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Como testamento espiritual

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Page 1: Como testamento espiritual

Como Testamento Espiritual.

Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, OFMcap

Florença– Itália, 1974

Tradução de Frei Emerson Aparecido Rodrigues, OFMcap

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Apresentação

Quando reorganizavam os papéis de Frei Luís encontraram um manuscrito que

pelo conteúdo e a espontaneidade, se pode considerar uma janela aberta da sua grande

alma.

O manuscrito encontrado na fase final da escritura originária e deixado assim

como foi escrito sem ser passado a limpo em uma redação mais bonita.

Frei Luís o escreveu em Florença, no Convento de Montughi em 18 de outubro de

1969. Foi o próprio fundador que o definiu “Seu Testamento Espiritual" e indica

claramente os destinatários: " as suas diletas filhas da Pequena Companhia de Santa

Isabel".

Trata-se de uma mensagem direta a vocês, e todas as que como vocês querem

fazer ecoar esse anseio apostólico.

Para caminhar ao encontro de tantas almas que fizeram pedido nos o entregamos

para impressão e agora vonluntáriamente apresentamos.

Nos permitimos de colocar os títulos, por motivos editoriais, mas sem alterar em

nada o conteúdo na sua composição original.

O escrito é de grande importância para entrar na alma do Frei Luís: para ver em

qual ótica sobrenatural sabia olhar os acontecimentos da sua vida, para valorizar o seu

anseio apostólico, para compreender o seu ardor pelo ideal franciscano, e para encontrar

o carisma originário que o guiou no idealizar os seus projetos espirituais e no dar vida a

Pequena Companhia de Santa Isabel.

Tenho segurança que vocês, queridas filhas, que são destinatárias, e com vocês,

tantas outras almas que tem sede de uma vida espiritual mais elevada, encontrareis nesse

escrito um alimento para viver a fidelidade e fervor da vossa consagração.

A admiração e o amor, assim vividos por Frei Luís pela sua vocação religiosa e

sacerdotal serão de ajuda a permanecer fiéis aos nossos ideais evangélicos e

franciscanos, também nas dificuldades da vida.

O incontido lançar-se no apostolado do Frei será estimulante para que vocês

tenham sempre os pés na ação e no vosso zelo apostólico.

Vocês, que militam num Instituto Secular "nascido na Ordem Terceira e para a

Ordem Terceira", meditando essas suas ultimas vontades, procurem se inspirar a uma

criativa ação do Frei comprometido com a Ordem Terceira que foi o apostolado, mas

comprometedor dos nossos tempos, e como almas consagradas, a esse apostolado

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específico, esforçareis para aprofundar a espiritualidade franciscana e comprometer-se a

levar a Ordem Terceira a responder as necessidades do homem moderno, fazendo

progredir nas fronteiras do ideal franciscano, cuja necessidade do nosso mundo convoca.

A Pequena Companhia “Pupila dos seus olhos", deverá se transformar, segundo os

ideais e a vontade do Pai, cada dia mais a vossa família espiritual, quente de calor

evangélico e franciscano, e na qual vivendo uma intensa comunhão de espírito, carrega e

recebe uma válida ajuda para viver o ideal das bem aventuranças e desenvolver o vosso

apostolado evangélico e franciscano.

Um programa também muito ambicioso, e segundo alguns aspectos utópicos.

Seria se vocês confiarem somente nas vossas forças, as capacidades organizativas do

Instituto, suas capacidades puramente humanas e naturais.

Mesmo comprometendo-se com a tenácia e a paixão de Frei Luís, deve ser vossa

tarefa aquela de permanecer na linha da verdadeira humildade franciscana, da modéstia

e escondimento, e sobretudo de profunda fé e de filial abandono a Deus: permanecendo

fiéis, isto é as origens humildes do vosso Instituto. Comprometendo-se, por isso, a sair

de uma posição de pretensão de sentirem-se indispensáveis e dar maior espaço possível

a Deus.

E nesse espírito queridas filhas que entrego a vocês essa mensagem dirigida a

vocês. Acolham com abertura de animo, leiam, meditem, penetrem no seu autentico e

profundo valor, mas, sobretudo, vivais, se lancem completamente a viver o que

caracterizou a vida de Frei Luís. Recordeis, esse é o seu Testamento.

Frei Torquato Cavaterri.

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As diletas filhas da Pequena Companhia de Santa Isabel.

Primeiro encontro com os capuchinhos.

Sessenta anos atrás, eu apenas com doze anos, deixei a casa paterna para entrar no

Colégio Seráfico dos Capuchinhos em Montevarchi, aonde completei os estudos

ginasiais, e fui para o santo noviciado para vestir o hábito religioso e no ano seguinte

consagrar-me a Deus.

Acompanhou-me na viagem o meu irmão João, com qual, fazendo uma parada a

Florença, me levou primeiro ao centro da cidade para admirar os monumentos desta, e

depois ao convento de Montughi para falar com o Superior dos Capuchinhos de Toscana

e ouvir as últimas disposições a meu respeito.

Ao seu paterno acolhimento fiquei cheio de alegria no coração e consolidou a

minha vocação. O mesmo convento pela posição incantadora, a sua vastidão e a

particular austeridade me fez uma impressão profunda. Tenho ainda impressa na alma as

palavras de admoestação escritas na porta de entrada do convento:

"Ou penitência ou inferno".

Depois foi uma surpresa para nós a hora do almoço que me aumentou ainda mais

a emoção. Sendo aquele dia a festa de São Lucas Evangelista, médico e patrono dos

médicos, os religiosos tinham convidado no seu imenso e severo refeitório, os médicos

da cidade e isso por duas razões: pelo sentido de reconhecimento sendo esses

disponíveis a prestar serviços aos capuchinhos, seja pela sua pobreza os serviços eram

sem recompensa, e um sinal de fraterna amizade, faziam os capuchinhos o serviço nos

principais hospitais de Firenze.

Eu, mesmo sendo pequeno, junto com o meu irmão fui admitido à mesa com eles.

Um espetáculo que não me esqueci jamais, e sinto ainda algumas palavras de alguns

professores da admiração pelos capuchinhos, pelo seu espírito de sacrifício e de

dedicação para com todos, particularmente com os pobres e com os doentes.

Na escola de Francisco no seminário Seráfico.

Na tarde pegamos novamente o trem para Montevarchi. Alí também tivemos um

acolhimento afetuoso por parte do diretor Frei Anton Luís Porreta, que durante a minha

vida de colégio será sempre para mim de a atenção como de uma mãe para com todos.

Me ambientei logo também com os colegas estudantes e me encontrei logo em família.

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O meu irmão ao deixar-me, muitas vezes me beijou e não pode segurar as

lágrimas: "Porque choras? Eu lhe disse: Não vês como sou feliz aqui? Diga a mamãe

que aqui estou muito bem e não me falta nada."

Recordando depois de sessenta anos aquele dia, não êxito a considerar-lo na luz

de Deus o mais importante da minha vida, dependendo desse a minha total consagração

a Deus na Ordem assim gloriosa como a dos Capuchinhos e a dignidade sacerdotal, sem

dúvida a mais sublime a que um homem possa chegar, como não tenho dificuldade em

reconhecer naquela espontânea decisão de deixar a família para vir ao claustro responder

o chamado de Deus.

Os homens, colaboradores de Deus no mistério da vocação.

Nem sempre o Senhor se faz ouvir a sua voz diretamente ou prodigiosamente

como fez com o Profeta Samuel, mais a maioria das vezes ele chega a nós e prepara a

estrada invisivelmente por meio das suas criaturas e dos acontecimentos humanos.

Eu nesse sentido também tenho no meu coração a recordação de pessoas que não

esquecerei jamais, porque estou convicto que mais que todas, e talvez sem saber,

contribuíram a minha vocação religiosa são: meu pai, os missionários franciscanos, e o

Frade da Renilda.

O meu Pai.

Do meu Pai tenho somente recordações distantes, porque morreu quando eu era

apenas um menino. Mas tenho impressa no meu coração a estima que a minha família

e o povo tinham por Ele, pelo seu amor a oração, ao trabalho e a Igreja. Quando morreu

todo o povo não demorou em chamá-lo de Santo.

Sobre a minha vocação permaneceu no coração uma conversa dele falando sobre a

vocação religiosa e sacerdotal: "Sou da idéia que os pais, mesmo se tem muitos, e bons

filhos não devem nunca sugerir e muito menos insistir para que se façam religiosos ou

sacerdotes. Esse é um estado de vida excepcional em que é necessário um chamado

seguro de Deus, sem o qual acontece um naufrágio.

“ Serei muito feliz todavia, se o Senhor colocasse o seu olhar sobre a minha

família e entre os meus filhos escolhesse ao menos um!”. Aquelas palavras sem dúvida

foram para mim um raio de luz.

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Os missionários franciscanos.

Sempre quando era menino vinham ao meu vilarejo as santas missões que então

aconteciam cerca de cada dez anos. Era um acontecimento e as casas se esvaziavam para

ir a Igreja e escutar a palavra de Deus e mudar de vida.

Mesmo que era pequeno, mas eu também queria ir junto à mamãe, e quando conseguia

permanecer acordado os meus olhos eram fixos nos missionários como se eles fossem

anjos.

Com admiração, recordo-me que disse à mamãe: "Como serei contente se

pudesse ser como eles um dia!" A mamãe sorriu e recomendando a família os meus

irmãos brincavam e diziam entre outras coisas: " Queres que o Senhor pegue para Ele

um malvado como você?"

Na realidade sempre me ouvi dizer em família que, entre todos os irmãos, eu era o

mais sapeca... Talvez porque sendo o mais novo de todos os irmãos era o mais

acariciado.

Aquela frase falada por minha mãe permaneceu no meu coração e a considero como um

prelúdio do divino chamado.

O frade da Renilda.

Nós o chamavamos assim, mas, o seu verdadeiro nome era, Frei José Bresciani,

que depois do serviço militar se sentiu chamado por Deus para se tornar um frade

capuchinho, coisa que causou o maravilhar-se de todos e o edificou a muitos. A sua mãe

era a senhora Renilda, a mais rica do vilarejo, tinha um edifício a poucos passos do

nosso, e ótimas relações conosco, tanto que os meus pais pediram como padrinho do

meu batismo, o futuro Frei José, e me foi dado o nome de Estevão em memória do seu

falecido pai.

Poucas vezes como Capuchinho retornava a casa e eu não recordo se ele me falou

alguma vez de vocação religiosa, mas me parece que não.

Todavia ouvi que o povo falava tão bem dele, todos eram edificados pelo fato que tinha

renunciado a todo o seu patrimônio para se tornar um pobre como São Francisco, e

principalmente, quando passava com os pés nús mesmo no inverno e com um hábito

grosseiro e remendado.

Aqueles elogios que eu ouvia e certamente deixavam uma marca no meu coração

e o preparava a seguir com alegria no momento oportuno a voz do Senhor.

A vocação como dom de Deus.

Depois de ter assim uma predisposição de alma a ver com simpatia a vida de um

religioso e do sacerdote, Deus, na sua infinita misericórdia, misteriosamente me chamou

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e me deu a graça de responder de “sim” e lançar-me.

Passaram-se sessenta anos e posso dizer a vocês com suma alegria, caras filhas, e

com imensa gratidão ao Senhor, posso assegurar-vos que nunca tive no meu coração um

momento de indecisão, ou de repensar sobre a minha vocação, nem mesmo durante a

vida militar quando na primeira guerra mundial que foi assim letal para o corpo e para a

alma.

Naquele buraco infernal não se ouvia que blasfêmias e obscenidades. Por outro

lado, gostaria de dizer, senti ainda mais forte a grande graça da vocação religiosa e

contava os dias, ansioso para retornar ao convento e vestir o meu hábito de capuchinho.

No dia da minha profissão ao final do meu noviciado, me consagrei a Deus para

toda a vida, naquele tempo era assim, e fiz voto de viver " em obediência, sem nada de

próprio, e em castidade" e ébrio de alegria escrevi a mamãe: "Se me tivessem feito

imperador do mundo não seria assim feliz, etc". Podia parecer então uma frase

exagerada, fruto do entusiasmo juvenil, mas hoje já próximo do meu por do sol sinto

que é toda a verdade.

E esse não tanto pela minha vocação que tive para a Ordem assim gloriosa como a

dos Capuchinhos e pelo ministério sacerdotal quanto pelo uso que o Senhor fez da

minha pobre pessoa.

Na pregação: "Me lancei, não sei dizer-vos com qual paixão!”.

Cheguei ao sacerdócio com alguns anos de atraso e com os estudos feitos da

melhor maneira possível , e quais os trabalhos na Ordem que eu podia exercer?

Os superiores me fizeram a proposta se estava disposto a aperfeiçoar os meus

estudos em Roma, na Universidade Gregoriana, mas depois de um pouco de reflexão

respondi que preferia a vida de missionário no meio do povo especialmente da zona

rural.

Eles não tiveram dificuldade em acolher o meu desejo e assim depois de um ano

de preparação e de exercício no Convento de S. Carlo in Mugello, sob a guia de um

ótimo mestre de Eloquencia: Frei Epifanio de São Marcelo Pistoiese, me lancei, não sei

dizer com qual paixão e com quais resultados.

Eram os anos em que se celebravam três jubileus (1925-1928-1933) e dois

centenários dos santos mais populares: São Francisco de Assis (1926) e Santo Antonio

de Pádua) (1931), e logo era fácil pensar a pedidos de missionários que fossem a cada

parte da Itália. Não se permanecia parado e muitas vezes acabava uma santa missão e

começava uma outra. Acrescentavámos a essas, as quaresmas, as novenas, e as oitavas,

os tríduos. E mesmo assim as nossas forças resistiam: como não reconhecer a ajuda de

Deus?

E as alegrias experimentadas no púlpito e, sobretudo, no encontro com tantas

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almas perdidas que retornavam chorando aos braços de Deus? o missionário muitas

vezes não tem essas alegrias que são as mais grandes nesse pobre mundo. Essa atividade

missionária foi intensa até que começou a segunda guerra mundial, durante a qual tive

que reduzir muito o trabalho e quando estava para recomeçar tive a flebite que me

deixou aproximadamente quatro meses no hospital e a vida de missionário ficou parada.

No campo da Terceira Ordem Franciscana Secular.

Mas um outro trabalho apostólico, caras filhas, esse também é de grande

importância que o Senhor quis, na sua bondade confiar a mim: é aquele da Ordem

Terceira, que depois da pregação me absorveu, possamos dizer toda a minha vida e me

deu grandes alegrias espirituais imensas, superiores talvez, aquelas da pregação.

O cargo foi quase uma surpresa para mim e mesmo para os Superiores. Parece que

era já certo que ia para o Colégio dos Missionários em Prato, quando no último

momento da sistematização das famílias dos conventos tinham a necessidade de um

diretor da TOFS para o Casentino e a escolha caiu sobre mim.

Não tive dificuldade de aceitar porque o ano passado no Convento de São Carlos

para treinar para a pregação tive a oportunidade de viver em contato com Frei Maximo

Porreta, um autêntico apóstolo da TOFS que tinha feito a Mugello un Oasis Franciscano

e ao convento tinha formado uma fraternidade que pelo número e pelas obras podia ser a

melhor da Itália, sem exagerar.

Em contato com exemplos assim edificantes como a Milicia Seráfica, bem

implantada e cultivada pode produzir nas almas e nas paróquias um bem imenso.

Não tive dificuldade para acolher o cargo que me foi dado pelos Superiores e,

contente, parti para o Casentino com o propósito de fazer o mesmo.

Nessa pitoresca região perto do rio Arno, rica de recordações dantescas e

franciscanas, e que tem do lado oriental de La Verna, eu permaneci por oito anos: o

período talvez da minha vida mais operosa seja no campo da pregação que naquele do

apostolado franciscano.

A TOFS floriu como um encanto em cada paróquia que devia ser levado como

exemplo em outras partes da Toscana, dando frutos consoladores seja como o

melhoramento da vida cristã nas Paróquias e o crescimento das vocações religiosas.

Foram passados cerca quarenta anos e aquelas populações que corresponderam se

lançando, tenho ainda no coração, como o primeiro amor da minha vida sacerdotal.

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Do Casentino os superiores me chamaram a Florença com a tarefa de dirigir a

Fraternidade local do convento de Montughi e de assistir como delegado Provincial para

toda a região toscana dependente dos Frades Capuchinhos de Florença.

Um campo de trabalho vastíssimo que mesmo com os múltiplos compromissos da

pregação, me esforcei de trabalhar ao máximo, atingindo metas impensáveis da

interessar a estrutura da mesma Regra.

Uma intuição de estrutura ao mais vasto raio.

Nessa como é notável tem um Ministro e um discretório1 que tem jurisdição

somente sobre a Fraternidade local. Porque nos perguntávamos, não ter um Ministro e

um Conselho Distrital no raio de cada convento para as fraternidades nesses existentes?

para a Província? e talvez Nacional? e para o mundo todo?

A essa ultima metade nós chegamos depois de tantas discussões, mas para o que diz

respeito ao Distrito, a província e a Nação o Senhor deu a mim a alegria de levar na

TOFS essa tão importante renovação.

Tinha de conseqüência que também no campo nacional tivesse um Visitador

Nacional, uma sede em Roma e um discretório também nacional.

Nos colocamos ao trabalho e na espera de uma sede em Roma iniciamos em

Florença o Centro Nacional da TOFS italiana, junto com dois freis que me foram de

muita ajuda: Frei Querubim de Roncoscaglia e Frei Estanislau de Odessa.

Ao mesmo tempo a enorme dificuldade em que nos encontrávamos pelo motivo

da guerra, continuamos sem nos cansarmos no campo regional e nacional, e retornada a

paz, em maio de 1947 por ocasião da beatificação de Contardo Ferrini, tivemos a alegria

de inaugurar o Centro Nacional em Roma, na Praça da Consolação e de nomear o

primeiro Discretório Nacional. Foi um dia espiritualmente inebriante que não tive

dificuldade de chamar "o Pentecostes da Terceira Ordem Franciscana Secular italiana".

Tudo isso caras filhas eu quis acenar com o coração de Pai para que vocês saibam

o quanto Deus foi bom comigo e me escolheu para trabalhar no apostolado católico e

mais eficaz para a transformação das almas e para a perfeição evangélica na escola do

Nosso Pai Seráfico.

A companhia mesma não é talvez o fruto desse dúplice trabalho apostólico ? 1 Discretorio seria o que nos chamamos de conselho, na Primeira Ordem mudou de Discretório para Definitório são os

conselheiros do Ministro.

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Como nasceu a pequena Companhia

Resumindo essa exposição panorâmica da minha vida, se na minha vocação

jubilosa de sessenta anos atrás que me fez sair dos braços de minha mãe para consagrar-

me a Deus na Ordem dos Frades Capuchinos, eu percebi ação obra da graça de Deus,

como vi a mesma ação nessas duas atividades apostólicas: Pregação e Ordem Terceira

quanto mais devo ver a ação do Senhor no nascimento da Pequena Companhia?

Todas as instituições de caráter religioso são fruto de uma precedente preparação,

um período mais ou menos longo. Muitas vezes é um sacerdote que dirigindo as almas,

se forma com o seu pequeno grupo que elabora e orienta altos ideais e assim desse modo

nascem as pias associações.

Outras vezes são as almas belas que conduzidas de um desejo da mais alta

perfeição se confiam a um sacerdote de sua confiança para que se torne um guia

espiritual e o grupo se torna um soldalicio2 religioso abençoado da Autoridade

Eclesiástica.

Na Pequena Companhia nada de tudo isso: Qual então o nascimento ? vocês

conhecem?

Em 1935 acontecia o sétimo centenário da canonização da nossa Padroeira Santa

Isabel da Hungria e eu que no Casentino, tinha já celebrado o sétimo centenário da

morte de São Francisco (1926) e aquele de Santo Antonio de Pádua (1931) erguendo

como recordação ao Centenário de São Francisco uma Cruz monumental em

Pratomagno, e para aquele de Santo Antonio um Cenáculo artístico, ao convento nosso

de Ponte a Poppi, me perguntava: "Qual monumento podemos erguer para recordar o

centenário de Santa Isabel?

Pensei longamente, e recordando como a Santa permaneceu viúva, a 20 anos, não

quis casar-se novamente, nem tornar-se monja, mas permanecer no mundo para as obras

de caridade consagrando-se a Deus com os votos, e foi viver com duas terciárias Guta e

Isentrude, que foram as suas servas, me perguntei: " Não seria o caso falar com alguma

terciária que fosse disposta a seguir o seu exemplo? Escrevi a duas terciárias da alta

Itália e a uma de Roma, que me responderam de sim. Mas é necessário encontrar ao

menos uma de Florença para manter os contatos.

Infelizmente na minha fraternidade de Montughi um elemento apto para uma iniciativa

assim não tinha. Como suplementar?

Estava para abandonar a idéia, mas o Senhor caminhou ao meu encontro de uma 2 Sodalicio seria um grupo que compartilham os ideais de vida e tem propostas em comum como uma confraria, uma

companhia,

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maneira verdadeiramente surpreendente.

Algumas semanas antes da primeira festa solene, levei a comunhão a um terciário

doente e encontrei próximo ao seu leito uma sua sobrinha, a qual me acompanhou a uma

sala para fazer o café da manhã. “A senhora é terciária”? Infelizmente não - me

respondeu - mas me contou de tornar-se o quantos antes. Faz tantos anos que desenvolvo

atividades na Ação Católica e absorvida por essa não tinha pensado a Ordem Terceira.

Porém, mesmo esses dias eu li um jornalzinho, com um resumo da vida de santa

Isabel da Hungria da qual esse ano se celebra o Sétimo Centenário e, como homenagem

a Irmã Maior, Armida Barelli, que pertence a Ordem Terceira a muitos anos e como tal

recebeu o nome de Isabel, me farei terciária também eu.”

Acrescentou também que tinha o desejo de ser beneditina como uma sua tia e que

não pode por causa da saúde: mas tenho no coração que estando no mundo, consagrar-

me a deus e trabalhar para a sua glória.”

Um semelhante discurso me estimulou a dizer aquilo que havia no coração para a

festa centenária que também eu teria celebrado durante o mês de maio e que pensava em

sua honra de iniciar um movimento espiritual para as almas desejosas de consagrar-se a

Deus, como a senhora, que mesmo permanecendo no mundo possam alcançar a

perfeição. Para maiores informações eu a espero no convento.

Enquanto eu falava os seus olhos brilhavam de alegria e beijando-me as mãos me

disse: “A idéia é linda e serei feliz se poderei ajudar.”

Vimos nesse encontro a mão de Deus e sem hesitações decidi de dar início a obra,

dando instruções as quatro irmãs de preparar-se a consagração e de emití-la o dia da

festa, o 26 de maio, cada uma separadamente e assim, na mais absoluta reserva teve

início a nossa Pequena Companhia com apenas quatro irmãs, uma longe da outra, que

nem mesmo se conheciam.

Assim nasceu a nossa família: no silêncio e no máximo escondimento.

Dessas quatro irmãs duas são ainda vivas: Chiara Suozzi de Mirandola, chamada

hoje de “Mama Chiara” pelo afeto materno com que cuidou das irmãs doentes e a irmã

Giovanna Signorini de Florença, reconhecida hoje com o nome de “Madre Giovanna”,

devendo a ela em grande parte o mérito não somente de ser desde o início o elemento

determinante para o nascimento e desenvolvimento da Companhia, mas por ter tido por

tantos anos o mérito de guiá-la e desenvolver a vida.

A Pequena Companhia se desenvolve.

Dado o caráter intimo da iniciativa não achei oportuno fazer propaganda pública

e nos limitamos a falar somente com alguma terciária que me parecia de alta

espiritualidade.

Porém, em Setembro, para Santa Rosa de Viterbo, do ano sucessivo, o grupo era

mais do que dobrado e, depois dos Exercícios Espirituais na Santa Cruz das Irmãs

Dorotéias, próprio onde ao inicio da Ordem a Beata Humiliana de Cerchi viveu em

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companhia de algumas terciárias, foi aberta uma primeira casa que era de aluguel perto

do convento de Montughi con três irmãs internas e algumas agregadas.

Também as irmãs externas haviam dobrado o número.

No ano de 1937 foi decidido de comprar um pedaço do terreno numa posição

vizinha ao convento e de construir uma primeira cada que é ainda hoje a Casa Mãe da

companhia que foi como uma pista de vôo.

No ano de 1945 veio a guerra e depois da guerra a casa de Porrena no Casentino,

depois no anode 195-1951, a casa de Assis chamada “Casa do Terciário” que é hoje uma

maravilha, e um ano depois aquela de Marina de Ravena.

Contemporaneamente crescia o numero de irmãs externas que hoje são mais de

200 por toda a Itália.

Graças a Deus são em continuo aumento não somente no número mas sobretudo

no espírito.

Em todas encontro graças a Deus, a sede da perfeição e uma serenidade de espírito

que me maravilha.

A pupila dos meus olhos.

É a obra, queridas filhas, que eu considero como a “pupila dos meus olhos”, não

somente porque nasceu da Ordem Terceira e para a Ordem Terceira, mas porque essa

completa o pensamento do Seráfico Pai, o qual instituindo a Ordem da Penitencia, não

teve em mente somente os casados, mas todos aqueles que mesmo vivendo no mundo,

tivessem preferido viver em continência e para colaborar melhor nas obras de caridade

de apostolado.

Para um sentido de reserva exagerada eu talvez falei muito pouco da Pequena

Companhia, mas vocês façam assim , vós peço.

Fazeis conhecer como e quando vos for possível e sobretudo arrastem com o

exemplo.

São tempos difíceis, mas é por isso que necessita lançar-se como e quanto é

possível.

O fato que Santa Isabel era viúva nos encorajou a admitir na Companhia não

poucas mulheres que tinham perdido o marido e podemos assegurar como seguindo o

exemplo da Santa temos encontrado a alegria do espírito e o sorriso no rosto.

Como um Testamento Espiritual.

Terminando, queridas filhas, eu vos suplico:

De corresponder sempre e lançar-se cada vez mais a vossa vocação ao ponto de

se alegrar mesmo na dor, de amar todos mesmo aqueles que vos fizeram o mal, em

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modo que em casa ou fora vejam em vocês os reflexos de São Francisco e da vossa

Padroeira e as almas se sintam atraídas a vida sempre mais evangélica.

Se assim, também depois da nossa morte, Deus continuará a ser pródigo em

graças sobre a nossa querida Companhia para que essa continue a ser na Ordem Terceira

e para a Ordem Terceira um laboratório de Obras santas, e escola de alta espiritualidade

franciscana no mundo.

Essa carta extremamente confidencial e paterna eu quis recopiar e deixá-la quase

como um “Testamento Espiritual”.

Mas, relendo eu notei que essa é talvez mais pessoal e preferi depois da primeira

página deixá-la assim com tantos cancelamentos e correções, em condições piedosas

para deixar quase impossível a leitura.

Não ousei rasgá-la porque também nesse estado essa pode revelar em parte o meu

pensamento a respeito da Pequena Companhia.

No recordar os fatos da minha vida desde a juventude, queridas filhas, eu não

tinha a intenção de falar de mim, mas somente de fazer conhecidos certos epsódios,

também íntimos, que ao meu modo de ver, colocam luz sobre o início e o

desenvolvimento da Obra que diz respeito a vocês e podem ajudar a conhecer sempre

melhor a natureza e a finalidade da vossa família e de conseqüência a reforçar a vossa

vida espiritual em harmonia com o palpitar do vosso coração no momento em que vos

tornastes Esposas de Jesus.