Upload
marcelo-felipozzi
View
163
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Citation preview
FACULDADES INTEGRADAS DA TERRA DE BRASÍLIA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno.
Jonathan Vieira Novais
Recanto das Emas 2006.
Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB Curso de Ciências Biológicas
Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno.
Jonathan Vieira Novais
Monografia de Conclusão de Curso, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas.
Recanto das Emas 2006
Trabalho realizado junto à coordenação de Ciências Biológicas das Faculdades Integradas da Terra de Brasília. Sob a orientação da Professora MsC. Renata Corrêa Martins. Aprovado por:
_____________________________________________
MsC. Renata Corrêa Martins
Universidade de Brasília – UNB / Jardim Botânico de Brasília
Orientadora e Presidente da Banca
_____________________________________________
Professor MSc. Alberto Jorge da Rocha Silva
Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB
Co - Orientador
_____________________________________________
Prof.ª Dra. Kátia Regina Ferraz Vicentini
Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB
Membro titular da Banca
A todos os tripulantes da oikos nave Terra,
em especial aos divinos e completos vegetais,
aos ancestrais,
a todos belos irmãos inorgânicos...
AGRADECIMENTOS
Seria impossível agradecer somente a uma pessoa, começo então dizendo que não há
nada melhor do que acordar com alguém que participe arduamente com você de todos os
episódios das vivências terrenas, e este trabalho realmente ensinou-me o valor do
companheirismo, então digo um obrigado especial a minha linda esposa Cláudia e ao filhote
Christian.
Meus amorosos, apoiadores e sonhadores pais Imaculada e Juarez, ao meu sogro
Mario e sogra Eni, pelo carinho e sobre tudo a confiança em mim depositada. As minhas
irmãs Dolores e Danielle.
A faculdade, digo aos grandes empresários do ensino, por favor, façam algo para
melhorar o ensino deste país, se empenhem mais, em ajudar estas pequenas moléculas de
carbono que somos os sonhadores homens.
Deixo aqui meus votos de amizade a todos os companheiros de sala e professores do
curso, adorei trocar tantas experiências com vocês, estes anos foram sementes, e a colheita
está por vir.
Deixo meus votos de agradecimento e felicidade aos orientadores Renata Martins e
Alberto Silva que foram ativos em me oferecer à sabedoria que já possuem, compartilhando
comigo o tempo, que muitas vezes acredito eu, se absteram de exercer outras atividades. A
querida Carolyn Proença por dispor o seu sempre requisitado tempo para me esclarecer e
proporcionar um pouco da luz do seu conhecimento e professora Kátia Vicentini pela
referência e o bom exemplo, obrigado por participar da banca.
Finalizo, agradecendo a todos os entrevistados, estes me proporcionaram momentos
de grande aprendizado ao lado deles e sem eles não teria construído todo este trabalho,
aprendi com eles a agradecer dizendo assim: “Que Olorum e todos Orixás abençoe, todos
vocês e que a felicidade inunde o coração de todos”.
SUMÁRIO
RESUMO ..................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8
OBJETIVOS .............................................................................................................. 12
MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 13
RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 17
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 79
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO: ........................ ............................................ 80
GLOSSÁRIO DE NOMES OU TERMOS AFRO-BRASILEIROS ................................................................ 84
APÊNDICE - A – ANUÊNCIA PREVIA ....................................................................................................... 87
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIOS ............................................................................................................... 88
C- LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS, NOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS NO
DISTRITO FEDERAL E ENTORNO. ............................................................................................................. 91
ANEXO I – OSSAIM O ORIXÁ DAS FOLHAS ........................................................................................... 93
RESUMO
O conhecimento tradicional das culturas de origem africana, possui num contexto uma
valorização direta aos vegetais e este conhecimento pode ser evidenciado pela pesquisa
etnobotânica. Este estudo foi conduzido no Distrito Federal e Entorno. O levantamento
etnobotânico teve como alvo os sacerdotes das casas de santo (Candomblé). Foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas, com o uso de questionários, buscando informações sobre os
empregos dados as plantas, voltando a entrevita para quais plantas são utilizadas e suas
indicações de uso. Observou-se que as espécies vegetais são em sua maioria exóticas ao
bioma Cerrado. O emprego de espécies nativas do Cerrado reflete que houve a adaptação ou
a inclusão destas plantas nos cultos afro brasileiros no DF e entorno. Evidenciou-se
considerável utilização dos vegetais. Os usos foram categorizados em dez formas distintas de
aplicação, são elas: amaci, banho, defumador, sacudimento, culinária, assentamento,
iniciação e ornamental. As partes vegetais utilizadas são; folhas, frutos, flores e raízes,
predominando o uso das folhas. A categoria com maior citação foram banhos. Foram citados
114 espécies, 88 gêneros e 50 famílias, sendo 102 indentificadas e 12 indetermindas. Com
este estudo pode se perceber a necessidade de se ampliar às pesquisas nos cultos de matriz
africana principalmente nas casas de santo presentes nas regiões, onde o bioma cerrado é a
vegetação nativa.
Palavras-chave: etnobotânica, uso tradicional, cerrado, cultos afro-brasileiros.
8
INTRODUÇÃO
O termo Etnobiologia é relativamente recente. Essa terminologia surgiu como um
braço da etnociência que vem ganhando impulso nestes últimos anos com o aumento dos
trabalhos publicados, e a necessidade de se conhecer como os homens lidam com os
recursos naturais tradicionalmente.
Segundo Posey (1987), entende-se etnobiologia como sendo o estudo do
conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito da
biodiversidade e do meio ambiente; em outras palavras, é o estudo do papel da natureza
no sistema de crenças e de adaptação do homem a determinados ambientes. Neste sentido,
a Etnobiologia relaciona-se com a ecologia humana, mas enfatiza as categorias e
conceitos cognitivos utilizados pelos povos em estudo (Posey, 1987).
Partindo então da visão compartimentada da ciência sobre o mundo natural, surge
o termo "Etnobotânica", citado pela primeira vez por Harshberger em 1895 (Amorozo,
1996). Em etnobotânica, são analisadas as relações entre os seres humanos e os vegetais,
procurando responder questões como: quais plantas são conhecidas, quais plantas estão
disponíveis, quais plantas são reconhecidas como recursos, como o conhecimento
etnobotânico tradicional está distribuído na população, como os indivíduos diferenciam e
classificam a vegetação, como esta é utilizada e manejada e quais os benefícios derivados
das plantas (Alcorn, 1995).
Atualmente o aproveitamento botânico feito pelas diversas culturas vem sendo
amplamente pesquisado, despertando interesses de vários segmentos da comunidade
científica; toda essa necessidade baseia-se no fato de que o conhecimento tradicional
possui, em seu contexto prático, uma base eficiente e de grande sucesso para os muitos
fins que as plantas são destinadas.
9
A utilização dos recursos oriundos da biodiversidade e a produção de
conhecimento sobre eles não é privilégio exclusivo de nenhum grupo social ou cultural.
Os dados da Organização Mundial da Saúde destacam que, em decorrência da pobreza e
da falta de acesso à medicina moderna, 65 – 80 % da população mundial que vive em
países em desenvolvimento, depende essencialmente das plantas para o cuidado primário
à saúde (Vasconcellos, 2003).
Os vegetais possuem valores de extrema abrangência no contexto de seu uso. Das
diversas culturas que utilizam as plantas para tratamentos terapêuticos, ritualísticos,
alimentares, decorativos, aromáticos e dentre outros, incluem-se as religiões de matriz
africana.
Os usos litúrgicos, mitológicos e ritualísticos das plantas dentro dos cultos afro–
brasileiros estão presentes fortemente dentro de sua essência, ou seja, no que tange a
aspectos básicos do conhecimento, aquilo que é tido pelos praticantes como fundamentos
tradicionais da religião, as plantas manifestam-se como sendo a base para todo o culto
religioso.
Acredita-se que em média, mais de quatro milhões de africanos foram obrigados a
cruzar o oceano, amontoados nos porões infectos e sufocantes dos navios negreiros, em
direção a uma vida desumana de escravidão no chamado ‘novo mundo’. Este número
estima-se que seja equivalente à cerca de 40% do contingente de negros que
desembarcaram nas Américas entre o final do século XV e o século XIX (A cor da
cultura, 2006).
Uma quantidade significativa de africanos que aportaram no país veio da Bacia do
rio Congo, de Moçambique, do Golfo da Guiné e de Angola e foram distribuídos por
quase todo o território brasileiro para realizar o trabalho braçal nos engenhos e nas usinas
de cana, nas minas e nas plantações de café. Ainda hoje é possível identificar a herança da
10
diversidade cultural africana em estados como Maranhão, Bahia, Pernambuco e Rio de
Janeiro por onde passaram centenas de negros do antigo Daomé, e Bahia, conhecida pela
influência iorubá (A cor da cultura, 2006).
As nações de origem dos cultos afros praticados no Brasil desrespeitam a origem
africana, ou seja, os bantus são negros que tiveram origem de uma região que vai de
Camarões até a África do Sul, existem cerca de 400 grupos étnicos nessa região. O povo
Ketu é proveniente do reino Yorubá que compreende o sul e o centro da atual Republica
do Benin, parte da Republica do Togo e sudoeste da Nigéria.
O povo Yorubá ou Iorubas estão distribuídos numa vasta região que abrange a Nigéria, o Nigér, o Togo e parte do Benin, os Yorubá costumavam deslocar-se em grupos reduzidos, formando núcleos familiares, nos quais era comum a presença de um sacerdote, os povos Yorubá compunham-se por tribos, como exemplo, temos os Ijexás junto do rio Òsun (Oxum).
A distribuição aleatória dos grupos africanos pelo país originou diferentes tradições religiosas, como o candomblé de nação “ketu”, “oyó” e “ijexá” nos terreiros baianos, o batuque gaúcho, o xangô pernambucano e a mina maranhense. Muitas destas linhas mesclam elementos iorubas, bantos e jejes, assim como suas variadas línguas, culturas e crenças religiosas num fenômeno que passou a ser conhecido como a diáspora africana (A cor da cultura, 2006).
Com a criação e construção de Brasília na região Centro-Oeste, surge entre outras
tantas manifestações religiosas, os cultos afro-brasileiros na região do DF e entorno.
Em geral as casas de santo localizam-se nas áreas rurais, por estas proporcionarem
maiores extensões de terra e em alguns casos cursos d’água.
A adaptação das plantas nativas para somatizar, ou substituir o conjunto de
espécies usadas nos cultos, fortaleceu a aproximação dos praticantes com a vegetação do
Cerrado, o que proporciona uma valorização e uma busca constante em preservar as
espécies nativas.
A diversidade de paisagens determina uma grande florística, que coloca a flora do
bioma Cerrado como a mais rica entre as savanas do mundo, com 6.429 espécies já
catalogadas (Mendonça et al. 1998).
O Cerrado foi eleito com um dos mais ricos e ameaçados ecossistemas do mundo. Sabe-se que atualmente de um total de 1.783.200 Km² originais de Cerrado, restam intactos somente 356.630 km², ou apenas 20 % do bioma original, justificando a preocupação que se tem sobre este bioma (Scariot et al., 2005).
Muitas espécies nativas do bioma Cerrado possuem usos tradicionais, incluindo
diversas categorias de uso tais como alimentícias, medicinais, construção, artesanato e
11
ritualísticas. Entretanto, o usuário comum ainda é a população regional cuja atividade é
essencialmente extrativista (Ribeiro et al., 1994).
Os cultos afros aqui tratados desrespeitam ao Candomblé, este possui distintas
origens e consolidações de acordo com a nação, neste trabalho tem-se as nações Angola,
Ketu, Nagô, Jejê. Sabe-se que atualmente alguns cultos são de origem ou de influência
dos cultos africanos como é o caso da Santeria Cubana, os Voduns, a Umbanda dentre
outros.
Consoante ao baixo número de trabalhos envolvendo a diversidade do
conhecimento tradicional dentro nas religiões de matriz africana, no contexto do
aproveitamento das plantas, o presente trabalho é o resultado do levantamento das plantas
utilizadas nos cultos afro-brasileiros no Distrito Federal e entorno.
12
OBJETIVOS
Estudar o uso das plantas dentro dos cultos de matriz africana no Distrito Federal e entorno e considerar as plantas nativas do bioma cerrado utilizadas, identificar o uso dos vegetais e as formas de empregos através de identificar informantes e localizá-los, utilizando como critério a distribuição deles na área de estudo; identificar as categorias de uso e a distribuição das espécies nas mesmas; realizar coleta, herborização e identificação do material botânico coletado; elaborar lista das espécies e descrição de uso.
Sabendo da proximidade e da significância das plantas aos cultos, o presente
trabalho busca dentro das casas de santo, conhecer os vegetais utilizados e aumentar o
conhecimento que se tem das plantas empregadas nos cultos afros inseridos na região do
Centro-Oeste.
13
MATERIAL E MÉTODOS
A - IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO E INFORMANTES
- Área De Estudo “Figura 1 – Mapa Das Áreas Visitadas”
Figura 1 – Mapa de áreas visitada (fonte: Maplink, 2006).
A área de estudo escolhida foi o Distrito Federal (DF) e o Entorno.
O DF possui aproximadamente 5.822,1 km², está localizado na região Centro-Oeste e
possui como limites, Planaltina de Goiás (Norte), Formosa (Nordeste e Leste), Minas
gerais (Leste), Cristalina e Luziânia (Sul), Santo Antônio do Descoberto (Oeste e
Sudoeste), Corumbá de Goiás (Oeste) e Padre Bernardo (Noroeste). Suas características
são: planalto de topografias suaves e vegetação de cerrados, com altitude média de 1.172
metros, clima tropical e os rios principais são o Paranoá, Preto, Santo Antônio do
Descoberto e São Bartolomeu.
14
O Entorno deve ser entendido como sendo os municípios próximos ao Distrito Federal
e que pertencem ao Estado de Goiás e Minas Gerais. Os municípios do entorno visitados
foram: Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso e Luziânia todos municípios do Estado
de Goiás, todos possuindo como vegetação típica o Cerrado.
A Constituição brasileira veda a divisão do DF em municípios, logo então cria-se no
DF as regiões administrativas ou popularmente conhecidas como cidades satélites, que
possuem administradores locais e que são subordinadas ao governo do DF.
A flora do DF tem um promissor potencial econômico com espécies forrageiras,
medicinais, alimentícias, corticeiras, taníferas, melíferas e ornamentais.
As regiões administrativas do DF visitadas foram: Gama e Park Way.
• Gama: Região Administrativa criada em 12/10/1960
• Park Way: Região Administrativa criada em 29/12/2003
• Santo Antônio do Descoberto localiza-se no leste goiano, possui
aproximadamente 938,309 km² e esta à 200 Km de Goiânia e 45 Km do centro do
centro do DF.
• Valparaíso de Goiás fundado em 15 de junho de 1995, localiza-se no leste goiano,
possui aproximadamente 60.000 km² e esta à 190 Km de Goiânia e 35 Km do
centro do DF.
• Luziânia possui fundação em 13 de dezembro de 1746 localiza-se no leste goiano,
possui aproximadamente 3.961,536 km² e esta à 214 Km de Goiânia e 62,80 Km
do centro do DF.
As casas escolhidas foram previamente selecionadas a partir de uma lista de casas de
santo fornecida pela Srª Luciana V. P. Gonçalves da Fundação Palmares do Ministério da
Cultura e por contados diretos com as casas de santo.
15
Em todas as casas contatadas o projeto foi apresentado aos sacerdotes responsáveis.
As casas que aceitaram participar do trabalho receberam a “Anuência prévia” (Apêndice
A), respeitando assim a integridade do conhecimento de cada informante.
Os locais selecionados e as respectivas casas visitadas foram:
A. Gama, “Inzo Hamba Ua Maza Hangolo”, Núcleo Rural Monjolo, Chácara Inaê
11/13.
B. Luziânia, “Ilé Axé Oyâ Bamilá”, Avenida – 10, Parque Estrela Dalva, Quadra 54,
Chácara – 11.
C. Park Way, “Ilê Axé Iji Dan” , Quadra – 13 Conjunto – 02 Chácara – 44.
D. Santo Antônio do Descoberto, “Ilê Axé Bará leji”, Mansões Bittencourt Quadra 40c.
E. Valparaíso de Goiás, Etapa – E. Casa da Vô Onofra. Quadra 05 Casa 16 CEP: 72876 -
525.
B – LEVANTAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
Efetuou-se entrevistas semi-estruturadas com cinco informantes (Apêndice A). As
entrevistas foram preparadas atendendo ao cotidiano das comunidades trabalhadas,
oferecendo liberdade de descrever o uso, aplicação das plantas e acompanhar a coleta dos
vegetais.
Todas as plantas foram coletas na presença do entrevistado, que comentavam durante
a coleta as formas de aplicações, as características de uso, as variações do uso, as
experiências vividas com a planta. As informações coletadas foram descritas no
preenchimento dos questionários. Durante o processo de apresentação das plantas,
descreviam-se o nome popular e o nome que algumas plantas possuem religiosamente, ou
seja, no dialeto da nação de origem.
16
Para avaliar a importância relativa de uso, utilizou-se o critério analítico de Friedman
(Albuquerque, 1995), adaptado para este trabalho:
CUPc = CUP X FC
Onde:
CUP = percentagem de concordância de usos principais
FC = fator de correção
CUPc = percentagem de concordância de usos principais corrigidos
C – COLETA, HERBORIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE MATERIA L
BOTÂNICO.
As plantas foram coletadas, herborizadas e identificadas. A identificação foi realizada
no Herbário da Universidade de Brasília (UB), por comparação e consulta de
especialistas, com a colaboração da professora Drª Carolyn Elinore Barnes Proença,
curadora do herbário da UnB (UB). Também se utilizou de literatura especializada.
Foi elaborada ficha descritiva (Apêndice B) para cada vegetal, obedecendo a uma
seqüência alfabética por nome popular, e cada planta esta distribuída em uma categoria.
As categorias foram criadas com base nos dados coletados.
Nº de entrevistados que citaram usos principais
CUP= ______________________________________________ x 100
Nº de entrevistados que citaram uso da espécie
Nº de entrevistados que citaram a espécies
FC= ____________________________________________________
Nº de entrevistados que mencionaram a espécie mais citada
17
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A - INFORMANTES E ÁREA DE ESTUDO
• Gama, “Inzo Hamba Ua Maza Hangolo”, Núcleo Rural Monjolo, Chácara
Inaê 11/13.
Na região administrativa Gama, encontra-se a casa da Mãe N’gua Carmem de
Angorô, com 54 anos de idade, nascido no Estado de Pernambuco no município de
Recife, residente há 22 anos no local. Com ensino superior completo em direito, atividade
profissional e ocupação no serviço público, atualmente é aposentada e compartilha o local
de moradia com mais cinco pessoas.
Sua nação é Angola. Todo conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é
proveniente da prática religiosa, sua área é de aproximadamente 80.000 m.
Importância das plantas para o entrevistado: “Não há nada sem a folha para o Orixá, não
existe candomblé sem folha” (Mãe Carmem de Angorô).
• Park Way, “Ilê Axé Iji Dan” , Quadra – 13 Conjunto – 02 Chácara – 44.
Na região administrativa Park Way, encontra-se a casa Mãe Iracema de Obaluaê, com
72 anos de idade, natural da Paraíba, do município de Campina Grande, residente há 21
anos no local. Com primário completo, atividade profissional e ocupação exclusiva no
Candomblé, compartilham o local de moradia com mais seis pessoas.
Sua nação é Ketu, todo conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é proveniente
da prática religiosa, sua área é de aproximadamente 10.000 m.
Importância das plantas para o entrevistado: “É muito importante, pois sem folha não
tem como haver iniciação do filho, não há candomblé sem folha” (Mãe Iracema de
Obaluaê).
18
• Município de Luziânia, “Ilé Axé Oyâ Bamilá”, Avenida – 10, Parque Estrela
Dalva, Quadra 54, Chácara – 11. Cep: 72800-000
No município de Luziânia encontra-se a casa da Mãe Inalda, com 56 anos de idade,
nascida no estado de Pernambuco, residente há 31 anos no local. Com 2º grau completo,
compartilha o local de moradia com mais quatro pessoas.
Na mesma área de sua residência encontra-se o Axé, local de culto e celebração de
festas aos Orixás, sua nação é Nagô, e também à prática do culto a Jurema. Todo
conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é proveniente da prática religiosa, sua área
é de aproximadamente 2.000 m² com grande diversidade de vegetais distribuídos por toda
a chácara.
Importância das plantas para o entrevistado: “As plantas são fundamentais para tudo,
se não houver plantas não existe candomblé” (Mãe Inalda).
• Município de Santo Antônio do Descoberto, “Ilê Axé Bará leji”, Mansões
Bitencourt Quadra 40c.
No município de Santo Antônio do Descoberto encontra-se a casa do Pai Uibacy
Domingos D’ Ávila (Pai Tito de Omolu), com 62 anos de idade, nascido no estado do Rio
Grande do Sul, residente há 34 anos no local. Com ensino superior completo em
Administração de empresas, atividade profissional e ocupação exclusivamente dedicada à
religião e ao culto a Ifá, compartilham o local de moradia com mais 42 pessoas, sendo
estas, filhos de santo vinculados a casa, caseiro e cônjuge.
Sua nação é Ketu, e também à prática do Candomblé de Caboclo, todo conhecimento
adquirido sobre o uso de plantas é proveniente da prática religiosa. Sua área é de
aproximadamente 30.000 m² com grande diversidade de vegetais distribuídos por toda a
chácara.
19
Importância das plantas para o entrevistado: “Fundamental, não há Orixá sem folha. É
um símbolo da ancestralidade do indivíduo” (Pai Tito de Omolu).
• Município de Valparaíso de Goiás, Casa da Vó Onofra Etapa – E Quadra 05
Casa 16 CEP: 72876 - 525.
No município de Valparaíso de Goiás encontra-se a casa da Vó Onofra Maria da
Silva, com 67 anos de idade, nascido no estado de Minas Gerais, do município de Araxá,
residente há 10 anos no local. Não possui escolaridade concluída, atividade profissional e
ocupação no serviço público, compartilha o local de moradia com mais seis pessoas.
Sua nação é Angola, todo conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é
proveniente da prática religiosa, sua área é de aproximadamente 20 m² .
Importância das plantas para o entrevistado: “Muito importante para o culto, à folha
ajuda as pessoas” (Vó Onofra).
20
B – ESPÉCIES UTILIZADAS E FORMAS DE USO
Durante as entrevistas foram citadas 114 plantas pelo seu nome popular, que possuem
aplicações litúrgicas e medicinais. Os vegetais são empregados em amacís, banhos,
defumação, sacudimento, culinária, medicinal, iniciação, assentamento.
O estudo constatou que as plantas são utilizadas em dez categorias de uso ritualístico,
na figura 2, as categorias estão separadas pela seqüência de ”A” a “J”, as plantas
indicadas para cada categoria estão agrupadas.
Figura 2 – Número de citações por categoria de uso.
A= AmaciB= BanhoC= DefumadorD= Medicinal E= SacudimentoF= CulináriaG= AssentamentoH= IniciaçãoI= OrnamentalJ= Ebós e Cerimônias
20
74
6
46
5
14
49
28
9
14
0 10 20 30 40 50 60 70 80
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
Cat
egor
ías
Número de citação
Numero de plantas citadas por categoría
21
As categorias são;
A) amací: compreende um preparado especial à base de ervas maceradas em água. É
usado para banhar os iniciados. Uma grande variedade de ervas pode entrar na
composição dos amacís. A seleção das espécies é feita pelo pai ou mãe de santo,
respeitando o Orixá regente. Nesse sentido, as plantas que são empregadas no
amací são aquelas que pertencem à divindade. A utilização do amací visa conferir
maior interação entre o orixá e o iniciado, fortalecendo os laços. (Albuquerque,
1995).
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Abre caminho, Algodão e Colônia.
B) banho: consiste de um ritual que visa fortalecer, limpar e proteger os adeptos
(iniciados), ou visitantes que buscam ajuda nas casas de santo. O banho de
limpeza possui grande popularidade cultural, por ser de fácil manipulação.
Comumente são feitos com ervas indicadas pelos pais e mães de santo, maceradas
com água fria e jogadas sobre o corpo. É importante ressaltar que não são todos os
banhos indicados que podem ser usados para lavar a cabeça, sendo necessário à
orientação direta dos pais e mães de santo. Vale ressaltar que há os banhos de
atração, que são banhos relacionados a processo de conquista voltado para auxiliar
relacionamentos.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Comigo ninguém pode, Laranjeira e
Manacá.
C) defumador: é um preparado de ervas secas, com propriedades curativas e de
proteção, sendo muito usado nesta categoria o Fumo (Nicotiana tabacum),
associado á outras ervas. Representa traço marcante da cultura ameríndia adaptada
aos cultos africanos no Brasil (Albuquerque, 1995).
22
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Acóco, Alecrim e Cravo da Índia.
D) medicinal: as plantas e seus empregos dentro dos cultos não se limitam ao uso
ritualístico, sendo difundido o uso medicinal de algumas espécies. Comumente
são plantas indicas na medicina popular.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Canela, Guaco e Jenipapo.
E) sacudimento: processos ritualísticos de limpeza, visando aliviar tensões locais e
psicológicas, causadas por energias negativas acumuladas no individuo. Chamado
de sacudimento por ser uma forma de balançar as energias, muito parecido com a
popular “Benzedura”.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Pequi, Mangueira espada e Espada de
São Jorge.
F) culinária: as comidas preparadas nas casas de santo possuem um valor sacral, ou
seja, cada orixá possui sua comida, e tanto nas celebrações como nos rituais
cotidianos, estes preparados culinários levam diversas plantas. Estas podem ser
usadas para temperar, decorar e outros.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Dendê, Folha da fortuna e
Manjericão.
G) assentamento e fundamento: objetos, símbolos e elementos necessários para
estabelecer e representar o Orixá, é onde está assentado a sua força dinâmica,
ficando depositado em locais específicos do terreiro; cada orixá possui seu espaço,
sua casa, dentro do terreiro. Os fundamentos são as obrigações feitas para o orixá.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Jaqueira, Louquinho miúdo e Erva
vintém.
H) iniciação: os rituais de iniciação possuem uma total complexidade de
fundamentos, que são as bases da liturgia dos cultos afro-brasileiros. No processo
23
de iniciação do filho de santo diversas plantas são utilizadas. São exemplos do
emprego dos vegetais na iniciação; cama de folha do orixá, esteira, pós, entre
outros.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Capeba, Graviola e Inhame.
I) ornamental: esta categoria é destinada às plantas que são usadas na decoração da
casa em dias de festa, celebrações, como também para a proteção da casa. As
plantas são distribuídas em pontos estratégicos, em portas e na entrada do terreiro.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Iroko, Jurema preta e Obi/ Noz de
cola.
J) ebós e Cerimônias: Nesta categoria, enquadram-se as plantas que são empregadas
em Ebós. Os Ebós são trabalhos de complexa manipulação em locais fora do
terreiro, popularmente chamados de “Despacho”. As plantas também são usadas
em Celebrações ou ocasiões especiais, como por exemplo, as celebrações
fúnebres. Há também bebidas que são preparadas para cerimônias com
ingredientes de procedência vegetal e que possuem propriedades curativas.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Maracujá selvagem / ewe dan,
Obò/Odán e Timbó.
As plantas usadas nos cultos afros são empregadas nas preparações de amácis;
banhos de defesa, de limpeza, de purificação. Em preparações de ambientes; de comidas;
bebidas e remédios. Nas cremações em incensários, aromatizantes, e nos ritos e cultos
diretos aos Orixás.
24
Dentre as dez categorias de uso, a mais citada foi o “Banho” (B), registrando 74 espécies destinadas a este emprego como mostrado na figura 2. A categoria que menos foi citada foi o “Sacudimento” (E) com um total de cinco plantas.
Há também dentre as citações, plantas que são destinadas exclusivamente para a
mesma aplicação, como é o caso do “Abre Caminho, Tira Teima ou Quebra Demanda”,
da Família Lamiaceae, que foi indicada pelos cinco informantes para o mesmo uso.
Temos outras que possuem uma aplicação diversificada, sendo citadas em mais de
uma categoria, até preencher um total de seis aplicações como foi o caso do “Akokô”
(Newbouldia laevis), que possui uma importância muito grande dentro do culto, pois os
informantes relataram a necessidade de tê-la, para praticamente todos os tipos de
trabalhos.
A maioria das plantas é exótica ao bioma Cerrado ou ao Brasil. No presente
levantamento pode-se verificar a presença de aproximadamente 14 plantas estão
distribuídas no bioma Cerrado.
São exemplos de espécies nativas que possuem aproveitamento nos cultos afro-
brasileiros, o Pequi (Caryocar brasiliense), a Quaresmeira (Tibouchina granulosa), a
Canela de Velho (Miconia albicans), o São Gonsalino (Casearia sylvestris) e o Jatobá
(Hymenaea courbaril).
O Pequi, além de sua importância e apreço alimentar, é utilizado em sacudimentos,
assentamento e em banhos. É considerada uma planta com ligação ao Orixá Exu e é tida
como quente e forte.
A Quaresmeira é aplicada para se fazer cama de folha dos Orixás Omolu e Nanã. A
Canela de Velho é muito utilizada em banhos de limpeza. O fruto do Jatobá possui
funções ritualísticas, sendo utilizado em fundamentos do Orixá Xangô, como também o
chá das folhas e a polpa do fruto possuem propriedades medicinais voltadas para
problemas de anemia.
25
As plantas exóticas são de origem africana como é o caso do Iroko (Chlorophora
excelsa), que é considerada árvore sagrada pelos praticantes das religiões de matriz
africana.
O uso de espécies originárias da África como a Noz de cola ou Obi (Cola acuminata),
é de grande significado etnobotânico, pela permanência como planta tradicional e de uso
obrigatório em algumas situações ritualísticas (Albuquerque, 1995).
Segundo Albuquerque (1997) a família Lamiaceae apresenta grande aceitação para
usos ritualísticos, principalmente em banhos, devido ao seu potencial aromático.
Para 12 nomes citados na Tabela - 2, não foi possível identificar as espécies
correspondentes devido à dificuldade em encontrar material botânico.
Verificaram-se casos em que o mesmo nome popular é utilizado para plantas distintas,
em outros casos as plantas recebem o mesmo nome popular, talvez pela semelhança
botânica, como é o caso do (Piper arboreum) e o (Piper aromaticum) “Pimenta de
Macaco”. As duas são de mesma família (Piperaceae) e são em comum utilizadas para
banhos
As plantas que obtiveram maior importância relativa de uso foram: Boldo ou Tapete
de Oxalá (Plectranhtus barbatus) (100), Abre Caminho (indeterminada) (100), Colônia
(Alpinia zerumbet) (80), Folha da fortuna (Bryophyllum pinnatum) Oken) (80), Alecrim
(Rosmarinus officinalis)(80), Acocô (Newbouldia laevis) (80), Boldo do Chile
(Plectranthus neochilus) (60), todas espécies exóticas cultivadas, o que demonstra a
conservação das espécies nos cultos.
A preservação do conhecimento sobre o uso dessas plantas, leva a crer que mesmo as
migrações dos praticantes e dos sacerdotes para outros estados como o DF e Entorno,
comparando estes aos historicamente mais tradicionais como Bahia e Recife, mostra que
o processo de consolidação do culto no contexto do uso de plantas vem sendo mantido.
26
A família Lamiaceae (Labiatae) foi a que apresentou maior diversidade, com dez
espécies e sete gêneros; seguida de Asteraceae (Compositae) com sete espécies e seis
gêneros; Piperaceae com cinco espécies e dois gêneros; Moraceae, Anacardiaceae e
Euphorbiaceae com quatro espécies e quatro gêneros; Dracaenaceae com três espécies e
dois gêneros; Lauraceae com três espécies e três gêneros; Leguminosae com três espécies
e dois gêneros; Solanaceae com três espécies e três gêneros; as demais com um registro
de espécie (Tabela - 1).
Albuquerque (1999) relata que a freqüência de algumas espécies nos estudos feitos
em casas de santo no Brasil se mostra constante, como o Kalanchoe brasiliensis (Saião ou
Folha-da-costa), Rosmarinus officinalis (Alecrim) e a Cola acuminata (Obi ou Noz de
cola).
Muitas das espécies vegetais utilizadas nos cultos afros são também utilizadas
popularmente em diversas regiões do país. Segundo Silva & Andrade (2006) em estudo
etnobotânico com comunidades da região litorânea de Pernambuco, estas utilizam 372
espécies, alguns destas, como é o caso do Urucum (Bixa orellana), o Melão de São
Caetano (Mormodica charantia ), Pinhão roxo (Jatropha gossypiifolia), Liamba (Vitex
agnus-castus) dentre outras, são citadas no presente trabalho.
Outros trabalhos elaborados dentro do contexto de plantas empregadas nos cultos
afros, descrevem o uso terapêutico, como Camargo (1998), que cita este emprego para
espécies como a Liamba (Vitex agnus-castus), a Jurema (Mimosa hostilis Benth.) e a
Arruda (Ruta graveolens).
Segundo Azevedo (2006), o uso de algumas espécies é bem difundido pelos
praticantes dos cultos afros em cidades como a do Rio de Janeiro. Comparado o uso de
algumas espécies neste trabalho, vimos que espécies como a Colônia (Alpinia zerumbet),
27
a Aroeira (Schinus terebinthifolius) e o Alecrim (Rosmarinus officinalis) são
freqüentemente citadas para o uso religioso (Azevedo, 2006).
Embora algumas espécies nativas de cerrado não tenham atingido os índices mais
altos de importância relativa de uso, o fato de estarem presentes nos cultos e de serem
citadas, para usos diversificados, pode indicar que estas plantas foram adaptadas ou
absorvidas pelos cultos, seja pela ausência de outras plantas ou pela incorporação destas
aos mesmos. Exemplos destas plantas são: a Quaresmeira (Tibouchina granulosa), a
Canela de Velho (Miconia albicans) e o Jatobá (Hymenaea courbaril).
De acordo com Trindade et al. (2000), os vegetais cultivados têm um emprego sacro
no candomblé, entretanto afirmam que a utilização de vegetais colhidos em área não
cultivada é indispensável ao culto religioso.
28
Tabela 1 – Famílias botânicas, nome científico e respectivo nome popular das plantas utilizada nos cultos afro-brasileiros no DF e Entorno;
Família Nome cientifico Nome popular
Aloaceae Aloe arborescens Mill . Babosa Amaranthaceae Alternanthera dentata (Moench) Stuchl. Terramicina, Penicilina ou Ewe lebo Anacardiaceae
Astronium fraxinifolium Schott
Mangifera indica L. Schinus terebinthifolius Raddi
Spondias mombin L.
São Gonsalino Mangueira
Aroeira Cajá
Annonaceae Annona muricata L. Xylopia aromatica Mart.
Graviola Pindaíba ou Lelecum
Apiaceae Foeniculum vulgare Mill. Erva doce Apocynaceae Allamanda puberula A.DC.
Peltastes isthmicus Woodson Ewe seré Inhame
Araceae Dieffenbachia amoena Hort. ex Gentil Pistia stratiotes L.
Comigo ninguém pode Alface d’ água / Ojouri
Arecaceae Elaeis guineensis Jacq. Dendê Asteraceae Bidens pilosa L.
Melampodium divaricatum DC. Mikania glomerata Spreng.
Vernonia brasiliana (L.) Druce Vernonia condensata Baker
Artemisia absinthium L. Centratrerum Cass.
Carrapicho Oripepé Guaco
Assa peixe Alumã / Ewe oro
Absinto Balaio de velho
Bignoniaceae Newbouldia laevis Seem. Tecoma stans (L.) H.B. & K.
Akokô Trombeta
Bixaceae Bixa orellana L. Urucum Caesalpinaceae Hymenaea courbaril L. Jatobá Caprifoliaceae Caprifoliaceae Sambucus L.
Sambucus australis Cham. & Schltdl. Pararraio
Sabugueiro
Caryocaraceae Caryocar brasiliense St.Hil. Pequi Caryophyllaceae Drymaria cordata Willd. ex Schult. Erva Vintém
Cecropiaceae Cecropia peltata L. Embaúba ou Pau Polvora Chrysobalanaceae Licania tomentosa Kuntze Oiti
Costaceae Costus spicatus Sw. Cana-do-Brejo Crassulaceae Bryophyllum pinnatum Kurz
Kalanchoe brasiliensis Cambess. Folha da fortuna
Sião Cucurbitaceae Momordica charantia L. Melão de São Caetano Dracaenaceae Dracaena fragrans Ker Gawl..
Dracaena Vand. ex L. Sansevieria trifasciata Hort. ex Prain
Peregum Amarelo Peregum Branco ou Pau D’ água
Espada de São Jorge Euphorbiaceae Croton perdicipes St.Hil.
Euphorbia tirucalli L. Jatropha gossypiifolia L.
Ricinus communis L.
Pé de Perdiz Aveloz ou Gravetinho
Pinhão Roxo Mamona
Flacourtiaceae Carpotroche brasiliensis Endl. Casearia sylvestris Sw.
Mata Piolho São Gonsalino
Geraniaceae Geranium moschatum Burm.f. Malva Rosa, Malva Cheirosa, Malva Lamiaceae Lavandula officinalis Chaix
Melissa officinalis L. Ocimum basilicum L.
Ocimum gratissimum L. Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.
Plectranthus barbatus Andrews Plectranthus neochilus Schltr.
Pogostemon cablin Benth. Rosmarinus officinalis L.
Lavanda do Campo Melissa
Manjericão Alfavaca, Ewe kiiobis
Hortelã da Folha Grossa Boldo ou Tapete de Oxalá
Boldo do Chile Pacthuli Alecrim
29
Vitex agnus-castus L. Liamba
Lauraceae Cinnamomum zeylanicum Blume
Laurus nobilis L. Persea americana Mill.
Canela Louro
Abacate Leguminosae
Caesalpinia ferrea Mart. Mimosa hostilis Benth.
Mimosa L.
Jucá ou Pau Ferro Jurema Preta
Jurema Branca Liliaceae Cordyline terminalis Kunth Peregum Vermelho ou Peregum Roxo
Loranthaceae Struthanthus flexicaulis Mart. Erva de passarinho Malvaceae Gossypium hirsutum L. Algodão
Melastomataceae Miconia albicans Steud. Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn.
Canela de Velho Quaresmeira
Moraceae Artocarpus integrifolius L.f. Chlorophora excelsa Benth. & Hook.f.
Ficus doliaria Mart. Morus nigra L.
Jaqueira Iroko
Guameleira Amora
Musaceae Musaceae Musa L. Bananeira Branca Myrtaceae Eugenia uniflora L.
Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M.Perry Pitanga
Cravo da Índia Nyctaginaceae Boerhavia diffusa L. Bredo de Santo Antônio ou Pega Pinto Oxalidaceae Averrhoa carambola L. Carambola
Passifloraceae Passiflora edulis Sims Passiflora L.
Maracujá Maracujá Selvagem
Phytolaccaceae Petiveria alliacea L. Guiné ou Tipi Piperaceae Piper aduncum L.
Piper arboreum Aubl. Piper aromaticum Willd. Piper tuberculatum Jacq.
Pothomorphe umbellata (L.) Miq.
Bete fêmea / Pimenta de macaco Bete cheiroso / Bete macho
João Barandi/ Pimenta de macaco Jaborandi (Falso - Jaborandi)
Capeba Plumbaginaceae Plumbago scandens L. Louquinho Miúdo
Poaceae Saccharum officinarum L. Cana de Exu Punicaceae Punica granatum L. Romã Rosaceae Rosa alba L. Rosa Branca Rubiaceae Coffea arabica L.
Genipa americana L. Café
Jenipapo Rutaceae Ruta graveolens L. Arruda
Solanaceae Brunfelsia uniflora D.Don Nicotiana tabacum L.
Solanum lycocarpum A.St.-Hil.
Manacá Fumo ou Tabaco
Lobeira Sterculiaceae Cola acuminata Schott & Endl. Noz de cola ou Obi Verbenaceae Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Britton & P.Wilson Erva Cidreira
Vitaceae Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E.Jarvis Insulina Zingiberaceae Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm.
Hedychium coronarium J.Koenig Colônia
Lírio Branco
30
Tabela 2 - Plantas utilizadas tradicionalmente nos cultos afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno, e seus respectivos usos; Convenção para categoria de uso: A= Amaci, B = Banho, C= Defumador, D= Medicinal, E= Sacudimento, F= Culinária, G= Assentamento, H= Iniciação, I= Ornamental, J= Ebós e Cerimônias Nº de usos = Número de uso citado.
Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de usos
CUP Fc CUPc
Abacateiro Persea americana Miller Lauraceae X 1 100 0,2 20 Abre caminho / Quebra demanda / Tira teima
Indeterminada Lamiaceae X 1 100 1,0 100
Acóco Newbouldia laevis Seem Bignoniaceae X X X X X X 6 66,6 0,8 53,28
Afomã/ Erva de passarinho Struthanthus flexicaulis Mart Loranthaceae X 1 100 0,2 20
Alecrim Rosmarinus officinalis L. Lamiaceae X X X X 4 100 0,8 80
Alecrim do Campo Indeterminada Indeterminada X X X 3 100 0,2 20
Alumã / Ewe oro Vernonia condensata Baker Asteraceae X 1 100 0,2 20
Alface d’ água / Ojouri Pistia stratiotes L. Araceae X X 2 100 0,2 20 Alfavacão / Alfavaca de caboclo/ Ewe kiiobis
Ocimum gratissimum L. Lamiaceae X X X X 4 100 0,6 60
Alfazema Indeterminada Indeterminada X X X 3 100 0,2 20
Alfazema do Campo Lavandula officinalis Chaix Lamiaceae X 1 100 0,2 20
Algodão Gossypium hirsutum L. Malvaceae X X X X 4 100 0,4 40
Amora Morus nigra L. Moraceae X X X 3 100 0,4 40
Aroeira Schinus terebinthifolius Raddi Anacardiaceae X X X X 4 100 0,8 80
Arruda Ruta graveolens L. Rutaceae X X 2 100 0,2 20
Artemísia Artemisia absinthium L. Asteraceae X X 2 100 0,2 20
Assa peixe Vernonia brasiliana (L.) Druce Asteraceae X X 2 100 0,2 20
Aveloz / Gravetinho Euphorbia tirucali L. Euphorbiaceae X 1 100 0,2 20
Babosa / Flor da babosa Aloe arborescens Mill. Aloaceae X 1 100 0,4 40
Balaio de velho Centrathrerum Cass. Asteraceae X X X 3 100 0,6 60
Bananeira Branca Musa sp. Musaceae X 1 100 0,2 20
Bete cheiroso / Bete macho Piper arboreum Aubl. Piperaceae X X X 3 100 0,4 40
Bete fêmea / Pimenta de macaco Piper aduncum L. Piperaceae X X X 3 66,6 0,2 53,68
Boldo ou Tapete de Oxalá Plectranhtus barbatus Andrews Lamiaceae X X X X 4 100 1,0 100
Boldo do Chile Plectranthus neochilus Schltr. Lamiaceae X X X X 4 100 0,6 60
Bredo de santo Antonio / Pega pinto Boerhavia diffusa L. Nyctaginaceae X X 2 100 0,2 20
Café Coffea arabica L. Rubiaceae X X X 3 100 0,4 40
Cajá Spondias mombin L. Anacardiaceae X X X X 4 100 0,2 20
Cana de exu Saccharum officinarum L. Poaceae X X 2 100 0,2 20
Cana do Brejo / Canela de índio Costus spicatus (Jacq.) Sw. Costaceae X X X X 4 100 0,6 60
31
Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de ind.
CUP Fc CUPc
Câncerosa Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20
Candeia branca Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20
Canela Cinnamomum zeylanicum Breyn. Lauraceae X X X X X 5 100 0,6 60
Canela de velho Miconia albicans Steud. Melastomataceae X 1 100 0,4 40
Capeba Pothomorphe umbellata (L.) Miq. Piperaceae X X X X 4 100 0,4 40
Carambola Averrhoa carambola L. Oxalidaceae X X 2 100 0,2 20
Carrapicho Bidens pilosa L. Asteraceae X X 2 100 0,4 40
Chega até mim Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20
Colônia Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm.
Zingiberaceae X X X X X 5 100 0,8 80
Comigo ninguém pode Dieffenbachia amoena Hort. ex Gentil Araceae X 1 100 0,6 60
Corredeira branca Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20
Cravo da Índia Syzygium aromaticum ( L. ) Merr. & L.M.Perry
Myrtaceae X X X X 4 100 0,2 20
Dama da noite Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20
Dandá d’ água Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20
Dandá d’ terra Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20
Dendê Elaeis guineensis Jacq. Arecaceae X X 2 100 0,2 20
Embaúba / pau polvora Cecropia peltata Trecúl Cecropiaceae X X 2 100 0,2 20
Erva cidreira Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Britton & P.Wilson
Verbenaceae X X 2 100 0,6 60
Erva doce Foeniculum vulgare Mill. Apiaceae X X 2 100 0,2 20
Erva tostão Boerhavia diffusa L. Nyctaginaceae X 1 100 0,2 20
Erva vintém Drymaria cordata (L.) Roem. & Schult. Caryophyllaceae X X X 3 100 0,2 20
Espada de São Jorge Sansevieria trifasciata Hort. ex Prain Dracaenaceae X 1 100 0,4 40
Ewe seré Alamanda puberula A.DC. Apocynaceae X X 2 100 0,2 20
Folha da fortuna Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken Crassulaceae X X X X X 5 100 0,8 80
Fumo Nicotiana tabacum L. Solanaceae X 1 100 0,2 20
Gameleira Ficus doliaria Mart. Moraceae X X 2 100 0,4 40
Graviola Annona muricata L. Annonaceae X 1 100 0,2 20
Guaco Mikania glomerata Spreng. Asteraceae X X 2 100 0,2 20
Guiné / Tipi Petiveria alliacea L. Phytolaccaceae X 1 100 0,4 40
Hortelã da folha grossa Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. Lamiaceae X 1 100 0,2 20
Inhame Peltaste isthmicus Woodson Apocynaceae X 1 100 0,2 20
Insulina Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E.Jarvis
Vitaceae X 1 100 0,4 40
32
Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de ind.
CUP Fc CUPc
Iroko Chlorophora excelsa Benth. & Hook.f. Moraceae X X 2 100 0,2 20
Jaborandi (Falso - Jaborandi) Piper tuberculatum Jacq. Piperaceae X X X 3 100 0,4 40
Jambo Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20
Jaqueira Artocarpus integrifolius L.f. Moraceae X 1 100 0,2 20
Jatobá Hymenae courbaril L. Caesalpinaceae X X 2 100 0,2 20
Jenipapo Genipa americana L. Rubiaceae X X X 3 100 0,2 20
João Barandi/ Pimenta de macaco Piper aromaticum Willd. Piperaceae X 1 100 0,4 40
Jucá / pau ferro Caesalpinia ferrea Mart. Leguminosae X X 2 100 0,4 40
Jurema branca Mimosa sp. Mimosaceae X X 2 100 0,2 20
Jurema preta / Jurema sagrada Mimosa hostilis Benth. Mimosaceae X X X X 4 100 0,6 60
Laranjeira Citrus sinensis L. Rutaceae X 1 100 0,2 20
Liamba Vitex agnus-castus L. Lamiaceae X X 2 100 0,4 40
Lírio branco Hedychium coronarium J.Koenig Zingiberaceae X X 2 100 0,4 40
Lobeira Solanum lycocarpum A.St.-Hil. Solanaceae X X 2 100 0,4 40
Louquinho miúdo Plumbago scandens L. Plumbaginaceae X 1 100 0,2 20
Louro Laurus nobilis L. Lauraceae X X X 3 100 0,2 20
Malva Cheirosa / Malva Rosa Geranium moschatum Burm.f. Geraniaceae X X X 3 100 0,6 60
Mamona Ricinus communis L. Euphorbiaceae X 1 100 0,2 20
Manacá Brunfelsia uniflora (Pohl) D. Don Solanaceae X 1 100 0,2 20
Mangueira Espada Mangifera indica L. Anacardiaceae X X X X 4 100 0,4 40
Manjericão / Manjericão Miúdo Ocimum basilicum L. Lamiaceae X X X 3 100 0,4 40
Maracujá Passiflora edulis Sims. Passifloraceae X 1 100 0,2 20
Maracujá selvagem / ewe dan Passiflora sp. Passifloraceae X X X 3 100 0,2 20
Mata piolho Carpotroche brasiliensis Endl. Flacourtiaceae X X 2 100 0,2 20
Melão de São Caetano Momordica charantia L. Cucurbitaceae X X 2 100 0,2 20
Melissa Melissa officinalis L. Lamiaceae X X X 3 100 0,2 20
Obi/ Noz de cola Cola acuminata Schott & Endl. Sterculiaceae X X X X X X 6 100 0,2 20
Obò/Odán Peltastes isthmicus Woodson Apocynaceae X X X X X X 6 100 0,6 60
Oiti Licania tomentosa Kuntze ou Fritsch Chrysobalanaceae X 1 100 0,2 20
Onda do mar Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20
Oripepé Melampodium divaricatum DC. Meliaceae X X 2 100 0,2 20
Pacthuli Pogostemon cablin Benth. Lamiaceae X X 2 100 0,2 20
Pararraio Melia azedarach L. Caprifoliaceae X X 2 100 0,2 20
Pé de perdiz Croton perdicipes A. St.-Hil. Euphorbiaceae X X 2 100 0,2 20
33
Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de ind.
CUP Fc CUPc
Pequi Caryocar brasiliense St.Hil. Caryocaraceae X X X X 4 100 0,4 40
Peregum Amarelo Dracaena fragans Ker Gawl. Dracaenaceae X 1 100 0,2 20 Peregum Branco / Peregum / Pau d’água / peregum verde
Dracaena sp. Dracaenaceae X X X X X X 6 66,6 0,6 53,28
Peregum Vermelho / Roxo Cordyline terminals (L.) Kunth Liliaceae X X X X X 5 100 0,4 40
Pindaíba / lelecum Xylopia aromatica Mart. Annonaceae X X 2 100 0,2 20
Pinhão roxo Jatropha gossypiifolia L. Euphorbiaceae X X X 3 100 0,4 40
Pitanga Eugenia uniflora L. Myrtaceae X X 2 100 0,2 20
Quaresmeira Tibouchina granulosa Cogn. ex Britton Melastomataceae X 1 100 0,2 20
Romã Punica granatum L. Punicaceae X X 2 100 0,2 20
Rosa branca Rosa alba L. Rosaceae X X 2 100 0,2 20
Sabugueiro Sambucus australis Cham. & Schltdl. Caprifoliaceae X X X X 4 100 0,4 40
Saião Kalanchoe brasiliensis Camb. Crassulaceae X X 2 100 0,2 20
São Gonçalinho Casearia sylvestris Sw. Flacourtiaceae X X X 3 100 0,2 20
São Gonsalinho Astronium fraxinifolium Schott Anacardiaceae X X 2 100 0,2 20 Terramicina/ Penicilina vegetal / Ewe lebo
Alternanthera dentata (Moench) Stuchlik Amaranthaceae X X X 1 100 0,4 40
Timbó Serjania lethalis Sapindaceae
X 1 100 0,2 20
Trombeta Tecoma stans (L.) H.B. & K. Bignoniaceae X X 2 100 0,2 20
Urucum Bixa orellana L. Bixaceae X X X 3 100 0,4 40
34
C - LISTA DAS ESPÉCIES E DESCRIÇÃO DE USO
1. Abacateiro
Família: Lauraceae
Nome científico: Persea americana Miller
Parte usada: Folha e fruto.
Restrição de uso: Não foi informada.
Uso ritualístico: Não indicado
Outros empregos: Folha usada em forma de cataplasma na cabeça, para dores na mesma e os
frutos são considerados bons para os rins.
Categoria: D
2. Abre caminho / Quebra demanda / Tira teima
Família: Lamiaceae
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, e utilizada em banhos de limpeza. Ebós e
assentamento.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B
3. “Acocô”
Família: Bignoniaceae
Nome científico: Newbouldia laevis Seem.
Parte usada: Folha
35
Restrição de uso de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Assentamento de todos os Orixás, iniciação e matança.
Utilizada junto ao “Óbó”, em “Ebós” para atrair dinheiro.
Planta macerada com água fria, e utilizada em banhos de limpeza junto ao “Óbó” .
Folha seca usada como defumador.
Outros empregos: Enfeitar pratos.
Categoria: B, C, F, G, H, J.
4. Afomã ou Erva de passarinho
Família: Loranthaceae
Nome científico: Struthanthus flexicaulis Mart.
Parte usada: Folha e flores.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada e cozida, utilizada em banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B.
5. Alecrim
Família: Lamiaceae
Nome científico: Rosmarinus officinalis L.
Parte usada: Folha e caule.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Folha usada como
defumador.
36
Outros empregos: O chá é usado como calmante e cicatrizante. A folha cozida combate à
queda de cabelo. A planta também é utilizada como tempero.
Categoria: B, C, D, F.
6. Alecrim do campo
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Folha usada como
defumador. Cama de folha para o Orixá Ogum.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B, C, G.
7. Alface d’água / “Ojuori”
Família: Araceae
Nome científico: Pistia stratiotes L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e de atração.
Outros empregos: Usada para lavar os olhos em casos de inflamações.
Categoria: B, D.
8. Alfavaca / Alfavacão / Alfavaca de Caboclo / “Ewé Kiiobis”
Família: Lamiaceae
Nome científico: Ocimum gratissimum L.
37
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, e no assentamento
para o Orixá Oxossi.
Outros empregos: O chá é usado contra gripe, pode ser usado associado ao manjericão. Folha
usada como tempero para carne.
Categoria: B, G, D, F.
9. Alfazema
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, Amaci e atração.
Folha usada como defumador.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: A, B, C.
10. Alfazema do campo
Família: Lamiaceae
Nome científico: Lavandula officinalis Chaix
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado. Não informado.
38
Categoria: B.
11. Algodão
Família: Malvaceae
Nome científico: Gossypium hirsutum L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e Amacis. Cama de
folha de Orixá.
Associada a folha da Aroeira e Alfazema, maceradas e cozidas em banhos de limpeza.
Outros empregos: O chá é usado para combater infecções uterinas.
Categoria: A, B, D, G.
12. Alomã / Ewé oro
Família: Asteraceae
Nome científico: Vernonia condensata Baker
Parte usada: Folhas
Restrição de uso: Não indicado
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do
Orixá Omolu.
Outros empregos: O chá é usado para combater cólicas intestinais, problemas de estomago,
fígado e dores de barriga.
Categoria: D
13. Amora
Família: Moraceae
39
Nome científico: Morus nigra L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não indicado
Uso ritualístico: Utilizado em fundamentos para Eguns, sacudimento, limpeza do lar e
obrigação fúnebre.
Outros empregos: O chá é usado como regulador hormonal para menopausa e insônia.
Categoria: E, G, J.
14. Aroeira
Família: Anacardiaceae
Nome científico: Schinus terebinthifolius Raddi
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Colher antes do nascer do sol.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Iniciação, Amaci,
sacudimento, cama de folha e assentamento do Orixá Ogum.
Outros empregos: Não informado. Não indicado.
Categoria: A, B, H, E, G.
15. Arruda
Família: Rutaceae
Nome científico: Ruta graveolens L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não lavar a cabeça durante o banho e o chá possuí propriedades abortivas.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Chá para gargarejo contra infecções na boca.
40
Categoria: B, D.
16. Artemísia
Família: Asteraceae
Nome científico: Artemisia absinthium L.
Parte usada de uso: Folha
Restrição de uso: Planta abortiva e tóxica, quantidade máxima de três xícaras de chá por dia.
(Lorenzi, 2002).
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento para
o Orixá Oxum e Iemanjá.
Outros empregos: Não informado. Não indicado.
Categoria: B, G.
17. Assa peixe
Família: Asteraceae
Nome científico: Vernonia brasiliana (L.) Druce
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não indicado
Uso ritualístico: Limpeza da casa em celebrações fúnebres.
Outros empregos: Usada na elaboração de xarope para gripe.
Categoria: D, J.
18. Aveloz / Gravetinho
Família: Euphorbiaceae
Nome científico: Euphorbia tirucali L.
Parte usada: Folha
41
Restrição de uso: Planta tóxica
Uso ritualístico: Utiliza em assentamento para o Orixá Exu.
Outros empregos: Não informado. Não indicado.
Categoria: G.
19. Babosa
Família: Aloaceae
Nome científico: Aloe arborescens Mill.
Parte usada: Folha e Flor
Restrição de uso: Não indicado
Uso ritualístico:
Outros empregos: É usada a baba que há entre as folhas para o cabelo, faz –se banho de
assento para problemas de hemorróida, e o chá das flores é usado para combater pneumonia.
Categoria: D
20. Balai de velho, Balaim de velho e Balaio.
Família: Asteraceae
Nome científico: Centratherum sp.
Parte usada: Folha, raiz e flores.
Restrição: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, em assentamentos e
fundamentos.
Outros empregos: É utilizado o chá da raiz, das flores e das folhas para curar problemas
orgânicos.
Categoria: B, D, G.
42
21. Bananeira Branca
Família: Musaceae
Nome científico: Musa sp.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Uso ritualístico:
Outros empregos: A folha é utilizada para enrolar a comida chamada de Acaçá.
Categoria: F.
22. Bete Cheiroso, Bete Macho e Abranda Mundo.
Família: Piperaceae
Nome científico: Piper arboreum Aubl.
Parte usada: Folha
Restrição: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento e
iniciação para todos os orixás.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G, H.
23. Bete Fêmea ou Pimenta de Macaco
Família: Piper aduncum L.
Nome científico: Piperaceae
Parte usada: Folha e fruto.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
43
Uso ritualístico: A folha da planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Assentamento e iniciação para Iemanjá. Os frutos são utilizados em fundamentos.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G, H.
24. Boldo ou Tapete de Oxalá
Família: Lamiaceae
Nome científico: Plectranhtus barbatus Andrews
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria para banhos de limpeza e dor de cabeça,
assentamentos, fundamentos e iniciação de filhos de Oxalá.
Outros empregos: O chá é utilizado para combater problemas de fígado e estômago.
Categoria: B, D, G, H.
25. Boldo do Chile
Família: Lamiaceae
Nome científico: Plectranthus neochilus Schltr.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, cama de Orixá para
Nanã, Oxalá e Oxumaré.
Outros empregos: O chá é utilizado para combater problemas de fígado e estômago.
Categoria: B, G, H.
26. Bredo de Santo Antonio Pega Pinto ou Ewé Tipola
44
Família: Nyctaginaceae
Nome científico: Boerhavia diffusa L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do
Orixá Ogum.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
27. Café
Família: Rubiaceae
Nome científico: Coffea arabica L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em cerimônias
fúnebres. Também utilizada em rituais para Ossanha.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G, H.
28. Cajá
Família: Anacardiaceae
Nome científico: Spondias mombin L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
45
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, entra em todos os
banhos, fundamentos e Amacís.
Outros empregos: Não informado
Categoria: A, B, G, H.
29. Cana de Exú
Família: Poaceae
Nome científico: Saccharum officinarum L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento e
Ebós para o Orixá Exu.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, J.
30. Cana do Brejo ou Canela de índio.
Família: Costaceae
Nome científico: Costus spicatus (Jacq.) Sw.
Parte usada: Folha, raiz, frutos e galhos.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, cama de folha para
Nanã, Oxumaré e Oxalá.
Utilizada no Amací do Candomblé de Jurema.
Outros empregos: O chá da folha combate problemas renais.
Categoria: A, B, D, H.
46
31. Câncerosa
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos, é uma planta
tóxica.
Uso ritualístico: Planta utilizada em Ebós para o Orixá Omolu.
Outros empregos: Faz-se remédio para câncer.
Categoria:D, J.
32. Candeia Branca
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do
Orixá Oxalá e Exu.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
33. Canela
Família: Lauraceae
Nome científico: Cinnamomum zeylanicum Breyn.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
47
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, fundamentos,
Amaci e também é usada para forrar o chão em dias de festivos.
Outros empregos: O chá é muito apreciado usado para Problemas de estômago.
Categoria: A, B, D, G, I.
34. Canela de velho
Família: Melastomataceae
Nome científico: Miconia albicans Steud.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado. Não informado
Categoria: B.
35. Capeba
Família: Piperaceae
Nome científico: Pothomorphe umbellata (L.) Miq.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento,
iniciação e em cerimônias fúnebres.
Outros empregos: Não informado. Não informado
Categoria: B, G, H, J.
36. Carambola
Família: Oxalidaceae
48
Nome científico: Averrhoa carambola L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e cerimônias.
Outros empregos: Chá utilizado para problemas renais.
Categoria: B, J.
37. Carrapicho ou Carrapicho Rasteiro
Família: Asteraceae
Nome científico: Bidens pilosa L.
Parte usada: Folha, raiz e flor.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do
Orixá Omolu.
Outros empregos: Chá é utilizado para dar banhos em crianças com icterícia e para combater
infecções uterinas.
Categoria: B, D.
38. Chega até mim
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de atração.
Outros empregos: Não informado.
49
Categoria: B.
39. Colônia
Família: Zingiberaceae
Nome científico: Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm.
Parte usada: Folha, raiz e flor.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, Amací e iniciação.
Cama de folha para o Orixá Oxum. Assentamento dos Orixás Oxalá e Nanã.
Outros empregos: O chá da raiz e folhas é usado para problemas renais, como tônico cardíaco
e calmante. O chá das flores é usado para diabetes.
Categoria: A, B, D, G, H.
40. Comigo ninguém pode
Família: Araceae
Nome científico: Dieffenbachia amoena Hort. Ex Gentil
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Pode causar irritação na pele, coletar antes do nascer do sol, quando usada
para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
41. Corredeira branca
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
50
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento de
Omolu.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
42. Cravo da Índia
Família: Myrtaceae
Nome científico: Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M.Perry
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, defumador, cama
de folha para Orixá Omolu.
Outros empregos: Chá utilizado para cólicas menstruais e para diminuir o fluxo da
menstruação.
Categoria: B, C, D, H.
43. Dandá d' terra
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Raiz
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Fundamento usando a batata ralada para o Orixá xangô.
Outros empregos: Não informado
51
Categoria: G
44. Dandá d' água
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Raiz
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Fundamento e banho usando a batata ralada para o Orixá Oxalá.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
45. Dama da noite
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banha de atração.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
46. Dendê
Família: Arecaceae
Nome científico: Elaeis guineensis Jacq.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não indicado.
52
Uso ritualístico: As folhas são utilizadas para decorar a casa nos dias festivos. O azeite é
apreciado no preparo de alguns pratos, podendo ou não ser usado de acordo com o Orixá.
Outros empregos: Não informado
Categoria: F, I.
47. Embaúba ou Pau Pólvora
Família: Cecropiaceae
Nome científico: Cecropia peltata Trecúl
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banha de limpeza, assentamento para os
Orixás Xangô e Obá.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
48. Erva Doce
Família: Apiaceae
Nome científico: Foeniculum vulgare Mill.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Defumador
Outros empregos: O chá é utilizado como calmante.
Categoria: C, D
49. Erva Cidreira
Família: Verbenaceae
53
Nome científico: Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Ex Britton & P.Wilson
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Amaci.
Outros empregos: O chá é utilizado como calmante e alívio em problemas cardíacos,
combater gripe e o mal-estar.
Categoria: A, D.
50. Erva Tostão
Família: Nyctaginaceae
Nome científico: Boerhavia diffusa L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Amaci
Outros empregos: Não informado
Categoria: A.
51. Erva Vintém
Família: Caryophyllaceae
Nome científico: Drymaria cordata (L.) Roem. & Schult.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento e
Ebós ao Orixá Xangô.
Outros empregos: Não informado
54
Categoria: B, G, J.
52. Espada de São Jorge
Família: Dracaenaceae
Nome científico: Sansevieria trifasciata Hort. Ex Prain
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Sacudimento
Outros empregos: Não informado
Categoria: E
53. Ewe sere
Família: Apocynaceae
Nome científico: Alamanda puberula A.DC.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento para o
Orixá Xangô.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
54. Folha da Fortuna
Família: Crassulaceae
Nome científico: Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
55
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, enfeitar comidas de
Orixá, cama de folha para os Orixás Xangô e Oxalá, assentamento dos Orixás Ifá e Exu, em
Amaci e Iniciação.
Outros empregos: Não informado
Categoria: A, B, F, G, H.
55. Fumo ou Tabaco
Família: Solanaceae
Nome científico: Nicotiana tabacum L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
O uso indicado como presente no culto a Jurema.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
56. Gameleira
Família: Moraceae
Nome científico: Ficus doliaria Mart.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Amaci e em assentamento. É considerada uma folha sagrada do Orixá Iroko.
Outros empregos: Não informado
Categoria: A, G.
57. Graviola
56
Família: Annonaceae
Nome científico: Annona muricata L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Utilizada para preparar cama de folha, para o Orixá Iroko.
Outros empregos: Não informado
Categoria: H.
58. Guaco
Família: Asteraceae
Nome científico: Mikania glomerata Spreng.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Planta utilizada para preparar cama de folha.
Outros empregos: O chá para combater gripe e problemas respiratórios.
Categoria: D, H.
59. Guiné ou Tipi
Família: Phytolaccaceae
Nome científico: Petiveria amboinicus
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
57
60. Hortelã da folha graúda ou Hortelã da folha grossa
Família: Lamiaceae
Nome científico: Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Não informado
Outros empregos: O chá é utilizado para combater gripe, resfriados. É indicado para ser
utilizado junto ao mel, como um xarope.
Categoria: D.
61. Inhame
Família: Apocynaceae
Nome científico: Peltaste isthmicus Woodson
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Planta utilizada para cama de folha do Orixá Ogum.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: H.
62. Insulina
Família: Vitaceae
Nome científico: Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis
Parte usada: Folha e gavinha.
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Não informado.
58
Outros empregos: Chá é utilizado para problemas de diabete
Categoria: D.
63. Iroko
Família: Moraceae
Nome científico: Chlorophora excelsa Benth. & Hook. F.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta utilizada para decoração e como cama de folha para o Orixá Iroko.
Outros empregos: Não informado
Categoria: H, I.
64. Jaborandi, Falso Jaborandi ou Pimenta de Macaco
Família: Piperaceae
Nome científico: Piper tuberculatum Jacq.
Parte usada: Folha e flor.
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e para assentamento
do Orixá e Oxossi.
Outros empregos: A planta macerada com água fria é utilizada para os cabelos.
Categoria: D, B, G.
65. Jambo
Família: Planta não identificada.
Nome científico: Planta não identificada
Parte usada: Folha
59
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Planta utilizada para fundamentos de Orixá.
Outros empregos: Não informado
Categoria: G.
66. Jaqueira
Família: Moraceae
Nome científico: Artocarpus integrifolius L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Planta utilizada para fundamentos e assentamento dos Orixás Iroko e Exu.
Outros empregos: Não informado
Categoria: G.
67. Jatobá
Família: Caesalpinaceae
Nome científico: Hymenae courbaril L.
Parte usada: Folha e fruto
Restrição de uso: Coletar as folhas antes do nascer do sol.
Uso ritualístico: O fruto da planta é utilizado em fundamentos para o Orixá Xangô.
Outros empregos: O chá e o fruto são indicados para problemas de anemia.
Categoria: D, G.
68. Jenipapo
Família: Rubiaceae
Nome científico: Genipa americana L.
60
Parte usada: Folha e fruto
Restrição de uso:
Uso ritualístico: A folhas da planta é utilizada em fundamentos do Orixá Omolu.
Outros empregos: O fruto associado com mel é indicado para combater anemia, quando
usado pela manha em jejum. O fruto é muito apreciado na culinária como doce.
Categoria: D, F, G.
69. João Barandi ou Pimenta de Macaco
Família: Piperaceae
Nome científico: Piper aromaticum Willd.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta cozida em água, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
70. Jucá ou Pau Ferro
Família: Leguminosaceae
Nome científico: Caesalpinia ferrea Mart.
Parte usada: Folha e casca.
Restrição de uso: Coletar as folhas antes do nascer do sol.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza destinados ao Orixá
Ogum.
Outros empregos: O chá da casca é utilizado para diabetes.
Categoria: B, D.
61
71. Jurema Branca
Família: Mimosaceae
Nome científico: Mimosa sp.
Parte usada: Casca
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol.
Uso ritualístico: A casca da planta é utilizada para elaborar bebida sagrada utilizada no
Candomblé de Caboclo.
Outros empregos: Não informado
Categoria: D, J.
72. Jurema Preta
Família: Mimosaceae
Nome científico: Mimosa hostilis Benth.
Parte usada: Casca e entre casca e raiz
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol.
Uso ritualístico: A casca da planta é utilizada para elaborar bebida sagrada utilizada no
Candomblé de Caboclo.
A folha é utilizada no Amaci do Catimbó Jurema.
Outros empregos: Planta ornamental. A entrecasca é utilizada para aliviar dor de dente, e
para elaborar beberagem de propriedades curativas chamada "Jurema".
Categoria: A, D, I, J.
73. Laranjeira
Família: Rutaceae
Nome científico: Citrus sinensis Osbeck
62
Parte usada: Flor
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Flor da planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B.
74. Liamba
Família: Verbenaceae
Nome científico: Vitex agnus-castus L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de atração.
Outros empregos: A folha da planta é utilizada na elaboração da beberagem "Jurema".
Categoria: B, D.
75. Lírio Branco
Família: Zingiberaceae
Nome científico: Hedychium coronarium J. Koenig
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza destinado ao Orixá
Oxalá. Cama de folha do Orixá Oxalá.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, H.
76. Lobeira
63
Família: Solanaceae
Nome científico: Solanum lycocarpum A. St. Hil.
Parte usada: Folha, flor, raiz e fruto.
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta utilizada em assentamento para o Orixá Exu.
Outros empregos: O chá da folha é utilizado para fazer banho de assento para hemorróida. O
fruto cozido é utilizado para diabete e o chá da flor para resfriado.
Categoria: D, G.
77. Louquinho miúdo ou loquinho
Família: Plumbaginaceae
Nome científico: Plumbago scadens L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Assentamento do Orixá Exu.
Outros empregos: Não informado
Categoria: G.
78. Louro
Família: Lauraceae
Nome científico: Laurus nobilis L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Cama de folha o
Orixá Iansã.
64
Outros empregos: O chá da folha é utilizado para dores de cabeça. As folhas são usadas na
culinária como tempero.
Categoria: B, D, H.
79. Malva, Malva Cheirosa ou Malva Rosa
Família: Geraniaceae
Nome científico: Geranium moschatum Burn. F.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e atração. Amaci.
Outros empregos: O chá é utilizado para gripes e para infecções uterinas.
Esta planta também é utilizada no culto Catimbó-Jurema.
Categoria: A, B, D.
80. Mamona
Família: Euphorbiaceae
Nome científico: Ricinus communis L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: As folhas são utilizadas para enrolar acaçá do Orixá Exu.
Outros empregos: Não informado
Categoria: F.
81. Manacá
Família: Solanaceae
Nome científico: Brunfelsia uniflora (Pohl) D. Don
65
Parte usada: Folha e flor.
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
82. Mangueira Espada
Família: Anacardiaceae
Nome científico: Mangifera indica L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Amací,
sacudimento e cama de folha para o Orixá Ogum.
Outros empregos: Não informado
Categoria: A, B, E, H.
83. Manjericão miúdo
Família: Lamiaceae
Nome científico: Ocimum basilicum L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: O chá é utilizado para gripe e pode ser associado com alfavaca, às folhas
também são usadas como tempero.
Categoria: B, D, F.
66
84. Maracujá
Família: Passifloraceae
Nome científico: Passiflora edulis Sims.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
85. Maracujá selvagem ou Ewe dan
Família: Passifloraceae
Nome científico: Passiflora sp.
Parte usada: Folha e galhos.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banho destinado ao Orixá Oxumaré.
Ebós e assentamentos.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G, J.
86. Mata piolho
Família: Flacourtiaceae
Nome científico: Carpotroche brasiliensis Endl.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
67
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos destinados ao Orixá
Omolu.Assentamento
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
87. Melão de São Caetano
Família: Cucurbitaceae
Nome científico: Mormodica charantia L.
Origem:
Parte usada: Folha e galho.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.
Categoria: B, D.
88. Melissa, Ewe Cerim ou Folha de Ifá
Família: Lamiaceae
Nome científico: Melissa officinalis L.
Parte usada: Folha, flor e galho.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Assentamento.
Outros empregos: O chá é utilizado para problemas cardíacos.
Categoria: B, D, G.
89. Obí ou Noz de Cola
Família: Sterculiaceae
68
Nome científico: Cola acuminata Schott Endl.
Parte usada: Folha e fruto.
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: As sementes possui propriedades curativas, acreditam que elas sejam
rejuvenescedoras. O fruto é utilizado em todos os rituais para os Orixás.
Outros empregos: As folhas são maceradas com água fria, para diminuir queda de cabelo.
Categoria: A, D, G, H, I, J.
90. Obò ou Odán
Família: Apocynaceae
Nome científico: Peltastes isthmicus Woodson.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, cama de folha e
para os Orixás Xangô e Oxum, utilizada em Ebós para chamar dinheiro, associada ao Acóco.
Enfeitar pratos de oferenda. Assentamento do Orixá Xangô.
Outros empregos: .
Categoria: B, F, G, H, I, J.
91. Oiti
Família: Chrysobalanaceae
Nome científico: Licania tomentosa Kuntze
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
69
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos destinados ao Candomblé de
Caboclo.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B.
92. Onda do mar
Família: Não identificada.
Nome científico: Não identificada.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em assentamento
do Orixá Iemanjá.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B, G.
93. Oripepe
Família: Asteraceae
Nome científico: Melampodium divaricatum DC.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do
Orixá Oxum.
Outros empregos: relatado que a planta possui propriedades anestésicas.
Categoria: B, D.
94. Pacthuli
70
Família: Lamiaceae
Nome científico: Pogostemon cablin Benth.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, atração e
assentamento do Orixá Oxum.
Outros empregos: A planta macerada com água libera forte aroma, que é utilizado como
aromatizante de roupas.
Categoria: B, G.
95. Pararraio
Família: Caprifoliaceae
Nome científico: Melia azedarach L. Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Não indicado.
Uso ritualístico: Amací do Orixá Iansã.
Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.
Categoria: A
96. Pé de perdiz
Família: Euphorbiaceae
Nome científico: Croton perdicipes A. St. Hill.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Amací do Orixá Iansã.
71
Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.
Categoria: A
97. Piqui ou Pequi
Família: Caryocaraceae
Nome científico: Caryocar brasiliense St.Hil
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Sacudimento e assentamento do Orixá Exu.
Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.
Categoria: B, E, F, G.
98. Peregum amarelo
Família: Dracaenaceae
Nome científico: Dracaena fragans Ker Gawl.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Cama de folha para o Orixá Oxumaré.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: H.
99. Peregum, Pau D' água, Peperegum ou Peregum Branco
Família: Dracaenaceae
Nome científico: Dracaena sp.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Não informado.
72
Uso ritualístico: Cama de folha para o Orixá Oxalá, sacudimento, a folha da planta macerada
com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do Orixá Oxossi e Ogum. Utilizada
em Ebós e como ornamental para proteção do terreiro.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B, E, G, H, I, J.
100. Peregum vermelho, Peperegum roxo ou Peregum roxo
Família: Liliaceae
Nome científico: Cordyline terminalis (L.) Kunth
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Usada para
sacudimento. Banhos para Egum. Utilizada como ornamental para proteção do terreiro, para
fazer cama ou esteira de Orixá.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B, E, G, H, I.
101. Pindaíba ou Lelecum
Família: Annonaceae
Nome científico:Xylopia aromatica Mart.
Parte usada: Folha e sementes.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: A folha e o pó da semente é utilizado em assentamento.
Outros empregos: Utilizada como tempero.
Categoria: F, G.
73
102. Pinhão roxo ou Pião roxo
Família: Euphorbiaceae
Nome científico:Jatropha gossypiifolia L.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos. Planta tóxica não
pode ser ingerida.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em assentamento
do Orixá Ogum e Exu. Amaci.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: A, B, G.
103. Pitanga
Família: Myrtaceae
Nome científico:Eugenia uniflora L.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Amací. Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: A, B.
104. Quaresmeira
Família: Melastomataceae
Nome científico: Tibouchina granulosa Cogn. Ex Britton
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Não informado.
74
Uso ritualístico: Cama de folha do Orixá Omolu e Nanã.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: H.
105. Romã
Família: Punicaceae
Nome científico:Punica granatum L.
Parte usada: Folha e fruto
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Cama de folha para o Orixá Oxalá e Oxum.
Outros empregos: O chá da casca do fruto é utilizado para inflamação na garganta, e contra
gripe. A poupa que envolve a semente é utilizada para anemia.
Categoria: D, H.
106. Rosa Branca
Família: Rosaceae
Nome científico: Rosa alba L. .
Parte usada: Flor.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Flores da planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: O chá das flores pode ser tomado como calmante.
Categoria: B, D.
107. Sabugueiro
Família: Caprifoliaceae
Nome científico: Sambucus australis Cham. & Schltdl.
75
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Amací. Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Assentamento.
Outros empregos: O chá é recomendado para gripe, resfriado, febre e sarampo. Também
utilizar a planta macerada para cabelos, catapora.
Categoria: A, B, D, G.
108. Saião
Família: Crassulaceae
Nome científico:Kalanchoe brasiliensis Camb.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Chá é recomendado para cicatrização.
Categoria: B, D.
109. São Gonsalinho
Família: Flacourtiaceae
Nome científico:Casearia sylvestris Sw.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em fundamentos.
Outros empregos: As folhas cozidas são recomendadas para deixar o cabelo liso.
Categoria: B, D, G.
76
110. São gonsalino
Família: Anacardiaceae
Nome científico: Astronium fraxinifolium Schott
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em assentamento
de Ogum e Oxossi.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B, G.
111. Terramicina/ Penicilina vegetal /
Ewe lebo
Família: Amaranthaceae
Nome científico: Alternanthera dentata (Moench) Stuchlik
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos. Restrição de uso:
Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento para o
Orixá Oxum.
Outros empregos: Chá é recomendado para infecção por possuir propriedades
antiinflamatórias.
Categoria: B, D, G.
112. Timbó
Família: Sapindaceae
77
Nome científico: Serjania lethalis A.St.-Hil.
Parte usada: Folha, flor, fruto, galho, raiz.
Restrição de uso: Planta tóxica, não pode ser ingerida.
Uso ritualístico: Planta utilizada em Ebós.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: J.
113. Trombeta
Família: Bignoniaceae
Nome científico: Tecoma stans (L.) H.B. & K.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em cama de folha
para os Orixás Oxossi e Oxum.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B, H.
114. Urucum
Família: Bixaceae
Nome científico:Bixa orellana L.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Assentamento e
fundamento do Orixá Exu.
Outros empregos: O fruto é utilizado como tempero.
78
Categoria: B, F, G.
79
CONCLUSÃO
Foram estudadas 114 plantas, sendo 102 identificadas e 12 indeterminadas,
pertencentes a 50 famílias botânicas, utilizadas em cinco casas de santo, distribuídas no
Distrito Federal e Entorno. Isso demonstra uma grande diversidade de conhecimento e usos
de plantas. Dentre as famílias botânicas, Lamiaceae, por suas propriedades aromáticas e seu
fácil cultivo, foi a mais representativa, com 10 espécies registradas.
Os vegetais utilizados foram enquadrados nas seguintes categorias de uso: amaci,
banho, defumador, medicinal, sacudimento, culinária, assentamento, iniciação, ornamental,
ebós e cerimônias, sendo que a categoria com maior número de indicação foi “Banhos”, na
qual o uso dos vegetais para banhos de limpeza é muito difundido, por ser de fácil
manipulação e podendo ser freqüentemente usado.
A maior parte das espécies são exóticas cultivadas, sendo que grande parte destas
foram trazidas pelos negros, isso demonstrando que os aspectos tradicionais da cultura afro
nos cultos de matriz africana, vem conservando estas espécies, fortalecendo o processo da
transmissão do conhecimento e, conseqüentemente, garantindo a importância das plantas nos
cultos.
A utilização de espécies nativas do bioma Cerrado reflete uma adaptação ou inclusão
destas plantas nos cultos afro-brasileiros no DF e entorno, demonstrando a substituição de
determinados recursos vegetais exóticos não disponíveis, por plantas nativas, o que pode
estar determinando a constituição de um vínculo entre os cultos e o bioma, gerando novos
conhecimentos e novas práticas. As plantas empregadas nos cultos são fundamentais e
possuem um valor sagrado, sendo a elas dadas o título de possuidoras de energia (Axé)
necessária para toda a variedade de trabalhos dentro dos cultos.
80
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO:
AZEVEDO, S. K. S., SILVA, I. M. Plantas medicinais e de uso religioso comercializadas
em mercados e feiras livres no Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Acta Bot. Bras., jan./mar. 2006,
vol.20, no.1, ISSN 0102-3306.
A Cor da Cultura. Disponível em http://www.acordacultura.com.br Acessado em 14 de
agosto de 2006.
Albuquerque, U. P. 1995. Formas de uso de espécies vegetais dos cultos Afro-brasileiros
em Recife-PE. Biológica brasilica, 6(1/2):111-120.
Albuquerque, U. P. 1999. Referências para o estudo da Etnobotânica dos descendentes
culturais do africano no Brasil. Acta farmacêutica bonaerense. Vol. 18 Nº 4.
Albuquerque, U. P. 1997. Levantamento das espécies vegetais empregadas nos cultos
afro-brasileiros em Recife-PE. Biológica brasilica, V. 7. 14pp.
Alcorn, J. B.1995. The scope and aims of ethnobotany in a developing world . In:
Schultes, R.E.; Reis, S. V. (Ed.) Ethnobotany: evolution of a discipline. Portland:
Dioscorides Press. 23 – 29pp.
81
Amorozo, M.C.M. 1996. A abordagem etnobotânica na pesquisa de plantas medicinais.
In: Di Stasi, L. C (ed.) Plantas medicinais: arte e ciência. Ed. Unesp.
Brasileirinho de Maria Bethânia. Disponível em www.mariabethania.com.br. Acessado em
20 de agosto de 2006.
Camargo, M. T. L. de A., 1998. As plantas na medicina popular e nos rituais afro-
brasileiros. Investigações folclóricas, Vol. 13, Buenos Aires, Argentina.
Coelho, M. de A., 1996. Geografia do Brasil. 4. ed. Ver., atual. E ampl. –São Paulo:
Moderna. 97 p.
Fatumbi, P. V, 1995. Ewé: o uso das plantas na sociedade iorubá. São Paulo. Ed.
Companhia das Letras.
Conceição, M. 1980. As plantas medicinais no ano 2000. Brasília. Tao Livraria e Editora
Ltda.
Dias, B. F. S. 1990. Conservação da Natureza no Cerrado Brasileiro. In: Pinto, M. N.,
(org). Cerrado: Caracterização, ocupação e perspectiva. Brasília: UNB/SEMATEC.
82
Machado, R.B., Ramos, Neto, M. B. Pereira, P.G.P., Caldas, E.F., Gonçalves, D.A., Santos,
N.S. Tabor, K., Steininger, M. 2004. Estimativas de perda da área do Cerrado brasileiro.
Relatório Técnico. Conservação Internacional, Brasília, DF.
Mendonça, R. C.; Felfili J. M.; Walter, B. M. T.; Silva Júnior, M. C.; Rezende A. V.;
Figueiras T. S. & Silva, P. E. N., 1998. Flora vascular do cerrado. In: Sano, S. M., &
Almeida, SD. P., (Eds). Cerrado: ambiente e flora. Planaltina, DF, Brasil: Embrapa- CPAC.
Scariot, A., Souza-Silva, J. C., Felfili, J. M., (Org.) 2005. Cerrado: Ecologia,
Biodiversidade e Conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente.
Silva, A. J. da R., Andrade, L. de H. C., 2006. Cultural significance of plantas in
communities located in the coastal forest zone of the State of Pernambuco, Brazil.
Human Ecology, Vol. 34, Nº 3, June 2006.
Silva Júnior, M. C. da 2005. 100 Árvores do Cerrado: guia de campo. Brasília, Ed. Rede
de Sementes do Cerrado.
Posey, D. A. 1987. “Introdução – Etnobiologia: teoria e pratica” . In: Ribeiro, B. (org).
SUMA Etnobiologia Brasileira. Vol. 1 (Etnobiologia) FINEP/Vozes, Petrópolis – RJ.
Prandi, R. 2001. Mitologia dos Orixás. São Paulo. Ed. Companhia das Letras.
83
Ribeiro, J. F., Silva, J. A. da Fonseca, C. E.I., Almeida, S.P., Proença, C.B., Silva, J.A., Sano,
M. 1994. Espécies arbóreas de usos múltiplos na Região do Cerrado . In: Congresso
Brasileiro de Sistemas Agroflorestais. Anais: EMBRAPA – CNPF, Porto Velho. v.1, p. 335-
356.
Trindade, O.J.S.; Bandeira, F.B.; Rêgo, J.C.; Sobrinho, J.L.; Pacheco, L.M. & Barreto, M.M.
2000. Farmácia e Cosmologia: A Etnobotânica do Candomblé na Bahia. Etnoecológica
4(6): 11-32.
Vasconcellos, A. G. 2003. Propriedade intelectual dos conhecimentos associados à
biodiversidade, com ênfase nos derivados de plantas medicinais – desafio para a
inovação biotecnologia no Brasil. Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Pós – Graduação do
Programa de Biotecnologia Vegetal da Universidade Federal do Rio de Janeiro. P. 179
MapLink. Rotas entre cidades. Disponível em www.maplink.uol.com.br, acessado
em 28 de outubro de 2006.
84
GLOSSÁRIO DE NOMES OU TERMOS AFRO-BRASILEIROS
A
Acaçá – bolinho de amido embrulhado em folha de bananeira Akokô ou Acóco – Planta usada na coroação de reis e sagração de sacerdotes de alta hierarquia. Aroni – duende de uma perna só que habita a floresta e conhece o uso das ervas. Angola - Culto afro-brasileiro de origem banto. Ariaxé - banho ritual realizada no período iniciático. Abô - preparado feito com folhas sagradas maceradas em água, visa conferir proteção. Assentamento - objetos, símbolos e de elementos da natureza que representam o orixá e onde está assentada sua força dinâmica, ficando depositados em locais apropriados no terreiro. Axé - força mágica, dinâmica e vitalizadora dos orixás; local sagrado; fundamento terreiro, força vital que transforma o mundo. B Babaojê - sacerdote do culto aos Eguns. Babalaô - Sacerdote de Ifá Babalorixá - Chefe do terreiro, o mesmo que Pai de Santo. Bori – sacrifício à cabeça; primeiro rito de iniciação no candomblé. C Caboclos - Espíritos cultuados nos candomblés de caboclo, Catimbós, Umbanda, e outros de influência ameríndia representam indígenas brasileiros que alcançaram uma certa posição espiritual. Casa de santo - Equivalente a terreiro ou casa de candomblé Catimbó - Culto afro-brasileiro de influência indígena Comida de santo - Alimentos votivos preparados especialmente para os Orixás. D Despacho - Oferenda aos Orixás. E Ebós – Sacrifício, oferenda, despacho.Ver despacho. Egum - Espírito de morto; ancestral. Exu – orixá mensageiro; dono das encruzilhadas e guardião da porta de entrada da casa; sempre o primeiro ser homenageado. Euê ou Ewé – Folha Eua ou Yèwá – orixá das fontes; dona dos cemitérios.
85
F Feitura - Iniciação ao culto. Filhos de santo - iniciados a religião Fundamentos - Aspectos e mecanismos secretos, ou seja, revelados somente aos iniciados, de manipulação e interação com os Orixás. G Gira - Roda ritual formada pelos filhos de santo, com cânticos e danças. Guia - Colar feito com contas ou miçangas; entidade protetora. I Iansã – outro nome para Oiá; literalmente, a mãe dos novos filhos. Iemanjá – orixá do rio Nigér, dona das águas; senhora do mar, a mãe dos Orixás. Iroco – árvore africana sagrada, onde mora Oro, o espírito da floresta; no Brasil, gameleira, cultuada como orixá nos antigos candomblés. Iaô - mesmo que filho de santo. Ilé - referência ao espaço ritual; terreiro; casa. J Jejê - Culto afro-brasileiro com fortes elementos dos povos ewe e fon. L Logum Edé – orixá da caça e da pesca. M Matança - sacrifício ritual de animais N Nação - referencia aos grupos provenientes da mesma etnia africana, ou do mesmo grupo étnico. Nanã – orixá do fundo dos lagos, dona da lama com que Obatalá modelou o homem. O Orixá - Divindade Yorubá. Obá – orixá do rio Obá. Ogum – orixá da metarlugia, da agricultura e da guerra. Oiá ou Oya – orixá dos ventos, do raio, da tempestade, dona dos eguns; Olocum – orixá das mares, no Brasil uma qualidade de Iemanjá.
86
Omolu - outro nome para Obaluaê Ossaim – orixá das folhas. Orixá das curas Oxalá – grande orixá, orixá da criação. Oxossi – orixá da caça. Oxu – orixá da lua. Oxum – orixá do rio Oxum; deusa das águas doces, do ouro, da beleza e da vaidade; Oxumaré – orixá do arco íris. S Sacudimento - Ritual que objetiva limpar as pessoas e lugares de energias negativas Sassanha - ritual de sacralização das folhas.
S
Yalorixá - Equivalente feminino a Babalorixá.
X
Xangô – orixá do trovão e da justiça.
87
APÊNDICE - A – ANUÊNCIA PREVIA
Brasília, ____ de _____________ de 2006.
Ao: Senhor (a).......................................................................................
“Anuência Prévia”
Em referência ao capítulo V da Medida Provisória (MP) 2.186-16, que trata do Acesso e da Remessa ao patrimônio genético brasileiro e ao conhecimento tradicional associado.
De acordo com as recomendações escritas na MP, solicitamos a autorização para realização de estudo etnobotânico em sua casa de culto Afro-brasileiro. Este estudo faz parte do projeto de pesquisa “O uso tradicional de plantas nos cultos afro-brasileiros no DF e Entorno”.
Projeto que será desenvolvido com intuito ampliar o conhecimento acadêmico e expandir a necessidade de compreender como o ser humano se relaciona com os recursos vegetais. Este projeto será levado para a defesa da Monografia na FTB – Faculdade da Terra de Brasília no curso de graduação em Ciências Biológicas.
O projeto tem como objetivos:
- Desenvolver trabalho em equipe promovendo intercâmbio entre os saberes; - Identificar informantes locais e realizar entrevistas semi-estruturadas entre os membros da comunidade; - Realizar coleta de material botânico para identificação das plantas presentes na área do terreiro; - Depositar o material no herbário da Universidade de Brasília (UB); - Identificar espécies utilizadas nos cultos; - Realizar restituição da informação elaborando um relatório em forma para o uso e conhecimento dos praticantes sobre as espécies estudadas.
_______________________________________
Nome do informante
88
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIOS
LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS NOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS NO
DISTRITO FEDERAL E ENTORNO.
QUESTIONÁRIO ETNOBOTÂNICO: A - DADOS DO INFORMANTE: 1. Nome: ________________________________________________________________________ 2. Idade/ Sexo: _______________________________________________________________________ 3. Origem/ Histórico Pessoal: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 4. Escolaridade: ________________________________________________________________________ 5. Ocupação/ Atividade ou profissão: ________________________________________________________________________ 6. Localidade/ Povoada/ Comunidade: ________________________________________________________________________ 7. Município/ Região administrativa: ________________________________________________________________________ 8. Tempo em que vive na área: ________________________________________________________________________ 9. Numero de pessoas que vivem na área: ________________________________________________________________________ 10. Tem Quintal? Tamanho +/-? ________________________________________________________________________ 11. Quem cuida do quintal? Homem, mulher ou os dois? ________________________________________________________________________ 12. Como adquiriu conhecimento sobre o uso das plantas? ________________________________________________________________________
89
13. As plantas que não possui em sua área, como as consegue? ________________________________________________________________________ 14. Qual a importância pessoal e religiosa para o uso das plantas? ________________________________________________________________________ B - DADOS DAS PLANTAS 1- Nome do informante ________________________________________________________________________ 2- Nome da Plantas ________________________________________________________________________ 3- Conhece alguma estória sobre a planta? ________________________________________________________________________ 4- Planta de Cerrado? ( ) Sim ( ) Não 5-Qual parte da plantas é utilizada? ( )Raiz ( ) Galhos ( ) Folhas ( ) Flores ou “Sementes” ( ) Fruto 6- Qual (is) uso (s) da planta? ( ) Amaci ( ) Banho ( ) Defumador ( ) Medicinal ( ) Sacudimento ( ) Culinária ( ) Assentamento ( ) Iniciação ( ) Ornamental Outros:__________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7- Associado a outras plantas? ( ) Sim ( ) Não Quais:___________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8- Alguma contra indicação? ________________________________________________________________________ 9- Qual a procedência da planta? ( ) Cultivada ( ) Nativa Outras:______________________________________ 10- Alguma restrição para coleta? ( ) Sim ( ) Não
90
Qual:_______________________________________ 11- Há algum produto elaborado com esta planta? ( ) Xarope ( ) Pomada ( )Garrafada ou bebida ( ) Chá Outros:__________________________________________________________________ 12- O informante conhece a planta em seu ambiente natural? ( ) Sim ( ) Não
Data de visita: ____/____/_________
91
C- LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS, NOS CU LTOS AFRO-
BRASILEIROS NO DISTRITO FEDERAL E ENTORNO.
Ficha de registro do material coletado e identificado: 1.0 -
• Coletor:
• Área de coleta do material:
• Data e Local de Coleta:
1.1 - • Nome popular: Qual uso?
• Nome científico:
• Família:
• Obs.: 1.2 –
• Características botânicas: Exudação? Caule: Folhas: Flores: Frutos:
92
vegetal: Nativa em qual região e bioma?
93
ANEXO I – OSSAIM O ORIXÁ DAS FOLHAS
Ossain recusa-se a cortar as ervas miraculosas
Ossain era o nome de um escravo que foi vendido a Orunmilá.
Um dia ele foi à floresta e lá conheceu Aroni,
que sabia tudo sobre as plantas.
Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo de Ossaim
e ensinou-lhe todo o segredo das ervas.
Um dia, Orunmilá, desejoso de fazer uma grande plantação,
ordenou a Ossain
que roçasse o mato de suas terras.
Diante de uma planta que curava dores,
Ossain exclamava:
“Esta não pode ser cortada, é a erva que cura as dores”.
Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia:
“Esta estanca sangue, não deve ser cortada”.
Em frente de uma que curava a febre, dizia:
“esta também não, por que refresca o corpo”.
E assim por diante.
Orunmilá, que era um Babalaô muito procurado por doentes, interessou-se então pelo
poder curativo das plantas e ordenou que Ossaim ficasse junto dele nos momentos de
consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas.
E assim Ossaim ajudava Orunmilá a receitar e acabou sendo conhecido como o grande
médico que é (Prandi, 2001).
FACULDADES INTEGRADAS DA TERRA DE BRASÍLIA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno.
Jonathan Vieira Novais
Recanto das Emas 2006.
Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB Curso de Ciências Biológicas
Uso de plantas nos cultos Afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno.
Jonathan Vieira Novais
Monografia de Conclusão de Curso, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas.
Recanto das Emas 2006
Trabalho realizado junto à coordenação de Ciências Biológicas das Faculdades Integradas da Terra de Brasília. Sob a orientação da Professora MsC. Renata Corrêa Martins. Aprovado por:
_____________________________________________
MsC. Renata Corrêa Martins
Universidade de Brasília – UNB / Jardim Botânico de Brasília
Orientadora e Presidente da Banca
_____________________________________________
Professor MSc. Alberto Jorge da Rocha Silva
Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB
Co - Orientador
_____________________________________________
Prof.ª Dra. Kátia Regina Ferraz Vicentini
Faculdades Integradas da Terra de Brasília – FTB
Membro titular da Banca
A todos os tripulantes da oikos nave Terra,
em especial aos divinos e completos vegetais,
aos ancestrais,
a todos belos irmãos inorgânicos...
AGRADECIMENTOS
Seria impossível agradecer somente a uma pessoa, começo então dizendo que não há
nada melhor do que acordar com alguém que participe arduamente com você de todos os
episódios das vivências terrenas, e este trabalho realmente ensinou-me o valor do
companheirismo, então digo um obrigado especial a minha linda esposa Cláudia e ao filhote
Christian.
Meus amorosos, apoiadores e sonhadores pais Imaculada e Juarez, ao meu sogro
Mario e sogra Eni, pelo carinho e sobre tudo a confiança em mim depositada. As minhas
irmãs Dolores e Danielle.
A faculdade, digo aos grandes empresários do ensino, por favor, façam algo para
melhorar o ensino deste país, se empenhem mais, em ajudar estas pequenas moléculas de
carbono que somos os sonhadores homens.
Deixo aqui meus votos de amizade a todos os companheiros de sala e professores do
curso, adorei trocar tantas experiências com vocês, estes anos foram sementes, e a colheita
está por vir.
Deixo meus votos de agradecimento e felicidade aos orientadores Renata Martins e
Alberto Silva que foram ativos em me oferecer à sabedoria que já possuem, compartilhando
comigo o tempo, que muitas vezes acredito eu, se absteram de exercer outras atividades. A
querida Carolyn Proença por dispor o seu sempre requisitado tempo para me esclarecer e
proporcionar um pouco da luz do seu conhecimento e professora Kátia Vicentini pela
referência e o bom exemplo, obrigado por participar da banca.
Finalizo, agradecendo a todos os entrevistados, estes me proporcionaram momentos
de grande aprendizado ao lado deles e sem eles não teria construído todo este trabalho,
aprendi com eles a agradecer dizendo assim: “Que Olorum e todos Orixás abençoe, todos
vocês e que a felicidade inunde o coração de todos”.
SUMÁRIO
RESUMO ..................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8
OBJETIVOS .............................................................................................................. 12
MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 13
RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 17
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 79
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO: ........................ ............................................ 80
GLOSSÁRIO DE NOMES OU TERMOS AFRO-BRASILEIROS ................................................................ 84
APÊNDICE - A – ANUÊNCIA PREVIA ....................................................................................................... 87
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIOS ............................................................................................................... 88
C- LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS, NOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS NO
DISTRITO FEDERAL E ENTORNO. ............................................................................................................. 91
ANEXO I – OSSAIM O ORIXÁ DAS FOLHAS ........................................................................................... 93
RESUMO
O conhecimento tradicional das culturas de origem africana, possui num contexto uma
valorização direta aos vegetais e este conhecimento pode ser evidenciado pela pesquisa
etnobotânica. Este estudo foi conduzido no Distrito Federal e Entorno. O levantamento
etnobotânico teve como alvo os sacerdotes das casas de santo (Candomblé). Foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas, com o uso de questionários, buscando informações sobre os
empregos dados as plantas, voltando a entrevita para quais plantas são utilizadas e suas
indicações de uso. Observou-se que as espécies vegetais são em sua maioria exóticas ao
bioma Cerrado. O emprego de espécies nativas do Cerrado reflete que houve a adaptação ou
a inclusão destas plantas nos cultos afro brasileiros no DF e entorno. Evidenciou-se
considerável utilização dos vegetais. Os usos foram categorizados em dez formas distintas de
aplicação, são elas: amaci, banho, defumador, sacudimento, culinária, assentamento,
iniciação e ornamental. As partes vegetais utilizadas são; folhas, frutos, flores e raízes,
predominando o uso das folhas. A categoria com maior citação foram banhos. Foram citados
114 espécies, 88 gêneros e 50 famílias, sendo 102 indentificadas e 12 indetermindas. Com
este estudo pode se perceber a necessidade de se ampliar às pesquisas nos cultos de matriz
africana principalmente nas casas de santo presentes nas regiões, onde o bioma cerrado é a
vegetação nativa.
Palavras-chave: etnobotânica, uso tradicional, cerrado, cultos afro-brasileiros.
8
INTRODUÇÃO
O termo Etnobiologia é relativamente recente. Essa terminologia surgiu como um
braço da etnociência que vem ganhando impulso nestes últimos anos com o aumento dos
trabalhos publicados, e a necessidade de se conhecer como os homens lidam com os
recursos naturais tradicionalmente.
Segundo Posey (1987), entende-se etnobiologia como sendo o estudo do
conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito da
biodiversidade e do meio ambiente; em outras palavras, é o estudo do papel da natureza
no sistema de crenças e de adaptação do homem a determinados ambientes. Neste sentido,
a Etnobiologia relaciona-se com a ecologia humana, mas enfatiza as categorias e
conceitos cognitivos utilizados pelos povos em estudo (Posey, 1987).
Partindo então da visão compartimentada da ciência sobre o mundo natural, surge
o termo "Etnobotânica", citado pela primeira vez por Harshberger em 1895 (Amorozo,
1996). Em etnobotânica, são analisadas as relações entre os seres humanos e os vegetais,
procurando responder questões como: quais plantas são conhecidas, quais plantas estão
disponíveis, quais plantas são reconhecidas como recursos, como o conhecimento
etnobotânico tradicional está distribuído na população, como os indivíduos diferenciam e
classificam a vegetação, como esta é utilizada e manejada e quais os benefícios derivados
das plantas (Alcorn, 1995).
Atualmente o aproveitamento botânico feito pelas diversas culturas vem sendo
amplamente pesquisado, despertando interesses de vários segmentos da comunidade
científica; toda essa necessidade baseia-se no fato de que o conhecimento tradicional
possui, em seu contexto prático, uma base eficiente e de grande sucesso para os muitos
fins que as plantas são destinadas.
9
A utilização dos recursos oriundos da biodiversidade e a produção de
conhecimento sobre eles não é privilégio exclusivo de nenhum grupo social ou cultural.
Os dados da Organização Mundial da Saúde destacam que, em decorrência da pobreza e
da falta de acesso à medicina moderna, 65 – 80 % da população mundial que vive em
países em desenvolvimento, depende essencialmente das plantas para o cuidado primário
à saúde (Vasconcellos, 2003).
Os vegetais possuem valores de extrema abrangência no contexto de seu uso. Das
diversas culturas que utilizam as plantas para tratamentos terapêuticos, ritualísticos,
alimentares, decorativos, aromáticos e dentre outros, incluem-se as religiões de matriz
africana.
Os usos litúrgicos, mitológicos e ritualísticos das plantas dentro dos cultos afro–
brasileiros estão presentes fortemente dentro de sua essência, ou seja, no que tange a
aspectos básicos do conhecimento, aquilo que é tido pelos praticantes como fundamentos
tradicionais da religião, as plantas manifestam-se como sendo a base para todo o culto
religioso.
Acredita-se que em média, mais de quatro milhões de africanos foram obrigados a
cruzar o oceano, amontoados nos porões infectos e sufocantes dos navios negreiros, em
direção a uma vida desumana de escravidão no chamado ‘novo mundo’. Este número
estima-se que seja equivalente à cerca de 40% do contingente de negros que
desembarcaram nas Américas entre o final do século XV e o século XIX (A cor da
cultura, 2006).
Uma quantidade significativa de africanos que aportaram no país veio da Bacia do
rio Congo, de Moçambique, do Golfo da Guiné e de Angola e foram distribuídos por
quase todo o território brasileiro para realizar o trabalho braçal nos engenhos e nas usinas
de cana, nas minas e nas plantações de café. Ainda hoje é possível identificar a herança da
10
diversidade cultural africana em estados como Maranhão, Bahia, Pernambuco e Rio de
Janeiro por onde passaram centenas de negros do antigo Daomé, e Bahia, conhecida pela
influência iorubá (A cor da cultura, 2006).
As nações de origem dos cultos afros praticados no Brasil desrespeitam a origem
africana, ou seja, os bantus são negros que tiveram origem de uma região que vai de
Camarões até a África do Sul, existem cerca de 400 grupos étnicos nessa região. O povo
Ketu é proveniente do reino Yorubá que compreende o sul e o centro da atual Republica
do Benin, parte da Republica do Togo e sudoeste da Nigéria.
O povo Yorubá ou Iorubas estão distribuídos numa vasta região que abrange a Nigéria, o Nigér, o Togo e parte do Benin, os Yorubá costumavam deslocar-se em grupos reduzidos, formando núcleos familiares, nos quais era comum a presença de um sacerdote, os povos Yorubá compunham-se por tribos, como exemplo, temos os Ijexás junto do rio Òsun (Oxum).
A distribuição aleatória dos grupos africanos pelo país originou diferentes tradições religiosas, como o candomblé de nação “ketu”, “oyó” e “ijexá” nos terreiros baianos, o batuque gaúcho, o xangô pernambucano e a mina maranhense. Muitas destas linhas mesclam elementos iorubas, bantos e jejes, assim como suas variadas línguas, culturas e crenças religiosas num fenômeno que passou a ser conhecido como a diáspora africana (A cor da cultura, 2006).
Com a criação e construção de Brasília na região Centro-Oeste, surge entre outras
tantas manifestações religiosas, os cultos afro-brasileiros na região do DF e entorno.
Em geral as casas de santo localizam-se nas áreas rurais, por estas proporcionarem
maiores extensões de terra e em alguns casos cursos d’água.
A adaptação das plantas nativas para somatizar, ou substituir o conjunto de
espécies usadas nos cultos, fortaleceu a aproximação dos praticantes com a vegetação do
Cerrado, o que proporciona uma valorização e uma busca constante em preservar as
espécies nativas.
A diversidade de paisagens determina uma grande florística, que coloca a flora do
bioma Cerrado como a mais rica entre as savanas do mundo, com 6.429 espécies já
catalogadas (Mendonça et al. 1998).
O Cerrado foi eleito com um dos mais ricos e ameaçados ecossistemas do mundo. Sabe-se que atualmente de um total de 1.783.200 Km² originais de Cerrado, restam intactos somente 356.630 km², ou apenas 20 % do bioma original, justificando a preocupação que se tem sobre este bioma (Scariot et al., 2005).
Muitas espécies nativas do bioma Cerrado possuem usos tradicionais, incluindo
diversas categorias de uso tais como alimentícias, medicinais, construção, artesanato e
11
ritualísticas. Entretanto, o usuário comum ainda é a população regional cuja atividade é
essencialmente extrativista (Ribeiro et al., 1994).
Os cultos afros aqui tratados desrespeitam ao Candomblé, este possui distintas
origens e consolidações de acordo com a nação, neste trabalho tem-se as nações Angola,
Ketu, Nagô, Jejê. Sabe-se que atualmente alguns cultos são de origem ou de influência
dos cultos africanos como é o caso da Santeria Cubana, os Voduns, a Umbanda dentre
outros.
Consoante ao baixo número de trabalhos envolvendo a diversidade do
conhecimento tradicional dentro nas religiões de matriz africana, no contexto do
aproveitamento das plantas, o presente trabalho é o resultado do levantamento das plantas
utilizadas nos cultos afro-brasileiros no Distrito Federal e entorno.
12
OBJETIVOS
Estudar o uso das plantas dentro dos cultos de matriz africana no Distrito Federal e entorno e considerar as plantas nativas do bioma cerrado utilizadas, identificar o uso dos vegetais e as formas de empregos através de identificar informantes e localizá-los, utilizando como critério a distribuição deles na área de estudo; identificar as categorias de uso e a distribuição das espécies nas mesmas; realizar coleta, herborização e identificação do material botânico coletado; elaborar lista das espécies e descrição de uso.
Sabendo da proximidade e da significância das plantas aos cultos, o presente
trabalho busca dentro das casas de santo, conhecer os vegetais utilizados e aumentar o
conhecimento que se tem das plantas empregadas nos cultos afros inseridos na região do
Centro-Oeste.
13
MATERIAL E MÉTODOS
A - IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO E INFORMANTES
- Área De Estudo “Figura 1 – Mapa Das Áreas Visitadas”
Figura 1 – Mapa de áreas visitada (fonte: Maplink, 2006).
A área de estudo escolhida foi o Distrito Federal (DF) e o Entorno.
O DF possui aproximadamente 5.822,1 km², está localizado na região Centro-Oeste e
possui como limites, Planaltina de Goiás (Norte), Formosa (Nordeste e Leste), Minas
gerais (Leste), Cristalina e Luziânia (Sul), Santo Antônio do Descoberto (Oeste e
Sudoeste), Corumbá de Goiás (Oeste) e Padre Bernardo (Noroeste). Suas características
são: planalto de topografias suaves e vegetação de cerrados, com altitude média de 1.172
metros, clima tropical e os rios principais são o Paranoá, Preto, Santo Antônio do
Descoberto e São Bartolomeu.
14
O Entorno deve ser entendido como sendo os municípios próximos ao Distrito Federal
e que pertencem ao Estado de Goiás e Minas Gerais. Os municípios do entorno visitados
foram: Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso e Luziânia todos municípios do Estado
de Goiás, todos possuindo como vegetação típica o Cerrado.
A Constituição brasileira veda a divisão do DF em municípios, logo então cria-se no
DF as regiões administrativas ou popularmente conhecidas como cidades satélites, que
possuem administradores locais e que são subordinadas ao governo do DF.
A flora do DF tem um promissor potencial econômico com espécies forrageiras,
medicinais, alimentícias, corticeiras, taníferas, melíferas e ornamentais.
As regiões administrativas do DF visitadas foram: Gama e Park Way.
• Gama: Região Administrativa criada em 12/10/1960
• Park Way: Região Administrativa criada em 29/12/2003
• Santo Antônio do Descoberto localiza-se no leste goiano, possui
aproximadamente 938,309 km² e esta à 200 Km de Goiânia e 45 Km do centro do
centro do DF.
• Valparaíso de Goiás fundado em 15 de junho de 1995, localiza-se no leste goiano,
possui aproximadamente 60.000 km² e esta à 190 Km de Goiânia e 35 Km do
centro do DF.
• Luziânia possui fundação em 13 de dezembro de 1746 localiza-se no leste goiano,
possui aproximadamente 3.961,536 km² e esta à 214 Km de Goiânia e 62,80 Km
do centro do DF.
As casas escolhidas foram previamente selecionadas a partir de uma lista de casas de
santo fornecida pela Srª Luciana V. P. Gonçalves da Fundação Palmares do Ministério da
Cultura e por contados diretos com as casas de santo.
15
Em todas as casas contatadas o projeto foi apresentado aos sacerdotes responsáveis.
As casas que aceitaram participar do trabalho receberam a “Anuência prévia” (Apêndice
A), respeitando assim a integridade do conhecimento de cada informante.
Os locais selecionados e as respectivas casas visitadas foram:
A. Gama, “Inzo Hamba Ua Maza Hangolo”, Núcleo Rural Monjolo, Chácara Inaê
11/13.
B. Luziânia, “Ilé Axé Oyâ Bamilá”, Avenida – 10, Parque Estrela Dalva, Quadra 54,
Chácara – 11.
C. Park Way, “Ilê Axé Iji Dan” , Quadra – 13 Conjunto – 02 Chácara – 44.
D. Santo Antônio do Descoberto, “Ilê Axé Bará leji”, Mansões Bittencourt Quadra 40c.
E. Valparaíso de Goiás, Etapa – E. Casa da Vô Onofra. Quadra 05 Casa 16 CEP: 72876 -
525.
B – LEVANTAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
Efetuou-se entrevistas semi-estruturadas com cinco informantes (Apêndice A). As
entrevistas foram preparadas atendendo ao cotidiano das comunidades trabalhadas,
oferecendo liberdade de descrever o uso, aplicação das plantas e acompanhar a coleta dos
vegetais.
Todas as plantas foram coletas na presença do entrevistado, que comentavam durante
a coleta as formas de aplicações, as características de uso, as variações do uso, as
experiências vividas com a planta. As informações coletadas foram descritas no
preenchimento dos questionários. Durante o processo de apresentação das plantas,
descreviam-se o nome popular e o nome que algumas plantas possuem religiosamente, ou
seja, no dialeto da nação de origem.
16
Para avaliar a importância relativa de uso, utilizou-se o critério analítico de Friedman
(Albuquerque, 1995), adaptado para este trabalho:
CUPc = CUP X FC
Onde:
CUP = percentagem de concordância de usos principais
FC = fator de correção
CUPc = percentagem de concordância de usos principais corrigidos
C – COLETA, HERBORIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE MATERIA L
BOTÂNICO.
As plantas foram coletadas, herborizadas e identificadas. A identificação foi realizada
no Herbário da Universidade de Brasília (UB), por comparação e consulta de
especialistas, com a colaboração da professora Drª Carolyn Elinore Barnes Proença,
curadora do herbário da UnB (UB). Também se utilizou de literatura especializada.
Foi elaborada ficha descritiva (Apêndice B) para cada vegetal, obedecendo a uma
seqüência alfabética por nome popular, e cada planta esta distribuída em uma categoria.
As categorias foram criadas com base nos dados coletados.
Nº de entrevistados que citaram usos principais
CUP= ______________________________________________ x 100
Nº de entrevistados que citaram uso da espécie
Nº de entrevistados que citaram a espécies
FC= ____________________________________________________
Nº de entrevistados que mencionaram a espécie mais citada
17
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A - INFORMANTES E ÁREA DE ESTUDO
• Gama, “Inzo Hamba Ua Maza Hangolo”, Núcleo Rural Monjolo, Chácara
Inaê 11/13.
Na região administrativa Gama, encontra-se a casa da Mãe N’gua Carmem de
Angorô, com 54 anos de idade, nascido no Estado de Pernambuco no município de
Recife, residente há 22 anos no local. Com ensino superior completo em direito, atividade
profissional e ocupação no serviço público, atualmente é aposentada e compartilha o local
de moradia com mais cinco pessoas.
Sua nação é Angola. Todo conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é
proveniente da prática religiosa, sua área é de aproximadamente 80.000 m.
Importância das plantas para o entrevistado: “Não há nada sem a folha para o Orixá, não
existe candomblé sem folha” (Mãe Carmem de Angorô).
• Park Way, “Ilê Axé Iji Dan” , Quadra – 13 Conjunto – 02 Chácara – 44.
Na região administrativa Park Way, encontra-se a casa Mãe Iracema de Obaluaê, com
72 anos de idade, natural da Paraíba, do município de Campina Grande, residente há 21
anos no local. Com primário completo, atividade profissional e ocupação exclusiva no
Candomblé, compartilham o local de moradia com mais seis pessoas.
Sua nação é Ketu, todo conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é proveniente
da prática religiosa, sua área é de aproximadamente 10.000 m.
Importância das plantas para o entrevistado: “É muito importante, pois sem folha não
tem como haver iniciação do filho, não há candomblé sem folha” (Mãe Iracema de
Obaluaê).
18
• Município de Luziânia, “Ilé Axé Oyâ Bamilá”, Avenida – 10, Parque Estrela
Dalva, Quadra 54, Chácara – 11. Cep: 72800-000
No município de Luziânia encontra-se a casa da Mãe Inalda, com 56 anos de idade,
nascida no estado de Pernambuco, residente há 31 anos no local. Com 2º grau completo,
compartilha o local de moradia com mais quatro pessoas.
Na mesma área de sua residência encontra-se o Axé, local de culto e celebração de
festas aos Orixás, sua nação é Nagô, e também à prática do culto a Jurema. Todo
conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é proveniente da prática religiosa, sua área
é de aproximadamente 2.000 m² com grande diversidade de vegetais distribuídos por toda
a chácara.
Importância das plantas para o entrevistado: “As plantas são fundamentais para tudo,
se não houver plantas não existe candomblé” (Mãe Inalda).
• Município de Santo Antônio do Descoberto, “Ilê Axé Bará leji”, Mansões
Bitencourt Quadra 40c.
No município de Santo Antônio do Descoberto encontra-se a casa do Pai Uibacy
Domingos D’ Ávila (Pai Tito de Omolu), com 62 anos de idade, nascido no estado do Rio
Grande do Sul, residente há 34 anos no local. Com ensino superior completo em
Administração de empresas, atividade profissional e ocupação exclusivamente dedicada à
religião e ao culto a Ifá, compartilham o local de moradia com mais 42 pessoas, sendo
estas, filhos de santo vinculados a casa, caseiro e cônjuge.
Sua nação é Ketu, e também à prática do Candomblé de Caboclo, todo conhecimento
adquirido sobre o uso de plantas é proveniente da prática religiosa. Sua área é de
aproximadamente 30.000 m² com grande diversidade de vegetais distribuídos por toda a
chácara.
19
Importância das plantas para o entrevistado: “Fundamental, não há Orixá sem folha. É
um símbolo da ancestralidade do indivíduo” (Pai Tito de Omolu).
• Município de Valparaíso de Goiás, Casa da Vó Onofra Etapa – E Quadra 05
Casa 16 CEP: 72876 - 525.
No município de Valparaíso de Goiás encontra-se a casa da Vó Onofra Maria da
Silva, com 67 anos de idade, nascido no estado de Minas Gerais, do município de Araxá,
residente há 10 anos no local. Não possui escolaridade concluída, atividade profissional e
ocupação no serviço público, compartilha o local de moradia com mais seis pessoas.
Sua nação é Angola, todo conhecimento adquirido sobre o uso de plantas é
proveniente da prática religiosa, sua área é de aproximadamente 20 m² .
Importância das plantas para o entrevistado: “Muito importante para o culto, à folha
ajuda as pessoas” (Vó Onofra).
20
B – ESPÉCIES UTILIZADAS E FORMAS DE USO
Durante as entrevistas foram citadas 114 plantas pelo seu nome popular, que possuem
aplicações litúrgicas e medicinais. Os vegetais são empregados em amacís, banhos,
defumação, sacudimento, culinária, medicinal, iniciação, assentamento.
O estudo constatou que as plantas são utilizadas em dez categorias de uso ritualístico,
na figura 2, as categorias estão separadas pela seqüência de ”A” a “J”, as plantas
indicadas para cada categoria estão agrupadas.
Figura 2 – Número de citações por categoria de uso.
A= AmaciB= BanhoC= DefumadorD= Medicinal E= SacudimentoF= CulináriaG= AssentamentoH= IniciaçãoI= OrnamentalJ= Ebós e Cerimônias
20
74
6
46
5
14
49
28
9
14
0 10 20 30 40 50 60 70 80
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
Cat
egor
ías
Número de citação
Numero de plantas citadas por categoría
21
As categorias são;
A) amací: compreende um preparado especial à base de ervas maceradas em água. É
usado para banhar os iniciados. Uma grande variedade de ervas pode entrar na
composição dos amacís. A seleção das espécies é feita pelo pai ou mãe de santo,
respeitando o Orixá regente. Nesse sentido, as plantas que são empregadas no
amací são aquelas que pertencem à divindade. A utilização do amací visa conferir
maior interação entre o orixá e o iniciado, fortalecendo os laços. (Albuquerque,
1995).
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Abre caminho, Algodão e Colônia.
B) banho: consiste de um ritual que visa fortalecer, limpar e proteger os adeptos
(iniciados), ou visitantes que buscam ajuda nas casas de santo. O banho de
limpeza possui grande popularidade cultural, por ser de fácil manipulação.
Comumente são feitos com ervas indicadas pelos pais e mães de santo, maceradas
com água fria e jogadas sobre o corpo. É importante ressaltar que não são todos os
banhos indicados que podem ser usados para lavar a cabeça, sendo necessário à
orientação direta dos pais e mães de santo. Vale ressaltar que há os banhos de
atração, que são banhos relacionados a processo de conquista voltado para auxiliar
relacionamentos.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Comigo ninguém pode, Laranjeira e
Manacá.
C) defumador: é um preparado de ervas secas, com propriedades curativas e de
proteção, sendo muito usado nesta categoria o Fumo (Nicotiana tabacum),
associado á outras ervas. Representa traço marcante da cultura ameríndia adaptada
aos cultos africanos no Brasil (Albuquerque, 1995).
22
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Acóco, Alecrim e Cravo da Índia.
D) medicinal: as plantas e seus empregos dentro dos cultos não se limitam ao uso
ritualístico, sendo difundido o uso medicinal de algumas espécies. Comumente
são plantas indicas na medicina popular.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Canela, Guaco e Jenipapo.
E) sacudimento: processos ritualísticos de limpeza, visando aliviar tensões locais e
psicológicas, causadas por energias negativas acumuladas no individuo. Chamado
de sacudimento por ser uma forma de balançar as energias, muito parecido com a
popular “Benzedura”.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Pequi, Mangueira espada e Espada de
São Jorge.
F) culinária: as comidas preparadas nas casas de santo possuem um valor sacral, ou
seja, cada orixá possui sua comida, e tanto nas celebrações como nos rituais
cotidianos, estes preparados culinários levam diversas plantas. Estas podem ser
usadas para temperar, decorar e outros.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Dendê, Folha da fortuna e
Manjericão.
G) assentamento e fundamento: objetos, símbolos e elementos necessários para
estabelecer e representar o Orixá, é onde está assentado a sua força dinâmica,
ficando depositado em locais específicos do terreiro; cada orixá possui seu espaço,
sua casa, dentro do terreiro. Os fundamentos são as obrigações feitas para o orixá.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Jaqueira, Louquinho miúdo e Erva
vintém.
H) iniciação: os rituais de iniciação possuem uma total complexidade de
fundamentos, que são as bases da liturgia dos cultos afro-brasileiros. No processo
23
de iniciação do filho de santo diversas plantas são utilizadas. São exemplos do
emprego dos vegetais na iniciação; cama de folha do orixá, esteira, pós, entre
outros.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Capeba, Graviola e Inhame.
I) ornamental: esta categoria é destinada às plantas que são usadas na decoração da
casa em dias de festa, celebrações, como também para a proteção da casa. As
plantas são distribuídas em pontos estratégicos, em portas e na entrada do terreiro.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Iroko, Jurema preta e Obi/ Noz de
cola.
J) ebós e Cerimônias: Nesta categoria, enquadram-se as plantas que são empregadas
em Ebós. Os Ebós são trabalhos de complexa manipulação em locais fora do
terreiro, popularmente chamados de “Despacho”. As plantas também são usadas
em Celebrações ou ocasiões especiais, como por exemplo, as celebrações
fúnebres. Há também bebidas que são preparadas para cerimônias com
ingredientes de procedência vegetal e que possuem propriedades curativas.
Exemplos de plantas citadas nesta categoria: Maracujá selvagem / ewe dan,
Obò/Odán e Timbó.
As plantas usadas nos cultos afros são empregadas nas preparações de amácis;
banhos de defesa, de limpeza, de purificação. Em preparações de ambientes; de comidas;
bebidas e remédios. Nas cremações em incensários, aromatizantes, e nos ritos e cultos
diretos aos Orixás.
24
Dentre as dez categorias de uso, a mais citada foi o “Banho” (B), registrando 74 espécies destinadas a este emprego como mostrado na figura 2. A categoria que menos foi citada foi o “Sacudimento” (E) com um total de cinco plantas.
Há também dentre as citações, plantas que são destinadas exclusivamente para a
mesma aplicação, como é o caso do “Abre Caminho, Tira Teima ou Quebra Demanda”,
da Família Lamiaceae, que foi indicada pelos cinco informantes para o mesmo uso.
Temos outras que possuem uma aplicação diversificada, sendo citadas em mais de
uma categoria, até preencher um total de seis aplicações como foi o caso do “Akokô”
(Newbouldia laevis), que possui uma importância muito grande dentro do culto, pois os
informantes relataram a necessidade de tê-la, para praticamente todos os tipos de
trabalhos.
A maioria das plantas é exótica ao bioma Cerrado ou ao Brasil. No presente
levantamento pode-se verificar a presença de aproximadamente 14 plantas estão
distribuídas no bioma Cerrado.
São exemplos de espécies nativas que possuem aproveitamento nos cultos afro-
brasileiros, o Pequi (Caryocar brasiliense), a Quaresmeira (Tibouchina granulosa), a
Canela de Velho (Miconia albicans), o São Gonsalino (Casearia sylvestris) e o Jatobá
(Hymenaea courbaril).
O Pequi, além de sua importância e apreço alimentar, é utilizado em sacudimentos,
assentamento e em banhos. É considerada uma planta com ligação ao Orixá Exu e é tida
como quente e forte.
A Quaresmeira é aplicada para se fazer cama de folha dos Orixás Omolu e Nanã. A
Canela de Velho é muito utilizada em banhos de limpeza. O fruto do Jatobá possui
funções ritualísticas, sendo utilizado em fundamentos do Orixá Xangô, como também o
chá das folhas e a polpa do fruto possuem propriedades medicinais voltadas para
problemas de anemia.
25
As plantas exóticas são de origem africana como é o caso do Iroko (Chlorophora
excelsa), que é considerada árvore sagrada pelos praticantes das religiões de matriz
africana.
O uso de espécies originárias da África como a Noz de cola ou Obi (Cola acuminata),
é de grande significado etnobotânico, pela permanência como planta tradicional e de uso
obrigatório em algumas situações ritualísticas (Albuquerque, 1995).
Segundo Albuquerque (1997) a família Lamiaceae apresenta grande aceitação para
usos ritualísticos, principalmente em banhos, devido ao seu potencial aromático.
Para 12 nomes citados na Tabela - 2, não foi possível identificar as espécies
correspondentes devido à dificuldade em encontrar material botânico.
Verificaram-se casos em que o mesmo nome popular é utilizado para plantas distintas,
em outros casos as plantas recebem o mesmo nome popular, talvez pela semelhança
botânica, como é o caso do (Piper arboreum) e o (Piper aromaticum) “Pimenta de
Macaco”. As duas são de mesma família (Piperaceae) e são em comum utilizadas para
banhos
As plantas que obtiveram maior importância relativa de uso foram: Boldo ou Tapete
de Oxalá (Plectranhtus barbatus) (100), Abre Caminho (indeterminada) (100), Colônia
(Alpinia zerumbet) (80), Folha da fortuna (Bryophyllum pinnatum) Oken) (80), Alecrim
(Rosmarinus officinalis)(80), Acocô (Newbouldia laevis) (80), Boldo do Chile
(Plectranthus neochilus) (60), todas espécies exóticas cultivadas, o que demonstra a
conservação das espécies nos cultos.
A preservação do conhecimento sobre o uso dessas plantas, leva a crer que mesmo as
migrações dos praticantes e dos sacerdotes para outros estados como o DF e Entorno,
comparando estes aos historicamente mais tradicionais como Bahia e Recife, mostra que
o processo de consolidação do culto no contexto do uso de plantas vem sendo mantido.
26
A família Lamiaceae (Labiatae) foi a que apresentou maior diversidade, com dez
espécies e sete gêneros; seguida de Asteraceae (Compositae) com sete espécies e seis
gêneros; Piperaceae com cinco espécies e dois gêneros; Moraceae, Anacardiaceae e
Euphorbiaceae com quatro espécies e quatro gêneros; Dracaenaceae com três espécies e
dois gêneros; Lauraceae com três espécies e três gêneros; Leguminosae com três espécies
e dois gêneros; Solanaceae com três espécies e três gêneros; as demais com um registro
de espécie (Tabela - 1).
Albuquerque (1999) relata que a freqüência de algumas espécies nos estudos feitos
em casas de santo no Brasil se mostra constante, como o Kalanchoe brasiliensis (Saião ou
Folha-da-costa), Rosmarinus officinalis (Alecrim) e a Cola acuminata (Obi ou Noz de
cola).
Muitas das espécies vegetais utilizadas nos cultos afros são também utilizadas
popularmente em diversas regiões do país. Segundo Silva & Andrade (2006) em estudo
etnobotânico com comunidades da região litorânea de Pernambuco, estas utilizam 372
espécies, alguns destas, como é o caso do Urucum (Bixa orellana), o Melão de São
Caetano (Mormodica charantia ), Pinhão roxo (Jatropha gossypiifolia), Liamba (Vitex
agnus-castus) dentre outras, são citadas no presente trabalho.
Outros trabalhos elaborados dentro do contexto de plantas empregadas nos cultos
afros, descrevem o uso terapêutico, como Camargo (1998), que cita este emprego para
espécies como a Liamba (Vitex agnus-castus), a Jurema (Mimosa hostilis Benth.) e a
Arruda (Ruta graveolens).
Segundo Azevedo (2006), o uso de algumas espécies é bem difundido pelos
praticantes dos cultos afros em cidades como a do Rio de Janeiro. Comparado o uso de
algumas espécies neste trabalho, vimos que espécies como a Colônia (Alpinia zerumbet),
27
a Aroeira (Schinus terebinthifolius) e o Alecrim (Rosmarinus officinalis) são
freqüentemente citadas para o uso religioso (Azevedo, 2006).
Embora algumas espécies nativas de cerrado não tenham atingido os índices mais
altos de importância relativa de uso, o fato de estarem presentes nos cultos e de serem
citadas, para usos diversificados, pode indicar que estas plantas foram adaptadas ou
absorvidas pelos cultos, seja pela ausência de outras plantas ou pela incorporação destas
aos mesmos. Exemplos destas plantas são: a Quaresmeira (Tibouchina granulosa), a
Canela de Velho (Miconia albicans) e o Jatobá (Hymenaea courbaril).
De acordo com Trindade et al. (2000), os vegetais cultivados têm um emprego sacro
no candomblé, entretanto afirmam que a utilização de vegetais colhidos em área não
cultivada é indispensável ao culto religioso.
28
Tabela 1 – Famílias botânicas, nome científico e respectivo nome popular das plantas utilizada nos cultos afro-brasileiros no DF e Entorno;
Família Nome cientifico Nome popular
Aloaceae Aloe arborescens Mill . Babosa Amaranthaceae Alternanthera dentata (Moench) Stuchl. Terramicina, Penicilina ou Ewe lebo Anacardiaceae
Astronium fraxinifolium Schott
Mangifera indica L. Schinus terebinthifolius Raddi
Spondias mombin L.
São Gonsalino Mangueira
Aroeira Cajá
Annonaceae Annona muricata L. Xylopia aromatica Mart.
Graviola Pindaíba ou Lelecum
Apiaceae Foeniculum vulgare Mill. Erva doce Apocynaceae Allamanda puberula A.DC.
Peltastes isthmicus Woodson Ewe seré Inhame
Araceae Dieffenbachia amoena Hort. ex Gentil Pistia stratiotes L.
Comigo ninguém pode Alface d’ água / Ojouri
Arecaceae Elaeis guineensis Jacq. Dendê Asteraceae Bidens pilosa L.
Melampodium divaricatum DC. Mikania glomerata Spreng.
Vernonia brasiliana (L.) Druce Vernonia condensata Baker
Artemisia absinthium L. Centratrerum Cass.
Carrapicho Oripepé Guaco
Assa peixe Alumã / Ewe oro
Absinto Balaio de velho
Bignoniaceae Newbouldia laevis Seem. Tecoma stans (L.) H.B. & K.
Akokô Trombeta
Bixaceae Bixa orellana L. Urucum Caesalpinaceae Hymenaea courbaril L. Jatobá Caprifoliaceae Caprifoliaceae Sambucus L.
Sambucus australis Cham. & Schltdl. Pararraio
Sabugueiro
Caryocaraceae Caryocar brasiliense St.Hil. Pequi Caryophyllaceae Drymaria cordata Willd. ex Schult. Erva Vintém
Cecropiaceae Cecropia peltata L. Embaúba ou Pau Polvora Chrysobalanaceae Licania tomentosa Kuntze Oiti
Costaceae Costus spicatus Sw. Cana-do-Brejo Crassulaceae Bryophyllum pinnatum Kurz
Kalanchoe brasiliensis Cambess. Folha da fortuna
Sião Cucurbitaceae Momordica charantia L. Melão de São Caetano Dracaenaceae Dracaena fragrans Ker Gawl..
Dracaena Vand. ex L. Sansevieria trifasciata Hort. ex Prain
Peregum Amarelo Peregum Branco ou Pau D’ água
Espada de São Jorge Euphorbiaceae Croton perdicipes St.Hil.
Euphorbia tirucalli L. Jatropha gossypiifolia L.
Ricinus communis L.
Pé de Perdiz Aveloz ou Gravetinho
Pinhão Roxo Mamona
Flacourtiaceae Carpotroche brasiliensis Endl. Casearia sylvestris Sw.
Mata Piolho São Gonsalino
Geraniaceae Geranium moschatum Burm.f. Malva Rosa, Malva Cheirosa, Malva Lamiaceae Lavandula officinalis Chaix
Melissa officinalis L. Ocimum basilicum L.
Ocimum gratissimum L. Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.
Plectranthus barbatus Andrews Plectranthus neochilus Schltr.
Pogostemon cablin Benth. Rosmarinus officinalis L.
Lavanda do Campo Melissa
Manjericão Alfavaca, Ewe kiiobis
Hortelã da Folha Grossa Boldo ou Tapete de Oxalá
Boldo do Chile Pacthuli Alecrim
29
Vitex agnus-castus L. Liamba
Lauraceae Cinnamomum zeylanicum Blume
Laurus nobilis L. Persea americana Mill.
Canela Louro
Abacate Leguminosae
Caesalpinia ferrea Mart. Mimosa hostilis Benth.
Mimosa L.
Jucá ou Pau Ferro Jurema Preta
Jurema Branca Liliaceae Cordyline terminalis Kunth Peregum Vermelho ou Peregum Roxo
Loranthaceae Struthanthus flexicaulis Mart. Erva de passarinho Malvaceae Gossypium hirsutum L. Algodão
Melastomataceae Miconia albicans Steud. Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn.
Canela de Velho Quaresmeira
Moraceae Artocarpus integrifolius L.f. Chlorophora excelsa Benth. & Hook.f.
Ficus doliaria Mart. Morus nigra L.
Jaqueira Iroko
Guameleira Amora
Musaceae Musaceae Musa L. Bananeira Branca Myrtaceae Eugenia uniflora L.
Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M.Perry Pitanga
Cravo da Índia Nyctaginaceae Boerhavia diffusa L. Bredo de Santo Antônio ou Pega Pinto Oxalidaceae Averrhoa carambola L. Carambola
Passifloraceae Passiflora edulis Sims Passiflora L.
Maracujá Maracujá Selvagem
Phytolaccaceae Petiveria alliacea L. Guiné ou Tipi Piperaceae Piper aduncum L.
Piper arboreum Aubl. Piper aromaticum Willd. Piper tuberculatum Jacq.
Pothomorphe umbellata (L.) Miq.
Bete fêmea / Pimenta de macaco Bete cheiroso / Bete macho
João Barandi/ Pimenta de macaco Jaborandi (Falso - Jaborandi)
Capeba Plumbaginaceae Plumbago scandens L. Louquinho Miúdo
Poaceae Saccharum officinarum L. Cana de Exu Punicaceae Punica granatum L. Romã Rosaceae Rosa alba L. Rosa Branca Rubiaceae Coffea arabica L.
Genipa americana L. Café
Jenipapo Rutaceae Ruta graveolens L. Arruda
Solanaceae Brunfelsia uniflora D.Don Nicotiana tabacum L.
Solanum lycocarpum A.St.-Hil.
Manacá Fumo ou Tabaco
Lobeira Sterculiaceae Cola acuminata Schott & Endl. Noz de cola ou Obi Verbenaceae Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Britton & P.Wilson Erva Cidreira
Vitaceae Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E.Jarvis Insulina Zingiberaceae Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm.
Hedychium coronarium J.Koenig Colônia
Lírio Branco
30
Tabela 2 - Plantas utilizadas tradicionalmente nos cultos afro-brasileiros no Distrito Federal e Entorno, e seus respectivos usos; Convenção para categoria de uso: A= Amaci, B = Banho, C= Defumador, D= Medicinal, E= Sacudimento, F= Culinária, G= Assentamento, H= Iniciação, I= Ornamental, J= Ebós e Cerimônias Nº de usos = Número de uso citado.
Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de usos
CUP Fc CUPc
Abacateiro Persea americana Miller Lauraceae X 1 100 0,2 20 Abre caminho / Quebra demanda / Tira teima
Indeterminada Lamiaceae X 1 100 1,0 100
Acóco Newbouldia laevis Seem Bignoniaceae X X X X X X 6 66,6 0,8 53,28
Afomã/ Erva de passarinho Struthanthus flexicaulis Mart Loranthaceae X 1 100 0,2 20
Alecrim Rosmarinus officinalis L. Lamiaceae X X X X 4 100 0,8 80
Alecrim do Campo Indeterminada Indeterminada X X X 3 100 0,2 20
Alumã / Ewe oro Vernonia condensata Baker Asteraceae X 1 100 0,2 20
Alface d’ água / Ojouri Pistia stratiotes L. Araceae X X 2 100 0,2 20 Alfavacão / Alfavaca de caboclo/ Ewe kiiobis
Ocimum gratissimum L. Lamiaceae X X X X 4 100 0,6 60
Alfazema Indeterminada Indeterminada X X X 3 100 0,2 20
Alfazema do Campo Lavandula officinalis Chaix Lamiaceae X 1 100 0,2 20
Algodão Gossypium hirsutum L. Malvaceae X X X X 4 100 0,4 40
Amora Morus nigra L. Moraceae X X X 3 100 0,4 40
Aroeira Schinus terebinthifolius Raddi Anacardiaceae X X X X 4 100 0,8 80
Arruda Ruta graveolens L. Rutaceae X X 2 100 0,2 20
Artemísia Artemisia absinthium L. Asteraceae X X 2 100 0,2 20
Assa peixe Vernonia brasiliana (L.) Druce Asteraceae X X 2 100 0,2 20
Aveloz / Gravetinho Euphorbia tirucali L. Euphorbiaceae X 1 100 0,2 20
Babosa / Flor da babosa Aloe arborescens Mill. Aloaceae X 1 100 0,4 40
Balaio de velho Centrathrerum Cass. Asteraceae X X X 3 100 0,6 60
Bananeira Branca Musa sp. Musaceae X 1 100 0,2 20
Bete cheiroso / Bete macho Piper arboreum Aubl. Piperaceae X X X 3 100 0,4 40
Bete fêmea / Pimenta de macaco Piper aduncum L. Piperaceae X X X 3 66,6 0,2 53,68
Boldo ou Tapete de Oxalá Plectranhtus barbatus Andrews Lamiaceae X X X X 4 100 1,0 100
Boldo do Chile Plectranthus neochilus Schltr. Lamiaceae X X X X 4 100 0,6 60
Bredo de santo Antonio / Pega pinto Boerhavia diffusa L. Nyctaginaceae X X 2 100 0,2 20
Café Coffea arabica L. Rubiaceae X X X 3 100 0,4 40
Cajá Spondias mombin L. Anacardiaceae X X X X 4 100 0,2 20
Cana de exu Saccharum officinarum L. Poaceae X X 2 100 0,2 20
Cana do Brejo / Canela de índio Costus spicatus (Jacq.) Sw. Costaceae X X X X 4 100 0,6 60
31
Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de ind.
CUP Fc CUPc
Câncerosa Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20
Candeia branca Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20
Canela Cinnamomum zeylanicum Breyn. Lauraceae X X X X X 5 100 0,6 60
Canela de velho Miconia albicans Steud. Melastomataceae X 1 100 0,4 40
Capeba Pothomorphe umbellata (L.) Miq. Piperaceae X X X X 4 100 0,4 40
Carambola Averrhoa carambola L. Oxalidaceae X X 2 100 0,2 20
Carrapicho Bidens pilosa L. Asteraceae X X 2 100 0,4 40
Chega até mim Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20
Colônia Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm.
Zingiberaceae X X X X X 5 100 0,8 80
Comigo ninguém pode Dieffenbachia amoena Hort. ex Gentil Araceae X 1 100 0,6 60
Corredeira branca Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20
Cravo da Índia Syzygium aromaticum ( L. ) Merr. & L.M.Perry
Myrtaceae X X X X 4 100 0,2 20
Dama da noite Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20
Dandá d’ água Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20
Dandá d’ terra Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20
Dendê Elaeis guineensis Jacq. Arecaceae X X 2 100 0,2 20
Embaúba / pau polvora Cecropia peltata Trecúl Cecropiaceae X X 2 100 0,2 20
Erva cidreira Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Britton & P.Wilson
Verbenaceae X X 2 100 0,6 60
Erva doce Foeniculum vulgare Mill. Apiaceae X X 2 100 0,2 20
Erva tostão Boerhavia diffusa L. Nyctaginaceae X 1 100 0,2 20
Erva vintém Drymaria cordata (L.) Roem. & Schult. Caryophyllaceae X X X 3 100 0,2 20
Espada de São Jorge Sansevieria trifasciata Hort. ex Prain Dracaenaceae X 1 100 0,4 40
Ewe seré Alamanda puberula A.DC. Apocynaceae X X 2 100 0,2 20
Folha da fortuna Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken Crassulaceae X X X X X 5 100 0,8 80
Fumo Nicotiana tabacum L. Solanaceae X 1 100 0,2 20
Gameleira Ficus doliaria Mart. Moraceae X X 2 100 0,4 40
Graviola Annona muricata L. Annonaceae X 1 100 0,2 20
Guaco Mikania glomerata Spreng. Asteraceae X X 2 100 0,2 20
Guiné / Tipi Petiveria alliacea L. Phytolaccaceae X 1 100 0,4 40
Hortelã da folha grossa Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. Lamiaceae X 1 100 0,2 20
Inhame Peltaste isthmicus Woodson Apocynaceae X 1 100 0,2 20
Insulina Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E.Jarvis
Vitaceae X 1 100 0,4 40
32
Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de ind.
CUP Fc CUPc
Iroko Chlorophora excelsa Benth. & Hook.f. Moraceae X X 2 100 0,2 20
Jaborandi (Falso - Jaborandi) Piper tuberculatum Jacq. Piperaceae X X X 3 100 0,4 40
Jambo Indeterminada Indeterminada X 1 100 0,2 20
Jaqueira Artocarpus integrifolius L.f. Moraceae X 1 100 0,2 20
Jatobá Hymenae courbaril L. Caesalpinaceae X X 2 100 0,2 20
Jenipapo Genipa americana L. Rubiaceae X X X 3 100 0,2 20
João Barandi/ Pimenta de macaco Piper aromaticum Willd. Piperaceae X 1 100 0,4 40
Jucá / pau ferro Caesalpinia ferrea Mart. Leguminosae X X 2 100 0,4 40
Jurema branca Mimosa sp. Mimosaceae X X 2 100 0,2 20
Jurema preta / Jurema sagrada Mimosa hostilis Benth. Mimosaceae X X X X 4 100 0,6 60
Laranjeira Citrus sinensis L. Rutaceae X 1 100 0,2 20
Liamba Vitex agnus-castus L. Lamiaceae X X 2 100 0,4 40
Lírio branco Hedychium coronarium J.Koenig Zingiberaceae X X 2 100 0,4 40
Lobeira Solanum lycocarpum A.St.-Hil. Solanaceae X X 2 100 0,4 40
Louquinho miúdo Plumbago scandens L. Plumbaginaceae X 1 100 0,2 20
Louro Laurus nobilis L. Lauraceae X X X 3 100 0,2 20
Malva Cheirosa / Malva Rosa Geranium moschatum Burm.f. Geraniaceae X X X 3 100 0,6 60
Mamona Ricinus communis L. Euphorbiaceae X 1 100 0,2 20
Manacá Brunfelsia uniflora (Pohl) D. Don Solanaceae X 1 100 0,2 20
Mangueira Espada Mangifera indica L. Anacardiaceae X X X X 4 100 0,4 40
Manjericão / Manjericão Miúdo Ocimum basilicum L. Lamiaceae X X X 3 100 0,4 40
Maracujá Passiflora edulis Sims. Passifloraceae X 1 100 0,2 20
Maracujá selvagem / ewe dan Passiflora sp. Passifloraceae X X X 3 100 0,2 20
Mata piolho Carpotroche brasiliensis Endl. Flacourtiaceae X X 2 100 0,2 20
Melão de São Caetano Momordica charantia L. Cucurbitaceae X X 2 100 0,2 20
Melissa Melissa officinalis L. Lamiaceae X X X 3 100 0,2 20
Obi/ Noz de cola Cola acuminata Schott & Endl. Sterculiaceae X X X X X X 6 100 0,2 20
Obò/Odán Peltastes isthmicus Woodson Apocynaceae X X X X X X 6 100 0,6 60
Oiti Licania tomentosa Kuntze ou Fritsch Chrysobalanaceae X 1 100 0,2 20
Onda do mar Indeterminada Indeterminada X X 2 100 0,2 20
Oripepé Melampodium divaricatum DC. Meliaceae X X 2 100 0,2 20
Pacthuli Pogostemon cablin Benth. Lamiaceae X X 2 100 0,2 20
Pararraio Melia azedarach L. Caprifoliaceae X X 2 100 0,2 20
Pé de perdiz Croton perdicipes A. St.-Hil. Euphorbiaceae X X 2 100 0,2 20
33
Nome popular ou ritualístico Nome científico Família A B C D E F G H I J Nº de ind.
CUP Fc CUPc
Pequi Caryocar brasiliense St.Hil. Caryocaraceae X X X X 4 100 0,4 40
Peregum Amarelo Dracaena fragans Ker Gawl. Dracaenaceae X 1 100 0,2 20 Peregum Branco / Peregum / Pau d’água / peregum verde
Dracaena sp. Dracaenaceae X X X X X X 6 66,6 0,6 53,28
Peregum Vermelho / Roxo Cordyline terminals (L.) Kunth Liliaceae X X X X X 5 100 0,4 40
Pindaíba / lelecum Xylopia aromatica Mart. Annonaceae X X 2 100 0,2 20
Pinhão roxo Jatropha gossypiifolia L. Euphorbiaceae X X X 3 100 0,4 40
Pitanga Eugenia uniflora L. Myrtaceae X X 2 100 0,2 20
Quaresmeira Tibouchina granulosa Cogn. ex Britton Melastomataceae X 1 100 0,2 20
Romã Punica granatum L. Punicaceae X X 2 100 0,2 20
Rosa branca Rosa alba L. Rosaceae X X 2 100 0,2 20
Sabugueiro Sambucus australis Cham. & Schltdl. Caprifoliaceae X X X X 4 100 0,4 40
Saião Kalanchoe brasiliensis Camb. Crassulaceae X X 2 100 0,2 20
São Gonçalinho Casearia sylvestris Sw. Flacourtiaceae X X X 3 100 0,2 20
São Gonsalinho Astronium fraxinifolium Schott Anacardiaceae X X 2 100 0,2 20 Terramicina/ Penicilina vegetal / Ewe lebo
Alternanthera dentata (Moench) Stuchlik Amaranthaceae X X X 1 100 0,4 40
Timbó Serjania lethalis Sapindaceae
X 1 100 0,2 20
Trombeta Tecoma stans (L.) H.B. & K. Bignoniaceae X X 2 100 0,2 20
Urucum Bixa orellana L. Bixaceae X X X 3 100 0,4 40
34
C - LISTA DAS ESPÉCIES E DESCRIÇÃO DE USO
1. Abacateiro
Família: Lauraceae
Nome científico: Persea americana Miller
Parte usada: Folha e fruto.
Restrição de uso: Não foi informada.
Uso ritualístico: Não indicado
Outros empregos: Folha usada em forma de cataplasma na cabeça, para dores na mesma e os
frutos são considerados bons para os rins.
Categoria: D
2. Abre caminho / Quebra demanda / Tira teima
Família: Lamiaceae
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, e utilizada em banhos de limpeza. Ebós e
assentamento.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B
3. “Acocô”
Família: Bignoniaceae
Nome científico: Newbouldia laevis Seem.
Parte usada: Folha
35
Restrição de uso de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Assentamento de todos os Orixás, iniciação e matança.
Utilizada junto ao “Óbó”, em “Ebós” para atrair dinheiro.
Planta macerada com água fria, e utilizada em banhos de limpeza junto ao “Óbó” .
Folha seca usada como defumador.
Outros empregos: Enfeitar pratos.
Categoria: B, C, F, G, H, J.
4. Afomã ou Erva de passarinho
Família: Loranthaceae
Nome científico: Struthanthus flexicaulis Mart.
Parte usada: Folha e flores.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada e cozida, utilizada em banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B.
5. Alecrim
Família: Lamiaceae
Nome científico: Rosmarinus officinalis L.
Parte usada: Folha e caule.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Folha usada como
defumador.
36
Outros empregos: O chá é usado como calmante e cicatrizante. A folha cozida combate à
queda de cabelo. A planta também é utilizada como tempero.
Categoria: B, C, D, F.
6. Alecrim do campo
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Folha usada como
defumador. Cama de folha para o Orixá Ogum.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B, C, G.
7. Alface d’água / “Ojuori”
Família: Araceae
Nome científico: Pistia stratiotes L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e de atração.
Outros empregos: Usada para lavar os olhos em casos de inflamações.
Categoria: B, D.
8. Alfavaca / Alfavacão / Alfavaca de Caboclo / “Ewé Kiiobis”
Família: Lamiaceae
Nome científico: Ocimum gratissimum L.
37
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, e no assentamento
para o Orixá Oxossi.
Outros empregos: O chá é usado contra gripe, pode ser usado associado ao manjericão. Folha
usada como tempero para carne.
Categoria: B, G, D, F.
9. Alfazema
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, Amaci e atração.
Folha usada como defumador.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: A, B, C.
10. Alfazema do campo
Família: Lamiaceae
Nome científico: Lavandula officinalis Chaix
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado. Não informado.
38
Categoria: B.
11. Algodão
Família: Malvaceae
Nome científico: Gossypium hirsutum L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e Amacis. Cama de
folha de Orixá.
Associada a folha da Aroeira e Alfazema, maceradas e cozidas em banhos de limpeza.
Outros empregos: O chá é usado para combater infecções uterinas.
Categoria: A, B, D, G.
12. Alomã / Ewé oro
Família: Asteraceae
Nome científico: Vernonia condensata Baker
Parte usada: Folhas
Restrição de uso: Não indicado
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do
Orixá Omolu.
Outros empregos: O chá é usado para combater cólicas intestinais, problemas de estomago,
fígado e dores de barriga.
Categoria: D
13. Amora
Família: Moraceae
39
Nome científico: Morus nigra L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não indicado
Uso ritualístico: Utilizado em fundamentos para Eguns, sacudimento, limpeza do lar e
obrigação fúnebre.
Outros empregos: O chá é usado como regulador hormonal para menopausa e insônia.
Categoria: E, G, J.
14. Aroeira
Família: Anacardiaceae
Nome científico: Schinus terebinthifolius Raddi
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Colher antes do nascer do sol.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Iniciação, Amaci,
sacudimento, cama de folha e assentamento do Orixá Ogum.
Outros empregos: Não informado. Não indicado.
Categoria: A, B, H, E, G.
15. Arruda
Família: Rutaceae
Nome científico: Ruta graveolens L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não lavar a cabeça durante o banho e o chá possuí propriedades abortivas.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Chá para gargarejo contra infecções na boca.
40
Categoria: B, D.
16. Artemísia
Família: Asteraceae
Nome científico: Artemisia absinthium L.
Parte usada de uso: Folha
Restrição de uso: Planta abortiva e tóxica, quantidade máxima de três xícaras de chá por dia.
(Lorenzi, 2002).
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento para
o Orixá Oxum e Iemanjá.
Outros empregos: Não informado. Não indicado.
Categoria: B, G.
17. Assa peixe
Família: Asteraceae
Nome científico: Vernonia brasiliana (L.) Druce
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não indicado
Uso ritualístico: Limpeza da casa em celebrações fúnebres.
Outros empregos: Usada na elaboração de xarope para gripe.
Categoria: D, J.
18. Aveloz / Gravetinho
Família: Euphorbiaceae
Nome científico: Euphorbia tirucali L.
Parte usada: Folha
41
Restrição de uso: Planta tóxica
Uso ritualístico: Utiliza em assentamento para o Orixá Exu.
Outros empregos: Não informado. Não indicado.
Categoria: G.
19. Babosa
Família: Aloaceae
Nome científico: Aloe arborescens Mill.
Parte usada: Folha e Flor
Restrição de uso: Não indicado
Uso ritualístico:
Outros empregos: É usada a baba que há entre as folhas para o cabelo, faz –se banho de
assento para problemas de hemorróida, e o chá das flores é usado para combater pneumonia.
Categoria: D
20. Balai de velho, Balaim de velho e Balaio.
Família: Asteraceae
Nome científico: Centratherum sp.
Parte usada: Folha, raiz e flores.
Restrição: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, em assentamentos e
fundamentos.
Outros empregos: É utilizado o chá da raiz, das flores e das folhas para curar problemas
orgânicos.
Categoria: B, D, G.
42
21. Bananeira Branca
Família: Musaceae
Nome científico: Musa sp.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Uso ritualístico:
Outros empregos: A folha é utilizada para enrolar a comida chamada de Acaçá.
Categoria: F.
22. Bete Cheiroso, Bete Macho e Abranda Mundo.
Família: Piperaceae
Nome científico: Piper arboreum Aubl.
Parte usada: Folha
Restrição: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento e
iniciação para todos os orixás.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G, H.
23. Bete Fêmea ou Pimenta de Macaco
Família: Piper aduncum L.
Nome científico: Piperaceae
Parte usada: Folha e fruto.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
43
Uso ritualístico: A folha da planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Assentamento e iniciação para Iemanjá. Os frutos são utilizados em fundamentos.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G, H.
24. Boldo ou Tapete de Oxalá
Família: Lamiaceae
Nome científico: Plectranhtus barbatus Andrews
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria para banhos de limpeza e dor de cabeça,
assentamentos, fundamentos e iniciação de filhos de Oxalá.
Outros empregos: O chá é utilizado para combater problemas de fígado e estômago.
Categoria: B, D, G, H.
25. Boldo do Chile
Família: Lamiaceae
Nome científico: Plectranthus neochilus Schltr.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, cama de Orixá para
Nanã, Oxalá e Oxumaré.
Outros empregos: O chá é utilizado para combater problemas de fígado e estômago.
Categoria: B, G, H.
26. Bredo de Santo Antonio Pega Pinto ou Ewé Tipola
44
Família: Nyctaginaceae
Nome científico: Boerhavia diffusa L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do
Orixá Ogum.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
27. Café
Família: Rubiaceae
Nome científico: Coffea arabica L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em cerimônias
fúnebres. Também utilizada em rituais para Ossanha.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G, H.
28. Cajá
Família: Anacardiaceae
Nome científico: Spondias mombin L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
45
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, entra em todos os
banhos, fundamentos e Amacís.
Outros empregos: Não informado
Categoria: A, B, G, H.
29. Cana de Exú
Família: Poaceae
Nome científico: Saccharum officinarum L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento e
Ebós para o Orixá Exu.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, J.
30. Cana do Brejo ou Canela de índio.
Família: Costaceae
Nome científico: Costus spicatus (Jacq.) Sw.
Parte usada: Folha, raiz, frutos e galhos.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, cama de folha para
Nanã, Oxumaré e Oxalá.
Utilizada no Amací do Candomblé de Jurema.
Outros empregos: O chá da folha combate problemas renais.
Categoria: A, B, D, H.
46
31. Câncerosa
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos, é uma planta
tóxica.
Uso ritualístico: Planta utilizada em Ebós para o Orixá Omolu.
Outros empregos: Faz-se remédio para câncer.
Categoria:D, J.
32. Candeia Branca
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do
Orixá Oxalá e Exu.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
33. Canela
Família: Lauraceae
Nome científico: Cinnamomum zeylanicum Breyn.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
47
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, fundamentos,
Amaci e também é usada para forrar o chão em dias de festivos.
Outros empregos: O chá é muito apreciado usado para Problemas de estômago.
Categoria: A, B, D, G, I.
34. Canela de velho
Família: Melastomataceae
Nome científico: Miconia albicans Steud.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado. Não informado
Categoria: B.
35. Capeba
Família: Piperaceae
Nome científico: Pothomorphe umbellata (L.) Miq.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento,
iniciação e em cerimônias fúnebres.
Outros empregos: Não informado. Não informado
Categoria: B, G, H, J.
36. Carambola
Família: Oxalidaceae
48
Nome científico: Averrhoa carambola L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e cerimônias.
Outros empregos: Chá utilizado para problemas renais.
Categoria: B, J.
37. Carrapicho ou Carrapicho Rasteiro
Família: Asteraceae
Nome científico: Bidens pilosa L.
Parte usada: Folha, raiz e flor.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do
Orixá Omolu.
Outros empregos: Chá é utilizado para dar banhos em crianças com icterícia e para combater
infecções uterinas.
Categoria: B, D.
38. Chega até mim
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de atração.
Outros empregos: Não informado.
49
Categoria: B.
39. Colônia
Família: Zingiberaceae
Nome científico: Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.Burtt & R.M.Sm.
Parte usada: Folha, raiz e flor.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, Amací e iniciação.
Cama de folha para o Orixá Oxum. Assentamento dos Orixás Oxalá e Nanã.
Outros empregos: O chá da raiz e folhas é usado para problemas renais, como tônico cardíaco
e calmante. O chá das flores é usado para diabetes.
Categoria: A, B, D, G, H.
40. Comigo ninguém pode
Família: Araceae
Nome científico: Dieffenbachia amoena Hort. Ex Gentil
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Pode causar irritação na pele, coletar antes do nascer do sol, quando usada
para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
41. Corredeira branca
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
50
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento de
Omolu.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
42. Cravo da Índia
Família: Myrtaceae
Nome científico: Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M.Perry
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, defumador, cama
de folha para Orixá Omolu.
Outros empregos: Chá utilizado para cólicas menstruais e para diminuir o fluxo da
menstruação.
Categoria: B, C, D, H.
43. Dandá d' terra
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Raiz
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Fundamento usando a batata ralada para o Orixá xangô.
Outros empregos: Não informado
51
Categoria: G
44. Dandá d' água
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Raiz
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Fundamento e banho usando a batata ralada para o Orixá Oxalá.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
45. Dama da noite
Família: Indeterminada
Nome científico: Indeterminada
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banha de atração.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
46. Dendê
Família: Arecaceae
Nome científico: Elaeis guineensis Jacq.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não indicado.
52
Uso ritualístico: As folhas são utilizadas para decorar a casa nos dias festivos. O azeite é
apreciado no preparo de alguns pratos, podendo ou não ser usado de acordo com o Orixá.
Outros empregos: Não informado
Categoria: F, I.
47. Embaúba ou Pau Pólvora
Família: Cecropiaceae
Nome científico: Cecropia peltata Trecúl
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banha de limpeza, assentamento para os
Orixás Xangô e Obá.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
48. Erva Doce
Família: Apiaceae
Nome científico: Foeniculum vulgare Mill.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Defumador
Outros empregos: O chá é utilizado como calmante.
Categoria: C, D
49. Erva Cidreira
Família: Verbenaceae
53
Nome científico: Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Ex Britton & P.Wilson
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Amaci.
Outros empregos: O chá é utilizado como calmante e alívio em problemas cardíacos,
combater gripe e o mal-estar.
Categoria: A, D.
50. Erva Tostão
Família: Nyctaginaceae
Nome científico: Boerhavia diffusa L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Amaci
Outros empregos: Não informado
Categoria: A.
51. Erva Vintém
Família: Caryophyllaceae
Nome científico: Drymaria cordata (L.) Roem. & Schult.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento e
Ebós ao Orixá Xangô.
Outros empregos: Não informado
54
Categoria: B, G, J.
52. Espada de São Jorge
Família: Dracaenaceae
Nome científico: Sansevieria trifasciata Hort. Ex Prain
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Sacudimento
Outros empregos: Não informado
Categoria: E
53. Ewe sere
Família: Apocynaceae
Nome científico: Alamanda puberula A.DC.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento para o
Orixá Xangô.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
54. Folha da Fortuna
Família: Crassulaceae
Nome científico: Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
55
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, enfeitar comidas de
Orixá, cama de folha para os Orixás Xangô e Oxalá, assentamento dos Orixás Ifá e Exu, em
Amaci e Iniciação.
Outros empregos: Não informado
Categoria: A, B, F, G, H.
55. Fumo ou Tabaco
Família: Solanaceae
Nome científico: Nicotiana tabacum L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
O uso indicado como presente no culto a Jurema.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
56. Gameleira
Família: Moraceae
Nome científico: Ficus doliaria Mart.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Amaci e em assentamento. É considerada uma folha sagrada do Orixá Iroko.
Outros empregos: Não informado
Categoria: A, G.
57. Graviola
56
Família: Annonaceae
Nome científico: Annona muricata L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Utilizada para preparar cama de folha, para o Orixá Iroko.
Outros empregos: Não informado
Categoria: H.
58. Guaco
Família: Asteraceae
Nome científico: Mikania glomerata Spreng.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Planta utilizada para preparar cama de folha.
Outros empregos: O chá para combater gripe e problemas respiratórios.
Categoria: D, H.
59. Guiné ou Tipi
Família: Phytolaccaceae
Nome científico: Petiveria amboinicus
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
57
60. Hortelã da folha graúda ou Hortelã da folha grossa
Família: Lamiaceae
Nome científico: Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Não informado
Outros empregos: O chá é utilizado para combater gripe, resfriados. É indicado para ser
utilizado junto ao mel, como um xarope.
Categoria: D.
61. Inhame
Família: Apocynaceae
Nome científico: Peltaste isthmicus Woodson
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Planta utilizada para cama de folha do Orixá Ogum.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: H.
62. Insulina
Família: Vitaceae
Nome científico: Cissus verticillata (L.) Nicolson & C. E. Jarvis
Parte usada: Folha e gavinha.
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Não informado.
58
Outros empregos: Chá é utilizado para problemas de diabete
Categoria: D.
63. Iroko
Família: Moraceae
Nome científico: Chlorophora excelsa Benth. & Hook. F.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta utilizada para decoração e como cama de folha para o Orixá Iroko.
Outros empregos: Não informado
Categoria: H, I.
64. Jaborandi, Falso Jaborandi ou Pimenta de Macaco
Família: Piperaceae
Nome científico: Piper tuberculatum Jacq.
Parte usada: Folha e flor.
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e para assentamento
do Orixá e Oxossi.
Outros empregos: A planta macerada com água fria é utilizada para os cabelos.
Categoria: D, B, G.
65. Jambo
Família: Planta não identificada.
Nome científico: Planta não identificada
Parte usada: Folha
59
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Planta utilizada para fundamentos de Orixá.
Outros empregos: Não informado
Categoria: G.
66. Jaqueira
Família: Moraceae
Nome científico: Artocarpus integrifolius L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Planta utilizada para fundamentos e assentamento dos Orixás Iroko e Exu.
Outros empregos: Não informado
Categoria: G.
67. Jatobá
Família: Caesalpinaceae
Nome científico: Hymenae courbaril L.
Parte usada: Folha e fruto
Restrição de uso: Coletar as folhas antes do nascer do sol.
Uso ritualístico: O fruto da planta é utilizado em fundamentos para o Orixá Xangô.
Outros empregos: O chá e o fruto são indicados para problemas de anemia.
Categoria: D, G.
68. Jenipapo
Família: Rubiaceae
Nome científico: Genipa americana L.
60
Parte usada: Folha e fruto
Restrição de uso:
Uso ritualístico: A folhas da planta é utilizada em fundamentos do Orixá Omolu.
Outros empregos: O fruto associado com mel é indicado para combater anemia, quando
usado pela manha em jejum. O fruto é muito apreciado na culinária como doce.
Categoria: D, F, G.
69. João Barandi ou Pimenta de Macaco
Família: Piperaceae
Nome científico: Piper aromaticum Willd.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta cozida em água, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
70. Jucá ou Pau Ferro
Família: Leguminosaceae
Nome científico: Caesalpinia ferrea Mart.
Parte usada: Folha e casca.
Restrição de uso: Coletar as folhas antes do nascer do sol.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza destinados ao Orixá
Ogum.
Outros empregos: O chá da casca é utilizado para diabetes.
Categoria: B, D.
61
71. Jurema Branca
Família: Mimosaceae
Nome científico: Mimosa sp.
Parte usada: Casca
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol.
Uso ritualístico: A casca da planta é utilizada para elaborar bebida sagrada utilizada no
Candomblé de Caboclo.
Outros empregos: Não informado
Categoria: D, J.
72. Jurema Preta
Família: Mimosaceae
Nome científico: Mimosa hostilis Benth.
Parte usada: Casca e entre casca e raiz
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol.
Uso ritualístico: A casca da planta é utilizada para elaborar bebida sagrada utilizada no
Candomblé de Caboclo.
A folha é utilizada no Amaci do Catimbó Jurema.
Outros empregos: Planta ornamental. A entrecasca é utilizada para aliviar dor de dente, e
para elaborar beberagem de propriedades curativas chamada "Jurema".
Categoria: A, D, I, J.
73. Laranjeira
Família: Rutaceae
Nome científico: Citrus sinensis Osbeck
62
Parte usada: Flor
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Flor da planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B.
74. Liamba
Família: Verbenaceae
Nome científico: Vitex agnus-castus L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de atração.
Outros empregos: A folha da planta é utilizada na elaboração da beberagem "Jurema".
Categoria: B, D.
75. Lírio Branco
Família: Zingiberaceae
Nome científico: Hedychium coronarium J. Koenig
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza destinado ao Orixá
Oxalá. Cama de folha do Orixá Oxalá.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, H.
76. Lobeira
63
Família: Solanaceae
Nome científico: Solanum lycocarpum A. St. Hil.
Parte usada: Folha, flor, raiz e fruto.
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta utilizada em assentamento para o Orixá Exu.
Outros empregos: O chá da folha é utilizado para fazer banho de assento para hemorróida. O
fruto cozido é utilizado para diabete e o chá da flor para resfriado.
Categoria: D, G.
77. Louquinho miúdo ou loquinho
Família: Plumbaginaceae
Nome científico: Plumbago scadens L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Assentamento do Orixá Exu.
Outros empregos: Não informado
Categoria: G.
78. Louro
Família: Lauraceae
Nome científico: Laurus nobilis L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Cama de folha o
Orixá Iansã.
64
Outros empregos: O chá da folha é utilizado para dores de cabeça. As folhas são usadas na
culinária como tempero.
Categoria: B, D, H.
79. Malva, Malva Cheirosa ou Malva Rosa
Família: Geraniaceae
Nome científico: Geranium moschatum Burn. F.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e atração. Amaci.
Outros empregos: O chá é utilizado para gripes e para infecções uterinas.
Esta planta também é utilizada no culto Catimbó-Jurema.
Categoria: A, B, D.
80. Mamona
Família: Euphorbiaceae
Nome científico: Ricinus communis L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: As folhas são utilizadas para enrolar acaçá do Orixá Exu.
Outros empregos: Não informado
Categoria: F.
81. Manacá
Família: Solanaceae
Nome científico: Brunfelsia uniflora (Pohl) D. Don
65
Parte usada: Folha e flor.
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
82. Mangueira Espada
Família: Anacardiaceae
Nome científico: Mangifera indica L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Amací,
sacudimento e cama de folha para o Orixá Ogum.
Outros empregos: Não informado
Categoria: A, B, E, H.
83. Manjericão miúdo
Família: Lamiaceae
Nome científico: Ocimum basilicum L.
Parte usada: Folha
Restrição de uso:
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: O chá é utilizado para gripe e pode ser associado com alfavaca, às folhas
também são usadas como tempero.
Categoria: B, D, F.
66
84. Maracujá
Família: Passifloraceae
Nome científico: Passiflora edulis Sims.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Não informado
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B.
85. Maracujá selvagem ou Ewe dan
Família: Passifloraceae
Nome científico: Passiflora sp.
Parte usada: Folha e galhos.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banho destinado ao Orixá Oxumaré.
Ebós e assentamentos.
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G, J.
86. Mata piolho
Família: Flacourtiaceae
Nome científico: Carpotroche brasiliensis Endl.
Parte usada: Folha
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
67
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos destinados ao Orixá
Omolu.Assentamento
Outros empregos: Não informado
Categoria: B, G.
87. Melão de São Caetano
Família: Cucurbitaceae
Nome científico: Mormodica charantia L.
Origem:
Parte usada: Folha e galho.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.
Categoria: B, D.
88. Melissa, Ewe Cerim ou Folha de Ifá
Família: Lamiaceae
Nome científico: Melissa officinalis L.
Parte usada: Folha, flor e galho.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Assentamento.
Outros empregos: O chá é utilizado para problemas cardíacos.
Categoria: B, D, G.
89. Obí ou Noz de Cola
Família: Sterculiaceae
68
Nome científico: Cola acuminata Schott Endl.
Parte usada: Folha e fruto.
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: As sementes possui propriedades curativas, acreditam que elas sejam
rejuvenescedoras. O fruto é utilizado em todos os rituais para os Orixás.
Outros empregos: As folhas são maceradas com água fria, para diminuir queda de cabelo.
Categoria: A, D, G, H, I, J.
90. Obò ou Odán
Família: Apocynaceae
Nome científico: Peltastes isthmicus Woodson.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, cama de folha e
para os Orixás Xangô e Oxum, utilizada em Ebós para chamar dinheiro, associada ao Acóco.
Enfeitar pratos de oferenda. Assentamento do Orixá Xangô.
Outros empregos: .
Categoria: B, F, G, H, I, J.
91. Oiti
Família: Chrysobalanaceae
Nome científico: Licania tomentosa Kuntze
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
69
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos destinados ao Candomblé de
Caboclo.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B.
92. Onda do mar
Família: Não identificada.
Nome científico: Não identificada.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em assentamento
do Orixá Iemanjá.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B, G.
93. Oripepe
Família: Asteraceae
Nome científico: Melampodium divaricatum DC.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do
Orixá Oxum.
Outros empregos: relatado que a planta possui propriedades anestésicas.
Categoria: B, D.
94. Pacthuli
70
Família: Lamiaceae
Nome científico: Pogostemon cablin Benth.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, atração e
assentamento do Orixá Oxum.
Outros empregos: A planta macerada com água libera forte aroma, que é utilizado como
aromatizante de roupas.
Categoria: B, G.
95. Pararraio
Família: Caprifoliaceae
Nome científico: Melia azedarach L. Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Não indicado.
Uso ritualístico: Amací do Orixá Iansã.
Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.
Categoria: A
96. Pé de perdiz
Família: Euphorbiaceae
Nome científico: Croton perdicipes A. St. Hill.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Amací do Orixá Iansã.
71
Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.
Categoria: A
97. Piqui ou Pequi
Família: Caryocaraceae
Nome científico: Caryocar brasiliense St.Hil
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Sacudimento e assentamento do Orixá Exu.
Outros empregos: O chá pode ser usado como banho para aliviar irritações na pele e cabeça.
Categoria: B, E, F, G.
98. Peregum amarelo
Família: Dracaenaceae
Nome científico: Dracaena fragans Ker Gawl.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Não informado.
Uso ritualístico: Cama de folha para o Orixá Oxumaré.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: H.
99. Peregum, Pau D' água, Peperegum ou Peregum Branco
Família: Dracaenaceae
Nome científico: Dracaena sp.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Não informado.
72
Uso ritualístico: Cama de folha para o Orixá Oxalá, sacudimento, a folha da planta macerada
com água fria, para banhos de limpeza e assentamento do Orixá Oxossi e Ogum. Utilizada
em Ebós e como ornamental para proteção do terreiro.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B, E, G, H, I, J.
100. Peregum vermelho, Peperegum roxo ou Peregum roxo
Família: Liliaceae
Nome científico: Cordyline terminalis (L.) Kunth
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Usada para
sacudimento. Banhos para Egum. Utilizada como ornamental para proteção do terreiro, para
fazer cama ou esteira de Orixá.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B, E, G, H, I.
101. Pindaíba ou Lelecum
Família: Annonaceae
Nome científico:Xylopia aromatica Mart.
Parte usada: Folha e sementes.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: A folha e o pó da semente é utilizado em assentamento.
Outros empregos: Utilizada como tempero.
Categoria: F, G.
73
102. Pinhão roxo ou Pião roxo
Família: Euphorbiaceae
Nome científico:Jatropha gossypiifolia L.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos. Planta tóxica não
pode ser ingerida.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em assentamento
do Orixá Ogum e Exu. Amaci.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: A, B, G.
103. Pitanga
Família: Myrtaceae
Nome científico:Eugenia uniflora L.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Amací. Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: A, B.
104. Quaresmeira
Família: Melastomataceae
Nome científico: Tibouchina granulosa Cogn. Ex Britton
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Não informado.
74
Uso ritualístico: Cama de folha do Orixá Omolu e Nanã.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: H.
105. Romã
Família: Punicaceae
Nome científico:Punica granatum L.
Parte usada: Folha e fruto
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Cama de folha para o Orixá Oxalá e Oxum.
Outros empregos: O chá da casca do fruto é utilizado para inflamação na garganta, e contra
gripe. A poupa que envolve a semente é utilizada para anemia.
Categoria: D, H.
106. Rosa Branca
Família: Rosaceae
Nome científico: Rosa alba L. .
Parte usada: Flor.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Flores da planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: O chá das flores pode ser tomado como calmante.
Categoria: B, D.
107. Sabugueiro
Família: Caprifoliaceae
Nome científico: Sambucus australis Cham. & Schltdl.
75
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Amací. Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Assentamento.
Outros empregos: O chá é recomendado para gripe, resfriado, febre e sarampo. Também
utilizar a planta macerada para cabelos, catapora.
Categoria: A, B, D, G.
108. Saião
Família: Crassulaceae
Nome científico:Kalanchoe brasiliensis Camb.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza.
Outros empregos: Chá é recomendado para cicatrização.
Categoria: B, D.
109. São Gonsalinho
Família: Flacourtiaceae
Nome científico:Casearia sylvestris Sw.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em fundamentos.
Outros empregos: As folhas cozidas são recomendadas para deixar o cabelo liso.
Categoria: B, D, G.
76
110. São gonsalino
Família: Anacardiaceae
Nome científico: Astronium fraxinifolium Schott
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em assentamento
de Ogum e Oxossi.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B, G.
111. Terramicina/ Penicilina vegetal /
Ewe lebo
Família: Amaranthaceae
Nome científico: Alternanthera dentata (Moench) Stuchlik
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos. Restrição de uso:
Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza, assentamento para o
Orixá Oxum.
Outros empregos: Chá é recomendado para infecção por possuir propriedades
antiinflamatórias.
Categoria: B, D, G.
112. Timbó
Família: Sapindaceae
77
Nome científico: Serjania lethalis A.St.-Hil.
Parte usada: Folha, flor, fruto, galho, raiz.
Restrição de uso: Planta tóxica, não pode ser ingerida.
Uso ritualístico: Planta utilizada em Ebós.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: J.
113. Trombeta
Família: Bignoniaceae
Nome científico: Tecoma stans (L.) H.B. & K.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza e em cama de folha
para os Orixás Oxossi e Oxum.
Outros empregos: Não informado.
Categoria: B, H.
114. Urucum
Família: Bixaceae
Nome científico:Bixa orellana L.
Parte usada: Folha.
Restrição de uso: Coletar antes do nascer do sol, quando usada para banhos.
Uso ritualístico: Planta macerada com água fria, para banhos de limpeza. Assentamento e
fundamento do Orixá Exu.
Outros empregos: O fruto é utilizado como tempero.
78
Categoria: B, F, G.
79
CONCLUSÃO
Foram estudadas 114 plantas, sendo 102 identificadas e 12 indeterminadas,
pertencentes a 50 famílias botânicas, utilizadas em cinco casas de santo, distribuídas no
Distrito Federal e Entorno. Isso demonstra uma grande diversidade de conhecimento e usos
de plantas. Dentre as famílias botânicas, Lamiaceae, por suas propriedades aromáticas e seu
fácil cultivo, foi a mais representativa, com 10 espécies registradas.
Os vegetais utilizados foram enquadrados nas seguintes categorias de uso: amaci,
banho, defumador, medicinal, sacudimento, culinária, assentamento, iniciação, ornamental,
ebós e cerimônias, sendo que a categoria com maior número de indicação foi “Banhos”, na
qual o uso dos vegetais para banhos de limpeza é muito difundido, por ser de fácil
manipulação e podendo ser freqüentemente usado.
A maior parte das espécies são exóticas cultivadas, sendo que grande parte destas
foram trazidas pelos negros, isso demonstrando que os aspectos tradicionais da cultura afro
nos cultos de matriz africana, vem conservando estas espécies, fortalecendo o processo da
transmissão do conhecimento e, conseqüentemente, garantindo a importância das plantas nos
cultos.
A utilização de espécies nativas do bioma Cerrado reflete uma adaptação ou inclusão
destas plantas nos cultos afro-brasileiros no DF e entorno, demonstrando a substituição de
determinados recursos vegetais exóticos não disponíveis, por plantas nativas, o que pode
estar determinando a constituição de um vínculo entre os cultos e o bioma, gerando novos
conhecimentos e novas práticas. As plantas empregadas nos cultos são fundamentais e
possuem um valor sagrado, sendo a elas dadas o título de possuidoras de energia (Axé)
necessária para toda a variedade de trabalhos dentro dos cultos.
80
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO:
AZEVEDO, S. K. S., SILVA, I. M. Plantas medicinais e de uso religioso comercializadas
em mercados e feiras livres no Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Acta Bot. Bras., jan./mar. 2006,
vol.20, no.1, ISSN 0102-3306.
A Cor da Cultura. Disponível em http://www.acordacultura.com.br Acessado em 14 de
agosto de 2006.
Albuquerque, U. P. 1995. Formas de uso de espécies vegetais dos cultos Afro-brasileiros
em Recife-PE. Biológica brasilica, 6(1/2):111-120.
Albuquerque, U. P. 1999. Referências para o estudo da Etnobotânica dos descendentes
culturais do africano no Brasil. Acta farmacêutica bonaerense. Vol. 18 Nº 4.
Albuquerque, U. P. 1997. Levantamento das espécies vegetais empregadas nos cultos
afro-brasileiros em Recife-PE. Biológica brasilica, V. 7. 14pp.
Alcorn, J. B.1995. The scope and aims of ethnobotany in a developing world . In:
Schultes, R.E.; Reis, S. V. (Ed.) Ethnobotany: evolution of a discipline. Portland:
Dioscorides Press. 23 – 29pp.
81
Amorozo, M.C.M. 1996. A abordagem etnobotânica na pesquisa de plantas medicinais.
In: Di Stasi, L. C (ed.) Plantas medicinais: arte e ciência. Ed. Unesp.
Brasileirinho de Maria Bethânia. Disponível em www.mariabethania.com.br. Acessado em
20 de agosto de 2006.
Camargo, M. T. L. de A., 1998. As plantas na medicina popular e nos rituais afro-
brasileiros. Investigações folclóricas, Vol. 13, Buenos Aires, Argentina.
Coelho, M. de A., 1996. Geografia do Brasil. 4. ed. Ver., atual. E ampl. –São Paulo:
Moderna. 97 p.
Fatumbi, P. V, 1995. Ewé: o uso das plantas na sociedade iorubá. São Paulo. Ed.
Companhia das Letras.
Conceição, M. 1980. As plantas medicinais no ano 2000. Brasília. Tao Livraria e Editora
Ltda.
Dias, B. F. S. 1990. Conservação da Natureza no Cerrado Brasileiro. In: Pinto, M. N.,
(org). Cerrado: Caracterização, ocupação e perspectiva. Brasília: UNB/SEMATEC.
82
Machado, R.B., Ramos, Neto, M. B. Pereira, P.G.P., Caldas, E.F., Gonçalves, D.A., Santos,
N.S. Tabor, K., Steininger, M. 2004. Estimativas de perda da área do Cerrado brasileiro.
Relatório Técnico. Conservação Internacional, Brasília, DF.
Mendonça, R. C.; Felfili J. M.; Walter, B. M. T.; Silva Júnior, M. C.; Rezende A. V.;
Figueiras T. S. & Silva, P. E. N., 1998. Flora vascular do cerrado. In: Sano, S. M., &
Almeida, SD. P., (Eds). Cerrado: ambiente e flora. Planaltina, DF, Brasil: Embrapa- CPAC.
Scariot, A., Souza-Silva, J. C., Felfili, J. M., (Org.) 2005. Cerrado: Ecologia,
Biodiversidade e Conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente.
Silva, A. J. da R., Andrade, L. de H. C., 2006. Cultural significance of plantas in
communities located in the coastal forest zone of the State of Pernambuco, Brazil.
Human Ecology, Vol. 34, Nº 3, June 2006.
Silva Júnior, M. C. da 2005. 100 Árvores do Cerrado: guia de campo. Brasília, Ed. Rede
de Sementes do Cerrado.
Posey, D. A. 1987. “Introdução – Etnobiologia: teoria e pratica” . In: Ribeiro, B. (org).
SUMA Etnobiologia Brasileira. Vol. 1 (Etnobiologia) FINEP/Vozes, Petrópolis – RJ.
Prandi, R. 2001. Mitologia dos Orixás. São Paulo. Ed. Companhia das Letras.
83
Ribeiro, J. F., Silva, J. A. da Fonseca, C. E.I., Almeida, S.P., Proença, C.B., Silva, J.A., Sano,
M. 1994. Espécies arbóreas de usos múltiplos na Região do Cerrado . In: Congresso
Brasileiro de Sistemas Agroflorestais. Anais: EMBRAPA – CNPF, Porto Velho. v.1, p. 335-
356.
Trindade, O.J.S.; Bandeira, F.B.; Rêgo, J.C.; Sobrinho, J.L.; Pacheco, L.M. & Barreto, M.M.
2000. Farmácia e Cosmologia: A Etnobotânica do Candomblé na Bahia. Etnoecológica
4(6): 11-32.
Vasconcellos, A. G. 2003. Propriedade intelectual dos conhecimentos associados à
biodiversidade, com ênfase nos derivados de plantas medicinais – desafio para a
inovação biotecnologia no Brasil. Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: Pós – Graduação do
Programa de Biotecnologia Vegetal da Universidade Federal do Rio de Janeiro. P. 179
MapLink. Rotas entre cidades. Disponível em www.maplink.uol.com.br, acessado
em 28 de outubro de 2006.
84
GLOSSÁRIO DE NOMES OU TERMOS AFRO-BRASILEIROS
A
Acaçá – bolinho de amido embrulhado em folha de bananeira Akokô ou Acóco – Planta usada na coroação de reis e sagração de sacerdotes de alta hierarquia. Aroni – duende de uma perna só que habita a floresta e conhece o uso das ervas. Angola - Culto afro-brasileiro de origem banto. Ariaxé - banho ritual realizada no período iniciático. Abô - preparado feito com folhas sagradas maceradas em água, visa conferir proteção. Assentamento - objetos, símbolos e de elementos da natureza que representam o orixá e onde está assentada sua força dinâmica, ficando depositados em locais apropriados no terreiro. Axé - força mágica, dinâmica e vitalizadora dos orixás; local sagrado; fundamento terreiro, força vital que transforma o mundo. B Babaojê - sacerdote do culto aos Eguns. Babalaô - Sacerdote de Ifá Babalorixá - Chefe do terreiro, o mesmo que Pai de Santo. Bori – sacrifício à cabeça; primeiro rito de iniciação no candomblé. C Caboclos - Espíritos cultuados nos candomblés de caboclo, Catimbós, Umbanda, e outros de influência ameríndia representam indígenas brasileiros que alcançaram uma certa posição espiritual. Casa de santo - Equivalente a terreiro ou casa de candomblé Catimbó - Culto afro-brasileiro de influência indígena Comida de santo - Alimentos votivos preparados especialmente para os Orixás. D Despacho - Oferenda aos Orixás. E Ebós – Sacrifício, oferenda, despacho.Ver despacho. Egum - Espírito de morto; ancestral. Exu – orixá mensageiro; dono das encruzilhadas e guardião da porta de entrada da casa; sempre o primeiro ser homenageado. Euê ou Ewé – Folha Eua ou Yèwá – orixá das fontes; dona dos cemitérios.
85
F Feitura - Iniciação ao culto. Filhos de santo - iniciados a religião Fundamentos - Aspectos e mecanismos secretos, ou seja, revelados somente aos iniciados, de manipulação e interação com os Orixás. G Gira - Roda ritual formada pelos filhos de santo, com cânticos e danças. Guia - Colar feito com contas ou miçangas; entidade protetora. I Iansã – outro nome para Oiá; literalmente, a mãe dos novos filhos. Iemanjá – orixá do rio Nigér, dona das águas; senhora do mar, a mãe dos Orixás. Iroco – árvore africana sagrada, onde mora Oro, o espírito da floresta; no Brasil, gameleira, cultuada como orixá nos antigos candomblés. Iaô - mesmo que filho de santo. Ilé - referência ao espaço ritual; terreiro; casa. J Jejê - Culto afro-brasileiro com fortes elementos dos povos ewe e fon. L Logum Edé – orixá da caça e da pesca. M Matança - sacrifício ritual de animais N Nação - referencia aos grupos provenientes da mesma etnia africana, ou do mesmo grupo étnico. Nanã – orixá do fundo dos lagos, dona da lama com que Obatalá modelou o homem. O Orixá - Divindade Yorubá. Obá – orixá do rio Obá. Ogum – orixá da metarlugia, da agricultura e da guerra. Oiá ou Oya – orixá dos ventos, do raio, da tempestade, dona dos eguns; Olocum – orixá das mares, no Brasil uma qualidade de Iemanjá.
86
Omolu - outro nome para Obaluaê Ossaim – orixá das folhas. Orixá das curas Oxalá – grande orixá, orixá da criação. Oxossi – orixá da caça. Oxu – orixá da lua. Oxum – orixá do rio Oxum; deusa das águas doces, do ouro, da beleza e da vaidade; Oxumaré – orixá do arco íris. S Sacudimento - Ritual que objetiva limpar as pessoas e lugares de energias negativas Sassanha - ritual de sacralização das folhas.
S
Yalorixá - Equivalente feminino a Babalorixá.
X
Xangô – orixá do trovão e da justiça.
87
APÊNDICE - A – ANUÊNCIA PREVIA
Brasília, ____ de _____________ de 2006.
Ao: Senhor (a).......................................................................................
“Anuência Prévia”
Em referência ao capítulo V da Medida Provisória (MP) 2.186-16, que trata do Acesso e da Remessa ao patrimônio genético brasileiro e ao conhecimento tradicional associado.
De acordo com as recomendações escritas na MP, solicitamos a autorização para realização de estudo etnobotânico em sua casa de culto Afro-brasileiro. Este estudo faz parte do projeto de pesquisa “O uso tradicional de plantas nos cultos afro-brasileiros no DF e Entorno”.
Projeto que será desenvolvido com intuito ampliar o conhecimento acadêmico e expandir a necessidade de compreender como o ser humano se relaciona com os recursos vegetais. Este projeto será levado para a defesa da Monografia na FTB – Faculdade da Terra de Brasília no curso de graduação em Ciências Biológicas.
O projeto tem como objetivos:
- Desenvolver trabalho em equipe promovendo intercâmbio entre os saberes; - Identificar informantes locais e realizar entrevistas semi-estruturadas entre os membros da comunidade; - Realizar coleta de material botânico para identificação das plantas presentes na área do terreiro; - Depositar o material no herbário da Universidade de Brasília (UB); - Identificar espécies utilizadas nos cultos; - Realizar restituição da informação elaborando um relatório em forma para o uso e conhecimento dos praticantes sobre as espécies estudadas.
_______________________________________
Nome do informante
88
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIOS
LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS NOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS NO
DISTRITO FEDERAL E ENTORNO.
QUESTIONÁRIO ETNOBOTÂNICO: A - DADOS DO INFORMANTE: 1. Nome: ________________________________________________________________________ 2. Idade/ Sexo: _______________________________________________________________________ 3. Origem/ Histórico Pessoal: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 4. Escolaridade: ________________________________________________________________________ 5. Ocupação/ Atividade ou profissão: ________________________________________________________________________ 6. Localidade/ Povoada/ Comunidade: ________________________________________________________________________ 7. Município/ Região administrativa: ________________________________________________________________________ 8. Tempo em que vive na área: ________________________________________________________________________ 9. Numero de pessoas que vivem na área: ________________________________________________________________________ 10. Tem Quintal? Tamanho +/-? ________________________________________________________________________ 11. Quem cuida do quintal? Homem, mulher ou os dois? ________________________________________________________________________ 12. Como adquiriu conhecimento sobre o uso das plantas? ________________________________________________________________________
89
13. As plantas que não possui em sua área, como as consegue? ________________________________________________________________________ 14. Qual a importância pessoal e religiosa para o uso das plantas? ________________________________________________________________________ B - DADOS DAS PLANTAS 1- Nome do informante ________________________________________________________________________ 2- Nome da Plantas ________________________________________________________________________ 3- Conhece alguma estória sobre a planta? ________________________________________________________________________ 4- Planta de Cerrado? ( ) Sim ( ) Não 5-Qual parte da plantas é utilizada? ( )Raiz ( ) Galhos ( ) Folhas ( ) Flores ou “Sementes” ( ) Fruto 6- Qual (is) uso (s) da planta? ( ) Amaci ( ) Banho ( ) Defumador ( ) Medicinal ( ) Sacudimento ( ) Culinária ( ) Assentamento ( ) Iniciação ( ) Ornamental Outros:__________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7- Associado a outras plantas? ( ) Sim ( ) Não Quais:___________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8- Alguma contra indicação? ________________________________________________________________________ 9- Qual a procedência da planta? ( ) Cultivada ( ) Nativa Outras:______________________________________ 10- Alguma restrição para coleta? ( ) Sim ( ) Não
90
Qual:_______________________________________ 11- Há algum produto elaborado com esta planta? ( ) Xarope ( ) Pomada ( )Garrafada ou bebida ( ) Chá Outros:__________________________________________________________________ 12- O informante conhece a planta em seu ambiente natural? ( ) Sim ( ) Não
Data de visita: ____/____/_________
91
C- LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES VEGETAIS ÚTEIS, NOS CU LTOS AFRO-
BRASILEIROS NO DISTRITO FEDERAL E ENTORNO.
Ficha de registro do material coletado e identificado: 1.0 -
• Coletor:
• Área de coleta do material:
• Data e Local de Coleta:
1.1 - • Nome popular: Qual uso?
• Nome científico:
• Família:
• Obs.: 1.2 –
• Características botânicas: Exudação? Caule: Folhas: Flores: Frutos:
92
vegetal: Nativa em qual região e bioma?
93
ANEXO I – OSSAIM O ORIXÁ DAS FOLHAS
Ossain recusa-se a cortar as ervas miraculosas
Ossain era o nome de um escravo que foi vendido a Orunmilá.
Um dia ele foi à floresta e lá conheceu Aroni,
que sabia tudo sobre as plantas.
Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo de Ossaim
e ensinou-lhe todo o segredo das ervas.
Um dia, Orunmilá, desejoso de fazer uma grande plantação,
ordenou a Ossain
que roçasse o mato de suas terras.
Diante de uma planta que curava dores,
Ossain exclamava:
“Esta não pode ser cortada, é a erva que cura as dores”.
Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia:
“Esta estanca sangue, não deve ser cortada”.
Em frente de uma que curava a febre, dizia:
“esta também não, por que refresca o corpo”.
E assim por diante.
Orunmilá, que era um Babalaô muito procurado por doentes, interessou-se então pelo
poder curativo das plantas e ordenou que Ossaim ficasse junto dele nos momentos de
consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas.
E assim Ossaim ajudava Orunmilá a receitar e acabou sendo conhecido como o grande
médico que é (Prandi, 2001).