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1 Luiz Augusto de Queiroz N uma dessas segundas-feiras, mais uma vez voltamos a olhar para Jó. Dele, se conhe- cemos algo, seja somente a paciência, mas há muito mais! Aliás, há mesmo muito mais. Re- comendo a leitura desse livro insólito aos nossos olhos humanos (melhor será dizer olhos de ilusão). Tentem! Comecem pelo início, quando a surpresa nos pega de chofre com a seguinte frase: “Certo dia em que os filhos de Deus se apresentavam pe- rante YAHWEH, entre eles estava SATAN.” Como? SATAN entre os filhos de Deus! Se seguirmos a leitura, vamos nos surpreen- der mais e mais... Ah sim, o livro acaba bem, muito bem, porém mais que o suspiro de alívio, o mergulho nos códigos que se encerram no texto bíblico (está na Bíblia, no Antigo Testamento) nos proporcionará chaves para a verdadeira liberta- ção. A história literal é só pano de fundo para luzes de tal monta, pois quando as contempla- mos, a alma toda se ilumina. Achamos a trilha que nos conduz da árvore do bem e do mal, que é a árvore das dualidades, à Árvore da Vida. Se tivermos tal desejo, coragem e perseverança, te- remos auxílio: o Espírito da Palavra do Cristo e não sua letra; já que como toda a letra isolada em si mesma, mata. Também muitas obras, como as de Carl Gus- tav Jung, Joel Goldsmith, o Zohar e a Bhagavad Gita, nos serão importantes auxiliares de monta para desvendarmos esse véu de ilusão e compre- endermos um pouco mais do Divino em tudo, principalmente dentro de nós mesmos. Fará en- tão sentido que Satanás seja considerado Filho de Deus; pois nossos olhos estarão abertos e te- rão contemplado o Divino, Face a Face. A nossa resposta será a mesma resposta de Jó a Deus no capítulo 42 do seu livro bíblico. Como diz a amada Ministra Veneranda da ci- dade espiritual de Nosso Lar: - Quem se anima a ler e a experimentar? Rio de Janeiro:: junho / julho / agosto 2009 :: nº 07 Editorial Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio de Pietrelcina Índice Editorial ................................................................ 01 Conversando com Você Os testes de Deus ................................................... 03 Sabedoria dos Grandes Mestres São João da Cruz .................................................... 04 Saúde e Espiritualidade Conhecer para Cuidar do Ser, em Mim ................... 06 Psicologia e Espiritualidade Terapia de Regressão, um encontro com nossa alma .... 07 Cabalá, Vivendo em Luz “Espelhos Vivos” .................................................... 08 Vale a pena ler...................................................... 09 Bhagavad-Gita Felicidade com “F” maiúsculo ................................. 10 Terapias Energéticas Técnica de Equilíbrio do Campo Eletromagnético .... 11 Portal da Gratidão Gratidão, o “perfume” de um caminho .................. 12 Poesia, a Linguagem da Alma Talvez, um sonho .................................................... 13 Você Sabia A magia das árvores................................................ 14 Histórias Eternas Meu encontro com o Grande Espírito...................... 15 Religare 101 anos de umbanda ............................................ 16 Espiritualidade e Vida Silêncio, a voz de Deus em nós ............................... 17 Reflexões Perdoar, uma “aprendizagem” de toda uma vida .... 18 Prece...................................................................... 20 PP

Essencia da Luz nº 07

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Jornal da Casa de Padre Pio

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Page 1: Essencia da Luz nº 07

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Luiz Augusto de Queiroz

Numa dessas segundas-feiras, mais uma vez voltamos a olhar para Jó. Dele, se conhe-cemos algo, seja somente a paciência, mas

há muito mais! Aliás, há mesmo muito mais. Re-comendo a leitura desse livro insólito aos nossos olhos humanos (melhor será dizer olhos de ilusão). Tentem! Comecem pelo início, quando a surpresa nos pega de chofre com a seguinte frase: “Certo dia em que os filhos de Deus se apresentavam pe-rante YAHWEH, entre eles estava SATAN.” Como? SATAN entre os filhos de Deus!

Se seguirmos a leitura, vamos nos surpreen-der mais e mais... Ah sim, o livro acaba bem, muito bem, porém mais que o suspiro de alívio, o mergulho nos códigos que se encerram no texto bíblico (está na Bíblia, no Antigo Testamento) nos proporcionará chaves para a verdadeira liberta-ção. A história literal é só pano de fundo para luzes de tal monta, pois quando as contempla-mos, a alma toda se ilumina. Achamos a trilha

que nos conduz da árvore do bem e do mal, que é a árvore das dualidades, à Árvore da Vida. Se tivermos tal desejo, coragem e perseverança, te-remos auxílio: o Espírito da Palavra do Cristo e não sua letra; já que como toda a letra isolada em si mesma, mata.

Também muitas obras, como as de Carl Gus-tav Jung, Joel Goldsmith, o Zohar e a Bhagavad Gita, nos serão importantes auxiliares de monta para desvendarmos esse véu de ilusão e compre-endermos um pouco mais do Divino em tudo, principalmente dentro de nós mesmos. Fará en-tão sentido que Satanás seja considerado Filho de Deus; pois nossos olhos estarão abertos e te-rão contemplado o Divino, Face a Face. A nossa resposta será a mesma resposta de Jó a Deus no capítulo 42 do seu livro bíblico.

Como diz a amada Ministra Veneranda da ci-dade espiritual de Nosso Lar:

- Quem se anima a ler e a experimentar?

Rio de Janeiro:: junho / julho / agosto 2009 :: nº 07

Editorial

Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio de Pietrelcina

ÍndiceEditorial ................................................................ 01Conversando com VocêOs testes de Deus ................................................... 03Sabedoria dos Grandes MestresSão João da Cruz .................................................... 04Saúde e EspiritualidadeConhecer para Cuidar do Ser, em Mim ................... 06Psicologia e EspiritualidadeTerapia de Regressão, um encontro com nossa alma .... 07Cabalá, Vivendo em Luz“Espelhos Vivos” .................................................... 08Vale a pena ler ...................................................... 09Bhagavad-GitaFelicidade com “F” maiúsculo ................................. 10Terapias EnergéticasTécnica de Equilíbrio do Campo Eletromagnético .... 11

Portal da GratidãoGratidão, o “perfume” de um caminho .................. 12Poesia, a Linguagem da AlmaTalvez, um sonho .................................................... 13Você SabiaA magia das árvores ................................................ 14Histórias EternasMeu encontro com o Grande Espírito ...................... 15Religare101 anos de umbanda ............................................ 16Espiritualidade e VidaSilêncio, a voz de Deus em nós ............................... 17ReflexõesPerdoar, uma “aprendizagem” de toda uma vida .... 18Prece ...................................................................... 20

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2 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

EXPEDIENTE Essência da Luz é uma publicação da Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio Pietrelcina CNPJ 04.772.688/0001-89 | Periodicidade trimestral | Distribuição interna e gratuita | Tiragem 500 exemplaresRua Assunção, 297 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP 22251-030 Telefone: 2286-7760Home Page: www.padrepio.org.br | E-mail: [email protected]

Presidente da Casa: Luiz Augusto de Queiroz Coordenação: Denise Cristina Ribeiro Gomes Projeto gráfico e diagramação: Bruno Chefer e Raquel Reis Revisão Editorial: Daisy Elísio Apoio: Marcello Braga

AS INFORMAÇÕES FORNECIDAS NOS ARTIGOS, ASSIM COMO REFERÊNCIAS, SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES.

Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama

amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

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Beth Marinho

Hoje eu quero conversar com você, de verdade. Só não pode ser olho-no-olho, por

não ter muita prática em milagres. Mas pode ser coração-no-coração.

Nós, que escolhemos o cami-nho espiritual, nos orgulhamos de ter uma consciência mais clara que o resto da humanidade, que nasce-vive-morre, só no “piloto automá-tico”. Temos, aliás, vários tipos de consciência. Talvez, não ainda a ple-na consciência, mas vislumbres dela. Escolhemos este caminho, por sa-bermos que mesmo uma gota pode fazer a diferença (e como faz!). Mas quando o escolhemos, também es-colhemos o meio pelo qual esta vontade maior se expressará. E na alegria de podermos praticar a cada dia o amor ao próximo, para que seja fei-to o movimento verdadeiro, esbarramos nas for-mas! Puxa vida! De repente, você se vê diante de um Amor que faz explodir seu coração, move você como uma locomotiva, enche sua cabeça com idéias boas, e pimba! Surgem as barreiras: os dogmas, as hierarquias, as autoridades que se nomeiam “representantes de Deus”, a cor da roupa, o chapéu, a falsa seriedade e... Poderia fazer uma enorme lista, mas sugiro que você mesmo faça a sua.

Todo este movimento é travado, bloqueado por... um teste de Deus?! Logo Ele? Não! Se-ria Ele cego às minhas boas intenções? Daria Ele voz à contra-inteligência? Somos testados todos os dias. Você tem alguma dúvida disso? Mas se Deus é bondade, amor, porque as travas acontecem? Como você, também estou neste caminho, e penso que a saída deste impasse lhe fará mais forte, mais fiel, mais realizador e mais feliz. Sobretudo isto: FELIZ! E é através do aces-so à consciência que sairemos deste impasse. Ou não? Pense comigo: se seu coração é puro, se suas intenções são verdadeiras, as travas de-

saparecerão. Não prego a indisciplina, a rebel-dia, mas Deus nos fez inteligentes, com opções à nossa frente. Quando você escolher o mundo das essências e não o da forma, você poderá pra-ticar este Amor Incondicional, porque todos nós somos iguais e UM! Não estou sendo original. Nem posso, quando o assunto é este, e muitos já falaram com mais propriedade sobre isto. Mas não custa repetir, já que meu coração nunca fa-lou com o seu de tão perto.

Então, meu amigo, arregace as mangas e te-nha coragem de romper com o que lhe prende e distancia de Deus. É por Ele que você se esforça no seu trabalho, na sua prática de bondade, no contato com seus irmãos. É para Ele que você quer retornar e só Ele pode julgar você! Que Seus testes não o desanimem nunca, pois é um sinal que Ele nos dá para avançarmos. A Luz só tem um dono!

Fique na Paz, no Amor e na Alegria!

Um abraço.

Já que a coluna se chama Conversando com você, se você quiser conversar comigo, mande mensagem para [email protected].

Os testes de Deus

Conversando com Você

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4 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

SÃO JOÃO DA CRUz

Sabedoria dos Grandes Mestres

Adelaide Hortencia F. Marques dos Santos

Ele nasceu como João de Ypes de Alvares, em Fontiveros, Castilha, Espanha. Foi cria-do pela mãe após a morte do pai, sendo o

terceiro filho de uma família de tecelões. Entre cinco e seis anos, quando brincava

com outras crianças, aconteceu algo que acom-panharia João ao longo da vida. Dirigindo-se a um charco lamacento (existiam muitos na região), ele começou a brincar alegremente, lançando com força uns gravetos que depois eram apanhados quando surgiam. Mas ele, distraído, debruçou-se e caiu. Seus amigos pediram socorro, mas João vinha à superfície e afundava novamente. Quando estava qua-se se afogando, uma belíssima senhora lhe estendeu a mão para salvá-lo. Ele, porém, evitou pegá-la, para não sujar aquela linda dama com sua mão lamacenta. Por fim, foi salvo por um camponês que ali passava. Esta experiência o acompanharia para sempre. O tempo passou e João completou 14 anos. Seu porte era modesto: aproximadamente 1 metro e meio de altura, rosto moreno, olhos negros e vivos. Uma aparência que encantava pela tran-quilidade e simpatia para com todos. Estudou no Colégio Jesuíta, em Medina, e já era aprendiz aos 15 anos, no Hospital de Nossa Senhora da Conceição (Hospital de las Bubas). Destacou-se pela caridade, delicadeza, alegria e disponibi-lidade com que tratava os enfermos. Seus hu-mildes préstimos lhe cativavam a simpatia geral. João permaneceu no Hospital até os 21 anos, quando decidiu entrar para a ordem dos carme-litas, em Medina, recebendo o nome de João de São Mathias. Após o noviciado, foi enviado para o monastério Carmelita, perto da Universidade de Salamanca. Ali, estudou de 1564 a 1568 e foi ordenado em 1567. Não é fácil dizer por que este jovem estudante de Medina Del Campo, entre várias possibilidades de futuro, escolheu a Ordem do Carmelo. Entre as muitas hipóteses, a mais provável é o profundo e convicto amor por Maria. Aliás, a sua primeira experiência carmeli-tana foi desconcertante. João não encontrou o que esperava: o clima não favorecia a vida inte-rior e o Carmelo sofria a crise do comodismo, que enfraqueceu o ideal das Ordens religiosas.

Quando concluiu os estudos teológicos, pensou em ingressar na vida eremítica da Car-tuxa. Apareceu Teresa de Ávila, convencendo-o a procurar a perfeição na fidelidade à Ordem do Carmelo. Desse encontro, nasceu grande empa-tia entre ambos, historicamente duradoura. Ini-ciaram, assim, uma intensa colaboração em prol da reforma do Carmelo. Em 1568, João da Cruz

lançou um novo ramo da família carmelita, assumindo definitiva-mente a proposta de reforma teresiana.

O resto de sua vida foi devotado a promo-ção, reformas e escritos. Através dos anos, João sofreu grandes provações, vários julgamentos e severa oposição às suas reformas, mesmo den-tro da Ordem, especialmente daqueles frades que recusavam a validade dos Carmelitas Des-calços e tramavam intrigas e esquemas contra Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz. Em 1577, por exemplo, ele ficou preso em uma cela, no Monastério de Toledo, escapando, após nove meses, com um corda feita de pedaços de pano, e subiu para a liberdade no dia da Festa da Ascensão...

Certamente foi um dos maiores místicos conhe-cidos pela História. Este testemunho foi dado por todos que, de algum modo, se aproximavam sem preconceitos de sua pessoa e, assim, puderam adentrar alguns passos no mistério que a graça operou na sua vida. João fez uma profunda expe-riência de Deus e, além disso, colaborou para que muitas outras pessoas avançassem na aventura es-piritual da fé. Em João, não existe oposição entre Teologia e mística: bom conhecedor da Teologia e da Filosofia de seu tempo, ele foi extremamente competente em suas percepções, prestando um grande serviço a Deus e à humanidade.

Os místicos são testemunhas do grande en-contro, que decididamente mudará suas vidas. Um encontro com o totalmente Outro. Encontro que a criatura lida devido à visita daquilo que não cabe em sua natureza. Esta presença maior que a sua natureza provoca a reorganização da consci-ência e a mudança no olhar, a transfiguração.

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Uma experiência que não pode ser retida é totalmente aberta. A poesia de João da Cruz sobreviveu à obscuridade da prisão, resistiu às Instituições e até ao clima das Inquisições. Sua poesia é livre destas circunstâncias sombrias. Ele quebra todas as barreiras e apresenta a imagem de um Deus amoroso, benevolente, cheio de graça e rico de futuro. E quem é Deus para João da Cruz? João da Cruz é um guia como poucos para o conhecimento de Deus.

Toda a sua obra é orientada para alertar do perigo, de se confundir Deus com a idéia que fazemos Dele, por mais sublime que seja essa idéia. Por ter feito uma profunda experiência de Deus, “João sabe como ninguém que Deus é um mistério insondável, absoluta transcendên-cia – embora a palavra não apareça em seus es-critos – que, por isso, não se opõe à sua íntima imanência em toda a criação. Deus está acima de tudo. Se podemos saber algo dele, é por ele mesmo e a partir de sua presença em nós”.

Através da poesia, João encontrou uma ma-neira de dizer o indizível... E o que ele teria em comum com os místicos muçulmanos? Em que aspectos Jalal ud-Din Rumi e Al-Hallaj se aproxi-mariam do “contemplativo” carmelita?

A partir de sua experiência indizível, os místi-cos (sufis ou cristãos) tomam consciência da limi-tação do ser humano diante do Mistério impe-netrável. Pois a Divindade, ao mesmo tempo em que se mostra, também se oculta. Tudo quanto possam dizer de suas experiências é quase um “nada”, se comparado à Presença que se lhes revelou. Esta é uma das semelhanças entre João da Cruz e os místicos sufis.

Há algo que irmana os místicos cristãos, como João da Cruz, e os místicos sufis, no momento sublime da união extática. Igualmente embria-gados pelo vigor existencial do encontro com o Amado, suas “expressões amorosas” rompem radicalmente com as “regras” do inteligível.

Toda experiência mística passa pelo caminho desconfortável de dizer o indizível. A narração da experiência é sempre insuficiente para descrever a própria experiência.

Neste sentido, a mística tem um caráter te-opático – um “sofrer Deus”, acolhido e provado no amor que supera toda a compreensão. Esse é o componente “passivo” da experiência, mui-to referido por João da Cruz e autores sufis: só se participa da experiência, permitindo-a e acolhendo-a amorosamente (importa esclare-cer que “passividade”, na literatura mística em questão, não quer dizer inércia, mas uma espe-cífica participação da pessoa na recepção gene-rosa da graça. É disponibilidade de acolhimento do Outro absoluto. Tal estado se expressa, so-bretudo, mediante imagens esponsais, como o “matrimônio místico” de Cristo com a Igreja ou de Deus com a alma).

Tanto os sufis quanto João da Cruz situam a sua viagem mística numa “noite escura”. No seu poema homônimo, o místico carmelita escreveu:

Em uma noite escura,

De amor em vivas ânsias inflamada,

Oh ditosa ventura!

Saí sem ser notada, Já minha casa estando sossegada.

A “viagem noturna” traz “à luz” os sinais de Deus, impressos na alma. É noite luminosa como o meridiano, porque iluminada pelo amor divino. Neste caso, conhecimento e amor se in-tercambiam, superando o mero conceito para tornar-se uma relação – um “esponsal” entre amada e Amado, como dizem João da Cruz, Rabia, Rumi e tantos outros. Tal descrição da experiência mística tem um paralelo lendário in-teressante no amor entre Laila e Majnum, sendo Laila literalmente “noite” em árabe: é sob seu mando que o amor se aquece. Há evidentes se-melhanças entre esta tematização e a mística da “noite escura” de João da Cruz.

A “noite” simboliza o abismo noturno da ex-periência, coroada enfim pelo encontro da ama-da com o Amado.

Só é possível suportar o caminho na noite, porque se vislumbrou a luz. No seu término, noite e luz se confundem. Embora provado na união mística (luz), sempre celebrada pelo cân-tico esponsal, Deus permanece muito além de tudo quando dele já se tenha provado (noite).

Assim, a alma enamorada se move na noite que não leva ao erro, mas é a purificação para que os olhos contemplem a luz verdadeira, pelo apazi-guamento dos sentidos e da razão intelectiva.

Além disso, as pessoas que trilham o cami-nho da autêntica experiência mística tornam-se cada vez mais humanizadas e humanizantes. Sa-bem que, para encontrar Deus, têm que conviver com o mistério (noite), sofrendo as demoras de Deus. O místico suporta a alteridade deste abso-luto Outro, porque O respeita e O ama – tanto quanto se sente por ele amado e respeitado.

Se algo pode dizer-se da mística, é que certa-mente passa pelo caminho da experiência.

Reler lado a lado João da Cruz, Al-Hallaj, Rumi e Rabia nos ajuda a repensar o código re-ligioso, retomando a originalidade do monoteís-mo: relação de união com o divino, na qual um não absorve o Outro; ao mesmo tempo, contem-plativa e histórica, simbólica e transformadora. E aí estão nossos autores e autoras, abertos à nossa admiração, pesquisa e iniciativas de diálo-go inter-religioso. PP

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6 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Anna Alice Mendes Schroeder

Vivemos, na sociedade contemporânea, uma vida compartimentada, onde cada atividade é área de saber de um determi-

nado profissional. Temos especialistas para nos dizer o que comer, o que vestir, como construir ou decorar nossa casa, quanto e como cami-nhar, dormir ou fazer sexo. E nos adaptamos a essa situação, um tanto cômoda, em que não precisamos tomar em nossas mãos a maioria das decisões em nosso cotidiano.

A rapidez dos resultados, a flexibilidade dos vínculos e a intensidade das experiências têm substituído valores como a dedicação, o esfor-ço pessoal, a fidelidade e a estabilidade afetiva, profissional e social.

Como médica clínica e também como tera-peuta de Massagem Espiritual, testemunhamos o quanto cada indivíduo espera que um “outro”, supostamente com maior conhecimento, cuide de seus problemas físicos, emocionais e espiritu-ais, preferencialmente com uma solução mágica, rápida e que dispense a sua participação e o isen-te de qualquer responsabilidade. (Até mesmo os médicos pensam e agem dessa forma.)

O desenvolvimento técnico-científico atingiu níveis inimagináveis, há poucas décadas, com o transplante de múltiplos órgãos, próteses, mi-crocirurgias a laser, inseminação artificial, entre outros avanços. Tantas façanhas aumentam nos-sa “fé” na ciência, a mais venerada “deusa” da modernidade, e em seus “sacerdotes”, os cien-tistas; e alimentam em nós a ilusão da possibi-lidade de desvendar e controlar a natureza e a vida, em todos os seus mistérios, dispensando as explicações de ordem espiritual.

Ao mesmo tempo, observamos uma insatis-fação, um vazio existencial que lota os consultó-

rios dos psicoterapeutas; e uma reação, com o desenvolvimento de grupos religiosos, igrejas, sei-tas espirituais, sempre em nome de uma busca de desenvolvi-mento espiritual.

Destacamos, nesse contex-to, duas questões para a nos-sa reflexão:

• A primeira, a relação entre o “conhecer” e o “cui-dar”: ”vivo de acordo com o que sei?”

A medicina, atualmente he-gemônica em sua busca de legi-timidade como disciplina científi-ca, tem priorizado o diagnóstico à terapêutica. A investigação para

identificar “a doença” acabou por tornar-se mais importante do que o próprio cuidado ao “pacien-te”. O “conhecer”, que deveria ser um meio para se atingir a finalidade de melhor “cuidar”, passou a ser um fim em si mesmo.

Na saúde, como na espiritualidade, o desejo de conhecimento deveria estar sempre vincula-do à promessa de cuidado. De pouco nos serve conhecermos os fatores que desencadeiam uma doença ou sabermos de cor versículos bíblicos, se não utilizamos esses conhecimentos no cui-dado de nós mesmos e do outro.

• A segunda, o cuidado do Ser começa pelo cui-dado de Si: “o que posso fazer hoje por mim?”

Várias linhas terapêuticas e também corren-tes religiosas aceitam a idéia de um Universo Uno, onde todos, humanos, animais, vegetais e minerais, somos partes de um Todo, manifesta-ção do Absoluto, do Inominável, do Ser. Profes-samos nosso engajamento no Cuidado do Ser e desejamos a justiça social, as políticas ecológi-cas, a paz. Participamos de obras de caridade e trabalhos voluntários.

Mas esquecemos, com frequência, que a par-te do Ser mais próxima a mim, aquela que me foi diretamente confiada, sou eu mesmo, meu corpo físico, assim como os pensamentos e sen-timentos que constituem meu campo energético. Ninguém conhece minhas dores e meus amores tão profundamente como eu e, por isso, preciso assumir a tarefa de cuidar deles, lançando mão, evidentemente, sempre que possível, de todas as ajudas disponíveis.

* Anna Alice é médica clínica, professora da Universida-de Federal Fluminense, e terapeuta do Grupo Ipê Roxo de Massagem Espiritual [email protected]

Saúde e Espiritualidade

Conhecer para Cuidar do Ser, em Mim

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Psicologia e Espiritualidade

Terapia de Regressão: um encontro com nossa alma

Ema Isabel Rinaldi

“A alma tinha a sua individua-lidade antes da encarnação e a conserva após a separação do corpo”, Allan Kardec

A Terapia de Regressão constitui-se em uma modalidade de terapia transpessoal, onde se utiliza a técnica de regressão de me-

mória do cliente, dentro do contexto terapêuti-co, tendo em vista trazer à consciência o registro de experiências traumáticas de origem remota, desta e de outras vidas, que possam estar influen-ciando o contexto atual da vida da pessoa. Muito embora o cliente não precise acreditar em reen-carnação, este conceito é considerado como um dos pressupostos teóricos fundamentais.

Nessa abordagem, entende-se que a raiz dos nossos problemas e dificuldades pode estar locali-zada em nosso inconsciente, relacionando-se a si-tuações do nosso passado que, não tendo sido re-solvidas, influenciariam o nosso jeito de ser, o nosso caráter, formando padrões de comportamento que repetimos vidas após vida. Dessa forma, o nosso modo de agir, diante daqueles de quem gostamos ou não, pode ter suas origens em situações confli-tivas mal resolvidas no passado.

Venho constatando, em minha prática clini-ca, que, quando o paciente se permite participar desse processo, entregando-se integralmente de uma forma confiante ao terapeuta, ao colocar de lado a sua mente racional, propicia a pessoa que dela participa um encontro mais consciente e profundo com a sua alma. Esse fato revela-se de vital importância, pois se acredita que a origem de toda a nossa dor psíquica estaria pre-sente em nossas crenças e atitudes ante o que consideramos “certo ou errado”. Face a essa visão, ao termos a oportunidade de nos sinto-nizar com nossas almas, de uma maneira mais consciente, encontramos respostas para muitas das nossas dores e questões existenciais que nos provocam sofrimento. Pode-se também verificar o quanto a vivência desse processo provoca e estimula o nosso crescimento interno, trazendo-nos uma maior abertura e discernimento neces-sários para a descoberta do sentido do nosso existir e a razão da nossa dor atual.

Observa-se, nos relatos dos clientes, que as dores provocadas por vivências traumáticas, inú-meras vezes, não se extinguem com a morte, pois o corpo espiritual, sendo formado por ener-gias sutis, armazena muitas das emoções e senti-

mentos que acompanharam a pessoa quando em vida, como emoções de medo, solidão, rejeição, abandono, culpa, rancor e raiva.

Essas emoções, ao ficarem presas no incons-ciente sob a forma de processos energéticos, aca-bam por provocar padrões de comportamento repetitivos, por vezes viciosos e superficiais. Por-tanto, na vivência terapêutica, o cliente é condu-zido a identificar e vivenciar essas atitudes e com-portamentos, até que possa vir a despotencializar essas emoções, esgotando as energias pertinentes a elas. Na regressão, pode ser nesta vida na época perinatal (concepção, gestação e nascimento) ou numa vida passada, quem escolhe o momento é o próprio inconsciente do cliente.

O cliente entra em um estado alterado de consciência, através de indução de seu próprio problema, embora permaneça acordado o tem-po todo, para poder ter consciência do que foi relembrado e relacionar o conteúdo da regres-são com as suas dificuldades e dores atuais.

Na TR, podem ser tratadas fobias, depressões, medos, angústias, bloqueios, agressividade, pro-blemas familiares de relacionamento, sexuais, tendências suicidas, doenças psicossomáticas.

Este é um trabalho essencialmente evolutivo e inovador, e sua duração e seu sucesso depen-dem do tempo interno de cada um, assim como da disposição do cliente em estar aberto para se perceber e mudar, visando aceitar e se responsa-bilizar pelas suas dificuldades, sem culpar a ter-ceiros pelas mesmas.

Ema Isabel Rinaldi - Psicóloga CRP 05/10999 [email protected] | Tel: 021-22658540

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8 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

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“Espelhos Vivos”

Dave Brykman

A criação do nosso Universo é sempre ex-pressa na Cabalá como um movimento de emanação através da “Luz Infinita” (Ein Sof

Or), onde todos nós somos uma única e grandiosa “Alma”. Os conceitos de “Messias” (Mashiach) e Unidade (Echad) cabem como luvas no entendimento claro desta ima-gem de que somos seres eternos e imortais. Quando buscamos o real sentido da vida que está muito além das percepções físicas do espaço-tempo absoluto, vamos removendo as “klipot” (cascas) que bloqueiam nossa conexão com esta “Luz” e, assim, encon-tramos todas as respostas às nossas interrogações.

Imagine que essa grande “Alma” seja um imenso “es-pelho mágico” que pudesse refletir todas as nossas ca-racterísticas ainda em Uni-dade. Suponha agora que esse espelho se quebre, fragmentando-se em mi-lhares de pedacinhos de todos os tamanhos e formas possíveis. Cada pedaço individual refleti-ria uma característica ou qualidade diferente de nossa natureza como um todo.

O que acontece, então, a partir daí? Todas as pessoas que estão em nossa vida, todas as situa-ções positivas e negativas, obstáculos que temos que confrontar, todas as coisas que interpreta-mos como certas ou erradas nos outros, serão apenas um outro pedaço daquele espelho mági-co. Cada qual representa um diferente reflexo da nossa própria personalidade total.

Quando trabalhamos e lapidamos um pe-daço específico de personalidade, considerado supostamente negativo, o fragmento do espe-lho refletirá sua característica construtiva e mais

elevada. Em outras palavras, começamos a ver os aspectos positivos nas outras pessoas. As si-tuações começam a mudar para melhor, pois somos todos “espelhos vivos”, reflexos sa-grados uns dos outros.

Tudo em nossa vida está presente por um úni-co motivo – nos dar a oportunidade para trans-formar. A razão é que o ato de transformação nos conecta à “Luz Infinita” que, em troca, nos traz realização. Esta é a única maneira de produ-zir mudanças positivas na vida e no mundo, apa-

rentemente “estranho”, que nos cerca.Pare de desper-

diçar energia des-cobrindo “defeitos” nos outros – mesmo sendo falhas legí-timas. Comece já a transformação lá den-tro de si. Saia imedia-tamente da zona de conforto da vida. Não evite os caminhos mais longos e árduos, pois na grande maioria das vezes são os mais necessários aos nossos propósitos. A Luz será encontrada nas águas voláteis e agitadas da vida, porque é nos ma-res inquietos que se encon-tram as oportunidades e os

gatilhos que ativam nossas melhores respostas rumo ao crescimento espiritual, acelerando as-sim a chegada da era messiânica.

Durante alguns momentos, tudo fica bastan-te turbulento (especialmente no ego) só para nos testar e ver do que somos feitos. Mas se permane-cemos convictos de que tudo não passa de uma provação e não reagimos, os mares se acalmam bem rapidamente. E é neste momento que iremos conhecer o verdadeiro poder da vida e experimen-tar essa “Luz” extraordinária, que tem tentado nos alcançar e dar tudo que já foi desejado desde aquele primeiro instante de ruptura do espelho.

Concluindo, a Cabalá nos ensina que a reali-dade é como um espelho. Olhe diretamente para um espelho e sorria, e a imagem sorri de volta, simultaneamente. Mas se realizamos uma ação negativa em nosso mundo, o espelho reflete, do mesmo modo, essa energia negativa.

Tudo o que almejamos que a vida nos ofereça só depende de nós mesmos. O poder de escolha está efetivamente em nossas mãos!

Que tal, então, “REFLETIR” um pouco mais sobre suas escolhas e atitudes na vida? Pois, assim dizia uma das máximas do grande sábio Hillel: “Se eu não for por mim, quem o será? E se sou somente por mim, quem sou eu? E se não agora, quando?”.

Shalom veSimchá (Paz e Alegria!)

Cabalá, vivendo em luz

Tudo em nossa vida está pre-

sente por um único motivo –

nos dar a oportunidade

para transformar.

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Vale a pena ler

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Maiko Pedroso

1– Plenitude Mediúnica – João Nunes Maia – Ditado pelo Espírito Miramez, Ed. Espírita Fonte Viva, RJ, 2002.2– Puer-Senex – Dinâmicas Relacionais – Dulcinéia da Mata Ribeiro Monteiro, Ed. Vozes, RJ, 2008.3– Materializações Luminosas – Rafael A. Ra-nieri, Ed. LAKE, SP, 2003.4– Consciência – Robson Pinheiro – Casa dos Espíritos, RJ, 2007.

Este ultimo livro citado constitui-se em um relevante recurso de esclarecimento e enri-quecimento para aqueles que se interessam

pelos estudos voltados para o processo mediú-nico, em suas múltiplas implicações intelectuais, emocionais, morais e técnicas; pois, entende-se que este tema deve ser tratado com grande atenção e seriedade, face à sua importância em relação ao nosso auto-conhecimento.

Trata-se de um livro psicografado por Robson Pinheiro, sob a orientação do espírito de Joseph Gleber, que, em sua última encarnação (1904-1942), viveu na Áustria. Graduando-se em Física pela Universidade de Viena, posteriormente uniu-se às grandes inteligências da sua época, para desvendar os segredos da energia nuclear.

Na 2ª Guerra Mundial, Joseph, ao ser inter-nado em um laboratório especial, à semelhan-

ça de seus outros colegas, assumiu a responsabilidade por determinada área de pesqui-sa. Naquela época, ignorava os objetivos escusos e belicosos de Adolf Hitler. Porém, depois de perce-ber a intenção de se produzir, através dessas pesquisas, artefatos para a guer-ra, a partir da energia atômica, após muito meditar, concluiu que não deveria juntar seus esforços e conhecimentos na materialização de um projeto tão ameaçador ao direito de viver da criatura humana. Ao ser descoberto em suas in-tenções, Hitler o condenou a ser cremado junto a sua mulher e filhas, fato este ocorrido em abril de 1942.

O livro é escrito sob a forma de perguntas e respostas; perguntas estas feitas por diversos médiuns e respondidas pelo espírito de Joseph Gleber.Trata-se de diversas temáticas pertinentes ao desenvolvimento mediúnico, tais como o de-senvolvimento dos diferentes corpos do homem, as questões relativas às obsessões complexas, ao animismo, a apometria, a ectoplasmia e outros, considerados de real relevância para uma me-lhor compreensão das faculdades psíquicas do homem, no sentido de melhor prepará-lo para quando as mesmas eclodirem, tornando-o equi-librado e apto para educá-las, aprendendo a utilizá-las de forma harmônica e solidária.

““ Construí amigos, enfrentei derrotas, venci

obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe: Não tenho medo de vivê-la. (Augusto Cury)

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10 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Bhagavad-Gita, canção divina

Marcelo Patury

O maior objetivo da Bhaga-vad-Gita é nos ensinar a ser-mos felizes. E quem não quer ser feliz?

O que difere a busca de cada um é onde buscamos essa tal felicidade. Nenhuma busca é er-rada; ela está apenas associada ao grau de consciência espiritu-al de cada um. Por isso, toda a literatura Védica é dividida em duas seções. A primeira, Kar-ma Kandha, destina-se aos que buscam a felicidade na realiza-ção dos desejos pessoais. Assim, se entendermos que ser feliz está definitivamente vinculado a termos saúde, dinheiro, bons parceiros amorosos, boa família, bom empre-go, entre outros, os Vedas, nesta primeira fase, nos oferecem rituais, mantras, ensinamentos e um conjunto de técnicas para que possamos alcançar cada um desses objetivos.

Mas, será esta a verdadeira felicidade?Claro que o esforço que fazemos para atin-

girmos nossas metas é importante! O erro está em associarmos a nossa felicidade ao suces-so e a nossa infelicidade ao fracasso destes empreendimentos. Se assim for, nosso estado de espírito será tão instável quanto a alternân-cia do bom e do mau tempo. Se construirmos algo tão precioso como a nossa felicidade sobre alicerces tão instáveis como esses, assumiremos interiormente esta mesma natureza de instabili-dade. Ora estaremos felizes, ora infelizes; e mais tarde, felizes de novo; e então, infelizes nova-mente. É isso que queremos?

A segunda seção dos Vedas, Yñana Kan-dha, destina-se aos que já se cansaram de viver a felicidade temporária e buscam algo maior. A Yñana Kandha nos mostra que associarmos a nossa felicidade à realização de nossos planos pessoais nada mais é que um vínculo inadequa-do com o nosso próprio ego. Fazemos isso por ignorância. E vamos permanecer na ignorância

até quando quisermos. Ninguém é capaz de nos tirar deste aprisionamento ao ego a não ser nós mesmos. Podemos até ter ajuda, mas a decisão, o senti-mento e a ação neste sentido são exclusivamen-te pessoais.

O “mundo” do ego é tentador, porque, afinal de contas, quem não quer desfrutar do prazer de ter as suas metas realizadas? Mas, a Bhagavad-Gita nos ensina que a Verdadeira Felicidade é aquela que é Eterna, ou seja, que permanece plena, tanto no sucesso como no fracasso de nossos planos egocêntricos. A Felicidade Eterna não se baseia no que é tempo-rário, mas no que é Eterno.

Não tenho a pretensão de desenvolver neste pequeno artigo os ensinamentos para se trilhar o caminho da Verdadeira Felicidade. Eu sirvo, ministrando um curso sobre a Bhagavad-Gita, no qual são elucidados, passo a passo, ensina-mentos, técnicas e exercícios para atingirmos a Felicidade com “F” maiúsculo.

Esses estudos acontecem na Casa de Padre Pio - Rua Assunção, 297 - às quartas-feiras, às 19:30h. Não precisa se inscrever previamente. Basta chegar e se sentar!

Mas, a decisão de ser feliz cabe a cada um.

Felicidade com “F” maiúsculo

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EMF BALANCING TECHNIQUETécnica de Equilíbrio do Campo Eletromagnético

Entrevista realizada com Angélica Madeira, por Denise Cristina R. Gomes

O que é a EMF BALANCING TECHNIQUE?R: Primeiramente, o significado desse nome

Eletric Magnetic Field (EMF) Balancing Technique é Técnica de Equilíbrio do Campo Eletromag-nético. É uma técnica que purifica e calibra o nos-so campo energético, visando o reequilíbrio do corpo físico. Dessa forma, a pessoa que se sub-mete a essa terapia vivencia agradáveis sensações de bem-estar, equilíbrio, liberdade e paz, chegan-do a amenizar e, muitas vezes, até a solucionar casos de doenças, dores agudas ou crônicas.

Como isso ocorre?R: Para que possamos entender um pouco

mais essa técnica, aparentemente simples em sua prática, mas muito profunda e abrangente em sua teoria, precisamos saber e aceitar alguns princípios comuns aos diferentes processos ou terapias energéticas:

O• homem apresenta um campo sutil, constituído por energias eletromagnéti-cas, ao redor e envolvendo o seu corpo físico, denominado pela americana Pe-ggy Dubro, curadora energética criadora dessa técnica, de “Malha de Calibração Universal - MCU”.

Essa malha é constituída por fios invisí-•veis condutores de energia sutil, etérea, conectados aos chacras, vórtices ativado-res dessa energia, responsáveis pelo nos-so estado de equilíbrio energético físico, mental, afetivo-emocional e espiritual.

Face ao nosso estilo de vida (alimentação, he-• reditariedade, qualidade dos nossos pensa-mentos, emoções e ações, assim como o sur-gimento de vícios ou doenças), ou a situações de sofrimento provocadas em nosso passa-do, podem ocorrer bloqueios energéticos em nosso corpo sutil, ocasionando-nos dores e desequilíbrios orgânicos e emocionais.

A estrutura da malha é de 12 fibras verticais: 3 anteriores (frente), 3 posteriores (costas) e 3 em cada lateral do nosso corpo, ao longo e a 60 cm do nosso corpo físico, que se convergem e encontram-se a 60 cm acima da cabeça e abai-xo dos pés. As fibras anteriores correspondem ao potencial humano, isto é, referem-se aos nossos talentos profissionais e intelectuais ainda não desenvolvidos (sonhos, desejos, intenções, cria-tividade), que podem ser trazidos para o agora, não tendo necessidade de esperar pelo tempo

em que esse potencial se re-alizará. Já as fibras poste-riores referem-se aos fatos passados, tais como os padrões hereditários, carac-terísticas genéticas, habilidades laten-tes, traumas e his-tóricos de nossas vidas passadas; finalmente, as fi-bras laterais são pertinentes às nossas atitudes relacionadas ao nosso “aqui e agora” e ao equilíbrio do “dar e receber” em nosso existir.

Angélica, qual seria o papel do terapeuta nesse processo?

R: O terapeuta, nesta abordagem, exerce a função de facilitador deste processo, ao cana-lizar a energia dourada, disponível no universo, que, de acordo com os estudos e experiências de Peggy Dubro, teria basicamente como fun-ção dissolver os bloqueios energéticos presentes na “Malha”, fazendo com que essa energia libe-rada volte a circular, fortalecendo a MCU.

A energia dourada é utilizada nas primeiras 3 etapas desse processo. Após essas 3 fases, é introduzida, na terapia, a energia platinada que, sendo mais sutil, visa atingir camadas mais pro-fundas da malha. A terapia completa totaliza 8 sessões, com duração aproximada de 1 hora cada. Com a Malha de Calibração Universal equilibrada, vem-se constatando o aumen-to da sensibilidade e consciência daqueles que participam desse processo, tanto te-rapeutas, quanto clientes, passando a se perceberem de uma forma mais madura e consciente, melhorando tanto as suas vidas afetivas quanto a familiar e a profissional.

Cabe aqui lembrar que a restauração des-sa malha funciona também como um “escudo energético protetor“ de alta eficácia, nos dias tão conturbados que hoje vivemos. Vale, entre-tanto, ressaltar que essa terapia não substitui o aconselhamento médico.

Angélica Madeira - Terapeuta de E.M.F. [email protected] ou tels: (21) 2493.5418 / 9392.6839

Terapias Energéticas

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Portal da Gratidão

Lucia Pires

Quando me convidaram para escrever so-bre gratidão, pensei: “Nossa! Tenho tan-to que agradecer, que nem sei por onde

começar!”Em primeiro lugar, gostaria de agrade-

cer a Deus, aos meus pais e à minha família por ter tido a oportunidade de viver, pois considero a vida o nosso mais precioso pre-sente divino.

Comecei, então, a relembrar a minha histó-ria de vida: os auxílios recebidos que considero verdadeiras dádivas do plano espiritual; as difi-culdades que tive de enfrentar, principalmente, em minha infância e juventude. Hoje, posso percebê-las como desafios que me incitaram a superá-las, induzindo-me a crescer, tanto psi-cologicamente quanto espiritualmente. Então, vieram-me à mente cenas claras e nítidas dos meus professores, das minhas colegas de esco-la, assim como nossas conversas, nossos sonhos, nossos desejos, nossas aflições próprias da fase que vivenciávamos. Então, pouco a pouco, em minha tela mental, foram surgindo as transfor-mações provocadas pela vida: pessoas que en-traram e saíram dela, mas que, com o tempo, re-velaram-se como amizades duradouras e outras circunstanciais, restritas ao espaço e ao tempo vividos. Funções e atividades também foram se modificando, “obrigando-me” a buscar o meu aprimoramento como pessoa e profissional.

Hoje, posso perceber, em uma visão retros-pectiva do meu existir, o quanto as dificulda-des enfrentadas ocasionadas pela própria vida e também provocadas por mim contribuíram para a modificação dos meus valores e sentido de vida. Nesse sentido, lembro-me das palavras do escritor cabalista Ian Mecler, em seu livro “A Força“, que aqui transcrevo:

“Por trás de cada grande problema, há sem-pre uma benção proporcional a ser revelada.“

Quanta veracidade pude sentir nessas pala-vras tão simples, mas de grande profundidade!

Como é importante, em nossas vidas, bus-carmos aprender a encarar as dificuldades, não somente como meros problemas a nos desgastarem, impedindo-nos de obter a paz e a felicidade, mas sim como oportunidades de aprendizado e crescimento, que nos são proporcionadas para aprofundarmos e am-pliarmos a nossa visão sobre nós mesmos e o mundo com o qual nos relacionamos!

Face a essa constatação, meu coração se enche de gratidão ao Criador, por poder estar,

pouco a pouco, percebendo o meu “para quê” existencial. Por isso, gostaria de agrade-cer, de forma especial, o significado que a Casa de Padre Pio tem tido nesse processo.

Através dos estudos e atividades que venho desenvolvendo na Casa, observo o quanto tudo isso vem me fazendo refletir e repensar as mi-nhas crenças, verdades, sentimentos e atitudes. Considero que ela é para mim realmente uma “Casa de viver em Deus”, uma escola volta-da para o ensino e a prática de uma educa-ção espiritual, que possa se materializar no cotidiano, pela transformação dos nossos pensamentos, emoções e comportamentos.

Desde o primeiro dia em que aqui pisei, encaminhada pelo plano espiritual, me senti acolhida de uma forma calorosa e amorosa. Tal fato muito me sensibilizou, pois há bastante tempo em meu coração buscava e ansiava por um local onde pudesse encontrar pessoas que se sintonizassem com meus anseios e objetivos como “gente”, isto é, em que eu sentisse que “falavam a minha língua”, que pudessem aco-lher e compreender a minha alma. Buscava en-contrar pessoas afins com os meus propósitos e buscas existenciais.

Apesar de todos sermos ainda muito im-perfeitos na manifestação de nossas carências e mediocridades, posso agora entender um pouco mais que, justamente, nesses aspectos, ao procurarmos compreender, aceitar e aprender a lidar com as nossas diferenças é que vamos, gradativamente, percebendo as nossas semelhanças e interdependência, e assim, vamos nos modificando, melhoran-do a convivência com nós mesmos e com os outros, que passam a ser vistos como a nossa ”família espiritual”. A meu ver, essa é uma das lições que venho aprendendo na Casa de Padre Pio.

Sou e serei eternamente grata a Deus, a Padre Pio e aos espíritos de luz que tra-balham nesta Casa, pois sinto que a minha vida nunca esteve tão plena de graças, de-safios e aprendizagens.

Peço a Deus, através de Padre Pio e dos men-tores espirituais da Casa, que continue sempre “perfumando as nossas almas” com a suave fragrância do amor, expressa na compaixão, no perdão e na solidariedade que todos nós necessitamos ante as nossas dificuldades.

È longo o caminho a ser percorrido, e não podemos esquecer que muito há ainda para ser feito, ao nos propormos percorrê-lo...

Gratidão, o “perfume” de um caminho...

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Poesia, a linguagem da alma

Talvez a vida seja um sonho, Um sonho em que projetamos nossos desejos, Um sonho que imaginamos Como queremos que ela seja. Imaginamos incontáveis formas de amar, Idealizamos estratégias extravagantes, Planos mirabolantes Para o presente, para o futuro... Mal notamos as impossibilidades Nas quais estamos acorrentados: Normas, leis, causas e efeitos... Pouco importa,

sonhamos com a realidade, Fruto das nossas inspirações, Fruto das nossas aspirações, Mas, no fundo, temos uma incapacidade Em lidar com o possível, Em lidar com o possível de ser feito e construído, Porque o possível nos parece pouco Pelo tamanho dos nossos sonhos... Caímos então na armadilha de não enxergarmos Além da fumaça que criamos,

Além da fumaça que os outros criam. Talvez a vida seja um sonho, No qual o grande desafio seja achar O equilíbrio entre o que imaginamos E aquilo que é possível realizar. Talvez a vida seja um sonho, No qual ao morrermos... acordamos, Despertando para a nossa verdadeira essência...

Alexandre Ollivier

TALVEz, UM SONHO...

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14 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Aurora Boreal

As árvores possuem um simbolismo uni-versal, rico e complexo, estimulador da busca de sabedoria.

Constata-se que as árvores estão presen-tes nas imagens primordiais de várias religi-ões, quer seja nas florestas em que os sábios taoistas, budistas e hindus se refugiavam, as-sim como na sabedoria e nas práticas mági-cas dos magos druidas. Assim, podemos sen-tir, em nosso cotidiano, que a presença delas nos traz paz e sossego...

Percebe-se que existe uma relação natural e instintiva entre a árvore e o homem, visualizada até na complementação de suas respirações. Ob-serve que aquele que “medita” pode aprender com as árvores uma sábia e serena imobilidade...

É difícil imaginarmos seres tão benéficos quanto às árvores, pois elas embelezam a paisa-gem, dão sombra, madeira, frutas, flores e ainda servem de refúgio e de abrigo aos pássaros e a outras espécies de animais. Comunicam-se com o subsolo e com a atmosfera, purificando o ar. Atraem as nuvens, regulam as chuvas, estabili-zam o clima e garantem a umidade do solo... Combatem a erosão, evitando também o exces-so de ventos. Porém, para muitos, além das suas funções vitais e práticas, a árvore tem uma forte natureza mágica.

A árvore é universalmente considerada um símbolo do relacionamento entre o céu e a terra. Com sua estrutura vertical – o tronco – ela es-tabelece um eixo simbólico de ligação entre o mundo físico e o mundo divino. Por outro lado, seus galhos, ramos, folhas e frutos reúnem toda uma comunidade de aves, insetos, répteis e pe-quenos mamíferos, o que a torna um símbolo da infinita diversidade da vida.

Cabe aqui relembrarmos que, conforme a tradição judaico-cristã, o Paraíso é visto como um bosque, onde, segundo o Gênesis, II, “Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores for-mosas e boas de comer”. Porém, é relatado que duas árvores se destacavam nesse local sagrado: a Árvore da Sabedoria, que dá o conhecimento do bem e do mal, e a Árvore da Vida, que sim-boliza a imortalidade.

No Bhagavad Gita, livro sagrado do Hinduís-mo, o universo é representado por uma árvore in-vertida, “Asvartha”, cujas raízes saem do céu, en-quanto que as suas folhas e frutos estão na Terra. Ela simboliza a manifestação concreta da vida cós-mica. Constata-se que essa mesma representação

gráfica surge com o nome de Yggdrasil, no fol-clore dos países do norte da Europa.

Do ponto de vista microcósmico, essa árvo-re mitológica representaria cada alma humana, cujas raízes ou origens estariam na eternidade, mas cujas folhas e frutos constituem-se nas ati-vidades práticas do mundo concreto.

Numa visão macrocósmica, essa árvore sim-boliza o universo material como um todo, que surge periodicamente do mistério e do mundo oculto, para florescer em uma vida física e espiri-tual infinitamente variada. Assim, como cada ser humano, cada árvore seria uma miniatura, uma síntese do universo.

Dizem que esse convívio propicia uma maior comunhão do homem com toda a natureza, co-munhão que possibilitaria liberar a alma humana de seu sofrimento... O humilde e silencioso cres-cimento de cada árvore é considerado como um símbolo cósmico da transformação, isto é, “da presença do que é pequeno no que é grande”, assim como, “do que é potencial no que é real”.

É dito que cada espécie irradia influência e vibração próprias. Por exemplo, o espírito do cipreste nos falaria da imortalidade. Já o pinhei-ro, a árvore escolhida para as festas de Natal, constitui-se em outro símbolo da vida espiritual. A acácia representaria a Verdade, assim como o Sicômoro simbolizaria a bondade. Na mitologia greco-romana, o carvalho seria a árvore de Zeus, de Júpiter, pois, face às suas características, sim-bolizaria a Força Divina, considerada como o Eixo do mundo.

A aveleira, cujo fruto é a avelã, representaria a fertilidade, contribuindo para o universo místi-co com a madeira das varinhas mágicas.

Já a figueira e a oliveira simbolizariam a abundância. A figueira também representaria o eixo do mundo, junto com o carvalho. A videira é reconhecida como uma árvore sagrada tanto na tradição egípcia quanto na hebraica, pois se acha associada à Árvore da Vida.

A magia das árvores*

Você Sabia

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A mamona simbolizaria a imprevisibilidade do futuro, ensinando-nos a importância do de-sapego em nosso existir, pois ela nos lembraria que, apesar das aparências, a vida raramente é linear e contínua.

“Todas as plantas buscariam a felicidade”, disse o filósofo Plotino.

E assim, de acordo com a perspectiva esoté-rica, as plantas também estão avançando no sen-tido do desenvolvimento da sua sensibilidade, ou melhor, das “suas emoções”...

*Pedindo a licença e as bênçãos de Carlos Cardoso Aveli-ne nesse texto adaptado de um universo tão rico.

Autor desconhecido

Sonhei um dia que tive uma conversa com o Grande Espírito.

_ Entre! Disse o Grande Espírito. Então, você quer conversar comigo?

_ Se você tiver tempo, eu respondi.O Grande Espírito sorriu e disse:_ Meu tempo é a eternidade e é suficiente

para que eu faça qualquer coisa. O que tem em mente para me perguntar?

_ O que o surpreende mais na raça humana?E o Grande Espírito respondeu:_ Que se aborrecem por ser ainda crianças,

que se apressam em querer crescer e que ainda lamentam por não ser mais crianças. Que perdem sua saúde para conseguir ter dinheiro e então perdem dinheiro para restaurar a saúde. Que, por pensarem de forma ansiosa sobre o futuro, eles se esquecem do presente, de tal forma que não vivem nem para o presente, nem para o futuro. Que vivem como se jamais fossem morrer, e mor-rem como se jamais tivessem vivido.

As mãos do Grande Espírito apertaram as minhas e permanecemos em silêncio por al-guns instantes.

Então, eu perguntei:_ Quais são as lições que as crianças devem

aprender para quando tiverem seus filhos?E o Grande Espírito com um sorriso respondeu:

_ Aprender que não podem fazer alguém pas-sar a amá-los. O que eles podem fazer é deixar a si mesmos serem amados. Aprender que a pessoa rica não é aquela que tem o máximo possível, mas aquela que necessita do mínimo. Aprender que le-vam apenas alguns segundos para se abrir feridas profundas nas pessoas que amamos, e que levam muitos anos para as curarmos. Aprender que há pessoas com o poder de amar intensamente, mas que simplesmente, não sabem como expressar ou mostrar seus sentimentos. Aprender que duas pessoas podem olhar para uma mesma coisa e vê-la de modo totalmente diferentes. Aprender que nem sempre basta que eles sejam perdoados pelos outros, e sim que eles devem saber como perdoar a si mesmos.

Sentei-me ali por algum tem-po, apreciando aquele momento. Agradeci a Ele por Seu tempo de-dicado a mim e por tudo que sei que Ele tem feito por mim e por minha família.

Ele respondeu :_ Não tem o que agradecer.

Sempre estou aqui com você, 24 horas por dia. Tudo o que tem a fazer é me perguntar suas dúvi-das e sempre lhe responderei.

Histórias Eternas

Meu encontro com o Grande Espírito

“ A suprema felicidade da vida é a convicção de ser amado por aquilo que você é, ou melhor, apesar daquilo que você é.” Victor Hugo

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16 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Religare

101 anos de umbanda

Maiko Pedroso

Há quase 101 anos, no dia 15 de Novem-bro de 1908, numa sessão da Federação Espírita em Niterói, dirigida por José de

Souza, compareceu um jovem de 17 anos, chamado Zélio Fernandino de Moraes, que havia restabelecido sua saúde, no dia anterior, de uma moléstia, uma paralisia inexplicável, que os médicos da época não conseguiram identificar. No entanto, certo dia, levantou ele da cama e disse: “Amanhã estarei curado”. En-tão, a família aceitou a sugestão de um amigo, que havia se oferecido para acompanhá-los à Federação Espírita Kardecista.

Em seguida, Zélio foi convidado a participar da mesa; entretanto, sentiu-se constrangido e deslocado em meio àquelas pessoas e acabou criando um pequeno tumulto, pois sem saber por que, ele disse: “Falta uma flor nesta casa, vou buscá-la”. Apesar de ser aconselhado não se levantar, ele o fez, assim mesmo, e voltou com uma flor, e a colocou no centro da mesa. Harmonizado o ambiente e iniciada a sessão, logo se manifestaram espíritos que se diziam de índios e escravos. O dirigente pediu que se retirassem; nesse momento, Zélio percebeu ser dominado por força estranha e escutou sua pró-pria voz indagar por que não eram aceitas as mensagens dos negros e dos índios, e se eles eram considerados atrasados apenas pela cor e pela classe social. Esta observação causou cer-ta celeuma, os dirigentes buscavam doutrinar o espírito que se manifestava; em seguida, foi pedido que a entidade se identificasse, já que à vista dos videntes mostrava-se envolvida por uma aura de luz.

E a resposta veio: “Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que, amanhã (16 de novembro), estarei na casa de meu aparelho, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, as-sim, cumprir a missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humil-des, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencar-nados. E se querem saber meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados.” O vidente retrucou com ironia: “Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?” E o espírito dis-se: “Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei”. No dia seguinte, na residência da família Mo-raes, na hora marcada, às 20h00, já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para

comprovarem a veracidade do que fora declara-do na véspera; estavam os parentes mais próxi-mos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos.

Manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzi-lhadas, falou que naquele instante começava um novo culto, em que espíritos de africanos que outrora foram escravos e que não se sen-tiam afinados com a atuação das seitas negras, já modificadas e deturpadas para realização de trabalhos de magia negra, e os índios nativos do Brasil poderiam trabalhar em prol de encar-nados, qual fosse sua cor, raça, credo e nível social.

O Caboclo das Sete Encruzilhadas fixou regras de como se processaria o culto: seriam chamadas sessões os períodos de trabalho es-piritual, os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito. Nesse momento, nomeou também o movimento reli-gioso que começava: UMBANDA.

Fundava-se então a nova casa de trabalho com o nome de Nossa Senhora da Piedade. A partir daí, o Caboclo das Sete Encruzilhadas co-meçou a atuar incessantemente para a difusão e esclarecimento sobre a Umbanda.

Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, atendendo a ordens do Astral Superior, recebeu a missão de fundar sete tendas para divulgação da Umbanda. As tendas receberam os seguintes nomes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge e Tenda Espírita São Jerônimo.

Zélio Fernandino de Moraes não fez da reli-gião sua profissão. Continuava a trabalhar para o sustento da família. Políticos, industriais e mi-litares, que recorriam ao trabalho mediúnico de Zélio para a cura de parentes enfermos, obten-do êxito, logo buscavam retribuir a graça através de presentes ou preenchendo cheques vultosos. “Não os aceite. Devolva-os”, ordenava sempre o Caboclo. PP

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Silêncio, a voz de Deus em nós

Espiritualidade e Vida

Regina Pinheiro

“Deus é amigo do silêncio. A sua linguagem é o silêncio. Fique em silêncio e saiba que

Eu Sou Deus”. Madre Teresa de Calcutá, Tudo começa com a Prece

Todos queremos alcançar a felicidade. A meta primordial da vida de todos os ho-mens é atingir a plenitude, a paz completa.

No entanto, procuramos na balbúrdia exterior alguma coisa que traga a paz, a alegria. Os pra-zeres, a riqueza, a beleza, a juventude, o poder, são passagens ilusórias de felicidade, não a Feli-cidade completa.

Diz a lenda que quando Deus e os Anjos cria-ram o homem e a mulher procuraram alguma coisa para tirar deles, a fim de que não fossem criados já perfeitos, mas que desse motivação para que lutassem na busca de sua perfeição. Escolheram retirar a Felicidade. Como escon-der a felicidade dos homens? Como criaram os homens e as mulheres com força, inteligência e curiosidade, não poderiam esconder em qual-quer lugar, pois o homem descobriria um instru-mento capaz de levá-lo facilmente ao objetivo, encontrando a Felicidade sem fazer muito esfor-ço. Resolveram, então, colocar a Felicidade onde os homens não desconfiassem – colocaram-na em seu próprio coração. Assim, se o homem não procurasse conhecer o seu interior, não encontra-ria a Felicidade.

Muito bem, o alvo está revelado, mas e o roteiro?

Como falamos anteriormente, no exterior, há muito barulho, dispersões, seduções, que nos desviam da meta - alcançar a Felicidade. Pensamos que só seremos felizes se... quando... e vamos condicionando a nossa Felicidade a pe-quenos encontros do lado de fora.

Que tal pensarmos numa pequena excursão para dentro de nós?

Para isso, precisamos de momentos só nossos, onde ficaremos em silêncio, ouvindo o som de nosso coração nos orientando nes-ta jornada.

À medida em que silenciamos, vamos encon-trando a paz, a tranquilidade, para podermos conversar com o nosso EU.

Este momento de silêncio pode ser uma prece íntima, uma prece para o encontro com a nossa morada interior, onde guardamos a ener-gia divina, que nos acompanha desde que fomos criados. É Deus em nós. Voltando ao que disse nossa gloriosa Madre Teresa de Calcutá, apren-demos que a voz de Deus fala com você através de sua prece silenciosa, sem exteriorizações ba-rulhentas, floreadas, ornamentadas. Comunica-ção simples, de fácil acesso para todos nós, sem prioridades, sem preconceitos.

Experimente, fique em silêncio e sinta a ma-ravilha que existe dentro de você, energia que irá guiar seus passos na direção reta, superando obstáculos que antes pareciam intransponíveis. Desta forma, vamos sendo orientados para o grande encontro tão almejado por todos – com a Felicidade. PP

“Não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador.

Confúcio

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18 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Reflexões

Denise Cristina R. Gomes

Através dos tempos, o homem sempre teve dificuldade em perdoar, embora, hoje, se comprove a grande importância do per-

dão para a nossa saúde e equilíbrio psíquico; pois o ato de perdoar contribui para a redução da depressão, da cicatrização das mágoas em relacionamentos, melhorando a nossa conexão espiritual. Face a tudo isso, por que encontra-mos tantas dificuldades em perdoar?

Em nosso cotidiano, ficamos alegres quando conseguimos algo que almejávamos, assim como nos sentimos infelizes, quando somos obrigados a vivenciar perdas. Geralmente, temos muitas dificuldades para conseguirmos lidar com a frus-tração de nossos sonhos e anseios, expressas em perdas afetivas, financeiras, de saúde, de poder, etc. Assim, reagimos através da não aceitação do que nos acontece, indagando-nos: Por que isso aconteceu comigo? Esse pensar nos pro-voca sentimentos de raiva, tristeza, depressão, mágoa, dor, culpa, desânimo, solidão, pena, insegurança, inveja, impotência, desespero, re-volta e medo.

Nessas ocasiões, nos encontramos frente a frente com um grande desafio: aprendermos a lidar com a nossa crise existencial. Ao não aceitarmos as nossas perdas, a centelha do amor, essência da vida, degenera-se em nossa alma,

face aos sentimen-tos negativos

v i venc i a -dos. É aí

que surge a necessidade de aprendermos a perdoar a nós mesmos e ao outro, como uma forma de resgate do nosso equilíbrio e bem-estar. Porém, nesses momentos, isso nos parece impossível de ser feito. È comum não percebermos que o perdão seria a li-bertação do nosso sofrer. Infelizmente, acre-ditamos que perdoar seria esquecer ou eximir o outro do efeito das suas ações, desculpando-o. Nesse pensar, ao perdoar, estaríamos negando tudo de doloroso que vivenciamos. Não sa-bemos que o perdão é pertinente à nossa própria cura e não à do outro; que perdoar implica em recuperarmos o poder sobre a nossa vida, ao assumirmos a responsabili-dade pelo nosso sentir, ao nos recusarmos a querer ser “vitimas” e sim ”heróis” de nossa vida. Assim, perdoar implica em tomarmos a decisão de não mais querermos ficar pre-sos ao nosso passado, ao reconhecer que não podemos mudá-lo. Portanto, perdoar constitui-se em um ato de vontade, que preci-sa ser aprendido e exercitado.

O Dr. Fred Luskin, psicólogo da Universidade de Stanford (USA), responsável pelo desenvol-vimento de projetos sobre o perdão em todo o mundo, destaca que, para aprendermos a per-doar, necessitamos aprender a elaborar as nos-sas mágoas. Para isso, inicialmente, precisamos assumir a responsabilidade sobre o nos-so sentir, isto é, não delegar aos outros essa atribuição que é nossa, proveniente das nos-sas expectativas, crenças, sentimentos e ações. Sempre tecemos expectativas face ao que nos

acontece. Porém, o autor sinaliza que exis-tem expectativas executáveis e expecta-

tivas não executáveis. As executáveis dependem dos nossos esforços para se concretizarem, enquan-to que as não executáveis in-dependem de nós. Por exemplo, posso amar alguém e, por isso, ter me dedicado muito a essa pessoa.

Porém, não posso exigir que ela corresponda ao meu sentimen-to, agindo conforme as minhas expectativas. Pensando assim,

estou pautando a minha ação em cima de expectativas não exe-

cutáveis. Dessa forma, caso o outro não corresponda ao que espero, fico

com raiva, revoltado, triste, res-sentido, magoado, ao me

sentir incompreendido.

Perdoar, uma “aprendizagem” de toda uma vida...

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19

Procuremos agora nos lembrar de uma si-tuação de sofrimento, na qual não perdoamos a quem nos fez mal. Observemos que falamos dessa situação como se ainda a estivéssemos vi-vendo, embora ela possa ter ocorrido há muito tempo. Perceberemos que, na raiz da nossa má-goa, encontramos, de uma forma camuflada, expectativas não executáveis. O tamanho do nosso ressentimento torna-se proporcional ao grau de proximidade afetiva que tínha-mos ou esperávamos ter com a pessoa que nos feriu, assim como varia de acordo com as circunstâncias em que nos vemos envol-vidos, sem o querer.

Podemos constatar que gostaríamos de ter evitado a situação, controlando os acontecimen-tos. Nesses momentos comuns a nós, seres hu-manos, expressamos as nossas necessidades de controle e onipotência, ao querermos que os fa-tos ocorram conforme desejamos, o que implica em pensarmos que a vida deve girar em torno do que achamos. O nosso orgulho e vaidade, mani-festos em nossa inaceitação dos fatos, tendem a nos “cegar” e, assim, artifícios são criados pelo nosso ”ego”, para nos defender da percepção das nossas próprias dificuldades. Dessa forma, podemos passar toda uma existência “encarce-rados” psicologicamente e espiritualmente em nosso passado, ao culpabilizarmos o outro ou a nós mesmos pelo acontecido.

Em um segundo estágio para a elaboração da mágoa, precisamos também querer sair da posição de “vítimas”, percebendo-nos como “heróis” de nossas estórias. Tem-se ob-servado que atrás de todo ressentimento existe sempre, expresso ou latente, uma culpabilização em relação ao outro ou a nós mesmos, na qual sempre desempenhamos o papel de “vítimas”. Assim, não vemos que, quando nos autopu-nimos, além de vítimas, nos tornamos algo-zes de nós mesmos.

Finalmente, para elaborarmos as nossas má-goas, precisamos equilibrar o lado pessoal do sofrimento com o seu lado impessoal. O que seria isso? Quando sofremos, tendemos a nos tornar, por mecanismos de defesa, mais auto-centrados ao encararmos os fatos, só pelo nosso ponto de vista. Quando conseguimos ver que não somos os únicos a passar por aquele so-frimento, passamos então a perceber o lado impessoal do sofrimento. Por isso, os grupos de auto-ajuda auxiliam as pessoas que neles in-gressam, pois elas começam a ver que não são

as únicas a terem aquele sofrimento. Através da troca de experiências, vão aprendendo a impor-tância da forma como lidam com os fatos que lhes geram dor, pois a vida é o que é.

Ao vivenciarmos e refletirmos sobre esses aspectos, passamos a entender que o ato de perdoar depende da nossa vontade, do nos-so empenho em querer fazê-lo. Compreen-demos que as nossas dificuldades em perdoar estão diretamente relacionadas ao quanto colo-camos de nosso (anseios, aspirações, desejos e projetos) no outro; e que, para nos libertarmos do sofrimento gerado pela mágoa, precisamos nos conscientizar da vital importância de res-gatarmos o que é nosso, que foi colocado no outro e que ainda se encontra em seu poder, acorrentando-nos a lembranças ruins do vivido. Nesse momento, surge-nos uma indagação, nos incitando à reflexão:

- Queremos realmente nos curar ao de-cidirmos que não queremos mais viver no presente as agruras do passado?

É muito comum ficarmos atados à crença errônea de que perdoar seria dar o nosso aval às coisas erradas que nos fizeram. Precisamos perceber que o ato de perdoar é uma con-dição pertinente a nós mesmos, e não ao outro, pois ela representa a nossa libertação de um passado sofrido. Assim, o outro nem precisa saber que foi perdoado.

Portanto, hoje, de acordo com os estudos

mais atuais sobre o perdão, entende-se que per-doar significa resgatar a nossa vida, para ex-perenciarmos, com prazer, alegria e esperan-ça, novas oportunidades de crescimento e felicidade. E isso é, certamente, uma apren-dizagem para toda uma vida...

Denise Gomes | psicóloga, profa universitária [email protected]

Ao não aceitarmos as nos-

sas perdas, a centelha do

amor, essência da vida,

degenera-se em nossa

alma, face aos sentimentos

negativos vivenciados.

PP

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20 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Prece

SENHOR,NESTE MOMENTOEM QUE PROCURO ME UNIR A TI,PEÇO, COM HUMILDADE,QUE EU POSSA ADQUIRIR CORAGEM, PACIÊNCIA E FLEXIBILIDADE,PARA SUPERAR OS DESAFIOS DO MEU EXISTIR,SEM ABRIGAR AMARGURAS E REVOLTAS EM MINHA ALMA.AUXILIA-MEA ACEITAR AS PROVAS QUE HOJE VIVENCIO,COM DETERMINAÇÃO E CONFIANÇA EM TUA PROVIDÊNCIA,ASSIM COMO AQUELAS QUE AINDA POSSA VIR A ENFRENTAR.AUXILIA-MEA TER MAIOR DISCERNIMENTO ANTE AS DÚVIDAS E INCERTEZAS,QUE, POR VEZES, SURGEM EM MINHA MENTE,TUMULTUANDO O MEU CORAÇÃO.ILUMINA OS MEUS PENSAMENTOS,PARA QUE POSSA PERCEBERE ACEITAR AS MINHAS DIFICULDADES E FALHAS,NÃO DELEGANDO AOS OUTROS AS MINHAS RESPONSABILIDADES SOBRE ELAS. AUXILIA-MEA DESENVOLVER SINCERIDADE, FIRMEZA E PERSISTÊNCIA,PARA ME TORNAR UMA PESSOA MELHOR. SENHOR, TE AGRADEÇO POR TODA AJUDA RECEBIDA,TANTO NOS MOMENTOS BONS E FELIZES,ASSIM COMO NAS SITUAÇÕES DIFÍCEISPOR MIM VIVENCIADAS.POIS, MESMO QUANDO POR VEZESPENSO QUE NÃO ME ATENDES,SEI EM MEU ÍNTIMOQUE BEM SABES O QUE É MELHOR PARA MIM.AGRADEÇO TAMBÉMAO MEU ESPÍRITO GUARDIÃO,AOS MEUS AMIGOS ESPIRITUAIS QUE,OCULTOS NO SILÊNCIO DO ANONIMATO,PROCURAM ACOMPANHAR-ME,BUSCANDO SEMPRE ME INSPIRAR NO ATENDIMENTO ÀS MINHAS NECESSIDADES MATERIAIS E ESPIRITUAIS.AGRADEÇOAOS MEUS ANCESTRAIS, PARTE DE MIM MESMO,PELA EXISTÊNCIA QUE HOJE USUFRUO.A ELES DIRIJO TODA A MINHA COMPREENSÃO, GRATIDÃO E PERDÃO,AO SABER QUE, COMO EU,ELES AGIRAM DE ACORDO COM O ENTENDIMENTOQUE TINHAM DE SI MESMOS, DOS OUTROS E DA VIDA.QUE A LUZ DE DEUS,EM SUA GRANDEZA E MISERICÓRDIA, POSSA ILUMINAR A MINHA CAMINHADA,NO PLANO EM QUE ESTIVER,TRAZENDO PARA MIM, MEUS ANCESTRAIS E DESCENDENTES,DISCERNIMENTO, GRATIDÃO, ALEGRIA E PAZ.QUE ASSIM SEJA! Denise Cristina