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Círculo Iniciático de Hermes Última Alteração: 10/12/04 - 15:34 Pág. 1 http://www.cih.org.br LIBER ASTARTE VEL BERYLLI SUB FIGURA CLXXV 1 A. · . A. · . Publicação em Classe D. Por: Mestre Therion (Aleister Crowley) Tradução: Frater Goya (Anderson Rosa) 0. Este é o livro da União de Si mesmo com uma Deidade particular mediante a devoção. 1. Considerações diante do Umbral. Em primeiro lugar, deve-se escolher uma Deidade. Isso carece de importância ainda que tenha que se ter em conta que a escolha deve estar relacionada com a natureza do que elege. Assim mesmo este método não é adequado a deuses austeros como Saturno, ou de caráter intelectual como Thoth. Deve referir-se a deidades que participem do amor. 2. Concernente ao primeiro método desta Arte Mágicka. O devoto deve ser consciente que ainda que Cristo e Osíris sejam um, o primeiro deve ser adorado seguindo-se os ritos cristãos e o segundo de acordo com os ritos egípcios. E isto deve ter-se em conta ainda que os ritos sejam similares, sem dúvida, deveria haver UM símbolo que manifestasse a superação de tais limitações, e com respeito a uma Deidade também deveria fazer UMA afirmação de que sua identidade é similar a de outros deuses de outras nações e a do Ser Supremo do qual todos os outros não são mais que reflexos parciais. 3. Escolha do lugar da devoção. Este lugar representa o Coração do Devoto e, portanto deveria ser simbolicamente representado por aquela habitação que ele ama mais. Dentro do habitáculo o lugar de adoração será o altar do Templo. É conveniente que este altar fosse situado num 1 O número do Líber, como é comum acontecer com Crowley, já nos dá uma evidência e uma direção bastante interessante sobre a natureza do trabalho a ser executado aqui. Ora, se o número é em si uma chave, qual seria a forma dela? Ousamos dizer que mesmo na palavra forma já em si dá o indicativo do segredo que encerra. O item 8, embora fale do 7 x 9, traz a solução. Qualquer mente suficientemente aguda, porém não apenas racional poderá achar a informação necessária se olhar para o céu. “Eis que brilha a Estrela da Manhã!” – Nota de Frater Goya.

Liber astarte clxxv treino para aproximação com deidade

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LIBER ASTARTE VEL

BERYLLI

SUB FIGURA CLXXV1 A. · . A. · .

Publicação em Classe D.

Por: Mestre Therion (Aleister Crowley) Tradução: Frater Goya (Anderson Rosa)

0. Este é o livro da União de Si mesmo com uma Deidade particular mediante a devoção.

1. Considerações diante do Umbral. Em primeiro lugar, deve-se escolher uma Deidade. Isso carece de importância ainda que tenha que se ter em conta que a escolha deve estar relacionada com a natureza do que elege. Assim mesmo este método não é adequado a deuses austeros como Saturno, ou de caráter intelectual como Thoth. Deve referir-se a deidades que participem do amor.

2. Concernente ao primeiro método desta Arte Mágicka. O devoto deve ser consciente que ainda que Cristo e Osíris sejam um, o primeiro deve ser adorado seguindo-se os ritos cristãos e o segundo de acordo com os ritos egípcios. E isto deve ter-se em conta ainda que os ritos sejam similares, sem dúvida, deveria haver UM símbolo que manifestasse a superação de tais limitações, e com respeito a uma Deidade também deveria fazer UMA afirmação de que sua identidade é similar a de outros deuses de outras nações e a do Ser Supremo do qual todos os outros não são mais que reflexos parciais.

3. Escolha do lugar da devoção. Este lugar representa o Coração do Devoto e, portanto deveria ser simbolicamente representado por aquela habitação que ele ama mais. Dentro do habitáculo o lugar de adoração será o altar do Templo. É conveniente que este altar fosse situado num

1 O número do Líber, como é comum acontecer com Crowley, já nos dá uma evidência e uma direção bastante interessante sobre a natureza do trabalho a ser executado aqui. Ora, se o número é em si uma chave, qual seria a forma dela? Ousamos dizer que mesmo na palavra forma já em si dá o indicativo do segredo que encerra. O item 8, embora fale do 7 x 9, traz a solução. Qualquer mente suficientemente aguda, porém não apenas racional poderá achar a informação necessária se olhar para o céu. “Eis que brilha a Estrela da Manhã!” – Nota de Frater Goya.

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bosque ou num jardim privado. Sempre deverá estar protegido do profano.

4. Concernente à Imagem da Deidade. É necessário que exista uma Imagem da Deidade. Em primeiro lugar, porque assim se facilita a plenitude do pensamento durante a meditação, e sem segundo lugar, porque um certo poder chega a habita-la graças às cerimônias. Isto é o que se diz, e Nós não o negamos. Que esta Imagem seja tão formosa e perfeita quanto seja possível. Inclusive seria melhor que o devoto a esculpisse ou a pintasse ele mesmo. Se é escolhida uma Deidade cuja natureza não é compatível com nenhuma imagem, que se adore o santuário vazio. Este é o caso de Brahma e de Alá. O mesmo ocorre com algumas concepções de Jehovah depois do exílio.

5. Mais idéias referentes ao Santuário. Há de adornar-se apropriadamente com todos os adornos que sejam necessários, de acordo com o Líber 777. Por exemplo, caso se trate de Baco, pode-se colocar ramos de vinhas e de pinheiro, e vinho e uvas. Se fosse Ceres, o melhor seria colocar milho e bolos. Para Diana ervas e água fresca e pura. Também é conveniente que o Santuário esteja sob talismãs dos planetas distintos, e com os signos e elementos apropriados. Mas estes devem ser feitos de acordo com o Ingenium Filosofus2, e isto segundo o Líber 777 durante o curso de suas devoções. Não seria demais se houvesse um círculo mágico com os signos e os nomes apropriados.

6. Referente às Cerimônias. Que o Philosophus prepare uma poderosa Invocação da Deidade de acordo com sua Habilidade. Esta Invocação deve conter as seguintes partes: Primeiro, uma Imprecação, como se fosse um escravo diante de seu Amo. Segundo, um Voto, como se fosse um vassalo diante de seu Senhor. Terceiro, um Memorial, como de um filho diante de seu Pai. Quarto, uma Oração, como de um Sacerdote diante de seu Deus. Quinto, um Colóquio, como de um Irmão diante de outro Irmão. Sexto, uma Conjuração, como de um Amigo com seu Amigo. Sétimo, um Madrigal, como de um Amante diante de sua Amada. O Primeiro há de ser uma Reverência, o segundo de fidelidade, o terceiro de dependência, o quarto de adoração, o quinto de confiança, o sexto de camaradagem, e o sétimo de paixão.

7. Mais idéias referentes às cerimônias. Que esta Invocação seja a parte principal de uma cerimônia ordenada. Nesta cerimônia o Philosophus não deve negar a si o serviço de um servente para que varra e ajeite o lugar, borrifando com água ou com vinho de acordo com a Deidade escolhida.

2 Habilidade do Philosophus. – (Nota de Frater Goya).

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O lugar há de ser consagrado com azeite e com o Ritual que lhe pareça mais adequado. Tudo isso deve ser feito minuciosamente, e intensamente.

8. Referente ao período de devoção, e as horas. É necessário que de antemão se fixe o momento para o ofício. Diz-se que o período menor deveria ser de nove dias vezes sete, e o maior de sete anos vezes nove3. Com respeito às horas, a Cerimônia deve ser levada à cabo pelo menos uma vez ao dia, ainda que o conveniente seja três vezes. O sono do Philosophus deveria ver-se interrompido ao menos uma vez durante a noite, com a proposta de devoção. Alguns talvez fixem os horários, enquanto outros seguirão o impulso do espírito. Para isto não há regras.

9. Referente às Túnicas e aos Instrumentos. O Bastão e o cálice são escolhidos para esta arte, mas nunca a Espada e o Punhal, nem o Pantáculo, a menos que este possua uma natureza harmoniosa. De qualquer modo, sempre é melhor usar exclusivamente o Bastão e o Cálice, e somente se tivesse que escolher um instrumento que seja o Cálice. Com respeito às vestes, aquelas de um Philosophus, ou aquelas de um Adepto Interno são as mais apropriadas, ou então as mais convenientes são aquelas que melhor se ajustem à Deidade que se vai trabalhar. Por exemplo, um bassara para Baco ou um vestido branco para Vesta. Para Vesta também poderia ser escolhido um instrumento como uma lâmpada, e para Cronos a foice.

10. Referente ao Incenso e às Libações. O Incenso tem de se adequar à natureza da Deidade escolhida. Por exemplo, para Mercúrio poderia se escolher a resina mastique, e para Perséfone a díctamo. As libações também deverão ser adequadas. Por exemplo, para Melancolia seria conveniente escolher a extração fervida da flor de Erva Moura e para Urano o Cânhamo Indiano.

11. Referente à Harmonia da cerimônia. Tudo isto tem que ser considerado cuidadosamente. O Philosophus há de empregar a melhor linguagem que conheça e se puder, que seja acompanhado de música e de dança. Este último supondo-se que a Deidade possui um caráter feliz. Uma vez que tudo esteja preparado, que se pratique diariamente até obter uma certa perfeição que satisfaça as aspirações do Philosophus. É necessário que a cerimônia chegue a constituir uma parte do seu ser.

3 Aqui, Crowley coloca um truque, que passa batido por muitas pessoas. O texto tanto no original como na tradução, parece inexplicado ou “quebrado”. Mas o sentido da frase é dado

pela conta 7x9 e 9x7, ambos resultando 63. Ora, 63 é o valor de ChYMH – h m y j em

hebraico, que traduz-se por Fervor. Crowley dá ao estudante, de forma velada, uma indicação de que o mais importante aqui é a dedicação ao ritual. – Nota de Frater Goya.

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12. Referente à variedade das cerimônias. Ainda que em essência todos os homens são iguais, diferem entre si. O mesmo ocorre com as cerimônias. A identidade entre elas vem asseverada por sua diversidade. Daí que deixamos este ponto à reta engenhosidade de cada Philosophus.

13. Referente à vida do Devoto. Deverá afastar de sua vida todo ato, palavra ou pensamento que não sejam do gosto de sua Deidade. Por exemplo, a falta de castidade para Ártemis, e a evasão para Áries. Aparte disto, deve-se tentar evitar todo tipo de maus pensamentos, palavras ou ações, já que acima de toda Deidade se encontra Aquele que no Todo é Uno. Sem dúvida, alguém pode chegar a ser cruel se a Deidade escolhida manifesta seu amor desta maneira, como pode ser o caso de Kali ou de Pan. Antes de começar com os períodos de devoção o melhor é praticar seguindo as regras do Líber Jugorum.

14. Idéias referentes à vida do Devoto. Que o tipo de vida que leve seja do agrado de sua Deidade. Se deseja invocar a Netuno, que pesque, mas se tratar-se de Hades que não se aproxime da água, que lhe é odiosa.

15. Mais idéias referentes à vida do Devoto. Em nossos dias todo o mundo se encontra ocupado em seus afazeres cotidianos. Mas necessitamos fazer saber que esse método se adapta às necessidades de todos. Damos fé que o que vem em seguida é o ponto mais importante, a quinta-essência de todo o método. Primeiro, se não há imagem, é possível adaptar qualquer objeto para consagra-lo como Imagem de seu Deus. O mesmo pode aplicar-se às vestes, às ferramentas, fumigações, e às libações. Não tem um camisão que sirva de toga? Um bastão de arma mágica? Um vaso para fazer libação? Tudo aquilo que se utilize há de ser consagrado a serviço de sua Deidade e não se deve profanar com outro uso.

16. Continuação. Se não tem tempo livre e tampouco os preparativos necessários que se volte a si mesmo para que floresçam os símbolos. Que invoque mentalmente, e que depois execute a cerimônia quando tenha tempo. Que busque qualquer oportunidade que tenha.

17. Continuação. Ainda que tenha tempo livre e todos os preparativos necessários, que sempre indague em si mesmo. Ainda que tenha um santuário perfeito a cerimônia sempre há de ser um processo de interiorização. Quer dizer, o próprio corpo deve ser um templo e o templo externo não é mais que uma mera imagem. No cérebro se encontra o Santuário e ali não há nenhuma Imagem. A própria Respiração do homem há de ser o incenso e a libação.

18. Continuação. Mais idéias referentes ao trabalho. Que o devoto transforme dentro de seu coração qualquer pensamento, palavra ou ação

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em objeto dourado de sua devoção. Por exemplo: Comer. Que diga: “Eu como estes alimentos agradecendo à minha Deidade já que os enviou a mim para ganhar forças e poder ser mais devoto a Ela”. Ou: Dormir. Que diga: “Me recosto para dormir e agradeço à minha Deidade esta benção e assim estarei mais despojado em meu novo ato de devoção”. Ou Ler. Que diga: “Leio este livro com objetivo de conhecer melhor a natureza da Deidade, e ao ter conhecimento D´Ela, minha devoção será mais profunda”. Ou trabalhar. Que diga: “Penetro a terra com meu arado para semear flores, frutos, etc. e que floresçam para Sua Glória, e eu, purificado pelo Esforço serei mais devoto a Ela”. Ou qualquer outra coisa que faça, que a pense relacionando-se com sua Deidade. Que não chegue ao ato sem ter feito isto com antecipação. E como está escrito em Líber VII4, Cap. 5. – 22. Toda respiração, palavra ou pensamento é um ato de amor a ti. 23. Os bater de meu coração são o pêndulo do amor. 24. Minhas canções são lamentos suaves. 25. Meus pensamentos são meu êxtase. 26. E meus atos são as miríades de teus Filhos, as estrelas e os átomos. – E há que se recordar que se o devoto é em verdade um amante, tudo aquilo que faça há de ser o mais perfeito possível.

19. Referente às Leituras. Que o Philosophus leia exclusivamente as cópias dos livros sagrados de Thelema, durante todo o período da devoção. Se chegar a encontrar-se triste, que leia livros que não tenham nada a ver com o amor. Que copie cada versículo de Thelema relacionado com o objeto de seu interesse, e que o comente, porque nestes versos há uma sabedoria e uma magia tão profundas que não e podem pronunciar de outra maneira.

20. Referente às Meditações. As meditações constituem o método mais poderoso de chegar ao Final para aquele que tenha se preparado e que se encontre purificado pela prática da Transmutação do ato do trabalho em devoção e consagrado pelo êxito das cerimônias sagradas. Mas em tudo isso há um perigo. A mente pode ser tão fluída como Mercúrio e faz margem muitas vezes com o Abismo. Muitas vezes se encontra com sereias ou diabos que tentam seduzi-la e que a atacam com o objetivo de destruí-la. Portanto, o devoto sempre deve estar alerta, e há de precisar quais devem ser suas meditações. Como homem que é, deve saber construir canais que levam de um mar a outro.

21. Continuação. Que o Philosophus medite acerca do amor que tenha sentido em sua vida. Existem diversos tipos de amor. Por exemplo: o de

4 Liber Liberi Vel Lapidis Lazuli ADUMBRATIO KABBALÆ ÆGYPTIORUM Sub figura VII, Publicação em Classe A. – Nota de Frater Goya.

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Davi e Jonatas; o de Abraham e Isaac; o de Lear e Cordélia; o de Damon e Pítias; o de Safo e Átis; o de Romeu e Julieta; o de Dante e Beatriz; o de Paolo e Francisca; o de César e Lucrecia Bórgia; o de Aucassin e Nicollete; o de Dafnis e Cloe; o de Cornélia e Cayo Gracus; o de Baco e Ariadne; o de Cupido e Psique; o de Endymion e Artemísia; o de Deméter e Perséfone; o de Vênus e Adonis; o de Lakshmi e Vishnu; o de Shiva e Bharami; o de Buda e Ananda; o de Jesus e João; e muitos outros. Também existe o amor de muitos santos para a Deidade como de São Francisco por Cristo; o de Sri Sabhapaty Swami por Maheswara5; o de Abdullah Haji Shirazi por Alá; o de Santo Inácio de Loyola por Maria; e muitos mais. Que pense em cada uma dessas histórias à noite possuindo-as mentalmente. Que se figure que é um dos amantes e que a Deidade é o outro. Que pense em todas as aventuras do amor, sem omitir nenhuma e que com cada história conclua dizendo: “Que pálido reflexo é este amor em comparação com o amor que sinto por minha Deidade”! De cada história obterá uma aprendizagem. Poderá intimar com o amor e isto lhe ajudará a aperfeiçoar o seu. Aprenderá da humildade com o primeiro, com o segundo da obediência, com o terceiro da intensidade, com o quarto a pureza, com o quinto a paz. Uma vez que seu amor seja perfeito em consciência, será perfeito com sua Deidade.

22. Mais idéias referentes à Meditação. Que o Philosophus imagine que realmente teve êxito e que o Senhor lhe apareceu e que podem conversar.

23. Referente ao Triângulo Misterioso. Do mesmo modo que uma criança pode romper três cordas que num outro contexto submeteriam um gigante, o Philosophus deve aprender a manejar três métodos de magia numa única palavra. O Todo é Um, porque o Fim é Um. O Método é Um. Ele e sua Deidade são Um sempre. Se a corda que os une desliza, há outra pequena corda que os envolve com firmeza. É uma corda que o envolve todo, inclusive os mantras das Orações Contínuas.

24. Referente ao Mantra ou Oração Contínua. Que o Philosophus tome o Nome de sua Deidade em uma frase curta e rítmica. Por exemplo, no caso de Artemísia poderia ser: επελθον, επελθον, Αρτεµιζ6; ou para Shiva: Namo Shivaya namaha Aum7; para Maria: Ave Maria; para Pan: Χαιρε Σωτηρ Κοσµυ, Ιω Παν, Ιω Παν8; ou para Alá: Hua Allahu alazi lailaha illa Hua9. Que repita mentalmente noite e dia sem cessar e de uma

5 O Grande Senhor (Shiva). – Nota de Frater Goya. 6 Aqui estou, aqui estou, Artemísia. – Nota de Frater Goya. 7 Que o nome de Shiva se magnifique. – Nota de Frater Goya. 8 Salvador do Mundo, Io Pan, Io Pan. – Nota de Frater Goya. 9 Ele é o Deus e não há outro Deus além d´Ele. – Nota de Frater Goya.

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maneira mecânica a frase. Isto permite o Advento da Deidade e é uma arma para lutar contra outra.

25. Referente ao Ativo e ao Passivo. Que o Philosophus passe de uma atitude ativa a uma atitude passiva de espera. Poderíamos falar de repulsa, entendendo esta palavra não como repulsão, senão como modéstia sublime. Como está escrito no Líber LXV, II. 59: “O Chamei, viajei com Ele, e não cheguei a Ele”. E 60: “Esperei com paciência, e esteve comigo desde o princípio”. Após retomar uma atitude Ativa até que se estabeleça uma espécie de equilíbrio verdadeiro, um ritmo, quase como se tratasse de um movimento de um pêndulo. Mas que entenda que para conseguir isto, é necessário uma grande inteligência, já que é como se ele mesmo se encontrasse observando a si mesmo. Tudo isso constitui uma Grande Arte que não pertence inteiramente ao Grau de Philosophus. Tampouco serve necessariamente de ajuda, senão que é quiçá a contrapartida da prática.

26. Referente ao Silêncio. Pode ser que chegue um momento em que os símbolos da devoção não sejam necessários e a alma se encontrará desnuda ante seu Deus. Isto não é o fim senão de uma transmutação, um progresso. A mudança da oração ao desejo que pode ser doce ou amargo. Em certos momentos é como o tormento do inferno em que a alma se contorce sem cessar ao queimar-se. Mas tudo isso finaliza e o devoto poderá continuar.

27. Referente à Secura. Às vezes a Alma submerge numa noite escura. Isto pode ser realmente purificador. É mais parecido com a morte que à dor. Mas se trata da morte necessária anterior à glória do corpo que ascende. Este estado deve ser afrontado com fortaleza e não deve se tentar evita-lo, nem alivia-lo. Pode romper-se acabando com todo o Método, e voltando ao mundo exterior. Mas esta covardia não somente destrói tudo o que se fez anteriormente, senão também o Voto de Fé que se jurou. É algo do que se ririam tanto os Deuses como os homens.

28. Referente às Decepções do Diabo. Note que neste estado de secura o devoto pode receber mil seduções distintas que o desviam. Haverá também muitos modos de romper o voto de fidelidade. Contra isto há que lutar repetindo o pacto em voz alta uma e outra vez até que a tentação seja superada. Também é possível que o Diabo se apresente dizendo que o melhor seria agir de um modo ou outro. Tentará fazer que o devoto tema por sua saúde e por sua sanidade. Ou pode enviar-lhe visões piores que a própria loucura. Contra isto há somente um remédio. A Disciplina de seu Voto. Terá que atravessar cerimônias sem sentido e blasfemará contra sua Deidade. Mas que siga de acordo com o Voto que

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não terá visões espirituais. Mas nestes momentos o mais importante é estar alerta e não confiar, já que confiar o lançaria num precipício.

29. Mais idéias referentes a esta matéria. O terror mais sutil que pode o diabo cometer é criar-lhe uma Ilusão de Êxito. Ter um sentimento de auto-satisfação ou uma Expansão de seu Espírito neste estado de secura e estar-se-á perdido. Pode-se chegar a uma União Falsa com o próprio Demônio. Que esteja alerta inclusive do orgulho que surge ao haver resistido às tentações. Os estratagemas de Choronzon são muito sutis e inumeráveis. A única resposta é seguir adiante persistindo na rotina. Que esteja alerta daquele diabo quando lhe disser que o Voto mata mas que o espírito lhe dará vida. Que conteste: É possível que o milho caia na terra e morra. Se morre trará consigo mais frutos. Que esteja também alerta de envolver-se em discussões com o diabo e do orgulho que possa surgir-lhe ao responder-lhe inteligentemente. E mais, se ainda não perdeu o poder de manter-se em silêncio, que simplesmente empregue contra ele.

30. Referente ao Incêndio do Coração. Todos os métodos descritos são secos, todo e cada um. Os exercícios intelectuais e os morais não são Amor. Mas já sabemos que se juntamos os paus secos pode-se produzir uma faísca. Sem serem chamadas, surgirão faíscas de amor no transcurso de suas meditações. São faíscas que morrerão e renascerão. Quiçá ainda não haja lenha seca para se fazer fogo. Finalmente, surgirá uma chama enorme que o devorará e o queimará integralmente. Deve estar alerta para estas faíscas, para estas chamas, para estes princípios do Fogo Infinito. Com as faíscas o coração se exalta e todo o esforço de sua meditação parecerá escapar-lhe por vontade própria. Com as pequenas chamas aumentará o volume e a intensidade, e com os princípios do Fogo Infinito a cerimônia se verá envolvida numa canção feliz e a meditação será um êxtase e o esforço que foi realizado até o momento presente consistirá na maior felicidade que tenha conhecido. E não lhe responderá a Grande Chama, já que este é o Fim da Arte Mágica da Devoção.

31. Considerações com respeito ao uso dos símbolos. Temos de assinalar que todas aquelas pessoas que tenham imaginação, vontade e inteligência, não tem necessidade de utilizar símbolos materiais. Se sabe de santos que eram capazes de amar uma idéia de tal modo que não tinham necessidade de um ídolo. Alguns podem ser muito mobilizados pela beleza sem ter de concretizar a idéia referindo-se à “Beleza de Apolo”, “a beleza das rosas”, “a beleza de Attis”, etc. É difícil encontrar este tipo de pessoas. Inclusive pomos em dúvida se Platão alguma vez chegou a ter visão absoluta da beleza sem ter necessidade de referir-se a um objeto material. Um segundo tipo de pessoas podem contemplar a

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idéia sem ter que referir-se ao objeto. Um terceiro tipo precisa ter presente o objeto mesmo. Quer dizer, não podem pensar na beleza de uma rosa sem ter uma rosa diante deles. Deve-se ter cuidado em diferenciar o símbolo da idéia.

32. Considerações com respeito ao perigo daqueles que não estão limpos de pensamentos materiais. Há que se recordar que a própria natureza do amor encerra um perigo. A luxúria do sátiro pela ninfa é sem dúvida da mesma natureza que a afinidade que existe entre o óxido de cálcio e a água por um lado, e do amor de Ab por Ama10 por outro. A tríade Osíris, Ísis e Hórus é similar a de um cavalo, uma égua e um potro, e a do azul, o vermelho e o púrpura. Este é o fundamento das correspondências. Mas seria falso dizer que Hórus me recorda um potro no sentido que é a criatura produzida por dois seres complementares.

33. Mais idéias referentes a este ponto. Seguindo este raciocínio poderíamos dizer que já que a Terra é Una, o Oceano, é Uno; então, a Terra é o oceano. Se para ele, o bem é ilusão e o mal também o é, então bem e mal são o mesmo. Por estes erros da lógica muitos homens chegam a destruir-se. Há aqueles que tomam a Imagem pelo Deus. Há aqueles que dizem: “Meu coração está em Tiphareth, um Adepto se encontra em Tiphareth, portanto, eu sou um Adepto. E o amor pode falhar devido à racionalização. Em primeiro lugar, se ao amor lhe falta algo, já não é o ideal. Se escreveu do Perfeito: Não há uma parte de meu corpo que não seja de um deus11. É importante que o Philosophus então não deprecie nenhuma forma de amor, senão que as harmonize. Está escrito no Líber LXV. 32. “Portanto, a Perfeição não habita nos pináculos ou na Fundação, senão na harmonia do Um com o Todo”. Em segundo lugar, se alguma parte do amor se excede também há enfermidade. Imaginemos o amor de Otelo por Desdêmona, os céus superaram a ternura. Isso mesmo pode ocorrer entre o devoto e sua Deidade. E é extremamente possível que aconteça, já que nenhum elemento pode omitir-se. Nenhum amor humano pode aproximar-se ou equiparar-se a este tipo de amor.

34. Referente à Mortificação. A mortificação não é necessária neste Método. Inclusive pode destruir a concentração, pode atuar como alívio já que a mais Suprema mortificação é a Ausência da Deidade Invocada. Do mesmo modo, que no amor humano surge a inapetência ou o prazer pela dor, podem surgir também aqui. Então é necessário que siga seu curso ainda que não se deva permitir que a saúde seja alterada, já que o corpo que é instrumento da alma poderia ver-se deteriorado. Os sacrifícios são

10 Pai pela Mãe. – Nota de Frater Goya. 11 Osíris é o Perfeito como Ausar-Un-Nefer. Isto pertence ao ritual da Aurora Dourada (Golden Dawn) do 5=6 Ritual da Rosa-Cruz. – Nota de Frater Goya.

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uma parte deste Método. Sem dúvida, as privações e as torturas são inúteis já que atuam contrariamente ao devoto e não são naturais nas constituições sadias. Porque são egoístas. Fazer penitência consigo mesmo não serve de nada. Sem dúvida, é dever de toda mãe tirar o pão para oferecer o bolo ao filho.

35. Mais idéias referentes às Mortificações. Se o corpo chegasse a ser como uma besta desobediente que nunca anda na direção desejada, e se a mente se comportasse como a jumenta de Balaão12, seria necessário abandonar a prática. Que o santuário se cubra com serapilheira13 e que devoto se vista com o hábito da lamentação. Que volte com austeridade à prática do Líber Jugorum e que se submeta a provas difíceis. Se cometer erros que se castigue com um látego. Que não regresse até que seu corpo e sua mente não se encontrem em paz.

36. Referente a métodos adicionais que auxiliam as cerimônias. 1. Elevar-se nos planos. Por este método pode auxiliar à imaginação. Que atue como visto no Líber O, pela luz do Líber 777.

37. Referente a métodos menores adicionais que auxiliam as cerimônias. 2. Magia Talismânica. Havendo feito um Talismã para representar a Deidade e havendo-o consagrado com amor e cuidado, queimai-o cerimonialmente diante do santuário, como se estivesse queimando uma sombra. É inútil realizar isto sem senti-lo, quer dizer, sem sentir que o talismã é o bem mais valioso que possui.

38. Referente a métodos menores adicionais que auxiliam as cerimônias. 3. Ensaios. Pode se fazer um ensaio da história do Deus caso esta se preste a ser dramatizada. O melhor é faze-lo de um modo dramático. Isto é recomendado nos “Exercícios Espirituais” de Santo Inácio, cujo trabalho pode ser considerado como modelo. Assim pois, o Philosophus reconstrói a lenda de sua própria Deidade em sua vida cotidiana. Desta maneira ele pode viver através dos cinco sentidos e de sua imaginação a vida daquela Deidade.

39. Referente a matérias menores que auxiliam as cerimônias. 4. Dureza. Este método consiste em amenizar cerimoniosamente como por exemplo, dizendo: “Para queimar o sangue de Osíris e fazer pó de seus ossos”. Este método é totalmente contrário ao espírito do amor a não ser que a Deidade seja selvagem como o caso de Jehovah ou Kali. Em tal caso o desejo de ser selvagem e dessa forma atuar pode ser um sinal de

12 Para saber sobre a jumenta de Balaão, ver na Bíblia, Números 22:22-35. - Nota de Frater Goya. 13 Gravetos e galhos secos. – Nota de Frater Goya.

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união do espírito do devoto com o de sua Deidade. Assimilação que busca a União.

40. Referente ao valor desta forma particular de União ou Samadhi. Todo Samadhi se define como uma União estática do sujeito e o objeto na consciência e que produz algo que não participa da natureza de nenhum dos dois. À primeira vista, não pareceria importante o objeto que se escolheu para meditar. Por exemplo, o Samadhi denominado Atma Darshana14 pode surgir concentrando-se no coração ou em um triângulo imaginado. Mas a química nos ensina que a união de dois corpos pode ser endotérmica ou exotérmica. A combinação do Oxigênio com o Nitrogênio é suave, equanto que a do Oxigênio com o Hidrogênio é explosiva, e parece que o calor não intervém na união dos corpos opostos em caráter, e o resultado é um composto estável. Do mesmo modo, um Samadhi que dura pode ser o resultado de um Objeto totalmente oposto ao devoto. Fala-se amiúde que dois tipos muito distintos produzem bons matrimônios e trazem filhos saudáveis. Formosas obras de arte se caracterizam pela combinação de extremos violentos. Isto acontece em todos os campos da atividade humana. Em Matemática, o paralelogramo maior é formado se as linhas que o compõe estão em ângulos retos.

41. Conclusões. Podemos sugerir ao Philosophus que ainda que seu trabalho possa ser duro, sua recompensa pode ser muito grande ainda se escolhe uma Deidade totalmente distinta a si mesmo. Este método é mais duro e mais elevado que o do Líber E. Há que se pensar que inclusive a Deidade mais egoísta está acima do entendimento de um humano. Vênus quiçá está mais próxima do ser humano que Afrodite, Afrodite mais próxima que Ísis, Ísis que Babalon, Babalon que Nuit. Ao escolher, que decida de acordo com sua mentalidade e com suas ambições.

42. Mais idéias referentes ao valor deste método. Podem surgir objeções. Na natureza de todo amor humano há ilusão e uma certa cegueira. Não existe o amor sob o véu do Abismo. Entregamos este método ao Philosophus fazendo-lhe saber que é um reflexo do Adeptus Exemptus, do Magister Templi e do Magus. Que considere este método como um fundamento de métodos mais elevados. Pode-se objetar também a parcialidade deste método. Há que se pensar que simplesmente é adequado ao grau para o qual foi criado.

43. Referente a um perigo: o Êxito. É possível que devido ao imenso poder do Samadhi ao superar outras recordações e pensamentos como deve

14 Uma visão interna, ou ainda, auto-visão. Um termo usado nas sutras de Yoga de Patanjali. Uma iluminação do Eu transcendente (Parasiva) – Nota de Frater Goya

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fazer e faz, a mente do devoto fique obsedada pensando que sua Deidade é o único Deus e Senhor. Este erro foi o fundamento de todas as religiões dogmáticas, e causa de muitas misérias. O Philosophus pode cair neste erro porque a natureza deste método faz que não permaneça cético. Mas tem que pensar que esta crença é somente uma arma em suas mãos, e que pense que tal Deidade não é mais que uma emanação ou reflexo de um Ser mais alto, como se explicou no parágrafo 2. Pois se o Philosophus fracassar nisto, como homem não pode permanecer sempre em Samadhi, a Imagem dentro de si degradará e será substituída pelo Demônio correspondente, o que significa a ruína. Portanto, uma vez alcançado o êxito, que ao se contente demasiado com sua Deidade, e que não permita que o que é apenas um passo seja considerado como uma meta. Se escreveu no Líber CLXXXV: “Há que recordar-se que a Filosofia é o Equilíbrio daquele que se encontra na Casa do Amor”.

44. Referente aos segredos e os ritos de Sangue. É importante que o Philosophus não mencione a ninguém o que está fazendo, como se fosse um amor Proibido que o estivesse consumindo. Que responda aos loucos de acordo com sua loucura. Quer dizer, há de falar de tal modo que o entendam. Muitas deidades exigem sacrifícios de homens, animais ou pássaros. Que tais sacrifícios sejam substituídos pelos verdadeiros sacrifícios no seu próprio coração. No entanto, se pela dureza do seu coração tiver que simboliza-los externamente, que seja seu próprio sangue e não de outros que se derrame sobre o altar15. Não se deve esquecer que esta prática é perigosa e que pode causar a aparição de coisas demoníacas, hostis e malignas que poderão causar danos.

45. Mais idéias referentes ao sacrifício. Como se pode compreender de tudo que foi mencionado, nada será falado, e tampouco é necessário que falemos mais neste parágrafo já que qualquer um que tenha sabedoria poderá entender o porque. Este sacrifício é sem dúvida fatal, a não ser que seja real. Existem aqueles que se atreveram e conseguiram.

46. Ainda mais referente ao sacrifício. Pode-se falar da mutilação. Ainda que estes atos possam ter êxito, tratam-se de atos abomináveis que dificultam todo tipo de progresso posterior. É possível que conduzam mais à loucura que ao Samadhi. Podemos assegurar que aquele que os cometa já está louco.

47. Referente ao amor humano. Durante o transcurso das práticas o devoto não deve isolar-se senão que se figure que seu pai, irmão ou esposa são na realidade uma imagem da Deidade. Com o trabalho o devoto tem que

15 Há exceções para esta regra mas não pertencem a esta prática nem a este Grau (Philosophus). – Nota de Frater Goya.

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ganhar, não perder. O caso da esposa é o mais difícil, já que ela representa muito mais que todos os demais. Terá que agir com temperança, para que a personalidade dela não supere e destrua a sua Deidade.

48. Referente ao Santo Anjo Guardião. Não confunda a Evocação deste com a da Deidade.

49. A Benção. E assim é possível que o amor que transpassa todo o Entendimento mantenha em ΙΑΩ Α∆ΟΝΑΙ ΣΑΒΑΩ e em BABALON da Cidade das Pirâmides, e em Astarté, a Estrela luminosa cingida de verde, no nome ARARITA, Amén.

Ank ♦ ♦ Usa ♦♦ Semb