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20/10/2014 – O sermão do Cenáculo João 13 Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou- os até o fim. E, acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse, Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus, Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos. Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos. Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes. Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra a Escritura: O que come o pão comigo, levantou contra mim o seu calcanhar. Desde agora vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que eu sou. Na verdade, na verdade vos digo: Se alguém receber o que eu enviar, me recebe a mim, e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou. Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e afirmou, dizendo: Na verdade, na verdade vos digo que um de vós me há de trair. Então os discípulos olhavam uns para os outros, duvidando de quem ele falava. Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus. Então Simão Pedro fez sinal a este, para que perguntasse quem era aquele de quem ele falava. E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é? Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão. E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa. E nenhum dos que estavam assentados à mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isto.

O sermão do cenáculo

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Page 1: O sermão do cenáculo

20/10/2014 – O sermão do Cenáculo

João 13Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de

passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim.

E, acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse,

Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus,

Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se.Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a

enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a

mim?Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás

depois.Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar,

não tens parte comigo.Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a

cabeça.Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no

mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos.Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos.Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à

mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns

aos outros.Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem

o enviado maior do que aquele que o enviou.Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes. Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra

a Escritura: O que come o pão comigo, levantou contra mim o seu calcanhar.Desde agora vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis

que eu sou.Na verdade, na verdade vos digo: Se alguém receber o que eu enviar, me recebe a

mim, e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e afirmou, dizendo: Na verdade, na

verdade vos digo que um de vós me há de trair.Então os discípulos olhavam uns para os outros, duvidando de quem ele falava.Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de

Jesus.Então Simão Pedro fez sinal a este, para que perguntasse quem era aquele de quem

ele falava.E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é?Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado,

o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão.E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-o

depressa.E nenhum dos que estavam assentados à mesa compreendeu a que propósito lhe

dissera isto.

Page 2: O sermão do cenáculo

Porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa; ou que desse alguma coisa aos pobres.

E, tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E era já noite.Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é

glorificado nele.Se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há de

glorificar.Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Vós me buscareis, mas, como tenho

dito aos judeus: Para onde eu vou não podeis vós ir; eu vo-lo digo também agora.Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a

vós, que também vós uns aos outros vos ameis.Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Jesus lhe respondeu: Para onde eu

vou não podes agora seguir-me, mas depois me seguirás.Disse-lhe Pedro: Por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida.Respondeu-lhe Jesus: Tu darás a tua vida por mim? Na verdade, na verdade te digo

que não cantará o galo enquanto não me tiveres negado três vezes.

João 13:1-38

João 14Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou

preparar-vos lugar.E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo,

para que onde eu estiver estejais vós também.Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho.Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o

caminho?Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão

por mim.Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o

conheceis, e o tendes visto.Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta.Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe?

Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos

digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das

mesmas obras.Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras

que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no

Filho.Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.Se me amais, guardai os meus mandamentos.E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para

sempre;O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o

conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e

vós vivereis.Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.

Page 3: O sermão do cenáculo

Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.

Disse-lhe Judas (não o Iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?

Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.

Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou.

Tenho-vos dito isto, estando convosco.Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos

ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se

turbe o vosso coração, nem se atemorize.Ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amásseis, certamente

exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do que eu.Eu vo-lo disse agora antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis.Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada

tem em mim;Mas é para que o mundo saiba que eu amo o Pai, e que faço como o Pai me mandou. Levantai-vos, vamo-nos daqui.

João 14:1-31

João 15Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para

que dê mais fruto.Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não

estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto;

porque sem mim nada podeis fazer.Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os

colhem e lançam no fogo, e ardem.Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o

que quiserdes, e vos será feito.Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor.Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo

modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.Tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja

completo.O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas

tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que

vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.

Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros.Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do

mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.

Page 4: O sermão do cenáculo

Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.

Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.

Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora não têm desculpa do seu pecado.

Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai.Se eu entre eles não fizesse tais obras, quais nenhum outro tem feito, não teriam

pecado; mas agora, viram-nas e me odiaram a mim e a meu Pai.Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem

causa.Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim.E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio.

João 15:1-27

João 161 Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis.

2 Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus.

3 E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim.

4 Mas tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que já vo-lo tinha dito. E eu não vos disse isto desde o princípio, porque estava convosco.

5 E agora vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?

6 Antes, porque isto vos tenho dito, o vosso coração se encheu de tristeza.

7 Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei.

8 E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.

9 Do pecado, porque não crêem em mim;

10 Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;

11 E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.

12 Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.

13 Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.

14 Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar.

15 Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.

16 Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; porquanto vou para o Pai.

17 Então alguns dos seus discípulos disseram uns aos outros: Que é isto que nos diz? Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; e: Porquanto vou para o Pai?

Page 5: O sermão do cenáculo

18 Diziam, pois: Que quer dizer isto: Um pouco? Não sabemos o que diz.

19 Conheceu, pois, Jesus que o queriam interrogar, e disse-lhes: Indagais entre vós acerca disto que disse: Um pouco, e não me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis?

20 Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria.

21 A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo.

22 Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará.

23 E naquele dia nada me perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar.

24 Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se cumpra.

25 Disse-vos isto por parábolas; chega, porém, a hora em que não vos falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do Pai.

26 Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai;

27 Pois o mesmo Pai vos ama, visto como vós me amastes, e crestes que saí de Deus.

28 Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai.

29 Disseram-lhe os seus discípulos: Eis que agora falas abertamente, e não dizes parábola alguma.

30 Agora conhecemos que sabes tudo, e não precisas de que alguém te interrogue. Por isso cremos que saíste de Deus.

31 Respondeu-lhes Jesus: Credes agora?

32 Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos cada um para sua parte, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo.

33 Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

João 16:1-33

João 17Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, e disse: Pai, é chegada a hora;

glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti;Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos

quantos lhe deste.E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus

Cristo, a quem enviaste.Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer.E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo

antes que o mundo existisse.Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos

deste, e guardaram a tua palavra.

Page 6: O sermão do cenáculo

Agora já têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti;Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm

verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste.Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são

teus.E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e neles sou

glorificado.E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai

santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós.Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles

que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.

Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos.

Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.

Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.Não são do mundo, como eu do mundo não sou.Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na

verdade.E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de

crer em mim;Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles

sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o

mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim.

Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo.

Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim.

E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja.

João 17:1-26

Sermão do cenáculo

O Dicionário Aurélio – Século XXI - diz que cenáculo é uma reunião de pessoas que trabalham para um fim comum. E, numa segunda definição, que é um lugar onde as pessoas fazem suas refeições (refeitório).

O Sermão do Cenáculo ficou assim designado por ter sido proferido no recinto onde Jesus fez a chamada última ceia, antes de sua prisão. Cairbar Schutel ³destaca que “o Sermão do Cenáculo é tão importante, edificante e substancial quanto o Sermão do Monte. Este é a entrada do Espírito na Vida Perfeita; aquele é a força, a esperança e a fé para prosseguirmos nessa tão gloriosa senda”. ³ O objetivo da reunião do Mestre com Seus discípulos era complementar as recomendações e a preparação dos discípulos para as difíceis provas que enfrentariam, pois sabia que, em breve, não estaria mais entre eles.

Page 7: O sermão do cenáculo

Depois de repartir o pão, simbolizando a doutrina que trazia, e o vinho (como essência da vida), representando o Espírito que há de vivenciá-la sempre; de ter lavado os pés dos discípulos em sinal de humildade e pureza de alma, inicia seu discurso com memoráveis palavras de conforto, esperança e resignação: “Não se turbe vosso coração; credes em Deus? Crede, também, em mim: na casa de meu Pai há muitas moradas...”. 5

Jesus prossegue, despertando neles a certeza da imortalidade do Espírito, conscientizando-os de que Ele é a Verdadeira Videira e que eles, os discípulos, eram seus galhos. Os galhos saem do tronco e dão folhas, flores e frutos. Que assim deveriam ser os discípulos do Mestre, pois o galho que não der frutos será cortado e lançado fora, mostrando a necessidade do trabalho espiritual. Pediu que permanecessem em Seu amor e que se amassem, uns aos outros, como Ele os amou. Insistiu que todos esperassem a vinda do Espírito de Verdade, o outro Consolador, que viria explicar o que Ele não pôde, e lembrar o que eles esqueceriam. Disse palavras de consolação, antes da partida para a casa do Pai. Despediu-se dos amigos e encerrou o sermão com uma prece dedicada não só aos discípulos que o acompanhavam, mas a todos nós que procuramos segui-Lo e exemplificá-Lo.5

É interessante destacar que João não fala dos sofrimentos de Jesus no Jardim Getsêmani como o fazem os outros evangelistas. No entanto, foi o discípulo que mais esteve próximo dEle.

O sermão do Cenáculo(João, XIV - XVIII)

O Sermão do Cenáculo é tão importante, edificante e substancial quanto o Sermão do Monte.

Este, é a entrada do Espírito na vida perfeita; aquele é a força, a esperança e a fé para prosseguirmos nessa tão gloriosa senda.

O Sermão do Monte é a prédica pública, dirigida à multidão que, sequiósa da verdade, corria pressurosa a beber, na fonte primordial, os ensinos que lhes aclaravam o entendimento e lhes afagavam o coração oprimido.

O Sermão do Cenáculo é o conjunto de conselhos, exortações e recomendações que Jesus dirige particularmente àqueles que, de fato, querem ser seus discípulos.

Leiam os capítulos XIV, XV,XVI e XVII de João e verão neste discurso de Jesus, a bela insofismável, concisa e maravilhosa Doutrina Cristã que o respeitável Mestre fundou na Terra.

O Lavapés e a Ceia não passam de símbolos, pretexto para a reunião, onde o Mestre deveria exortar, consolar e fortificar seus discípulos, para que, com fé e coragem, resistissem às provas por que iriam passar com a Tragédia do Gólgota.

O principal de tal reunião não consiste, pois, na Ceia e no Lavapés, como julgaram as igrejas e os sacerdotes. O principal consiste nos ensinos que daí decorrem, como luzes cintilantes, através das páginas dos Evangelhos.

Depois de haver Jesus repartido com aqueles que deveriam cuidar da sua doutrina, o pão, que para Jesus simbolizava a mesma doutrina, e o vinho que, como essência da vida, representa o Espírito que há de vivificá-la sempre; depois de, munido de uma bacia e cingido de uma toalha, lavar e enxugar os pés de todos, em sinal de humildade e pureza da alma, começa o seu memorável discurso com as doces palavras de resignação, conforto e esperança: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus? Crede também em mim; na casa de meu Pai há muitas moradas ... "E prosseguindo em seus ditames garante-lhes que,

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nem ele, Jesus, deixaria de os assistir e proteger, como também sob a sua direção, o Pai celestial lhes enviaria o Espírito Consolador, cuja falange de mensageiros os auxiliaria na sua gloriosa tarefa.

Jesus proporciona-lhes toda sorte de auxílio, garante-lhes todas as bem-aventuranças, diz-lhes que continuaria a viver, voltaria, se manifestaria e lhes daria assistência por todos os séculos dos séculos!

Faz ainda mais; avisa-lhes que não se manifestaria ao mundo, porque o mundo não estava preparado para recebê-lo; os homens não tinham os "corpos lavados" quanto mais os pés para segui-lo. Garante, por fim, a seus futuros apóstolos, o amor de Deus, e acrescenta que tudo o que lhes havia dito fora com o assentimento do Pai: que a palavra não era sua, mas sim de Deus.

Após este substancioso intróito, transfundiu em seus discípulos o espírito vivificante da fé na imortalidade e, em forma de parábola, prosseguiu em suas exortações.

Começa o Mestre comparando-se a uma videira, e anuncia que é a "verdadeira videira" .

A videira é composta de tronco, galhos, folhas e frutos. Os galhos saem do tronco e têm por fim produzir folhas e frutos.

Assim também seus discípulos devem estar unidos a ele, como os galhos à videira, e para permanecerem na videira precisam dar frutos, como galhos que são da videira verdadeira. E faz-lhes ver que a "vara que não der frutos será cortada e lançada fora", mostrando assim a necessidade do trabalho espiritual para a frutificação da virtude. E assim como o galho, a vara recebe a seiva da videira, labora, manipula-a para que brotem frutos, - as uvas - assim também os apóstolos ou discípulos recebem o Espírito da fé do seu Mestre, para trabalharem com esse Espírito, abençoada seiva, a fim de brotarem os frutos desse labor.

A fim de melhor frisar a necessidade do cumprimento desse dever, Jesus diz que o viticultor da videira, representado nele, é o Pai celestial, é o Criador de todas as coisas, é , finalmente, Deus.

Com esta afirmação o Mestre quis dizer que sua obra é divina, celestial e, portanto, nenhuma potestade conseguirá destruí-la, pois o viticultor não deixará de zelar pela sua videira.

Então o Senhor abre a seus seguidores o seu amoroso coração, embalsamado dos mais puros sentimentos e dos mais vivos afetos e lhes diz: "Assim como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor; e se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor."

Disse mais: que eles só seriam seus amigos se fizessem o que ele lhes ordenara, e passou então a preveni-los do que lhes estava para acontecer: "que o mundo os aborreceria, que eles seriam perseguidos, mas não se dessem por vencidos, porque venceriam".

Insistiu tenazmente para que todos esperassem a "vinda do Espírito da Verdade, dos Espíritos encarregados de guiar seus passos, de lhes alumiar o caminho, de lhes fortificar a fé". Disse que esses Espíritos dariam testemunho dele, e fariam mais ainda: "convenceriam o mundo do pecado, da justiça e do juízo".

Determinou a seus discípulos dissessem às gerações não ter ele dito a última palavra, mas, ao contrário, haver ainda muita coisa a dizer; não o fazia porque eles não compreenderiam, mas o Espírito da Verdade ficaria encarregado dessa missão;. apóstolos invisíveis estariam sempre com aqueles que quisessem receber a sua palavra, e além de explicá-la a contento, anunciariam as coisas que teriam de acontecer.

Finalmente, o Mestre oferece aos seus seguidores, sua palavra de despedida; demonstra a sua compaixão por todos; exorta-os novamente para que se precavenham nas tribulações; anima-os à vitória; mostra-se-lhes como vencedor e lhes anuncia a aproximação da hora em que iam ser espalhados, cada um para o seu lado.

Conclui, afinal, a sua tocante prédica com uma prece, uma oração, um brado da alma para melhor santificar as suas palavras, para fazê-las vibrar na alma de seus discípulos,

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para unir aquela igreja nascente aos agentes da divina vontade; para unir aquele punhado de homens, que para o futuro seriam baluartes da verdade; finalmente para lhes demonstrar que estava em íntima ligação com o Pai dos Espíritos e que dEle havia recebido todas as ordens.

É de ver que Jesus, nessa mesma prece, não só orou por aqueles que consigo se achavam; mas pediu até por nós, que meditamos hoje nos seus ensinos e por todos aqueles que mais tarde receberão esses ensinos.

Esses atos, essas palavras, esse espírito de dedicação, esse zelo sobre-humano, esse caráter edificante com que o divino Mestre ilustrou todos os momentos de sua vida, ungido sempre daquela caridade que excede a todo entendimento humano; essa prece extraordinária, admirável, em que, num colóquio de amor com o Supremo Criador, resumiu, deu conta da sua grandiosa missão e ao mesmo tempo solicitou para todos o amparo dos Céus, só podiam ser apreciados à luz do Espiritismo, porque é, na verdade, esta doutrina que estava destinada pelo próprio Jesus a transfundir na alma humana a seiva vivificante do Evangelho.

O Sermão do Cenáculo encerra, como o do Monte, todas as condições doutrinárias, para felicitar o homem na Terra e divinizá-los nos Céus.

Quem ouve estas palavras e põe em prática estes ensinamentos, edifica sua casa sobre rocha; e embora soprem os ventos e corram as águas, a casa permanece e o amparo dos bons Espíritos nunca falta a seus moradores.

Cairbar Schutel

O SERMÃO DO CENÁCULOAry Brasil Marques

Todos os ensinamentos de Jesus são preciosos. De seus sermões, dois se destacam de maneira especial: o Sermão do Monte e o Sermão do Cenáculo.

O Sermão do Cenáculo é um conjunto de conselhos e de recomendações que o Mestre fez aos seus discípulos. São diretrizes importantes para todos aqueles que querem seguir o caminho luminoso que Jesus nos trouxe.

Toda a comunidade cristã destaca no Cenáculo os seus aspectos simbólicos, tais como a Ceia que reuniu todos os apóstolos com Jesus e o sublime ato de humildade do Mestre ao lavar os pés de seus discípulos. É verdade que esses detalhes do evento são muito importantes, mas o que é mais importante são as palavras que Jesus proferiu naquela ocasião.

Após lavar os pés de todos, Jesus começa o seu memorável discurso dizendo: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus? Crede também em mim; na Casa de meu Pai há muitas moradas...” Em seguida garante a todos que não deixaria de os assistir e proteger e que o Pai Celestial lhes enviaria o Espírito Consolador para dar cumprimento a essa proteção.

Jesus se comparou a uma Videira. Disse que a Videira é composta de tronco, galhos, folhas e frutos. Os galhos saem do tronco e têm por finalidade produzir folhas e frutos. Disse o Mestre ser Ele a Verdadeira Videira, e que os seus discípulos devem estar unidos a Ele como galhos que são da Videira Verdadeira. Explica-lhes que eles precisam dar frutos, pois a vara que não der frutos será cortada e lançada fora. Esses frutos são decorrentes do trabalho espiritual para a frutificação da virtude. E assim como o galho, a vara recebe a seiva da videira, labora, manipula-a até que brotem frutos, as uvas. Da mesma forma os discípulos recebem o Espírito da Fé de seu Mestre como seiva poderosa. Essa seiva deve ser trabalhada com carinho e muito amor, para que possam produzir frutos.

Jesus disse que o Viticultor da Videira é Deus, o Criador de tudo o que existe e que Ele, Jesus, é o seu representante. Demonstra o Mestre um profundo amor a todos os seus discípulos, dizendo: “Assim como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor, e se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim

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como eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor.” Advertiu a todos “que o mundo os aborreceria, que eles seriam perseguidos, mas que se permanecessem com Ele sairiam vencedores.”

Enfatizou a vinda do Espírito da Verdade, para prosseguir na sua missão, e que estaria sempre com todos.

Depois de trazer uma série de ensinamentos e de orientação aos seus discípulos, Jesus orou. Uma prece maravilhosa, repleta de carinho e de amor derramada por todos os presentes, terminando por dizer que aqueles que puserem em prática os seus ensinamentos edificarão sua casa sobre a rocha firme, cuja casa resistirá aos ventos e às águas e que ficarão sempre ao amparo dos bons Espíritos.

O Sermão do Cenáculo deve dar a todos nós, seus discípulos dos dias de hoje, a certeza de que fazemos parte da imensa Videira Verdadeira, e que se perseverarmos na prática do bem e do amor ao próximo, produziremos frutos saborosos que ajudarão nosso semelhante e que trarão para a nossa Terra, um dia, a felicidade.

EVANGELHO

Capítulo 1 – NÃO VIM DESTRUIR A LEI – As três revelações - O ESPIRITISMO 5 – O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo material. Ele nos mostra esse mundo, não mais como sobrenatural, mas, pelo contrário, como uma das forças vivas e incessantemente atuantes da natureza, como a fonte de uma infinidade de fenômenos até então incompreendidos, e por essa razão rejeitados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo se refere em muitas circunstâncias, e é por isso que muitas coisas que ele disse ficaram ininteligíveis ou foram falsamente interpretadas. O Espiritismo é a chave que nos ajuda a tudo explicar com facilidade.

6 – A lei do Antigo Testamento está personificada em Moisés, a do Novo Testamento, no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus. Mas não está personificado em ninguém, porque ele é o produto do ensinamento dado, não por um homem, mas pelos Espíritos, que são as vozes do céu, em todas as partes da Terra e por inumerável multidão de intermediários. Trata-se, de qualquer maneira, de uns seres coletivos, compreendendo o conjunto dos seres do mundo espiritual, cada qual trazendo aos homens o tributo de suas luzes, para fazê-los conhecer esse mundo e a sorte que nele os espera. 7 – Da mesma maneira que disse o Cristo: “Eu não venho destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento”. Também diz o Espiritismo: “Eu não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe cumprimento”. Ele nada ensina contrário ao ensinamento do Cristo, mas o desenvolve, completa e explica, em termos claros para todos, o que foi dito sob forma alegórica. Ele vem cumprir, na época predita, o que o Cristo anunciou, e preparar o cumprimento das coisas futuras. Ele é, portanto, obra do Cristo, que o preside, assim como preside ao que igualmente anunciou: a regeneração que se opera e que prepara o Reino de Deus sobre a Terra.

Cap 6 – O Cristo consolador - Consolador Prometido 3 – Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. – Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. (João, XIV: 15 a 17 e 26) 4 – Jesus promete outro consolador: é o Espírito da Verdade, que o mundo ainda não conhece, pois que não está suficientemente maduro para compreendê-lo, e que o Pai

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enviará para ensinar todas as coisas e para fazer lembrar o que Cristo disse. Se, pois, o Espírito da Verdade deve vir mais tarde, ensinar todas as coisas, é que o Cristo não pode dizer tudo. Se ele vem fazer lembrar o que o Cristo disse, é que o seu ensino foi esquecido ou mal compreendido. O Espiritismo vem, no tempo assinalado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito da Verdade preside ao seu estabelecimento. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas, fazendo compreender o que o Cristo só disse em parábolas. O Cristo disse: “que ouçam os que têm ouvidos para ouvir”. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque ele fala sem figuras e alegorias. Levanta o véu propositalmente lançado sobre certos mistérios, e vem, por fim, trazer uma suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, ao dar uma causa justa e um objetivo útil a todas as dores. Disse o Cristo: “Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados”. Mas como se pode ser feliz por sofrer, se não se sabe por que se sofre? O Espiritismo revela que a causa está nas existências anteriores e na própria destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Revela também o objetivo, mostrando que os sofrimentos são como crises salutares que levam à cura, são a purificação que assegura a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer, e acha justo o sofrimento. Sabe que esse sofrimento auxilia o seu adiantamento, e o aceita sem queixas, como o trabalhador aceita o serviço que lhe assegura o salário. O Espiritismo lhe dá uma fé inabalável no futuro, e a dúvida pungente não tem mais lugar na sua alma. Fazendo-o ver as coisas do alto, a importância das vicissitudes terrenas se perde no vasto e esplêndido horizonte que ele abarca, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem, para ir até o fim do caminho. Assim realiza o Espiritismo o que Jesus disse do consolador prometido: conhecimento das coisas, que faz o homem saber de onde vem, para onde vai e porque está na Terra, lembrança dos verdadeiros princípios da lei de Deus, e consolação pela fé e pela esperança.

O consolador prometido1. O Evangelho de João registra da seguinte forma a promessa de Jesus relativa ao

Consolador: "Se me amais, guardai meus mandamentos. E rogarei a meu Pai e ele vos dará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê e absolutamente não o conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós" (João, 14:15 a 17).

2. Um pouco mais adiante, o mesmo Evangelista atribui a Jesus as seguintes palavras: "Eu vos tenho dito estas coisas enquanto permaneço convosco. Mas o Paráclito, o Santo Espírito, que meu Pai vos enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar o que vos disse" (João, 14:25 e 26). (N.R.: Paráclito ou paracleto significa mentor, defensor, protetor.)

3. Verifica-se por essas palavras que o Consolador prometido por Jesus, também chamado de Santo Espírito e de Espírito da Verdade, seria enviado à Terra com a missão de consolar, lembrar o que ele dissera e ensinar todas as coisas.

4. O Consolador, como Espírito da Verdade, teria, pois, de dar ao homem o conhecimento de sua origem, da necessidade de sua estada na Terra e do seu destino, espalhando por todo o lado a consolação que advém da fé e da esperança.

5. Seu compromisso com a verdade (o ensino de todas as coisas) o eleva à condição de uma nova Revelação (a terceira) da lei de Deus aos homens. Ora, o Espiritismo, procedendo de Espíritos sábios e bondosos, num verdadeiro derramamento da mediunidade na carne, preenche integralmente essas condições, visto que:1o - procura lembrar-nos o que Jesus ensinou;2o - ensina-nos muitas coisas que o Evangelho não pôde explicar adequadamente;

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3o - consola e conforta os que sofrem ao mostrar-lhes a causa e a finalidade dos sofrimentos humanos.

6. A revelação cristã sucedeu à revelação mosaica; a revelação dos Espíritos veio completá-la. O Espiritismo é, pois, segundo os próprios Espíritos superiores, o Consolador prometido pelo Cristo.

7. Várias foram as razões que justificaram a promessa do Cristo, relativamente ao advento do Espírito da Verdade. Uma delas seria a inoportunidade de uma revelação total e completa pelo Cristo, numa época em que o homem não estaria amadurecido para compreendê-la. Outra razão seria o esquecimento e a falta de vivência das verdades apregoadas no Evangelho. E mais do que isto, destacam-se como forte razão as distorções premeditadas que a mensagem evangélica sofreu ao longo dos tempos. Kardec afirma, em "A Gênese", terem sido dois mil anos de fermentação e de criminosas deformações da mensagem cristã.

8. A relação entre o Espiritismo e o Consolador prometido está no fato de a Doutrina Espírita preencher todas as condições inerentes ao Paráclito anunciado por Jesus. Como assinala Kardec, o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos de toda gente, pois fala sem figuras, nem alegorias, e levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios, trazendo a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem.

9. Se, de um lado, o Espírito da Verdade se apresentava aos homens, à frente de elevadas Entidades espirituais, que voltaram à Terra para completar a obra do Cristo, de outro Kardec se punha a postos, à frente de criaturas espiritualizadas, dispostas a colaborar na imensa tarefa. Cumpria-se, assim, uma promessa do Cristo, por meio de todo um imenso processo de amadurecimento espiritual do homem.

10. Kardec foi, portanto, o instrumento de que se serviu o Alto para completar a mensagem do Cristo, como ele mesmo havia prometido, por intermédio de uma Doutrina altamente consoladora e intimamente ligada ao ensino moral contido no Evangelho de Jesus, que permanecerá para sempre conosco.