se afastando, rumorejando uns,
silenciosos outros.
18 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Condicionado ao exercício da injustiça e da crueldade, poucas vezes o ser humano se dá
conta de que o que condena nos outros é exatamente o erro que comete ou o vício que ele
mesmo carrega.
Se não lhe cabe, na condição de quem educa, de quem se responsabiliza ou guarda
valores sociais, aplaudir o erro alheio, pelo fato de também portá-lo, cumpre-lhe desenvolver o
espírito de compreensão, de justiça e boa vontade, a fim de que não invista, violento, sobre os
que se perdem no erro, mas que estenda aos semelhantes o socorro do gesto de entendimento,
a palavra que levanta, tudo em nome da indulgência.
Que cada indivíduo medite, ante o descompasso de alguém, sobre se não faria o mesmo
se naquela posição estivesse, ou se, no ponto em que se acha agora, os equívocos que comete
não têm o mesmo peso moral dos cometidos pelos irmãos do caminho, menos preparados.
(...) Entende, assim, por que tu que já te sensibilizas com a mensagem do Gólgota, deves
abrir mão da violência. Percebe que na Terra, na fase transicional em que se acha, os violentos
tendem a resgatar no embate com outros de mesma índole.
Quanto a ti, preserva-te no exercício da brandura, na busca da paz, porque em sã
consciência, no planeta, bem poucos estão habilitados a julgar com acerto os desviados filhos
de Deus.
Dessa maneira, foi demolidora a proposta lúcida e sábia do Celeste Benfeitor: "Atire,
pois, a primeira pedra aquele que estiver sem pecado".
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 22 – Jesus e a mulher adúltera
19 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.4 A Violência e o Soldado agressor
Assim que Jesus disse isso, um dos guardas que ali estavam bateu-lhe fortemente
no rosto, com a palma da mão, dizendo: “Isso é maneira de responder ao sumo sacerdote?”
E Jesus respondeu ao guarda: “Se Eu disse algo de mal, revela o mal. Mas se disse a
verdade por que me agrediste?”
Jesus – João 18:20/21
A oportunidade não podia ser melhor para a exibição da covardia, com objetivo de
retirar proveito pessoal.
Um homem manso atado por cordas, abandonado pelos convivas da véspera e acusado
pelo crime de ser bom e justo, amigo e servidor...
Entre os vapores da luxúria que engalanava o mentiroso poder de Anás e de Caifás, em
seu palácio, estruge o bofete acintoso...
Sem que fosse solicitado, o bilioso militar se insurge, violento, agredindo Aquele que
detinha as rédeas do governo planetário em Suas mãos sublimadas.
A torpeza quando associada à ignorância, determina a perda completa do controle, do
equilíbrio, gerando desastres terríveis na vida das pessoas.
Entretanto, o Luminoso Espírito, violentado, fez o legado que se perpetuaria na
consciência do mundo, enfrentando os tempos, com a imponência do seu conteúdo: "Se falei
mal, dá-me testemunho do mal; porém, se falei bem, por que me feres?"
A interrogação, acompanhada pela lógica do argumento, tendo provindo, ainda, da boca
do homem abatido pelo arbítrio daqueles que detinham largas quotas do poder terreno, tinha
que soar como uma trombeta ou estrondear como um trovão, embora a mansa firmeza da voz
entoada com suficiente intensidade para ser ouvida pelos que no recinto estavam.
Se falei bem, Por que me feres?
No mundo tem sido assim. Avultado número de indivíduos resgata, perante suas
consciências, antigos gravames, estando submetidos a outros indivíduos que se fazem motivo
de escândalo, tomando nas próprias mãos a ação somente cabível à lei divina.
Exorbitando, como costuma ocorrer, valem-se de suas funções profissionais, de suas
posições no jogo político-administrativo da
Terra, de seus recursos financeiros, a fim de darem vazão aos instintos violentos que
ainda os caracterizam.
20 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Quantos se atiram a perseguições de outros, infelicitando-os em seus empregos, em seus
negócios, no seio familiar ou no bojo da vida social, destilando ódio, inveja, despeito, que são
cultivados por almas pequenas, por indivíduos liliputianos que, por mais persigam, maltratem,
infelicitem, não sentem esvaziar o tonel de baixezas que conduzem no íntimo?
O que se passa é que tais criaturas estão acicatadas por si mesmas, pelos vícios morais
alimentados, inconformadas que são com o êxito, com o progresso, com o crescimento ou o
destaque de quem quer que seja. E, então, sentem esses prazeres mórbidos em se valer de suas
posições para maldizer e maltratar, oculta ou abertamente.
Outros tantos indivíduos, que não têm destaques sociais ou profissionais ou de qualquer
ordem, se estorcegam, desesperados, com esse desejo insano de perseguir, de denegrir, de
violentar; transformam-se em bajuladores, serviçais rastejantes, traidores pérfidos de
verdadeiros amigos, unicamente para dar vazão a sua inveja, suas frustrações, seus dejetos
morais, operando nas sombras, às ocultas, fazendo questão de acompanhar, sorrateiros, a
desilusão, a amargura, o pranto das suas vítimas que, não obstante, se souberem tudo suportar
com dignidade e altivez, resgatam, libertam-se.
Em toda parte, são encontrados esses indivíduos que, com o fito de se autopromover,
não trepidam em descarregar seu morbífico caráter, promovendo o sofrimento de quantos
apareçam em suas estradas, principalmente se se apresentarem como seres superiores, o que
será suficiente para despertar o despeito nessas almas perturbadas em si mesmas.
As anotações do evangelista João, em seu capítulo dezoito, versículo vinte e dois,
deixam-nos perceber que o que se passou com o Sublime Nazareno e o soldado, no palácio de
Anás, foi exatamente isso: o desejo infeliz de tripudiar sobre o homem indefeso, mas que
deixava à mostra a superioridade que o aureolava.
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 23 – Jesus e o Soldado agressor
21 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.5 A Violência e a Crucificação do Cristo
“Eram nove horas da manhã quando o crucificaram”. Marcos 15:25
“Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro, que estavam
crucificados com Jesus. E se aproximaram de Jesus. Vendo que já estava morto, não Lhe
quebraram as pernas, mas um soldado Lhe atravessou o lado com uma lança e imediatamente
saiu sangue e água”. João 19:31,34
"Que mal fez Ele? – perguntou Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: seja
crucificado!" Mateus, 27:23.
A conspiração para que se consumasse o holocausto do Calvário, em que o Filho de
Deus testemunhou seu amor pelos homens, foi tramada pelos inimigos impenitentes
desencarnados, vencidos pelo despeito na luta pela vitória da violência com que
sintonizaram os transitórios donatários da posição governamental e religiosa da Terra, como
daqueles que se lhe entregaram a soldo.
Amelia Rodrigues – Revista Reformador – 1976 – Agosto – O Calvário e a Obsessão
Jesus Cristo! ... Condenado sem culpa, vencido e vencedor... Profundamente amado, violentamente combatido! De todos os títulos, preferiu o de Mestre, conquanto devesse, nas Provas Supremas,
reconhecer-se abandonado pelos discípulos. De todas as profissões praticou, um dia, a de carpinteiro, ciente de que não teria para a
ministração de seus apelos e ensinamentos nem culminâncias de poder terrestre e nem galerias de ouro, mas, sim, pobres barcos talhados em serviço de enxó e a golpes de formão...
Soberano da Eternidade permitiu se lhe aplicassem a coroa de espinhos, deixando-se alçar num sólio constituído de dois lenhos justapostos, em dois traços distintos...
Ele que se declarou enfeixando O Caminho, a Verdade e a Vida, deu-se na Extrema Renúncia, em penhor de semelhante revelação, suspenso nas horas derradeiras, sobre o traço vertical que simbolizava a Fé, a erigir-se em Caminho para o Céu, e sobre o traço horizontal, que exprimia o Amor, alimentando a Vida, na direção de todas as criaturas, como a dizer-nos que Ele era, na Cruz, a Verdade torturada e silenciosa, entre a Fé e o Amor, a sustentar-se claramente erguida para a Justiça Divina, batida e supliciada pelos homens, mas de braços abertos.
Emmanuel – Perante Jesus – Cap. 7 – Perante o Divino Mestre
22 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A crucificação como pena era muito difundida na antiguidade. Aparece sob várias
formas entre numerosos povos do mundo antigo, mesmo entre os gregos. (...) Era uma punição
política e militar.
Entre os romanos era aplicada sobretudo às classes inferiores, isto é, escravos,
criminosos violentos e rebeldes. Os romanos faziam a crucificação em 3 fases: flagellation
(flagelação), crucifixion (colocação na cruz) e crurifragium (ato de quebrar as pernas para
acelerar a morte).
Através da humilhação extrema, com a exibição pública da vítima nua em um lugar
proeminente, como cruzamentos, teatro ou em elevações no local do crime, os romanos
desejavam intimidar o povo pelo exemplo e medo.
O judeu em particular era muito ciente disso. (...) A crucificação era agravada ainda
mais pelo fato de que com muita frequência suas vítimas nunca eram enterradas.
A vítima crucificada servia de alimento para animais selvagens e pássaros
predadores. Desse modo, a desgraça era tornada completa. O significado para um homem, na
antiguidade, de ter recusado o seu sepultamento e a desonra que vinha com isso, dificilmente
pode ser avaliado pelo homem moderno.
A flagelação (o açoite) era considerada o segundo pior castigo, perdia apenas para a
crucificação.
Nela o réu era despido de suas vestes e homens treinados o chicoteavam com chicotes
especiais conhecidos como flagerum.
Geralmente o resultado era que o réu desmaiava de dor. Eles “acordavam-no" para
continuar com o tormento. O chicote abria profundos rasgos no corpo, o que gerava perda
de sangue e o deixava em “carne viva”. Muitas vezes os golpes certeiros dados em uma
mesma área provocavam a laceração dos músculos.
Áreas sensíveis como o fígado, artérias do pescoço e coração podiam sofrer danos
irreversíveis, o que podia provocar a morte do réu. Porém, o objetivo não era matar, mas
torturar para facilitar a morte, por isso não era qualquer um podia chicotear.
Lilian Diniz – Escola de Aprendizes do Evangelho – Aula 44 – O Calvário
23 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Pilatos, diante da turba revoltada, consulta o que fazer para evitar-lhe a morte nefanda,
e um dos patrícios propõe a pena dos açoites na praça pública.
“– Mas os açoites?! – diz Publius Lentulus, admirado, antevendo as torturas do horrível
suplício”. Na esperança de que levassem em consideração seu espanto, vê que de nada adianta
a sua observação piedosa.
Emmanuel – Há Dois Mil Anos – Cap. 8 – No grande dia do Calvário
Waldehir Bezerra de Almeida – Revista Reformador – 2020 – Abril – Publius
Lentulus e o julgamento de Jesus.
O Mestre é açoitado diante da multidão (João, 19:4 a 6).
Não tendes, porventura, algum prisioneiro com processo consumado, que possa
substituir o profeta em tão horrorosas penas? As massas possuem alma caprichosa e versátil e
é bem possível que a de hoje se satisfaça com a crucificação de algum criminoso, em lugar
desse homem, que pode ser um mago visionário, mas é um coração caridoso e justo.
Emmanuel – Há Dois Mil Anos – Cap. 8 – No grande dia do Calvário
Aceita a proposta, Pilatos propõe ao povo sedento de sangue:
“A quem quereis que eu solte: Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?” O povo
ensandecido pede que solte o perigoso bandido e condena o Mestre à ignomínia da cruz
(Mateus, 27:15 a 23).
Fervilhando as constrições obsidentes que se impunham, os adversários da liberdade
espiritual da Terra, em desgoverno no Mundo Espiritual, dominaram os que se não armaram
de vigilância e equilíbrio, tornando‐se fáceis presas do Anti-Cristo, a fim de que a tragédia do
Gólgota se consumasse...
(...) As hordas desenfreadas da Espiritualidade inferior galvanizam no ódio os que
se permitem as licenças das paixões dissolventes.
Sempre se repetirão aquelas cenas nos linchamentos das ruas, nas prisões arbitrárias,
nas injustiças tornadas legais, quando as massas afluem aos espetáculos hediondos e se
asselvajam, tornando‐se homicidas incomparáveis.
(...) A covardia moral, abrindo as faculdades psíquicas ao intercâmbio com os
Espíritos imperfeitos e obsessores, todo o bem recebido negou, a fim de poupar‐se.
24 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Transformou o inocente em algoz, em revolucionário desnaturado, e elegeu o crime
como elemento de justiça.
O grande espetáculo da loucura coletiva se aproxima do Calvário.
A obsessão coletiva, como tóxico morbífico, domina os participantes da inominável
atuação infeliz.
(...) Nem todos desertaram. A fúria possessiva da treva não alcançara os que tiveram
acesa a luz da abnegação e do amor.
Olhou além e mais profundamente os presentes e os que se refugiaram longe deles, os
que armaram as cenas, os que se locupletam em gozos mentirosos sobre a fugidiça vitória. Seu
olhar penetrou os promotores reais do testemunho, aqueles que transitavam livres das
roupagens físicas...
No ápice da dor arquejante, bradou Jesus:
"Perdoa‐os, meu Pai! Eles não sabem o que fazem."
A sinfonia patética logrou, então, o máximo. Toda a orquestração de dor converteu‐se
em musicalidade de esperança e amor.
Ele não perdoava, apenas, os crucificadores, mas, também, os desertores, os
negadores, os receosos e pusilânimes, os ingratos e maledicentes, os insensatos e rebeldes...
Na imensa gama dos acolhidos pelo Seu perdão alcançava os promotores
desencarnados dos mil males que engendraram nos homens a prova das suas mazelas e o
agravamento das suas penas...
Sua voz alcançou os penetrais do Infinito e lucilou nos báratros das consciências
inditosas dos anticristos de todos os tempos, abrindo‐lhes os braços da oportunidade ao
recomeço e à redenção
O perdão doado da culminância da Cruz é a aliança inquebrável da união do Seu amor
com todos nós, os caminhantes retardados da via da evolução, convocando‐nos à perene
vigilância contra a obsessão de qualquer natureza que nos sitia e persegue implacavelmente...
Amelia Rodrigues – Revista Reformador – 1976 – Agosto – O Calvário e a Obsessão
25 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
São muitas, as lições do grande dia do Calvário, mas um aspecto avulta a todos os
demais: é o que nos adverte de escolher certo as opções que se nos apresentem nos grandes
momentos das nossas vidas.
Nossas paixões são más conselheiras, os interesses pessoais nos amarram ao passado
lamentável e impiedoso. No jogo entre as posições humanas e os interesses superiores do
espírito imortal, tendemos a optar pelos aspectos que nos evidenciam diante dos homens e não
por aqueles que nos redimem diante das leis de Deus.
Entre o orgulho e a humildade, costumamos ficar com aquele. Entre a oportunidade de
servir e amar e o impulso de acomodar-se ao egoísmo, ficamos com este. E nem percebemos
que, com nossas atitudes, espalhamos dor, retardamos a marcha evolutiva, não apenas a
nossa, mas a de outros espíritos a quem as nossas escolhas influenciaram.
Entre a força e a justiça, decidimos quase sempre pela força, na terrível ilusão de que
estamos apoiados na justiça.
Hermínio de Miranda – Reencarnação e Imortalidade – Cap. 20 – O Grande dia do
Calvário
(...) Após as cenas dolorosas do Gólgota, saciada no homem a sede de opressão e o
instinto de vandalismo, com o martírio do Justo, Jerusalém retoma a estrada das rotinas
mundanas.
As três cruzes erguidas numa das colinas do Monte Moriá permanecem gravadas nos
arquivos do ambiente, testemunhado a fabilidade da justiça de César, desde essa época cega às
motivações edificantes que movimentam o Espírito, dando-lhe forças para alcançar o objetivo
que a si mesmo traçou.
Os homens àquele tempo já tinham ouvido tudo o de que necessitariam pelos milênios
a fora. Seria preciso que o Pastor se afastasse do cenário imediato para que as ovelhas dessem
testemunhos dele. Mas Jesus não nos abandonou.
Nós, que já o conhecemos, pratiquemos seus ensinos junto aos doentes, pois foi para
eles que Jesus-Cristo veio.
A todos os momentos novas encruzilhadas se desdobram, e novos estropiados
transitam por elas, aguardando-nos o socorro.
Nosso ministério é de iluminação íntima pela iluminação possível do mundo.
26 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Não nos furtemos a servir, ainda que as expressões grosseiras da comunidade humana
nos exijam concessões que, por conhecermos as coisas de Deus, saberemos entender como
convenientes ou não.
Desçamos, cheios de vida, aos antros da morte, mesmo que a luz da mensagem que o
Cristo envia por nós não passe de relâmpago orientador nas furnas do sofrimento.
Hoje, como ontem e para todo o sempre, a Verdade continua a ser a mesma: Jesus-
Cristo. E Jesus, filhos, é Amor.
Albert Schweitzer – Revista Reformador – 1976 – Julho – Cristianismo Hoje
Anjo entre os anjos, faz-se pobre criança necessitada do arrimo de singelos pastores;
Sábio entre os sábios, transforma-se em amigo anônimo de pescadores humildes, comungando-
lhes a linguagem; Instrutor entre instrutores, detém-se, bondoso, entre enfermos e aflitos,
crianças e mendigos abandonados, para abraçar-lhes a luta, e, Juiz dos juízes, não se revolta
por sofrer no tumulto da praça o iníquo julgamento do povo que o prefere a Barrabás, para os
tormentos imerecidos.
Todavia, por descer, elevando quantos lhe não podiam compreender a refulgência
da altura, é que se fez o Caminho de nossa Ascensão Espiritual, a Verdade de nosso gradativo
Aprimoramento e a Vida de nossas vidas, a erguer-nos a alma entenebrecida no erro, para a
Vitória da Luz.
Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 28 – Desce Elevando
Filhos do Evangelho, não temamos!
O Mestre Ressuscitado vem de novo às assembléias dos continuadores de Sua obra de
redenção humana, reiterando-nos a promessa de que permanecerá conosco até o fim dos
séculos!...
Caminhemos servindo, armando o coração de humildade.
Antes, o amor infinito a sustentar-nos!
Agora, o infinito amor a soerguer-nos!
Cristo avança!
Cristo Reina!
Ave, Cristo.
Pedro de Alcântara – Tempo e Amor – Cap. 16 – Antes e Agora
27 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.6 A Não Violência, a Paz e Francisco de Assis
Mas Francisco de Assis não era uma alma que se contentasse com o meio-termo. Ele
sempre exigiu de si o máximo. E esses anos de provação trouxeram-lhe três experiências para
toda a vida: a tristeza é por excelência, mal dissolvente da alma; a conciliação de ideais
contraditórios é uma condição de inércia e de tortura interior; a dissociação do pensamento
e da ação é inimiga da vida e da PAZ.
Alceu de Amoroso Lima – Jornal do Brasil – 04/02/1983 – Terceiro artigo de série
sobre São Francisco
As perseguições aos chamados "hereges" e o negro projeto corporificado depois na
Inquisição preocupavam o mundo espiritual, onde se aprestaram providências e medidas de
renovação educativa.
Reencarna-se, então, na região da Úmbria, um dos maiores apóstolos de Jesus, que
recebeu o nome de Francisco de Assis.
Seu exemplo de simplicidade e de amor, de singeleza e de fé, contagiou numerosas
criaturas, mas não foi suficiente para converter a Igreja, que não entendeu que a lição trazida
por Francisco era para ela mesma.
Emmanuel – A Caminho da Luz – Cap. 18 – Os abusos do poder religioso
João enternecido, acercou-se mais e O abraçou com lágrimas nos olhos, falando-lhe
com voz embargada: – Eu seguirei contigo amigo amado, até o fim, doando-te a minha pobre
vida, para que eu possa ficar ao teu lado para sempre....
Os séculos se dobaram sobre aquele momento inesquecível, e o discípulo amado, dando
prosseguimento fiel à sua promessa retornou à Terra nas roupagens de Francisco de Assis.
Amélia Rodrigues – Dias Venturosos – Cap. 4 – Causas dos Sofrimentos
Meus bem-amados, são chegados os tempos em que, explicados, os erros se tornarão verdades. Ensinar-vos-emos o sentido exato das parábolas e vos mostraremos a forte correlação que existe entre o que foi e o que é.
Digo-vos, em verdade: a manifestação espírita avulta no horizonte, e aqui está o seu enviado, que vai resplandecer como o Sol no cume dos montes. João Evangelista – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 8 – Bem-Aventurados os que
tem puro o Coração (Paris, 1863.)
28 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.6.1 Francisco de Assis Ontem e Hoje
Quando chegaste à Terra, a noite medieval espalhava o terror, mantendo
a ignorância em predomínio de que se locupletavam os poderosos para esmagar os camponeses
e os citadinos pobres.
(...) Permanecia epidêmico o ódio, que espalhava o bafio pestilento das guerras
intérminas, deixando os campos juncados de cadáveres que apodreciam a céu aberto...
Tua voz, suave e meiga, entoou, então, o canto da paz, e te fizeste o símbolo
da verdadeira fraternidade que um dia se estenderá por toda a Terra.
As epidemias dizimavam os seres humanos, reduzidos a hilotas do destino insano,
dentro da terrível fatalidade do sofrimento sem termo.
(...) O mundo moderno, rico de glórias ligeiras e pobre de sentimentos, orgulhoso das
suas conquistas rápidas, mas que não nota a imensa aflição em que estorcegam as multidões
famintas e excluídas da sua sociedade, vivendo uma insuperável noite de horror e de
incertezas, necessita de ti com muita urgência.
Nunca houve tanta carência de amor quanto agora, por isso, o teu canto virá diminuir
a angústia que se transformou em patética afligente na Terra sofredora.
Há, sem dúvida, grandezas que defluem da ciência e da tecnologia, mas a solidão,
a ansiedade, o medo e as incertezas, todos eles filhos do materialismo insensível produzem o
vazio existencial, os transtornos psicológicos graves, as doenças psicossomáticas, a loucura
pelas drogas, pelo alcoolismo, pelo tabaco, pelo sexo desvairado, levando suas vítimas à fuga
pelo suicídio injustificável.
Volta, Irmão Francisco, para novamente reunir as tuas criaturas, todas elas à tua volta
como fizeste naqueles dias já recuados, conduzindo-as a Jesus.
(...) Volta, por favor, Irmão Alegria, a fim de que a tristeza do desamor bata em retirada
e uma primavera de bênçãos tome conta de tudo.
(...) Canta, então, novamente, a tua oração simples, com que nos brindaste naqueles dias
inesquecíveis, e onde houver desespero faze que se manifestem a paz e a esperança, e ante a
ameaça da morte iminente, o ser ressurja em júbilos ante as certezas da ressurreição, porque é
morrendo que se vive para sempre.
Irmão Sol, a grande noite moral da atualidade te aguarda ansiosa!
Joanna de Angelis – Francisco de Assis – O Sol de Assis – Cap. 1 – Em Louvor ao Irmão Sol
29 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Irmão Francisco! Canta outra vez para nós o teu poema de amor, nestes calamitosos dias
que vivemos!
As noites da Terra já não são ricas de canções, mas de expectativas dolorosas.
Os grupos juvenis raramente se reúnem para sorrir ou para os folguedos inocentes, e
sim para a embriaguez alcoólica ou o envenenamento por drogas alucinantes.
O enamoramento que procede à união dos corpos foi sucedido pela volúpia do sexo em
desalinho e a posterior dilaceração dos sentimentos face ao abandono e às suas conseqüências
perversas.
O relacionamento fraternal tem sido transformado em gangues violentas que se
arremetem umas contra as outras em fúria desconhecida.
A literatura gentil e cavalheiresca cede lugar à pornografia desabrida e às narrações de
funestos acontecimentos.
A música romântica transformou-se em vulcão de ruídos metálicos que induzem à
loucura e à bestialidade.
A poesia perdeu a inocência e a beleza, passando às arremetidas de palavras sem nexo
ou construções de palavras sem ritmo, sem rima, sem mensagem.
É certo que ainda permanecem em alguns grupos o sentimento de amor, de fraternidade,
de beleza e de harmonia, afirmando que nem tudo está perdido na grande noite adornada de
ciência e de tecnologia, na qual as almas estorcegam sob os camartelos do sofrimento.
Existe muito conforto para uns e nenhum para outros. Aliás, também nos teus dias era
assim, razão porque preferistes os últimos, oferecendo-lhes carinho por faltarem outros
recursos.
O progresso facilitou o intercâmbio entre as criaturas e propiciou o desenvolvimento
da criminalidade e do ódio.
Há grandeza, sim, na arte e no pensamento, na cultura e no sentimento, porém, a fé
empalideceu e agoniza ante a predominância do comportamento hedonista que se espalha por
toda a parte.
O firmamento está cortado a cada momento por grandiosas naves conduzindo milhões
de indivíduos de um para outro lado, com todo luxo e facilidade. Todavia, milhares de ogivas
nucleares carregadas de bombas de alta destruição aguardam o simples movimento para
dispararem suas cargas terríveis de desagregação de tudo.
30 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Nesse pandemônio de alegrias e pavor, de riquezas e misérias, de esperanças e desencantos, há milhões de pessoas anelando por conhecer-te ou reencontrar-te, a fim de que a tua canção, Irmão da Natureza, as reconduza a Jesus a quem tanto amas!
Volta novamente à Terra, Trovador de Deus, para que tua pobreza inunde de poder todos aqueles que acreditam na força de não ter nada, nas infinitas possibilidades da não-violência e no infinito amor do Pai!
Irmão Francisco: O teu irmão lobo transformou-se no monstro devastador de drogas que consomem a juventude, em especial, e a outros indivíduos, em particular.
As lutas de cidades, umas contra as outras, ainda continuam e agora mais graves, na violência urbana.
A poluição química da atmosfera, que ameaça a Terra, filha daquela de natureza mental e moral, lentamente destrói a Irmã Natureza que tanto amas.
Homens dominadores e perversos ameaçam-se ainda através da política escravizadora das moedas que subjugam os povos que não têm voz no concerto das Nações poderosas.
As vozes que proclamam a paz estão muito comprometidas com a guerra. O mundo de hoje aguarda o retorno da tua Canção, pobrezinho de Deus, porque ela
impregna as vidas com ternura, amor e paz. Iremos fazer um grande silêncio interior, preparar os caminhos e aguardar que tu
chegues, simples e nobre como o lírio do campo, bom e doce como o mel silvestre, amigo e irmão como o Sol, para que tua voz nos reconduza de volta ao rebanho que te segue e levas ao Irmão Liberdade, que é Jesus.
Joanna de Angelis – Nascente de Bençãos – Cap. 5 – Irmão da Natureza
Diante dele, recorda-te de Jesus. Meditando nele, acompanha-o até Jesus. – Orando com ele, avança para Jesus. Não aceites colocações impossíveis quando chamado à trilha da dedicação cristã.
Nas novas Porciúnculas, nas recentes vias das Assis megalópoles, ergue no coração o eremitério para o amor e sai a cantar bênçãos e consolações para os irmãos do mundo em agonia.
Estigmatiza-te com as feridas do sentimento em sublimação e abre as comportas do espírito à embriaguez do amor.
Faze da vida um poema simples, uma canção de simplicidade, uma oração simples exaltando os bens inconfundíveis do Evangelho, que deves imprimir nos atos de toda hora.
Amor a Deus, amor aos homens, amor aos animais, amor a todas as coisas. Pensando nas santas aspirações e ideais de Francisco de Assis, o "esposo da pobreza" e
o dedicado servo do Cristo, esforça-te até ao sacrifício total, rogando ao Senhor que faça de ti "instrumento de sua paz", em louvor de todas as criaturas.
Joanna de Ângelis – A Serviço do Espiritismo – Cap. 6 – Émulo de Jesus (Psicografia de Divaldo P. Franco, em Setembro/1977, junto à tumba de S. Francisco,
ao lado de diversos amigos, em Assis, Itália.)
31 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.6.2 Francisco de Assis e a Carta Magna da Paz – A Oração pela Paz
O Luminoso Francisco, num dos seus momentos de rara beleza, com a alma extasiada,
tocado por inabalável sentimento de gratidão ao Criador, escreveu de próprio punho que Deus
é a Paz.
Ao afirmar que Deus é a Paz, com certeza Francisco O entendia como fonte de absoluta
sanidade, de plena estesia e de peregrina beleza, onde cada ser pode imergir com a convicção
de alcançar a felicidade de pacificar-se.
Buscar Deus, sentir-Lhe a presença, alterar-se positivamente com essa sensibilização
permitirá, é certo, a cada filho, o encontro consigo mesmo e a consequente fruição da Paz.
Camilo – A Carta Magna da Paz – Introdução
Essa consciência do próprio dever fez com que se manifestasse em Francisco o desejo
de ofertar o seu melhor conteúdo, o seu maior patrimônio – a sua inteligência e sensibilidade
– em prol da instalação desse estado de bem-aventurança no planeta: a Paz.
Quando ele roga, faze de mim, deixa-nos a visão de que desenvolvera o apercebimento
de que as atividades terrenas, tanto para o lado bom da vida quanto para o hemisfério sombrio,
dependem da decisão íntima, da vontade de participar do projeto luminoso do Criador para
Seus filhos ou da fuga desassisada para os labirintos de lamentáveis decepções.
Reconhecendo que o Senhor conta com inúmeros instrumentos humanos posicionados
na esfera construtiva do amor, do bem, da paz; consciente de que não seria o único a engajar-
se nesse mister de contribuir para o espalhamento do espírito pacífico pelos vários arraias do
mundo, Francisco pede apenas para que seja um instrumento e não o instrumento a favor da
paz. Desejava somar e não ter o cetro do absolutismo.
(...)
Enquanto as considerações comuns admitem que o mundo tem, realmente, sede de paz,
a grande maioria dos indivíduos crê que essa paz deve ter começo no outro, ou ainda, nos
tratados e em várias outras decisões dos governos, das autoridades estabelecidas, que, por fim,
deve ser legislada ou decretada.
Francisco, não. Atreveu-se e atirou-se à realização imensa de tornar-se um instrumento
nas mãos do Senhor, para o estabelecimento da paz.
32 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Na sua disposição, não o vemos com medo de não lograr êxito na empreitada; não o
sentimos acovardado perante o gigantismo da tarefa; não o encontramos a cobrar a participação
dos amigos ou dos familiares em seus planos.
A sua rogativa era intrépida: Senhor, faze de mim...
Era lúcido quanto a sua incapacidade de transformar o mundo inteiro; tinha a
consciência de que a sua seria a contribuição de um homem à Obra de Deus no planeta; era
cônscio de que cada companheiro que viesse à liça, que somasse aos seus esforços, seria bem-
vindo, cooperaria com mais uma quota de prestação de serviço.
(...)
Como produto do amadurecimento individual, cada um que fizer a sua parte, sem
marcar passo, sem estagnar, saberá que sua atuação configurará o esforço de autossuperação
e de autoconquista, após o que sentirá a presença inefável da Paz dentro de si
Camilo – A Carta Magna da Paz – Cap. 6/7 – Um instrumento nas mãos de Deus
A Busca da Espiritualidade Franciscana:
a) Busca da “descoberta” de Deus na Natureza;
b) Busca do “caminho” da simplicidade no Viver;
c) Busca do “amor singelo” às criaturas;
d) Busca da “confiança na bondade” das pessoas;
e) Busca da “imperturbável” alegria no meio da turbulência do caminho.
Adalberto Coelho
33 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Existe uma espiritualidade franciscana difusa no espírito de nosso tempo, nascida
da experiência de Francisco, de Clara e de seus primeiros companheiros. Trata-se do caminho
da simplicidade, da descoberta de Deus na natureza, do amor singelo a todas as criaturas,
da confiança quase infantil na bondade das pessoas e na imperturbável alegria, mesmo em
face dos dramas mais pungentes da vida humana.
A Oração da Paz também chamada de Oração de São Francisco constitui uma das
cristalizações desta espiritualidade difusa. Ela não provém diretamente da pena do Francisco
histórico, mas da espiritualidade do São Francisco da fé. Ele é o pai espiritual e por isso seu
autor no sentido mais profundo e abrangente desta palavra. Sem ele, com certeza, essa
Oração da Paz jamais teria sido formulada nem divulgada e muito menos teria se imposto como
uma das orações mais ecumênicas hoje existentes.
Ela tem o condão de unir a todos num mesmo espírito de Paz e de Amor. Por um
momento faz sentir que todos somos de fato irmãos e irmãs na grande família humana e cósmica
e também filhos e filhas da família divina.
(...) Em que consiste a Paz de Deus? Indo diretamente ao cerne da resposta, podemos
afirmar: ela reside no espirito das bem-aventuranças, cristalizado no texto do Sermão da
Montanha (Mt 5,1-12; Lc 6,20-25).
Qual é a chave do espírito das bem-aventuranças?
É não permitir que o mal, a ofensa, a perseguição e o ódio tenham a última palavra.
Mas o amor, o perdão, a misericórdia, a mansidão e a cordialidade.
(...) Quem quiser ser instrumento da paz de Deus deve ele mesmo ser uma pessoa
pacificada, imbuída de cuidado essencial e cheia do espírito das bem-aventuranças, que é o que
traz a Paz. Deve irradiar paz de dentro para fora a partir de sua identidade mais profunda.
Nós nos fazemos instrumentos da Paz de Deus quando estamos de tal forma
impregnados de paz, que nem sequer pensamos nela; irradiamos paz e benquerença,
comunicamos bondade e amorosidade porque a paz de Deus se fez carne de nossa carne, ou
seja de nosso íntimo.
Importa FAZER a verdade da Paz. Então a paz passará da cabeça ao coração, do
coração às mãos e das mãos à Vida. A Oração da Paz, portanto deve se transformar de palavra
e canção, para ação e irradiação.
A Paz não pode ser uma simples PRO-POSTA, mas deve ser uma RES-POSTA
permanente sua à Vida.
Leonardo Boff – A Oração de Francisco de Assis – Cap.4 – Que é a Paz
34 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A Oração de Francisco de Assis nos ensina a conquistar três níveis de consciência:
Pacificação – O primeiro nível de consciência acontece após o apelo que o aprendiz
sincero e verdadeiro faz ao Mestre: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz!
Para se tornar um instrumento de paz, ao aprendiz é convidado a pacificar o próprio
coração. Por isso, ele toma decisão de, onde houver ódio, ofensa, discórdia, dúvida, erro,
desespero, tristeza e trevas em sua intimidade de levar o amor, o perdão, a união, a fé, a verdade,
a esperança, a alegria e a luz, iniciando a sua jornada de aprendizado e autoaperfeiçoamento.
Disponibilização – O segundo nível de consciência acontece quando o aprendiz sincero
e verdadeiro faz o apelo: Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado,
compreender que ser compreendido, amar que ser amado.
É o aprendiz se colocando à disposição do Mestre. Essa exclamação também é um
chamado, porque há uma característica salutar na condição do aprendiz sincero e verdadeiro: a
de colocar as lições do Mestre e Sua sabedoria como parâmetros fundamentais nas decisões que
ele tomará dali em diante.
Autonomia – O terceiro nível de consciência acontece quando o aprendiz sincero e
verdadeiro diz: Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que
se vive para a vida eterna.
Nessa etapa o aprendiz já está num trabalho ativo de internalização das virtudes do amor,
do perdão, da união, da fé, da verdade, da esperança, da alegria e da luz. Por isso, nesse nível,
sem necessidade do esforço de que carece no primeiro nível de consciência, doa-se e perdoa,
adquirindo autonomia, pois já consegue exercitar as virtudes do Mestre em si com naturalidade,
Para que o aprendiz sincero e verdadeiro possa desenvolver esses três níveis de
consciência, é fundamental que faça exercícios de aprendizado com esforços continuados,
pacientes e perseverantes.
Todo esforço em direção ao Bem maior vale a pena, pois nos proporciona a felicidade
tão almejada por todos.
Alírio de Cerqueira Filho – A Sublime Oração de Francisco de Assis – Introdução
35 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Ode à Paz
Quando alguém é capaz de escutar uma canção que vem de longe, fazendo um profundo
silêncio interior;
Quando alguém é capaz de se deitar num relvado imaginário e banir os tormentos do dia-
a-dia das telas do pensamento;
Quando alguém é capaz de, atravessando dificuldades, sorrir com face desanuviada, no
meio da rua;
Quando alguém é capaz de estender mão generosa e braço dorido ao transeunte que
cambaleia;
Quando alguém é capaz de examinar o passado sem rancor, contemplar o presente sem
fel e olhar o futuro sem medo;
Quando se pode meditar nas coisas santas da vida, embora tendo os pés no rio das dores
e o coração atado as dificuldades do caminho;
Quando se pode tudo esquecer a respeito do mal para do bem somente recordar,
E quando se é capaz de voltar ao posto de partida para bendizer as mãos que lhe deram água,
o coração que lhe ofereceu agasalho, o amor que lhe concedeu pão — este alguém é bem-
aventurado!
Mesmo que jornadeie solitário nas trevas do sofrimento,
E que carregue o coração ferido pela urze,
E tenha os pés retalhados pelos acúleos dos caminhos,
E tenha sorvido da amargura a taça inteira,
E do descrédito e da desconfiança recebido pedradas e agressões.
Nele, a paz não guarda o silêncio mentiroso das sepulturas, nem a quietude malsã da
infelicidade.
Este bem-aventurado logrou a Paz.
Tornou-se ação dinâmica e produtora que, no entanto, lenifica de dentro para fora, como a
Paz que vem de Jesus.
Que nada toma,
Que nada põe a perder,
Que nada aniquila!
Eu te agradeço, mensagem sublime de paz, no turbilhão dos conflitos que me esmagam e
na inquietação das necessidades que sepultam as minhas ambições: louvada sejas!
Flannagan – Depoimentos Vivos – Cap. 38 – Ode à Paz
36 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz! Onde houver Ódio, que eu leve o Amor, Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão. Onde houver Discórdia, que eu leve a União. Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé. Onde houver Erro, que eu leve a Verdade. Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança. Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria. Onde houver Trevas, que eu leve a Luz! Ó Mestre, Fazei que eu procure mais: Consolar, que ser consolado; Compreender, que ser compreendido; Amar, que ser amado. Pois é dando, que se recebe. Perdoando, que se é perdoado e é morrendo, que se vive para a VIDA ETERNA.
“Francisco de Assis” – Oração da Paz – (França, 1912)
Onde há caridade e sabedoria, aí não há nem temor nem ignorância. Onde há paciência e humildade, aí não há nem ira nem perturbação. Onde há pobreza com alegria, aí não há nem ganância nem avareza. Onde há quietude e meditação, aí não há nem preocupação nem divagação. Onde há temor do Senhor para guardar seus átrios, aí o inimigo não tem lugar para
entrar. Onde há misericórdia e discernimento, aí não há nem superfluidade nem rigidez.
Francisco de Assis – Admoestação – Cap. 27– A Virtude que afugenta os Vícios (Itália, 1200)
Nota: As Admoestações são uma coleção de 28 textos curtos (só a primeira é um pouco maior) que
tem ampla presença nos manuscritos medievais. Francisco costumava fazer alocuções (admoestações) a todos os frades nos capítulos gerais
(reunião geral). Provavelmente são textos que só foram falados por São Francisco e que foram preservados
porque alguém tomou nota. As Admoestações são um bom resumo da proposta espiritual de Francisco de Assis. No caso, esta “admoestação 27” guarda semelhança com a Oração da Paz, a qual é atribuída a
Francisco de Assis. A “Oração da Paz” apareceu, pela primeira vez, em uma pequena revista local da Normandia,
na França. Vinha sem referência de autor, transcrita de outra revista tão insignificante, que nem deixou sinal da história, pois, em nenhum arquivo da França, foi encontrada.
Universalizou-se a partir de sua publicação no Obssevatore Romano, órgão oficioso do Vaticano, no dia 20 de janeiro de 1916.
37 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.6.3 Marcos da busca pela Paz – Cronologia – Século XX
• 1935 – Brasil/Getúlio Vargas: Dia da Fraternidade/ Confraternização Universal –
01/janeiro
O dia da Confraternização Universal é um feriado nacional no Brasil, comemorado no
dia 1 de janeiro. Foi instituído por lei em 1935, conjuntamente com vários outros feriados,
por Getúlio Vargas. Lei no 108, de 29 de outubro de 1935.
• 1948 – Índia/Gandhi/Não Violência – Assassinato de Gandhi (30/janeiro)
“Minha convicção pessoal é absolutamente clara. Não tenho o direito de magoar
nenhum ser vivo, muito menos seres humanos como eu, ainda que eles possam causar grandes
males a mim e aos meus.
Por isso ao mesmo tempo que considerando o domínio britânico uma calamidade, não
pretendo causar danos a um único cidadão inglês, ou a qualquer interesse legítimo que ele
possa ter na índia.
Sei que, empenhando-me pela não-violência, estarei correndo o que poderia ser
chamado de um grande risco, mas as vitórias da verdade jamais foram alcançadas sem riscos!”
Gandhi (Richard Attenborough – As Palavras de Gandhi)
Kleber Halfeld – Revista Reformador – 1997 – Novembro – Um líder no conceito de
Emmanuel
• 1965 – USA/ONU/Paulo VI: Fala de Paulo VI na Assembleia Anual da ONU, por
ocasião do vigésimo aniversário desta instituição mundial – 04/Outubro
“A paz, vós o sabeis, não se constrói somente por meio da política e do equilíbrio das
forças e dos interesses. Ela constrói-se com o espírito, as ideias, as obras da paz
(...) Basta recordar que o sangue de milhões de homens, os sofrimentos espantosos e
inumeráveis, os inúteis massacres e as aterradoras ruínas sancionam o pacto que vos une, num
juramento que deve mudar a história futura do mundo: nunca mais a guerra, nunca mais a
guerra. É a paz, a paz que deve guiar o destino dos povos e de toda a humanidade”.
Paulo VI – Libreria Editrice Vaticana – Discurso na Organização das Nações Unidas
38 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
• 1968 – Itália/Roma/Vaticano/Paulo VI/Dia Mundial da Paz (01/Janeiro)
“É, pois, à paz verdadeira, à Paz justa e equilibrada, assente no reconhecimento
sincero dos direitos da pessoa humana e da independência de cada nação, que nós convidamos
os homens prudentes e corajosos, a dedicar este « Dia »”.
Paulo VI – Libreria Editrice Vaticana – I Dia Mundial da Paz 1968
• 1981 – USA/ONU/Dia Internacional da Paz pela ONU/21 de Setembro.
Dia Internacional da Paz é celebrado em 21 de setembro, foi declarado pela ONU em 30
de novembro de 1981.
Em 21 de setembro de 2006, por ocasião do Dia Internacional da Paz, Kofi Annan
afirmou: “Há vinte e cinco anos, a Assembleia Geral da ONU proclamou o Dia Internacional
da Paz como um dia de cessar-fogo e de não violência em todo o mundo. Desde então a ONU
tem celebrado este dia, cuja finalidade não é apenas que as pessoas pensem na paz, mas sim
que façam também algo a favor da paz”.
Kofi Annan – Secretário Geral da ONU (1997/2006)
• 1986 – USA/ONU/Ano Internacional da Paz.
O Ano Internacional da Paz foi reconhecido em 1986 pela Organização das Nações
Unidas. Ele foi proposto pela primeira vez durante a conferência do Conselho Econômico e
Social em novembro de 1981, tendo a data associada ao quadragésimo aniversário da criação
da ONU(1946).
Assembleia das Nações Unidas – A/RES/37/16 – International Year of Peace
• 1986 – Itália/Assis/João Paulo II/Dia Mundial de Oração pela Paz (27/Outubro):
O Papa João Paulo II organizou o primeiro Dia Mundial de Oração pela Paz
em Assis na Itália em 27 de outubro de 1986. Ao todo cerca de 160 religiosos comemoraram o
dia juntos celebrando seu Deus e Deuses. Cerca de 32 organizações católicas cristãs e 11
religiões não-cristãs estiveram presentes.
“Se existem muitas e importantes diferenças entre nós, também existe um terreno
comum, de onde atuar juntos na solução deste dramático desafio de nossa época: a verdadeira
paz ou a guerra catastrófica?
Sim, existe a dimensão da oração, que na diversidade real das religiões tenta expressar
a comunicação com uma Força acima de todas as nossas forças humanas.
39 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A paz depende basicamente deste poder, que chamamos de Deus, e como os cristãos
acreditam que se revelou em Cristo. Este é o significado deste Dia Mundial de Oração.
Pela primeira vez na história, reunimo-nos de todos os lugares, Igrejas e comunidades
eclesiais cristãs e religiões mundiais, neste lugar sagrado dedicado a São Francisco, para
testemunhar ao mundo, cada um segundo a sua convicção, sobre o transcendente qualidade de
paz.
A Paz é um valor sem fronteiras”
João Paulo II – Libreria Editrice Vaticana – Aos representantes das igrejas
e comunidades eclesiais cristã e das religiões mundiais.
• 1998 – Brasil/Salvador/Bahia/Divaldo Franco/Movimento Você e a Paz (19/Dezembro).
Idealizado por Divaldo Franco, o Movimento Você e a Paz é uma atividade sem caráter
religioso ou político, mobilizado pelo ideal de uma vivência pacífica entre pessoas, buscando
leva-las a uma reflexão profunda quanto à necessidade de renovação dos sentimentos e
mudança de comportamento.
Com sua primeira edição realizada no ano de 1998 em Salvador, na Bahia, hoje o
movimento ocorre em mais de 75 cidades do mundo, estando presente em 11 países. No Brasil,
acontece em 56 cidades, em 11 de seus estados.
A proposta do Movimento Você e a Paz é que partamos para a ação por intermédio da
não-violência, a maior arma contra a violência, em nome da caridade, do perdão, do amor
ensinado por Jesus. Embora nos demoremos em ser violentos, a paz é a condição natural do ser
humano.
Assim, a 19 de dezembro daquele ano, a Praça Dois de Julho, Largo do Campo Grande,
em Salvador, na Bahia, tornou-se palco do 1o Movimento Você e a Paz.
Embora não tenha caráter religioso ou político, a proposta rendeu ao seu idealizador o
convite para participar da Conferência do Milênio para a Paz Mundial – Encontro de Cúpula
Mundial de Líderes Religiosos e Espirituais pela Paz Mundial, como líder espírita. O evento
proposto e realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) aconteceu entre os dias 28 e
31 de agosto de 2000, em Nova lorque, nos Estados Unidos.
“Descobri que a Paz é de excelente qualidade, dando-me resistência para vencer
minhas imperfeições, os inimigos gratuitos, abraçar o ideal e não olhar para os lados, menos
ainda para trás e permanecer em paz”
Divaldo Franco – Mansão do Caminho – Lançamento do Movimento Você e a Paz
(19/Dezembro/1998)
40 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
• 2000 – USA/ONU/Encontro Mundial de Líderes Religiosos pela Paz/FEB/Divaldo Franco: “Na construção da Paz/A Paz vem de Deus”.
Lançada por organizações não-governamentais representando 75 religiões diferentes no mundo, a iniciativa tem por objetivo estudar os meios de cooperação com a ONU em questões relativas à pobreza, paz e estabilidade.
“Valorizando e fortalecendo a família como célula básica da sociedade; demonstrando amor à criança e amparando-a em todos os sentidos, desde a sua concepção; favorecendo ao homem uma adequada compreensão da própria existência, que atenda às suas inquietações e lhe dê sentido à vida; e banindo o hábito da cultura da violência, os segmentos mais responsáveis pela sociedade – governo, religiões, órgãos não governamentais e empresas –, unidos nesta ação, estarão dando um exemplo de solidariedade real que acabará sendo absorvido e cultivado por todos os homens, os quais, por sua vez, responderão com um comportamento solidário, capaz de construir a paz social.
Nestor João Masotti – Revista Reformador – 2000 – Novembro – Na Construção da Paz (Documento remetido por Nestor João Masotti, Secretário-Geral do Conselho Espírita Internacional, ao Sr. Bawa Jain, Secretário-Geral do Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos e Espirituais pela Paz Mundial)
“Herança do primarismo, que ainda predomina em a natureza humana, a guerra é
vestígio de barbárie que necessita ser extirpada da Terra. (...) O ser humano, no entanto, preservando essa herança ancestral, também se faz
agressor do seu irmão, vitimado por fatores de profunda perturbação emocional, mental, social, econômica, religiosa, étnica, cultural, demonstrando que ainda não se identificou com Deus, ou se O conhece, o seu relacionamento é superficial ou fanático, não lhe havendo permitido uma perfeita sintonia com a paz que dEle se irradia, e que deve estender-se por todo o mundo.
A paz é resultado da Lei natural – o amor – que vige em toda parte no Universo. (...) Educar, portanto, as novas gerações, dignificando-as, é terapia moral que
prevenirá o porvir das calamidades que hoje assolam as ruas das pequenas e grandes cidades do mundo, das aldeias ou das megalópoles que se tornam, a cada dia, mais vítimas de insuportáveis agressividades e violências, transforma- das como se encontram em palcos de guerras urbanas, embora vicejando a paz...”.
Divaldo Franco – Revista Reformador – 2000 – Novembro – A Paz vem de Deus (Documento remetido pelo tribuno e médium Divaldo Pereira Franco ao Sr. Bawa Jain,
Secretário– Geral do Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos e Espirituais pela Paz Mundial)
41 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
3. A Violência na Sociedade – Aspectos Materiais e Sociológicos
3.1 Violência – Conceitos
Violência: constrangimento físico ou moral; uso da força; coação. Violentar: exercer
violência sobre; forçar; coagir; constranger; torcer o sentido de; alterar; inverter. Dicionário Aurélio Buarque de Holanda
Violência: ação ou efeito de empregar força física ou intimidação moral contra; ato
violento; exercício injusto ou discricionário, ger. ilegal, de força ou de poder; força súbita que se faz sentir com intensidade; fúria, veemência; constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação; cerceamento da justiça e do direito; coação, opressão, tirania.
Dicionário Houaiss Violência é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como "o uso intencional
de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resultem ou tenham grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação".
Wikipédia, a enciclopédia livre – Violência É possível definir a violência de muitas maneiras. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) define a violência, como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra
si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em
sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação.
A definição dada pela OMS associa intencionalidade com a realização do ato,
independentemente do resultado produzido. São excluídos da definição os incidentes não
intencionais, tais como a maioria dos ferimentos no trânsito e queimaduras em incêndio.
A inclusão da palavra "poder", completando a frase "uso de força física", amplia a
natureza de um ato violento e expande o conceito usual de violência para incluir os atos que
resultam de uma relação de poder, incluindo ameaças e intimidação.
O "uso de poder" também leva a incluir a negligência ou atos de omissão, além dos atos
violentos mais óbvios de execução propriamente dita. Assim, o conceito de "uso de força física
ou poder" deve incluir negligência e todos os tipos de abuso físico, sexual e psicológico, bem
como o suicídio e outros atos auto-infligidos.
42 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Esta definição cobre uma ampla gama de resultados, incluindo injúria psicológica,
privação e desenvolvimento precário. Ela reflete um crescente reconhecimento entre
pesquisadores da necessidade de incluir a violência que não produza necessariamente
sofrimento ou morte, mas que, apesar disso, impõe um peso substancial em indivíduos, famílias,
comunidades e sistemas de saúde em todo o mundo.
Muitas formas de violência contra mulheres, crianças e idosos, por exemplo, podem
resultar em problemas físicos, psicológicos e sociais que não representam necessariamente
ferimentos, incapacidade ou morte.
Tais conseqüências podem ser imediatas ou latentes e durar por anos após o ato abusivo
inicial.
Assim, definir as conseqüências somente em termos de ferimento ou morte limita a
compreensão total da violência em indivíduos, nas comunidades e na sociedade em geral.
Um dos aspectos mais complexos da definição é a questão da intencionalidade.
Devem-se observar dois pontos importantes em relação a isto.
Primeiro, mesmo que se distinga a violência de atos não intencionais que produzem
ferimentos, a intenção de usar força em determinado ato não significa necessariamente que
houve intenção de causar dano.
Na verdade, pode haver enorme disparidade entre comportamento intencional e
conseqüência intencional. O agressor pode cometer um ato intencional que, sob critério
objetivo, pode ser considerado perigoso e, possivelmente, ter resultados adversos para a saúde,
mas não percebê-lo assim.
(...) Outros aspectos da violência são incluídos na definição, embora não se encontrem
explicitados.
Por exemplo, a definição implicitamente inclui todos os atos de violência, quer sejam
públicos ou privados, quer sejam reativos (em resposta a fatos anteriores, como uma
provocação) ou antecipatórios (ou instrumentais para resultados automáticos), ou mesmo
criminosos ou não. Cada um desses aspectos é importante para a compreensão da violência e
para o planejamento de programas preventivos.
Linda L. Dahlberg – Division of Violence Prevention, National Center for Injury Prevention and Control, Centers for Disease Control and Prevention, WHO. Atlanta GA – Violence: a
global public health problem (Version of the Introduction to the World Report on Violence and Health –WHO, 2002, Geneve)
Revista Ciência & Saúde Coletiva, vol. 11, Suppl, pag. 1163–1178, 2007 (Este artigo é uma versão do que foi publicado no Informe Mundial sobre Violência e Saúde, da Organização
Mundial de Saúde (OMS), como introdução ao tema)
43 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
3.2 Tipologia da Violência
Em sua resolução WHA49.25 de 1996 (World Health Organization – Prevention of
violence: a public health priority), em que declarava a violência como um importante problema
de saúde pública, a Assembléia Mundial da Saúde convocou a OMS para desenvolver uma
tipologia da violência que caracterizasse os diferentes tipos de violência e os elos que os
conectavam.
Há poucas tipologias existentes, e nenhuma é muito abrangente. A tipologia aqui
proposta divide a violência em três amplas categorias, segundo as características daqueles que
cometem o ato violento:
a) violência autodirigida;
b) violência interpessoal;
c) violência coletiva.
A categorização inicial estabelece uma diferença entre a violência que uma pessoa
inflige a si mesma, a violência infligida por outro indivíduo ou por um pequeno grupo de
indivíduos e a violência infligida por grupos maiores, como estados, grupos políticos
organizados, grupos de milícia e organizações terroristas.
Estas três categorias amplas são ainda subdivididas, a fim de melhor refletir tipos mais
específicos de violência.
– Violência auto-infligida é subdividida em comportamento suicida e agressão auto-
infligida.
O primeiro inclui pensamentos suicidas, tentativas de suicídio – também chamadas em
alguns países de "para-suicídios" ou "auto-injúrias deliberadas" – e suicídios propriamente
ditos. A auto-agressão inclui atos como a automutilação.
– Violência interpessoal divide-se em duas subcategorias:
1) violência de família e de parceiros íntimos – isto é, violência principalmente entre
membros da família ou entre parceiros íntimos, que ocorre usualmente nos lares;
2) violência na comunidade – violência entre indivíduos sem relação pessoal, que
podem ou não se conhecerem. Geralmente ocorre fora dos lares.
O primeiro grupo inclui formas de violência tais como abuso infantil, violência entre
parceiros íntimos e maus-tratos de idosos.
44 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
O segundo grupo inclui violência da juventude, atos variados de violência, estupro ou
ataque sexual por desconhecidos e violência em instituições como escolas, locais de trabalho,
prisões e asilos.
– Violência coletiva acha-se subdividida em violência social, política e econômica.
Diferentemente das outras duas grandes categorias, as subcategorias da violência
coletiva sugerem possíveis motivos para a violência cometida por grandes grupos ou por países.
A violência coletiva cometida com o fim de realizar um plano específico de ação social
inclui, por exemplo, crimes carregados de ódio, praticados por grupos organizados, atos
terroristas e violência de hordas.
A violência política inclui a guerra e conflitos violentos a ela relacionados, violência do
estado e atos semelhantes praticados por grandes grupos.
A violência econômica inclui ataques de grandes grupos motivados pelo lucro
econômico, tais como ataques realizados com o propósito de desintegrar a atividade econômica,
impedindo o acesso aos serviços essenciais, ou criando divisão e fragmentação econômica. É
certo que os atos praticados por grandes grupos podem ter motivação múltipla.
Linda L. Dahlberg – Revista Ciência & Saúde Coletiva, vol. 11, Suppl, pag. 1163–1178, 2007 (Este artigo é uma versão do que foi publicado no Informe Mundial sobre Violência e
Saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS), como introdução ao tema)
45 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
3.3 A Natureza dos atos Violentos
O gráfico a seguir ilustra a natureza dos atos violentos, que pode ser:
1) física;
2) sexual;
3) psicológica;
4) relacionada à privação ou ao abandono.
A série horizontal na ilustração 1.1 indica quem é atingido, e a vertical descreve como
a vítima é atingida.
Esta tipologia, embora imperfeita e não universalmente aceita, fornece uma estrutura
útil para a compreensão dos tipos complexos de violência praticada em todo o mundo, assim
como a violência na vida cotidiana de indivíduos, famílias e comunidades.
Ela também supera as muitas limitações de outras tipologias, na medida em que capta a
natureza dos atos violentos, a relevância do cenário, a relação entre agente e vítima e, no caso
da violência coletiva, as possíveis motivações para a violência.
Todavia, tanto na pesquisa como na prática, as linhas divisórias dos diferentes tipos de
violência nem sempre são claras.
46 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
3.4 As Raízes da Violência – um modelo Ecológico - OMS
Não há um fator único que explique por que alguns indivíduos se comportam
violentamente com outros ou por que a violência é mais comum em algumas comunidades do
que em outras.
A violência é o resultado da complexa interação dos fatores individuais, relacionais,
sociais, culturais e ambientais.
Este relatório apresenta um modelo ecológico que ajuda a compreender a natureza
multifacetada da violência.
Introduzido inicialmente no fim da década de 1970, este modelo foi inicialmente
aplicado aos casos de abuso infantil e subseqüentemente à violência juvenil. Mais recentemente,
os pesquisadores o têm usado para compreender a violência do parceiro íntimo e abuso de
idosos.
O modelo explora a relação entre os fatores individuais e contextuais e considera a
violência como produto dos múltiplos níveis de influência sobre o comportamento.
O primeiro nível do modelo ecológico procura identificar tanto os fatores biológicos
como os da história pessoal que um indivíduo traz para o seu comportamento.
Além dos fatores biológicos e demográficos, são levados em consideração fatores como
a impulsividade, o baixo nível educacional, abuso de substância química e história passada de
agressão e abuso.
Em resumo, este nível do modelo ecológico focaliza as características do indivíduo que
aumentam a probabilidade de ele ser vítima ou agressor.
O segundo nível do modelo ecológico explora como as relações sociais próximas – por
exemplo, relações com companheiros, parceiros íntimos e membros da família – aumentam o
risco de vitimização ou agressão violenta. Em casos de agressão de parceiros e de maus tratos
a crianças, por exemplo, a interação quase cotidiana em domicílio comum com um agressor
pode aumentar a oportunidade de ataques violentos.
Como os indivíduos estão ligados numa relação contínua, é provável, nestes casos, que
a vítima seja atacada repetidamente pelo agressor.
No caso de violência interpessoal entre jovens, a pesquisa demonstra que os estes
provavelmente se envolvem em atividades negativas quando tais comportamentos são
aprovados e encorajados pelos amigos.
47 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Os companheiros, os parceiros íntimos e os membros da família têm o potencial de
moldar o comportamento do indivíduo e o âmbito de sua experiência.
O terceiro nível do modelo ecológico examina os contextos comunitários nos quais estão
inseridas as relações sociais, tais como escolas, locais de trabalho e bairros, e procura identificar
as características dos cenários associados ao fato de serem vítimas ou agressores.
Um alto nível de mobilidade residencial (em que as pessoas não permanecem por muito
tempo numa mesma residência, mas se mudam com freqüência), heterogeneidade (população
altamente diversificada, com pouco do adesivo social que mantém as comunidades unidas) e
alta densidade populacional são exemplos daquelas características, e cada uma delas tem sido
associada à violência.
Do mesmo modo, comunidades envolvidas com tráfico de drogas, alto nível de
desemprego ou isolamento social generalizado (locais onde as pessoas não conhecem seus
vizinhos ou não se envolvem com a comunidade) têm mais probabilidade de viver experiências
violentas.
A pesquisa da violência demonstra que as oportunidades para que ela ocorra são maiores
em alguns contextos do que em outros – por exemplo, em áreas de pobreza ou deterioração
física, ou onde há escasso apoio institucional.
O quarto e último nível do modelo ecológico examina os fatores mais significativos da
sociedade que influenciam as taxas de violência. Aqui, estão aqueles fatores que criam um clima
aceitável para a violência, aqueles que diminuem as inibições contra ela e aqueles que criam e
sustentam divisões entre diferentes segmentos da sociedade ou tensões entre grupos ou países
diferentes.
Estão entre os fatores significativos da sociedade:
1) normas culturais que sustentam a violência como forma aceitável para resolver
conflitos;
2) atitudes que consideram o suicídio como uma questão de escolha individual em vez
de um ato de violência evitável;
3) normas que dão prioridade aos direitos dos pais sobre o bem-estar da criança;
4) normas que fixam o domínio masculino sobre as mulheres e crianças;
5) normas que apóiam o uso excessivo da força pela polícia contra os cidadãos;
6) normas que apóiam o conflito político.
48 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Estão também incluídos entre os fatores relevantes da sociedade as políticas de saúde,
educacionais, econômicas e sociais que mantêm altos níveis de desigualdade econômica ou
social entre grupos.
A proposta ecológica enfatiza as múltiplas causas da violência e a interação dos fatores
de risco que operam no interior da família e dos contextos mais amplos da comunidade, como
o contexto social, cultural e econômico.
Colocado em um contexto de desenvolvimento, o modelo ecológico mostra como a
violência pode ser causada por diferentes fatores em etapas diversas da vida.
(...) Sendo a violência um problema multifacetado com raízes biológicas, psicológicas,
sociais e ambientais, ela deve ser enfrentada em níveis diferentes ao mesmo tempo.
Linda L. Dahlberg – Revista Ciência & Saúde Coletiva, vol. 11, Suppl, pag. 1163–1178,
2007 (Este artigo é uma versão do que foi publicado no Informe Mundial sobre Violência e Saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS), como introdução ao tema)
Violência – Modelo Ecológico
49 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Origem latina da palavra violentia: verbo violare significa tratar com violência, profanar, transgredir. Faz referência ao termo vis: força, vigor, potência, violência, emprego de força física em intensidade, qualidade, essência.
Violar significava, portanto, transgredir, pelo emprego da potência, o equilíbrio natural (e, em decorrência normal) em que tudo – as coisas e as pessoas – parecia estar situado e sustentado. Esse modo de conceber a violência firmou-se na tradição ocidental desde a antigüidade clássica greco-romana.
Núcleo de Estudos da Violência – Universidade de São Paulo – Sociologia da Violência– Teoria e Pesquisa – FLS0608
A palavra origina-se do latim violentia que remete a vis e significa caráter violento ou
bravio, força, vigor, potência, emprego de força física. Significa também quantidade, abundância, essência e força em ação.
O Centro Internacional de Investigação e Informação para a Paz (CIIIP, 2002), vinculado à Universidade para a Paz das Nações Unidas identificou práticas que considera violentas, agrupando-as em cinco tipos básicos, como a seguir.
a) Violência coletiva: é produzida “[...] quando a sociedade coletivamente, ou por meio de grupos significativamente importantes, participa ativa e declaradamente da violência direta” (CIIIP, 2002, p. 33). Como exemplo, temos as práticas resultantes de uma guerra.
b) Violência institucional ou estatal: refere-se a práticas resultantes de instituições legitimadas para o uso da força. Abrange as tecnologias de destruição e os processos armamentistas.
c) Violência estrutural: é instituída dentro da estrutura social. Inclui as práticas, comumente denominadas, de desigualdade social. Abarca tanto os recursos distribuídos desigualmente quanto o poder desigual de decisão sobre essa distribuição.
d) Violência cultural: refere-se ao tipo exercido de forma individual ou coletiva através da utilização da diferença para inferiorizar ou desconhecer a identidade do outro. As práticas de discriminação contra indivíduos ou grupos, as violências de gênero e as ações contra o meio ambiente, são exemplos.
e) Violência individual: trata-se daquela que se manifesta de um modo interpesssoal. São incluídos aqui “[...] os chamados fenômenos de segurança civil, tais como as violências anômica, doméstica e contra as crianças” (CIIIP, 2002, p. 34), os fenômenos da violência comum (não organizada) e a organizada, como, por exemplo, o narcotráfico.
(...) As concepções de ato violento atualmente são amplas; contudo, tradicionalmente
eram vinculadas à existência de dano físico. As modificações em nossa percepção e sensibilidade possibilitam hoje abranger novos tipos de violências que antes não eram considerados, como: discriminação por cor, sexo, idade, etnia, religião, escolha sexual; situações de constrangimento, exclusão ou humilhação.
Irme Salete Bonamigo – Violências e contemporaneidade – Rev. Katál. Florianópolis v. 11 n. 2 p. 204–213 jul./dez. 2008
50 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
4. A Violência na Sociedade – Aspectos Espirituais e Morais – A “raiz”
da Violência
4.1 Violência – Conceitos
Genericamente, por violência, tomamos a atitude agressiva, desconcertante, que
produz choque e gera receios. Sob este aspecto, a violência se espraia por todos os quadrantes da Terra, ameaçando a
integridade física, moral e social da Humanidade, convocando os estudiosos do comportamento a encontrar a gênese dessa atual nefasta epidemia
Sempre houve violência no mundo; não, porém, generalizada, como hoje. Benedita Fernandes – Terapêutica de Emergência – Cap. 12 – A Violência
Violentia é a palavra latina que se traduz como violência, que foi criada por volta de
1215, para melhor expressar a desrespeitosa utilização da força em detrimento dos direitos do
cidadão.
Posteriormente, quase trezentos anos transcorridos, passou a significar qualquer tipo
de abuso exercido arbitrariamente contra outrem, impondo-lhe a vontade, desconsiderando-
lhe os valores e usando a força para submetê-lo cruelmente.
Na atualidade, tornou-se uma verdadeira epidemia, transformando-se em
constrangimento, agressividade, insulto, dos quais resultam danos psicológicos, morais, sociais,
econômicos, materiais e quase sempre culminando em morte.
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – Cap. 13 – Violência
Humana
Toda violência praticada por nós, contra os outros, significa dilaceração em nós
mesmos. Dias da Cruz – Vozes do Grande Além – Cap. 16 – Autoflagelação
Compras na Terra o pão e a vestimenta, o calçado e o remédio, menos a Paz.
Emmanuel – Luz no Lar – Cap. 62 – Paz em Casa Buscar a mentirosa paz da ociosidade é desviar-se da luz, fugindo à vida e
precipitando a morte.
Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Capítulo 104 – A espada simbólica
51 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A realização da paz íntima dá-se mediante o exercício de ações dinâmicas e lúcidas que trabalham as tendências violentas, transformando-as na sua constituição e operando novos condicionamentos, que o induzem a incessante labor de renovação para melhor, sem cansaço nem desesperação.
A pessoa de paz não é tímida, embora comedida, porque sempre se encontra onde sua presença se faz necessária, emulando à perseverança no empreendimento libertador.
Viver em paz de espírito, não obstante a agitação, os enfrentamentos, a diversidade dos acontecimentos agressivos, é a meta. Não permitir que os transtornos de fora perturbem o equilíbrio interno.
Joanna de Angelis – Diretrizes para o Êxito– Cap. 5 – Pacifismo A Paz não é conquista da inércia, mas sim fruto do equilíbrio entre a fé no poder divino
e a confiança em nós mesmos, no serviço pela vitória do bem. André Luiz – Ação e Reação – Cap.3 – A Intervenção na Memória
A Paz decorre da quitação de nossa consciência para com a Vida, e o trabalho reside
na base de semelhante equilíbrio. Não queiras, assim, estar sossegado, sem esforço, sem luta, sem trabalho, sem
problemas... Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 136 – Vivamos Calmamente
A Paz é um estado dinâmico de constante equilíbrio.
Marco Prisco – Renove–se– Cap. 29 – Decálogo para a Paz
A Paz resulta do equilíbrio e não da inércia.
Joanna Angélica – Falando à Terra– Cap. 4 – Paz e Luta
52 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
4.2 Violência – Qual a Raiz?
Violência, violações, violar – todos esses verbos e substantivos expressam uma
patologia da criatura humana.
Expressam um tormento pelo qual passa o indivíduo.
Compete-nos identificar onde começa a violência e teremos surpresas muito curiosas ao
percebermos, ao registrarmos que todo e qualquer processo de violência que explode na macro
sociedade, que avança no mundo em geral, tem começo no indivíduo.
Sim, é no indivíduo que todo esse processo começa. Somos essencialmente portadores
desse vírus da violência.
Se nos damos conta de que é no indivíduo que tem nascedouro a violência, fica muito
mais explícita a sua origem e, naturalmente, a sua solução.
Se nos damos conta de que é no indivíduo que tem nascedouro a violência, fica
muito mais explícita a sua origem e, naturalmente, a sua solução.
Em verdade, todos precisamos nos dar conta dos quadros de violência dos quais
fazemos parte.
A violência das palavras ásperas, das palavras grosseiras, a violência da pornografia.
Falamos o que queremos como se todas as pessoas tivessem a obrigação de nos ouvir o verbo
como a gente o queira expressar. E a vida não é bem assim. Se impomos a alguém ouvir-nos
nas coisas ruins que queremos dizer, estamos impondo às pessoas violentamente, as nossas
ideias.
Se fazemos na nossa casa uma festa e porque estamos na nossa casa ignoramos que os
outros vizinhos também estão nas suas casas, fazemos barulho até a hora que bem entendamos
porque os outros terão que nos aceitar assim, é violência. Porque se temos direito a fazer
barulho em nossa casa, os nossos vizinhos têm direito a ter silêncio em suas casas.
Começamos a nos aperceber das atitudes violentas junto à família: o esposo machista,
violento, grosseiro com a esposa; a esposa patologicamente feminista e que acha que a sua
palavra tem que ser a última, não ouve a mais ninguém; as agressões contra os filhos; a
pancadaria; as brigas entre irmãos dentro de casa são aspectos os mais variados da violência
no cotidiano.
Curioso é que não percebemos que isso é violência.
Parece-nos uma coisa muito normal, muito corriqueira nos agredirmos e depois, tudo
parece voltar ao normal.
53 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Mas as coisas não voltam ao normal que estavam, nunca mais chegamos ao nível zero.
Estamos sempre ajuntando lixo nas nossas relações.
E por causa disso mesmo a violência tem começo dentro de nós, estoura nas nossas
relações, dentro de casa, no nosso trabalho, com as pessoas com as quais convivemos. Graças
a isso é que, a cada dia, a violência urbana aumenta mais.
Parece que o problema da violência urbana é do Governo. Mas o governo da minha casa
sou eu, o governo da minha rua sou eu, o governo do meu bairro somos nós.
(...) É da microviolência, digamos assim, a violência do indivíduo, a violência de cada
um que nasce a Macroviolência
É da nossa violência individual que advém a grande violência social, não tenhamos
nenhuma dúvida.
Muito mais do que podemos imaginar somos os agentes da violência no nosso cotidiano.
Muito mais do que podemos supor damos ensejo à violência urbana, comentando-a,
divulgando-a, devorando essas notícias nos jornais, nas revistas que vendem a rodo o sangue
pisado das vítimas sociais.
Quando começamos a fazer essas reflexões, quando partimos para esses entendimentos,
agora parece que conseguimos encontrar a saída, a renovação pessoal, o esforço por nos
apaziguar, o esforço por nos tranquilizar e fazer com que a cada dia, ao nosso redor, haja
harmonia, haja paz.
Raul Teixeira – Federação Espírita do Paraná – Violência cotidiana – Transcrição
do Programa Vida e Valores, de número 152 (programa gravado em julho de 2008)
54 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
4.3 Violência – Principais causas Morais e Espirituais
4.3.1 Ausência do desenvolvimento do Senso Moral
Na raiz da violência encontra-se a falta de desenvolvimento do senso moral, que o
espírito aprimora através da educação, do exercício dos valores éticos, da amplitude de
consciência.
Atavismo cruel, demora de ser transformada em ação edificante, face às suas
vinculações com os reflexos instintivos do período animal, que se prolongam, perturbadores.
Não apenas gera aflição, quando desencadeada, como também provoca reações
equivalentes em sucessão quase incontrolável, arrebentando tudo quanto se lhe opõe no
percurso destrutivo.
Todo o empenho em favor da preservação dos valores morais deve ser colocado a
serviço da paz, como antídoto à força devastadora da violência.
Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência
Os seres humanos encontram-se em diferentes níveis de consciência, em patamares
diversos de pensamento, em variados estágios de evolução moral e espiritual.
Como consequência, somente a educação e a perseverança podem promovê-los
mediante processos de reiteradas experiências, ora educativas, ora reeducativas.
Os atuais fatores sociais e econômicos facilitam o desabrochar das tendências inferiores
que neles vicejam, levando-os aos desequilíbrios referidos, excetuando-se os Espíritos mais
resistentes aos apelos primitivos.
Na grande generalidade, sem um conceito vivencial do bem e do mal, do nobre e do
equivocado, do certo e do errado, facilmente esses indivíduos enveredam pelos meandros do
vício e do crime, esperando inconscientemente contar com a compreensão, ajuda e correção da
sociedade mais esclarecida e digna.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 13
Herança nefasta dos instintos que predominam em a natureza animal do homem,
a violência se diluirá, à medida que se sobreponha a sua natureza espiritual, que é a presença
do Pai Criador ínsita em todos os seres.
Benedita Fernandes – Terapêutica de Emergência – Cap. 12 – A Violência
55 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
4.3.2 Preponderância do Egoísmo/Orgulho/Inveja
A violência vem dominando o mundo e as consciências, quando são impostos regimes
políticos, condutas sociais, convicções religiosas, ideologias que se fazem aceitar pela força, o
que tem resultado em acúmulo de iras que se convertem em mágoas e ódios, ampliando os
ressentimentos e dando lugar às explosões periódicas de rebeliões e crimes ferozes.
Enquanto predominarem a rebeldia e a indisciplina do instinto não submetido à
razão, a violência governará o ser humano.
A ambição desmedida de ser o que ainda não conseguiu, possuir de qualquer maneira
o que lhe falta, de sobrepor-se ao seu próximo e dominá-lo sob a tirania do orgulho, da
presunção ou dos conflitos de inferioridade que o infelicitam, farão o indivíduo violento.
Joanna de Angelis – Sendas Luminosas – Cap. 24 – Violência e Loucura
Bem sabido que a maior parte das misérias da vida tem origem no egoísmo dos homens.
Desde que cada um pensa em si antes de pensar nos outros e cogita antes de tudo de
satisfazer os seus desejos, cada um naturalmente cuida de proporcionar a si mesmo essa
satisfação, a todo custo, e sacrifica sem escrúpulo os interesses alheios, assim nas mais
insignificantes coisas, como nas maiores, tanto de ordem moral, quanto de ordem material.
Daí todos os antagonismos sociais, todas as lutas, todos os conflitos e todas as
misérias, visto que cada um só trata de despojar o seu próximo.
Allan Kardec – Obras póstumas – 1º Parte – Cap. O egoísmo e o orgulho
A agressividade é herança cruel do medo ancestral, que remanesce no Espírito desde
priscas eras.
Não diluído pela segurança psicológica adquirida mediante a fé religiosa, a reflexão, a
psicoterapia acadêmica, a oração, domina os recônditos do sentimento e exterioriza-se de forma
infeliz na agressividade.
Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Agressividade (15/03/2010)
56 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
As revoluções e guerras que alcançam bons e maus estão em relação à violência do
próprio homem que, vencido pelo egoísmo, explode em agressividade. graças aos sentimentos
predominantes em a sua natureza animal.
Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 26 – Considerando o Medo
Possivelmente, o egoísmo exacerbado impõe-se com predominância, recusando-se à
utilização dos recursos dignificadores porque, na sua paixão desequilibrada, não pensa no seu
próximo, senão em si mesmo e nos interesses que lhe dizem respeito.
Os animais inferiores, na escala zoológica, somente matam quando esfaimados ou
perseguidos, graças aos instintos de preservação da própria como da vida da prole.
O homem e a mulher, feridos nos sentimentos primevos que em todos predominam,
arbitrariamente, sentem-se com o direito de violentar os demais, desarticulando os processos da
cultura, da moral, da civilização, de forma que se tornam criminosos espontaneamente mediante
desvarios injustificáveis.
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – 13 – Violência Humana
O orgulho vos leva a vos julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que
vos possa rebaixar, e a vos considerardes, ao contrário, de tal maneira acima de vossos irmãos,
seja na finura de espírito, seja no tocante à posição social, seja ainda em relação às vantagens
pessoais, que o menor paralelo vos irrita e vos fere.
E o que acontece, então? Entregai-vos à cólera.
Procurai a origem desses acessos de demência passageira, que vos assemelham aos
brutos, fazendo-vos perder o sangue-frio e a razão; procurai-a, e encontrareis quase sempre por
base o orgulho ferido.
Não é acaso o orgulho ferido por uma contradita, que vos faz repelir as observações
justas e rejeitar, encolerizados, os mais sábios conselhos?
Até mesmo a impaciência, causada pelas contrariedades, em geral pueris, decorre da
importância atribuída à personalidade, perante a qual julgais que todos devem curvar-se.
Um Espírito Protetor – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 9 – Bem
Aventurados os Mansos e Pacíficos – Item 6
57 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
O antídoto para qualquer tipo de violência é sempre o amor, assim como o estímulo
aos estados agressivos decorre do egoísmo.
Benedita Fernandes – Terapêutica de Emergência – Cap. 12 – A Violência
No fundo das desgraças humanas o egoísmo sempre aparece como causa essencial.
Urde a agressividade e inspira a fuga ao dever sob disfarces inescrupulosos com que
passa ignorado.
Remanescente das paixões que predominam em a natureza animal, vige com vigor
logrando triunfos de mentira com que não consegue saciar a sede dos gozos nem organizar o
bastião de segurança em que busca apoio para a sistemática autodefesa.
Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 21 – Presença do Egoísmo
O ódio é semente de destruição, que ressuda tóxico corrosivo a aniquilar
interiormente.
Aqueles que são alcançados pelas suas nefandas e morbíficas destilações, de tal forma
se impregnam que somente o mergulho em novas formas carnais consegue diminuir a mortífera
emanação.
Desenvolvido no homem, por processo de educação deficitária, desde a mais tenra
infância, na qual se injetam os germes do egoísmo, da prepotência, da vaidade, muito
facilmente medrarão os princípios da ira, que se transformam em rancor, logo tenham
desconsiderados seus propósitos inferiores.
Victor Hugo – Párias em Redenção – 1º Parte – Cap. 6 – Acossamento Irreversível
58 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
4.3.3 A Ressonância do Sofrimento na Vida
É muito grave o problema da violência porque vige internamente no coração humano,
quando tomado pela inveja ou aturdido pelo sofrimento de qualquer natureza, que o propele
para o desforço, para a fuga da realidade, para o enfurecimento asselvajado.
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – 13 – Violência Humana
O sofrimento desempenha na Terra uma ação relevante, qual seja a de contribuir para o
desenvolvimento intelecto-moral dos seres.
Nas esferas primárias expressa-se no campo dos instintos, desenhando as primeiras
sensações e emoções nervosas.
No ser humano, não tendo caráter punitivo, é processo de desgaste dos atavismos
que o retém na retaguarda do progresso.
Graças à sua ação, alteram-se as aparências e desvelam-se os mecanismos internos, que
se exteriorizam do Espírito em conquistas necessárias.
Não obstante, o sofrimento nem sempre consegue levar, de imediato, à meta aquele
que lhe experimenta o concurso.
Nos indivíduos rebeldes, ainda mais vinculados à sensação, a sua presença causa
revolta, em empurrando-os para a animosidade, o ressentimento, o ódio, o desejo de
autodestruição.
(...) Quando Jesus proclamou que são bem-aventurados os aflitos, é evidente que se
referiu somente àqueles cuja aflição não produza sequelas devastadoras que dilaceram a
alma.
Aflitos e sofridos, sim, mas nem todos, em face das sequelas que produzam...
Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Sequelas do Sofrimento –
4/janeiro/1999
59 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A agressão, geralmente, permite que o agressor desfaça as tensões internas que o
oprimem, descarregando seus conteúdos psíquicos por meio de atos ou palavras que têm o
“endereço” certo ou que são atirados a esmo, mas que têm o escopo de drenar os elementos
interiores que pressionam o indivíduo.
Tais palavras ou atos podem significar zombaria disfarçada ou explicitamente grotesca
contra algo ou alguém, do mesmo modo que, em nível físico, podem provir de um olhar que
comunique a reação até um golpe físico destinado a intimidar.
A agressão pode, de outro modo, mostrar-se por meio de palavras de baixo calão,
expressões chulas, até o impacto com uma arma, com intenções criminosas.
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 5 – A Agressão e a Lei do retorno
Sempre que a nossa palavra: censura, justifica, levanta, rebaixa, deprecia, louva,
depreda, restaura, complica, auxilia, apoia, fere, abençoa ou condena seja a quem for, estamos
fazendo o nosso próprio retrato.
E isso acontece porque sendo realidades dos outros as atitudes, os pensamentos, as
ideias, as emoções, os planos e as intenções dos outros – cujas origens autênticas não
conseguimos penetrar –, toda vez que nos referimos aos outros estamos sempre efetuando a
projeção parcial ou total de nós mesmos.
Albino Teixeira – Astronautas do Além – Cap. 21 – Auto–Retrato
Quando alguém usar de violência ou de generosidade em relação a você, descarte
qualquer merecimento nessa ocorrência.
Você é somente pretexto para que o próximo se desvele.
Quando alguém o agrida ou o ame, a si próprio se violenta ou se estima. Você é apenas
o móvel daquela manifestação que está latente nele.
Não fosse você e aquela exteriorização seria dirigida a outrem.
Por isso, não se agaste com ninguém ou coisa nenhuma.
Quando você se irrita ou se pacifica com uma pessoa, ela foi só o motivo da sua
realidade íntima, que então se irradia do seu mundo interior.
Marco Prisco - Luz Viva - Cap. 17 - Viva em Paz
60 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A estes e a seus congêneres deve a sociedade do Rio de Janeiro grande percentagem dos acidentes verificados diariamente nas vias públicas e pelos domicílios particulares: atropelamentos, quedas, braços e pernas partidos, queimaduras, suicídios, homicídios, brigas, escândalos, confusões domésticas, assaltos, etc., etc. E' a atmosfera. em que vivem e se agitam, porque já eram afins com ela antes de passarem para a vida invisível.
É o que constantemente inspiram, sugerem e incitam, encontrando no homem um colaborador passivo, que facilmente se deixa dominar por suas terríveis seduções.
A infelicidade alheia é o seu espetáculo preferido: Provocam mil distúrbios na sociedade e nos lares, pois se divertem com a prática de malefícios. Não entendem a sublime significação dos vocábulos – amor, caridade, piedade, fraternidade, honestidade! Não crêem em Deus nem têm religião. Odeiam o bem e o belo com todas as forças vibratórias que possuem.
Odeiam os homens e os seguem, sorrateira e covardemente, porque odiavam a própria sociedade, antes de morrerem, sabendo que não serão vistos nem pressentidos.
E a perseguição mental que lhes movem, aos homens, é inveterada e implacável, afirmando eles que assim agem porque igualmente foram perseguidos, quando homens, pela sociedade, que nunca os protegeu contra os males com que tiveram de lutar: doenças, miséria, fome, falta de instrução, orfandade, desemprego, delinquência, desesperos de mil e uma naturezas...
E muitos destes foram, com efeito, delinquentes que a sociedade perseguiu e levou ao desespero, em vez de ajudá-los a se reeducarem para Deus...
O resultado de tal incúria por parte dos homens aí está: uma vez desaparecidos da vida objetiva, pela chamada morte, infestam, como Espíritos, a sociedade, e prejudicam-na, acobertados pelo segredo da morte...
(...) Monstruosidade será também omitir providência humanitária para que o jovem abandonado, ou o pobre, se instrua, eduque e habilite de modo a furtar-se à humilhação da ignorância, prendando-se na escola do dever e da honestidade. . .
No entanto, estes que aqui vemos foram banidos pela sociedade, que lhes não facilitou escola, nem educação, nem exemplos bons, senão a dureza de coração com que os tratou...
Não se instruíram porque não tiveram meios de remunerar professores, e as escolas públicas nem sempre são acessíveis aos deserdados, como estes foram...
Não puderam educar-se porque o lar é que modela os caracteres, e eles, desde a infância, viveram perambulando pelas ruas...
Tal como os vemos, são ainda frutos da sociedade... Sua impiedade foi libada na impiedade que receberam... Tornaram-se criminosos inveterados, na Terra e no Além, porque foram vítimas
do crime do egoísmo da sociedade... Portanto, pertencem à sociedade terrena, esta é afim com eles e eles vivem nos
ambientes que lhes convêm... Yvonne Pereira – Devassando o Invisível – Cap. 10 – Os grandes segredos do Além
61 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
4.4 As Raízes da Violência – um modelo Espiritual - ACS
4.4.1 Modelo Espiritual da Violência – Fundamentos
Igualmente, nas favelas amontoadas de construções de tábuas, flandres, caixas de
papelão ou plásticos, as crianças, desde cedo, aprendem mais perversões e experimentam
sofrimentos que qualquer outro valor edificante, enrijecendo os sentimentos que se
transformam em couraça para a sobrevivência, mutilando-as profundamente e empurrando-as
para os crimes a que se entregarão lamentavelmente.
É muito grave o problema da violência porque vige internamente no coração humano,
quando tomado pela inveja ou aturdido pelo sofrimento de qualquer natureza, que o propele
para o desforço, para a fuga da realidade, para o enfurecimento asselvajado.
(...) Nessa análise, sucinta embora, não é possível que sejam olvidadas as violências
governamentais resultantes da indignidade de alguns dirigentes, que desviam as verbas que
deveriam ser encaminhadas para os fins específicos para os quais são destinadas e que lhes
servem de base para novas competições eleitoreiras, a fim de permanecerem nos cargos que
deslustram com a conduta imoral que se permitem.
Subornadores uns e subornados outros, são invisíveis em plenário ou silenciosos nas
assembleias onde se encontram apenas para defender os próprios interesses e nunca os do povo
espoliado e vencido nos seus ideais e na sua cidadania.
Da mesma forma, usurpam o poder, lutando para não serem desapiados, utilizando os
recursos ignóbeis da desonestidade com que compram os seus pares, prolongando suas infelizes
administrações até a exaustão daqueles que lhes sofrem a impiedosa sujeição.
Candidatando-se novamente aos mesmos cargos, dispõem de recursos surrupiados dos
cofres públicos perceber as suas tramas e atitudes perversas, reelegendo-se muitos deles em
razão das promessas mentirosas que fazem, logo abandonadas após as eleições.
Certamente que há exceções dignas de crédito e de respeito, sinalizadas por homens e
mulheres portadores de nobres ideais e lutadores incansáveis pelo estabelecimento da justiça
social e do equilíbrio entre as criaturas.
O problema, portanto, permanece no indivíduo, na sua herança ancestral, na
predominância da sua natureza animal e nas ambições desmedidas que o ensandecem.
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – Cap. 13 – Violência Humana
62 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A agressividade é doença da alma que deve merecer cuidados muito especiais desde
a infância, educando-se o iniciante na experiência terrestre, de forma que possa dispor de
recursos para vencer a inferioridade moral que traz de existências transatas ou que adquire na
convivência doentia da família…
Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Agressividade (15/03/2010)
Muitas vezes, o agressor é apenas um doente, mais necessitando de medicina do que
de punição.
Efigênio de Salles – Praça da Amizade – Cap. 10 – Perdão e Vida
O agressor deve ser examinado como alguém perturbado em si mesmo, em lamentável
processo de agravamento. Não obstante merece tratamento a agressividade, que procede do
espírito cujos germes o contaminam, em decorrência da predominância dos instintos
materiais que o governam e dominam.
Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 28 – Agressividade
A violência é uma doença da alma e deve ser tratada na alma, tanto do ponto de vista
espiritual quanto de natureza psíquica.
E para essa violência urbana, que se transformou em uma guerra não declarada, a única
solução é a Educação. (Educar-se para Educar)
Divaldo Franco – Jornal Zero Hora/Porto Alegre – Entrevista – 27/08/2016
63 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
4.4.2 Modelo Espiritual da Violência – Estrutura e Dinâmica
Apresenta-se neste trabalho um modelo Espiritual da Violência, o qual destaca que além
dos fatores usuais discriminados em outros modelos, tais como os aspectos materiais,
individuais, contextuais, e ambientais, como o Modelo Ecológico, posto pela OMS no seu
relatório anual de 2002: “Violence: a global public health problem”, o qual está apresentado
sinteticamente na seção 3.4, tem-se de levar em conta o aspecto Espiritual.
Necessário se faz considerar o ser humano como um ente Espiritual, criado simples e
ignorante ao início de sua caminha na fase hominal, com um histórico multimilenar de
Reencarnações, com uma coletânea de erros e acertos, de inferioridades e aprendizados, na
busca constante pela Evolução, o qual nesta romagem infinda, apresenta comportamentos,
vivências violentas, que não são apenas representantes ou reflexos do hoje material e social.
Este modelo Espiritual estará alicerçado nos conceitos, visões, fundamentos das origens,
causas e consequências da violência sob a ótica Espírita, expressos nas seções anteriores.
Em especial nos seguintes quatro aspectos basilares:
i. O homem violento é um Espírito enfermo: (...) A agressividade é doença da alma que
deve merecer cuidados muito especiais desde a infância, educando-se o iniciante na experiência
terrestre, de forma que possa dispor de recursos para vencer a inferioridade moral que traz de
existências transatas ou que adquire na convivência doentia da família… Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Agressividade (15/03/2010)
ii. O homem violento reflete um estágio espiritual: (...) os seres humanos encontram-se em
diferentes níveis de consciência, em patamares diversos de pensamento, em variados estágios
de evolução moral e espiritual. Na grande generalidade, sem um conceito vivencial do bem e
do mal, do nobre e do equivocado, do certo e do errado, facilmente esses indivíduos enveredam
pelos meandros do vício e do crime, esperando inconscientemente contar com a compreensão,
ajuda e correção da sociedade mais esclarecida e digna.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 13 – A Violência
iii. O homem violento expõe o egoísmo, orgulho e vaidades ainda presentes nele: (...) A ambição desmedida de ser o que ainda não conseguiu, possuir de qualquer maneira o
que lhe falta, de sobrepor-se ao seu próximo e dominá-lo sob a tirania do orgulho, da
presunção ou dos conflitos de inferioridade que o infelicitam, farão o indivíduo violento.
Joanna de Angelis – Sendas Luminosas – Cap. 24 – Violência e Loucura
64 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
iv. O homem violento ressoa profundos sofrimentos íntimos, visíveis e não visíveis: (...) é muito grave o problema da violência porque vige internamente no coração humano,
quando tomado pela inveja ou aturdido pelo sofrimento de qualquer natureza, que o propele
para o desforço, para a fuga da realidade, para o enfurecimento asselvajado.
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – 13 – Violência Humana
Considerando esses quatro aspectos, assim como os conceitos de violência e as causas
morais e espirituais da violência sob a ótica espírita, desenvolve-se um modelo Espiritual que
apresenta três dimensões, ou três níveis, denominadas de: O Espírito, o Homem encarnado e o
Homem violento, como mostrado na figura a seguir.
Violência – Modelo Espiritual – estrutura
Na dimensão mais abrangente: Espírito, destaca-se o ser humano, como um ente
Imortal, em processo constante de Evolução, através de inumeráveis Reencarnações, reguladas
pela Justiça Divina, representada pela Lei de Causa e Efeito, e que é efetivamente a causa
primeira, a Raiz da “árvore” da violência na Terra.
Nesta dimensão enfatiza-se três aspectos da personalidade espiritual, as quais tem direta
ligação com o extravasar da violência no transcurso da reencarnação, quais sejam:
65 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
– O Egoísmo: espelhando a predominância ainda da natureza animal, primitiva, em
muitos espíritos, ensejando quadros de violência no relacionamento familiar, social, etc.
– A Inveja: demonstrando que as ambições, por vezes, desmedidas, e não alcançadas,
se refletem num quadro de violência na vivencia do dia a dia.
– O Orgulho: a qual representa o Ego, ainda mal aprimorado, desejando sobrepor-se
aos demais, por todos os meios, mesmo os violentos.
Na dimensão seguinte: Homem Encarnado, o qual está sujeito a condições adversas,
sociais, educacionais, econômicas, e espirituais, por vezes várias, no seu trajeto reencarnatório
desta vida, reflexo em muitas situações de um passado espiritual problemático e difícil, levando
ao entrechoque de diversos sofrimentos: Familiares, Morais, Sociais, Tecnológicos e
Espirituais.
Entrechoque esse, potencializados, negativamente, pelas condições adversas em que a
Sociedade atualmente está vivendo durante a Transição Planetária, levando que o
enfrentamento desses sofrimentos ou dessas situações adversas se faça de um modo violento e
agressivo.
Na última dimensão ou nível temos: Homem Violento, que é o desnudar das
inferioridades espirituais ainda latentes (egoísmo, inveja, orgulho), as quais potencializadas,
adubadas pela: desestruturação Familiar, pela falência da Moral e da Ética, pelos descontroles
da Ciência e da Tecnologia, pelas deficiências da Justiça e das Leis, pelo desequilíbrio das
Mídias e por fim, pelo ciclo de Transição Planetária em que estamos imerso, somados com o
extravasar desequilibrado de sofrimentos visíveis e invisíveis que o acompanha nesta
existência, levam a materialização das diversas violências que a sociedade hoje cataloga, quais
sejam:
a violência familiar (na criança, na mulher, no idoso, etc.);
a violência ética/moral (na maledicência, na calúnia, na discriminação, etc.);
a violência social (na fome, na desassistência a saúde, na favela, etc.);
a violência tecnicista (no desemprego, no subemprego, no materialismo exacerbado,
etc.);
a violência digital (no cyberbullying, na difamação na internet, no uso de falsas
identidades para acobertar crimes, etc.); e por fim
66 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
a violência espiritual/obsessiva (nas obsessões espirituais, nas auto-obsessões e nas
perturbações espirituais sutis, etc.).
Portanto, como ilustrado na figura a seguir, o Homem Violento é uma consequência da
ação dinâmica de inúmeros fatores, advindos simultaneamente, do seu íntimo espiritual, do seu
passado espiritual, das condições adversas do presente momento da Sociedade, que o levam a
vivenciar de forma desequilibrada inúmeros sofrimentos visíveis e invisíveis, íntimos ou
explícitos, que desaguam nas diversas violências hoje epidêmicas na sociedade.
Violência – Modelo Espiritual – dinâmica
Dessa forma se compreende que cada Homem Violento é único, porque ele representa
a somatória de diversos fatores matérias e espirituais, que o afeta de maneira e intensidade
diferentes para cada ser humano, para cada fase de sua existência planetária, e de forma única
nos seus relacionamentos sociais, familiares, etc.
Ou seja, haverá um Homem Violento que reflete um sentimento predominante, por
exemplo, de Inveja, adubado por um sofrimento Familiar, que o leva a uma violência doméstica,
enquanto que outro, com o mesmo sentimento de inveja, mas estribado num sofrimento moral,
o leva a uma violência da Calúnia, e assim sucessivamente.
Cada um deles espelhando, materializando, violências as mais diversas, diferentes entre
si, de intensidades diferentes, mas em todos os casos demonstrando a existência de um Espírito
doente, enfermo, requerendo suportes matérias e espirituais para sanar tal enfermidade.
67 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5. A Violência na Sociedade – Aspectos Sociais e Espirituais – O
“adubo” da Violência
Adensa-se a sombra da ignorância nas paisagens mentais e morais da criatura
humana, gerando perturbações que tumultuam o organismo social e conspiram contra as
inegáveis conquistas da cultura, da ética e da civilização.
Neste momento em que a arbitrariedade e as aberrações se expressam de forma
espontânea, sendo aceitas socialmente sem qualquer escrúpulo;
quando a promiscuidade aturde e a agressão às Instituições adquire cidadania,
conspirando contra as edificações éticas do sentimento e da razão;
ante os quadros desoladores quão chocantes da fé religiosa competindo publicamente
com a vulgaridade nos campeonatos da insensatez e das paixões primárias;
face ao predomínio da força econômica desencadeadora da corrupção que gera cruel
escassez de recursos para centenas de milhões de vidas;
diante da impunidade em relação aos diversos crimes que são praticados contra o
cidadão e a comunidade por personalidades detentoras de destaque e poder;
enquanto a violência sob todos os aspectos considerada se faz o cotidiano dos
indivíduos, não quaisquer restam dúvidas quanto à predominância da grande noite na
Humanidade hodierna.
(...) A gigantesca sombra em predomínio, que estarrece os lidadores da consciência
integral, a qual oferece os instrumentos hábeis para a construção do ser espiritual, vai
alcançando o seu clímax em ameaças vãs de extinção dos valores dignificadores da
Humanidade, provocando lutas hediondas e aniquilamentos de vidas e de ecossistemas,
enquanto a alucinação se espraia em onda colossal pelos quadrantes do Globo.
Em transição, a Terra e a Humanidade avançam a duras penas para o objetivo
estabelecido pelo Criador, que é acompanhar a marcha do progresso e das conquistas do
pensamento universal.
A grande noite então se salpicará de estrelas luminíferas, recamando-se de claridades
diamantinas até o total amanhecer em triunfo.
Aguardai, confiantes!
Victor Hugo – Luzes do Alvorecer – Cap. 28 – A Grande Noite / Revista Reformador – 1999
– Junho – A Grande Noite.
68 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Exceção feita aos portadores de psicopatias graves, que são destituídos do senso de
discernimento, quase sempre dominados por alucinações e manias de perseguição, o ser
humano permite-se a violência quando induzido por estímulos externos que caracterizam as
injustiças sociais, a miséria moral, a promiscuidade, a deseducação, o abandono, os
tormentos de vária ordem, especialmente de natureza sexual.
Além desses, podem-se apontar outros fatores sociológicos e administrativos, bem como
os de planejamento das comunidades, a citar, por exemplo: o ambiente onde se vive, a cultura
ancestral e atual, o espaço que diminuto em razão da superpopulação, a ampliação dos
interesses imediatistas não satisfeitos, a inveja dos poderosos que se permitem quase tudo
quanto lhes compraz, os clichês hediondos oferecidos por alguns veículos da comunicação de
massa, que tornam heróis aqueles que desrespeitam as leis e ameaçam a sociedade, a
indiferença de alguns governantes e a impunidade que grasse dominadora, quase que na
mesma escala do terrível flagelo...
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – Cap. 13 – Violência
Humana
69 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5.1 A Desestruturação Familiar
Para a preservação da sociedade, é indispensável que a família se apresente
estruturada sobre bases de honradez e equilíbrio, sem o que se esfacelam os códigos do amor
e do dever dos pais para com os filhos, destes para com aqueles, e sucessivamente em relação
aos demais membros do clã e da sociedade.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 2
A família, por essa razão, tornou-se a célula máter do organismo social onde se
desenvolvem os sentimentos, a inteligência, e o espírito desperta para as realizações superiores
da vida.
Por isso, toda vez que a família se desestrutura a sociedade cambaleia, a cultura
degenera, a civilização se corrompe...
A tecnologia atual aliada à ciência, que ensejou a conquista do Cosmo, infelizmente
não pôde impedir o deterioramento da família, vitimada por inúmeros fatores que se têm
enraizado no organismo social de forma cruel.
Como consequência, uma vaga de perturbação varre o planeta, ameaçando as belas
construções dos milênios e quase tudo reduzindo a escombros e loucura.
Joanna de Angelis – SOS Família – Prefácio
Quando todo valor da vida é mostrado no trato de contas bancárias, de grifes de todos
os tipos, em níveis de poder econômico, político e social; se não se cogita da amizade, do
respeito devido aos familiares, aos amigos e mesmo aos adversários, como ensinou o Celeste
Guia do mundo, Jesus, como esperar milagres nas atitudes de tanta gente?
Nesse enfoque, os pais valem pelo patrimônio material que transferem às mãos dos
filhos; os filhos valem pelo brilho social em que se engajem; os amigos são importantes pelo
que podem suportar de nós, ou pelo que nos podem servir; quando cada pessoa a nossa volta
valha pelo que dela possamos extrair.
Camilo – Nos Passos da Vida Terrestre – Cap. 11 – Ante o desassossego Social
70 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Ao que podemos contemplar, a família acha-se, de um modo geral, descuidada nos
mais diversificados aspectos da vida, considerando-se o seu papel de "escola das almas", e a
primeira escola por sinal dos que chegam no mundo terreno.
Entretanto, as raízes atormentadoras de tanto desajuste familiar, vemos na vivência
materialista, sem as noções básicas quanto ao Espírito imortal, a descrença em Deus, embora
a maioria professe rituais e cultos variados e vazios de conteúdo mais profundo acerca da vida.
É aí que o conhecimento da reencarnação, da lei de causa e efeito, conforme ensina o
Espiritismo, pode despertar os pais, os filhos, esposos, para que reflitam acerca das
responsabilidades graves que têm, em face das relações familiares, com vistas ao futuro de
alegrias e de paz.
Raul Teixeira – Entrevista em Catanduva–SP – Jornal Mundo Espírita – 1986 – Agosto
Modernamente, ante a precipitação dos conceitos que generalizam na vulgaridade os
valores éticos, tem-se a impressão de que paira rude ameaça sobre a estabilidade da família. Mais do que nunca, porém, o conjunto doméstico se deve impor para a sobrevivência a benefício da soberania da própria Humanidade.
A família é mais do que o resultante genético... São os ideais, os sonhos, os anelos, as lutas e árduas tarefas, os sofrimentos e as aspirações, as tradições morais elevadas que se cimentam nos liames da concessão divina, no mesmo grupo doméstico onde medram as nobres expressões da elevação espiritual na Terra.
Quando a família periclita, por esta ou aquela razão, sem dúvida a sociedade está a um passo do malogro...
Joanna de Angelis – Estudos Espíritas – Cap. 24 – Família
71 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5.1.1 Pais desajustados
A violência, no entanto, irrompe mais flagrante nos lares desajustados, fruto da
indiferença de um pelo outro parceiro, que se torna descartável ante a luxúria que toma conta
dos relacionamentos, impondo alterações de conduta emocional e variedade de companhia,
numa sede perturbadora de novas sensações, sempre resultado de imaturidade psicológica e
primitivismo espiritual.
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – Cap. 13 – Violência Humana
Muita gente chega aos casamento já portadora de anomalias da emoção ou do
caráter, ou de ambos, enquanto muitos alcançam os esponsais com grandes predisposições aos
desarranjo interior, após o que as tensões, as dores morais, a violência psicológica e física
experimentadas no cotidiano, advindas do cônjuge agressivo, de personalidade esquizoide ou
portador de outras patologias, acabam por chafurdar no lodo das enfermidades psicológicas,
dos destrambelhos mentais a exigirem sérios tratamentos reestruturadores, e, no caso de não
existirem essas providencias restauradoras do equilíbrio, haverá o comprometimento
negativo dessas criaturas, o que se espalhará para todas as suas realizações ao longo da
reencarnação e que, sem nenhuma dúvida, converterá a vida familiar num verdadeiro
pandemônio ou num inferno desolador.
Há muitos filhos que nascem nesse caldo de cultura familiar e que padecem,
amargamente, os mais variados tipos de maus-tratos físicos e psicológicos, além de não
encontrarem nenhum respaldo que os socorra, que os liberte dessas amarras consanguíneas,
impondo-lhes, desde muita tenra idade, expiações indescritíveis.
(...) quando levamos em consideração os elementos de outras existências corporais do
ser, ou de outras reencarnações planetárias, surge quase sempre um fator que costuma
influenciar grandemente os passos dos indivíduos no mundo, que é a obsessão espiritual.
(...) que os Pais e os Filhos que se reconhecem presas dessa teia desarmônica, e que
já tenham chegado aos arraias do fulgurante pensamento espirita, que elucida e que conforta,
procurem nos campos da medicina e da psicologia os tratamentos de que necessitam, a fim
de desenvolverem a existência e os relacionamentos humanos com boa qualidade. Isso é
indispensável.
72 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
(...) que os filhos de pais complicados e mesmo perturbados, uma vez tenham contatado
os conhecimentos espiritas e os entendidos, não mais praguejem a presente encarnação nem
desejem nenhum mal aos genitores. Importante será aprender, mesmo que com lágrimas, a
encontrar as chaves da honradez e do bem-querer que abram essas cadeias de débitos, de
erros e de dores, enquanto realizam seus esforços para progredir.
(...) os filhos que vivem na Terra as condições complexas do lar perturbado não podem
impor aos seus pais que deixem para trás seu desespero, suas obsessões e seus dramas, em
respeito a sua liberdade. No entanto, tem o dever moral de valorizar os conhecimentos obtidos,
de orar pelos genitores em convulsão íntima, socorrendo-os o quanto seja possível,
construindo, a despeito de tudo e de todos, a via de redenção, o caminho da liberdade para
os próprios pés... sem tornar a cometer os mesmos enganos.
Raul Teixeira/Camilo – Minha Família, o Mundo e Eu – Cap. 11 – Pais e Mães com
dificuldades morais
Todavia, devemos considerar, à margem das respeitáveis opiniões dos técnicos e
especialistas no complexo problema, as condições morais das famílias abastadas — tendo-se
em conta que a delinquência flui, também, abundante e referta, assustadora e rude, em tais
meios assinalados pela linhagem social e pela tradição—cujos exemplos, nem sempre salutares,
substituem o cumprimento dos retos deveres pelo suborno ou os transferem para realização a
servos e pedagogos remunerados, enquanto os pais se permitem desconsiderações recíprocas,
desprezo a leis e costumes, impondo seus caprichos e desaires como normas aceitas,
convenientes, sobre as quais estatuem as diretrizes do comportamento, agindo de maneira
desprezível, apesar da aparência respeitável...
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap.7 – Delinquência, Perversidade e Violência
73 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5.1.2 Pais Invigilantes
Sob outros aspectos, os pais invigilantes olvidam-se da correta educação da prole,
procurando deixá-la aos cuidados de educadores remunerados ou de divertimentos eletrônicos,
sem a menor assistência moral que merecem, neles instalando-se, a pouco e pouco, a violência
cruel de desenhos animados grosseiros e de mensagens desestruturadoras dos valores sociais e
morais.
(...) Outrossim, nos grupos sociais mais abastados, pensam muitos genitores, que a
melhor maneira de preparar os descendentes para galgar as cumeadas do progresso é sempre o
mais fácil mecanismo de contratar empregados e comprar com brinquedos caros e jogos
perigosos as suas consciências, para que, entorpecidos não lhe notem a falta no lar no convívio,
nos seus problemas.
A criança é um Espírito portador de muitas experiências transitando no reino infantil,
com tendências, boas e más, com equipamentos saudáveis ou não, muito necessitada de
assistência continuada e de orientação incessante.
Não serão os breves minutos da adulação que corrompe ou da repreensão que resulta do
aborrecimento de suportá-la que vão trabalhar em forma de educação, de conclamação ao
equilíbrio e de conscientização dos deveres e responsabilidades que dizem respeito a todas as
criaturas.
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – Cap. 13 – Violência Humana
Pouca gente se dará conta de que esses menores abandonados não são apenas os que
nascem nos guetos, nas favelas, mas todos aqueles que deixaram de receber de alguma maneira, o suporte, a atenção, o respaldo sejam da família, seja dos governos, seja da sociedade em geral.
É dessa maneira que vamos encontrando menores abandonados que nunca poderíamos supor que o fossem. Porque eles estão dentro dos lares, com seu pai, com sua mãe, com seus irmãos, mas costumeiramente são órfãos. Órfãos sociais, órfãos, diríamos, de pais vivos.
E quando é que essa situação passará a ocorrer? Quando é que teremos esses órfãos de pais vivos?
Todas as vezes que eles recebam desses pais coisas, mas não tenham propriamente os pais. Seja pelo motivo que for. Se essas crianças, se esses moços estiverem fadados a crescer nas mãos de servidores domésticos ou nas mãos da via pública, sob o impacto das violências cotidianas das ruas da cidade, serão menores abandonados.
74 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Abandonados pelos pais, que nunca têm tempo para conversar com eles, para dialogar com eles, de explicar-lhes os perigos encontrados pelas avenidas do mundo nas pessoas que não merecem confiança. Serão menores abandonados pelas autoridades que pouco se preocupam com o menor em si.
(...) Nós temos tantos menores abandonados nas ruas, como os temos nos lares, onde os pais
lhes dão brinquedos, brindes, viagens, dinheiro, carros, motos, mas não lhes dão o coração. (...) Aqueles meninos, meninas que vivem dentro de casa com seu pai, com sua mãe, apenas
como um dado. É que esses pais são sempre ausentes, seja pelo trabalho, seja pela vida social intensa que levam, seja porque motivo for.
Esses moços, essas crianças, esses jovens ou adolescentes, o que é que deverão pensar, o que é que lhes passa pela cabeça?
Parecerá que eles são verdadeiros estorvos na vida dos seus pais. Porque os pais nunca têm tempo para eles. Sempre coisas muito rápidas para atender a necessidades econômico-financeiras, para dar-lhes dinheiro, para ouvir a respeito de alguma das suas necessidades.
Aqueles que têm casa, que têm pão, que têm comida, que têm roupa, que têm quase tudo, mas lhes falta o amor dos pais, cabe-nos pensar no estilo de apoio que estamos dando às nossas crianças, nossos filhos, nossos menores.
E, honestamente, verificarmos se, apesar de todas as coisas que lhes damos, se não estamos convertendo nossos filhos em outros tantos menores abandonados.
Raul Teixeira – Federação Espírita do Paraná – Programa Vida e Valores, de número 105 –– Menores Abandonados
Transformando os Pais em meros mantenedores econômicos da família, tiram-lhes
a autoridade moral, gerando o falso conceito de liberdade plena e auto-satisfação contínua,
assim desenvolvendo o conceito doentio de direitos sem correspondentes deveres.
Por sua vez, muitos Pais, desejosos de fugir às responsabilidades que os filhos impõem
naturalmente, adotam o mesmo estilo de conduta, deixando de educá-los, sob a alegação da
necessidade de não os oprimir, porque não sabem colocar limites entre o que é possível ceder
e deve ser concedido, em relação ao que devem, mas não podem ou podem, mas não devem
oferecer...
Esse mecanismo faculta-lhes a permissividade que o educando não tem condições de
absorver, naufragando, desde cedo, nos abusos de toda ordem, com prejuízo da futura realização
moral, social, profissional e doméstica, ao se tornar genitor...
Joanna de Angelis – Constelação Familiar – Cap. 29 – A Família hodierna
75 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5.1.3 Pais Agressivos
Esses mesmos pais, quando pobres e sem discernimento para a educação dos filhos,
exorbitam na agressividade, expulsando-os dos superlotados casebres miseráveis, a fim de que
consigam, a qualquer preço, a própria sobrevivência nas ruas perigosas do mundo, na
prostituição, na droga, na criminalidade...
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – Cap. 13 – Violência Humana
E nesse vastíssimo roteiro de Espíritos em desajuste, não identificaremos tão somente os cônjuges infortunados. Além deles, há fenômenos sentimentais mais complexos.
Existem Pais que não toleram os filhos e Mães que se voltam, impassivelmente, contra os próprios descendentes.
Há filhos que se revelam inimigos dos progenitores e irmãos que se exterminam dentro do magnetismo degenerado da antipatia congênita, dilacerando-se uns aos outros, com os raios mortíferos e invisíveis do ódio e do ciúme, da inveja e do despeito, apaixonadamente cultivados no solo mental.
Os hospitais e principalmente os manicômios apresentam significativo número de enfermos, que não passam de mutilados espirituais dessa guerra terrível e incruenta na trincheira mascarada sob o nome de Lar.
Batizam-nos os médicos com rotulagens diversas, na esfera da diagnose complicada; entretanto, na profundez das causas, reside a influência maligna da parentela consanguínea que, não raro, copia as atitudes da tribo selvagem e enfurecida.
Todos os dias, semelhantes farrapos humanos atravessam os pórticos das casas de saúde ou de caridade, à maneira de restos indefiníveis de náufragos, perdidos em mar tormentoso, procurando a terra firme da costa.
Ninguém pode negar a existência do amor no fundo das multiformes uniões a que nos referimos. Mas esse amor ainda se encontra, à maneira do ouro inculto, incrustado no cascalho duro e contundente do egoísmo e da ignorância que, às vezes, matam sem a intenção de destruir e ferem sem perceber a inocência ou a grandeza de suas vítimas.
Por isso mesmo, o Espiritismo com Jesus, convidando-nos ao sacrifício e à bondade, ao conhecimento e ao perdão, aclarando a origem de nossos antagonismos e reportando-nos aos dramas por nós todos já vividos no pretérito, acenderá um facho de luz em cada coração, inclinando as almas rebeldes ou enfermiças à justa compreensão do programa sublime de melhoria individual, em favor da tranquilidade coletiva e da ascensão de todos.
Humberto de Campos – Luz no Lar – Cap. 5 – No Reino Doméstico
76 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5.1.4 Pais Insensíveis
Algumas mulheres que se tornam mães, despreparadas para o ministério elevado que
lhes é imposto, desqualificam-no pela indiferença para com os filhos que não desejaram,
entregando-os a outras pessoas ou suportando-os com ira e malquerença, neles gerando os
sentimentos de raiva e ódio contra a família que não têm e a sociedade na qual projetam os seus
conflitos.
Noutras circunstâncias, expulsam-nos de casa, quando trocam de companheiro, que
os não querem ou os maltratam de tal forma que eles se evadem, procurando nas vielas e nos
viadutos das cidades o companheirismo e a existência que lhes são negados no ambiente em
que nasceram.
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – Cap. 13 – Violência Humana
Claro que a qualidade do relacionamento é muito importante, mas qual o mínimo de
tempo considerado ideal?
Dez minutos por dia?
Três ou quatro beijinhos sôfregos antes de sair correndo ou ao voltar do trabalho e
encontrar a criança já na cama, banhada e alimentada?
Isso é qualidade? E nos fins de semana? Trazer trabalho para casa e ficar o fim de
semana inteiro plugado no computador, resolvendo os problemas da firma e pedindo silêncio,
às vezes irritado porque precisa trabalhar?
Alguém já fez uma planilha e se deu conta de quanto tempo fica com os filhos por dia,
por semana, por mês?
Já pensou o que isso vai significar no final de um ano ou de toda a infância?
Qual o percentual de presença que você está dando para seus filhos?
José Martins Filho – A Criança Terceirizada – Cap. 6 – Os descaminhos das Relações
Familiares no mundo contemporâneo
77 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A fornalha mais preciosa para o amoldamento do caráter e da personalidade é o lar.
Quando esse falta, deixando o ser em formação em mãos estranhas ou ao abandono, o sofrimento marca-lhe o desenvolvimento psicológico, que passa a exigir terapia de amor muito bem direcionada, evitando-se os apelos de compaixão, de proteção injustificada, para se tornar natural, franco, encorajador, e que faculte a compreensão do educando sobre o fenômeno que lhe aconteceu, mas em realidade não lhe pode afetar a existência, desde que se trata de uma ocorrência proposta pelas Leis naturais da Vida.
O ser humano, em qualquer fase do seu desenvolvimento na Escola terrestre, é sempre aprendiz sensível a quem o amor oferece os mais poderosos recursos para a felicidade ou para a desdita, dependendo de como esse seja encaminhado.
O lar, desse modo, é oficina de crescimento moral e intelectual, mas sobretudo espiritual, que deve ser aprimorado sempre, abrindo espaço para tornar-se célula eficiente da sociedade.
Joanna de Angelis – O Despertar do Espírito – Cap. – Relacionamentos Familiares
Outro mal dos pais pode ser a indiferença. A indiferença dolosa ou a indiferença culposa. A indiferença dolosa é aquela na qual os pais se mostram bastante egocêntricos,
preferindo concentrar sua atenção em si mesmos, em lamentável desprezo peta nobre tarefa educadora.
Não agem com elevação de caráter, demonstrando a baixa condição espiritual. A indiferença culposa é aquela chamada pelo codificador, em artigo na Revista Espírita
de 1864, de culposa despreocupação. Os pais possuem relativa compreensão da importância de sua tarefa, mas pensam
bastar os cuidados materiais, escolares e inibição das situações mais graves. Erram por estar parcialmente desligados da grandeza da missão dos pais perante os
filhos e essa distração os faz falhar em inúmeros momentos da vida familiar, não preparando os filhos adequadamente para o enfrentamento da vida.
Não enxergam os riscos de largar os filhos à própria sorte e juízo no manuseio dessas tecnologias. O resultado se evidencia em filhos ainda não amadurecidos para lidar com tantas informações e tentações, se tornando dependentes e guiados pelas tendências e ideias absorvidas sem contraposição de uma educação moral e espiritual superior.
Isso leva à falta de diálogo quanto aos conteúdos aos quais estão expostos. Vale aqui a máxima que se aplica a todas as mídias: o mal não é manuseá-las e assisti-las e ser influenciado; o mal é não haver alguém mais maduro a explicar e esclarecer onde e como selecionar entre luz e sombra, saúde e doença, presente e lixo. Aprender a discernir e se proteger.
Um dos produtos dessa calamidade é o distanciamento dos pais em relação aos filhos. Quanto mais distantes, menos os filhos ouvem os pais, e quanto menos ouvem os genitores, mais ouvem terceiros e fogem do mundo real se refugiando no mundo virtual.
Joamar Nazareth – Um desafio chamado Família – 2o Parte – Cap. 32 – A Internet, Redes Sociais e a Família
78 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5.2 A Falência da Moral e Ética Religiosa e Educacional
5.2.1 Religiosa
Destaquemos, aqui [como fator para a delinquência], a falência das implicações
morais e da ética religiosa do passado, que depois da constrição proibitiva a todos os processos evolutivos viam-se ultrapassadas, sentindo necessidade de atualização para a sobrevivência, saltando do estágio primário da proibição pura e simples para o acumpliciamento e acomodação a pseudo valores novos, não comprovados pela qualidade de conteúdo.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap.7 – Delinquência, Perversidade e Violência Nesse contexto [do aumento dos desajustes sociais e da criminalidade], a religião
sempre exerceu um papel preponderante, por manter como base dos seus postulados a crença em Deus, na imortalidade da alma e na Justiça Divina.
É certo que, em muitos períodos do pensamento primitivo, as paixões religiosas se responsabilizaram por crimes hediondos, cuja memória repugna a consciência social contemporânea.
No entanto, a formação religiosa, não mais castradora, não mais temente a Deus, mas sim estruturada no amor, proporciona ao homem a visão otimista da realidade, oferecendo-lhe perspectivas melhores sobre a imortalidade da vida, e que ele enfrentará após o decesso da organização física.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 2 O materialismo penetrou o seio das instituições religiosas inauguradas no mundo, e
elas passaram a ser governadas pelo espírito de astúcia, de engodos, de exploração sentimental, de irracionalidade, e quase tudo o que se costuma buscar nas casas de fé tem sido o auxílio divino para a melhora da vida material que enseje a chance de ter, de adquirir, de comprar, de consumir, de ganhar mais, no afã de se construir o Reino dos Céus aqui mesmo, por entre os mexinflórios da Terra.
E as "casas de Deus" se converteram em instituições financeiras, bancárias; em armazéns, em shoppings, onde as preocupações deslizaram do território das almas carentes de luz para a contagem dos saldos diários, das remessas de lucros pecuniários, quando muitos líderes se valem da ignorância ou do egoísmo dos "fiéis" para lhes achacar um pouco mais, por meio de cobranças de "dízimos" que fazem todo o sentido nos textos de Malaquias( Malaquias 3:10), sendo, no entanto, anacrônicas, absurdas mesmo, nos tempos atuais quando â nossa referência deve ser Jesus Cristo.
É importante, pois, recordá-lo: Esses já obtiveram na Terra o seu galardão... (Mateus 6:2)
Camilo – Nos Passos da Vida – Cap. 11 – Ante o desassossego Social
79 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Infelizmente, o egoísmo, esse terrível chaga da Humanidade, que um dia há de
desaparecer da Terra, tem sido o grande responsável pelas misérias humanas.
Não obstante as religiões preconizarem o amor e demonstrarem que o mesmo é a
única solução para os magnos problemas existenciais, sociais e humanos, a sua prática, nessas
diferentes doutrinas, tem sido essencialmente caracterizada pela sua ausência, pela crueldade,
pelos crimes hediondos, de modo que cada qual exerça sobre as demais uma predominância
injustificável.
Falindo nos seus objetivos mais elevados, que são os de dignificar o ser humano e
conduzi-lo com segurança no rumo da felicidade, as organizações religiosas têm-se ligado
aos Estados, a fim de sobreviverem, tomando as rédeas do poder nas suas mãos vigorosas e
vivendo os seus adeptos distanciados dos seus ensinamentos libertadores.
Como consequência, incontáveis homens idealistas, decepcionados com a conduta dos
religiosos, abdicaram da fé cega e irracional, adotando o comportamento materialista, tomados
de paixão ardorosa pela tentativa de solucionarem os terríveis problemas sociais, econômicos e
morais.
Sem os estímulos nem a segurança de uma fé religiosa racional, infelizmente,
descambam, também, por sua vez, em outra ordem de crimes, tomando-se cruéis e destruidores,
procurando justificar os meios ignóbeis que usam para verem triunfar os seus objetivos com a
perspectiva de que desejam fins nobres. Nunca, porém, os instrumentos do terror podem
servir de mecanismos dignos para serem alcançados resultados felizes.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 26
O declínio da fé responsável, nas mentes e nos corações, substituída pelo formalismo e
pelas injunções sociais, deixou árido o sentimento humano e indiferente o raciocínio para as
questões espirituais, anulando-as por parecerem destituídas de sentido, abrindo espaços
emocionais para o gozo sem limite, numa sofreguidão irrefreável.
Como conseqüência crescem o egoísmo, a insensibilidade afetiva, a insatisfação, a
angústia, a insegurança e o medo, gerando carências superlativas, que armam os sentimentos
com rebeldia, agressividade, luxúria, insensatez a caminho da loucura.
Vitor Hugo – Antologia Espiritual – Cap. 49 – Única Alternativa
80 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Analisando-se a situação socio espiritual do planeta na atualidade, não há como negar-
se a presença da destrutiva onda de pessimismo e utilitarismo que domina as criaturas humanas
em toda parte.
Apoiados no niilismo, embora os comportamentos rotulados de religiosos de alguns
de seus segmentos sociais, o cinismo das pessoas e a decadência da ética dão-nos a dimensão
do desespero que avassala as mentes e os corações atormentados.
Em consequência, a violência e o despautério, a drogadição e o erotismo substituem
as aspirações de enobrecimento dos seres, como mecanismos escapistas para preencher o vazio
existencial e o desencanto que se apossaram do século XX, que se desenhava com perspectivas
iluministas, libertadoras, ricas de anseios de felicidade e de beleza.
A amargura toma conta dos indivíduos que se sentem coisificados, enquanto a revolta
arma as multidões desvairadas que se levantam contra os abusos do poder, as injustiças sociais,
os desregramentos dos dominadores, a desonestidade dos legisladores que perderam o respeito
moral, a liberdade, e o direito de viver com o mínimo de honorabilidade que seja...
Pode-se afirmar que a aparente calma que ainda paira sobre algumas nações não esconde
os paióis de explosivos prestes a deflagrar o estouro prenunciador das tragédias que produz.
(...) Lamentavelmente, as religiões ortodoxas, incapazes de oferecer resistência
filosófica e ética aos absurdos da nova ordem, por se manterem fiéis aos programas medievais
totalmente ultrapassados, foram desprezadas e consideradas responsáveis pela miserabilidade
do ser humano, pelos seus desaires, pelas suas amarguras.
Carregado pelas heranças teológicas do pecado e da culpa, o ser humano rompeu com
as tradições enganosas e preferiu arrostar as consequências da sua liberdade, derrapando na
libertinagem.
Vianna de Carvalho – Revista Reformador – 2019 – Abril – Decadência da Ética
81 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5.2.2 Educacional
Preconiza-se na atualidade do mundo uma educação pela liberdade plena dos
instintos do homem, olvidando-se, pouco a pouco, os antigos ensinamentos quanto à formação do caráter no lar; a coletividade, porém, cedo ou tarde, será compelida a reajustar seus propósitos.
Emmanuel – Caminho Verdade e Vida – Cap. 12 – Educação no Lar
Não nos esqueçamos de que o filho descuidado, ocioso ou perverso é o pai
inconsciente de amanhã e o homem inferior que não fruirá a felicidade doméstica.
Emmanuel – Vinha de Luz – Cap. 136 – Filhos
Vivemos os momentos de uma sociedade equivocada nos valores humanos.
Defrontamos, por exemplo, a supervalorização dos desportos e dos divertimentos em detrimento das conquistas da inteligência e do saber.
A ilusão campeia desenfreada e os novos deuses, que repetem os gladiadores romanos, se apresentam afortunados nos veículos da mídia, campeões do mundo, enquanto cientistas, técnicos, pedagogos e outros profissionais são quase marginalizados.
A indústria dos divertimentos arrebata, e os seus ases são imitados por milhões de pessoas sonhadoras, que se sentem estimuladas em servi-los e adorá-los literalmente.
Sem estímulos, por falta de apoio e de respeito pela sociedade, os candidatos ao conhecimento padecem hipertrofia dos sentimentos, permanecendo nas Escolas apenas em busca de títulos que lhes facilitem o triunfo no mundo, sem consciência do valor da auto-realização.
Ao mesmo tempo, o abuso de drogas e de sexo na Escola, o desinteresse dos Mestres, face aos salários humilhantes que recebem, fazem que o Educandário deixe de ser o templo do saber para transformar-se em lugar de encontros para o tempo passar, enquanto se espera pelo Diploma e não pela capacitação para a luta no mundo social.
Quando houver a reversão dessa ocorrência, e a sociedade melhor e mais prestigiar o conhecimento em detrimento da astúcia, assim como a cultura, ao invés da força muscular ou somente da agilidade física, a Escola recuperará o seu lugar, e os educandos serão emulados a uma mudança de comportamento com mais eficiência na área dos estudos que levam à conscientização dos seus deveres e da sua realização interior.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 4 – Ciências Educacionais
82 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Pede-se uma educação sem Deus, o aniquilamento da fé, o afastamento das esperanças
numa outra vida, a morte da crença nos poderes de uma providência estranha aos homens.
Emmanuel – Emmanuel – Cap. 4 – A Base Religiosa
O materialismo imiscuiu-se nos processos educacionais e tudo que é interessante e
convidativo na sua esfera é educar a criatura para que ela supere os outros, nas competições
incentivadas; para que obtenha um lugar no mercado de trabalho profissional onde se consigam
altos salários - independente da qualificação necessária, posto que se pode contar quase sempre
com apadrinhamentos sociopolíticos e com falcatruas nitidamente imorais -; para ter-se
condições de dominar os que sabem menos ou que têm menores possibilidades sociais, quando
a educação, que deveria ser um bem para todos, foi convertida em poder nas mãos de poucos.
Camilo – Nos Passos da Vida – Cap. 11 – Ante o desassossego Social
O homem será o que da sua infância se faça.
A criança incompreendida, resulta no jovem revoltado e este assume a posição de
homem traumatizado, violento.
A criança desdenhada, ressurge no adolescente inseguro que modela a personalidade
do adulto infeliz.
(...) A tarefa da educação, por isso mesmo, é de relevância, enquanto que a da
evangelização é de urgência salvadora.
Quem instrui, oferece meios para que a mente alargue a compreensão das coisas e
entenda a vida.
Quem educa, cria os valores ético-culturais para uma vivência nobre e ditosa.
Quem evangeliza, liberta para a Vida feliz.
(...) A infância é o período em que melhor se aprende, enquanto na adolescência se
apreende. Na idade adulta mais facilmente se compreende, evitando-se o período em que o
ancião apenas repreende...
Amélia Rodrigues – Terapêutica de Emergência – Cap. 4– Evangelização – desafio
de urgência
83 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A cultura do exacerbado materialismo desses dias tem ensinado aos indivíduos a fechar
ouvidos e corações para o exercício da paciência, da tolerância, do perdão, da perseverança, da
cooperação recíproca, no vero cumprimento dos deveres conjugais, e, ao invés disto, há
estabelecido o culto ao “meu” prazer, ao “meu” bem-estar, a “minha” satisfação, a
“minha” razão e ao “meu” direito, num aterrador domínio egoístico, promotor de
inenarráveis tormentos para o porvir.
Camilo – Desafios da Educação – 5º Parte – Perg. 56
O planeta terrestre agita-se entre mil e uma sacudidas morais que lhe avassalam a
intimidade.
Educar para salvar é a senha da liberdade anelada.
Tomai do menino e da menina e conduzi-os à Escola do Senhor, que deve ter início na
infância, sob o patrocínio de celestes trabalhadores.
Educai e salvai!
Ante o mundo novo que nos envolve e surpreende a cada passo, somos os singelos
seareiros que nos colocamos a serviço do Mestre Jesus, pondo mãos, corações e mentes no
sublime apostolado de educar as almas.
Educai, pois esse é o mais eficiente elemento para a salvação, em sentido geral, de todos
nós. É a base da ventura.
Educar para salvar.
Tudo na Terra segue seu curso. E, enquanto isso, o Mestre por excelência convida-nos
ao trabalho educacional capaz de nos auxiliar na verticalização dos sentimentos que nos
capacitem não somente a alcançar a cultura e o cérebro, mas, igualmente, a do coração.
Educai para salvar.
Anália Franco – Ante o Vigor do Espiritismo – Cap. 2 – O amanhã em nossas mãos
A educação da ALMA é a alma da EDUCAÇÃO.
André Luiz – Conduta Espírita – Cap. 42 – Perante a Instrução
Somente pelo amor será salvo o homem.
Somente pela Educação Espírita serão salvos o amor e o homem.
Benedita Fernandes – Antologia Espiritual – Cap. 8 – Educação Espírita
84 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5.3 A Transição Planetária
Pulula, ainda, nos complexos mecanismos da reencarnação em massa destes dias, o
mergulho no corpo somático de espíritos primários nos quadros da evolução, necessitados
de progresso e ajuda para a própria ascensão que, não encontrando os estímulos superiores para
o enobrecimento, são, antes, conduzidos à vivência das sensações grosseiras em que
transitam, aderem a filosofia chã de viver intensamente um dia, a lutarem e viverem todos os
dias.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap.7 – Delinquência, Perversidade e Violência
Concomitantemente, a fim de poderem viajar na grande nave terrestre que avança
moralmente nas paisagens dos orbes felizes, incontáveis membros das tribos bárbaras do
passado, que permaneceram detidos em regiões especiais durante alguns séculos, de
maneira que não impedissem o desenvolvimento do planeta, renascem com formosas
constituições orgânicas, fruto da seleção genética natural, entretanto, assinalados pelo
primitivismo em que se mantiveram.
Apresentam-se exóticos uns, agressivos outros, buscando as origens primevas em
reação inconsciente contra a sociedade progressista, tendo, porém, a santa oportunidade de
refazerem conceitos, de aprimorarem sentimentos e de participarem da inevitável marcha
ascensional...
Expressivo número, porém, permanece em situações de agressividade e indiferença
emocional, tornando-se instrumentos de provações rudes para a sociedade que desdenha. Fruem
da excelente ocasião que, malbaratada, os recambiará a mundos primitivos, nos quais
contribuirão com os conhecimentos de que são portadores, sofrendo, no entanto, as injunções
rudes que serão defrontadas.
Manoel Philomeno de Miranda – Transição Planetária – Cap. 3 – A Mensagem Revelação
Face à necessidade de promover o progresso moral do planeta, milhões de espíritos
foram transferidos das regiões pungitivas onde se demoravam, para a inadiável investidura
carnal, por cujo recurso podem recompor-se e mudar a paisagem mental, aprendendo, na
convivência social, os processos que o promovam a situações menos torpes.
Bezerra de Meneses – Nas Fronteiras da Loucura – Cap. 9 – O Problema das Drogas
85 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
No seio dos séculos que dobaram, não foram poucos os contingentes de Espíritos que foram mantidos retidos em várias regiões do Mundo Invisível, a fim de que o mundo corpóreo, onde estagiam os encarnados, pudesse sofrer o incremento de progressos ingentes, que não ocorreriam, ou que poderiam ocorrer com dificuldade maior, caso a Divindade não os houvesse isolado no devido tempo.
Nesse tempo transcorrido, enquanto estavam cerceadas complicadas almas, era de se esperar que – dentro dos programas do Senhor – em nome do bom-senso, da maturidade moral das sociedades e do cultivo da crença em Deus sem pieguice, marcada por inquebrantável lucidez, as lideranças do mundo conseguissem pôr as sociedades terrenas nos trilhos do trabalho e do bem, sob o patrocínio do amor-fraternidade, no que seriam seguidas pelas massas, que estão sempre aguardando pela palavra que lhes indique o rumo a seguir.
É de lamentar-se que tal não haja ocorrido, o egoísmo adentrou espaços materialistas, e tudo se transformou numa permanente necessidade de ter, de adquirir, de comprar, de consumir, de ganhar mais...
(...) Esses Espíritos que estiveram cerceados durante largo tempo, em zonas espirituais densas, complexas, costumam não expressar sensibilidade, emoções superiores, devotamento a alguém.
Tais virtudes não foram por eles desenvolvidas. Daí as narrativas em torno da frieza com que muitos crimes são cometidos e a insensibilidade com que narram a respeito dos próprios crimes.
Para tais seres não houve nada demais, e se surpreendem com o destaque que é dado aos seus atos, ou com o valor atribuído ao que fizeram.
São Espíritos marcados por tremendas limitações, trazidas à Terra num mau tempo em que a indiferença e a imaturidade humanas impediram que se trabalhasse devidamente para o erguimento de um mundo melhor.
Incontáveis desses Espíritos eclodem no cenário social do mundo, chegados das nébulas de torturantes pesadelos, forjados no caldo psíquico das duas grandes guerras mundiais e de várias outras guerras de menor porte social, mas não menos cruéis e grosseiras.
Trazem em si, por isso, doenças físicas e transtornos psíquicos como consequências de ódios retidos, de medos e desejos de vingança enraizados n'alma.
É por isso que ao lado da capacidade de cometer desatinos – de pequenas falcatruas a crimes dantescos – apresentam-se medrosos, frágeis psicologicamente, com fortes inclinações para fugir da sua realidade, seja ela qual for, por meio do uso de drogas de múltiplos tipos, de variado, tropismos.
Camilo – Nos Passos da Vida – Cap. 11 – Ante o desassossego Social
86 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Por outro lado, aqueles que permaneceram nas regiões mais infelizes estão sendo
trazidos à reencarnação, de modo a desfrutarem da oportunidade de trabalho e de
aprendizado, modificando os hábitos desditosos a que se têm submetido, podendo avançar sob
a governança de Deus.
Caso se oponham às exigências da evolução, também sofrerão um tipo de expurgo
temporário para regiões primárias entre raças atrasadas, tendo o ensejo de ser úteis e de sofrer
os efeitos danosos da sua rebeldia.
Joanna de Angelis – Jesus e Vida – Cap. 1 – A Grande Transição
87 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5.4 Os descontroles da Ciência e da Tecnologia
A Ciência, aliando-se à Tecnologia, vem logrando feitos extraordinários com
perspectivas audaciosas de efeitos imprevisíveis. O universo se amplia e as micropartículas
facultam concepções que alcançam quase a fantasia.
No entanto, a aplicação exacerbada do conhecimento em favor da comodidade de
alguns, vem criando a robotização do ser humano que, de um lado, perde a sua identidade e,
por outro, toma-se descartável nas operações industriais, comerciais e outras, sendo vítima do
desemprego, e sofrendo situações lamentáveis de miséria moral, econômica, social...
Chega o momento no qual as autoridades terão que mudar o comportamento em torno
da finalidade do progresso, particularmente direcionado para o bem do cidadão que não pode
ficar marginalizado no grupo social.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.4 – Perg. 35
Não se pode negar que as conquistas da inteligência têm superado as realizações do
sentimento. No entanto, os valores do conhecimento formam a horizontal do progresso,
enquanto que as realizações da moral se apresentam como a grande vertical das aspirações
e conquistas humanas. Esse desenvolvimento tecnológico e intelectual constitui uma
necessidade imediata e faz parte de uma etapa do desenvolvimento da Humanidade. Logo
depois, as realizações espirituais do ser imporão as necessidades do equilíbrio moral,
estimulando às conquistas superiores do ser, à superação do egoísmo, do orgulho, das paixões
perturbadoras.
A Lei de progresso funciona mediante etapas e especificidades. Em um período da
História o ser conquista determinados valores que deverão ser postos à prova, enquanto se
desenvolvem outras aptidões e se generalizam novas realizações.
As aquisições logradas não se perdem jamais; por isso, não haverá retrocesso, mesmo
que os indivíduos se perturbem, tentem obstaculizar a marcha do progresso. Os valores
adquiridos permanecerão como paradigmas de sustentação para o surgimento de outros mais
nobres e elevados.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 6.1 – Perg. 158
88 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Os avanços da Ciência, demitizando algumas das informações e dogmas religiosos, os
milagres de Jesus, que passaram a ser observados do ponto de vista das doutrinas psicológicas
e parapsicológicas, reduziram a cultura ao materialismo, desde 1859, quando Charles Darwin,
por intermédio do Evolucionismo, aplicou o golpe de misericórdia ao mitológico Criacionismo
bíblico, servindo de suporte para a vitalização do ateísmo.
A contribuição da Tecnologia, alargando e aproximando os espaços e as distâncias,
facultando a demonstração dos postulados científicos por meio das experiências dos fatos, foi
fundamental para a indiferença humana pelos códigos de dignidade e de valorização da
própria vida.
O século XX, portanto, herdeiro da revolução filosófico-científica do passado,
rapidamente aceitou o novo comportamento que se consolidou durante a revolução hippieista
dos anos 60, quando se deram as grandes mudanças de conduta, e as tradições nobres como a
família, o casamento, a dignidade, a ordem passaram a ser instituições ultrapassadas.
Irrompendo em avalancha avassaladora, tomou conta da juventude, que se sentia
castrada pela intolerância e pelo poder dominador, passando a constituir um novo mundo, um
modo diferente de vida...
O aborto, a eutanásia, o suicídio, a agressividade, passaram a ser éticos na linguagem
nova, que iam culminar nos homens e mulheres bombas, nos atentados terroristas, no crime
organizado, na violência urbana, no alcoolismo exacerbado, no tabagismo, na drogadição e
no sexo destituído de qualquer sentido moral e afetivo.
(...) A falência do novo comportamento niilista encontra-se em toda parte, porque a sua
doutrina enganou os seus adoradores, conduzindo-os às aflições superlativas e às angústias
dantes jamais vivenciadas.
Aturdidas, essas multidões decepcionadas e sem rumo buscam, mesmo sem o saber,
retornar às origens do bem e da alegria, ao encontro da pureza de sentimentos e de convivência
nobre, sentindo falta da fraternidade que deve sempre viger entre os seres humanos, sequiosos
de paz e de esperança.
Ninguém pode viver em equilíbrio sem a bênção confortadora da esperança que abre
perspectivas formosas para o futuro.
Vianna de Carvalho – Revista Reformador – 2019 – Abril – Decadência da Ética
89 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A Tecnologia melhora a forma, dá beleza, enquanto o Evangelho reforma o homem e
dá-lhe sentimento.
A ciência tecnológica programa o mundo, enquanto a sabedoria evangélica edifica o
homem, que, renovado, modifica o mundo. A primeira trabalha para o exterior; a segunda
promove o interior. Uma é claridade, atuando de fora para dentro; outra é luz a exteriorizar-se
de dentro para fora.
Certamente, nenhum desdém pelas nobres conquistas do cérebro; todavia, sem a
eloqüente contribuição do sentimento renovado em Cristo Jesus, o homem não se encontra
consigo mesmo, não indo além de uma forma bem equipada e perigosa, a caminho das sombras
do túmulo.
Poder-se-á mesmo dizer que o triunfo tecnológico teria mudado as paisagens do planeta,
não fossem as ermas ou frias, revoltadas, tristes ou miseráveis paisagens do mundo moral
do homem, que prossegue, genericamente, sem rumo, no báratro das realizações exteriores.
Simultaneamente o orgulho dizima os poderosos, que se olvidam dos fracos, enquanto
necessidades sócio-econômicas aniquilam os pobres, que olham, revoltados, a abastança
dos ricos...
Abraça-se a opulência com a miséria, não obstante as aparentes segregações. Quase
todos, porém, sob o açodar de íntimas aflições sem nome, se arrojam a guetos de exteriores
diversos, quais imensos abismos de angústias e sombras onde buscam os prazeres fugidios
que os não saciam.
De um lado, a opulência vã, que não ultrapassa os limites das necessidades morais
urgentes, e de outro, a frieza, a indiferença, o cansaço dos que supõem haver conquistado o
mundo, quando, em realidade, apenas triunfaram por fora...
As montras que exibem os mais aperfeiçoados aparelhos eletrônicos, jóias sofisticadas,
móveis de alto luxo confundem-se com as que convidam ao sexo aviltado, em multiforme
expressão que escapa à imaginações mais exacerbadas – de inspiração procedente das baixas
regiões do Mundo Espiritual –, com os cassinos e bares onde as paixões e ilusões não
conseguem evadir-se à constrição devastadora...
Sob a mesma inspiração, afoga-se a juventude no pântano dos tóxicos ou engaja-se,
alucinada, nas experiências da velocidade, da aventura, da criminalidade. E muito mais...
Vianna de Carvalho – Enfoques Espiritas – Cap. 26 – Tecnologia e Evangelho – Revista
Reformador – 1978 – Fevereiro
90 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Dos primeiros nautas que buscavam os caminhos novos pelo mar aos irmãos Montgolfier,
a Santos Dumont, aos modernos astronautas das viagens espaciais, vai um pego...
Intrinsecamente, porém, o homem moderno continua quase o mesmo.
− Busca o infinito dos espaços, procura novos processos para fomentar o progresso e,
todavia, destrói metódica, desesperadamente, o berço materno que é a Terra
generosa onde nasceu...
− A tecnologia empurrou-o para fora, enquanto a ética não conseguiu trazê-lo para
dentro de si mesmo.
− A religião falou-lhe de um Deus exterior, poderoso, e, sem embargo, não pode imbuí-
lo do Deus presente nele próprio.
− A filosofia ensinou-o a decifrar porquês, inobstante, fracassou ao oferecer-lhe uma
visão e atitudes comportamentais que lhe dessem felicidade perante a vida...
− Há abundância e miséria, em mixórdia de sorrisos e esgares.
− Confundem-se os ideais da beleza com os surtos de barbárie, num esfuziar de
alucinações...
− Explodem as glórias nos laboratórios, a beleza nos santuários da arte, os heroísmos
grandiosos nos campos de guerra, as largas expressões de humanismo nas Academias e
a delinqüência, alienação nas ruas do mundo...
O medo campeia em toda parte e a juventude estróina arroja-se nos lôbregos sítios da
vida tribal em espetáculos lamentáveis de despudor e de fugas inúteis, para depois realizar
a viagem de volta, estiolada, inecessariamente sofrida...
No báratro, porém, de todas as complexidades que aturdem o mundo nestes dias, Cristo se
manifesta, chamando ao amor, à paz e à felicidade.
Os imortais põem-se de pé e volvem ao antigo convívio humano, instaurando a hora da era
nova. Nautas da sobrevivência, eles retomam aos velhos portos da carne trazendo o
testemunho das terras novas...
Joanna de Angelis – No Limiar do Infinito – Introdução
91 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Dir-te-ão muitos que já não há campo para aquela vida de odor evangélico, qual a dos
primeiros dias dos homens do caminho; falar-te-ão que é necessário aplicar a inteligência e os
favores do conhecimento moderno e explicarão quanto à necessidade de utilizar a técnica para
viver com tranqüilidade e em plenitude do gozo.
Sem desconsideração às nobres conquistas do pensamento moderno, ama, serve,
aprimora teus ensinamentos e renova-te incessantemente.
Não esqueças de acender a luz do Evangelho na tua casa, não deixes de plantar uma
árvore generosa e frutífera no caminho, não recuses a palavra gentil ao transeunte e,
seguindo as pegadas de Jesus, embora a distância que medeia entre Ti e Ele, faze-te, mesmo
assim, mensagem viva do Evangelho, coroado pela luz da imortalidade, luz que haures na
Revelação Espírita da atualidade, cumprindo com os teus deveres agora, a fim de penetrares no
Reino dos Céus, desde este instante, mediante a tua integração no espírito vivo e atuante do
Cristo.
Joanna de Angelis – Lampadário Espírita – Cap. 45 – Deveres de Agora
Todas as aquisições da filosofia e da ciência terrestre são flores sem perfume, ou luzes sem
calor e sem vida, quando não se tocam das claridades do sentimento.
Humberto de Campos – Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho – Cap. 28 – Os
Negros no Brasil
"A Ciência sem Deus é loucura e morte. A Tecnologia sem o apoio do Evangelho é passo
para o desespero e a insensatez"
Vianna de Carvalho – Enfoques Espíritas – Cap. 26 – Tecnologia e o Evangelho
"A CIÊNCIA INCHA, MAS O AMOR EDIFICA"
Paulo de Tarso – 1ª Epístola aos Coríntios, capítulo 8, versículo 1
92 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5.5 As deficiências da Justiça e das Leis
O problema básico da violência é o desamor humano, matriz da avareza e da
insensibilidade de que se revestem os falsamente ditosos. Quando se compreenda a necessidade de leis mais justas, objetivando atender e
amparar os fracos e oprimidos, antes que mais esmagá-los e esquecê-los; – Quando a bondade voltar-se para o auxílio fraternal; – Quando o amor sensibilizar as mentes e os corações, que se volverão para a retaguarda,
distendendo oportunidades de serviço e apoio, modificar-se-á a paisagem moral terrena, porque, incidindo nos fatores causais da miséria, realiza a terapia preventiva contra o mal, desaparecendo a violência oculta, e a que explode na desdita e na dor, cederá terreno à confraternização e ao trabalho dignificante, que impulsionarão a marcha ascensional da Terra e dos homens para o estágio de mundo melhor e mais feliz.
O antídoto para qualquer tipo de violência é sempre o amor, assim como o estímulo aos estados agressivos decorre do egoísmo.
Herança nefasta dos instintos que predominam em a natureza animal do homem, a violência se diluirá, à medida que se sobreponha a sua natureza espiritual, que é a presença do Pai Criador ínsita em todos os seres.
Benedita Fernandes – Terapêutica de Emergência – Cap. 12 – A Violência A criança, que inspira ternura e amor, não obstante o período de infância que atravessa,
é um Espírito vivido e quiçá experiente que traz, das reencarnações passadas, as conquistas e os prejuízos que foram acumulados através do tempo.
No entanto, a criança e o adolescente, quando delinquem, devem receber um tratamento especial, porquanto o discernimento e a lucidez da razão ainda não lhes facultam a capacidade de saber o que é certo e o que é errado, sendo facilmente influenciados para esta ou aquela atitude. Como consequência, devem ser-lhes aplicadas legislações próprias, compatíveis com o seu nível de crescimento intelectual e moral.
A preocupação precípua, no entanto, deverá ser sempre a de educar, oferecendo-se os recursos necessários para que sejam evitados muitos dos delitos que ora ocorrem na sociedade ainda injusta.
Quando, porém, acontecer-lhes o desequilíbrio, é necessário que se tenha em mente sua reeducação, evitando-se piorar-lhes a situação, assim transformando-os em criminosos inveterados, em razão da promiscuidade vigente nos Institutos Penitenciários e nos Presídios comuns ora superlotados, e quase ao abandono.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 3.1 – Perg. 74
93 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A favela não são as casas penduradas ao elo da esperança, nem é o mundo estranho dentro do mundo, a ilha de vergonha no mar da sociedade, ou, como querem os sociólogos: "o câncer social em pleno organismo coletivo", resultando do aviltamento do homem explorado por outro homem, graças à indiferença das leis, quando arbitrárias, e dos governos, quando insensíveis.
A favela são as pessoas reunidas, os espíritos estiolados, que o cansaço e a fome, o ódio e a indiferença ressequiram, quase mataram, porque deixaram vivendo na morte lenta.
Pouco importa o nome que tenha: "água-furtada", "pátio dos milagres", "mocambo", "invasão", "alagado", "maloca" ...
Onde a desesperança se agasalha nos braços da rebeldia, gerada pelo desconforto social, unindo os espoliados físicos, econômicos e morais, aí está a favela.
Sejam duas pessoas esquecidas, engendrando na miséria a criminalidade e a ignomínia, seja no grande conglomerado que constitui a arquitetura para o turismo ultrajante, onde se mesclam todas as paixões, aí estão as almas faveladas.
Pode-se derrubar-lhes as casas, segrega-los ou amontoá-los nos bairros residenciais – para que eles esqueçam que são favelados –, eles continuam na favela interior da revolta e da ignorância.
(...) O homem atestará a vitória da sua cultura quando resolver os problemas da miséria social e aniquilar os quistos cancerosos das aglutinações de seres em regime de promiscuidade animal...
Victor Hugo – Párias em Redenção – 3º Parte – Cap. 3 – Lucia e a Favela O infeliz modelo de recuperação de presos, hoje vigente no país como em muitas
outras Nações da Terra, é atentatório à dignidade humana, terrível obstáculo à recuperação do delinquente que mais se rebela, aprendendo, na escola do crime para onde vai encaminhado, técnicas e recursos para mais se fazer revel, cínico e perverso.
Abandonado pela sociedade busca apoio naqueles que lhe inspiram odiosidade contra a mesma, que lhe parece injusta, acumulando sentimentos de agressividade e de ressentimento para os descarregar mais tarde naqueles que consideram responsáveis pelo seu encarceramento.
Ao invés de entender a prisão como uma forma de reparação do mal praticado, nela vê somente um instrumento de punição e de crueldade, que mais o degrada e o enlouquece.
Infelizmente, porque a Tema ainda é um planeta-escola de provas e de expiações, em razão de os Espíritos que aqui nos encontramos ainda serem inferiores, remanescem dos períodos passados e medievais, esses mecanismos inditosos, que teimam por manter a conduta perversa e de indiferença dos poderosos, que se esquecem dos seus irmãos infelizes, necessitados de oportunidade para crescerem e serem ditosos.
Dia, porém, virá, não muito longe, no qual esses processos arbitrários e injustos cederão lugar a mecanismos de educação e de reeducação, assim como de crescimento moral, através dos quais aqueles que delinquirem encontrarão misericórdia e amor, conduzindo-os ao equilíbrio e à paz.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 3.1 – Perg. 78
94 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5.6 Desequilíbrio das Mídias Sociais
Graças à fácil comunicação virtual, libertam-se das preocupações educativas, dos
diálogos saudáveis e dignificadores, da convivência pessoal, oferecendo aos filhos os computadores, para que logo se preparem para a complexa ciência e arte correspondente, sem os orientar a respeito dos graves perigos da pedofilia, dos vícios em geral, dos comportamentos esdrúxulos e doentios, da convivência com personalidades psicopatas que lhes influenciam o comportamento, atirando-os na voragem da insensatez.
Simultaneamente, os diversos jogos a que os jovens se entregam, sem discernimento moral, os contatos prolongados com outros aficionados, perturbam-lhes o equilíbrio emocional e retiram-nos da convivência pessoal, humana, para poderem dar largas aos sentimentos mórbidos, que não exteriorizariam em outra circunstância.
Joanna de Angelis – Constelação Familiar – Cap. 29 – A Família hodierna Por outro lado, quando se vê a divulgação que o crime e os criminosos obtêm nas
variadas mídias, como desejar-se o ajustamento de meninos e moços, de pessoas frágeis, enfim, para que não adiram a essas misérias tão destacadas, tão valorizadas, que ocupam longas horas de noticiários populares?
Aqui, temos uma grave batalha a travada, na guerra do desmantelamento da educação, das escolas, da verdade, da família, de tudo o que é mais sagrado para a vida terrena.
E lá se vai o amor, posto que ao materialismo interessam somente os "valores" que os ladrões levam, que a ferrugem consome e que as traças corroem...
Não vemos o mesmo espaço midiático oferecido à educação de boa qualidade, aos esforços pelo bem, representados por hospitais e clínicas de excelência; por instituições de ensino de sublime inspiração; por ONGs onde decididos grupos de homens e mulheres, de jovens e maduros, entregam seus dias' seu tempo' sua vida, distribuindo amor-dedicação, amor-atenção, amor-cooperação, amor-renovação, enfim.
Por enquanto, esses valores não se encontram na pauta do interesse de grande parte dos governantes, dos líderes sociais, dos representantes religiosos, de autoridades e pessoas destacadas em suas áreas de atuação social.
Sofrendo no seu dia a dia toda essa gama de propaganda das sombras do caráter, das
sombras das atitudes, dos maus exemplos, portanto, como esperar posturas equilibradas de tantas almas desajustadas em si mesmas e sacudidas pelos incentivos de fora, através da propaganda, intencional ou fruto de inabordável invigilância, filha da imaturidade do senso moral?
Camilo – Nos Passos da Vida – Cap. 11 – Ante o desassossego Social
95 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
As respeitáveis contribuições da Ciência e da Tecnologia, valiosas, sob qualquer aspecto
consideradas, respondem por muitas modificações das estruturas ultramontanas, suprimindo a
ignorância e o primitivismo.
Nada obstante, também são usadas para o crime de várias denominações, especialmente
através dos veículos da mídia: os periódicos, a Internet, a televisão, assim como o teatro e o
cinema, com a sua complexa penetração nas massas, às vezes, usados vergonhosamente e sem
qualquer controle, oferecendo campo de vulgaridades e informações que preparam delinquentes
e viciosos…
Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Agressividade (15/03/2010)
Os diálogos pessoais, no momento, cedem lugar às comunicações eletrônicas, o prazer
da convivência entre os amigos é transferido para as mensagens ligeiras, ortograficamente
incorretas e atentatórias à boa linguagem.
Diz-se que são os novos tempos e, sem dúvida, trata-se de um novo período no processo
sociológico e psicológico da Humanidade, lamentavelmente com resultados bastantes afugentes
para os seus áulicos.
A falta de comunhão fraternal, de conversação edificante, de estudos sociais abrangentes
com objetivos libertadores caracteriza o crepúsculo desta civilização, em um claro-escuro de
sentimentos, enquanto surge nova madrugada anunciando outros valores que estão esquecidos,
mas que são de sabor e significado permanente.
Joanna de Angelis – Liberta-te do Mal – Cap. 4 – Tempo Mental
Essa correria insensata para a aquisição de instrumentos de utilidade tecnológica
e virtual, esconde no seu bojo a fuga psicológica do indivíduo que não se encoraja a viajar
para dentro, procurando descobrir as razões dos conflitos que o aturdem, escondendo-se sob a
tirania das máquinas que lhe permitem comunicação com o mundo e todos quantos deseje, sem
produzirem a autorrealização no seu possuidor.
O encantamento pela posse, de forma a estar atualizado, resulta dos medos internos, dos
tormentos pessoais e da imaginação exacerbada pela propaganda muito bem dirigida, que
embeleza o pântano das paixões morais, encobrindo a claridade da razão com as sombras dos
gozos fugidios.
Joanna de Angelis – Ilumina-te – Cap. 14 – Dignidade Moral
96 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
O uso excessivo de aparelhos eletrônicos e da comunicação virtual está fazendo
com que as pessoas se esqueçam de conviver. Em vez de usar aparelhos de uma forma tão
desgovernada, eu uso a minha cabeça!
Jamais deixarei que a mente ceda lugar aos equipamentos que irão me desumanizar.
Perdemos a arte e a ciência da boa conversa, e não sabemos agir, mas apenas reagir.
As famílias gritam mais do que conversam, e as emoções permanecem
desequilibradas nessa forma doentia de interação coletiva.
Eu conheci outra família cujos membros praticamente não se falavam, nem mesmo
quando estavam todos em casa. Eles se comunicavam quase exclusivamente através de tablets
e celulares, enquanto transitavam pelos diversos ambientes da residência...
Pessoas solitárias se casam para viver a solidão a dois, o que é de se lamentar
profundamente. Essa parceria serve para o indivíduo viver sozinho de um jeito paradoxal,
acompanhado de alguém que também se encontra solitário ao seu lado. Com a chegada dos
filhos, a solidão conjugal transforma-se em uma solidão grupal.
A Psicologia nos mostra que, se uma pessoa faz questão de permanecer solitária, é
porque gosta de ser prisioneira dos seus conflitos e de estar encarcerada na armadura do seu
ego, uma vez que não consegue satisfazer as suas paixões, e toda paixão é uma necessidade
falsa a que atribuímos valor em função da nossa imaturidade.
Precisamos voltar a ser gente, não aumentando a massa considerável das pessoas
atormentadas, solitárias, ansiosas e infelizes, que querem estar em todos os lugares
simultaneamente, o que certamente é impossível.
Essa é uma postura neurótica que se desdobra em prejuízos de largo porte para as
relações familiares.
Divaldo Franco – Vivências do amor em família – Cap. 6 – Pais e Filhos –
comunicação e convivência
97 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6. A Violência na Sociedade – Tipos/Consequências Principais – Os
“frutos” da Violência
Na sociedade,
Quando os preços escorcham os necessitados;
Quando os interesses pessoais extrapolam os seus limites e perturbam os outros;
Quando a comodidade e os prazeres de alguns agridem os compromissos e os
comportamentos alheios;
Quando as injustiças sociais estiolam os fracos a benefício dos fortes aparentes;
Quando os sentimentos inferiores da maledicência, da calúnia, da inveja, da traição, do
suborno de qualquer tipo, da hipocrisia, disseminam suas infelizes sementes;
Quando os pendores asselvajados não encontram orientação;
Quando as ilusões e fugas, os vícios e aliciamentos levam às drogas, ao sexo desvairado,
às ambições absurdas, explodindo nas ruas do mundo e invadindo os lares;
Quando os governantes perdem a dignidade e estimulam a prevalência da ignorância,
provocando guerras nacionais e internacionais...
A violência, de qualquer natureza, é atraso moral, síndrome do primitivismo humano
remanescente.
Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência
Exceção feita aos portadores de psicopatias graves, que são destituídos do senso de
discernimento, quase sempre dominados por alucinações e manias de perseguição, o ser
humano permite-se a violência quando induzido por estímulos externos que caracterizam as
injustiças sociais, a miséria moral, a promiscuidade, a deseducação, o abandono, os
tormentos de vária ordem, especialmente de natureza sexual.
Além desses, podem-se apontar outros fatores sociológicos e administrativos, bem como
os de planejamento das comunidades, a citar, por exemplo: o ambiente onde se vive, a cultura
ancestral e atual, o espaço que diminuto em razão da superpopulação, a ampliação dos
interesses imediatistas não satisfeitos, a inveja dos poderosos que se permitem quase tudo
quanto lhes compraz, os clichês hediondos oferecidos por alguns veículos da comunicação de
massa, que tornam heróis aqueles que desrespeitam as leis e ameaçam a sociedade, a
indiferença de alguns governantes e a impunidade que grasse dominadora, quase que na
mesma escala do terrível flagelo...
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – 13 – Violência Humana
98 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6.1 Violência Familiar/Mulher/Idoso/Infantil
A violência doméstica é um problema que atinge, em especial, milhares de crianças,
adolescentes e mulheres.
As vítimas, muitas vezes silenciosas, são submetidas a algum tipo de sofrimento
indescritível.
Fazem parte da violência doméstica as agressões físicas e psicológicas, sendo as mais
comuns os espancamentos, a negligência em relação aos cuidados com os bebês e as crianças,
e o abuso sexual.
Marta Antunes – Revista Reformador –2006 – Julho – Violência doméstica e urbana
A violência disfarça-se no lar, quando os cônjuges não respeitam os espaços, os
direitos que lhes cabem reciprocamente; quando os filhos se sentem preteridos por falsos
valores do trabalho, do dinheiro, do poder...
Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência
A ausência dos diálogos domésticos saudáveis entre pais, filhos e cônjuges ou
parceiros, que se agridem mutuamente, sempre ressentidos, extrapolam do lar em direção à
via pública, transformada em campo de batalha, segue no rumo do local de trabalho, e até aos
clubes de recreação, em contínuo destrambelho das emoções.
Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Agressividade (15/03/2010)
Os idosos, em quase desamparado total, exceto quando ricos, e mesmo esses, são
internados em comunidades próprias e esquecidos pelos familiares, ou desprezados onde se
encontram na condição de peso desagradável à economia social.
Tem-se pensado mesmo em eliminá-los em clínicas luxuosas ou não, a fim de que não
se constituam exemplos da decadência orgânica e da fatalidade do envelhecimento a caminho
da morte, que parece atrasada de cumprir o seu dever.
Manoel Philomeno de Miranda – No Rumo do Mundo de Regeneração – Introdução.
99 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A presença, na sociedade, de velhinhos em desvalimento, sem albergue nem amparo; A negação do direito de mínimo socorro da saúde a centenas de milhões de enfermos; O desinteresse pela falta de pão e água a incontestável e crescente número de seres em
condições sub-humanas; As crianças amadurecidas precipitadamente, sem viverem a infância, logo são
iniciadas nos jogos mórbidos dos prazeres, sem a ternura de pais atentos e famílias vigilantes, embora as parcas exceções, adquirem hábitos doentios e prematuros, enveredando pelas drogas alucinógenas e pelo sexo desvairado.
Manoel Philomeno de Miranda – No Rumo do Mundo de Regeneração – Introdução. Existem Pais que não toleram os filhos e Mães que se voltam, impassivelmente,
contra os próprios descendentes. Há filhos que se revelam inimigos dos progenitores e irmãos que se exterminam
dentro do magnetismo degenerado da antipatia congênita, dilacerando-se uns aos outros, com os raios mortíferos e invisíveis do ódio e do ciúme, da inveja e do despeito, apaixonadamente cultivados no solo mental.
Os hospitais e principalmente os manicômios apresentam significativo número de enfermos, que não passam de mutilados espirituais dessa guerra terrível e incruenta na trincheira mascarada sob o nome de lar.
Todos os dias, semelhantes farrapos humanos atravessam os pórticos das casas de saúde ou de caridade, à maneira de restos indefiníveis de náufragos, perdidos em mar tormentoso, procurando a terra firme da costa.
Ninguém pode negar a existência do amor no fundo das multiformes uniões a que nos referimos. Mas esse amor ainda se encontra, à maneira do ouro inculto, incrustado no cascalho duro e contundente do egoísmo e da ignorância que, ás vezes, matam sem a intenção de destruir e ferem sem perceber a inocência ou a grandeza de suas vitimas
Humberto de Campos – Cartas e Crônicas – Cap. 32 – No Reino Domestico
100 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6.2 Violência Moral/Ética
Quando os sentimentos inferiores da maledicência, da calúnia, da inveja, da traição,
do suborno de qualquer tipo, da hipocrisia, disseminam suas infelizes sementes; quando os
pendores asselvajados não encontram orientação; quando as ilusões e fugas, os vícios e
aliciamentos levam às drogas, ao sexo desvairado, às ambições absurdas, explodindo nas ruas
do mundo e invadindo os lares.
Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência
Somente os caracteres bem forjados conseguem erguer barreiras impeditivas ao crime,
ao desamor e à loucura do ódio de maneira pacífica, não entrando nos mesmos combates,
mas preservando os seus valores éticos responsáveis pela manifestação da paz no coração.
Supunha-se, por muito tempo, que a não-resistência ao mal seria anuência à sua mórbida
presença. Nada obstante, não resistir ao mal significa, neste caso, não usar dos mesmos métodos
nem de iguais instrumentos com os quais a perversidade e a ignorância investem contra todos
e tudo.
Joanna de Angelis – Diretrizes para o Êxito – Cap. 5 – Pacifismo
Substitui, no teu vocabulário, as más pelas boas palavras.
Expressões chulas e vulgares, talvez estejam na moda, porém, "envenenam o coração".
A palavra é instrumento da vida para a comunicação, o entendimento, e não arma de
agressão, violência e vulgaridade.
O uso irregular das palavras corrompe a mente e rebaixa o homem.
O verbo expressa a qualidade moral do indivíduo.
Porque há pessoas que falam bem e são más, não é justo que sendo bom, te apresentes
mal.
Joanna de Angelis – Vida Feliz – Cap. 16
101 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6.3 Violência Íntima/Espiritual/Obsessiva
6.3.1 Violência Interna/Íntima/Endógena – Auto-obsessão Espiritual
Alguns estados doentios e certas aberrações que se lançam à conta de uma causa oculta,
derivam do Espírito do próprio indivíduo.
O homem não raramente é o obsessor de si mesmo.
Allan Kardec – Obras Póstumas – 1º Parte – Cap. 7 – Item 58
Acostumado à “lei da selva”, o espírito atribulado retorna à carne galvanizado pelas
paixões que o laceram e de que não se deseja libertar, favorecendo facilmente que as
reminiscências assomem ao consciente e se reincorporem à personalidade atual, degenerando
nas trágicas manifestações da barbárie que ora aterram todas as criaturas.
A agressividade reponta desde os primeiros dias da vida infantil e deve ser
disciplinada pela educação, na sua nobre finalidade de corrigir e criar hábitos salutares.
Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 28 – Agressividade
Nem todos os fenômenos obsessivos, entretanto, procedem da injunção proposital
de um Espírito desencarnado sobre outro vestido pela roupagem fisiológica.
Grande parte dos que se encontram entorpecidos pelos problemas de ordem espiritual,
psíquica ou física, padece de um processo de auto-obsessão dos mais lamentáveis, pois que
nesse quadro o Espírito obsessor é o próprio obsidiado em reencarnação compulsória de resgate
impositivo, que não consegue forças para se libertar facilmente das situações enfermiças, a fim
de avançar nos rumos do equilíbrio, da necessária paz.
Manoel Philomeno de Miranda – Sementeira da Fraternidade – Cap. 5 – Alienação por
Obsessão
Seu aspecto será o de um obsidiado. No entanto, ele é obsidiado apenas por sua memória
profunda, que vinculou sua personalidade humana. Se houve remorso, houve crime,
delinquência. E, se houve crime, a consciência, desarmonizada consigo mesma, desarmonizará
todo o ser, e de muitas formas.
A mente enferma refletirá sua anormalidade sobre o perispírito, que é dirigido por ela,
e este sobre o corpo carnal, que é escravo de ambos, através do sistema nervoso.
E eis aí a doença mental com substrato orgânico vinculada a problemas espirituais, mas
não propriamente a obsessão na sua feição comum.
Bezerra de Meneses – Recordações da Mediunidade– Cap. 10 – O Complexo Obsessão
102 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Excetuados os casos puramente orgânicos, o louco é alguém que procurou forçar a
libertação do aprendizado terrestre, por indisciplina ou ignorância.
Temos neste domínio um gênero de suicídio habilmente dissimulado, a auto-
eliminação da harmonia mental, pela inconformação da alma nos quadros de luta que a
existência humana apresenta.
Diante da dor, do obstáculo ou da morte, milhares de pessoas capitulam, entregando-se,
sem resistência, à perturbação destruidora, que lhes abre, por fim, as portas do túmulo.
A princípio, são meros descontentes e desesperados, que passam despercebidos
mesmo àqueles que os acompanham de mais perto. Pouco a pouco, no entanto, transformam-se
em doentes mentais de variadas gradações, de cura quase impossível, portadores que são de
problemas inextricáveis e ingratos.
Imperceptíveis frutos da desobediência começam por arruinar o patrimônio fisiológico
que lhes foi confiado na Crosta da Terra e acabam empobrecidos e infortunados.
Aflitos e semimortos, são eles homens e mulheres que desde os círculos terrenos
padecem, encovados em precipícios infernais, por se haverem rebelado aos desígnios divinos,
preterindo-os, na escola benéfica da luta aperfeiçoadora, pelos caprichos insensatos.
André Luiz – No Mundo Maior – Cap. 16 – Alienados Mentais
As emoções reencarnam junto com a pessoa. Na dinâmica emocional, as vidas passadas
respondem pelo maior acervo dos desencontros emocionais reeditados na vida atual.
Costumamos dizer que o que se apaga das vidas passadas são os fatos, mas não a
memória emocional dos fatos.
Traumas de vidas anteriores reencarnam junto no nível emocional.
Diante de circunstâncias semelhantes aos fatos de vidas anteriores, a pessoa volta a
sentir o que sentiu na outra existência. Pânico, tristeza, raiva, entre outras emoções, estão
permanentemente ressurgindo, aparentemente sem explicação.
(...) esses processos obsessivos mais graves, frequentemente remontam aos séculos, ou
seja, já foram instalados em outras existências.
Instalaram-se pela mesma dinâmica emocional de persistência em faixas negativas de
entendimento. Dissemos que as várias circunstâncias da nossa vida fazem conectar situações
anteriores por semelhança afetiva.
103 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Pois bem, no momento em que uma memória anterior é disparada pelo gatilho das
emoções, concomitantemente uma faixa espiritual se abre também, e é por essa faixa de passado
que antigos perseguidores espirituais se acoplam ao campo energético do indivíduo,
determinando quadros graves de desajuste emotivo-espiritual.
Sérgio Luís da Silva Lopes – Revista A Reencarnação – No 425– A Dinâmica
Emocional nas Perturbações Obsessivas – 2003 – FERGS
Por isso mesmo, no encadeamento das vidas sucessivas, o espírito herda das
experiências pretéritas as conquistas e os prejuízos morais que ressurgem consciente ou
inconscientemente nos recônditos de si mesmo.
Disso resulta que as aquisições negativas, que foram fatores do insucesso, reaparecem
em condicionamentos psíquicos deprimentes, em complexas manifestações de narcisismo,
de evasão da realidade, de catarse, de esquizofrenia, nas suas apresentações variadas, ou
repontam em expressões de instintos agressivos, inibições, repressões, conflitos, em que o
próprio espírito sofre as perturbações que lhe são atinentes, transmitindo dos centros sensíveis
do psicossoma à matéria as distonias e as alienações de variada espécie, que traz do pretérito
espiritual.
Não padecem, pois, dúvidas, quanto as enfermidades mentais procederem, em grande
parte, do espírito encarnado, perturbado como é, em si mesmo.
Em tais casos as técnicas psicanalistas logram atingir os fulcros próximos das
alienações, facultando a liberação da consciência sob os estímulos da esperança, do trabalho e
do amor.
Outras vezes, os traumas decorrem de fundas marcas do passado próximo, removíveis
com relativa facilidade, dentro, todavia, dos quadros de débitos e créditos a que se encontra o
espírito vinculado.
Vianna de Carvalho – Sementeira da Fraternidade – Cap. 8 – Psiquiatria e Espiritismo -
Obsessão
104 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Auto-Obsessão – Causas Principais:
• Personalidade egocêntrica que gera o orgulho e os seus hediondos facínoras,
quais o ódio, o ciúme, a inveja, o ressentimento.
Manoel Philomeno de Miranda – Luzes do Alvorecer– Cap. 15 – Distúrbios
Emocionais Obsessivos
• Fixações pretéritas das existências infelizes de que não se conseguiu libertar.
(Espíritos despóticos ou viciados, précitos ou cruéis)
• Mediunidade desequilibrada (pois que, graças a ela, se estreitam as relações
do espírito reencarnado com os demais Espíritos desencarnados)
Manoel Philomeno de Miranda – Luzes do Alvorecer– Cap. 15 – Distúrbios
Emocionais Obsessivos
• Vivências e experiências conscienciais traumáticas desta vida, desde o
período de gestação ou da infância, adolescência, juventude, maturidade e senectude (a pessoa
pode se tornar mental e psicologicamente alienada),
Cícero Marcos Teixeira – Revista A Reencarnação– No 425 – O Que é a Obsessão –
2003 – FERGS
Não sei quantas almas tenho
Cada momento mudei
Continuamente me estranho
Nunca me vi nem acabei.
Fernando Pessoa – Novas Poesias Inéditas – Pag. 42
105 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6.3.2 Violência Externa/Íntima/Exógena – Obsessão Espiritual
Nesse contubérnio afligente, Espíritos irresponsáveis e frívolos aproveitam-se das
vibrações deletérias e misturam-se com esses combatentes perturbados, aumentando-lhes a
ferocidade e estimulando-lhes os instintos inferiores.
O resultado são os crimes hediondos, asselvajados, estarrecedores, que aumentam
o índice de maldade em razão da ingestão de bebidas alcoólicas, de drogas alucinantes e fatais…
Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Agressividade (15/03/2010)
Nesses quadros de extrema violência, de inominável crueldade, parece que a pessoa
humana perde completa ou parcialmente a lucidez, o que faculta o seu hebetamento, por todos
observado, sem que seja percebida na maior parte das vezes, a ação brutal de vinditas
horrendas de velhos inimigos desencarnados, quase sempre inimigos dos envolvidos, mas,
fundamentalmente, de quem se torna criminoso ou criminosa, uma vez que num homicídio não
procurado, a vítima costumeiramente, é libertada das traves da culpa que a faziam sofrer,
enquanto que as mãos criminosas passam a representar aquelas pelas quais veio o escândalo,
conforme os ensinos de Jesus Cristo, ao lamentar aquele que provocasse os fenômenos
escandalosos.
Camilo – Nos Passos da Vida – Cap. 11 – Ante o desassossego Social
A obsessão merece maior atenção por parte dos estudiosos da Doutrina. Os processos
obsessivos podem ser responsabilizados por grande parte da violência praticada pelo homem…
Existem crimes tão estarrecedores, que, sem dúvida, não poderiam ser praticados por
uma só pessoa em ação; a gente fica com a nítida ideia de que foram muitos os que agiram
através do autor de determinada atitude de violência…
Francisco Cândido Xavier – O Evangelho de Chico Xavier – Item 222 – Violência e
obsessão
106 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Continuamos naquele recinto e, como era a primeira vez que tinha oportunidade de
encontrar-me em uma Escola para crianças, pude observar que todas eram acompanhadas
por Espíritos, algumas felizes, e não poucas por Entidades cruéis que, desde cedo,
intentavam perturbá-las, vinculando-se-lhes psiquicamente. Diversas podiam situar-se no
diagnóstico de obsidiadas, tão estreito era já o conúbio mental entre os desencarnados e
elas.
Irritação, agressividade, indiferença emocional, perversidade, obtusão de raciocínio,
enfermidade físicas e distúrbios psicológicos fazem parte das síndromes perturbadoras da
infância, que tem suas nascentes na interferência de Espíritos perversos uns, traiçoeiros outros,
vingativos todos eles...
Olhando, em derredor, enquanto não se iniciavam as aulas, apontou uma menina loura
de olhos claros e cabelos encaracolados com mais ou menos sete anos, que gritava, agredindo
outra com palavras e gestos vulgares, quase aplicando-lhe golpes físicos.
Aí está um exemplo. A pequenina, como podemos observar, é uma obsessa. No lar é
tida como recalcitrante e teimosa, não obstante os castigos físicos que lhe aplicam os pais
desinformados e confusos, por não entenderem o que ocorre com a filha que esperaram com
imenso carinho e os decepciona.
Manoel Philomeno de Miranda – Sexo e Obsessão – Cap. 4 – O Drama da Obsessão na
Infância
Encontrando-se o indivíduo sob a injunção de uma obsessão, que lhe dificulta o
raciocínio, as ações perpetradas não são de sua exclusiva responsabilidade. No entanto, ele
é responsável pelas companhias com as quais se afina e, no que diz respeito às influências
espirituais negativas, cada qual responde pelo que lhe acontece. Eis porque Jesus recomendava
a necessidade da vigilância e da oração, a fim de poupar-se a criatura às interferências
perturbadoras, que são geratrizes das alienações obsessivas.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 3.1 – Perg. 79
Os altos índices da criminalidade de todos os matizes e as calamidades sociais
espalhadas na Terra são alguns dos fatores predisponentes para as obsessões... Os crimes
ocultos, os desastres da emoção, os abusos de toda ordem de uma vida ressurgem depois, noutra
vida, em caráter coercitivo, obsessivo”.
Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Introdução
107 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Mas, o que não deve acontecer é que essa postura de agressividade, essa postura
ferinte, pessimista, negativa, se torne uma constante na relação familiar. Quando isso se
tornar uma constante, não podemos ter dúvida de que estaremos mal assistidos. Criaturas
espirituais de má índole, ou ignorantes ou inconscientes, estarão procurando fazer ninho na
nossa consciência.
Sentir-nos-emos lesados, traídos, amargurados, desprezados em casa, nos sentiremos a
sós, nós veremos pessoas solitárias. E tudo isso, agasalhado por nós, nessa baixa auto-estima,
vai fazendo com que entidades desencarnadas de má índole, infelizes em si mesmas, se
apropriem desse caldo de cultura que nós lhes oferecemos, para fazer toda sorte de
estripulias, para provocar toda sorte de males, de infestações negativas no seio da nossa
família.
Será de bom alvitre instalar em nossa casa, pelo menos uma vez por semana, o hábito
de orar. O Evangelho no lar, como chamamos, ou Jesus no lar, como quisermos.
Raul Teixeira – Federação Espírita do Paraná – Programa Vida e Valores – No 116
– 2007/Outubro – Perturbações Espirituais no Lar
Acautele-se. Os Espíritos infelizes, de mente ultrajada, vivem mais com os encarnados
do que se supõe.
Misturam-se nas atividades comuns, perambulam no ninho doméstico, participam das
conversações, seguem com os comensais, de quem dependem em processo legítimo de
vampirização.
Perturbam-se e perturbam. Sofrem e fazem sofrer. Odeiam e geram ódios. Infelicitados,
infelicitam.
Marco Prisco – Glossário Espírita Cristão – Cap. 18 – Perturbadores
108 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6.4 Violência do Tecnicismo e do Materialismo
6.4.1 Violência do Desemprego
A necessidade do trabalho é uma lei da Natureza?
O trabalho é uma lei da Natureza e por isso mesmo é uma necessidade. A civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta as suas necessidades e os seus prazeres.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – 3º Parte – Cap. 3 – Perg. 674
A homem algum é permitido usufruir os benefícios do trabalho de outrem sem a
justa retribuição e toda exploração imposta pelo usuário representa cárcere e algema para si
mesmo, na sucessão das existências inevitáveis a que se encontra impelido a utilizar.
Do trabalho mecânico, rotineiro, primitivo, puro e simples, à automação, houve um
progresso gigante que ora permite ao homem o abandono das tarefas rudimentares, entregues a
máquinas e instrumentos que ele mesmo aperfeiçoou, concedendo-lhe tempo para a genialidade
criativa e a multiplicação de atividades em níveis cada vez mais elevados.
Sendo o trabalho uma lei natural, o repouso é a consequente conquista a que o homem
faz jus para refazer as forças e continuar em ritmo de produtividade.
O repouso se lhe impõe como prémio ao esforço despendido, sendo-lhe facultado o
indispensável sustento nos dias da velhice, quando diminuem o poder criativo, as forças e a
agilidade na execução das tarefas ligadas à subsistência.
Joanna de Angelis – Estudos Espíritas – Cap. 11 – Trabalho
O homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho.
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata.
Não dar pra ser feliz.
Luiz Gonzaga do Nascimento (Gonzaguinha) – Um Homem também chora
109 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
inquestionavelmente, é por meio do trabalho que a pessoa alcança o progresso pelo qual
anela, desde o bem-estar material até o desenvolvimento da inteligência, porque o trabalho é
um instrumento do qual se vale a Divindade para dar ensejo a cada um de ser útil ao seu
semelhante, aplicando-se em exteriorizar sua bagagem de pretéritas conquistas, aprimoradas
pelo burilamento atual e pelos novos conhecimentos que passam a ornar-lhe a personalidade.
Entrementes, enquanto a muitos o trabalho repugna, preferindo uma vida de aventuras
e extorsão do semelhante, de modos variados, à outros, que anseiam por se ocuparem, efetiva e
nobremente, desaparecem as oportunidades, quando não se apresentam exíguas, quase
inexistentes, obrigando-os a estágios de bastardas necessidades, de penúria ou mesmo de
miséria.
(...) Acompanha-se, na Terra, o processo escorchante de vida imposto a muitas
sociedades, significando gritantes contextos de violência, a exigir, das autoridades constituídas
do mundo político-econômico, a necessária correção do passo, pelo reordenamento da
economia, permitindo que os indivíduos possam ganhar a vida com dignidade, longe dos
fantasmas criados pelo desemprego, costumeiramente nomeados de criminalidade, prostituição,
drogadição... violência.
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – Item 9 – A Violência do Desemprego
110 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6.4.2 Violência do Materialismo
A sua inesperada aventura no macrocosmo, ao invés de fazê-lo reconhecer a fragilidade
e pequenez de resistência ante a grandeza do Universo, torna-o arrogante e, atônito, anestesia-
lhe a capacidade de amar, a fim de fugir do dever de auxiliar o próximo e o respeitar.
A penetração nas micropartículas, ao invés de despertar-lhe o entusiasmo ante a
harmonia que vibra em tudo, encoraja-o a tentativas extravagantes, para as quais pretende
utilizar a engenharia genética, distante da consideração pelos seres em geral e humano em
particular, esquecendo-se das extraordinárias diretrizes da bioética.
Victor Hugo – Luzes do Alvorecer – Cap. 28 – A Grande Noite / Revista Reformador – 1999
– Junho – A Grande Noite
É certo que há glória tecnológica; no entanto, simultaneamente, irrompem crescentes as
misérias morais.
As ciências da mente, valiosas e bem estruturadas, não conseguem deter a onda
terrificante das alienações e dos paroxismos que induzem ao suicídio.
Civilização não significa felicidade, tanto quanto técnica não representa aquisição de paz,
pelo menos nos termos que hoje se expressam.
Nos grandes centros, considerados supercivilizados, os altos índices de suicídio e de
loucura são estarrecedores, isto porque o homem no sentido integral, embora apresentado
numa expressão fisiológica, é mais do que uma máquina que elabora o pensamento.
Esvaziado de ideais transcendentes, imortalistas, perde o rumo e tomba, inerme, nas
depressões aniquiladoras, gênese dos suicídios espetaculares que atestam o primitivismo
das bases da civilização, que é apresentada como o ápice das conquistas da razão...
Mais do que nunca, a sede de Deus e as interrogações sobre o destino das almas após a
morte se apresentam perturbadoras, demonstrando que as conquistas chanceladas de
gloriosas não atenderam à ânsia de felicidade.
A resposta, única aliás, para a grande problemática, para as exulcerações que afligem a
Terra, encontra-se no Evangelho de Jesus, conforme se depreende das leis morais, naturais,
sintetizadas no amor, a mais expressiva de todas, porque emanada de Deus e por Ele sustentada.
Vianna de Carvalho – Enfoques Espíritas – Cap. 27 – Tecnologia e Caridade
111 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A ciência pode concretizar muitas obras úteis, mas só o amor institui as obras mais
altas. Não duvidamos de que a primeira, bem interpretada, possa dotar o homem de um coração
corajoso; entretanto, somente o segundo pode dar um coração iluminado.
O mundo permanece em obscuridade e sofrimento, porque a ciência foi assalariada
pelo ódio, que aniquila e perverte, e só alcançará o porto de segurança quando se render
plenamente ao amor de Jesus-Cristo.
Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Cap.152 – Ciência e Amor
O malogro da civilização contemporânea, sob o ponto de vista ético-moral, tem as suas
raízes no abuso do pensamento racionalista e da ação exageradamente tecnológica, que
pretenderam transformar o homem em uma máquina destituída de sentimentos, e a
sociedade, como efeito, em um campo de operações sob controle remoto.
Vitor Hugo – Antologia Espiritual – Cap. 49 – Única Alternativa
112 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6.5 Violência Social/Urbana/Política
Não obstante as gloriosas conquistas culturais, científicas e tecnológicas, o ser humano
ainda mantém o seu próximo em muitos porões de exclusão, que são habitados pelos que se
fizeram ou foram tornados marginais: crianças que se prostituem por imposição da crueldade
moral, geradora da miséria sócio-econômica, pela escravidão do indivíduo que não tem escolha
e perdeu a liberdade de decisão e de movimento, e os que vivem nas ruas do mundo,
desconsiderados e sem quaisquer direitos, perfeitamente descartáveis pela sociedade hedonista.
Suas dores, suas necessidades são propositalmente ignoradas, e não raro, tidos como
lixo social, são assassinados, exilados, expulsos dos seus guetos, porque enxovalham a
sociedade que os excluiu.
Trata-se de hediondez da modernidade, que somente pensa no crescimento horizontal
do seu poder e da sua libertinagem, esquecendo-se do ser humano em si mesmo, que é o grande
investimento da vida.
Nesse lixo social, encontram-se também muitas joias perdidas: homens e mulheres
de bem e de valor, que derraparam nas ruelas da existência e não tiveram resistência para
enfrentar e vencer as vicissitudes, enveredando pelo alcoolismo, pela toxicomania, pela
perversão de conduta nos vícios sexuais, vivendo nos escuros porões que lhes servem de
refúgio.
Perdida a dignidade humana, eles relutam para permanecer nesses sítios de vergonha e
sombras, sendo denominados como criminosos, mesmo que crime algum hajam cometido.
Rotulados de lixo, criminosos, excluídos, gentalha, perdem a identidade e não se
encorajam a recuperar a sua humanidade, que lhe foi tirada e nunca devolvida.
Afirma-se que esses irmãos da agonia se recusam a sair dos porões onde se encontram,
e que, ao serem retirados, fogem de retorno aos mesmos lugares onde se entregam aos disparates
da vergonha moral. Talvez tenham razão com a exceção, jamais com a totalidade.
Ocorre, muitas vezes, que se encontram enfermos, sem autoconfiança, sem
nenhuma auto-estima, e autopunem-se, após haverem sido torturados, estuprados,
pervertidos. A sua terapia de recuperação é lenta, quanto o foi a imposição da degradação, da
perda de sentido existencial.
É impressionante observar como poucos cristãos dão-se conta do que está ocorrendo a
sua volta e poderá atingir o seu castelo de refúgio e de ilusão.
113 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Mesmo quando vêm à superfície as denúncias contra a dignidade violada do seu
próximo e ele aparece como fantasma apavorante, esses cristãos cerram os olhos para não o ver
e tapam os ouvidos, a fim de não escutar o clamor da sua voz, porque isso os perturba e inquieta,
tirando-lhes alguns momentos de sono ou de excesso de alimentos.
...E confessam a crença em Deus, a Quem dizem amar, em Jesus, que tomam por modelo
teórico, mas não lhe seguem os ensinamentos libertadores.
Perfumados e bem vestidos evitam o contato com eles, nunca se permitem ir aos porões,
temem-nos e abandonam-nos, quando os deveria visitar e amar, procurando conviver com eles,
trazendo-os à luz do dia da compreensão de todos.
Eles ficam nos seus porões e os cristãos nos seus esconderijos de luxo e de proteção
com medo deles, aqueles a quem Jesus procurou trazer para o centro, retirando-os do abismo
escuro em que se refugiavam.
Raia uma luz na treva em favor dos excluídos, ainda muito débil é certo, mas que se
expandirá como o rosto brilhante da manhã após a noite renitente, que vai devorada pela
claridade.
O novo Cristianismo propõe que se acabem com os porões, que se recicle o lixo
social mediante os mecanismos do amor, que se traga para o centro da comunidade todos
aqueles que têm sido excluídos, de forma que a sociedade se torne verdadeiramente digna do
Mestre e Senhor, que é Modelo e Guia para todos através dos evos...
Joanna de Angelis – Jornal Mundo Espírita – 2001 – Fevereiro – Sórdidos Porões
Pululam em bandos, não obstante sadia ou risonha aparência, os marcados na alma,
ocultando, em manobras várias e diversificados mecanismos psicológicos, os seus dramas e
paixões, as suas ansiedades e anelos íntimos.
Não faltam os preconceituosos contra os que apresentam sinais de fácil identificação,
como a realizar uma catarse cm que eliminam os próprios traumas, de outrem ignorados,
naqueles que são fáceis de reconhecimento.
Eunice Weaver – Revista Reformador – Junho/1979 – Terapêutica de Emergência – Cap. 26
– Marcados na Alma
114 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A violência urbana, por exemplo, é filha legítima dos que se encontram em gabinetes
luxuosos e desviam os valores que pertencem ao povo, que desrespeitam; que elaboram Leis
injustas, que apenas os favorecem; que esmagam os menos afortunados, utilizando-se de
medidas especiais, de exceção, que os anulam; que exigem submissão das massas, para que
consigam o que lhes pertence de direito... produzindo o lixo moral e os desconsertos
psicológicos, psíquicos, espirituais.
Joanna de Angelis – Amor, imbatível amor – Cap. 18 – Insegurança e Arrependimento
A violência urbana, uma extensão da violência doméstica, tem amedrontado a
população em razão dos freqüentes relatos de assaltos, atropelamentos, homicídios e seqüestros.
As famílias estão cada vez mais isoladas dentro de suas habitações, construindo muros
altos ou colocando grades elétricas nas residências; instalando mecanismos de vigilância ou de
segurança e, mesmo assim, não se sentem a salvo da ação criminosa.
Marta Antunes – Revista Reformador – 2006 – Julho – Violência doméstica e urbana
Nessa análise, sucinta embora, não é possível que sejam olvidadas as violências
governamentais resultantes da indignidade de alguns dirigentes, que desviam as verbas que
deveriam ser encaminhadas para os fins específicos para os quais são destinadas e que lhes
servem de base para novas competições eleitoreiras, a fim de permanecerem nos cargos que
deslustram com a conduta imoral que se permitem.
Subornadores uns e subornados outros, são invisíveis em plenário ou silenciosos nas
assembleias onde se encontram apenas para defender os próprios interesses e nunca os do povo
espoliado e vencido nos seus ideais e na sua cidadania.
Da mesma forma, usurpam o poder, lutando para não serem desapiados, utilizando os
recursos ignóbeis da desonestidade com que compram os seus pares, prolongando suas infelizes
administrações até a exaustão daqueles que lhes sofrem a impiedosa sujeição.
Candidatando-se novamente aos mesmos cargos, dispõem de recursos surrupiados dos
cofres públicos perceber as suas tramas e atitudes perversas, reelegendo-se muitos deles em
razão das promessas mentirosas que fazem, logo abandonadas após as eleições.
Certamente que há exceções dignas de crédito e de respeito, sinalizadas por homens e
mulheres portadores de nobres ideais e lutadores incansáveis pelo estabelecimento da justiça
social e do equilíbrio entre as criaturas.
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – Cap. 13 – Violência Humana
115 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6.5.1 Violência da Fome
Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo ninguém deve morrer de fome.
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – 4º Parte – Cap. 1 – Item 1 – Perg. 930
A fome, no mundo, pode ser classificada em dois tipos:
1) Fome Calórica ou Energética, decorrente da baixa ingestão de calorias necessárias ao
funcionamento do organismo, “[...] tende a ser aguda, matando rapidamente suas vítimas pela
total falta de alimentos, e epidêmica (ou aberta, que é outra denominação para a mesma coisa),
ou seja, ela ocorre geralmente devido a situações específicas de uma dada região ou localidade,
como pragas que atingem a agricultura e impedem o fornecimento de comida, catástrofes
climáticas como terremotos, inundações e secas prolongadas, e também por guerras que
destroem as plantações e acabam com o acesso à comida
2) Fome Parcial, Específica ou Oculta, “[...] tende a ser crônica, ou seja, ela mata
lentamente suas vítimas pela falta permanente de determinados nutrientes; e endêmica [surtos
recorrentes], ocorrendo sempre em virtude da má nutrição.[...].”
A principal causa da Fome Calórica são as guerras que privam as pessoas de qualquer
ingestão de alimentos.
Em termos históricos, “[...] são as guerras que respondem pelas maiores fomes
registradas pela humanidade. Além das cidades sitiadas, as táticas bélicas incorretas, a
destruição de lavouras e estoques de alimentos e a destruição dos meios de transporte explicam
como a guerra afeta o abastecimento de comida para a população. [...]”.
A Fome Crônica, epidêmica ou endêmica, está diretamente relacionada à extrema
pobreza ou miséria, mas, também, tem relação com as guerras. “[...]
Numa sociedade organizada segundo a Lei do Cristo, ninguém deve morrer de fome”,
afirmam incisivamente os Espíritos orientadores da Codificação.
Marta Antunes – Revista Reformador – 2017 – Abril – Erradicação da fome e da miséria do
mundo
116 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Entre as calamidades que, periodicamente, assolam a Terra, destaca-se a fome como remanescente do primarismo evolutivo na área social em que se encontra a criatura humana.
Em uma sociedade civilizada, na qual alguém morre pela fome, o respeito à vida e à dignidade humana desapareceram por completo.
A fome sempre desempenhou papel preponderante na cultura dos povos, tornando-se célebres por sua hediondez os períodos em que se manifestou no Egito e na Idade Média, várias vezes durante as guerras, particularmente a dos Cem Anos, e que se vem repetindo nos países pobres da África, da Ásia e das Américas, nos tempos modernos.
Numa sociedade justa não poderia manifestar-se com a rudeza destruidora o espectro da fome, porque o mínimo direito que tem o cidadão é o de alimentar-se.
Mais cruel ainda se apresenta o fenômeno da fome, quando se a pode prever, e, naturalmente evitar, ou, pelo menos, tomarem-se medidas que lhe diminuam a gravidade, atenuando as consequências terríveis do rastro de destruição que deixa.
Não apenas é hedionda a morte pela fome, como também são os efeitos lamentáveis dela decorrentes, quais a carência de nutrição do organismo, expressando-se através de problema mental, emocional e orgânico.
O indivíduo com fome torna-se violento e agride, qual ocorre com o animal que sai, esfaimado, à caça, sendo pior naquele que vê a família em estertor agônico, entre a alucinação e o crime, por absoluta falta de pão.
(...) Em uma sociedade livre e competitiva, não se deve apenas dar alimentos durante as situações calamitosas, mas sim, criar condições para que eles existam e sejam conquistados dignamente, ao invés de oferecidos como esmolas ou ações caridosas, em cujas oportunidades as mesmas se transformam em bandeiras políticas ou estribilhos de exaltação religiosa, exibindo os miseráveis à compaixão social, quando todos merecem, em vez disso, respeito e oportunidade.
(...) A indústria da fome, por outro lado, tem sido mantida para auxiliar indivíduos ignóbeis, que dela se utilizam para ilusórias promessas eleitoreiras periódicas, quando se afirma que será prontamente eliminada.
Conseguidos os fins almejados, porém, a máquina do desinteresse pelo povo continua mantendo-a, a fim de estar ultrajante e mais grave em próxima oportunidade.
Uma consciente utilização tecnológica dos recursos dos mares e oceanos, dos rios despoluídos e melhor usados, das terras devolutas e abandonadas, conseguiria modificar a geopolítica do hórrido fantasma que periodicamente invade as diferentes regiões do mundo, especialmente aquelas subdesenvolvidas.
(...) Dia, porém, virá, e já se anuncia, no qual, o homem despertará em definitivo para a mudança do seu comportamento em relação ao próximo, particularmente aquele que assume a governança dos povos, conduzindo altíssima responsabilidade perante a própria consciência, como perante a Consciência Cósmica, de que não se evadirá.
Demonstração de impiedade incomum é a presença da fome na Terra. Otávio Mangabeira – Luzes do Alvorecer – Cap. 11 – Injustiça social e fome
117 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Uma das perturbantes consequências do desemprego é, sem contestação, a fome. Não tendo do que lançar mão, honestamente, para prover as necessidades básicas, o
indivíduo, com sua família, muitas vezes se achará presa de ideações infelizes que o poderão conduzir a experiências tortuosas, uma vez que a fome não conhece moralidade.
No vasto território das violências contra a humanidade, a fome se apresenta como o grande e cruel carrasco, apta a depauperar e adoecer gerações inteiras, promovendo desde raquitismo a deficiências intelectuais por causa da incapacidade neuronial que se vai estabelecendo com a falta de nutrição exigida pelas primeiras idades da criança.
Transtorna a consciência humana, contudo, a identificação dos quadros de fome num mundo onde se desperdiça, onde as demandas de preços que se pratica nos mercados das trocas determinam que se deve atirar fora ou atear fogo às inumeráveis quantidades de produtos, que não logram obter os preços nos níveis desejados, sem qualquer pensamento dirigido às comunidades esfaimadas, deserdadas e humilhadas.
Queimam-se cereais e a preciosa rubiácea ou, simplesmente, deixam-nos deteriorar em depósitos, por não encontrarem preços compatíveis com os interesses dos produtores.
Lançam-se às águas dos rios litros e litros de leite, pela insatisfação dos pecuaristas que os produzem.
Incineram-se toneladas de carne, ou transformam-nas em rações para animais, porque ficaram em stock anos a fio, tornando-se, por isso, imprestáveis ao consumo humano. Por descaso, imperícia ou pelo motivo que for, são processos sempre comandados pelo egoísmo.
E o denominado lixo rico das metrópoles? Centenas e centenas de quilogramas de alimentos intactos atirados fora em virtude do
espírito consumista que adquire, mas não utiliza, e também não transfere a outras mãos. Obras do egoísmo.
Enquanto o espírito perdulário avança em seu instintivo desmando, contemplam-se o desfile dos famintos que disputam com os animais, nas lixeiras, a sobrevivência diária, chegando muita gente ao ponto de se socorrer de dejetos corrompidos, para não sucumbir, de vez, na agonia e desamparo que a soterram.
Em O Livro dos Espíritos, quando o Codificador pergunta sobre os que monopolizam os bens da Terra em prejuízo daqueles a quem falta o necessário, os Luminares Espirituais afirmam que esses tais responderão pelas privações que hajam feito alguém experimentar, e que são espíritos que desconhecem a lei de Deus. (Kardec, LE. perg. 717)
Allan Kardec, no seu lúcido comentário sobre a questão, diz que "os que vivem às custas das privações alheias, que exploram os benefícios da civilização em seu próprio proveito, não têm da civilização senão o verniz...”, o que não reflete outra coisa senão um horrendo panorama de violência.
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – Item 10 – A Violência da Fome
118 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6.5.2 Violência da falta de Moradia
Atirado aos redutos sórdidos das favelas, guetos e malocas, vivendo de expedientes,
dependendo uns dos outros, em aventuras, urdem na mais perversa miséria econômica, os
desforços contra a sociedade indiferente que os relega a estágio primitivo, sub-humano.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 7 – Delinquência, Perversidade e Violência
Lastimável é que, numa sociedade economicamente desenvolvida, sejam encontrados
tantos indivíduos que não tenham onde habitar.
Deambulam como sombras a perturbar o sono dos que usufruem conforto e bem-estar
material.
Irrompem das brumas das inacabáveis discussões para se tornarem pesadelos constantes
para quantos se negam a tratar o problema como o problema exige.
Chamados como sem lar, sem casa, da forma como o forem, triste é a constatação do
ponto ao qual chegaram várias sociedades do mundo materialmente grandiosas.
Tal fenômeno seria facilmente admitido nas sociedades economicamente pobres, onde
a falta de moradia é quase um estado comum da população. Mas, entre os melhor aquinhoados,
torna-se uma aberração.
São incontáveis as pessoas que compartem espaços exíguos sob pontes, viadutos, linhas
férreas ou às margens de rios e de estradas, submetidas a variados problemas de saúde pública,
de higiene, sobrevivendo em condições inumanas, numa lamentável escalada de degradação
física e moral, levadas por uma enxurrada de tormentos.
Reconhecidamente fruto das desigualdades sociais, a falta de moradia é dos fatores mais
predisponentes aos ajustes criminosos, pelo fato de impor às criaturas a sua permanência nas
ruas, suportando e convivendo com todas as formas de abjeção.
Pela mentalidade de muitos que performam os grupos espiritualistas no mundo, passaria
o pensamento de que esses desafortunados são homens e mulheres que resgatam gravames
cometidos contra as leis cósmicas em tempos de antanho. E estariam plenamente corretos no
raciocínio, caso não faltasse a outra face das ponderações, que os levaria a indagar: Por que
Deus situou tais devedores das divinas leis ao seu lado, numa comunidade de ampliados
recursos?
119 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Num mundo de provas e expiações, como é o caso da Terra, cada um tem o dever de
retomar os caminhos do Criador de um modo todo particular. Alguns precisam experimentar
fases de carências diversas ou específicas, ao mesmo tempo em que a outros cabe o dever de
socorrê-los, na condição de novos cireneus.
Quando o Codificador do Espiritismo pergunta aos Imortais se a desigualdade das
condições sociais faz parte da lei natural, os Mentores Egrégios afirmam que não.
Tal desigualdade é obra do próprio ser humano, não do Criador.
Então, tudo nos diz que caberá aos próprios homens a necessária solução.
Qualquer sociedade que ignore as precaríssimas condições de moradia de largas faixas
do seu povo estará participando da manutenção da violência, com argumentos que não se
afinam com o procedimento de quem afirma desejar servir a Deus pelas rotas humanas.
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – Item 11 – A Violência da falta de Moradia
120 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6.5.3 Violência da falta de Assistência à Saúde
A presença, na sociedade, de velhinhos em desvalimento, sem albergue nem amparo;
A negação do direito de mínimo socorro da saúde a centenas de milhões de enfermos;
O desinteresse pela falta de pão e água a incontestável e crescente número de seres em
condições sub-humanas;
O abandono a que se encontram relegadas incalculáveis legiões de menores carentes;
A tremenda escassez de oportunidade para a educação de menores em formação da
personalidade são um libelo terrível, constituindo a mais torpe forma de violência contra o
homem, em desrespeito à inalienável condição de criatura, que as Leis e os cidadãos
dominantes desprezam e abandonam, impondo, na escravidão da ignorância que se estabelece,
penas superlativas, injustas e ingratas...
Benedita Fernandes – Terapêutica de Emergência – Cap. 12 – A Violência
Como imaginar uma sociedade cristã, alicerçada sobre valores humanos respeitáveis
expressos através de juramentos e acordos apreciadíssimos, que, ao mesmo tempo, despreza as
condições de saúde de sua gente?
Toda sociedade em que os seus membros contribuam com impostos e taxas, com o
propósito de nutrir o erário, a fim de que dele provenham serviços destinados ao bem-estar
público, merece receber, em contrapartida, os atendimentos esperados, como um inalienável
dever do Estado.
A comunidade social precisa receber a devolução do que paga, por meio de
atendimentos essenciais, como são os da saúde.
Quando esses cuidados são negados pelo Estado, que, por seu turno, prossegue
cumulando as massas trabalhadoras com onerosas obrigações, isso não passará de deslavado e
acintoso desrespeito à dignidade com que toda pessoa deve ser tratada.
Como esperar grandeza no trabalho e boa produção por parte de uma sociedade em
precário estado de saúde?
Como querer disposição e alegria de uma comunidade enferma?
Por problema de saúde não se deve entender somente a situação culminante e crucial,
quando surge a urgente necessidade de intensivos tratamentos ou cirurgias que não podem ser
atendidos.
121 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
O problema da saúde se amplia quando o povo é compelido a utilizar água mal tratada, contaminada, vetor de incontáveis moléstias que se podem converter em epidemias ou pandemias desastrosas.
Como problema de saúde, entende-se, ainda, o descuido com o alimento utilizado pelas populações, a sua má qualidade, a sua exposição a diversos microrganismos nas vias públicas; os esgotos a céu aberto tresandando miasmas, sem que nenhuma providência digna de respeito seja tomada, por quem de direito, a fim de melhorar o nível de vida e saúde das comunidades, principalmente das mais desprotegidas.
A perpétua alegação de falta de recursos financeiros vai-se constituindo em cínica e sórdida bandeira, à medida que são cobrados mais altos impostos e taxas, sem que se preste a mínima conta ao povo, refletindo mau gerenciamento da coisa pública.
Em toda parte, mesmo em países marcados por gritante pobreza de recursos materiais, os poderosos se banqueteiam com seus áulicos em nababescas festas, enquanto habitam construções faraônicas, prenhes de conforto, como se vivessem numa ilha paradisíaca e à sua volta tudo estivesse cor-de-rosa.
Nestes tempos atordoados do mundo, quando falecem tantos valores morais, não é difícil acharem-se governantes e outros administradores dando vazão ao egoísmo aviltante, atirando-se sobre a coisa pública com avidez, como se estivessem usufruindo dos seus pertences pessoais, considerando as comunidades humanas enfermas, desinformadas, espoliadas, como serviçais atoleimados; e as terras como se fossem seus modernos feudos, olvidados de que todos terão que prestar contas à Consciência Cósmica dos seus atos e desatos, mais hoje, mais amanhã.
Quando se trata das verbas públicas, sua distribuição e seu encaminhamento enfrentam tanta burocracia até chegarem ao devido destino, sendo violadas, proteladas, chegando onde deveriam chegar com atrasos inconcebíveis, quase sempre após todas as calamidades que a sua demora propiciou.
Todos os que buscam o entendimento das leis divinas compreendem que, no mundo, quem deve, paga. Porém, os que se tornam braços ou agentes desses resgates, de modo consciente ou inadvertidamente, acabam por contrair graves comprometimentos com a consciência, candidatando-se, por sua vez a futuros resgates proporcionais à sua lucidez e aos motivos que os levaram a delinquir dessa forma.
A negligência para com a saúde humana mostra-se como processo brutal de violência. Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – Item 12 – A Violência da falta de assistência à Saúde
122 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6.5.4 Violência do Analfabetismo
A tremenda escassez de oportunidade para a educação de menores em formação da
personalidade são um libelo terrível, constituindo a mais torpe forma de violência contra o
homem, em desrespeito à inalienável condição de criatura, que as Leis e os cidadãos
dominantes desprezam e abandonam, impondo, na escravidão da ignorância que se estabelece,
penas superlativas, injustas e ingratas...
Benedita Fernandes – Terapêutica de Emergência – Cap. 12 – A Violência
Das celas mais terríveis que aprisionam o ser humano, a ignorância é a pior.
O fato de se desconhecer, de ignorar, induz a pessoa aos labirintos escuros de torpezas
e de descalabros, exatamente porque ela não dispõe das possibilidades de escolha, não conhece
opções, simplesmente não sabe.
A sordidez e a criminalidade ganham tempero especial quando contam com a
desgraçante nutrição da ignorância.
Pode-se, então, conjeturar que a maneira de se promover a liberdade e a lucidez de um
povo deva ser pelo conhecimento.
Será sempre um ato de amor ao próximo, o de abrir-lhe a mente, destravando-lhe as
capacidades intelectuais. Que gesto maior de consideração pode receber uma sociedade, quando
se lhe dá as chances de aprender a pensar, a querer, a escolher e decidir, que a escola oferece?
Sem embargo, o mundo guarda, em sua larga história, a saga de indivíduos que se
fizerum cruéis, belicosos, déspotas, exploradores das suas comunidades, valendo-se dos seus
atributos intelectuais.
Entrementes, as vidas dos nobres inventores, dos construtores de nações, dos salvadores
de vidas, dos diplomatas e políticos portadores de elegância moral, quase sem exceção, se
apoiaram nos seus valores intelectuais somados aos recursos da alta moralidade.
A escola, no mundo, é o símbolo dessa luz que verte sobre os cérebros, gradualmente,
fazendo brotar o saber e tudo o que dele decorre.
O que esperar de uma comunidade para a qual é negada a felicidade da escola, ou que,
quando lhe é oferecida, não se cuida da sua qualidade?
Como conceber que uma sociedade cresça, desenvolva-se, e supere-se, atada ao
pelourinho da ignorância?
123 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Temos que convir, contudo, embora tristemente, que incontáveis são os povos no seio
dos quais há-se feito disseminar a ignorância com objetivos francamente escusos, claramente
inferiores.
Mentes tenebrosas, almas encharcadas de egoísmo e instinto de dominação entendem
que, clareando o intelecto dos indivíduos, ensinando-lhes a raciocinar, a ver com clareza, em
pouco tempo veriam ruir seus impérios de dominação absolutistas, e assim teriam que ceder
lugar aos novos tempos de necessárias transformações.
Dessa maneira, não é difícil verificar por quais motivos tantos são os poderosos da Terra
que investem contra a instituição escolar, dispostos a lhe minarem os recursos, sob todas as
formas, embora não se encorajem a declarar para os povos suas verdadeiras intenções.
É no analfabetismo que se instalam a irrefletida credulidade, a aceitação piegas e a
acomodação ingênua.
É na irreflexão que se apoiam o imediatismo, a mentira dourada, a extorsão
passivamente aceita, enfim, o empobrecimento da atividade intelectual na criatura.
Que mais grave crime se pode consumar contra as gerações jovens do que a negação da
boa escola às crianças?
Desafortunadamente, preparam-se mal os instrutores; orientam-se mal os programas
curriculares; transformam-se importantes disciplinas, de conteúdos indispensáveis à formação
da pessoa, em intermináveis sessões de brinquedos sem sentido realmente pedagógico.
A descaracterização da nobre escola fez com que muitos aventureiros, inaptos para a
relevante tarefa de ensinar, mas ciosos por ocupar esse espaço social do profissional adequado,
se inscrevessem em suas fileiras, insensíveis e irresponsáveis, enquanto valorosos servidores
da magna sapiência, da boa cultura e do vero saber, afastaram-se traumatizados com o descaso
a que foi relegada a escola, desacreditando no soerguimento dessa abençoada instituição.
Vale a pena refletir com o Codificador, quando escreve, em O Livro dos Espíritos,
referindo-se ao mais civilizado dentre dois povos: "aquele em que se encontre menos egoísmo,
menos cupidez e menos orgulho; onde os hábitos sejam mais intelectuais e morais do que
materiais; onde a inteligência possa se desenvolver com mais liberdade...".
Não é difícil perceber que se vive no planeta um tempo de profundas transformações
ético-morais, intelectuais, posturais, dentre variadas outras. Entretanto, rebaixar a escola e
submeter as populações infanto-juvenis ao analfabetismo, ao encarceramento na ignorância,
sem dúvida, é um lamentável retrato da violência.
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – Item 13 – A Violência do Analfabetismo
124 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
6.6 Violência Cibernética/Virtual/Digital
Reforçada por uma cruel propaganda massiva, a violência vai ganhando espaço no
mundo psicológico das pessoas, passando a envenenar suas expressões emocionais, impondo-
lhes temores que, no passar do tempo, se vão convertendo em francos processos neuróticos.
As mídias vão infestando de pavor as grandes quanto as pequenas cidades,
aterrando homens e mulheres de procedências sociais diversas, uma vez que a hidra da violência
não escolhe as suas presas, vergastando com seu látego covarde o dorso de toda a Humanidade.
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 25 – Jesus ante o temor da violência
O jovem moderno vive uma rotina tecnológica muito especial e perigosa. A
comunicação virtual que se lhe encontra ao alcance no lar, sem a orientação nem a vigilância
dos pais, indu-lo à convivência com portadores de transtornos de comportamento, pessoas
viciosas, grupos atormentados que o cativam e o arrastam para as suas malhas perigosas.
Esse trabalho de assistência é essencialmente da família.
Clara Lila Gonzalez de Araújo – Revista Reformador – 2018 – julho – O uso
indevido das novas tecnologias – analise espirita
Os bullies virtuais possuem elevado grau de domínio tecnológico.
Enviam textos/imagens pela Internet e telefones celulares, via e-mail ou redes sociais
de comunicação eletrônica, atingindo numerosos indivíduos com o intuito de ridicularizar,
difamar, humilhar ou assediar, sempre que postam boatos, mentiras e rumores.
Marta Antunes – Revista Reformador – 2011 – Novembro – Bullying
O Termo Bullying pode ser adotado para explicar todo o tipo de comportamento
agressivo, cruel, proposital e sistemático inerente às relações interpessoais.
Ana Beatriz Barbosa Silva – Bullying – mentes perigosas nas Escolas – Cap. 1
O cyberbullying é um problema crescente. A maior parte dos dados disponíveis sobre
a prevalência do cyberbullying provém de pesquisas conduzidas em países industrializados e
sugerem que a proporção de crianças e adolescentes afetados pelo cyberbullying varia de 5% a
21%, sendo as meninas mais propensas a sofrer essa forma de bullying do que os meninos.
UNESCO – Violência escolar e bullying/2017
125 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Cyberbullying ou Ciberbullying é “uma prática que envolve o uso de tecnologias de
informação e comunicação para dar apoio a comportamentos deliberados, repetidos e hostis
praticados por um indivíduo ou grupo com a intenção de prejudicar outrem”.
Cyberbullying – Wikipédia, a enciclopédia livre
O cyberbullying é o uso da tecnologia para assediar, ameaçar, envergonhar ou atingir
outra pessoa. Quando um adulto está envolvido, ele pode atender à definição de assédio ou
perseguição virtual, um crime que pode ter consequências legais e inclui o envio de e-mails,
mensagens instantâneas em redes sociais (como o Facebook), mensagens de texto e telefones
celulares etc.
Bullying – Wikipédia, a enciclopédia livre
Cyberbullying é um tipo de violência eletrônica do bullying, onde as agressões se
dão através da internet ou de outras tecnologias relacionadas. Praticar cyberbullying significa
usar o espaço virtual para intimidar e hostilizar uma pessoa (colega de escola, professores
ou mesmo desconhecidos), difamando, insultando ou atacando covardemente.
Os sete tipos mais comuns de cyberbullying são:
1) Calúnia: afirmar que a vítima praticou algum fato criminoso. Um exemplo comum
seriam as mensagens deixadas no perfil de determinado usuário de uma rede social ou site de
relacionamento, imputando a ele a pratica de determinado crime, como por exemplo, que certa
pessoa praticou o crime de furto ou estupro.
2) Difamação: é imputar um fato a alguém, que ofenda sua reputação, pouco
importando se o fato é verdadeiro ou não, o que importa é que atinja a sua honra objetiva. Ex:
Fulana de Tal é devedora.
3) Injúria: é ofender a dignidade ou o decoro de outras pessoas, atingindo a sua honra
subjetiva. Geralmente se relaciona a xingamentos que são postados no Facebook da vítima.
Uma pessoa que filma a vítima sendo agredida ou humilhada e divulga no youtube também
pratica o delito.
4) Ameaça: ameaçar a vítima de mal injusto e grave. O mais comum seria a vítima
informar a autoridade policial que está recebendo ameaças de morte via SMS, mensagens in
Box, telefonemas entre outras.
126 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
5) Constrangimento ilegal: em relação ao cyberbullying, esse crime se consuma no
momento em que a vítima faz algo que não deseja fazer e que a lei não determine. Por exemplo,
se um garoto envia uma mensagem instantânea para a vítima dizendo que vai agredir um
familiar da mesma, caso não aceite ligar a câmera do seu computador (webcam).
6) Falsa identidade: ação de atribuir-se ou atribuir a outra pessoa falsa identidade para
obter vantagem em proveito próprio ou de outro indivíduo ou para proporcionar algum dano.
Por exemplo, a utilização de perfis falsos em sites de relacionamento, no caso uma mulher
casada, que se passa por solteira para conhecer outros homens e vice versa, ou até mesmo
utilizar a foto de um desafeto para criar um perfil falso e proferir ofensas contra diversas
pessoas, visando colocar a vítima em situação embaraçosa e constrangedora.
7) Molestar ou perturbar a tranquilidade: Neste caso não estamos diante de um
crime, mas sim, de uma contravenção penal, que permitirá que seja punido aquele que molestar
a tranquilidade de determinada pessoa por acinte ou motivo reprovável, como por exemplo, o
indivíduo que envia mensagens desagradáveis, incomodando a vítima.
Senado Federal – 7 tipos mais comuns de bullying virtual que você pode denunciar
Ciberbullying – características principais
Em grupo:
• Na maioria dos casos, a intimidação é feita por várias pessoas.
Entre conhecidos:
• O mais comum é que o agressor e o agredido sejam colegas de sala de aula ou de mesma
escola.
Causa danos:
• Gera problemas psicológicos e sociais por meio de humilhações, xingamentos,
disseminação de mentiras, etc.
Cotidiano:
• Os ataques não são pontuais. Eles ocorrem com frequência
Online:
• As redes sociais são as ferramentas mais usadas para promover os assédios, mas eles
podem ser feitos também via E-mail, etc.
Iberdrola – Cyberbullying: o assédio nas redes sociais
127 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Ciberbullying – o que fazer
i. Não responda quando estiver com raiva.
ii. Peça ajuda de alguém que você confia, um colega, um amigo, seus Pais ou um
professional.
iii. Guarde evidências. Salve conversas, ofensas e agressões. Você pode precisar.
iv. Informações pessoais devem ser vistas por pessoas de confiança. seja seletivo com o
que posta e compartilha.
v. Não envie mensagens quando está irritado com alguém.
vi. Bloqueie o agressor.
vii. Denuncie para a própria rede social o usuário e o conteúdo postado.
viii. Delete/troque seu perfil.
ix. Encare o assunto com seriedade.
x. Não se torne um agressor.
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – Liga Acadêmica de Prevenção e
Intervenção a Violência (Lapiv)
128 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
7. A Violência na Sociedade e em Você – O Que Fazer? Como “podar” a
árvore da Violência
A mansuetude, a pacificação, a humildade, a paciência, a brandura são os métodos mais eficazes para se enfrentar a violência.
Não-violência é amor em elevado grau, que permite considerar o agressor como enfermo, oferecendo-lhe a resistência pacífica, a fim de neutralizar-lhe a fúria desencadeada pelas paixões inferiores.
Joanna de Angelis – Sendas Luminosas – Cap. 24 – Violência e Loucura A Paz é construída com esforço e, para ser preservada, exige vigilância no bem e
manutenção dos ideais elevados. Não se trata, porém, de uma situação parasitária ou sem ação. Pode-se fruir da Paz na tempestade ou na harmonia ambiental, sob os açoites do
sofrimento ou nas blandícias da saúde. É um estado de dinâmico de constante equilíbrio. Disse Jesus: “A minha paz vos dou” – como recompensa à consciência tranquila, à
emoção harmonizada e às ações corretas. Marco Prisco – Renove-se – Cap. 29 – Decálogo para a Paz
A Paz resulta do equilíbrio e não da inércia. Jesus, no madeiro, desfrutava a
tranquilidade dos que podem desculpar o mal e esquecê-lo. Pilatos, na suntuosidade do Pretório, conservava um espírito vacilante e atormentado, que o arrastaria pôr fim ao suicídio.
O lago calmo costuma resumir-se a depósito de lodo estanque, enquanto a água corrente, rolando sem cessar sobre a escarpa, chega pura aos lábios ressequidos do homem.
Ninguém abandone a luta, crendo conquistar, assim, a paz. Nenhum general experimenta o soldado em relvas floridas, e alma nenhuma se elevará
ao cume da purificação, sem as provas compreensíveis e justas do sofrimento, no combate interior às inclinações menos dignas, ante as circunstâncias do mundo externo.
Muitos encontram luta amarga onde procuram as doçuras da paz, porque a serenidade legítima provém das obrigações bem cumpridas no quadro de trabalho que a realidade nos designa.
Conflitos e atritos vibram em toda parte, porque, em todos os recantos, o Espírito suspira por ascensão.
Joanna de Angelis – Falando à Terra – Cap. 4 – Paz e Luta
A Paz decorre da quitação de nossa consciência para com a Vida, e o trabalho reside na base de semelhante equilíbrio.
Não queiras, assim, estar sossegado, sem esforço, sem luta, sem trabalho, sem problemas...
Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 136 – Vivamos Calmamente
129 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Toda interpelação agressiva, qualquer verbete ferinte, cada reação violenta constitui ingrediente para a combustão do ódio e a semeação nefasta da amargura.
Útil quão urgente o esforço pela preservação da paz íntima, mesmo quando concitado ao desvario ou diretamente chamado ao desforço pessoal.
Dos hábitos mentais — suspeita, ciúme, inveja, animosidade, fixação —, como dos condicionamentos superiores pelo exercício do pensamento — reflexão, prece, humildade, auto-exame — decorrem as atitudes, quando se é surpreendido pela agressividade ou perseguido pela antipatia espontânea de alguém, em si mesmo inditoso.
Reagirás sempre, conforme cultives o pensamento. Falarás e agirás conforme as aquisições que armazenares nos depósitos mentais, através
das ocorrências do cotidiano. Assim, atenta, quanto possível, para os valores dignificantes do teu próximo,
exercitando-te nas visões relevantes e contribuirás com expressivos recursos em favor da economia de uma Terra feliz por que aspiras na vivência contínua do bem sempre.
Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 50 – O Bem sempre
Diante das ameaças de guerra, das lutas e do terrorismo existentes que matam e mutilam milhões de homens, te sentes sem recursos para fazê-los cessar, mudando-lhes o rumo para a paz.
Entretanto, a tua conduta pacífica e os teus esforços de amor serão instrumentos para gerar alegria e tranqüilidade onde estejas e entre aqueles com os quais compartes as tuas horas.
* A violência urbana e a criminalidade reinantes não serão detidas ao preço dos teus mais
sinceros desejos e tentativas honestas. Sem embargo, a tarefa de educação que desempenhes, modesta que seja, influenciará alguém em desalinho, evitando-lhe a queda no abismo da agressividade.
Joanna de Angelis – Momentos de Coragem – Cap. Esforço Pessoal
130 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
7.1 Orar e implementar o Evangelho no Lar
Mas, o que não deve acontecer é que essa postura de agressividade, essa postura
ferinte, pessimista, negativa, se torne uma constante na relação familiar. Quando isso se
tornar uma constante, não podemos ter dúvida de que estaremos mal assistidos. Criaturas
espirituais de má índole, ou ignorantes ou inconscientes, estarão procurando fazer ninho na
nossa consciência.
Sentir-nos-emos lesados, traídos, amargurados, desprezados em casa, nos sentiremos a
sós, nós veremos pessoas solitárias. E tudo isso, agasalhado por nós, nessa baixa auto-estima,
vai fazendo com que entidades desencarnadas de má índole, infelizes em si mesmas, se
apropriem desse caldo de cultura que nós lhes oferecemos, para fazer toda sorte de
estripulias, para provocar toda sorte de males, de infestações negativas no seio da nossa
família.
Será de bom alvitre instalar em nossa casa, pelo menos uma vez por semana, o hábito
de orar. O Evangelho no lar, como chamamos, ou Jesus no lar, como quisermos.
Raul Teixeira – Federação Espírita do Paraná – Programa Vida e Valores – No 116
– 2007/Outubro – Perturbações Espirituais no Lar
Faz-se urgente o retorno de Jesus à Família.
Somente a Sua presença no lar pode oferecer segurança e equilíbrio para todos
quantos se encontram à mercê dos instrumentos de comunicação, preocupados com o
consumidor e desinteressados totalmente da criatura.
A análise da palavra de Jesus em reunião familiar, ao invés de se manifestar como uma
questão religiosa, repetitiva e automática, deve ser rica de encantamento, de fraternidade,
em debate franco, filosófico e de renovação social de maneira que expresse um cometimento
para desenvolver o pensamento, a capacidade de entender a vida e a permuta de idéias.
Joanna de Angelis – Revista Reformador – 1999 – Março – Jesus e Família
As escolas instrutivas do planeta poderão renovar sempre os seus métodos pedagógicos,
com esses ou aqueles processos novos, de conformidade com a psicologia infantil, mas a escola
educativa do lar só possui uma fonte de renovação que é o Evangelho, e um só modelo do
mestre, que é a personalidade excelsa do Cristo.
Emmanuel – O Consolador – Perg. 112 – Renovação dos Processos Educacionais
131 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Oração é equilíbrio; paciência, segurança.
A oração lhe doará forças e a paciência, ânimo para reiniciar a jornada com otimismo
A oração sustenta na perseverança do ideal e a paciência faculta oportunidade para a
reflexão.
A oração é ponte para liga-lo ao Pai e a paciência é a estrada por onde você deambulará
até lograr essa meta superior.
Em qualquer circunstância: na vitória ou no fracasso, na paz ou no combate, entre
amigos ou sitiado por adversários, jubiloso ou em lágrimas, recolha-se à oração e à paciência.
A oração lhe abrirá a comporta mental para a inspiração, a paciência lhe dará os meios
para guardar no imo a resposta divina.
Marco Prisco – Momentos de Decisão – Cap. 13 – Oração e Paciência
Por muitas sejam as dores que te aflijam a alma, asserena-te na oração e pacifica os
quadros da própria luta.
O tempo sazona o fruto verde, altera a feição do charco, amolece o rochedo e cobre o
ramo fanado de novas flores.
Onde estiveres, pacifica.
Seja qual for a ofensa, pacifica.
E perceberás, por fim, que a paz do mundo é dom de Deus, começando de ti.
Emmanuel – Palavras de Vida Eterna – Cap. 70 – Pacifica Sempre
Orar sempre e constantemente para sair da aflição, evitar a tentação, dominar a ira
e entender o sofrimento – ignorado mestre – que segue com o Espírito estrada a fora sublimando
a Imortalidade.
Amélia Rodrigues – Crestomatia da Imortalidade – Cap. 41 – Orar sempre e
Constantemente
Orar é mais do que abrir a boca e pedir. É comungar com Deus, banhando-se de paz e renovação íntima...
Joanna de Angelis – Espírito e Vida – Cap. 35 – Orar sem Cessar
132 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Debalde se improvisarão sociólogos para substituir a educação no lar por sucedâneos
abstrusos que envenenam a alma. Só um espírito que haja compreendido a paternidade de
Deus, acima de tudo, consegue escapar à lei pela qual os filhos sempre imitarão os pais, ainda
quando estes sejam perversos.
Ouçamos a palavra do Cristo (“Vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai.” —
Jesus/JOÃO, capítulo 8, versículo 38.) e, se tendes filhos na Terra, guardai a declaração do
Mestre, como advertência.
Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Cap. 12 – Educação no Lar
O Espiritismo na vida infantil significa formidável processo de vacinação preventiva,
ao mesmo tempo curadora, por tudo quanto ensina, por tudo quanto aclara, por tudo de útil e
bom que semeia nessa alma milenária revestida de nova roupa biológica, e sob nossa
responsabilidade.
Camilo – Desafios da Educação – 1º Parte – Perg. 11 – Papel do Espiritismo na
Educação da criança
133 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
7.2 Cultivar a Paciência e a Benevolência
Tolerância e fraternidade sempre.
Em toda e qualquer circunstância essas duas armas cristãs, da "não violência",
podem operar milagres.
Talvez aqueles a quem as ofertas, recusem-nas momentaneamente, todavia, ser-te-ão
benéficas utilizá-las, já que elas restaurarão tua paz, se a perdeste, ou manterão tua
tranquilidade, se a conservas.
Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap.50 – Tolerância e Fraternidade
A precipitação desnorteia; a paciência harmoniza.
Precipitado, o homem tomba nas próprias armadilhas. Paciente, soluciona todos os
enigmas.
A precipitação retrata distúrbio emocional, enquanto que a paciência reflete harmonia
interior.
Joanna de Angelis – Alegria de Viver – Cap. 2 – Precipitação e Paciência
A verdadeira paciência é uma atitude dinâmica perante os acontecimentos, não
imobilizando o indivíduo, antes, mantendo-o íntegro no dever, vigilante na ação, dedicado no
compromisso.
Joanna de Angelis – Momentos de Coragem – Cap. 4 – Paciência Dinâmica
Você enfrentará inumeráveis desafios, durante a vilegiatura carnal, que poderá vencer,
amparando-se na reflexão e na calma.
Os instantes de graves decisões exigem maior quota de equilíbrio, a fim de se agir com
acerto. Momentos, no entanto, surgem, que parecem ameaçar as melhores construções de toda
uma vida, por impulsionarem o homem a ações rudes, como a decisões intempestivas,
prejudiciais.
São os momentos maus.
Nessas ocasiões toda a complexa organização nervosa deixa-se destrambelhar ao
impacto das conjunturas, desencadeando reações imprevisíveis, na maioria das vezes, infelizes.
Vença o momento mau, com a Paciência que o dilui.
Marco Prisco – Luz Viva – Cap. 27 – O Mau Momento
134 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Paciência é uma força mágica que desata os nós que a vida, as vezes, consegue dar em
nossa vida.
Jácome Góes – Jornal da Cidade – Sergipe/Aracaju – A Paciência
A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a
afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se.
Lázaro – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 9 – Bem-Aventurados os Mansos e
Pacíficos – A afabilidade e a doçura
Enseja-te um coração afável.
Experimenta aplicar esses valores desconsiderados que são a palavra gentil, o gesto
simpático, o sorriso delicado, a paciência generosa, e fortunas de verdadeira alegria espalharão
moedas de bem-estar através de ti, envolvendo-te, também num halo de felicidade interior.
Francisco de Assis, embora enfermo e asceta, caminhando por sendas de cruas
dificuldades, conseguia cantar as belezas da "irmã natureza", dos "irmãos animais", dos "irmãos
pássaros"...
Helen Keller, conquanto limitada pela surdez, pela cegueira e pela mudez, pode exaltar
a beleza das paisagens, a claridade das manhãs, a fragrância das flores, fazendo da existência
um hino de louvor à vida...
Gandhi, apesar de dispor de vastos recursos para o triunfo mundano, abraçou a causa
da "não violência" e deu-se integralmente aos aflitos e necessitados em constantes recitativos
de amor à vida e abnegação pela vida.
Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 34 – Um coração Afável
135 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
7.3 Exercitar o Silêncio e a Serenidade
Multiplicam-se os problemas, traçando os testes do destino em que nos verificará o
aproveitamento dos valores que o mundo nos oferece.
Entretanto, a facilitação de cada problema solicita três atitudes essencialmente distintas,
tendendo ao mesmo fim.
Silêncio diante do caos.
Oração à frente do desafio.
Serviço perante o mal.
Se a discórdia ameaça, façamos silêncio.
Se a tentação aparece, entenebrecendo a estrada, recorramos à oração.
Se a ofensa nos injuria, refugiemo-nos no serviço.
Toda perturbação pode ser limitada pelo silêncio até que se lhe extinga o núcleo de
sombra.
Toda impropriedade mental desaparece se lhe antepomos a luz da oração.
Todo desequilíbrio engenhado pelas forças das trevas é suscetível de se regenerar pela
energia benéfica do serviço.
O trânsito da vida possui também sinalização peculiar.
Silêncio — previne contra o perigo.
Oração — prepara a passagem livre.
Serviço — garante a marcha correta.
Em qualquer obstáculo, valer-se desse trio de paz, discernimento e realização, é
assegurar a própria felicidade.
S. O. S. é hoje o sinal de todas as nações para configurar as súplicas de socorro e, na
esfera de todas as criaturas, existe outro S. O. S., irmanando silêncio, oração e serviço, como
sendo a síntese de todas as repostas.
André Luiz – Senda para Deus – Cap. 3 – S. O. S.
136 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
É muito útil poder falar-se no momento adequado, e especialmente silenciar-se quando
as circunstâncias assim o exigirem.
Há desse modo, silêncios diferentes: aquele que é harmônico e reconfortante, pois que
favorece a reflexão e mantém a paz, assim como aqueloutro que é a quietação da palavra,
enquanto os sentimentos em fúria ou em aceitação imposta rebolcam-se no íntimo, enfermando
quem assim se comporta.
Nesse último, amplia-se a rebeldia, surgem os propósitos nefandos de vingança e de
agressividade, ressumando angústias e protelando o desconforto emocional.
Crimes hediondos são urdidos nessa situação, como forma selvagem de desforço, pois
que as paisagens do coração tornam-se refúgio dos monstros da fúria e do prazer de
desagravamento.
O silêncio moral, que é resultado do equilíbrio e reflete as intenções superiores do
indivíduo, consegue diluir as ofensas quando lhe são atiradas, ampliar os campos do Bem
quando se tratam da ensementação de recursos enobrecedores, acalmar as ansiedades, retificar
atitudes e elaborar programas de desenvolvimento espiritual.
Joanna de Angelis – Liberta-te do Mal – Cap. 27 – Silencio Moral
O silêncio faz grande falta na civilização contemporânea.
Fala-se em demasia, e, por conseguinte, fala-se do que se não deve, se não sabe, não
convém, apenas pelo hábito de falar.
Na falta de um assunto edificante, ou com indiferença para com ele, utilizam-se de temas
negativos, prejudiciais ou sórdidos, envilecendo a própria alma, enxovalhando o próximo e
consumindo-se energias valiosas.
Faze silêncio diante de observações pejorativas, de assuntos prejudiciais, matando,
ao surgir, a informação malsã.
Quando te tragam opiniões infelizes, reclamações, queixas que põem mal diante de ti o
ausente, seja ele quem for, não te deixes contaminar pelo morbo da palavra insensata.
Usa o silêncio necessário.
Não a mudez caprichosa, vingadora. Mas a discreta atitude de quietação e respeito.
O silêncio faz bem àquele que o conserva.
Jesus calou muito mais do que falou. Os Seus silêncios sábios são o atestado mais
expressivo do Seu amor pela humanidade.
Joanna de Angelis – Momentos de Coragem – Cap. – Silêncio Necessário
137 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A serenidade é pedra angular das edificações morais e espirituais da criatura
humana, sem a qual muito difíceis se tornam as realizações.
Resulta de uma conduta correta e uma consciência equânime, que proporcionam a visão
real dos acontecimentos, bem como facultam a identificação dos objetivos da vida, que
merecem os valiosos investimentos da existência corporal.
A serenidade é o estado de anuência entre o dever e o direito, que se harmonizam a
benefício do indivíduo.
Quando se adquire a consciência asserenada, enfrenta-se toda e qualquer situação com
equilíbrio, nunca se permitindo desestruturar.
Âncora de segurança, finca-se no solo e sustenta a barca da existência, dando-lhe tempo
para preparar-se e seguir adiante.
Age sempre conforme a consciência lúcida, a fim de não caíres em conflito, perdendo a
serenidade.
Serenidade é vida.
Joanna de Angelis – Momentos de Saúde – Cap. 16 – Em Serenidade
138 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
7.4 Ponderar e Meditar
Use calma. Não delibere apressadamente. As circunstâncias, filhas dos Desígnios
Superiores, modificam-nos a experiência, de minuto a minuto.
André Luiz – Agenda Cristã – Cap. 10 – Nos Momentos Graves
As leis, a ordem, a disciplina são processos educativos que devem ser respeitados.
Não creia que “só acontece o que deve acontecer”.
A sua conduta altera para melhor ou para pior o seu esquema evolutivo, conforme a
direção que você se conceda.
Marco Prisco – Momentos de Decisão – Cap. 18 – Culpa e Resgate
Num minuto apenas, o que era luz se transforma em noite, o incêndio devora, o ladrão
rouba as jóias faiscantes, a casa desaba, o jardim de alegria fenece, um terremoto rompe a terra,
sepultando tudo...
Num minuto apenas, você pode receber a visita do Cristo e modificar o roteiro da
existência, eternizando, no precioso escrínio das suas posses, essa joia invulgar que não volta
jamais com o mesmo valor: o minuto!
Marco Prisco – Legado Kardequiano – Cap. 51 – Um Minuto Apenas
A prudência é atitude de sabedoria. Prudência no falar; prudência no agir; prudência
quando pensar.
A ação precipitada, sem a necessária prudência, invariavelmente engendra desacertos e
aflições sem nome, conduzindo o aturdido ao despenhadeiro do insucesso, em cuja rampa o
remorso chega tardio.
Antes de agir o homem é depositário de todos os valores que pode investir.
Após a ação colhe os resultados do ato.
Agir, portanto, através da ponderação a fim de que a atitude não se converta em
algoz, que escravize o próprio instrumento.
Pensar prudentemente.
Pensar-refletindo predispõe a ouvir, acostumando a ver, criando o hábito de ponderar
para, então, chegar às legítimas conclusões em torno dos veros problemas da vida.
Joanna de Angelis – Convites da Vida – Cap. 43 – Convite à Prudência
139 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Cultiva equilíbrio e serenidade.
Foge a qualquer forma de violência.
Aceita a realidade de que possuis unicamente aquilo que constróis por amor.
Entrega-te a Deus, na oração, cada dia.
Desse modo, terás contigo a paz por dentro e assim pacificarás.
Emmanuel – Buscas e Acharás – Cap. 37 – Paz por dentro
Uma das diferenças entre quem medita e aquele que o não faz, é a atitude mental
mediante a qual cada um enfrenta os problemas.
O primeiro age com paciência ante a dificuldade e o segundo reage com
desesperação.
Joanna de Angelis – O Homem Integral – Cap. 35 – Meditação e Ação
Habitua-te à meditação, após as fadigas.
Poucos minutos ao dia, reserva-os à meditação, à paz que renova para outros
embates.
Terminado o teu refazimento, ora e agradece a Deus a benção da vida, permanecendo
disposto para a conquista dos degraus de ascensão que deves galgar com otimismo e vigor.
Joanna de Angelis – Alegria de Viver – Cap. 16 – Necessidade da Meditação
Vem a um lugar à parte, no País de ti mesmo, a fim de repousar um pouco. Esquece
as fronteiras sociais, os controles domésticos, as incompreensões dos parentes, os assuntos
difíceis, os problemas inquietantes, as idéias inferiores.
Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Cap. 168 – Na Meditação
Evita, em qualquer lugar,
O gesto escuro ou violento.
Mais vale simples cautela
Que nobre arrependimento.
Casimiro Cunha – Gotas de Luz – Cap. 30 – Recados
140 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Para que uma conduta pacifista se estabeleça e predomine no homem, faz-se
necessária uma vontade forte que promova a revolução interior, em violência contra si
mesmo, através da revisão e reestruturação dos conceitos sobre a vida, assumindo uma posição
de princípios definidos, sem titubeios nem ambigüidades escapistas.
Tomada essa conduta, a marcha se faz amena, porque o homem passa a considerar todos
os sucessos do ponto de vista espiritual, isto é, da transitoriedade da existência corporal e da
perenidade do Espírito.
Desse modo, muda a paisagem dos fenômenos humanos que, efeitos de causas
profundas, devem ser examinados e corrigidos nas suas gêneses, antes que mediante a irrupção
de novos incidentes, em razão das reações tomadas contra os mesmos.
Agir com lucidez ao invés de reagir pela força, é a conduta certa, porque procedente
da razão, antes que decorrente do instinto-paixão dissolvente.
Não há outra alternativa para o ser inteligente, senão o uso da razão em todo momento
e em qualquer ocorrência nas quais seja colhido.
A sua reação não pode ultrapassar o limite do equilíbrio, sustando o golpe que lhe foi
desferido ou o amortecendo no algodão da misericórdia em favor de quem lho aplicou...
Mediante esse processo, ruem as barreiras da intolerância, e do ódio; acabam-se as
distâncias impeditivas à fraternidade; apagam-se as mágoas; diluem-se os rancores, porque
ninguém logra vencer aquele que a si próprio já se venceu.
Os ultrajes não o afetam; as agressões não o intimidam; a morte não o atemoriza, porque
ele é livre, portador de uma liberdade que algema nenhuma escraviza ou aprisiona,
nem cárcere algum limita...
É, portanto, imbatível, terminando por fazer-se amado, mártir dos ideais e das aspirações
de todos. Pronto!
Victor Hugo – Árdua Ascenção – 1º Parte – Cap. 14 – Rendição ao Amor
141 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
7.5 Agir com equilíbrio e exercer um Trabalho Fraterno
Agir, evitando reagir; pensar antes de atuar; reflexionar como passo inicial para
qualquer empreendimento; promover a paz, ao invés de investir na violência constituem os
passos decisivos para o comportamento saudável.
Joanna de Angelis – Amor, Imbatível Amor – introdução – A excelência do amor
Mudanças, aflições, anseios, lutas, desilusões e conflitos sempre existiram no caminho
da evolução. Por isso mesmo, o mais importante não é aquilo que aconteça e sim o seu modo
de reação.
André Luiz – Na Era do Espírito – Cap. 22 – O mais Importante
Aja com elegância mesmo quando diante de circunstâncias perturbadoras.
Não reaja movido pelas paixões inferiores. Todos somos chamados, inevitavelmente, a
testemunhos que aferem os valores individuais, na pauta da evolução de cada um.
Marco Prisco – Momentos de Decisão – Cap. 15 – Decisão e Atitude
A reação perturba, a ação edifica.
Quando reages sem pensar, serás obrigado, mais tarde, a agir para concertar.
Joanna de Angelis – Alegria de Viver – Cap. 2 – Precipitação e Paciência
Transitam e passam os momentos da vida, que dão origem aos estados de paz e de
aflição em que o homem se renova na esperança ou se abate da dor.
(...) Indispensável saber utilizar as lições do Evangelho em cada momento da
existência física, a fim de poder fruir as benções da vida eterna.
Seja este o seu momento de decisão feliz.
Marco Prisco – Momentos de Decisão – Introdução
A ascensão ou a queda será decorrência do teu livre arbítrio, desde que, em todo
momento, o Senhor te faculta recursos excelentes com que podes discernir, optar e agir...
Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 38 – Diante do Destino
142 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Viver em paz de espírito, não obstante a agitação, os enfrentamentos, a diversidade
dos acontecimentos agressivos, é a meta. Não permitir que os transtornos de fora perturbem o
equilíbrio interno.
Joanna de Angelis – Diretrizes para o Êxito: Cap. 5 – Pacifismo
A Paz é um estado dinâmico de constante equilíbrio.
Marco Prisco – Renove-se: Cap. 29 – Decálogo para a Paz
A Paz resulta do equilíbrio e não da inércia.
Joanna de Angelis – Falando à Terra: Cap. 4 – Paz e Luta
Importa FAZER a verdade da Paz. Então a paz passará da cabeça ao coração, do
coração às mãos e das mãos à Vida.
A Oração da Paz, portanto deve se transformar de palavra e canção, para ação e
irradiação.
A Paz não pode ser uma simples PRO-POSTA, mas deve ser uma RES-POSTA
permanente sua à Vida.
Leonardo Boff – A Oração de Francisco de Assis – Cap.4 – Que é a Paz
O Espírito renasce no lugar e nas circunstâncias que lhe são mais necessárias para
a evolução. Quando se reencarna em lugares que fomentam o crime e desenvolvem os
sentimentos servis, se encontra sob o guante de provação necessária por haver desrespeitado os
conceitos superiores de que foi objeto e não soube ou não quis utilizar-se com o proveito
indispensável para a felicidade.
As Leis da Vida sempre oferecem recursos para o progresso. Ao serem
desconsideradas, eis que o ser retorna em carência, de forma que valorize em outra oportunidade
o que desperdiçou, aprendendo pela dor a valorização do amor.
O renascimento, portanto, em meio hostil, cercado pelos fatores criminógenos, não gera
dificuldade para a ascensão. Antes, se o Espírito preferir dar-se conta dos obstáculos que
enfrenta e trabalhar-se moralmente, muito mais valiosas serão as suas aquisições e mais
engrandecedora a sua elevação espiritual, como tem ocorrido com inúmeros indivíduos que
procedem de meios desqualificados e, não obstante, atingiram o ápice da glória e da paz após
vencerem-se a si mesmos.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 3.1 – Perg. 80
143 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A ira é fagulha que ateia o fogo da violência. A cólera é combustível que a mantém,
e o ódio é labareda que a amplia.
Pensa em Jesus, e, em qualquer circunstância, interroga-te como Ele agiria, se estivesse
no teu lugar. Tentando-o, lograrás imitá-lO, fazendo como Ele, sem nenhuma violência.
Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência
Nunca se fizeram tão necessários quanto hoje os esforços pelo bem geral das
comunidades e jamais houve tão grande urgência para as lideranças enobrecidas.
Substituir os hábitos perniciosos por comportamentos corretos; gerar atitudes e
compromissos salutares no relacionamento com as demais criaturas; promover o trabalho
realizador e educar o povo; produzir leis justas e fomentar o respeito pela sua vigência são as
tarefas do homem integrado na vera filosofia do Cristianismo, desvestido de arbitrariedades e
sofismas, acomodações utilitaristas e dogmas absurdos, numa tentativa de restauração do
otimismo, que cede lugar à angústia e à neurose, ao mesmo tempo antecipando o amanhã
pacífico e ditoso da Humanidade.
Victor Hugo – Roteiro de Libertação – Cap. 27 – Deveres Imediatos
Mediante o “trabalho-remunerado” o homem modifica o meio, transforma o habitat,
cria condições de conforto. Através do “trabalho-abnegação”, do qual não decorre troca nem
permuta remuneração ele se modifica a si mesmo, crescendo no sentido moral e espiritual.
(...) Agora, quando as luzes do Consolador se acendem na Terra da atualidade,
encontrando o homem em pleno labor regulamentado por leis de justiça e previdência, eis que
soam no seu espírito as clarinadas do trabalho mantenedor do progresso geral de todos,
utilizando-se dos valores da fé para a construção do Mundo Melhor em que o amor dirima as
dúvidas, em torno da vida imortal, e a caridade substitua em toda a plenitude a filantropia,
Joanna de Angelis – Estudos Espíritas – Cap. 11 – Trabalho
O trabalho-ação transforma o ambiente.
O trabalho-serviço, transforma o homem.
Emmanuel – Pensamento e Vida – Cap. 7 – Trabalho
144 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Diante da agressividade que te vigia, impiedosa, exerce o equilíbrio, guardando
serenidade.
Quando hoje, a Terra em aturdimento estertora sob os guantes da agressividade e da
violência, que se transformam em lobos ferozes, apavorando os homens, Jesus prossegue o
modelo.
Não te deixes engalfinhar na luta da arbitrária justiça pelas próprias mãos.
Toda violência oculta um ser enfermo, que extrapola da sua dor para a agressão infeliz.
Não te deixes atemorizar pela onda dê desespero, armando-te de violência para revidar
golpe por golpe.
O cristão se arma de paz e de amor para atender à luta que vem sendo desencadeada,
concitando à misericórdia e ao perdão, em qualquer conjuntura anárquica e perturbadora da
atualidade.
Sê tu quem ama, quem confia e quem realiza a resistência pacífica, a fim de mudar a
paisagem da Terra e plantar no coração humano o Triunfador Invencível da Cruz.
A violência é sempre sem Jesus. Jesus nunca em clima de violência
Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 26 – Violência e Jesus
145 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
7.6 Combater o Materialismo e o Egoísmo
O conhecimento elevado sempre liberta o Espírito das suas paixões perturbadoras.
Sendo o Espiritismo a Doutrina que penetra a lâmina da investigação no organismo da criatura
para identificá-la corretamente, constatando-lhe a indestrutibilidade, porque Espírito
imortal, possui os valiosos conhecimentos para modificar as atuais estruturas da sociedade
terrestre, facultando-lhe uma alteração completa da forma de conduzir-se e de programar o seu
futuro.
O Espiritismo tem como meta prioritária a transformação moral do ser humano para
melhor, por consequência, da sociedade como um todo.
Quando os seus postulados forem conhecidos e vividos, haverá uma radical mudança
de comportamento em todas as áreas do pensamento e o amor vicejará nos corações, banindo
da Terra os monstros do egoísmo, da guerra, da desolação, da infelicidade...
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 20
Através do Espiritismo, que conclama o homem à responsabilidade, é factível
estabelecer-se a justiça social, evitando-se as lutas de classe com mão armada, a alienação do
trabalhador, dando-lhe dignidade, facultando-lhe estímulos para progredir através de maior e
melhor produção, sem que se tome necessário induzi-lo à derrubada dos dominadores de um
momento, de forma que surjam futuros títeres conforme tem ocorrido.
O marxismo seria uma proposta sócio-econômica feliz, não se assentasse no
materialismo dialético, cuja eficiência ficou falida, na recente experiência dos países
socialistas do bloco soviético como de outros Estados.
Através dos mecanismos da reencarnação os fenômenos sociais e econômicos se
harmonizarão, porque o homem compreenderá, por fim, que mediante a forma como semear,
assim colherá e somente através de uma conduta compatível com o amor, em regime de
consciência de si mesmo, é que logrará transformar-se, alterando para melhor a sociedade na
qual se encontra.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 26
146 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A crença em Deus, a crença na imortalidade da alma, a crença na
comunicabilidade dos Espíritos, a crença na reencarnação, a crença na pluralidade dos
mundos habitados e as propostas ético-morais de O evangelho segundo o espiritismo, que
proporciona uma releitura das lições insuperáveis de Jesus, conforme as conhecemos em as
narrativas dos evangelistas, são as novas diretrizes para a construção do ser humano feliz e
da sociedade contemporânea, reflexionando e vivendo a vigorosa ética espírita, que resume
as mais grandiosas formulações da ancestral diante das novas necessidades que tomam conta
da sociedade.
Revigorada, a ética lentamente ressurge e passará a comandar os destinos humanos na
direção da paz e da alegria de viver mediante o correto culto dos deveres.
Vianna de Carvalho – Revista Reformador – 2019 – Abril – Decadência da Ética
147 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
7.7 Fortalecer a Educação e a União Familiar
Pouca gente se dará conta de que esses menores abandonados não são apenas os que nascem nos guetos, nas favelas, mas todos aqueles que deixaram de receber de alguma maneira, o suporte, a atenção, o respaldo sejam da família, seja dos governos, seja da sociedade em geral.
É dessa maneira que vamos encontrando menores abandonados que nunca poderíamos supor que o fossem. Porque eles estão dentro dos lares, com seu pai, com sua mãe, com seus irmãos, mas costumeiramente são órfãos. Órfãos sociais, órfãos, diríamos, de pais vivos.
E quando é que essa situação passará a ocorrer? Quando é que teremos esses órfãos de pais vivos?
Todas as vezes que eles recebam desses pais coisas, mas não tenham propriamente os pais. Seja pelo motivo que for. Se essas crianças, se esses moços estiverem fadados a crescer nas mãos de servidores domésticos ou nas mãos da via pública, sob o impacto das violências cotidianas das ruas da cidade, serão menores abandonados.
Abandonados pelos pais, que nunca têm tempo para conversar com eles, para dialogar com eles, de explicar-lhes os perigos encontrados pelas avenidas do mundo nas pessoas que não merecem confiança. Serão menores abandonados pelas autoridades que pouco se preocupam com o menor em si.
(...) Nós temos tantos menores abandonados nas ruas, como os temos nos lares, onde os pais
lhes dão brinquedos, brindes, viagens, dinheiro, carros, motos, mas não lhes dão o coração. (...) Aqueles meninos, meninas que vivem dentro de casa com seu pai, com sua mãe, apenas
como um dado. É que esses pais são sempre ausentes, seja pelo trabalho, seja pela vida social intensa que levam, seja porque motivo for.
Esses moços, essas crianças, esses jovens ou adolescentes, o que é que deverão pensar, o que é que lhes passa pela cabeça?
Parecerá que eles são verdadeiros estorvos na vida dos seus pais. Porque os pais nunca têm tempo para eles. Sempre coisas muito rápidas para atender a necessidades econômico-financeiras, para dar-lhes dinheiro, para ouvir a respeito de alguma das suas necessidades.
Aqueles que têm casa, que têm pão, que têm comida, que têm roupa, que têm quase tudo, mas lhes falta o amor dos pais, cabe-nos pensar no estilo de apoio que estamos dando às nossas crianças, nossos filhos, nossos menores.
E, honestamente, verificarmos se, apesar de todas as coisas que lhes damos, se não estamos convertendo nossos filhos em outros tantos menores abandonados. Raul Teixeira – Programa Vida e Valores, de número 105 – Federação Espírita do Paraná –
Menores Abandonados
148 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A leviandade de mestres e educadores imaturos, não habilitados moralmente para os
relevantes misteres de preparação das mentes e caracteres em formação, contribui, igualmente,
com larga quota de responsabilidade no capítulo da delinquência juvenil, da agressividade e da
violência vigentes, ameaçadoras, câncer perigoso a dizimar com crueldade o organismo social
do Planeta.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap.7 – Delinquência, Perversidade e Violência
Urge passemos a considerar, já com enorme atraso, a premência dos valores do lar,
da escola, do trabalho bem postos nas bases de beleza estética e de lisura ética, mas é labor
urgente, nesses tempos aturdentes da Terra, que Deus seja apresentado às mentes que o buscam
com as cores da lucidez, da maturidade filosófica, a fim de que as ideias e concepções ao seu
derredor não se transformem em desequilibradores psicológicos dessas almas, por si próprias
descompensadas, para que Deus lhes soe no íntimo como porta de libertação e estesia, jamais
como pressão enfermiça e inibidora da paz íntima.
Urge apresentemos aos indivíduos, desde sua infância, uma religião que seja apta a
aproximar de Deus as almas, enaltecendo o seu inabordável amor, ao invés de os fazer temê-
Lo, o que se traduzirá em maior desequilíbrio nos seus passos, pois que, possivelmente, acercar-
se-ão dos templos, das casas de fé, mantendo-se, porém, sempre longe da vivência da
religiosidade que vige adormecida em seu íntimo, esperando, tantas vezes, e
desnecessariamente, o travo das grandes dores capazes de romper com essas cristalizações e
abrir veredas para que voejem novos céus em clima de entendimento, de alegria e de real
harmonia.
Camilo – Nos Passos da Vida – Cap. 11 – Ante o desassossego Social
Viceje o vício, que ceifa a juventude e entenebrece a vida; predomine a corrupção, que
envilece a criatura; permaneçam os promotores da degradação dos costumes; assente-se o
triunfo nos pântanos da vergonha moral; prospere a injustiça, mascarada de direito; reinem a
violência e a agressividade, atestando a situação de primitivismo e semi-barbárie da civilização,
faz-se imprescindível educar o ser humano e conscientizá-lo das superiores finalidades da
sua vilegiatura no curto período do trânsito somático.
Victor Hugo – Roteiro de Libertação – Cap. 27 – Deveres imediatos
149 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
É tão importante observar a beleza e a importância da relação familiar, relativamente ao
mundo atual. Deus nos ama de tal maneira que nos permite a vivência em família pequena, a
fim de que nos preparemos para dar conta do amor universal.
Foi Jesus que ensinou que quem não é fiel nas pequenas coisas, nunca o será nas grandes
coisas. Como se poderá ser respeitoso, cooperador e fiel a bilhões de almas, que formam o clã
planetário, se não se consegue acertar com três, cinco ou dez pessoas no lar?
Entretanto, isso faz parte dos movimentos da vida.
Há pessoas que são espinhosas ou frias em casa, com a família, e ótimas na relação
fora de casa, que, realmente, estão encenando por causa de interesses, do desejo de tirar
vantagem de algum tipo, o que se torna uma postura execrável.
Raul Teixeira – Desafios da Vida Familiar – 3º Parte – Questão 39 – Bem como todo
mundo, menos com a Família
Torna-se urgente a vigência da paz nos corações. Para que se instale em cada indivíduo, o trabalho deve começar na gestação, por meio
do amor que se expandirá dos pais, da segurança afetiva que seja oferecida desde cedo, mas também das lições de vida ministradas desde as primeiras horas que se vão insculpir no cérebro em formação.
Falar à criança a respeito de Jesus e de Sua Doutrina, ensinar-lhe o respeito a si mesma como ao seu próximo, a necessidade inevitável do cumprimento dos deveres, mediante o exemplo observado no lar, constitui saudável e valioso recurso para imunizá-la à agressividade que venha a encontrar, possuindo valores para enfrentar os dissabores e desaires que lhe estejam pela frente, compreendendo que a existência na Terra tem a finalidade de aprendizagem, de educação e de refazimento, desse modo criando condições para um crescimento espiritual feliz.
Quando os homens e as mulheres do mundo compreenderem que o futuro começa neste momento e que a prole que agora nasce é a sociedade de amanhã, logo entenderão que a construção desse porvir está se iniciando, a eles competindo o trabalho glorioso de desenhar a nova Humanidade que em breve habitará a Terra, expulsando, por definitivo, a violência e o seu séquito de famigerados companheiros.
Até esse momento que se aproxima, seja a não violência (ahimsa *) o nosso escudo, o nosso ideal, a nossa proposta, conforme herdamos de Jesus, de Gandhi e de todos os pacificadores de ontem como de hoje...
Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – 13 – Violência Humana
(*) Ahimsa ou ainsa (do sânscrito ahimsâ, "não injúria") é um princípio ético-religioso adotado principalmente pelo jainismo e presente no hinduísmo e no budismo, e que consiste em não cometer violência contra outros seres. No Ocidente, o princípio do ainsa popularizou-se graças a Mahatma Gandhi.
150 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
7.8 Identificar e lidar com os “sintomas” da Violência
Partindo da certeza de que toda atitude é suscetível de ser imitada, compreendamos
que o contágio da violência, em muitos casos, pode ser evitado, se não lhe oferecermos
determinados pontos de ligação.
Os pontos a que nos referimos são de caracteres diversos, tais quais sejam:
− Gritos inúteis.
− Brincadeiras de mau gosto.
− Reclamações agressivas.
− Ideias de ódio.
− Intolerância em casa.
− Descortesias na rua.
− Gestos de vingança.
− Comentários infelizes.
− Respostas deprimentes.
− Perguntas sem necessidade.
− Críticas.
− Palavrões.
− Ironias.
− Azedume.
− Cólera
− Impaciência.
Observemos que a energia elétrica, quase sempre, se aplica através de tomadas e
convençamo-nos de que a força mental funciona, também, assim
Emmanuel – Paz – Cap. 15 – Tomadas de Força
Como não te é lícito conivir com o erro, ensina pela retidão os mecanismos da
felicidade, evitando a ira, a cólera, o ódio.
A ira é fagulha que ateia o fogo da violência. A cólera é combustível que a mantém, e o
ódio é labareda que a amplia.
Pensa em Jesus, e, em qualquer circunstância, interroga-te como Ele agiria, se estivesse
no teu lugar. Tentando-o, lograrás imitá-lO, fazendo como Ele, sem nenhuma violência.
Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência
151 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Todos somos compulsoriamente envolvidos na onda mental que emitimos de nós, em
regime de circuito natural.
Quando coléricos e irritadiços, agressivos e ásperos para com os outros, criamos por
atividade reflexa o desalento e a intemperança, a crueldade e a secura para nós mesmos, e,
quando generosos e compreensivos, prestimosos e úteis para com aqueles que nos cercam,
criamos, consequentemente, a alegria e a tranquilidade, a segurança e o bom ânimo para nós
próprios.
Responde-nos a vida em todas as coisas e em todas as criaturas, segundo a natureza
de nosso chamamento.
Emmanuel – Pensamento e vida – Cap. 10 – Entendimento
Pela brecha da irritação, caímos sem perceber nos mais baixos padrões vibratórios,
arremessando, infelizes e incontroláveis, os raios da destruição e da morte que, partindo de
nós para os outros, volvem dos outros para nós, em forma de angústia e miséria, perseguição
e sofrimento.
Toda violência é explosão de energia, cujos resultados ninguém pode prever.
Emmanuel – Semeador em tempos novos – Cap. 13 – Um minuto de cólera
Ficamos, às vezes, horas arquitetando e elaborando, detalhe por detalhe, todas as
palavras que iremos dirigir ao nosso algoz, que já se tornou nossa vítima, antes mesmo do
entrevero.
A agressão por pensamento talvez seja a maneira mais comum em que
expressamos a nossa cólera. Embora essa forma ainda não tenha se concretizado numa
realidade física, direta de agressão, já provocou seus efeitos maléficos pelas vibrações emitidas
ao nosso contraditor.
Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes – Aula 24 – Agressividade
152 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Quando cedemos às emoções e nelas nos envolvemos, ficamos impregnados daqueles
sentimentos de animosidade que levam ao campo mental os correspondentes impulsos,
geradores de pensamentos agressivos.
São diálogos íntimos que têm lugar no nosso consciente, quando nos deparamos
brigando dentro de nós mesmos com alguém, nos armando assim das disposições de transmitir
a outrem o veneno que armazenamos mentalmente.
Emitimos ondas vibratórias densas na direção de quem nos provocou.
Violência não está unicamente nos processos da vida física.
Acha-se igualmente oculta nos recessos de nossa vida íntima.
Sabemos que quase todas as ocorrências começam nas fontes do pensamento.
Reflete nisso e auxilia a ti mesmo, auxiliando aos outros.
Compadeçamo-nos uns dos outros. Solicitou-nos o Cristo: “Não julgueis.”
Neste apelo do Divino Mestre, saibamos incluir a violência mental.
Meimei – Senda para Deus – Cap. 17 – Violência mental
Quando alguém usar de violência ou de generosidade em relação a você, descarte
qualquer merecimento nessa ocorrência.
Você é somente pretexto para que o próximo se desvele.
Quando alguém o agrida ou o ame, a si próprio se violenta ou se estima. Você é apenas
o móvel daquela manifestação que está latente nele.
Não fosse você e aquela exteriorização seria dirigida a outrem.
Por isso, não se agaste com ninguém ou coisa nenhuma.
Quando você se irrita ou se pacifica com uma pessoa, ela foi só o motivo da sua
realidade íntima, que então se irradia do seu mundo interior.
Marco Prisco – Luz Viva – Cap. 17 – Viva em Paz
Uma ofensa silenciada, uma agressão desculpada, um golpe desviado, evitam conflitos
que ardem em chamas de ódio.
Confia na força da não violência e a paz enflorescerá o teu e o coração de quantos se
acerquem de ti.
Joanna de Angelis – Vida Feliz – Cap. 31 – Vida Feliz XXXI
153 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
As guerras nascem no íntimo do ser humano, com certeza. E como é que nascem as
guerras da nossa intimidade?
Basta verificar como são as nossas relações humanas, seja na família, seja no trabalho
ou na sociedade como um todo. Carregamos na nossa intimidade determinados surtos que, de
repente, explodem.
Carregamos conflitos na nossa parte interna, na nossa alma que, de repente, irrompem
e, ao irromperem esses conflitos, quem estiver por perto recebe o ricochete.
Quase sempre são as pessoas da nossa relação mais íntima, nossos familiares.
Brigamos com a família, explodimos com a família, dizemos impropérios. Ainda que,
depois disso nos arrependamos, já espalhamos esse mórbido sentimento, essas energias
desarvoradas ao nosso redor.
Como vivemos num universo de ondas, de energias, as ondas que partem do nosso
pensamento, de acordo com a sua frequência, vão alimentar os bancos de ondas, que existem
pelo Universo afora.
Em toda parte, existem ondas de ódio, de amor, de fraternidade, ondas de bem, ondas
de mal, que se espalham como verdadeiras ondas de Hertz através do nosso Universo Quando
criamos, com a frequência dos nossos pensamentos, determinados tipos de ondas, elas vão
alimentar as que já existem por afinidade, por sintonia vibratória e, conseguintemente, por
afinidade, por sintonia vibratória, esses bancos energéticos do espaço, esses bancos de ondas
do espaço, nos retroalimentam.
É por essa razão que, quanto mais sentimos raiva, mais raiva sentimos. É por esse
motivo que, quanto mais amamos, mais amor sentimos.
Na mesma proporção que alimentamos a fonte do ódio ou a fonte do amor, elas nos
realimentam.
É por isso que quem ama cada vez quer amar um pouco mais. É por isso que quem
odeia, cada vez odeia mais, porque é alimentada por essa onda, por esse banco de ondas, se
quisermos nos expressar assim.
Então cada qual de nós vai colaborando de maneira individual, de modo pequeno para
esse macrossistema de energias violentas, de energias negativas, de energias beligerantes que
vamos encontrando promotoras das guerras.
As brigas domésticas, as traições, as indisposições com os nossos entes queridos, com
os amigos, com as pessoas, a guerra do trânsito, a guerra do lar, da sociedade, do emprego, isso
tudo vai alimentando essas ondas que, por sua vez sustentam , nutrem as guerras.
154 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
É por essa razão que, quando explode uma guerra, a sociedade inteira padece com ela,
ao nível do seu comprometimento.
Há aqueles que são forçados a ir para o front, para o campo de guerra, para as frentes de
batalha.
Há outros que sofrem o problema da fome, da carência, do que passa a faltar no período
da conflagração.
Desse modo, vamos nos dando conta de que, a seu turno, todas as criaturas que
colaboraram para a guerra, de uma maneira ou de outra, com seus pensamentos, com suas ações,
vão recebendo o ricochete, vão recebendo a resposta, vão resgatando, ao nível do que devem,
aquilo para o que colaboraram.
Nada de guerras. Toda e qualquer guerra tem origem no cerne, no âmago da criatura
humana.
Raul Teixeira – Federação Espírita do Paraná –Programa Vida e Valores, de número 174 –
Nutrientes das guerras
Toda vez que alguém combate com exagerada veemência determinados traços do
caráter de alguém, projeta-se nele, transferido do eu, que o ego não deseja reconhecer como
deficiente, a qualidade negativa que lhe é peculiar.
Torna a sua vítima o espelho no qual se reflete inconscientemente.
Há uma necessidade de combater nos outros o que é desagradável em si.
Joanna de Angelis – O Ser Consciente – Cap. 26 – Mecanismos de fuga do ego
Quando você está de mal consigo mesmo, permite que essas penosas ocorrências o
façam antipático. Muitas inimizades podem ser evitadas se você aplicar outros métodos. Embora contrafeito interiormente não esparza mau-humor. Aquele que você agora desconsidera, quiçá defrontará amanhã em posição diferente,
quando alguma necessidade estiver a visitar-lhe a vida... Não use as técnicas que produzem animosidade. Embora sofrido e triste, faça amigos, plantando almas para o seu jardim de bênçãos e
alegrias futuras. Marco Prisco – Momentos de Decisão – Cap. 23 – Técnicas Infelizes
155 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Um olhar agressivo.
Um gesto intempestivo.
A palavra contundente.
O verbete irônico.
A censura pertinaz.
A conversa leviana.
A indiferença proposital.
O descaso programado.
A expressão de subestima.
A atitude auto-suficiente.
O reproche sistemático.
A desatenção ostensiva.
Descontraia os músculos da face e permita-se uma agradável expressão.
Carranca não expressa siso, mas tormento.
Condimente sua verdade com palavras de cortesia.
Mesmo a gema preciosa, quando atirada à face de alguém, sem revestimento protetor,
faz-se detestada.
Corrija a agressividade do semblante.
O dardo de um olhar violento fere tanto quanto uma palavra envenenada.
Module a voz de modo a torná-la agradável.
A primeira impressão num dialogo, muitas vezes decide os resultados do tentame.
Sorria, após cultivado o otimismo, como terapêutica de felicidade.
A Vida é benção divina. Necessário louvá-la.
Fomente a simpatia em torno de você.
Todo pensamento que alguém inspira passa a gravitar em torno de quem o motiva.
Não se trata de construir aparência.
Nem tão-pouco exercício para a técnica da simulação.
Quem treina a cordialidade, surpreende-se com a alegria.
Ajude-se a fim de que a vida o ajude a triunfar.
Marco Prisco – Momentos de Decisão – Cap. 25 – Auto-auxílio
156 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
7.9 Implementar exercícios de Autocontrole
Pequenos exercícios de autocontrole terminam por criar hábitos de não-violência.
Disciplinas mentais e silêncios fortalecidos pela confiança em Deus geram a harmonia
que impede a instalação desse desequilíbrio.
Atividades de amor, visando o bem e o progresso da criatura humana e da sociedade,
constituem patamar de resistência às investidas dessa agressividade.
Reflexões em torno dos deveres morais produzem a conscientização do bem, gerando o
clima que preserva os sentimentos da fraternidade.
Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência
Um olhar agressivo; um gesto intempestivo; a palavra contundente.; o verbete irônico.;
a indiferença proposital; o descaso programado.
Quando você está de mal consigo mesmo, permite que essas penosas ocorrências o
façam antipático.
Muitas inimizades podem ser evitadas se você aplicar outros métodos.
Embora contrafeito interiormente não esparza mau-humor.
Não use as técnicas que produzem animosidade.
Embora sofrido e triste, faça amigos, plantando almas para o seu jardim de bênçãos e
alegrias futuras.
Marco Prisco – Momentos de Decisão – Cap. 23 – Técnicas Infelizes
Quanto mais violência no mundo, em torno de nós, mais alta a nossa necessidade de
tolerância para que se lhe reduzam os impactos destrutivos.
Emmanuel – Atenção – Cap. 10 – Tolera construindo
Paz: — A paz começará de nós próprios, a fim de irradiar-se na direção de quantos
nos cerquem ou convivam conosco, somando-se à paz que os outros exteriorizem, de modo a
que a vida, onde estivermos, possa atingir os domínios da Harmonia que, de futuro, nos regerá
os destinos.
Emmanuel – Fé, Paz e Amor – Prefácio
157 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Temos que apelar para esse processo de autoeducação. Precisamos aprender a voltar às
origens da boa relação.
Saber o que falar perto de quem, respeitar senhoras, crianças, respeitar outras pessoas
porque todas as vezes que nós dizemos o que queremos, diz o ditado popular, ouvimos as coisas
que não queremos e não gostamos.
Quando dizemos uma palavra de má qualidade, uma palavra de baixo calão, uma palavra
indevida, instigamos a reação das pessoas, das que aceitam o que dissemos e daquelas que se
rebelam contra o que dissemos.
É da microviolência, digamos assim, a violência do indivíduo, a violência de cada um
que nasce a macroviolência.
É da nossa violência individual que advém a grande violência social, não tenhamos
nenhuma dúvida.
Quando vemos, numa guerra, soldados se engalfinhando, a guerra não começou com os
soldados, começou com cada um dos indivíduos que somaram energias envenenadas.
E essa energia envenenada, essas forças negativas vão impondo à sociedade o desbordar,
o desaguar das nossas negatividades reunidas.
Muito mais do que podemos imaginar somos os agentes da violência no nosso cotidiano.
Muito mais do que podemos supor damos ensejo à violência urbana, comentando-a,
divulgando-a, devorando essas notícias nos jornais, nas revistas que vendem a rodo o sangue
pisado das vítimas sociais.
Quando começamos a fazer essas reflexões, quando partimos para esses entendimentos,
agora parece que conseguimos encontrar a saída, a renovação pessoal, o esforço por nos
apaziguar, o esforço por nos tranquilizar e fazer com que a cada dia, ao nosso redor, haja
harmonia, haja paz.
Raul Teixeira – Federação Espírita do Paraná – Programa Vida e Valores, de número 152 –
violência cotidiana
A paz do mundo costuma ser preguiça rançosa.
A paz do espírito é serviço renovador.
A primeira é inutilidade. A segunda é proveito constante.
A paz do mundo, quase sempre, é aquela que culmina com o descanso dos cadáveres a
se dissociarem na inércia, mas a paz do Cristo é o serviço do bem eterno, em permanente
ascensão.
Emmanuel – Palavras de Vida Eterna – Capítulo 57 – Jesus e Paz
158 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Nunca é demais afirmar que a paz começa em nós e por nós.
Os pacificadores, porém, são aqueles que aceitam em si o fogo das dissensões, de modo
a extingui-lo com os recursos da própria alma, doando tranquilidade a todos aqueles que lhes
compartilham a marcha.
Nunca nos esqueçamos de que o Príncipe da Paz, na Terra, nasceu em clima de
dissensões, viveu através de hostilidades permanentes, serviu entre adversários gratuitos e selou
o próprio trabalho sob a vitória aparente dos perseguidores; mas, supostamente vencido, o
Cristo de Deus, de século a século, cada vez mais intensamente, é o fiador da concórdia entre
as nações, erguendo-se por doador de paz genuína ao mundo inteiro.
Emmanuel – Caminhos de Volta – Capítulo 36 – Diante da Paz
E não digas que a serenidade expresse fraqueza, ante os cultores da violência, qual se
não tivesses brio para a reação necessária, porque é preciso muito mais combatividade interior
para dominar-se alguém ao colher ofensas e esquecê-las do que para assacá-las ou devolvê-las,
a detrimento do próximo.
Capacitemo-nos de que entre agredir e suportar, o equilíbrio e a força de espírito residem
com a paciência sempre capaz de agüentar e compreender, servir e recomeçar, incessantemente,
o trabalho do bem nas bases do amor para que a vida permaneça, sem qualquer solução de
continuidade, em luminosa e constante ascensão.
Emmanuel – Coragem – Cap. 44 – Na hora da Paciência
Educar a visão, a audição, o gosto e os ímpetos representa base primordial do pacifismo
edificante.
Geralmente, ouvimos, vemos e sentimos, conforme nossas inclinações e não segundo a
realidade essencial.
Registramos certas informações, longe da boa intenção em que foram inicialmente
vazadas, e, sim, de acordo com as nossas perturbações internas.
Anotamos situações e paisagens com a luz ou com a treva que nos absorvem a
inteligência.
Sentimos com a reflexão ou com o caos que instalamos no próprio entendimento.
Eis por que, quanto nos seja possível, façamos serenidade em torno de nossos passos,
ante os conflitos da esfera em que nós achamos.
Sem calma, é impossível observar e trabalhar para o bem.
Sem paz, dentro de nós, jamais alcançaremos os círculos da paz verdadeira.
Emmanuel – Pão Nosso– Capítulo 65 – Tenhamos Paz
159 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Na atualidade terrestre o vocábulo manso tem um sentido quase pejorativo. Usá-lo para
referir-se a alguém soa como um xingamento. É como dizer: “É um pobre-diabo! Corre água
em suas veias!”
Isso porque estamos distanciados da angelitude, e a violência é o clima próprio da
personalidade humana, ainda próxima da animalidade.
Todavia, se diante da rudeza humana a condição de mansuetude parece vexatória, e
quase um mal, diante de Deus representa um passo decisivo no caminho do aprimoramento
moral.
O indivíduo manso é tão somente alguém que conseguiu superar os impulsos agressivos
que caracterizam o estágio evolutivo em que nos encontramos, tornando-se senhor de si mesmo.
Esta é a mais legítima e a mais difícil de todas as conquistas.
Ora, quem é verdadeiramente manso? Mesmo aqueles que têm um comportamento
considerado exemplar um dia “perdem as estribeiras”, como diz a sabedoria popular.
Sem a Reencarnação a Terra ficaria deserta, já que, com raríssimas exceções, todos
temos muita violência a esgotar de nossos corações.
Através das vidas sucessivas, com a aplicação da Lei de causa e efeito, que nos obriga
a receber de volta toda violência praticada, aprendemos a conter impulsos primitivos, ajustando-
nos às Leis Divinas.
Ontem nos comprazíamos em utilizar a força física para humilhar e fazer prevalecer
nossa vontade. Hoje ostentamos um corpo mirrado, linfático, que inibe a agressividade em
potencial que conservamos.
Ontem feríamos verbalmente, difamando, mentindo, conspurcando nomes respeitáveis.
Hoje, distúrbios nas cordas vocais ou limitações nos centros de coordenação da voz nos obrigam
a estancar o próprio veneno, reajustando a palavra.
Ontem cultivávamos rancor e mágoa, ressentimento e ódio, espalhando vibrações
deletérias e desajustantes.
Hoje, trazemos a mente torturada por mil problemas que nos fazem pensar no valor do
perdão e da fraternidade, do respeito e da compreensão.
Assim, a Sabedoria Divina desfaz os derradeiros laços de animalidade a que nos
apegamos, preparando-nos para o voo rumo à angelitude.
Richard Simonetti – Para Viver a Grande Mensagem – Cap. 2 – Mansidão
160 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Os impulsos de agressão brotam no nosso campo emocional como reflexo do ódio, do
rancor, dos desejos de vingança, da cólera.
A agressividade pode ser um estado permanente no indivíduo, para com tudo e para com
todos, como um sintoma da cólera, situação que retrata o endurecimento do sentimento de
criaturas nos estados íntimos mais penosos e difíceis.
Aquele que quer ter controle sobre suas emoções, deve dirigir suas atenções para as
manifestações do campo emocional.
É esse o seu terreno de trabalho, é nele que conscientemente vai exercendo seu domínio,
refreando, inicialmente, seus impulsos, para controlar-se e, em seguida, trabalhando
mentalmente, de modo a dosar, com o conhecimento, novas disposições, novos sentimentos,
como alguém que substitui uma emoção forte de violência por uma vibração suave de carinho.
Imantados nos envolvimentos magnéticos de ódio, podemos reproduzir ou de volver
agressões, concretizadas nas palavras pronunciadas com intensa carga vibratória, em altos sons,
de efeito desequilibradores. À força magnética da palavra, somam-se os componentes
emocionais e mentais. São verdadeiras bombas explosivas que lançamos àqueles que agredimos
com a nossa voz.
Os impropérios pronunciados, os desaforos, as ofensas que dirigimos são as diversas
maneiras de agredirmos por palavras. E quando não represamos de início a torrente de palavras
que jorra continuamente numa discussão, é mais difícil nos dominar depois.
Procure identificar o ódio e a agressividade em você mesmo, lembrando, como exemplo,
as manifestações de desconfiança, fuga e inveja. Para isso damos abaixo algumas pistas:
Desconfiança: A amizade desentendida induz à dúvida e à suspeita. Sentimentos traídos
levam à revolta, ao ódio. Origens: amor próprio ferido, intolerância. Remédio: perdão,
tolerância, paciência.
Fuga: Quando se fere alguém injustamente vem o remorso, o ódio a si mesmo. A falta
de coragem em enfrentar a própria insensatez leva o indivíduo a fugir das situações que possam
aproximá-lo da pessoa por ele ofendida. Zangado, consome a si mesmo. Origens: insegurança,
medo. Remédio: coragem, reconciliação
Inveja Não aceitação da condição relativamente superior de alguém, ou de uma situação
de vida de outrem melhor que a sua, leva à inconformação, ao ódio, procurando ferir e destruir
o objeto da inveja. Origens: insegurança, ambição Remédio: tolerância, conformação
Maria Alice – Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes – Aula 24 – Agressividade
161 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A paz que nunca se afasta,
Domínio jamais desfeito,
É aquela que se constrói,
Por dentro do próprio peito.
Cornélio Pires – Conversa firme – Cap.1 – Assuntos de Paz
Entendamos, meus amigos,
O combate à violência,
Tem começo em nossa casa,
Nos gestos de paciência.
Cornélio Pires – Caminhos da Vida – Cap. 21 – Paciência
162 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
8. A Violência na Sociedade e em Você – Exemplos
8.1 Em torno da Paz – Humberto de Campos
O relógio tilintou, marcando oito horas, quando Anacleto Silva acordou na manhã clara.
Lá fora, o sol prometia calor mais intenso e a criançada disputava bagatelas como vaga
chilreante de passarinhos.
Anacleto estirou-se no leito, relaxando os nervos, e, porque iniciaria o trabalho às nove,
antes de erguer-se tomou o Evangelho e leu nos apontamentos do Apóstolo João, capítulo
catorze, versículo vinte e sete, as sublimes palavras do Celeste Amigo: “A paz vos deixo, a
minha paz vos dou. Não vo-la dou à maneira do mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se
atemorize”.
— “Alegro-me na certeza de que a paz do Senhor envolve o mundo inteiro. Onde estiver,
receberei o amor do Cristo, que assegura a tranquilidade, em torno do meu caminho.
“Sei que a presença de Jesus abrange toda a Terra e que a sua influência nos governa os
destinos. Desfrutarei, assim, a paz entre as criaturas.
“O Eterno Benfeitor está canalizando todas as mentes para a vitória da paz. Por isso,
ainda mesmo que os homens me ofendam, neles procurarei enxergar meus irmãos que o Divino
Poder está transformando para a harmonia geral.
“Regozijo-me na convicção de que o Príncipe da Paz orienta as nações e que, desse
modo, me garantirá o bem estar.
“Recolherei do Céu a bênção da calma e permanecerei nos alicerces do entendimento e
da retidão, junto da Humanidade.
“Louvo o Senhor pela paz que me envia hoje, esperando que Ele me sustente em sua
paz, agora e em todos os dias de minha vida.”
Após monologar, fervoroso, levantou-se feliz, mas, findo o banho rápido, verificou que
a fina calça com que lhe cabia comparecer no escritório sofrera longo corte de faca.
Subitamente transtornado, chamou pela esposa, em voz berrante.
Dona Horacina veio, aflita, guardando nos braços uma pequerrucha doente. Viu a peça
maltratada e alegou, triste:
— Que pena! Os meninos estão à solta, e eu ocupada com a pneumonia da Sônia.
Longe de refletir na grave enfermidade da filhinha de meses, Anacleto vociferou:
163 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
— Que pena? é tudo o que você encontra para dizer? Ignora, porventura, que esta roupa
me custou os olhos da cara?
A senhora, sem revidar, dirigiu-se a velho armário e trouxe-lhe um costume semelhante
ao que fora dilacerado.
Pouco depois, ao café, notando a ausência do leite, Anacleto reclamou, irritadiço.
— Sim, sim — explicou a dona da casa —, não pude enfrentar a fila…
Era preciso resguardar a pequena…
Silva engoliu alguns palavrões que lhe assomavam à boca e, quando abriu a porta, na
expectativa do lotação, eis que o sogro, velhinho, lhe aparece, de chapéu à destra encarquilhada,
rogando, humildemente:
— Anacleto, perdoe-me a intromissão; contudo, é tão grande a nossa dificuldade hoje
em casa que venho pedir-lhe quinhentos cruzeiros por empréstimo…
— Ora, ora… — respondeu o genro, evidenciando cólera injusta — onde tem o senhor
a cabeça? Se eu tivesse quinhentos cruzeiros no bolso, não sairia agora para encarar a onça da
vida.
Nisso um carro buzinou à reduzida distância, passando, porém, de largo, sem atender-
lhe ao sinal.
Anacleto, em desespero, bradou, contundente:
— Malditos! como seguirei para a repartição? Malditos! malditos!…
Outro carro, no entanto, surgiu rápido, e Silva acomodou-se, enfim.
Mas, enquanto o veículo deslizava no asfalto, confrontou a própria conduta com as
afirmações que fizera ao despertar, e só então reconheceu que ele, tão seguro em exaltar a
harmonia do mundo, não suportara sem guerra uma calça rasgada; tão convicto em prometer a
si mesmo o equilíbrio no Senhor, não se conformara ante a refeição incompleta; tão pronto em
proclamar o seu prévio perdão às ofensas humanas, não soubera acolher com gentileza a
solicitação de um parente infeliz, e tão solene em asseverar-se nos alicerces do entendimento,
não hesitara em descer da linguagem nobre para a que condiz com a gíria que amaldiçoa…
E, envergonhado por haver caído tão apressadamente da serenidade à perturbação,
começou a perceber que, entre ele e a Humanidade, surgia o lar, reclamando-lhe assistência e
carinho, e que jamais receberia a paz do Cristo por fora, sem se dispor a recolhê-la por
dentro.
Humberto de Campos – Cartas e Crônicas – Cap. 19 – Em torno da Paz
164 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
8.2 Violência – Augusto Cezar Netto
Pede-nos você algumas observações sobre violência.
Aqui vai uma. É um pedaço do cotidiano na vida terrestre.
Ele, o esposo, chamava-se Pedro Manoel.
Ela, a companheira, Maria da Conceição.
Ele, o filhinho de quatro janeiros, Lúcio Ismael.
Chegou a noite em que Pedro, com fome de riqueza fácil, gritou, furioso, para a mulher:
— Pois, hoje mesmo, vou-me embora. De hoje em diante, tudo aqui vai mudar. Estou
cansado de migalhas. Vou e voltarei rico. Tenho o meu revólver para agir. Você terá as joias
que nunca viu e nosso filho ganhará o conforto que merece…
Não sei quando, mas voltarei ao nosso barraco….
Notando que o esposo se preparava para sair, a companheira falou, humilde:
— O que é isto, Pedro? Você vai para onde?
Ele trovejou:
— Vou para o mundo, vou roubar
E nada o deteve. O homem se retirou, batendo uma placa de madeira, à guisa de porta.
Maria da Conceição, no escuro da noite, enlaçou-se ao pequenino e começou a rezar…
Quase quatro meses passados sobre a partida brusca de Pedro e vamos reencontrá-lo nas
primeiras horas da madrugada, espionando os fundos de uma casa grande, cercada por extenso
e belo jardim. Escondendo-se na folhagem com a esperteza de um gato e pisando muito de leve,
conseguiu abrir a porta que oferecia acesso ao quintal estreito e, de revólver na mão, ensaiou
os primeiros passos nas sombras que o luar prateava.
Penetrando no ambiente que pressupunha enriquecido de valores imensos, eis que a
senhora encarregada de zelar pela casa, percebeu-lhe a presença e, agarrando-se ao filhinho,
passou a pedir por socorro, em voz alta.
O assaltante, irritado, varou a porta semi-cerrada do aposento e desfechou dois tiros
sobre a mulher que lhe frustrara os planos, fugindo em seguida.
Somente pelos jornais da manhã seguinte, Pedro Manoel veio a saber que exterminara
a vida da esposa e do filhinho, para os quais, diariamente, se lhe voltava o coração.
165 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Correu à procura de parentes, tentando obter notícias, cientificando-se, por fim, de que
Maria da Conceição, pressionada por grandes necessidades, resolvera empregar-se nas funções
de doméstica, na casa digna em que trabalhara quando solteira.
Desesperado o infeliz desequilibrou-se e, com a arma da véspera, entregou-se ao
suicídio.
Aqui está, meu amigo, o que lhe posso contar. Violência é isso aí.
Augusto Cezar Netto – Presença de Luz – Cap. 18 – Violência
166 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
9. Referências
Esta relação bibliográfica não está, intencionalmente, seguindo os padrões usuais – está
numa forma mais sintética, fazendo uma correlação direta entre o texto do trabalho e os
livros/mensagens.
# Autor – Livro ou Revista - Cap. ou Item - Título
1 Adilton Pugliese – O Consolador – Ano 3 – No 148 – Pedro, Malco e a Espada
2 Albert Schweitzer – Revista Reformador – 1976 – Julho – Cristianismo Hoje
3 Albino Teixeira – Astronautas do Além – Cap. 21 – Auto–Retrato
4 Alceu de Amoroso Lima – Jornal do Brasil – 04/02/1983 – Terceiro artigo de série sobre São Francisco
5 Alírio de Cerqueira Filho – A Sublime Oração de Francisco de Assis – Introdução
6 Allan Kardec – Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 21 – Itens 1 a 3 – Conhece-se a árvore pelos frutos
7 Allan Kardec – Livro dos Espíritos – 3º Parte – Cap. 3 – Perg. 674
8 Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 9 – Bem Aventurados os Mansos e Pacíficos – Item 4
9 Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – 4º Parte – Cap. 1 – Item 1 – Perg. 930
10 Allan Kardec – Obras Póstumas – 1º Parte – Cap. 7 – Item 58
11 Allan Kardec – Obras póstumas – 1º Parte – Cap. O egoísmo e o orgulho
12 Amélia Rodrigues – Até o fim dos Tempos – Cap. 22 – A Espada e a Cruz
13 Amélia Rodrigues – Crestomatia da Imortalidade – Cap. 41 – Orar sempre e Constantemente
14 Amélia Rodrigues – Dias Venturosos – Cap. 4 – Causas dos Sofrimentos
15 Amélia Rodrigues – Há flores no Caminho – Cap. 8 – A superior Justiça
16 Amélia Rodrigues – Pelos caminhos de Jesus – Cap. 15 – Encontro de Reparação/Revista Reformador – 1985 – Novembro – Encontro de Reparação
17 Amelia Rodrigues – Revista Reformador – 1976 – Agosto – O Calvário e a Obsessão
18 Amélia Rodrigues – Revista Reformador – 1987 – Outubro – A Carta Magna
167 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
# Autor – Livro ou Revista - Cap. ou Item - Título
19 Amélia Rodrigues – Terapêutica de Emergência – Cap. 4 – Evangelização – desafio de urgência
20 Ana Beatriz Barbosa Silva – Bullying – mentes perigosas nas Escolas – Cap. 1
21 Anália Franco – Ante o Vigor do Espiritismo – Cap. 2 – O amanhã em nossas mãos
22 André Luiz – Ação e Reação – Cap.3 – A Intervenção na Memória
23 André Luiz – Agenda Cristã – Cap. 10 – Nos Momentos Graves
24 André Luiz – Na Era do Espírito – Cap. 22 – O mais Importante
25 André Luiz – No Mundo Maior – Cap. 16 – Alienados Mentais
26 André Luiz – Senda para Deus – Cap. 3 – S. O. S.
27 Augusto Cezar Netto – Presença de Luz – Cap. 18 – Violência
28 Benedita Fernandes – Antologia Espiritual – Cap. 8 – Educação Espírita
29 Benedita Fernandes – Terapêutica de Emergência – Cap. 12 – A Violência
30 Bezerra de Meneses – Nas Fronteiras da Loucura: Cap. 9 – O Problema das Drogas
31 Bezerra de Meneses – Recordações da Mediunidade: Cap. 10 – O Complexo Obsessão
32 Camilo – A Carta Magna da Paz – Cap. 6/7 – Um instrumento nas mãos de Deus
33 Camilo – A Carta Magna da Paz – Introdução
34 Camilo – Desafios da Educação – 1º Parte – Perg. 11 – Papel do Espiritismo na Educação da criança
35 Camilo – Desafios da Educação – 5º Parte – Perg. 56
36 Camilo – Justiça e Amor – Cap. 24 – Jesus e a espada de Pedro
37 Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – As várias faces da Violência
38 Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – Item 09 – A Violência do Desemprego
39 Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – Item 10 – A Violência da Fome
40 Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – Item 11 – A Violência da falta de Moradia
41 Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – Item 12 – A Violência da falta de assistência à Saúde
42 Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – Item 13 – A Violência do Analfabetismo
168 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
# Autor – Livro ou Revista - Cap. ou Item - Título
43 Camilo – Justiça e Amor – Cap. 5 – A Agressão e a Lei do retorno
44 Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 22 – Jesus e a mulher adúltera
45 Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 23 – Jesus e o Soldado agressor
46 Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 25 – Jesus ante o temor da violência
47 Camilo – Nos Passos da Vida Terrestre – Cap. 11 – Ante o desassossego Social
48 Carlos Torres Pastorino – Impermanência e Imortalidade – 13 – Violência Humana
49 Casimiro Cunha – Gotas de Luz – Cap. 30 – Recados
50 Cecília Maria Carvalho Soares Oliveira – Universidade Federal de São Paulo – Projeto de Intervenção associado à Árvore de Problemas – Cap. – Árvore de Problemas – aspectos teóricos
51 Cícero Marcos Teixeira – Revista A Reencarnação: No 425 – O Que é a Obsessão – 2003 – FERGS
52 Clara Lila Gonzalez de Araújo – Revista Reformador – 2018 – julho – O uso indevido das novas tecnologias – analise espirita
53 Cornélio Pires – Caminhos da Vida – Cap. 21 – Paciência
54 Cornélio Pires – Conversa firme – Cap.1 – Assuntos de Paz
55 Dias da Cruz – Vozes do Grande Além – Cap. 16 – Autoflagelação
56 Divaldo Franco – Jornal Zero Hora/Porto Alegre – Entrevista – 27/08/2016
57 Divaldo Franco – Mansão do Caminho – Lançamento do Movimento Você e a Paz (19/Dezembro/1998)
58 Divaldo Franco – Revista Presença Espírita – 2018 – Março – Movimento Você e a Paz – 20 anos
59 Divaldo Franco – Revista Reformador – 2000 – Novembro – A Paz vem de Deus
60 Divaldo Franco – Vivências do amor em família – Cap. 6 – Pais e Filhos – comunicação e convivência
61 Editorial – Revista Reformador – 2020 – Setembro – Embainha a tua Espada
62 Efigênio de Salles – Praça da Amizade – Cap. 10 – Perdão e Vida
63 Emmanuel – A Caminho da Luz – Cap. 18 – Os abusos do poder religioso
64 Emmanuel – Atenção – Cap. 10 – Tolera construindo
65 Emmanuel – Buscas e Acharás – Cap. 37 – Paz por dentro
169 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
# Autor – Livro ou Revista - Cap. ou Item - Título
66 Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Cap. 12 – Educação no Lar
67 Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Cap. 168 – Na Meditação
68 Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Cap.152 – Ciência e Amor
69 Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Capítulo 104 – A espada simbólica
70 Emmanuel – Caminhos de Volta – Capítulo 36 – Diante da Paz
71 Emmanuel – Ceifa de Luz – Cap. 19 – No Erguimento da Paz
72 Emmanuel – Ceifa de Luz – Capítulo 19 – No erguimento da Paz
73 Emmanuel – Coragem – Cap. 44 – Na hora da Paciência
74 Emmanuel – Emmanuel – Cap. 4 – A Base Religiosa
75 Emmanuel – Fé, Paz e Amor – Prefácio
76 Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 114 – Embainha a tua Espada
77 Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 136 – Vivamos Calmamente
78 Emmanuel – Há Dois Mil Anos – Cap. 8 – No grande dia do Calvário
79 Emmanuel – Luz no Lar – Cap. 62 – Paz em Casa
80 Emmanuel – O Consolador – Perg. 112 – Renovação dos Processos Educacionais
81 Emmanuel – Palavras de Vida Eterna – Cap. 70 – Pacifica Sempre
82 Emmanuel – Palavras de Vida Eterna – Capítulo 57 – Jesus e Paz
83 Emmanuel – Pão Nosso– Capítulo 65 – Tenhamos Paz
84 Emmanuel – Paz – Cap. 15 – Tomadas de Força
85 Emmanuel – Pensamento e vida – Cap. 10 – Entendimento
86 Emmanuel – Pensamento e Vida – Cap. 7 – Trabalho
87 Emmanuel – Perante Jesus – Cap. 7 – Perante o Divino Mestre
88 Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 28 – Desce Elevando
89 Emmanuel – Semeador em tempos novos – Cap. 13 – Um minuto de cólera
90 Emmanuel – Vinha de Luz – Cap. 136 – Filhos
170 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
# Autor – Livro ou Revista - Cap. ou Item - Título
91 Eunice Weaver – Revista Reformador – Junho/1979 –Terapêutica de Emergência – Cap. 26 – Marcados na Alma
92 Federação Espírita do Paraná – Momento Espírita – A mulher equivocada
93 Fernando Pessoa – Novas Poesias Inéditas – Pag. 42
94 Flannagan – Depoimentos Vivos – Cap. 38 – Ode à Paz
95 Francisco Cândido Xavier – O Evangelho de Chico Xavier – Item 222 – Violência e obsessão
96 Francisco de Assis – Admoestação – Cap. 27– A Virtude que afugenta os Vícios
97 Hermínio de Miranda – Reencarnação e Imortalidade – Cap. 20 – O Grande dia do Calvário
98 Humberto de Campos – Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho – Cap. 28 – Os Negros no Brasil
99 Humberto de Campos – Cartas e crônicas – Cap. 19 – Em torno da Paz
100 Humberto de Campos – Cartas e Crônicas – Cap. 32 – No Reino Domestico
101 Humberto de Campos – Luz no Lar – Cap. 5 – No Reino Doméstico
102 Irme Salete Bonamigo – Violências e contemporaneidade – Rev. Katál. Florianópolis v. 11 n. 2 p. 204–213 jul./dez. 2008
103 Jácome Góes – Jornal da Cidade – Sergipe/Aracaju – A Paciência
104 Joamar Nazareth – Um desafio chamado Família – 2o Parte – Cap. 32 – A Internet, Redes Sociais e a Família
105 Joanna Angélica – Falando à Terra – Cap. 4 – Paz e Luta
106 Joanna de Ângelis – A Serviço do Espiritismo – Cap. 6 – Émulo de Jesus
107 Joanna de Angelis – Alegria de Viver – Cap. 16 – Necessidade da Meditação
108 Joanna de Angelis – Alegria de Viver – Cap. 2 – Precipitação e Paciência
109 Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 26 – Violência e Jesus
110 Joanna de Angelis – Amor, Imbatível Amor – introdução – A excelência do amor
111 Joanna de Angelis – Amor, imbatível amor – Cap. 18 – Insegurança e Arrependimento
112 Joanna de Angelis – Ante a Cruz e a Espada (Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 28 de agosto de 2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia
113 Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap.7 – Delinquência, Perversidade e Violência
114 Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Agressividade (15/03/2010)
171 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
# Autor – Livro ou Revista - Cap. ou Item - Título
115 Joanna de Angelis – Constelação Familiar – Cap. 29 – A Família hodierna
116 Joanna de Angelis – Convites da Vida – Cap. 43 – Convite à Prudência
117 Joanna de Angelis – Diretrizes para o Êxito – Cap. 5 – Pacifismo
118 Joanna de Angelis – Espírito e Vida – Cap. 35 – Orar sem Cessar
119 Joanna de Angelis – Estudos Espíritas – Cap. 11 – Trabalho
120 Joanna de Angelis – Estudos Espíritas – Cap. 24 – Família
121 Joanna de Angelis – Falando à Terra – Cap. 4 – Paz e Luta
122 Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 34 – Um coração Afável
123 Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap.50 – Tolerância e Fraternidade
124 Joanna de Angelis – Francisco de Assis – O Sol de Assis – Cap. 1 – Em Louvor ao Irmão Sol
125 Joanna de Angelis – Ilumina-te – Cap. 14 – Dignidade Moral
126 Joanna de Angelis – Jesus e Vida – Cap. 1 – A Grande Transição
127 Joanna de Angelis – Jornal Mundo Espírita – 2001 – Fevereiro – Sórdidos Porões
128 Joanna de Angelis – Lampadário Espírita – Cap. 45 – Deveres de Agora
129 Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 21 – Presença do Egoísmo
130 Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 26 – Considerando o Medo
131 Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 28 – Agressividade
132 Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 38 – Diante do Destino
133 Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 50 – O Bem sempre
134 Joanna de Angelis – Liberta-te do Mal – Cap. 27 – Silencio Moral
135 Joanna de Angelis – Liberta-te do Mal – Cap. 4 – Tempo Mental
136 Joanna de Angelis – Momentos de Coragem – Cap. – Silêncio Necessário
137 Joanna de Angelis – Momentos de Coragem – Cap. 4 – Paciência Dinâmica
138 Joanna de Angelis – Momentos de Coragem – Cap. Esforço Pessoal
139 Joanna de Angelis – Momentos de Saúde – Cap. 16 – Em Serenidade
172 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
# Autor – Livro ou Revista - Cap. ou Item - Título
140 Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência
141 Joanna de Angelis – Nascente de Bençãos – Cap. 5 – Irmão da Natureza
142 Joanna de Angelis – No Limiar do Infinito – Introdução
143 Joanna de Angelis – O Despertar do Espírito – Cap. – Relacionamentos Familiares
144 Joanna de Angelis – O Homem Integral – Cap. 35 – Meditação e Ação
145 Joanna de Angelis – Revista Reformador – 1999 – Março – Jesus e Família
146 Joanna de Angelis – Sendas Luminosas – Cap. 24 – Violência e Loucura
147 Joanna de Angelis – SOS Família – Prefácio
148 Joanna de Angelis – Terapêutica de Emergência – Introdução
149 Joanna de Angelis – Vida Feliz – Cap. 16
150 Joanna de Angelis – Vida Feliz – Cap. 31 – Vida Feliz XXXI
151 Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Sequelas do Sofrimento – 4/janeiro/1999
152 João Evangelista – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 8 – Bem-Aventurados os que tem puro o Coração (Paris, 1863.)
153 João Paulo II – Libreria Editrice Vaticana – Aos representantes das igrejas e comunidades eclesiais cristã e das religiões mundiais
154 José Martins Filho – A Criança Terceirizada – Cap. 6 – Os descaminhos das Relações Familiares no mundo contemporâneo
155 Kleber Halfeld – Revista Reformador – 1997 – Novembro – Um líder no conceito de Emmanuel
156 Lázaro – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 9 – Bem-Aventurados os Mansos e Pacíficos – A afabilidade e a doçura
157 Leonardo Boff – A Oração de Francisco de Assis – Cap.4 – Que é a Paz
158 Lilian Diniz – Escola de Aprendizes do Evangelho – Aula 44 – O Calvário
159 Linda L. Dahlberg – Division of Violence Prevention, National Center for Injury Prevention and Control, Centers for Disease Control and Prevention, WHO. Atlanta GA – Violence: a global public health problem
160 Manoel Philomeno de Miranda – Luzes do Alvorecer: Cap. 15 – Distúrbios Emocionais Obsessivos
161 Manoel Philomeno de Miranda – No Rumo do Mundo de Regeneração – Introdução
162 Manoel Philomeno de Miranda – Nos Bastidores da Obsessão – Introdução
173 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
# Autor – Livro ou Revista - Cap. ou Item - Título
163 Manoel Philomeno de Miranda – Sementeira da Fraternidade – Cap. 5 – Alienação por Obsessão
164 Manoel Philomeno de Miranda – Sexo e Obsessão – Cap. 4 – O Drama da Obsessão na Infância
165 Manoel Philomeno de Miranda – Transição Planetária – Cap. 3 – A Mensagem Revelação
166 Marco Prisco – Glossário Espírita Cristão – Cap. 18 – Perturbadores
167 Marco Prisco – Legado Kardequiano – Cap. 51 – Um Minuto Apenas
168 Marco Prisco – Luz Viva – Cap. 17 – Viva em Paz
169 Marco Prisco – Luz Viva – Cap. 27 – O Mau Momento
170 Marco Prisco – Momentos de Decisão – Cap. 13 – Oração e Paciência
171 Marco Prisco – Momentos de Decisão – Cap. 18 – Culpa e Resgate
172 Marco Prisco – Momentos de Decisão – Cap. 23 – Técnicas Infelizes
173 Marco Prisco – Momentos de Decisão – Cap. 25 – Auto-auxílio
174 Marco Prisco – Momentos de Decisão – Introdução
175 Marco Prisco – Renove–se: Cap. 29 – Decálogo para a Paz
176 Maria Alice – Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes – Aula 24 – Agressividade
177 Mário Frigéri – Revista Reformador – 2015 – Dezembro – As Bem-Aventuranças do Evangelho
178 Marta Antunes – Revista Reformador – 2006 – Julho – Violência doméstica e urbana
179 Marta Antunes – Revista Reformador – 2011 – Novembro – Bullying
180 Marta Antunes – Revista Reformador – 2017 – Abril – Erradicação da fome e da miséria do mundo
181 Marta Antunes – Revista Reformador – Julho 2006 – Violência doméstica e urbana
182 Meimei – Senda para Deus – Cap. 17 – Violência mental
183 Nestor João Masotti – Revista Reformador – 2000 – Novembro – Na Construção da Paz
184 Núcleo de Estudos da Violência – Universidade de São Paulo – Sociologia da Violência: Teoria e Pesquisa – FLS0608
185 Otávio Mangabeira – Luzes do Alvorecer – Cap. 11 – Injustiça social e fome
186 Paulo VI – Libreria Editrice Vaticana – Discurso na Organização das Nações Unidas
174 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
# Autor – Livro ou Revista - Cap. ou Item - Título
187 Paulo VI – Libreria Editrice Vaticana – I Dia Mundial da Paz 1968
188 Pedro de Alcântara – Tempo e Amor – Cap. 16 – Antes e Agora
189 Raul Teixeira – Entrevista em Catanduva–SP – Jornal Mundo Espírita – 1986 – Agosto
190 Raul Teixeira – Federação Espírita do Paraná – Programa Vida e Valores, de número 105 –– Menores Abandonados
191 Raul Teixeira – Federação Espírita do Paraná – Programa Vida e Valores – No 116 – 2007/Outubro – Perturbações Espirituais no Lar
192 Raul Teixeira – Federação Espírita do Paraná – Programa Vida e Valores, de número 152,– violência cotidiana
193 Raul Teixeira – Federação Espírita do Paraná –Programa Vida e Valores, de número 174 – Nutrientes das guerras
194 Raul Teixeira – Programa Vida e Valores, de número 105 – Federação Espírita do Paraná – Menores Abandonados
195 Raul Teixeira/Camilo – Minha Família, o Mundo e Eu – Cap. 11 – Pais e Mães com dificuldades morais
196 Richard Simonetti – Para Viver a Grande Mensagem – Cap. 2 – Mansidão
197 Richard Simonetti – Revista Reformador – 2002 - Agosto – Jesus no Horto
198 Sérgio Luís da Silva Lopes – Revista A Reencarnação – No 425: A Dinâmica Emocional nas Perturbações Obsessivas – 2003 – FERGS
199 Um Espírito Protetor – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 9 – Bem Aventurados os Mansos e Pacíficos – Item 6
200 Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 2
201 Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 13
202 Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 26
203 Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 20
204 Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.4 – Perg. 35
205 Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 3.1 – Perg. 74
206 Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 3.1 – Perg. 78
207 Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 3.1 – Perg. 79
208 Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 3.1 – Perg. 80
209 Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 4 – Ciências Educacionais
175 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
# Autor – Livro ou Revista - Cap. ou Item - Título
210 Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 6.1 – Perg. 158
211 Vianna de Carvalho – Comandos do Amor – Cap. 1 – Ante o Príncipe da Paz
212 Vianna de Carvalho – Enfoques Espiritas – Cap. 26 – Tecnologia e Evangelho – Revista Reformador – 1978 – Fevereiro
213 Vianna de Carvalho – Enfoques Espíritas – Cap. 27 – Tecnologia e Caridade
214 Vianna de Carvalho – Revista Reformador – 2019 – Abril – Decadência da Ética
215 Vianna de Carvalho – Sementeira da Fraternidade – Cap. 8 – Psiquiatria e Espiritismo
216 Victor Hugo – Árdua Ascenção – 1º Parte – Cap. 14 – Rendição ao Amor
217 Victor Hugo – Luzes do Alvorecer – Cap. 28 – A Grande Noite / Revista Reformador – 1999 – Junho – A Grande Noite
218 Victor Hugo – Luzes do Alvorecer – Cap. 28 – A Grande Noite / Revista Reformador – 1999 – Junho – A Grande Noite
219 Victor Hugo – Párias em Redenção – 1º Parte – Cap. 6 – Acossamento Irreversível
220 Victor Hugo – Párias em Redenção – 3º Parte – Cap. 3 – Lucia e a Favela
221 Victor Hugo – Roteiro de Libertação – Cap. 27 – Deveres imediatos
222 Vitor Hugo – Antologia Espiritual – Cap. 49 – Única Alternativa
223 Waldehir Bezerra de Almeida – Revista Reformador – 2020 – Abril – Publius Lentulus e o julgamento de Jesus
224 Yvonne Pereira – Devassando o Invisível – Cap. 10 – Os grandes segredos do Além
176 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
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