17
Carnaval: alores, limites, e suas consequênci Pesquisa e Formatação Transição manual dos Slides Música: Pout-Pourri de marchas carnavalescas quarta-feira, 2 de março de 2022 01:15:28 HELIO CRUZ

Carnaval valores - limites - e suas consequências

Embed Size (px)

Citation preview

Carnaval: Valores, limites, e suas consequências

Pesquisa e Formatação

Transição manual dos SlidesMúsica: Pout-Pourri de marchas carnavalescas

1 de maio de 202309:41:04

HELIOCRUZ

PESQUISA: Livro Vereda Familiar, pelo espírito Tereza de Brito; livro Nas Fronteiras da Loucura, pelo espírito Manuel Philomeno de Miranda; e textos do meu arquivo particular.INTROITO:Estamos no período que antecede o Carnaval, festa de grande apelo popular, em nosso país, voltada unicamente para a materialidade, e que muitos se entregam aos excessos, em nome da alegria, tendo como desculpa o fato de aproveitar a vida. Criaturas se excedem no campo das bebidas, do sexo, do prazer a qualquer preço, esticando ao máximo a resistência de seu corpo físico, submetendo-o a uma desgastante maratona de bailes, desfiles em blocos, etc.

“A carne é fraca”, dizem alguns, para justificarem seus erros e fraquezas, atribuindo à fragilidade do corpo físico a ausência de disposição para resistirem às tentações que essa festividade pode proporcionar. É claro que esta é uma justificativa inaceitável, que de modo algum legitima os excessos eventualmente cometidos. E as consequências desses excessos serão cobradas depois pelo corpo, que, por mais forte e resistente que seja, tem o seu limite, que deve ser respeitado, para que possa continuar sendo instrumento para o progresso do indivíduo. Mas, quando se fala desse folguedo, acendem-se os ânimos. Os defensores e os críticos se manifestam.

Então, aí, está um tema bastante polêmico para reflexão. Claro que as opiniões variam. Uns, dizem que é festa perniciosa. Outros, dizem que é alegria. Uma festa para o povo colocar para fora as angústias contidas durante o ano que passou. Infelizmente, os caminhos propostos nada têm a ver com alegria ou alívio de tensões. De início, devo esclarecer que não sou nenhum moralista, nem sou daqueles que tenta manter as janelas fechadas, a todo custo, para não ouvir o ziriguidum, muito menos sou contra a alegria. Apenas estou comentando esse tipo de festa e informando as orientações espirituais que nos são trazidas pelos benfeitores.

Hoje, essa festividade adquiriu o conceito de que é lícito ser irresponsável durante a folia. O tempo e a tolerância da sociedade, em geral, fizeram com que o que era uma manifestação singela de alegria popular se transformasse num festival de exibicionismo exacerbado, onde tudo é permitido em nome de uma falsa felicidade, que tem data certa para terminar. Na literatura encontramos uma frase da Idade Média, de que “Nada aconteceria se as pessoas enlouquecessem uma vez por ano”. Hoje, estamos próximos dessa frase, só que, não por uma dia, mas por muitos. Agora são três dias ou mais de loucuras, sob a denominação de “Triduo Momesco”, em homenagem ao deus da alegria, onde a expressão “Tudo pode” se adequa perfeitamente.

São atitudes desregradas e impensadas que, muito frequentemente, resultam em tristeza e dor, por muito mais tempo que os poucos dias de folia. É a exibição de corpos desnudos, aparentemente felizes por fora, mas, muitas vezes, infelizes por dentro, completando a ilusão da riqueza, do poder e do luxo, em efêmera extravasão de uma fugaz alegria. Será que vale a pena? Infelizmente, os caminhos propostos para esses festejos nada têm a ver com alegria ou alívio de tensões. O carnaval passou a ser um veículo para desaguar caracteres tortuosos da alma. Os foliões vão da mais histérica e ilária alegria ao caos total, despertados pela tresloucada folia.

Desrespeitam o santuário do corpo, abusando das faculdades que lhes foram dadas. Entregam-se aos prazeres materiais, sem a capacidade de perceberem sua essência de Espíritos eternos. E, o mais doloroso disso tudo, em razão dos excessos, é o fato de tantos males físicos e morais ocorrerem, atingindo o ser humano, no que ele tem de mais sagrado; o respeito a si mesmo. Existem aqueles que se isolam em retiros religiosos, outros brincam um carnaval mais moderado, onde a alegria não precisa de atributos desequilibrados. Brincam o carnaval sem intenções malévolas. Vão para se distraírem, para relaxarem, E, ingenuamente, julgam que não há nenhum mal em participarem, pois, não fazem nada de errado

Porém, o carnaval não é somente uma festa de cunho material, como se poderia supor. Esta é uma questão muito importante, e deve ser observada e entendida. A Doutrina Espírita não é impositiva. Ela é uma doutrina esclarecedora, e nos diz o que acontece no carnaval, a partir do momento em que participamos dessa festa. Sabemos que, um compositor, famoso, disse que atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu. Que ledo engano. O carnaval é, também, uma festa profundamente espiritual, só, que, a faixa vibratória em que se situa é a dos Espíritos desditosos, que se locupletam com os desejos daqueles outros que, embora encarnados, ajustam-se aos apelos do além infeliz, servindo-lhes de vasos nutrientes, onde as sombras se impõem e triunfam por momentos.

Nessa época, essa massa de Espíritos cresce sobremaneira. As vibrações em torno da Terra são um tanto densas, favorecendo os desregramentos. Entidades inferiores do mundo espiritual se aproximam e procuram atrair os mais fracos. Então, por tudo isso, atrás do trio elétrico também vai quem já morreu. Os blocos carnavalescos arrastam uma grande quantidade de foliões e, com estes, se misturam Espíritos desencarnados perversos, viciados e dependentes, produzindo no ambiente uma psicosfera ruim. Milhares de Espíritos infelizes invadem às ruas e transformam o espetáculo em um terrível circo dos horrores. Malfeitores das trevas se vinculam aos foliões, pelos fios invisíveis do pensamento, e há um intercâmbio vibratório em todos e em tudo.

Há nesses momentos de indisciplina sentimental lastimáveis desvios de Espíritos fracos, permitindo o largo acesso das forças das trevas influenciá-los negativamente, fomentando desvios de conduta, para juntos cometerem os mais tristes desatinos, evidenciando um verdadeiro processo de obsessão coletiva, afetando o estado espiritual dos incautos. As pessoas se confundem com os obsessores. As duas populações, a física e a espiritual, em perfeita sintonia, misturam-se, sustentando-se em simbiose psíquica. É difícil para qualquer cristão passar incólume pelos ambientes carnavalescos. Por maior que seja a sua fé, os riscos de contrariedade e aborrecimentos são muito grandes.

O carnaval é bem típico da alienação espiritual que a sociedade se permite. E para atravessar essa camada de energia negativa que o envolve, sem ser tocado por ela, só se a pessoa for alguém iluminado. Mas, se essa pessoa for tão iluminada, com certeza, não estará participando do carnaval. Entendemos, também, que o carnaval pode ser uma festividade propícia à manifestações de alegria e de cultura, sem que haja necessidade de se deixar resvalar para o desregramento. Isso, só depende de nós. A Doutrina Espírita, de liberdade e responsabilidade, nos ensina, de modo claro e racional, que o corpo físico é tão somente o veículo através do qual o Espírito manifesta suas aptidões, como instrumento indispensável à ainda tão necessária experiência corporal.

Kardec nos adverte: “O homem, que procura nos excessos de todo gênero o requinte do gozo, coloca-se abaixo do bruto, pois que este sabe deter-se, quando satisfeita a sua necessidade. Abdica da razão que Deus lhe deu por guia e quanto maiores forem seus excessos, tanto maior preponderância da sua natureza animal sobre sua natureza espiritual”. O Espírito, este sim, é a sede das aptidões e tendências e diretor de nossas vontades e escolhas, expressas através das ações, pensamentos e sentimentos que praticamos. A origem das qualidades morais, boas ou más, são do Espírito encarnado que, quanto maior for o progresso realizado, mais propenso fica a evitar esses excessos.

É, portanto, o Espírito quem dá à carne as qualidades correspondentes a seu estado evolutivo e não o contrário. Não pode o homem assim escusar-se por seus erros alegando fraqueza da carne, ideia que não passa de sofisma para escapar de sua responsabilidade. Quando erramos, mantendo-nos na faixa dos vícios e das imperfeições é porque o Espírito é fraco e não a carne. É dele a responsabilidade pelas escolhas feitas. E o que é que o Espiritismo acha do carnaval? Ele não acha nada. A Doutrina Espírita respeita o livre-arbítrio de cada um. Ela apenas esclarece que o pensamento altera o meio, atraindo pensamentos semelhantes, e, a partir daí, ficamos todos ligados pelas leis de afinidade psíquicas, indo de uma simples insinuação à dominação completa da vontade.

A Doutrina Espírita também esclarece quais são as consequências dos atos, deixando para nós escolhermos o caminho. O certo é que não se pode servir a Deus e a Mamon. Ao nos sentirmos atraídos por uma festa desse tipo, cabe-nos um momento para reflexão: quais são as nossas verdadeiras intenções? O que estamos buscando na realidade? Há uma belíssima mensagem no Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XVII, item 10, intitulada “O Homem no mundo”, que nos lembra que fomos chamados a entrar em contato com Espíritos de natureza diferente; que o enclausuramento não é medida de evolução. Fugir da vida não agrega valor.

Há sempre a necessidade de situar-se cada coisa em seu próprio lugar. Existe festa de carnaval menos agressiva, e sempre valerá a pena analisar a situação. Na realidade, o ser humano é um carnavalesco em potencial. Uma hora ele é pierrô, em outra ele é palhaço, e numa outra ele é arlequim. Sempre mascarado no certame da vida, até que, um dia, a máscara cai; é quando chega a quarta-feira de cinzas da desencarnação, e ele se vê do outro lado da vida, com contas a ajustar, justamente porque não brincou o carnaval da vida de cara limpa. Ao ver a fantasia rota e maltratada, quantas decepções pelo tempo perdido. Valeu a pena? Quer brincar o carnaval?

Não se esqueça que o “Bloco Escola da Vida” está sempre em evolução com seu enredo: “A Vida que liberta”. Agora, vá! Mas não fantasiado. Vá, pleno de si. Vá para a apoteose maior, para a felicidade de religar-se a Deus. A festa da vida é muito maior, muito mais divertida, rimada e harmoniosa, quando sabemos escolher um bom enredo para vivenciá-la. E não se esqueça! Devemos procurar sempre as melhores notas nos quesitos que nos são delegados por Deus. Se participar do Carnaval é certo ou errado? Essa é a pergunta que não quer calar, mas que somente a sua consciência pode responder.

Medite no versículo de Coríntios: “Tudo é permitido, mas nem tudo convém”. Na dúvida, consulte o seu livre-arbítrio e pesquise muito, pois a religião que não é proibitiva dá todos os caminhos para embasamento literário e espiritual, no entanto, a escolha da estrada, só pode ser decidida por você.

Boas vibrações, nesse carnaval!Muita Paz!