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DISCURSO SOBRE A MORTE

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DISCURSO SOBRE A MORTE Marcela Re Ribeiro

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Alguns temas causam certo constrangimento e as pessoas

evitam tocar no assunto e ficam chocadas quando alguém

ousa fazê-lo. O suicídio, acredito, é um deles. Portanto,

como eu gosto de olhar além e expor o que penso nunca foi

um problema para mim, resolvi escrever sobre a morte, com

foco no ato de tirar a própria vida.

Postei no meu mural do Facebook a seguinte frase:

“Às vezes acho que era melhor bater a cabeça, cair e ir

dessa para o além... affff....”

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Não precisei esperar muito para começar a receber alguns

comentários e mensagens privadas. É impressionante como

o “trágico” atrai as pessoas. Apesar de muitos repudiarem o

que eu escrevi, houve a interação, o interesse, a vontade de

saber o que estava acontecendo. Independentemente da

razão: preocupação, curiosidade, gerar papo para uma

fofoca – o assunto cria esse desejo pelo “saber o motivo”.

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O que leva uma pessoa a

pensar no suicídio e

cometê-lo? Talvez uma

ausência profunda de

sentimentos positivos;

talvez o medo de

enfrentar um grande

problema ou doença;

talvez o cansaço de tentar, tentar e tentar e nada conquistar;

talvez essa seja apenas parte de sua história e teria que ter

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esse fim. E não há “pecado” algum em tirar a própria vida.

Talvez...

Voltando ao post do

Facebook, fiquei

imaginando o que

passou na cabeça de

cada um que o leu.

Tenho certeza que

muitos viram e, apesar

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de não comentarem, gerou um ti-ti-ti: “você viu o que a

Marcela postou? Que horroooorrrr”, etc e tal. Apenas dois

comentários denotavam para a sátira.

E, sinceramente, foram os que mais gostei. Bacana quando

alguém lê algo “pesado”, como a frase que eu escrevi, e não

se importa de fazer uma piada, um comentário divertido.

Isso mostra a transparência da pessoa, ela escreveu

exatamente o que pensa, sem medo de ser tachada por

nossa sociedade tão hipócrita.

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A impressão que tenho é que existe uma redoma que coloca

a vida em uma posição magnânima e, consequentemente,

condena àqueles que tiram a própria vida. Para quem

acredita em Deus, é dele a opção de dar e tirar a vida que a

nós pertence. Opa! Então, não nos pertence, uma vez que

não temos o direito sobre ela, apenas usufruímos por um

tempo pré-determinado por Deus, pelos Orixás,

extraterrestres, aí vai depender da crença de cada um.

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Fica fácil passar esse fardo para um ser onipresente. Vejo

como puro comodismo, medo de se expor, culpa ( o que vão

pensar de mim, essa é a campeã). A verdade é que fomos

criados dessa forma, com essa culpa e medo dentro de nós.

E a polêmica é velha! Na Idade Média, por exemplo,

o [1]suicídio era visto como um pecado imperdoável.

Passados milhares de anos, o assunto ainda gera

desconforto e é condenado da mesma forma...

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O primeiro suicida,

segundo pesquisa na

internet, foi [2]Periandro

(século VI a.C.), um dos

Sete Sábios gregos. O

motivo: evitar que seus

inimigos esquartejassem

seu corpo depois de morto.Veja bem, ele já estava com os

dias contados, mas preferiu tirar a própria vida a ter seu

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corpo mutilado. Fazendo aqui um trocadilho mórbido, a

expressão “beleza grega” faz todo sentido.

Depois do primeiro a fila andou e, segundo estudo

da [3]OMS (2014), há um suicídio no mundo a cada 40

segundos. São mais de 800 mil pessoas mortas por ano e

75% dos casos são registrados em países emergentes e

pobres. O Brasil ocupa a 8ª posição - mais de 11,8 mil casos

em 2012. É muita gente cometendo o tal pecado

imperdoável. O “inferno” deve estar com superlotação.

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A vida e a morte são um grande mistério. A única certeza

que temos sobre a vida é que a morte chegará e com ela um

fim ou recomeço na nossa história. Vai depender da crença

de cada um ou da falta dela.

Para fechar esse discurso, deixo

aqui minha opinião sobre a vida e

suicídio. Eu acredito que somos

fantoches da nossa própria história.

Livre arbítrio não existe. Eu viverei

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o que tiver que viver, o que está escrito para mim. Se eu vou

morrer aos 95 anos dançando, ou tocando saxofone (que eu

adoro), ou fazendo um sexo animal com meu velhinho, ou

vou me atirar de um penhasco e tirar minha própria vida,

assim eu o farei.

Suicídio para mim não é pecado, não é nada pavoroso,

imperdoável, é apenas parte da história de vida.

Agora, quem está no comando das cordas do meu fantoche é

tema para outro discurso. Quem sabe, breve.

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Marcela Re Ribeiro - Reprodução Proibida

ACESSE O BLOG DA ESCRITORA:

http://marcelareribeiro.blogspot.com.br/

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REFERÊNCIAS:

[1] UOL:

http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-

sabedoria/31/artigo228115-2.asp

[2] Metamorfose Digital:

http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=7046#ixzz3b

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