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CAPÍTULO IVTerceira Parte
DATA: 27-06-2016
O Homem Velho2
– Vida no mundo espiritual– Trabalho e aprendizado– Tomada de Consciência
– Lei de Progresso
“O sábio aprende com as experiências dos outros, o tolo, com suas próprias experiências!”
Provérbio Chinês3
“No intervalo de suas encarnações o Espírito progride igualmente, no sentido em que se aplica ao seu
adiantamento os conhecimentos e as experiências que alcançou no decorrer da vida corporal; examina o que fez
enquanto habitou a Terra, passa em revista o que aprendeu, reconhece suas faltas, traça planos e toma
resoluções pelas quais conta guiar-se em nova existência, com a ideia de melhor se conduzir. Desse
jeito, cada existência representa um passo para a frente no caminho do progresso, uma espécie de escola de
aplicação.”A Gênese – Cap. XI, item 25, § 2º 4
Camilo e a Equipe voltaram à Terra muitas vezes.
Múltiplos deveres ali os chamavam. Era campo vasto
de experimentações, pois iriam reviver muitas vezes em suas arenas e podiam exercitar os conhecimentos adquiridos na
espiritualidade.
Serviram nos postos de Emergência da Colônia, no Hospital Maria de Nazaré e
suas filiais. 5
Socorreram, junto às caravanas, os infelizes suicidas perdidos no
Invisível Inferior como nos abismos terrestres.
Seguiram no rastro da Vigilância, aprendendo
com eles a caça a chefes temíveis de falanges mistificadoras que
induziam infelizes ao suicídio.
6
Visitaram frequentemente reuniões organizadas por discípulos de Allan Kardec, com eles colaborando.
Acudiram a imperativos de muitos sofredores alheios às ideias espirituais, mas carecedores de socorro.
Devassaram prisões e hospitais a fim de prover socorro material e fortalecer o ânimo a desgraçados de um mau
passado espiritual, desfigurados pela lepra, pela demência ou mutilados. 7
Penetraram até lares de grandes da Terra, onde haviam
graves ocasiões para o suicídio.
Iam a toda parte onde existissem lágrimas a enxugar,
corações a reanimar.
Aníbal levava-os aos ensinamentos do Mestre
Modelar.
Estas atividades de ajuda multiplicaram-se durante
muitos anos nos diferentes setores da caridade. 8
Indóceis aflições às vezes os surpreendiam ao contato dessas
angústias alheias, no entanto, mais vezes obtinham doces
consolações ao constatarem que, com sua boa vontade,
contribuíam para gerar consolo e esperança.
Todo esse “trabalho” era avaliado através de temas que deveriam desenvolver e apresentar a uma
junta examinadora, a qual verificaria o seu aproveitamento e
compreensão da matéria. 9
Produziam peças vazadas em temas elevados e inspirados no Evangelho, na Moral, como na ciência, romances,
poemas, noticiários, etc, etc.
Uma vez aprovados, estes trabalhos poderiam ser ditados ou revelados aos homens, que seriam convenientes à sua
regeneração.
10
Isto seria feito através da operosidade mediúnica, ou inspirando mentalidades sérias capazes de captar-lhes as ideias. Quando eram reprovados, repetiam a experiência
até concordar plenamente o tema com a verdade.
Os dias destes exames eram festivos para todo o Burgo da Esperança.
Legítimos certames de uma Arte Sagrada, a do Bem.
11
Luminares da Colônia, como Teócrito, Ramiro de Guzman
e Aníbal de Silas se revelaram artistas com dons
superiores na literatura como na música e oratória
descritiva, isto é, na expressão mental, através de
imagens das produções próprias.
12
Vinham caravanas vizinhas que emprestavam brilho artístico e confortativo às experimentações.
Nomes respeitosos da Terra acorriam bondosamente e os reanimavam para o progresso, ativando-lhes o desejo de
prosseguir nas pelejas promissoras.13
Vultos como Victor Hugo e Frédéric Chopin (suicida inconsciente), que traduziu sua música em imagens e
narrações.
O gênio Victor Hugo mostrava em lições de beleza e instrução a realidade
mental de suas criações literárias, deslumbrando a sensibilidade de todos até as lágrimas, atraindo-os à adoração
de Deus.
O pensamento de Hugo era vivificado pela ação da realidade concretizado de forma a poderem conhecer as nuanças
do Espírito através de migrações terrenas e estágios do Invisível.
14
Ficaram sabendo ali que Victor Hugo reencarnara na Terra desde muitos séculos,
partindo da Grécia para a Itália e a França, sempre
deixando após si um rastro luminoso de cultura
superior e de Arte. Seu espírito tem sido venerado
por muitas gerações.
15
Quanto a Chopin, alma insatisfeita, que somente agora
compreendia que com Jesus encontrará o segredo dos
sublimes ideais, em miríficas (admiráveis) expansões de
música arrebatadora.
Transportava da magia dos sons para o deslumbramento da
expressão real, ofereceu aos presentes o dramático poema das suas migrações terrenas.
16
Os aprendizes deveriam igualmente traduzir suas criações mentais em imagens e cenas como faziam seus
mentores com suas lições e os visitantes com sua gentileza.
Havia o concurso de técnicos para o melindroso serviço, eram cientistas, senhores do segredo da captação do
pensamento para os aparelhamentos transcendentes.
Alguns médiuns da confiança do Instituto eram atraídos a essas reuniões sob a tutela de seus Guardiães e aí
entreviam dificultosamente o que para eles se revelava com todo esplendor.
17
Seriam para eles (médiuns encarnados) um estímulo ao trabalho mediúnico a que se
comprometeram ao reencarnar.
Daí o entusiasmo dos nossos atores, por julgarem fácil
tarefa o inteirar os homens das novidades que iam se apossando, certos de que
seriam imediatamente aceitos seus esforços para
bem informar. 18
Não contavam com o pouco interesse dos
médiuns de se ativarem em torno dos ideais cristãos, que julgam defender, mas são
incapazes de uma só renúncia, avessos aos
altos estudos a que será obrigado todo aquele que
se julgar iniciado.19
Tem o dever sagrado de defender a si próprios e seus semelhantes da ignorância relativa às causas
espirituais, uma vez que são dotados para isso, no entanto,
desarmonizados consigo próprios e com as esferas iluminadas,
traduzem efeitos mentais, conceitos pessoais, pensam que interpretam o pensamento dos espíritos, quando na verdade,
nada fizeram a fim de merecer o alto mandato. 20
Com tristeza constatam esse desinteresse dos médiuns, bem como o apego aos atrativos e às ociosidades do plano material,
esquivando-se do dever urgente de se despojarem de atitudes nocivas
ao mandato sublime da mediunidade.
Isto dificulta a ação dos Espíritos instrutores do planeta, porquanto,
muitos aparelhos mediúnicos excelentes em suas disposições físico-psíquicas, resvalam para o ostracismo e a improdutividade.
21
A humanidade braceja nas trevas em pleno século das luzes, com fome do pão espiritual, sedenta
daquela água viva que lhe alteraria a alma e entristecida
pelo acúmulo de desgraça.
Havia também na Colônia, dias festivos franqueados às visitações.
Foram prevenidos de que receberiam visitas de seus
“mortos” queridos. Pensavam que tal fato seria apenas concedido
aos mais antigos, por isso limitaram-se a esperar a vez de
rever os seus. 22
As damas vigilantes, bondosas e caritativas, como toda mulher que tem a educação moral inspirada ao ideal
divino, começaram a preparar os parques para a grande recepção que aconteceria no dia seguinte.
23
Criaram recantos dulcíssimos para a sensibilidade dos habitantes, ambientes íntimos encantadores que os
levavam a recordações da infância e juventude.
Eram agradáveis surpresas a fim de receberem a parentela e amigos. Criados ao ar livre, à beira dos lagos serenos,
sobre as encostas das colinas graciosas.
24
Esses ambientes existiriam provisoriamente, apenas
enquanto durassem nossas necessidades de compreensão
e consolo.
Muitos traduziam o lar paterno, tão saudoso e ardentemente
recordado por aqueles que apenas trevas e desespero
depararam ao se transportar para o Além.
Outros ambientes lembrariam cenários da afeição conjugal.
25
Um recanto de sala, uma
varanda florida, uma ponte
bucólica, uma praia, uma alameda
conhecida, por onde muitas
vezes caminharam com
suas mães.
26
27
No cenário da casa que nasceu, Camilo teve a inefável satisfação de rever a sua mãe querida, que morreu quando ainda era criança.
Beijou-lhe as mãos como outrora e atirou-se soluçando nos braços protetores de seu pai, aliviando o coração de uma saudade que jamais se esfumara do seu coração, torturado sempre pela incompreensão e mil razões adversas.
Reviu a esposa que morreu em pleno sonho de um matrimônio venturoso, e à qual ele poderia ter reencontrado no Invisível, não fosse a rebeldia do seu gesto nefasto!
De todos eles recebeu carinhosas advertências, conselhos preciosos,
testemunhos de afeto perene. Nenhum pedia-lhe contas do
desbarato em que as paixões e as desditas lhe haviam transformado a
vida!
Era como se estivessem no antigo lar terreno. Os mesmos móveis, a
mesma decoração interna, porque Ritinha de Cássia e Dóris Mary tudo haviam preparado para que em seu
coração fossem perpetuadas as impressões sacrossantas dos veros
laços de família. 28
Eles mesmos, sem perceberem , forneciam elementos para que tudo fosse realizado assim. Os
instrutores e educadores examinavam seus pensamentos e impressões mentais mais caras e transmitiam através de mapas e
visões equivalentes, pois necessitavam do maior estado de placidez mental possível para que
muitos aproveitassem da aprendizagem a fazer.
29
Seus entes disseram que nada podiam fazer em seu benefício,
devido a situação melindrosa que criara com o suicídio, situação como
o prisioneiro da Terra que as leis impõem método de vida à parte dos
demais cidadãos.
Muitas lágrimas derramou com o rosto no seio da sua mãe, cujos conselhos salutares reanimaram
suas forças, reavivando a esperança de dias menos acres para a
consciência. 30
E assim, debaixo de arvoredos que lembravam os pomares e os
quintais da casa que viveu, demorou-se em conversas com
muitos membros da família que, como ele, eram falecidos.
Seu companheiros de infortúnios tinham direitos idênticos, pois existia rigorosa justiça, vazada nas leis de atração e afinidade.
Belarmino de Queiroz pôde finalmente ver sua mãe, a quem
amava com todas as forças do seu coração.
31
A Sra. Queiroz e Souza disse-lhe que dor profunda e incontrolável a atingira com
a surpresa de vê-lo sucumbir com o suicídio, afetando-lhe a saúde
irremediavelmente, sucumbindo ela também 6 meses depois, sem se
resignar jamais à desventura de perdê-lo tão tragicamente.
Ficou decepcionada ao constatar que a morte não a fez esquecer o supremo
sofrimento no seio da natureza, pois se encontrava viva após a morte e ralada
de desgosto, visto não possuir capacidades mentais e espirituais que a
levasse às regiões felizes ou consoladoras do invisível. 32
Em vão o procurava pelas sombrias regiões por onde transitara com
funestas confusões, arrependida de haver renegado o amor de Deus pelo
domínio exclusivo da Ciência Materialista. Sentia-se culpada pelo desastre do filho, pois que fora ela
que modelara o caráter que os levara a tão deploráveis quedas morais.
Porém, no espaço, sofrera resignadamente, converteu-se à
verdade existente na idéia de Deus e suas leis e levado em conta seu
ardente desejo de emenda e progresso, foi permitido rever o filho,
dádiva do ser supremo, agora reconhecido com respeito e
compunção! 33
Para esse encontro, Dóris Mary e Rita de Cássia,
prepararam o ambiente da velha biblioteca da mansão
dos Queiroz e Souza, a lareira crepitando, a cadeira
de balanço, a pequena poltrona de Belarmino,
como no tempo de infância.
34
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
983 – Não experimenta sofrimentos materiais o Espírito que expia suas faltas em nova existência? Será então exato dizer-se que, depois da morte, só há para a alma sofrimentos morais?
35
R – (...) Como espírito, ela não tem mais dores físicas, mas segundo as faltas que cometeu, pode ter dores morais mais pungentes e, numa nova existência, pode ser ainda mais infeliz. (...)
990 – O arrependimento tem lugar no estado corporal e espiritual?
991 – Qual é a consequência do arrependimento no estado espiritual?
36
R – No estado espiritual; mas ele pode também ter lugar no estado corporal, quando compreendeis bem a distinção entre o bem e o mal.
R – O desejo de uma nova encarnação para se purificar. (...)
998 – A expiação se cumpre no estado corporal ou no estado de espírito?
R – Ela se cumpre durante a existência corporal pelas provas às quais o espírito está submetido, e na vida espiritual, pelos sofrimentos morais ligados ao estado de inferioridade do espírito.
Ler também: Duração das penas futuras – Questões 1003 a 1008
37
Dois anos depois, outro acontecimento marcou o espírito
de Camilo.
Chegou a hora de rever suas encarnações passadas.
Sentou-se na cadeira que se afigurava um Tribunal de
Suprema Justiça.
Silêncio total.
Apenas as vibrações mentais de Epaminondas, traduzidas em
vocabulário perfeito, enchiam a atmosfera respeitável onde
sacrossantos mistérios da Ciência Celeste se desvendavam. 38
Ninguém ignorava a espécie de indivíduo orgulhoso e caráter corrompido que encarnou em Portugal, pois bagagem moral
ruim ainda lhe rondava os passos.
Camilo diz uma coisa que nem todos sabiam devido ao seu
orgulho: fora paupérrimo de fortuna e isso o fez lutar contra a adversidade de uma pobreza
desorientadora, o que o reduziu à indigência mais desapiedada
que, para seu conceito, o mundo poderia abrigar, e isso o levou
ao suicídio. 39
Ele ficou frente a frente com o Tribunal da Consciência.
Rodearam-no os Mestres, desferindo poderosos
recursos fluídicos sobre o seu ser inferiorizado, para ajudar. Eram como médicos que lhe
operassem a alma, descobrindo sua anatomia
para que ele mesmo a examinasse, descobrindo a origem dos males ferrenhos que o perseguiam, sem mais
acusar a Providência. 40
Estava desesperado, se tivesse corpo físico, estaria banhado em suores gelados. Quis resistir por covardia,
prevendo a vergonhosa situação e, em lágrimas,
pediu para ser ouvido apenas por Epaminondas.
41
Suplicou. Epaminondas o encorajou a marchar para a
glória! É a reabilitação que se impõe todas as vezes que a dor se acerca de ti, sempre que o sofrimento faz, vibrar
doridamente seu ser.
Conformou-se, invocando intimamente o auxílio de Maria de Nazaré, a quem
aprendera a venerar, harmonizando suas vontades
com as dos tutelares que o dirigiam. 42
Sem ter muita consciência, sentiu-se envolvido em
jatos de luz, ficou tonto e viu se reanimar toda a
longa série de vidas planetárias que tivera.
Achou-se diante do seu próprio “eu”, tal qual se à
frente de um espelho estivesse.
43
Então ouviu o instrutor:
“Eu te ordeno, Alma criada para glória da eleição no Seio Divino:
Volta ao ponto de partida e estuda no livro que trazes dentro de ti
mesma as lições que as experiências proporcionam! E contigo mesma
aprende o cumprimento do dever e o respeito à Lei d'Aquele que te
criou! Traça, depois, tu mesma, os programas de resgates e edificação
que te convém , a fim de que a ti mesma devas a glória que edificares para alçares voos redentores até o
seio eterno de onde partiste!...” 44
Assim, perdeu a lembrança do presente e mergulhou a consciência no passado.
Não apenas recordava, como vivia naquela época, no ano 33, em Jerusalém. Era miserável, pobre e mau. Ovacionou
Barrabás. Parecia um demônio enfurecido....
45
Revendo esse passado, a consciência repudiava-o, acusando-o violentamente. Pavor e agonia tomou-lhe a fronte alucinada pelo remorso e bradou enlouquecido:
“Oh, Jesus Nazareno! Meu Salvador e meu Mestre! Não fui eu Senhor! Eu estava louco! Perdão Jesus! Perdão Jesus!”
46
Pranto rescaldante incendiou sua alma, mas o instrutor o mandou seguir!
“Prossegue sem esmorecimentos que da
leitura que ora fazes em ti mesmo será preciso que
saias convertido ao serviço desse Mestre que ontem
apedrejastes.”47
Sem outra alternativa, prosseguiu então.
Viu-se em frente ao Pretório, em atitude hostil. Proferiu rodos os insultos contra o Nazareno e só não o agrediu a pedradas porque seu braço não alcançou. Nutria inveja e ódio a tudo que considerasse superior a ele. Feio, áspero,
intratável, mutilado, ambicioso, maldizia e perseguia tudo.
48
Insultou e desrespeitou a sua Mãe sofredora e humilde, anjo condutor de ternura para os homens degradados nos
sofrimentos terrenos, a mesma Maria que agora o albergava piedosamente.
49
Continuou o abominável papel de algoz denunciando
cristãos ao Sinédrio, perseguindo, espionando,
flagelando quanto podia, apedrejando
Estevão, atraiçoando os “Santos do
Senhor”, pelo simples prazer de praticar o
mal. 50
Nem era filho de Israel, viera de longe, foragido de sua tribo, onde fora condenado à morte por traição a Pátria e
homicídio.
Não aproveitou a oportunidade máxima de regeneração, insurgindo-se contra a luz que brilhou no meio das trevas...
51
Reencarnações se sucederam através dos séculos. Pertencia às trevas, e durante o intervalo de uma existência a outra, aprazia-o
permanecer nas inferiores camadas da animalidade.
Fazia-se surdo aos convites para os trabalhos de regeneração, fosse na condição de homem ou espírito despido das vestes carnais, porquanto nas regiões astrais inferiores ecoam as doçuras do
Evangelho e a figura de Jesus é apontada como modelo a imitar.
52
Nem diferenciava a encarnação e a estada no
Invisível, pois o seu modo de ser era sempre a animalidade!
Hoje tinha consciência que a Lei do Progresso o impelia para as reencarnações, sob
orientação de devotados obreiros do Senhor, para que expiasse e desenvolvesse as
potências da alma embrutecida pela
inferioridade. Na época, as duas existências se
confundiam. 53
Criminoso impenitente, sofria, como é natural, o reverso de suas ações, cujos efeitos em seu próprio estado se refletiam. Subia, por vezes a alturas famosas da escala
social terrena, fato esse que não implica a posse de virtudes. Sofria quedas morais redundantes, criando
responsabilidades atordoadoras.
54
Todas as suas renovações carnais se realizavam entre povos
cristãos.
Tudo indica que na vida disciplinada do Invisível, os Espíritos são registrados em
falanges e colônias e, sob seus auspícios é que se educam e
evolvem, sem se desagregarem, senão quando completado o ciclo evolutivo normal, isto é, quando adquirem mudanças
úteis ao bem próprio e alheio. 55
O certo é que nunca se deslocou das Gálias ou da Ibéria até o presente
momento.
A ideia da regeneração começou a se insinuar como sussurro aos seus
ouvidos através da fieira dos tempos, quer se encontrasse encarnado ou
desencarnado.
Aceitou-a calculada e interesseiramente, pensando em
solucionar as pesadas adversidades do seu destino, nessa doutrina cristã que afirmavam tantos benefícios àqueles
que à sua tutela se confiassem. 56
Ele não podia compreender, absorto no seu mundo inferior, o alto alcance moral e filosófico de tais conselhos ou
convites repetidos sempre em quaisquer locais terrenos ou astrais a
que a vida o levasse.
Esperava da Grande Doutrina apenas vantagens pessoais, poderes que o
levassem a satisfação de caprichos e paixões.
As referências àquele Mestre Nazareno, provocavam nele súbito
mal estar, alucinando-o, vibrando em seu íntimo, debatendo com sua
consciência. 57
Era concludente que sua inteligência e seus
conhecimentos intelectuais se robusteciam ao embate das lutas pela existência e
dos infortúnios sob o impulso do esforço próprio, como até das ambições, mas o coração se fazia inativo, a
alma embrutecida para o Bem, a Moral e a Justiça.
58
Desencarnou na metade do século XVII, surpreendendo-se em confusões deploráveis, em um cárcere envolvido em
trevas, tal qual uma prisão terrena.
59
Passou a refletir:
“Que odiosa série de feitos criminosos, porém, ocasionara tão amarga repressão para a dignidade de
um Espírito liberto das cadeias da carne?... Que abomináveis razões haveria eu dado à lei de atração e afinidades para que meu estado mental e consciencial apenas se afinasse com as trevas de uma masmorra de
prisão terrena, infecta e martirizante?...
Convém que te inteires do que fiz por aquele tempo, leitor...”
60
Obrigada!!!
61