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Homiletica, O pregador e O Sermão

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S223hs

Silva, Severino Pedro da; 1946Homiltica: o pregador e o sermo / Severino Pedro Silva. -1 Ed. - Rio de Janeiro : Casa Publicadora das Assemblias. 1992 1. Pregao I. Ttulo II 83-0136 CDD - 251.01 CDU - 251

da

Capa: Aroaldo

Casa Publicadora das Assemblias de Deus Caixa Postal 331 20001, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

6a Edio 1999

ndicePrefcio 11 Introduo 12 Captulo um b) HOMILTICA ......................................................................... 13 b) Definio .................................................................................. 13 b) Seu objetivo primordial b) A homiltica e a eloqncia b) Como podemos convencer b) Jesus e a homiltica .................................................................. 15 b) O valor da homiltica ............................................................... 15

b) A primeira vantagem b) A segunda vantagem b) A origem da homiltica ............................................................. 16 b) Como termo designativob) A partir do IV sculo d.C.

b) RETRICA .............................................................................. 17 b) Noo e definio .................................................................... 17 b) As regras do discurso b) As qualidades exigidasc) O retor

b) A diviso da retrica ............................................................... 19 b) Inveno b) Disposio b) Estilo b) Memria b) Entrega b) ORATRIA ............................................................................. 19 b) Sua extenso ............................................................................ 19 b) Os grandes mestres de oratria 20a) Ccero b) Quintiliano b) Demstenes Captulo dois A CLASSIFICARO DOS SERMES............. 22 1. Definio geral 22 Sermes de natureza homiliasta Sermo inferencial Sermoextemporneo Sermes especiais 2. Sermes homiliastas ................................. ........ ....................... 22 a) Sermotemtico b) Sermo textual c) Sermo expositivo 3. Sermo Inferencial .................................................................... 27 a) Induo formal b) Induo bblica 4. Sermo extemporneo 29 a) As vantagens b) As desvantagens 5. Sermes para ocasies especiais .............................................. 33 c) Sermo para casamento d) Sermo para aniversrio, boda, etc. e) Sermo acadmico f) Sermo para funeral g) Sermo para crianas h) Palestras para outros eventos especiais B. O ASSUNTO DO SERMO . .................................................. 36 1. Orientao geral ........................................................................ 36 a) A necessidade geral da Igreja b) As necessidades individuais 2. Devemos buscar a orientao divina ........................................ 37 B. FORMA DE APRESENTAO DO SERMO ..................... 37 1. Definio geral ..... ..................................................... ............. 37 c) Ler o sermo d) Recitar o sermo e) Falar de improviso 2. A versatilidade de Paulo ............. ........ .................................. 38

f) Sermo lido g) Sermo recitado h) Sermo esboado i) Sermo improvisado Captulo Trs A. AS PARTES QUE COMPEM O SERMO .......................... 39 1. Os elementos gerais do sermo 39 2. As diretrizes bsicas da enunciao 39 B. O TTULO 40 1. Definio 40 2. O ttulo no deve ser negativo 40 3. A diviso do ttulo 40 4. A natureza do ttulo .................................................................. 41 5. A escolha do ttulo .................................................................... 41 a) Por ocasio do Natal b) No Dia das Mes c) No Dia de Finados d) No Dia da Independncia e) No Dia de Ano Novo f) Sexta-feira Santa g) Sbado de Aleluia h) Domingo de Pscoa i) Por ocasio dum culto de misses j) Num culto evangelstico, etc. C. O TEMA 42 1. A sntese do assunto 42 2. O tema e sua funo 42 D. O TEXTO 43 1. Definio do texto ..................................................................... 43 2. Dependendo da natureza do sermo .......................................... 43 a) Sermo textual-o texto b) Sermo expositivo-a poro c) Sermo temtico-a passagem d) Sermo ilativo-uma inferncia e) Sermo extemporneo-uma palavra f) Sermes para ocasies especiais-uma frase E. A INTRODUO 44 1. O exrdio 44 2. Deve visar diretamente o assunto 44 F. O CORPO DO SERNAO 45 1. Definio........... . ....... ............................................................... 45 2. O objetivo do sermo 46 3. As divises do sermo 46 a) As divises b) As subdivises c) As transies G. A APLICAO DO SERMO 49 1. Convite ou apelo ............................................. ........................ 49 2. O objetivo da aplicao ............................................................. 49 a) No crcere de Filipos b) Em feso c) Em Jerusalm, na porta formosa H. A CONCLUSO DO SERMO 50 1. Definio 50 2. A concluso deve ser conclusiva 50 Captulo quatro

A. OS ELEMENTOS TCNICOS DA DISSERTAO 52 1. Os elementos funcionais 52 a) A Bblia b) O texto c) O contexto d) Osubtexto 2. Outras formas de expresso ..................................................... 54 a) Os paralelos de palavras b) Os paralelos de idias c) Os paralelos de ensinos gerais d) A referncia e) A inferncia f) A citao g) As variantes h) As evidncias i) A deduo B. AS ILUSTRAES................................................................... 57 1. O valor da ilustrao ................................................................. 57 2. A capacidade para ilustrar ........................................................ 57 Captulo cinco A. EXERCCIOS PARA EDUCAO E USO CORRETO DA VOZ ............................................................... 59 1. As tcnicas da comunicao... ................... ............................... 59 a) Treinamentos adequados b) Falar com sentimento e inspirao c) No falar demasiadamente rpido d) Usar curtas frases e) As qualificativas para o "Ar Livre" B. A VOZ E O SEU USO CORRETO ........................................ 61 1. Pode ser fraca e pode ser poderosa ........................................... 61 2. A intensidade da voz ................................................................ 62 a) O uso da voz na introduo b) Falar com ousadia c) O cuidado pela voz 3. A forma correta ........................................................................ 64 a) Abrir bem a boca b) Falar com muita fora c) Pronunciar claramente as palavras 4. Os lbios tensos ........................................................................ 64 5. Exerccios para desprender a mandbula ................................. 65 a) Movimentao da mandbula b) Exerccios progressivos c) A dico 6. A ressonncia nasal .................................................................. 67 7. A respirao adequada .............................................................. 68 a) A respirao b) A tcnica da expirao C. A LINGUAGEM MATERNA ............................................. ...69 1. Conhecimento dos ditames da lngua ........................................ 69 a) A dvida b) A certeza e a evidncia c) Evitar os vcios de linguagem d) Evitar os jarges Captulo Seis A. O PREGADOR E SEU COMPORTAMENTO TICO . ........ 72 1. Como usar o corpo e a voz ......... ............................................ 72 2. Os maus hbitos ....................................................................... 72 3. A postura do pregador ............................................................. 73

POSIO CORRETA............................................................. 73 O corpo .................................................................................... 73 A posio da cabea................................................................. 73 A posio do pescoo .............................................................. 74 O rosto ......................................................................... .......... 74 Os olhos ................................................................................... 74 Mexer com os ombros ............................................................ 75 OS MOVIMENTOS DO PREGADOR ................................... 75 A esttica .................................................................................. 75 O uso das mos ..................................................................... ..76 a) Os gestos e a entonao das palavras b) Direo correta c) No contexto da visualizao d) O uso dos dedos D. O ESTILO EM GERAL .......................................................... 79 1. O estilo propriamente dito ........................................................ 79 2. A beleza .................................................................................... 81 3. A clareza ................................................................................... 83 4. O vigor ...................................................................................... 84 E. A IMITAO ................................................................ ....... 84 1. A consciente e a inconsciente ......................................... ......... 84 2. Naturalidade .............................................................................. 85 Captulo sete A. O AUDITRIO E SEUS COMPONENTES ............................ 87 1. Os elementos bsicos ............................................................... 87 2. O auditrio ............................................................................... 87 3. O plpito ................................................................... ............. 88 a) O formato do plpito b) O plpito e sua esttica 4. O som ...................................................................................... 89 a) O microfone b) A direo do microfone c) A distncia entre o pregador e o microfone d) A altura do microfone 5. A massa humana ...................................................................... 92 6. Levantar-se durante o culto ...................................................... 92 B. O LOCAL DEVE SER EXTRATGICO ............................... 92 1. Escolha do local ........................................................................ 92 2. Pregar sob a influncia de barulhos e rudos ............................ 93 3. Pregar contra o vento................................................................ 93 C. IDENTIFICAO DO AUDITRIO .................................... 94 1. Os ouvintes .............................................................................. 94 2. A importncia da mensagem ................................................... 94 Captulo oito A. FIGURAS DE LINGUAGEM ................................................. 96 1. Diviso e definio .................................................................. 96 2. Dividiremos em trs grupos-a saben ....................................... 96 a) Figuras de palavras b) Figuras de contrao c) Figuras de pensamento B. DIVISO GERAL DE CADA FIGURA ................................ 97 1. Figuras de palavras: ............................................. .................... 97 a) Metfora b) Metonmia c) Perfrase 2. Figuras de construo .............................................................. 99 a) Anacoluto b) Elipse c) Inverso

B. 1. 2. 3. 4. 5. 6. C. 1. 2.

d) Onomatopia e) Pleonasmo f) Polissndeto g) Repetio h) Silepse 3. Figuras de pensamento: retrica geral ................................... 101 a) Acrstico b) Alegoria c) Anttese d) Anttipo e) Apstrofe f) Dramatizao g) Enigma h) Eufemismo i) Exclamao j) Fbula 1) Hiprbole m) Interrogao n) Ironia o) Parbola p) Paradoxo q) Personificao r) Prosopopia s) Reticncia t) Retficao u) Smbolo v) Smile x) Sindoque z) Tipo Bibliografia....................................................................................110

PrefcioHomiltica - o pregador e o sermo - escrito pelo consagrado Escriba da Corte, pastor SEVERINO PEDRO DA SILVA, um verdadeiro MANUAL DE ORIENTAO para os semeadores da Palavra de Deus na Presente Dispensao. Nesta obra, o autor nos oferece princpios gerais e elementos funcionais na prtica da dissertao e disciplina do pregador. "Procura... manejar bem a palavra da verdade", forarn as recomendaes finais do apstolo Paulo a seu discpulo Timteo (2 Tm 2.15). Isto significa, em outras palavras, que o Evangelho precisa ser pregado com conhecimento, convico, determinao interior, boa disposio, propriedade verbal e coisas assim. Neste livro, a meu ver, o leitor encontrar todas estas orientaes e muito mais. Recomendo sua leitura, meditao e prtica. So Paulo, capital, 1992 Jos Wellington Bezerra da Costa

IntroduoHomiltica uma cincia vasta e mui valiosa. uma cincia, quando considerada sob o ponto de vista de seus fundamentos. Podejambm ser considerda uma arte, quando visualizada em seus aspectos estticos. E no deixa de ser tambm concebida como uma tcnica, quando aplicada no modo especfico de sua execuo ou ensino. Esta cincia nasceu como termo designativo, quando os pregadores cristos comearam a estruturar suas mensagens, embasadas dentro dos princpios da retrica grega e da oratria romana. A partir do Quarto Sculo d.C., estes princpios foram sendo introduzidos lentamente na proclamao e ensino da Verdade Divina em reunies regulares congregadas para o culto a Deus. Entretanto, somente no Sexto Sculo d.C., que esta cincia assume um papel importante com suas tcnicas e adaptaes s habilidades humanas. So Paulo, Capital, 1992 O Autor

Captulo UmA.HOMILTICA 1. DefinioHomiltica a cincia que se ocupa com a pregao crist e, de modo particular, com o sermo proferido no culto, no seio da - comunidade reunida.

O termo vem da palavra grega HE HOMILIA. O verbo HOMILEIN era usado pelos gregos sofistas para expressar o sentido de "relacionar-se, conversar". HE HOMILIA designa, especialmente no Novo Testamento, "o estar juntos, o relacionar-se", e, nos primeiros sculos da Era Crist, o termo passou a ser usado para denominar a "arte de pregar sermo". Da deriva o sentido "homiltica" e suas formas de expresso. Desde ento e muito cedo, a homiltica passou a fazer parte da teologia prtica.0) Sua tarefa no se limita apenas a princpios tericos, mas concentra-se grandemente no treinamento prtico. a) Seu objetivo primordial O objetivo principal da homiltica desde o seu remoto princpio foi orientar os pregadores na dissertao de suas prdicas e, ao mesmo tempo, fazer que os mesmos adquiram princpios gerais corretos e despert-los a terem idia dos erros e falhas que os mesmos em geral cometem. So inmeras as obras, boas e teis, em diversos idiomas e de diferentes datas que tratam diretamente desta disciplina. Quando as lemos, descobrimos inmeros defeitos em ns mesmos e nos outros -, alguns deles at extravagantes e grosseiros. Com efeito, porm, medida que vamos lendo estas obras; corrigimos essas falhas que se apresentam. Convm notar que a homiltica no a mensagem. Ela disciplina o pregador para melhor entregar a mensagem. No nos esqueamos: A mensagem de Deus (Ef 6.19, etc). Entretanto, no devemos esquecer '"que para melhor compreenso e apresentao da mensagem deve haver um certo preparo e treinamento por parte do orador. b) A homiltica e a eloquencia A misso principal da homiltica conservar o pregador (pregador aqui tem sentido abrangente - inclui pessoas de ambos os sexos) na rota traada pelo Esprito Santo. Ela ensina, onde (e como) se deve comear e terminar o sermo. O sermo tem por finalidade convencer os ouvintes, seja no campo poltico, forense, social ou religioso. Por esta razo a homiltica encontra-se ligada diretamente eloqncia. A eloqncia a capacidade intelectual de convencer pelas palavras. As palavras esclarecem, orientam e movem as pessoas. O orador que consegue mover as pessoas, persuadindo-as a aceitar suas idias, eloqente, pois a eloqncia a capacidade de persuadir pela palavra. Fala-se de Apolo, um judeu, natural de Alexandria, que era "...eloqente e poderoso nas Escrituras" (At 18.24b). c) Como podemos convencer Existem vrias maneiras de persuadirmos ou convencermos algum a seguir nossa orientao: - Pela fora moral (princpios e doutrinas) - regras fundamentais. - Pela fora social (costumes, normas e leis) - o direito. - Pela fora fsica (braos e armas) - a guerra. - Pela fora pessoal (exemplo) - influncia psicolgica. - Pela fora verbal (falada ou escrita) - retrica. - Pela fora divina (atuao do Esprito Santo) - Ele "...convence...". O poder da persuaso pode convencer at o prprio Deus! Moiss, o grande legislador hebreu, pregou para que Deus se arrependesse e conseguiu! Com efeito, Deus se arrependeu e perdoou ao povo (x 32.7-14). Jonas, de igual modo, conseguiu o arrependimento do povo ninivita e o arrependimento de Deus (Jn 3.4-10). 2. Jesus e a homiltica

No ministrio de Cristo, a homiltica ocupou o lugar central no que diz respeito a sua propagao plena. Embora fortemente osado a dar primazia a outros mtodos de abordar o povo, Jesus "...veio pregando" (Mc 1.14). Na sinagoga de Nazar, o Mestre descreveu a si mesmo como divinamente enviado "...para evangelizar os pobres... a pregar liberdade aos cativos... a anunciar o ano aceitvel do Senhor" (Lc 4.18,19). Os evangelhos nos apresentam quadros inesquecveis do Pregador Itinerante, nas sinagogas, nos montes, nas plancies, beira-mar, devila em vila, de cidade em cidade finalmente em todo o lugar, trazendo aps si multides quase incontveis, deixando o povo fascinado com suas palavras de graa e com autoridade do seu ensino. A pregao de Jesus continha todo o sabor da bondade divina: era um clamor insistente por sua compaixo, e poderoso por sua urgncia. A pregao direta , sem dvida, um convite conscincia, razo, imaginao e aos sentimentos, mediante a declarao da verdade e da graa de Deus, pois produz um efeito mais urgente e eficaz. 3. O valor da homiltica A homiltica contribuiu, no sentido geral, na propagao da Palavra de Deus. Duas coisas, contudo, influenciaram grandemente a pregao crist, levando-a para as formas retricas. a) A primeira vantagem A primeira foi a disseminao do Evangelho entre as naes gentlicas, em cujo seio as tradies e formas judaicas eram pouco conhecidas. Basta lembrarmos da crtica que de Paulo fizeram alguns corntios, e como se deliciavam em ouvir Apolo, por ser "...eloqente e poderoso nas Escrituras". b) A segunda vantagem A segunda coisa que influiu foi a converso de homens que j tinham sido treinados na retrica. Muitos deles, dia-a-dia, se tornavam pregadores, e naturalmente usavam seus dotes retricos na proclamao do Evangelho. Acrescentemos a essa influncia o declnio dos pregadores judeus no cristos, e veremos como a homilia (a arte de pregar) cedeu lugar proeminente ao sermo elaborado. Por isso, naqueles dias j se definia a homiltica "como a cincia que ensina os princpios fundamentais de discursos em pblico, aplicados na proclamao e ensino da verdade em reunies regulares congregadas para o culto divino" (Hoppin). 4. A origem da homiltica A homiltica propriamente dita, nasceu muito cedo na histria humana, embora no como termo designativo homiletikos (arte de pregar sermo) e homilia (arte de falar elegantemente na oratria eclesistica), mas como oratria pictogrfica (sistema primitivo de escrita no qual as idias so expressas por meio de desenhos das coisas ou figuras simblicas). Ela surgiu na Mesopotmia h mais de 3000 anos a.C., para auxiliar necessidade que os sacerdotes tinham de prestar contas dos recebimentos e gastos s corporaes a que pertenciam e faziam suas prdicas em defesa da existncia miraculosa dos deuses do paganismo. O sistema sumeriano viria a ser o prottipo (primeiro tipo ou exemplo) de outros importantes sistemas de escrita, como o egpcio, por exemplo. a) Como termo designativo Entretanto, homiltica como termo designativo com suas tcnicas, sistematizao e adaptao s habilidades humanas, nasceu entre os gregos com o nome de retrica. Depois foi adaptada no mundo romano com o nome de oratria, e, finalmente, para o mundo religioso com o nome de homiltica.

A retrica e a oratria tomaram-se sinnimos para identificar o discurso persuasivo (profano). A homiltica, entretanto, passou a identificar o discurso sacro (religioso). b) A partir d IV Sculo d.C. A partir desta poca os pregadores cristos comearam a estruturar suas mensagens, seguindo as tcnicas da retrica grega e da oratria romana. Com efeito, porm, desde o primeiro sculo da Era Crist, esta influncia estrutural da homiltica j comeava a ser sentida no seio do Cristianismo. No de se surpreender, portanto, que a maioria dos telogos cristos primitivos compunha- se dos que aceitavam as teorias gregas e romanas, pois muitos deles eram filsofos neoplatnicos convertidos ao Cristianismo ou estavam sob a influncia dessas idias (conforme foi o caso de Justino Mrtir, de Clemente de Alexandria, de Orgenes, de Agostinho, de Ambrsio e muitos outros). B. RETRICA 1. Noo e definio O vocbulo retrica (do grego, "rhetor", - orador numa assemblia) tem sido interpretado como a arte de falar bem ou arte de oratria, isto , a arte de usar todos os meios e recursos da linguagem com o objetivo de provocar determinado efeito nos ouvintes. Os gregos sofistas a dividiam em trs grupos: Poltica Forense Epidtica (demonstrativa). Tratando no somente do estilo, mas tambm do assunto, da estrutura e dos mtodos de elocuo em cada caso, os gregos combinavam a tcnica dos sofismas com a concepo platnica e aristotlica de que a arte da oratria deve estar a servio da verdade. A retrica ensinada na Grcia antiga pelos sofistas, fundamentada em princpios disciplinares de conduta, teve origem na Siclia, no V sculo a.C., atravs do siracusano Crax e seu discpulo Tsias. Tsias tornou-se o discpulo mais famoso de Crax. Quando Crax lhe cobrou as aulas ministradas, Tsias recusou a pagar, alegando que, se fora bem instrudo pelo mestre, estava apto a convenc-lo de no cobrar, e, se este no ficasse convencido, era porque o discpulo ainda no estava devidamente preparado, fato que o desobrigava de qualquer pagamento. O resultado que Tsias ganhou a questo. a) As regras do discurso Crax formulou uma srie de regras para dividir o discurso em cinco partes: Promio (prlogo) Narrao Argumentao Observaes adicionais Perorao (eplogo). As regras estabelecidas por Crax tinham por finalidade orientar os advogados que se propunham a defender as causas das pessoas que desejavam reaver seus bens e propriedades tomados pelos tiranos. Os sofistas foram os primeiros a dominar com facilidade a palavra modulada nestes princpios; entre os objetivos que possuam, visando a uma completa formao, trs eram procurados com maior intensidade: adestrarem-se para julgar, falar e agir. Seu aprendizado na arte de falar consistia em fazer leituras em pblico, comentrios sobre poetas famosos, improvisar e promover debates.

A partir da, a palavra retrica passou a ser usada no campo da comunicao para descrever o discurso persuasivo, quer escrito ou falado. b) As qualidades exigidas Os oradores sofistas, entre eles, Grgias, Iscrates (que viveu de 436 a 338 a.C., e implantou a disciplina da retrica no currculo escolar dos estudantes atenienses) e muitos outros, exigiam vrias habilidades dos oradores. Entre todas, quinze so consideradas imprescindveis: memria, habilidade, inspirao, criatividade, entusiasmo, determinao, observao, teatralizao, sntese, ritmo, voz, vocabulrio, expresso corporal, naturalidade e conhecimento. Filsofos destacados como Plato (430-347 a.C.), Aristteles (382-322 a.C.) e Ccero (106-44 a.C.) deram muita ateno aos princpios a serem seguidos por quem desejasse levar os homens a crerem e agirem. Paulo, pelo que parece, observou que estes princpios retricos levaram alguns oradores cristos aos extremos, firmando-se apenas em "...sublimidade de palavras ou de sabedoria..." (1 Co 2.1). Era esta a poca em que os "...gregos buscavam sabedoria". c) O retor O retor, entre os gregos, era o orador de uma assemblia. Entre ns, entretanto, a palavra rhetro veio a ter o significado pomposo de mestre de oratria. O objetivo do retor (orador retrico) era, atravs de seu discurso laureado, o de persuadir os sentimentos nas discusses e nas deliberaes sobre os problemas na democracia grega. As reunies eram processadas nas praas ou no Arepago. Logo se percebeu que os cidados falantes, de fcil verbo, se expressavam mais adequadamente, dominavam a situao, sentiam- se sempre vitoriosos, tornavam-se admirados pelas multides e galgavam os melhores postos na comunidade. No demorou para que todo o mundo desejasse conquistar os segredos dessa nova arte. 2. A diviso da retrica Entre os gregos e os romanos, os discursos retricos deviam ser modulados em cinco pontos, a cada um dos tais foram associadas muitas sugestes para o bem falar. a) Inveno A inveno consistia na coleta e planejamento do uso dos materiais e idias, a fim de influenciar aos ouvintes. Trs tipos de apelo que o orador pode fazer. So: Apelos lgicos baseados na evidncia e no raciocnio. Apelos emocionais baseados nos impulsos e sentimentos. Apelos ticos baseados no carter, personalidade, experincia e reputao do orador. b) Disposio Consistia no arranjo do material na ordem destinada a servir melhor o propsito do orador. c) Estilo Nesse sentido Aristteles foi o maior deles. Consistia no uso de palavras para transmitir a mensagem da maneira mais eficaz. d) Memria Consistia em lembrar a mensagem a ser transmitida. e) Entrega Consistia no uso correto da voz e do corpo para apresentar a mensagem aos ouvintes. Depois, com a grande influncia do Cristianismo, passou-se a distinguir a retrica da homiltica e alguns princpios ticos foram incorporados a esta ltima.

C. ORATRIA1. Sua extenso Convm que o leitor saiba que a retrica inventada pelos gregos passou para o mundo romano com o nome de oratria e para o campo religioso com o nome de homiltica. Entretanto, a partir do IV sculo d.C., a retrica e a oratria tornam-se sinnimos usados para identificar o discurso profano, e a homiltica identifica o discurso sacro, religioso, cristo. A homiltica, a partir da, passou a ser a arte de pregar o Evangelho. Assim, a oratria (de oris, boca) passou a indicar mais a parte tcnica do sermo; enquanto que a homiltica, as partes prticas e dogmticas crists, que vo do sermo celebrao do culto. 2. Os grandes mestres de oratria Os romanos sofreram extraordinria influncia cultural dos gregos no sculo II a.C., inclusive na arte da oratria. Com efeito, porm, outros grandes mestres, de diferentes nacionalidades, deram tambm sua contribuio. a) Ccero Ccero foi o maior orador romano. Nascido no ano 106 a.C., preparou-se desde muito cedo para a arte da palavra. Com apenas dez anos de idade, seu pai o deixou aos cuidados de dois mestres da oratria. Aos quatorze anos, iniciou seu aprendizado retrico na escola do retor Plcio e j aos dezesseis anos abraou a prtica da fala, observando os grandes oradores da sua poca, que se defrontavam nas assemblias do frum. b) Quintiliano Depois de Ccero, merece ateno especial na histria da Arte Oratria romana, Quintiliano. Nascido na metade do primeiro sculo da Era Crist, na Espanha, foi para Roma logo nos primeiros anos de vida para estudar oratria. Seu pai e seu av foram retores e o pai lhe ministrou as primeiras aulas de retrica. c) Demstenes Demstenes, orador grego de extraordinria eloqncia, foi contemporneo de Filipe da Macednia, que atravs das Filpicas, Oraes Violentas, atacava a sua poltica, denunciando-lhe as intenes de dominar a Grcia. Demstenes, considerado um dos maiores e mais perfeitos oradores da antiguidade, obteve xito na arte de falar, depois de ter superado dificuldades impostas pelas suas prprias deficincias naturais. Os problemas de respirao, dico, articulao e postura no lhe creditavam as condies mnimas para que pudesse atingir seu objetivo de tornar-se um orador. Duas qualidades, porm, Demstenes possua: a determinao e a vontade. A determinao Ao iniciar sua preparao, isolou-se num local onde ningum pudesse perturb-lo. Para que a sua concentrao e meditao fosse completa... a sua dico foi corrigida com seixos que colocava na boca e com os quais procurava pronunciar as palavras da forma mais correta possvel. Outros maus hbitos, entre eles o de levantar um ombro quando falava, foi tambm corrigido com disciplina rgida. A fora de vontade

Demstenes parece ter tido um incio difcil e sido filho do prprio esforo. Entretanto, superou todas essas dificuldades. Empregou todas as tcnicas e meios engenhosos para conseguir ser o maior orador da antiguidade (declamar diante da praia vencendo com a voz o rudo e barulho das ondas; correr, subindo montanhas ngremes, recitando trechos de autores gregos para desenvolver o flego, etc.). O resultado de seu esforo foi gratificante. Ele conseguiu aquilo que almejava!

Captulo DoisA. A CLASSIFICAO DOS SERMES 1. Definio geralH muitos tipos de sermes e vrios meios de classific-los. Alguns mestres de oratria classificam os sermes de acordo com o contedo ou assunto; outros, segundo a estrutura, e ainda outros quanto ao mtodo usado na dissertao da mensagem. Ento, os sermes encontram-se classificados assim: Sermes de natureza homiliasta - Temtico ou tpico - Textual - Expositivo Sermo irferencial - Ilativo Sermo extemporneo - Improvisado Sermes especiais - Casamentos - Aniversrios, bodas, etc. - Acadmico, formatura, etc. - Funeral - Crianas - Palestras para outros eventos especiais. 2. Sermes homiliastas a) Sermo temtico Muitas vezes o sermo temtico tambm chamado de sermo tpico, em razo do mesmo principiar com um tpico tirado da Bblia. H diferena entre o sermo temtico quando confrontado comos sermes textual e expositivo. O sermo temtico no comea com um versculo, ou passagem (longa) especial da Bblia como fazemos no caso dos sermes textual e expositivo. Salvo, quando se trata de versculos, tais como: "No matars" (x 20.13); "Jesus chorou" (Jo 11.35), etc. Geralmente, tem incio com um assunto, tpico, ou tema. A dissertao do sermo temtico no se concentra no texto, ou

numa parte das Escrituras, a exemplo do textual e expositivo; e sim, em todas as partes das Escrituras onde aquele tema est em foco. O ttulo principal em tal sermo, naturalmente, no se baseia na anlise de um versculo ou passagem, como geralmente se faz nos outros sermes, mas na anlise do assunto. A distino que se faz entre sermes temticos e sermes textuais diz respeito apenas ao plano do discurso, especialmente no que se refere fonte de suas divises. somente isso que constitui as espcies diferentes; mas, no entanto, tal diferena de considervel importncia na prtica. As frases em questo - que alguns substituem por sermes tpicos e sermes textuais, ou sermes sobre assuntos e sobre textos -, no tm sido geralmente empregadas com preciso ou uniformidade. Uma clara aplicao delas que pode ser bem defendida, a seguinte: sermes tpicos, ou temticos, so aqueles cujas divises provm do assunto, independentemente do texto; ao passo que sermes textuais so esses cujas divises so tiradas do prprio texto. No se pode determinar especificamente que se pregue sobre este tema ou aquele isso depende do Esprito Santo e do pregador-, a menos que tal pregador seja apenas um instrumento terico e no prtico. H certos temas que foram sugeridos pelo Esprito Santo para atender uma necessidade ou necessidades prementes; entretanto, estes temas em outras ocasies no chegam a produzir efeito ou edificao. A Bblia trata de todas as fases concebveis da vida e das atividades humanas. Tambm revela os propsitos de Deus na Graa para com os homens, no tempo e na eternidade. Assim, a Bblia contm uma fonte inesgotvel de temas, dentre os quais o pregador pode selecionar material para mensagens temticas adequadas a toda ocasio e condio em que as pessoas se encontrem. Na seleo do tema, devemos buscar a direo do Senhor, que no-la dar medida que passamos tempo em orao e meditao b) Sermo textual O sermo textual, de acordo com aquilo que sugere o termo, aquele em que as divises principais so derivadas de um texto constitudo de uma breve poro da Bblia. Essa poro pode ser, dependendo da natureza do sermo, uma linha, um versculo ou at mesmo dois ou trs versculos. No deve ser mais do que isto, pois nesse caso no se trata mais de uma poro para um sermo textual, e, sim, uma poro para um sermo expositivo. A importncia do texto O vocabulrio texto deriva-se do latim texere, cujo substantivo textus significa tecer, e que figuradamente quer dizer reunir, construir, compor, e expressa o pensamento em contnuo discurso ou escrita. O substantivo textus, ento, indica o produto do tecer, o tecido, a trama, e assim, no uso literrio, trama do pensamento de algum, uma composio contnua. Os oradores romanos usavam a presente expresso para sugerir a tecedura ou o fundamento das idias e pensamentos sobre os quais o discurso se baseia. Definio teolgica Teologicamente falando, o termo texto passou, ento, a significar todo o passo, ou trecho bblico lido pelo pregador, que pode ir de uma linha at um livro inteiro. Exemplo: Obadias (AT), Filemom, 2 e 3 Epstolas de Joo e a Epstola de Judas (NT). Na literatura Na literatura, o sentido do texto passou a indicar qualquer poro escrita. A sistematizao partiu da leitura de narrativas ou discusses contnuas de algum autor e da adio de comentrios, principalmente explicativos, ou de se tomar o prprio escrito do

autor e adicionar notas nas margens, ou na parte inferior da pgina. Assim, a prpria obra do autor passou a ser chamada o texto, para distingui-lo das notas e comentrios fragmentados do editor ou orador. A dissertao do sermo textual inversa daquela que se apresenta no sermo temtico; ali, aquela se baseia no tema e segue; aqui, esta se baseia no texto e segue. Uma das primeiras tarefas do pregador na preparao de um sermo textual fazer um estudo completo do texto, descobrir nele a idia dominante e, a seguir, estabelecer as divises principais. Cada diviso se transforma, pois, numa ampliao ou desenvolvimento do assunto. A variao No sermo textual, o pregador no se prende exclusivamente a um assunto como, por fora de regra, acontece com o sermo temtico, mas so tratados vrios tpicos apresentados pela texto. Tais tpicos, mesmo que no admitam ser combinados num s assunto, devem ter tal relao mtua que d unidade ao discurso. c) Sermo expositivo O sermo expositivo parece um pouco em sua estruturao com o sermo textual. Sendo que, necessariamente, ele assume um carter mais extenso e progressivo. Define-se este tipo de sermo como aquela mensagem em que uma poro mais ou menos extensa das Escrituras interpretada em relao a um tema ou assunto. O sermo temtico gira em torno de um tema; o textual, em torno de um texto enquanto que o expositivo, em torno de um assunto. Especificamente, a unidade da mensagem expositiva consiste em um bom nmero de versculos dos quais emerge uma idia central. Em outros casos, podemos tomar como base para nossa exposio um captulo completo, ou um livro completo da Bblia. Para exemplificar: Uma exposio sobre a vida do patriarca J. Deve-se, nesse caso, tomar como base todo o seu livro do captulo 1 ao 42. claro que no leremos no incio do sermo todos estes captulos. Entretanto, por fora do argumento, aqui, ali e acol, temos que fazer uma citao tpica, pois somente assim o sermo apresentaria unidade e estilo de natureza expositiva. Se nossa exposio tem como base o Sermo do Monte pregado por Jesus, bvio que tomaremos como base trs captulos do livro de Mateus (5,6,7) e ainda uma pequena poro do captulo 8. Numa exposio sobre lgrimas, ou sobre algum que chorou, teramos como base Joo 11.35: "Jesus chorou". Neste caso, o pregador exploraria a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do versculo em foco, e assim teria material substancial para toda a dissertao do sermo. Na apresentao dum sermo expositivo, requer-se maior preparo para o pregador. Razo por que uma mensagem desta natureza engloba assuntos de variados temas. Neste caso, a escolha do tema ou assunto, deve ser bem definida. Alm desta escolha, o pregador deve se ater a uma srie de recursos internos e externos que lhe possibilitem melhor apresentao do sermo. Durante a fase preparatria, o pregador precisa reunir todos os recursos que estiverem ao seu alcance. 1) A escolha da passagem Deve ser um texto completo: ditado, pargrafo, seco, parbola, livro. Uma unidade literria. Deve ter integridade hermenutica - tudo que se expe deve ser fiel ao texto e argumento principal.

O contexto deve estar em sintonia direta com o texto e se coadunar emcada detalhe do subtexto e outras formas de expresso. Deve ter coeso - um colar de pedras preciosas. Deve ter movimento e direo - leva o ouvinte para a frente. Deve ter aplicao prtica na vida. 2) Familiarizao com o texto Ler vrias vezes. Campbell Morgan opina que se deve ler o texto 50 vezes antes do sermo. Luiz King: para um sermo modelo e completo (um ano), 8h por dia. Ler o livro da Bblia onde o texto est encravado vrias vezes com o propsito de descobrir o sentido retrospectivo e prospectivo. Leitura sinttica - buscar o tema principal, o desenvolvimento do tema e subsdios para o esboo. Leitura biogrfica - tudo que lana luz sobre o autor e os indivduos importantes mencionados no episdio. Leitura histrica - buscar a situao histrica, social, geogrfica e cultural do escritor e seus leitores (contemporneos) originais. Leitura teolgica - buscar ensinamento doutrinrio e pressuposies que levam o autor a argumentar tal como ele faz. Leitura terica - notar as figuras de linguagem, tantas a de cor como de forma. Leitura tpica - buscar os assuntos principais no livro sagrado, tais como ticos, prticos ou doutrinrios. Leitura analtica - buscar o inter-relacionamento entre frases e palavras. Leitura devocional - buscar o alimento espiritual com ateno voz de Deus. Um sermo expositivo , de fato, uma exposio por ordem, baseada no contexto duma acurada investigao! Eis a razo por que recomenda-se ao pregador absteno total para com a preguia. A preguia, como um dos pecados capitais, destri a oportunidade e mata a alma, pois significa "averso ao trabalho, indolncia, vadiagem, negligncia, ociosidade, descuido" (N.K.). 3. Sermo Inferencial O sermo inferencial tambm conhecido como sermo ilativo. So vrios os elementos que constituem a natureza deste sermo; com efeito, porm, o elemento central nesta categoria de sermo o da induo. A induo pode ser definida de duas maneiras: a formal e a bblica. a) Induo formal Mills a define assim: "Induo essa operao mental pela qual inferimos que aquilo que sabemos ser verdade num caso particular, ou em casos particulares, tambm verdade em todos os casos semelhantes ao primeiro, nos mesmos alegados respeitos". N. K. Davis opina assim: "Induo uma inferncia imediata que se generaliza da experincia e alm dela". Em termos mais claros e simples, induo o processo de se extrair (obter) uma regra geral dum nmero suficiente de casos particulares. Induo assim definida, um raciocnio pelo qual o esprito, de dados singulares suficientes, infere uma verdade universal. Esta verdade pode at mesmo ser falsa (emprica); entretanto, na imaginao verdadeira. A induo o inverso da deduo. Com efeito, est no raciocnio dedutivo a concluso contida nas premissas como a parte no todo, enquanto que, no raciocnio indutivo, a concluso est para as premissas como o todo para as partes.

Deduo - O metal conduz eletricidade. - Ora, o ferro um metal. - Logo, o ferro conduz eletricidade. Induo - O ferro, o cobre e o zinco conduzem eletricidade. - Ora, o ferro, o cobre e o zinco so metais. - Logo, o metal conduz eletricidade.(3) b) Induo bblica O Dr. Genung acha que induo bblica deve ser entendida como uma forma de analogia. Assim entendida, podemos tirar alguns exemplos de sermes indutivos tanto no Antigo como no Novo Testamentos. No episdio entre Davi e Bate-Seba, a parbola do profeta Nat sem dvida um sermo indutivo. A referncia aparece no versculo um e a inferncia no versculo dois. No versculo um a expresso "um rico e outro pobre", no analogia. Porque, de fato, Davi era rico; Urias era pobre em relao ao rei. J no versculo dois, a expresso "muitssimas ovelhas" inferncia. inferncia porque a expresso ovelhas, nesse caso, tomada para representar as mulheres e concubinas de Davi. No versculo 3, a expresso "o pobre" continua sendo referncia; enquanto que a expresso "pequena cordeira" inferncia. No decorrer da dissertao inferencial, o profeta levou o rei a despertar seu estado de conscincia. A seguir, Nat fez a aplicao do sermo e o rei se arrependeu. O sermo inferencial ou indutivo tambm pode ser pregado atravs de uma circunstncia, uma maravilha, um evento. No episdio de Lzaro, de Betnia, no foram propriamente as palavras proferidas por Jesus que convenceram os judeus, e, sim, o efeito extraordinrio do milagre operado por Ele. Observemos a inferncia entre linhas: "E os principais dos sacerdotes tomaram deliberao para matar tambm a Lzaro; porque muitos dos judeus, por causa dele, iam, e criam em Jesus". Ora, numa referncia direta, se cr, por causa de Jesus; entretanto, numa inferncia, afirma-se que os judeus criam em Jesus por causa de Lzaro (Jo 12.10,11). Com respeito a Joo Batista se diz o seguinte: "Na verdade Joo no fez sinal algum, mas tudo quanto Joo disse deste era verdade. E muitos ali creram nele" (Jo 10.41,42). Aqui, nesta passagem, encontramos um verdadeiro sentido de induo. Isto , "..que aquilo que sabemos ser verdade num caso particular... tambm verdade em todos os casos semelhantes ao primeiro". 4. Sermo Extemporneo Este tipo de sermo (o mais usado pelo povo de Deus em geral, especialmente pelos grupos pentecostais) tambm chamado de sermo de enunciao livre. O sentido tcnico deste termo significa, primeiramente, falar sem preparao prvia, simplesmente com os recursos do momento. A expresso coloquial para isso falar de improviso, falar sem apoio. Com efeito, o sermo de enunciao livre no significa, de todo, que o pregador no tenha uma preparao de pensamento; pois, evidentemente, com o passar dos anos, o pregador consegue arrumar na imaginao uma bagagem imensa das experincias espirituais mais profundas. Com efeito, entretanto, o sermo extemporneo deve ser sugerido diretamente pelo Esprito Santo. Quando assim acontece, no existe nenhuma desvantagem. Quando, porm, ele surge dentro de uma necessidade momentnea, pode trazer suas vantagens e suas desvantagens, conforme estudaremos em seces posteriores.

Spurgeon afirma que muitas vezes passou por experincias assim: pregar uma outra mensagem e no aquela que de antemo tinha preparado. Ele lembra ter passado por vrios episdios desta natureza, mas um deles marcou terminantemente seu ministrio de pregador. Ele narra o que segue: "Uma vez, na rua New Park, passei por experincia singular. Eu tinhapassado com felicidade por todas as partes iniciais do culto de domingo noite, e estava anunciando o hino anterior ao sermo. Abri a Bblia para achar o texto que tinha estudado cuidadosamente como o tpico do discurso, quando na pgina oposta outra passagem da Escritura saltou sobre mim como um leo de uma moita, com muitssimo mais poder do que eu sentira ao considerar o texto que havia escolhido. "O povo cantava e eu suspirava. Eu estava esprimido de ambos os lados, e minha mente pendia como em pratos de balana. "Naturalmente, eu estava desejoso de seguir a trilha que tinha planejado cuidadosamente, mas o outro texto no queria aceitar recusa, e parecia puxar-me pela orla do casaco, gritando: No, no! Voc tem que pregar sobre mim. Deus quer que voc me siga. Eu deliberava dentro de mim quanto ao meu dever, pois no queria ser nem fantico nem incrdulo, e por fim pensei comigo mesmo: Bem, eu gostaria de pregar o sermo que preparei, e um grande risco meter-me a traar nova linha de pensamento. Mas como esse texto insiste em constranger-me, talvez seja do Senhor, e portanto me aventurei com ele, venha o que possa vir. Quase sempre anuncio as minhas divises logo depois da introduo, mas nessa ocasio, contrariamente ao meu costume, no o fiz, pela razo que talvez alguns de vocs (seus alunos) adivinhem. "Passei pelo primeiro subttulo com considervel liberdade, falando perfeitamente, de improviso, quanto ao pensamento e palavra. O segundo ponto foi tratado com a conscincia de um poder incomum, tranqilo e eficaz, mas eu no tinha idia do que seria ou poderia ser o terceiro, pois o texto j no oferecia mais contedo, e eu nem poderia dizer agora o que teria feito, se no ocorresse um fato que eu nunca teria imaginado. Tinha me metido em grande dificuldade, obedecendo ao que julgava ser um impulso divino, e me sentia relativamente sossegado sobre isso, crendo que Deus me socorreria, e sabendo que ao menos poderia encerrar a reunio se no houvesse mais nada que dizer. No tinha que ficar deliberando, pois de repente ficamos em completa escurido. O gs se acabara, e os corredores da igreja estavam repletos de gente, e os lugares todos estavam superlotados; havia grande perigo, mas tambm houve grande bno. Que deveria fazer eu ento? Os presentes assustaram-se um pouco, mas eu os tranqilizei na hora, dizendo-lhes que no se alarmassem por faltar a luz, pois logo seria reacendida; e quanto a mim, como no tinha manuscrito, podia falar com luz ou sem luz, desde que eles tivessem a bondade de sentarse e ouvir. Se o meu discurso fosse muito elaborado, seria absurdo continu-lo. E assim, no aperto em que eu estava, fiquei livre do embarao. Voltei-me mentalmente para o bem conhecido texto que fala do filho da luz andando nas trevas, e do filho das trevas andando na luz, e vi que se me derramavam observaes e ilustraes apropriadas; e quando as luzes se acenderam, vi diante de mim um auditrio to arrebatado e subjugado como nenhum outro homem jamais viu em sua vida. O estranho nisso tudo foi que, passadas algumas reunies da igreja, duas pessoas foram frente para fazer a sua confisso de f, e declararam que foram convertidas naquela noite. A primeira deveu a sua converso primeira parte da pregao, sobre o novo texto que me viera, e a outra atribuiu o seu despertamento ltima parte, ocasionada pela sbita escurido. Todos os pregadores agrupando-se em torno do seu ministrio. Portanto, digo: observem o curso da Providncia... subam ao plpito firmemente convictos de que recebero uma mensagem quando chegar a hora, mesmo que no tenham uma palavra naquele momento."

Quando, porm, o sermo extemporneo pregado apenas por circunstncias, no deixa de apresentar suas vantagens e desvantagens. O Dr. John A. Broadus apresenta estas vantagens e desvantagens. Elas so: a) As vantagens Este mtodo acostuma a pessoa a pensar mais rapidamente, e com menor dependncia de recursos externos, do que habitualmente dependesse de um manuscrito. Este mtodo poupa tempo para o melhoramento geral e para outros deveres pastorais... (se se trata de um ministro). No ato da apresentao, o que prega extemporaneamente goza de extraordinrias vantagens. Com muito maior facilidade e eficcia do que se lesse ou recitasse o sermo, o pregador pode aproveitar as idias que lhe ocorrem no momento. Toda a massa do material que se preparou (na mente) se apresenta iluminada, aquecida, e algumas vezes transfigurada, pela inspirao da apresentao, da enunciao. O discurso instintivamente se transporta para uma tonalidade mais elevada. O pregador pode observar o efeito de suas palavras medida em que vai falando, e pode propositadamente alterar suas formas de expresso, bem como o modo de enunciao, de acordo com o seu prprio sentir e de acordo com o sentir de seus ouvintes. Somente na fala de improviso podem a voz e a ao dos olhos ser justamente aquilo que a natureza dita, a alcanar todo o poder que eles possuem. ainda grande vantagem deste mtodo o facilitar a apresentao sem preparo imediato. Muitas vezes as palavras profticas de Jesus se cumprem neste sermo: "...Naquela mesma hora vos ser ministrado o que haveis de dizer. Porque no sois vs quem falar, mas o Esprito do vosso Pai que fala em vs" (Mt 10.19,20). Para as massas populares, este o mtodo popular. a) As desvantagens pensar e de se expressar extempo- raneamente sem qualquer ajuda. Apenas "...persiste em exortar e ensinar" (desiste de ler). H certa dificuldade de se fixar a mente no trabalho de preparao, quando no se escreve todo o discurso e h facilidade de se aprender alguns pontos importantes do sermo. Outra desvantagem mui sria do mtodo extemporneo est na tendncia de impedir a formao do hbito de escrever... O escrever provoca e promove a segurana dos pensamentos, bem como a exatido da afirmao com evidncia e certeza. Se se pregar de novo o sermo, e ele no estiver escrito no seu todo, certamente isso exigir nova preparao. Outrossim, com a morte do pregador o sermo termina, enquanto que sendo escrito, continua! Aquele que improvisa, no pode citar tanto as Escrituras como o que l, ou mesmo fazer largas citaes de outros escritos. O estilo dum sermo pregado extemporaneamente menos condensado e pode tambm sofrer defeitos na concluso, o que no aconteceria com um sermo escrito, lido ou recitado. Outra desvantagem semelhante e mais sria ainda est no perigo de se cometer erros ou gafes (indiscrio involuntria) em afirmaes. O xito dum sermo extemporneo depende grandemente dos sentimentos do pregador na ocasio da apresentao, ou enunciao, e tambm das circunstncias, de modo que ele corre o perigo de completo insucesso. Por ltimo, ocorre o perigo do pregador se esquecer das linhas de imaginao. Diante destes argumentos, algum perguntar: "Devemos pregar com ou sem esboo?" A Bblia nos ensina que devemos "crescer na graa e no conhecimento...". Este pensamento da Bblia aplicado no campo da homiltica sagrada, ensina-nos o seguinte: Devemos pregar (ou ensinar), tendo como orientao tcnica um esboo e como orientao

divina o Esprito S anto. Jesus disse: "...deveis, porm, fazer estas coisas, e no omitir aquelas" (cf. Mt 23.23). Entretanto, se a "agradvel, e perfeita vontade de Deus" que preguemos sem nos determos a nenhum destes recursos apresentados, devemos seguir sua orientao, dizendo: "no se faa a minha vontade, mas a tua". 5. Sermes para ocasies especiais a) Sermo para casamento O sermo para casamento trata-se mais de uma mensagem prtica, cheia de vrias recomendaes, do que propriamente um sermo analtico com regras e tcnicas preestabelecidas. Alguns pregadores fazem uma introduo, lendo partes selecionadas das Escrituras, e depois apresentam o contedo do sermo, trazendo reminiscncias oportunas de exemplos bblicos. O contedo: O assunto principal num sermo para casamento, ou sermo nupcial, est baseado em passagens alusivas a tais acontecimentos. O pregador, nesse caso, deve ter ampla liberdade para escolher o texto ou passagem que melhor facilite sua dissertao. b) Sermo para aniversrios, bodas, etc. Sermo para aniversrios, bodas ou outras ocasies festivas, varia em sua forma de apresentao, pois esto em foco, nestas comemoraes, pessoas, instituies e objetos. Ele deve ser: Histrico (um breve relato sobre a origem, a existncia, etc.). Expositivo (uma descrio do presente). Escatolgico (uma boa perspectiva para o futuro). O contedo: As associaes de idias do momento podem sugerir algumas vezes ligeiras modificaes ou peculiaridades de aluso, de ilustrao e de estilo; entretanto, Cristo deve ser o tema central do incio ao fim. c) Sermo acadmico O sermo acadmico se refere aos sermes pregados em qualquer instituio de ensino: seja ela primria, mdia ou superior. O contedo: O assunto central nestas ocasies deve ser Cristo crucificado! Nunca se deve pregar um sermo retrico de cincia e de erudio, pois este o assunto dirio desses professores e alunos. d) Sermo para funeral De todos os sermes este o mais difcil de se pregar. Mormente porque foi este o nico exemplo que nosso Senhor no nos deixou. Ele nunca foi a um sepultamento; portanto, nunca realizou uma cerimnia fnebre! Com efeito, porm, os exemplos bblicos de outras ocasies e as evidncias nos ensinam que este sermo deve ser breve, simples e de fcil compreenso, para no perder seu objetivo principal. Por ocasio de um sepultamento, o povo prefere quase sempre um ofcio religioso simples, talvez com uma fala breve, em memria do falecido, ou vrias falas em caso de interesse especial.

O contedo: Entristecidos e abrandados, os presentes sentem profunda necessidade da misericrdia e da graa de Deus; ento, uma oportunidade de meditao e considerao. Aproveitando este momento, o pregador pode prazerosamente (mais sbrio) chamar a ateno de todos para o evangelho da consolao e incutir a necessidade da piedade pessoal, a fim de que todos estejam preparados para o viver e o morrer. E de grande importncia, portanto, que o argumento central sirva para consolar os enlutados e levar os presentes a um momento de meditao sobre um futuro encontro com Deus. e) Sermo para crianas Em geral, o sermo para crianas deve produzir trs coisas: Interesse Instruo Impresso Freqentemente, dizem os pedagogos: "No infante predomina a imaginao; na criana de 10 a 12 anos a memria; e j at o seu maior desenvolvimento se tornam mais ativos os poderes de abstrao e raciocnio". A criana no tem muita pacincia, distrai- se com relativa facilidade; seus pensamentos mudam constantemente de lugar, e difcil faz-la prestar ateno num determinado assunto por tempo prolongado. Quanto mais rpido for o sermo, mais chances ter de atingir seus objetivos. Por esta razo, algum aconselha pregar um sermozinho e no um sermo retrico e prolongado. O contedo: Nunca o pregador deve transmitir um sermo para crianas pensando apenas em diverti-las! No! As crianas precisam entender que esto aprendendo alguma coisa e precisam ver tambm que lhes estamos querendo fazer algum bem. Para alcanarmos tais objetivos, devemos, pois, falar a elas sobre fatos e verdades interessantes e instrutivas, usando palavras concretas e conhecidas delas, sem argumentao formal, sem processos analticos, sem idias abstratas.

O LIVRO SEM PALAVRASUm dos mtodos mais atraente e instrutivo para se falar imaginao da criana, ao seu corao e sua conscincia, o livro sem palavras. Este livro, geralmente, constitudo de cartolina ou de outro material apropriado. Seu nmero de pginas, deve ser, no geral, cinco, pois num sermo normal isso significaria cinco divises especiais. Cada pgina deste livro contm uma cor diferente. - Pgina dourada: Esta pgina dourada fala do Cu. Ento o pregador deve fazer uma exposio concisa sobre o Cu e suas formas de expresso; com citaes bblicas e exemplos adequados. - Pgina preta: Esta pgina tomada para representar o pecado. Nesse caso, o pregador deve contar para as crianas toda a histria do pecado: sua origem, natureza e seus males sombrios. E depois, apresentar na pgina seguinte (a vermelha) a soluo para estes males. - Pgina vermelha: Esta pgina representa o precioso sangue de Cristo. Ento o pregador deve aqui contar toda a histria da redeno. - Pgina branca: A pgina branca representa o corao limpo, a pureza da alma, que o Senhor Jesus j purificou. Nesse caso devemos falar s crianas da santificao, purificao, etc.

- Pgina verde: Esta fala da nova vida que recebemos na hora em que aceitamos Jesus como Salvador. O pregador deve ento falar sobre a vida eterna e tudo aquilo que diz respeito a uma vida feliz. f) Palestras para outros eventos especiais So inmeras as ocasies em que se requer a presena dum pregador com habilidades e tcnicas essenciais, tais como: Dedicao de templo, Apresentao de crianas, Recebimento e despedida de missionrios ou obreiros em geral, Batismo, Santa Ceia, Outras datas comemorativas, etc. Entretanto, no devemos nos esquecer que o prprio evento, circunstncias e local inspiraro o obreiro para criatividade e apresentao da mensagem coloquial. Recomendamos ao leitor que compre e faa uso de um manual que trate especificamente destes assuntos. O apstolo Paulo, quando pensava nestes momentos, disse: "...O Senhor te dar entendimento em tudo" (2 Tm 2.7b). O contedo: Algumas vezes, certas ocasies facilmente podem tornar o pregador superficial. Entretanto, se ele realmente um homem de Deus, nenhuma influncia externa modificar sua personalidade. Ento, como sempre, seu assunto central deve ser Cristo!

B. O ASSUNTO DO SERMO1. Orientao geral O sermo pode ter um texto, e pode tambm no o ter. Com efeito, porm, deve sempre ter um assunto. De modo definitivo, deve tratar de alguma coisa, de alguma verdade importante, relacionada com a vida religiosa. O assunto deve estar presente, especialmente quando o poder de Deus atua ininterruptamente na Igreja. Paulo diz, por amor de seu argumento: "Que fazes pois, irmos? Quando vos ajuntais, cada um de vs tem salmo, tem doutrina, tem revelao, tem lngua, tem interpretao..." (1 Co 14.26). Noutras palavras, o que no faltava na Igreja de Corinto era assunto para se falar. Dois princpios fundamentais devem estar presentes na escolha do assunto: a) A necessidade geral da Igreja As necessidades gerais da Igreja so vistas primeira vista como um todo. Elas absorvem um assunto doutrinrio, ou um princpio tico, um problema moral, pessoal, ou social, uma necessedidade humana como a de ser salvo, encorajado, ou guiado na vida religiosa e da por diante. Estes assuntos so desenvolvidos dentro do contexto de nossa experincia e preparo terico. b) As necessidades individuais As necessidades individuais so de naturezas prementes. Na maioria das vezes, essas necessidades no esto expostas como as outras necessidades comuns da vida. 2. Devemos buscar a orientao divina O pregador ideal e compassivo no confia apenas em suas habilidades e capacidades de discernimento, mas procura a todo custo, nos santos ps do Senhor, o lenitivo necessrio de que a Igreja e o povo em geral precisam. O homem espiritual tem sempre esta experincia!

C. FORMA DE APRESENTAO DO SERMO 1. Definio geralSempre, uma vez por outra, escutamos esta pergunta: "Qual a melhor forma de se apresentar o sermo: ler, recit-lo ou preg- lo de improviso?" No caso de grupos especiais, tais como os surdos-mudos, etc., adota-se a mmica (arte de exprimir o pensamento por meio de gestos). Entretanto, tratando-se de pessoas normais, pode-se, dependendo das circunstncias, adotar estes mtodos: a) Ler o sermo Esta maneira de apresentar um discurso tem grande valor e no deixa de ser vlida na oratria, quando se trata dum discurso pronunciado numa assemblia, num parlamento, num frum, em solenidades pblicas ou privadas. Entretanto, tratando-se de homilia sagrada, torna-se montono e cansativo. A leitura, por mais bem feita, no transmite empolgao e vibrao nos ouvintes. b) Recitar o sermo Este mtodo de se apresentar o sermo, pode trazer vantagem e desvantagem para o pregador. Vantagem, porque recitar, ou declamar sua prpria composio, daria ao sermo uma apresentao tecnicamente perfeita. Nesse caso, tambm a memria do pregador desenvolve com domnio e coordenao. E, na verdade, a melhoria real da memria coisa de grande valor. Desvantagem, porque mesmo que seja bem declamado, no deixa de tornar-se um sermo um pouco robotizado. A mensagem fica completamente mecanizada e o pregador esttico. Tambm aqueles pensamentos e idias preestabelecidas afastam os pensamentos e idias que surgirem pela primeira vez. H tambm o perigo da memria falhar, e assim o sermo naufragar, c) Falar de improviso Neste sentido, devemos ter em mente dois pontos importantes: Primeiro: falar de improviso no significa que, de todo, o pregador no seja auxiliado (ou orientado) por um pequeno (ou grande) esboo, ou anotaes; e, sim, que sua mensagem veio momentaneamente direta de Deus, foi colocada no papel (em forma tpica) e, atravs dos olhos, retransmitida novamente para a mente onde ser ampliada. De acordo com o que entendo e at onde sei, este o melhor mtodo de apresentao do sermo. Segundo: falar, mesmo de improviso, no mais lato sentido da palavra. Nesse caso, o pregador no se vale de nenhum auxlio externo. 2. A versatilidade de Paulo Parece que, segundo a luz do contexto parafraseante, o apstolo Paulo valia-se do mtodo mais apropriado para o momento. Ento ele diz: a) Sermo lido "A palavra est junto de ti..." (Rm 10.8a). b) Sermo recitado "A palavra est na tua boca..." (Rm 10.8b). c) Sermo esboado "A palavra est no teu corao..." (Rm 10.8c). d) Sermo improvisado "Orando por mim...para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra..." (Ef 6.19). No sermo improvisado (dizia Crisstomo), Deus fala muito e o homem fala pouco.

Captulo TrsA. AS PARTES QUE COMPEM O SERMO 1. Os elementos gerais do sermo

Os elementos gerais (ou funcionais) que compem o sermo, conforme a diviso correta, so: O ttulo O tema O texto A introduo - exrdio - introduo central -intrito O corpo do sermo - divises, subdivises e transies A aplicao do sermo A concluso do sermo. 2. As diretrizes bsicas da enunciao Algum poder ento perguntar: Por que tantos elementos funcionais na composio do sermo? Estabelecer uma idia central como mago do sermo nem sempre fcil, especialmente quando se trata de sermes textuais e expositivos. a, segundo a diviso correta, que necessariamente deve o pregador fixar sua mente e a de seus ouvintes sobre as palavras, frases e clusulas do ttulo, do tema e do texto. Somente assim eles tero percepo correta do assunto em discusso.

B. O TTULO 1. DefinioO ttulo, como sabemos, a primeira parte do sermo. A funo do ttulo chamar a ateno, interessar e atrair as pessoas. Ele d nome ao sermo, como uma pea literria completa. No devemos confundir o ttulo com o tema. O ttulo d nome ao contedo. O tema d nome ao assunto em discusso. O ttulo deve ser bem sugestivo para que possa despertar ateno ou curiosidade. Tem de ser atraente, no pelo uso de mera novidade, mas por ser de vital interesse s pessoas. Para ser interessante, o ttulo deve relacionar-se com as situaes e necessidades da vida. Muitas circunstncias, tanto internas como externas, influenciam a vida e o pensamento da Igreja, ou do auditrio em geral. pocas de bnos espirituais, dias de provaes, prosperidade ou adversidade, sublevaes sociais ou polticas, comemoraes e aniversrios, ocasies de regozijos ou de lutas. Tudo isso, bem como os assuntos pessoais dos membros da congregao, influenciam as pessoas a quem o pregador ministra. 2. O ttulo no deve ser negativo O pregador nunca deve usar ttulos extravagantes ou negativos. Embora procuremos criar interesse, usando um ttulo atraente, preciso manter sempre a dignidade devida Palavra de Deus. Certa feita tive o desprazer de ouvir um pregador transmitir um sermo baseado no seguinte ttulo: "Cristo no pode". Enquanto que o tema trazia a seguinte frase: "Sete razes porque Cristo no salva". Ttulo dessa natureza e tema extravagante assim, nem salva e nem converte a ningum. Ele expressa uma mensagem negativa. "Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lc 19.10). Melhor seria pregar: "Trs razes porque Cristo salva". Sem dvida alguma, o resultado seria glorioso!

3. A diviso do ttulo O ttulo pode ser, segundo a diviso correta, local, geral ou intermedirio. Local, quando se prende apenas a um assunto ou obra literria. Geral, quando encabea outros ttulos. Intermedirio, quando transita entre o ttulo local e o geral. O ttulo intermedirio tambm pode ser definido como sendo o subttulo. O subttulo, quando uma parte apenas do ttulo geral, tambm pode ser chamado de ttulo parcial. De acordo com as regras homiliastas, o ttulo deve ser breve. H ocasies em que necessrio usar uma sentena completa, mas concisa. 4. A natureza do ttulo A natureza do ttulo pode ser declarativa, interrogativa, afirmativa ou exclamativa. Biblicamente falando, pode ser apresentado este grfico assim: Declarativa "O que Deus no pode fazer" (curiosidade) - Tito 1.2. Interrogativa "Onde est Jesus?" (vontade de conhecer) - Mateus 2.2. Afirmativa "Jesus foi e voltar" (a evidncia e a certeza) - Joo 14.3. Exclamativa "Para mim o viver Cristo!" (determinao) - Filipenses 1.21. 5. A Escolha do Ttulo Na homiltica, a escolha do ttulo deve ser mais um assunto particular de cada pregador. Cada um de ns tem as vantagens e as desvantagens para desenvolver um tema baseado num certo ttulo. H pregadores que se amoldam a certos ttulos e outros no. Entretanto, certas ocasies so sugestivas para a escolha do ttulo. Exemplo: a) Por ocasio do Natal: "O presente de Deus". b) No Dia das Mes "Amor e ternura exemplificados". c) No Dia de Finados "A esperana da ressurreio". d) No Dia da Independncia "Liberdade e Fraternidade". e) No Dia de Ano Novo "Uma nova etapa" (aguardando nova esperana, etc.). f) Sexta-Feira Santa "A morte de Cristo". g) Sbado de Aleluia "O silncio de Cristo". h) Domingo de Pscoa "O Cristo Redivivo". i) Por ocasio dum culto de misses "A Igreja e sua misso prioritria", j) Num culto evangelstico "O IDE de Cristo em evidncia", etc. Em algumas ocasies estes ttulos so sugeridos diretamente pelo Esprito Santo.

C. O TEMA 1. A sntese do assuntoO tema a segunda parte do sermo e vem depois do ttulo, pela ordem correta. a sntese do assunto em discusso. Vem de uma raiz grega "thma" que significa ponho, coloco, guardo, deposito, trazendo assim a idia de algo que est dentro, ou no meio de alguma coisa. Dentro do sermo (em sntese) exatamente esta aposio do tema. Sua posio tcnica no sermo encontra-se entre o ttulo e o texto. 2. O tema e sua funo A funo do tema sintetizar o assunto e personific-lo. Por isso, tema o nome do assunto que vamos tratar ou a sntese do conjunto deles, enquanto que o assunto (corpo do sermo propriamente dito), vai ser a argumentao (ou contedo do tema). Em razo do tema gravitar bem perto do ttulo, alguns mestres da oratria chegaram at sugerir que o tema devia vir antes do ttulo, e no depois. verdade que em algumas passagens ou assuntos da Bblia, isso parece lgico; mas em outras no. Portanto, o tema deve vir depois do ttulo e no antes. Quando o tema geral, pode servir de ttulo. Em alguns casos, isso natural. Exemplo: numa dissertao sobre a morte de Cristo, o tema geral seria A morte de Cristo, enquanto que, nesse caso, o ttulo viria depois com a seguinte frase: Os sofrimentos de Cristo. Com efeito, portanto, o tema viria primeiro e o ttulo depois, sem que alterasse as regras do procedimento. Mas, no contexto prtico, o ttulo deve vir mesmo, em primeiro lugar.

D. O TEXTO 1. Definio do textoO texto, ou a poro, refere-se passagem bblica em sntese ou no seu todo, usado pelo pregador para fundamentao do sermo. O vocbulo deriva-se do latim texere, que significa tecer e, figuradamente, quer dizer reunir, construir, compor, expressar o pensamento em contnuo discurso ou escrita. O substantivo textus, ento, indica o produto do tecer, o tecido, a trama e, assim, no uso literrio, a trama do pensamento de algum, uma composio contnua (leia mais sobre texto, quando abordarmos uma importante definio sobre texto, contexto, subtexto, etc., no captulo quatro). 2. Dependendo da natureza do sermo Dependendo da natureza do sermo, o texto pode sofrer alteraes no uso da pronncia. a) Sermo textual (o texto) b) Sermo expositivo (a poro) c) Sermo temtico (a passagem) d) Sermo ilativo (uma inferncia) e) Sermo extemporneo (uma palavra) f) Sermo para ocasies especiais (uma frase) Num sermo temtico, muitas vezes o texto substitudo pelo tema central. Entretanto, ele deve ter o nome de a passagem, para melhor compreenso do significado do pensamento. Na literatura Na literatura, texto tudo o que est escrito.

Na homiltica Na homiltica, texto o nome da poro curta da Bblia que se toma como base para um sermo. Neste sentido, o texto pode ser apenas uma palavra, uma frase ou um perodo curto. J a poro extensa, usada num sermo expositivo, pode incluir vrios versculos ou at um captulo todo.

E. A INTRODUO 1. O exrdioA introduo a parte inicial do corpo do sermo. o vestbulo, ou a plataforma de acesso ao ponto central da argumentao. O propsito da introduo despertar a ateno do povo e desadiar-lhe o pensamento de tal modo que se interesse ativamente pelo assunto. Algum at comparou-a a fortes garras de ferro que prendem imediatamente a mente dos seus ouvintes. Podemos comparar a misso da introduo como uma comisso de recepo de um grande evento. Quando esta funciona mal, todo o curso fica prejudicado. No sermo, acontece tambm a mesma coisa; quando a introduo mal feita, a tese se desenvolve defeituosa. 2. Deve visar diretamente o assunto A introduo deve visar diretamente o assunto principal. Para tanto, as afirmativas nela contidas devem consistir em idias progressivas que culminem no objetivo principal do sermo. Toda citao, explicao, exemplo ou incidente devem ser apresentados com este propsito em mente. Os oradores antigos dividiam a introduo em duas espcies: a formal e a no-formal. A formal A introduo formal consistia numa ligeira palavra distinta do verdadeiro assunto (incio) do sermo. A no-formal A introduo no-formal consistia na forma atual do incio do discurso. A primeira era para levar invocao; a segunda para preparar a diviso. Os oradores mais exigentes dividiam a introduo em trs partes, a saber: - O exrdio (preldio) - A introduo central (plataforma) - O intrito (entrada). Com efeito, a parte final da introduo deve ser chamada de intrito, visto ser ela a que d entrada no corpo do sermo propriamente dito.

F. O CORPO DO SERMO1. Definio O corpo do sermo, conforme soa melhor em termos prtico, entre os pregadores cristos, o conjunto de fatos, de idias, de provas ou de argumentos arrolados pelo pregador. Esta argumentao deve ser bem apresentada e ao mesmo tempo mesclada com o sabor da graa de Deus (Mc 9.50; Cl 4.6). Somente assim, o pregador pode se enquadrar no exemplo tpico do divino Mestre. Dele se diz: "...todos...se maravilhavam das palavras de graa que saam da sua boca..." (Lc 4.22) e "...nunca homem algum falou assim como este homem" (Jo 7.46b). Dependendo da cultura geral ou ambiental, esta parte do sermo (ou este conjunto de idias, fatos, provas e argumentao) pode ser chamada de:

- A descrio - A narrao - A dissertao - A exposio - A discusso - A orao - A explanao - A argumentao -A tese - A proposio - A prdica - O assunto - O corpo do sermo - O contedo da mensagem - O calor da eloqncia - O centro da pregao - O mago da oratria - O corpo do discurso - O desenvolvimento - O tratado Algumas dessas expresses, so apenas termos designativos para classificar mtodos gerais de exposio. Por exemplo: A descrio A descrio a exposio analtica, detalhada, particular e minuciosa de um objeto (coisa ou pessoa). A descrio a forma de se dizer como uma coisa , em detalhes. A narrao A narrao a exposio de fatos, do modo como eles aconteceram. O narrador se limita a dizer as coisas como elas se deram. o mtodo tpico do cronista, do reprter, do historiador, da testemunha fiel a si mesma e aos outros. A dissertao A dissertao a exposio discursiva onde os fatos so analisados, interpretados, as idias elaboradas e os conceitos estabelecidos, segundo a visualizao e a opinio do autor (pregador). No conceito geral, entretanto, todos esses termos apontam de uma maneira ou de outra para o corpo do sermo. 2. O objetivo do sermo Em linhas gerais, o sermo tem dois objetivos: persuadir e dissuadir . O alvo do pregador, ou mesmo da mais humilde testemunha de Cristo, salvar e edificar seus ouvintes. Tratando-se de pecadores, a misso daquele que ministra a Palavra de Deus dissuadi-los do pecado e persuadi-los a crer em Jesus como Salvador (Lc 24.47,48; At 8.4,5; 14.15). No tocante aos salvos, segue-se a mesma sentena, isto , dissuadi-los daquelas coisas que so contrrias vontade divina e persuadi-los a "...permanecerem no Senhor com propsito do corao" (At 11.23).

Para persuadir os ouvintes e lev-los salvao ou edificao espiritual, todas as formas de sermo podem ser usadas. 3. As divises do sermo As divises do sermo variam em nmero, dependendo do contedo e da capacidade do pregador. Aconselha se a limitao de pontos a um mximo de cinco numa srie. A memria tende a falhar, quando h mais de cinco pontos num sermo. Testes psicolgicos no campo da educao revelaram que, quando h mais de cinco pontos dentre os quais escolher, o discernimento fica mais ou menos nebuloso e, por conseguinte, as escolhas so menos confiveis. Sugere-se, portanto, para melhor compreenso do significado do pensamento, nos sermes temticos e textuais, trs divises, e cinco para um sermo expositivo. Tambm as divises no devem ser preas e, sim, mpares. muito fcil para os ouvintes acompanhar uma mensagem falada, quando as idias principais esto organizadas corretamente e proferidas com clareza, do que quando elas no tm organizao ou no se relacionam. medida que o pregador anuncia as divises e passa de um ponto principal a outro, os ouvintes conseguem identificar as divises das partes entre si e discernir a progresso da mensagem. a) As divises No esquema apresentado, o leitor deve observar que algumas divises principais so to condensadas que no precisam sofrer subdivises. Outras, porm, pelo contrrio, so amplas e heterogneas e, por isso, precisam. Outrossim, algumas divises, por causa do seu contedo, podem exigir mais ateno, enquanto que outras no tero tanta importncia em relao ao objetivo ou propsito da pregao. Em casos especficos, material que no foi necessrio se aplicar numa diviso, podemos aplicar na outra, pois com a mesma ferramenta podemos usar vrios tipos de atividade. b) As subdivises As subdivises de cada diviso principal devem derivar do tema da diviso e desenvolver-se dentro do assunto e argumento principal. c) As transies A funo primordial das transies durante o sermo fazer a ligao (ou juno) da passagem de um assunto para o outro. Na linguagem jornalstica, chama-se de gancho e na linguagem homiliasta, de transies. Seja a transio mediata ou imediata, sempre desejvel empregar alguma forma de expresso que, juntamente com uma natural mudana de tom e de maneira, leve o ouvinte a observar que a estamos passando para outra linha de pensamento. As transies usadas durante um sermo devem ser caracterizadas com palavras-chaves e nunca com palavras adversas. Observando bem, as transies funcionam entre uma diviso e outra, como uma espcie de minsculas introdues. Nos sermes pregados por Jesus, encontramos estas transies em estilo natural, ligando um assunto ao outro. Tomemos como base: O Sermo do Monte No Sermo do Monte, pregado por nosso Senhor, "bem- aventurana" a primeira palavra do assunto que ir ser desenvolvido. Nesse caso, no se trata de transio ainda e, sim, da introduo discurso. As transies comeam na "bem-aventurana" seguinte: 1 Diviso - Mateus 5 - As transies: - "Vs sois..." - v. 13 " - Vs sois..." - vv. 14-16 "No cuideis..." - vv. 17-20 "Ouvistes..." - vv. 21-26 "Ouvistes..." - vv. 27-30

"Tambm..." - vv. 31,32 "Outrossim..." - vv. 33-37 "Ouvistes..." - vv. 38-42 "Ouvistes..." - vv. 43-48. 2a Diviso - Mateus 6 - As transies: "Guardai-vos..." - vv. 1-4 "E, quando..." - vv. 5-15 "E, quando..." - vv. 16-18 "No..." -19-34. 3 Diviso - Mateus 7 - As transies: "No..." - vv.' 1-5 "No..." - v. 6 "Pedi..." - vv. 7-12 "Entrai..." - vv. 13,14 "Acautelai-vos..." - vv. 15-23 "Todo..." - vv. 24-27. O leitor deve observar que cada sentena dessa, curta ou longa, liga o ponto anterior ao ponto seguinte, dando cores e tonalidades ao assunto seguinte. As transies, portanto, como parte auxiliatria do sermo, esto presentes em todos os discursos registrados na Bblia.

G. A APLICAO DO SERMO 1. Convite ou apeloA aplicao do sermo um dos elementos mais importantes do nosso discurso. Mediante esse processo, obtemos o resultado negativo ou positivo daquilo que pregamos ou ensinamos. A aplicao do sermo deve ser de acordo com o tipo de mensagem que pregamos. Definimos a aplicao como sendo o apelo ou melhor posio correta, o convite oferecido aos ouvintes. Esta parte a penltima pea do sermo. Antecedendo assim a concluso do discurso. 2. O objetivo da aplicao O objetivo da aplicao no sermo visa o resultado positivo daquilo que ministramos. Por exemplo: quando pregamos a palavra da salvao aos pecadores, a aplicao deve ser o convite (o apelo). Se ministrarmos a palavra de Deus num auditrio, mostrando a necessidade do crente ser batizado com o Esprito Santo, a aplicao, nesse caso, deve ser um convite para uma orao de poder, a fim de que nosso Salvador batize com o Esprito Santo; em outras palavras, conforme nosso dia-a-dia, convidamos para "vira frente". Quando o sermo se baseia na cura divina, a aplicao deve ser um apelo s pessoas doentes a participarem de uma orao, geralmente intitulada a orao da f, a fim de que recebam sade. Vamos observar estes exemplos na Bblia, onde os sermes tiveram aplicao imediata: a) No crcere de Filipos O sermo: "No te faas nenhum mal, que todos aqui estamos". A aplicao: "Cr no Senhor Jesus Cristo e sers salvo, tu e a t u a casa" (At 16.28,31). b) Em Efeso O sermo: "Recebestes vs j o Esprito Santo quando crestes?...em que sois batizados ento?... certamente Joo batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que aps ele havia de vir, isto , em Jesus Cristo". A aplicao: "E, impondo-lhes Paulo as mos, veio sobre eles o Esprito Santo; e falavam lnguas e profetizavam" (At 19.1-6). c) Em Jerusalm, na porta formosa

O sermo: "Olha para ns". No tenho prata nem ouro, mas o que tenho isso te dou". A aplicao: "Em nome de Jesus, o Nazareno, levanta-te e anda" (At 3.4,6). So inmeras as passagens e os episdios na Bblia, onde o sermo foi seqenciado pela aplicao. Portanto, numa linguagem clara e acessvel, a aplicao do sermo o convite (apelo) baseado naquilo que pregamos. H. A CONCLUSO DO SERMO I. Definio A concluso, como o prprio termo sugere, no sentido tcnico, a ltima parte do sermo; no sentido homiliasta, uma sntese de todas as verdades que foram ditas no sermo. A concluso torna-se a parte mais gratificante do sermo para o pregador, pois, segundo se diz, o momento quando o pregador se obriga a fazer uma sntese de tudo o que disse, no s para destacar e fazer lembrar as verdades principais, mas para ajudar os ouvintes a se beneficiarem da mensagem. Por essa razo, ela deve ser breve. Lamentavelmente, alguns pregadores, porm, se esquecem da importncia da concluso, e, como resultado, seus sermes, embora cuidadosamente preparados nas outras partes, fracassam no ponto crucial. Portanto, aconselha-se, por outro lado, uma boa concluso; ela pode, s vezes, suprir as deficincias de outras partes do sermo, ou servir para aumentar o seu impacto. 2. A concluso deve ser conclusiva O objetivo da concluso suprir algumas falhas do sermo e conclu-lo no sentido restrito da palavra. Dependendo das circunstncias (se o sermo for pregado pelo pastor ou dirigente local), a concluso pode ser, salvo as excees, o cntico de um hino, um corinho, uma orao, bno apostlica, ou mesmo o amm final.

Captulo QuatroA. OS ELEMENTOS TCNICOS DA DISSERTAO

1. Os elementos funcionais Os elementos tcnicos (ou funcionais) que so usados pelo pregador durante o tempo da dissertao, referem-se aos elementos bblicos e a outras formas de expresso. So eles: A Bblia no seu todo O texto O contexto O subtexto Os paralelos - Os de palavras - Os de idias - Os de ensinos gerais A referncia A inferncia As variantes As evidncias A deduo As ilustraes, etc. Analisemos os elementos bblicos e depois os gramaticais. a) A Bblia O primeiro elemento (ou fonte) primordial do pregador a Bblia. Ela , portanto (e deve ser), o primeiro recurso a ser usado na apresentao do discurso. Pregador que no coloca a Bblia em primeiro lugar (sentido espiritual e fsico), seu sermo torna-se medocre e arqueolgico. b) O texto No sentido universal, o texto passou a significar todo o passo ou trecho lido pelo pregador, que pode ir de uma linha at um livro inteiro (ver notas sobre isso em o captulo dois - definio do texto). No sentido local (restrito), entretanto, o texto significa uma poro bblica que, junto ao contexto, auxiliar na interpretao e amarrao do sermo. O Dr. Henry Sloane apresenta trs vantagens de se ter um texto: Conserva o pregador na linha do passado espiritual histrico a que ele est procurando dar seqncia. Resume em forma notvel e memorvel o ponto capital de sua mensagem. Quase que invariavelmente o texto enriquece o sermo com essa preciosa vida em contato com Deus na Bblia, sugerindo ao pregador coisas que dantes no estavam em sua mente. Outros mestres apresentam outras vantagens, mas estas do Dr. Henry Sloane absolvem o pensamento delas todas. Na interpretao geral da Bblia, tanto valioso o texto como o contexto e, para consolidao do assunto, o subtexto indispensvel O texto sem o contexto se torna num aperto, e sem a confirmao do subtexto, num pretexto! c) O contexto O contexto uma poro bblica que se torna num encadeamento de idias de tudo aquilo que est escrito antes ou depois do texto, mas que tem como ponto pacfico a composio do texto. O contexto pode ser antecedente ou conseqente, prximo ou remoto, prospectivo (apontando para frente) ou retrospectivo (apontando para trs). Entretanto, o contexto sempre aponta em direo ao texto e nele se consolida. Ele ajuda na interpretao do texto. d) O subtexto

O subtexto uma poro bblica que se encontra entre o texto e o contexto. O texto, por exemplo, interpretado luz do contexto contexto, a idia particular, e o subtexto, a idia universal. Assim, em outras palavras, as duas primeiras composies (texto e contexto), que compem coletivamente o antecedente, se chamam premissas, e a terceira (o subtexto), concluso. 2. Outras formas de expresso As outras formas de expresso, que so utilizadas pelo pregador durante a apresentao da mensagem, so os paralelos, a referncia, a inferncia, a citao, as variantes, as evidncias, a deduo, etc. Existem tambm as ilustraes e as figuras de retrica, mas estas estudaremos em seces e captulo parte. Os paralelos so pores ou expresses bblicas que marcham na mesma proporo. Os paralelos usados para esta regra so trs: os de palavras, os de idias e os de ensinos gerais. a) Os paralelos de palavras Os paralelos de palavras surgem quando o conjunto da frase ou o contexto no bastam para explicar uma palavra duvidosa. Procura-se, s vezes, adquirir seu verdadeiro significado, consultando outros textos em que ela ocorre; e, outras vezes, tratando-se de nomes prprios, apela-se para o mesmo procedimento, a fim de fazer ressaltar fatos e verdades que de outro modo perderiam sua importncia e significado. b) Os paralelos de idias Os paralelos de idias so invocados para se conseguir idias completas e exatas do que ensinam as Escrituras neste ou naquele texto determinado, talvez obscuro ou discutvel; consultam-se no s as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos ou passagens aclaratrias que se relacionem com o dito texto obscuro ou discutvel. c) Os paralelos de ensinos gerais Seguindo o exemplo dos paralelos precedentes, os paralelos de ensinos gerais ocorrem na interpretao de determinadas passagens em que os paralelos de palavras e de idias no so suficientes para interpretao geral do texto ou da poro bblica. Nesse caso, preciso se recorrer ao Teor Geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras. d) A referncia . a referncia usada como fonte indicativa no confronto de fatos e palavras iguais ou paralelas registradas na Bblia. A referncia, neste sentido, torna-se uma espcie de contexto ilustrativo. e) A inferncia Podemos distinguir dois tipos de inferncia: - A inferncia indutiva - E a inferncia tcnica. A inferncia indutiva uma espcie de anlise em que, atravs de dados singulares suficientes, se infere uma verdade universal. Por exemplo: A Bblia no contm a Palavra de Deus; ela a Palavra de Deus! "A graa de Deus se h manifestado, trazendo salvao a todos os homens". A inferncia tcnica, entretanto, pode ser inferida como uma investigao nos fatos e nas passagens envolvidos antes e depois de ensinos e acontecimentos. A inferncia, assim definida, transforma os fatos em evidncias e busca o sentido natural da passagem bblica e situa a mensagem no tempo e no espao. f) A citao A citao infere tambm dois sentidos: o forense e o retrico.

Com efeito, porm, nos referimos aqui ao sentido retrico. A citao invocada como regra tcnica, define-se como aquela parte que o pregador (ou estudioso da Bblia) usa para se apoiar. ao descrever um texto em afirmao daquilo de que afirma. E a referncia direta que se faz com autoridade e exemplo. g) As variantes As variantes bblicas so usadas no auxlio de palavras e expresses com sentido obscuro. s vezes, as variantes traduzem o sentido destas palavras, atravs de sinnimos regionais e contemporneos... Em algumas Bblias, as variantes so encontradas no rodap; em outras no meio da pgina; outras, no final do captulo e ainda outras no final do livro. Tomando-se como exemplo a Bblia Edio Revista e Corrigida, editada em portugus pela Editora Vida (outras publicadas anteriormente trazem tambm a mesma frmula), 1981, as variantes iniciam assim: "...tempos determinados" (Gn 1.14), no rodap lemos: ou, estaes", e da por diante. Na apresentao do sermo , se o pregador tem pelo menos noo das lnguas originais em que a Bblia foi escrita, este material pode lhe servir como variantes para esclarecer as partes obscuras do texto ou da passagem que est em foco. h) As evidncias As evidncias consubstanciam os fatos e os fatos consubstanciam as provas. As evidncias bblicas consubstanciam os elementos inerentes da certeza. A evidncia o que fundamenta a certeza. Definimo-la como a clareza plena pela qual o verdadeiro no deve ser rogado adeso e sim imposto. A certeza o estado do esprito que consiste na adeso firme verdade conhecida, sem temor do engano. O pregador no pode ter dvidas quanto a Deus e a sua Palavra, pois as evidncias bblicas e outras fontes consubstanciam que ambos so verdadeiros. i) A deduo O raciocnio dedutivo o inverso do raciocnio indutivo. O raciocnio indutivo faz numa espcie de anlise atravs de dados singulares suficientes, e infere uma verdade ou um princpio universal. O raciocnio dedutivo, pelo contrrio. Ele parte de um movimento de pensamentos que vai de uma verdade universal a uma outra verdade menos universal (ou singular). A deduo assim definida, torna-se uma espcie de sntese, uma vez que consiste em ir dos princpios s conseqncias ou, em outras palavras, do geral para os detalhes. Este mtodo muito importante para o pregador, especialmente na dissertao do sermo expositivo, se a poro bblica textual tratar de uma parbola. Esta necessidade existe, no por causa de uma parbola isolada e, sim, pelo conjunto geral das parbolas especialmente quando se trata de parbolas narradas nos evangelhos sinticos. Em algumas parbolas h acrscimo de detalhes e em outras h omisses na descrio. Tanto os acrscimos como as omisses so significativos na interpretao geral. Atravs do raciocnio dedutivo, o pregador descobre algumas verdades singulares que enriquecero ao sermo. Outrossim, o raciocnio dedutivo traz tambm coragem para o pregador, especialmente na interpretao. Podemos tirar algumas concluses deste raciocnio em alguns episdios das Escrituras. Em meio a tempestade no mar da Galilia, Pedro e seus companheiros ouviram uma voz que bradou: Tende bom nimo, sou eu, no temais (Mt 14. 27). Ento Pedro responden- do, disse: Senhor, se s tu, manda-me ir ter contigo por cima das guas. Em resposta solicitao do apstolo, a voz do personagem bradou: "VEM!". Observe que a voz no se identificou, mas apenas disse: "VEM!" (Mt 14.29). Baseado nas duas expresses, Pedro fez uma sntese e deduziu: "... o Senhor". E de fato era mesmo.

O apstolo Paulo exemplifica tambm este tipo de raciocnio dedutivo, quando d seu parecer sobre o casamento na igreja de Corinto. O apstolo no tinha, como ele mesmo declara, "nenhum mandamento do Senhor" para disciplinar tal assunto. Mas dedutivamente se aventurou a dar seu parecer. E conclui dizendo: "...cuido que tenho o Esprito de Deus" (1 Co 7.40). Com efeito, a deduo leva o pregador, mediante uma sntese dos detalhes, a uma concluso aprimorada.

B. AS ILUSTRAES 1. O valor da ilustraoIlustrar, conforme nos d a entender o timo do vocbulo, lanar luz (ou como infere o sentido latino, ilustrare) sobre o assunto. A ilustrao, portanto, serve para iluminar, esclarecer, tornar evidente. Ela , com efeito, a substncia que lustra, ou d brilho ao sermo. E verdade que no sentido lato quem torna a mensagem bem interessante o Esprito Santo. Entretanto, a linguagem ilustrativa pode e deve ter sua participao na dissertao da mensagem, tornando transparente e atraente cada parte do sermo. A ilustrao pode tornar vrias formas como: Uma parbola Uma analogia Uma histria Um relato de uma experincia pessoal Um acontecimento notvel Um incidente, cujo teor traduza para os circunstantes uma admirao incomensurvel. 2. A capacidade de ilustrar Quem deseja ilustrar, bem precisa aprender mtodos, prticas e colocaes que demonstrem o equilbrio e o conhecimento paratransmitir as suas idias, usando forma e estilo que traduzam capacidade e domnio da parte do ilustrador na hora da comunicao. A base principal de um bom pregador, que deseja enriquecer seu sermo com ilustraes cabveis a s doutrina e ao comportamento geral da Igreja, firmada numa srie de elementos; dentre eles, estes so os mais essenciais: Domnio pessoal, otimismo, educao da voz, gesticulao, saber olhar, saber sorrir, ter ecletismo cultural (cultura aqui no se refere intelectualidade), ter excelente memria, saber colocar a voz quanto altura, ao timbre, e ao ritmo, e tambm vontade de falar ao auditrio. evidente, porm, que quando o Esprito Santo nos ilumina numa ilustrao, pintamos o quadro com maior lucidez e perfeio.

Captulo CincoA. EXERCCIOS PARA EDUCAO E USO CORRETO DA VOZ1. As tcnicas da comunicao Os gregos e depois os romanos j diziam: "O pregador (orador) precisa saber usar o corpo e a voz". O exe