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1 ENSINO BÍBLICO DE NIVELAMENTO – PERÍODO INTERBÍBLICO AULA 1 – Definição, ambiente e fontes Históricas. Obra de referência Enéas Tognini, teólogo, vice-presidente e fundador da Igreja Batista do Povo e presidente da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), escreveu o livro “O Período Interbíblico: 400 Anos de Silêncio Profético”, que será a obra de referência deste estudo. Nesta obra, autor evidencia os fatos históricos que ocorreram durante o período em que a Bíblia “calou-se” no intervalo entre o Antigo e Novo Testamento, entre as palavras do profeta Malaquias e o evangelho de Mateus. Definição Interbíblico” significa “entre a Bíblia” ou “entre testamentos”. O período chamado interbíblico tem início com a interrupção da atividade profética entre o povo de Deus. Malaquias foi o último profeta que transmitiu as palavras do Senhor ao povo de Israel até o advento de João Batista. Malaquias termina com a promessa do percursor do Messias (4.4-6; 3.1) e Mateus 3.1 é o cumprimento fiel desta promessa. Entre a promessa e o cumprimento transcorreram nada menos que 400 anos. Neste período muitas mudanças ocorreram na terra e na vida do povo do Senhor e também na história da humanidade. Durante o período Interbíblico, os judeus foram dominados por três nações, respectivamente: Pérsia, Grécia e Roma. Entre a dominação grega e romana, há o “Período Macabeus”, no qual os judeus retomaram o controle da nação e experimentaram um período de independência política e religiosa. Ambiente (geografia, economia, política, sociedade) O judaísmo do Novo Testamento é substancialmente diferente do judaísmo do Antigo Testamento. Antes do Período Interbíblico, as tribos de Israel já haviam desaparecido. Foram absorvidas no domínio Assírio. Isaías havia profetizado que apenas um restante de Judá seria salvo. A tribo de Judá sobreviveu apesar de ter enfrentado inúmeros inimigos. Depois do cativeiro babilônico, Judá retornou a Jerusalém para restaurar suas tradições, vida e religião. Neste tempo a esperança messiânica cujo desfecho seria em Jerusalém, cresceu no coração dos judeus. O cativeiro babilônico serviu para separar o novo e o velho judeu. O velho judeu era derrotado, desesperançado, mas o novo judeu, pós-cativeiro era cheio de esperança nas promessas do Eterno, curado de sua idolatria e pronto a obedecer fielmente a voz de Deus. Os dois voltaram para Jerusalém, mas o novo venceu a idolatria e as.

Período Interbíblico aula 1 - introdução

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ENSINO BÍBLICO DE NIVELAMENTO – PERÍODO INTERBÍBLICO

AULA 1 – Definição, ambiente e fontes Históricas.

Obra de referência

Enéas Tognini, teólogo, vice-presidente e fundador da Igreja Batista do Povo e

presidente da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), escreveu o livro “O Período

Interbíblico: 400 Anos de Silêncio Profético”, que será a obra de referência deste

estudo. Nesta obra, autor evidencia os fatos históricos que ocorreram durante o

período em que a Bíblia “calou-se” no intervalo entre o Antigo e Novo Testamento,

entre as palavras do profeta Malaquias e o evangelho de Mateus.

Definição

“Interbíblico” significa “entre a Bíblia” ou “entre testamentos”. O período

chamado interbíblico tem início com a interrupção da atividade profética entre o povo

de Deus. Malaquias foi o último profeta que transmitiu as palavras do Senhor ao povo

de Israel até o advento de João Batista. Malaquias termina com a promessa do

percursor do Messias (4.4-6; 3.1) e Mateus 3.1 é o cumprimento fiel desta promessa.

Entre a promessa e o cumprimento transcorreram nada menos que 400 anos. Neste

período muitas mudanças ocorreram na terra e na vida do povo do Senhor e também

na história da humanidade.

Durante o período Interbíblico, os judeus foram dominados por três nações,

respectivamente: Pérsia, Grécia e Roma. Entre a dominação grega e romana, há o

“Período Macabeus”, no qual os judeus retomaram o controle da nação e

experimentaram um período de independência política e religiosa.

Ambiente (geografia, economia, política, sociedade)

O judaísmo do Novo Testamento é substancialmente diferente do judaísmo do

Antigo Testamento. Antes do Período Interbíblico, as tribos de Israel já haviam

desaparecido. Foram absorvidas no domínio Assírio. Isaías havia profetizado que

apenas um restante de Judá seria salvo. A tribo de Judá sobreviveu apesar de ter

enfrentado inúmeros inimigos. Depois do cativeiro babilônico, Judá retornou a

Jerusalém para restaurar suas tradições, vida e religião. Neste tempo a esperança

messiânica cujo desfecho seria em Jerusalém, cresceu no coração dos judeus. O

cativeiro babilônico serviu para separar o novo e o velho judeu. O velho judeu era

derrotado, desesperançado, mas o novo judeu, pós-cativeiro era cheio de esperança

nas promessas do Eterno, curado de sua idolatria e pronto a obedecer fielmente a voz

de Deus. Os dois voltaram para Jerusalém, mas o novo venceu a idolatria e as.

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tendências derrotistas do velho. Os novos judeus estavam dispostos a lutar até

derramar sangue para preservar a pura religião do seu Deus.

As transformações políticas no Período Interbíblico foram extremamente

grandes. O Antigo Testamento termina com a Palestina sobre domínio dos persas e o

Novo Testamento inicia com o domínio romano, tudo isto mediado pelo domínio

grego. A Bíblia não traz informações sobre este período. Portanto, uma pesquisa em

outros registros históricos para uma melhor compreensão do Novo Testamento faz-se

necessária.

Nota-se que os judeus também tiveram uma mudança profunda na língua que

falavam. Antes do cativeiro babilônio falavam hebraico, após o cativeiro, começam a

falar aramaico, pois em Babilônia perderam a língua hebraica. O aramaico é o hebraico

influenciado pelas várias línguas orientais. Durante o cativeiro surgiram as sinagogas,

que ao atravessar os séculos, foram importantes para a vida religiosa dos judeus e para

a evangelização.

Em lugar das doze tribos de Israel ocupando o território da Palestina,

encontramos nos dias de Jesus, quatro ou cinco regiões, como: Galileia, Samaria,

Judeia, Pereia, etc.

O cativeiro babilônico foi o tiro de morte na tendência dos judeus à adoração

de ídolos. Ainda nos dias de hoje, o judeu prefere a morte a prestar culto à imagens.

No cativeiro, graças à benéfica influencia dos profetas do Altíssimo, graças também ao

sofrimento, cresceu a esperança messiânica, que se mantinha viva nos dias do Novo

Testamento.

Fontes Históricas

As fontes de estudo do Período Interbíblico vem principalmente de Flávio

Josefo e dos livros apócrifos.

Flávio Josefo

Josefo era natural de Jerusalém, nascido em 37 d.C.; aos 14 anos, conforme

indica sua autobiografia ensinava aos sumos sacerdotes pontos obscuros da Lei. Após

as vitórias dos judeus sobre o governador da Síria, Celtius Gallus, os judeus nomearam

Josefo comandante da Galileia, a fim de levar o povo a guerra contra os romanos.

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Neste contexto Nero enviou Vespasiano e seu filho Tito para guerrear contra os

judeus. Vespasiano e Tito prenderam Josefo, mas este se apresentou como profeta e

disse que tanto Vespasiano como Tito chegariam a ocupar o trono do Grande Império,

o que os agradou e os levou a libertar Josefo. Devido a este fato, quando Vespasiano

tornou-se imperador, Josefo, tornou-se oficial romano, o que fizeram com que os

judeus o odiassem muito. A grande questão é que Josefo não estava traindo sua pátria,

mas tentando preservá-la. Nos dias em que Jerusalém caiu sob a força de Roma, Josefo

usou sua influencia para salvar centenas de Judeus.

As obras mais importantes de Flávio Josefo são: Guerras Judaicas, Antiguidade

dos Judeus, Contra Apion, Autobiografia.

Josefo foi um grande historiador e suas obras ainda hoje são estudadas e

prestam inestimável auxílio ao estudo do Período Interbíblico.

Apócrifos

O termo Apócrifo significa “escondido” ou “oculto”, pois significava sigilo aos

iniciados e revelado aos sábios. Séculos mais tarde serviu para designar escritos de

segunda classe. Nos dias de Jerônimo, um dos Pais da Igreja, este tipo de literatura

significava “ilegítima”, “falsa”. Os escritos dos Apócrifos surgiram nos anos entre

Malaquias e João Batista.

Pseudoepigráfica

Nome dado aos escritos judaicos extrabíblicos ou não inspirados do Antigo

Testamento.

Apocalíptica

Termo que significa “revelado”. É uma subdivisão da literatura

pseudoepigráfica e são escritos sob pseudônimos.

Lista dos Apócrifos

1. Históricos: Livro do Jubileu, Vida de Adão e Eva, Ascensão de Isaías, 3 Esdras, 3

Macabeus, O Testamento de Moíses, Eudade e Medade, História de João e

Hircano.

2. Didáticos: Testamento dos 12 Patriarcas, Salmos de Salomão, Ode de Salomão,

Oração de Manasses e 4 Macabeus.

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3. Apocalípticos: Livro de Enoque, Ascensão de Moisés, 4 Esdras, Apocalipse de

Baruque, Apocalipse de Elias, Apocalipse de Ezequiel e Oráculos Sibilianos.

A Igreja Romana por resolução do Concílio de Trento(1545) aceita apenas os seguintes

“apócrifos”: Judite, Tobias, Acréscimos de Ester, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque,

Acréscimos de Daniel, 1 Macabeus, 2 Macabeus. A Igreja Romana designa-os como

“deuterocanônicos”, ou seja, pertencentes ao segundo cânon.

Fonte: TOGNINI, Enéas; O Período Interbíblico:400 anos de silêncio profético, São Paulo: Hagnos, 2009.