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FACULDADES INTEGRADAS DA TERRA DE BRASÍLIA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno. Jonathan Vieira Novais Recanto das Emas 2006.

Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno

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Page 1: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

FACULDADES INTEGRADAS DA TERRA DE BRASÍLIA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno.

Jonathan Vieira Novais

Recanto das Emas 2006.

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Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB Curso de Ciências Biológicas

Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno.

Jonathan Vieira Novais

Monografia de Conclusão de Curso, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas.

Recanto das Emas 2006

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Trabalho realizado junto à coordenação de Ciências Biológicas das Faculdades Integradas da Terra de Brasília. Sob a orientação da Professora MsC. Renata Corrêa Martins. Aprovado por:

_____________________________________________

MsC. Renata Corrêa Martins

Universidade de Brasília – UNB / Jardim Botânico de Brasília

Orientadora e Presidente da Banca

_____________________________________________

Professor MSc. Alberto Jorge da Rocha Silva

Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB

Co - Orientador

_____________________________________________

Prof.ª Dra. Kátia Regina Ferraz Vicentini

Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB

Membro titular da Banca

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A todos os tripulantes da oikos nave Terra,

em especial aos divinos e completos vegetais,

aos ancestrais,

a todos belos irmãos inorgânicos...

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AGRADECIMENTOS

Seria impossível agradecer somente a uma pessoa, começo então dizendo que não há

nada melhor do que acordar com alguém que participe arduamente com você de todos os

episódios das vivências terrenas, e este trabalho realmente ensinou-me o valor do

companheirismo, então digo um obrigado especial a minha linda esposa Cláudia e ao filhote

Christian.

Meus amorosos, apoiadores e sonhadores pais Imaculada e Juarez, ao meu sogro

Mario e sogra Eni, pelo carinho e sobre tudo a confiança em mim depositada. As minhas

irmãs Dolores e Danielle.

A faculdade, digo aos grandes empresários do ensino, por favor, façam algo para

melhorar o ensino deste país, se empenhem mais, em ajudar estas pequenas moléculas de

carbono que somos os sonhadores homens.

Deixo aqui meus votos de amizade a todos os companheiros de sala e professores do

curso, adorei trocar tantas experiências com vocês, estes anos foram sementes, e a colheita

está por vir.

Deixo meus votos de agradecimento e felicidade aos orientadores Renata Martins e

Alberto Silva que foram ativos em me oferecer à sabedoria que já possuem, compartilhando

comigo o tempo, que muitas vezes acredito eu, se absteram de exercer outras atividades. A

querida Carolyn Proença por dispor o seu sempre requisitado tempo para me esclarecer e

proporcionar um pouco da luz do seu conhecimento e professora Kátia Vicentini pela

referência e o bom exemplo, obrigado por participar da banca.

Finalizo, agradecendo a todos os entrevistados, estes me proporcionaram momentos

de grande aprendizado ao lado deles e sem eles não teria construído todo este trabalho,

aprendi com eles a agradecer dizendo assim: “Que Olorum e todos Orixás abençoe, todos

vocês e que a felicidade inunde o coração de todos”.

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SUMÁRIO

RESUMO ..................................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8

OBJETIVOS .............................................................................................................. 12

MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 13

RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 17

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 79

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO: ........................ ............................................ 80

GLOSSÁRIO DE NOMES OU TERMOS AFRO-BRASILEIROS ................................................................ 84

APÊNDICE - A – ANUÊNCIA PREVIA ....................................................................................................... 87

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIOS ............................................................................................................... 88

C- LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS, NOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS NO

DISTRITO FEDERAL E ENTORNO. ............................................................................................................. 91

ANEXO I – OSSAIM O ORIXÁ DAS FOLHAS ........................................................................................... 93

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RESUMO

O conhecimento tradicional das culturas de origem africana, possui num contexto uma

valorização direta aos vegetais e este conhecimento pode ser evidenciado pela pesquisa

etnobotânica. Este estudo foi conduzido no Distrito Federal e Entorno. O levantamento

etnobotânico teve como alvo os sacerdotes das casas de santo (Candomblé). Foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas, com o uso de questionários, buscando informações sobre os

empregos dados as plantas, voltando a entrevita para quais plantas são utilizadas e suas

indicações de uso. Observou-se que as espécies vegetais são em sua maioria exóticas ao

bioma Cerrado. O emprego de espécies nativas do Cerrado reflete que houve a adaptação ou

a inclusão destas plantas nos cultos afro brasileiros no DF e entorno. Evidenciou-se

considerável utilização dos vegetais. Os usos foram categorizados em dez formas distintas de

aplicação, são elas: amaci, banho, defumador, sacudimento, culinária, assentamento,

iniciação e ornamental. As partes vegetais utilizadas são; folhas, frutos, flores e raízes,

predominando o uso das folhas. A categoria com maior citação foram banhos. Foram citados

114 espécies, 88 gêneros e 50 famílias, sendo 102 indentificadas e 12 indetermindas. Com

este estudo pode se perceber a necessidade de se ampliar às pesquisas nos cultos de matriz

africana principalmente nas casas de santo presentes nas regiões, onde o bioma cerrado é a

vegetação nativa.

Palavras-chave: etnobotânica, uso tradicional, cerrado, cultos afro-brasileiros.

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INTRODUÇÃO

O termo Etnobiologia é relativamente recente. Essa terminologia surgiu como um

braço da etnociência que vem ganhando impulso nestes últimos anos com o aumento dos

trabalhos publicados, e a necessidade de se conhecer como os homens lidam com os

recursos naturais tradicionalmente.

Segundo Posey (1987), entende-se etnobiologia como sendo o estudo do

conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito da

biodiversidade e do meio ambiente; em outras palavras, é o estudo do papel da natureza

no sistema de crenças e de adaptação do homem a determinados ambientes. Neste sentido,

a Etnobiologia relaciona-se com a ecologia humana, mas enfatiza as categorias e

conceitos cognitivos utilizados pelos povos em estudo (Posey, 1987).

Partindo então da visão compartimentada da ciência sobre o mundo natural, surge

o termo "Etnobotânica", citado pela primeira vez por Harshberger em 1895 (Amorozo,

1996). Em etnobotânica, são analisadas as relações entre os seres humanos e os vegetais,

procurando responder questões como: quais plantas são conhecidas, quais plantas estão

disponíveis, quais plantas são reconhecidas como recursos, como o conhecimento

etnobotânico tradicional está distribuído na população, como os indivíduos diferenciam e

classificam a vegetação, como esta é utilizada e manejada e quais os benefícios derivados

das plantas (Alcorn, 1995).

Atualmente o aproveitamento botânico feito pelas diversas culturas vem sendo

amplamente pesquisado, despertando interesses de vários segmentos da comunidade

científica; toda essa necessidade baseia-se no fato de que o conhecimento tradicional

possui, em seu contexto prático, uma base eficiente e de grande sucesso para os muitos

fins que as plantas são destinadas.

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A utilização dos recursos oriundos da biodiversidade e a produção de

conhecimento sobre eles não é privilégio exclusivo de nenhum grupo social ou cultural.

Os dados da Organização Mundial da Saúde destacam que, em decorrência da pobreza e

da falta de acesso à medicina moderna, 65 – 80 % da população mundial que vive em

países em desenvolvimento, depende essencialmente das plantas para o cuidado primário

à saúde (Vasconcellos, 2003).

Os vegetais possuem valores de extrema abrangência no contexto de seu uso. Das

diversas culturas que utilizam as plantas para tratamentos terapêuticos, ritualísticos,

alimentares, decorativos, aromáticos e dentre outros, incluem-se as religiões de matriz

africana.

Os usos litúrgicos, mitológicos e ritualísticos das plantas dentro dos cultos afro–

brasileiros estão presentes fortemente dentro de sua essência, ou seja, no que tange a

aspectos básicos do conhecimento, aquilo que é tido pelos praticantes como fundamentos

tradicionais da religião, as plantas manifestam-se como sendo a base para todo o culto

religioso.

Acredita-se que em média, mais de quatro milhões de africanos foram obrigados a

cruzar o oceano, amontoados nos porões infectos e sufocantes dos navios negreiros, em

direção a uma vida desumana de escravidão no chamado ‘novo mundo’. Este número

estima-se que seja equivalente à cerca de 40% do contingente de negros que

desembarcaram nas Américas entre o final do século XV e o século XIX (A cor da

cultura, 2006).

Uma quantidade significativa de africanos que aportaram no país veio da Bacia do

rio Congo, de Moçambique, do Golfo da Guiné e de Angola e foram distribuídos por

quase todo o território brasileiro para realizar o trabalho braçal nos engenhos e nas usinas

de cana, nas minas e nas plantações de café. Ainda hoje é possível identificar a herança da

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diversidade cultural africana em estados como Maranhão, Bahia, Pernambuco e Rio de

Janeiro por onde passaram centenas de negros do antigo Daomé, e Bahia, conhecida pela

influência iorubá (A cor da cultura, 2006).

As nações de origem dos cultos afros praticados no Brasil desrespeitam a origem

africana, ou seja, os bantus são negros que tiveram origem de uma região que vai de

Camarões até a África do Sul, existem cerca de 400 grupos étnicos nessa região. O povo

Ketu é proveniente do reino Yorubá que compreende o sul e o centro da atual Republica

do Benin, parte da Republica do Togo e sudoeste da Nigéria.

O povo Yorubá ou Iorubas estão distribuídos numa vasta região que abrange a Nigéria, o Nigér, o Togo e parte do Benin, os Yorubá costumavam deslocar-se em grupos reduzidos, formando núcleos familiares, nos quais era comum a presença de um sacerdote, os povos Yorubá compunham-se por tribos, como exemplo, temos os Ijexás junto do rio Òsun (Oxum).

A distribuição aleatória dos grupos africanos pelo país originou diferentes tradições religiosas, como o candomblé de nação “ketu”, “oyó” e “ijexá” nos terreiros baianos, o batuque gaúcho, o xangô pernambucano e a mina maranhense. Muitas destas linhas mesclam elementos iorubas, bantos e jejes, assim como suas variadas línguas, culturas e crenças religiosas num fenômeno que passou a ser conhecido como a diáspora africana (A cor da cultura, 2006).

Com a criação e construção de Brasília na região Centro-Oeste, surge entre outras

tantas manifestações religiosas, os cultos afro-brasileiros na região do DF e entorno.

Em geral as casas de santo localizam-se nas áreas rurais, por estas proporcionarem

maiores extensões de terra e em alguns casos cursos d’água.

A adaptação das plantas nativas para somatizar, ou substituir o conjunto de

espécies usadas nos cultos, fortaleceu a aproximação dos praticantes com a vegetação do

Cerrado, o que proporciona uma valorização e uma busca constante em preservar as

espécies nativas.

A diversidade de paisagens determina uma grande florística, que coloca a flora do

bioma Cerrado como a mais rica entre as savanas do mundo, com 6.429 espécies já

catalogadas (Mendonça et al. 1998).

O Cerrado foi eleito com um dos mais ricos e ameaçados ecossistemas do mundo. Sabe-se que atualmente de um total de 1.783.200 Km² originais de Cerrado, restam intactos somente 356.630 km², ou apenas 20 % do bioma original, justificando a preocupação que se tem sobre este bioma (Scariot et al., 2005).

Muitas espécies nativas do bioma Cerrado possuem usos tradicionais, incluindo

diversas categorias de uso tais como alimentícias, medicinais, construção, artesanato e

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ritualísticas. Entretanto, o usuário comum ainda é a população regional cuja atividade é

essencialmente extrativista (Ribeiro et al., 1994).

Os cultos afros aqui tratados desrespeitam ao Candomblé, este possui distintas

origens e consolidações de acordo com a nação, neste trabalho tem-se as nações Angola,

Ketu, Nagô, Jejê. Sabe-se que atualmente alguns cultos são de origem ou de influência

dos cultos africanos como é o caso da Santeria Cubana, os Voduns, a Umbanda dentre

outros.

Consoante ao baixo número de trabalhos envolvendo a diversidade do

conhecimento tradicional dentro nas religiões de matriz africana, no contexto do

aproveitamento das plantas, o presente trabalho é o resultado do levantamento das plantas

utilizadas nos cultos afro-brasileiros no Distrito Federal e entorno.

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OBJETIVOS

Estudar o uso das plantas dentro dos cultos de matriz africana no Distrito Federal e entorno e considerar as plantas nativas do bioma cerrado utilizadas, identificar o uso dos vegetais e as formas de empregos através de identificar informantes e localizá-los, utilizando como critério a distribuição deles na área de estudo; identificar as categorias de uso e a distribuição das espécies nas mesmas; realizar coleta, herborização e identificação do material botânico coletado; elaborar lista das espécies e descrição de uso.

Sabendo da proximidade e da significância das plantas aos cultos, o presente

trabalho busca dentro das casas de santo, conhecer os vegetais utilizados e aumentar o

conhecimento que se tem das plantas empregadas nos cultos afros inseridos na região do

Centro-Oeste.

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MATERIAL E MÉTODOS

A - IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO E INFORMANTES

- Área De Estudo “Figura 1 – Mapa Das Áreas Visitadas”

Figura 1 – Mapa de áreas visitada (fonte: Maplink, 2006).

A área de estudo escolhida foi o Distrito Federal (DF) e o Entorno.

O DF possui aproximadamente 5.822,1 km², está localizado na região Centro-Oeste e

possui como limites, Planaltina de Goiás (Norte), Formosa (Nordeste e Leste), Minas

gerais (Leste), Cristalina e Luziânia (Sul), Santo Antônio do Descoberto (Oeste e

Sudoeste), Corumbá de Goiás (Oeste) e Padre Bernardo (Noroeste). Suas características

são: planalto de topografias suaves e vegetação de cerrados, com altitude média de 1.172

metros, clima tropical e os rios principais são o Paranoá, Preto, Santo Antônio do

Descoberto e São Bartolomeu.

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O Entorno deve ser entendido como sendo os municípios próximos ao Distrito Federal

e que pertencem ao Estado de Goiás e Minas Gerais. Os municípios do entorno visitados

foram: Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso e Luziânia todos municípios do Estado

de Goiás, todos possuindo como vegetação típica o Cerrado.

A Constituição brasileira veda a divisão do DF em municípios, logo então cria-se no

DF as regiões administrativas ou popularmente conhecidas como cidades satélites, que

possuem administradores locais e que são subordinadas ao governo do DF.

A flora do DF tem um promissor potencial econômico com espécies forrageiras,

medicinais, alimentícias, corticeiras, taníferas, melíferas e ornamentais.

As regiões administrativas do DF visitadas foram: Gama e Park Way.

• Gama: Região Administrativa criada em 12/10/1960

• Park Way: Região Administrativa criada em 29/12/2003

• Santo Antônio do Descoberto localiza-se no leste goiano, possui

aproximadamente 938,309 km² e esta à 200 Km de Goiânia e 45 Km do centro do

centro do DF.

• Valparaíso de Goiás fundado em 15 de junho de 1995, localiza-se no leste goiano,

possui aproximadamente 60.000 km² e esta à 190 Km de Goiânia e 35 Km do

centro do DF.

• Luziânia possui fundação em 13 de dezembro de 1746 localiza-se no leste goiano,

possui aproximadamente 3.961,536 km² e esta à 214 Km de Goiânia e 62,80 Km

do centro do DF.

As casas escolhidas foram previamente selecionadas a partir de uma lista de casas de

santo fornecida pela Srª Luciana V. P. Gonçalves da Fundação Palmares do Ministério da

Cultura e por contados diretos com as casas de santo.

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Em todas as casas contatadas o projeto foi apresentado aos sacerdotes responsáveis.

As casas que aceitaram participar do trabalho receberam a “Anuência prévia” (Apêndice

A), respeitando assim a integridade do conhecimento de cada informante.

Os locais selecionados e as respectivas casas visitadas foram:

A. Gama, “Inzo Hamba Ua Maza Hangolo”, Núcleo Rural Monjolo, Chácara Inaê

11/13.

B. Luziânia, “Ilé Axé Oyâ Bamilá”, Avenida – 10, Parque Estrela Dalva, Quadra 54,

Chácara – 11.

C. Park Way, “Ilê Axé Iji Dan” , Quadra – 13 Conjunto – 02 Chácara – 44.

D. Santo Antônio do Descoberto, “Ilê Axé Bará leji”, Mansões Bittencourt Quadra 40c.

E. Valparaíso de Goiás, Etapa – E. Casa da Vô Onofra. Quadra 05 Casa 16 CEP: 72876 -

525.

B – LEVANTAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Efetuou-se entrevistas semi-estruturadas com cinco informantes (Apêndice A). As

entrevistas foram preparadas atendendo ao cotidiano das comunidades trabalhadas,

oferecendo liberdade de descrever o uso, aplicação das plantas e acompanhar a coleta dos

vegetais.

Todas as plantas foram coletas na presença do entrevistado, que comentavam durante

a coleta as formas de aplicações, as características de uso, as variações do uso, as

experiências vividas com a planta. As informações coletadas foram descritas no

preenchimento dos questionários. Durante o processo de apresentação das plantas,

descreviam-se o nome popular e o nome que algumas plantas possuem religiosamente, ou

seja, no dialeto da nação de origem.

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Para avaliar a importância relativa de uso, utilizou-se o critério analítico de Friedman

(Albuquerque, 1995), adaptado para este trabalho:

CUPc = CUP X FC

Onde:

CUP = percentagem de concordância de usos principais

FC = fator de correção

CUPc = percentagem de concordância de usos principais corrigidos

C – COLETA, HERBORIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE MATERIA L

BOTÂNICO.

As plantas foram coletadas, herborizadas e identificadas. A identificação foi realizada

no Herbário da Universidade de Brasília (UB), por comparação e consulta de

especialistas, com a colaboração da professora Drª Carolyn Elinore Barnes Proença,

curadora do herbário da UnB (UB). Também se utilizou de literatura especializada.

Foi elaborada ficha descritiva (Apêndice B) para cada vegetal, obedecendo a uma

seqüência alfabética por nome popular, e cada planta esta distribuída em uma categoria.

As categorias foram criadas com base nos dados coletados.

Nº de entrevistados que citaram usos principais

CUP= ______________________________________________ x 100

Nº de entrevistados que citaram uso da espécie

Nº de entrevistados que citaram a espécies

FC= ____________________________________________________

Nº de entrevistados que mencionaram a espécie mais citada

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A - INFORMANTES E ÁREA DE ESTUDO

• Gama, “Inzo Hamba Ua Maza Hangolo”, Núcleo Rural Monjolo, Chácara

Inaê 11/13.

Na região administrativa Gama, encontra-se a casa da Mãe N’gua Carmem de

Angorô, com 54 anos de idade, nascido no Estado de Pernambuco no município de

Recife, residente há 22 anos no local. Com ensino superior completo em direito, atividade

profissional e ocupação no serviço público, atualmente é aposentada e compartilha o local

de moradia com mais cinco pessoas.

Sua nação é Angola. Todo conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é

proveniente da prática religiosa, sua área é de aproximadamente 80.000 m.

Importância das plantas para o entrevistado: “Não há nada sem a folha para o Orixá, não

existe candomblé sem folha” (Mãe Carmem de Angorô).

• Park Way, “Ilê Axé Iji Dan” , Quadra – 13 Conjunto – 02 Chácara – 44.

Na região administrativa Park Way, encontra-se a casa Mãe Iracema de Obaluaê, com

72 anos de idade, natural da Paraíba, do município de Campina Grande, residente há 21

anos no local. Com primário completo, atividade profissional e ocupação exclusiva no

Candomblé, compartilham o local de moradia com mais seis pessoas.

Sua nação é Ketu, todo conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é proveniente

da prática religiosa, sua área é de aproximadamente 10.000 m.

Importância das plantas para o entrevistado: “É muito importante, pois sem folha não

tem como haver iniciação do filho, não há candomblé sem folha” (Mãe Iracema de

Obaluaê).

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• Município de Luziânia, “Ilé Axé Oyâ Bamilá”, Avenida – 10, Parque Estrela

Dalva, Quadra 54, Chácara – 11. Cep: 72800-000

No município de Luziânia encontra-se a casa da Mãe Inalda, com 56 anos de idade,

nascida no estado de Pernambuco, residente há 31 anos no local. Com 2º grau completo,

compartilha o local de moradia com mais quatro pessoas.

Na mesma área de sua residência encontra-se o Axé, local de culto e celebração de

festas aos Orixás, sua nação é Nagô, e também à prática do culto a Jurema. Todo

conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é proveniente da prática religiosa, sua área

é de aproximadamente 2.000 m² com grande diversidade de vegetais distribuídos por toda

a chácara.

Importância das plantas para o entrevistado: “As plantas são fundamentais para tudo,

se não houver plantas não existe candomblé” (Mãe Inalda).

• Município de Santo Antônio do Descoberto, “Ilê Axé Bará leji”, Mansões

Bitencourt Quadra 40c.

No município de Santo Antônio do Descoberto encontra-se a casa do Pai Uibacy

Domingos D’ Ávila (Pai Tito de Omolu), com 62 anos de idade, nascido no estado do Rio

Grande do Sul, residente há 34 anos no local. Com ensino superior completo em

Administração de empresas, atividade profissional e ocupação exclusivamente dedicada à

religião e ao culto a Ifá, compartilham o local de moradia com mais 42 pessoas, sendo

estas, filhos de santo vinculados a casa, caseiro e cônjuge.

Sua nação é Ketu, e também à prática do Candomblé de Caboclo, todo conhecimento

adquirido sobre o uso de plantas é proveniente da prática religiosa. Sua área é de

aproximadamente 30.000 m² com grande diversidade de vegetais distribuídos por toda a

chácara.

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Importância das plantas para o entrevistado: “Fundamental, não há Orixá sem folha. É

um símbolo da ancestralidade do indivíduo” (Pai Tito de Omolu).

• Município de Valparaíso de Goiás, Casa da Vó Onofra Etapa – E Quadra 05

Casa 16 CEP: 72876 - 525.

No município de Valparaíso de Goiás encontra-se a casa da Vó Onofra Maria da

Silva, com 67 anos de idade, nascido no estado de Minas Gerais, do município de Araxá,

residente há 10 anos no local. Não possui escolaridade concluída, atividade profissional e

ocupação no serviço público, compartilha o local de moradia com mais seis pessoas.

Sua nação é Angola, todo conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é

proveniente da prática religiosa, sua área é de aproximadamente 20 m² .

Importância das plantas para o entrevistado: “Muito importante para o culto, à folha

ajuda as pessoas” (Vó Onofra).

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B – ESPÉCIES UTILIZADAS E FORMAS DE USO

Durante as entrevistas foram citadas 114 plantas pelo seu nome popular, que possuem

aplicações litúrgicas e medicinais. Os vegetais são empregados em amacís, banhos,

defumação, sacudimento, culinária, medicinal, iniciação, assentamento.

O estudo constatou que as plantas são utilizadas em dez categorias de uso ritualístico,

na figura 2, as categorias estão separadas pela seqüência de ”A” a “J”, as plantas

indicadas para cada categoria estão agrupadas.

Figura 2 – Número de citações por categoria de uso.

A= AmaciB= BanhoC= DefumadorD= Medicinal E= SacudimentoF= CulináriaG= AssentamentoH= IniciaçãoI= OrnamentalJ= Ebós e Cerimônias

20

74

6

46

5

14

49

28

9

14

0 10 20 30 40 50 60 70 80

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

Cat

egor

ías

Número de citação

Numero de plantas citadas por categoría

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As categorias são;

A) amací: compreende um preparado especial à base de ervas maceradas em água. É

usado para banhar os iniciados. Uma grande variedade de ervas pode entrar na

composição dos amacís. A seleção das espécies é feita pelo pai ou mãe de santo,

respeitando o Orixá regente. Nesse sentido, as plantas que são empregadas no

amací são aquelas que pertencem à divindade. A utilização do amací visa conferir

maior interação entre o orixá e o iniciado, fortalecendo os laços. (Albuquerque,

1995).

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Abre caminho, Algodão e Colônia.

B) banho: consiste de um ritual que visa fortalecer, limpar e proteger os adeptos

(iniciados), ou visitantes que buscam ajuda nas casas de santo. O banho de

limpeza possui grande popularidade cultural, por ser de fácil manipulação.

Comumente são feitos com ervas indicadas pelos pais e mães de santo, maceradas

com água fria e jogadas sobre o corpo. É importante ressaltar que não são todos os

banhos indicados que podem ser usados para lavar a cabeça, sendo necessário à

orientação direta dos pais e mães de santo. Vale ressaltar que há os banhos de

atração, que são banhos relacionados a processo de conquista voltado para auxiliar

relacionamentos.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Comigo ninguém pode, Laranjeira e

Manacá.

C) defumador: é um preparado de ervas secas, com propriedades curativas e de

proteção, sendo muito usado nesta categoria o Fumo (Nicotiana tabacum),

associado á outras ervas. Representa traço marcante da cultura ameríndia adaptada

aos cultos africanos no Brasil (Albuquerque, 1995).

Page 22: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Acóco, Alecrim e Cravo da Índia.

D) medicinal: as plantas e seus empregos dentro dos cultos não se limitam ao uso

ritualístico, sendo difundido o uso medicinal de algumas espécies. Comumente

são plantas indicas na medicina popular.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Canela, Guaco e Jenipapo.

E) sacudimento: processos ritualísticos de limpeza, visando aliviar tensões locais e

psicológicas, causadas por energias negativas acumuladas no individuo. Chamado

de sacudimento por ser uma forma de balançar as energias, muito parecido com a

popular “Benzedura”.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Pequi, Mangueira espada e Espada de

São Jorge.

F) culinária: as comidas preparadas nas casas de santo possuem um valor sacral, ou

seja, cada orixá possui sua comida, e tanto nas celebrações como nos rituais

cotidianos, estes preparados culinários levam diversas plantas. Estas podem ser

usadas para temperar, decorar e outros.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Dendê, Folha da fortuna e

Manjericão.

G) assentamento e fundamento: objetos, símbolos e elementos necessários para

estabelecer e representar o Orixá, é onde está assentado a sua força dinâmica,

ficando depositado em locais específicos do terreiro; cada orixá possui seu espaço,

sua casa, dentro do terreiro. Os fundamentos são as obrigações feitas para o orixá.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Jaqueira, Louquinho miúdo e Erva

vintém.

H) iniciação: os rituais de iniciação possuem uma total complexidade de

fundamentos, que são as bases da liturgia dos cultos afro-brasileiros. No processo

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de iniciação do filho de santo diversas plantas são utilizadas. São exemplos do

emprego dos vegetais na iniciação; cama de folha do orixá, esteira, pós, entre

outros.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Capeba, Graviola e Inhame.

I) ornamental: esta categoria é destinada às plantas que são usadas na decoração da

casa em dias de festa, celebrações, como também para a proteção da casa. As

plantas são distribuídas em pontos estratégicos, em portas e na entrada do terreiro.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Iroko, Jurema preta e Obi/ Noz de

cola.

J) ebós e Cerimônias: Nesta categoria, enquadram-se as plantas que são empregadas

em Ebós. Os Ebós são trabalhos de complexa manipulação em locais fora do

terreiro, popularmente chamados de “Despacho”. As plantas também são usadas

em Celebrações ou ocasiões especiais, como por exemplo, as celebrações

fúnebres. Há também bebidas que são preparadas para cerimônias com

ingredientes de procedência vegetal e que possuem propriedades curativas.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Maracujá selvagem / ewe dan,

Obò/Odán e Timbó.

As plantas usadas nos cultos afros são empregadas nas preparações de amácis;

banhos de defesa, de limpeza, de purificação. Em preparações de ambientes; de comidas;

bebidas e remédios. Nas cremações em incensários, aromatizantes, e nos ritos e cultos

diretos aos Orixás.

Page 24: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

24

Dentre as dez categorias de uso, a mais citada foi o “Banho” (B), registrando 74 espécies destinadas a este emprego como mostrado na figura 2. A categoria que menos foi citada foi o “Sacudimento” (E) com um total de cinco plantas.

Há também dentre as citações, plantas que são destinadas exclusivamente para a

mesma aplicação, como é o caso do “Abre Caminho, Tira Teima ou Quebra Demanda”,

da Família Lamiaceae, que foi indicada pelos cinco informantes para o mesmo uso.

Temos outras que possuem uma aplicação diversificada, sendo citadas em mais de

uma categoria, até preencher um total de seis aplicações como foi o caso do “Akokô”

(Newbouldia laevis), que possui uma importância muito grande dentro do culto, pois os

informantes relataram a necessidade de tê-la, para praticamente todos os tipos de

trabalhos.

A maioria das plantas é exótica ao bioma Cerrado ou ao Brasil. No presente

levantamento pode-se verificar a presença de aproximadamente 14 plantas estão

distribuídas no bioma Cerrado.

São exemplos de espécies nativas que possuem aproveitamento nos cultos afro-

brasileiros, o Pequi (Caryocar brasiliense), a Quaresmeira (Tibouchina granulosa), a

Canela de Velho (Miconia albicans), o São Gonsalino (Casearia sylvestris) e o Jatobá

(Hymenaea courbaril).

O Pequi, além de sua importância e apreço alimentar, é utilizado em sacudimentos,

assentamento e em banhos. É considerada uma planta com ligação ao Orixá Exu e é tida

como quente e forte.

A Quaresmeira é aplicada para se fazer cama de folha dos Orixás Omolu e Nanã. A

Canela de Velho é muito utilizada em banhos de limpeza. O fruto do Jatobá possui

funções ritualísticas, sendo utilizado em fundamentos do Orixá Xangô, como também o

chá das folhas e a polpa do fruto possuem propriedades medicinais voltadas para

problemas de anemia.

Page 25: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

25

As plantas exóticas são de origem africana como é o caso do Iroko (Chlorophora

excelsa), que é considerada árvore sagrada pelos praticantes das religiões de matriz

africana.

O uso de espécies originárias da África como a Noz de cola ou Obi (Cola acuminata),

é de grande significado etnobotânico, pela permanência como planta tradicional e de uso

obrigatório em algumas situações ritualísticas (Albuquerque, 1995).

Segundo Albuquerque (1997) a família Lamiaceae apresenta grande aceitação para

usos ritualísticos, principalmente em banhos, devido ao seu potencial aromático.

Para 12 nomes citados na Tabela - 2, não foi possível identificar as espécies

correspondentes devido à dificuldade em encontrar material botânico.

Verificaram-se casos em que o mesmo nome popular é utilizado para plantas distintas,

em outros casos as plantas recebem o mesmo nome popular, talvez pela semelhança

botânica, como é o caso do (Piper arboreum) e o (Piper aromaticum) “Pimenta de

Macaco”. As duas são de mesma família (Piperaceae) e são em comum utilizadas para

banhos

As plantas que obtiveram maior importância relativa de uso foram: Boldo ou Tapete

de Oxalá (Plectranhtus barbatus) (100), Abre Caminho (indeterminada) (100), Colônia

(Alpinia zerumbet) (80), Folha da fortuna (Bryophyllum pinnatum) Oken) (80), Alecrim

(Rosmarinus officinalis)(80), Acocô (Newbouldia laevis) (80), Boldo do Chile

(Plectranthus neochilus) (60), todas espécies exóticas cultivadas, o que demonstra a

conservação das espécies nos cultos.

A preservação do conhecimento sobre o uso dessas plantas, leva a crer que mesmo as

migrações dos praticantes e dos sacerdotes para outros estados como o DF e Entorno,

comparando estes aos historicamente mais tradicionais como Bahia e Recife, mostra que

o processo de consolidação do culto no contexto do uso de plantas vem sendo mantido.

Page 26: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

26

A família Lamiaceae (Labiatae) foi a que apresentou maior diversidade, com dez

espécies e sete gêneros; seguida de Asteraceae (Compositae) com sete espécies e seis

gêneros; Piperaceae com cinco espécies e dois gêneros; Moraceae, Anacardiaceae e

Euphorbiaceae com quatro espécies e quatro gêneros; Dracaenaceae com três espécies e

dois gêneros; Lauraceae com três espécies e três gêneros; Leguminosae com três espécies

e dois gêneros; Solanaceae com três espécies e três gêneros; as demais com um registro

de espécie (Tabela - 1).

Albuquerque (1999) relata que a freqüência de algumas espécies nos estudos feitos

em casas de santo no Brasil se mostra constante, como o Kalanchoe brasiliensis (Saião ou

Folha-da-costa), Rosmarinus officinalis (Alecrim) e a Cola acuminata (Obi ou Noz de

cola).

Muitas das espécies vegetais utilizadas nos cultos afros são também utilizadas

popularmente em diversas regiões do país. Segundo Silva & Andrade (2006) em estudo

etnobotânico com comunidades da região litorânea de Pernambuco, estas utilizam 372

espécies, alguns destas, como é o caso do Urucum (Bixa orellana), o Melão de São

Caetano (Mormodica charantia ), Pinhão roxo (Jatropha gossypiifolia), Liamba (Vitex

agnus-castus) dentre outras, são citadas no presente trabalho.

Outros trabalhos elaborados dentro do contexto de plantas empregadas nos cultos

afros, descrevem o uso terapêutico, como Camargo (1998), que cita este emprego para

espécies como a Liamba (Vitex agnus-castus), a Jurema (Mimosa hostilis Benth.) e a

Arruda (Ruta graveolens).

Segundo Azevedo (2006), o uso de algumas espécies é bem difundido pelos

praticantes dos cultos afros em cidades como a do Rio de Janeiro. Comparado o uso de

algumas espécies neste trabalho, vimos que espécies como a Colônia (Alpinia zerumbet),

Page 27: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

27

a Aroeira (Schinus terebinthifolius) e o Alecrim (Rosmarinus officinalis) são

freqüentemente citadas para o uso religioso (Azevedo, 2006).

Embora algumas espécies nativas de cerrado não tenham atingido os índices mais

altos de importância relativa de uso, o fato de estarem presentes nos cultos e de serem

citadas, para usos diversificados, pode indicar que estas plantas foram adaptadas ou

absorvidas pelos cultos, seja pela ausência de outras plantas ou pela incorporação destas

aos mesmos. Exemplos destas plantas são: a Quaresmeira (Tibouchina granulosa), a

Canela de Velho (Miconia albicans) e o Jatobá (Hymenaea courbaril).

De acordo com Trindade et al. (2000), os vegetais cultivados têm um emprego sacro

no candomblé, entretanto afirmam que a utilização de vegetais colhidos em área não

cultivada é indispensável ao culto religioso.

Page 28: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

28

Tabela 1 – Famílias botânicas, nome científico e respectivo nome popular das plantas utilizada nos cultos afro-brasileiros no DF e Entorno;

Família Nome cientifico Nome popular

Aloaceae Aloe arborescens Mill . Babosa Amaranthaceae Alternanthera dentata (Moench) Stuchl. Terramicina, Penicilina ou Ewe lebo Anacardiaceae

Astronium fraxinifolium Schott

Mangifera indica L. Schinus terebinthifolius Raddi

Spondias mombin L.

São Gonsalino Mangueira

Aroeira Cajá

Annonaceae Annona muricata L. Xylopia aromatica Mart.

Graviola Pindaíba ou Lelecum

Apiaceae Foeniculum vulgare Mill. Erva doce Apocynaceae Allamanda puberula A.DC.

Peltastes isthmicus Woodson Ewe seré Inhame

Araceae Dieffenbachia amoena Hort. ex Gentil Pistia stratiotes L.

Comigo ninguém pode Alface d’ água / Ojouri

Arecaceae Elaeis guineensis Jacq. Dendê Asteraceae Bidens pilosa L.

Melampodium divaricatum DC. Mikania glomerata Spreng.

Vernonia brasiliana (L.) Druce Vernonia condensata Baker

Artemisia absinthium L. Centratrerum Cass.

Carrapicho Oripepé Guaco

Assa peixe Alumã / Ewe oro

Absinto Balaio de velho

Bignoniaceae Newbouldia laevis Seem. Tecoma stans (L.) H.B. & K.

Akokô Trombeta

Bixaceae Bixa orellana L. Urucum Caesalpinaceae Hymenaea courbaril L. Jatobá Caprifoliaceae Caprifoliaceae Sambucus L.

Sambucus australis Cham. & Schltdl. Pararraio

Sabugueiro

Caryocaraceae Caryocar brasiliense St.Hil. Pequi Caryophyllaceae Drymaria cordata Willd. ex Schult. Erva Vintém

Cecropiaceae Cecropia peltata L. Embaúba ou Pau Polvora Chrysobalanaceae Licania tomentosa Kuntze Oiti

Costaceae Costus spicatus Sw. Cana-do-Brejo Crassulaceae Bryophyllum pinnatum Kurz

Kalanchoe brasiliensis Cambess. Folha da fortuna

Sião Cucurbitaceae Momordica charantia L. Melão de São Caetano Dracaenaceae Dracaena fragrans Ker Gawl..

Dracaena Vand. ex L. Sansevieria trifasciata Hort. ex Prain

Peregum Amarelo Peregum Branco ou Pau D’ água

Espada de São Jorge Euphorbiaceae Croton perdicipes St.Hil.

Euphorbia tirucalli L. Jatropha gossypiifolia L.

Ricinus communis L.

Pé de Perdiz Aveloz ou Gravetinho

Pinhão Roxo Mamona

Flacourtiaceae Carpotroche brasiliensis Endl. Casearia sylvestris Sw.

Mata Piolho São Gonsalino

Geraniaceae Geranium moschatum Burm.f. Malva Rosa, Malva Cheirosa, Malva Lamiaceae Lavandula officinalis Chaix

Melissa officinalis L. Ocimum basilicum L.

Ocimum gratissimum L. Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.

Plectranthus barbatus Andrews Plectranthus neochilus Schltr.

Pogostemon cablin Benth. Rosmarinus officinalis L.

Lavanda do Campo Melissa

Manjericão Alfavaca, Ewe kiiobis

Hortelã da Folha Grossa Boldo ou Tapete de Oxalá

Boldo do Chile Pacthuli Alecrim

Page 29: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Vitex agnus-castus L. Liamba

Lauraceae Cinnamomum zeylanicum Blume

Laurus nobilis L. Persea americana Mill.

Canela Louro

Abacate Leguminosae

Caesalpinia ferrea Mart. Mimosa hostilis Benth.

Mimosa L.

Jucá ou Pau Ferro Jurema Preta

Jurema Branca Liliaceae Cordyline terminalis Kunth Peregum Vermelho ou Peregum Roxo

Loranthaceae Struthanthus flexicaulis Mart. Erva de passarinho Malvaceae Gossypium hirsutum L. Algodão

Melastomataceae Miconia albicans Steud. Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn.

Canela de Velho Quaresmeira

Moraceae Artocarpus integrifolius L.f. Chlorophora excelsa Benth. & Hook.f.

Ficus doliaria Mart. Morus nigra L.

Jaqueira Iroko

Guameleira Amora

Musaceae Musaceae Musa L. Bananeira Branca Myrtaceae Eugenia uniflora L.

Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M.Perry Pitanga

Cravo da Índia Nyctaginaceae Boerhavia diffusa L. Bredo de Santo Antônio ou Pega Pinto Oxalidaceae Averrhoa carambola L. Carambola

Passifloraceae Passiflora edulis Sims Passiflora L.

Maracujá Maracujá Selvagem

Phytolaccaceae Petiveria alliacea L. Guiné ou Tipi Piperaceae Piper aduncum L.

Piper arboreum Aubl. Piper aromaticum Willd. Piper tuberculatum Jacq.

Pothomorphe umbellata (L.) Miq.

Bete fêmea / Pimenta de macaco Bete cheiroso / Bete macho

João Barandi/ Pimenta de macaco Jaborandi (Falso - Jaborandi)

Capeba Plumbaginaceae Plumbago scandens L. Louquinho Miúdo

Poaceae Saccharum officinarum L. Cana de Exu Punicaceae Punica granatum L. Romã Rosaceae Rosa alba L. Rosa Branca Rubiaceae Coffea arabica L.

Genipa americana L. Café

Jenipapo Rutaceae Ruta graveolens L. Arruda

Solanaceae Brunfelsia uniflora D.Don Nicotiana tabacum L.

Solanum lycocarpum A.St.-Hil.

Manacá Fumo ou Tabaco

Lobeira Sterculiaceae Cola acuminata Schott & Endl. Noz de cola ou Obi Verbenaceae Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Britton & P.Wilson Erva Cidreira

Vitaceae Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E.Jarvis Insulina Zingiberaceae Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm.

Hedychium coronarium J.Koenig Colônia

Lírio Branco

Page 30: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Tabela 2 - Plantas utilizadas tradicionalmente nos cultos afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno, e seus respectivos usos; Convenção para categoria de uso: A= Amaci, B = Banho, C= Defumador, D= Medicinal, E= Sacudimento, F= Culinária, G= Assentamento, H= Iniciação, I= Ornamental, J= Ebós e Cerimônias Nº de usos = Número de uso citado.

Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de usos

CUP Fc CUPc

Abacateiro Persea americana Miller Lauraceae X 1 100 0,2 20 Abre caminho / Quebra demanda / Tira teima

Indeterminada Lamiaceae X 1 100 1,0 100

Acóco Newbouldia laevis Seem Bignoniaceae X X X X X X 6 66,6 0,8 53,28

Afomã/ Erva de passarinho Struthanthus flexicaulis Mart Loranthaceae X 1 100 0,2 20

Alecrim Rosmarinus officinalis L. Lamiaceae X X X X 4 100 0,8 80

Alecrim do Campo Indeterminada Indeterminada X X X 3 100 0,2 20

Alumã / Ewe oro Vernonia condensata Baker Asteraceae X 1 100 0,2 20

Alface d’ água / Ojouri Pistia stratiotes L. Araceae X X 2 100 0,2 20 Alfavacão / Alfavaca de caboclo/ Ewe kiiobis

Ocimum gratissimum L. Lamiaceae X X X X 4 100 0,6 60

Alfazema Indeterminada Indeterminada X X X 3 100 0,2 20

Alfazema do Campo Lavandula officinalis Chaix Lamiaceae X 1 100 0,2 20

Algodão Gossypium hirsutum L. Malvaceae X X X X 4 100 0,4 40

Amora Morus nigra L. Moraceae X X X 3 100 0,4 40

Aroeira Schinus terebinthifolius Raddi Anacardiaceae X X X X 4 100 0,8 80

Arruda Ruta graveolens L. Rutaceae X X 2 100 0,2 20

Artemísia Artemisia absinthium L. Asteraceae X X 2 100 0,2 20

Assa peixe Vernonia brasiliana (L.) Druce Asteraceae X X 2 100 0,2 20

Aveloz / Gravetinho Euphorbia tirucali L. Euphorbiaceae X 1 100 0,2 20

Babosa / Flor da babosa Aloe arborescens Mill. Aloaceae X 1 100 0,4 40

Balaio de velho Centrathrerum Cass. Asteraceae X X X 3 100 0,6 60

Bananeira Branca Musa sp. Musaceae X 1 100 0,2 20

Bete cheiroso / Bete macho Piper arboreum Aubl. Piperaceae X X X 3 100 0,4 40

Bete fêmea / Pimenta de macaco Piper aduncum L. Piperaceae X X X 3 66,6 0,2 53,68

Boldo ou Tapete de Oxalá Plectranhtus barbatus Andrews Lamiaceae X X X X 4 100 1,0 100

Boldo do Chile Plectranthus neochilus Schltr. Lamiaceae X X X X 4 100 0,6 60

Bredo de santo Antonio / Pega pinto Boerhavia diffusa L. Nyctaginaceae X X 2 100 0,2 20

Café Coffea arabica L. Rubiaceae X X X 3 100 0,4 40

Cajá Spondias mombin L. Anacardiaceae X X X X 4 100 0,2 20

Cana de exu Saccharum officinarum L. Poaceae X X 2 100 0,2 20

Cana do Brejo / Canela de índio Costus spicatus (Jacq.) Sw. Costaceae X X X X 4 100 0,6 60

Page 31: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de ind.

CUP Fc CUPc

Câncerosa Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20

Candeia branca Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20

Canela Cinnamomum zeylanicum Breyn. Lauraceae X X X X X 5 100 0,6 60

Canela de velho Miconia albicans Steud. Melastomataceae X 1 100 0,4 40

Capeba Pothomorphe umbellata (L.) Miq. Piperaceae X X X X 4 100 0,4 40

Carambola Averrhoa carambola L. Oxalidaceae X X 2 100 0,2 20

Carrapicho Bidens pilosa L. Asteraceae X X 2 100 0,4 40

Chega até mim Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20

Colônia Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm.

Zingiberaceae X X X X X 5 100 0,8 80

Comigo ninguém pode Dieffenbachia amoena Hort. ex Gentil Araceae X 1 100 0,6 60

Corredeira branca Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20

Cravo da Índia Syzygium aromaticum ( L. ) Merr. & L.M.Perry

Myrtaceae X X X X 4 100 0,2 20

Dama da noite Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20

Dandá d’ água Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20

Dandá d’ terra Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20

Dendê Elaeis guineensis Jacq. Arecaceae X X 2 100 0,2 20

Embaúba / pau polvora Cecropia peltata Trecúl Cecropiaceae X X 2 100 0,2 20

Erva cidreira Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Britton & P.Wilson

Verbenaceae X X 2 100 0,6 60

Erva doce Foeniculum vulgare Mill. Apiaceae X X 2 100 0,2 20

Erva tostão Boerhavia diffusa L. Nyctaginaceae X 1 100 0,2 20

Erva vintém Drymaria cordata (L.) Roem. & Schult. Caryophyllaceae X X X 3 100 0,2 20

Espada de São Jorge Sansevieria trifasciata Hort. ex Prain Dracaenaceae X 1 100 0,4 40

Ewe seré Alamanda puberula A.DC. Apocynaceae X X 2 100 0,2 20

Folha da fortuna Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken Crassulaceae X X X X X 5 100 0,8 80

Fumo Nicotiana tabacum L. Solanaceae X 1 100 0,2 20

Gameleira Ficus doliaria Mart. Moraceae X X 2 100 0,4 40

Graviola Annona muricata L. Annonaceae X 1 100 0,2 20

Guaco Mikania glomerata Spreng. Asteraceae X X 2 100 0,2 20

Guiné / Tipi Petiveria alliacea L. Phytolaccaceae X 1 100 0,4 40

Hortelã da folha grossa Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. Lamiaceae X 1 100 0,2 20

Inhame Peltaste isthmicus Woodson Apocynaceae X 1 100 0,2 20

Insulina Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E.Jarvis

Vitaceae X 1 100 0,4 40

Page 32: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de ind.

CUP Fc CUPc

Iroko Chlorophora excelsa Benth. & Hook.f. Moraceae X X 2 100 0,2 20

Jaborandi (Falso - Jaborandi) Piper tuberculatum Jacq. Piperaceae X X X 3 100 0,4 40

Jambo Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20

Jaqueira Artocarpus integrifolius L.f. Moraceae X 1 100 0,2 20

Jatobá Hymenae courbaril L. Caesalpinaceae X X 2 100 0,2 20

Jenipapo Genipa americana L. Rubiaceae X X X 3 100 0,2 20

João Barandi/ Pimenta de macaco Piper aromaticum Willd. Piperaceae X 1 100 0,4 40

Jucá / pau ferro Caesalpinia ferrea Mart. Leguminosae X X 2 100 0,4 40

Jurema branca Mimosa sp. Mimosaceae X X 2 100 0,2 20

Jurema preta / Jurema sagrada Mimosa hostilis Benth. Mimosaceae X X X X 4 100 0,6 60

Laranjeira Citrus sinensis L. Rutaceae X 1 100 0,2 20

Liamba Vitex agnus-castus L. Lamiaceae X X 2 100 0,4 40

Lírio branco Hedychium coronarium J.Koenig Zingiberaceae X X 2 100 0,4 40

Lobeira Solanum lycocarpum A.St.-Hil. Solanaceae X X 2 100 0,4 40

Louquinho miúdo Plumbago scandens L. Plumbaginaceae X 1 100 0,2 20

Louro Laurus nobilis L. Lauraceae X X X 3 100 0,2 20

Malva Cheirosa / Malva Rosa Geranium moschatum Burm.f. Geraniaceae X X X 3 100 0,6 60

Mamona Ricinus communis L. Euphorbiaceae X 1 100 0,2 20

Manacá Brunfelsia uniflora (Pohl) D. Don Solanaceae X 1 100 0,2 20

Mangueira Espada Mangifera indica L. Anacardiaceae X X X X 4 100 0,4 40

Manjericão / Manjericão Miúdo Ocimum basilicum L. Lamiaceae X X X 3 100 0,4 40

Maracujá Passiflora edulis Sims. Passifloraceae X 1 100 0,2 20

Maracujá selvagem / ewe dan Passiflora sp. Passifloraceae X X X 3 100 0,2 20

Mata piolho Carpotroche brasiliensis Endl. Flacourtiaceae X X 2 100 0,2 20

Melão de São Caetano Momordica charantia L. Cucurbitaceae X X 2 100 0,2 20

Melissa Melissa officinalis L. Lamiaceae X X X 3 100 0,2 20

Obi/ Noz de cola Cola acuminata Schott & Endl. Sterculiaceae X X X X X X 6 100 0,2 20

Obò/Odán Peltastes isthmicus Woodson Apocynaceae X X X X X X 6 100 0,6 60

Oiti Licania tomentosa Kuntze ou Fritsch Chrysobalanaceae X 1 100 0,2 20

Onda do mar Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20

Oripepé Melampodium divaricatum DC. Meliaceae X X 2 100 0,2 20

Pacthuli Pogostemon cablin Benth. Lamiaceae X X 2 100 0,2 20

Pararraio Melia azedarach L. Caprifoliaceae X X 2 100 0,2 20

Pé de perdiz Croton perdicipes A. St.-Hil. Euphorbiaceae X X 2 100 0,2 20

Page 33: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de ind.

CUP Fc CUPc

Pequi Caryocar brasiliense St.Hil. Caryocaraceae X X X X 4 100 0,4 40

Peregum Amarelo Dracaena fragans Ker Gawl. Dracaenaceae X 1 100 0,2 20 Peregum Branco / Peregum / Pau d’água / peregum verde

Dracaena sp. Dracaenaceae X X X X X X 6 66,6 0,6 53,28

Peregum Vermelho / Roxo Cordyline terminals (L.) Kunth Liliaceae X X X X X 5 100 0,4 40

Pindaíba / lelecum Xylopia aromatica Mart. Annonaceae X X 2 100 0,2 20

Pinhão roxo Jatropha gossypiifolia L. Euphorbiaceae X X X 3 100 0,4 40

Pitanga Eugenia uniflora L. Myrtaceae X X 2 100 0,2 20

Quaresmeira Tibouchina granulosa Cogn. ex Britton Melastomataceae X 1 100 0,2 20

Romã Punica granatum L. Punicaceae X X 2 100 0,2 20

Rosa branca Rosa alba L. Rosaceae X X 2 100 0,2 20

Sabugueiro Sambucus australis Cham. & Schltdl. Caprifoliaceae X X X X 4 100 0,4 40

Saião Kalanchoe brasiliensis Camb. Crassulaceae X X 2 100 0,2 20

São Gonçalinho Casearia sylvestris Sw. Flacourtiaceae X X X 3 100 0,2 20

São Gonsalinho Astronium fraxinifolium Schott Anacardiaceae X X 2 100 0,2 20 Terramicina/ Penicilina vegetal / Ewe lebo

Alternanthera dentata (Moench) Stuchlik Amaranthaceae X X X 1 100 0,4 40

Timbó Serjania lethalis Sapindaceae

X 1 100 0,2 20

Trombeta Tecoma stans (L.) H.B. & K. Bignoniaceae X X 2 100 0,2 20

Urucum Bixa orellana L. Bixaceae X X X 3 100 0,4 40

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C - LISTA DAS ESPÉCIES E DESCRIÇÃO DE USO

1. Abacateiro

Família: Lauraceae

Nome científico: Persea americana Miller

Parte usada: Folha e fruto.

Restrição de uso: Não foi informada.

Uso ritualístico: Não indicado

Outros empregos: Folha usada em forma de cataplasma na cabeça, para dores na mesma e os

frutos são considerados bons para os rins.

Categoria: D

2. Abre caminho / Quebra demanda / Tira teima

Família: Lamiaceae

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, e utilizada em banhos de limpeza. Ebós e

assentamento.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B

3. “Acocô”

Família: Bignoniaceae

Nome científico: Newbouldia laevis Seem.

Parte usada: Folha

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Restrição de uso de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Assentamento de todos os Orixás, iniciação e matança.

Utilizada junto ao “Óbó”, em “Ebós” para atrair dinheiro.

Planta macerada com água fria, e utilizada em banhos de limpeza junto ao “Óbó” .

Folha seca usada como defumador.

Outros empregos: Enfeitar pratos.

Categoria: B, C, F, G, H, J.

4. Afomã ou Erva de passarinho

Família: Loranthaceae

Nome científico: Struthanthus flexicaulis Mart.

Parte usada: Folha e flores.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada e cozida, utilizada em banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B.

5. Alecrim

Família: Lamiaceae

Nome científico: Rosmarinus officinalis L.

Parte usada: Folha e caule.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Folha usada como

defumador.

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Outros empregos: O chá é usado como calmante e cicatrizante. A folha cozida combate à

queda de cabelo. A planta também é utilizada como tempero.

Categoria: B, C, D, F.

6. Alecrim do campo

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Folha usada como

defumador. Cama de folha para o Orixá Ogum.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B, C, G.

7. Alface d’água / “Ojuori”

Família: Araceae

Nome científico: Pistia stratiotes L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e de atração.

Outros empregos: Usada para lavar os olhos em casos de inflamações.

Categoria: B, D.

8. Alfavaca / Alfavacão / Alfavaca de Caboclo / “Ewé Kiiobis”

Família: Lamiaceae

Nome científico: Ocimum gratissimum L.

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Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, e no assentamento

para o Orixá Oxossi.

Outros empregos: O chá é usado contra gripe, pode ser usado associado ao manjericão. Folha

usada como tempero para carne.

Categoria: B, G, D, F.

9. Alfazema

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, Amaci e atração.

Folha usada como defumador.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: A, B, C.

10. Alfazema do campo

Família: Lamiaceae

Nome científico: Lavandula officinalis Chaix

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado. Não informado.

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Categoria: B.

11. Algodão

Família: Malvaceae

Nome científico: Gossypium hirsutum L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e Amacis. Cama de

folha de Orixá.

Associada a folha da Aroeira e Alfazema, maceradas e cozidas em banhos de limpeza.

Outros empregos: O chá é usado para combater infecções uterinas.

Categoria: A, B, D, G.

12. Alomã / Ewé oro

Família: Asteraceae

Nome científico: Vernonia condensata Baker

Parte usada: Folhas

Restrição de uso: Não indicado

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do

Orixá Omolu.

Outros empregos: O chá é usado para combater cólicas intestinais, problemas de estomago,

fígado e dores de barriga.

Categoria: D

13. Amora

Família: Moraceae

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Nome científico: Morus nigra L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não indicado

Uso ritualístico: Utilizado em fundamentos para Eguns, sacudimento, limpeza do lar e

obrigação fúnebre.

Outros empregos: O chá é usado como regulador hormonal para menopausa e insônia.

Categoria: E, G, J.

14. Aroeira

Família: Anacardiaceae

Nome científico: Schinus terebinthifolius Raddi

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Colher antes do nascer do sol.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Iniciação, Amaci,

sacudimento, cama de folha e assentamento do Orixá Ogum.

Outros empregos: Não informado. Não indicado.

Categoria: A, B, H, E, G.

15. Arruda

Família: Rutaceae

Nome científico: Ruta graveolens L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não lavar a cabeça durante o banho e o chá possuí propriedades abortivas.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Chá para gargarejo contra infecções na boca.

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Categoria: B, D.

16. Artemísia

Família: Asteraceae

Nome científico: Artemisia absinthium L.

Parte usada de uso: Folha

Restrição de uso: Planta abortiva e tóxica, quantidade máxima de três xícaras de chá por dia.

(Lorenzi, 2002).

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento para

o Orixá Oxum e Iemanjá.

Outros empregos: Não informado. Não indicado.

Categoria: B, G.

17. Assa peixe

Família: Asteraceae

Nome científico: Vernonia brasiliana (L.) Druce

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não indicado

Uso ritualístico: Limpeza da casa em celebrações fúnebres.

Outros empregos: Usada na elaboração de xarope para gripe.

Categoria: D, J.

18. Aveloz / Gravetinho

Família: Euphorbiaceae

Nome científico: Euphorbia tirucali L.

Parte usada: Folha

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Restrição de uso: Planta tóxica

Uso ritualístico: Utiliza em assentamento para o Orixá Exu.

Outros empregos: Não informado. Não indicado.

Categoria: G.

19. Babosa

Família: Aloaceae

Nome científico: Aloe arborescens Mill.

Parte usada: Folha e Flor

Restrição de uso: Não indicado

Uso ritualístico:

Outros empregos: É usada a baba que há entre as folhas para o cabelo, faz –se banho de

assento para problemas de hemorróida, e o chá das flores é usado para combater pneumonia.

Categoria: D

20. Balai de velho, Balaim de velho e Balaio.

Família: Asteraceae

Nome científico: Centratherum sp.

Parte usada: Folha, raiz e flores.

Restrição: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, em assentamentos e

fundamentos.

Outros empregos: É utilizado o chá da raiz, das flores e das folhas para curar problemas

orgânicos.

Categoria: B, D, G.

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21. Bananeira Branca

Família: Musaceae

Nome científico: Musa sp.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Uso ritualístico:

Outros empregos: A folha é utilizada para enrolar a comida chamada de Acaçá.

Categoria: F.

22. Bete Cheiroso, Bete Macho e Abranda Mundo.

Família: Piperaceae

Nome científico: Piper arboreum Aubl.

Parte usada: Folha

Restrição: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento e

iniciação para todos os orixás.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G, H.

23. Bete Fêmea ou Pimenta de Macaco

Família: Piper aduncum L.

Nome científico: Piperaceae

Parte usada: Folha e fruto.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

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Uso ritualístico: A folha da planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Assentamento e iniciação para Iemanjá. Os frutos são utilizados em fundamentos.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G, H.

24. Boldo ou Tapete de Oxalá

Família: Lamiaceae

Nome científico: Plectranhtus barbatus Andrews

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria para banhos de limpeza e dor de cabeça,

assentamentos, fundamentos e iniciação de filhos de Oxalá.

Outros empregos: O chá é utilizado para combater problemas de fígado e estômago.

Categoria: B, D, G, H.

25. Boldo do Chile

Família: Lamiaceae

Nome científico: Plectranthus neochilus Schltr.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, cama de Orixá para

Nanã, Oxalá e Oxumaré.

Outros empregos: O chá é utilizado para combater problemas de fígado e estômago.

Categoria: B, G, H.

26. Bredo de Santo Antonio Pega Pinto ou Ewé Tipola

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Família: Nyctaginaceae

Nome científico: Boerhavia diffusa L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do

Orixá Ogum.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

27. Café

Família: Rubiaceae

Nome científico: Coffea arabica L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em cerimônias

fúnebres. Também utilizada em rituais para Ossanha.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G, H.

28. Cajá

Família: Anacardiaceae

Nome científico: Spondias mombin L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

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Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, entra em todos os

banhos, fundamentos e Amacís.

Outros empregos: Não informado

Categoria: A, B, G, H.

29. Cana de Exú

Família: Poaceae

Nome científico: Saccharum officinarum L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento e

Ebós para o Orixá Exu.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, J.

30. Cana do Brejo ou Canela de índio.

Família: Costaceae

Nome científico: Costus spicatus (Jacq.) Sw.

Parte usada: Folha, raiz, frutos e galhos.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, cama de folha para

Nanã, Oxumaré e Oxalá.

Utilizada no Amací do Candomblé de Jurema.

Outros empregos: O chá da folha combate problemas renais.

Categoria: A, B, D, H.

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31. Câncerosa

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos, é uma planta

tóxica.

Uso ritualístico: Planta utilizada em Ebós para o Orixá Omolu.

Outros empregos: Faz-se remédio para câncer.

Categoria:D, J.

32. Candeia Branca

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do

Orixá Oxalá e Exu.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

33. Canela

Família: Lauraceae

Nome científico: Cinnamomum zeylanicum Breyn.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

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Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, fundamentos,

Amaci e também é usada para forrar o chão em dias de festivos.

Outros empregos: O chá é muito apreciado usado para Problemas de estômago.

Categoria: A, B, D, G, I.

34. Canela de velho

Família: Melastomataceae

Nome científico: Miconia albicans Steud.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado. Não informado

Categoria: B.

35. Capeba

Família: Piperaceae

Nome científico: Pothomorphe umbellata (L.) Miq.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento,

iniciação e em cerimônias fúnebres.

Outros empregos: Não informado. Não informado

Categoria: B, G, H, J.

36. Carambola

Família: Oxalidaceae

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Nome científico: Averrhoa carambola L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e cerimônias.

Outros empregos: Chá utilizado para problemas renais.

Categoria: B, J.

37. Carrapicho ou Carrapicho Rasteiro

Família: Asteraceae

Nome científico: Bidens pilosa L.

Parte usada: Folha, raiz e flor.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do

Orixá Omolu.

Outros empregos: Chá é utilizado para dar banhos em crianças com icterícia e para combater

infecções uterinas.

Categoria: B, D.

38. Chega até mim

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de atração.

Outros empregos: Não informado.

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Categoria: B.

39. Colônia

Família: Zingiberaceae

Nome científico: Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm.

Parte usada: Folha, raiz e flor.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, Amací e iniciação.

Cama de folha para o Orixá Oxum. Assentamento dos Orixás Oxalá e Nanã.

Outros empregos: O chá da raiz e folhas é usado para problemas renais, como tônico cardíaco

e calmante. O chá das flores é usado para diabetes.

Categoria: A, B, D, G, H.

40. Comigo ninguém pode

Família: Araceae

Nome científico: Dieffenbachia amoena Hort. Ex Gentil

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Pode causar irritação na pele, coletar antes do nascer do sol, quando usada

para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

41. Corredeira branca

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

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Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento de

Omolu.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

42. Cravo da Índia

Família: Myrtaceae

Nome científico: Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M.Perry

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, defumador, cama

de folha para Orixá Omolu.

Outros empregos: Chá utilizado para cólicas menstruais e para diminuir o fluxo da

menstruação.

Categoria: B, C, D, H.

43. Dandá d' terra

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Raiz

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Fundamento usando a batata ralada para o Orixá xangô.

Outros empregos: Não informado

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Categoria: G

44. Dandá d' água

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Raiz

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Fundamento e banho usando a batata ralada para o Orixá Oxalá.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

45. Dama da noite

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banha de atração.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

46. Dendê

Família: Arecaceae

Nome científico: Elaeis guineensis Jacq.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não indicado.

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Uso ritualístico: As folhas são utilizadas para decorar a casa nos dias festivos. O azeite é

apreciado no preparo de alguns pratos, podendo ou não ser usado de acordo com o Orixá.

Outros empregos: Não informado

Categoria: F, I.

47. Embaúba ou Pau Pólvora

Família: Cecropiaceae

Nome científico: Cecropia peltata Trecúl

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banha de limpeza, assentamento para os

Orixás Xangô e Obá.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

48. Erva Doce

Família: Apiaceae

Nome científico: Foeniculum vulgare Mill.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Defumador

Outros empregos: O chá é utilizado como calmante.

Categoria: C, D

49. Erva Cidreira

Família: Verbenaceae

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Nome científico: Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Ex Britton & P.Wilson

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Amaci.

Outros empregos: O chá é utilizado como calmante e alívio em problemas cardíacos,

combater gripe e o mal-estar.

Categoria: A, D.

50. Erva Tostão

Família: Nyctaginaceae

Nome científico: Boerhavia diffusa L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Amaci

Outros empregos: Não informado

Categoria: A.

51. Erva Vintém

Família: Caryophyllaceae

Nome científico: Drymaria cordata (L.) Roem. & Schult.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento e

Ebós ao Orixá Xangô.

Outros empregos: Não informado

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Categoria: B, G, J.

52. Espada de São Jorge

Família: Dracaenaceae

Nome científico: Sansevieria trifasciata Hort. Ex Prain

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Sacudimento

Outros empregos: Não informado

Categoria: E

53. Ewe sere

Família: Apocynaceae

Nome científico: Alamanda puberula A.DC.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento para o

Orixá Xangô.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

54. Folha da Fortuna

Família: Crassulaceae

Nome científico: Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

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Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, enfeitar comidas de

Orixá, cama de folha para os Orixás Xangô e Oxalá, assentamento dos Orixás Ifá e Exu, em

Amaci e Iniciação.

Outros empregos: Não informado

Categoria: A, B, F, G, H.

55. Fumo ou Tabaco

Família: Solanaceae

Nome científico: Nicotiana tabacum L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

O uso indicado como presente no culto a Jurema.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

56. Gameleira

Família: Moraceae

Nome científico: Ficus doliaria Mart.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Amaci e em assentamento. É considerada uma folha sagrada do Orixá Iroko.

Outros empregos: Não informado

Categoria: A, G.

57. Graviola

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Família: Annonaceae

Nome científico: Annona muricata L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Utilizada para preparar cama de folha, para o Orixá Iroko.

Outros empregos: Não informado

Categoria: H.

58. Guaco

Família: Asteraceae

Nome científico: Mikania glomerata Spreng.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Planta utilizada para preparar cama de folha.

Outros empregos: O chá para combater gripe e problemas respiratórios.

Categoria: D, H.

59. Guiné ou Tipi

Família: Phytolaccaceae

Nome científico: Petiveria amboinicus

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

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60. Hortelã da folha graúda ou Hortelã da folha grossa

Família: Lamiaceae

Nome científico: Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Não informado

Outros empregos: O chá é utilizado para combater gripe, resfriados. É indicado para ser

utilizado junto ao mel, como um xarope.

Categoria: D.

61. Inhame

Família: Apocynaceae

Nome científico: Peltaste isthmicus Woodson

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Planta utilizada para cama de folha do Orixá Ogum.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: H.

62. Insulina

Família: Vitaceae

Nome científico: Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis

Parte usada: Folha e gavinha.

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Não informado.

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Outros empregos: Chá é utilizado para problemas de diabete

Categoria: D.

63. Iroko

Família: Moraceae

Nome científico: Chlorophora excelsa Benth. & Hook. F.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta utilizada para decoração e como cama de folha para o Orixá Iroko.

Outros empregos: Não informado

Categoria: H, I.

64. Jaborandi, Falso Jaborandi ou Pimenta de Macaco

Família: Piperaceae

Nome científico: Piper tuberculatum Jacq.

Parte usada: Folha e flor.

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e para assentamento

do Orixá e Oxossi.

Outros empregos: A planta macerada com água fria é utilizada para os cabelos.

Categoria: D, B, G.

65. Jambo

Família: Planta não identificada.

Nome científico: Planta não identificada

Parte usada: Folha

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Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Planta utilizada para fundamentos de Orixá.

Outros empregos: Não informado

Categoria: G.

66. Jaqueira

Família: Moraceae

Nome científico: Artocarpus integrifolius L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Planta utilizada para fundamentos e assentamento dos Orixás Iroko e Exu.

Outros empregos: Não informado

Categoria: G.

67. Jatobá

Família: Caesalpinaceae

Nome científico: Hymenae courbaril L.

Parte usada: Folha e fruto

Restrição de uso: Coletar as folhas antes do nascer do sol.

Uso ritualístico: O fruto da planta é utilizado em fundamentos para o Orixá Xangô.

Outros empregos: O chá e o fruto são indicados para problemas de anemia.

Categoria: D, G.

68. Jenipapo

Família: Rubiaceae

Nome científico: Genipa americana L.

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Parte usada: Folha e fruto

Restrição de uso:

Uso ritualístico: A folhas da planta é utilizada em fundamentos do Orixá Omolu.

Outros empregos: O fruto associado com mel é indicado para combater anemia, quando

usado pela manha em jejum. O fruto é muito apreciado na culinária como doce.

Categoria: D, F, G.

69. João Barandi ou Pimenta de Macaco

Família: Piperaceae

Nome científico: Piper aromaticum Willd.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta cozida em água, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

70. Jucá ou Pau Ferro

Família: Leguminosaceae

Nome científico: Caesalpinia ferrea Mart.

Parte usada: Folha e casca.

Restrição de uso: Coletar as folhas antes do nascer do sol.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza destinados ao Orixá

Ogum.

Outros empregos: O chá da casca é utilizado para diabetes.

Categoria: B, D.

Page 61: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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71. Jurema Branca

Família: Mimosaceae

Nome científico: Mimosa sp.

Parte usada: Casca

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol.

Uso ritualístico: A casca da planta é utilizada para elaborar bebida sagrada utilizada no

Candomblé de Caboclo.

Outros empregos: Não informado

Categoria: D, J.

72. Jurema Preta

Família: Mimosaceae

Nome científico: Mimosa hostilis Benth.

Parte usada: Casca e entre casca e raiz

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol.

Uso ritualístico: A casca da planta é utilizada para elaborar bebida sagrada utilizada no

Candomblé de Caboclo.

A folha é utilizada no Amaci do Catimbó Jurema.

Outros empregos: Planta ornamental. A entrecasca é utilizada para aliviar dor de dente, e

para elaborar beberagem de propriedades curativas chamada "Jurema".

Categoria: A, D, I, J.

73. Laranjeira

Família: Rutaceae

Nome científico: Citrus sinensis Osbeck

Page 62: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Parte usada: Flor

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Flor da planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B.

74. Liamba

Família: Verbenaceae

Nome científico: Vitex agnus-castus L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de atração.

Outros empregos: A folha da planta é utilizada na elaboração da beberagem "Jurema".

Categoria: B, D.

75. Lírio Branco

Família: Zingiberaceae

Nome científico: Hedychium coronarium J. Koenig

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza destinado ao Orixá

Oxalá. Cama de folha do Orixá Oxalá.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, H.

76. Lobeira

Page 63: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Família: Solanaceae

Nome científico: Solanum lycocarpum A. St. Hil.

Parte usada: Folha, flor, raiz e fruto.

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta utilizada em assentamento para o Orixá Exu.

Outros empregos: O chá da folha é utilizado para fazer banho de assento para hemorróida. O

fruto cozido é utilizado para diabete e o chá da flor para resfriado.

Categoria: D, G.

77. Louquinho miúdo ou loquinho

Família: Plumbaginaceae

Nome científico: Plumbago scadens L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Assentamento do Orixá Exu.

Outros empregos: Não informado

Categoria: G.

78. Louro

Família: Lauraceae

Nome científico: Laurus nobilis L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Cama de folha o

Orixá Iansã.

Page 64: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Outros empregos: O chá da folha é utilizado para dores de cabeça. As folhas são usadas na

culinária como tempero.

Categoria: B, D, H.

79. Malva, Malva Cheirosa ou Malva Rosa

Família: Geraniaceae

Nome científico: Geranium moschatum Burn. F.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e atração. Amaci.

Outros empregos: O chá é utilizado para gripes e para infecções uterinas.

Esta planta também é utilizada no culto Catimbó-Jurema.

Categoria: A, B, D.

80. Mamona

Família: Euphorbiaceae

Nome científico: Ricinus communis L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: As folhas são utilizadas para enrolar acaçá do Orixá Exu.

Outros empregos: Não informado

Categoria: F.

81. Manacá

Família: Solanaceae

Nome científico: Brunfelsia uniflora (Pohl) D. Don

Page 65: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Parte usada: Folha e flor.

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

82. Mangueira Espada

Família: Anacardiaceae

Nome científico: Mangifera indica L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Amací,

sacudimento e cama de folha para o Orixá Ogum.

Outros empregos: Não informado

Categoria: A, B, E, H.

83. Manjericão miúdo

Família: Lamiaceae

Nome científico: Ocimum basilicum L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: O chá é utilizado para gripe e pode ser associado com alfavaca, às folhas

também são usadas como tempero.

Categoria: B, D, F.

Page 66: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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84. Maracujá

Família: Passifloraceae

Nome científico: Passiflora edulis Sims.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

85. Maracujá selvagem ou Ewe dan

Família: Passifloraceae

Nome científico: Passiflora sp.

Parte usada: Folha e galhos.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banho destinado ao Orixá Oxumaré.

Ebós e assentamentos.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G, J.

86. Mata piolho

Família: Flacourtiaceae

Nome científico: Carpotroche brasiliensis Endl.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Page 67: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos destinados ao Orixá

Omolu.Assentamento

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

87. Melão de São Caetano

Família: Cucurbitaceae

Nome científico: Mormodica charantia L.

Origem:

Parte usada: Folha e galho.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.

Categoria: B, D.

88. Melissa, Ewe Cerim ou Folha de Ifá

Família: Lamiaceae

Nome científico: Melissa officinalis L.

Parte usada: Folha, flor e galho.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Assentamento.

Outros empregos: O chá é utilizado para problemas cardíacos.

Categoria: B, D, G.

89. Obí ou Noz de Cola

Família: Sterculiaceae

Page 68: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Nome científico: Cola acuminata Schott Endl.

Parte usada: Folha e fruto.

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: As sementes possui propriedades curativas, acreditam que elas sejam

rejuvenescedoras. O fruto é utilizado em todos os rituais para os Orixás.

Outros empregos: As folhas são maceradas com água fria, para diminuir queda de cabelo.

Categoria: A, D, G, H, I, J.

90. Obò ou Odán

Família: Apocynaceae

Nome científico: Peltastes isthmicus Woodson.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, cama de folha e

para os Orixás Xangô e Oxum, utilizada em Ebós para chamar dinheiro, associada ao Acóco.

Enfeitar pratos de oferenda. Assentamento do Orixá Xangô.

Outros empregos: .

Categoria: B, F, G, H, I, J.

91. Oiti

Família: Chrysobalanaceae

Nome científico: Licania tomentosa Kuntze

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

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Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos destinados ao Candomblé de

Caboclo.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B.

92. Onda do mar

Família: Não identificada.

Nome científico: Não identificada.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em assentamento

do Orixá Iemanjá.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B, G.

93. Oripepe

Família: Asteraceae

Nome científico: Melampodium divaricatum DC.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do

Orixá Oxum.

Outros empregos: relatado que a planta possui propriedades anestésicas.

Categoria: B, D.

94. Pacthuli

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Família: Lamiaceae

Nome científico: Pogostemon cablin Benth.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, atração e

assentamento do Orixá Oxum.

Outros empregos: A planta macerada com água libera forte aroma, que é utilizado como

aromatizante de roupas.

Categoria: B, G.

95. Pararraio

Família: Caprifoliaceae

Nome científico: Melia azedarach L. Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Não indicado.

Uso ritualístico: Amací do Orixá Iansã.

Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.

Categoria: A

96. Pé de perdiz

Família: Euphorbiaceae

Nome científico: Croton perdicipes A. St. Hill.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Amací do Orixá Iansã.

Page 71: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.

Categoria: A

97. Piqui ou Pequi

Família: Caryocaraceae

Nome científico: Caryocar brasiliense St.Hil

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Sacudimento e assentamento do Orixá Exu.

Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.

Categoria: B, E, F, G.

98. Peregum amarelo

Família: Dracaenaceae

Nome científico: Dracaena fragans Ker Gawl.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Cama de folha para o Orixá Oxumaré.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: H.

99. Peregum, Pau D' água, Peperegum ou Peregum Branco

Família: Dracaenaceae

Nome científico: Dracaena sp.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Não informado.

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Uso ritualístico: Cama de folha para o Orixá Oxalá, sacudimento, a folha da planta macerada

com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do Orixá Oxossi e Ogum. Utilizada

em Ebós e como ornamental para proteção do terreiro.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B, E, G, H, I, J.

100. Peregum vermelho, Peperegum roxo ou Peregum roxo

Família: Liliaceae

Nome científico: Cordyline terminalis (L.) Kunth

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Usada para

sacudimento. Banhos para Egum. Utilizada como ornamental para proteção do terreiro, para

fazer cama ou esteira de Orixá.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B, E, G, H, I.

101. Pindaíba ou Lelecum

Família: Annonaceae

Nome científico:Xylopia aromatica Mart.

Parte usada: Folha e sementes.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: A folha e o pó da semente é utilizado em assentamento.

Outros empregos: Utilizada como tempero.

Categoria: F, G.

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102. Pinhão roxo ou Pião roxo

Família: Euphorbiaceae

Nome científico:Jatropha gossypiifolia L.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos. Planta tóxica não

pode ser ingerida.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em assentamento

do Orixá Ogum e Exu. Amaci.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: A, B, G.

103. Pitanga

Família: Myrtaceae

Nome científico:Eugenia uniflora L.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Amací. Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: A, B.

104. Quaresmeira

Família: Melastomataceae

Nome científico: Tibouchina granulosa Cogn. Ex Britton

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Não informado.

Page 74: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Uso ritualístico: Cama de folha do Orixá Omolu e Nanã.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: H.

105. Romã

Família: Punicaceae

Nome científico:Punica granatum L.

Parte usada: Folha e fruto

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Cama de folha para o Orixá Oxalá e Oxum.

Outros empregos: O chá da casca do fruto é utilizado para inflamação na garganta, e contra

gripe. A poupa que envolve a semente é utilizada para anemia.

Categoria: D, H.

106. Rosa Branca

Família: Rosaceae

Nome científico: Rosa alba L. .

Parte usada: Flor.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Flores da planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: O chá das flores pode ser tomado como calmante.

Categoria: B, D.

107. Sabugueiro

Família: Caprifoliaceae

Nome científico: Sambucus australis Cham. & Schltdl.

Page 75: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Amací. Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Assentamento.

Outros empregos: O chá é recomendado para gripe, resfriado, febre e sarampo. Também

utilizar a planta macerada para cabelos, catapora.

Categoria: A, B, D, G.

108. Saião

Família: Crassulaceae

Nome científico:Kalanchoe brasiliensis Camb.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Chá é recomendado para cicatrização.

Categoria: B, D.

109. São Gonsalinho

Família: Flacourtiaceae

Nome científico:Casearia sylvestris Sw.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em fundamentos.

Outros empregos: As folhas cozidas são recomendadas para deixar o cabelo liso.

Categoria: B, D, G.

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76

110. São gonsalino

Família: Anacardiaceae

Nome científico: Astronium fraxinifolium Schott

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em assentamento

de Ogum e Oxossi.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B, G.

111. Terramicina/ Penicilina vegetal /

Ewe lebo

Família: Amaranthaceae

Nome científico: Alternanthera dentata (Moench) Stuchlik

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos. Restrição de uso:

Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento para o

Orixá Oxum.

Outros empregos: Chá é recomendado para infecção por possuir propriedades

antiinflamatórias.

Categoria: B, D, G.

112. Timbó

Família: Sapindaceae

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Nome científico: Serjania lethalis A.St.-Hil.

Parte usada: Folha, flor, fruto, galho, raiz.

Restrição de uso: Planta tóxica, não pode ser ingerida.

Uso ritualístico: Planta utilizada em Ebós.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: J.

113. Trombeta

Família: Bignoniaceae

Nome científico: Tecoma stans (L.) H.B. & K.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em cama de folha

para os Orixás Oxossi e Oxum.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B, H.

114. Urucum

Família: Bixaceae

Nome científico:Bixa orellana L.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Assentamento e

fundamento do Orixá Exu.

Outros empregos: O fruto é utilizado como tempero.

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Categoria: B, F, G.

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CONCLUSÃO

Foram estudadas 114 plantas, sendo 102 identificadas e 12 indeterminadas,

pertencentes a 50 famílias botânicas, utilizadas em cinco casas de santo, distribuídas no

Distrito Federal e Entorno. Isso demonstra uma grande diversidade de conhecimento e usos

de plantas. Dentre as famílias botânicas, Lamiaceae, por suas propriedades aromáticas e seu

fácil cultivo, foi a mais representativa, com 10 espécies registradas.

Os vegetais utilizados foram enquadrados nas seguintes categorias de uso: amaci,

banho, defumador, medicinal, sacudimento, culinária, assentamento, iniciação, ornamental,

ebós e cerimônias, sendo que a categoria com maior número de indicação foi “Banhos”, na

qual o uso dos vegetais para banhos de limpeza é muito difundido, por ser de fácil

manipulação e podendo ser freqüentemente usado.

A maior parte das espécies são exóticas cultivadas, sendo que grande parte destas

foram trazidas pelos negros, isso demonstrando que os aspectos tradicionais da cultura afro

nos cultos de matriz africana, vem conservando estas espécies, fortalecendo o processo da

transmissão do conhecimento e, conseqüentemente, garantindo a importância das plantas nos

cultos.

A utilização de espécies nativas do bioma Cerrado reflete uma adaptação ou inclusão

destas plantas nos cultos afro-brasileiros no DF e entorno, demonstrando a substituição de

determinados recursos vegetais exóticos não disponíveis, por plantas nativas, o que pode

estar determinando a constituição de um vínculo entre os cultos e o bioma, gerando novos

conhecimentos e novas práticas. As plantas empregadas nos cultos são fundamentais e

possuem um valor sagrado, sendo a elas dadas o título de possuidoras de energia (Axé)

necessária para toda a variedade de trabalhos dentro dos cultos.

Page 80: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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GLOSSÁRIO DE NOMES OU TERMOS AFRO-BRASILEIROS

A

Acaçá – bolinho de amido embrulhado em folha de bananeira Akokô ou Acóco – Planta usada na coroação de reis e sagração de sacerdotes de alta hierarquia. Aroni – duende de uma perna só que habita a floresta e conhece o uso das ervas. Angola - Culto afro-brasileiro de origem banto. Ariaxé - banho ritual realizada no período iniciático. Abô - preparado feito com folhas sagradas maceradas em água, visa conferir proteção. Assentamento - objetos, símbolos e de elementos da natureza que representam o orixá e onde está assentada sua força dinâmica, ficando depositados em locais apropriados no terreiro. Axé - força mágica, dinâmica e vitalizadora dos orixás; local sagrado; fundamento terreiro, força vital que transforma o mundo. B Babaojê - sacerdote do culto aos Eguns. Babalaô - Sacerdote de Ifá Babalorixá - Chefe do terreiro, o mesmo que Pai de Santo. Bori – sacrifício à cabeça; primeiro rito de iniciação no candomblé. C Caboclos - Espíritos cultuados nos candomblés de caboclo, Catimbós, Umbanda, e outros de influência ameríndia representam indígenas brasileiros que alcançaram uma certa posição espiritual. Casa de santo - Equivalente a terreiro ou casa de candomblé Catimbó - Culto afro-brasileiro de influência indígena Comida de santo - Alimentos votivos preparados especialmente para os Orixás. D Despacho - Oferenda aos Orixás. E Ebós – Sacrifício, oferenda, despacho.Ver despacho. Egum - Espírito de morto; ancestral. Exu – orixá mensageiro; dono das encruzilhadas e guardião da porta de entrada da casa; sempre o primeiro ser homenageado. Euê ou Ewé – Folha Eua ou Yèwá – orixá das fontes; dona dos cemitérios.

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85

F Feitura - Iniciação ao culto. Filhos de santo - iniciados a religião Fundamentos - Aspectos e mecanismos secretos, ou seja, revelados somente aos iniciados, de manipulação e interação com os Orixás. G Gira - Roda ritual formada pelos filhos de santo, com cânticos e danças. Guia - Colar feito com contas ou miçangas; entidade protetora. I Iansã – outro nome para Oiá; literalmente, a mãe dos novos filhos. Iemanjá – orixá do rio Nigér, dona das águas; senhora do mar, a mãe dos Orixás. Iroco – árvore africana sagrada, onde mora Oro, o espírito da floresta; no Brasil, gameleira, cultuada como orixá nos antigos candomblés. Iaô - mesmo que filho de santo. Ilé - referência ao espaço ritual; terreiro; casa. J Jejê - Culto afro-brasileiro com fortes elementos dos povos ewe e fon. L Logum Edé – orixá da caça e da pesca. M Matança - sacrifício ritual de animais N Nação - referencia aos grupos provenientes da mesma etnia africana, ou do mesmo grupo étnico. Nanã – orixá do fundo dos lagos, dona da lama com que Obatalá modelou o homem. O Orixá - Divindade Yorubá. Obá – orixá do rio Obá. Ogum – orixá da metarlugia, da agricultura e da guerra. Oiá ou Oya – orixá dos ventos, do raio, da tempestade, dona dos eguns; Olocum – orixá das mares, no Brasil uma qualidade de Iemanjá.

Page 86: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

86

Omolu - outro nome para Obaluaê Ossaim – orixá das folhas. Orixá das curas Oxalá – grande orixá, orixá da criação. Oxossi – orixá da caça. Oxu – orixá da lua. Oxum – orixá do rio Oxum; deusa das águas doces, do ouro, da beleza e da vaidade; Oxumaré – orixá do arco íris. S Sacudimento - Ritual que objetiva limpar as pessoas e lugares de energias negativas Sassanha - ritual de sacralização das folhas.

S

Yalorixá - Equivalente feminino a Babalorixá.

X

Xangô – orixá do trovão e da justiça.

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87

APÊNDICE - A – ANUÊNCIA PREVIA

Brasília, ____ de _____________ de 2006.

Ao: Senhor (a).......................................................................................

“Anuência Prévia”

Em referência ao capítulo V da Medida Provisória (MP) 2.186-16, que trata do Acesso e da Remessa ao patrimônio genético brasileiro e ao conhecimento tradicional associado.

De acordo com as recomendações escritas na MP, solicitamos a autorização para realização de estudo etnobotânico em sua casa de culto Afro-brasileiro. Este estudo faz parte do projeto de pesquisa “O uso tradicional de plantas nos cultos afro-brasileiros no DF e Entorno”.

Projeto que será desenvolvido com intuito ampliar o conhecimento acadêmico e expandir a necessidade de compreender como o ser humano se relaciona com os recursos vegetais. Este projeto será levado para a defesa da Monografia na FTB – Faculdade da Terra de Brasília no curso de graduação em Ciências Biológicas.

O projeto tem como objetivos:

- Desenvolver trabalho em equipe promovendo intercâmbio entre os saberes; - Identificar informantes locais e realizar entrevistas semi-estruturadas entre os membros da comunidade; - Realizar coleta de material botânico para identificação das plantas presentes na área do terreiro; - Depositar o material no herbário da Universidade de Brasília (UB); - Identificar espécies utilizadas nos cultos; - Realizar restituição da informação elaborando um relatório em forma para o uso e conhecimento dos praticantes sobre as espécies estudadas.

_______________________________________

Nome do informante

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIOS

LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS NOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS NO

DISTRITO FEDERAL E ENTORNO.

QUESTIONÁRIO ETNOBOTÂNICO: A - DADOS DO INFORMANTE: 1. Nome: ________________________________________________________________________ 2. Idade/ Sexo: _______________________________________________________________________ 3. Origem/ Histórico Pessoal: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 4. Escolaridade: ________________________________________________________________________ 5. Ocupação/ Atividade ou profissão: ________________________________________________________________________ 6. Localidade/ Povoada/ Comunidade: ________________________________________________________________________ 7. Município/ Região administrativa: ________________________________________________________________________ 8. Tempo em que vive na área: ________________________________________________________________________ 9. Numero de pessoas que vivem na área: ________________________________________________________________________ 10. Tem Quintal? Tamanho +/-? ________________________________________________________________________ 11. Quem cuida do quintal? Homem, mulher ou os dois? ________________________________________________________________________ 12. Como adquiriu conhecimento sobre o uso das plantas? ________________________________________________________________________

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89

13. As plantas que não possui em sua área, como as consegue? ________________________________________________________________________ 14. Qual a importância pessoal e religiosa para o uso das plantas? ________________________________________________________________________ B - DADOS DAS PLANTAS 1- Nome do informante ________________________________________________________________________ 2- Nome da Plantas ________________________________________________________________________ 3- Conhece alguma estória sobre a planta? ________________________________________________________________________ 4- Planta de Cerrado? ( ) Sim ( ) Não 5-Qual parte da plantas é utilizada? ( )Raiz ( ) Galhos ( ) Folhas ( ) Flores ou “Sementes” ( ) Fruto 6- Qual (is) uso (s) da planta? ( ) Amaci ( ) Banho ( ) Defumador ( ) Medicinal ( ) Sacudimento ( ) Culinária ( ) Assentamento ( ) Iniciação ( ) Ornamental Outros:__________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7- Associado a outras plantas? ( ) Sim ( ) Não Quais:___________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8- Alguma contra indicação? ________________________________________________________________________ 9- Qual a procedência da planta? ( ) Cultivada ( ) Nativa Outras:______________________________________ 10- Alguma restrição para coleta? ( ) Sim ( ) Não

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90

Qual:_______________________________________ 11- Há algum produto elaborado com esta planta? ( ) Xarope ( ) Pomada ( )Garrafada ou bebida ( ) Chá Outros:__________________________________________________________________ 12- O informante conhece a planta em seu ambiente natural? ( ) Sim ( ) Não

Data de visita: ____/____/_________

Page 91: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

91

C- LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS, NOS CU LTOS AFRO-

BRASILEIROS NO DISTRITO FEDERAL E ENTORNO.

Ficha de registro do material coletado e identificado: 1.0 -

• Coletor:

• Área de coleta do material:

• Data e Local de Coleta:

1.1 - • Nome popular: Qual uso?

• Nome científico:

• Família:

• Obs.: 1.2 –

• Características botânicas: Exudação? Caule: Folhas: Flores: Frutos:

Page 92: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

92

vegetal: Nativa em qual região e bioma?

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ANEXO I – OSSAIM O ORIXÁ DAS FOLHAS

Ossain recusa-se a cortar as ervas miraculosas

Ossain era o nome de um escravo que foi vendido a Orunmilá.

Um dia ele foi à floresta e lá conheceu Aroni,

que sabia tudo sobre as plantas.

Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo de Ossaim

e ensinou-lhe todo o segredo das ervas.

Um dia, Orunmilá, desejoso de fazer uma grande plantação,

ordenou a Ossain

que roçasse o mato de suas terras.

Diante de uma planta que curava dores,

Ossain exclamava:

“Esta não pode ser cortada, é a erva que cura as dores”.

Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia:

“Esta estanca sangue, não deve ser cortada”.

Em frente de uma que curava a febre, dizia:

“esta também não, por que refresca o corpo”.

E assim por diante.

Orunmilá, que era um Babalaô muito procurado por doentes, interessou-se então pelo

poder curativo das plantas e ordenou que Ossaim ficasse junto dele nos momentos de

consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas.

E assim Ossaim ajudava Orunmilá a receitar e acabou sendo conhecido como o grande

médico que é (Prandi, 2001).

Page 94: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

FACULDADES INTEGRADAS DA TERRA DE BRASÍLIA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno.

Jonathan Vieira Novais

Recanto das Emas 2006.

Page 95: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB Curso de Ciências Biológicas

Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno.

Jonathan Vieira Novais

Monografia de Conclusão de Curso, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas.

Recanto das Emas 2006

Page 96: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

Trabalho realizado junto à coordenação de Ciências Biológicas das Faculdades Integradas da Terra de Brasília. Sob a orientação da Professora MsC. Renata Corrêa Martins. Aprovado por:

_____________________________________________

MsC. Renata Corrêa Martins

Universidade de Brasília – UNB / Jardim Botânico de Brasília

Orientadora e Presidente da Banca

_____________________________________________

Professor MSc. Alberto Jorge da Rocha Silva

Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB

Co - Orientador

_____________________________________________

Prof.ª Dra. Kátia Regina Ferraz Vicentini

Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB

Membro titular da Banca

Page 97: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

A todos os tripulantes da oikos nave Terra,

em especial aos divinos e completos vegetais,

aos ancestrais,

a todos belos irmãos inorgânicos...

Page 98: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

AGRADECIMENTOS

Seria impossível agradecer somente a uma pessoa, começo então dizendo que não há

nada melhor do que acordar com alguém que participe arduamente com você de todos os

episódios das vivências terrenas, e este trabalho realmente ensinou-me o valor do

companheirismo, então digo um obrigado especial a minha linda esposa Cláudia e ao filhote

Christian.

Meus amorosos, apoiadores e sonhadores pais Imaculada e Juarez, ao meu sogro

Mario e sogra Eni, pelo carinho e sobre tudo a confiança em mim depositada. As minhas

irmãs Dolores e Danielle.

A faculdade, digo aos grandes empresários do ensino, por favor, façam algo para

melhorar o ensino deste país, se empenhem mais, em ajudar estas pequenas moléculas de

carbono que somos os sonhadores homens.

Deixo aqui meus votos de amizade a todos os companheiros de sala e professores do

curso, adorei trocar tantas experiências com vocês, estes anos foram sementes, e a colheita

está por vir.

Deixo meus votos de agradecimento e felicidade aos orientadores Renata Martins e

Alberto Silva que foram ativos em me oferecer à sabedoria que já possuem, compartilhando

comigo o tempo, que muitas vezes acredito eu, se absteram de exercer outras atividades. A

querida Carolyn Proença por dispor o seu sempre requisitado tempo para me esclarecer e

proporcionar um pouco da luz do seu conhecimento e professora Kátia Vicentini pela

referência e o bom exemplo, obrigado por participar da banca.

Finalizo, agradecendo a todos os entrevistados, estes me proporcionaram momentos

de grande aprendizado ao lado deles e sem eles não teria construído todo este trabalho,

aprendi com eles a agradecer dizendo assim: “Que Olorum e todos Orixás abençoe, todos

vocês e que a felicidade inunde o coração de todos”.

Page 99: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

SUMÁRIO

RESUMO ..................................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8

OBJETIVOS .............................................................................................................. 12

MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 13

RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 17

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 79

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO: ........................ ............................................ 80

GLOSSÁRIO DE NOMES OU TERMOS AFRO-BRASILEIROS ................................................................ 84

APÊNDICE - A – ANUÊNCIA PREVIA ....................................................................................................... 87

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIOS ............................................................................................................... 88

C- LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS, NOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS NO

DISTRITO FEDERAL E ENTORNO. ............................................................................................................. 91

ANEXO I – OSSAIM O ORIXÁ DAS FOLHAS ........................................................................................... 93

Page 100: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

RESUMO

O conhecimento tradicional das culturas de origem africana, possui num contexto uma

valorização direta aos vegetais e este conhecimento pode ser evidenciado pela pesquisa

etnobotânica. Este estudo foi conduzido no Distrito Federal e Entorno. O levantamento

etnobotânico teve como alvo os sacerdotes das casas de santo (Candomblé). Foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas, com o uso de questionários, buscando informações sobre os

empregos dados as plantas, voltando a entrevita para quais plantas são utilizadas e suas

indicações de uso. Observou-se que as espécies vegetais são em sua maioria exóticas ao

bioma Cerrado. O emprego de espécies nativas do Cerrado reflete que houve a adaptação ou

a inclusão destas plantas nos cultos afro brasileiros no DF e entorno. Evidenciou-se

considerável utilização dos vegetais. Os usos foram categorizados em dez formas distintas de

aplicação, são elas: amaci, banho, defumador, sacudimento, culinária, assentamento,

iniciação e ornamental. As partes vegetais utilizadas são; folhas, frutos, flores e raízes,

predominando o uso das folhas. A categoria com maior citação foram banhos. Foram citados

114 espécies, 88 gêneros e 50 famílias, sendo 102 indentificadas e 12 indetermindas. Com

este estudo pode se perceber a necessidade de se ampliar às pesquisas nos cultos de matriz

africana principalmente nas casas de santo presentes nas regiões, onde o bioma cerrado é a

vegetação nativa.

Palavras-chave: etnobotânica, uso tradicional, cerrado, cultos afro-brasileiros.

Page 101: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

8

INTRODUÇÃO

O termo Etnobiologia é relativamente recente. Essa terminologia surgiu como um

braço da etnociência que vem ganhando impulso nestes últimos anos com o aumento dos

trabalhos publicados, e a necessidade de se conhecer como os homens lidam com os

recursos naturais tradicionalmente.

Segundo Posey (1987), entende-se etnobiologia como sendo o estudo do

conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito da

biodiversidade e do meio ambiente; em outras palavras, é o estudo do papel da natureza

no sistema de crenças e de adaptação do homem a determinados ambientes. Neste sentido,

a Etnobiologia relaciona-se com a ecologia humana, mas enfatiza as categorias e

conceitos cognitivos utilizados pelos povos em estudo (Posey, 1987).

Partindo então da visão compartimentada da ciência sobre o mundo natural, surge

o termo "Etnobotânica", citado pela primeira vez por Harshberger em 1895 (Amorozo,

1996). Em etnobotânica, são analisadas as relações entre os seres humanos e os vegetais,

procurando responder questões como: quais plantas são conhecidas, quais plantas estão

disponíveis, quais plantas são reconhecidas como recursos, como o conhecimento

etnobotânico tradicional está distribuído na população, como os indivíduos diferenciam e

classificam a vegetação, como esta é utilizada e manejada e quais os benefícios derivados

das plantas (Alcorn, 1995).

Atualmente o aproveitamento botânico feito pelas diversas culturas vem sendo

amplamente pesquisado, despertando interesses de vários segmentos da comunidade

científica; toda essa necessidade baseia-se no fato de que o conhecimento tradicional

possui, em seu contexto prático, uma base eficiente e de grande sucesso para os muitos

fins que as plantas são destinadas.

Page 102: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

9

A utilização dos recursos oriundos da biodiversidade e a produção de

conhecimento sobre eles não é privilégio exclusivo de nenhum grupo social ou cultural.

Os dados da Organização Mundial da Saúde destacam que, em decorrência da pobreza e

da falta de acesso à medicina moderna, 65 – 80 % da população mundial que vive em

países em desenvolvimento, depende essencialmente das plantas para o cuidado primário

à saúde (Vasconcellos, 2003).

Os vegetais possuem valores de extrema abrangência no contexto de seu uso. Das

diversas culturas que utilizam as plantas para tratamentos terapêuticos, ritualísticos,

alimentares, decorativos, aromáticos e dentre outros, incluem-se as religiões de matriz

africana.

Os usos litúrgicos, mitológicos e ritualísticos das plantas dentro dos cultos afro–

brasileiros estão presentes fortemente dentro de sua essência, ou seja, no que tange a

aspectos básicos do conhecimento, aquilo que é tido pelos praticantes como fundamentos

tradicionais da religião, as plantas manifestam-se como sendo a base para todo o culto

religioso.

Acredita-se que em média, mais de quatro milhões de africanos foram obrigados a

cruzar o oceano, amontoados nos porões infectos e sufocantes dos navios negreiros, em

direção a uma vida desumana de escravidão no chamado ‘novo mundo’. Este número

estima-se que seja equivalente à cerca de 40% do contingente de negros que

desembarcaram nas Américas entre o final do século XV e o século XIX (A cor da

cultura, 2006).

Uma quantidade significativa de africanos que aportaram no país veio da Bacia do

rio Congo, de Moçambique, do Golfo da Guiné e de Angola e foram distribuídos por

quase todo o território brasileiro para realizar o trabalho braçal nos engenhos e nas usinas

de cana, nas minas e nas plantações de café. Ainda hoje é possível identificar a herança da

Page 103: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

10

diversidade cultural africana em estados como Maranhão, Bahia, Pernambuco e Rio de

Janeiro por onde passaram centenas de negros do antigo Daomé, e Bahia, conhecida pela

influência iorubá (A cor da cultura, 2006).

As nações de origem dos cultos afros praticados no Brasil desrespeitam a origem

africana, ou seja, os bantus são negros que tiveram origem de uma região que vai de

Camarões até a África do Sul, existem cerca de 400 grupos étnicos nessa região. O povo

Ketu é proveniente do reino Yorubá que compreende o sul e o centro da atual Republica

do Benin, parte da Republica do Togo e sudoeste da Nigéria.

O povo Yorubá ou Iorubas estão distribuídos numa vasta região que abrange a Nigéria, o Nigér, o Togo e parte do Benin, os Yorubá costumavam deslocar-se em grupos reduzidos, formando núcleos familiares, nos quais era comum a presença de um sacerdote, os povos Yorubá compunham-se por tribos, como exemplo, temos os Ijexás junto do rio Òsun (Oxum).

A distribuição aleatória dos grupos africanos pelo país originou diferentes tradições religiosas, como o candomblé de nação “ketu”, “oyó” e “ijexá” nos terreiros baianos, o batuque gaúcho, o xangô pernambucano e a mina maranhense. Muitas destas linhas mesclam elementos iorubas, bantos e jejes, assim como suas variadas línguas, culturas e crenças religiosas num fenômeno que passou a ser conhecido como a diáspora africana (A cor da cultura, 2006).

Com a criação e construção de Brasília na região Centro-Oeste, surge entre outras

tantas manifestações religiosas, os cultos afro-brasileiros na região do DF e entorno.

Em geral as casas de santo localizam-se nas áreas rurais, por estas proporcionarem

maiores extensões de terra e em alguns casos cursos d’água.

A adaptação das plantas nativas para somatizar, ou substituir o conjunto de

espécies usadas nos cultos, fortaleceu a aproximação dos praticantes com a vegetação do

Cerrado, o que proporciona uma valorização e uma busca constante em preservar as

espécies nativas.

A diversidade de paisagens determina uma grande florística, que coloca a flora do

bioma Cerrado como a mais rica entre as savanas do mundo, com 6.429 espécies já

catalogadas (Mendonça et al. 1998).

O Cerrado foi eleito com um dos mais ricos e ameaçados ecossistemas do mundo. Sabe-se que atualmente de um total de 1.783.200 Km² originais de Cerrado, restam intactos somente 356.630 km², ou apenas 20 % do bioma original, justificando a preocupação que se tem sobre este bioma (Scariot et al., 2005).

Muitas espécies nativas do bioma Cerrado possuem usos tradicionais, incluindo

diversas categorias de uso tais como alimentícias, medicinais, construção, artesanato e

Page 104: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

11

ritualísticas. Entretanto, o usuário comum ainda é a população regional cuja atividade é

essencialmente extrativista (Ribeiro et al., 1994).

Os cultos afros aqui tratados desrespeitam ao Candomblé, este possui distintas

origens e consolidações de acordo com a nação, neste trabalho tem-se as nações Angola,

Ketu, Nagô, Jejê. Sabe-se que atualmente alguns cultos são de origem ou de influência

dos cultos africanos como é o caso da Santeria Cubana, os Voduns, a Umbanda dentre

outros.

Consoante ao baixo número de trabalhos envolvendo a diversidade do

conhecimento tradicional dentro nas religiões de matriz africana, no contexto do

aproveitamento das plantas, o presente trabalho é o resultado do levantamento das plantas

utilizadas nos cultos afro-brasileiros no Distrito Federal e entorno.

Page 105: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

12

OBJETIVOS

Estudar o uso das plantas dentro dos cultos de matriz africana no Distrito Federal e entorno e considerar as plantas nativas do bioma cerrado utilizadas, identificar o uso dos vegetais e as formas de empregos através de identificar informantes e localizá-los, utilizando como critério a distribuição deles na área de estudo; identificar as categorias de uso e a distribuição das espécies nas mesmas; realizar coleta, herborização e identificação do material botânico coletado; elaborar lista das espécies e descrição de uso.

Sabendo da proximidade e da significância das plantas aos cultos, o presente

trabalho busca dentro das casas de santo, conhecer os vegetais utilizados e aumentar o

conhecimento que se tem das plantas empregadas nos cultos afros inseridos na região do

Centro-Oeste.

Page 106: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

13

MATERIAL E MÉTODOS

A - IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO E INFORMANTES

- Área De Estudo “Figura 1 – Mapa Das Áreas Visitadas”

Figura 1 – Mapa de áreas visitada (fonte: Maplink, 2006).

A área de estudo escolhida foi o Distrito Federal (DF) e o Entorno.

O DF possui aproximadamente 5.822,1 km², está localizado na região Centro-Oeste e

possui como limites, Planaltina de Goiás (Norte), Formosa (Nordeste e Leste), Minas

gerais (Leste), Cristalina e Luziânia (Sul), Santo Antônio do Descoberto (Oeste e

Sudoeste), Corumbá de Goiás (Oeste) e Padre Bernardo (Noroeste). Suas características

são: planalto de topografias suaves e vegetação de cerrados, com altitude média de 1.172

metros, clima tropical e os rios principais são o Paranoá, Preto, Santo Antônio do

Descoberto e São Bartolomeu.

Page 107: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

14

O Entorno deve ser entendido como sendo os municípios próximos ao Distrito Federal

e que pertencem ao Estado de Goiás e Minas Gerais. Os municípios do entorno visitados

foram: Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso e Luziânia todos municípios do Estado

de Goiás, todos possuindo como vegetação típica o Cerrado.

A Constituição brasileira veda a divisão do DF em municípios, logo então cria-se no

DF as regiões administrativas ou popularmente conhecidas como cidades satélites, que

possuem administradores locais e que são subordinadas ao governo do DF.

A flora do DF tem um promissor potencial econômico com espécies forrageiras,

medicinais, alimentícias, corticeiras, taníferas, melíferas e ornamentais.

As regiões administrativas do DF visitadas foram: Gama e Park Way.

• Gama: Região Administrativa criada em 12/10/1960

• Park Way: Região Administrativa criada em 29/12/2003

• Santo Antônio do Descoberto localiza-se no leste goiano, possui

aproximadamente 938,309 km² e esta à 200 Km de Goiânia e 45 Km do centro do

centro do DF.

• Valparaíso de Goiás fundado em 15 de junho de 1995, localiza-se no leste goiano,

possui aproximadamente 60.000 km² e esta à 190 Km de Goiânia e 35 Km do

centro do DF.

• Luziânia possui fundação em 13 de dezembro de 1746 localiza-se no leste goiano,

possui aproximadamente 3.961,536 km² e esta à 214 Km de Goiânia e 62,80 Km

do centro do DF.

As casas escolhidas foram previamente selecionadas a partir de uma lista de casas de

santo fornecida pela Srª Luciana V. P. Gonçalves da Fundação Palmares do Ministério da

Cultura e por contados diretos com as casas de santo.

Page 108: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

15

Em todas as casas contatadas o projeto foi apresentado aos sacerdotes responsáveis.

As casas que aceitaram participar do trabalho receberam a “Anuência prévia” (Apêndice

A), respeitando assim a integridade do conhecimento de cada informante.

Os locais selecionados e as respectivas casas visitadas foram:

A. Gama, “Inzo Hamba Ua Maza Hangolo”, Núcleo Rural Monjolo, Chácara Inaê

11/13.

B. Luziânia, “Ilé Axé Oyâ Bamilá”, Avenida – 10, Parque Estrela Dalva, Quadra 54,

Chácara – 11.

C. Park Way, “Ilê Axé Iji Dan” , Quadra – 13 Conjunto – 02 Chácara – 44.

D. Santo Antônio do Descoberto, “Ilê Axé Bará leji”, Mansões Bittencourt Quadra 40c.

E. Valparaíso de Goiás, Etapa – E. Casa da Vô Onofra. Quadra 05 Casa 16 CEP: 72876 -

525.

B – LEVANTAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Efetuou-se entrevistas semi-estruturadas com cinco informantes (Apêndice A). As

entrevistas foram preparadas atendendo ao cotidiano das comunidades trabalhadas,

oferecendo liberdade de descrever o uso, aplicação das plantas e acompanhar a coleta dos

vegetais.

Todas as plantas foram coletas na presença do entrevistado, que comentavam durante

a coleta as formas de aplicações, as características de uso, as variações do uso, as

experiências vividas com a planta. As informações coletadas foram descritas no

preenchimento dos questionários. Durante o processo de apresentação das plantas,

descreviam-se o nome popular e o nome que algumas plantas possuem religiosamente, ou

seja, no dialeto da nação de origem.

Page 109: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

16

Para avaliar a importância relativa de uso, utilizou-se o critério analítico de Friedman

(Albuquerque, 1995), adaptado para este trabalho:

CUPc = CUP X FC

Onde:

CUP = percentagem de concordância de usos principais

FC = fator de correção

CUPc = percentagem de concordância de usos principais corrigidos

C – COLETA, HERBORIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE MATERIA L

BOTÂNICO.

As plantas foram coletadas, herborizadas e identificadas. A identificação foi realizada

no Herbário da Universidade de Brasília (UB), por comparação e consulta de

especialistas, com a colaboração da professora Drª Carolyn Elinore Barnes Proença,

curadora do herbário da UnB (UB). Também se utilizou de literatura especializada.

Foi elaborada ficha descritiva (Apêndice B) para cada vegetal, obedecendo a uma

seqüência alfabética por nome popular, e cada planta esta distribuída em uma categoria.

As categorias foram criadas com base nos dados coletados.

Nº de entrevistados que citaram usos principais

CUP= ______________________________________________ x 100

Nº de entrevistados que citaram uso da espécie

Nº de entrevistados que citaram a espécies

FC= ____________________________________________________

Nº de entrevistados que mencionaram a espécie mais citada

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A - INFORMANTES E ÁREA DE ESTUDO

• Gama, “Inzo Hamba Ua Maza Hangolo”, Núcleo Rural Monjolo, Chácara

Inaê 11/13.

Na região administrativa Gama, encontra-se a casa da Mãe N’gua Carmem de

Angorô, com 54 anos de idade, nascido no Estado de Pernambuco no município de

Recife, residente há 22 anos no local. Com ensino superior completo em direito, atividade

profissional e ocupação no serviço público, atualmente é aposentada e compartilha o local

de moradia com mais cinco pessoas.

Sua nação é Angola. Todo conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é

proveniente da prática religiosa, sua área é de aproximadamente 80.000 m.

Importância das plantas para o entrevistado: “Não há nada sem a folha para o Orixá, não

existe candomblé sem folha” (Mãe Carmem de Angorô).

• Park Way, “Ilê Axé Iji Dan” , Quadra – 13 Conjunto – 02 Chácara – 44.

Na região administrativa Park Way, encontra-se a casa Mãe Iracema de Obaluaê, com

72 anos de idade, natural da Paraíba, do município de Campina Grande, residente há 21

anos no local. Com primário completo, atividade profissional e ocupação exclusiva no

Candomblé, compartilham o local de moradia com mais seis pessoas.

Sua nação é Ketu, todo conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é proveniente

da prática religiosa, sua área é de aproximadamente 10.000 m.

Importância das plantas para o entrevistado: “É muito importante, pois sem folha não

tem como haver iniciação do filho, não há candomblé sem folha” (Mãe Iracema de

Obaluaê).

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• Município de Luziânia, “Ilé Axé Oyâ Bamilá”, Avenida – 10, Parque Estrela

Dalva, Quadra 54, Chácara – 11. Cep: 72800-000

No município de Luziânia encontra-se a casa da Mãe Inalda, com 56 anos de idade,

nascida no estado de Pernambuco, residente há 31 anos no local. Com 2º grau completo,

compartilha o local de moradia com mais quatro pessoas.

Na mesma área de sua residência encontra-se o Axé, local de culto e celebração de

festas aos Orixás, sua nação é Nagô, e também à prática do culto a Jurema. Todo

conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é proveniente da prática religiosa, sua área

é de aproximadamente 2.000 m² com grande diversidade de vegetais distribuídos por toda

a chácara.

Importância das plantas para o entrevistado: “As plantas são fundamentais para tudo,

se não houver plantas não existe candomblé” (Mãe Inalda).

• Município de Santo Antônio do Descoberto, “Ilê Axé Bará leji”, Mansões

Bitencourt Quadra 40c.

No município de Santo Antônio do Descoberto encontra-se a casa do Pai Uibacy

Domingos D’ Ávila (Pai Tito de Omolu), com 62 anos de idade, nascido no estado do Rio

Grande do Sul, residente há 34 anos no local. Com ensino superior completo em

Administração de empresas, atividade profissional e ocupação exclusivamente dedicada à

religião e ao culto a Ifá, compartilham o local de moradia com mais 42 pessoas, sendo

estas, filhos de santo vinculados a casa, caseiro e cônjuge.

Sua nação é Ketu, e também à prática do Candomblé de Caboclo, todo conhecimento

adquirido sobre o uso de plantas é proveniente da prática religiosa. Sua área é de

aproximadamente 30.000 m² com grande diversidade de vegetais distribuídos por toda a

chácara.

Page 112: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Importância das plantas para o entrevistado: “Fundamental, não há Orixá sem folha. É

um símbolo da ancestralidade do indivíduo” (Pai Tito de Omolu).

• Município de Valparaíso de Goiás, Casa da Vó Onofra Etapa – E Quadra 05

Casa 16 CEP: 72876 - 525.

No município de Valparaíso de Goiás encontra-se a casa da Vó Onofra Maria da

Silva, com 67 anos de idade, nascido no estado de Minas Gerais, do município de Araxá,

residente há 10 anos no local. Não possui escolaridade concluída, atividade profissional e

ocupação no serviço público, compartilha o local de moradia com mais seis pessoas.

Sua nação é Angola, todo conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é

proveniente da prática religiosa, sua área é de aproximadamente 20 m² .

Importância das plantas para o entrevistado: “Muito importante para o culto, à folha

ajuda as pessoas” (Vó Onofra).

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B – ESPÉCIES UTILIZADAS E FORMAS DE USO

Durante as entrevistas foram citadas 114 plantas pelo seu nome popular, que possuem

aplicações litúrgicas e medicinais. Os vegetais são empregados em amacís, banhos,

defumação, sacudimento, culinária, medicinal, iniciação, assentamento.

O estudo constatou que as plantas são utilizadas em dez categorias de uso ritualístico,

na figura 2, as categorias estão separadas pela seqüência de ”A” a “J”, as plantas

indicadas para cada categoria estão agrupadas.

Figura 2 – Número de citações por categoria de uso.

A= AmaciB= BanhoC= DefumadorD= Medicinal E= SacudimentoF= CulináriaG= AssentamentoH= IniciaçãoI= OrnamentalJ= Ebós e Cerimônias

20

74

6

46

5

14

49

28

9

14

0 10 20 30 40 50 60 70 80

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

Cat

egor

ías

Número de citação

Numero de plantas citadas por categoría

Page 114: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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As categorias são;

A) amací: compreende um preparado especial à base de ervas maceradas em água. É

usado para banhar os iniciados. Uma grande variedade de ervas pode entrar na

composição dos amacís. A seleção das espécies é feita pelo pai ou mãe de santo,

respeitando o Orixá regente. Nesse sentido, as plantas que são empregadas no

amací são aquelas que pertencem à divindade. A utilização do amací visa conferir

maior interação entre o orixá e o iniciado, fortalecendo os laços. (Albuquerque,

1995).

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Abre caminho, Algodão e Colônia.

B) banho: consiste de um ritual que visa fortalecer, limpar e proteger os adeptos

(iniciados), ou visitantes que buscam ajuda nas casas de santo. O banho de

limpeza possui grande popularidade cultural, por ser de fácil manipulação.

Comumente são feitos com ervas indicadas pelos pais e mães de santo, maceradas

com água fria e jogadas sobre o corpo. É importante ressaltar que não são todos os

banhos indicados que podem ser usados para lavar a cabeça, sendo necessário à

orientação direta dos pais e mães de santo. Vale ressaltar que há os banhos de

atração, que são banhos relacionados a processo de conquista voltado para auxiliar

relacionamentos.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Comigo ninguém pode, Laranjeira e

Manacá.

C) defumador: é um preparado de ervas secas, com propriedades curativas e de

proteção, sendo muito usado nesta categoria o Fumo (Nicotiana tabacum),

associado á outras ervas. Representa traço marcante da cultura ameríndia adaptada

aos cultos africanos no Brasil (Albuquerque, 1995).

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Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Acóco, Alecrim e Cravo da Índia.

D) medicinal: as plantas e seus empregos dentro dos cultos não se limitam ao uso

ritualístico, sendo difundido o uso medicinal de algumas espécies. Comumente

são plantas indicas na medicina popular.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Canela, Guaco e Jenipapo.

E) sacudimento: processos ritualísticos de limpeza, visando aliviar tensões locais e

psicológicas, causadas por energias negativas acumuladas no individuo. Chamado

de sacudimento por ser uma forma de balançar as energias, muito parecido com a

popular “Benzedura”.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Pequi, Mangueira espada e Espada de

São Jorge.

F) culinária: as comidas preparadas nas casas de santo possuem um valor sacral, ou

seja, cada orixá possui sua comida, e tanto nas celebrações como nos rituais

cotidianos, estes preparados culinários levam diversas plantas. Estas podem ser

usadas para temperar, decorar e outros.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Dendê, Folha da fortuna e

Manjericão.

G) assentamento e fundamento: objetos, símbolos e elementos necessários para

estabelecer e representar o Orixá, é onde está assentado a sua força dinâmica,

ficando depositado em locais específicos do terreiro; cada orixá possui seu espaço,

sua casa, dentro do terreiro. Os fundamentos são as obrigações feitas para o orixá.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Jaqueira, Louquinho miúdo e Erva

vintém.

H) iniciação: os rituais de iniciação possuem uma total complexidade de

fundamentos, que são as bases da liturgia dos cultos afro-brasileiros. No processo

Page 116: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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de iniciação do filho de santo diversas plantas são utilizadas. São exemplos do

emprego dos vegetais na iniciação; cama de folha do orixá, esteira, pós, entre

outros.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Capeba, Graviola e Inhame.

I) ornamental: esta categoria é destinada às plantas que são usadas na decoração da

casa em dias de festa, celebrações, como também para a proteção da casa. As

plantas são distribuídas em pontos estratégicos, em portas e na entrada do terreiro.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Iroko, Jurema preta e Obi/ Noz de

cola.

J) ebós e Cerimônias: Nesta categoria, enquadram-se as plantas que são empregadas

em Ebós. Os Ebós são trabalhos de complexa manipulação em locais fora do

terreiro, popularmente chamados de “Despacho”. As plantas também são usadas

em Celebrações ou ocasiões especiais, como por exemplo, as celebrações

fúnebres. Há também bebidas que são preparadas para cerimônias com

ingredientes de procedência vegetal e que possuem propriedades curativas.

Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Maracujá selvagem / ewe dan,

Obò/Odán e Timbó.

As plantas usadas nos cultos afros são empregadas nas preparações de amácis;

banhos de defesa, de limpeza, de purificação. Em preparações de ambientes; de comidas;

bebidas e remédios. Nas cremações em incensários, aromatizantes, e nos ritos e cultos

diretos aos Orixás.

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Dentre as dez categorias de uso, a mais citada foi o “Banho” (B), registrando 74 espécies destinadas a este emprego como mostrado na figura 2. A categoria que menos foi citada foi o “Sacudimento” (E) com um total de cinco plantas.

Há também dentre as citações, plantas que são destinadas exclusivamente para a

mesma aplicação, como é o caso do “Abre Caminho, Tira Teima ou Quebra Demanda”,

da Família Lamiaceae, que foi indicada pelos cinco informantes para o mesmo uso.

Temos outras que possuem uma aplicação diversificada, sendo citadas em mais de

uma categoria, até preencher um total de seis aplicações como foi o caso do “Akokô”

(Newbouldia laevis), que possui uma importância muito grande dentro do culto, pois os

informantes relataram a necessidade de tê-la, para praticamente todos os tipos de

trabalhos.

A maioria das plantas é exótica ao bioma Cerrado ou ao Brasil. No presente

levantamento pode-se verificar a presença de aproximadamente 14 plantas estão

distribuídas no bioma Cerrado.

São exemplos de espécies nativas que possuem aproveitamento nos cultos afro-

brasileiros, o Pequi (Caryocar brasiliense), a Quaresmeira (Tibouchina granulosa), a

Canela de Velho (Miconia albicans), o São Gonsalino (Casearia sylvestris) e o Jatobá

(Hymenaea courbaril).

O Pequi, além de sua importância e apreço alimentar, é utilizado em sacudimentos,

assentamento e em banhos. É considerada uma planta com ligação ao Orixá Exu e é tida

como quente e forte.

A Quaresmeira é aplicada para se fazer cama de folha dos Orixás Omolu e Nanã. A

Canela de Velho é muito utilizada em banhos de limpeza. O fruto do Jatobá possui

funções ritualísticas, sendo utilizado em fundamentos do Orixá Xangô, como também o

chá das folhas e a polpa do fruto possuem propriedades medicinais voltadas para

problemas de anemia.

Page 118: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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As plantas exóticas são de origem africana como é o caso do Iroko (Chlorophora

excelsa), que é considerada árvore sagrada pelos praticantes das religiões de matriz

africana.

O uso de espécies originárias da África como a Noz de cola ou Obi (Cola acuminata),

é de grande significado etnobotânico, pela permanência como planta tradicional e de uso

obrigatório em algumas situações ritualísticas (Albuquerque, 1995).

Segundo Albuquerque (1997) a família Lamiaceae apresenta grande aceitação para

usos ritualísticos, principalmente em banhos, devido ao seu potencial aromático.

Para 12 nomes citados na Tabela - 2, não foi possível identificar as espécies

correspondentes devido à dificuldade em encontrar material botânico.

Verificaram-se casos em que o mesmo nome popular é utilizado para plantas distintas,

em outros casos as plantas recebem o mesmo nome popular, talvez pela semelhança

botânica, como é o caso do (Piper arboreum) e o (Piper aromaticum) “Pimenta de

Macaco”. As duas são de mesma família (Piperaceae) e são em comum utilizadas para

banhos

As plantas que obtiveram maior importância relativa de uso foram: Boldo ou Tapete

de Oxalá (Plectranhtus barbatus) (100), Abre Caminho (indeterminada) (100), Colônia

(Alpinia zerumbet) (80), Folha da fortuna (Bryophyllum pinnatum) Oken) (80), Alecrim

(Rosmarinus officinalis)(80), Acocô (Newbouldia laevis) (80), Boldo do Chile

(Plectranthus neochilus) (60), todas espécies exóticas cultivadas, o que demonstra a

conservação das espécies nos cultos.

A preservação do conhecimento sobre o uso dessas plantas, leva a crer que mesmo as

migrações dos praticantes e dos sacerdotes para outros estados como o DF e Entorno,

comparando estes aos historicamente mais tradicionais como Bahia e Recife, mostra que

o processo de consolidação do culto no contexto do uso de plantas vem sendo mantido.

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A família Lamiaceae (Labiatae) foi a que apresentou maior diversidade, com dez

espécies e sete gêneros; seguida de Asteraceae (Compositae) com sete espécies e seis

gêneros; Piperaceae com cinco espécies e dois gêneros; Moraceae, Anacardiaceae e

Euphorbiaceae com quatro espécies e quatro gêneros; Dracaenaceae com três espécies e

dois gêneros; Lauraceae com três espécies e três gêneros; Leguminosae com três espécies

e dois gêneros; Solanaceae com três espécies e três gêneros; as demais com um registro

de espécie (Tabela - 1).

Albuquerque (1999) relata que a freqüência de algumas espécies nos estudos feitos

em casas de santo no Brasil se mostra constante, como o Kalanchoe brasiliensis (Saião ou

Folha-da-costa), Rosmarinus officinalis (Alecrim) e a Cola acuminata (Obi ou Noz de

cola).

Muitas das espécies vegetais utilizadas nos cultos afros são também utilizadas

popularmente em diversas regiões do país. Segundo Silva & Andrade (2006) em estudo

etnobotânico com comunidades da região litorânea de Pernambuco, estas utilizam 372

espécies, alguns destas, como é o caso do Urucum (Bixa orellana), o Melão de São

Caetano (Mormodica charantia ), Pinhão roxo (Jatropha gossypiifolia), Liamba (Vitex

agnus-castus) dentre outras, são citadas no presente trabalho.

Outros trabalhos elaborados dentro do contexto de plantas empregadas nos cultos

afros, descrevem o uso terapêutico, como Camargo (1998), que cita este emprego para

espécies como a Liamba (Vitex agnus-castus), a Jurema (Mimosa hostilis Benth.) e a

Arruda (Ruta graveolens).

Segundo Azevedo (2006), o uso de algumas espécies é bem difundido pelos

praticantes dos cultos afros em cidades como a do Rio de Janeiro. Comparado o uso de

algumas espécies neste trabalho, vimos que espécies como a Colônia (Alpinia zerumbet),

Page 120: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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a Aroeira (Schinus terebinthifolius) e o Alecrim (Rosmarinus officinalis) são

freqüentemente citadas para o uso religioso (Azevedo, 2006).

Embora algumas espécies nativas de cerrado não tenham atingido os índices mais

altos de importância relativa de uso, o fato de estarem presentes nos cultos e de serem

citadas, para usos diversificados, pode indicar que estas plantas foram adaptadas ou

absorvidas pelos cultos, seja pela ausência de outras plantas ou pela incorporação destas

aos mesmos. Exemplos destas plantas são: a Quaresmeira (Tibouchina granulosa), a

Canela de Velho (Miconia albicans) e o Jatobá (Hymenaea courbaril).

De acordo com Trindade et al. (2000), os vegetais cultivados têm um emprego sacro

no candomblé, entretanto afirmam que a utilização de vegetais colhidos em área não

cultivada é indispensável ao culto religioso.

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Tabela 1 – Famílias botânicas, nome científico e respectivo nome popular das plantas utilizada nos cultos afro-brasileiros no DF e Entorno;

Família Nome cientifico Nome popular

Aloaceae Aloe arborescens Mill . Babosa Amaranthaceae Alternanthera dentata (Moench) Stuchl. Terramicina, Penicilina ou Ewe lebo Anacardiaceae

Astronium fraxinifolium Schott

Mangifera indica L. Schinus terebinthifolius Raddi

Spondias mombin L.

São Gonsalino Mangueira

Aroeira Cajá

Annonaceae Annona muricata L. Xylopia aromatica Mart.

Graviola Pindaíba ou Lelecum

Apiaceae Foeniculum vulgare Mill. Erva doce Apocynaceae Allamanda puberula A.DC.

Peltastes isthmicus Woodson Ewe seré Inhame

Araceae Dieffenbachia amoena Hort. ex Gentil Pistia stratiotes L.

Comigo ninguém pode Alface d’ água / Ojouri

Arecaceae Elaeis guineensis Jacq. Dendê Asteraceae Bidens pilosa L.

Melampodium divaricatum DC. Mikania glomerata Spreng.

Vernonia brasiliana (L.) Druce Vernonia condensata Baker

Artemisia absinthium L. Centratrerum Cass.

Carrapicho Oripepé Guaco

Assa peixe Alumã / Ewe oro

Absinto Balaio de velho

Bignoniaceae Newbouldia laevis Seem. Tecoma stans (L.) H.B. & K.

Akokô Trombeta

Bixaceae Bixa orellana L. Urucum Caesalpinaceae Hymenaea courbaril L. Jatobá Caprifoliaceae Caprifoliaceae Sambucus L.

Sambucus australis Cham. & Schltdl. Pararraio

Sabugueiro

Caryocaraceae Caryocar brasiliense St.Hil. Pequi Caryophyllaceae Drymaria cordata Willd. ex Schult. Erva Vintém

Cecropiaceae Cecropia peltata L. Embaúba ou Pau Polvora Chrysobalanaceae Licania tomentosa Kuntze Oiti

Costaceae Costus spicatus Sw. Cana-do-Brejo Crassulaceae Bryophyllum pinnatum Kurz

Kalanchoe brasiliensis Cambess. Folha da fortuna

Sião Cucurbitaceae Momordica charantia L. Melão de São Caetano Dracaenaceae Dracaena fragrans Ker Gawl..

Dracaena Vand. ex L. Sansevieria trifasciata Hort. ex Prain

Peregum Amarelo Peregum Branco ou Pau D’ água

Espada de São Jorge Euphorbiaceae Croton perdicipes St.Hil.

Euphorbia tirucalli L. Jatropha gossypiifolia L.

Ricinus communis L.

Pé de Perdiz Aveloz ou Gravetinho

Pinhão Roxo Mamona

Flacourtiaceae Carpotroche brasiliensis Endl. Casearia sylvestris Sw.

Mata Piolho São Gonsalino

Geraniaceae Geranium moschatum Burm.f. Malva Rosa, Malva Cheirosa, Malva Lamiaceae Lavandula officinalis Chaix

Melissa officinalis L. Ocimum basilicum L.

Ocimum gratissimum L. Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.

Plectranthus barbatus Andrews Plectranthus neochilus Schltr.

Pogostemon cablin Benth. Rosmarinus officinalis L.

Lavanda do Campo Melissa

Manjericão Alfavaca, Ewe kiiobis

Hortelã da Folha Grossa Boldo ou Tapete de Oxalá

Boldo do Chile Pacthuli Alecrim

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Vitex agnus-castus L. Liamba

Lauraceae Cinnamomum zeylanicum Blume

Laurus nobilis L. Persea americana Mill.

Canela Louro

Abacate Leguminosae

Caesalpinia ferrea Mart. Mimosa hostilis Benth.

Mimosa L.

Jucá ou Pau Ferro Jurema Preta

Jurema Branca Liliaceae Cordyline terminalis Kunth Peregum Vermelho ou Peregum Roxo

Loranthaceae Struthanthus flexicaulis Mart. Erva de passarinho Malvaceae Gossypium hirsutum L. Algodão

Melastomataceae Miconia albicans Steud. Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn.

Canela de Velho Quaresmeira

Moraceae Artocarpus integrifolius L.f. Chlorophora excelsa Benth. & Hook.f.

Ficus doliaria Mart. Morus nigra L.

Jaqueira Iroko

Guameleira Amora

Musaceae Musaceae Musa L. Bananeira Branca Myrtaceae Eugenia uniflora L.

Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M.Perry Pitanga

Cravo da Índia Nyctaginaceae Boerhavia diffusa L. Bredo de Santo Antônio ou Pega Pinto Oxalidaceae Averrhoa carambola L. Carambola

Passifloraceae Passiflora edulis Sims Passiflora L.

Maracujá Maracujá Selvagem

Phytolaccaceae Petiveria alliacea L. Guiné ou Tipi Piperaceae Piper aduncum L.

Piper arboreum Aubl. Piper aromaticum Willd. Piper tuberculatum Jacq.

Pothomorphe umbellata (L.) Miq.

Bete fêmea / Pimenta de macaco Bete cheiroso / Bete macho

João Barandi/ Pimenta de macaco Jaborandi (Falso - Jaborandi)

Capeba Plumbaginaceae Plumbago scandens L. Louquinho Miúdo

Poaceae Saccharum officinarum L. Cana de Exu Punicaceae Punica granatum L. Romã Rosaceae Rosa alba L. Rosa Branca Rubiaceae Coffea arabica L.

Genipa americana L. Café

Jenipapo Rutaceae Ruta graveolens L. Arruda

Solanaceae Brunfelsia uniflora D.Don Nicotiana tabacum L.

Solanum lycocarpum A.St.-Hil.

Manacá Fumo ou Tabaco

Lobeira Sterculiaceae Cola acuminata Schott & Endl. Noz de cola ou Obi Verbenaceae Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Britton & P.Wilson Erva Cidreira

Vitaceae Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E.Jarvis Insulina Zingiberaceae Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm.

Hedychium coronarium J.Koenig Colônia

Lírio Branco

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Tabela 2 - Plantas utilizadas tradicionalmente nos cultos afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno, e seus respectivos usos; Convenção para categoria de uso: A= Amaci, B = Banho, C= Defumador, D= Medicinal, E= Sacudimento, F= Culinária, G= Assentamento, H= Iniciação, I= Ornamental, J= Ebós e Cerimônias Nº de usos = Número de uso citado.

Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de usos

CUP Fc CUPc

Abacateiro Persea americana Miller Lauraceae X 1 100 0,2 20 Abre caminho / Quebra demanda / Tira teima

Indeterminada Lamiaceae X 1 100 1,0 100

Acóco Newbouldia laevis Seem Bignoniaceae X X X X X X 6 66,6 0,8 53,28

Afomã/ Erva de passarinho Struthanthus flexicaulis Mart Loranthaceae X 1 100 0,2 20

Alecrim Rosmarinus officinalis L. Lamiaceae X X X X 4 100 0,8 80

Alecrim do Campo Indeterminada Indeterminada X X X 3 100 0,2 20

Alumã / Ewe oro Vernonia condensata Baker Asteraceae X 1 100 0,2 20

Alface d’ água / Ojouri Pistia stratiotes L. Araceae X X 2 100 0,2 20 Alfavacão / Alfavaca de caboclo/ Ewe kiiobis

Ocimum gratissimum L. Lamiaceae X X X X 4 100 0,6 60

Alfazema Indeterminada Indeterminada X X X 3 100 0,2 20

Alfazema do Campo Lavandula officinalis Chaix Lamiaceae X 1 100 0,2 20

Algodão Gossypium hirsutum L. Malvaceae X X X X 4 100 0,4 40

Amora Morus nigra L. Moraceae X X X 3 100 0,4 40

Aroeira Schinus terebinthifolius Raddi Anacardiaceae X X X X 4 100 0,8 80

Arruda Ruta graveolens L. Rutaceae X X 2 100 0,2 20

Artemísia Artemisia absinthium L. Asteraceae X X 2 100 0,2 20

Assa peixe Vernonia brasiliana (L.) Druce Asteraceae X X 2 100 0,2 20

Aveloz / Gravetinho Euphorbia tirucali L. Euphorbiaceae X 1 100 0,2 20

Babosa / Flor da babosa Aloe arborescens Mill. Aloaceae X 1 100 0,4 40

Balaio de velho Centrathrerum Cass. Asteraceae X X X 3 100 0,6 60

Bananeira Branca Musa sp. Musaceae X 1 100 0,2 20

Bete cheiroso / Bete macho Piper arboreum Aubl. Piperaceae X X X 3 100 0,4 40

Bete fêmea / Pimenta de macaco Piper aduncum L. Piperaceae X X X 3 66,6 0,2 53,68

Boldo ou Tapete de Oxalá Plectranhtus barbatus Andrews Lamiaceae X X X X 4 100 1,0 100

Boldo do Chile Plectranthus neochilus Schltr. Lamiaceae X X X X 4 100 0,6 60

Bredo de santo Antonio / Pega pinto Boerhavia diffusa L. Nyctaginaceae X X 2 100 0,2 20

Café Coffea arabica L. Rubiaceae X X X 3 100 0,4 40

Cajá Spondias mombin L. Anacardiaceae X X X X 4 100 0,2 20

Cana de exu Saccharum officinarum L. Poaceae X X 2 100 0,2 20

Cana do Brejo / Canela de índio Costus spicatus (Jacq.) Sw. Costaceae X X X X 4 100 0,6 60

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Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de ind.

CUP Fc CUPc

Câncerosa Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20

Candeia branca Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20

Canela Cinnamomum zeylanicum Breyn. Lauraceae X X X X X 5 100 0,6 60

Canela de velho Miconia albicans Steud. Melastomataceae X 1 100 0,4 40

Capeba Pothomorphe umbellata (L.) Miq. Piperaceae X X X X 4 100 0,4 40

Carambola Averrhoa carambola L. Oxalidaceae X X 2 100 0,2 20

Carrapicho Bidens pilosa L. Asteraceae X X 2 100 0,4 40

Chega até mim Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20

Colônia Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm.

Zingiberaceae X X X X X 5 100 0,8 80

Comigo ninguém pode Dieffenbachia amoena Hort. ex Gentil Araceae X 1 100 0,6 60

Corredeira branca Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20

Cravo da Índia Syzygium aromaticum ( L. ) Merr. & L.M.Perry

Myrtaceae X X X X 4 100 0,2 20

Dama da noite Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20

Dandá d’ água Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20

Dandá d’ terra Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20

Dendê Elaeis guineensis Jacq. Arecaceae X X 2 100 0,2 20

Embaúba / pau polvora Cecropia peltata Trecúl Cecropiaceae X X 2 100 0,2 20

Erva cidreira Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Britton & P.Wilson

Verbenaceae X X 2 100 0,6 60

Erva doce Foeniculum vulgare Mill. Apiaceae X X 2 100 0,2 20

Erva tostão Boerhavia diffusa L. Nyctaginaceae X 1 100 0,2 20

Erva vintém Drymaria cordata (L.) Roem. & Schult. Caryophyllaceae X X X 3 100 0,2 20

Espada de São Jorge Sansevieria trifasciata Hort. ex Prain Dracaenaceae X 1 100 0,4 40

Ewe seré Alamanda puberula A.DC. Apocynaceae X X 2 100 0,2 20

Folha da fortuna Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken Crassulaceae X X X X X 5 100 0,8 80

Fumo Nicotiana tabacum L. Solanaceae X 1 100 0,2 20

Gameleira Ficus doliaria Mart. Moraceae X X 2 100 0,4 40

Graviola Annona muricata L. Annonaceae X 1 100 0,2 20

Guaco Mikania glomerata Spreng. Asteraceae X X 2 100 0,2 20

Guiné / Tipi Petiveria alliacea L. Phytolaccaceae X 1 100 0,4 40

Hortelã da folha grossa Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. Lamiaceae X 1 100 0,2 20

Inhame Peltaste isthmicus Woodson Apocynaceae X 1 100 0,2 20

Insulina Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E.Jarvis

Vitaceae X 1 100 0,4 40

Page 125: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

32

Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de ind.

CUP Fc CUPc

Iroko Chlorophora excelsa Benth. & Hook.f. Moraceae X X 2 100 0,2 20

Jaborandi (Falso - Jaborandi) Piper tuberculatum Jacq. Piperaceae X X X 3 100 0,4 40

Jambo Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20

Jaqueira Artocarpus integrifolius L.f. Moraceae X 1 100 0,2 20

Jatobá Hymenae courbaril L. Caesalpinaceae X X 2 100 0,2 20

Jenipapo Genipa americana L. Rubiaceae X X X 3 100 0,2 20

João Barandi/ Pimenta de macaco Piper aromaticum Willd. Piperaceae X 1 100 0,4 40

Jucá / pau ferro Caesalpinia ferrea Mart. Leguminosae X X 2 100 0,4 40

Jurema branca Mimosa sp. Mimosaceae X X 2 100 0,2 20

Jurema preta / Jurema sagrada Mimosa hostilis Benth. Mimosaceae X X X X 4 100 0,6 60

Laranjeira Citrus sinensis L. Rutaceae X 1 100 0,2 20

Liamba Vitex agnus-castus L. Lamiaceae X X 2 100 0,4 40

Lírio branco Hedychium coronarium J.Koenig Zingiberaceae X X 2 100 0,4 40

Lobeira Solanum lycocarpum A.St.-Hil. Solanaceae X X 2 100 0,4 40

Louquinho miúdo Plumbago scandens L. Plumbaginaceae X 1 100 0,2 20

Louro Laurus nobilis L. Lauraceae X X X 3 100 0,2 20

Malva Cheirosa / Malva Rosa Geranium moschatum Burm.f. Geraniaceae X X X 3 100 0,6 60

Mamona Ricinus communis L. Euphorbiaceae X 1 100 0,2 20

Manacá Brunfelsia uniflora (Pohl) D. Don Solanaceae X 1 100 0,2 20

Mangueira Espada Mangifera indica L. Anacardiaceae X X X X 4 100 0,4 40

Manjericão / Manjericão Miúdo Ocimum basilicum L. Lamiaceae X X X 3 100 0,4 40

Maracujá Passiflora edulis Sims. Passifloraceae X 1 100 0,2 20

Maracujá selvagem / ewe dan Passiflora sp. Passifloraceae X X X 3 100 0,2 20

Mata piolho Carpotroche brasiliensis Endl. Flacourtiaceae X X 2 100 0,2 20

Melão de São Caetano Momordica charantia L. Cucurbitaceae X X 2 100 0,2 20

Melissa Melissa officinalis L. Lamiaceae X X X 3 100 0,2 20

Obi/ Noz de cola Cola acuminata Schott & Endl. Sterculiaceae X X X X X X 6 100 0,2 20

Obò/Odán Peltastes isthmicus Woodson Apocynaceae X X X X X X 6 100 0,6 60

Oiti Licania tomentosa Kuntze ou Fritsch Chrysobalanaceae X 1 100 0,2 20

Onda do mar Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20

Oripepé Melampodium divaricatum DC. Meliaceae X X 2 100 0,2 20

Pacthuli Pogostemon cablin Benth. Lamiaceae X X 2 100 0,2 20

Pararraio Melia azedarach L. Caprifoliaceae X X 2 100 0,2 20

Pé de perdiz Croton perdicipes A. St.-Hil. Euphorbiaceae X X 2 100 0,2 20

Page 126: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de ind.

CUP Fc CUPc

Pequi Caryocar brasiliense St.Hil. Caryocaraceae X X X X 4 100 0,4 40

Peregum Amarelo Dracaena fragans Ker Gawl. Dracaenaceae X 1 100 0,2 20 Peregum Branco / Peregum / Pau d’água / peregum verde

Dracaena sp. Dracaenaceae X X X X X X 6 66,6 0,6 53,28

Peregum Vermelho / Roxo Cordyline terminals (L.) Kunth Liliaceae X X X X X 5 100 0,4 40

Pindaíba / lelecum Xylopia aromatica Mart. Annonaceae X X 2 100 0,2 20

Pinhão roxo Jatropha gossypiifolia L. Euphorbiaceae X X X 3 100 0,4 40

Pitanga Eugenia uniflora L. Myrtaceae X X 2 100 0,2 20

Quaresmeira Tibouchina granulosa Cogn. ex Britton Melastomataceae X 1 100 0,2 20

Romã Punica granatum L. Punicaceae X X 2 100 0,2 20

Rosa branca Rosa alba L. Rosaceae X X 2 100 0,2 20

Sabugueiro Sambucus australis Cham. & Schltdl. Caprifoliaceae X X X X 4 100 0,4 40

Saião Kalanchoe brasiliensis Camb. Crassulaceae X X 2 100 0,2 20

São Gonçalinho Casearia sylvestris Sw. Flacourtiaceae X X X 3 100 0,2 20

São Gonsalinho Astronium fraxinifolium Schott Anacardiaceae X X 2 100 0,2 20 Terramicina/ Penicilina vegetal / Ewe lebo

Alternanthera dentata (Moench) Stuchlik Amaranthaceae X X X 1 100 0,4 40

Timbó Serjania lethalis Sapindaceae

X 1 100 0,2 20

Trombeta Tecoma stans (L.) H.B. & K. Bignoniaceae X X 2 100 0,2 20

Urucum Bixa orellana L. Bixaceae X X X 3 100 0,4 40

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C - LISTA DAS ESPÉCIES E DESCRIÇÃO DE USO

1. Abacateiro

Família: Lauraceae

Nome científico: Persea americana Miller

Parte usada: Folha e fruto.

Restrição de uso: Não foi informada.

Uso ritualístico: Não indicado

Outros empregos: Folha usada em forma de cataplasma na cabeça, para dores na mesma e os

frutos são considerados bons para os rins.

Categoria: D

2. Abre caminho / Quebra demanda / Tira teima

Família: Lamiaceae

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, e utilizada em banhos de limpeza. Ebós e

assentamento.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B

3. “Acocô”

Família: Bignoniaceae

Nome científico: Newbouldia laevis Seem.

Parte usada: Folha

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Restrição de uso de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Assentamento de todos os Orixás, iniciação e matança.

Utilizada junto ao “Óbó”, em “Ebós” para atrair dinheiro.

Planta macerada com água fria, e utilizada em banhos de limpeza junto ao “Óbó” .

Folha seca usada como defumador.

Outros empregos: Enfeitar pratos.

Categoria: B, C, F, G, H, J.

4. Afomã ou Erva de passarinho

Família: Loranthaceae

Nome científico: Struthanthus flexicaulis Mart.

Parte usada: Folha e flores.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada e cozida, utilizada em banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B.

5. Alecrim

Família: Lamiaceae

Nome científico: Rosmarinus officinalis L.

Parte usada: Folha e caule.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Folha usada como

defumador.

Page 129: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

36

Outros empregos: O chá é usado como calmante e cicatrizante. A folha cozida combate à

queda de cabelo. A planta também é utilizada como tempero.

Categoria: B, C, D, F.

6. Alecrim do campo

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Folha usada como

defumador. Cama de folha para o Orixá Ogum.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B, C, G.

7. Alface d’água / “Ojuori”

Família: Araceae

Nome científico: Pistia stratiotes L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e de atração.

Outros empregos: Usada para lavar os olhos em casos de inflamações.

Categoria: B, D.

8. Alfavaca / Alfavacão / Alfavaca de Caboclo / “Ewé Kiiobis”

Família: Lamiaceae

Nome científico: Ocimum gratissimum L.

Page 130: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, e no assentamento

para o Orixá Oxossi.

Outros empregos: O chá é usado contra gripe, pode ser usado associado ao manjericão. Folha

usada como tempero para carne.

Categoria: B, G, D, F.

9. Alfazema

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, Amaci e atração.

Folha usada como defumador.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: A, B, C.

10. Alfazema do campo

Família: Lamiaceae

Nome científico: Lavandula officinalis Chaix

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado. Não informado.

Page 131: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Categoria: B.

11. Algodão

Família: Malvaceae

Nome científico: Gossypium hirsutum L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e Amacis. Cama de

folha de Orixá.

Associada a folha da Aroeira e Alfazema, maceradas e cozidas em banhos de limpeza.

Outros empregos: O chá é usado para combater infecções uterinas.

Categoria: A, B, D, G.

12. Alomã / Ewé oro

Família: Asteraceae

Nome científico: Vernonia condensata Baker

Parte usada: Folhas

Restrição de uso: Não indicado

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do

Orixá Omolu.

Outros empregos: O chá é usado para combater cólicas intestinais, problemas de estomago,

fígado e dores de barriga.

Categoria: D

13. Amora

Família: Moraceae

Page 132: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Nome científico: Morus nigra L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não indicado

Uso ritualístico: Utilizado em fundamentos para Eguns, sacudimento, limpeza do lar e

obrigação fúnebre.

Outros empregos: O chá é usado como regulador hormonal para menopausa e insônia.

Categoria: E, G, J.

14. Aroeira

Família: Anacardiaceae

Nome científico: Schinus terebinthifolius Raddi

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Colher antes do nascer do sol.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Iniciação, Amaci,

sacudimento, cama de folha e assentamento do Orixá Ogum.

Outros empregos: Não informado. Não indicado.

Categoria: A, B, H, E, G.

15. Arruda

Família: Rutaceae

Nome científico: Ruta graveolens L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não lavar a cabeça durante o banho e o chá possuí propriedades abortivas.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Chá para gargarejo contra infecções na boca.

Page 133: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

40

Categoria: B, D.

16. Artemísia

Família: Asteraceae

Nome científico: Artemisia absinthium L.

Parte usada de uso: Folha

Restrição de uso: Planta abortiva e tóxica, quantidade máxima de três xícaras de chá por dia.

(Lorenzi, 2002).

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento para

o Orixá Oxum e Iemanjá.

Outros empregos: Não informado. Não indicado.

Categoria: B, G.

17. Assa peixe

Família: Asteraceae

Nome científico: Vernonia brasiliana (L.) Druce

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não indicado

Uso ritualístico: Limpeza da casa em celebrações fúnebres.

Outros empregos: Usada na elaboração de xarope para gripe.

Categoria: D, J.

18. Aveloz / Gravetinho

Família: Euphorbiaceae

Nome científico: Euphorbia tirucali L.

Parte usada: Folha

Page 134: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Restrição de uso: Planta tóxica

Uso ritualístico: Utiliza em assentamento para o Orixá Exu.

Outros empregos: Não informado. Não indicado.

Categoria: G.

19. Babosa

Família: Aloaceae

Nome científico: Aloe arborescens Mill.

Parte usada: Folha e Flor

Restrição de uso: Não indicado

Uso ritualístico:

Outros empregos: É usada a baba que há entre as folhas para o cabelo, faz –se banho de

assento para problemas de hemorróida, e o chá das flores é usado para combater pneumonia.

Categoria: D

20. Balai de velho, Balaim de velho e Balaio.

Família: Asteraceae

Nome científico: Centratherum sp.

Parte usada: Folha, raiz e flores.

Restrição: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, em assentamentos e

fundamentos.

Outros empregos: É utilizado o chá da raiz, das flores e das folhas para curar problemas

orgânicos.

Categoria: B, D, G.

Page 135: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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21. Bananeira Branca

Família: Musaceae

Nome científico: Musa sp.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Uso ritualístico:

Outros empregos: A folha é utilizada para enrolar a comida chamada de Acaçá.

Categoria: F.

22. Bete Cheiroso, Bete Macho e Abranda Mundo.

Família: Piperaceae

Nome científico: Piper arboreum Aubl.

Parte usada: Folha

Restrição: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento e

iniciação para todos os orixás.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G, H.

23. Bete Fêmea ou Pimenta de Macaco

Família: Piper aduncum L.

Nome científico: Piperaceae

Parte usada: Folha e fruto.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Page 136: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Uso ritualístico: A folha da planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Assentamento e iniciação para Iemanjá. Os frutos são utilizados em fundamentos.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G, H.

24. Boldo ou Tapete de Oxalá

Família: Lamiaceae

Nome científico: Plectranhtus barbatus Andrews

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria para banhos de limpeza e dor de cabeça,

assentamentos, fundamentos e iniciação de filhos de Oxalá.

Outros empregos: O chá é utilizado para combater problemas de fígado e estômago.

Categoria: B, D, G, H.

25. Boldo do Chile

Família: Lamiaceae

Nome científico: Plectranthus neochilus Schltr.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, cama de Orixá para

Nanã, Oxalá e Oxumaré.

Outros empregos: O chá é utilizado para combater problemas de fígado e estômago.

Categoria: B, G, H.

26. Bredo de Santo Antonio Pega Pinto ou Ewé Tipola

Page 137: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Família: Nyctaginaceae

Nome científico: Boerhavia diffusa L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do

Orixá Ogum.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

27. Café

Família: Rubiaceae

Nome científico: Coffea arabica L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em cerimônias

fúnebres. Também utilizada em rituais para Ossanha.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G, H.

28. Cajá

Família: Anacardiaceae

Nome científico: Spondias mombin L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Page 138: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

45

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, entra em todos os

banhos, fundamentos e Amacís.

Outros empregos: Não informado

Categoria: A, B, G, H.

29. Cana de Exú

Família: Poaceae

Nome científico: Saccharum officinarum L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento e

Ebós para o Orixá Exu.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, J.

30. Cana do Brejo ou Canela de índio.

Família: Costaceae

Nome científico: Costus spicatus (Jacq.) Sw.

Parte usada: Folha, raiz, frutos e galhos.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, cama de folha para

Nanã, Oxumaré e Oxalá.

Utilizada no Amací do Candomblé de Jurema.

Outros empregos: O chá da folha combate problemas renais.

Categoria: A, B, D, H.

Page 139: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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31. Câncerosa

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos, é uma planta

tóxica.

Uso ritualístico: Planta utilizada em Ebós para o Orixá Omolu.

Outros empregos: Faz-se remédio para câncer.

Categoria:D, J.

32. Candeia Branca

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do

Orixá Oxalá e Exu.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

33. Canela

Família: Lauraceae

Nome científico: Cinnamomum zeylanicum Breyn.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Page 140: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, fundamentos,

Amaci e também é usada para forrar o chão em dias de festivos.

Outros empregos: O chá é muito apreciado usado para Problemas de estômago.

Categoria: A, B, D, G, I.

34. Canela de velho

Família: Melastomataceae

Nome científico: Miconia albicans Steud.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado. Não informado

Categoria: B.

35. Capeba

Família: Piperaceae

Nome científico: Pothomorphe umbellata (L.) Miq.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento,

iniciação e em cerimônias fúnebres.

Outros empregos: Não informado. Não informado

Categoria: B, G, H, J.

36. Carambola

Família: Oxalidaceae

Page 141: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Nome científico: Averrhoa carambola L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e cerimônias.

Outros empregos: Chá utilizado para problemas renais.

Categoria: B, J.

37. Carrapicho ou Carrapicho Rasteiro

Família: Asteraceae

Nome científico: Bidens pilosa L.

Parte usada: Folha, raiz e flor.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do

Orixá Omolu.

Outros empregos: Chá é utilizado para dar banhos em crianças com icterícia e para combater

infecções uterinas.

Categoria: B, D.

38. Chega até mim

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de atração.

Outros empregos: Não informado.

Page 142: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Categoria: B.

39. Colônia

Família: Zingiberaceae

Nome científico: Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm.

Parte usada: Folha, raiz e flor.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, Amací e iniciação.

Cama de folha para o Orixá Oxum. Assentamento dos Orixás Oxalá e Nanã.

Outros empregos: O chá da raiz e folhas é usado para problemas renais, como tônico cardíaco

e calmante. O chá das flores é usado para diabetes.

Categoria: A, B, D, G, H.

40. Comigo ninguém pode

Família: Araceae

Nome científico: Dieffenbachia amoena Hort. Ex Gentil

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Pode causar irritação na pele, coletar antes do nascer do sol, quando usada

para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

41. Corredeira branca

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Page 143: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

50

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento de

Omolu.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

42. Cravo da Índia

Família: Myrtaceae

Nome científico: Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M.Perry

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, defumador, cama

de folha para Orixá Omolu.

Outros empregos: Chá utilizado para cólicas menstruais e para diminuir o fluxo da

menstruação.

Categoria: B, C, D, H.

43. Dandá d' terra

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Raiz

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Fundamento usando a batata ralada para o Orixá xangô.

Outros empregos: Não informado

Page 144: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

51

Categoria: G

44. Dandá d' água

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Raiz

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Fundamento e banho usando a batata ralada para o Orixá Oxalá.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

45. Dama da noite

Família: Indeterminada

Nome científico: Indeterminada

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banha de atração.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

46. Dendê

Família: Arecaceae

Nome científico: Elaeis guineensis Jacq.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não indicado.

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52

Uso ritualístico: As folhas são utilizadas para decorar a casa nos dias festivos. O azeite é

apreciado no preparo de alguns pratos, podendo ou não ser usado de acordo com o Orixá.

Outros empregos: Não informado

Categoria: F, I.

47. Embaúba ou Pau Pólvora

Família: Cecropiaceae

Nome científico: Cecropia peltata Trecúl

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banha de limpeza, assentamento para os

Orixás Xangô e Obá.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

48. Erva Doce

Família: Apiaceae

Nome científico: Foeniculum vulgare Mill.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Defumador

Outros empregos: O chá é utilizado como calmante.

Categoria: C, D

49. Erva Cidreira

Família: Verbenaceae

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Nome científico: Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Ex Britton & P.Wilson

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Amaci.

Outros empregos: O chá é utilizado como calmante e alívio em problemas cardíacos,

combater gripe e o mal-estar.

Categoria: A, D.

50. Erva Tostão

Família: Nyctaginaceae

Nome científico: Boerhavia diffusa L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Amaci

Outros empregos: Não informado

Categoria: A.

51. Erva Vintém

Família: Caryophyllaceae

Nome científico: Drymaria cordata (L.) Roem. & Schult.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento e

Ebós ao Orixá Xangô.

Outros empregos: Não informado

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Categoria: B, G, J.

52. Espada de São Jorge

Família: Dracaenaceae

Nome científico: Sansevieria trifasciata Hort. Ex Prain

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Sacudimento

Outros empregos: Não informado

Categoria: E

53. Ewe sere

Família: Apocynaceae

Nome científico: Alamanda puberula A.DC.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento para o

Orixá Xangô.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

54. Folha da Fortuna

Família: Crassulaceae

Nome científico: Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

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Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, enfeitar comidas de

Orixá, cama de folha para os Orixás Xangô e Oxalá, assentamento dos Orixás Ifá e Exu, em

Amaci e Iniciação.

Outros empregos: Não informado

Categoria: A, B, F, G, H.

55. Fumo ou Tabaco

Família: Solanaceae

Nome científico: Nicotiana tabacum L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

O uso indicado como presente no culto a Jurema.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

56. Gameleira

Família: Moraceae

Nome científico: Ficus doliaria Mart.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Amaci e em assentamento. É considerada uma folha sagrada do Orixá Iroko.

Outros empregos: Não informado

Categoria: A, G.

57. Graviola

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Família: Annonaceae

Nome científico: Annona muricata L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Utilizada para preparar cama de folha, para o Orixá Iroko.

Outros empregos: Não informado

Categoria: H.

58. Guaco

Família: Asteraceae

Nome científico: Mikania glomerata Spreng.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Planta utilizada para preparar cama de folha.

Outros empregos: O chá para combater gripe e problemas respiratórios.

Categoria: D, H.

59. Guiné ou Tipi

Família: Phytolaccaceae

Nome científico: Petiveria amboinicus

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

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60. Hortelã da folha graúda ou Hortelã da folha grossa

Família: Lamiaceae

Nome científico: Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Não informado

Outros empregos: O chá é utilizado para combater gripe, resfriados. É indicado para ser

utilizado junto ao mel, como um xarope.

Categoria: D.

61. Inhame

Família: Apocynaceae

Nome científico: Peltaste isthmicus Woodson

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Planta utilizada para cama de folha do Orixá Ogum.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: H.

62. Insulina

Família: Vitaceae

Nome científico: Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis

Parte usada: Folha e gavinha.

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Não informado.

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Outros empregos: Chá é utilizado para problemas de diabete

Categoria: D.

63. Iroko

Família: Moraceae

Nome científico: Chlorophora excelsa Benth. & Hook. F.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta utilizada para decoração e como cama de folha para o Orixá Iroko.

Outros empregos: Não informado

Categoria: H, I.

64. Jaborandi, Falso Jaborandi ou Pimenta de Macaco

Família: Piperaceae

Nome científico: Piper tuberculatum Jacq.

Parte usada: Folha e flor.

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e para assentamento

do Orixá e Oxossi.

Outros empregos: A planta macerada com água fria é utilizada para os cabelos.

Categoria: D, B, G.

65. Jambo

Família: Planta não identificada.

Nome científico: Planta não identificada

Parte usada: Folha

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Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Planta utilizada para fundamentos de Orixá.

Outros empregos: Não informado

Categoria: G.

66. Jaqueira

Família: Moraceae

Nome científico: Artocarpus integrifolius L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Planta utilizada para fundamentos e assentamento dos Orixás Iroko e Exu.

Outros empregos: Não informado

Categoria: G.

67. Jatobá

Família: Caesalpinaceae

Nome científico: Hymenae courbaril L.

Parte usada: Folha e fruto

Restrição de uso: Coletar as folhas antes do nascer do sol.

Uso ritualístico: O fruto da planta é utilizado em fundamentos para o Orixá Xangô.

Outros empregos: O chá e o fruto são indicados para problemas de anemia.

Categoria: D, G.

68. Jenipapo

Família: Rubiaceae

Nome científico: Genipa americana L.

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Parte usada: Folha e fruto

Restrição de uso:

Uso ritualístico: A folhas da planta é utilizada em fundamentos do Orixá Omolu.

Outros empregos: O fruto associado com mel é indicado para combater anemia, quando

usado pela manha em jejum. O fruto é muito apreciado na culinária como doce.

Categoria: D, F, G.

69. João Barandi ou Pimenta de Macaco

Família: Piperaceae

Nome científico: Piper aromaticum Willd.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta cozida em água, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

70. Jucá ou Pau Ferro

Família: Leguminosaceae

Nome científico: Caesalpinia ferrea Mart.

Parte usada: Folha e casca.

Restrição de uso: Coletar as folhas antes do nascer do sol.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza destinados ao Orixá

Ogum.

Outros empregos: O chá da casca é utilizado para diabetes.

Categoria: B, D.

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71. Jurema Branca

Família: Mimosaceae

Nome científico: Mimosa sp.

Parte usada: Casca

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol.

Uso ritualístico: A casca da planta é utilizada para elaborar bebida sagrada utilizada no

Candomblé de Caboclo.

Outros empregos: Não informado

Categoria: D, J.

72. Jurema Preta

Família: Mimosaceae

Nome científico: Mimosa hostilis Benth.

Parte usada: Casca e entre casca e raiz

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol.

Uso ritualístico: A casca da planta é utilizada para elaborar bebida sagrada utilizada no

Candomblé de Caboclo.

A folha é utilizada no Amaci do Catimbó Jurema.

Outros empregos: Planta ornamental. A entrecasca é utilizada para aliviar dor de dente, e

para elaborar beberagem de propriedades curativas chamada "Jurema".

Categoria: A, D, I, J.

73. Laranjeira

Família: Rutaceae

Nome científico: Citrus sinensis Osbeck

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Parte usada: Flor

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Flor da planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B.

74. Liamba

Família: Verbenaceae

Nome científico: Vitex agnus-castus L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de atração.

Outros empregos: A folha da planta é utilizada na elaboração da beberagem "Jurema".

Categoria: B, D.

75. Lírio Branco

Família: Zingiberaceae

Nome científico: Hedychium coronarium J. Koenig

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza destinado ao Orixá

Oxalá. Cama de folha do Orixá Oxalá.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, H.

76. Lobeira

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Família: Solanaceae

Nome científico: Solanum lycocarpum A. St. Hil.

Parte usada: Folha, flor, raiz e fruto.

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta utilizada em assentamento para o Orixá Exu.

Outros empregos: O chá da folha é utilizado para fazer banho de assento para hemorróida. O

fruto cozido é utilizado para diabete e o chá da flor para resfriado.

Categoria: D, G.

77. Louquinho miúdo ou loquinho

Família: Plumbaginaceae

Nome científico: Plumbago scadens L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Assentamento do Orixá Exu.

Outros empregos: Não informado

Categoria: G.

78. Louro

Família: Lauraceae

Nome científico: Laurus nobilis L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Cama de folha o

Orixá Iansã.

Page 157: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Outros empregos: O chá da folha é utilizado para dores de cabeça. As folhas são usadas na

culinária como tempero.

Categoria: B, D, H.

79. Malva, Malva Cheirosa ou Malva Rosa

Família: Geraniaceae

Nome científico: Geranium moschatum Burn. F.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e atração. Amaci.

Outros empregos: O chá é utilizado para gripes e para infecções uterinas.

Esta planta também é utilizada no culto Catimbó-Jurema.

Categoria: A, B, D.

80. Mamona

Família: Euphorbiaceae

Nome científico: Ricinus communis L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: As folhas são utilizadas para enrolar acaçá do Orixá Exu.

Outros empregos: Não informado

Categoria: F.

81. Manacá

Família: Solanaceae

Nome científico: Brunfelsia uniflora (Pohl) D. Don

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Parte usada: Folha e flor.

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

82. Mangueira Espada

Família: Anacardiaceae

Nome científico: Mangifera indica L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Amací,

sacudimento e cama de folha para o Orixá Ogum.

Outros empregos: Não informado

Categoria: A, B, E, H.

83. Manjericão miúdo

Família: Lamiaceae

Nome científico: Ocimum basilicum L.

Parte usada: Folha

Restrição de uso:

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: O chá é utilizado para gripe e pode ser associado com alfavaca, às folhas

também são usadas como tempero.

Categoria: B, D, F.

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84. Maracujá

Família: Passifloraceae

Nome científico: Passiflora edulis Sims.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Não informado

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B.

85. Maracujá selvagem ou Ewe dan

Família: Passifloraceae

Nome científico: Passiflora sp.

Parte usada: Folha e galhos.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banho destinado ao Orixá Oxumaré.

Ebós e assentamentos.

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G, J.

86. Mata piolho

Família: Flacourtiaceae

Nome científico: Carpotroche brasiliensis Endl.

Parte usada: Folha

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

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Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos destinados ao Orixá

Omolu.Assentamento

Outros empregos: Não informado

Categoria: B, G.

87. Melão de São Caetano

Família: Cucurbitaceae

Nome científico: Mormodica charantia L.

Origem:

Parte usada: Folha e galho.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.

Categoria: B, D.

88. Melissa, Ewe Cerim ou Folha de Ifá

Família: Lamiaceae

Nome científico: Melissa officinalis L.

Parte usada: Folha, flor e galho.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Assentamento.

Outros empregos: O chá é utilizado para problemas cardíacos.

Categoria: B, D, G.

89. Obí ou Noz de Cola

Família: Sterculiaceae

Page 161: Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no  Distrito Federal e Entorno

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Nome científico: Cola acuminata Schott Endl.

Parte usada: Folha e fruto.

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: As sementes possui propriedades curativas, acreditam que elas sejam

rejuvenescedoras. O fruto é utilizado em todos os rituais para os Orixás.

Outros empregos: As folhas são maceradas com água fria, para diminuir queda de cabelo.

Categoria: A, D, G, H, I, J.

90. Obò ou Odán

Família: Apocynaceae

Nome científico: Peltastes isthmicus Woodson.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, cama de folha e

para os Orixás Xangô e Oxum, utilizada em Ebós para chamar dinheiro, associada ao Acóco.

Enfeitar pratos de oferenda. Assentamento do Orixá Xangô.

Outros empregos: .

Categoria: B, F, G, H, I, J.

91. Oiti

Família: Chrysobalanaceae

Nome científico: Licania tomentosa Kuntze

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

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Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos destinados ao Candomblé de

Caboclo.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B.

92. Onda do mar

Família: Não identificada.

Nome científico: Não identificada.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em assentamento

do Orixá Iemanjá.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B, G.

93. Oripepe

Família: Asteraceae

Nome científico: Melampodium divaricatum DC.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do

Orixá Oxum.

Outros empregos: relatado que a planta possui propriedades anestésicas.

Categoria: B, D.

94. Pacthuli

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Família: Lamiaceae

Nome científico: Pogostemon cablin Benth.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, atração e

assentamento do Orixá Oxum.

Outros empregos: A planta macerada com água libera forte aroma, que é utilizado como

aromatizante de roupas.

Categoria: B, G.

95. Pararraio

Família: Caprifoliaceae

Nome científico: Melia azedarach L. Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Não indicado.

Uso ritualístico: Amací do Orixá Iansã.

Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.

Categoria: A

96. Pé de perdiz

Família: Euphorbiaceae

Nome científico: Croton perdicipes A. St. Hill.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Amací do Orixá Iansã.

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Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.

Categoria: A

97. Piqui ou Pequi

Família: Caryocaraceae

Nome científico: Caryocar brasiliense St.Hil

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Sacudimento e assentamento do Orixá Exu.

Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.

Categoria: B, E, F, G.

98. Peregum amarelo

Família: Dracaenaceae

Nome científico: Dracaena fragans Ker Gawl.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Não informado.

Uso ritualístico: Cama de folha para o Orixá Oxumaré.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: H.

99. Peregum, Pau D' água, Peperegum ou Peregum Branco

Família: Dracaenaceae

Nome científico: Dracaena sp.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Não informado.

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Uso ritualístico: Cama de folha para o Orixá Oxalá, sacudimento, a folha da planta macerada

com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do Orixá Oxossi e Ogum. Utilizada

em Ebós e como ornamental para proteção do terreiro.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B, E, G, H, I, J.

100. Peregum vermelho, Peperegum roxo ou Peregum roxo

Família: Liliaceae

Nome científico: Cordyline terminalis (L.) Kunth

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Usada para

sacudimento. Banhos para Egum. Utilizada como ornamental para proteção do terreiro, para

fazer cama ou esteira de Orixá.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B, E, G, H, I.

101. Pindaíba ou Lelecum

Família: Annonaceae

Nome científico:Xylopia aromatica Mart.

Parte usada: Folha e sementes.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: A folha e o pó da semente é utilizado em assentamento.

Outros empregos: Utilizada como tempero.

Categoria: F, G.

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102. Pinhão roxo ou Pião roxo

Família: Euphorbiaceae

Nome científico:Jatropha gossypiifolia L.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos. Planta tóxica não

pode ser ingerida.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em assentamento

do Orixá Ogum e Exu. Amaci.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: A, B, G.

103. Pitanga

Família: Myrtaceae

Nome científico:Eugenia uniflora L.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Amací. Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: A, B.

104. Quaresmeira

Família: Melastomataceae

Nome científico: Tibouchina granulosa Cogn. Ex Britton

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Não informado.

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Uso ritualístico: Cama de folha do Orixá Omolu e Nanã.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: H.

105. Romã

Família: Punicaceae

Nome científico:Punica granatum L.

Parte usada: Folha e fruto

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Cama de folha para o Orixá Oxalá e Oxum.

Outros empregos: O chá da casca do fruto é utilizado para inflamação na garganta, e contra

gripe. A poupa que envolve a semente é utilizada para anemia.

Categoria: D, H.

106. Rosa Branca

Família: Rosaceae

Nome científico: Rosa alba L. .

Parte usada: Flor.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Flores da planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: O chá das flores pode ser tomado como calmante.

Categoria: B, D.

107. Sabugueiro

Família: Caprifoliaceae

Nome científico: Sambucus australis Cham. & Schltdl.

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Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Amací. Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Assentamento.

Outros empregos: O chá é recomendado para gripe, resfriado, febre e sarampo. Também

utilizar a planta macerada para cabelos, catapora.

Categoria: A, B, D, G.

108. Saião

Família: Crassulaceae

Nome científico:Kalanchoe brasiliensis Camb.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.

Outros empregos: Chá é recomendado para cicatrização.

Categoria: B, D.

109. São Gonsalinho

Família: Flacourtiaceae

Nome científico:Casearia sylvestris Sw.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em fundamentos.

Outros empregos: As folhas cozidas são recomendadas para deixar o cabelo liso.

Categoria: B, D, G.

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110. São gonsalino

Família: Anacardiaceae

Nome científico: Astronium fraxinifolium Schott

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em assentamento

de Ogum e Oxossi.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B, G.

111. Terramicina/ Penicilina vegetal /

Ewe lebo

Família: Amaranthaceae

Nome científico: Alternanthera dentata (Moench) Stuchlik

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos. Restrição de uso:

Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento para o

Orixá Oxum.

Outros empregos: Chá é recomendado para infecção por possuir propriedades

antiinflamatórias.

Categoria: B, D, G.

112. Timbó

Família: Sapindaceae

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Nome científico: Serjania lethalis A.St.-Hil.

Parte usada: Folha, flor, fruto, galho, raiz.

Restrição de uso: Planta tóxica, não pode ser ingerida.

Uso ritualístico: Planta utilizada em Ebós.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: J.

113. Trombeta

Família: Bignoniaceae

Nome científico: Tecoma stans (L.) H.B. & K.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em cama de folha

para os Orixás Oxossi e Oxum.

Outros empregos: Não informado.

Categoria: B, H.

114. Urucum

Família: Bixaceae

Nome científico:Bixa orellana L.

Parte usada: Folha.

Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.

Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Assentamento e

fundamento do Orixá Exu.

Outros empregos: O fruto é utilizado como tempero.

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78

Categoria: B, F, G.

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79

CONCLUSÃO

Foram estudadas 114 plantas, sendo 102 identificadas e 12 indeterminadas,

pertencentes a 50 famílias botânicas, utilizadas em cinco casas de santo, distribuídas no

Distrito Federal e Entorno. Isso demonstra uma grande diversidade de conhecimento e usos

de plantas. Dentre as famílias botânicas, Lamiaceae, por suas propriedades aromáticas e seu

fácil cultivo, foi a mais representativa, com 10 espécies registradas.

Os vegetais utilizados foram enquadrados nas seguintes categorias de uso: amaci,

banho, defumador, medicinal, sacudimento, culinária, assentamento, iniciação, ornamental,

ebós e cerimônias, sendo que a categoria com maior número de indicação foi “Banhos”, na

qual o uso dos vegetais para banhos de limpeza é muito difundido, por ser de fácil

manipulação e podendo ser freqüentemente usado.

A maior parte das espécies são exóticas cultivadas, sendo que grande parte destas

foram trazidas pelos negros, isso demonstrando que os aspectos tradicionais da cultura afro

nos cultos de matriz africana, vem conservando estas espécies, fortalecendo o processo da

transmissão do conhecimento e, conseqüentemente, garantindo a importância das plantas nos

cultos.

A utilização de espécies nativas do bioma Cerrado reflete uma adaptação ou inclusão

destas plantas nos cultos afro-brasileiros no DF e entorno, demonstrando a substituição de

determinados recursos vegetais exóticos não disponíveis, por plantas nativas, o que pode

estar determinando a constituição de um vínculo entre os cultos e o bioma, gerando novos

conhecimentos e novas práticas. As plantas empregadas nos cultos são fundamentais e

possuem um valor sagrado, sendo a elas dadas o título de possuidoras de energia (Axé)

necessária para toda a variedade de trabalhos dentro dos cultos.

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80

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em 28 de outubro de 2006.

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GLOSSÁRIO DE NOMES OU TERMOS AFRO-BRASILEIROS

A

Acaçá – bolinho de amido embrulhado em folha de bananeira Akokô ou Acóco – Planta usada na coroação de reis e sagração de sacerdotes de alta hierarquia. Aroni – duende de uma perna só que habita a floresta e conhece o uso das ervas. Angola - Culto afro-brasileiro de origem banto. Ariaxé - banho ritual realizada no período iniciático. Abô - preparado feito com folhas sagradas maceradas em água, visa conferir proteção. Assentamento - objetos, símbolos e de elementos da natureza que representam o orixá e onde está assentada sua força dinâmica, ficando depositados em locais apropriados no terreiro. Axé - força mágica, dinâmica e vitalizadora dos orixás; local sagrado; fundamento terreiro, força vital que transforma o mundo. B Babaojê - sacerdote do culto aos Eguns. Babalaô - Sacerdote de Ifá Babalorixá - Chefe do terreiro, o mesmo que Pai de Santo. Bori – sacrifício à cabeça; primeiro rito de iniciação no candomblé. C Caboclos - Espíritos cultuados nos candomblés de caboclo, Catimbós, Umbanda, e outros de influência ameríndia representam indígenas brasileiros que alcançaram uma certa posição espiritual. Casa de santo - Equivalente a terreiro ou casa de candomblé Catimbó - Culto afro-brasileiro de influência indígena Comida de santo - Alimentos votivos preparados especialmente para os Orixás. D Despacho - Oferenda aos Orixás. E Ebós – Sacrifício, oferenda, despacho.Ver despacho. Egum - Espírito de morto; ancestral. Exu – orixá mensageiro; dono das encruzilhadas e guardião da porta de entrada da casa; sempre o primeiro ser homenageado. Euê ou Ewé – Folha Eua ou Yèwá – orixá das fontes; dona dos cemitérios.

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F Feitura - Iniciação ao culto. Filhos de santo - iniciados a religião Fundamentos - Aspectos e mecanismos secretos, ou seja, revelados somente aos iniciados, de manipulação e interação com os Orixás. G Gira - Roda ritual formada pelos filhos de santo, com cânticos e danças. Guia - Colar feito com contas ou miçangas; entidade protetora. I Iansã – outro nome para Oiá; literalmente, a mãe dos novos filhos. Iemanjá – orixá do rio Nigér, dona das águas; senhora do mar, a mãe dos Orixás. Iroco – árvore africana sagrada, onde mora Oro, o espírito da floresta; no Brasil, gameleira, cultuada como orixá nos antigos candomblés. Iaô - mesmo que filho de santo. Ilé - referência ao espaço ritual; terreiro; casa. J Jejê - Culto afro-brasileiro com fortes elementos dos povos ewe e fon. L Logum Edé – orixá da caça e da pesca. M Matança - sacrifício ritual de animais N Nação - referencia aos grupos provenientes da mesma etnia africana, ou do mesmo grupo étnico. Nanã – orixá do fundo dos lagos, dona da lama com que Obatalá modelou o homem. O Orixá - Divindade Yorubá. Obá – orixá do rio Obá. Ogum – orixá da metarlugia, da agricultura e da guerra. Oiá ou Oya – orixá dos ventos, do raio, da tempestade, dona dos eguns; Olocum – orixá das mares, no Brasil uma qualidade de Iemanjá.

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Omolu - outro nome para Obaluaê Ossaim – orixá das folhas. Orixá das curas Oxalá – grande orixá, orixá da criação. Oxossi – orixá da caça. Oxu – orixá da lua. Oxum – orixá do rio Oxum; deusa das águas doces, do ouro, da beleza e da vaidade; Oxumaré – orixá do arco íris. S Sacudimento - Ritual que objetiva limpar as pessoas e lugares de energias negativas Sassanha - ritual de sacralização das folhas.

S

Yalorixá - Equivalente feminino a Babalorixá.

X

Xangô – orixá do trovão e da justiça.

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APÊNDICE - A – ANUÊNCIA PREVIA

Brasília, ____ de _____________ de 2006.

Ao: Senhor (a).......................................................................................

“Anuência Prévia”

Em referência ao capítulo V da Medida Provisória (MP) 2.186-16, que trata do Acesso e da Remessa ao patrimônio genético brasileiro e ao conhecimento tradicional associado.

De acordo com as recomendações escritas na MP, solicitamos a autorização para realização de estudo etnobotânico em sua casa de culto Afro-brasileiro. Este estudo faz parte do projeto de pesquisa “O uso tradicional de plantas nos cultos afro-brasileiros no DF e Entorno”.

Projeto que será desenvolvido com intuito ampliar o conhecimento acadêmico e expandir a necessidade de compreender como o ser humano se relaciona com os recursos vegetais. Este projeto será levado para a defesa da Monografia na FTB – Faculdade da Terra de Brasília no curso de graduação em Ciências Biológicas.

O projeto tem como objetivos:

- Desenvolver trabalho em equipe promovendo intercâmbio entre os saberes; - Identificar informantes locais e realizar entrevistas semi-estruturadas entre os membros da comunidade; - Realizar coleta de material botânico para identificação das plantas presentes na área do terreiro; - Depositar o material no herbário da Universidade de Brasília (UB); - Identificar espécies utilizadas nos cultos; - Realizar restituição da informação elaborando um relatório em forma para o uso e conhecimento dos praticantes sobre as espécies estudadas.

_______________________________________

Nome do informante

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIOS

LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS NOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS NO

DISTRITO FEDERAL E ENTORNO.

QUESTIONÁRIO ETNOBOTÂNICO: A - DADOS DO INFORMANTE: 1. Nome: ________________________________________________________________________ 2. Idade/ Sexo: _______________________________________________________________________ 3. Origem/ Histórico Pessoal: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 4. Escolaridade: ________________________________________________________________________ 5. Ocupação/ Atividade ou profissão: ________________________________________________________________________ 6. Localidade/ Povoada/ Comunidade: ________________________________________________________________________ 7. Município/ Região administrativa: ________________________________________________________________________ 8. Tempo em que vive na área: ________________________________________________________________________ 9. Numero de pessoas que vivem na área: ________________________________________________________________________ 10. Tem Quintal? Tamanho +/-? ________________________________________________________________________ 11. Quem cuida do quintal? Homem, mulher ou os dois? ________________________________________________________________________ 12. Como adquiriu conhecimento sobre o uso das plantas? ________________________________________________________________________

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13. As plantas que não possui em sua área, como as consegue? ________________________________________________________________________ 14. Qual a importância pessoal e religiosa para o uso das plantas? ________________________________________________________________________ B - DADOS DAS PLANTAS 1- Nome do informante ________________________________________________________________________ 2- Nome da Plantas ________________________________________________________________________ 3- Conhece alguma estória sobre a planta? ________________________________________________________________________ 4- Planta de Cerrado? ( ) Sim ( ) Não 5-Qual parte da plantas é utilizada? ( )Raiz ( ) Galhos ( ) Folhas ( ) Flores ou “Sementes” ( ) Fruto 6- Qual (is) uso (s) da planta? ( ) Amaci ( ) Banho ( ) Defumador ( ) Medicinal ( ) Sacudimento ( ) Culinária ( ) Assentamento ( ) Iniciação ( ) Ornamental Outros:__________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7- Associado a outras plantas? ( ) Sim ( ) Não Quais:___________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8- Alguma contra indicação? ________________________________________________________________________ 9- Qual a procedência da planta? ( ) Cultivada ( ) Nativa Outras:______________________________________ 10- Alguma restrição para coleta? ( ) Sim ( ) Não

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Qual:_______________________________________ 11- Há algum produto elaborado com esta planta? ( ) Xarope ( ) Pomada ( )Garrafada ou bebida ( ) Chá Outros:__________________________________________________________________ 12- O informante conhece a planta em seu ambiente natural? ( ) Sim ( ) Não

Data de visita: ____/____/_________

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C- LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS, NOS CU LTOS AFRO-

BRASILEIROS NO DISTRITO FEDERAL E ENTORNO.

Ficha de registro do material coletado e identificado: 1.0 -

• Coletor:

• Área de coleta do material:

• Data e Local de Coleta:

1.1 - • Nome popular: Qual uso?

• Nome científico:

• Família:

• Obs.: 1.2 –

• Características botânicas: Exudação? Caule: Folhas: Flores: Frutos:

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vegetal: Nativa em qual região e bioma?

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ANEXO I – OSSAIM O ORIXÁ DAS FOLHAS

Ossain recusa-se a cortar as ervas miraculosas

Ossain era o nome de um escravo que foi vendido a Orunmilá.

Um dia ele foi à floresta e lá conheceu Aroni,

que sabia tudo sobre as plantas.

Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo de Ossaim

e ensinou-lhe todo o segredo das ervas.

Um dia, Orunmilá, desejoso de fazer uma grande plantação,

ordenou a Ossain

que roçasse o mato de suas terras.

Diante de uma planta que curava dores,

Ossain exclamava:

“Esta não pode ser cortada, é a erva que cura as dores”.

Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia:

“Esta estanca sangue, não deve ser cortada”.

Em frente de uma que curava a febre, dizia:

“esta também não, por que refresca o corpo”.

E assim por diante.

Orunmilá, que era um Babalaô muito procurado por doentes, interessou-se então pelo

poder curativo das plantas e ordenou que Ossaim ficasse junto dele nos momentos de

consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas.

E assim Ossaim ajudava Orunmilá a receitar e acabou sendo conhecido como o grande

médico que é (Prandi, 2001).