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1 Rio de Janeiro:: dezembro 2009 - Janeiro/ fevereiro 2010 :: nº 09 Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio de Pietrelcina Luiz Augusto de Queiroz A Graça tem sido o tema maior de nossa bus- ca espiritual na Casa de Padre Pio. Viver em Deus, esse é o lema da nossa Casa querida, que queremos também que seja escola ! Sem fechar definições para o que seja Graça – e já temos visto e estamos vendo em artigos de companheiros nossos o quão ricos e multifa- cetados são os conceitos atrelados a esta palavra tão bela e simples – poderíamos dizer que Viver em Deus é viver na Graça ! Entretanto, a conceituação de Graça nos foge teimosa ao intelecto. Como substantivo, possui uma substância de riqueza infinita; sin- gular, pode ser pluralizada em “graças” que ansiamos receber, esquecendo de pedir e tantas vezes de agradecer. Mas, quando falamos em Viver na Graça, referimo-nos ao encontro com o Estado Divino primordial, o Deus em Nós, oculto em nosso ínti- mo pela fragmentação egoica, daquilo que não pode em verdade ser fragmentado. Esse estado nos faculta, mesmo quando somente pressen- tido numa libertação de uma série de “cadeias de eventos” que nós mesmos (EGO) criamos na aurora dos tempos. Essa cadeia complexa, não linear de ações e reações, estruturada numa lei de julgamento, fez surgir os universos e os seres (entre eles nós !) que vivem sob o jugo pesado do EGO; e onde tudo o que é semeado é colhido ceitil por ceitil, na dualidade do conhecimento do BEM e do MAL. Se, após pressentido o estado da Graça, bus- carmos intensamente nele adentrar, penetrar para, enfim, Nele viver plenamente, vamos aos poucos recuperando a condição primordial que nos unifica ao Mistério do Divino. Com isso, reconstruímos o universo particular em que vive- mos e vamos nos tornando canais para que esse universo vá se expandindo em todas as direções, afetando outros seres. O estado da graça, uma vez alcançado, nos liberta da fieira de ações e reações expressas nos diversos espaços-tempo (físicos e ultra-físicos), significando que vão de- saparecendo de nossas vidas todo tipo de reflexo que criamos no passado; e, como esses reflexos são em sua maioria expressos sob a forma de dor, doenças, sofrimentos, carências, mágoas e ódios, isso significa que nossa vida vai sendo recriada por nós próprios, herdeiros do Divino que somos. Só que a Graça (ou o Estado da Graça), para ser pressentido e alcançado, demanda um esfor- ço de nossa parte, pois sem trocadilhos, a Graça não é gratuita ! Esse “esforço”, entretanto, não custa muito esforço. O Cristo em Jesus nos deu um roteiro seguro e luminoso, ainda que tão mal interpretado para chegarmos lá. Vejamos: O Amor cobre a multidão dos pecados; A quem muito ama muito se perdoa; Perdoai para que o Pai perdoe as vossas ofensas; Orai pelos vossos inimigos e pelos que vos odeiam; Não julgueis para não serdes julgados. É tão clara a proposta ! Se fizermos assim, o Senhor nos encontra e habita em nós e nós Nele, de tal modo que a multidão dos nosso pecados (ou karmas) é fulgurada pelo fogo do Espírito. Mas, devemos nos movimentar para sa- cudir a poeira dos hábitos e condicionamentos milenares que nos fazem seres automáticos, a reagir sem parar, devolvendo na mesma moeda ou de forma mais intensa tudo o que nos ofen- de ou magoa. Julgando, criticando, condenan- do e depois, numa atitude totalmente insana, esperando receber da Vida, abundância, com- preensão, saúde e felicidade, enfim ! O primeiro “insight”, quando pressentimos a Graça, é perceber que temos sido loucos ador- mecidos ! Feito esse esforço, as respostas che- gam, os olhos se abrem. Temos que ter a cora- gem de estender a mão direita e doar, sem que a mão esquerda, viciada pelo ego, que só quer receber para si, saiba e nos impeça pelo medo da perda de doar. Se fizermos dessa forma, a vida se encarregará, seja pela lei do karma ou, quando tivermos o Amor como base de tudo, pela LEI DA GRAÇA, de fazer a mão esquerda receber tudo o que sempre foi nosso, e que a ilusão da separação (o pecado original) nos fez esquecer e, em seguida, perder. Viver na Graça é viver em Deus ! Editorial PP

9 Essencia De Luz

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Jornal da Associação Padre Pio

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Rio de Janeiro:: dezembro 2009 - Janeiro/ fevereiro 2010 :: nº 09

Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio de Pietrelcina

Luiz Augusto de Queiroz

A Graça tem sido o tema maior de nossa bus-ca espiritual na Casa de Padre Pio. Viver em Deus, esse é o lema da nossa Casa querida,

que queremos também que seja escola !Sem fechar definições para o que seja Graça

– e já temos visto e estamos vendo em artigos de companheiros nossos o quão ricos e multifa-cetados são os conceitos atrelados a esta palavra tão bela e simples – poderíamos dizer que Viver em Deus é viver na Graça !

Entretanto, a conceituação de Graça nos foge teimosa ao intelecto. Como substantivo, possui uma substância de riqueza infinita; sin-gular, pode ser pluralizada em “graças” que ansiamos receber, esquecendo de pedir e tantas vezes de agradecer.

Mas, quando falamos em Viver na Graça, referimo-nos ao encontro com o Estado Divino primordial, o Deus em Nós, oculto em nosso ínti-mo pela fragmentação egoica, daquilo que não pode em verdade ser fragmentado. Esse estado nos faculta, mesmo quando somente pressen-tido numa libertação de uma série de “cadeias de eventos” que nós mesmos (EGO) criamos na aurora dos tempos. Essa cadeia complexa, não linear de ações e reações, estruturada numa lei de julgamento, fez surgir os universos e os seres (entre eles nós !) que vivem sob o jugo pesado do EGO; e onde tudo o que é semeado é colhido ceitil por ceitil, na dualidade do conhecimento do BEM e do MAL.

Se, após pressentido o estado da Graça, bus-carmos intensamente nele adentrar, penetrar para, enfim, Nele viver plenamente, vamos aos poucos recuperando a condição primordial que nos unifica ao Mistério do Divino. Com isso, reconstruímos o universo particular em que vive-mos e vamos nos tornando canais para que esse universo vá se expandindo em todas as direções, afetando outros seres. O estado da graça, uma vez alcançado, nos liberta da fieira de ações e reações expressas nos diversos espaços-tempo (físicos e ultra-físicos), significando que vão de-saparecendo de nossas vidas todo tipo de reflexo que criamos no passado; e, como esses reflexos

são em sua maioria expressos sob a forma de dor, doenças, sofrimentos, carências, mágoas e ódios, isso significa que nossa vida vai sendo recriada por nós próprios, herdeiros do Divino que somos.

Só que a Graça (ou o Estado da Graça), para ser pressentido e alcançado, demanda um esfor-ço de nossa parte, pois sem trocadilhos, a Graça não é gratuita ! Esse “esforço”, entretanto, não custa muito esforço. O Cristo em Jesus nos deu um roteiro seguro e luminoso, ainda que tão mal interpretado para chegarmos lá. Vejamos:

O Amor cobre a multidão dos pecados;A quem muito ama muito se perdoa;

Perdoai para que o Pai perdoe as vossas ofensas;Orai pelos vossos inimigos e pelos que vos odeiam;

Não julgueis para não serdes julgados.É tão clara a proposta ! Se fizermos assim,

o Senhor nos encontra e habita em nós e nós Nele, de tal modo que a multidão dos nosso pecados (ou karmas) é fulgurada pelo fogo do Espírito. Mas, devemos nos movimentar para sa-cudir a poeira dos hábitos e condicionamentos milenares que nos fazem seres automáticos, a reagir sem parar, devolvendo na mesma moeda ou de forma mais intensa tudo o que nos ofen-de ou magoa. Julgando, criticando, condenan-do e depois, numa atitude totalmente insana, esperando receber da Vida, abundância, com-preensão, saúde e felicidade, enfim !

O primeiro “insight”, quando pressentimos a Graça, é perceber que temos sido loucos ador-mecidos ! Feito esse esforço, as respostas che-gam, os olhos se abrem. Temos que ter a cora-gem de estender a mão direita e doar, sem que a mão esquerda, viciada pelo ego, que só quer receber para si, saiba e nos impeça pelo medo da perda de doar. Se fizermos dessa forma, a vida se encarregará, seja pela lei do karma ou, quando tivermos o Amor como base de tudo, pela LEI DA GRAÇA, de fazer a mão esquerda receber tudo o que sempre foi nosso, e que a ilusão da separação (o pecado original) nos fez esquecer e, em seguida, perder.

Viver na Graça é viver em Deus !

Editorial

PP

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2 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

EXPEDIENTE Essência da Luz é uma publicação da Associação Espiritualista Holocêntrica Cultural e Assistencial - Padre Pio Pietrelcina CNPJ 04.772.688/0001-89 | Periodicidade trimestral | Distribuição interna e gratuita | Tiragem 500 exemplaresRua Assunção, 297 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP 22251-030 Telefone: 2286-7760Home Page: www.padrepio.org.br | E-mail: [email protected]

Presidente da Casa: Luiz Augusto de Queiroz Coordenação: Denise Cristina Ribeiro Gomes Projeto gráfico e diagramação: Bruno Chefer e Raquel Reis Revisão Editorial: Daisy Elísio Apoio: Marcello Braga

AS INFORMAÇÕES FORNECIDAS NOS ARTIGOS, ASSIM COMO REFERÊNCIAS, SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES.

ÍndiceEditorial ................................................................ 01Sabedoria dos Grandes MestresSwami Sri Yukteswar ............................................... 03Atendimento Fraterno ......................................... 04Histórias eternasConcentre-se nas soluções ...................................... 04Conversando com vocêSobre a Graça ......................................................... 05Ação SocialProjeto Com as Mãos da Gente ............................... 06Psicologia e espiritualidadeA dependência química e a espiritualidadel ............. 08Você sabia?Casa de repouso São Francisco de Paula ................. 09Fazendo a diferençaA vivência do “Estar Voluntário” ............................. 10

Cabalá, vivendo em luzCabalá na prática .................................................... 11Terapias EnergéticasAromoterapia, a terapia dos “deuses” .................... 12Espiritualidade e MediunidadeCausas da obsessão ................................................ 13Bhagavad-Gita, canção divinaRetiro no Ashram Vraja Bhumi ................................... 14Aconteceu Confraria Social ...................................................... 16Religiões e práticas espirituais Xamanismo, o que seria mesmo? ............................ 17Poesia, linguagem da almaJá não sei mais o que é belo ................................... 18Portal da GratidãoEntrevista: Maria Félix dos Reis ................................ 19Prece ...................................................................... 20

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Sabedoria dos Grandes Mestres

MAHATMA GANDHI, O PRÍNCIPE DA PAZ (2/10/1869 - 30/01/1948)

Mahatma Gandhi é visto como um ser humano de incrível força cósmica que baseou a sua ação na força da oração, do jejum, da não violência, do apego à Verdade e no seu exemplo de vida. Libertador da Índia, é considerado o pai da Índia como nação.

“Pegue um sorriso e doe-o a quem jamais o teve. Pegue um raio de sol e faça-o voar lá onde reina a noite. Descubra uma fonte e faça banhar-se quem vive no lodo. Pegue uma lágrima e ponha-a no rosto de quem jamais chorou. Pegue a coragem e ponha-a no ânimo de quem não sabe lutar. Descubra a vida e narre-a a quem não sabe entendê-la. Pegue a esperança e viva na sua luz. Pegue a bondade e doe-a a quem não sabe doar. Descubra o amor e faça-o conhecer ao mundo.”

Alguns pensamentos de Gandhi:

“Orar não é pedir. Orar é a respiração da alma.”

“ Uma vida sem religião é como um barco sem leme.”

“A regra de ouro consiste em sermos amigos do mundo e em considerarmos como um todo a família humana. Quem

faz distinção entre os fiéis da própria religião e os de outra deseduca os membros da sua religião e abre caminho para o

abandono, a irreligião.”

“Acredito na essencial unidade do homem, e portanto na uni-dade de tudo o que vive. Desse modo, se um homem progredir

espiritualmente, o mundo inteiro progride com ele, e se um homem cai, o mundo inteiro cai em igual medida.”

“Só quando se vêem os próprios erros através de uma lente de aumento e se faz exatamente o contrário com os erros dos ou-tros, é que se pode chegar à justa avaliação de uns e de outros.”

“Aprendi, graças a uma amarga experiência, a única suprema lição: controlar a ira. E do mesmo modo que o calor conser-vado se transforma em energia, assim a nossa ira controlada

pode transformar-se em uma função capaz de mover o mundo. Não é que eu não me ire ou perca o controle. O que eu não dou é campo à ira. Cultivo a paciência e a mansidão e, de uma ma-

neira geral, consigo. Mas quando a ira me assalta, limito-me a controlá-la. Como consigo? É um hábito que cada um deve

adquirir e cultivar com uma prática assídua.”

“Minha missão não se esgota na fraternidade entre os indianos. A minha missão não está simplesmente na libertação da Índia, embora ela absorva, em prática, toda a minha vida e todo o meu tempo. Por meio da libertação da Índia espero atuar e desenvolver a missão da fraternidade dos homens”.

“Aqueles que têm um grande autocontrole, ou que estão totalmente absortos no trabalho, falam pouco. Palavra e

ação juntas não andam bem. Repare na natureza: trabalha continuamente, mas em silêncio.”

“A civilização, no sentido real da palavra, não consiste na mul-tiplicação, mas na vontade de espontânea limitação das neces-sidades. Só essa espontânea limitação acarreta a felicidade e a

verdadeira satisfação. E aumenta a capacidade de servir.” “Mantenha seus pensamentos positivos, porque seus pensa-mentos tornam-se suas palavras. Mantenha suas palavras

positivas, porque suas palavras tornam-se suas atitudes. Man-tenha suas atitudes positivas, porque suas atitudes tornam-se

seus hábitos. Mantenha seus hábitos positivos, porque seus há-bitos tornam-se seus valores. Mantenha seus valores positivos,

porque seus valores... Tornam-se seu destino.”

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4 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Atendimento Fraterno

“O tempo que se consagra à glória de Deus e ao bem-estar do próximo nunca é desperdi-

çado.” Padre PioDaisy Elísio

O Atendimento fraterno da Casa de Padre Pio funciona às terças, quartas e quintas-feiras das 15 h às 18 h. O grupo é cons-

tituído por médiuns da Casa que se dispõem a receber com amor os irmãos que ali chegam procurando um auxílio espiritual para aliviar seus problemas, que podem ser de ordem existencial, emocional ou de saúde física.

O Atendimento fraterno desempenha den-tro da Casa esse papel de acolhimento, escla-recimento, amparo, reajuste e redirecionamento de idéias. O trabalho realizado é feito com se-riedade, disciplina e intuição na orientação do irmão para o tratamento que melhor se adequa à problemática trazida por ele à entrevista, no intuito de lhe proporcionar o reequilíbrio neces-sário ao seu bem-estar.

Assim sendo, receber, ouvir, orientar e enca-minhar são as ações que norteiam o Atendimen-to fraterno, acompanhadas de compreensão, atenção, respeito e AMOR.

O irmão que procura a Casa de Padre Pio para um atendimento é recebido pelo médium de forma fraterna; a conversa que se estabelece entre os dois visa perceber uma melhor orienta-ção em função da problemática exposta. Para

tanto, é fundamental que haja franqueza e que o irmão não se sinta constrangido em abordar determinados assuntos que o afligem, já que tudo é tratado com muito respeito e discrição. Essa conversa é sempre sigilosa, assim como os arquivos de fichas de cadastro são mantidos sob o máximo sigilo, preservando as pessoas e suas histórias.

Portanto, a confiança que é depositada nes-sa entrevista é de extrema importância para que se possa chegar a uma orientação correta e efi-caz na busca da resolução do problema trazido pelo irmão.

No Atendimento fraterno da Casa de Padre Pio, o grupo todo trabalha da mesma forma, pois existem diretrizes de trabalho que são seguidas e respeitadas pelos atendentes, permitindo as-sim uma uniformidade na atuação, sem que, no entanto, se deixe de perceber a individualidade de cada irmão atendido.

Histórias Eternas

Autor desconhecido

Um senhor falando a um grupo de pessoas, pegou uma enor-me folha de papel branco, e bem no centro desenhou um ponto preto. Erguendo a folha de papel ao grupo, indagou o que esta-vam vendo. A resposta foi unânime:

_ Estamos vendo uma marca preta.O que mais estão vendo além dessa marca?

_ Não vemos mais nada.Nesse momento , o senhor admirado retrucou:

_ Vocês não estão vendo o que é mais importan-te: a folha de papel em branco!

“Às vezes, de tanto nos concentrarmos no proble-ma, deixamos de enxergar as soluções que estão

bem diante de nossos olhos.”

Concentre-se nas soluções

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SOBRE A GRAÇA

Conversando com você

Beth Dias

Luiz Augusto tem falado muito sobre a Graça, sempre se referindo ao nos-so futuro encontro em Mendes. Defi-

nições foram sugeridas, muitos adjetivos e substantivos tentaram em vão descrevê-la. Assim, fiquei eu com meus botões pensando também. Em alguns momentos, pareço enten-dê-la, mas quando tento defini-la... um flash aparece em minha mente e todas as palavras se apagam ! Tenho só a sensação de um enorme vazio, mas não é ruim quanto um vazio possa parecer. E continuo a refletir. Aparece a capela da Medalha Milagrosa. Aparece Nossa Senho-ra com luzes que saem de suas mãos e de seu olhar. Percebo que são imagens já vistas que se reproduzem em minha mente. E no meio de todos esses pensamentos que mais me con-fundem do que me esclarecem, me senti como aquele burrinho que persegue a cenoura pen-durada numa corda à sua frente, sem nunca al-cançá-la ! E de novo a imagem de Nossa Senho-ra aparece à minha frente e outro flash se dá! Não penso mais sobre definições da Graça. Penso nas que me foram dadas para que este sentimento engrandecedor e luminoso se dispa de conceitos que palavras limitam. Meu coração dispara quando tomo consciência das Graças re-cebidas. Elas se traduzem em todos os momen-tos da minha vida: nos braços que me recebe-ram quando não podia suportar a dor sozinha, nos meus braços quando alguém pedia socorro, nos sorrisos dados de graça, no piscar de olhos que dizem tudo, nas palavras carinhosas, nas palavras duras que me deram oportunidade de me pensar imperfeita, e poderia continuar enu-merando...

Quando penso nisto tudo, sinto este Pre-sente invadir meu coração e a única coisa que

quero é uma entrega verdadeira, a comunhão total com tudo à minha volta, para que a Graça continue a se manifestar e, sobretudo, que nós a reconheçamos em quaisquer circunstâncias. Nos reencontraremos no ano que vem. Que o Natal seja a oportunidade para uma reflexão profunda e que em 2010 nós possamos crescer mais um pouquinho !

Um beijo carinhoso a todos !

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6 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Ação Social

Projeto Com as Mãos da Gente: acolhida, aprendizagem e oportunidade... através de uma Oficina de ORIGAMI

E para alcançar o ‘sucesso’, devemos ter pa-ciência e determinação, pois nem sempre o êxito virá logo da primeira vez, portanto deveremos persistir, tentando atingir nossa intenção...

Se um caminho se fechou, poderemos ten-tar abrir outros; o que não se pode é entregar os pontos ante os primeiros obstáculos. Mas, se percebermos que já se fez tudo o que podia ser feito, ou até mesmo um pouco além, há que se mudar de finalidade para não se tornar, em vez de um vitorioso, apenas mais um teimoso.

Persistir em algo viável é uma coisa. Insistir teimosamente em algo que se revela impraticá-vel, não é sinal de bom senso.

Para podermos recomeçar, devemos nos perdoar pelos fracassos e erros que talvez tenha-mos cometido, devemos aprender com eles e a partir deles, programar as próximas ações. Nem sempre conseguimos tudo em curto prazo. Há que saber esperar a oportunidade !

E para nos mantermos motivados, precisa-mos sonhar. Com os pés no chão, é verdade,

mas sempre devemos sonhar um pouco, procu-rar objetivos e quem sabe alcançar metas.

Para conseguirmos realizar, devemos plane-jar, pensando grande e fazendo pequeno, um pouco a cada dia, mas todos os dias um pou-co...

Pois são as pequenas gotas d’água que fa-zem todo o grande oceano. Esse talvez seja o pensamento correto, o passo a passo, o deva-gar e sempre - colocando atenção na qualidade de cada ação, da presença verdadeira em cada ação, buscando integrar essas dimensões: a do conhecer, a do pensar, a do vivenciar e a do agir de todo ser humano.

Valeu professora Sandra Gullino e seus moni-tores João Paulo, Joelton e Vinicius, todos origa-mistas, que compartilharam com o público uma oficina na VII Feira da Solidariedade do Colégio Teresiano, num típico sábado carioca, represen-tando a Ação Social da Casa de Padre Pio, neste outubro de 2009.

(ColégioTeresiano – outubro 2009)

Nosso projeto é dirigido, principalmente, para o desenvolvimento da auto-estima. Nada tem muita graça se não for bom para o corpo,

leve para o espírito e agradável para o coração, pois não nos sentiremos bem apenas fazendo coisas ca-rentes de ‘inventividade’...

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Você sabia?Origami é de forma simples, a arte de dobra-

dura de papel. É uma arte milenar japonesa cujo nome de origem orikami, significa dobrar papel: ORI - dobrar, Kami – papel. Transmitida de gera-ção em geração entre os japoneses, desenvol-veu-se de forma cativante. Mas, hoje, está muito longe de ser uma arte exclusiva ou principal-mente japonesa. Há adeptos em todo o mundo e inclusive dobraduras tradicionais do ocidente.

O Origami tem suas regras: folha de papel quadrada, sem cortes. Mas não são regras ab-solutas e há inúmeras dobraduras fora deste esquema, que trazem simplicidade e desafio à criação de modelos.

Origami: a nobre arte de dobrar papel

Transformar uma simples folha de papel numa flor, num animal, num balão ou em qual-quer outro objeto de forma tridimensional, é um momento mágico do origami, a milenar arte oriental da dobradura de papel.

Mas, além da beleza do trabalho, que gra-tifica quem faz e quem vê, o origami traz em sua essência uma grande filosofia de vida. “No origami a primeira dobradura deve ser muito

bem feita, para que o papel possa ficar em pé. Assim também é na vida. As crianças devem receber uma boa educação. Se não temos es-trutura, não conseguimos parar em pé”, ensina Kazuko Horiuchi, professora de origami há mais de 40 anos.

No origami acontece um processo de assimi-lação, pois ao mesmo tempo em que pequenas folhas de papel começam a se transformar em objetos, as pessoas vão aprendendo a filosofia. Aprendem, por exemplo, que no origami é pre-ciso fazer orimetadashitô - que significa: dobrar certo. Assim, quem fizer uma dobradura firme e bela será uma pessoa respeitável, de confiança e disciplinada. “Dobrar o papel parece um ato extremamente simples, mas esse simples mo-vimento na realidade nos fornece uma grande alegria que invade nossa alma”, costuma dizer o origamista japonês Kunihiko Kasahara.

1a exposição de Origami, visitada no CCBB – junho 2008

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8 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Psicologia e Espiritualidade

Ana Maria Porto de Mendonça Clark

O ser humano é a única criatura que precisa de um sentido para viver. “Quem sou eu?”, pergunta que de-

manda empenho, autoconhecimento e tem-po para respondê-la. Alguns dos que se per-dem nessa busca, recorrem a suportes que podem levar à dependência.

A dependência em álcool, drogas e medi-camentos é um dos piores inimigos na jorna-da da existência humana, afastando a pessoa de si, dos familiares e daqueles que a amam e são amados por ela, aniquilando o real sen-tido da vida. Três fatores principais levam à dependência química: biológicos, psicológi-cos e sociais.

A dependência química é considerada multifatorial. Três motivos são levados em conta: biológico, por questões orgânicas e predisposição genética; psicológico, por traços de personalidade que deixam o indivíduo mais vulnerável; e o fator social, como ambientes po-bres em opções de lazer e estudo. Há sempre um pouco de cada um desses fatores na depen-dência química.

Sob a ótica da Medicina, a dependência quí-mica é uma patologia causada por substâncias psicoativas, que são todas aquelas que produ-zem uma alteração no estado de humor (álco-ol, drogas lícitas, ilícitas e medicamentos), que provocam alterações cerebrais, levando a uma descompensação nos mecanismos neuro-adap-tivos e produzem alteração psíquica, emocional e comportamental.

Um estudo recente realizado na USP revelou que a espiritualidade e a religiosidade são fato-res muito importantes de proteção e prevenção do consumo de drogas, como também uma possibilidade para a reabilitação de um depen-dente químico.

A metodologia do A.A. (alcoólicos anôni-mos) e N.A. (narcóticos anônimos) são ótimos programas para a recuperação dos dependentes químicos. Os 12 passos envolvem um programa espiritual e não religioso, ajudando as pessoas a buscarem um Poder Superior da maneira que elas O compreendem.

A explicação para tal fenômeno tem sido co-locada por inúmeros pesquisadores. Os nomes que mais se destacam são o filósofo William Ja-mes e o psiquiatra e psicólogo suíço Carl Jung. William James dizia que uma conversão religiosa poderia fazer um dependente químico parar de beber. Carl Jung afirmou que a religiosidade é uma característica da natureza humana e que a

falta dela causava neuroses e inúmeras doenças. Ele dizia que só um verdadeiro despertar espiri-tual poderia trazer a saúde psíquica e livrar as pessoas dos vícios químicos e emocionais.

A espiritualidade ajuda a trazer o sentido para a vida das pessoas e é, através dela, que os recuperandos entram num processo de abertura interior, começando a observar a dependência por um prisma diferente, isto é, começam a per-ceber o caminho percorrido, atingindo a matu-ridade para balancear as coisas “positivas” das drogas e as negativas, descobrindo que o que parecia bom tornou-se um pesadelo. O desen-volvimento espiritual não os deixa ressentidos ou amargurados, pois ao mesmo tempo que conseguem ver os efeitos negativos da depen-dência em suas vidas, estão num processo de perdão a si próprio, já que sabem que tudo de negativo vivenciado foi consequência do uso de drogas e da dependência por elas.

Através da espiritualidade, se tem oportuni-dade de fazer análise de vida, saber quais são as suas qualidades e quais comportamentos devem ser mudados. Ela enfatiza a confiança em um “Poder Superior” e a prática da prece e da me-ditação para promover uma experiência religiosa e um “contato consciente com Deus”. A espiri-tualidade é, sem dúvida, uma experiência com o transcendente, num caminho de encontro e realização. Logo, exatamente o extremo contrá-rio da dependência.

Sugestão de leitura: A Espiritualidade no trabalho em saúde, Eymard Mourão Vasconcelos, Editora Hucitec.

Dependência Química, Guilherme R. de Azevedo Focchi, Editora Roca.

A dependência química e a Espiritualidade

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Você Sabia?

Casa de Repouso São Francisco de Paula

Myriam Marino

Que há 5 meses uma idéia vem sendo desenvolvida em uma Casa de Repouso na Taquara, •RJ - Casa de Repouso São Francisco de Paula - que tem como objetivo o cultivo de Ervas Aromáticas, Plantas Medicinais e Horta Orgânica?

Que todo o cultivo é feito sem a utilização de agrotóxicos?•

Que a Hortoterapia há muito vem sendo estudada como uma grande ferramenta para auxi-•liar inúmeros distúrbios, como: ansiedade, angústia, estresse, solidão?

Que as Ervas Aromáticas e as Plantas Medicinais resgatam a sabedoria milenar que todos •trazemos ao longo de nossa história evolutiva?

Que o projeto Semente Viva é um projeto social, pioneiro em uma Casa de repouso no RJ?•

Que os canteiros estão sendo feitos em forma de Mandalas?•

Que foi realizado o 1º Show Beneficente dia 18/10/09 pelo cantor Jerry Adriani e amigos •em prol do Projeto?

Que pessoas como você e eu, seremos os primeiros beneficiados com esta atitude, porque •estaremos devolvendo à Natureza um local mais agradável de se viver?

Que se quiser ser voluntário, colaborador, as portas desta oportunidade estão abertas? •

Que basta acessar o endereço eletrônico abaixo e conhecer a Casa e o Projeto?•

www.casaderepousosfp.blogspot.comwww.projetosementeviva.blogspot.com

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10 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Fazendo a diferença

Maria Teresa Terra de Moraes

Há muito tempo, vinha sentindo a necessi-dade de realizar um trabalho voluntário. Perguntava-me se conseguiria pôr em

prática o que tantas vezes ouvia em palestras espiritualistas que sinalizavam a relevância da prática do bem ao próximo.

De que forma poderia ajudar o outro ? Indagava-me. Assim pensando, procurei me en-gajar na Ação Social da Casa de Padre Pio.

Inicialmente, trabalhei junto ao cadastra-mento dos assistidos pela Casa. Nessa ocasião, visitei algumas famílias moradoras da comuni-dade do Novo Mundo e assim pude observar a precariedade em que viviam. Era uma outra re-alidade de vida !

Tempos depois, fui convidada a partici-par, como observadora, de um grupo de “Apoio psicoespiritual à cura”, realizado às 4as feiras, dedicado a pessoas encaminhadas para as ses-sões de cura, que tivessem interesse em nele ingressar.

Senti uma identificação imediata com os objetivos e a forma como as reuniões eram con-duzidas: de uma maneira simples, acolhedora e respeitosa diante do sofrimento alheio. Estimu-lavam-se trocas de experiências e reflexões pro-vocadoras de “insights” importantes sobre nós mesmos e a forma como lidamos com a vida.

Observei como o sofrimento torna as pes-soas inseguras e fragilizadas, daí a grande va-lidade desse grupo de apoio e esclarecimento. Refletimos sobre o significado da dor/sofrimento em nossas vidas, assim como sobre as atitudes facilitadoras de um processo de cura espiritual e a importância da gratidão, do perdão e da com-paixão no processo saúde/doença.

Porém, durante esses encontros, me surpre-endi ao perceber que, ao mesmo tempo em que auxiliava os participantes a terem uma maior compreensão sobre as suas dores, perdas, exi-gências e insatisfações, eu também elaborava as minhas dores, perdas, etc. Justamente eu que entrara no grupo para exercitar a minha “gene-rosidade.” Hoje, concluo que todos estamos no mesmo barco.

Neste semestre, fui convidada para partici-par de um novo grupo de reflexão com pessoas li-gadas ao Programa da Cesta Básica, desenvolvido pela Casa. Esse trabalho foi organizado sob a for-ma de um curso, voltado para o desenvolvimento e aprimoramento da nossa inteligência emocional e espiritual, pois acreditamos na necessidade de aprendermos a melhor lidar com as nossas emo-ções e crenças, visando a ampliação da sensação de bem-estar e felicidade, tão importantes para todos nós. Embora ainda estejamos no início do processo, já observo a riqueza provocada pelas trocas de experiências com pessoas de valores e necessidades “aparentemente” diferentes dos meus. Sentimentos e emoções vêm sendo com-partilhados com respeito, autenticidade e hones-tidade por todos. E aí o que constato ? Que as nossas diferenças nos estimulam a repensar nos-sas reais necessidades, valores e sentido de vida.

Sabemos que nossos objetivos estão volta-dos para a ampliação contínua e lenta do nosso nível de consciência, e que esse movimento se desenvolve na “contramão da cultura materia-lista”, principalmente quando interagimos com pessoas que vivenciam grandes dificuldades de sobrevivência e manutenção, que se evidenciam através de moradias ruins, situadas em locais de risco, desemprego, despreparo profissional, do-enças crônicas, conflitos familiares, dificuldades de transporte, de alimentação, etc...

Venho constatando, apesar disso tudo, que não são os problemas que nos geram so-frimento, mas como os percebemos e lidamos com eles. Existem pessoas no grupo que, apesar de vivenciarem tantas dificuldades, são alegres, solidárias e otimistas. Como conseguem ?

Em contato com tanto sofrimento, a mi-nha visão de mundo vem se ampliando. Sinto-me mais próxima e solidária ao grupo, pois ao ouvir as pessoas falarem de suas dores, expecta-tivas, dificuldades e frustrações, reflito também sobre as minhas “sombras”, os meus medos, as minhas inseguranças...

Cada vez mais me orgulho de pertencer à espécie humana, quando admiro a fibra, a cora-gem dessas pessoas, quando se permitem dividir alegrias, fé e esperanças...

A VIVÊNCIA DO “ESTAR VOLUNTÁRIO”

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Cabalá, vivendo em Luz

Dave Brykman

Um dos principais pilares da sabe-doria cabalística é o simples fato de que nenhum conhecimento

espiritual tem valor se não pode ser útil ou fazer bem a alguém. Na Cabalá não há uma real separação entre a matéria e o espírito. Essas duas substâncias são braços de um mesmo corpo, que vamos chamar aqui de LUZ INFINITA (“Ein Sof Or”), portanto devem funcionar em ple-no equilíbrio e sincronia mútua.

Se acreditarmos somente na realidade física, estamos em ilusão, pois ignoramos as dimensões mais sutis e reais da vida. Ou, se acharmos que tudo é somente espírito, desprezando o campo material como plano sagrado de criação e realização di-vina, também estaremos em ilusão, pois ambos são LUZ!

As leis físicas são congruentes com as leis espirituais, cada qual na sua faixa vibratória lu-minosa correspondente de atuação nos diversos planos de existência, assim como está descrito na “Torá” (Gênesis 1:26) que fomos criados à imagem e semelhança do Divino. Ou seja, tudo possui o seu grau de inter-relação cósmica por mais que as aparências ou o nosso próprio co-nhecimento demonstrem muitas vezes o contrá-rio.

Em nossa busca pelo esclarecimento das verdades espirituais, nosso empenho consiste em entender como se dão esses processos nos campos mais sutis da vida até chegar ao mundo físico. Perceber que existe um perfeito alinha-mento entre todas as expressões da criação é missão nada fácil de cada um de nós como seres humanos ainda presos em uma consciência limi-tada pelos cinco sentidos da matéria.

Quando, por exemplo, meditamos, oramos, estudamos, trabalhamos, cantamos, dançamos, comemos ou bebemos, podemos realizar cada uma dessas diversas atividades de maneira su-perficial ou robótica, apenas orientados pelo de-sejo de receber somente para si mesmo. Desse jeito, é o ego dominando o nosso ser e nada muito além do nosso umbigo pode ser enxer-gado.

Mas, ao realizarmos qualquer uma dessas mesmas atividades com o que os cabalistas cha-mam de “KAVANÁ”, que significa “direção” ou “foco”; e no instante em que manifestamos tudo isso com a consciência desperta, nos co-nectando com a própria Divindade que habita em nós, saímos da superfície e vamos direto

para centro, para a essência do ser, pois ofere-cemos todo nosso esforço e energia a algo mais sublime, que é o desejo de receber (a Luz) para COMPARTILHAR. O ato de compartilhar é a nos-sa maior virtude enquanto elementos individuais que compõem uma coletividade.

O “salto quântico” que a Cabalá nos propõe é que a cada ação de compartilhar no mundo físico, faz-se vibrar simultaneamente, os campos mais elevados do espírito, pois como já falamos não existe uma fronteira pré-definida que se-para os diversos planos da existência. Então, a partir daí, é utilizar este conhecimento para agir no mundo de um modo novo, onde o ego ago-ra está sob controle, servindo apenas de instru-mento ou ferramenta do nosso “Eu Superior”, conhecido na Cabalá como “NESHAMÁ”, o ní-vel mais refinado de nossa Alma.

Concluindo, segue um pequeno conto que ilustra muito bem todo o nosso contexto:

“Quando o discípulo perguntou ao mestre como fica a nossa vida depois que a gente se ilumina, ouviu dele a seguinte resposta:

- A gente se deita, a gente se levanta, a gen-te come quando tem fome, chora quando está triste e ri quando está feliz!

- Mas tudo isso eu já faço! - comentou o dis-cípulo.

- Então continue! - disse o mestre...... A diferença não está nas coisas que a gen-

te faz ou deixa de fazer, mas nograu de atenção que realizamos cada tarefa

do nosso dia-a-dia!Assim, não existe diferença entre o que faz

uma pessoa iluminada e uma nãoiluminada, exceto pelo fato de que uma está

acordada, e a outra, dormindo.”

Shalom Aleichem (A Paz esteja Convosco!)

Cabalá na prática

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12 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Terapias Energéticas

Marcitta Ayres

Você se lembra do maravilhoso perfume de um jardim florido, em um dia quen-te de verão ? Ou do odor característico

de uma laranja quando você a descasca ? Essas fragrâncias são oriundas de substâncias poten-tes, voláteis e aromáticas presentes nas plantas. São os chamados óleos essenciais existentes nas diferentes partes das plantas, tais como flores, folhas, raízes, caule, sementes, frutos e cascas. Esses óleos, tidos como essenciais, são muito importantes, face às propriedades de cura que revelam ter. Cabe aqui assinalar que os atributos desses óleos são também muito utilizados em diversas drogas pela Medicina ocidental.

Muitas pessoas talvez já tenham se indaga-do: - Afinal, em que consiste a Aromaterapia ? Há quanto tempo ela existe ? Que tipos de problemas de saúde ela se propõe tratar ?Todo mundo pode fazer uso desse tipo de terapia ?

Tentaremos de uma forma objetiva e sucinta responder a essas perguntas. A Aromaterapia constitui-se em uma terapia de cunho físico, energético-vibracional, voltada para a aplicação adequada de óleos essenciais específicos ao tra-tamento de diversos problemas ligados à saúde mental e física do cliente, visando a promoção do bem-estar físico e emocional deste. Alguns terapeutas “alegremente” dizem que, através da Aromaterapia, efetivam-se “curas perfuma-das”. Essa terapia existe desde o Egito Antigo, quando eram utilizados óleos essenciais, como mirra e olíbano, para honrar os deuses, enve-nenar armas, criar rituais de sedução com o uso da canela, cravo, benjoim e sândalo, que são poderosos afrodisíacos. Entretanto, é na Roma antiga que surge o primeiro sabonete e o ritual de tomar banho se estabelece definitivamente,

não só para limpeza do corpo mas também da alma. Até então, não havia distinção entre re-médios e cosméticos - os perfumes, pomadas e unguentos eram utilizados para curar, aliviar, trazer bem-estar. E é exatamente pelo uso mais constante destes, e pela percepção de suas pro-priedades em um nível mais físico, que se extin-gue o simbolismo religioso e místico.

A Aromaterapia, como a conhecemos, foi perpetuada por Maurice Gattefossé, em 1928, que por “acidente” descobriu as propriedades cicatrizantes e analgésicas da lavanda. Na II Guerra Mundial, outro médico francês, Dr. Jean Valnet, lançou mão, com grande êxito, dos óle-os essenciais como um recurso a ser utilizado ao término do estoque de remédios para curar os feridos da guerra.

A arte e a beleza desse conhecimento en-contra-se na forma como o terapeuta une o seu saber específico à sua sensibilidade para captar a necessidade energética do cliente e a sua cria-tividade e intuição em administrar o óleo ade-quado à situação, tanto para reduzir ou extinguir os sintomas observáveis, quanto para atingir as causas do desequilíbrio constatado.

Ao lerem esse artigo, tenho a certeza de que muitos poderão ter lembrado de algum aroma peculiar relacionado a lembranças de felicidade, amor e paz. Assim, se pararmos para relembrar vários momentos de nossas vidas, perceberemos que o caminhar em nosso existir revela-se pleno de fragrâncias, de perfumes (vide a própria na-tureza), que contribuem para o nosso equilíbrio energético e consequente bem-estar.

Atrás de um aroma sempre haverá uma his-tória... Cabe aqui recordar que qualquer pessoa pode fazer uso da Aromaterapia, tendo certos cuidados e sempre com orientação de um pro-fissional da área, pois existem algumas restrições com idosos, gestantes e crianças. É importante assinalar que o tratamento com Aromaterapia não substitui o tratamento médico.

E assim, me despeço, desejando que todos nós nos sensibilizemos cada vez mais com as fra-grâncias da natureza.

Para quem desejar adquirir maior conheci-mento sobre o assunto, sugiro a leitura dos se-guintes livros: Òleos que curam, Wanda Sellar; Aromoterapia Holística, Ann Berwick; sugiro também pesquisa na Internet em sites como www.valeriatrigueiro.com.br, link Um Passeio pela Historia da Aromaterapia.

Para maiores informações, escreva para [email protected] ou telefone para 8206-7728.

Aromaterapia, a terapia dos “deuses”

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Espiritualidade e Mediunidade

Nelson Soares

Basicamente, a obsessão tem quatro cau-sas: as morais, as relativas ao passado, as contaminações e as anímicas.

• Morais As obsessões de causas morais são aquelas

provocadas pela má conduta do indivíduo na vida cotidiana. Ao andarmos de mal com a vida e com as pessoas, estaremos sintonizando nos-sos pensamentos com os Espíritos inferiores e atraindo-os para perto de nós.

Vícios mundanos, como o cigarro, a bebida em excesso, o cultivo do orgulho, do egoísmo, da maledicência, da violência, da avareza, da sensualidade doentia e da luxúria, poderão ligar-nos a entidades espirituais infelizes que, mesmo desencarnadas, não se desapegaram dos praze-res materiais.

Esses Espíritos ligam-se aos “vivos” para sa-tisfazerem seus desejos primitivos, tratando as pessoas como se fossem a extensão de seus in-teresses no plano material.

• Relativas ao passado As obsessões relativas ao passado são aque-

las provenientes do processo de evolução a que todos os Espíritos estão sujeitos. Nas suas ex-periências reencarnatórias, por ignorância ou livre arbítrio, uma entidade pode cometer faltas graves em prejuízo do próximo. Se a desavença entre eles gerar ódio, o desentendimento pode-rá perdurar por encarnações a fio, despontan-do nos desafetos, brigas, desejos de vingança e perseguição. Casos assim podem dar origem a processos obsessivos tenazes.

Desencarnados, malfeitor e vítima continu-am a alimentar os sentimentos de rancor de um para com o outro. Se um encarna, o outro pode persegui-lo, atormentando-o e vice-versa.

• Contaminações As contaminações obsessivas geralmente

acontecem quando uma pessoa frequenta ou simplesmente passa por ambientes onde predo-mina a influência de Espíritos inferiores.

Seitas estranhas, onde o ritualismo e o mis-ticismo se fazem presentes; terreiros primitivos, onde se pratica a baixa magia; benzedeiras e mesmo centros espíritas mal orientados são fo-cos onde podem aparecer contaminações obses-sivas. Espíritos atrasados, ligados ao lugar que a pessoa frequentou ou visitou, envolvem-se na sua vida mental, prejudicando-a.

Ocorrem também situações em que as irra-diações magnéticas vindas desses ambientes, causam-lhe transtornos fluídicos. A gravidade dos casos estará na razão direta da sintonia que os Espíritos inferiores estabelecerem com os pa-cientes.

• Anímica ou Auto-obsessão As obsessões anímicas são causadas por uma

influência mórbida residente na mente do pró-prio paciente.

Por causa de vícios de comportamento, ele cultiva de forma doentia pensamentos que cau-sam desequilíbrio em sua área emocional.

Muitas tendências auto-obsessivas são pro-venientes de experiências infelizes ligadas às vidas passadas do enfermo. O auto-obsediado costuma fechar-se em seus pensamentos ne-gativos e não encontra forças para sair dessa situação constrangedora. Esse posicionamento mental atrai Espíritos doentios que, sintonizados na mesma faixa psíquica, agravam sua doença espiritual.

A fluidoterapia, largamente usada nas casas espíritas, pode ser utilizada como auxiliar no tra-tamento das auto-obsessões.

A melhor terapia, no entanto, é a reeduca-ção através da conscientização dos seus males e consequente mudança de postura.

“Reconcilia-te sem demora com teu adversá-rio, enquanto estás com ele a caminho, para que não suceda que ele te entregue ao juiz, e que o juiz te entregue ao seu ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá, enquanto não pagares o

último ceitil.” (Mateus, cap. 5, 25, 26).

Causas da Obsessão

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14 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Retiro no Ashram Vraja Bhumi

Bhagavad-Gita, canção divina

Marcelo Patury

É tradição védica milenar promover a reunião entre os estudiosos, buscadores do cami-nho do retorno ao Supremo. Esta prá-

tica é tão importante que até recebe uma denominação especial sat-sanga, reunião (sanga) em torno da Verdade (Sat).

Se o caminho para a transcendência estivesse na solidão e no individualismo, nasceríamos ce-gos, surdos e mudos, e viveríamos “fechados” em nossos próprios eus. Mas, Krishna, Jesus e todos os nossos grandes Avataras ensinam que, na União e não na separação, está o caminho do retorno (yoga).

Assim, realizamos em outubro um retiro espi-ritual em uma fazenda bem afastada do meio urbano, perto de Friburgo. Nesse “Ashram Vrajabhumi”, conheci meu guru e iniciei os es-tudos dos Vedas junto com monges hinduístas que lá residem. Neste retiro e no outro que já realizamos, assim como aqueles que ainda reali-zaremos, temos como objetivo nos unirmos em

torno da única meta da nossa existência: Deus.

Sinto-me incapaz de expressar neste pequeno texto a felicidade e a bem-aventurança (como

diz o verso acima) que nos proporciona a expe-riência da União, por isso, abaixo, transcrevo o relato daqueles que comigo participaram des-te encontro no retiro espiritual:

“A estadia no retiro sempre intensifica o desejo na continuidade do aprendizado do Bhagavad- Gita, bem como acelera a assimilação do conhecimento já adqui-rido. E o que é mais importante é a leveza do espírito proporcionado por um sentimento de contato mais íntimo com Krishna.” Sol Lima

“Na associação daqueles que buscam o caminho da luz, as conversas sobre os passatempos e as ativida-des do Senhor são muito agradáveis e satisfatórias ao ouvido e ao coração. Aquele que cultiva tal conheci-mento avança gradualmente no caminho da liberação e, em seguida, liberta-se, fixando sua atenção. Então, começa a verdadeira devoção e o serviço devocional.” (Srimad Bhagavatam (3.25.25). É isso... estivemos e estamos em união (todas as 4as, às 19:30h...rs), e isto é muito poderoso.” Daniela de Luna

“Aqueles que pensam em Mim (Deus), que têm suas vidas absortas em Mim, sempre ilu-minando uns aos outros e conversando sobre Mim (sat-sanga), obtêm grande satisfação e

bem-aventuranças.” (Bhagavad-Gita, capítulo 10, verso 9)

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”Quando entrei no grupo de estudo do Bhagavad-Gi-ta, que acontece na Casa de Padre Pio, não esperava que a minha vida fosse mudar tão espetacularmente. Explico: o grupo lá formado é tão heterogêneo que é bonito ver como todos ali são bem acolhidos, inde-pendente das suas crenças. Logo, aos poucos, fui me abrindo para tal experiência na minha busca pessoal de auto-conhecimento. E lá vi um grupo que também anda buscando isso. Cada um no seu tempo, cada um no seu processo, buscando a transcendência... No iní-cio do mês, parte desse grupo viajou a um retiro em Teresópolis; nesse encontro, o laço se estreitou ainda mais entre nós, não importando, é claro, o quanto se conversou entre si, e sim o melhor motivo de estar-mos ali juntos: a certeza da busca de um caminho pela paz!” Candy Saavedra

“O ambiente do retiro espiritual e as atividades que fi-zemos lá serviram principalmente para eu restabelecer a conexão com um estado de vida existente em mim, muitas vezes esquecido durante a confusão e correria do dia-a-dia. Além disso, foi importante poder conver-sar com colegas da turma do BG, pois muitas vezes nem falamos durante as aulas por causa dessa mesma correria.” Dani Budista.

“Ansiedade seria a palavra certa para expressar o que sentia quando já estávamos chegando no Ashram. De longe, as luzes, quando pegamos as malas e entra-mos, que lugar, fiquei sem palavras. O jeito era tentar relaxar para conseguir dormir e aproveitar o final de semana que só estava começando. De cara, ofereci o resultado para não me prender em expectativas, o que viesse era bem vindo, estava entregue. Passeios, Yoga, Ritual de queima de carma, ensinamentos que tivemos com Chandramukha, alegria de todos por nos terem lá e nos convidando para voltar em breve e quem sabe no Ano Novo. Até os animais foram de um amor, que tive uma companhia deliciosa nas noites que che-gavam, Marrinha

uma cadela fofa que sempre dormia comigo e Paty no quarto. Reflexão a todo momento, nas orações pela manhã e no final do dia nos mostravam que energia, nem sei explicar o tamanho da emoção que sentia, só percebia pelas lágrimas que desciam pelo meu rosto. Como nos ensina “nosso Guru”, toda quarta às 19:30, oferece a Krishna o que é de Krishna.” Flavia Braga

“A minha ida ao retiro foi uma experiência de harmo-nia, alegria e conhecimento. Senti o poder da paz, que reinou no meu interior. Senti minha consciência em plena expansão.” Rita Rosas

“Dias de paz, reflexão, natureza, amizade e consciên-cia. Momentos de grande alegria em compartilharmos os ensinamentos transcendentais do incrível e trans-formador livro Bhagavad- Gita. Autoconhecimento através da dança, cânticos, leituras, vivências, comida, yoga, show de mágica, tudo... um grande exercício de oferecimento ao Supremo, no agradecimento constan-te aos monges, que ensinaram os textos do livro sagra-do ao Marcelo, que com sabedoria, espontaneidade e muito amor, vem tocando nossos corações e mentes, e a cada encontro de 4ª feira, sentimos a liberdade em nosso espírito! Muito obrigada!” Patrícia Patury

“O lugar, o ambiente, as pessoas, as palestras, os cânticos, tudo isso foi vivenciado com muito prazer e certeza de que todos que ali se encontravam, conse-guiram alcançar mais uma etapa no seu caminho para o Supremo.” Virgilio Claudio da Silva

Os estudos da Bhagavad-Gita acontecem aqui na Casa de Padre Pio - Rua Assunção, 297 - to-das as quartas-feiras, às 19:30h. Não precisa se inscrever. Basta chegar e se sentar!

“A leitura do Bhagavad-Gita, às 4as feiras, foi coroada com o retiro na Ashram Vrajabhu-mi. O lugar, as cerimônias, a comida, a conversa com os monges... e que energia fantástica! Foi melhor do que o mestre Marcelo falou que iria ser.” Paulo Mauricio Barbosa de Souza

“O retiro foi maravilhoso: o lugar é lindo, a comida deliciosa, a interação entre as pesso-as do grupo foi perfeita; mas, o que mais me encantou, foi poder colocar em prática alguns dos ensinamentos que aprendemos em nossas reuniões de quarta-feira. Destaco o desapego aos resultados das ações pois, mesmo quando a programação não saiu conforme havia sido combinado, ninguém se afastou de seu estado de paz.” Maria Lucia Correa

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Aconteceu

Confraria Social Como nasceu essa idéia

Quando alguém ou instituição precisa e você pode e quer o que você faz ? Ajuda!

Assim, no começo de noite aqui no Rio de Janeiro, após um dia de trabalho, que tal participar de uma nova proposta que abre mais um caminho para uma sociedade também participativa ? E apesar do anoni-mato característico de muitas ações generosas, só o fato de participar já renova nossas forças e confian-ça...

Porém, como diz o ditado “a união faz a força”... Assim nasceu a Confraria Social, olhando para o nos-so quintal, que pode estar localizado em qualquer ponto geográfico...

Você com certeza já ouviu falar alguma coisa sobre COOPERATIVIS-MO. Do verbo cooperar,

que significa a união entre pessoas voltadas para um mesmo obje-tivo. E que, através dessa cooperação, procura-se atender algumas das muitas necessidades humanas.

É mais do que chegado o momento para a expansão e construção de novas parcerias, facilitando as mudanças, dando o primeiro passo, aquele impulso único que vai gerar... Cooperação.

Afinal, generosidade é contagiante!Seja bem-vindo!

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Religiões e práticas espirituais

Jeronimo Figueiredo *

“Toda forma, todo signo, não é se-não a expressão exterior de uma idéia, de uma intenção procedente do invisível universal.”, Mário Mercier, xamã fran-cês.

Nas abordagens atuais sobre o Xa-

manismo, entende-se que este englo-baria qualquer ritual que nos ligue às forças da Terra com o mundo invisível e sobrenatural, ou qualquer ato de cunho religioso que vá nesta direção.

O Xamanismo, como prática religiosa, se ba-seia no fato de que estamos em constante in-teração com a Terra, de que “Somos Um” com Ela.

Nesse sentido, o Xamanismo propõe-se a trabalhar com a energia da Terra, bem como com todos os seus elementos, incluindo os seres elementais e o mundo dos espíritos; enfim, ele busca trabalhar as questões energéticas relativas ao nosso existir. Dessa forma, o Xamanismo se-ria a nossa própria intuição, expressão da nossa sabedoria interna.

A visão Xamânica alicerça-se na percepção de que tudo o que existe na natureza deve ser compreendido, pois se esta percepção for tra-balhada, passamos a poder interagir com seres e amigos invisíveis, aprendendo a utilizar vastos potenciais energéticos, geralmente ocultos para a maior parte das pessoas.

Essa perspectiva engloba muitos conceitos, correntes e técnicas ligadas ao chamado mo-vimento da Nova Era, como por exemplo, os relacionados à Medicina energética, que de al-guma forma tem um caráter xamânico. Muitos umbandistas e diferentes magos podem até ser considerados xamãs. Nesse sentido, podemos também salientar a figura de um grande santo católico, S. Francisco de Assis, como um exem-plo de um grande Xamã. Pois ele conversava com o Sol, com a Lua, com as Estrelas, com o Vento, com o Fogo e com todos os animais e se-res vivos, considerando-os todos como irmãos, oriundos do mesmo Pai, o Criador. Assim, num

nível ampliado, podemos também considerar Jesus como um Xamã, “O Xamã dos xamãs de Luz.”

Sabemos que há diversos trabalhos e linhas bem definidas e distintas no Xamanismo, pro-vindas das culturas de diferentes povos nativos, embora possa se perceber, por exemplo, que as culturas dos esquimós e a dos índios norte-americanos se relacionam, pois trabalham com a mesma idéia de animais de poder, sendo porém que cada uma cultua os seus próprios animais, considerados por eles como representações físico-espirituais de seus Mestres internos. No entanto, de um forma geral, define-se o Xama-nismo como sendo a religião de alguns povos do norte da Ásia que acreditam na invocação dos espíritos de cura pelos xamãs.

Atualmente, relata-se que estamos no tem-po dos Xamãs brancos, dedicados à prática da Magia Branca. Eles são também chamados de Xamãs de Luz ou Xamãs holísticos, por estarem comprometidos com o Bem e com a elevação espiritual da humanidade. Para efetivar tal ta-refa, eles estudam e integram diversos conhe-cimentos tidos como “mágicos”, para poderem agir nos diversos planos invisíveis e visíveis da nossa existência.

Para conhecer um pouco mais sobre Xama-nismo, sugiro a leitura das obras de Carlos Cas-tanheda.

* Paisagista, terapeuta de massagem espiritual e focaliza-dor de tradições indígenas. Contatos: 2225-8622 Cel: 9331-7238

Xamanismo, o que seria mesmo?

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18 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Poesia, linguagem da alma

Cecilia Cid

Já não sei mais o que é belo, o que é singelo, já não sei mais o que é...

Beleza não se vê com olhos, se sente com o coração.

Singelo não se sente com o coração, mas com a alma...

Olhando para nosso dia a dia tão atribulado, perdemos essa noção do belo, singelo, carinho-so, feliz... Ficamos com a cabeça tão centrada em engarrafamentos, computadores, relógios, que esquecemos o básico: a vida!

Deixamos de apreciar as aves e sua dança no vento, esquecemos de apreciar os cheiros no vento, esquecemos de deixar os cabelos ao ven-to... Simplesmente esquecemos!

Deixamos de lado o sabor do pão com man-teiga quente escorrendo entre os dedos, deixa-mos de lado o sabor do beijo dado de manhã cedo, deixamos de lado muitas vezes o que de-veria estar dentro e não ao lado... Simplesmente deixamos!

Deixamos para depois o abraço, deixamos para depois o sorriso, deixamos para depois o outro... E simplesmente o depois não vem!

Por que estou falando tudo isso? Porque tudo está na nossa busca interior, na busca da nossa espiritualidade. O mundo que nos cerca faz parte do EU, entendendo como mundo a

natureza, a vida... tudo o que vier à cabeça. O outro também faz parte do EU. O EU sozinho é apenas uma vaga lembrança do que SOMOS, só estaremos completos quando conseguirmos juntar o EU + o OUTRO + o MUNDO = UM.

Procure fundir todos os elementos que você chegará no Criador, nada mais somos que par-tes do Todo separadas na Criação que se Unem no ETERNO.

Quando a fusão acontece dentro de você o mundo ao redor se transforma, você não mais esquece, não mais deixa... Tudo vem!

O amor transbordará em luz através de seus olhos... Simplesmente deixe, sinta, vá, seja!

“Todos os tipos de sementes de poder estão dentro de você, esperado por você fazê-las cres-cer” – Paramahansa Yogananda.

JÁ NÃO SEI MAIS O QUE É BELO

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Portal da Graditão

Entrevista realizada com

Maria Félix dos Reispor Denise Cristina Ribeiro Gomes

1- Maria Felix, por que veio há à Casa de Padre Pio? Há quanto tempo a freqüenta?

R: Há 4 anos atrás, trazida por uma amiga, cheguei à Casa , “ sentindo-me no fundo do poço”. Estando desempregada, este fato oca-sionou grandes transtornos em minha vida . Passei a ter problemas de subsistência, perdi o status social que usufruía pela minha condição econômica,e assim, entrei em depressão : não me arrumava, não queria tomar banho, sentin-do-me sem ânimo, sem forças, sem coragem para enfrentar o meu dia a dia. Sentia muita rai-va de tudo e de todos pelo que estava passando. Passei a ter problemas gástricos e a vivenciar uma crise em meu casamento. Posso dizer que vivenciava um “inferno” em vida.

Inicialmente, fui encaminhada para o pro-cesso de “cura espiritual’, assim como, para o programa de doação de “Cestas Básicas”, e, tudo foi-se modificando em minha vida.

2- Maria, como você era antes da vivência de todo esse sofrimento?

R: Eu era alegre, cheia de vida. Em reuniões sociais era o centro das atenções, por ser muito comunicativa. Hoje, posso perceber que, talvez, por não ter tido até aquela época sérios pro-blemas de vida, era muito centrada em mim mesma, não me preocupando com o bem estar do outro.

3- Quanto tempo você freqüentou as sessões de cura? Fale-me das transformações que foram ocorrendo em sua vida?

R: Participei da cura durante 2 meses, às 4ªs feiras. No início, chorava muito; depois , gradativamente, fui mudando... Orientada a ler diversas obras espiritualistas e espíritas, fui aprendendo a me descentrar , isto é, passei a me preocupar menos comigo e, um pouco mais com a felicidade e bem estar do outro.Assim, no decorrer desse processo, fui renascendo para a vida! Senti que a luz novamente nela brilhava, porém, de uma forma diferente! A minha for-ma de encarar a minha existência havia mudado. Hoje, embora ainda tenha sérias dificuldades econômicas, sinto-me bem melhor, em equilí-brio comigo mesma. Voltei a ter esperança em meu amanhã. Venho percebendo que os meus valores se modificaram. Aprendendo a me de-sapegar das coisas materiais,estou conseguindo me sentir feliz com pouco. Passei a direcionar a

minha vida em busca de sabedoria , de procu-rar um maior contato com a minha essência .

4- O que significa a gratidão para você? Você se considera uma pessoa grata?

R: Para mim, ser grato significa reconhecer a solidariedade alheia para conosco. Sou grata à Deus por estar viva e com saúde. Sinto-me grata a todos aqueles que, nos momentos difíceis de minha vida, estenderam-me a mão, apoiando-me materialmente e espiritualmente. Sinto-me grata e feliz por estar participando da vida , co-nhecendo e me relacionando com pessoas que me ajudam a crescer.

5- O que diria para alguém que vivencia os pro-blemas pelos quais você passou?

R: Não perca a esperança em dias melhores .Acredite que sempre haverá em sua vida, um novo recomeço, um “amanhecer de primave-ra”, mais harmonioso, suave, confortador. Não deixe de ser perseverante. Procure ser humilde, ao se esforçar por desapegar de si mesmo, evi-tando se sentir como “o centro” do universo.

“Senhor, eu te agradeço pelo dom da minha vida, pelo dia de hoje, e por to-

das as graças recebidas, principalmente, aquelas

venho recebendo através da Casa de Padre Pio, que fortalecem o meu corpo e

o meu espírito.”Maria Felix

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20 Essência da Luz uma publicação bimestral da Casa de Padre Pio

Prece

Oração para o fim de qualquer experiência de perda repentina

Querido Deus:

Hoje, eu peço força para me desapegar. Sei que esta experiência já cumpriu seu papel na minha vida. Agora é tempo de seguir em frente, mas estou com medo. Por isso eu peço: dê-me forças para me desapegar.

Hoje, eu peço coragem para seguir adiante. Sei que não há mais nada que eu possa dar, nada que possa receber se continuar onde estou. Sei que Seu objetivo divino já foi alcançado e que algo maior me aguarda mais à frente. Mas, neste momento, estou dominada pela dor, e essa dor está me impedindo de sair do lugar. Por isso eu peço: dê-me forças e coragem para caminhar.

Hoje, eu peço sabedoria para perdoar. Estou sentindo muita raiva, muita vergonha, muita culpa. Tenho me esforçado tanto para enten-der o que fiz, o que devia ter feito, o que devia ter parado de fazer há muito tempo. Sei que, se eu pudesse perdoar a mim e a todas as pes-soas envolvidas, conseguiria superar toda esta raiva, toda esta mágoa. Mas, neste momento, estou furiosa. Sei que é este rancor que está me paralisando e fazendo com que eu me sinta perdida. Eu peço forças, coragem e sabedoria para me perdoar, pois só assim serei capaz de perdoar os outros.

Hoje, eu peço compreensão. Estou tentando entender, mas a ver-dade é que não consigo! Estou tentando enxergar qual é o sentido de tudo isso que está acontecendo, a fim de não sentir tanto ódio, tanto medo. Se, por algum motivo, ainda não é o momento de eu compre-ender, por favor, meu Deus, alivie a minha dor.

Hoje, eu peço a humildade da aceitação. Confesso que não estou gostando nada desta situação. Apesar de não entender por que isso tudo está acontecendo, estou disposta a me submeter. Estou disposta a aceitar esta experiência - só que, neste momento, meu impulso ain-da é resistir. Por isso eu peço: dê-me humildade para que eu seja mais capaz de aceitar.

Hoje, eu peço paz. Suplico por paz! Neste momento, rogo que a presença consoladora da paz supere o medo e a raiva que ameaçam me consumir. Sei que, com paz, minhas forças e minha coragem au-mentarão e eu conseguirei me encontrar em meio a toda esta perda. Eu me abro agora para receber e experimentar a paz em meio a esta tempestade. Desejo que a paz acalme a minha alma. Agora, recebo, abraço e acolho a presença da paz na minha mente, no meu coração e no meu espírito.

Hoje, fico de pé fortalecida! Avanço com coragem! Ajo com sabe-doria! Abro-me para a compreensão divina! Aceito com humildade todos os meus pensamentos e sentimentos e experimento a presença crescente da paz.

Por tudo isso e muito mais, dou muitas, eternas graças.

E assim seja!