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AGOSTO © Artigo publicado em 16 Reportagens AGOSTO www.futbol-tactico.com 17 Reportagens COPA LIBERTADORES 2012: CORINTHIANS, UM CAMPEÃO IMBATIVEL Autor: Tomás Magaña Fotos: Gettyimages Baixo a direção técnica de Adenor Leonardo Bacchi ‘Tite’, o ‘Timão’ conquistou por primeira vez em sua história o torneio de clubes mais prestigioso do continente americano. O conjunto paulista firmou uma competição praticamente perfeita para fazer por fim realidade o sonho de incorporar a suas ostentosas vitrines o ambicioso troféu: oito vitorias e seis empates nos quatorze encontros disputados entre janeiro e julho, com 22 tantos a favor e apenas 4 em contra. São cifras próprias de um campeão indiscutível, mas também da equipe prática, sólida, eficaz e inteligente que Corinthians foi do principio ao fim.

Reportagem: Copa Libertadores 2012: Corinthians, um campeão imbatível

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Baixo a direção técnica de Adenor Leonardo Bacchi ‘Tite’, o ‘Timão’ conquistou por primeira vez em sua história o torneio de clubes mais prestigioso do continente americano. O conjunto paulista firmou uma competição praticamente perfeita para fazer por fim realidade o sonho de incorporar a suas ostentosas vitrines o ambicioso troféu: oito vitorias e seis empates nos quatorze encontros disputados entre janeiro e julho, com 22 tantos a favor e apenas 4 em contra. São cifras próprias de um campeão indiscutível, mas também da equipe prática, sólida, eficaz e inteligente que Corinthians foi do principio ao fim.

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COPA LIBERTADORES 2012:

CORINTHIANS, UM CAMPEÃO IMBATIVEL

Autor: Tomás MagañaFotos: Gettyimages

Baixo a direção técnica de Adenor Leonardo Bacchi ‘Tite’, o ‘Timão’ conquistou por primeira vez em sua história o torneio de clubes mais prestigioso do continente

americano. O conjunto paulista firmou uma competição praticamente perfeita para fazer por fim realidade o sonho de incorporar a suas ostentosas vitrines o ambicioso troféu: oito vitorias e seis empates nos quatorze encontros disputados entre janeiro e julho, com 22 tantos a favor e apenas 4 em contra. São cifras próprias de um campeão indiscutível, mas também da equipe prática, sólida, eficaz e inteligente que Corinthians foi do principio ao fim.

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O triunfo dos soldados de ‘Tite’ perpetua o reinado dos brasileiros na CONMEBOL, trás o êxito de Santos FC na edição anterior.

Mas as similitudes entre uns e outros começaram e terminaram justo ai, em seu país de origem.

Cada um interpretou a sua maneira a partitura dos campeões, localizando e explorando as virtudes que reúnem seus respectivos grupos de futebolistas.

Colocando mão de definições tópicas, poderia dizer-se que Corinthians é uma equipe mais ‘europeizada’, taticamente mais disciplinada, distanciada da alegre, mas acaso mais anárquica aposta de seu predecessor no trono.

FASE DE GRUPOS

O destino quis que os dois paulistas medissem suas forças na semifinal. E precisamente em Vila Belmiro conseguiu Corinthians seu único triunfo a domicilio na ronda de eliminatórias.

O 0-1 naquele primeiro assalto colocou as coisas de cara para o ‘Timão’ e começou a vestir de herói ao controvertido Émerson Sheik.

Ainda que Neymar equilibrou momentaneamente a balança na volta, pronto emergiu o veterano Danilo Gabriel de Andrade para assegurar o acesso de Corinthians na ronda definitiva, privando ao ‘Peixe’ de defender a coroa obtida um ano antes a custa dos uruguaios de Peñarol de Montevideo.

Disputar a volta da final em Pacaembú, trás o 1-1 em La Bombonera, foi chave para que

Corinthians superasse a seu adversário, Boca Juniors. Os ‘bosteros’ depositaram o timão e a fé em mãos de Juan Román Riquelme, provavelmente por última vez, mas nem sequer sua eterna magia soube encontrar gretas no exemplar estrutura paulista.

Acompanhado por notáveis futebolistas como Juan Manuel Insaurralde, Pablo Mouche, Sánchez Miño ou o uruguaio Santiago Silva, os de Julio César Falcioni se apresentaram na final depois de eliminar na ronda anterior a Universidade de Chile.

‘La U’ foi um dos grandes animadores da competição, junto a outros jogadores e conjuntos que recordamos a continuação

As oito liguinhas tiveram todos os ingredientes a que cabe esperar de uma Copa Libertadores. Teve espaço para a lógica, com aspirantes certificando sua condição e ‘Cinderelas’ trituradas sem piedade; mas também para a surpresa, com inesperadas revelações e algum grande defraudando com seu nível, algum deles incluso ficando eliminada a primeira de cambio.

É o caso do Flamengo de Ronaldinho Gaúcho, que já tinha sofrido na ronda prévia; ou dos dois ‘gigantes’ uruguaios, Nacional e Peñarol (subcampeão em 2011). Nem sequer Defensor Sporting pode assegurar uma representação charrua em oitavas de final. Ademais, Club Olimpia de Paraguai botou a perder, com duas derrotas inexplicáveis, uma classificação que tinha no bolsinho.

Nenhum dos representantes venezuelanos (Caracas, Zamora e Deportivo Táchira) foi capaz de ganhar um só jogo. Ao grupo de fiascos, entre outros, podemos incorporar também a internacional de Porto Alegre, que se bem sim se meteu nas eliminatórias, ofereceu uma imagem desalentadora para seus fieis.

A pesar de começar com uma inesperada derrota nas alturas de La Paz, Santos reagiu e avançou como um dos melhores primeiros, ao igual que o intratável Corinthians. Mas quem mais pontos acumulou foi Fluminense, nada menos que 15 sobre 18, soma ainda mais meritória tendo em conta que só necessitaram marcar sete tantos para alcançá-la.

Por sua atrativa proposta de jogo sobressaiu Universidade de Chile, dirigida por Jorge Sampaoli e com Junior Fernandes como goleador. Também gostou o futebol de Vélez Sarsfield, guiado por um fabuloso centro-campista como Federico Insúa. Claro que os argentinos tinham sido semifinalistas em 2011, pelo que o qualificativo de ‘revelação’ nesta fase de grupos fica reservado para os colombianos de Atlético Nacional, os mais realizadores (16); sem esquecer a Bolívia e Emelec, cujo aceso a oitavas roça a definição de milagre.

E não se pode abandonar no tinteiro o notável papel de Liberdad de Asunción e Unión Española, líderes dos grupos 5 e 3; nem o de Deportivo Quito, segundo no 7.

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GRUPO 1: Santos FC (BRA), SC Internacional (BRA), The Strongest (BOL), Juan Aurich (PER).

JORNADA 1 Internacional 2-0 Juan Aurich The Strongest 2-1 Santos

JORNADA 2 The Strongest 2-1 Juan Aurich Santos 3-1 Internacional

JORNADA 3 Internacional 5-0 The Strongest Juan Aurich 1-3 Santos

JORNADA 4 The Strongest 1-1 Internacional Santos 2-0 Juan Aurich

JORNADA 5 Internacional 1-1 Santos Juan Aurich 1-0 The Strongest

JORNADA 6 Juan Aurich 1-0 Internacional Santos 2-0 The Strongest

GRUPO 2: CA Lanús (ARG), CS Emelec (ECU), CR Flamengo (BRA), C Olimpia (PAR).

JORNADA 1 Emelec 1-0 Olimpia Lanús 1-1 Flamengo

JORNADA 2 Olimpia 2-1 Lanús Flamengo 1-0 Emelec

JORNADA 3 Lanús 1-0 Emelec Flamengo 3-3 Olimpia

JORNADA 4 Emelec 0-2 Lanús Olimpia 3-2 Flamengo

JORNADA 5 Lanús 6-0 Olimpia Emelec 3-2 Flamengo

JORNADA 6 Flamengo 3-0 Lanús Olimpia 2-3 Emelec

GRUPO 3: CU Española (CHI), C Bolívar (BOL), CPD Junior FC (COL), CD Universidad Católica (CHI).

JORNADA 1 Unión Española 2-0 Junior Universidad Católica 1-1 Bolívar

JORNADA 2 Bolívar 1-3 Unión Española Universidad Católica 2-2 Junior

JORNADA 3 Unión Española 1-1 Universidad Católica Junior 0-1 Bolívar

JORNADA 4 Bolívar 2-1 Junior Universidad Católica 2-1 Unión Española

JORNADA 5 Junior 3-0 Universidad Católica Unión Española 2-1 Bolívar

JORNADA 6 Junior 2-1 Unión Española Bolívar 3-0 Universidad Católica

GRUPO 4: Fluminense FC (BRA), CA Boca Juniors (ARG), Arsenal FC (ARG), Zamora FC (VEN).

JORNADA 1 Fluminense 1-0 Arsenal Zamora 0-0 Boca Juniors

JORNADA 2 Arsenal 3-0 Zamora Boca Juniors 1-2 Fluminense

JORNADA 3 Arsenal 1-2 Boca Juniors Fluminense 1-0 Zamora

JORNADA 4 Boca Juniors 2-0 Arsenal Zamora 0-1 Fluminense

JORNADA 5 Zamora 0-1 Arsenal Fluminense 0-2 Boca Juniors

JORNADA 6 Boca Juniors 2-0 Zamora Arsenal 1-2 Fluminense

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GRUPO 5: C Libertad (PAR), CR Vasco da Gama (BRA), C Nacional (URU), C Alianza Lima (PER)

JORNADA 1 Vasco da Gama 1-2 Nacional Libertad 4-1 Alianza Lima

JORNADA 2 Nacional 1-2 Libertad Vasco da Gama 3-2 Alianza Lima

JORNADA 3 Alianza Lima 1-0 Nacional Libertad 1-1 Vasco da Gama

JORNADA 4 Vasco da Gama 2-0 Libertad Nacional 1-0 Alianza Lima

JORNADA 5 Alianza Lima 1-2 Vasco da Gama Libertad 2-1 Nacional

JORNADA 6 Alianza Lima 1-2 Libertad Nacional 0-1 Vasco da Gama

GRUPO 6: SC Corinthians (BRA), Cruz Azul (MEX), C Nacional (PAR), Deportivo Táchira FC (VEN)

JORNADA 1 Nacional 1-2 Cruz Azul Deportivo Táchira 1-1 Corinthians

JORNADA 2 Cruz Azul 4-0 Deportivo Táchira Corinthians 2-0 Nacional

JORNADA 3 Nacional 3-2 Deportivo Táchira Cruz Azul 0-0 Corinthians

JORNADA 4 Corinthians 1-0 Cruz Azul Deportivo Táchira 0-0 Nacional

JORNADA 5 Deportivo Táchira 1-1 Cruz Azul Nacional 1-3 Corinthians

JORNADA 6 Cruz Azul 4-1 Nacional Corinthians 6-0 Deportivo Táchira

GRUPO 7: CA Vélez Sarsfield (ARG), S Deportivo Quito (ECU), Defensor Sporting (URU), CD Guadalajara (MEX).

JORNADA 1 Defensor Sporting 0-3 Vélez Sarsfield Guadalajara 1-1 Deportivo Quito

JORNADA 2 Defensor Sporting 2-0 Deportivo Quito Vélez Sarsfield 3-0 Guadalajara

JORNADA 3 Deportivo Quito 3-0 Vélez Sarsfield Guadalajara 1-0 Defensor Sporting

JORNADA 4 Vélez Sarsfield 1-0 Deportivo Quito Defensor Sporting 1-0 Guadalajara

JORNADA 5 Deportivo Quito 2-0 Defensor Sporting Guadalajara 0-2 Vélez Sarsfield

JORNADA 6 Deportivo Quito 5-0 Guadalajara Vélez Sarsfield 1-3 Defensor Sporting

GRUPO 8: Universidad de Chile (CHI), CDC Atlético Nacional (COL), CD Godoy Cruz (ARG), CA Peñarol (URU).

JORNADA 1 Atlético Nacional 2-0 Universidad de Chile Godoy Cruz 1-0 Peñarol

JORNADA 2 Peñarol 0-4 Atlético Nacional Universidad de Chile 5-1 Godoy Cruz

JORNADA 3 Peñarol 1-1 Universidad de Chile Godoy Cruz 4-4 Atlético Nacional

JORNADA 4 Atlético Nacional 2-2 Godoy Cruz Universidad de Chile 2-1 Peñarol

JORNADA 5 Godoy Cruz 0-1 Universidad de Chile Atlético Nacional 3-0 Peñarol

JORNADA 6 Peñarol 4-2 Godoy Cruz Universidad de Chile 2-1 Atlético Nacional

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OITAVAS DE FINALInternacional – FLUMINENSE (Ida: INT 0-0 FLU

| Volta FLU 2-1 INT)A ronda de oitavas se abriu com um clássico entre brasileiros, entre dois rivais que se conhecem

melhor que bem. No estádio Beria-Rio, os locais sabiam que a equipe dirigida por Abel Braga (antigo

herói em Porto Alegre) priorizou deixar a zero sua trave, sem nenhum complexo, buscando máxima rentabilidade para seus gols. Em efeito, Internacional, com Pablo Guiñazu ao timão, levou a iniciativa durante mais minutos; mas teve que suar sangue para gerar ocasiões claras de gol e não soube aproveitá-las quando as teve. Assim, Diego Cavalieri deteve um pênalti lançado por Dátolo e Jô estrelou contra a madeira a última grande oportunidade dos ‘colorados’. Com o 0-0 a eliminatória ficava aberta, mas a satisfação era para os de Rio de Janeiro.

Porque ‘Flu’ confiava no poder do Engenhão para colar-se entre os oito melhores. O coliseu carioca conteve o alento quando Oscar dos Santos e Leandro Damião, presente e futuro da ‘canarinha’, inventaram uma contra que rebentou o roteiro dos locais. O momentâneo 0-1 obrigava a Fluminense a bater duas vezes a Muriel, o perigo da ansiedade espreitava; mas dois livres diretos botados por Thiago Neves consumaram a remontada já antes do descanso.

O zagueiro Leandro Euzébio corneou a rede o primeiro e o aríete Fred fez o próprio com o segundo, já em tempo de desconto. No segundo período, as paradas de Diego Cavalieri voltaram a ser um insuportável pesadelo para os Dagoberto, Oscar e Leandro Damião. Ainda restou tempo para desfrutar de uma nova falta lançada por Neves, esta vez direta e repelida pelo pau. O marcador não se alterou: Fluminense, a quartas; Internacional, eliminado.

Bolívar – SANTOS (Ida: BOL 2-1 SAN | Volta SAN 8-0 BOL)

O defensor do título regressava ao Hernando Siles em seu primeiro jogo das

eliminatórias, esse estádio erigido 3.600 metros sobre o nível do mar do que tinha saído derrotado por The Strongest na primeira jornada da liguinha. Claro que o conhecido ‘mal de alturas’ não é contratempo que possa resolver a experiência... E menos se combina com a inovadora estratégia posta em prática por Ángel Guillermo Hoyos.

O técnico local colocou uma ‘falsa barreira’ de jogadores próprios justo diante da bola quando o diamante Jhasmani Campos se dispunha a tirar as faltas. Veja em vídeo. Combinando sorte e acerto, ‘El Mago’ colocou dois, rompendo o 0-0 no primeiro tempo e o 1-1 no segundo. Maranhão tinha empatado para ‘O Peixe’ nos 34’.

O campeão se viu com a água no pescoço e reagiu na volta como se esperava dos de sua linhagem: com fúria ganhadora. O que começou como uma má tarde do goleiro visitante Argüello, com responsabilidade acentuada nos dois primeiros gols (5’ e 22’), acabou em sangria e festa na Vila Belmiro. Ao descanso, Santos tinha cravado uma mãozinha a Bolívar; aos 60’ de jogo, já lhe tinha feito um oito. Duplete de Neymar e também de seus sócios Elano e Ganso, com Alan Kardec e Humberlito Borges completando

uma histórica surra. Os de Muricy Ramalho colocaram o freio à falta de meia hora: se sabiam quarto finalistas muito antes.

Atlético Nacional – VÉLEZ SARSFIELD (Ida: ATN 0-1 VEL | Volta VEL 1-1 ATN)

A eliminatória entre colombianos e argentinos se apresentava como uma das mais apetecíveis, ante o futebol

atrativo que os dois aspirantes vinham de exibir durante a fase de grupos. O estrategista Ricardo Gareca soube engenha-las para conter a equipe que mais

gols marcou nas liguinhas e obter um fantástico resultado no primeiro encontro, fruto de uma precoce genialidade do ‘Burrito’ Martínez que culminou sem piedade Iván

Bella. ‘El Fortín’ honrou seu apelido mostrando uma solidez digna de elogio, suficiente

para encarar a volta com vantagem: era a primeira vez que Atlético Nacional não via porta desde o inicio da Libertadores’ 12.

É certo que no segundo assalto, Vélez teve mais problemas para controlar os tempos, incluso pareceu vacilar ante a pressão ‘cafetera’. Mas

enquanto se reencontrou consigo mesmo e começou a manejar a bola, a força visitante se diluiu paulatinamente. Augusto Fernández

abriu o caminho a quartas 7’ depois do intermeio, e ainda que Luis Fernando Mosquera igualou com 20’ por diante, não era

senão o epílogo da bonita trajetória ‘verdolaga’ no torneio.

Sem brio para prolongar sua legenda, os argentinos tão só necessitaram aplicar paciência para certificar sua

presença na seguinte eliminatória.

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Cruz Azul – LIBERTAD (Ida: CAZ 1-1 LIB | Volta: LIB 2-0 CAZ)

O cansaço se deixou notar no encontro de ida ao conjunto azteca, que tinha disputado dois dias antes um compromisso de seu torneio doméstico. Por se a fadiga não era suficiente para

oxidar as engrenagens de ‘La Máquina’, apareceu também o infortúnio. Seu arqueiro titular, Jesús Corona, se lesionou ao pouco de começar; e o

suplente, Yosgart Guiérrez, não teve nem muito menos seu dia de gloria. O gol inicial de Javier Orozco ficou anulado por uma desastrosa saída de seu companheiro, que permitiu a Pablo Velázquez firmar o 1-1. Resultado valiosíssimo para os de Asunción, ilusionados por continuar dando guerra na competição.

O certo é que nem sequer se lhes exigiu uma atuação memorável para cumprir com seu sonho: bastaram um par de jogadas de estratégia para desatar a euforia no Doctor Nicolás Leoz. O titular Corona voltava a defender as malhas mexicanas, mas não evitou que José Ariel Núñez ampliasse a mínima vantagem paraguaia aos 9’, cabeceando um livre direto. Nos primeiros minutos do segundo período, e trás outro centro a saque de falta, Víctor Cáceres certificou o avance de ‘Gumarelo’. Talvez uma surpresa a vista dos prognósticos, mas a consequência mais previsível a vista do pobre rendimento dos mexicanos na eliminatória.

Emelec – CORINTHIANS (Ida: EME 0-0 COR | Volta COR 3-0 EME)

Antes do choque de ida, Tite assegurou que não firmava o empate sem gols, que preferia perder 2-1 para restar valia a uma hipotética diana

equatoriana em São Paulo. Mas provavelmente mudou de parecer no 52’, minuto em que Jorge Henrique foi expulsado. Seja como seja, também com

dez se impôs a defesa do ‘Timão’ ao ímpeto ‘elétrico’; e quando se viu superada, emergiu um concentradíssimo Cássio Ramos. O arqueiro de Veranópolis, que regressou a seu país depois de quatro anos adquirindo formação no PSV Eindhoven, completou uma magnifica atuação que permitiu a sua equipe chegar a Pacaembú com intactas e abundantes opções de ganhar-se o bilhete para quartas de final.Emelec demonstrou boas intenções na volta, mais não as suficientes para salvar o salto qualitativo entre sua equipe e o paulista, crescido ademais pelo apoio de sua torcida. Com uma incessante pressão e as brilhantes aparições de Émerson Sheik, Willian, Danilo, Paulinho e Álex, Corinthians se reafirmou como um sério candidato ao título. Uma incorporação do lateral Fábio Santos abriu o marcador aos 7’; e na segunda parte, uma cabeçada de Paulinho (64’) e uma esquerdinha de Álex (85’) serviram para rubricar a vitória local. A metade das quartas finalistas da Copa Libertadores 2012 seria ‘canarinhos’.

VASCO DA GAMA – Lanús (Ida: VDG 2-1 LAN | Volta LAN 2-1 VDG [pen. 4-5])

Só duas equipes lograram superar as oitavas jogando a volta longe de seu estádio: Boca Juniors e Vasco da Gama. Ou o que é o mesmo,

seis dos oito primeiros da fase de grupos corroboraram seu bom fazer nas liguinhas impondo-se a outros tantos segundos na primeira eliminatória. A que enfrentou

a Vasco e Lanús foi uma das mais equilibradas. Cada um ganhou em seu próprio terreno de jogo, por idêntico resultado (2-1); se bem foram os argentinos quem desfrutaram da oportunidade de resolver como locais. Seu resultado na ida não foi de tudo mal, sobre tudo recordando que ‘Bacalhau’ ganhava 2-0 ao descanso. Mario Regueiro recortou no 62’ e o ‘Granate’, percebendo que seu rival buscava o terceiro, fiou sua sorte a La Fortaleza.

Mas ali resultaram ser os brasileiros os primeiros em golpear, por mediação de Nilton Ferreira. Duro castigo para o desordenado empurre dos pupilos de Gabi Schürrer no começo e justo premio para o domínio visitante, personificado na suficiência do goleador Nilton e o legendário juninho Pernambucano na franja central. Nada fazia pressagiar que as tornas mudariam radicalmente na segunda metade, em enorme medida pelo ingresso de Teófilo Gutiérrez nas filas granas. O atacante colombiano foi o autor do 2-1, depois de que Mariano Pavone empatasse no 60’. Lanús tinha remontado merecidamente e contou com uma margem de doze minutos para levar-se esse posto em quartas, mas a contenda se foi à rodada de pênaltis. O único que errou em seu turno foi Silvio Romero, fazendo que o sofrimento de Vasco valesse a pena.

BOCA JUNIORS – Unión Española (Ida: BOC 2-1 UES | Volta: UES 2-3 BOC)

Só os ‘xeneizes’ foram capazes de meter-se em quartas de final ganhando tanto na ida como na volta das oitavas. Isso não quer dizer que sua

classificação fosse simples. No primeiro jogo, celebrado em La Bombonera, os chilenos puseram mais futebol que os locais, espessos salvo quando a bola a orientava o privilegiado cérebro de Juan Román Riquelme. O ‘10’ marcou o 1-0, mas seus companheiros não o aprovaram para cevar-se com os hispanos, visivelmente tocado nesse momento. Consentiram que se levantasse que dominassem e até que voltassem a acreditar em si mesmos, quando Sebastián Jaime aplicou justiça ao marcador com o 1-1. Mas entre os numerosos ingredientes deste esporte, a sorte pesa mais que a justiça: no 89’, Santiago Silva deu o triunfo a Boca, mudando por completo o panorama da eliminatória.

Se Román foi na ida o faro que possibilitou que Boca não perdesse o rumo entre suas próprias lagunas, na volta foi todavia mais: foi o astro rei que iluminou todo o futebol de sua equipe. Os dois conjuntos tiveram aproximadamente o mesmo número de oportunidades claras, mas a diferença a marcaram os lampejos de ‘Tpo Gigio’. Ele habilitou tanto a insaurralde para o 0-1 (25’) como a Pablo Mouche para o 0-2 (49’), fazendo praticamente impossível a remontada chilena. Quando Jean Paul Pineda reduziu a diferença (61’9, Riquelme reapareceu para restabelecê-la (67’). Nem sequer o 2-3 de Sebastián Jaime no 70’, trás recolher o rechace de um pênalti falhado por Emanuel Herrera, pode minar a confiança que o gênio tinha injetado aos ‘bosteros’.

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Deportivo Quito – UNIVERSIDAD DE CHILE (Ida: DQT 4-1 UCH | Volta: UCH 6-0 DQT)

Louquíssima eliminatória, com giros argumentáveis quase macabros, a que enfrentou a ‘La Academia’ com ‘La U’. No primeiro episodio no que teve incluso um breve apagão no Olímpico Atahualpa, o argentino Matías Alustiza

adiantou aos locais com seu sétimo tanto no torneio. Uns segundos mais tarde, a expulsão de Freddy Olivo cortou em seco a alegria equatoriana; e o empate andino, obra de Matías Rodríguez, parecia pressagiar uma eminente remontada. O que sucedeu foi precisamente o contrário: Luis Armando Checa elevou o 2-1 antes da pausa e Alustiza repetiu dez minutos depois de sair dos vestiários. Em plena debacle, Universidad perdeu também a superioridade numérica ao ser expulsado Osvaldo Martínez; e próximo da conclusão, a outra figura de Deportivo Quito, Fidel Martínez, colocou o fechamento a festa com o definitivo 4-1.

Universidad de Chile é uma grande equipe com todas as letras, mas com semelhante marcador, o complicado era não apostar pelos de Carlos Ischia. Ainda jogando em casa, o ‘Romântico Viageiro’ necessitava um 3-0 para voltear a eliminatória. Pois bem, consumida a metade dos noventa minutos, a missão quase impossível estava cumprida. Os de Sampaoli saíram como um vendaval e levaram literalmente a seu adversário, vindo a menos longe das alturas quitenhas. Junior Fernandes (21’ e 28’) e Marcelo Díaz (35’) reabilitaram a autoestima santiaguesa; e já ébrios de otimismo, Enrique Mena (56’) e o prometedor Ángelo Henríquez (70’ e 73’) terminaram de deslocar aos angustiados ‘chullas’. ‘La U’ tinha resucitado a tempo para entrar em quartas pisando forte.

QUARTAS DE FINALVasco da Gama – CORINTHIANS

(Ida: VDG 0-0 COR | Volta: COR 1-0 VDG)Novo duelo entre brasileiros nas quartas de final, nesta ocasião com a chuva como terceira protagonista para a ida, com sede no São Januário de Rio de Janeiro. O mal estado do campo contribuiu ao que o jogo fosse tão brigado como pouco vistoso mais igualado em quanto à tensão e agressividade que em términos mais estritamente futebolísticos. Sem abandonar esse contexto, ‘O Timão’ teve algo mais de controle na primeira parte, ainda que sem lograr uma conexão fluida com Émerson Sheik, sua referência na ponta. Trás o descanso, Vasco se rebelou e abriu o marcador, mais Sandro Ricci anulou erroneamente um gol de Diego Souza.A tónica de rigidez tática e medo extremo ao erro se perpetuou na volta, que tampouco registrou uma enorme quantidade de oportunidades nas áreas. Só um chicotaço de Paulinho rechaçado por Fernando Prass agitou o primeiro tempo. No segundo, os homens de Cristovão Borges viram passar ante seus olhos o trem das semifinais: Diego Souza não soube bater a Cássio Ramos em um mano a mano; instantes depois, Nilton rematou ao travessão um lançamento de escanteio. Nessa sorte não falhou Paulinho a 3’ de chegar a rodada de pênaltis, trás 177 minutos de futebol sem gols. Sua cabeçada sim se alojou na red, catapultando a Corinthians para semifinal.

Libertad – UNIVERSIDAD DE CHILE (Ida: LIB 1-1 UCH | Volta: UCH 1-1 LIB [pen. 5-3])

O mítico Jorge Burruchaga supôs motivar devidamente a seus pupilos de Libertad para afrontar a batalha ante Universidad de Chile. O fator campo não favorecia aos andinos, que disputariam a volta em seu campo; de modo que os paraguaios arrancaram a ida decididos a ensinar os dentes a seu adversário. Com essa atitude logrou pôr-se por diante com prontidão, por mediação de Víctor Cáceres. Recordando a importante lição aprendida na ronda anterior, ‘La U’ não se desanimou e tratou de recuperar a maçaneta, objetivo que cobriu com paciência e afã de superação. Foi Gus Lorenzetti, no 55’, quem traduziu as intenções ao idioma do gol.

Sem mais gols na primeira entrega da eliminatória, a segunda e definitiva prometia emoções fortes. Tal e como Libertad tinha feito em seu turno como local, Universidad assumiu responsabilidades e buscou desde a apitada inicial incrementar a distância com seu oponente na carreira para ‘semis’. O conseguiu Marcelo Díaz, marcando ao chutar uma falta por debaixo da barreira; mas quase sem tempo para saborea-lo, Osvaldo González desviou para sua própria red outro tiro livre, pateado por Víctor Cáceres. Com o 1-1, o fluxo de oportunidades claras se deduziu consideravelmente e o choque se foi à rodada de pênaltis. Os lançadores da ‘La U’ estiveram magníficos e tiveram uma efetividade dos 100%, incluído um ‘panenka’ de Raúl Ruidíaz; e com duas paradas do ‘Superboy’ Jhonny Herrera, celebraram seu 85º aniversario plantando-se na antessala da final.

Vélez Sarsfield – SANTOS (Ida: VEL 1-0 SAN | Volta: SAN 1-0 VEL [pen. 4-2])

Talvez letargiado pela recente celebração do campeonato paulista, Santos mostrou um rosto invulgarmente tacanho em sua visita ao

José Amalfitani. Com Neymar vigiado muito de perto pelos defensores argentinos, ’O Peixe’ parecia conformar-se primeiro com o 0-0 e incluso

com o 1-0, desde que Mauro Óbolo adiantou ao ‘Fortin’ em um alarde de oportunismo (35’). Os de Ricardo Gareca fizeram uma aposta mais ofensiva que

seu inimigo e celebraram o triunfo, mas deixaram que Santos escapasse com demasiada vida para o pouco que tinha proposto.

Porque com uma vantagem mínima, qualquer acidente em contra dos interesses próprios pode provocar que os minutos pareçam horas. Vélez estava controlando

a perfeição em Vila Belmiro, até que aos 39’ seu goleiro Marcelo Barovero foi expulso por derrubar a Neymar. O campo se inclinou sobre o arco

argentino, que passou a resguardar Germán Montoya, bem ajudado por seus zagueiros. A 13’ para o desenlace, trás tanto minutos de solidaria e elástica resistência visitante, os velozes olhos de Ganso detectaram um espaço que acabou aproveitando Alan Kardec para fazer realidade o sonhado 1-0. Desde os onze metros Santos esteve infalível; não assim o conjunto argentino. Héctor Canteros a mandou as nuvens

e Emiliano Papa as luvas de Rafael. Um ano mais, os ‘alvinegros’ conquistavam um lugar entre os quatro melhores da América do

Sul.

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BOCA JUNIORS – Fluminense (Ida: BOC 1-0 FLU | Volta: FLU 1-1 BOC) SEMIFINAISAs abundantes baixas nas duas bandas e a expulsão do visitante Carlinhos no 34’ marcaram notavelmente a ida do Boca – ‘Flu’, domina pelos de Julio César Falcioni. Alentado por La Bombonera, Riquelme já se tinha erigido em amo e senhor da sala de maquinas antes que sua equipe se encontrasse em superioridade numérica; mas as mãos de Diego Cavalieri voltaram a serem as melhores armas defensivas do ‘Tricolor’. O goleiro não pôde evitar o único gol de duelo, obra de Pablo Mouche trás um serviço de Darío Cvitanich. Tendo em conta tão adversas circunstancias, o ‘Fluzão’ voltou ao Brasil não de todo descontente com o marcador.No jogo de volta, o destino se empenhou em esbofetear lhes com crueldade. Esta vez sim, Fluminense monopolizou o jogo ante a

permissividade ‘xeneize’; e não se conformou quando Thiago Carleto igualou o global (16’). A oportunidade mais clara para marcar diferenças a teve Rafael Moura, sem pontaria com todo a favor. E enquanto Boca dava por bons os pênaltis e ‘Flu’ começava a assimilar a ideia com ar resignado, Riquelme recordou que um segundo de sua magia é suficiente para concursar a vitória.

Seu extraordinário passe para Sánchez Miño não foi rentabilizado pelo esquerdo, mas o rechace concedido por Cavalieri o resgatou Santiago Silva, que fundiu em lagrimas ao Engenhão no último suspiro (91’). O ‘Tanque’ uruguaio, um dos ausentes na ida, repetiu estocada nas postrimerías, logo de ser verdugo de União Española na ida das quartas de final.

Santos – CORINTHIANS (Ida: SAN 0-1 COR | Volta: COR 1-1 SAN)

O último cara a cara entre dois ‘canarinhos’ prometia ser ardente e não defraudou enquanto a emoções. Trás um arranque pau a pau, Corinthians armou e se centrou em fazer valer á virtude que tantas alegrias lhe tinham brindado em rondas anteriores, a ordem defensiva. As figuras ‘santásticas’ se encontraram maniatadas, mas os Tite sim encontraram espaço para Émerson Sheik, autor de um precioso ‘chicharro’ aos 27’.

A partir de ai, nervos e mais nervos: Neymar pôde ser expulso por agressão, o goleador Sheik se foi ao chuveiro trás ‘cazar’ a perola dos Santos e Cássio Ramos (espetacular por enésima vez) também se levou um bom susto quando um capacete de policia lançado desde a arquibancada lhe aterrissou a escassos centímetros, antes de executar um saque de porta.

A eliminação dos campeões de 2011 se consumou uma semana depois no estádio Pacaembú. Muricy Ramalho se jogou alinhando de inicio a Neymar, Alan Kardec e Humberlito Borges na dianteira; e os três participaram ativamente na jogada que equilibrou momentaneamente a eliminatória. Kardec centrou, Borges rematou ao pau e Neymar encaixou a bola rebotada (35’). No segundo tempo se impôs a experiência dos homens do Corinthians: Danilo firmou o 1-1 no 47’ e o ‘Timão’ não fez muitas concessões mais, em sua habitual linha de bom trabalho defensivo.

Com esse argumento como principal bandeira, Tite tinha conduzido ao ‘Timão’ a um lugar nunca antes alcançado: a final da Copa Libertadores.

BOCA JUNIORS – Universidad de Chile (Ida: BOC 2-0 UCH | Volta: UCH 0-0 BOC)

O conjunto de Julio César Falcioni se viu obrigado a disputar o primeiro jogo de todas as suas eliminatórias como locais, depois de ser segundo na fase de grupos.

Não apresentou uma boa atuação em oitavas, melhorou em quartas e semifinais ofereceram por fim um completo despregue a sua apaixonada torcida. Sempre atentos a batuta maestra de Juan Román Riquelme, os ‘bosteros’ não demoraram em submeter à Universidad: ameaçaram Schiavi e Erviti, Silva consumou em seu segundo intento pessoal (15’).

Os chilenos necessitaram outro quarto de hora para despreguiçar-se e por a prova a Agustín Orión; mas já no segundo tempo, Juan Sánchez Miño concretou outro grande arreón de Boca com o 2-0 (54’).

Não teve espaço para surpresas sete dias depois no Estádio Nacional de Santiago de Chile.

Nos primeiros 45 minutos, porque os argentinos se plantaram bem no terreno de jogo frente a um rival sem chispa, ao que bem puderam rematar ao contra-golpe.

Na segunda parte, com os de Sampaoli a desesperada, a madeira e o arqueiro Agustín Orión foram os heróis que permitiram a Boca Juniors aceder a sua oitava final. Os bonaerenses tinham resistido três eliminatórias decididas a domicilio. Ficava a mais difícil de todas.

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FINALIDA: Boca Juniors 1 -1 CORINTHIANS

Depois de um semestre de competição apenas existem os segredos. Assim que participantes e espectadores sabiam que tipo de espetáculo se encenaria em La Bombonera. De um lado, Boca Juniors, manejando a possessão e tratando de entrega-la a Juan Román Riquelme, com Ledesma e Erviti perto e Pablo Mouche e Santiago Silva por diante. Enfrente, Corinthians, formando uma rocha inexpugnável com seu fenomenal goleiro, seus quatro zagueiros e o cachorro de presa Ralf, encarregados de liberar na medida do possível a Paulinho, Danilo e Álex para aproveitar os abundantes recursos de Émerson Sheik na vanguarda.

O encontro não foi diferente ao esperado. Tampouco a evolução das sensações: com o passo dos minutos, o 0-0 inquietava aso agressivos e afiançava aos conservadores.

As ações de Román, em especial a bola parada, originavam quase todo o perigo ‘xeneize’; enquanto que o ‘Timão’ teve em um míssil de Paulinho sua oportunidade mais desenhável. Agustín Orión necessitou empregar-se a fundo para aborta-lo, oferecendo uma prova mais de que sobre o gramado estavam, provavelmente, os dois melhores cancerberos do torneio.

La Bombonera celebrou com fúria o gol de Facundo Roncaglia aos 72’, nascido de um rechace trás cabeçada de Santiago Silva. Tinha passado tanto tempo, faltava tão pouco, que os ‘bosteros’ confiavam em que o futebol premiaria, senão ao que melhor tinha jogado, ao que mais tinha querido, ao que mais tinha buscado na parcela de campo inimigo.

Os gritos de euforia se afogaram no 85’, quatro minutos depois de que Tite queimasse seu penúltimo cartucho, um garoto de 21 anos chamado Romarinho.

Três dias antes tinha debutado como titular com Corinthians, marcando dois gols que serviram para dobrar a Palmeiras (2-1).

Nos dez minutos de que dispôs demonstrou ao mundo que tem de crack algo mais que o nome: seu remate ante Orión, culminando um contra-ataque, deixou entrever a

classe e o tempera de um futebolista de grande potencial, e acercou a Libertadores as vitrines paulistas. Não está mal como cartão de apresentação.

BOCA JUNIORS: Agustín Orión; Facundo Roncaglia, Rolando Schiavi, Matías Caruzzo, Clemente Rodríguez; Pablo Ledesma (Diego Rivero, 82’), Leandro Somoza, Walter Erviti, Juan Román Riquelme; Pablo Mouche (Darío Cvitanich, 87’) y Santiago Silva (Lucas Viatri, 83’).

CORINTHIANS: Cássio; Alessandro, Chicão, Leandro Castán, Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Danilo (Romarinho, 81’), Alex (Wallace, 92’); Jorge Henrique (Liedson, 37’) y Émerson Sheik.

Gols: 1-0 Facundo Roncaglia (min. 72); 1-1 Romarinho (min. 85).

Árbitro: Enrique Osses (Chile). Amonestó a Roncaglia, Riquelme e Erviti pelo Boca Juniors e a Chicão e Fábio Santos pelo Corinthians.

Volta: CORINTHIANS 2-0 Boca JuniorsSe a torcida de Boca buscou argumentos para qualificar de injusto o resultado da ida, na volta não lhe restou mais remédio que aceitar a Corinthians como merecido campeão no computo geral. A proposta de Tite que eliminatória trás eliminatória soube ganhar com o fator campo, pode gostar mais ou menos; o que não se pode negar é que há dado seus frutos.

Os há dado através da ordem, a inteligência, o sentido comum e o espirito coletivo, fatores que ao longo prazo foi infinitamente mais determinante que os esgrimidos por seus critérios.

Desde logo, o ‘Timão’ acostumou a ter mais claro seu plano a seguir que o outro finalista, Boca Juniors, exageradamente desorientado nas tardes grises de Juan Román Riquelme.

Na introdução do presente resume já avançamos dados que perfilam a personalidade deste Corinthians. Ademais de não perder nem um só encontro em toda á Libertadores, sua fortaleza como local é invejável: só Santos logrou fazer-lhe um gol em Pacaembú.

Tampouco boca Juniors, asfixiado com tantos outros, logrou sequer assustar a Cássio. Porque na primeira metade do

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jogo de volta da final, o perigo nas áreas brilhou por sua ausência. O mais noticiável foi a lesão do ‘xeneize’ Agustín Orión, algo que nem muito menos ajudou a animar a seus companheiros. Os de Falcioi não sacaram o caráter campeão que cabe esperar de quem ânsia um titulo.

Corinthians o fez a sua maneira. Primeiro esperou, depois matou. Seu ‘killer’ voltou a ser Émerson Sheik, tão bom futebolista como proclive a protagonizarão de anedotas bizarras, que incluem desde a falsificação de documentos a acusações de lavagem de dinheiro e importação ilegal de veículos.

O caso é que, enquanto os contenciosos legais ameaçam sua carreira esportiva, o dianteiro nacionalizado qatarí se converteu em um herói para os incondicionais de Corinthians.

Seus foram os dois gols que na segunda metade do choque de volta fizeram claudicar definitivamente a Boca.

No 54’, aproveitou um sapatada de fantasia animada de Danilo para proclamar o começo da festa em São Paulo.

E no 73’, todavia famintos, não perdoou ante o tremendo erro de Rolando Schiavi, fazendo subir o 2-0 ao marcador.

Faltavam quase vinte minutos para levantar a Copa Libertadores, mas o Corinthians de Tite seguiu pelo mesmo caminho até que o árbitro colombiano Wilmar Roldán decretou o final: seguro, sólido, com temperança de campeão. Ninguém tinha dito que o é por primeira vez em sua história.

CORINTHIANS: Cássio; Alessandro, Chicão, Leandro Castán, Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Álex (Douglas, 88'), Danilo; Jorge Henrique (Wallace, 92'), Émerson Sheik (Liedson, 91').

BOCA JUNIORS: Agustín Orión (Sebastián Sosa, 32'); Facundo Roncaglia, Rolando Schiavi, Matías Caruzzo, Clemente Rodríguez; Pablo Ledesma

(Darío Cvitanich, 65'), Leandro Somoza, Walter Erviti, Juan Román Riquelme; Pablo Mouche (Lucas Viatri, 81') y Santiago Silva.

Gols: 1-0 Émerson Sheik (min. 54); 2-0 Émerson Sheik (min. 73).Árbitro: Wilmar Roldán (Colômbia). Amonestó a Chicão e Jorge Henrique pelo Corinthians a a Schiavi, Caruzzo, Mouche e Silva pelo Boca Juniors.

GOLEADORES DO TORNEIO

1. Matías Alustiza (ARG) - Deportivo Quito - 8 gols

-. Neymar da Silva (BRA) - Santos - 8 gols

3. Dorlan Pabón (COL) - Atlético Nacional - 7 gols

4. Leandro Damião (BRA) - Internacional - 6 gols

-. Junior Fernandes (CHI) - Universidad de Chile - 6 gols

6. Emanuel Herrera (ARG) - Unión Española - 5 gols

-. Javier Orozco (MEX) - Cruz Azul - 5 gols

-. Émerson Sheik (BRA/QAT) - Corinthians - 5 gols

OS MELHORES DO TORNEIO

Treinadores: Adenor Bacchi ‘Tite’ (Corinthians), Jorge Sampaoli (Universidad de Chile), Julio César Falcioni (Boca Juniors), Santiago Escobar (Atlético Nacional), Jorge Burruchaga (Libertad), Muricy Ramalho (Santos).

Goleiros: Cássio Ramos (Corinthians), Agustín Orión (Boca Juniors), Diego Cavalieri (Fluminense), Marcelo Barovero (Vélez Sarsfield), Johnny Herrera (Universidad de Chile), Rafael Cabral (Santos).

Defesas: Chicão (Corinthians), Leandro Castán (Corinthians), Alessandro (Corinthians), Matías Rodríguez (Universidad de Chile), Eugenio Mena (Universidad de Chile), Juan Manuel Insaurralde (Boca Juniors).

Centro-campistas: Marcelo Díaz (Universidad de Chile), Danilo (Corinthians), Paulinho (Corinthians), Riquelme (Boca Juniors), Ganso (Santos), Fidel Martínez (Deportivo Quito), Macnelly Torres (Atlético Nacional).

Dianteiros: Matías Alustiza (Deportivo Quito), Neymar (Santos), Émerson Sheik (Corinthians), Dorlan Pabón (Atlético Nacional), Junior Fernandes (Universidad de Chile), Leandro Damião (Internacional).

ONZE IDEAIS DO TORNEIO

Treinador: Adenor Bacchi ‘Tite’ (Corinthians).

Goleiro: Cássio Ramos (Corinthians).

Lateral direito: Matías Rodríguez (Universidad de Chile).

Lateral esquerdo: Eugenio Mena (Universidad de Chile).

Centrais: Chicão (Corinthians) e Leandro Castán (Corinthians).

Meio-centro: Marcelo Díaz (Universidad de Chile).

Meia-pontas: Danilo (Corinthians), Paulinho (Corinthians) e Riquelme (Boca Juniors).

Dianteiros: Matías Alustiza (Deportivo Quito) e Neymar (Santos).