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joaquina-rafael-barbosa
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Era uma vez uma velhinha que vivia só, na sua casinha da aldeia, perto da floresta.
Certo dia, recebeu uma carta da sua neta, que vivia numa terra distante. A carta trazia-lhe
uma grande alegria – a neta ia casar-se e convidava a avozinha para assistir ao seu
casamento.
Tão contente ficou que imediatamente se pôs a caminho para não chegar atrasada.
Depois de ter andado alguns quilómetros, surgiu à sua frente um grande lobo que lhe disse
numa voz rouca:
-Ai, velhinha, que eu como-te!
-Ai, não me comas, que eu estou muito magrinha. Vou ao casamento da minha neta e,
quando de lá voltar, já venho mais gordinha!
-Está bem na volta cá te espero! - respondeu o lobo e deixou-a seguir caminho.
Lá mais adiante, surgiu-lhe na frente um urso, que lhe disse ao ouvido:
-Ai, velhinha, que eu como-te!
-Ai, não me comas, que eu estou muito magrinha. Vou ao casamento da minha neta e, quando de lá
voltar, já venho mais gordinha! Tal como o lobo, o urso achou que a velhinha tinha razão e deixou-a
seguir viagem, dizendo:
-Está bem na volta cá te espero!
Já quase no fim da viagem, uma terceira fera apareceu à velhinha – era um leão.
-Ai, velhinha, que eu como-te!
-Ai, não me comas, que eu estou muito magrinha. Vou ao casamento da minha neta e, quando de lá
voltar, já venho mais gordinha!
O leão também acho que era melhor esperar que ela voltasse mais gordinha. Então disse-lhe:
-Está bem na volta cá te espero!
Muito assustada a velhinha continuou o seu caminho até que chegou, por fim a casa da neta.
Contou tudo o que lhe acontecera e a neta acalmou-a dizendo que não haveria problema
nenhum. O casamento foi muito bonito e a velhinha estava muito feliz. Mas, quando se decidiu
a voltar para a sua casa, começou a ficar com muito medo.
A neta correu ao quintal, cortou a cabacinha maior e mais redondinha que lá tinha abriu-lhe uma
pequena porta e a velhinha entrou nela.
A neta voltou a fechar a cabacinha. Então a viagem começou quando a cabacinha e a velhinha
rebolavam estrada fora .
A cabacinha continuou rebolando pela estrada fora. A certa altura passaram ao pé do leão, que
perguntou:
- Oh cabacinha não viste para aí uma velhinha?
A velhinha de dentro da cabacinha respondeu:
-Não vi velhinha, nem velhão, Corre , corre , cabacinha , Corre , corre , cabação!!!
Um pouco mais à frente estava o urso, esperando. Este resolveu perguntar:
-Oh cabacinha não viste para aí uma velhinha? De dentro da cabacinha, a mesma voz
respondeu:
-Não vi velhinha, nem velhão . Corre , corre , cabacinha ; Corre , corre , cabação!!!
A cabacinha continuou rebolando, rebolando, sempre a toda a pressa. O urso não percebeu
nada do que via e ouvia…
Mais perto de casa estava o lobo esfomeado. Ao ver a cabacinha perguntou-lhe:
-Oh cabacinha não viste para aí uma velhinha? De dentro da cabacinha a voz da velhinha fez-
se ouvir:
-Não vi velhinha, nem velhão . Corre , corre , cabacinha ; Corre , corre , cabação!!!
O lobo pulou de raiva.
Finalmente a nossa velhinha chegou a casa. Não havia mais perigos. Pela estrada fora
tinham ficado, enganados, os seus três inimigos. A cabacinha salvara-lhe a vida.
De tanto tempo à espera as feras caíram no chão e adormeceram sonhando com cabaças
faladoras!
Vitória, Vitória , acabou-se a história.