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História da Igreja II: Aula 6: Reformas Católicas

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Aula ministrada no curso de História Eclesiástica II no Seminário Teológico Shalom, em 2013. A presente aula visa apresentar os movimentos reformadores dentro da Igreja Católica, gerados para conter o avanço protestante e eliminar algumas de suas causas e argumentos. A aula contempla um panorama da criação da Ordem Jesuíta e do movimento de Contra Reforma, com seu ápice no Concílio de Trento.

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  • 1. Reformas CatlicasA busca por mudanas internasHistria Eclesistica IIPr. Andr dos Santos Falco NascimentoBlog: http://prfalcao.blogspot.comEmail: [email protected] Teolgico Shalom

2. Reformas Catlicas O movimento reformador da igreja catlica pode serdividido em duas fases: Antes e Depois de Lutero A Reforma Catlica anterior a Lutero teve origem nosreinos espanhis de Arago e Castela, onde seusmonarcas, Fernando e Isabel, buscavam mudar opanorama da igreja em seus pases. A Reforma Catlica posterior a Lutero, tambm conhecidacomo Contra Reforma, teve origem na Itlia e teve ainteno de responder os questionamentos protestantes ereafirmar a f romana. 3. Reforma Espanhola A Reforma Espanhola tem origem nosesforos dos reis Isabel de Castela eFernando de Arago, ambos catlicosconvictos. Antes de se casarem, os dois regentes j haviam percebidoque a igreja local enfrentava enormes dificuldades eprecisava ser transformada. Entre os problemas da igreja espanhola, estavam obelicismo e a politicagem do Alto Clero, a ignorncia bblicae pobreza do Baixo Clero, a vida mole dos conventos emosteiros e o concubinato generalizado. 4. Reforma Espanhola Os interesses de ambos na Reformaeram distintos. Fernando, tendo tidocontato com a Itlia renascentista,desejava usar a igreja com finspolticos. J Isabel, mulher crist devota, se escandalizava com adecadncia moral que havia atingido o clero. Desta forma, at a fuso do reino, ambos conjugavam seusesforos para mudar a igreja por dentro em seus reinos,segregando suas aes apenas quando seus interessesdivergiam. Neste caso, cada um aplicava as medidas emseu prprio reino. 5. Renovao do clero Para realizar seus intentos, os soberanos obtiveramde Roma o direito de nomeao, que lhes permitianomear os prelados do Reino. Fernando demonstrou seus intentos nomeando seufilho bastardo de seis anos como arcebispo deZaragoza. J Isabel aproveitou a oportunidade paranomear o frade franciscano FranciscoXimenez de Cisneros, frade relacionado aomovimento humanista erasmista, comoarcebispo de Toledo, mas no sem resistnciade Fernando, que queria nomear seu filhopara o posto. 6. Renovao dos conventos Inicialmente, Isabel e Frei Francisco colaboraramna reforma dos conventos. Isabel trabalhou ascasas das religiosas, visitando os locais econversando com as freiras suavemente enquantotrabalhava em sua roca, exortando quandonecessrio. Caso houvesse reincidncia, era maisdura. J Frei Francisco, responsvel pelosmosteiros masculinos, fazia uso direto de suaautoridade para impor sua vontade, o que lhegerou inimigos na corte. Tanto os cnegos deToledo quanto alguns franciscanosreclamaram com Roma, que travou asreformas at a interferncia da rainha. 7. Reforma Intelectual Tanto Isabel quanto Francisco sabiam queprecisavam adestrar melhor os dirigente daigreja, por isso resolveram fomentar os estudos.Fernando no nutria tanto tal interesse. Para tal, fomentou a imprensa em diversascidades e a formao da Universidade de Alcal(1508), onde se formaram Miguel de Cervantese Incio de Loyola, e modelo para outras. Alm disso, Francisco coordenou a criao da Bblia PoliglotaComplutense (1520), formada pelo texto grego, hebraico e latinoem paralelo. A Bblia levou 10 anos para ser produzida e foi feitacom a combinao dos esforos de judeus conversos, umcretense, dois helenistas e os melhores latinistas espanhis. 8. Armas de represso Como forma de reprimir aqueles que seopusessem Reforma (judeus, rabes ehereges), Isabel conseguiu de Roma autorizaopara a criao de uma Inquisio no pas. Ainovao foi que, ao contrrio da Inquisio daIdade Mdia, o comando ficaria nas mos dacoroa. A perseguio no foi imediata. Inicialmentehouve uma pregao geral contra a heresia. Com o incio das perseguies, reclamaes a Roma fizeram-nasserem suspensas por Sixto IV, em meio tenso das relaesentre Espanha e Roma. Foi o infame papa Alexandre VI (Rodrigode Brgia) quem autorizou seu reincio, aps influncia de Isabel. 9. Armas de represso O lder da Inquisio Espanhola foi o dominicanoToms de Torquemada, que ficou conhecido pelaintolerncia e crueldade. A Inquisio era um processo em que a pessoaacusada de heresia era torturada at confessar e seretratar ou ser executada. Na Espanha, como regra, oacusador no precisava se apresentar, diferente daIdade Mdia, onde isso era exceo. Como os bens dos condenados morte ficavam com a coroa, alega-seque a Inquisio teve tambm motivao econmica. Originalmente a Inquisio teve apoio popular, por sua oposio a judeuse mouros convertidos, acusados de manterem as velhas prticas. O saldo foi de 12 mil mortos, 10 mil sob Torquemada e 2 mil sobXimenes. 10. As expulses e assimilaes Para acabar com a influncia dos povos pagos,os Inquisidores conseguiram que judeus emouros fossem expulsos da Espanha. Os judeusforam expulsos em 1492, tendo que vender seusbens e sem poder tirar ouro, prata, armas oucavalos do pas, ficando merc dos banqueirose suas letras de cmbio (50 a 200 mil exilados). Tanto judeus quanto mouros receberam a opo de se batizarem.A grande maioria dos judeus no aceitou e emigrou. Os mourosse rebelaram e foram proibidos de emigrar, pois o xodo seriamacio. Isso forou o batismo, gerando um grupo chamado demouriscos, obrigados em 1516 a abandonar seus trajes ecostumes, sem xito. Eventualmente foram expulsos no sc. XVII. 11. Consequncia das expulses A expulso dos judeus gerou vriosproblemas econmicos para aEspanha, pois grande parte deleseram dos mais produtivos ao pas. Entre eles, estavam os banqueiroscom quem a Espanha se financiava.Com sua expulso, a Espanha teveque fazer emprstimos com a Itliaou Alemanha, gerando prejuzos coroa. 12. Reforma Catlica Ps-Lutero Oratrio do Amor Divino (1517-1527):Organizao informal de aproximadamente 60clrigos e leigos para aprofundamento da vidaespiritual por exerccios. Membros maisimportantes: Giovanni Pietro Caraffa (Paulo IV) eGaetano di Tiene, fonte de inspirao dos papasreformadores. Caraffa intimamente ligado ao dogma medieval da Igreja Romana. Os mais capazes do grupo se tornam cardeais pelas mos dePaulo III e redigem documento que dizia que os abusos na IgrejaRomana eram culpa de pontfices e cardeais corruptos anteriores. Novas ordens religiosas: Teatinos (1524), Capuchinhos (1525),Ursulinas (1535). 13. Reforma Catlica Ps-Lutero O Papa Paulo III pode ser considerado oprecursor do movimento reformadora catlico.Sob sua liderana, foram criadas a ordem dosJesutas, o Index de Livros e foi instalado oConclio de Trento, em 1545. Sob influncia de Caraffa, autorizou a criao daInquisio Romana, para perseguir os hereges. Pio IV, sucessor de Paulo IV, elimina o nepotismo e regulamentaos poderes do Colgio de Cardeais. Sisto V, seu sucessor, realiza uma reforma financeira. Tais aes geram retornos de protestantes ao seio catlico. Em1590, o resultado reduz o avano protestante na Europa. 14. Os Jesutas A Companhia de Jesus, principal brao da ContraReforma, foi fundada por Incio de Loyola em1540. Filho de nobres bascos, Incio tambm foiatormentado por seu sentimento de pecado atcrer na graa divina. Porm, ao contrrio deLutero, dedicou sua vida Virgem. Manco de uma perna (esmagada em batalha em 1521 contra osfranceses), Incio viajou Palestina em 1523, mas foi dispensadopelos franciscanos locais, por medo de seu temperamento. Volta a estudar, entrando em Paris em 1528, tambm passando porBarcelona, Alcal e Salamanca. 15. Os Jesutas A Ordem cresceu rapidamente, sendo formada pormonges habilidosos na pregao, treinados parareconverter os protestantes. Para orientar os novios, escreve os ExercciosEspirituais em 1548, com diversas semanas sendogastas em meditaes sobre pecado, a vida, mortee ressurreio de Cristo. As regras de Loyola exigiam obedincia cega ao papa, alm depureza, pobreza e castidade. Principais objetivos da ordem: Educao, combate heresia emisses estrangeiras. Sua obra ajudou na reconquista do sul da Holanda e da Polnia. Gerou vrios missionrios, entre eles Francisco Xavier (ndia e Japo) 16. O ndex de Livros O Index Librorum Prohibitorum, promulgado porPaulo IV em 1559, foi um instrumento criado pelaIgreja Romana para coibir a disseminao e leiturade material protestante por parte dos fieiscatlicos. A obra apresentava uma lista de livros cuja leituraera proibida pelos fiis catlicos. A edio original apresentou os livros de Erasmo e algumas ediesprotestantes da Bblia. Em 1571, uma comisso especial foi encarregada pelo Papa demanter a lista atualizada. O ndex foi abolido somente em 1966. 17. O Conclio de Trento O Conclio de Trento foi a forma que opapa Paulo III encontrou de efetivar areforma na Igreja Catlica, enfrentando aomesmo tempo o surgimento da freformada na Europa. O Conclio foi aberto em 13/12/1545, durando at 04/12/1563 apslongos perodos sem sesso. Como o conclio teve votao individual e 75% do colegiado era deprelados italianos, o papado conseguiu controlar as decises deacordo com seus interesses. 255 clrigos assinaram os decretos finais, porm no mais de 75estiveram presentes na maioria das 25 sesses. 18. O Conclio de Trento Os objetivos iniciais do Conclio eram: Reforma dos abusos clericais Discusso da doutrina da igreja Possibilidade de convocao de cruzada contra os infiis A primeira sesso (1545-1547) discutiu a doutrina e determinou: A Bblia, os livros apcrifos e a tradio da igreja constituam autoridadefinal para os fiis. O homem justificado pela f e pelas obras subsequentes. Confirmao dos sete sacramentos. Decretos sobre a reforma dos abusos eclesisticos. A segunda sesso (1551-1552) confirmou o dogma datransubstanciao, alm de outras questes reformistas. 19. O Conclio de Trento A terceira sesso (1562-1563) se preocupou com: Os demais sacramentos Regras sobre o casamento Decretos sobre o purgatrio Assuntos reformistas gerais 1564: Por bula papal, formulada a Confisso de FTridentina, com todos os sacerdotes, professores catlicosromanos e convertidos do protestantismo tendo que subscrev-la,jurando verdadeira obedincia ao papa. 20. O Conclio de Trento Demais consequncias do Conclio: Vulgata torna-se a verso catlica oficial da Bblia. Abertura de seminrios para formar ministros. Elevao do padro moral entre o clero. Separao final de catlicos e protestantes, por conta daincluso da tradio como regra de f. Fim do Conciliarismo, com triunfo do absolutismopapal/curial. 21. Fontes Texto base: CAIRNS, Earle E. O Cristianismo atravs dos sculos: umahistria da igreja crist. 3 ed. Trad. Israel Belo de Azevedo e ValdemarKroker. So Paulo: Vida Nova, 2008. Textos auxiliares: DREHER, Martin N. Coleo Histria da Igreja, 4 vols. 4 ed. So Leopoldo:Sinodal, 1996. GONZALEZ, Justo L. Histria ilustrada do cristianismo. 10 vols. So Paulo:Vida Nova, 1983