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Natureza da Alma
PLATÃO
Na obra o Fédon, Platão expõe as suas ideias sobre a alma.
A alma não se limita a ser entendida como o princípio da vida, mas é também vista como o princípio de conhecimento.
A alma é uma substancia independente do corpo, é eterna, unindo-se a ele de forma temporária e acidental.
As almas pertencem ao Mundo Inteligível ou Mundo das Ideias (real, imutável, eterno, etc).
As ideias tem uma realidade objetiva, substancial, são o modelo ideal (arquétipos) de todas as coisas que existem no Mundo Sensível, com base nas quais as coisas foram criadas ou tendem a ser realizadas.
Os corpos pertencem ao Mundo Sensível ou Físico (mutável, ilusório, etc.).
As coisas que existem neste Mundo são mais ou menos perfeitas conforme a sua semelhança com os respectivos modelos.
Corpo > matéria
Alma > imaterial
Divino > o homem possui
Enquanto o corpo está em constante mudança de aparência, a alma não muda nunca.
Desde quando nascemos, temos a alma perfeita, porém não sabemos.
As verdades essenciais estão inscritas na alma eternamente, porém, ao nascermos, nós as esquecemos, pois a alma é aprisionada no corpo.
Mas as almas aspiram a libertar-se dos corpos e retornaram ao mundo das ideias.
Só que para que isso aconteça é necessário que se libertem do ciclo reencarnações a que estão aprisionadas.
Quando morre um corpo, a alma transmigra para outro, mas antes faz uma viagem pelo mundo das ideias.
A viagem e a transmigração estão condicionadas pelos atos praticados na vida anterior...
As almas dos indivíduos que tiveram uma vida
virtuosa, são recompensadas de duas formas:
a) na sua nova passagem pelo Mundo das Ideias tem
um maior contacto com as Ideias;
b) o novo corpo em que reencarnam pertence a uma
pessoa com um estatuto social mais elevado que o
anterior;
A união da alma com um corpo não faz desaparecer
as ideias que nela existem.
Pelo contrário, estas vão sendo recordadas à medida
que as experiências e a educação as despertam
através da educação e da experiência sensível.
Platão acreditava que existiam três espécies de virtudes baseadas na alma, que corresponderiam as camadas sociais da pólis:
A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a cabeça do Estado, ou seja, o governante, pois possui caráter de ouro e utiliza a razão.
A segunda espécie de virtude é a coragem, deveria ser o peito do Estado, isto é, os soldados ou guardiães da pólis, pois sua alma de prata é imbuída de vontade.
E, por fim, a terceira virtude, a temperança, que deveria ser o baixo-ventre do Estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se pelo desejo das coisas sensíveis.
Platão distingue três 3 almas ou partes de alma:
Alma Racional (razão- cabeça): é a alma superior, destina-se ao conhecimento das ideias. Localiza-se na cabeça, e tem uma virtude principal, a Sabedoria ou a Prudência. (phrónesis).
Alma Irascível( tórax): esta alma está associada à vontade, dando ao Homem o ânimo necessário para enfrentar os problemas e os conflitos, parte da impetuosidade, dos sentimentos. Localiza-se no peito e tem uma virtude, a Força ou coragem . (andreía).
Alma concupiscente( baixo ventre): é a mais baixa de todas, constituída pelos desejos e necessidades básicas como o apetite, desejo, mesmo carnal (sexual), ligado ao libido. Está localizada no ventre, e tem como virtude, a Moderação ou temperança (sophrosýne).
Alma irascível + alma concupiscente se controla o corpo; A Alma racional controla as outras duas, obtendo-se assim a justiça, a felicidade .
Platão acreditava que a alma depois da morte reencarnava em outro corpo, mas a alma que se ocupava com a filosofia e com o Bem, esta era privilegiada com a morte do corpo. A ela era concedida o privilégio de passar o resto dos seus tempos em companhia dos deuses.
Por meio da relação de sua alma com a Alma do Mundo, o homem tem acesso ao mundo das Idéias e aspira ao conhecimento e às idéias do Bem e da Justiça.
A partir da contemplação do mundo das Idéias, o Demiurgo, tal como Platão descreveu no Timeu, organizou o mundo sensível. Não se trata de uma criação ex nihilo, isto é, do nada, como no caso do Deus judaico-cristão, pois o Demiurgo não criou a matéria (Timeu, 53b) nem é a fonte da racionalidade das Idéias por ele contempladas.
A ação do homem se restringe ao mundo material; no mundo das Idéias o homem não pode transformar nada. Pois o que é perfeito, não pode ser mais perfeito.
Os olhos foram feitos para ver; a alma, para conhecer. Os primeiros estão destinados à luz solar; a segunda, à fulguração da idéia. A dialética é a técnica liberadora dos olhos do espírito.
No Mito, a dialética faz a alma ver sua própria essência (eîdos) - conhecer - vendo as essências (idéia) - o objeto do conhecimento -, descobrindo seu parentesco com elas.
A violência é libertadora porque desliga a alma do corpo, forçando-a a abandonar o sensível pelo inteligível.
O Mito propõe uma analogia entre os olhos do corpo e os olhos do espírito quando passam da obscuridade à luz: assim como os primeiros ficam ofuscados pela luminosidade do Sol, assim também o espírito sofre um ofuscamento no primeiro contato com a luz da idéia do Bem que ilumina o mundo das idéias.
A trajetória do prisioneiro descreve a essência do homem (um ser dotado de corpo e alma) e sua destinação verdadeira (o conhecimento das idéias).
Assim como o Sol permite aos olhos ver, o Bem permite à alma conhecer.
A luz é a meditação entre aquele que conhece e o aquilo que se conhece.
http://www.comunidade.sebrae.com.br/educacao/Artigos/8150.aspx