24
Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel ARTIGO TEOLÓGICO 1 O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel por Carlos Augusto Vailatti RESUMO O propósito deste artigo é comparar algumas figuras proféticas do Antigo Oriente Médio e/ou suas profecias com o profetismo existente no Antigo Testamento, sobretudo, em Israel. Ao final do artigo, verificar-se-á quais são as principais semelhanças e diferenças entre estes dois grupos. Palavras-Chave: Antigo Oriente Médio, Profetismo, Israel, Antigo Testamento. RESUMEN El propósito de este artículo es comparar algunas figuras proféticas del Antiguo Oriente Medio y/o sus profecías con el profetismo en el Antiguo Testamento, especialmente en Israel. Al final del artículo, se comprobará que son las principales similitudes y diferencias entre estos dos grupos. Palabras Clave: Antiguo Oriente Medio, Profetismo, Israel, Antiguo Testamento. ABSTRACT The purpose of this paper is to compare some prophetic figures of the Ancient Near East and/or their prophecies with the prophetism in the Old Testament, especially in Israel. At the end of the article, check will be what are the main similarities and differences between these two groups. Keywords: Ancient Near East, Prophetism, Israel, Old Testament. 1 Este artigo foi apresentado originalmente como trabalho em 10/2009 para a Escola Superior de Teologia (EST) para efeito de Integralização de créditos do Curso de Graduação em Teologia.

O profetismo no antigo oriente médio e no antigo israel

Embed Size (px)

DESCRIPTION

O propósito deste artigo é comparar algumas figuras proféticas do Antigo Oriente Médio e/ou suas profecias com o profetismo existente no Antigo Testamento, sobretudo, em Israel. Ao final do artigo, verificar-se-á quais são as principais semelhanças e diferenças entre estes dois grupos.

Citation preview

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

ARTIGO TEOLÓGICO

1O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

por

Carlos Augusto Vailatti

RESUMO

O propósito deste artigo é comparar algumas figuras proféticas do Antigo

Oriente Médio e/ou suas profecias com o profetismo existente no Antigo Testamento,

sobretudo, em Israel. Ao final do artigo, verificar-se-á quais são as principais

semelhanças e diferenças entre estes dois grupos.

Palavras-Chave: Antigo Oriente Médio, Profetismo, Israel, Antigo Testamento.

RESUMEN

El propósito de este artículo es comparar algunas figuras proféticas del Antiguo

Oriente Medio y/o sus profecías con el profetismo en el Antiguo Testamento,

especialmente en Israel. Al final del artículo, se comprobará que son las principales

similitudes y diferencias entre estos dos grupos.

Palabras Clave: Antiguo Oriente Medio, Profetismo, Israel, Antiguo Testamento.

ABSTRACT

The purpose of this paper is to compare some prophetic figures of the Ancient

Near East and/or their prophecies with the prophetism in the Old Testament, especially

in Israel. At the end of the article, check will be what are the main similarities and

differences between these two groups.

Keywords: Ancient Near East, Prophetism, Israel, Old Testament.

1 Este artigo foi apresentado originalmente como trabalho em 10/2009 para a Escola Superior de Teologia (EST) para efeito de Integralização de créditos do Curso de Graduação em Teologia.

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

2 | P á g i n a

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 3

I – O Profetismo nas Várias Religiões e Culturas do Antigo Oriente Médio 4

a) Profetismo nas Cartas de Mari 4 b) Profetismo Hitita 7 c) Profetismo no Período Neo-Assírio 8 d) Profetismo Siro-Palestinense 9 e) Profetismo no Egito 10 f) Conclusão 10

II – O Profetismo no Antigo Testamento 12

a) Definindo o Termo “Profeta” 12 b) O Profetismo Multifacetado de Israel 13 c) O Autoconhecimento dos Profetas 16 d) O Profeta como Mensageiro 17 e) Conclusão 17

CONCLUSÃO 19

BIBLIOGRAFIA 21

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

3 | P á g i n a

INTRODUÇÃO

Ao falar sobre Os Profetas do Antigo Testamento devemos ter em mente, antes

de tudo, que estamos diante de um assunto bastante complexo, uma vez que no período

veterotestamentário havia muitos tipos de profetas, os quais atuavam das mais variadas

formas. Algumas vezes os profetas agiam de forma isolada e, outras vezes, atuavam em

grupo, ora em casa, ora em um palácio, às vezes ao longo do caminho e, às vezes, nos

santuários.2 Seja como for, a característica multifacetada da atuação profética, devido à

sua abrangência inerente, exige que delimitemos sobremaneira o nosso campo de

estudo. Sendo assim, a minha proposta ao escrever este texto será seguir um roteiro de

estudo previamente determinado.

Iniciarei a minha abordagem tratando de algumas das figuras proféticas e/ou de

suas profecias, as quais podem ser encontradas em vários contextos religiosos e

culturais do Antigo Oriente Médio. Como a nossa intenção não é aprofundar no assunto,

mas apenas realizar um trabalho de caráter mais introdutório, portanto, me limitarei a

fornecer apenas cinco exemplos que contemplem tais tipos de figuras proféticas e/ou

suas profecias.

Em seguida, buscarei falar sobre o profetismo existente no Antigo Testamento,

mais particularmente, no Antigo Israel. Nesse item, me limitarei a falar apenas sobre

algumas das principais características do profeta israelita.

Ao término desse breve estudo, verificaremos se as figuras proféticas do Antigo

Oriente Médio possuem algumas possíveis semelhanças com os profetas

veterotestamentários e, caso positivo, veremos em que consistem tais semelhanças.

De forma geral, o presente texto tem como objetivo principal tratar de alguns

dos aspectos básicos referentes à figura dos profetas tanto extra-bíblicos quanto

bíblicos.

Sendo assim, vejamos então o que nos reserva a leitura de O Profetismo no

Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel.

2 ROWLEY, H. H. A Fé em Israel. [Tradução de Alexandre Macintyre]. São Paulo, Editora Teológica,

2003, pp.204, 205.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

4 | P á g i n a

I – O Profetismo nas Várias Religiões e Culturas do Antigo Oriente Médio

Quando estudamos o profetismo, temos que ter em mente que não estamos

diante de um fenômeno exclusivamente hebraico. Embora o profetismo hebraico tenha,

sem dúvida alguma, alguns aspectos bem peculiares, todavia, esse fenômeno também

encontra certos paralelos em outras culturas e religiões do Antigo Oriente Médio.3

De acordo com Georg Fohrer, havia duas formas de profecia no Antigo Oriente

Médio, as quais, por sua vez, correspondiam a dois tipos de cenário religioso: a religião

nômade e a religião da área cultivada. Enquanto que, na religião nômade, os “homens

de Deus” ou “pessoas inspiradas” devem ter surgido provavelmente como videntes entre

os nômades, os quais proclamavam as instituições divinas baseados em sonhos e

pressentimentos, a religião da fertilidade, entretanto, que tinha relação com a vegetação

e com os cultos da fertilidade, envolvia “profetas extáticos” os quais se encontravam em

santuários ou em cortes reais.4

Embora estas informações nos sejam bastante úteis, elas são, todavia, por demais

vagas. Sendo assim, se quisermos comprovar o fato de que o profetismo não era “filho

único” da religião e cultura hebraicas, mas possuía “outros irmãos” (guardadas as

devidas proporções) também em outras culturas e religiões, então, teremos que

aprofundar mais a nossa pesquisa nesta direção. É o que buscaremos fazer a seguir.

a) Profetismo nas Cartas de Mari

Comecemos pelas Cartas de Mari (datadas do século XVIII a.C.). Mari é o

nome da antiga cidade do médio Eufrates, na qual foram descobertas no século XX,

dentre outras coisas, cerca de vinte mil tabuinhas dos arquivos reais, contendo textos

reais, jurídicos, econômicos e religiosos que permitem reconstruir amplamente a sua

vida e sociedade.5 Dentre as várias tabuinhas encontradas, nos interessam

particularmente aquelas que foram endereçadas ao último rei de Mari, Zimri-Lim (1790-

1761 a.C.), as quais contêm oráculos que possuem certas semelhanças com as

3 Cf. CERESKO, Anthony R. Introdução ao Antigo Testamento numa perspectiva libertadora. [Tradução

de José Raimundo Vidigal]. São Paulo, Paulus, 1996, p.177; HOMBURG, Klaus. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Geraldo Korndörfer]. São Leopoldo, Sinodal, 1981, p.135; SCHMIDT, Werner H. A Fé do Antigo Testamento. [Tradução de Vilmar Schneider]. São Leopoldo, Sinodal, 2004, p.331. 4 FOHRER, Georg. História da Religião de Israel. [Tradução de Josué Xavier]. São Paulo, Ed. Academia

Cristã/Paulus, 2006, pp.290,291. 5 MCKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. [Tradução de Álvaro Cunha et alii.]. São Paulo, Paulus, 1983,

p.585.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

5 | P á g i n a

expressões dos profetas veterotestamentários em suas fórmulas introdutórias, bem

como, em sua forma e estilo.6 O fato de haver uma literatura de considerável extensão

sobre a relação entre a “profecia de Mari” e os “profetas da Bíblia Hebraica” nos mostra

a tamanha importância desse assunto para os estudos bíblicos.7

No que diz respeito às figuras proféticas de Mari, estas podem ser divididas em

dois grupos: as pessoas portadoras de títulos especiais (ocupavam uma posição

proeminente na sociedade) e as que não possuem nenhum título específico

(desempenhavam um papel mais periférico e secundário na sociedade).8

Em se tratando do primeiro grupo, eis os principais títulos das figuras proféticas

de Mari:

• Os apilu/apiltu. Ao que tudo indica, os títulos apilu (masculino) e apiltu

(feminino) são formas participiais do verbo apalu, “responder”. Desta forma,

o significado “aquele que responde” pode estar se referindo ao fato de que os

apilus respondiam às perguntas feitas à divindade quando estavam possuídos

por ela.9

• O muhhu/muhhutu. Quanto aos títulos muhhu (masculino) e muhhutu

(feminino), tais designações são dadas a várias pessoas de Mari. A palavra

muhhu é derivada do verbo mahu, “entrar em transe”, o que significa que o

mahu era alguém em transe ou extático. Há indícios de que este indivíduo era

violento e, às vezes, incontrolado quando possuído pela divindade.10

6 MCKENZIE, John L. Dicionário Bíblico, p. 742. Cf. também: CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de

Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.4. [M-O]. São Paulo, Editora Hagnos, 2001, pp. 132,133. 7 Uma relação contendo algumas das obras mais importantes sobre o assunto pode ser encontrada em:

BARSTAD, Hans M. No Prophets? Recent Development in Biblical Prophetic Research and Ancient Near Eastern Prophecy. Journal for the Study of the Old Testament (JSOT), Nº57, 1993, p.49. 8 WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel. [Tradução de João Rezende Costa]. São

Paulo, Targumim/Paulus, 2006, p.129. 9 Idem, Ibidem, pp.129,130. Hoffner lembra que os termos apilu (“respondente”) e mahhu (“profeta

extático”), dentre outros, eram vocábulos que se referiam a indivíduos que habitualmente recebiam e transmitiam mensagens divinas. (Cf. HOFFNER, Jr., Harry A. Ancient Views of Prophecy and Fulfillment: Mesopotamia and Asia Minor. Journal of the Evangelical Theological Society (JETS), 30/3, 1987, p.262). 10

WILSON, Robert R. Op.Cit., p.133. De acordo com Fohrer, “o apilum ou muhhum corresponde ao nabi”. (Cf. FOHRER, Georg. História da Religião de Israel, p.295). Para maiores informações sobre os “profetas extáticos” nos primórdios de Israel, consulte: LEVISON, John R. Profecy in Ancient Israel: The Case of the Ecstatic Elders. The Catholic Biblical Quarterly (CBQ), Nº 65, 2003, pp.503-521.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

6 | P á g i n a

• O assinnu. No que se refere ao título assinnu, o termo tem recebido os mais

variados significados, tais como: eunuco, homossexual, travesti, prostituto

cultual masculino ou pederasta. Contudo, segundo a opinião de alguns

eruditos, o assinnu era somente um ator que interpretava um papel feminino

em dramas cultuais. Tal significado pode ser resultante do fato de que, na

Epopéia de Era, a divindade feminina Ishtar, ao possuir o assinnu em um

ritual cultual, provocava-lhe certos trejeitos femininos.11

• O qabbatum. O título qabbatum refere-se a um “locutor”. Em uma das

tabuinhas de Mari, este indivíduo fala em nome do deus Dagan de Terqa e

avisa ao rei Zimri-Lim sobre os atos enganosos do regente chamado

Esnnuna. Ao que parece, o qabbatum desempenhava um papel mais

periférico no culto.12

Já no que concerne ao segundo grupo de figuras proféticas de Mari, havia treze

dos emissores de oráculos os quais não traziam nenhum título em especial relacionado

às suas funções revelatórias. Ao emitirem seus oráculos, tais indivíduos parecem não ter

exibido nenhum tipo de comportamento estereotipado. Dessas treze figuras proféticas,

oito eram mulheres, as quais devem ter exercido menor influência social e religiosa na

sociedade patriarcal de Mari.13 De forma geral, tanto o conteúdo da mensagem como a

maneira como o governo reagiu a este último grupo indicam que eram figuras de menor

representatividade na instituição religiosa de Mari.14

De qualquer forma, não poderíamos concluir este item sem mencionar antes um

extrato de um oráculo de Mari, o qual mostra que os extáticos receberam certas

instruções da divindade Dagan num sonho. Percebe-se no extrato que o sonho e a visão

são vistos como sendo a mesma coisa. Além disso, chama também a atenção o fato de

que o teor do oráculo diz respeito a um contexto de guerra:

11

WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel, pp. 136,137. 12

Idem, Ibidem, pp.138,139. 13

Apesar da escassez de informações sobre o papel da mulher como profetisa na Bíblia Hebraica, Rabanus Maurus, um abade beneditino que viveu aproximadamente entre 780 a 856 d.C. na Alemanha, já chamava a atenção para a importância do papel profético de Débora em seu comentário ao livro de Juízes. (Cf. MAYESKI, Marie Anne. “Let Women Not Despair”: Rabanus Maurus on Women as Prophets. Theological Studies (TS), Nº 58, 1997, pp.237-253). 14

WILSON, Robert R. Op.Cit., pp.139,140.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

7 | P á g i n a

Fala ao meu senhor: Assim diz o teu servo Itur-asdu: no dia em que eu enviei esta

minha carta ao meu senhor, Malik-dagan, um homem de Sakka veio a mim e contou-me

o seguinte: “Em meu sonho, eu e um homem do distrito de Sagaratum, na região alta, o

qual estava comigo, desejávamos ir a Mari. Em minha visão, fui para Tarqa e

imediatamente entrei no templo de Dagan e prostrei-me diante de Dagan. Quando

estava de joelhos, Dagan abriu a boca e falou-me como segue: ‘Têm os xeques [reis]

dos benjaminitas e seu povo estabelecido a paz com o povo de Zimri-lim, que saiu?’.

Disse eu: ‘Eles não estabeleceram a paz’. Quando eu estava a ponto de sair, ele falou-

me outra vez o seguinte: ‘Por que os emissários de Zimri-lim não permanecem

continuamente em minha presença e por que ele não me dá um relato completo [de

tudo]? Caso contrário, eu teria dado, dias atrás, os xeques dos benjaminitas nas mãos de

Zimri-lim. Agora, vai. Eu te envio; a Zimri-lim tu falarás o seguinte: ‘Manda-me teus

emissários e dá-me um relato completo. Então, prenderei os xeques dos benjaminitas

numa armadilha de peixe e os colocarei diante de di”. Foi isso que o homem viu em seu

sonho e me contou.15

Finalmente, se as profecias de Mari podem ser definidas como declarações de

forma oracular feitas por especialistas religiosos, endereçadas através da divindade ao

rei (mais raramente a um de seus oficiais) em forma de promessas e garantias, ameaças

contra outros reis ou estados, advertências, demandas ou pedidos, causas diversas com

relações internacionais, guerra, questões cúlticas e bem-estar do rei, então, está claro a

partir da evidência bíblica que essencialmente a mesma instituição é encontrada no

Israel pré-exílico. Todavia, devemos esclarecer aqui que “essencialmente a mesma” não

exclui as várias características específicas de cada cultura além desta caracterização

geral.16

b) Profetismo Hitita

Sabe-se que em uma oração proferida durante o curso de uma prolongada praga

em sua terra, o imperador hitita, Mursili II, expressou sucintamente os caminhos da

revelação divina abertos para o Antigo Oriente Próximo:

Se o povo está morrendo por algum outro motivo [além dos pecados que temos

descoberto até agora], então, ou deixe-me vê-lo por um sonho, ou deixe-o ser

15

FOHRER, Georg. História da Religião de Israel, p.294. 16

PARKER, Simon B. Official Attitudes Toward Prophecy at Mari and in Israel. Vetus Testamentum (VT), Vol. XLIII, 1993, pp.67,68.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

8 | P á g i n a

determinado por uma pergunta oracular, ou deixe um profeta extático declará-lo, ou,

como tenho instruído a todos os sacerdotes, eles praticarão a incubação.17

O que nos interessa nesta declaração é a referência que o imperador hitita faz aos

“profetas extáticos” como canais de comunicação entre os deuses hititas e seus

adoradores. Além desse exemplo, um oráculo entregue a um rei hitita por um vidente

prediz a vitória em uma próxima batalha com essas palavras: “Não temas, ó rei! O deus

Teshub irá colocar o inimigo das terras sob seus pés, e você irá despedaçá-lo como

potes de argila vazios”.18

Embora haja algumas semelhanças entre esses oráculos e certas características

da profecia bíblica veterotestamentária, contudo, devemos ser cautelosos em nossas

conclusões. Enquanto os oráculos hititas estavam associados a práticas de adivinhação

pagãs que estavam interessadas em conhecer eventos futuros, para os devotos israelitas,

por sua vez, Deus os fez saber o que desejava que conhecessem, ou através do sagrado

Urim e Tumim dos sacerdotes, ou pelos Seus servos, os profetas.19

c) Profetismo no Período Neo-Assírio

Depois do antigo período babilônico, os relatos a respeito de figuras proféticas

deixam de existir, até que são novamente citados nos tempos neo-assírios e nos reinos

de Asaradon e Assurbanipal (680-627 a.C.).20 Não obstante a adivinhação certamente

ainda estivesse em voga durante esse intervalo, porém, pouco se sabe sobre os

“emissores de oráculos” ou profetas e sobre a espécie de intermediação que

representavam.

Contudo, no período neo-assírio, sabe-se da existência de uma figura profética

conhecida como raggimu (masculino), raggintu (feminino), cujo significado é “aquele

(a) que chama” ou “aquele (a) que grita”. Tais indivíduos, ao que tudo indica, deviam

entregar oráculos, sendo que há indícios de que alguns ragginus agiam em contextos

17

Cf. HOFFNER, Jr., Harry A. Ancient Views of Prophecy and Fulfillment: Mesopotamia and Asia Minor, p.257. Hoffner define incubação (do hitita suppaya seske) como: “a prática de dormir deliberadamente em um local sagrado a fim de solicitar um sonho oracular”. O autor ainda encontra paralelos dessa prática no Antigo Testamento, por exemplo, naquilo que ele chama de “sonho oracular” de Jacó em Betel (Gn 28) e também no sonho do jovem Samuel (1 Sm 3). (Idem, ibidem, p.257). 18

Idem, Ibidem, pp.262,263. 19

Idem, Ibidem, p.265. 20

WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel, p.142.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

9 | P á g i n a

cultuais.21 Além dessas figuras, havia alguns emissores de oráculos neo-assírios que

recebiam o título de sabrû. Tal designação é derivada do verbo baru, “mostrar”,

“revelar”, que freqüentemente é utilizada principalmente em relação a sonhos e visões.

Sendo assim, as mensagens pronunciadas pelo sabrû eram oriundas geralmente de

sonhos.22 Finalmente, o último emissor de oráculos a aparecer nos textos neo-assírios é

a selutu, a monja. Tal figura profética dedicava-se ao serviço de determinada divindade,

tendo, pois, funções cultuais regulares na religiosidade neo-assíria.23

Um interessante exemplo de um oráculo, ainda que muito abreviado, do período

neo-assírio, é aquele em que uma divindade (Ashur?) descreve a resposta ao rei

Asaradon quando ele estava cercado por inimigos: “Tu (Asaradon) abriste a boca. Eu

ouvi a tua necessidade”.24

De forma geral, os documentos existentes sobre o período ora mencionado

indicam que Asaradon e Assurbanipal foram tolerantes com relação aos emissores de

oráculos dentro da corte real, onde tais figuras atuavam como intermediários centrais.

Todavia, parece que estes indivíduos desempenharam seus papéis somente durante o

tempo em que o rei viu utilidade em suas funções.

d) Profetismo Siro-Palestinense

Em se tratando da profecia nas regiões da Síria e da Palestina, há um relato sobre

um egípcio chamado Wen-Amon ou Um-Amun, o qual, ao partir da cidade de Biblos

(por volta do ano 1.100 a. C.), faz uma viagem ao longo da costa siro-palestinense.

Sobre esta viagem, o egípcio faz a seguinte declaração que muito interessa ao nosso

presente estudo:

Quando ele (o rei de Biblos) oferecia sacrifício aos seus deuses, o deus apoderou-se de

um de seus jovens mais velhos e fê-lo ficar fora de si, e ele disse: toma o deus, toma o

mensageiro que tem o deus consigo; foi Amon quem o mandou, foi ele quem

determinou a sua vida.25

21

WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel, p.143. 22

Idem, Ibidem, p.144. 23

Idem, Ibidem, p.146. 24

Idem, ibidem, p.149. 25

FOHRER, Georg. História da Religião de Israel, p.293.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

10 | P á g i n a

Esse relato nos mostra uma espécie de possessão extática durante um ritual

cultual, no qual a pessoa possuída, ao entrar numa espécie de transe, acaba se tornando a

porta-voz da divindade que a possui.

e) Profetismo no Egito

Embora no Egito não haja evidência da existência de profetas, todavia, Plínio

descreveu em sua Historia Naturalis VIII, 185, que, durante uma celebração cúltica que

ocorria em homenagem ao boi Ápis, alguns jovens foram tomados de êxtase e,

conseqüentemente, começaram a predizer eventos futuros.26 Apesar de tal descrição ser

bastante vaga, entretanto, ela nos dá a entender que havia no Egito certas práticas de

adivinhação.27

f) Conclusão

O estudo sobre essas várias figuras proféticas existentes em algumas das

principais culturas e religiões do Antigo Oriente Médio serviu para nos mostrar que o

tipo de profetismo exercido ali era caracterizado de forma geral: 1) pelo estado de transe

em que se encontravam geralmente as figuras proféticas, 2) pela importância que o

profetismo atribuía aos sonhos e visões em seu contexto revelatório e 3) pela emissão de

declarações oraculares cujo teor das mensagens se relacionava: a) ao rei, b) aos

adoradores da divindade em nome da qual se emitiam tais oráculos, e ainda c) às

questões mais relevantes para o bem-estar das pessoas em seu cotidiano (conflitos entre

grupos, guerras, orientações cúlticas, advertências etc).

De forma geral, a importância destas figuras proféticas para a sociedade do

Antigo Oriente Médio pode ser percebida na tamanha influência que estas exerciam

sobre as pessoas das mais variadas camadas sociais, desde o rei até o povo. As

declarações oraculares proferidas por tais figuras proféticas serviam para orientar a vida,

as crenças e o destino das pessoas, adquirindo, portanto, credibilidade dentro daquelas

antigas sociedades. Isto nos mostra o quão relevantes eram.

Bem, diante dessa conclusão, resta-nos fazer a seguinte pergunta: os profetas do

Antigo Testamento, bem como as suas mensagens, eram semelhantes às figuras

proféticas e aos oráculos encontrados nos relatos dos povos vizinhos do Antigo Oriente

26

FOHRER, Georg. História da Religião de Israel, p.293. 27

Que a adivinhação era uma prática existente no Egito, não há a menor dúvida. Aliás, encontramos uma evidência bíblica a esse respeito quando José declara praticar o ritual da hidromancia, isto é, a “adivinhação por meio da água” (cf. Gn 44.5).

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

11 | P á g i n a

Médio? Nas páginas seguintes, ao estudarmos a figura do profeta veterotestamentário e

a sua mensagem, tentaremos responder a esta pergunta.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

12 | P á g i n a

II – O Profetismo no Antigo Testamento

a) Definindo o Termo “Profeta”

O vocábulo “profeta”, na Bíblia Hebraica, é derivado do substantivo hebraico

nabi’ e, atualmente, há quatro teorias que buscam explicar a origem desse vocábulo. São

elas: 1) o termo é derivado da raiz árabe naba’a, “anunciar”, de onde se infere a idéia

de “porta-voz”; 2) o vocábulo procede da raiz hebraica naba‘, “borbulhar”, transmitindo

assim o conceito de “extravasar palavras”; 3) a palavra vem da raiz acadiana nabû,

“chamar”, a qual fala sobre “aquele que é chamado [por Deus]”; e 4) o termo é oriundo

de uma raiz semítica desconhecida.28 Seja como for, o vocábulo é especialmente

utilizado para descrever o profeta como aquele que “revela ou declara as palavras de

Deus aos homens”.29

Além de nabi’, há ainda dois outros termos que o Antigo Testamento emprega

para designar os profetas, isto é, ro’eh e hozeh. Estas duas últimas palavras são

particípios e também são praticamente sinônimas em seu significado, as quais podem

ser traduzidas como “vidente”.30 Tenney explica este significado da seguinte maneira:

As duas palavras, ro’eh e hozeh, talvez estejam se referindo primariamente ao fato de

que a pessoa então designada vê a mensagem que Deus lhe dá. Este “ver” é concebido

provavelmente como tomando lugar na visão. Ao mesmo tempo, estas duas palavras

servem igualmente para designar um homem que, tendo visto a mensagem de Deus,

declara esta mensagem. A ênfase bíblica é completamente prática. Ela não é uma

28

HARRIS, R. Laird (org.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Márcio Loureiro Redondo, Luiz A.T. Sayão e Carlos Osvaldo C. Pinto]. São Paulo, Vida Nova, 1998, pp.904,905. Parker ainda acrescenta que “o nome, nabi’, também pode se referir a uma pessoa em, ou sujeita a, transe-possessão”. (Cf. PARKER, Simon B. Possession Trance and Prophecy in Pre-Exilic Israel. Vetus Testamentum (VT), Vol. XXVIII, 1978, p.275). 29

GESENIUS, H. W. F. Geseniu’s Hebrew-Chaldee Lexicon to the Old Testament. [Translated by Samuel Prideaux Tregelles]. Grand Rapids, Baker Book House, 1979, p.525. 30

Esse intercâmbio de significado entre os vocábulos ro’eh e hozeh é citado, por exemplo, por: ARCHER, Jr., Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? [Tradução de Gordon Chown]. São Paulo, Vida Nova, 1991, p.224; SELLIN, E. & FOHRER, G. Introdução ao Antigo Testamento. Vol.2. [Tradução de D. Mateus Rocha]. São Paulo, Edições Paulinas, 1977, p. 515 e PETERLEVITZ, Luciano R. Introdução ao Profetismo. Revista Theos, Campinas, 5ª edição, V.4 – Nº1, 2008, p.4. Para outras observações sobre o significado desses dois termos hebraicos, consulte: CHOURAQUI, André. Os Homens da Bíblia. [Tradução de Eduardo Brandão]. São Paulo, Companhia das Letras/Círculo do Livro, 1990, pp.237,238 e ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Werner Fuchs]. São Paulo, Edições Loyola, 2003, p.369.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

13 | P á g i n a

experiência obscura do modo de recepção da revelação profética que está situada

adiante, mas sim a declaração expressa da mensagem de Deus.31

Já na Septuaginta, a palavra usada para se referir ao profeta é o vocábulo grego

profetes, o qual significa: “quem fala em nome de Deus” ou “quem interpreta oráculos

divinos”.32 Segundo Bauer, o fato da LXX utilizar o termo profetes, em vez de usar o

vocábulo mantis, “adivinho”, indica que ela buscou privilegiar o conteúdo da mensagem

e não a maneira de mediação, como ocorria com os adivinhos pagãos.33

Em linhas gerais, podemos dizer que os profetas eram embaixadores ou

mensageiros divinos, os quais anunciavam a mensagem de Deus para o seu povo,

especialmente em época de crise. Como bem declarou Ellisen, os profetas eram, acima

de tudo, “pregadores da justiça em época de decadência espiritual”.34

b) O Profetismo Multifacetado de Israel

Ao estudarmos o profetismo em Israel, acabamos descobrindo que este possui

uma característica bastante heterogênea.35 E esta heterogeneidade pode ser vista, por

31

TENNEY, Merrill C. (ed.). The Zondervan Pictorial Bible Dictionary. Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1963, p.685. 32

BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Dicionário Bíblico-Teológico.

[Tradução de Fredericus Antonius Stein]. São Paulo, Edições Loyola, 2000, p.345. É curioso notar que este segundo significado do vocábulo, “quem interpreta oráculos divinos”, também era uma das formas pelas quais alguns escritores gregos antigos compreendiam o termo, tais como Ésquilo (525-456 a.C.), Heródoto (485- 420 a.C.) e Píndaro (518-438 a.C.), por exemplo. (Cf. THAYER, Joseph Henry. Greek-English Lexicon of the New Testament. Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1976, p.553). Para obter outros detalhes sobre o significado do termo profetes nos escritos da Grécia Antiga, confira: LIDDELL, H. G. & SCOTT, R. An Intermediate Greek-English Lexicon. (Founded upon the Seventh Edition of Liddell and Scott’s Greek-English Lexicon). Oxford, Oxford University Press, 1889, p.704. 33

BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Op.Cit., pp.345,346. Já R. E. Clements chama a atenção para os problemas de definição relativos ao termo “profeta” em hebraico. Ele afirma que a palavra “profeta” deriva da tradução grega de nabi’, isto é, prophetes, e, desta forma, o termo “profeta” já é um vocábulo interpretado e distanciado do texto hebraico original. (Cf. CLEMENTS, R. E. O Mundo do Antigo Israel. [Tradução de João Rezende Costa]. São Paulo, Paulus, 1995, p.206). Eissfeldt também faz observação semelhante em: EISSFELDT, Otto. Introducción al Antiguo Testamento. Tomo I. [Traducción de José L. Sicre]. Madrid, Ediciones Cristiandad, 2000, p.159. 34

ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. [Tradução de Emma Anders de Souza Lima]. São Paulo, Editora Vida, 1993, p.210. Etienne Charpentier declara que “o profeta não era ‘alguém que anunciava o futuro’, mas, antes, alguém que falava em nome de Deus, alguém que fora introduzido nos planos de Deus (…) e que daí por diante via tudo com os olhos de Deus”. (Cf. CHARPENTIER, Etienne. Para Ler o Antigo Testamento. [Tradução de Benôni Lemos]. São Paulo, Edições Paulinas, 1986, p.69). 35

RENDTORFF, Rolf. Antigo Testamento: Uma Introdução. [Tradução de Monika Ottermann]. Santo André, Ed. Academia Cristã Ltda., 2009, p.171.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

14 | P á g i n a

exemplo, nos vários contextos sociais e históricos em que o profetismo israelita atuou.36

Vejamos quais são eles:

- Os profetas de congregações ou irmandades. Eles são conhecidos como

“filhos de profetas/discípulos de profetas” (p.ex. 2 Rs 2.3,5,7,15), formam comunidades

proféticas (p.ex., 1 Sm 19.18-24) , se relacionam com a divindade através do êxtase (cf.

2 Rs 3.15), agem como curandeiros, transmissores de oráculos, conselheiros,

milagreiros (cf. 2 Rs 9) e se reúnem na “escola dos profetas” com seu mestre em

espécies de “sessões” proféticas (cf. 2 Rs 6.1-7).37

- Os profetas do templo. Sabe-se que havia profetas que tinham conexão com os

santuários oraculares, pois podemos constatar que a linguagem destes possui certa

dependência das funções exercidas nestes locais. Observa-se neste contexto uma

linguagem cúltica.38 Podemos citar como representantes dessa tradição do profetismo do

templo os profetas escriturísticos Habacuque, Naum e Joel.39

- Os profetas da corte. Schökel e Diaz, baseados em conclusões de Gottwald, ao

falarem sobre a relação entre o profeta e o rei, citam quatro características desse tipo de

profeta: 1) possui sólida informação política; 2) exprime sua preocupação política

através de antigas formas literárias israelitas e motivos religiosos; 3) baseia as suas

atitudes na experiência e de acordo com as circunstâncias (caráter prático); e, 4)

considera as instituições políticas como instrumentos dos desígnios divinos.40

36

Sigo aqui a estrutura encontrada em: ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento, pp.370-374. 37

ZENGER, Erich et alii. Op.Cit., p.370. 38

BENTZEN, A. Introdução ao Antigo Testamento. Vol.1. [Tradução de Helmuth Alfredo Simon]. São Paulo, Aste, 1968, p.211. 39

ZENGER, Erich et alii. Op.Cit., p.370. Fohrer lembra que, apesar de haver uma ala do profetismo ligada ao templo, isso não imunizava o “sistema cultual” contra as duras críticas proferidas pelos próprios profetas. (Cf. FOHRER, Georg. Estruturas Teológicas do Antigo Testamento. [Tradução de Álvaro Cunha]. Santo André, Academia Cristã, 2006, pp.141-146). Gerhard von Rad fala sobre a opinião defendida por muitos estudiosos de que a maioria dos profetas veterotestamentários foram porta-vozes cúlticos, sendo, portanto, funcionários do templo. (Cf. RAD, Gerhard von. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Francisco Catão]. São Paulo, Aste/Targumim, 2006, pp.489,490). Veja também o comentário de Sicre sobre a maneira de enxergar o profeta como um funcionário do culto. (Cf. SICRE, José Luis. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Wagner de Oliveira Brandão]. Petrópolis, Vozes, 1994, pp.196,197). 40

SCHÖKEL, L. Alonso & DIAZ, J. L. Sicre. Profetas I. [Tradução de Anacleto Alvarez]. São Paulo, Paulus, 2004, p.45.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

15 | P á g i n a

- Os profetas independentes, de oposição. Ao que tudo indica, este grupo de

profetas compreende todos os profetas escriturísticos da Bíblia Hebraica (com exceção

dos profetas Habacuque, Naum e Joel), constituindo, inclusive, o grupo mais importante

do Antigo Testamento.41 Certamente, Edgard Leite está fazendo referência a estes

profetas ao dizer que:

Toda a literatura profética está repleta (...) da crítica social, onde a denúncia dos abusos

dos poderosos coincide com a defesa da necessidade do sagrado. A estrutura da

sociedade está, para os profetas, em flagrante rota de colisão com o espírito da força que

permite o surgimento da mesma sociedade.42

- Os profetas literários. No atual estágio em que se encontra a pesquisa sobre os

profetas, acredita-se que nenhum livro profético tem o próprio profeta que leva o seu

nome como seu verdadeiro autor. Uma das hipóteses usadas para explicar isso sugere

que os livros proféticos surgiram porque, no passado, círculos de alunos de profetas

deveriam divulgar amplamente as palavras de seus “mestres profetas”, constituindo-se

assim seus redatores e editores.43 Seja como for, o fato é que os profetas transmitiram

suas mensagens, as quais, por sua vez, foram interpretadas, levadas adiante e, por fim,

escritas (por eles mesmos e/ou por seus discípulos), transformando-se assim em

“palavra viva” e finalmente se tornando livro.44

Além dessa estrutura quíntupla do profetismo que acabamos de expor acima,

creio que seja proveitoso para o nosso estudo mencionar também o tipo de

categorização profética proposta por Aune.45 Segundo esse autor, existem quatro tipos

de profetas no antigo Israel:

41

ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento, p.371. 42

LEITE, Edgard. Pentateuco: uma introdução. Rio de Janeiro, Imago, 2006, p.119. Opinião semelhante

pode ser encontrada também em: CASTRO, Clóvis Pinto de. (ed.). O Ministério dos Profetas no Antigo Testamento. São Paulo, Imprensa Metodista, 1993, p.94. Gruen chama a atenção para o fato de que o profetismo não tem eficácia se atuar sozinho. Ele precisa atuar dentro de uma estrutura jurídica que lhe dê apoio, algo que acho ser bastante difícil de ocorrer. (Cf. GRUEN, Wolfgang. O Tempo que se Chama Hoje: introdução ao Antigo Testamento. São Paulo, Paulus, 1985, p.112). 43

ZENGER, Erich et alii. Op.Cit., p.372,373. 44

BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Dicionário Bíblico-Teológico, p.345. 45

AUNE, David E. Prophecy in Early Christianity and the Ancient Mediterranean World. Grand Rapids, William B. Eerdmans Publishing Company, 1991, pp.83-85.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

16 | P á g i n a

- Os Profetas Xamânicos (representados, p.ex., por Samuel, Elias e Eliseu);

- Os Profetas Cultuais e do Templo (representados, p.ex., por Ezequiel e

Jeremias);

- Os Profetas da Corte (representados, p.ex., por Gade e Natã);

- Os Profetas Livres (representados, p.ex., por Amós e Oséias em Israel e por

Miquéias e Isaías em Judá).

c) O Autoconhecimento dos Profetas

Ao lermos a literatura profética, tomamos conhecimento de que os próprios

profetas estão conscientes do que está ocorrendo com eles em seu aspecto

comportamental geral quando transmitem sua mensagem. H. W. Wolff cita quatro

elementos-chave que indicam esse autoconhecimento profético.46 São eles:

- Os profetas cuidam para que sua mensagem não seja prejudicada pelos seus

próprios desejos e intenções (Am 7.2,5; Jr 1.6; Is 8.11);47

- Os profetas não se tornam instrumentos de Iahweh em momentos de

embriaguez ou de êxtase, mas em uma situação de plena consciência. Eles ouvem,

observam e respondem (Is 6.8,9; Am 7.8 ; Jr 1.11-13);

- Os profetas se preocupam com o futuro, elemento esse que é o núcleo de sua

missão e o aspecto essencial de seu ofício profético (Am 8.1s; 9.1-4; Jr 1.11);48

- Os profetas são homens cujo viver está repleto de contrastes, sobretudo, no

âmbito psicológico. O profeta, por exemplo, é relutante (Jr 1.6,7), se apavora (Am 3.8),

vive em solidão devido às suas mensagens (Jr 15-17) e sofre perseguição (Jr 20.10).

46

WOLFF, H. W. Bíblia: Antigo Testamento: introdução aos escritos e aos métodos de estudo. [Tradução de Dulcemar Silva Maciel]. São Paulo, Paulinas, 1978, pp.57-59. 47

Como diz Gunneweg: “os profetas não anunciam a sua própria palavra, vontade, orientação, promessa

e ameaça, mas a de Deus”. (Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. Teologia Bíblica do Antigo Testamento. Vol.1. [Tradução de Werner Fuchs]. São Paulo, Teológica/Loyola, 2005, p. 244). 48

De acordo com Lasor, Hubbard e Bush, “Deus nunca está interessado no presente simplesmente pelo presente. Desde a criação, ele sempre está cumprindo seu plano para a humanidade. E Deus nunca esquece para onde vai e o que faz. (...) A profecia é a mensagem de Deus para o presente à luz da missão redentora em andamento”. (Cf. LASOR, William S., HUBBARD, David A. & BUSH, Frederic W. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Lucy Yamakami]. São Paulo, Vida Nova, 1999, p.247 – os itálicos são meus).

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

17 | P á g i n a

d) O Profeta como Mensageiro

O teólogo alemão, Hans Walter Wolff, declara que a principal característica da

profecia é o “anúncio”. Segundo ele:

Seus aspectos formais [da profecia] são dois: é introduzida pela fórmula “Assim falou

Iahweh” (às vezes conclui com “Iahweh disse”), e Iahweh sempre fala usando a

primeira pessoa. Esta forma pertence à linguagem diplomática do antigo Oriente

Próximo. É encontrada em numerosas cartas da Mesopotâmia. Achamo-la também no

âmago do Antigo Testamento (...).49

Esta expressão “Assim fala/falou Iahweh” é conhecida como fórmula de

mensageiro e, de acordo com Werner H. Schmidt, “identifica o profeta como alguém

que foi enviado por Deus, alguém que é intermediário autorizado para transmitir

determinada mensagem a um destinatário concreto”.50 Schreiner completa, dizendo que

o profeta é caracterizado como: a) homem da palavra, b) mensageiro e porta-voz de

Deus e c) pregador.51 Além do mais, essa palavra de Deus dita pelo profeta reveste-se

de importância sob o ponto de vista concreto, pois é uma palavra que se cumpre na

história. Como diz Kaiser, “aquela palavra não era uma palavra ‘vazia’ (req) ou

destituída de poder (Dt 32.47); uma vez pronunciada, atingia o seu alvo”.52

e) Conclusão

Ora, depois de discorrermos, ainda que de forma bastante sucinta, sobre alguns

dos principais traços característicos do profeta veterotestamentário, podemos chegar às

49

WOLFF, H. W. Bíblia: Antigo Testamento, p.71. Ralph Smith faz a seguinte observação: “o anúncio é em geral entendido como a palavra do profeta, mas os sacerdotes e levitas também podiam proclamar a palavra de Deus nos anúncios de bênção e maldição. Ageu pediu a seu povo que fosse aos sacerdotes perguntar acerca da santidade e da impureza (Ag 2.11-14)”. (Cf. SMITH, Ralph L. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Hans Udo Fuchs e Lucy Yamakami]. São Paulo, Vida Nova, 2001, p.107). 50

SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Annemarie Höhn]. São Leopoldo, Sinodal, 1994, p.170. 51

SCHREINER, J. Palavra e Mensagem do Antigo Testamento. [Tradução de Benôni Lemos]. São Paulo, Teológica/Paulus, 2004, pp.184,185. Segundo Heaton, o tema central da pregação dos profetas era a vocação distintiva de Israel como povo de Deus. (Cf. HEATON, E. W. Everyday Life in Old Testament Times. New York, Charles Scribner’s Sons, 1956, p.233). 52

KAISER, Jr., Walter C. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Gordon Chown]. São Paulo, Vida Nova, 1996, p.144.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

18 | P á g i n a

seguintes constatações: 1) Parece não haver um consenso geral sobre o significado exato

do termo hebraico mais comumente usado para se referir ao profeta no antigo Israel, isto

é, nabi’;53 2) O profetismo em Israel era bastante diversificado, pois atuava em vários

contextos sociais: nas “escolas dos profetas”, no templo, na corte e também de forma

independente, por exemplo, protestando contra as injustiças sociais; 3) Os profetas

demonstram ter consciência de sua vocação e de seu papel diante de Deus e do povo.

Eles sabem que foram enviados por Deus, para transmitirem a Sua palavra para o povo.

Assim, se colocam como intermediários entre a vontade divina e as pessoas, seus

destinatários.

53

Eichrodt pensa que “mensageiro” seja o significado mais provável do termo. (Cf. EICHRODT, Walther. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Cláudio J. A. Rodrigues]. São Paulo, Hagnos, 2004, p.278, nota 36).

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

19 | P á g i n a

CONCLUSÃO

Bem, chegamos ao término de nosso estudo. Os dois breves capítulos que

escrevemos serviram para nos proporcionar uma visão bastante panorâmica sobre as

figuras proféticas do antigo Oriente e os profetas do antigo Israel. Mas, agora, devemos

responder à pergunta que fizemos no início desse trabalho: os profetas do Antigo

Testamento e as suas mensagens eram semelhantes às figuras proféticas e aos oráculos

encontrados nos relatos dos povos vizinhos do Antigo Oriente Médio?

Respondo. Em termos de essência, duração e volume (de escritos proféticos), o

profetismo israelita é um fenômeno singular no antigo Oriente.54 De forma geral,

podemos dizer que a semelhança entre os fenômenos proféticos encontrados no antigo

Oriente e a profecia israelita existe apenas no que diz respeito à forma. Portanto, o

conteúdo ético e religioso do profetismo hebraico simplesmente não possui paralelo no

mundo antigo.55

Além disso, deve ser dito aqui que os conflitos radicais entre os profetas

veterotestamentários e o rei ou o Estado não encontram paralelos nos textos do antigo

Oriente. Enquanto que as figuras proféticas extra-bíblicas fazem críticas ao culto, por

exemplo, os profetas bíblicos, por outro lado, fazem críticas sociais e éticas, algo sui

generis.56 Aliás, no que se refere à questão ética, a estrutura básica da profecia israelita

está alicerçada na proclamação de uma mensagem que critica o comportamento

pecaminoso da sociedade de Israel, chamando-a, portanto, ao arrependimento.57 Some-

se a isto ainda o fato de que os profetas de Israel também trazem em seu discurso o

anúncio de um maciço juízo – principalmente contra a injustiça social – algo que não

pode ser constatado da mesma forma nas figuras proféticas dos outros povos, as quais

não se preocupavam com a sorte do povo, como ocorria em Israel.58

54

BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Dicionário Bíblico-Teológico, p.347. 55

MCKENZIE, John L. Dicionário Bíblico, p.742. Sellin e Fohrer declaram que “o elemento comum a todas essas figuras [proféticas – tanto israelitas quanto não-israelitas] situa-se na linha da estrutura geral e da psicologia, enquanto as diferenças são fortes em consonância com o conteúdo das revelações anunciadas”. (Cf. SELLIN, E. & FOHRER, G. Introdução ao Antigo Testamento, p.512). 56

ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento, p.379. 57

CARROLL, R. P. Ancient Israelite Prophecy and Dissonance Theory. Numen, Vol. XXIV, Fasc.2, 1977, p.141. 58

Idem, Ibidem.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

20 | P á g i n a

Em suma, o profeta encontrado na Bíblia Hebraica possui sensibilidade para o

mal, se importa com as trivialidades, é luminoso e explosivo, está interessado em um

bem maior, é um iconoclasta, demonstra ao mesmo tempo austeridade e compaixão, tem

consciência de que embora poucos sejam culpados, todos são responsáveis por seus

atos, é alguém que experimenta a explosão do céu em seu ofício profético, é alguém que

experimenta a solidão e a miséria e, por fim, o profeta é um mensageiro e uma

testemunha.59 Belo currículo este, não?!

59

HESCHEL, Abraham J. The Prophets. Vol.1. New York, Harper & Row, Publishers, 1969, pp.3-26.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

21 | P á g i n a

BIBLIOGRAFIA

Dicionários/Léxicos

BAUER, Johannes B., MARBÖCK, Johannes & WOSCHITZ, Karl M. Dicionário

Bíblico-Teológico. [Tradução de Fredericus Antonius Stein]. São Paulo, Edições

Loyola, 2000.

CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. [Tradução de João

Marques Bentes]. Vol.4. [M-O]. São Paulo, Editora Hagnos, 2001.

GESENIUS, H. W. F. Geseniu’s Hebrew-Chaldee Lexicon to the Old Testament.

[Translated by Samuel Prideaux Tregelles]. Grand Rapids, Baker Book House, 1979.

HARRIS, R. Laird (org.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento.

[Tradução de Márcio Loureiro Redondo, Luiz A.T. Sayão e Carlos Osvaldo C. Pinto].

São Paulo, Vida Nova, 1998.

LIDDELL, H. G. & SCOTT, R. An Intermediate Greek-English Lexicon. (Founded

upon the Seventh Edition of Liddell and Scott’s Greek-English Lexicon). Oxford,

Oxford University Press, 1889.

MCKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. [Tradução de Álvaro Cunha et alii.]. São

Paulo, Paulus, 1983.

TENNEY, Merrill C. (ed.). The Zondervan Pictorial Bible Dictionary. Grand Rapids,

Zondervan Publishing House, 1963.

THAYER, Joseph Henry. Greek-English Lexicon of the New Testament. Grand Rapids,

Zondervan Publishing House, 1976.

Introduções ao Antigo Testamento

ARCHER, Jr., Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? [Tradução de

Gordon Chown]. São Paulo, Vida Nova, 1991.

BENTZEN, A. Introdução ao Antigo Testamento. Vol.1. [Tradução de Helmuth Alfredo

Simon]. São Paulo, Aste, 1968.

CERESKO, Anthony R. Introdução ao Antigo Testamento numa perspectiva

libertadora. [Tradução de José Raimundo Vidigal]. São Paulo, Paulus, 1996.

CHARPENTIER, Etienne. Para Ler o Antigo Testamento. [Tradução de Benôni

Lemos]. São Paulo, Edições Paulinas, 1986.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

22 | P á g i n a

CLEMENTS, R. E. O Mundo do Antigo Israel. [Tradução de João Rezende Costa]. São

Paulo, Paulus, 1995.

EISSFELDT, Otto. Introducción al Antiguo Testamento. Tomo I. [Traducción de José

L. Sicre]. Madrid, Ediciones Cristiandad, 2000.

ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. [Tradução de Emma

Anders de Souza Lima]. São Paulo, Editora Vida, 1993.

GRUEN, Wolfgang. O Tempo que se Chama Hoje: introdução ao Antigo Testamento.

São Paulo, Paulus, 1985.

HOMBURG, Klaus. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Geraldo

Korndörfer]. São Leopoldo, Sinodal, 1981.

LASOR, William S., HUBBARD, David A. & BUSH, Frederic W. Introdução ao

Antigo Testamento. [Tradução de Lucy Yamakami]. São Paulo, Vida Nova, 1999.

RENDTORFF, Rolf. Antigo Testamento: Uma Introdução. [Tradução de Monika

Ottermann]. Santo André, Ed. Academia Cristã Ltda., 2009.

SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Annemarie

Höhn]. São Leopoldo, Sinodal, 1994.

SELLIN, E. & FOHRER, G. Introdução ao Antigo Testamento. Vol.2. [Tradução de D.

Mateus Rocha]. São Paulo, Edições Paulinas, 1977.

SICRE, José Luis. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Wagner de Oliveira

Brandão]. Petrópolis, Vozes, 1994.

WOLFF, H. W. Bíblia: Antigo Testamento: introdução aos escritos e aos métodos de

estudo. [Tradução de Dulcemar Silva Maciel]. São Paulo, Paulinas, 1978.

ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento. [Tradução de Werner Fuchs].

São Paulo, Edições Loyola, 2003.

Teologias do Antigo Testamento

EICHRODT, Walther. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Cláudio J. A.

Rodrigues]. São Paulo, Hagnos, 2004.

FOHRER, Georg. Estruturas Teológicas do Antigo Testamento. [Tradução de Álvaro

Cunha]. Santo André, Academia Cristã, 2006.

GUNNEWEG, Antonius H. J. Teologia Bíblica do Antigo Testamento. Vol.1. [Tradução

de Werner Fuchs]. São Paulo, Teológica/Loyola, 2005.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

23 | P á g i n a

KAISER, Jr., Walter C. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Gordon Chown].

São Paulo, Vida Nova, 1996.

RAD, Gerhard Von. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Francisco Catão].

São Paulo, Aste/Targumim, 2006.

ROWLEY, H. H. A Fé em Israel. [Tradução de Alexandre Macintyre]. São Paulo,

Editora Teológica, 2003.

SCHMIDT, Werner H. A Fé do Antigo Testamento. [Tradução de Vilmar Schneider].

São Leopoldo, Sinodal, 2004.

SCHREINER, J. Palavra e Mensagem do Antigo Testamento. [Tradução de Benôni

Lemos]. São Paulo, Teológica/Paulus, 2004.

SMITH, Ralph L. Teologia do Antigo Testamento. [Tradução de Hans Udo Fuchs e

Lucy Yamakami]. São Paulo, Vida Nova, 2001.

Obras Gerais

AUNE, David E. Prophecy in Early Christianity and the Ancient Mediterranean World.

Grand Rapids, William B. Eerdmans Publishing Company, 1991.

CASTRO, Clóvis Pinto de. (ed.). O Ministério dos Profetas no Antigo Testamento. São

Paulo, Imprensa Metodista, 1993.

CHOURAQUI, André. Os Homens da Bíblia. [Tradução de Eduardo Brandão]. São

Paulo, Companhia das Letras/Círculo do Livro, 1990.

FOHRER, Georg. História da Religião de Israel. [Tradução de Josué Xavier]. São

Paulo, Ed. Academia Cristã/Paulus, 2006.

HEATON, E. W. Everyday Life in Old Testament Times. New York, Charles Scribner’s

Sons, 1956.

HESCHEL, Abraham J. The Prophets. Vol.1. New York, Harper & Row, Publishers,

1969.

LEITE, Edgard. Pentateuco: uma introdução. Rio de Janeiro, Imago, 2006.

SCHÖKEL, L. Alonso & DIAZ, J. L. Sicre. Profetas I. [Tradução de Anacleto

Alvarez]. São Paulo, Paulus, 2004.

WILSON, Robert R. Profecia e Sociedade no Antigo Israel. [Tradução de João Rezende

Costa]. São Paulo, Targumim/Paulus, 2006.

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1

Artigo Teológico | O Profetismo no Antigo Oriente Médio e no Antigo Israel

24 | P á g i n a

Jornais e Periódicos

BARSTAD, Hans M. No Prophets? Recent Development in Biblical Prophetic

Research and Ancient Near Eastern Prophecy. Journal for the Study of the Old

Testament (JSOT), Nº57, 1993.

CARROLL, R. P. Ancient Israelite Prophecy and Dissonance Theory. Numen, Vol.

XXIV, Fasc.2, 1977.

HOFFNER, Jr., Harry A. Ancient Views of Prophecy and Fulfillment: Mesopotamia and

Asia Minor. Journal of the Evangelical Theological Society (JETS), 30/3, 1987.

LEVISON, John R. Profecy in Ancient Israel: The Case of the Ecstatic Elders. The

Catholic Biblical Quarterly (CBQ), Nº 65, 2003.

MAYESKI, Marie Anne. “Let Women Not Despair”: Rabanus Maurus on Women as

Prophets. Theological Studies (TS), Nº 58, 1997.

PARKER, Simon B. Official Attitudes Toward Prophecy at Mari and in Israel. Vetus

Testamentum (VT), Vol. XLIII, 1993.

PARKER, Simon B. Possession Trance and Prophecy in Pre-Exilic Israel. Vetus

Testamentum (VT), Vol. XXVIII, 1978.

PETERLEVITZ, Luciano R. Introdução ao Profetismo. Revista Theos, Campinas, 5ª

edição, V.4 – Nº1, 2008.

© É permitida a reprodução parcial deste artigo desde que citada a sua fonte.

Citação Bibliográfica: VAILATTI, Carlos Augusto. O Profetismo no Antigo Oriente

Médio e no Antigo Israel. [Artigo]. São Paulo, Publicação do Autor, 2011.

Carlos Augusto Vailatti possui Graduação em Teologia pela Faculdade Betel /

Instituto Betel de Ensino Superior (IBES, 1999), Mestrado em Teologia (Master of Arts

in Biblical Theology), com especialização em Teologia Bíblica, pelo Seminário

Teológico Servo de Cristo (STSC, 2009) e Mestrado em Língua Hebraica, Literatura e

Cultura Judaica (em andamento) pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências

Humanas (FFLCH) - Departamento de Letras Orientais (DLO) - da Universidade de São

Paulo (USP). Atualmente leciona diversas disciplinas bíblico-teológicas na Faculdade

Betel / Instituto Betel de Ensino Superior (IBES) e também no Seminário Teológico

Evangélico do Betel Brasileiro (STEBB). Contato: [email protected].

© C

arlo

s A

ugus

to V

aila

tti ●

O P

rofe

tism

o no

Ant

igo

Orie

nte

Méd

io e

no

Ant

igo

Israe

l ●

201

1